O Plano Inclinado * Disciplina: Tomada de Consciência: o caminho do fazer ao compreender Professor: Fernando Becker Alunas: Deisi Bohm, Graziela Souza e Scheila Ludke Ano/Sem.: 2010/1 * PIAGET, Jean. [1974] A tomada de consciência. São Paulo: Edusp/Pioneira. Capítulo Quarto, p.59 – 70. • Deslizar objeto ou escorregar ela mesma por sobre um plano inclinado – Ação naturalmente bem sucedida nos sujeitos de 4 anos; • Saber se estarão aptos a orientar o plano imprimindo uma direção a essa descida quando o plano é uma grande folha de papelão; • Saber se terão condições de dispor trilhos de tal forma que a folha colocada sobre eles apresente uma inclinação especialmente numa determinada direção. • Supondo que exista uma evolução nessas condutas variadas será necessário: - Examinar qual é a tomada de consciência manifestada pelos sujeitos; - Pesquisar como eles chegam ao ponto de enunciar um princípio: “ Há uma descida constante para o lado mais baixo.” (Sujeito de 12 anos) Técnica: • Apresentar um papelão retangular (a tampa de uma grande caixa); • Uma ficha de jogo; • Pedir ao sujeito que desloque a ficha sem tocá-la seguindo os diversos trajetos; − A criança descobre por si mesma que é preciso então fazê-la descer. Trajetos Perpendiculares: Trajeto D - B 1 A 2 D B 4 3 C Trajetos Perpendiculares: Trajeto A - C 1 A 2 D B 4 3 C Trajetos Diagonais: Trajeto ângulo 1 – 3 ou 2-4 1 A 2 D B 4 3 C Trajetos Oblíquos: Trajeto A - B ; A- 4 1 A 2 D B 4 3 C Trajetos Oblíquos: Trajeto D - C 1 A 2 D B 4 3 C • Pedir que o sujeito descreva sua ação; • Indique os pontos atingidos; • Diga por que a ficha percorreu esse caminho ou se poderia variar. Desenha-se com giz um grande W; 1 A 2 D B 4 3 C 1 A 2 D B 4 3 C • Pede-se ao sujeito que siga esse caminho; • Pede-se que o sujeito diga o que fez (Consciência de ter inclinado o papelão para o ângulo 3 e não unicamente para o lado 4 – 3 sem desnivelamento entre 4 – 3). • Apresenta-se ao sujeito um grande plano inclinável (sem rebordos e de dimensões superiores); • Pedindo-se a ele que recolha em suas mãos abertas a ficha que se vai fazer deslizar diante dele: trajetos B – D, A – C, 3 – 1; • O sujeito deve antecipar o ponto da queda, examinando simplesmente o início da trajetória, o conjunto devendo realizar-se bastante depressa para que não haja apenas leitura, mas também uma parte de inferência. Técnica: • Plano inclinado cujas partes que não se encontram nas bordas são encobertas por uma tela; • Sob a tela se faz deslizar a ficha ao longo da diagonal 2 – 4. • O sujeito deve reconstituir esse trajeto a partir da posição geral do papelão sem ver os pontos de partida e de chegada da ficha, mas deduzindo-os dessa orientação de conjunto. 1 A 2 D B 4 3 C Técnica: • Estrela de seis pontas; • Pedir ao sujeito que a manipule realizando diversos trajetos retos ou enviesados; • Perguntar que pontas atingiu e em que sentido. O nível IA • Contraste entre os efeitos da regulação sensorimotriz quase automática e os da regulação ativa com escolhas intencionais; • A regulação ativa, fonte da tomada de consciência e da conceituação que ela comporta, conduz apenas (nesse nível) a êxitos nos trajetos paralelos a um dos lados mais longos do plano e fracassa desde que se trate de caminhos oblíquos ou enviesados, ou mesmo de diagonais, como se o sujeito não ....(completar 1º parágrafo da pág 63). O nível IA • Trajeto W: A configuração do W comportando quatro trajetos oblíquos mas ligados de modo contínuos com três divergências, o sujeito não ousa lançar-se na ação sem reflexão prévia, ao passo que cada uma das oblíquas tomada separadamente poderia ser bem realizada por regulação automática. • Estrela: Efeitos distintos dos dois tipos de regulação: Phi – age por reflexão prévia – renuncia aos trajetos enviesados como sendo impossíveis; Flo – age de imediato – é bem sucedido – mas incapaz de mostrar as pontas que utilizou. Nível IB • Diferença entre suas ações e a conceituação ligada à sua tomada de consciência; • Contraste menor que no Nível IA: – As ações se transformaram pouco; – Conceituação torna-se intermediária entre os níveis IA e IIA; Exemplos CRI (5;6) e TAN (6;8)p. 64; Nível IB • Trajeto W: progresso na ação consiste em que o sujeito inclina o plano na direção dos ângulos 3 e 2 e não mais dos lados inteiros 3-4 e 1-2; • Estrela: os sujeitos são facilmente bem sucedidos nos trajetos enviesados, mas não conseguem dizer como procederam e nem quais pontas levantaram (exceto trajetos retilíneos); Nível IB • Plano Inclinado: previsão correta dos trajetos em diagonal e dos perpendiculares; fracasso em relação a quaisquer oblíquas; • Trajeto sob tela: a diagonal 1-3 é bem reconstituída. Exemplo: PAT (6;8) acredita ainda que os pontos mais altos são 1 e 4, depois somente o ângulo 4 (trajeto 4-2); Nível IB • Trilhos: o problema que requer mais conceituação, pois é esta que dirige a ação; Os sujeitos chegam todos a obter declives, mas fracassam quanto à orientação certa. - Exceções instrutivas: Regulação Sensorimotriz (Exemplo: CRI, p. 64 ); Diferenciação das inclinações conceitualmente melhor quando o experimentador quem se dispõe a fazê-lo sob orientação do sujeito (interpretar os dados de observação relativos ao objeto e não mais de uma regulação inferencial da ação própria). Nível IIA • A diferenciação das diversas orientações possíveis do plano inclinado proporciona melhores tomadas de consciência conceituadas; • Noção de declive máximo para uma determinada inclinação; • Trajeto W: objeto de êxito sem hesitação; • Plano Inclinado: recepção da bola de gude provinda de diferentes lados é correta; Nível IIA • As diferenciações e coordenações entre as inclinações para frente e de lado, o que comporta escolhas resulta um nítido progresso na tomada de consciência conceituada que manifesta-se primeiramente por um sentimento de necessidade do trajeto e por um esboço da lei de declive máximo do trajeto para uma inclinação. • Trilhos: não acarretam necessariamente êxito. Nível IIB • Sujeitos bem sucedidos em todas as provas; • Conseguem (mediante tentativas) a diagonal nas construções com trilhos; • Não chegam a formular, como no estádio III, o princípio de um declive máximo para uma determinada inclinação do plano, que permanece ligado a cada caso particular: Exemplo: RUG (9;1) - página 68. Nível III • Há a formulação do princípio de um declive máximo para uma determinada inclinação do plano; • Idéia de um máximo contínuo ligado a cada um dos pontos espaço-temporais sucessivos da trajetória: – MOR: A bola de gude deve descer “sempre”, porque ela é “mais atraída para baixo” e se tivesse havido durante o percurso um ponto ainda mais baixo, “a bola de gude teria ido lá”, não podendo deslizar por um declive menos forte, nem que fosse também uma descida. – RIC: “Ela desce o tempo todo para o lado mais baixo”, e precisa: “o tempo todo na mesma direção”. CONCLUSÕES • Evolução da conceituação (de 4 a 12 anos): 1°) simples “descida” (nível IA); 2°) a bola de gude, deixando sua trajetória, “subiria dos dois lados” (WUT – nível IIA); 3°) entre diferentes pontos de chegada, o que se impõe é o “mais baixo” (RUG – nível IIB); 4°) generalização de um máximo de declive para uma posição de conjunto que se imprime ao plano (para toda a trajetória) – estado III. • Há, desde o nível IIA, uma coordenação inferencial que ultrapassa os dados de observação, e comporta dois aspectos: • Necessidade atribuída à trajetória em declive; • - sujeitos do estado I: “caminho obrigatório” • - nível IA: mistura do determinismo da descida e “obrigação social” (“porque não há traço”); • - nível IB: regularidade simplesmente legal; • São colocadas em relação as inclinações longitudinais (para frente) e laterais, um mesmo lado terminal de inclinação podendo ser horizontal ou inclinado - estado II: necessidade inferencial devido a este segundo aspecto; - nível IIA: compreensão conceitual dos dois tipos de inclinação, quando se trata de quaisquer caminhos oblíquos. • Presença de notável defasagem entre ação e conceituação: pode depender não de contradições entre certos dados de observação “recalcados” e ideias do sujeito, mas do descompasso geral que separa as regulações ativas com escolhas intencionais das regulações sensoriomotrizes quase automáticas. • Quando é pedido à criança que desloque a ficha segundo trajetos em declive isolados, ela pode corrigir o movimento por meio de inclinações laterais, sem precisar, de forma alguma, de tomar consciência de cada movimento particular, limitando-se a resumir suas condutas: “eu fiz uma descida”, ou “a ficha deslizou ali”. • Ao contrário, quando as questões colocadas exigem uma decomposição dos movimentos (o W) ou antecipações (plano inclinado ou construção), as regulações sensoriomotrizes por meio de correções posteriores ou durante o próprio percurso não são mais suficientes, e torna-se necessária uma regulação ativa mediante escolhas intencionais, com as tomadas de consciência que ela supõe. • Quando as escolhas são dominadas, a leitura correta dos dados de observação e as coordenações inferenciais entre as inclinações longitudinais e laterais conduzem então a uma conceituação da noção de aclive, donde a descoberta progressiva desse caso particular de princípio conclusivo que é a imposição firme e espontânea do aclive máximo para os trajetos possíveis por ocasião de uma determinada inclinação. • Apesar de esta condição necessária de todo trajeto de descida da ficha já estar atuando desde i nível IA, é preciso aguardar o estado III (idade média de 11-12 anos) para que a lei seja formulada, depois das conceituações progressivas provocadas pelas tomadas de consciência próprias aos níveis IIA e IIB. Referências PIAGET, Jean. [1974] A tomada de consciência. São Paulo: Edusp/Pioneira. Capítulo Quarto, p.59 – 70.