Funções: estruturalmente parecidos com os omatídeos que constituem os
olhos compostos; perceção de cor, forma, distância e polarização.
4- Fotorrecetores genitais
Apenas presentes nos Lepidópteros. Funções: orientação dos órgãos genitais
durante a cópula.
UM OLHAR DE INSETO
Luís Bravo Pereira
Ângulo de visão e acuidade visual dos olhos compostos
Os insetos herbívoros e que se alimentam de néctar (como p.ex., os
gafanhotos, abelhas, borboletas) apresentam olhos compostos que embora não
tenham uma acuidade visual muito grande, apresentam um grande ângulo de
visão e detectam facilmente movimento. Conseguem assim perceber
facilmente a aproximação de um predador.
Outras espécies de insetos, como no caso das que são predadoras(ex.: louva-a-deus, libélulas, etc.), apresentam um ângulo de visão menor, mas uma grande
acuidade visual e conseguem mesmo ter uma visão estereoscópica, essencial à
identificação das suas presas e cálculo da distância a que estas se encontram.
Com frequência se reconhecem nos olhos compostos destas espécies uma
mancha negra, a pseudo-pupila, uma em cada olho composto, que recorda
a aparência da pupila do olho humano, mas que na realidade corresponde ao
alinhamento de um grupo de omatídeos na direção em que o inseto concentra
a sua atenção e necessita de maior acuidade visual. Quando os omatídeos estão
alinhados, o que vemos é a mancha escura correspondente às rábdomas fotorreceptoras (desses omatídeos).
Paisagem - infravermelho, falsa cor
1
Perceção de luz polarizada
Paisagem - ultravioleta
Paisagem - visível
Os quatro tipos diferentes de órgãos visuais dos insetos
1- Olhos compostos
Órgão de visão dos insetos adultos, composto pela combinação de unidades formadoras (ou omatídeos), em número que varia consoante a espécie, e que pode ir
desde algumas dezenas até vários milhares. Funções: acuidade visual - formação
de padrões e imagens no cérebro do inseto, permitindo assim reconhecer o mundo exterior através de imagens; intensidade da luz - determinar o nível de claridade no meio exterior; profundidade - determinar a distância até um objecto.
Identificação de cores - que comprimentos de onda estão a ser emitidos ou refletidos; a gama de comprimentos de onda a que são sensíveis varia consoante a espécie e podem ser muito diferentes da gama a que os seres humanos são sensíveis.
Polarização - deteção dos padrões de luz polarizada refletidos do azul do céu,
ajudando à orientação e navegação dos insetos durante o voo.
2- Ocelos
Normalmente em número de três, nos insetos adultos, a par com os olhos
compostos. Funções: presentes em todos os insetos, exceto nas larvas dos
Holometabola; sensíveis à luz, mas não formam imagens; associados a deteção
dos níveis de luminosidade ambiente e na orientação da linha de horizonte durante o voo.
3- Stemmata
Um tipo de órgão visual diferente, presente em algumas larvas de insetos ou
lagartas, como nas larvas dos Holometabola.
A luz polarizada surge em alguns fenómenos na Natureza. Um exemplo é a
reflexão nas moléculas das altas camadas da atmosfera terrestre, que polarizam,
em certos ângulos, a luz azul do céu, formando padrões que nós não conseguimos ver (o nosso olho não distingue luz polarizada da luz não-polarizada). Os
olhos compostos dos insetos conseguem detetar luz polarizada e assim reconhecer esses padrões no céu, que utilizam como referência para se orientarem
durante o voo.
2
Visão de abelha
As abelhas possuem dois grandes olhos compostos, formados por milhares
de omatídeos. As obreiras possuem cerca de 6300 omatídeos nos dois olhos, a
rainha apenas 3900 e os zangãos 13000.
Além dos olhos compostos, cada abelha (assim como outros insetos) ainda possui mais três pequenos olhos simples implantados no cimo da cabeça, os ocelos.
Com os seus olhos compostos tricromáticos, as abelhas conseguem detetar
radiação ultravioleta mas são cegas à cor vermelha. Conseguem ver padrões em
algumas flores que nós não vemos e ignoram as flores vermelhas, que a elas não
se destinam.
Com equipamento fotográfico especial (câmara digital com sensibilidade
estendida ao ultravioleta, lente especial e filtros adequados) podemos captar
fotografias de radiação ultravioleta. Combinando estas imagens com as de luz
visível, e tendo em conta o nosso conhecimento sobre a baixa acuidade visual e
incapacidade de visualizar o vermelho das abelhas, podemos simular como será
que estas veem uma flor.
Parque Biológico de Gaia
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junho 2012
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1 - Fotografia normal de luz visível de uma flor, que nós, seres
humanos, vemos como sendo inteiramente amarela.
Nome científico: Halimium alyssoides (Lam.) K. Koch
2 - Fotografia captada apenas com radiação ultravioleta da
mesma flor. Reconhece-se, com este comprimento de onda, que
existe um padrão na zona central da flor, que se destina a chamar
atenção dos seus insetos polinizadores.
3 - Com os nossos conhecimentos sobre a forma como os
insetos tricromáticos veem, podemos simular aproximadamente
a aparência da flor, como se fosse vista pelo olho composto de
uma abelha: as zonas refletoras de ultravioleta foram substituídas
por uma cor violeta, a cor vermelha foi eliminada da imagem
e a resolução final reduziu-se também, já que a acuidade visual
destes insetos é bem menor do que a da câmara fotográfica.
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