Breve História do Cinema Brasileiro Palestra de Claudio Ferraraz Jr. 13/out/2012 1895- As Cortinas se Abrem para a Magia do Cinema Irmãos Lumière Surgimento do cinema com a invenção dos irmãos Lumière, em Paris. A técnica foi desenvolvida para fins científicos e tornou-se peça fundamental do imaginário coletivo do século XX. 1898 Primeiro cineasta do País O cinematógrafo chega ao Brasil, trazido por Affonso Segretto, imigrante italiano que filmou cenas do porto do Rio de Janeiro. Afonso Segreto Primeiro cinegrafista e diretor de cinema do Brasil, Afonso Segreto Foto: Cinemateca Brasileira 1906 Filmes “posados” Primeiros filmes "posados" (de ficção) são produzidos por pequenos proprietários de salas de cinema do Rio e São Paulo, como “Os Estranguladores”, de Francisco Marzullo. 1908 Época de ouro Com o aumento industrial e o crescente uso de energia elétrica no Rio de Janeiro, há um florescimento do comércio cinematográfico, dando início à chamada “época de ouro”, que vai até 1911. Melodramas e reconstituições de crimes são realizados por Francisco Serrador, Antônio Leal e os irmãos Botelho. 1911 Companhia Cinematográfica Brasileira Fundada a Companhia Cinematográfica Brasileira, dirigida por Francisco Serrador. Empresários norte-americanos visitam o Rio de Janeiro para sondar o mercado cinematográfico do País. Nos próximos dez anos, o cinema brasileiro passa a se amparar na produção de documentários e cinejornais. Empresa Serrador Detalhe de revista mostra público na Companhia Brasil Cinematográfica, da Empresa Serrador Foto: Cinemateca Brasileira 1923 Ciclos regionais de cinema Entre 1923 e 1933, fora do eixo Rio-São Paulo, ocorre uma série de ciclos regionais de pequena duração em Cataguases (MG), Campinas (SP), Recife (PE) e Porto Alegre (RS), entre outras cidades. Em 1930, Mário Peixoto lança “Limite”, clássico do nosso cinema mudo. Cena do filme “Limite”, de Mário Peixoto 27.10.2010 | Foto: Marina Moros | Crédito: Marina Moros Diretor pioneiro no cinema brasileiro, Humberto Mauro (1897 - 1983) 29.10.2010 | Foto: Cinemateca Brasileira | Crédito: Cinemateca Brasileira 1923 Ciclos regionais de cinema Em 1933, Humberto Mauro lança “Ganga Bruta”. Na década do surgimento do som, o cinema nacional sofre a forte concorrência do esquema de distribuição das produções norte-americanas. 1930 Carmem Miranda A década de 30 é marcada por criações cinematográficas de peso. Adhemar Gonzaga cria a Cinédia, que produz dramas populares e comédias musicais, como “Alô, Alô Brasil” (1935) e “Alô, Alô Carnaval” (1936), que revelam a cantora Carmen Miranda, sucesso internacional. A década também é o ano de inauguração do Brasil Vita Filmes (1934) e a Sonofilmes (1937). Carmen Santos, em cena do filme “Sangue Novo” 27.10.2010 | Foto: Cinemateca Brasileira | Crédito: Cinemateca Brasileira 1941 Atlântida Cinematográfica Entra em operação a Atlântida Cinematográfica, com o lançamento de “Moleque Tião”, com Grande Otelo. A Atlântida faz grandes investimentos em infraestrutura e tem uma produção constante. 1947 Chanchadas Luiz Severiano Ribeiro, dono do maior circuito exibidor brasileiro, compra a Atlântida Cinematográfica, unindo produção e exibição de filmes. Passa a produzir comédias musicais de fácil comunicação com o público, misturadas a elementos de filmes policiais e de ficção científica, como “Este mundo é um pandeiro”, e consolida o ciclo das Chanchadas. 1949 Estúdio Vera Cruz Inaugurado o estúdio Vera Cruz, por Franco Zampari, considerado o primeiro em moldes profissionais do Brasil. A ideia surgiu de diretores que queriam realizar um tipo de cinema mais sofisticado no País. Em apenas cinco anos de existência, o estúdio realiza 18 longas-metragens. 1953 O Cangaceiro O filme “O Cangaceiro”, de Lima Barreto, produzido pelo estúdio Vera Cruz, ganha o prêmio de Melhor Filme de Aventura no Festival de Cannes. 1955 Cinema Novo Nelson Pereira dos Santos lança o filme precursor do Cinema Novo, "Rio, 40 Graus". 1960 Temática Nacional No início da década, um grupo de jovens cineastas começa realiza uma série de filmes com forte temática social. Entre eles está Glauber Rocha, cineasta baiano e símbolo do Cinema Novo. Inspirados por Nelson Pereira dos Santos e pela Nouvelle Vague francesa, diretores como Cacá Diegues, Joaquim Pedro de Andrade e Ruy Guerra participam dos mais prestigiados festivais de cinema do mundo, ganhando notoriedade e admiração do público. 1962 O Pagador de Promessas Anselmo Duarte ganha a Palma de Ouro em Cannes por "O Pagador de Promessas". 1963 Consolidação do Cinema Novo O Cinema Novo se consolida com o lançamento "Os Fuzis", de Ruy Guerra, e "Vidas Secas", de Nelson Pereira dos Santos. 1964 Transformação política e social Um sistema político autoritário se instala no Brasil com o Golpe Militar de 1964. Os produtores do Cinema Novo e uma nova geração de cineastas continuam a fazer obras que criticam a realidade nacional, usando metáforas para burlar a censura do governo. Glauber Rocha lança "Deus e o Diabo na Terra do Sol". O diretor rejeita o cinema popular das chanchadas e defende uma arte revolucionária, comprometida com a transformação social e política. 1968 Terra em Transe São lançados "Terra em Transe", de Glauber Rocha, e "O Bandido da Luz Vermelha", de Rogério Sganzerla, representantes do Cinema Novo e do Cinema Marginal. Filmes autorais convivem com o crescimento das pornochanchadas. 1969 Criação da Embrafilmes A Empresa Brasileira de Filmes (Embrafilmes) é criada e o Estado passa a atuar diretamente na produção e na distribuição do cinema brasileiro. Durante sua existência, foram lançados diversos filmes de sucesso como "Bye Bye Brasil" (1979), de Carlos Diegues; "Pixote, a Lei do Mais Fraco" (1981), de Hector Babenco, e "Memórias do Cárcere" (1984), de Nelson Pereira dos Santos. 1973 Festival de Gramado Surge o festival de Cinema de Gramado, no Rio Grande do Sul. Público prestigia a primeira edição do Festival de Gramado, em 1973 04.11.2010 | Foto: Arquivo Marta Rossi/Gramado magazine | Crédito: Arquivo Marta Rossi/Gramado magazine 1976 Sucesso de público Estreia "Dona Flor e seus Dois Maridos", de Bruno Barreto, um dos maiores sucessos de público e crítica da produção nacional. O filme alcança a marca de 11 milhões de espectadores nas salas de cinema e lidera o recorde absoluto até Tropa de Elite 2 em 2012. Sônia Braga, José Wilker e Mauro Mendonça, em “Dona Flor e Seus Dois Maridos” 27.10.2010 | Foto: Acervo Sonia Braga | Crédito: Acervo Sonia Brag 1985 Novos caminhos do cinema Com o fim do regime militar e da censura, a liberdade de expressão está novamente presente no País e indica novos caminhos para o cinema brasileiro. "O Beijo da Mulher-Aranha", de Hector Babenco, foi ao Oscar e a Cannes e William Hurt ganhou o prêmio de Melhor Ator nos dois festivais. 1986 Eu sei que vou te amar Fernanda Torres ganha o prêmio de melhor Interpretação feminina, no Festival de Cinema de Cannes, pelo filme "Eu Sei que Vou Te Amar", de Arnaldo Jabor 1990 Extinção das leis de incentivo Com o encerramento das operações da Embrafilme, do Concine, da Fundação do Cinema Brasileiro e o fechamento do Ministério da Cultura, são extintas as leis de incentivo à produção, a regulamentação do mercado e até mesmo os órgãos encarregados de produzir estatísticas sobre o cinema no Brasil. Mercado é aberto aos filmes estrangeiros, quase todos norte-americanos. 1992 Resgate do Cinema Brasileiro Criada a Secretaria para o Desenvolvimento do Audiovisual, que libera recursos para produção de filmes por meio do Prêmio Resgate do Cinema Brasileiro. 1998 Central do Brasil “Central do Brasil”, de Walter Salles, ganha o Urso de Ouro do Festival de Cinema de Berlim. Pelo papel de Dora, Fernanda Montenegro recebe o Urso de Prata de melhor atriz no mesmo festival, além da indicação ao prêmio de melhor atriz no Oscar e no Globo de Ouro de 1999. 2001 Ancine Criada a Ancine, a Agência Nacional do Cinema. O filme "Abril Despedaçado", de Walter Salles, é indicado ao Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro. diretor Walter Salles, durante as gravações do filme 27.10.2010 | Foto: Anna Luiza Müller/Divulgação | Crédito: Anna Luiza Müller/Divulgação 2002 Cidade de Deus O filme "Cidade de Deus", de Fernando Meirelles, recebe quatro indicações ao Oscar: Melhor Diretor; Melhor Roteiro Adaptado; Melhor Edição e Melhor Fotografia. Em 2009, o longa foi escolhido um dos cem melhores filmes de todos os tempos pela revista norte-americana Time. 2005 Dois Filhos de Francisco O filme "Dois filhos de Francisco", de Breno Silveira, vende 5,3 milhões de ingressos, sendo o grande sucesso nacional da época e batendo o recorde do período de retomada do cinema Nacional. 2008 Fundo Setorial do Audiovisual A Agência Nacional de Cinema (Ancine) lança o Fundo Setorial do Audiovisual, um marco na política pública de fomento à indústria cinematográfica e audiovisual no País, ao inovar quanto às formas de estímulo estatal e à abrangência de sua atuação. 2008 Tropa de Elite "Tropa de Elite", do diretor José Padilha, ganha o Urso de Ouro de Melhor Filme no Festival de Berlim. 2009 Mais um recorde de público O longa-metragem “Se eu Fosse Você 2”, de Daniel Filho, recebe 6,1 milhões de espectadores, estabelecendo um novo recorde de público no período da retomada do cinema Nacional. 2010 Tropa de Elite 2 Três anos depois do sucesso de crítica e bilheteria com o filme Tropa de Elite, premiado com o Urso de Ouro no Festival de Berlim, a continuação do longa metragem é lançada em 2010. Dirigido por José Padilha, Tropa de Elite 2 atraiu 1,25 milhão de pessoas no primeiro fim de semana de exibição e quebrou o recorde de público em estreias do cinema nacional. O longa metragem também ultrapassou o filme Dona Flor e Seus Dois Maridos, lançado em 1976, até então o mais visto na história do cinema nacional, com 12 milhões de espectadores. Evolução do Número de Salas no Brasil - 1971 2011 Ano 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 Salas 2.154 2.648 2.690 2.676 3.276 3.161 3.156 2.973 2.937 2.365 2.244 1.988 1.736 1.553 1.428 1.372 1.399 1.423 1.520 1.488 Fonte: De 1971 a 2005, dados retirados do Filme B. A partir de 2006, dados produzidos pela ANCINE/SAM. Ano 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006* 2007 2008 2009 2010 2011 Salas 1.511 1.400 1.250 1.289 1.033 1.365 1.075 1.300 1.350 1.480 1.620 1.635 1.817 1.997 2.045 2.095 2.160 2.278 2.120 2.206 2.352 Bilheterias - 2002 a 2011 2002 2011 Ingressos Totais 90.865.988 143.886.208 Renda Total (R$) 529.558.406 1.437.801.236 7.299.790 17.869.385 Renda Filmes Brasileiros (R$) 40.360.345 163.270.076 Ingressos Filmes Estrangeiros 83.566.198 126.016.823 489.198.061 1.274.531.160 5,83 9,99 8,03% 12,42% 30 99 Lançamentos Estrangeiros 167 240 Total de Lançamentos 197 339 Ingressos Filmes Brasileiros Renda Filmes Estrangeiros (R$) PMI Total (R$) Participação de Filmes Brasileiros (ingressos) Lançamentos Brasileiros PMI = preço médio do ingresso Fonte: 2002 a 2008: Filme B. 2009 a 2011: SADIS (ANCINE). Maiores Bilheterias do Cinema Brasileiro Público Total 1 - Tropa de Elite 2 11.002.441 2 - Dona Flor e Seus Dois Maridos 10.735.305 3 - O Ébrio 8.000.000 4 - Casinha Pequenina 8.000.000 5 - Jeca Tatu 8.000.000 6 - A Dama do Lotação 6.508.182 7 - Se Eu Fosse Você 2 6.090.168 8 - O Trapalhão nas Minas do Rei Salomão 5.736.775 9 - Lúcio Flávio - O Passageiro da Agonia 5.401.325 10 - 2 Filhos de Francisco 5.319.677 Fonte: Filme B Fontes: http://www.brasil.gov.br/linhadotempo/html/tema/lista_epocas?tema=His t%C3%B3ria%20do%20Cinema%20Brasileiro http://oca.ancine.gov.br/rel_salasexibicao.htm http://oca.ancine.gov.br/filmes_bilheterias.htm