• O trabalho de tradução na Comissão Europeia remete-nos para dois
importantes aspetos:
1) elevada tecnicidade da maioria dos documentos;
2) papel importante no processo legislativo.
• Devido à dificuldade em resolver inúmeras questões terminológicas
suscitadas pelo processo legislativo, por parte da Direção-Geral da
Tradução da Comissão (DGT), foi necessário dar aso à criação de bases de
dados terminológicas, para que o acto/trabalho de traduzir fosse mais
coerente;
• Por exemplo: - CELEX, em 1972;
- Eurodicatom, em 1973;
- Primeiros pares da tradução automática, em 1975/76.
• Cerca de 20 anos depois, criaram-se as memórias de tradução;
• Os programas das Memórias de Tradução "memorizam" a tradução
digitada pelo tradutor para uma frase (ou parte de uma frase) e, se mais
adiante, o texto original apresentar a mesma frase novamente, o programa
sugere ou mostra a tradução empregada anteriormente, deixando ao
critério do tradutor utilizá-la ou não;
• Aqui, portanto, está uma das características mais importantes dos programas
de memórias de tradução: quem traduz é o tradutor, não a máquina.
• As memórias de tradução baseiam-se no seguinte:
- na ligação de cada sequência, frase e/ou parágrafo, de dois textos
paralelos em duas línguas diferentes;
- na comparação de cada segmento de um texto novo numa determinada
língua com todos os segmentos dessa língua armazenados na base de dados –
memória;
• Assim, os segmentos que apresentem uma correspondência igual ou superior
à percentagem definida (por exemplo, 65%), são enviadas ao tradutor
para este os poder reutilizar;
• Por outro lado, as memórias de tradução também permitem uma fácil
reutilização da terminologia, ou seja, também é possível interrogar a
memória se uma palavra ou expressão já foi traduzida em algum dos
documentos que estão inseridos – Concordância.
• Caso a tradução seja feita de português para outras línguas, tais como:
inglês e francês, é ainda possível utilizar a tradução automática nos
segmentos identificados nas memórias para reutilização.
• Para armazenar e gerir memórias de tradução, foi criada uma base de
dados e uma série de ferramentas para poder ser explorada – Euramis
(European Advanced Multilingual Information System);
• Tendo em conta todo um trabalho preparatórios para tornar utilizáveis os
textos não traduzidos com recurso ao software de tradução (SDL Traddos
Translator’s Workbench), o grau de adesão por parte dos tradutores e de
outros intervenientes e a política de coexistência com outros processos de
trabalho, as memórias de tradução na DGT levou algum tempo a impor-se;
• No Departamento de Língua Portuguesa, a utilização direta das memórias
ronda os 70% de páginas traduzidas.
• As memórias de tradução apresentam duas vantagens principais:
1) Eficiência gerada pela reutilização de traduções anteriores;
2) Melhoria da qualidade devido a uma maior coerência aos níveis
intra- e intertextual.
• Na DGT, a situação é mais complexa, pois teoricamente não é necessário
traduzir mais do que uma vez nenhum termo ou frase. Daí que na prática, a
situação se complique devido aos seguintes factores:
- Soluções diferentes para uma mesma frase, sobretudo um mesmo
termo original;
- segmentos e termos idênticos na língua de partida que requerem
traduções diferentes em português, segundo o tipo de texto, domínio, entre
outros;
- série de soluções apresentadas em português com pequenas
divergências, “melhoradas” no estilo, ou até mesmo atualizadas.
• No que toca ao resultado provindo das memórias, pode-se salientar o
seguinte: racionalização do esforço, mormalização dos textos, coerência
terminológica e “democratização” do conhecimento;
• Para o tradutor poder efetuar as traduções, tem que ter um conhecimento
mais alargado na área da informática;
• A tríade: tradutor, revisor, dactílografo é apoiada pela ação de um
sistema que assenta num trabalho mais cooperativo e menos hierarquizado;
• Ao longo dos anos, com a utilização das memórias, as consequências vão
aumentando.
• A tradução automática é das ferramentas essenciais à tradução e é composta
por duas grandes categorias:
1) Os tradutores
2) Os não tradutores
• Os não tradutores utilizam esta ferramenta apenas para terem uma ideia geral
de um documento redigido numa língua que não conhecem;
• Para os tradutores não é uma ferramenta que suscite unanimidade;
• Uma vez que as traduções podem ser feitas de forma automática, muitas vezes,
quando queremos inserir uma frase para nos apresentar a sua proposta de
tradução, esta apresenta-nos resultados com diversas alterações a nível
estrutural, de vocabulário e de sentido.
• Mas também não apresenta só desvantagens, isto é, quando lhe enriquecem
as traduções com dicionários específicos, ela retribui com traduções de muito
melhor qualidade;
• Para que isto seja possível, há que fazer um tratamento da informação,
investindo numa boa dose de paciência bem como de organização, para
que a tradução seja ainda de melhor qualidade;
• RELAÇÃO ENTRE T.A. E TRADUTORES
a) Possibilidade de combinar a T.A. com as memórias de tradução;
b) Expectativas realistas dos utilizadores;
c) Investimento continuado no enriquecimento dos dicionários.
• O DLP é um dos maiores utilizadores da T.A. e tem vindo a apostar,
sobretudo, no par inglês-português.
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O IATE sinhifica hoje “Inter-Active Terminology for Europe”
Antigamente era “Inter-Agency Terminology Exchange”.
Foi assim batizado em 1999 pelo CdT (Centro de Tradução)
Objetivo: criar uma infra-estrutura de informação terminológica
que pudesse servir as necessidades das Agências da União.
• Com algum milhão e meio de fichas;
• Com cerca de oito ou nove milhões de termos;
• Com uma dezena de línguas.
• Este gigantismo é mais um defeito que uma qualidade.
• Os problemas que existem no IATE dizem principalmente
respeito aos conteúdos e à gestão.
• O IATE não é um verdadeiro banco de terminologia:
 A maioria dos termos não são definidos:
 As definições originais são uma minoria;
 Baixo nível de pertinência terminológica.
• Sem definição e identificação clara dos conceitos torna-se
praticamente impossível garantir a coerência interna de uma
ficha multilingue.
• Apenas cerca de 20% dos termos satisfaz as exigências
mínimas de pertinência e de fiabilidade.
• O problema do IATE é um problema de concepção do trabalho
terminológico nas instituições europeias (onde há um universo
heterogéneo) com dimensões, necessidades, politicas e recursos
muito diferentes.
• Em 2005 foi elaborado um Código de Boas Práticas que foi
aprovado por todas as instituições participantes.
• Com mais de 500.000 termos.
• A mais importante base de dados terminológicos disponível
para o português.
• Também existe o problema de pertinência e de fiabilidade.
• 2 pontos positivos:
há menos lixo do que no conjunto da base;
as fichas portuguesas são das que incorporam mais trabalho
terminológico.
• O futuro desta base está condicionado pela evolução do IATE
no seu conjunto, mas isto levanta desafios.
• Vamos destacar 3 desafios:
O desafio de Cooperação interinstitucional;
O desafio de disseminação;
O desafio de politização.
• Em 1998, foi criado o GITP (Grupo Interinstitucional de
Terminologia Portuguesa)
• O IATE tem duas versões:
• uma versão interna que é utilizada principalmente por
tradutores.
• Uma versão externa que é acessível na internet desde março
de 2007, está aberta a uma público em geral.
• Estes dois públicos podem ter um papel importante no processo
da disseminação e de aceitação social da terminologia e na
revisão, atualização e aperfeiçoamento da base.
• Politizar o IATE é introduzi-lo na esfera política.
• O IATE-PT, como catalizador da produção de terminologia em
português pode ser um instrumento dessa política e deve
merecer a atenção de quem ocupa o poder.
• O IATE existe para apoiar uma comunicação clara e precisa
com os cidadãos na sua própria língua.
• A defesa do português, é a defesa de um interesse particular
que vai de par com a defesa do interesse geral que é aqui o
multilinguismo. O Parlamento Europeu e o Conselho da União
Europeia têm responsabilidade nesta matéria.
• De hoje em dia há uma grande facilidade de acesso às mais
variadas fontes de informação. Então o IATE tem de evoluir e
para que este seja útil e uma mais-valia tem de ter uma
terminologia elaborada e original.
• O futuro do IATE depende assim do futuro e da evolução dos
serviços de terminologia das instituições. Se estes se
mantiverem, se reforçarem e se profissionalizarem o IATE
poderá transformar-se numa verdadeira base de terminologia
útil a um vasto número de utilizadores externos.
•FIM
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Memórias de Tradução: Contra a Reinvenção da