Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS)
Relação entre a ciência, a tecnologia e o
progresso tecnológico.
Tamas Szmrecsányl
& Nathan Rosenberg
1
Progresso Técnico
Como definir o progresso técnico?
É algo que compreende certos tipos de conhecimento que
tornam possível produzir, a partir de uma dada quantidade
de recursos,
1) Um maior volume de recursos;
2) Um produto qualitativamente superior.
Revoluções Industriais - Primeira
Primeira Revolução Industrial
Período: final século XVIII até final XIX




surgimento da máquina a vapor (invenção
essencialmente empírica);
carvão como principal fonte de energia;
força de trabalho não especializada;
predomínio da indústria têxtil, ferrovias e
navios de ferro;
3
Revoluções Industriais - Segunda
Segunda Revolução Industrial
Período: final do século XIX até início década 1970





surgimento da energia elétrica;
petróleo como principal fonte de energia;
mão-de-obra especializada, fordismo,
taylorismo;
desenvolvimento indústrias petroquímicas,
automobilísticas, metalúrgicas, siderúrgicas;
existem inúmeros países que ainda não
consolidaram este estágio;
4
Revoluções Industriais - Terceira
Terceira Revolução Industrial/Revolução
Técnico-Científica
Período: 1970 • nova divisão do trabalho (pós-fordismo) e novas
formas de gestão;
• desenvolvimento da informática e dos meios de
comunicação;
• robótica, microeletrônica, química fina,
biotecnologia, nanotecnologia, etc.
5
História Econômica da C&T
Abordagem internalista: produção/ utilização dos
conhecimentos como atividades intelectuais
autônomas e auto contidas;
Abordagem externalista: analisar interação entre
progresso C&T e o desenvolvimento econômico e
social;
Outra interação: entre progresso técnico e progresso
científico (até a 1 Rev. Industrial havia relativa
independência)
6
Desenvolvimento Econômico
Schumpeter:
5 tipos de inovações ou “novas combinações”:
- Novos produtos (ex: microcomputador);
- Novos processos de produção (ex: fordismo);
- Novos mercados (ex: China)
- Novas fontes de oferta de matérias-primas (ex: África);
- Novas estruturas de mercado (ex: empório vs shopping,
blockbuster vs netflix);
7
Desenvolvimento Econômico
Schumpeter:
- O capitalismo é um sistema em constante evolução/
transformação;
- As inovações dão a grande dinâmica do sistema no
longo prazo;
- As mudanças são “espontâneas”, descontínuas,
radicais e qualitativas;
- Processo de destruição criadora, novos setores e
novas indústrias destroem setores antigos (Ex: motor a
vapor vs motor à explosão).
8
C&T/ I&I/ P&D
Toda a teoria do desenvolvimento econômico
deve ter esses 3 componentes:
-Inovação;
-Crédito;
-Agente inovador (indivíduo, empresa, economia como um
todo)
Obs: Schumpeter não tem nenhuma teoria da inovação.
Pesquisa e Desenvolvimento (Quem faz?/ quem financia?/
quem comercializa?)
9
C&T/ I&I/ P&D

Progresso científico - acumulação/ aquisição
de conhecimento- desenvolvimento
tecnológico
 Desenvolvimento econômico- utilização de
novos conhecimentos na produção-progresso
técnico
 ciência/ progresso científico => invenção
(cientistas/ método- técnica – paradigma)
 tecnologia/ progresso técnico => inovação
(engenheiros/ organização da produção)
10
C&T- impacto econômico
Impacto econômico dos avanços tecnológicos se
dá em duas etapas:
1) quando as invenções são inicialmente
introduzidas
2) ampla difusão por meio de aprimoramentos
(adaptações/ comercialização/ instalações de
produção precisam ser reorganizadas)
=> pesquisa mais ampla que a pesquisa
fundamental (P&Desenvolvimento)
11
C&T
Schumpeter parte do paradigma da escassez.
Qualquer inovação altera o equilíbrio geral da
economia.
Exemplo: Investimento em Bens de capital – incorporação da
nova tecnologia (veículos para sua introdução) exige
decisão de investimento => deslocamento contínuo de
setores maduros para setores associadas às novas
tecnologias => taxas de declínio devem ser
contrabalançadas pelas taxas de crescimento mais rápidas
dos novos setores.
12
C&T- ciclo de inovação
Características do ciclo de inovação (Kuznets):
1º momento crescimento rápido em fase inicial
2º saturação do mercado: retardamento nas taxas
de crescimento
Obs: não subestimar importância de adoção de
novas tecnologias em setores maduros
inclusive pelo fluxo intersetorial de novas
tecnologias (rejuvenescimento – ex. setor
automobilístico)
13
Críticas à Schumpeter
A ênfase de Schumpeter no processo da destruição criadora foi criticada
por Strassmann (1959):




observou que, pelo menos no período de 1850 até 1914 as
tecnologias novas e antigas coexistiram pacificamente por várias
décadas;
Exemplos: produção de energia, metalurgia do ferro, outras.
Marx também via na tecnologia elementos evolucionários, contínuos.
Usher (1929) chamou a atenção para a importância cumulativa, no
processo inventivo, de uma grande número de mudanças individuas de
pequena magnitude (dava atenção em analisar quais fatores
condicionavam ou preparavam o terreno para um salto inventivo
específico).

Incorporando os dois lados
Gilfillan (1935) deu o exemplo do Ship para mostrar com uma multidão
de pessoas, inúmeros aperfeiçoamentos, através de uma história lenta e
gradual e fragmentária do progresso técnico fez com que barcos a vapor
fossem substituídos por barcos a explosão.

Fishlow também mostrou como o progresso técnico no sistema
ferroviário norte-americano elevou rapidamente sua produtividade em
apenas 40 anos ( 1870-1910) baseado não em invenções importantes (freios
a ar, engates, sinalização automática). Ele mostrou que a redução de custos
se deu acima de tudo através de uma sucessão de melhorias no projeto das
locomotivas e dos vagões de carga – inovações impossíveis de serem
separadas do seu conjunto.

O Ritmo do Progresso Técnico
O progresso técnico é extremamente variável no tempo e no espaço:
Há enormes diferenças na capacidade de sociedades distintas em gerar
inovações tecnológicas (Brasil e EUA)

Há enorme variabilidade na adoção e utilização de inovações tecnológicas
desenvolvidas alhures por sociedades distintas (Carvão na Inglaterra vs
carvão nos EUA);

As sociedades no decorrer de suas histórias particulares sofrem amplas
mudanças em seu dinamismo técnico (China).

As razões dessas diferenças estão ligadas, em geral de forma complexa e
sutil ao funcionamento de amplos contextos sociais, de suas instituições,
seus valores e suas estruturas de incentivo.
O Ritmo do Progresso Técnico
Para Marx e Engels, por exemplo, o imenso dinamismo tecnológico da era
moderna esteve ligado à emergência histórica do capitalismo.
“[a burguesia] foi a primeira a mostrar o que a atividade do homem é capaz
de produzir. Ela realizou maravilhas que ultrapassam de longe as pirâmides
do Egito, os aquedutos romanos e as catedrais góticas” Manifesto
Comunista
A razão disso é que a burguesia é a 1ª classe dirigente na história cujos
interesses estão indissoluvelmente ligados à mudança tecnológica e não à
manutenção do status quo. Ela deve sempre revolucionar os meios de
produção, o por meio deles as relações de produção e com elas a totalidade
das relações sociais.
O Ritmo do Progresso Técnico
Marx porém não chegou a oferecer uma explicação sobre o porquê o
capitalismo surgiu na Europa e não alhures.

Max Weber e Lynn White deram ênfase ao papel cultural (religião);

David Landes dá ênfase a diversos aspectos, entre eles:

Desenvolvimento político, institucional e legal;

Alto valor à manipulação racional do ambiente;


Porém, sistema chinês era mais racional, meritocrático
(territorialismo x capitalismo).
Europa (capitalista) tinha mais à ganhar com expansão que a China
(territorialista) no século XIV.
O Ritmo do Progresso Técnico
Há dependência do progresso técnico com relação à ciência?
“A 1ª revolução industrial (século XVIII e XIX) não foi uma revolução
científica nem uma revolução tecnológica baseada nas ciências, mas isso não
a impediu de desempenhar um papel decisivo no progresso das ciências e
das técnicas.”
Mas no século XIX atividades de pesquisa começam a se sistematizar e se
institucionalizar.
As principais transformações ocorreram nos domínios econômico e social:
da manufatura artesanal/ doméstica para o processo industrial e mecanizado
– com consequências sociais, políticas e culturais (artesão – capitalista,
trabalhadores “livres”, subsunção formal, material e real) => início do
processo “contínuo” de aumento da produtividade de
trabalho/desenvolvimento tecnológico se tornou auto sustentado.
A Direção do Progresso Técnico
A atividade inventiva se dirige ao melhoramento de um produto, ou à
invenção de um novo produto, ou à redução de custos (novo processo)?
• Hicks (1932) invenção (exógena) vai sempre no sentido de poupar mão
de obra (em detrimento de capital).
• Outros economistas contestaram esta visão com base no argumento que
homens racionais sempre acolhem as reduções de custo (total)
independente do fator poupado.
• Explicação pode ser mais complexa vide Habakkuk (1962):
– Escassez de mão de obra e abundância de outros recursos fez EUA
buscar invenções poupadoras de trabalho vis-a-vis Grã-Bretanha
(path dependency, aprendizado, etc);
A Direção do Progresso Técnico
Schmookler por sua vez trata a mudança tecnológica não como algo
exógeno à economia mas como uma atividade econômica em si:
– Dados apontam que a alocação de recursos para a atividade
inventiva é determinada pela demanda! (vs Schumpeter)
– Correlação forte entre aumento da aquisição de componentes e
equipamentos ferroviários e aumentos defasados na atividade
inventiva.
– Também na construção civil e na refinação de petróleo;
– Argumento: “para os inventores, o aumento das aquisições de
equipamentos feitas por um determinado ramo sinaliza a crescente
lucratividade das invenções naquele ramo, fazendo com que
orientem seus recursos e talentos de acordo com isso.”
A Difusão de Novas Tecnologias
O impacto econômico da inovação é dado geralmente pelo seu processo de
difusão e não pela data da criação da invenção.
Marc Bloch (1935): intervalo de mil anos entre a invenção da roda d'água
e sua adoção generalizada – baseada em condições econômicas e legais
(escassez de mão-de-obra servil);
 Difusão depende da movimentação geográfica de trabalhadores
especializados – para onde habilidades não eram abundantes (difusão
homem-a-homem da tecnologia britânica no continente);
 Diminuição dos custos de aquisição da informação necessária sobre novas
tecnologias para a inovação eleva o ritmo de difusão (exemplo: indústria
têxtil japonesa, internet);
 Papel de destaque para o setor de bens de capital.

A Difusão de Novas Tecnologias
Processo de difusão pode ser explicado também em termos econômicos:
Griliches (1960) introdução de sementes hibridas dependeu fortemente
da lucratividade do novo insumo (4 anos – 700%);

Mansfield (1968) em pesquisa complexa mostra que processo de
difusão é lento e com velocidade variada: ritmo de imitação é função
direta da lucratividade de dadas inovações e inversa do tamanho do
investimewnto necessário para sua difusão.

A Difusão de Novas Tecnologias
Há ligação também da difusão internacional de tecnologias e diferenças nas
condições ambientais:
Atraso da mecanização das colheitas na Grã-Bretanha devido à obstáculos
topográficos que não eram encontrados nos EUA;

Atraso do uso do coque em altos fornos nos EUA – diferenças básicas em
termos de disponibilidade de recursos:
 EUA tinha enormes quantidades de madeira;
 Carvão coqueificável ficava à oeste, longe dos centros populacionais;
 Ausência de gás no carvão;

Situação muda com invenção de forno a ar quente e com a conquista
do oeste

Impacto do Progresso Técnico no
Crescimento da Produtividade
Como isolar a influência do progresso técnico, educação, formação de
capital, alocação de recursos, etc, no crescimento da produtividade?
 Solow (1957) e Abramovitz (1956) sugerem que o crescimento do
produto per capta norte americano depende muito mais da produtividade
dos recursos do que do uso de mais recursos (L, K, T) – o crescimento não
explicado (para além da mudança tecnológica) da produtividade assinala a
medida da ignorância sobre o que influencia.
 Procurou-se medir o quanto o progresso técnico afeta a taxa de
crescimento e quanto demanda afeta;
 Relações intersetoriais – produtividade agrícola dependente de inovações
em outros setores (ferrovia, navio a vapor, refrigeração);
 Nível de barreira à adoção de novas tecnologias no qual o custo da nova
tecnologia são competitivos com a antiga.
Impacto do Progresso Técnico no
Crescimento da Produtividade
Como isolar a influência do progresso técnico, educação, formação de
capital, alocação de recursos, etc, no crescimento da produtividade?
Não basta saber o quanto de custos essa tecnologia reduziu e sim a
magnitude geral dessa redução (pxq).
 Crítica ao axioma da insdispensabilidade (ferrovias EUA) - nenhuma
inovação isolada é essencial para o crescimento econômico;
 Uma sociedade pode gerar inovações substitutas, é precisamente a
capacidade de gerar inovações possíveis que torna descartável
qualquer inovação isolada!

Quais são os determinantes sociais da nossa capacidade social de gerar
progresso técnico? Sem resposta!?????
Marx e o Progresso Técnico
Método do materialismo histórico:
• História é ela própria o produto das contradições entre as forças de
produção e as relações de produção;
• Em determinado momento histórico novas forças produtivas
emergem;
• O homem age sobre o mundo exterior modificando-o, e o fazendo,
modifica sua própria natureza;
• Entender a sociedade é estudar também os instrumentos de trabalho
humano (arqueologia, antropologia) – termômetro;
Surgimento das relações capitalistas quando o crescimento das
oportunidades de lucro levaram a uma expansão do tamanho das
unidades produtivas para além da oficina medieval – isso mudou
completamente as relações sociais
27
Marx e o Progresso Técnico
Passagem da manufatura para a grande indústria:
• Mudam as relações de trabalho;
• Derruba-se o limite do crescimento da produtividade (por limitações
de força, velocidade e precisão humanas);
• Se abre o caminho definitivo para a ciência penetrar na produção
(processos mecânicos, rotina, etc.)
• Ciência penetra História é ela própria o produto das contradições
entre as forças de produção e as relações de produção;
• A tecnologia torna-se, pela primeira vez, capaz de ser
indefinidamente aprimorada.
Marx e o Progresso Técnico
A importância do setor de bens de capital:
• Estágio final do processo de autonomização do desenvolvimento
industrial foi quando máquinas começaram a ser empregadas na
produção das próprias máquinas;
• A maturidade do setor fabril é resultado do processo de acumulação
de capital, quando se atinge esse estágio você consegue:
• Economias de escala (indivisibilidades);
• Utilização de materiais residuais;
• Economias de capital em geral.
• Resultado é o aumento da taxa de lucro e a difusão dos benefícios de
uma maior produtividade para todo o sistema.
• Exemplo: revolução das comunicações (pág. 85-6)
Marx e o Progresso Técnico
Conclusões:
• Com Marx se torna necessário examinar como as forças sociais
maiores alteram continuamente o foco dos problemas tecnológicos
que demandam soluções;
• Assim se consegue examinar como o processo produtivo deu forma,
no passado, ao desenvolvimento das habilidades e do conhecimento
científico e tecnológico (papel crítico do ambiente natural)
• Dentro desse quadro é possível observar os esforços e contribuições
de numerosos indivíduos ainda que as patentes e os livros de história
exijam que sejam escritos nomes ao lado de cada invenção particular;
• Marx e não o marxismo!
História Econômica da C&T
“A 1ª revolução industrial (século XVIII e XIX) não foi uma revolução
científica nem uma revolução tecnológica baseada nas ciências, mas
isso não a impediu de desempenhar um papel decisivo no progresso das
ciências e das técnicas.”
Mas no século XIX atividades de pesquisa começam a se sistematizar e
se institucionalizar.
As principais transformações ocorreram nos domínios econômico e
social: da manufatura artesanal/ doméstica para o processo industrial e
mecanizado – com consequências sociais, políticas e culturais (artesão –
capitalista, trabalhadores “livres”, subsunção formal, material e real)
=> início do processo “contínuo” de aumento da produtividade de
trabalho/desenvolvimento tecnológico se tornou auto sustentado.
31
Primeira revolução industrial
Transformações começaram em primeiro na indústria do
algodão (em substituição à lã e ao linho):
- ferro no lugar da madeira (material das máquinas) e carvão como
fonte de energia (da máquina a vapor);
- mais fácil de transformar o algodão do ponto de vista técnico
(versus sistema de putting out)
- maior elasticidade de demanda/vinculação com comércio
internacional (oferta de matéria-prima, mercado consumidor)
=> desde final Séc. 18 mudanças profundas na indústria têxtil:
sucessivas inovações tecnológicas na fiação=> aumento de
produtividade
Crescimento produção na Grã-Bretanha ligada à exportação
32
Primeira revolução industrial
Porque na Grã-Bretanha?
- Regime político liberal sensível às questões econômicas e
sociais;
- Agricultura já essencialmente capitalista;
- Níveis médios de rendas mais elevados, instituições
financeiras mais eficazes, infra-estrutura de transporte e
comunicações relativamente desenvolvida (desenvolvimento
com base no mercado interno);
- Intensa mobilidade social, mão-de-obra numerosa, de baixo
custo, migração fácil;
- Independente de contingências externas, mas fez o uso da
força para defender interesses externos de seus empresários
(colonialismo);
33
- demanda elevada do exército e da marinha;
Primeira revolução industrial - C&T
Dupla mudança: nova maneira de produzir os conhecimentos
científicos/técnicos + integração crescente da C&T na vida
econômica e social (exemplo: telégrafo elétrico 1839):
profissionalização da pesquisa: formação de comunidades
profissionais nacionais e internacionais;
criação de numerosas instituições científicas;
periódicos especializados;
conferências;
espírito científico em substituição das crenças religiosas/
superstições/ filosofia tradicional: hegemonia de pensamento:
cientificismo e positivismo
34
Gênese da revolução industrial –
trajetórias diferenciadas - França
•
•
•
Supremacia científica (instituições), sem contrapartida
tecnológica=> foi na França que a ciência deixou de ser um
hobby de amadores para profissionalizar-se + ensino de
disciplinas científicas (química/física);
(Museu de História Natural/ Escola Politécnica de Paris)
Participação de cientistas nos governos de Napoleão e da
Restauração;
Houve excesso de centralismo administrativo e
individualismo dos pesquisadores. Porém: Louis Pasteur
(microbiologia/saúde humana e animal), Pierre/Marie Curie,
Lavoisier (revolução química).
35
Segunda revolução industrial – trajetórias
diferenciadas - Alemanha
Superioridade química baseada em:
- mão-de-obra com competência técnica;
- cursos alemães de química/ensino universitário (Humboldt:
unidade entre pesquisa e ensino/pesquisa em equipe)
1) Modelo universidade (Berlim): autonomia científica/
administrativa em relação ao poder político.
2) Escolas politécnicas estabelecidas fora das universidades
(ciência aplicada à produção);
3) Surgimento instituições dedicadas exclusivamente à pesquisa
interdisciplinares e extra-universitárias (Ex. Instituto Max
Planck)
36
Segunda revolução industrial –
trajetórias diferenciadas - EUA
Modelo EUA: em vez de institutos públicos semi-independentes
com cientistas de renome, as empresas criaram próprios
laboratórios de pesquisa => produtores de inovações tecnológicas
(lâmpada elétrica de Edson/GE; invenções de Bell/AT&T) reação à forte concorrência interna e mundial;
Obs. importância pesquisas agronômicas – rede e estações de
pesquisas em todos os Estados=> Ministério de Agricultura como
principal instituição de pesquisa científica e tecnológica.
37
Segunda Revolução Industrial
1870/1880 – 1920/1930
Importância da 1ª Guerra Mundial para testar algumas
das novas técnicas.
Revolução se deu em todo o ciclo:
insumos (matérias primas + fontes de energia)
transformação (processo produtivo)
produtos (acabados + intermediários)
Novos materiais: borracha, metais não-ferrosos
(alumínio) e aço (em substituição do ferro)
38
Segunda Revolução Industrial
1870/1880 – 1920/1930
O papel fundamental do aço => durabilidade,
resistência e plasticidade;
Inovação foi mudar o processo produtivo até
baixar o custo em 90% (em 3 décadas);
Perda da hegemonia da Inglaterra em termos
absolutos em favor de EUA (ricas jazidas
minerais) e Alemanha (ricas jazidas e empresas
verticalmente integradas);
39
Segunda Revolução Industrial
1870/1880 – 1920/1930
Energia elétrica como inovação tecnológica =>
 permitiu expansão de indústrias como do
cobre/ alumínio/ celulose e papel;
 descentralização espacial da oferta de energia
ampliação localizações => difusão da
eletricidade foi extremamente veloz a partir
do início do Séc. XX;
 Iluminação, equipamentos e materiais.
40
Segunda Revolução Industrial
1870/1880 – 1920/1930
O gde símbolo de novos processos de produção e
novos produtos foi a indústria automobilística
Henry Ford (1863-1947) linha de montagem/fabricação em
massa + aumento salarial/baixa dos preços - Modelo T
1914
1923
300.000 unidades
2 milhões
=> efeitos multiplicadores a montante (upstream) e a jusante
(downstream)
41
Segunda Revolução Industrial
1870/1880 – 1920/1930
Grande empresa como oligopólio dos mercados de produtos
acabados + oligopsônios insumos Fordismo implicou aplicação
métodos de organização científica de trabalho (taylorismo)
=>“ethos de produção e do consumo de massa”
O que explica o crescimento: aumento da produtividade => Ex.
EUA no século XX:
85% produtividade (extração de mais produto de cada unidade de
insumo – papel central da P&D)
15% crescimento horizontal (uso de mais insumos)
parar
EUA – até 2ª Guerra Mundial
 Papel proeminente governos estaduais no
financiamento ensino superior => vínculos
universidades públicas (formais e informais) com
o setor industrial para oferecer benefício
econômicos à sua região.
 Financiamento para bolsas de pós-graduação/
sugestões de tema de pesquisa por parte de grandes
empresas (ex. comitê consultivo MIT com
representantes do setor empresarial).
=> geração de cultura voltada para as oportunidades
comerciais da C&T.
43
EUA – até 2ª Guerra Mundial
 Primeira guerra mundial (1914-1918) criou NACA
(National Advisory Committee on Aeronautics),
antecessor NASA (National Aeronautics and
Space Administration, 1958).
 Até entrada dos EUA na 2ª GM prioridade para
despesa federal com P&D para agricultura através
do Departamento de Agricultura (quase 40% do
total).
 Predominância até 1940: recursos federais para
P&D concentrados em instituições do setor público
44
EUA – Impacto 2ª Guerra Mundial
Aumento gastos federais P&D: sucesso e estrutura
organizacional do maciço programa federal
durante a Guerra (ex. Projeto Manhattan)
=>criação de um complexo de pesquisa e de
produção de armas (big science) legado para pós
-guerra (Obs. Relação C&T e poder destrutivo)
Aproveitamento civil : penicilina, borracha sintética,
microeletrônica
45
EUA – Impacto 2ª Guerra Mundial
Forma de organização: contratos de pesquisa com
empresas privadas e universidades => criou sistema de
P&D que depende fortemente do financiamento federal
=>
1) Fundos P&D concentrados em pesquisa por agentes
não-governamentais
2) Criação de enorme complexo de pesquisa básica nas
universidades
3) Impacto contratos federais de compra => estímulo ao
surgimento de novas indústrias de alta tecnologia no pósguerra
46
EUA – Impacto 2ª Guerra Mundial
Orientação pós-guerra:
• Relatório de Vannevar Bush Science – The
Endless frontier => argumenta importância
pesquisa básica
• Predominância controle Ministério da Defesa e da
Agência de Energia Atômica
=> sinergia entre gastos militares em P&D e compras
militares
Exemplos de transferências de tecnologias do setor
militar para civil: aviação, semicondutores,
computadores (Internet)
47
EUA – Sistema pós 1945
Até os anos 70 a soma dos gastos em P&D da
Alemanha Ocidental, França, Grã-Bretanha e
Japão muito inferiores aos dos EUA.
Gastos federais: entre metade e 2/3 do total de
P&D. Porém: realização por empresas
industriais privadas =>
Início dos anos 1990: empresa privada 50%
investimentos + 68% realização P&D
48
EUA – Sistema pós 1945
•
•
•
Apoio federal à pesquisa universitária =>
transformação universidades dos EUA em centros
mundiais para a realização de pesquisa científica =>
cultura de combinação pesquisa e ensino.
Comparação Japão/ Europa: parcela maior das
pesquisas realizadas em institutos especializados
sem vínculo direto com o ensino superior e
laboratórios operados pelos governos.
Incl tradição de professores norte- mericanos de
combinar suas posições acadêmicas com
consultorias no setor privado/ empresas spinn-offs
49
EUA – Sistema pós-1945


1938 política antitruste mais severa até anos 1970=>
tornou mais difícil para as grandes empresas dos
EUA a aquisição de empresas com tecnologia =>
concentrar em fontes intrafirma para
novastecnologias – de pesquisa básica até
comercialização (ex nylon DuPont) => surgimento
laboratórios centrais
Característica pós-guerra (diferente da Europa e do
Japão): proeminência pequenas empresas na
comercialização de novas tecnologias em eletrônica
50
EUA – Caracterização sistema pós1945
1) Papel venture capital (compra de participações em
outras empresas com o objetivo de vendê-las no
futuro, obtendo assim lucros) e ofertas públicas de
participação (bolsa de valores)
2) Regime de propriedade intelectual permissivo
(proteção fraca) facilitou difusão de tecnologia =
comercialização invenções que se originaram
parcialmente em empresas já estabelecidas
3) Impacto das compras militares (contribuiu para
crescimento novas empresas de microeletrônica)
51
EUA – A partir de 1980
Caracerísticas a partir da década de 1980:
 diminuição papel laboratórios centrais =>
surgimento redes, relacionamentos nacionais/
internacionais
 Aumento financiamento das empresas para as
universidades
 Abandono política antitruste rigorosa durante
período pós-guerra até Reagan: em particular a
flexibilização das atividades de pesquisa associada à
produção – National Cooperativa Research Act de
1984); reação à acirrada competição (Japão)
52
Terceira Revolução Industrial
O processo industrial pautado no conhecimento e
na pesquisa => todos os conhecimentos gerados
em pesquisas são repassados quase que
simultaneamente para o desenvolvimento
industrial.
Novo paradigma produtivo na economia mundial,
bem como da ruptura do antigo sistema fordista de
produção.
53
Terceira Revolução Industrialcaracterização
1) Indústria microeletrônica, enquanto novo
paradigma tecnológico (via liderança inicial do
Japão);
2) ampla terceirização do processo produtivo
(expulsão de custos de dentro das empresas);
3) competição via qualidade e diferenciação de
produtos;
4) organização de sistemas flexíveis de
organização produtiva e do trabalho, baseados
numa maior integração e cooperação inter e
intraempresarial
54
Terceira Revolução Industrialcaracterização
5) uma maior integração entre financiamento,
fornecimento e produção (sob comando da grande
empresa oligopolista);
6) surgimento de um tipo de empresa concentrada,
Multi-industrial, com um importante braço
financeiro, atuando em escala internacional.
55
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CTS_Aula 2_História da C&T. A