ENVOLVA-ME, PARA QUE EU ENTENDA
Evangelismo só existe onde existe
comunicação. A comunicação existe
somente quando existe envolvimento
I. Comunicação e envolvimento
A impressão que temos das pessoas
que não conhecemos é a de que elas
são diferentes, às vezes ameaçadoras.
Mas à medida que nos tornamos
conhecidos e familiarizados com elas,
ficamos espantados ao descobrir quão
semelhantes nossas necessidades e
medos são. Desconhecidos tornam-se
amigos através de um crescente e
permanente envolvimento.
Aqueles a quem fomos ensinados a
não gostar ou mesmo odiar, são
mudados à nossa vista para “pessoas
boas” quando compartilhamos as
mesmas atividades.
Foi perguntado a um jovem cristão no Sudão o
que faria se encontrasse alguma pessoa de uma
tribo inimiga pelo caminho, ferida e
necessitada.
— Eu a mataria — ele respondeu
imediatamente.
— O que você faria se encontrasse este
homem? — esse senhor perguntou apontando
para um de seus colegas de trabalho que
pertencia a essa mesma tribo inimiga.
— Eu o ajudaria, naturalmente.
A única diferença era que esse jovem
estava envolvido com este e não com
aquele.
O envolvimento é inseparável da
comunicação, a própria raiz da palavra
mostra.
A palavra raiz é communis
Dessa raiz vêm muitas outras palavras
 comum
 comuna
 comunidade
 comunismo
 comunhão
 comunicação
Comunidade significa compartilhar o
mesmo espaço geográfico ou os
mesmos interesses.
No serviço de comunhão, há um
compartilhamento entre Deus e a
humanidade.
Em Malagasy (Madagascar),
fifandraisanat, é a palavra é usada
tanto para comunicação como para
envolvimento.
O que é melhor para se alcançar mais
pessoas mais rapidamente? Usar
comunicação de massa ou a
abordagem que envolve consumo de
tempo que é o envolvimento?
Podemos nós, em outras palavras,
comunicar o Evangelho saturando o
mundo com satélites, imprensa, ou
outra tecnologia?
A tecnologia pode simplesmente
executar a transmissão, o que não
deveria se confundida com
comunicação. Transmissão via ondas
(rádio, TV, etc) ocorre sem
envolvimento
Uma vez que a mensagem é
transmitida, a responsabilidade parece
haver sido descartada: “Bem, eu falei e
eles não quiseram ouvir”.
As ferramentas transmitem; as pessoas
se envolvem.
Transmitir o conteúdo correto não cria,
por si mesmo, a comunicação.
Somente à medida em que os
comunicadores se tornarem envolvidos
profundamente com a audiência.
Somente através do envolvimento os
Cristão efetivamente tornarão Cristo
conhecido.
Quando o Evangelho é transmitido,
imagina-se estar obtendo o resultado
desejado. Mas a comunicação pode
nem sequer haver começado.
O envolvimento com as pessoas é
quase sempre mais caro do que o
envolvimento com um programa.
O ponto comum a quase todos os
pregadores ineficientes é o fracasso de
se envolver com a audiência.
II. CONHEÇA SUA AUDIÊNCIA
Mas fazer simplesmente isso também
indica uma superficial visão da
comunicação.
Estude a audiência, aprenda suas
necessidades, interesses, e maneiras
de expressar seus interesses; então
realinhe sua mensagem de tal forma
que atinja suas susceptibilidades –
afinal, a mensagem é tão importante
que eles devem ser conduzidos a ouvir.
Pesquisa e experiência mostram que os
propagandistas no mercado procuram
identificar áreas de interesse comum.
Por exemplo, o produto H é pasta
dental; como poderia haver um
terreno comum entre um jovem e a
pasta dental?
O jovem quer uma personalidade que
conquiste aceitação por ele com jovens
garotas, portanto o desafio se torna
bem simples: Persuada o jovem que o
produto H está também relacionado
com aceitação e que isso poderá ajudálo a conquistar essa desejada
aceitação.
O fato de que uma pasta dental está
relacionada com prevenção de cáries
não é significante para o jovem.
Portanto não se preocupe em lhe
vender prevenção; ao contrário, vendalhe aceitação social.
A fórmula para uma transmissão bem
sucedida é direta: Encontre áreas de
interesse comum e explore-as para
alcançar seu real objetivo.
Nesse caso, os interesses da audiência
estão sendo manipulados para alcançar
a meta do emissor.
Cinicamente alguém pode perguntar:
“Quantas estrelas você consegue em
sua coroa por me converter?” Essa
pessoa se sente usada a despeito das
suaves palavras afirmando que Deus a
ama e quer o melhor para ela.
Com freqüência os cristãos estão ocupados
em programas de igreja, os pastores
estudam diligentemente para pregar bons
sermões, e campanhas e visitas de porta
em porta são planejadas. Mas ninguém
tem tempo para ir pescar com os vizinhos
não-cristãos, para estar ativo na Associação
de Pais e Mestres, ou simplesmente para
agir amigavelmente.
Perigo, ausencia de reciprocidade,
diálogo, ou resposta mútua o
envolvimento do emissor e receptor.
Um sentimento de posse – “meu
trabalho”, “meu povo” – pode levar a
um envolvimento profundo para
assegurar sucesso. Mas
inevitavelmente outros se tornarão
dependentes desse obreiro tão
esforçado, uma dependência por
aprovação, guia, e mesmo
dependência de coisas materiais.
O trabalho se torna aleijado –
centralizado nas pessoas mas com
pouco espaço para o Espírito de Deus.
A verdadeira comunicação é
envolvimento, uma ajuda de mão
dupla.
III. ENVOLVA-SE
Por onde você começa para se
envolver?
Vínculo é um termo utilizado para
profundos relacionamentos estabelecidos
entre crianças recém-nascidas e a mães ou
pais nas primeiras horas após o
nascimento. Se o parto é normal, o bebê é
especialmente sensível e alerta nessas
primeiras horas. Esta é a hora quando o
vínculo é divinamente providenciado para
ocorrer.
“Existem alguns importantes paralelos
entre a entrada de um bebê a uma
nova cultura e a entrada de um adulto
a uma nova e estrangeira cultura,”
Existem pelo menos quatro
fases superpostas:
1. Desenvolvendo o uso da linguagem
comum.
2. Compartilhando experiências.
3. Participando de uma cultura comum.
4. Compreendendo as asserções
básicas das pessoas sobre a vida.
1. APRENDER A LINGUAGEM
Diferenças claras na linguagem podem
existir entre o centro e o subúrbio de
uma cidade ou entre regiões de um
país.
O envolvimento com qualquer nova
comunidade significa o aprendizado da
linguagem daquela comunidade.
É por esta maneira que uma criança
aprende a falar: ouvindo, imitando, e
participando na vida de sua família e
comunidade.
2. COMPARTILHAR EXPERIÊNCIAS
Aprender socialmente a linguagem irá
naturalmente atrair a pessoa para o
segundo nível do envolvimento –
compartilhar experiências.
Em outras palavras, participe das ações
e coisas com as pessoas, não “fale”
simplesmente com elas.
Uma familia enlutada!
3. PARTICIPAR NA CULTURA
Aprender os padrões de cultura de um
novo grupo é como aprender as ruas
quando você se muda para uma nova
cidade.
Andar pelas ruas é a maneira pela qual
você se movimenta dentro da cidade
para tomar parte nas atividades dessa
cidade. Similarmente, o padrão cultural
fornece as rotas pelas quais você
tomará parte na vida das pessoas.
Por exemplo, encontros de almoço são estilos de vida
dos homens de negócios e profissionais americanos,
mas uma raridade entre seus colegas no sul da Itália.
Lá escritórios e lojas fecham ao meio dia, e as pessoas
vão para casa para a principal refeição do dia e um
bom cochilo. Um encontro em um almoço não seria
uma bem-vinda ruptura no ritmo da vida. Jantares
podem ser às 17:30 no Noroeste do Pacífico dos
Estados Unidos, enquanto na Inglaterra os jantares
para convidados especiais podem não ser realizados
antes das 21:00h.
O trabalhador cristão que fracassa em
se envolver nos padrões de vida do
povo não terá muita chance de se
envolver em seus padrões e conceitos
sobre a morte e em ajudá-los a lidar
com os valores eternos e o
conhecimento de Deus.
4. COMPREENDER CRENÇAS
O nível mais difícil de envolvimento a
se alcançar é entender as idéias
fundamentais que as pessoas têm
sobre o mundo, a vida, Deus e seu
relacionamento com esses itens. Quais
são as idéias fundamentais que estão
submersas nas conversações diárias?
As chuvas vêm mais tarde que
costumeiramente a uma área rural no
Zimbabwe, portanto um fazendeiro
branco deu instruções para irrigar a
plantação, então saiu para cuidar de
outros negócios.
Quando ele voltou, uma semana mais
tarde, nenhuma irrigação havia sido
feita, e a plantação estava quase
morta. Os trabalhadores haviam se
recusado ligar as bombas que
deveriam tirar água das grandes
represas que restavam nos rios.
Os africanos daquela área, ele
eventualmente descobriu, nunca tiram
água das represas remanescentes dos rios
no final de uma estação de seca. Somente
quando um fruto em particular amadurece
e cai da árvore é que se considera seguro
retirar água. Qualquer pessoa que faça isso
antes desse acontecimento trará desastre a
si e sua família, porque ele terá ofendido
certos espíritos.
Seus trabalhadores tinham a intenção
de protegê-lo – mesmo quando sua
plantação morreu como resultado.
Os trabalhadores “sabiam” que o
desastre viria se a real natureza do
mundo fosse violada pela irrigação
naquela ocasião.
Europeus e Americanos – assumem que a terra é uma
máquina para ser compreendida e controlada ou uma
comodidade para ser usada e consumida. Falar com forças do
espírito ou aparentes relações absurdas é uma evidência
frustrante de ignorância e superstição.
Muitos africanos assumem que o mundo é uma coisa viva.
Deve ser dada atenção prioritária à harmonia e equilíbrio
dentro do mundo, e com o mundo. Um transtorno desse
equilíbrio é causado por feitiçaria e por violar as forças do
espírito com o qual o mundo está impregnado.
Para o africano tradicional, manter o
equilíbrio e harmonia em
relacionamentos dentro de sua família
e tribo é extremamente importante. A
posse de bens materiais é muito
menos importante do que manter uma
adequada interação com outras
pessoas.
Para o homem ocidental, por outro lado, o
valor das pessoas tende ser medido pela
quantidade de suas posses – terra,
dinheiro, bens. Um resultado é a busca
pelo sucesso que significa longas horas de
trabalho e disposição para aniquilar outros
trabalhadores, amigos e mesmo família
para que se possa obter grandes lucros.
Todos os povos organizam suas experiências e
padrões de vida em torno de asserções não
escritas sobre a natureza das coisas. Todas as
atividades devem estar em harmonia com essas
asserções, ou haverá profundo desconforto e
descontentamento no indivíduo e na
comunidade. Uma nova mensagem que parece
ser estranha a essas pressuposições serão
ignoradas ou abertamente rejeitadas. A rejeição
de uma mudança ou de uma idéia
costumeiramente inclui rejeição do mensageiro.
Essa rejeição, de alguma forma é
semelhante ao costume do mundo
antigo de sacrificar o mensageiro que
trazia ao rei notícias de uma derrota.
O trabalhador cristão que deseja ser
efetivo no ministério deve entender a
natureza da luta espiritual bem como a
natureza exata do campo de batalha.
Há quem aprenda isto através da
participação na vida de outras pessoas,
lembrando que o envolvimento é
comunicação.
Para que possamos comunicar algo
a alguém precisamos antes
estabelecer pontos em comum
com ele. E quanto maior for o
número de pontos comuns, maior
também será a probabilidade de
uma boa comunicação.
IV. ENVOLVIMENTO COM QUANTOS?
Nenhum pastor, ou missionário ou cristão pode estar
envolvido com todos. Estudos em Administração
mostram que dez ou doze pessoas é provavelmente o
máximo com quem qualquer pessoa pode ter um
envolvimento próximo. É significante o fato de que
Cristo teve 12 discípulos, com os quais manteve um
envolvimento próximo. Outros estiveram próximos,
mas não tão intimamente envolvidos como os doze.
Os doze agiram no lugar de Cristo para estar
envolvidos com muitos outros, assim como aconteceu
na multiplicação dos pães para cinco mil e em
organizar as multidões que queria ver, e mesmo tocar
em Cristo.
Quando Deus decidiu falar aos
homens, Ele veio em pessoa. Sua vida
esteve completamente envolvida com
o povo, compartilhando sua
linguagem, experiência e cultura e
observando seus valores e falsas
suposições.
V. UMA PERSPECTIVA BÍBLICA SOBRE
O ENVOLVIMENTO.
João 1:1-5, 10-14
E visto como os filhos participam da carne e do
sangue, também ele participou das mesmas
coisas, para que pela morte aniquilasse o que
tinha o império da morte, isto é, o diabo; e
livrasse todos os que, com medo da morte,
estavam por toda a vida sujeitos à servidão....
Porque naquilo que ele mesmo, sendo tentado,
padeceu, pode socorrer aos que são tentados.
Hebreus 2:14-15, 18
“Nós não temos um sumo-sacerdote
que não possa compadecer-se das
nossas fraquezas; antes, foi ele tentado
em todas as coisas, à nossa
semelhança, mas sem pecado.”
Hebreus 4:15.
Fiz-me servo de todos para ganhar ainda mais. E fizme como judeus, para ganhar os judeus; para os que
estão debaixo da lei, como se estivera debaixo da lei,
para ganhar os que estão debaixo da lei. Para os que
estão sem lei, como se estivera sem lei (não estando
sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo),
para ganhar os que estão sem lei. Fiz-me fraco para os
fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos,
para por todos os meios chegar a salvar alguns.
I Coríntios 9:19-22
Comunicação é relacionamento. Não
nos envolvemos para nos comunicar.
Nós comunicamos por estar envolvidos.
O envolvimento é a fundação de toda a
comunicação. As diferenças culturais
somente enfatizam sua importância.
Separar um ato de comunicação de um
envolvimento contínuo entre
participantes iguais é reduzir a
comunicação a um murmúrio de
símbolos com significados incertos.
Sem um constante crescimento em
“comunhão” de interesses e
experiência, não pode haver um
crescimento na compreensão.
A comunicação efetiva que conduz à
compreensão e respostas profundas
ocorre somente através do
envolvimento na vida e interesses uns
dos outros. Sem envolvimento, o mais
habilidoso uso da mídia e de técnicas
pode simplesmente ser uma imitação
da comunicação.
O elemento crítico é estabelecer
“pontos em comum”; para isso, deve
haver uma disposição para ser e estar
“com” os outros. A compreensão
mútua se origina na interação. A
reciprocidade, respostas mútuas,
orientações mútuas, diálogo, união –
todos esses ideais apontam para o
envolvimento na comunicação.
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envolvimento com quantos?