2ª aula
Profª Karina Oliveira Bezerra
ETIMOLOGIA
 Filosofia = Amor à sabedoria
 “Philia" - amor fraterno.
 “Eros" - amor romântico.
 “Ágape" - amor incondicional.
William Bouguereau
 Pitágoras teria afirmado que a sabedoria plena e completa pertence aos deuses,
mas que os homens podem desejá-la ou amá-la, tornando-se filósofos.
 Sua mestra foi Temistocleia – filosofa, matemática e alta profetisa de Delfos.
 Dizia Pitágoras que três tipos de pessoas compareciam aos jogos olímpicos (a
festa mais importante da Grécia):
1.
As que iam para comerciar durante os jogos, ali estando apenas para servir aos
seus próprios interesses e sem preocupação com as disputas e os torneios;
2.
As que iam para competir, isto é, os atletas e artistas (pois, durante os jogos
também havia competições artísticas: dança, poesia, música, teatro);
3.
As que iam para contemplar os jogos e torneios, para avaliar o desempenho e
julgar o valor dos que ali se apresentavam.
Esse terceiro tipo de pessoa, dizia Pitágoras, é como o filósofo.
 Movido pelo desejo de observar, contemplar, julgar e avaliar as coisas, as ações,
a vida: em resumo, pelo desejo de saber
Questionamentos
filosóficos
Por que os seres nascem e morrem?
Por que os semelhantes dão origem aos
semelhantes, de uma árvore nasce outra
árvore, de um cão nasce outro cão, de uma
mulher nasce uma criança?
Por que os diferentes também parece fazer
surgir os diferentes: o dia parece fazer
nascer a noite, o inverno parece fazer surgir
a primavera, um objeto escuro clareia com o
passar do tempo, um objeto claro escurece
com o passar do tempo?
Por que tudo muda?
A criança se torna adulta,
amadurece, envelhece e
desaparece.
A paisagem, cheia de flores na
primavera, vai perdendo o
verde e as cores no outono,
até ressecar-se e retorcer-se
no inverno.
Sem dúvida, a religião, as tradições e os mitos explicavam todas essas coisas, mas
suas explicações já não satisfaziam aos que interrogavam sobre as causas da
mudança, da permanência, da repetição, da desaparição e do ressurgimento de
todos os seres. Haviam perdido força explicativa, não convenciam nem satisfaziam a
quem desejava conhecer a verdade sobre o mundo.
Grécia Antiga
Fim do VII e ínicio do
VI a.C, nas colônias
gregas da Ásia
Menor (Jônia), na
cidade de Mileto.
E o primeiro filósofo
foi Tales de Mileto.
A Filosofia teria nascido pelas transformações que os gregos
impuseram ao conhecimento oriental.
 Da agrimensura dos egípcios os gregos fizeram nascer duas
ciências: a aritmética e a geometria.
 Da astrologia dos caldeus e dos babilônios fizeram surgir
também duas ciências: a astronomia e a meteorologia
 Da genealogias dos persas fizeram surgir mais uma outra
ciência: a história
Filosofia grega foi um
acontecimento espontâneo,
único e sem par, como
é próprio de um milagre
 De fato, os gregos imprimiram mudanças de qualidade tão profundas no que receberam do Oriente e
das culturas precedentes, que até pareceria terem criado sua própria cultura a partir de si mesmos.
Exemplos:
 Transformaram a sabedoria prática em ciência.
 Inventaram a política (palavra que vem de polis, que, em grego, significa cidade organizada por leis e
instituições). Criaram a idéia da lei e da justiça como expressões da vontade coletiva pública e não
como imposição da vontade de um só ou de um grupo, em nome de divindades.
 Um mito é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa
 Do verbo mytheyo (contar, narrar) e do verbo mytheo (conversar,
contar, anunciar, nomear, designar).
 Quem narra o mito? O poeta-rapsodo. Quem é ele? Por que tem autoridade?
 Acredita-se que o poeta é um escolhido dos deuses,
 A Filosofia nasceu realizando uma transformação gradual sobre os mitos gregos ou nasceu por uma
ruptura radical com os mitos?
 A Filosofia, percebendo as contradições e limitações dos mitos, foi reformulando e racionalizando as
narrativas míticas, transformando-as numa outra coisa, numa explicação inteiramente nova e
diferente.
 O mito não se importava com contradições, com o fabuloso e o incompreensível, não só porque esses
eram traços próprios da narrativa mítica, como também porque a confiança e a crença no mito
vinham da autoridade religiosa do narrador. A Filosofia, ao contrário, não admite contradições,
fabulação e coisas incompreensíveis, mas exige que a explicação seja coerente, lógica e racional;
além disso, a autoridade da explicação não vem da pessoa dofilósofo, mas da razão, que é a mesma
em todos os seres humanos.
 As viagens marítimas
 A invenção da moeda
 A invenção da escrita alfabética
 O surgimento da vida urbana
 A invenção da política.
 A ideia da lei como expressão da vontade de uma coletividade humana que decide por si mesma o
que é melhor para si e como ela definirá suas relações internas. O aspecto legislado e regulado da
cidade - da polis - servirá de modelo para a Filosofia propor o aspecto legislado, regulado e
ordenado do mundo como um mundo racional.
 Agora, com a polis, isto é, a cidade política, surge a palavra como direito de cada cidadão de emitir
em público sua opinião, discuti-la com os outros, persuadi-los a tomar uma decisão proposta por ele,
de tal modo que surge o discurso político como a palavra humana compartilhada, como diálogo,
discussão e deliberação humana, isto é, como decisão racional e exposição dos motivos ou das
razões para fazer ou não fazer alguma coisa.
 A ideia de que a Natureza opera obedecendo a leis e princípios necessários e universais, isto é, os
mesmos em toda a parte e em todos os tempos. Ex: Leis da Física.
 A ideia de que as leis necessárias e universais da Natureza podem ser plenamente conhecidas pelo
nosso pensamento, isto é, não são conhecimentos misteriosos e secretos, que precisariam ser
revelados por divindades, mas são conhecimentos que o pensamento humano, por sua própria força
e capacidade, pode alcançar.
 A ideia de que o nosso pensamento é lógico ou segue leis lógicas de funcionamento. Ex: “Todos os
homens são mortais. Sócrates é homem. Logo, Sócrates é mortal”
 A ideia de que as práticas humanas, isto é, a ação moral, a política, as técnicas e as artes dependem
da vontade livre, da deliberação e da discussão, da nossa escolha passional ou racional, de
nossas preferências, segundo certos valores e padrões, que foram estabelecidos pelos próprios
seres humanos e não por imposições misteriosas e incompreensíveis, que lhes teriam sido feitas por
forças secretas, invisíveis, sejam elas divinas ou naturais, e impossíveis de serem conhecidas.
 A ideia de que os acontecimentos naturais e humanos são necessários, porque
obedecem a leis naturais ou da natureza humana, mas também podem ser
contingentes ou acidentais, quando dependem das escolhas e deliberações dos
homens, em condições determinadas.
 Um dos legados mais importantes da Filosofia grega é, portanto, essa diferença
entre o necessário e o contingente, pois ela nos permite evitar o fatalismo - “tudo é
necessário, temos que nos conformar e nos resignar ” -, mas também evitar a ilusão
de que podemos tudo quanto quisermos, se alguma força extranatural ou
sobrenatural nos ajudar, pois a Natureza segue leis necessárias que podemos
conhecer e nem tudo é possível por mais que o queiramos.
 Em suma, a Filosofia surge quando se descobriu que a verdade do mundo e
dos humanos não era algo secreto e misterioso, que precisasse ser revelado
por divindades a alguns escolhidos, mas que, ao contrário, podia ser
conhecida por todos, através da razão, que é a mesma em todos; quando se
descobriu que tal conhecimento depende do uso correto da razão ou do
pensamento e que, além da verdade poder ser conhecida por todos, podia,
pelo mesmo motivo, ser ensinada ou transmitida a todos.
 Os gregos instituíram para o Ocidente europeu as bases e os
princípios fundamentais do que chamamos razão,
racionalidade, ciência, ética, política, técnica, arte.
 Ocidentalização do oriente
“Orientalismos”
 A filosofia possui certas características, apresenta certas formas de pensar e de exprimir os
pensamentos, estabelece certas concepções sobre o que sejam a realidade, o pensamento, a ação, as
técnicas, que são completamente diferentes das características desenvolvidas por outros povos e
outras culturas.
Yin é o princípio feminino
passivo, escuridão, o frio e a
umidade;
Yang é o princípio masculino
ativo, luz, o calor e o seco.
Os dois princípios se combinam
e formam todas as coisas, que,
por isso, são feitas de contrários
ou de oposições.
A Natureza é feita de um sistema de relações
matemáticas produzidas a partir da unidade
(o número 1 e o ponto), da oposição entre os
números pares e ímpares, e da combinação
entre as superfícies e os volumes (as figuras
geométricas), de tal modo que essas
proporções e combinações aparecem para
nossos órgãos dos sentidos sob a forma de
qualidades contrárias.
Para Pitágoras, o pensamento alcança a realidade em sua estrutura matemática, enquanto nossos
sentidos ou nossa percepção alcançam o modo como a estrutura matemática da Natureza aparece para
nós, isto é, sob a forma de qualidades opostas.
Download

Origem e nascimento da Filosofia: histórico grego