A Estação
das Chuvas e a
Operação dos
Reservatórios
A Estação das Chuvas
Há milhões de anos, as águas têm encontro marcado a cada estação.
Com a chegada da primavera, a natureza inicia mais um ciclo no
hemisfério sul. No sudeste brasileiro, as primeiras chuvas ocorrem em
outubro.
Uma parte da água da chuva escorre pela superfície. Outra, infiltra
lentamente no solo, vai se acumulando e forma leitos subterrâneos ou
ressurge na superfície em forma de olhos d'água e nascentes.
As águas das nascentes escorrem pelas encostas e formam os rios,
que vão se entrelaçando e formam as bacias hidrográficas, e correm em
direção ao mar.
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Em dezembro, início do verão, as chuvas se tornam mais intensas.
A terra fica encharcada e o volume de água nos rios aumenta.
De tempos em tempos, a natureza nos traz chuvas muito fortes e
constantes. Os rios se encorpam e transbordam de seus leitos. São as cheias
ou enchentes. Esse comportamento das águas depende do tipo de solo, do
declive da paisagem e da vegetação que amortece o impacto das chuvas.
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As cheias e a natureza
As cheias têm papel importante na natureza que, com sua sabedoria,
reserva as várzeas como espaço para elas. Ali, as águas se acomodam e,
junto com a vegetação, fertilizam o solo.
Nessas áreas mais baixas, as águas que transbordam formam as
lagoas marginais, onde muitas espécies de peixes depositam seus ovos e
reproduzem seus filhotes.
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A chegada do homem
Desde a antiguidade, os rios são grandes aliados do homem.
Estrada natural, fonte de água, alimento e energia.
Milhares de cidades se desenvolveram às suas margens; a maioria,
sem planejamento; e as várzeas, onde o rio vez por outra derrama suas
águas, foram ocupadas.
A população sabe que os lugares mais altos são mais seguros para
habitar, mas quando as inundações se tornam mais espaçadas, se encoraja,
despreza os riscos e chega mais perto do rio.
E, na volta das chuvas intensas, as enchentes ressurgem,
provocando prejuízos humanos e materiais incalculáveis.
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As barragens e a geração
de energia elétrica
O homem constrói barragens por diversos motivos: armazenar água
para garantir seu abastecimento constante, irrigar culturas, desenvolver a
pesca, o lazer e a geração de energia elétrica.
As barragens das usinas hidrelétricas são construídas com modernas
técnicas de engenharia e a operação dos reservatórios é constantemente
aperfeiçoada dentro de rigorosos padrões de qualidade.
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Outras fontes de energia estão sendo experimentadas em
todo o mundo.
Na Cemig, também existem outras fontes de energia.
ENERGIA EÓLICA
GÁS NATURAL
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ENERGIA TÉRMICA
ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA
O que é a Operação dos Reservatórios?
Operar um reservatório consiste em decidir a quantidade de água que
deve ser guardada e a quantidade que deve ser liberada.
Para operar seus reservatórios, a Cemig conta com um serviço de
meteorologia, monitoramento de informações sobre os rios e o clima, além
de uma equipe de técnicos qualificada.
Por precaução, antes do início das chuvas, o nível de água dos
reservatórios é rebaixado, formando o chamado volume de vazio ou
volume de espera. Isto é feito para que, se as chuvas chegarem muito
intensas, o reservatório possa guardar boa parte da água.
Quando o volume de chuva é muito grande, algumas vezes é
necessário abrir as comportas para não esgotar a capacidade de
armazenamento do reservatório. A água é liberada gradualmente, sempre
em quantidade menor do que a que está chegando.
Ao contrário do que muita gente pensa, o reservatório não provoca e
nem agrava a enchente e, quando está cheio, ele reproduz as condições
naturais do rio.
volume
de espera
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E a abertura das comportas?
A decisão sobre a abertura das comportas só é tomada depois de
analisadas as condições meteorológicas e do reservatório, e sempre
baseada em estudos e critérios estabelecidos pelo Operador Nacional do
Sistema-ONS e pela Agência Nacional de Águas-ANA.
O que é analisado?
- Qual é a previsão meteorológica? A chuva vai parar ou vai continuar?
Por quanto tempo?
- Quanta água está chegando ao reservatório?
- Como está o nível de água no reservatório?
- Qual é a previsão da quantidade de água que ainda vai chegar?
- Há espaço para receber mais água? Para guardá-la?
- Há população abaixo do reservatório? E às margens do rio?
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Para quê guardar tanta água?
Quando se aproxima o final do período chuvoso, os reservatórios
voltam ao processo de enchimento. Assim, fica garantido o abastecimento
para o período seco, e não falta água para todos os usos.
O que a Cemig faz?
Ao mesmo tempo em que monitora e acompanha os dados do clima e
a operação dos reservatórios, a Cemig previne as comunidades sujeitas a
inundação sobre o comportamento dos rios onde estão suas usinas.
As análises e informações são repassadas para a
Coordenadoria de Defesa Civil Estadual - Cedec, para as
Comissões Municipais de Defesa Civil - Comdecs, e para a
imprensa.
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Como não agravar as enchentes?
A ocupação das várzeas pelo homem pode e deve ser planejada. Essas
áreas podem, por exemplo, ser utilizadas para culturas de época ou para o
lazer, como campos de futebol e praças.
A vegetação na área da bacia, no topo dos morros e nas margens dos
rios deve ser preservada pois ela facilita a infiltração da água. Também evita
que a água carregue o solo para o leito do rio, causando o assoreamento, e
que bancos de terra e areia passem a ocupar o fundo do rio, obrigando a
água a se reacomodar.
A urbanização também provoca mudanças no comportamento das
bacias hidrográficas. A ausência de áreas verdes e a impermeabilização de
ruas, pisos e telhados aceleram o escoamento da água através da
canalização e da drenagem artificial que deságua nos rios.
Atividades como o aterramento para a construção de casas, a
mineração e a agricultura precisam ser executadas com cuidado.
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O lançamento de lixo, que entope a calha, e de esgotos, que trazem
doenças, não é boa prática.
Todos esses fatores somados transformam o antigo leito profundo em
raso, retardando o escoamento. As águas diminuem a velocidade e
transbordam mais facilmente.
E o rio, antigo amigo e aliado, se transforma em inimigo, ao encontrar
seu leito milenar agora ocupado pelo homem e por construções.
Você sabia?
Que durante a cheia de 1997 a bacia do rio São Francisco
despejou no lago da Usina Três Marias cerca de 7 milhões de
litros por segundo de água? E que o reservatório só liberou a
metade?
Sem a barragem, a inundação em Pirapora e em outras
cidades a jusante seria inevitável. Esse é só um exemplo.
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E o que nós fazemos?
Mesmo com essas medidas, não se pode ignorar que as ações do
homem modificam o comportamento dos rios e, principalmente, que o
próprio homem é quem desafia as áreas naturais de inundação.
A responsabilidade é de todos nós.
E podemos colaborar! Cuide para que o lixo não chegue até o rio.
Pense duas vezes antes de cortar qualquer tipo de vegetação. Evite construir
nas várzeas. E fique atento às orientações da Defesa Civil.
Afinal, com barragem ou sem barragem, as águas têm
encontro marcado pelos mesmos caminhos há milhões de anos.
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Ciclo Hidrológico
CHUVA
TRANSPIRAÇÃO
DAS PLANTAS
EVAPORAÇÃO
DE RIO OU
LAGOA
INFILTRAÇÃO
EVAPORAÇÃO
DO MAR
EVAPORAÇÃO
SOLO
ESCOAMENTO
SUPERFICIAL
ESCOAMENTO
SUBTERRÂNEO
Esta cartilha da Cemig tem o objetivo de esclarecer as
comunidades vizinhas às suas barragens sobre o passo-a-passo
na operação dos reservatórios, como e porque ela é feita, além
de sua contribuição no controle das enchentes.
Cemig CE - Setembro de 2007
Superintendência de Planejamento da Operação de Sistemas de Geração e Transmissão - GT
Superintendência de Comunicação Empresarial - CE
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