Valores normais de gases na veia umbilical
durante o pós-parto e pós-cesariana
imediata em fetos normais a termo
Valores normales de gases en la vena del cordón umbilical
durante el postparto y postcesárea inmediato en fetos de
término normales
Francisco José Bernardesz-ZAPATA
César Moreno-Rey
Ginecol Obstet Mex 2014;82: 170-176
Apresentação: Joaquim Bezerra R3 UTIPED HMIB
Paula Abdo R3 UTIPED HMIB
Coordenação: Marta David Rocha de Moura
Brasília, 3 de outubro de 2014
www.paulomargotto.com.br
Introdução
• A avaliação do estado ácido-básico do
paciente é possível através da gasometria.
Introdução
• Os valores oriundos da análise da veia
umbilical refletem o estado acido básico do
tecido placentário. No entanto, as causas que
podem interferir na oxigenação, e, em
consequência da asfixia (hipoxia, hipercapnia
e acidose) refletem na análise do sangue do
cordão umbilical.
Introdução
• Vitse at al comentam que a relação de
saturação de oxigênio, pH e bicarbonato são
parâmetros confiáveis quando medidos em
sangue de cordão umbilical para determinar a
hipoxia perinatal e sua possível causa.
Introdução
• O pH do sangue de cordão é uma ferramenta útil para
conhecer a situação imediata do RN e estado de nascimento.
• Os valores gasométricos (VEIA E ARTÉRIA UMBILICAIS) variam
de acordo com o meio ambiente, altitude e pressão parcial de
O2 do ambiente. Quanto mais próximo do nível do mar, maior
a Fi02.
• Nos quadros 1 e 2 os valores normais.
• Os valores normais para o lactato no sangue arterial são de
0,92 (0,21) mmol/L e 0,99(0,32) mmol/L.
Introdução
Introdução
Introdução
• Este estudo pretende identificar os valores
normais dos gases venosos do cordão
umbilical em fetos normais, a termo, no pósparto imediato, nascidos por resolução
obstétrica sem alteração fetal no Hospital
Espanol de La Ciudad de Mexico e se há
diferença com os valores considerados
normais por outras Instituições situadas em
outras altitudes.
Material e Método
• Estudo prospectivo, transversal, descritivo e
observacional, realizado entre outubro de 2011 e
julho de 2012 em pacientes com gravidez a
termo, de evolução normal e resolução obstétrica
sem evidência de alteração fetal, admitidas na
Unidade Obstétrica do Hospital Espanol de La
Ciudad de Mexico em trabalho de parto ou para
cesárea eletiva com algum diagnóstico que não
implica em risco de dano fetal. Antes de
ingressarem no estudo, assinaram o
consentimento informado.
Critérios de inclusão:
- Gestante com gravidez de evolução normal;
- CTB tipo I;
- Ausência de dados de baixa reserva fetal da
admissão ao nascimento;
- Resolução obstétrica por parto eutócico ou
cesárea eletiva;
- Recém-nascido (RN) nascido vivo e único;
- Cordão umbilical com 2 Artérias e 1 Veia;
Critérios de inclusão:
- Apgar > 7 no primeiro minuto;
- Peso de Nascimento> 2500g e <3500g;
- Idade gestacional (IG > 37sem e < 41sem 6/7
Material e Método
• Na admissão, todas as pacientes eram
monitoradas com cardiotocografia estreita.
• Todas receberam solução de Hartmann. A
anestesia e analgesia obstétrica foram feitas
através de bloqueio epidural, com
administração prévia de 350ml de solução de
Hartmann.
Material e Método
• Após o nascimento, coletava-se uma amostra
de sangue do cordão umbilical. A amostra era
analisada no gasômetro mais próximo
(UTINEO) em um tempo < 5min.
• Os dados eram inseridos num banco de dados
e processados pelo Programa Estatístico
Packstat 18 e se obtiveram: moda, mediana,
média e desvio padrão
Resultados
• 100 pacientes foram incluídas no trabalho,
sendo 13 excluídas (1 RN com fenótipo de
Sind. Down + 3 partos distócicos + 5 DPP + 4
anestesia geral) = 87 pacientes.
Resultados
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IG de 37.3 a 41.3, com média de 37.8sem.
Apgar (1 min) 7 a 9, com media de 8.92.
Apgar (5 min) entre 9 e 10, média de 9.02.
Peso entre 2,525 e 3,480 g, média de 2,827g.
Idade materna entre 21 e 44 anos, média de
32,82 anos.
• 12 (13,7%) foram partos transvaginais e 75
(86,2%) foram cesáreas
Resultados
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Das cesáreas ( 75 partos):
24 (32%) por cicatriz uterina prévia;
14 (18,6%) desproporção cefalopélvica;
10 (13,3%) cesárea prévia;
10 (13,3%) parada de progressão
9 (12%) pedido da paciente
7 (9,3%) rotura prematura de membrana;
1 (1,3%) antecedente de fratura de quadril.
Discussão
• Nos principais serviços obstétricos do mundo,
a medição da gasometria da veia do cordão
umbilical no pós-parto imediato, tinha caído
em desuso, devido a tendência de diminuir os
custos da assistência secundários à “medicina
gerenciada”, em eventos catastróficos que
sucedem menos de 5% e pela utilização da
escala de Apgar. Esta escala é uma medição
subjetiva e reflete o estado fetal intraparto.
Discussão
• A gasometria da veia do cordão umbilical é um
método sensível e prático e, sobretudo, é um
procedimento objetivo de medição do estado
fetal.
Discussão
• Yeomans, em 1985, mediu a concentração dos
gases em partos normais; posteriormente,
outros autores de diferentes países realizaram
novas tabelas com valores normais da
gasometria do cordão umbilical.
Discussão
• Em La Paz (Bolívia, 3600 metros a nível do
mar), Caballero et al analizaram 100
gasometrias de sangue venoso umbilical e
compararam com os resultados de um estudo
realizado em São Paulo (Brasil 760metros a
nível do mar) e não encontraram diferença
estatística entre os grupos.
Discussão
• Na Unidade Obstétrica do estudo, há cerca de
2000 mil nascimentos/ano; 15% destes é uma
amostra aceitável; sendo assim, o tamanho da
amostra do estudo deveria ser de 300
indivíduos. No entanto, este estudo se efetuou
com uma análise inicial de 100 pacientes,
sendo que 87 continuaram no mesmo.
Discussão
• Na presente análise, é importante identificar
que não existem diferenças significativas com
os dados obtidos em Zurique (408 metros a
nível do mar), tampouco com os de São
Francisco (16metros a nível do mar) ou da
Filadelfia (259 metros a nível do mar).
• No início do estudo, estava projetado um n=
300 pacientes; no entanto, diante da
evidência obtida, achou-se desnecessário
continuar com o projeto.
Conclusão
• A gasometria do cordão é um método sensível
e prático e, sobretudo, objetivo para medição
do estado fetal intraparto.
• Os valores encontrados não demonstraram
diferenças estatisticamente significativas são
com os resultados de outros estudos
realizados em cidades com altitudes menores
do que a Cidade do México.
Conclusão
• Sugere-se que se adote como uma prática
padrão na documentação do estado ácidobase do RN.
• Nesse trabalho o sangue venoso do cordão
umbilical é utilizado para determinar graus de
asfixia, não sendo invasivo, considerando 2
desvios padrões, como recomenda a
literatura.
Conclusão
• A altitude produz uma compensação
fisiológica, com o aumento das hemácias.
Talvez esta compensação seja dada ao feto
pela mãe, por isso, obteve-se valores similares
ao do nível do mar, explicando de alguma
maneira, a ausência das variações entre os
estudos. Embora a pequena contribuição do
estudo, os resultados podem servir como
valores normais para aplicação diagnóstica em
estudos futuros.
ABSTRACT
BACKGROUND:
•
To be able to diagnose and catalogue a patient with imbalance of the acid basic condition a gasometría must
be realized. The pH and the gasometría of the blood of umbilical cord are useful tools to study the immediate
situation of the newborn child. The values gasométricos in the vein and the artery of the umbilical cord change
according to the geographical altitude.
•
OBJECTIVE:
•
To identify the normal values of the venous gases of the umbilical cord in the postpartum immediate one of
normal fetuses to term, born by obstetric resolution, without hurt, in the Spanish Hospital of the Mexico City
and to identify the difference with the considered normal values for other institutions of different conditions
of the Mexican Republic located to different altitudes.
•
MATERIAL AND METHOD:
•
Transversal, prospective, descriptive and observacional study effected in the service of Obstetrics of the
Hospital Español of Mexico (Maternidad Mundet). All the patients were included pregnant woman of term,
with pregnancy of normal evolution, with an obstetric resolution without evidence of foetal hurt that they
deposited with labor or for elective Caesarean.
•
RESULTS:
•
The average of the curves of normal distribution of the pH, of the PCO2, of the HCO3, of the PO2, of the base
excess and of the foetal hemoglobin they were: 7.34, 39.3081, 20.66, 29.3529,-4.09 and 15.18,
respectively.The distribution curves of the analyzed values were normal, in no.case there was asymmetry, with
a not significant Kolmogorov.
•
CONCLUSIONS:
•
The gasometric of the cord is a simple, practical method and, especially I target to value the foetal condition
intraparto. The values found in our analysis do not demonstrate statistically significant differences with the
values of other studies effected to minor altitudes that of the Mexico City. The analysis that here one presents
is a partial check of the final sample that will belong 300 individuals.
Nota do Editor do site, Dr. Paulo R.
Margotto
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O que é pH eucapnico?
Diagnóstico da
acidose metabólica
neonatal pela
determinação do pH
eucapnico
Racinet C, Richalet
G, Corne C et al.
Apresentação: Lívia
Jacarandá Faria,
Marta David Rocha
de Moura, Paulo R.
Margotto
O pH eucapnico (pHc) é por consenso considerado como reflexo do componente não
respiratório ou metabólico do pH atual, o qual é o componente isolado
potencialmente nocivo ao cérebro neonatal
• Este estudo tem por objetivo trazer uma contribuição à
escolha do melhor parâmetro bioquímico neonatal
permitindo estabelecer ou excluir o diagnóstico de acidose
metabólica neonatal de intensidade suficiente para
estabelecer uma ligação de causalidade entre uma asfixia fetal
aguda periparto e uma paralisia cerebral. A escolha deste
marcador foi feita a partir de medidas no sangue arterial do
cordão do pH, PaCO2 e lactato e dos valores derivados (déficit
de base ou DB) das coletas ao nascimento de RN a termo ou
próximos ao termo(>34 semanas) e o estudo de suas
correlações (simples e parciais).
Como é feito o cálculo do pH
eucapnico?
Se a PaCO2 mostra uma hipercapnia, o operador pode
fazer “manualmente” a supressão do componente
respiratório segundo o procedimento de EISENBERG,
que consiste em se adicionar 0,08 unidades ao pH
por excedente de 10mmHg da PaCO2
comparativamente ao valor normal no recémnascido de 50mmHg.
Por exemplo: se a PaCO2 é de 100mmHg e o pH
de 6,90, somaremos 5x0,08= 0,40 a 6,90, obtendo-se
7,30 que é o pH eucapnico(também chamado de pH
standard)
• A presença de uma acidose metabólica permite
nem afirmar uma asfixia neonatal, nem, em caso de
asfixia, precisar o momento de instalação do evento
hipóxico. Por outro lado, a presença de uma
acidemia inferior a 7,00 notada em 0,81% dos
nossos casos surge em 0,5 a 3% dos partos nos quais
a maioria não apresenta nenhuma sequela
neurológica, porque é geralmente de origem
hipercapnica pura.
A escolha do pH eucapnico parece se impor para
definir a acidose metabólica
Portanto...
• Na prática ,duas situações são possíveis:
• O pH é inferior a 7,00 e o pH eucapnico é inferior ou
igual a 7,10; assim o DB é sempre superior a
12mmol/L:o diagnóstico de acidose metabólica é
confirmado no domínio estudado
• O pH é inferior a 7,00 e o pH eucapnico é superior a
7,10, assim o DB é sempre inferior a 12mmol/L: o
diagnóstico de acidose metabólica não é definido.
Podemos concluir que o diagnóstico de acidose
metabólica neonatal severa pode ser definido
quando o pH eucapnico do sangue arterial umbilical
seja menor ou igual a 7,10.
Dr. Joaquim Bezerra, Dr. Paulo R. Margotto e Dra. Paula Abdo!
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Valores normais de gases na veia umbilical durante o pós