MONTAGEM E EDIÇÃO I
Seminário
19/09/2011
Ilda Silvério
NEO-REALISMO - 1943-1952(?)
• Teve início em 1943, na deposição do ditador
Mussolini, com 4 filmes que confrontavam a
ideologia e a estética do cinema fascista da
época.
• Inspirado em Courbet e no Realismo do século
XIX.
• Principais características do Movimento Neorealista italiano são a utilização de atores
amadores, filmagens fora do estúdio, temas
quotidianos e principalmente um enfoque
humanista.
• O Neo-realismo foi importante também
por fazer pensar, por ser maduro e por
transformar o cinema tradicional,
contaminando os vários géneros: o
musical, a comédia e o policial.
• Era o que estava no “ar” e teve um
alcance planetário, “atacando” de forma
virulenta todo o cinema estabelecido.
• Pretendia levar a uma mudança nas relações
entre cinema e espectadores, inventando uma
nova linguagem cinematográfica, de forma
que o grande público pudesse compreender e,
graças a esta mudança, adquirir uma maior
consciência social e cultural.
• Era o cinema sendo utilizado como crítica
social e política.
REFERÊNCIAS
Exemplos com Plano-Sequência
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FILMES:
Germania, Anno Zero, Roberto Rosselini, 1948, IT/ D;
Soy Cuba, Mikhail Kalatozov, 1964, URSS;
Secrets and Lies, Mike Leigh,1996, GB;
Baile Perfumado, L. Penteado e P. Caldas, 1997, Brasil;
Notting Hill, Roger Michell, 1999, GB
Good Fellas, Martin Scorsese, 1990, EUA;
LEITURAS:
Bazin, André, 1991, O cinema: ensaios, São Paulo,
Brasiliense.
ALEMANHA, ANO ZERO, Roberto
Rosselini, 1947, Itália/ Alemanha
• Filme rodado no verão de 1947,
contando a história de vida e o
que leva Edmund, uma criança
de 12 anos a suicidar-se.
• É um quadro fiel da cidade de
Berlim que está completamente
destruída no final da 2.ª Guerra,
onde 3 milhões de pessoas
procuram sobreviver à miséria.
Retrata a frieza, a desumanidade,
a agressividade e a crueldade e
permite uma reflexão sobre o
que o ser humano é capaz de
fazer para se manter vivo.
SOU CUBA, Mikhail Kalatozov, 1964,
URSS
• O filme é um emocionante
poema visual, e foi descoberto
recentemente.
• Consiste em 4 histórias muito
dramáticas mostrando a opressão
do povo cubano, desde a sua
população rural até aos milhares
de estudantes universitários e o
contraste com a “classe rica
dominante época, culminando na
vitória da revolução dos anos 60.
SEGREDOS E MENTIRAS, Mike
Leigh,1996, Grã-Bretanha
• Um drama familiar, perspectivando
seus personagens por intermédio
de estados de alma oscilatórios.
• O filme mostra-nos como qualquer
vida, envolve problemas.
• No entanto, mais importante que
apontar tais problemas, é avaliar a
proeza e a beleza da sua superação.
• Conta-nos a história de uma mulher
negra bem sucedida que perde a
mãe adoptiva e vai em busca da sua
família biológica e o que encontra é
a mais disfuncional das famílias.
BAILE PERFUMADO, L. Penteado e P.
Caldas, 1997, Brasil
• A produção foi a grande vencedora do
Festival de Cinema de Brasília em 1996.
• Conta a história de Benjamin Abrahão
Botto que fotografou Lampião e seu
bando, no sertão brasileiro.
• A “batida” do mangue dialoga com a
filosofia do cangaço, no que se refere à
luta social, contra a miséria e pela
esperança de mudança, pela valorização
do aspecto regional e da cultura de raiz,
para “modernizar o passado”.
• Uma tentativa de resgate da identidade
histórica.
NOTTING HILL, Roger Michell, 1999,
Grã-Bretanha
• É comédia romântica, cuja história
se passa no Bairro de Notting Hill.
• Conta uma história de amor entre
uma grande estrela do cinema e um
pacato e simples inglês que supera o
tempo, maus entendidos e que
mostra que nunca é tarde para
tomar a decisão certa e ter coragem
de seguir adiante no que seu
coração manda.
• Mostra que pessoas comuns podem
ocupar lugares de destaque e que
pequenos tesouros podem ser
encontrados na próxima esquina,
basta estar atento.
GOODFELLAS, Martin Scorsese, 1990,
EUA;
• Parte dum estilo documental. É
directo, permitindo uma reflexão
sobre o mundo desalmado e
brutal.
• Um drama policial sobre a Máfia,
mostrando com um assustador
realismo a vida de mafiosos.
• Foi considerado "culturalmente
significativo", tendo sido assim
seleccionado para preservação
no National Film Registry da
Biblioteca do Congresso dos EUA.
QUESTÕES DO SEMINÁRIO
DE QUE MODO A MONTAGEM
CONSTROI UMA OUTRA NOÇÃO DE
TEMPO A PARTIR DO NEO-REALISMO?
“A realidade aqui é duração”.
A duração é o tempo real, o tempo em si mesmo, mudança
essencial e contínua, que passa incessantemente modificando
tudo e é a essência da vida psíquica.*
• A preocupação de explorar, diretamente, o
tempo, para além do movimento unicamente,
o que antes definira a imagem de filme.
• O presente não é o único tempo do cinema (e,
correlativamente, o tempo já não é mais
representado como uma cronologia: ele é, de
certa forma, dado a “ver”).
TEMPO
• Ver um filme é ver o tempo passar.
• Muitas reflexões teóricas sobre o cinema
abordam, ao menos indiretamente a relação
entre cinema e tempo; é o caso de todas as
teorias da narrativa.
• Um estudo mais direto refere-se a três tipos
principais, conforme o aspecto retido da
própria noção de tempo:
O tempo como medida
• O tempo fílmico e o tempo real, por exemplo:
tempo da narrativa fílmica/tempo da história.
• A aceleração ou câmera lenta.
O tempo como experiência
• A nossa apreensão do tempo resulta da
percepção de seqüências de acontecimentos.
• O presente, fundado na memória imediata e
na apreensão dos intervalos temporais breves.
• A duração, experiência normal do tempo que
passa, implicando a memória a longo prazo.
• A perspectiva temporal, ou “experiência do
futuro”, determinada social e culturalmente.
O tempo como categoria
• Para Bazin o cinema é apto a construir
equivalentes entre a duração vivida e a
memória (é a lição que ele tira do Mystère
Picasso, de Henri-Georges Clouzot (1956), que
revela a duração contida no quadro
terminado, ou seja, o tempo de sua criação).
CONCEITO DE DURAÇÃO DE BAZIN,
INSPIRADO EM BERGSON, NA
ANÁLISE DA CENA EM QUE A
EMPREGADA SE LEVANTA EM
“UMBERTO D”
• Para Bergson, o termo “Existir” é
“transformar e amadurecer”.
• Este amadurecer e transformar
incessante para alguém, deve ser
uma criação
indefinida de
si
mesmo.
BAZIN
• Um dos maiores críticos e teóricos do cinema,
escreveu que o cinema alcança a sua plenitude
sendo a arte do real.
• E que a arte cinematográfica depende da
exploração da íntima conexão entre a imagem
fílmica e o que esta representa.
• Que a ambiguidade é o atributo central do real.
Fortificando o essencial e a inerente complexidade
da realidade e da percepção.
Bazin talvez seja o primeiro crítico a perceber e a
analisar a mudança fundamental que ocorreu no
cinema nos anos 40 e no pós-guerra, a separação
entre um primeiro cinema — “Realista" — e um
cinema moderno — “Neo-realista". O que fazia
esse novo cinema diferente e o que nele
possibilitava essa nova relação com o espectador,
ou, ao contrário, o que aconteceu ao cinema e ao
mundo para que se buscasse uma nova relação
filme-espectador, seriam questões fundamentais
para a análise e para a crítica de cinema feita por
Bazin.
Em seus textos sobre o Neo-realismo italiano essas
questões seriam tratadas mais detalhadamente. A
análise intrínseca dos elementos fílmicos e
narrativos de uma série de obras de diretores neorealistas italianos fornecem o substrato necessário
para Bazin retirar daí as principais características
desse novo cinema "neo-realista" e suas principais
diferenças em relação ao "realismo". De uma
maneira geral, é em relação a dois dos principais
pontos da estética cinematográfica clássica — a
dramaturgia e a montagem — que Bazin vai
estabelecer as diferenças mais significativas entre
realismo e neo-realismo.
VITTORIO DE SICA ( 1901-1974)
• Cresceu em Nápoles, trabalhou num escritório
para ajudar a família até ter a oportunidade
de trabalhar como actor , o que fez o resto da
sua vida. Do Teatro passou ao Cinema, até
que se estreou como director, dirigindo 35
filmes, e tornando-se um entusiasta do
Movimento Neo-Realista, revolucionando o
cinema italiano do pós-guerra.
Vittorio de Sica e “Umberto D”
• Umberto D foi o filme que
Vittorio de Sica disse ter sido o
seu preferido, por retratar
personagens e acontecimentos
reais.
• Umberto D mostra a sua força
interior e suporta o infortúnio,
sem perder o auto-respeito.
• De forma límpida e poética e
inspirado no seu próprio pai,
ele propõe uma reflexão sobre
a solidão dos idosos e a falta
de comunicação entre as
pessoas.
• O que caracteriza principalmente Umberto D é o
abandono de todas as referências ao cinema
tradicional.
• A sequência mais bonita do filme, é o despertar da
empregada Maria, uma cena em que a menina se
levanta, e vai para a cozinha, persegue as formigas,
mói o café ... e todos estes "irrelevantes" gestos são
relatados para nós com continuidade temporal
meticulosa.
•
(Mostrar o trecho do filme
REFERÊNCIAS
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BAZIN, André . O cinema:ensaios. 1991, São Paulo, Brasiliense.
SCHEFFER, Jean-Louis. Images mobiles. 1999, Pol.
http://www.horschamp.qc.ca/new_offscreen/bazin_intro2.html
http://www.contracampo.com.br/01-10/andrebazin.html
http://gpesc.wordpress.com/2010/01/19/aumont-2003-%E2%80%93-dicionarioteorico-e-critico-de-cinema/, Aumont, 2003:288-289, em 15-09-2011.
*HENRI BERGSON E SEUS CONCEITOS DE DURAÇÃO, INTELIGÊNCIA E INTUIÇÃO
PARA PROBLEMATIZAR A PSICOLOGIA, Marcos Adegas de Azambuja
(PUCRS/Doutorando – CNPq), [email protected].
http://surfista-surfista.blogspot.com/2009/09/el-concepto-de-duracion-enbergson-i.html , 14-9-2011.
"The Faith That Sustains: Cannes 1952" . In Cahiers du cinéma,13-6-1952), pp. 1316.
http://www.cineplayers.com/critica.php?id=1137, 15-9-2011.
http://rogerebert.suntimes.com/apps/pbcs.dll/article?AID=/20020428/REVIEWS08
/204280301/1023, 16-09-2011.
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