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Esporotricose disseminada
em paciente imunocompetente
Renata Pinto Fernandes Timbó
Tiago Silveira Lima
Flauberto de Souza Marinho
Delia Celser Engel
Beatriz Moritz Trope
Serviço de Dermatologia, Curso de Graduação e Pós-Graduação HUCFF-UFRJ,
Faculdade de Medicina - Universidade Federal do Rio de Janeiro
* Ausência de conflitos de interesse
Esporotricose disseminada em paciente imunocompetente
INTRODUÇÃO
• Esporotricose é uma micose subcutânea causada pelo fungo dimórfico
Sporothrix schenckii, saprófita do solo e vegetais em decomposição
• Acomete principalmente profissionais que lidam com o solo, sendo
também relacionada à arranhadura ou mordedura de animais como os
gatos
• As formas cutânea localizada e cutânea linfática persistem como as
apresentações mais comumente relatadas
• A forma cutânea disseminada tem sido observada, principalmente, em
pacientes imunodeprimidos e as formas extracutâneas, como a
pulmonar, osteoarticular, ocular e meníngea são raras.
Esporotricose disseminada em paciente imunocompetente
RELATO DE CASO
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Paciente feminina, branca, 80 anos, procedente de Campo Grande (RJ) com
surgimento de lesão eritematopapulosa no braço esquerdo de crescimento
progressivo com ulceração central há cerca de 5 meses
Passados dois meses, iniciou febre associada a tosse produtiva. Foi
submetida a exame de escarro que mostrou BAAR negativo, porém a cultura
foi positiva para tuberculose. Feito poliquimioterapia específica com
desaparecimento da febre e manutenção da tosse
Posteriormente, novas lesões papulosas com halo eritematoso e centro
róseo-amarelado foram surgindo na região mamaria esquerda, tronco, face,
braços e pernas, que evoluíram com ulceração, bem como algumas lesões
de aspecto verrucoso especialmente na face. No terceiro pododáctilo
esquerdo a lesão assumiu aspecto vegetante
Apresentava ainda ulceração no palato mole, erosão na borda lateral da
língua, mucosa nasal e faríngea, além de persistência da tosse produtiva.
Esporotricose disseminada em paciente imunocompetente
RELATO DE CASO
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Possuía gato que evoluiu para óbito com lesões ulceradas, antes do início do seu
quadro.
Submetida a biópsia de lesão cutânea e mucosa cuja análise histopatológica mostrou
numerosas formas fúngicas arredondadas ou alongadas com brotamento em forma
de clava, PAS positivos, com o crescimento de Sporothrix shenckii na cultura
micológica.
Cultura do escarro também foi positiva para S. Schenkii e a radiografia simples e a TC
de toráx confirmaram o envolvimento pulmonar.
A radiografia do pé esquerdo mostrou lesão lítica na falange média do terceiro
pododáctilo, subjacente a lesão cutânea vegetante, sugestiva de osteomielite.
Os restantes dos exames laboratoriais não evidenciaram imunossupressão.
Foi então estabelecido o diagnóstico de esporotricose disseminada, com
acometimento cutâneo, mucoso, pulmonar e ósseo em paciente imunocompetente e
iniciado o tratamento com anfotericina B.
Devido o custo elevado, o esquema terapêutico foi substituído por itraconazol na dose
de 400mg/dia. Contudo a paciente evoluiu a óbito em domicilio com quadro
compatível com insuficiência respiratória.
Presença de lesões eritemato papulo crostosas
disseminadas principalmente em região nasal e frontal
Lesões papulosas com halo eritematoso e centro claro contendo
crostas, algumas agrupadas, localizadas em ambas as pernas
Ulceração em
mama esquerda e
exulceração em
braço esquerdo
Detalhe de lesão lítica na
falange média do terceiro
pododáctilo
Lesão vegetante
associada a eritema
e edema em
terceiro
pododáctilo
Microcultivo: hifas
hialinas septadas
conídios ovais
dispostos em
forma de
margarida na
extremidade do
conidióforo
Esporotricose disseminada em paciente imunocompetente
DISCUSSÃO
•
Trata-se de um caso de esporotricose disseminada com acometimento
cutâneo, mucoso, pulmonar e ósseo numa paciente imunocompetente, com
desfecho desfavorável.
•
A forma clínica mais frenquente de esporotricose é a cutâneo-linfática,
enquanto a forma disseminada é infrequente e a maioria dos relatos é em
paciente imunocomprometido ou com resposta imune alterada
•
Ao contrário do curso benigno em cerca de 95% dos casos desta micose, os
quadros disseminados apresentam altas taxas de morbidade e mortalidade,
o que torna vital o diagnóstico precoce e a correta terapêutica.
•
Por fim, ressaltamos o momento epidemiológico que atravessa o Estado do
Rio de Janeiro com uma epidemia de esporotricose zoonótica, onde o gato
doméstico ocupa lugar fundamental na cadeia epidemiológica da doença,
causando formas mais graves e atípicas além de um aumento significativo
no número de casos.
Esporotricose disseminada em paciente imunocompetente
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Carvalho MT, Castro AP, Baby C, et al. Disseminated cutaneous sporotrichosis in a patient with AIDS:
report of a case. Rev Soc Bras Med Trop. 2002; 35(6):655-9.
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Am 2009; 37(4):159-70.
3. Cordeiro FN, Bruno CB, de Paula CR, Motta JOC. Ocorrência familiar de esporotricose zoonótica. An Bras
Dermatol 2011; 86 (4):121-4.
4. Ramos-e-Silva M, Vasconcelos C, Carneiro S, Cestari T. Sporotrichosis. Clin Dermatol. 2007; 25:181-7.
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