Acesso à água garante convivência com o Sertão
Semiárido brasileiro vive uma nova realidade nos últimos 12 anos depois de séculos de histórias de
retirantes que deixaram suas casas e suas vidas para saciar a sede e a fome
Brasília – “E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para a cidade homens
fortes, brutos, como Fabiano, Sinhá Vitória e os dois meninos.” Assim acaba o clássico da literatura
brasileira Vidas Secas, de Graciliano Ramos, que retratou a luta dos retirantes do Semiárido pelo acesso
à água e pela sobrevivência. Realidade essa que durou até pouco tempo atrás, há pouco mais de 12 anos,
quando o governo federal começou a desenvolver o Programa Cisternas. Executado pelo Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), em parceria com organizações da sociedade,
governos estaduais e consórcios de municípios, o Programa Cisternas integra as ações do Água para
Todos.
Desde então, as cisternas – solução simples e de baixo custo – já mudaram a vida de mais de 4 milhões
de sertanejos. O acesso à água possibilitou melhoria da qualidade de vida e da saúde das famílias. As
maiores beneficiadas são mulheres e crianças, sobre quem recaía a tarefa de ter que caminhar longas
distâncias e perder várias horas do dia para buscar água. Antes das cisternas, cada família perdia, em
média, até seis horas por dia para ir buscar água em açudes – tempo que hoje pode ser dedicado a outras
tarefas e para a melhoria da convivência familiar.
Mais de 1,2 milhão de famílias deixaram de recolher água com a lata d’água na cabeça, por receberem
as unidades de captação da água da chuva. Ao todo, o Semiárido ganhou uma capacidade de
armazenamento de 19,2 bilhões de litros de água.
“Os investimentos contínuos ao longo dos anos, somados a uma parceria forte entre o governo federal,
estados, municípios e sociedade civil, tem possibilitado ao Semiárido brasileiro conviver com os efeitos
da seca, e não mais combatê-los, como era a cultura no passado”, afirma a ministra do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome, Tereza Campello.
A construção das cisternas ainda gera renda nos municípios, promovendo o desenvolvimento local. Já
foram investidos mais de R$ 3 bilhões na compra de insumos e na capacitação e pagamento de mão de
obra. Toda a comunidade é mobilizada para atuar no projeto. Este é um aspecto central do modelo de
tecnologia social apoiado pelo MDS, gerando um sentimento de conquista e apropriação que contribui
com o processo de gestão da água e do equipamento instalado. Além disso, todas as famílias
beneficiadas participam de cursos de formação sobre a gestão e o tratamento da água armazenada.
Novos tempos – A captação da água da chuva também tem ajudado o agricultor familiar do Semiárido a
voltar a produzir alimentos e criar animais. Mais de 133 mil agricultores da região já receberam
tecnologias sociais de captação e armazenamento de água de água para plantar e criar animais.
São cisternas do tipo calçadão e de enxurrada, barragens subterrâneas e barreiros trincheira, entre outros
modelos, com capacidade para até 52 mil litros de água, que armazenam água no período da chuva.
A implantação das tecnologias sociais, aliada a outras políticas públicas, tem permitido a convivência
com o Semiárido e transformado a vida das famílias ao assegurar o acesso à água para o consumo
humano e para a produção de alimentos.
O Água para Todos é um programa do governo federal, executado no âmbito do Plano Brasil Sem
Miséria pelos ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), da Integração
Nacional, do Meio Ambiente, além da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), da Fundação Banco do
Brasil, da Petrobras e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O MDS
executa a ação por meio do Programa Cisternas.
Em todo lugar – A convivência com a estiagem também tem lugar nos bancos escolares, onde milhares
de crianças e jovens estão diariamente e a água é um bem essencial. Parceria do MDS com a Articulação
no Semiárido Brasileiro (ASA) vai construir 5 mil cisternas para captação de água da chuva em escolas
públicas até 2016. O repasse do ministério para a ação é de R$ 69 milhões.
A cisterna escolar é construída nos mesmos moldes das cisternas de água para consumo familiar. Feitas
com placas de cimento, a cisterna escolar tem capacidade maior de armazenagem (52 mil litros) e pode
garantir o acesso à água por oito meses (contando 20 dias de aula por mês). “Elas ampliam o acesso à
água no ambiente escolar, servindo para consumo e preparo dos alimentos servidos nas escolas. Os
reservatórios evitam a contaminação por verminoses e doenças, contribuindo para que as crianças
entendam como conviver com a seca. A água é um direito delas”, destaca o secretário nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, Arnoldo de Campos.
A ação também capacita os professores para a gestão da água captada e armazenada, com orientação
sobre a finalidade da água coletada, a importância da educação alimentar e nutricional e temas de
convivência com a estiagem para serem desenvolvidos com os estudantes. O valor repassado pelo MDS
inclui ainda a implantação de bomba elétrica e a compra de filtros de barro para utilização e tratamento
da água coletada.
Informações para a imprensa:
Assessoria de Comunicação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
Telefones: (61) 2030-1021 / 2030-1451 / 2030-2071
E-mail: [email protected]
www.mds.gov.br/area-de-imprensa
Serviço
5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
Dias: 3 a 6 de novembro de 2015
Local: Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília
A 5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, ocorrerá de 3 a 6 de novembro, em
Brasília/DF, sob o lema “Comida de verdade no campo e na cidade: por direitos e soberania alimentar”.
Trata-se de evento estratégico onde estarão em debate questões como alimentação saudável, o uso de
agrotóxicos, os alimentos transgênicos, sobrepeso/obesidade, o acesso à terra e à água, entre tantos
outros assuntos relacionados ao tema central.
Informações: http://www4.planalto.gov.br/consea/eventos/conferencias/5a-conferencianacional-de-seguranca-alimentar-e-nutricional
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