ESCOLA BÍBLICA
(Escola da Fé)
EVANGELHO
SEGUNDO
MATEUS
EVANGELHO SEGUNDO MATEUS
JESUS AGE POR DEUS OU PELO DEMÔNIO?
(Mateus 12)
Estamos acostumados a julgar as coisas e as pessoas a
partir dos nossos pontos de vista, que dependem da
nossa experiência e da nossa inserção no mundo, com
todos os seus compromissos e alianças. Estranhamos
quando algo não está de acordo com o que pensamos e
agimos, e então reagimos. Ora, Jesus é a maior
novidade, porque ele é a própria presença de Deus,
desafiando o nosso modo de pensar e agir. Afinal,
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quem é Deus? Alguém que nos atrapalha, ou alguém
que nos ajuda? Deus e Jesus, o seu revelador, podem
ser extremamente chocantes, dependendo da posição
que tomamos na vida.
O amor está acima da Lei
A maior observância para os judeus era a lei do sábado
(12,1-6). No entanto, Jesus não só a viola, mas permite
que os seus discípulos a violem. Era proibido pela Lei
fazer qualquer trabalho no dia de sábado. Quando a lei
foi criada, ela servia as pessoas, assegurando seu
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direito ao descanso. Contudo, com o tempo ela se
tornou não mais direito, mas obrigação. Colhendo
espigas para comer, os discípulos estavam fazendo o
que era proibido. Proibido matar a fome? Curando um
homem com a mão paralisada, Jesus estava violando a
lei. Mas que lei é essa, que impede de conservar a vida
e libertar para a ação?
Os fariseus, que se julgavam santos, serviam-se da Lei
para oprimir as pessoas, enchendo-as de culpa. Jesus é
diferente. Mostra que a Vida está muito acima da Lei, e
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que esta só tem sentido quando está a serviço da Vida.
O Templo pode ser violado quando a vida humana está
em necessidade. A lei do sábado pode ser violada
quando a propriedade está em perigo (uma ovelha).
Ora, a vida humana, com suas necessidades e
problemas, está muito acima de um edifício e de uma
propriedade! (12,9-14). Deus ama a vida humana, e
não quer que ela seja sacrificada, nem que seja em
nome do seu culto. A alegria de Deus é que estejamos
vivos e felizes. O resto é para servir a isso, e se não
servir para isso, não serve para nada. Deus quer
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liberdade e vida, e está contra todo tipo de escravidão e
morte. Devemos desconfiar de tudo o que não serve a
liberdade e a vida. Isso não vem de Deus, mas do
demônio.
Deus quer misericórdia
Deus sabe muito bem que não somos melhores não
porque não queremos, mas porque não conseguimos.
Por isso ele mandou o seu Servo, para salvar o que era
possível, sem perder nada. Jesus é esse Servo
anunciado por Isaias 42,1-4(12,7-8.15-21). Sua missão
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é erguer o que está caindo e dar força ao povo que está
desfalecendo, e não sentar em cima da cruz que o povo
já está carregando. Quem é que fabricou essa cruz?
Quando os pobres puderem contar a sua versão da
história, muitos ficarão envergonhados, e terão que
bater no peito...
Jesus age por Deus ou pelo demônio?
Depois que Jesus curou o homem com a mão atrofiada,
os fariseus, que se consideravam santos e perfeitos,
"saíram e fizeram um plano para matar Jesus". Por
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quê? Porque eles iriam perder prestígio: defendiam a
Lei e a impunham a todo custo, para oprimir o povo,
mantendo-o sempre culpado, sempre aquém das
exigências que eles mesmos fabricavam. Jesus é
perigoso para aqueles que conseguem uma boa
situação as custas da miséria do povo.
E aqui vem o pecado capital (12,22-37). Jesus é o
Emanuel, o "Deus conosco", aquele que põe em ação o
projeto de Deus, libertando e dando vida ao povo.
Dizer que ele faz isso por obra do demônio é entortar
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tudo, chamando o bem de mal e o mal de bem. Chamar
a liberdade de escravidão e a vida de morte é pecado
que não tem perdão. Nós até podemos imaginar, mas
só Deus sabe o que se esconde por trás desse pecado.
Chupar uma bela laranja, e depois dizer que ela não
presta, no mínimo quer dizer que somos burros. Mas o
que é que está escondido por trás dessa "burrice"?
Deus nos perdoa tudo o que fazemos de errado,
pensando que era bom. Mas nunca perdoará que
chamemos de ruim o que é bom. Cuspir no prato em
que se comeu é imperdoável...
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A fé não pede sinais
Agora vêm os doutores da Lei, ou escribas, os
intelectuais daquele tempo, em socorro dos fariseus, os
"perfeitos" (12,38-45). Pedem a Jesus um sinal de que
ele é o enviado de Deus. Até agora não enxergaram
nada. Conhecem muito bem a Bíblia, mas são cegos e
não percebem que em Jesus está presente o Deus da
Bíblia, libertando e dando vida para o seu povo... O que
eles querem, no fundo, é desafiar. Eles não percebem
que eles mesmos, com sua ação e omissão, vão dar o
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sinal de que Jesus veio de Deus e realiza o projeto de
Deus. Por sua influência direta ou indireta Jesus será
morto. A morte vai se transformar em vida,
testemunho de tudo o que Jesus fez. Em Jesus e com
Jesus o povo vai ressuscitar, para o mal de alguns e
para o bem de muita gente...
Uma nova família
Jesus está entre a multidão, e aí chega a sua família
(12,46-50). E aqui vem uma coisa que nos pode chocar:
não fomos criados simplesmente para fazer parte da
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nossa pequena família, e "o resto que se dane". Não.
Jesus veio para transformar o mundo em nosso lar, e a
humanidade em nossa família. Para que isso aconteça,
é preciso que todos e cada um de nós descubra a
vontade do Pai e a ponha em prática. Então
descobriremos a beleza que é repartir a vida e a
fraternidade. Então, vencidas as tentações que nos
separam, veremos que todos nós somos pais e mães,
irmãos e irmãs, filhos e filhas - a família nossa, que é a
família de Deus.
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Para refletir em grupos
1. Jesus é divino ou demoníaco? Por quê? Para quem?
2. Por que o amor está acima da lei? Você pode dar
algum exemplo?
3. Por que não somos melhores do que somos? Quem
pode nos ajudar?
4. Qual é o pecado capital? Por que ele não tem perdão?
5. Pedir sinal para acreditar é desconfiar. O que está por
trás disso?
6. Qual é a verdadeira família de Jesus? De que modo a
nossa comunidade pode encarar essa família?
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OS MISTÉRIOS DO REINO
(Mateus 13,1-52)
Jesus instaurou o Reino de Deus, reino de justiça que
traz liberdade e vida para todos, a começar por aqueles
que foram esmagados pela injustiça. Os pobres, que
dependem da justiça até para sobreviver, ouviram a
sua palavra e viram a sua ação libertadora. Ficaram
admirados e puseram-se a segui-lo, primeiro os
discípulos e depois a multidão.
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Mas a coisa não é fácil. Tanto Jesus como os seus
Seguidores começaram logo a enfrentar dificuldades,
problemas, conflitos e até ameaças de morte (12,14).
Nem todos querem a justiça, pois muitos conseguem
abundância, prestígio, poder e riqueza as custas da
injustiça. Para esses, a justiça só atrapalha. E começa a
grande luta. De quem será a vitória? Da justiça ou da
injustiça? As perguntas se multiplicam: Será que lutar
pela justiça vai dar certo? O que pode atrapalhar? Qual
é o inimigo que sabota o projeto da justiça? Será que
tudo falhou? Que mistério é esse? O que é necessário
para a luta? Como é que tudo vai terminar?
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Vai dar certo?
Lutar pela justiça é enfrentar muitas dificuldades.
Tantas, que a comunidade se pergunta: Será que a
minha luta não está condenada ao fracasso? A isso
responde a parábola do semeador (13,1-9): apesar de
todos os obstáculos, o semeador tem uma colheita
abundante, que coroa todos os seus esforços. O mesmo
vai acontecer com Jesus e seus seguidores: a luta pela
justiça enfrenta muitíssimos problemas, mas o
resultado será feliz, e até inesperado.
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Por que muitos não entendem?
Por que Jesus fala em parábolas? (13,1O-17). Parábola
é uma comparação para ajudar a entender uma coisa
desconhecida (Reino) através de coisas conhecidas
(fatos da vida). Os discípulos podem entender o que
Jesus diz e faz, porque estão comprometidos com ele.
Os outros não conseguem, porque se encontram tão
fascinados pelas tentações da injustiça (4,1-10) que não
percebem a beleza que seria o mundo onde reinasse a
justiça. Mais uma vez os pobres são proclamados
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felizes: eles, e somente eles, são capazes de
compreender o projeto de Deus que se realiza através
da palavra e da ação de Jesus.
O que é que atrapalha a luta pela justiça?
A interpretação da parábola do semeador (13,18-23)
responde a outra pergunta: Por que as pessoas tem
dificuldade em aceitar o anúncio de Jesus, se ele traz a
libertação para todos? É que cada um (cada tipo de
terreno) está comprometido ou acostumado com um
estilo de vida que pode torná-lo incapaz de
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compreender o que significa a libertação para,
finalmente, descobrir o que é a vida humana que Deus
quer. Somente aqueles que estão abertos para Deus,
para si mesmos e para todos os outros são capazes de
perceber que a prática da justiça é a fonte de um novo
mundo e uma nova história.
Por que tantos conflitos?
Fascinados pelo anúncio e pela prática da justiça, os
seguidores de Jesus colocam pés e mãos na luta. Cedo
ou tarde, porém, acabam descobrindo que a prática de
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alguém (ou de muitos) sabota o seu esforço (13,24-30).
O que fazer? Acabar de uma vez com os que
atrapalham? Não. Não cabe a nós decidir pela vida ou
pela morte de quem quer que seja. Em nome da justiça
não se pode cometer uma injustiça, como se qualquer
meio valesse. Só Deus pode decidir sobre a vida ou a
morte. A nós cabe lutar pela vida, custe o que custar.
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Será que tudo falhou?
Lutar pela justiça é como pingar uma gota d'água no
deserto da injustiça. O que vai adiantar? Vem a
tentação do desânimo. Mas as parábolas da sementeárvore e do fermento-massa (13,31-33) respondem:
Não desistam! Uma pequena semente dá uma grande
árvore, e uma pitada de fermento leveda toda a massa.
Importa semear e levedar. O Reino da justiça não vem
por imposição, mas pela ação inteligente que "deixa
minhocas na cabeça do pessoal". O importante é não
ficar com a semente na mão e nem deixar o fermento
apodrecer...
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Não! É a grande luta!
Jesus explica aos discípulos a parábola do trigo e do
joio (13,36-43). Deixa bem claro que a luta
fundamental é entre a justiça e a injustiça. Jesus traz a
justiça; o Diabo das tentações (4,1-10) traz a injustiça.
Uma luta gigantesca, mas Deus dará a vitória àqueles
que lutarem pela justiça.
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O importante é decidir
As parábolas do tesouro e da pérola (13,44-46) voltam
a questão fundamental: quando percebemos que o
principal é a justiça, então deixamos tudo (a nossa
forma injusta de viver), em troca da justiça que
produzirá uma nova história para todos. Pobre de
quem não descobrir isso a tempo! Perderá
completamente a sua vida... (13,47-50).
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Jesus renova tudo
A Bíblia é como baú, onde o povo de Deus guardou
tudo (13,51-52). Agora esse baú está em nossas mãos.
Se formos inteligentes, abriremos o baú na hora certa e
dele tiraremos a Palavra de Deus para o momento em
que estamos vivendo. Mostrando que a vontade de
Deus é a justiça, Jesus nos deu a chave do baú. Cabe a
nós examiná-lo inteiro, descobrindo que o velho
contém o novo, apontando o caminho para a vida.
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Para refletir em grupos
A luta pela justiça que Deus e nós queremos choca-se
contra muitos obstáculos. Diante disso:
1. Quais são as dificuldades que a comunidade enfrenta
na luta pela justiça?
2. De onde vêm as dificuldades?
3. O que é importante para continuarmos a luta?
4. Por que a Bíblia é como um velho baú?
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