Profª. Valéria Lima
• Análise da obra
É o primeiro grande romance da prosa modernista brasileira.
• Redigido em 1916 e 1923, foi publicado em 1924.
• Estrutura da obra
Composto de 163 episódios numerados, tem por personagem
principal João Miramar.
• A montagem fragmentária do romance impossibilita uma leitura
tradicional e linear da história.
• Uma série de inventivos traços de estilo e um agudo senso
crítico da sociedade da época fazem desse texto uma grande
obra de vanguarda.
• Enredo
• João Miramar relata, ou melhor sugere, sua história
pessoal; e se inicia na infância do herói, sugerida pela
linguagem infantil.
• Ainda adolescente, e com grande inclinação para a
boêmia, Miramar faz a sua primeira viagem à Europa, a
bordo do navio Marta. O romance assume a forma de
diário de viagem(cosmopolitismo).
• No retorno ao Brasil, por causa do falecimento de sua
mãe, João Miramar casa-se com Célia, sua prima,
mantendo, ao mesmo tempo, um romance com a atriz
Rocambola, o que vai provocar o seu posterior desquite.
• No final do romance, o herói fica viúvo, é abandonado
pela amante e vai à falência, em virtude da má aplicação
de fundos na indústria cinematográfica.
• Nos últimos fragmentos, nota-se o amadurecimento de
João Miramar que, retrospectivamente, redige as
Memórias que o leitor está lendo.
• Tempo - Espaço – Personagens
• Memórias Sentimentais de João Miramar é uma obra
•
•
•
•
caótica.
A obra segue uma ordem vagamente cronológica.
Os espaços não passam de sugestões, das emoções que
provocaram no narrador. Por isso, ele não se dá ao
trabalho de fazer descrições, remetendo o leitor aos
locais onde os fatos ocorreram pela simples menção de
seus nomes (São Paulo, Paris, etc.).
Cada personagem tem sua vida própria, mas sua
interferência na narrativa só existe sob a perspectiva do
narrador.
A narrativa foi construída com o intuito de desmascarar,
satirizar as relações sociais (apego excessivo ao
dinheiro)
• Foco narrativo
• O foco narrativo na obra é predominantemente de 1ª
pessoa. João Miramar relata os principais momentos de
sua trajetória.
• Em alguns momentos, o narrador de 1ª pessoa cede
espaço a outros narradores também de 1ª pessoa. Isto
ocorre quando são transcritas cartas e bilhetes.
• Linguagem
• A linguagem empregada é telegráfica.
• O autor não narra, mas sugere através de capítulos
curtos uma história com começo meio e fim. Contudo,
cada capítulo é uma unidade que até pode ser lida
independente das demais.
• Oswald opõe-se de um lado aos exageros científicodetalhistas da escola Realista e à passionalidade-emotiva
da narrativa da escola Romântica.
• Ao longo da obra o autor abusa de recursos de
linguagem.
• Faz referência à vanguarda artística europeia (Picasso,
Satie e João Cocteau)
• Também é marcante o emprego de vocábulos e
expressões em línguas estrangeiras: Inglês-FrancêsEspanhol-Italiano: dancing habitué encuentro de ustedes
si sinhore / It is very beautiful! Mademoiselle / boardhouse tour du monde / Albany Street goudron-citron /
Latim / Res non verba!
• A obra registra também uma variante do português
resultante da influência da migração árabe:- "- Aqui nong
teng acordo. Teng pagamento!
• Cria diversos neologismos. Dentre eles destacamos um
para dar uma ideia da riqueza da criatividade do autor: ORINÓIS = OURO (metal precioso) + URINOL
(recipiente empregado para colher urina).
• O maior recurso expressivo empregado pelo autor é a
criação de vocábulos.
• Verbos Substantivos Adjetivos: Vagamundear,
cornamusas, calva, gramática norte-americava,
neopropriedades comerciaturos, tombadilhavam,
reisreais, jantar, fazendeira, cosmoramava,
automobilizados, fazendeiral, tardava...
• Ideologia
• A obra apresenta uma crítica ao casamento como
•
•
•
•
instituição burguesa (união por interesse).
O interesse do pai pela filha só ocorre após a morte da
mulher Célia.
Ressalta e satiriza o caráter patrimonial das relações
sociais burguesas.
Registra a utilização de dinheiro público para viagens de
artistas ao exterior.
O autor rompe com as escolas literárias anteriores,
utilizando uma concepção da língua portuguesa (excesso
de neologismos, cria verbos, adjetivos).
PERSONAGENS
• JOÃO MIRAMAR: filho de fazendeiro do interior paulista
(família proprietária da Fazenda dos Bambus e NovaLombardia, na região de Aradópolis, comarca de
Pindobaville);
PARENTES
• TIA GABRIELA: viúva, que se casou novamente; irmã da
mãe de Miramar e sogra dele;
• NAIR, CÉLIA, CANDOCA OU COTITA (MARIA DOS
ANJOS) E PANTICO (JOSÉ ELESBÃO DA CUNHA):
filhos do primeiro casamento de tia Gabriela;
• CÉLIA: prima e esposa de Miramar;
• CELIAZINHA: filha de Miramar e Célia.
COLEGAS DE ESCOLA
• GUSTAVO DALBERT; JOSÉ CHELININI (que veio a se
casar com tia Gabriela, exibindo o título de conde, e se
tornou sócio de Miramar);
AMIGOS
• DR. PÔNCIO PILATOS: primo de Célia; "agigantada
figura moral"; defensor dos interesses da família;
• MACHADO PENUMBRA: autor do prólogo do livro e de textos
parnasianos, sobretudo como orador;
• DR. MANDARIM PEDROSO: figura de projeção na sociedade,
poeta e orador festejado;
• SR. FÍLEAS: poeta apreciador de floreios parnasianos ( um
cosmético de sonetos);
• DR. PEPE ESBORRACHA: médico da família;
• BRITINHO: respeitado homem de negócios; acabou sócio de
Miramar;
• BRITINHAS: vizinhas e amigas de Célia;
ADMINISTRADOR DA FAZENDA
• MINÃO DA SILVA: sem instrução, mas atraído pela
literatura, escrevia cartas cheias de erros gramaticais;
AMANTE E SUA MÃE
• MLLE. ROLAH: atriz sem talento de cinema, ligou-se a
Miramar por interesses financeiros; largou-o quando
soube que ele faliu;
• MADAMA ROCAMBOLA: mãe de Rolah, que sobrevivia
praticando ocultismo de falcatruas e que apoiou o "caso"
da filha com Miramar;
FIGURANTES
• MADÔ: filha do professor MONSIEUR VIOLET, menina
que perturbava o sossego de Miramar quando estudava
na casa dela;
• MADÔ: moça filha de um comerciante francês que
Miramar namorou ocasionalmente em sua viagem à
Europa.
ENREDO
• INFÂNCIA
• João Miramar passou a infância em S. Paulo, região
sossegada, sob o controle da mãe, uma pessoa religiosa.
• Ele se recorda da doença do pai e de sua morte, mas
vagamente. Depois que ele morreu, a mãe e o filho mudaramse para uma casa que tinha quintal, com uma figueira bem
perto da janela. Quando assistiu a um espetáculo de circo, o
menino teve vontade de ir embora com os ciganos.
• Miramar estudou na escola mista de D.Matilda.
• Professor Carvalho (ateu), Monsieur acompanhava o menino
nos estudos, Madô (filha do professor) e o diretor era um padre
barrigudo, professor de Desenho, Seu Peixotinho... E colegas
de sala: José Chelinini, Pita, Dalbert, Bandeira.
PERÍODO PÓS-ESCOLAR
• Chelinini já se decidira a ingressar no comércio; Miramar
e Dalbert passaram a vagabundear; João Jordão, sem
vocação artística, conseguiu uma bolsa do governo para
estudar pintura em Paris; Bandeira sonhava ser
diplomata e escrevia versos de poesia vagabunda.
• Miramar se arrebatou por Gisella, atriz-cantora, e cultivou
essa paixão.
• A mãe autorizou Miramar a passar o primeiro Natal fora
de casa. Em Santos, ele viu o mar.
• Quando a mãe adoeceu, Miramar foi passar as férias de
dezembro com a tia Gabriela e suas três filhas. Pantico
tinha ido aos Estados Unidos.
VIAGEM À EUROPA
• A bordo do navio Marta, lá se foi Miramar com destino à
Europa. Lá ele conheceu a loura Madama Rocambola e a
filha Rolah, que Miramar namorou, como nos filmes.
• Ele se encantou com a visão do Rio de Janeiro,
sobressaindo o Pão de Açúcar, um teorema geométrico;
foi marcante a visão noturna de Tenerife. O navio atracou
em Barcelona.
• Namorou a filha de um dono de restaurante, Madô.
• Certo dia recebe um telegrama com uma remessa de
dinheiro e volta para o Brasil. Sua mãe faleceu...
NAMORO E CASAMENTO
• Miramar começa a namorar sua prima Célia.
• Os dois se casam e constroem uma fazenda.
• A vida do casal era rotineira.
• Fugindo da guerra, Mlle. Rolah – a mesma que Miramar
tinha namorado em seu cruzeiro marítimo na época de
solteiro - veio parar em Pernambuco.
• Pantico escreve para Tia Gabriela reclamando das irmãs,
seu desejo era voltar para o Brasil.
TRAIÇÃO MATRIMONIAL DE MIRAMAR
• Madame Rollah chega ao Brasil, Miramar e ela passam a
ter um caso.
• Tia Gabriela volta ao Brasil com suas filhas.
• Célia acidenta-se com uma chifrada de boi.
• Miramar passa deixar de comparecer no escritório em
função de sua paixão por Rolah.
A SEPARAÇÃO DO CASAL E A FALÊNCIA DA
SOCIEDADE COMERCIAL
• A falência de Miramar.
• O abandono de Rolah.
• Tia Gabriela e abandonada pelo Conde e fica pobre com
as restrições do divórcio e acaba falecendo.
• Célia morre de pneumonia na Fazenda dos Bambus.
• Pantico apoia Miramar a lutar pela filha Celiazinha, esta
rica, que estava aos cuidados da Tia Nair.
CENA FINAL
• Com o título "Entrevista entrevista", Miramar relata que
um repórter deseja saber por que ele não continua
escrevendo suas memórias, já que é um ilustre escritor e
privará a literatura de seu talento. Ele se nega e alega
que já tem sua recompensa: a opinião do Dr. Pilatos,
segundo a qual as "Memórias" lembram Virgílio, apenas
um pouco mais nervoso no estilo.
•
FIM
Profª. Valéria Lima
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