Organizações: Questões
Conceituais e Perspectivas de
Estudo
Capítulo 2
Antonio Virgilio Bastos,
Elizabeth Loiola,
Napoleão Queiroz
Tatiana Dias Silva
Antonio Virgilio B. Bastos
UFBa
Objetivos
&
O aluno deverá ser capaz de:
• Identificar diferentes imagens ou
concepções de organização e suas
contribuições para o desenvolvimento dos
estudos organizacionais
• Analisar as posições epistemológicas
divergentes que apóiam estas concepções
• Comparar as perspectivas cognitivista,
culturalista e institucionalista de
conceituação e análise das organizações
• Caracterizar as organizações como
unidade multidimensional, socialmente
construída, que articula processos
individuais e coletivos
Antonio Virgilio B. Bastos
UFBa
Conteúdo
I. Organizações:
explorando
definições no senso
comum e no campo
científico
II. Perspectivas
teóricas de análise
conceitual das
organizações
A. A visão cognitivista
B. A visão culturalista
C. A visão
institucionalista
III. É possível uma
síntese?
Importância das Organizações
para a Sociedade
Centralidade das organizações sociais em nossa
vida:
Estamos em contato permanente com elas
Necessitamos delas
Queremos que funcionem bem
Ex.: hospitais, fábricas, escolas, órgãos
públicos, cinemas, lojas, restaurantes, etc.
Há muitas concepções
Precisamos compreendê-las
Precisamos estudá-las
Antonio Virgilio B. Bastos
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PARTE 1
Organizações: explorando
definições
Antonio Virgilio B. Bastos
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Na linguagem cotidiana
ORGANIZAÇÃO
ato ou efeito de organizar(-se);
modo pelo qual o ser vivo é organizado; conformação, estrutura;
modo pelo qual se organiza um sistema;
associação ou instituição com objetivos definidos;
organismo (por exemplo, a UNESCO é uma organização de...)
designação de certos organismos (por exemplo, A Organização das
Nações Unidas) e,
ORGANIZAR
planejamento, preparo (por exemplo, organização de uma festa)
constituir o organismo de; estabelecer as bases de; ordenar,
arranjar, dispor;
dar às partes de (um corpo) a disposição necessária para as funções
a que ele se destina;
tornar uma organização definitiva; constituir-se, formar-se.
Antonio Virgilio B. Bastos
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Chester Barnard (1938)
Organizações são sistemas cooperativos, formados por
pessoas que se comunicam entre si e desenvolvem
ações tendo em vista alcançar um propósito comum.
• “São sempre as ações de pessoas, por palavras, olhares,
gestos, movimentos, nunca objetos físicos, embora coisas
possam ser usadas convenientemente como evidência da
ação, como no caso da escrita [...] coisas físicas são
sempre uma parte do ambiente, uma parte do sistema
cooperativo, mas nunca uma parte da organização”
• “O sistema, pois, a que damos o nome de organização, é
um sistema composto das atividades dos seres humanos. O
que faz dessas atividades um sistema é o fato de os
esforços de diferentes pessoas serem coordenados...”
Limitação: desconsidera as fontes de conflito
organizacional.
Antonio Virgilio B. Bastos
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Etzioni (1964)
“são unidades sociais (ou agrupamentos
humanos) intencionalmente construídas e
reconstruídas, a fim de atingir objetivos
específicos...”
Organizações caracterizam-se por:
Divisões de trabalho, poder e responsabilidades de
comunicação planejadas intencionalmente;
Com a presença de um ou mais centros de poder;
Com possibilidade de substituição de pessoal.
Antonio Virgilio B. Bastos
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Katz e Kahn (1964)
As organizações sociais envolvem atividades padronizadas de uma
quantidade de pessoas - atividades complementares ou
interdependentes em relação a algum resultado ou produto
comum; elas se ligam em espaço e tempo e são repetidas
As organizações são classe especial de sistemas abertos.
Como um sistema social, o que existe é uma estruturação de
eventos ou acontecimentos e não de partes físicas.
As estruturas sociais são sistemas essencialmente inventados – são
construídos pelos homens e imperfeitos e o cimento que mantém o
conjunto unido é de natureza psicológica. Estes sistemas são firmados
a partir de atitudes, percepções, crenças, motivações, hábitos e
expectativas das pessoas.
Os principais componentes de um sistema social são os papéis, as
normas e os valores.
Na realidade, podemos pensar as organizações sociais como
constituídas de vários subsistemas e embutidas em supersistemas.
Antonio Virgilio B. Bastos
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Representação de um modelo
Sistêmico de organização
PRODUTO
INSUMOS
ESTRUTURA
PROCESSOS
INFORMAIS
NÍVEL DO
SISTEMA
AMBIENTE
DISPOSIÇÕES
FORMAIS
TRABALHO
RECURSOS
NÍVEL
UNIDADE /
GRUPO
NÍVEL
INDIVIDUAL
HISTÓRIA
PESSOAL
Fonte: Nadler, D.A.; Gerstein, M.S., Shaw, R.B. (1994).
Antonio Virgilio B. Bastos
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Definições Contemporâneas de
Organizações
Stoner e Freeman (1995)
“uma organização existe quando duas ou mais pessoas
trabalham juntas e de modo estruturado para
alcançar um objetivo específico ou um conjunto de
objetivos”
Influenciados pelas contribuições de Barnard sobre
cooperação entre pessoas e de Etzioni sobre o
caráter estruturado e planejado das organizações,
definem:
“Organizações existem quando duas ou mais pessoas
trabalham juntas e de modo estruturado para
alcançar um objetivo específico ou um conjunto de
objetivos”
Antonio Virgilio B. Bastos
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Definições Contemporâneas de
Organizações
Daft (2002)
São: (i) entidades sociais; (ii) dirigidas por metas; (iii)
desenhadas como sistemas de atividades
deliberadamente estruturadas e coordenadas e (iv)
ligadas ao ambiente externo.
Acrescenta duas novas dimensões na delimitação das
Organizações:
• Coordenação de atividades estruturadas;
• Relação com o ambiente externo.
Contrapõe-se à visão de Organização como sistema
fechado
Influenciado pelos estudos de Katz e Khan
Antonio Virgilio B. Bastos
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MORGAN (1996)
METÁFORAS
Morgan (1996) utiliza a noção de metáfora/Imagens
para a compreensão das Organizações.
Metáfora: “Transferência de uma palavra para um âmbito
semântico que não é o do objeto que ele designa, e que se
fundamenta em uma relação de semelhança subtendida entre o
sentido próprio e o sentido figurado”
Oito tipos de metáforas: Máquina, Organismo, Cérebro, Cultura,
Sistema Político, Prisão Psíquica, Fluxo e Transformação, e
Instrumento de Dominação.
Contribuição: reconhece a complexidade das Organizações e
suas múltiplas formas de interpretação.
Antonio Virgilio B. Bastos
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MORGAN (1996)
METÁFORAS
Metáfora Máquina:
“As Organizações são máquinas feitas de partes que se
interligam, cada uma desempenhando um papel claramente
definido no funcionamento do todo.”
• Conseqüência: existe uma tendência em esperar que as
Organizações funcionem de maneira rotinizada, eficiente, confiável
e previsível.
Metáfora Instrumento de Dominação:
“As Organizações são instrumentos de dominação de alguns
grupos sobre os outros.”
• Conseqüência: idéia de que as pessoas são exploradas para
atingir os fins organizacionais.
Antonio Virgilio B. Bastos
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MORGAN (1996)
METÁFORAS
Metáfora Organismo:
“As Organizações são sistemas vivos que existem em um
ambiente mais amplo, do qual dependem em termos de
satisfação de suas necessidades.”
• Conseqüência: necessitam de cuidadosa administração para
satisfazer e equilibrar necessidades internas, assim como adaptarse a circunstâncias ambientais.
Metáfora Cérebro:
“As Organizações são sistemas de processamento de
informação, capazes de aprender a aprender.”
• Conseqüência: ênfase nos sistemas de informação, de
comunicação e de decisões
Antonio Virgilio B. Bastos
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MORGAN (1996)
METÁFORAS
Metáfora Cultura:
“As Organizações são lugares onde residem idéias, valores,
normas, rituais e crenças que as sustentam enquanto
realidades socialmente construídas.”
• Conseqüência: ênfase na visão das organizações como processos
que produzem significados comuns.
Metáfora Sistema Político:
“As Organizações são sistemas de governo.”
• Conseqüência: eixos principais de análise são as relações entre
interesses, conflito e poder.
Antonio Virgilio B. Bastos
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MORGAN (1996)
METÁFORAS
Metáfora Prisão Psíquica:
“As Organizações vistas como mundos sociais limitadores e
constrangedores da criação e da inovação.”
• Conseqüência: ´há um lado avesso´.
Metáfora Fluxo e Transformação:
“As Organizações vistas como fluxo de mudança e
transformação que ganha estabilidade ao longo do tempo, mas
que permanece mudando.”
• Conseqüência: a única característica permanente é a mudança.
Antonio Virgilio B. Bastos
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Mardsen e Townley (2001)
a fim de explicar tamanha dispersão de
entendimento sobre as Organizações, sinalizam
para duas grandes abordagens epistemológicas
de estudo:
Organizações como Processo.
• Origem no campo da ciência contra-normal
Organizações como Entidade.
• Origem no campo da ciência normal
Antonio Virgilio B. Bastos
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PROCESSO x ENTIDADE
PROCESSO
INDIVÍDUO
ENTIDADE
ORGANIZAÇÃO
Organizações são fluidas e resultam
de processos de interação social.
Indivíduos são únicos agentes
causais. Deles dependem os
fenômenos organizacionais
Indivíduos com poder definem
características mais permanentes das
organizações: sua estrutura, normas,
rotinas.
Indivíduos com poder exercem
influência ao modelar decisões
estratégicas.
Ações ditas organizacionais podem
ser ações individuais.
Há uma estrutura social prévia ao
ingresso da pessoa (normas, valores e
expectativas).
Organizações têm o poder de moldar
o comportamento ou ações individuais.
Subsistem no tempo, independente
das pessoas.
As organizações agem, têm políticas,
fazem declarações.
As organizações aprendem e
possuem culturas.
As organizações se relacionam com
outras organizações e com seu
ambiente.
Antonio Virgilio B. Bastos
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PARTE 2
Perspectivas Teóricas de
Análise Conceitual das
Organizações
Antonio Virgilio B. Bastos
UFBa
Visão Cognitivista – Simon
Organizações como processos de tomadas de
decisões que envolvem a cooperação
coordenada de seus participantes em busca da
realização dos objetivos organizacionais
Questiona a noção de Organização como entidade
racional;
Ação racional é definida como aquela orientada a
determinada finalidade, resultante do processo de
escolha de uma entre muitas alternativas possíveis;
Põe em evidência a importância do planejamento das
ações e dos padrões de comportamento para o
trabalho em organizações.
Antonio Virgilio B. Bastos
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Visão Cognitivista – Simon
ORGANIZAÇÃO
“refere-se ao complexo sistema de comunicações e
interrelações existente num grupamento humano. Esse
sistema proporciona a cada membro do grupo parte
substancial de informações, pressupostos, objetivos e
atitudes que entram nas suas decisões, proporcionandolhes, igualmente, um conjunto de expectativas estáveis
e abrangentes quanto ao que os outros membros do
grupo estão fazendo e de que maneira reagirão ao que
ele diz e faz. Ao sistema que acaba de ser descrito, os
sociólogos chamam de sistema de papéis, embora
muitas pessoas o chamem, na intimidade, de
organização”
Antonio Virgilio B. Bastos
UFBa
Visão Cognitivista - Simon
Contribuições para os estudos organizacionais:
Construção de uma teoria administrativa fundada na
racionalidade limitada do “homem administrativo” que se
opõem à racionalidade compreensiva do “homem econômico”;
Definição da Organização como processo de decisão;
Noção de que a Organização é influenciada pelos limites
humanos em processar as informações;
Noção de que o processo decisório se realiza por meio de
simplificações da realidade na mente do indivíduo;
Distinção entre decisões programadas e as não programadas.
Limitações:
Por entender Organização como sistema cooperativo ficam
esquecidas as tensões entre os propósitos de indivíduos/grupos
que modelam os processos organizacionais.
Antonio Virgilio B. Bastos
UFBa
Visão Culturalista
Influência da Antropologia.
A cultura assume papel central.
Clifford Greertz (1989) define como cultura:
• “Teias de significados tecidas pelos homens e suas análises”
Organizações são vistas como minissociedades
que têm os seus próprios padrões distintos de
cultura e subcultura. Tais padrões:
Podem competir entre si.
Não podem ser criados pelos gerentes.
Morgan (1996): “A cultura não é algo imposto sobre
uma situação social. Ao contrário, ela se desenvolve
durante o curso da interação social”
Antonio Virgilio B. Bastos
UFBa
Visão Culturalista
A cultura como representação social
A cultura funciona como sistemas interpretativos da
realidade que orientam as interações entre o
indivíduo com seu ambiente físico e social.
Organizações enquanto representações sociais
São processos que produzem sistemas de
significados comuns. São realidades socialmente
construídas, que estão mais nas mentes de seus
membros que em conjuntos concretos de regras e
elementos.
Antonio Virgilio B. Bastos
UFBa
Visão Culturalista
Implicações para a compreensão das Organizações:
Dirige atenção para significado simbólico da maioria dos
aspectos racionais da vida organizacional;
Mostra que a Organização está assentada sobre sistemas de
significado comuns;
Vê papel do líder como o de administrador de sentidos;
Fornece nova visão das relações Organização- Ambiente
(interpretações internas do ambiente externo);
Contribui para compreender o processo de mudança social
(além de tecnologias, estruturas e habilidades, há imagens e
valores).
Antonio Virgilio B. Bastos
UFBa
Visão Culturalista
Implicações para a análise conceitual das
Organizações (críticas):
Pode ser objeto de leituras simplificadoras
dos processos culturais e práticas de controle
ideológico;
Tendência a desconsiderar as questões de
poder que estão implicadas na vida e no
trabalho em organizações.
Antonio Virgilio B. Bastos
UFBa
Visão Institucionalista: bases
A sociedade, para o institucionalismo, é uma rede, um tecido de
instituições, organizações, estabelecimentos, agentes e práticas.
As sociedades humanas estão constituídas, no mínimo, por quatro
instituições: a língua, as relações de parentesco, a religião, e a
divisão técnica e social do trabalho.
As instituições interpenetram-se e se articulam para regular a
produção e a reprodução da vida humana
Instituições = árvores de decisões lógicas que regulam as
atividades humanas, indicando o que é proibido, o que é
permitido e o que é indiferente fazer.
Ex. de instituições: justiça, dinheiro, forças armadas, religião, salário,
sexualidade
Um conglomerado importante de instituições é, por exemplo, o Estado
Antonio Virgilio B. Bastos
UFBa
Visão Institucionalista
Instituições podem estar traduzidas em leis, normas ou
pautas;
Toda instituição compreende um movimento que a gera
(instituinte), um resultado (instituído) e um processo
(institucionalização);
Instituições têm função reguladora e se materializam
em organizações e estabelecimentos, variando na
complexidade.
Várias instituições podem “atravessar” organizações e
estabelecimentos, limitando e produzindo tensão
Antonio Virgilio B. Bastos
UFBa
INSTITUIÇÃO x ORGANIZAÇÃO
Instituições são corpos
normativos de natureza
jurídica e cultural integrados
por idéias, valores, crenças e
leis que determinam as formas
de intercâmbio social.
sexualidade, trabalho, salário,
tempo livre, justiça e religião
nível da realidade social que
define o que está
estabelecido, o conjunto de
normas e valores que são
dominantes e que
estabelecem os papéis que
sustentam a ordem social.
Organizações são o suporte
material, o lugar em que as
instituições se materializam e
exercem seus efeitos sobre os
indivíduos.
as organizações (escolas,
fábricas, hospitais, órgãos
públicos etc.) são mediadoras
na relação entre as
instituições e os sujeitos.
as organizações são
atravessadas por muitas
instituições. Estas diversas
instituições determinam as
interações sociais ali
estabelecidas
Antonio Virgilio B. Bastos
UFBa
Neo-institucionalismo francês
Organização = conjunto de atividades em andamento,
razoavelmente articuladas e emergentes nos diversos
momentos e situações de interação.
Crozier e Friedberg (1977) e Amblar e outros (1996):
Organização = resultante das interações articuladas entre
atores sociais envolvidos em relações de poder: uma coalizão.
Ator estratégico = agente político que toma decisões de acordo
com definições de alternativas, conseqüências, preferências,
interesses e opções estratégicas.
Conflitos e jogos de poder = dimensões de dependência mútua
entre atores estratégicos e elementos de socialização entre eles
e não aspectos que impeçam a dinâmica organizacional.
Antonio Virgilio B. Bastos
UFBa
Neo-institucionalismo francês
Algumas Contribuições e Limitações:
Re-significa o papel dos conflitos dentro das Organizações;
Amplia o próprio conceito de organização (híbridas, franchising,
ONGs);
Visão das Organizações como sistemas de competição e de
cooperação;
Re-significação do conceito de racionalidade (natureza política e
não técnica) e de múltiplas racionalidades numa organização;
Mudanças possíveis por meio dos mecanismos de poder e pela
capacidade de aprender e fazer normas, novos modelos
relacionados, novos códigos de conduta, etc.;
Hipervalorização da negociação nas organizações.
Antonio Virgilio B. Bastos
UFBa
Neo-institucionalismo anglosaxônico
Desenvolvido a partir dos trabalhos de Selznick:
A institucionalização da Organização se dá com base
nos valores que a cercam;
Percebe a realidade por três enfoques diferentes:
• Regulador: as ações são moldadas por regras formais da
sociedade;
• Normativo: atribui valores e normas a estrutura assumida
pela organização;
• Cognitivo: ressalta o papel da interpretação e dos quadros
de referência que permeiam a organização.
Os processos decisórios realizados nas organizações
estão submetidos a pressões externas e a
mecanismos de confrontação social (isomorfismo
organizacional).
Antonio Virgilio B. Bastos
UFBa
Neo-institucionalismo anglosaxônico
Isomorfismo Organizacional:
Atos externos podem moldar e influenciar as
decisões organizacionais, por meios formais
ou informais;
A partir de mecanismos isomórficos, as
práticas, estruturas, tecnologias, estratégias
etc. se institucionalizam entre as
organizações.
Antonio Virgilio B. Bastos
UFBa
Mecanismos isomórficos
COERCITIVOS
OBEDECER
São derivados de influência política ou da busca
por legitimidade
Envolvem pressões formais ou informais
impostas a uma organização por outra (ou
outras) que detenha algum tipo de poder sobre
ela, ou de quem esta dependa.
Essa pressão pode se dar por meio da força ou
da persuasão.
Antonio Virgilio B. Bastos
UFBa
Mecanismos isomórficos
MIMÉTICOS
IMITAR
Com a incerteza organizações podem imitar
organizações bem sucedidas em suas áreas.
Simplificam o processo decisório – pressupõe a
racionalidade e eficiência de decisões alheias.
Pode ser não intencional - rotatividade de pessoal
Pode ser explicita - associações de classe e empresas de
consultoria especializadas são agentes de difusão.
A força de trabalho e os consumidores também
pressionam para adoção de processos e estruturas
semelhantes.
Antonio Virgilio B. Bastos
UFBa
Mecanismos isomórficos
NORMATIVOS
ACREDITAR
Advêm principalmente da profissionalização - rede
formada por especialistas é um forte instrumento de
difusão de novas práticas e estruturas.
A rotatividade de cientistas, engenheiros e
administradores entre organizações e sistemas
produtivos possibilita a difusão da inovação
(Castells,1999)
Muitas vezes o próprio governo, ao regulamentar as
profissões e exigir a participação de categorias no
ambiente de trabalho, favorece a atuação desse
mecanismo.
Antonio Virgilio B. Bastos
UFBa
Neo-institucionalismo anglosaxônico
Algumas Contribuições:
Contesta a visão do ator organizacional como determinante;
Ressalta a importância do ambiente sócio-cultural;
Mudança organizacional não está necessariamente vinculada à
busca de eficiência, mas à busca de isomorfismos;
Legitimidade dependente da conformação social aos padrões
aceitos e expectativas.
Algumas Críticas:
Caráter determinista;
Não dá espaço para as vantagens da não conformidade.
Antonio Virgilio B. Bastos
UFBa
Nova Economia Institucionalista
NEI
Instituições reduzem incertezas estabelecendo limites
formais e informais para indivíduos estruturarem sua
própria interação:
Conceitos centrais da NEI:
• Instituições = regras do jogo, agências legitimadoras de papéis,
normas e valores;
• Organizações = estruturação dos times, grupos de indivíduos
interligados por algum propósito e que existem para reduzir custos
de transação;
• Transação = comprar, vender, firmar contratos (e seus custos),
mediados por uma estrutura de governança;
• Estrutura de Governança = arcabouço institucional no qual a
transação se realiza, conjunto de instituições e tipos de agentes
envolvidos na transação, como também na garantia de sua
execução.
Antonio Virgilio B. Bastos
UFBa
Nova Economia Institucionalista
NEI
Custos de Transação:
Ex-ante: derivam da necessidade de
Tipos de Estrutura de
Governança:
selecionar, negociar e salvaguardar
Via Mercado (ambiente) e
o acordo entre as partes envolvidas
Hierarquia (organização);
na transação;
A escolha entre a estrutura de
Ex-post: vinculam-se à natureza
governança de mercado ou de
incompleta dos contratos. Ex:
hierarquia ocorre em função das
monitoramento do cumprimento das
cláusulas contratuais;
São determinados pela existência de
características comportamentais
características das transações
envolvidas e dos custos de
transação.
básicas dos atores envolvidos nas
transações. Ex: racionalidade
limitada e oportunismo.
Antonio Virgilio B. Bastos
UFBa
Nova Economia Institucionalista
(NEI)
Natureza interdisciplinar (economia, direito,
administração, inclinação epistemológica (investigar
origem das organizações) e consolidação da nova
disciplina “Ciência da Organização”.
Críticas:
Oportunismo não explica todas as motivações dos agentes
envolvidos nas transações;
Custos estimados de transações são de natureza estática;
Conceito de governança não incorporado nas políticas de
gestão das organizações;
Noção unilateral de poder (e não relacional);
Não foca a resolução de problemas (anti-administrativa).
Antonio Virgilio B. Bastos
UFBa
UMA SÍNTESE
Não assumem a Organização como uma entidade que exista
independente das pessoas que a constituem
Organização vista como um processo e não como entidade
Organização pode ser tratada como processo ou produto
Organizações têm dimensões econômica, política e simbólica
Atores colocados no centro da análise organizacional, mas são
ativos somente em algumas visões
Organização = um empreendimento coletivo imerso em uma
complexa rede de significados e interesses que podem ser mais ou
menos convergentes
Organização é um fenômeno que emerge no nível individual, grupal
e organizacional
Antonio Virgilio B. Bastos
UFBa
Uma síntese: SROUR (1998)
Dimensão Econômica
Produzem bens ou serviços econômicos cujo
meio de controle é material
Dimensão Política
Produzem bens ou serviços políticos cujo
meio de controle é a coação física.
Dimensão Simbólica
Produzem bens ou serviços simbólicos cujo
meio de controle são padrões culturais.
Antonio Virgilio B. Bastos
UFBa
Dimensão Econômica
Infra-estrutura material
Instalações e equipamentos atuando dentro de uma
divisão do trabalho
Importa objetos materiais e sociais para realizar suas
atividades
Unidade produtiva
Envolve relações de produção – uma praça em que se
produz e trocam bens e serviços
Antonio Virgilio B. Bastos
UFBa
Dimensão Política
Sistema de poder
Centros específicos a partir dos quais o mando é exercido
Regula interesses sociais internos e externos ao produzir
decisões que buscam disciplinar pessoas
Entidade política
• Envolvem relações de poder – uma arena em que
se defrontam diferentes forças socias
Antonio Virgilio B. Bastos
UFBa
Dimensão Simbólica
Universo simbólico
Padrões culturais que são inculcados e praticados pelos
agentes sociais.
Expressa representações mentais e gera mensagens
cognitivas para manter a coesão necessária
Agência ideológica
• Envolvem relações de saber – um palco em que
se elaboram e difundem discursos ou mensagens
Antonio Virgilio B. Bastos
UFBa
MAIS UMA VEZ: OS OBJETIVOS
O aluno deverá ser capaz de:
Identificar diferentes imagens ou concepções de
organização e suas contribuições para o desenvolvimento dos estudos organizacionais
Analisar as posições epistemológicas divergentes
que apóiam estas concepções
Comparar as perspectivas cognitivista, culturalista e
institucionalista de conceituação e análise das
organizações
Caracterizar as organizações como unidade
multidimensional, socialmente construída, que
articula processos individuais e coletivos
Antonio Virgilio B. Bastos
UFBa
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