Teoria Contigencial –
Abordagem contigencial da
gestão
Filipa Reis (nº 31998) e Mariana Martins (nº 30573)
Turma A
Sociologia das Organizações
Abordagem Contingencial
A palavra Contingência significa algo incerto ou
eventual, que se pode suceder ou não.
A Abordagem Contingencial salienta que não se atinge a eficácia organizacional
seguindo um único e exclusivo modelo organizacional, ou seja, não existe uma
forma única melhor para organizar, no sentido de alcançar os objectivos
altamente variados das organizações, dentro de um ambiente também variado.
Abordagem Contingencial
A Abordagem Contingencial surgiu com a Abordagem Sistémica, na sequência da
detecção de diversas limitações das escolas de gestão anteriores,
nomeadamente a Escola Clássica e a Escola Comportamental.
 Tudo o que acontece na sua envolvente externa, quer a
nível sociológico, tecnológico político ou demográfico poderá
condicionar a sua actividade, a sua estrutura organizacional, a
sua gestão e as decisões dos seus gestores.
Teoria da Contingência
Os investigadores procuraram confirmar se as organizações eficazes de
determinados tipos de indústrias seguiam os pressupostos da Teoria Clássica,
como a divisão do trabalho, a hierarquia de autoridade, etc.
Os resultados conduziram a uma nova concepção de organização:
a estrutura de uma organização e o seu funcionamento são
dependentes da interface com o ambiente externo. Noutras
palavras: não há uma única e melhor forma de organizar (the
best way).
Inexistência de uma Best way
Se a organização e funcionamento de uma empresa são dependentes da interface
com ambiente externo então a “Best Way” será contingente dessa interface.
 Procura COMPREENDER e EXPLICAR o modo como as organizações funcionam em
diferentes condições ditadas “de fora”: CONTINGÊNCIAS
 Oportunidades
 Restrições
Influenciam processos e
estruturas internos na
organização
Abordagem Contingencial: progressos
 A organização é vista como: um sistema composto de subsistemas
delimitado em relação ao supra-sistema ambiental;
 Procura entender as relações dentro e entre os subsistemas, entre a
organização e o seu ambiente;
 Define padrões de relações ou configurações de variáveis;
 Enfatiza a natureza multivariada das organizações;
 Procura compreender como as organizações operam sob condições variáveis e
circunstâncias específicas;
Origens
Alfred Chandler
Tom Burns e G. M. Stalker
Alvin Toffler
Paul Lawrence e Jay W. Lorsch
Joan Woodward
Alfred Chandler
 A investigação de Chandler é centrada na
organização de negócios que vão desde as
estruturas legais, com a empresa com a
utilização das comunicações electrónicas e
tecnologias da informação.
 Demonstra que a estrutura organizacional
foi continuamente adaptada à sua estratégia
mercadológica.
In “A perspective on application by managers and other theorists is
provided by Henry Mintzberg's Strategy Safari: A Guided Tour
Through The Wilds of Strategic Management (New York: Simon &
Schuster 1998), co-authored with Bruce Ahlstrand & Joseph Lampel”.
Alfred Chandler
“Durante todo o tempo em que uma empresa pertence a uma indústria cujos mercados,
fontes de matérias-primas e processos produtivos permanecem relativamente
invariáveis, são poucas as decisões empresariais que devem ser tomadas... mas
quando a tecnologia, os mercados e as fontes de suprimento mudam rapidamente, os
defeitos dessa estrutura tornam-se mais evidentes”
Alfred Chandler
Novos
Ambientes
Adopção de novas
estratégias pelas
empresas
Diferentes
Estruturas
Organizacionais
Tom Burns e G. M. Stalker
Stalker ficou conhecido pelas suas pesquisas sobre
organizações mecanicistas e orgânicas, realizadas em
conjunto com Tom Burns, cujos resultados
constituem uma das bases da teoria da contingência.
Na sequência destas investigações foi publicado em
1961 a obra “The Management of Innovation”, que
procura resposta para a forma como se relacionam as
organizações e seu ambiente externo.
Tom Burns e G. M. Stalker
Características
Sistemas Mecânicos
Sistemas Orgânicos
Estrutura Organizacional
Burocrática, permanente, rígida, definitiva
Flexível, mutável, adaptativa e
transitória
Autoridade
Baseada na hierarquia e no comando
Baseada no conhecimento e na
consulta
Cargos e tarefas
Definitivo. Cargos estáveis e definidos.
Ocupantes especialistas e univalentes
Provisório. Cargos mutáveis,
redefinidos constantemente.
Ocupantes polivalentes.
Processo Decisório
Decisões centralizadas
Decisões descentralizadas
Comunicações
Quase sempre verticais
Quase sempre horizontais
Confiança colocada sobre
As regras e regulamentos formalizados por
escrito e impostos pela empresa
As pessoas e as comunicações
informais entre as pessoas
Princípios predominantes
Princípios gerais da Teoria Clássica
Aspectos democráticos da Teoria das
Relações Humanas
Ambiente
Estável e Permanente
Instável e Dinâmico
Toffler e a adhocracia
A Adhocracia é uma expressão da autoria de
Alvin Toffler e corresponde ao oposto da
burocracia: enquanto a burocracia coloca a
ênfase na rigidez das rotinas, a Adhocracia
coloca a ênfase na simplificação dos
processos e na adaptação da organização a
cada situação particular.
Toffler e a adhocracia
A Adhocracia é, desta forma, aplicável a qualquer organização que rompa com as
tradicionais normas burocráticas, geralmente dominantes em empresas na sua fase de
maturidade.
O objectivo da Adhocracia é a detecção de novas oportunidades, resolução de
problemas e obtenção de resultados através do incentivo à criatividade individual
enquanto caminho para a renovação organizacional.
Características da Adhocracia
- Estrutura organizacional marcadamente orgânica;
- Pouca formalização dos procedimentos e comportamentos;
- Especialização do trabalho assente na formação;
- Coordenação e controlo efectuado pelas próprias equipas de trabalho;
- Baixo grau de estandardização dos processos;
- Elevado grau de descentralização;
- Alguma indefinição de papéis;
- Alguma dificuldade na comunicação formal.
Lawrence e Lorsch
A sua pesquisa foi realizada em 1972
Os autores procuraram responder a seguinte pergunta:
"Que características devem ter as empresas para enfrentarem com eficiência as
diferentes condições externas, tecnológicas e de mercado?"
Foi um estudo multidimensional que considerou as empresas como sistemas sociais e
examinou as relações complexas entre a estrutura da organização, os ambientes
económico e tecnológico da empresa e o comportamento dos dirigentes.
Lawrence e Lorsch
O Desenvolvimento da Pesquisa
 A pesquisa foi feita com 10 empresas em três diferentes meios industriais – plástico,
alimentos empacotados e recipientes - de alto e baixo desempenho (sucesso e insucesso
nos negócios).
Ambientes industriais de diferentes graus de certeza e de estabilidade, desde ambientes
de rápida mudança mercadológica e inovação tecnológica (que exigem marcantes
diferenciação e integração em face da incerteza e instabilidade do mercado), até ambientes
estáveis (que exigem pequena diferenciação organizacional e menores exigências de
integração).
Consideraram o ambiente geral através de três sectores de mercado:
• Ambiente mercadológico
• Ambiente técnico-económico
• Ambiente científico
Lawrence e Lorsch
Diferenciação
 Em contextos ambientais especializados ocorre uma divisão da empresa em
subsistemas ou departamentos com tarefas especializadas
 Cada departamento tende a reagir apenas à parte do ambiente que é relevante para a
sua tarefa
 Se os ambientes específicos diferirem aparecerão diferenciações na estrutura e na
abordagem empregue pelos departamentos
Lawrence e Lorsch
Integração
 Processo gerado por pressões vindas do ambiente global da organização com vista a
alcançar a unidade de esforços e coordenação entre vários departamentos
Diferenciação e Integração
Se com o crescimento do sistema ocorre a diferenciação,
o funcionamento das partes terá que ser integrado para garantir a viabilidade do
sistema
Joan Woodward
 Correlação entre estrutura organizacional
previsibilidade da técnicas de produção.
e
 Organizações com operações estáveis necessitam
de estruturas diferentes .
Tecnologia de
Produção
Previsibilidade
das técnicas de
Produção
Número de
níveis
hierárquicos
Unitária (Oficina)
Baixa
Menor
Engenharia
(Pesquisa e desenvolvimento)
Massa
(mecanizada)
Média
Médio
Produção
(Operações)
Contínua
(automatizada)
Alta
Maior
Marketing
(Vendas)
Predomínio
Teoria da Contingência
 Organização sistémica
 Sistema aberto
 Variáveis organizacionais sujeitas a um inter-relacionamento
entre si e o ambiente
 Universalidade e normatividade dão lugar ao ajustamento entre
organização, ambiente e
tecnologia
Abordagem Contingencial
As características das organizações não
dependem de si mesmas mas das
circunstâncias ambientais e das
tecnologias utilizadas.
relacionada
com
TEORIA DA CONTINGÊNCIA
AMBIENTE
Ambiente: Geral e de tarefa
AMBIENTE GERAL
Condições Tecnológicas
Condições Legais
Condições Culturais
AMBIENTE TAREFA
Concorrentes
Condições
Políticas
Fornecedores
Empresa
“Consumidores”
Usuários
Condições
Ecológicas
Entidades Reguladoras
Condições Económicas
Condições Demográficas
O continuum homogeneidade/heterogeneidade
ambiental
Ambiente Homogéneo
Continuum
Ambiente Heterogéneo
 Pouca segmentação de mercado
 Muita segmentação de mercado
 Características homogéneas de:
Fornecedores, clientes e concorrentes
 Características heterogéneas de:
Fornecedores, clientes e
concorrentes
 Simplicidade ambiental
 Complexidade ambiental
 Problemas ambientais homogéneos
 Problemas ambientais
heterogéneos
 Reacções uniformes da organização
 Reacções diferenciadas da
organização
 Estrutura organizacional simples
 Estrutura organizacional
diferenciada
O continuum homogeneidade/heterogeneidade
ambiental
Ambiente Estável
Continuum
Ambiente Instável
 Estabilidade e permanência
 Instabilidade e variação
 Pouca mudança
 Muita mudança
 Problemas ambientais e rotineiros
 Problemas ambientais novos
 Previsibilidade e certeza
 Imprevisibilidade e incerteza
 Rotina
 Ruptura
 Manutenção do status
 Inovação e criatividade
 Reacções padronizadas e rotineiras
 Reacções variadas e inovadoras
 Tendência à burocracia
 Tendência à adhocracia
 Lógica do sistema fechado
 Lógica do sistema aberto
 Preocupação com a organização
 Preocupação com o ambiente
 Intra-orientação para a produção
 Extra-orientação com o mercado
 Ênfase na eficiência
 Ênfase na eficácia
Tecnologia
Objectivos:
 Definição de tecnologia
 Diferentes tipos de tecnologias
Teoria contingencial aplicada nas
estruturas/comportamentos organizacionais
 Estão condicionados por diferentes tipos de tecnologias
 O ambiente é indirectamente influenciado pelas tecnologias
 As tecnologias causam condicionalismos às estruturas organizacionais
 O papel influenciador da tecnologia nas teorias administrativas
 Possível determinismo tecnológico
A tecnologia e os bens físicos
Conceito de Hardware
Está contida em bens de capital,
matérias-primas etc.
Conceito de Software
Encontra-se nas pessoas – como técnicos, peritos,
especialistas, etc – sob a forma de conhecimentos
intelectuais ou operacionais/ facilidade mental ou
manual para realizar as operações ou em documentos
que a registam e visam assegurar sua conservação e
transmissão – como mapas, plantas, etc.
Duas variáveis simultâneas da tecnologia
Influencia a organização de uma
forma externa, sobre a qual a
organização tem pouco
entendimento e controle.
Influência a organização como se
fosse um recurso próprio e interno,
proporcionando melhor
desempenho na acção, e maior
capacidade para a organização
defrontar-se com as forças
ambientais.
Racionalidade técnica
 Critério instrumental - vem permitir o alcance dos
resultados desejados.
 Critério económico - vem permitir o alcance dos
resultados desejados com o mínimo de despesas face aos
recursos necessários e disponíveis.
Tecnologia de Elos em Sequência
Baseia-se na interdependência das tarefas para completar um produto, em que cada
sequência de elos determina a execução do elo seguinte.
Ex. linha de montagem de produção em massa. Esta repetição de processos produtivos
permite através da experiencia a eliminação de imperfeições na tecnologia, como reduz
os erros e perdas de energia por parte dos indivíduos, este foi o seu maior contributo.
Tecnologia Mediadora
Algumas organizações têm por base a interligação de clientes que desejam ou querem
ser interdependentes.
Ex: banca comercial, seguradoras, empresas de propaganda, operadores de
telecomunicações, etc.
Tecnologia Intensiva
Focalização numa diversa variedade e especializações sobre um único cliente.
Ex: Num hospital central, a tecnologia intensiva requer de parte ou de toda a
disponibilidade das aptidões necessárias, o derivado desta correcta combinação conduz a
uma organização de tipo de projecto.
Classificação da tecnologia em dois tipos
básicos
Tecnologia
flexível
A flexibilidade da
tecnologia permite a
utilização das
máquinas, tecnologias e
matérias-primas, por
outros produtos e
serviços.
Tecnologia fixa
Não permite a
utilização da
tecnologia por
outros produtos ou
serviços.
Classificação de produtos, em dois tipos
básicos
Produto
concreto
Produto que é descrito
com elevada precisão e
especificidade,
podendo ser medido e
avaliado.
Produto
abstracto
Produto que não
permite uma
identificação,
descrição precisa nem
uma especificação
notável.
Classificação da tecnologia e produtos
Produto
Concreto
Fixa
de
mudanças:
pouca
Estratégia voltada para a colocação do produto no
mercado
Ênfase na área mercadológica da empresa
Receio de ter o produto rejeitado pelo mercado.
Ex.:Indústria automobilística
 Mudanças nos produtos pela adaptação ou
mudança tecnológica
Flexível
Tecnologia
 Pouca possibilidade
flexibilidade
Abstracto
 Estratégia voltada para a inovação e criação de
novos produtos ou serviços
 Ênfase na área de pesquisa e desenvolvimento Ex.:
Indústrias plásticas, equipamentos electrónicos
 Possibilidades de mudanças, nos limites da tecnologia
Estratégia voltada para a obtenção da aceitação de novos
produtos pelo mercado
 Ênfase na área mercadológica (promoção e propaganda)
 Receio de não obter o suporte ambiental necessário. Ex.:
instituições educacionais baseadas em conhecimentos
especializados
 Adaptação ao meio ambiente e flexibilidade
 Estratégia para a obtenção de consenso externo (quanto aos
novos produtos) e consenso interno (quanto aos novos
processos de produção)
Impacto da tecnologia
 A tecnologia tem a capacidade de determinar a natureza da estrutura
organizacional das empresas.
 A tecnologia ou racionalidade técnica tem a capacidade de se tornar um
sinónimo de eficiência passando a ter um critério normativo no qual os
gestores são avaliados.
 A tecnologia, através de um sistema de incentivos, cria formas de motivar os
gestores a melhorarem a eficiência dentro dos critérios normativos de
produção de eficiência.
As organizações e os seus níveis
 Não há universalidade nos princípios de administração
Não existe ´”a melhor maneira de organizar e estruturar as organizações”, portanto a Best
way
Pois
Estrutura
e
Comportamento organizacional
Variáveis dependentes
São contingentes de:
Ambiente
e
Variáveis independentes
Tecnologia
As organizações e os seus níveis
Ambiente
Coloca desafios externos à Organização
Tecnologia
Coloca desafios internos à Organização
Para fazer frente a estes dois tipos de desafios, as Organizações estruturam-se em 3
níveis organizacionais:
 Nível Institucional ou estratégico
 Nível intermediário
 Nível operacional
As organizações e os seus níveis
1° nível - Institucional ou estratégico
Características:
 Nível mais elevado da Organização
 Constituído por directores, proprietários ou accionistas
Nível de tomada de decisão, estabelecimento de objectivos e estratégias necessárias para
os alcançar
 Está virado para fora da Organização, virado então para o ambiente
 Não tem capacidade de previsão de eventos ambientais futuros
2° nível – Intermediário ou nível mediador ou de gestão
Características:
 Situa-se entre o nível Institucional e o nível operacional
 Escolhe e reúne os recursos necessários à distribuição e colocação da produção nos
segmentos de mercado
 É constituído pela média administração
As organizações e os seus níveis
2° nível – Intermediário ou nível mediador ou de gestão
Características (continuação):
É mediador porque:
 Articula o nível Institucional, sujeito à incerteza e ao risco, com o nível operacional,
dominado pela certeza e pela lógica da execução de tarefas bem definidas
 Limita os impactos da incerteza que o ambiente, transmite através do nível institucional
 Deve ser flexível, elástico, amortecendo as pressões externas, compatibilizando-as com as
capacidades do nível operacional
É de gestão porque:
 Gere o nível operacional, reunindo e distribuindo os recursos necessários às
actividades da Organização
As organizações e os seus níveis
3° nível – Operacional, técnico ou núcleo técnico
Características:
 Localizado nas áreas inferiores da Organização
 Ligado à execução das operações da Organização
 Engloba as máquinas e equipamentos, instalações, linhas de montagem e escritórios
Conclusões
Estrutura e comportamento organizacional são contingentes
1 – As Organizações estruturam-se coagidas pelas tecnologias e ambientes em que as
tarefas decorrem
Posto isto:
Não existe a melhor maneira de organizar e estruturar as organizações
2 – A contingências diferentes para cada Organização correspondem a reacções
estruturais e comportamentais diferentes
A estrutura e o comportamento óptimos dependem do ambiente externo e
da estrutura utilizada
Conclusões
A cada teoria de gestão corresponde uma abordagem diferente para a administração das
organizações.
Cada teoria de gestão é o resultado de um enquadramento histórico, social, cultural e
económico.
Teoria Contingencial:
Não há teorias mais certas do que outras;
Cada teoria apresenta soluções diferentes de acordo com as variáveis
ambientais, consideradas pertinentes;
Tudo depende do enfoque que o gestor quiser dar, com vista ao cumprimento dos
objectivos da Organização;
Traz ao de cima as qualidades da gestão: Qual a melhor abordagem a escolher para uma
determinada situação, num determinado enquadramento; implica qualidade de diagnóstico
e qualidade de decisão.
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