Transferência e
Contratransferência em
Grupo
Isabel Doval
Didata da SBDG
A Psicanálise,
de Sigmund Freud:
A Psicanálise é um construto teórico e
metodológico, formulado por Sigmund
Freud, que se fundamenta
essencialmente, embora não
exclusivamente, na interpretação das
resistências e das transferências que
ocorrem na relação analista-paciente.
De acordo com a Teoria
Psicanalítica, não é possível o
método psicanalítico em
grupo...
Resistência
O que é?
Processo definido por Freud como uma
função psíquica do sujeito, que se opõe
ativamente à tarefa de tornar conhecido o
inconsciente.
E, consequentemente, se opõe também à
transformação da percepção, e de antigos
padrões de relacionamento e
comportamento, em favor de padrões
atuais que viabilizem a satisfação
possível.
Aquilo que precisa ser repetido não
transitou nunca pela consciência.
E ...
Se o recalcado original jamais foi
consciente, não pode ser
vinculado a signos verbais que
permitiriam a sua rememoração.
Só poderá manifestar-se através
do comportamento, sem
conceitos.
A Psicanálise afirma que a realidade do
sujeito não é a reprodução de uma
vivência mas de uma impressão sobre
esta, e que por toda a vida estaremos sob
o efeito dessas impressões precoces
produzidas a partir de experiências
singulares e pregnantes, e de desejos
comprometidos nessas experiências.
Como uma gaiola invisível....
Uma vez que o desejo se sustenta a partir do
registro de algo que falta;
Uma vez que o desejo que não se realiza,
não se esgota;
Para obter alguma satisfação, o sujeito
deverá deslocar o desejo para outro objeto
secundário.
Se algo de um sujeito se desloca sob a
forma específica de Transferência, é
porque existe um outro sujeito
reconhecido inconsciente como tendo
"algo" que lhe possibilita realizar o desejo
não realizado.
E, é esta possibilidade de realizar algo
“com o outro”, reconhecida consciente
ou inconscientemente, que atribui um
significado afetivo ao outro, que justifica
o vínculo – a aliança - , bem como
caracteriza um grupo como tal.
Por isso o conceito original de
Freud sobre transferência pode
ser aplicado para um fenômeno
que ocorre não só na relação
analista-analisado, mas também
nas relações nos grupos, sendo
diferente apenas a abordagem.
Transferência
O que é?
Transfert significa na língua inglesa,o processo
que ocorre quando a aprendizagem de um certo
padrão experiênciado, implica/influencia em
experiências posteriores diversas, porém
análogas àquela original.
Significado esse, equivalente ao de
aprendizagem propriamente - elaboração de
experiências vividas, de tal forma que possibilite
transformação e mudança no sujeito e em sua
vida.
Conceito de Transferência:
• Descreve um fenômeno humano, que ocorre
naturalmente na relação entre as pessoas, e
não só em processos psicoterapicos.
• Consiste em uma modalidade do deslocamento
de afetos, impulsos, defesas e respostas do
sujeito, derivadas não da realidade atual, mas
de sua vida psíquica inconsciente;da ligação
entre o que experimentou com os primeiros
objetos de sua vida e os objetos presentes.
A ponte...
• Manifesta-se por reações ante um objeto, que
não estão de acordo ou que estão fora de
proporção com os aspectos da realidade do
relacionamento com esse objeto, que por
alguma característica sua, é associado
inconscientemente a objetos primitivos.
• Resulta de um processo análogo ao do sonho,
quando um desejo antigo liga-se a uma
representação recente, e assim atravessa a
barreira da censura.
•
• O que se processa através da Transferência
não é a realização dos desejos do sujeito, mas
a atualização do significado desses desejos –
que dá significado é o que ocorre “a posteriori”.
• Sendo a repetição o modo pelo qual o modo
infantil se torna presente, a Transferência
obedece a finalidades conservadoras da vida
psíquica do sujeito, e pode se colocar a serviço
da resistência.
Transferências Positivas e
Transferências Negativas:
• A Transferência positiva refere-se a
todos os impulsos e derivados relativos ao
amor, erotizados ou não.
• A Transferência negativa refere-se a
todos os variados derivativos e afetos
hostis.
• Se o que marca a Transferência é o afeto,
é porque algo do afeto busca realizar-se.
• A Transferência registra a não realização
de uma necessidade.
A Transferência e o
Desenvolvimento do Grupo
O Grupo:
• O desejo de crescimento e de mudança é
consciente e fornece motivação para o
sujeito fazer parte de um grupo que tenha
como objetivo a aprendizagem e o
desenvolvimento.
• A vontade de colaborar nesse processo
também é consciente para o grupo.
• Entretanto, o desejo de manter-se em
uma situação que já conhece, é
grandemente inconsciente, resultando na
instalação e manutenção de uma série de
resistências à mudança e à resolução de
situações insatisfatórias, é uma verdade
compartilhada pelos indivíduos e pelos
grupos.
Duas forças, com igual intensidade e com
sentidos opostos afetam o processo do
grupo:
Forças que só podem ser reconhecidas quando se
ligam a “algo” – uma experiência, uma
percepção, um sentimento - que passa a ter um
significado, e portanto
Revelam afetos
Ambiguidade:
É conflito fundamental
Vida X Morte
Amor X Ódio
Prazer X Dor
A palavra x O silêncio
Atividade x Passividade
Dominação x Sujeição
Crescimento x Conforto
Solidão x Comunhão
Competição x Colaboração
O Coordenador:
• Como qualquer ser humano, possui
resíduos de conflitos inconscientes.
• E, como os demais integrantes do grupo,
também explora o ambiente, procurando
objetos que possam servir a gratificação
de suas necessidades inconscientes ou a
manutenção de seu esquema de defesas.
Contratranferência é, portanto, o
fenômeno baseado nas forças
inconscientes do coordenador, de
acordo com o qual, o coordenador reage
ao sujeito e ao grupo de maneira, em
algum grau, inadequada à realidade
presente, sendo o sentimento ligado à
experiência presente deslocado de
relações e experiências de seu passado
inconsciente.
Quando e toda a vez que o coordenador
com uma compreensão parcial de seus
próprios processos emocionais,
ocupar seu lugar no grupo para
satisfazer as suas próprias demandas
inconscientes, não estará apenas
impedido de escutar e compreender o
grupo de outra forma que não seja
parcial, mas...
...estará exercendo somente o seu
poder, deixando de ser o
coordenador!
O que fica facilitado para o grupo se o
coordenador é capaz de reconhecer
e aprender com as transferências e
com sua contratransferência, é a
integração dos pares antitéticos do
que é fundamental nos conflitos...
Vida
(para experimentar e crescer)
E
Morte
(para mudar e crescer)
Amor
(para construir, e ser grato)
E
Ódio
(para se defender das ameaças externas e
superar impedimentos internos)
Prazer
(por obter a sua satisfação)
E
Dor
(para poder ser generoso e solidário com a
satisfação do outro)
Quanto maior seus “pontos cegos”, menor
será a sua possibilidade de integrar
aquelas duas forças que estão implicadas
no conflito entre crescer ou não – terá
que excluir do processo aquela parte
que está impedido de ver por sua
própria resistência.
Você e o Seu Retrato
Cassiano Ricardo
Porque tenho saudade de você, no retrato,
ainda que o mais recente?
E porque um simples retrato, mais que você, me comove,
se você mesma está presente?
Talvez porque o retrato (exato, embora malicioso)
Revele algo de criança (como, no fundo da água, um coral em
repouso).
Talvez pela idéia de ausência que o seu retrato faz surgir
Colocado entre nós dois (como um ramo de hortênsia).
Talvez porque o seu retrato mais se parece com você
Do que você mesma.
Talvez porque, no retrato, você está imóvel (sem respiração...)
Talvez porque todo retrato é uma retratação.
???
Obrigada!!
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Transferência O que é?