INTRODUÇÃO À
TEORIA DO
PLANEJAMENTO
Prof. Angela Ester Mallmann Centenaro
Política e Planejamento Econômico
O que é planejamento?

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2ª Guerra (1940-1950)
Procedimento lógico capaz de auxiliar
efetivamente os esforços de
desenvolvimento econômico e social.
1950-1960
Possibilidade do milagre desenvolvimentista
e, a partir daí, bastou apenas um passo para
que o planejamento se tornasse um mito.
O que é planejamento?
 As
maiores e melhores teorias não foram
suficientes, pois a teoria teórica conflitava
ou não se coadunava com os inúmeros
meandros dos valores e instituições
políticas, econômicas e sociais dos países
e, nestes, com suas diferentes regiões.
O que é planejamento?

A escassez de recursos humanos preparados para
decisões a médio e longo prazos; a instabilidade
política gerada pelas acirradas contradições de
interesses; a visão imediatista dos governantes; a
escassa visão política dos técnicos possuidores da
tecnologia para o desenvolvimento; o
burocratismo dos sistemas administrativos,
governamentais e privados, etc, somados à
rigidez das formulações teóricas para a
implantação do processo e planejamento
facilitavam sobremaneira o insucesso de uma
administração sob plano.
O planejamento no processo
histórico
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
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A introdução de critérios científicos no
processo de tomada de decisões;
A incorporação de procedimentos lógicos
para facilitar a tomada de decisões;
Conhecimento cada vez mais eficiente de
métodos e técnicas de intervenção sobre a
realidade facilitam administrar os recursos e
minimizar os riscos da ação – conhecimento,
tecnologias, democratização, distribuição, ...
O planejamento no processo
histórico
 Essas
situações são peculiares à
civilização e sempre existiram, em
tempos e espaços distintos.
 Inerente ao próprio ser humano, o
processo decisório sempre exigiu dos
indivíduos procedimentos lógicos de
raciocínio facilitadores das decisões.
O planejamento no processo
histórico

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-
O planejamento iniciou-se com o pensar.
A exemplo:
A construção das pirâmides do Egito;
Aquedutos romanos;
Na irrigação agrícola da Mesopotâmia;
Nas cidades gregas e romanas;
Nas embarcações de épocas distintas;
Comercialização entre povos do Oriente e Ocidente
desde os fenícios;
Proposta de Reforma Agrária para a sociedade romana
formulada pelos irmãos Graco, no século I a. C.;
Estratégias das artes militares;
Construção de cidades, ...
É
certo que não proliferaram desde os
tempos mais remotos os denominados
planos de desenvolvimento econômico e
determinava os melhores produtos a
serem comercializados face aos estudos
de mercado internacional.
 Atualmente,
o esforço se concentra na
institucionalização do processo de
planejamento na sociedade, mais do
que a mecânica prática de elaboração
de planos, programas e projetos. Os
governos de Estado e mesmo os
empresários privados têm procurado
enfatizar esse esforço de maneira a obter
uma dinâmica mais consequente no
processo decisório.
O
controle da ação futura supõe
atividades intencionais onde não apenas
a previsão mas o arbítrio sobre o que
fazer a médio e longo prazos exigem
procedimentos racionais de
comportamento. Esse comportamento
racional, objetivando a ação futura, é
que constitui o âmago da disciplina
planejamento.
A necessidade de planejar
 Conceito
de planejamento: processo
através do qual se pode dar maior
eficiência à atividade humana para
alcançar, em um prazo determinado, um
conjunto de metas estabelecidas.
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Compreende-se planejamento, antes de tudo,
como um processo lógico que auxilia o
comportamento humano racional na
consecução de atividades intencionais voltadas
para o futuro.
O estudo do processo de planejamento exige
que penetremos em campos como a psicologia,
economia, administração, história e,
destacadamente, nas áreas disciplinares que
estudam o comportamento humano enquanto
ser racional, possuidor de inteligência superior
com a faculdade, entre outras, de prever o futuro.
Fases do planejamento
 Conhecimento
da realidade;
 Decisão;
 Ação
e crítica (resultado)
 Abordagens:
-
Psicológica;
Econômica
Político-social
Abordagem Psicológica
O
homem é um ser no mundo e com o
mundo.
 A práxis do homem no mundo o faz o
que é.
 Sendo um ser inteligente, agindo
conscientemente no mundo e com o
mundo, é, antes de tudo, um ser
problematizado (e problematizante) –
passa por adaptações e regulações


O conhecimento intuitivo apresenta
importante papel no esforço de superação
de obstáculos à ação humana voluntária,
mesmo que a ação consequente carregue
elementos resultantes de decisões empíricas.
O conhecimento discursivo busca as
correlações entre suas fases e as do processo
de planejamento, caracterizando, sempre
que possível, um procedimento científico.
 John
Dewey sugere cinco etapas para o
processo do pensamento reflexivo:
atividade, problema, dados, hipóteses e
comprovação.
 Processo
de planejamento à fase
denominada decisão.
Abordagem Econômica

A minimização das crises e criação de
condições socioeconômicas e políticas que
as evite.

Posições:
Favoráveis à intervenção (uso direto do
Estado);
Desfavoráveis à intervenção (uso indireto dos
mecanismos de intervenção)
Qual o grau de intervenção do Estado???
-
O
sistema de preços apresenta inúmeras
deficiências que o torna incapaz de
provocar as transformações estruturais
necessárias nas economias dos países
subdesenvolvidos e garantir taxas de
crescimento econômico que permitam
um desenvolvimento auto-sustentado.
Deficiências do sistema de
preços
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Imperfeições de mercado (restringem ou
eliminam as vantagens do sistema competitivo);
Divergências entre custos sociais e privados
(custos de oportunidade de fatores diferentes);
Complexidade dos processos e maiores riscos;
Desigualdades na distribuição de renda
(problemas nas poupanças);
Debilidade do setor empresarial privado e pressão
governamental;
Condições históricas e institucionais bastante
diferentes “Norte e Sul”.


Os países subdesenvolvidos necessitam
manter taxas elevadas de crescimento
econômico para superarem os desníveis de
bem estar social que os separam dos países
mais desenvolvidos.
Necessitam superar escassez de poupanças,
consequência dos ciclos viciosos típicos das
economias mal estruturadas, para
atenderem aos investimentos necessários à
obtenção das taxas de crescimento
elevadas.
Abordagem Político-social
 Afirmar
que a determinação é ato
próprio da vontade, a ponto de poder
esta prescindir da objetiva comparação
dos motivos, e agir, também em direção
perfeitamente oposta, não equivale a
pretender seja a vontade independente,
em sua decisão das condições externas...
 Portanto:
Planejamento é... Como um
processo sistematizado através do qual
poderemos dar maior eficiência a uma
atividade para num prazo maior ou
menor alcançar o conjunto de metas
estabelecidos.
 Fases:
conhecimento da realidade;
decisão; ação e crítica.
 Para
um bom planejamento é necessário:
metas e prazos.
 Plano,
projeto, programa são
documentos enquanto o planejamento é
processo.
Qual a diferença entre plano
e projeto?



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A diferença está na amplitude.
Projeto se define como o conjunto de
antecedentes que permite estimar as vantagens
e desvantagens econômicas que se derivam de
destinar certos recursos de um país para a
produção de determinados bens ou serviços.
Plano procura reunir um conjunto de elementos
de decisão necessários para concretizar
racionalmente a conduta de um grupo humano
ou de um conjunto de unidades de produção.
Programa ordenação das atividades a serem
desenvolvidas no tempo.

-
-
Elementos básicos de um plano:
Quanto ao objeto: plano econômico, plano
educacional, plano de habitação, ...
Quanto ao espaço: se caracteriza pela
divisão político-administrativa, por fatores
naturais ou por espaços caracterizados por
divisões socioeconômicas.
Quanto ao tempo: curto, médio e longo
prazos
Características do processo
de planejamento
 As
qualidades do processo (inerência,
globalidade, unidade, dinamismo,
viabilidade, previsão, participação)
 Os
aspectos substantivo do procedimento
lógico (capacidade de síntese)
O
aspecto processual (insumo
transformado em produto)
Enfoque sistêmico do
planejamento
 Sistematicamente,
planejamento é: uma
função da Administração exercida por
um órgão ou um sistema de órgãos que
realizam determinados processos que
abrangem um conjunto de subprocessos
ou fases de sequência auto adaptativa
no tempo que possuem, cada uma, um
certo número de entradas e um certo
número de saídas.
PLANEJAMENTO = PROCESSO
X
PLANO = PRODUTO
ALGUNS CONCEITOS DE
APOIO PARA O PROCESSO DE
PLANEJAMENTO
Dificuldades
• Situações negativas, riscos, problemas, obstáculos ou impedimentos para o desenvolvimento
do projeto - atuais ou futuros - capazes de repercutir no perfil de desempenho da organização,
projeto ou política.

Oportunidades
• Situações positivas, potenciais ou aspectos facilitadores - atuais ou futuros - que
adequadamente identificadas e aproveitadas, tendem a influenciar positivamente no
desenvolvimento da organização, projeto ou política.

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•
ambiente Interno
Ambiente interno da organização, no âmbito da organização que planeja: questões
relativas à gestão, ambiente onde se tem governabilidade, capacidade de intervenção
direta.
Ambiente Externo
• Ambiente externo à organização, fora do âmbito da organização que planeja: cenário
econômico, social e político da cidade - ambiente no qual não se tem capacidade de
intervenção direta mas que, no entanto, pode-se exercer influência ou por ele ser influenciado.

PLANEJAMENTO E PODER

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
O envolvimento de uma coletividade na interpretação de uma
dada realidade e num processo de tomada de decisão confere
dimensões técnicas e políticas ao planejamento.
O caráter técnico do planejamento revela-se quando o mesmo se
configura como um instrumento de organização ação
interventiva, quando sistematiza o conjunto das informações
institucionais, quando zela pelo tratamento técnico e científico dos
dados e quando, a partir destes, subsidia a tomada de decisões.
O planejamento manifesta seu aspecto político quando se traduz
enquanto instrumento de negociação e pactuação de interesses,
enquanto se propõe ferramenta de suporte ao processo de
escolhas e tomada de decisões, enquanto comunica e expressa a
opção política dos atores que planejam.


A percepção do planejamento enquanto
“síntese técnico-política” (Buarque, 1999) é
determinante para a compreensão plena de
sua matriz conceptiva.
A dimensão política do planejamento referese também a sua estreita relação com as
estruturas de poder, numa organização ou
na sociedade. Neste sentido, o planejamento
pode-se revelar como a expressão de um
amplo processo participativo e democrático
ou como a declaração de uma hegemonia
ou vontade dominante.
Características de um sistema
-
É um sistema aberto;
É elaborador de sua estrutura e de
transformações;
É autoadaptativo;
É processador de informações;
É intencional ou dirigido para metas;
Desenvolve uma sensibilidade seletiva com as
coisas ou fatos ambientais;
A distinção entre limite e meio é progressivamente
voluntária (arbitrária);
É neguentrópico (atua contra a desordem) ou
entropia negativa
Estava finalmente a mais de duzentas milhas da costa mais
próximo, e já começava a pensar no futuro, numa distante ilha
chamada Santa Helena, pelo menos um mês a minha frente.
À medida que ganhava distância da África, aumentava
minha confiança no barco e a certeza de que um dia deixaria
para trás a ilha onde Napoleão perdeu sua última batalha. Que
grande dia seria este! Que significativa vitória para mim! Eu teria,
então, provado que meus planos estavam certos e que a mais
importante chave para o êxito da travessia estava há muito em
minhas mãos: a rota.
Numa faixa larga, traçada dois anos antes e pintada de
vermelho, estava a minha segurança - a certeza de que o
projeto era viável. Passando em suave curva entre as ilhas
oceânicas de Ascensão e Santa Helena, e ligando a costa da
Namíbia ao litoral baiano, esta faixa indicava os limites de
navegação em que deveria manter-me. Apesar da
predominância de ventos do sul e da forte tendência de deriva
para o norte, o esforço que eu fazia para me manter dentro da
rota prevista era menor do que o trabalho que tivera, ainda em
terra, para definir a trajetória ideal.
Dois anos de estudo foram consumidos nesta operação, em
que não faltaram discussões apimentadas e dúvidas
perturbadoras.
A viagem de veleiro para Caiena fazia parte deste trabalho.
As intermináveis investigações em bibliotecas e tratados de
navegação também. Mas o maior problema talvez tenha
sido a escassez de dados e informações a respeito do
assunto. Baseei-me sobretudo nas Pilot Charts inglesas e
americanas e em outros estudos sobre correntes e ventos do
Atlântico Sul fornecidos pela Diretoria de Hidrografia e
Navegação, da Marinha (DHN).
No mar, o menor caminho entre dois pontos não é
necessariamente o mais curto, mas aquele que conta com o
máximo de condições favoráveis. Assim, mesmo um
poderoso superpetroleiro é obrigado, às vezes, a desviar do
seu caminho para ganhar, em tempo e segurança, o que
perde em distância. No meu caso, tendo como única
propulsão um par de remos, o estudo de regime de ventos e
correntes passava a ser fundamental.
É impossível remar vinte e quatro horas por dia. Assim,
enquanto estivesse dormindo e o barco ficasse a deriva, era
importante contar com correntes, se não favoráveis, pelo
menos que não me viessem pelo nariz, roubando durante a
noite o que eu ganhava, com muito esforço, de dia.
Esse estudo descartou, por exemplo, a hipótese de cruzar o
Atlântico, de Serra Leoa ao cabo Calcanhar, no Rio Grande do
Norte, num percurso de apenas 1.500 milhas náuticas (contra as
3.700 do meu percurso) por uma região quente e relativamente
tranquila.
A minha rota, longa, fria e tempestuosa, contava, no
entanto, com correntes favoráveis na quase totalidade do trajeto
e com a preciosa regularidade dos alísios de sudeste que unem o
sul da África ao nordeste brasileiro. Caminho difícil e longo, mas o
único possível para um barquinho a remo.
Para atravessar o mau tempo e as depressões do caminho
mais longo bastaria um barco forte e bem estudado; mas, para
vencer com os braços o fluxo contrário do caminho mais curto,
nem toda a disposição do mundo seria suficiente.
Como os antigos navegadores que, com suas velas
quadradas, não podiam vencer ventos e correntes contrárias e
eram obrigados a aceitar os rumos ditados pelo vento, eu me
valeria, não da força para ir contra as correntes, mas da astúcia
em saber acompanhá-las. Por esta razão, seria necessário um
especial cuidado em respeitar os limites da faixa ideal de
navegação que eu traçara.
Amyr Klink, em Cem dias entre céu e mar. 17ª
edição. José Olympio. Rio de Janeiro, 1986.
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