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ANEXO A- Bibliotecas provinciais.
ALAGOAS
1860
Existe nesta cidade uma associação criada a esforços do diretor da instrução pública, a
qual, sob o título de gabinete de leitura, tem por fim a aquisição de uma livraria, onde
seus sócios acham na leitura de bons livros alimento são para o espírito; possui ela 1
721volumes, dos quais a maior parte foi dádiva do vosso comprovinciano doutor
Alexandre José de Mello Moraes que fez à província para a fundação de uma biblioteca:
acho que aproveitando-se o que existe e obtendo-se da associação, o que será fácil, a
cessão dos livros que tem, seria conveniente a criação de uma biblioteca em modestas
condições, afim de ir-se de ano a ano enriquecendo, de modo que, no final de pouco
tempo, contasse a província com uma livraria regular”1.
1866
“Este estabelecimento acha-se instalado no mesmo edifício e como dependência do
Liceu”.
“O regulamento (anexo C) que, de conformidade com o artigo 6º da resolução nº. 453,
de 26 de junho do ano passado, organizou o inspetor geral dos estudos, foi aprovado por
ato da presidência, datado de 16 do corrente mês”.
“Nele se fixaram as atribuições dos empregados do referido estabelecimento, e
providenciou-se sobre a responsabilidade, que cabe ao bibliotecário pela guarda e
conservação das obras, de que se compõe a biblioteca” 2.
1867
Relatório: Biblioteca Pública em Maceió, 30 de janeiro de 1867.
Nomeado por portaria do Exm. Presidente da Província, de 6 do julho de 1865,
bibliotecário da biblioteca pública do Liceu desta Capital, cabe-me, hoje, desempenhar
o dever que me é imposto pelo art. 2. ° § 7.° do regulamento de 16 de Abril do ano
1 ALAGOAS. Presidente (jul./out. 1885: Pedro Leão Velloso) Falla dirigida á Assembléa Legislativa da provincia
das Alagoas na abertura da sessão ordinaria do anno de 1860, pelo excellentissimo presidente da provincia, o Pedro
Leão Velloso. Maceió, Typ. Commercial de A. J. da Costa, 1860. p. 26.
2 ALAGOAS. Presidente (1865-1866: Esperidião Eloy de Barros Pimentel) Relatorio com que o exm. sr. dr.
Esperidião Eloy de Barros Pimentel, presidente da provincia das Alagoas, entregou a administração da mesma
provincia no dia 19 de abril de 1866 ao 1.o vice-presidente, dr. Galdino Augusto da Natividade e Silva, Maceió, Typ.
do Bacharel Felix da Costa Moraes [n.d.].
2
próximo passado, relatando a V. S., segundo a exiguidade de minhas fracas luzes, os
trabalhos da repartição a meu cargo, as medidas ou reformas, que entendo necessárias,
para o preenchimento dos fins que se propõe tão útil instituição, o número das obras que
foram lidas, durante o referido ano, e, finalmente, o das pessoas que, dentro desse lapso,
as leram, ou consultaram.
BIBLIOTECA E SEUS TRABALHOS
A Biblioteca Pública, criada no Liceu pela resolução provincial nº. 453, de 26 de junho
de 1865, compõe-se, atualmente, de 2 072 exemplares de obras escritas em latim,
frances, ingles, italiano, espanhol, árabe e grego, compreendendo 2 622 volumes, além
de 547 folhetos e 1 366 estampas de botânica, que se acham distribuídos por nove
grandes estantes com dois gavetões cada uma. Note, porém, V. S. que nesse número
estão incluídos os 453 exemplares, compreendendo 604 volumes, último oferecimento
do nosso digno e benemérito comprovinciano o ilustradissimo Snr. Dr. Alexandre José
de Mello Moraes, cujo retrato mandou V. S. fosse colocado convenientemente em uma
das paredes do salão em que funciona este estabelecimento. Algumas dessas obras
acham-se truncadas, outras, em pequeno número, completamente estragadas pela traça e
pelo cupim; porém muitos desses volumes podem ainda ser aproveitados, si, em tempo,
forem de novo encadernados, e, para tal fim, enviarei, brevemente, a V. S. uma relação
dos que merecem este reparo.
Tenho procurado, pelos escassos meios a meu dispor, conservar, com o necessário
acondicionamento e asseio, todos os volumes das diferentes obras da biblioteca; e sinto
profundamente repetir a V. S. o que já tive ocasião de comunicar-lhe por ofícios de 19
de fevereiro e 8 de março do predito ano, sob nº 6 e 8: quero falar do desaparecimento
de algumas obras desta biblioteca.
Estes fatos, devidos senão à autoria e cumplicidade dos dois empregados subalternos
deste estabelecimento, ao menos, ao seu descuido e omissão, reclamam o emprego de
medidas que tendam a extirpar, de uma vez, semelhantes abusos, garantindo a
conservação de todos os livros, móveis e mais utensílios da biblioteca.
Havendo sido encarregado o amanuense Sidronio Herculauo de Santa Maria de,
relacionar, todas as obras que compõe esta biblioteca, afim do que me fosse possível
organizar metodicamente o catálogo das referidas obras, com as devidas observações
&e. &e., apenas consegui do mencionado empregado a relação de quatro estantes,
trabalho este feito em três meses, decorridos de 1º. de outubro a 31 de dezembro último;
razão pela qual não pude, absolutamente, organisar o predito catálogo.
A contar de 23 de abril pretérito, cm que principiou a ter execução o regulamento
citado, até dezembro já dito, foi visitada a biblioteca por 185 pessoas, e por estas foram
lidas ou consultadas 198 obras; é, porém, de notar que, de 27 de maio a 7 de agosto
(douze meses c onze dias) não consta que número de pessoas visitou este
estabelecimento, nem tampouco quantos livros foram lidos, isto em consequência de
3
não ter o antedito amanuense, durante esse tempo, cumprido o dever que lhe prescreve o
art. 3.° § 2.° do mesmo regulamento.
O livro de registros, a seu cargo, acha-se em dia, e nele lançados 24 ofícios dirigidos a
V. S., faltando, apenas, um (o de n.° 5) cujo autógrafo extraviou-se.
MEDIDAS OU REFORMAS INDISPENSÁVEIS
Sendo, certo que o bom ou o mau cumprimento de deveres depende, quase sempre, da
responsabilidade daqueles sob quem correm os trabalhos exigidos em uma repartição,
entendo que, sem uma imediata subordinação dos empregados subalternos da biblioteca
ao primeiro funcionário deste estabelecimento, a cujas ordens parece deverem estar
imediatamente sujeitos, jamais se poderá conseguir o regular desempenho de suas
obrigações.
Para este fim basta conferir-se ao bibliotecário o inteiro caráter de chefe, embora
continue subordinado o estabelecimento, como se acha, ao Liceu desta capital, a
exemplo do que se observa em outras repartições da província.
Entendo mais que o ingresso de empregados subalternos, em uma repartição desta
ordem, demanda que sejam eles da plena confiança daquele, sob cuja única
responsabilidade estão todos os livros, móveis e mais utensílios dela, por quanto é
indubitável que a prática contraria a de, necessariamente, trazer a responsabilidade de
quem não tiver siquer concorrido para os extravios dos referidos livros e mais objetos,
em proveito, talvez, daqueles sobre quem não pesa esse ônus.
A responsabilidade do bibliotecário, em virtude do art. ll.° do citado regulamento, no
qual nenhuma garantia se lhe concede contra alheios abusos, não precavê, seguramente,
as consequências que podem resultar da facilidade com que os demais empregados
subalternos são admittidos, sem que, ao menos, sejam prepostos sob a confiança do
único responsável!
E permita-se-me, ainda, que, neste lugar, faça o mais vivo reparo ao modo como
somente ao bibliotecário se faz cargo de fiança pela boa guarda de todos os livros e mais
objetos, ao passo que de mais profícuos meios de abuso dispõem os subalternos, que,
infelizmente, pretenderem delinquir; por serem eles os únicos guardas imediatos das
estantes, etc,etc, cujas chaves é indispensável que estejam em seu poder, para as
necessidades do momento.
E foi isto o que tive em mente obviar, quando requeri ao Exm. Snr. Presidente da
Província que exigisse do corpo legislativo provincial a supressão do referido art. 11.°,
por me parecer excêntrico.
Algumas outras lacunas se notam ainda no citado regulamento, as quais deixo de
enumerar, para não dar ao presente trabalho proporções diversas daquelas que me são,
absolutamente, prescritas.
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PESSOAL DA BIBLIOTECA
Compõe-se esta repartição de três empregados, - um bibliotecário, um amanuense e um
porteiro. O logar de bibliotecário é exercido por mim, na qualidade de professor
vitalicio do Liceu, e as atribuições de semelhante cargo acham-se prescritas no art. 2.°
do regulamento e seus respectivos § §; no cumprimento desses deveres procuro merecer
a confiança dos meus superiores: o de amanuense é preenchido pelo praticante da
secretaria da instrução pública Sidronio Herculano de Santa Maria, de que acima falei e
o porteiro é o contínuo da mesma repartição Aprígio Justiniano Gomes de Mello.
É de meu rigoroso dever cientificar a V. S. que, não tendo intervindo para a nomeação
desses empregados, não posso partilhar com eles a responsabilidade que me corre, visto
que não são de minha inteira confiança, como fora de desejar.
E o modo pouco dedicado e omisso como procedem no exercício de suas funções parece
que vai em aumento a proporção que observam eles as nulas consequências das queixas
que, por differentes vezes e oficialmente, contra ambos tenho levado á presença ae V. S.
Verdade é que as infrações de deveres e omissões parecem exigir o corretivo daqueles
que imediatamente as testemunham, e isto é mais uma prova que ratifica minhas
anteriores observações acerca das reformas que já indiquei.
CONCLUSÃO
Terminando, seja-me lícito ponderar a V. S. que, pela vez primeira que cumpro este
dever, lutando com as dificuldades inerentes a um estabelecimento nascente e com
outras que provem dos minguados recursos destinados a um encargo que demanda
atenção por demais vigilante, não me é dado esboçar sequer as muitas providências,
cujo desenvolvimento reclama tempo e trabalho mais aturado.
Confio, porém, que as luzes de V. S. compensarão, indubitávelmente, a imperfeição
destes meus ligeiros traços, acreditando V. S. que nutro os mais sérios desejos pelo
incremento e progresso deste estabelecimento, esperando que seja, em breve, dotado de
todos os melhoramentos de que é credora uma instituição de tão reconhecida utilidade.
Deus guarde a V. S. – Illm. Snr. Dr. Thoamz de Bomfim Espíndola, inspector geral dos
estudos da província.
O bibliotecário – professor - Filinto Elysio da Costa Cutrim3.
1868
Relatório: Biblioteca Pública em Maceió, 21 de janeiro de 1868.
3 ALAGOAS. Presidente (José Martins Pereira de Alencastre) [Relatório ... 10 jun.1867] [s.n.t.]
5
Em cumprimento do art. 2º, § 7º do regulamento de 16 de abril de 1866, que rege este
estabelecimento, cabe-me, hoje, a honra de apresentar a V. S. um relatório
circunstanciado sobre os trabalhos da repartição a meu cargo, durante o ano que acabou
de expirar.
No desempenho deste rigoroso dever, procurarei, de acordo com a verdade, que muito
preso, e de modo que mais consentâneo for com a exiguidade de minhas luzes, expor a
V. S. tudo quanto, dentro desse lapso, ocorreu no referido estabelecimento.
BIBLIOTECA
Criada pela resolução provincial nº. 453, de 26 de junho de 1866, a biblioteca pública
desta capital conta, atualmente 2 081 exemplares de obras escritas em português, latim,
frances, inglês, alemão, espanhol, italiano, árabe e grego, compreendendo 2 632
volumes, além de 555 folhetos e 1366 estampas de botânica, distribuídos por nove
grandes estantes com dois gavetões cada uma. Desse número estão excluídos não só os
livros de que trata o ofício, que, em 14 de dezembro último, dirigi a V. S., em razão de
não ter sido, até hoje, autorizado o pagamento de despesa feita coma sua aquisição.
como também os relatórios, em numero de 980 volumes, dirigidos a assomblca
legislativa d'esta província por diversos presidentes, desde 18:3G a I860,' c que, de
ordem de V. ,S., estão sob minha guarda.
Acham-se truncadas algumas das obras dc que acima falo e outras (em número mui
diminuto) completamente deterioradas pela traça e pelo cupim; todavia, porém, muitos
desses livros, como já tive occasião do dizer a V. S., podem ser aproveitados, se, ainda
em tempo, forem novamente encadernados.
Mais de espaço enviarei a V. S. uma relação dos que estão neste caso.
TRABALHOS DA BIBLIOTECA
Hei envidado, sempre, os maiores esforços, afim dc que neste estabelecimento se
cumpra a letra do art. 2.° § § 1º. e 2°. do respectivo regulamento: e se alguma vez o
não tenho conseguido, como era de esperar, e isso devido, única e exclusivamente à
ecassez dos meios coercitivos de que posso dispôr.
Contudo, apraz-me dizer a V. S. que já não se reproduzem aqui os fatos altamente
vergonhosos, que deram motivos aos ofícios nº. 6 e 8, que, em data de 19 de fevereiro e
8 de março do 1866, enderecei a V. S.
Havendo sido pelo amanuense Sidronio Herculano de Santa Maria terminado, em
meados de outubro do ano próximo findo, o trabalho de relacionar todas as obras
contidas neste estabelecimento, não me foi absolutamente possível dentro do curto
espaço que me restava (pouco mais de um mes) e doente como, então, me achava,
organisar metodicamente mente o catálogo das preditas obras, com as necessárias
observações et. . - V. S., portanto, aquilatando devidamente as razões que acabo de
expôr, desculpar-me-lia, secundo conto, esta falta involuntária.
6
De 2 de janeiro a 7 de dezembro protérito, foi a biblioteca visitada por 432 pessoas, e
por estas lidas ou consultadas 446 obras, sendo, também, durante o mesmo prazo,
oferecidas ao referido estabelecimento, por intermédio da presidência da provinda, as
seguintes:Obras de João Francisco Lisboa, l exemplar em 4 volumes - Compilação das
leis provinciais do Ceará, compreendendo os anos de 1835 a 1861, pelo conselheiro
ioJosé Liberto Barroso, 1 exemplar em 4 volumes – Coleção das leis do Império do
Brasill, do ano de 1865, l exemplar em l volume - Coleção das decisões do Governo
Imperial, do mesmo ano, l exemplar em l volume – Catálogo da Exposição Nacional
de 1866, l exemplar cm um volume - e, finalmente, uma coleção, compreendendo o 1°.
E o 2º. ano do periódico frances – “Le Pantheon de l'Industrie et des Arts”, que,com
ofício do 4 de outubro último, me foi endereçada pela Secretaria de Estado dos
Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas.
O livro de registro, único que, por ora, se acha a cargo do amanuense, está em dia, e
nele lançados 30 ofícios, a saber: 28 dirigidos à inspetoria geral dos estudos da
província, e 2, a proprietários de empresas tipográficas nesta capital.
REFORMAS
No meu anterior relatório, tive a honra de expender a V. S. clara e francamente a minha
humilde opinião acerca dos defeitos e lacunas que tornam senão inexequível ao menos
tumultuario o regulamento desta repartição; e, então, apontei as medidas ou reformas
que, mais de momento, me pareceram dever ser adotadas.
Estas medidas ainda, até hoje, se não fizeram sentir; embora a experiência de mais um
ano me tenha vindo, intimamente, convencer de que, cada vez, se tornam elas mais
necessárias à boa ordem e moralidade do estabelecimento confiado aos meus cuidados;
o qual deve contar com a acção benéfica do poder competente, para elevar-se c pairar na
altura a que tem direito pelos inúmeros e bons serviços que já presta à mocidade
estudiosa desta capital.
Nesta expectativa, permita-mc V. S. que, por agora, não aduza argumento algum aos
que, sobre a questão, consignei no predito meu relatório.
PESSOAL DA BIBLIOTECA
Continuam a exercer os respectivos cargos os mesmos tres funcionários que já existiam;
todavia cumpre observar que, tendo sido exonerado, por portaria do presidente d
província, de 2 de março do ano próximo passado, o amamuense , Sidronio Herculano
de Santa Maria, e nomeado o porteiro Aprígio Justiniano Gomes de Mello, por ato de 31
do maio do referido ano, escrivão da agencia especial desta província na de
Pernambuco, foram as funções do primeiro preenchidas pelo cidadão Arthur Henriques
de Figueiredo Mello, de 4 de Março a 13 de junho, e as do segundo, por Gustavo
Martins de Almeida, de 6 a 13 do mesmo mes e ano, tempo em que foram os
mencionados funcionários reintegrados nos respectivos lugares, reassumindo o
exercício das ditas funções a 15, ainda, desse mes.
7
O amanuense, cujo atual procedimento, folgo de dize-lo, parece, prometer mais
diligência e assiduidade no cumprimento de seus deveres, deu, no decurso do ano que
findou, não compreendidos os três mses c meio de sua exoneração, quinze faltas: tendo
eu, apenas, conhecimento dos motivos de seis que, só, me foram comunicadas.
O porteiro deu, também, durante o referido ano, quarenta e três faltas, a saber : dez por
se achar ocupado nos trabalhos eleitorais desta paroquia - vinte c três, como membro da
qualificação de votantes - cinco, como membro, ainda, do conselho de revisão da
mesma qualificação - e, finalmente, cinco, por licença concedida pelo Exm. Snr.
presidente da província.
Faço votos, afim de que, no correr do ano vigente, não reapareceram as causas
promotoras de diferentes queixas, que, no passado, muito a meu pesar fui constrangido a
levar ao conhecimento de V. S., em mais de um ofício que lhe dirigi. Na consecução
deste meu desideratum, espero ser ajudado pela boa vontade, zelo e assiduidade de meus
companheiros, cm prol do serviço público.
Termino aqui, rogando a V. S. que se digne de suprir com sua esclarecida inteligência as
lacunas c imperfeições deste meu tosco esbôço que, com o nome de relatório, cabe-me,
hoje, a honra de endereçar a V. S.
Deus guardo a V. S. - Illm. Snr. Dr. Thomaz do Bomfim Espíndola, inspector geral dos
estudos da província. - O bibliotecário – professor - Filinto Elysio da Costa Cutrim4.
1868
A biblioteca, anexa ao Liceu, tendo pouco mais de três anos, conta 4 652 volumes, e foi
visitada por 342 pessoas de janeiro até hoje.
Só o dr. Alexandre José de Mello Moraes a tem enriquecido com mais de 3 000
volumes.
Está-se organizando ali um novo catálogo.
O inspetor dos estudos nota o inconveniente de servirem o praticante e o continuo
cumulativamente na secretaria as instrução, no Liceu e na biblioteca, que cumpre
regularizar de uma modo mais razoável, permitindo-se o ingresso à noite, em que pode
ser mais cômoda a leitura.
Tomareis na consideração que merecer a reclamação feita sobre a exigüidade de
vencimentos5.
1871
4 ALAGOAS. Presidente (1867-1868: Antonio Moreira de Barros) Relatório com que ao Exmo. Snr. Dr. Graciliano
Aristides do Prado Pimentel entregou a administração da província das Alagoas no dia 22 de maio de 1868 o Exmo.
Snr. Dr. Antonio Moreira de Barros. Maceió, Typographia do Jornal Alagoano, 1868.
8
A Biblioteca Pública da província continua no salão do Liceu sob a direção de um
bibliotecário.
Pelo professor da cadeira de inglês acaba de ser organizado o catálogo que encerra 1
475 obras, sendo:
144 sobre religião
148 sobre jurisdição
515 sobre ciências e artes
342 sobre letras
296 sobre história e geografia
Em 3 463 volumes dentre os quais 618 são brochados.
Os §§ 3º e 4º da lei nº. 524 desligou da biblioteca para o serviço da diretoria geral o
praticante e o contínuo.
Ficou, portanto, a mesma biblioteca com o bibliotecário somente para o serviço, o que
não é conveniente. Importa providenciar acerca da substituição desse funcionário,
quando impedido.
Na minha opinião o lugar de bibliotecário não pode ser exercido gratuitamente por um
dos lentes do Liceu, segundo a lei. Há injustiça em obrigar o lente a ter maior trabalho
que seus colegas, conservando os mesmos vencimentos que eles6.
1871
Em consequência da resolução provincial nº. 588, de 17 de junho último, a biblioteca
pública passou a ser dirigida por um bibliotecário, auxiliado por um amanuense.
Para o primeiro destes cargos nomeei o zeloso Dr. Posidônio de Mello Accioly, e para o
segundo o cidadão Francisco de Assis Pereira Jambo7.
1872
Em uma das salas do Liceu acha-se, como sabeis, a Biblioteca Pública.
5 ALAGOAS. Presidente (1868-1871: José Bento da Cunha Figueiredo Junior) Relatorio lido perante a Assembléa
Legislativa da provincia das Alagoas no acto de sua installação em 31 de outubro de 1868 pelo presidente da mesma,
o exm. snr. dr. José Bento da Cunha Figueiredo Junior. Maceió, Typ. Commercial de A.J. da Costa, 1868. p. 10
6 ALAGOAS. Presidente (1868-1871: José Bento da Cunha Figueiredo Junior) Relatorio lido perante a Assembléa
Legislativa da provincia das Alagoas no acto de sua installação em 3 de maio de 1871, pelo presidente da mesma, o
exm. snr. dr. José Bento da Cunha Figueiredo Junior. Maceió, Typ. Commercial de A.J. da Costa, 1871. p. 25.
9
Se todo o edificio do Liceu não tem as devidas acomodações para seus respectivos
misteres, quanto mais para uma biblioteca, em cujo compartimento se celebram as
sessões do Instituto Arqueológico.
Sendo nomeado por portaria de 19 de junho do ano passado, e em virtude da lei
provincial n. 588 de daquele mes, bibliotecário da biblioteca pública, o snr. dr.
Possidonio de Mello Accioli, em 23 do mês próximo findo determinei que ele prestasse
a fiança exigida pelo art. 11 do respectivo regulamento.
Procedendo-se, porém, ao exame e verificação do estado da biblioteca, afim de ter lugar
a fiança, verificou-se existir o seguinte:
Livros encadernados ou constantes do catalogo
: 2 804
Ditos om brochura: 609
Total: 3 413
Ditos ultimamente incluídos no catálogo:
Em brochura: 763
Encadernados; 70
Total: 833
Total dos volumes: 4 246
Sendo:
De teologia: 156 obras
De jurisprudência: 153 obras
De ciências e artes: 546 obras
De Belas letras: 332 obras
De História e geografia: 289 obras
Total: 1 476
7 ALAGOAS. Presidente (1868-1871: José Bento da Cunha Figueiredo Junior) Relatório com que ao Exmo. Snr.
Commendador Silvério Fernandes de Araújo Jorge, 1º vice-presidente, passou a administração desta província das
Alagoas o Exm. Snr. Commendador José Bento da Cunha Figueiredo Júnior no dia 2 de julho de 1871. Maceió: Typ.
Commercial de A. J. da Costa, 1871. p. 5.
10
Para se colocar este estabelecimento era condições de bem servir e no estado de
decência que se faz preciso, cumpre que autorizeis a presidência a despender alguma
quantia com a reforma, encadernação dos livros, compra de estantes etc8.
1872
Esta repartição [a Biblioteca Pública provincial] funciona no último andar do palacete
provincial, em virtude da lei nº. 629, de 16 de março último.
Seu pessoal compõe-se do bibliotecário Dr. Posidônio de Mello Accioly, e do
amanuense Francisco de Assis Pereira Jambo.
Contêm 4 671 volumes e acha-se arrumada em boa ordem9.
1874
A Biblioteca Pública Provincial continua a funcionar sob a direção do zeloso Dr.
Posidônio de Mello Accioly.
Apontar-vos-ia algumas medidas de primeira necessidade para este estabelecimento, se
o estado financeiro da província as pudesse satisfazer.
Durante o ano próximo findo foram recolhidos à biblioteca 364 volumes, doados por
cidadãos que por isso tornam credores de elogios10.
1875
As bibliotecas são instituições que se acham estreitamente ligadas à instrução pública, e
por isto são merecedoras das atenções da administração e representes do povo.
Não basta que as populações saibam ler e possuam institutos em que aprendam as
ciencias, artes e ofícios, ainda reclamam a fundação e existencia de livrarias públicas
8 ALAGOAS. Presidente (1871-1872: Silvino Elvidio Carneiro da Cunha) Relatorio lido perante a Assembléa
Legislativa da provincia das Alagoas no acto de sua installação em 7 de fevereiro de 1872 pelo presidente da mesma,
o exm. snr. dr. Silvino Elvidio Carneiro da Cunha. Maceió, Typ. Commercial de A.J. da Costa, 1872. p. 24-5.
9 ALAGOAS. Presidente (1871-1872: Silvino Elvidio Carneiro da Cunha) Relatorio lido perante a Assembléa
Legislativa da provincia das Alagoas no acto de sua installação em 7 de fevereiro de 1872 pelo presidente da mesma,
o exm. snr. dr. Silvino Elvidio Carneiro da Cunha. Maceió, Typ. Commercial de A.J. da Costa, 1872.
10 ALAGOAS. Presidente (1872-1874: Luiz Romulo Peres de Moreno) Relatorio com que o illm. e exm. snr. dr.
Luiz Romulo Peres de Moreno, presidente da provincia das Alagoas, installou a 1.a sessão da 20.a legislatura da
Assemblea Provincial no dia 15 de março de 1874. Maceió, Typ. do Jornal das Alagoas, 1874. p. 11.
11
providas de obras tão numerosas e variadas quanto úteis e ao alcançe de todas as classes
sociais.
Multiplicá-las por toda a província é um dever da administração, vosso e daqueles que
vos enviaram; e o melhor meio do conseguir semelhante desideratum está na prática do
principio de associação adaptado a este objeto.
Só a reunião dos vossos comitentes obterá o estabelecimento de bibliotecas nas diversas
localidades, já pela despesa da aquisição, já pelo conhecimento dos livros precisos, já
pelo uso e conservação dos mesmos; a administração saberá prestar-lhes a garantia
devida dará aos estatutos respectivos a autoridade e sansão convenientes.
Por enquanto tem a província quatro bibliotecas: a pública provincial, nesta capital, a do
Instituto Arqueológico, uma na cidade do Penedo e outra na cidade do Pilar, onde foi
inaugurada a 7 de setembro do ano passado.
A biblioteca pública não está em boas condições materiais quanto ao local em que
funciona e móveis para a conservação dos livros e cômodo dos visitantes. Em razão de
sua natureza deve ela ser útil aos leitores, pelo menos no espaço do tempo de 12 horas
durante o dia, inclusive os santificados.
Pelo relatório do bibliotecário tereis ciência de que, no correr do ano passado, foram
recolhidos 162 volumes, e que do exame a que ultimamente se procedeu, verificou-se
que existem 5 197 volumes que são: de teologia 494, de jurisprudência 481, de ciências
e artes 1 740, de belas letras 1 518, de história e geografia 961, além de 955 estampas da
Flora fluminense.
Em o ano que findou foi frequentada por 814 pessoas que compulsaram 488 volumes;
sendo as obras de belas letras e história e geografia as mais consultadas.
A do Instituto Arqueológico deve a sua existência aos préstimos e louvável zelo dos
dignos membros desta associação, pelo que é de esperar o desenvolvimento das
condições exigidas para o preenchimento de seu fim.
As do Penedo e Pilar estão pedindo mais animação e auxílio por parte dos habitantes
daquelas cidades.
Lembro-vos a utilidade de ficarem elas sujeitas à inspeção da directoria geral da
instrução pública, que, ao mesmo tempo, servirá de intermédio das suas relações com a
administração, que devidamente autorisada pode auxilia-las.
A vossa ilustração assaz compreende a vantagem da regularisação de institutos desta
ordem, contendo bons livros e bons jornais, cuja leitura seja gratuitamente a todos
facultada11.
11 ALAGOAS. Presidente (1874-1875:João Vieira de Araujo) Falla dirigida á Assembléa Legislativa da provincia
das Alagoas na abertura da 2.a legislatura em 15 de março de 1874 pelo doutor João Vieira de Araujo, presidente da
provincia. Maceió, Typ. do Jornal das Alagoas, 1875. p. 28-9.
12
1876
Biblioteca Pública Provincial
Continua a cargo do Dr. Possidonio de Mello Accioly.
Colocada em um dos salões do palacete da Assembléia Provincial, apenas se conserva
aberta durante as horas do expediente do Tesouro, que occupa a parte térrea do edifício.
Nestas circunstancias não pode tão útil estabelecimento preencher o fim de sua
fundação; converia destinar-se-lhe local apropriado.
No ano passado foram-lhe oferecidos 48 volumes de diversas obras.
Do exame a que se procedeu ultimamente em virtude do art. 5° da lei provincial n. 629
de 16 de março de 1872, verificou-se existirem ali 5 252 volumes, sendo, além de 955
estampas da Flora Fluminense:
De teologia: 494
Jurisprudência:
486
Ciências e artes: 1 769
Belas letras: 1 524
História e geografia: 979
Total: 5 252
No decurso do mesmo ano foi a biblioteca visitada por 1 017 pessoas, que
consultaram 705 volumes, sendo especialmente procuradas as obras de belas
letras, história e geografia.
Além desta biblioteca conta a província mais três, sendo a do Instituto Arqueológico e
as das cidades do Penedo e Pilar, todas em proporções ainda acanhadas12.
1877
Biblioteca Provincial
Este importante estabelecimento continua no salão que fica no 2º. andar do Palacete da
Asscmbléia Provincial, e que servo de galeria.
12 ALAGOAS. Presidente (1875-1876: João Thomé da Silva) Falla dirigida á Assembléa Legislativa das Alagoas
pelo exm. sr. presidente da provincia, doutor João Thomé da Silva, em 16 de março de 1876. Maceió, Typ. do Jornal
das Alagoas, 1876. p. 37.
13
Sendo este lugar menos apropriado aos fins que se teve em vista com a criação da
biblioteca, parece ser esta uma das causas da pequena frequência que ali se nota, pelo
que não corresponde aos generosos pensamentos que a instituíram, nem à dcspeza
anualmente feita para a sua conservação.
Funciona ainda sob a zelosa direção do dr. Possidonio de Mello Accioly.
Pela verificação a que ali procedeu ultimamente o 2° cscriturário do Tesouro Provincial,
Cândido Lodegario Pereira de Mello, existem em seus armários c estantes, além de 955
estampas da Flora Fluminense, os seguintes volumes :
Ciências e Artes
1 793
Belas Letras
1 530
Historia c Geografia
1 005
Teologia
494
Jurisprudência
488
5 31013
1877
Acha-se no goso de licença o respectivo bibliotecário, dr. Possidonio de Mello Accioly,
sendo substituído pelo amanuense Francisco de Assis Pereira Jambo.
O cidadão António Barboza de Moraes Cabral, nosso comprovinciano, ofereceu a este
estabelecimento em março último 66 volumes de diversas obras de autores nacionaes e
estrangeiros.
Os livros já fora recebidos no estabelecimento, conforme participou-me o amanuense.
É sempre agradável registrar actos que, como este, são dignos de apreço e louvável
imitação14.
1878
Biblioteca Pública
13 ALAGOAS. Presidente (1876: Caetano Estelita Cavalcanti Pessoa) Relatório com que ao Exmo. Snr. Dr. Pedro
Antonio da Costa Moreira, 1º. vice-presidente passou a administração da província das Alagoas o Exmo.
dezembargador Caetano Estelita Cavalcanti Pessoa no dia 26 de dezembro de 1876. Maceió: Typographia do Jornal
das ALAGOAS, 1877. p. 25.
14 ALAGOAS. Presidente (1876-1877: Pedro Antonio da Costa Moreira) Falla com que o illm. e exm. snr. 1.o vicepresidente, dr. Pedro Antonio da Costa Moreira, installou a segunda sessão ordinaria da vigesimaprimeira Legislatura
Provincial das Alagoas em 15 de abril de 1877. Maceió, Typ. do Jornal das Alagoas, 1877. p. 19.
14
Pouco tempo depois do assumir a administração visitei este estabelecimento, e nessa
ocasião notei que não podia satisfazer aos fins de sua instituição quanto era para desejar,
porque além de abrir-se somente de dia, e em horas em que a maior parte da população
não podia deixar suas ocupaçõcs, achava-se mal colocado no 2º. andar do palacete
provincial, lugar inconveniente e de fatigante acesso sendo por isso a biblioteca
frequentada quase exclusivamente por estudantes do Liceu.
Resolvi colocar este estabelecimento, que, aliás, possui obras de grando valor, nas
condições de prestar mais utilidade ao público.
Neste intuíto, reconhecendo ser muito deficiente o antigo regulamento, expedi outro em
23 de setembro último, em que estabeleci a obrigação de ser a bibliotecas aberta
também à noite como é costume em estabelecimentos semelhantes na corte e em todas
as demais províncias, a fim de aproveitar aos que por qualquer motivo estão
impossibilitados de frequentá-lo durante o dia.
Como, porém, para poder dar execução esta parte do regulamento não fosse possível
continuar no local cm que se achava, porque, sobre os inconveniente apontados, acrescia
o de ser a entrada para o estabelecimento pelo tesouro provincial, repartição que se
fecha às 3 horas da tarde, tive de mudar a biblioteca para um outro prédio e o mais
apropriado que encontrei foi um sobrado à rua da Imperatriz pertencente à Caixa
Comercial e pelo qual paga a província o aluguei anual de 400$000 rs.
Para aí foi efetivamente transferida a biblioteca, que já vai prestando a utilidade que tive
em vista, sendo visitada à noite.
Fica por este modo satisfeita uma necessidade geralmente sentida nesta capital15.
1879
Biblioteca Provincial
Continua sob a zelosa direção do Dr. Possidônio de Mello Accioly.
Durante o ano de 1878 a Biblioteca foi frequentada por 78$ pessoas, que folhearam 367
volumes, sendo as obras mais consultadas as de belas letras, história e geografia.
Pelo exame a que ultimamente se procedeu, em virtude do art. 5° da lei n. 629, de 16 de
Março de 1872, verificou-se existirem na Biblioteca 6 422 volumes de diversas obras,
sendo:
De teologia: 494
15 ALAGOAS. Presidente ( Relatório com que ao Exmo. Snr. Dr. José Torquato de Araújo Barros, 2º vicepresidente passou a administração da província das Alagoas o Exmo. Sr. Dr. Francisco de Carvalho Soares Brandão
presidente da mesma província a fim de tomar assento na Câmera dos Deputados. Maceió: Typ. Do Liberal, 1879. p.
17-8.
15
De jurisprudência: 503
De ciências e artes: 2 782
De belas-letras: 1 602
De historia e geografia: 1 041
Total: 6 422
Existem mais ali 955 estampas da «Flora Fluminense».
O meu honrado antecessor, Exm. Sr. Dr. Soares Brandão, deu à Biblioteca novo
regulamento, que ora é submetido à vossa aprovação, e ordenou fosse transferida do 2°.
andar do palacete, em que celebrais vossas sessões, para o prédio da Caixa Comercial, à
rua da Imperatriz.
As razões que teve para assim proceder, enunciou-as ele no relatório com que passou a
administração ao Exm. 2° Vice-Presidente.
“Julgo conveniente aqui transcrevê-las para vosso conhecimento:
Pouco tempo depois do assumir a administração visitei este estabelecimento, e nessa
ocasião notei que não podia satisfazer aos fins de sua instituição quanto era para desejar,
porque além de abrir-se somente de dia, e em horas em que a maior parte da população
não podia deixar suas ocupaçõcs, achava-se mal colocado no 2º. andar do palacete
provincial, lugar inconveniente e de fatigante acesso sendo por isso a biblioteca
frequentada quase exclusivamente por estudantes do Liceu.
Resolvi colocar este estabelecimento, que, aliás, possui obras de grando valor, nas
condições de prestar mais utilidade ao público.
Neste intuíto, reconhecendo ser muito deficiente o antigo regulamento, expedi outro em
23 de setembro último, em que estabeleci a obrigação de ser a bibliotecas aberta
também à noite como é costume em estabelecimentos semelhantes na corte e em todas
as demais províncias, afim de aproveitar aos que por qualquer motivo estão
impossibilitados de frequentá-lo durante o dia.
Como, porém, para poder dar execução esta parte do regulamento não fosse possível
continuar no local cm que se achava, porque, sobre os inconveniente apontados, acrescia
o de ser a entrada para o estabelecimento pelo tesouro provincial, repartição que se
fecha às 3 horas da tarde, tive de mudar a biblioteca para um outro prédio e o mais
apropriado que encontrei foi um sobrado à rua da Imperatriz pertencente à Caixa
Comercial e pelo qual paga a província o aluguei anual de 400$000 rs.
Para aí foi efetivamente transferida a biblioteca, que já vai prestando a utilidade que tive
em vista, sendo visitada à noite.
16
Fica por este modo satisfeita uma necessidade geralmente sentida nesta capital”16.
1880
Biblioteca Pública
Continua no sobrado n. 37, à rua da Imperatriz.
O digno Bibliotecário Dr. Possidônio do Mello Accioly não considera aquele prédio o
mais apropriado a um Estabelecimento desta ordem, já por ser escasso do luz durante o
dia, já pelo excessivo calor que ali se sofre pelo verão.
Insiste pela reforma da mobília e aquisição de mais algumas peças indispensáveis, assim
como pelo fornecimento de uma estante nova, cuja falta é bastante sensível na
Repartição.
O catálogo não ficou terminado o ano passado, faltando somente serem nele incluídas as
obras brochadas.
Existem na Biblioteca, sem contar com as 955 estampas da Flora Fluminense, 6 480
volumes de diversas obras, a saber :
De teologia: 494
De jurisprudência: 513
De ciências e artes: 2 807
De belas-letras: 1 613
De história e geografia: 1 053
Total: 6 480
Durante o ano findo foi a Biblioteca freqüentada por 716 pessoas, que folhearam 633
volumes, sendo as obras de belas-letras e de historia e geografia as mais consultadas17.
1882
16 ALAGOAS. Presidente (1878-1880: Cincinnato Pinto da Silva)Falla com que o exm. snr. dr. Cincinnato Pinto da
Silva, presidente da provincia, installou a 2a Legislatura Provincial das Alagoas em 30 de abril de 1879. Maceió, Typ.
do Liberal, 1879.
17 ALAGOAS. Presidente (1878-1880: Cincinnato Pinto da Silva) Falla com que o exm. snr. dr. Cincinnato Pinto da
Silva, presidente da provincia, installou a 1a sessão ordinaria da 23a Legislatura Provincial das Alagoas em 16 de
abril de 1880. Maceió, Typ. do Liberal, 1880. p. 17.
17
Achando-se vago o lugar de amanuense da biblioteca, em conseqüência do falecimento
do cidadão que o exercia, nomeei por ato de 27 de fevereiro último para preenchê-lo o
Narcizo Simões de Souza, que me persuado nas condições de desempenhar bem o
lugar18.
O Bibliotecário insta pela reforma da mobília da biblioteca o pela fatura do algumas
estantes, uma vez que por falta delas existem amontoados muitos livros.
É urgente a encadernação de diversas obras o a demora desse serviço concorrerá para
sua inutilizarão.
Convém que marqueis anualmente uma quota para encadernarão de livros e compra de
talões, que se fazem precisos para o acondicionamento dos jornais recebidos de diversas
Províncias do Império.
Durante o ano próximo findo foi frequentada a biblioteca por 692 pessoas, que
compulsaram 207 obras, sondo as reais consultadas as de belas-letras, ciências e artes,
historia e geografia.
Segundo o exame a que se procedeu ultimamente, verificou-se existirem na mesma
biblioteca além de 933 estampas da Flora Fluminense, 6 936 volumes de diversas obras,
a saber :
De Teologia: 495
De Jurisprudência: 522
De ciências e artes: 2 901
De belas-letras: 1 934
De história e geografia: 1 084
Total: 6 93019.
1883
Biblioteca Provincial
18 ALAGOAS. Presidente (1880-1882: José Eustáquio Ferreira Jacobina) Relatório com que ao Exmo. Snr. Dr.
Cãndido Augusto Pereira Franco 1º vice-presidente passou a administração da província das Alagoas o Exmo. Snr.
Dr. José Eustáquio Ferreira Jacobina em 26 de fevereiro de 1882. Maceió: Typ. Do Liberal, 1882. p. 9.
19 ALAGOAS. Presidente (1882: José Barbosa Torres) Relatorio apresentado á Assembléa Legislativa Provincial das
Alagoas na primeira sessão ordinaria da vigesima quarta legislatura no dia 16 de abril de 1882 pelo exm. snr.
presidente, dr. José Barbosa Torres. Maceió, Typ. do Diario da Manhan, 1882. p. 24.
18
Continua a frente deste estabelecimento o digno e zeloso Bibliotecário dr. Possidônio de
Mello Accioly, que insiste em pedir a reforma do diversos livros que necessita de nova
encadernação, talões para acondicionamento do jornais e algumas estantes.
Conforme lembra o mesmo Bibliotecário, é de vantagem para a conservação dos livros
substituírem-se as vidraças das respectivas estantes por grades de arame.
Queixa-se este funcionário da falta de mobília a das condições pouco apropriadas do
prédio para o fim a que está destinado.
No ano próximo passado entraram para o estabelecimento 43 volumes de diversas
obras
Do exame a que se procedeu ultimamente verificou-se existirem 6 979 volumes, sendo:
De belas-letras: 1 930
De história e geografia: 1 104
De ciências e artes: 2 916
De Jurisprudência: 593
De Teologia: 493
Total: 6 679
Existem também 935 estampas da Flora Fluminense junto aqueles volumes, perfazem 7
933
No mesmo ano frequentaram o estabelecimento 319 pessoas que folhearam 612
volumes, sendo as obras mais consultadas as seguintes:
Belas-letras: 493
Ciências e artes: 61
História e geografia: 43
Jurisprudência: 523
Teologia: 493
Total: 61220.
20 ALAGOAS. Presidente (1882-1883: Joaquim Tavares de Mello Barreto) Falla com que o exm. snr. presidente, dr.
Joaquim Tavares de Mello Barreto, abriu a 2.a sessão da 24.a legislatura da Assembléa Legislativa Provincial das
Alagoas em 15 de abril de 1883. Maceió, Typ. do Diario da Manhan, 1883. p. 14
19
Nota: números ilegíveis
1884
Biblioteca provincial
Em seu relatório indica o digno dr. bibliotecário como necessidades mais urgentes a
satisfazerem-se na Biblioteca Pública:
Nova encadernação de grande número de livros;
Aquisição de certas obras e de algumas estantes para melhor acomodação dos volumes;
A substituição das vidraças das estantes por arames, conseguindo-se deste modo a
penetração constante do ar para conservação dos livros;
A reforma da mobília ou compra de outra, visto como a existente, além de insuficiente
acha-se em mal estado;
E finalmente pede a criação dos lugares de porteiro e servente.
Nas condições em que se tem mantido a Biblioteca não satisfaz plenamente aos grandes
intuitos de sua criação.
À situação da casa; a luz de querosene, imprópria para estudo, com a qual ali se
encontra o visitante à noite; a falta notável de muitas ou quase todas as obras modernas;
tudo isto necessariamente há concorrido para não se tornar mais animadora a frequência
do estabelecimento.
Durante o ano próximo passado foi ele visitado por 819 pessoas, que folhearam 823
volumes, senda:
De Belas-Letras - 633
De Ciências e Artes – 58
De História Geografia - 125
De Jurisprudência - 5
De Teologia - 2
Total - 823
No mesmo ano entraram para a Biblioteca 59 volumes, verificando-se existirem ao lodo
7 038 de diversas obras, a saber:
De Belas-Letras – 1 949
De Ciências e Artes – 2 955
De História Geografia – 1 112
20
De Teologia - 495
De Jurisprudência - 527
Total – 7 038
Além destes volumes existem mais 935 estampas da Flora Fluminense.
Não é justo que se deixe definhar uma instituição que é em toda a parte a atestado
eloquente da civilização e do progredir dos povos.
E, pois confio que vós, os dignos e ilustres representantes desta generosa Província, não
recusareis a vossa preciosa atenção ás necessidades daí Biblioteca Provincial21.
1885
Biblioteca Provincial
Este estabelecimento continua sob a direção do Dr. Possidonio de Mello Accioly que
insta pela encadernação de grande número de obras e pela substituição das vidraças das
respectivas estantes por grades de arame.
Pede ainda aquele funcionário que se faça aquisição de certas obras que não possui a
Biblioteca e de mais algumas estantes, e, para melhor regularidade do serviço, pede
também a criação dos lugares de Porteiro e Servente.
Durante o ano de 1884 foram oferecidos á Biblioteca 62 volumes de diferentes obras.
Do exame a que se procedeu ultimamente verificou-se existirem ali 7 100 volumes,
sendo:
De belas-letras – 1 967
De ciências e artes - 2.987
De historia e geografia -1 119
De jurisprudência - 532
De teologia - 495
Total - 7.100
Existem mais 955 estampas da Flora Fluminense, que reunidas àqueles volumes
perfazem o número de 8 055.
21 ALAGOAS. Presidente (1883-1884: Henrique de Magalhães Sales)Falla com que o exm snr. presidente, dr.
Henrique de Magalhães Sales, abriu a 1.a sessão da 25.a legislatura da Assembléa Legislativa Provincial das Alagoas
em 17 de abril de 1884. Maceió, Typ. do Diario da Manhan, 1884. p. 13.
21
A frequência dos leitores no mesmo ano, segundo o relatório do dito bibliotecário, foi
de 598 pessoas, que folhearam 598 volumes, sendo as obras mais lidas e consultadas as
seguintes:
De belas-letras - 417
De historia e geografia - 100
De ciências e artes - 58
De jurisprudência - 19
De teologia - 2
Total - 59622.
1886
Biblioteca Provincial
No intuito de realizar mais uma economia em favor dos cofres provinciais, encarreguei
o engenheiro da província de examinar se o 1º. andar da parte do palácio da presidência
outrora ocupada pela tesouraria de fazenda oferecia os cômodos necessários para nele
funcionar a biblioteca provincial.
Informou o engenheiro por ofício de 12 do mês próximo findo que o dito primeiro andar
tinha espaço, claridade e ventilação suficientes para o destino que a presidência lhe
queria dar sem haver, além disso, necessidade de reparos; porque o prédio se achava em
estado de receber a biblioteca.
De posse desta informação dei conhecimento ao exm. snr. Ministro do Império da
aplicação que pretendia dar, se S. exc. não entendesse o contrario, aquela parte
desaproveitada do palácio da presidência, há muito sem serventia por não se prestar a
misteres domésticos, assim como a vantagem que iria a província auferir de semelhante
medida.
O exm. ministro, por telegrama de 18 de fevereiro, aprovou a projetada medida,
autorizando assim a economia que a presidência tinha em vista realizar.
Conseguida a anuência daquele ministério, tendo verificado pelo contrato de locação do
prédio em que se achava a biblioteca, que à província cabia o direito de rescisão do
mesmo contrato em qualquer tempo que viesse a ter um prédio seu para semelhante fim,
o que tanto importava a aquisição gratuita que acabava de realizar-se pela cessão do
22 ALAGOAS. Presidente (1884-1885: Antonio Tiburcio Figueira) Falla com que o exm. snr. presidente, Dr. Antonio
Tiburcio Figueira, abrio a 2.a sessão da 25.a legislatura da Assembléa Legislativa Provincial das Alagoas em 16 de
abril de 1885. Maceió, Typ. do Diario da Manhan, 1885. p. 12.
22
exm. ministro, resolvi, por ato de 20, a transferência da repartição do prédio da caixa
comercial, pelo qual pagava a província o aluguel anual de 400$000 rs., para o dito 1.°
andar, onde já se acha ela funcionando desde o dia 1.º do corrente mês, segundo
comunicação do bibliotecário.
Com a medida da transferência da biblioteca coincidiu outra em favor do estado
precário dos cofres.
Vendo por um mapa ministrado pelo dr. bibliotecário que a frequência noturna não
excedeu de 30 pessoas em lodo o decurso do ano próximo passado, não correspondendo
assim ao acréscimo de despesa a que ela dava lugar, (cerca de 14$000 rs. mensais), tive
por conveniente abolir no mesmo ato aquela frequência, determinando que a biblioteca
passasse a ser franqueada ao público das 9 horas da manhã às 3 da tarde, aumentando
destarte o tempo da frequência diurna com o que era destinado à noturna23.
1887
Biblioteca Provincial
O digno Bibliotecário, Dr. Possidônio de Mello Accioly, pede a consignação de uma
quota no orçamento para reforma da mobília desta repartição e aquisição de novas
estantes para melhor acomodação dos livros.
Expõe também a conveniência de ser a Biblioteca habilitada com os necessários meios
afim de obter obras modernamente publicadas sobre os principais ramos da ciência, e
tomar assinaturas de revistas científicas que se publicam em países adiantados da
Europa.
Durante o ano passado foram remetidos para uso da Biblioteca 40 volumes de diferentes
obras, os quais vieram elevar o numero dos existentes a 7 572.
Esses volumes são :
De Teologia - 501
De Ciências e artes - 3.171
De Jurisprudência - 375
De História e geografia - 1 266
De belas-letras - 2.039
23 ALAGOAS. Presidente (1885-1886: Amphilophio Botelho Freire de Carvalho) Relatório com que o Exmo. Sr. Dr.
Amphilophio Botelho Freire de Carvalho passou a administração da província ao Exmo. Sr. Presidente Dr.
Geminiano Brasil de Oliveira Goes em 26 de março de 1886. Maceió: Typographia do Cônego Antonio José da
Costa, 1886. p. 90-1.
23
Total - 7572
Possui mais a Biblioteca 935 estampas da Flora Fluminense.
Foi frequentada no decurso do ano de 1886 por 2 153 leitores, que consultaram 2 181
volumes, sendo mais procuradas as obras de belas-letras24.
1888
Biblioteca Provincial
Estabelecida em um dos compartimentos do prédio que serve de Palácio do Governo,
continua a cargo do bibliotecário Dr. Possidônio de Mello Accioly.
Insiste este funcionário em que seja consignada no orçamento provincial quota para a
despesa com a reforma da mobília daquele estabelecimento e novas estantes para
acomodação dos livros, e lembra a conveniência de habilitar-se a Biblioteca com a
precisa autorização para fazer aquisição de obras mais modernas sobro vários ramos de
ciência, e para assinar as revistas das sociedades científicas dos mais cultos países.
Existiam na mesma Biblioteca até fim de janeiro deste ano 9 159 volumes sobre:
Ciências e artes – 3 192
belas-artes – 2 068
Historia e geografia – 1 271
Jurisprudência - 578
Teologia - 501
Total – 7 610
Estampas da flora fluminense - 955
Coleção de diversos jornais - 594
Total - 9.159
Franqueada ao público nos dias úteis, das 8 da manhã às duas da tarde, foi freqüentada
durante o ano próximo passado por 1 329 pessoas, que folhearam 1 359 volumes de
obras, em sua maioria, de Belas-Artes, além de crescido número de jornais25.
1889
24 ALAGOAS. Presidente (1886-1887: José Moreira Alves da Silva) Falla com que o exm. snr. Dr. José Moreira
Alves da Silva abriu a 2a sessão da 26a legislatura da Assembléa Provincial das Alagoas em 15 de abril de 1887.
Maceió, Typ. do Conego Antonio José da Costa, 1887. p. 9
24
Biblioteca Pública Provincial
Tendo falecido o doutor Possidônio de Mello Accioly, que exercia o lugar de
Bibliotecário, por ato de 13 de dezembro próximo findo nomeai para o mesmo lugar o
doutor António Francisco de Gouveia, que em data de 13 daquele mês prestou
juramento e entrou em exercido.
Devendo esse funcionário assinar perante o Tesouro provincial o termo de
responsabilidade de que trata o art. 629 de lº. de março de 1872, solicitou a designação
de um empregado de fazenda para proceder á verificação dos livros existentes na
referida Biblioteca.
Oficiei ao Tesouro no sentido da solicitação26.
AMAZONAS
1870
Em 1870, o presidente da Assembleia Legislativa manifesta ao presidente da província,
João Wilkens de Mattos (1860-1870), a ideia de estabelecer em uma sala do Liceu um
gabinete de leitura “para os alunos do mesmo estabelecimento e quaisquer outras
pessoas que o quiserem freqüentar”. Com esse objetivo solicitou a generosidade “dos
amigos das letras” por meio de doações de obras impressas e manuscritos.
O presidente, reconhecendo a grande utilidade da ideia, por meio de comissões
compostas de “cidadãos prestimosos” da capital e dos povoados, procurou obter fundos
para a compra de livros, preferindo os que tratam do Amazonas. Disse esperar “receber
os auxílios que os amigos do progresso moral da província prometem prestar”. À
Assembleia foi solicitada a “consignação da exígua quantia de 300$00 réis para a
aquisição de livros”27.
25 ALAGOAS. Presidente (1888-1889: José Cesario de Miranda Monteiro de Barros) Falla com que o exm. snr. dor
José Cesario de Miranda Monteiro de Barros abriu a 1a sessão da 27a Legislatura da Assembléa Provincial das
Alagoas em 6 de outubro de 1888. Maceió, Typ. do Conego Antonio José da Costa, 1888. p. 15.
26 ALAGOAS. Presidente (1888-1889: José Cesario de Miranda Monteiro de Barros) Relatorio com que ao exm. sr.
Dr. Aristides Augusto Milton, passou a administração da Provincia das Alagoas o exm. sr. dr. José Cesario de Miranda
Monteiro de Barros em 6 de janeiro de 1889. Maceió, Typ. do Conego Antonio José da Costa, 1889. p. 8
27 AMAZONAS. Presidente (1860-1870: João Wilkens de Mattos) Relatório lido pelo exm° sr. presidente da
província do Amazonas, tenente-coronel João Wilkens de Mattos, na sessão d'abertura da Assembléa Legislativa
Provincial á 25 de março de 1870. Manaos: Typ. do Amazonas de Antonio da Cunha Mendes, 1870. p. 42.
25
1871
No dia 19 de março de 1871 foi inaugurada a Biblioteca Pública da Província. A sua
direção ficou, provisoriamente, a cargo do secretário e sob a imediata direção da
Diretoria da Instrução Pública.
O presidente solicita à Assembleia um maior quantitativo do que o decretado no vigente
orçamento para a compra e conservação dos livros. É proposta a gratificação de
400$000 e 300$000 para o bibliotecário e o porteiro, respectivamente28.
1872
Em 1872, a biblioteca dispunha de um “catálogo circunstanciado dos livros e
manuscritos” e de um regimento e regulamento29.
1877
O relatório de 1877 registra que a biblioteca do Liceu que se encontrava instalada no
Palacete Provincial, estava em “lamentável estado”. Constava-se o desaparecimento de
diversos livros. Alguns trabalhos de melhoria foram realizados
O Liceu, a Secretaria da Instrução Pública e a biblioteca acham-se estabelecidos no
pavimento térreo do edifício denominado Palacete Provincial30.
1878
A pequena biblioteca que conta a província está a cargo da Diretoria da Instrução
Pública e ocupa grande espaço da sala em que funciona a secretaria.
É necessária a substituição das estantes.
É insuficiente o pessoal para o serviço de conservação dos livros e os trabalhos da
secretaria31.
28 AMAZONAS. Presidente (1870-1872: José de Miranda da Silva Reis) Relatorio que á Assembléa Legislativa
Provincial do AMAZONAS apresentou na acta da abertura das sessões ordinarias de 1871, o presidente, bel. José de
Miranda da Silva Reis. Manáos: Typ. do AMAZONAS de Antonio da Cunha Mendes, 1871. p. 5-6.
29 Anexo nº 3: Instrução Pública. In: AMAZONAS. Presidentes (1870-1872; José de Miranda Silva Reis) Relatorio
apresentado a Assembléa Legislativa Provincial do Amasonas na primeira sessão da 11.a legislatura no dia 25 de
março de 1872 pelo presidente da provincia, o exm.o sr. general dr. José de Miranda da Silva Reis. Manáos, Typ. de
Gregorio José de Moraes, 1872. p. 14
30 AMAZONAS. Presidentes (1876-1877) Domingos Jacy Monteiro) Relatorio apresentado ao exm.o sr. dr.
Agesiláo Pereira da Silva, presidente da provincia do Amazonas pelo dr. Domingos Jacy Monteiro, depois de ter
entregue a admimistração [sic] da provincia em 26 de maio de 1877. Manáos, Typ. do Amazonas de José Carneiro
dos Santos, 1878. p. 49.
26
1883
A lei do orçamento provincial para o ano financeiro de 1882-1833 consigna a verba de
6:000$000 réis para gastos de pessoal, expediente e compra de utensílios para uma
biblioteca provincial.
O presidente louva a medida como um meio de “derramamento da instrução” que traduz
“os verdadeiros sentimentos de quantos se interessam pelo desenvolvimento intelectual
da província”.
Uma comissão de “distintos cavaleiros” aceitou o encargo de angariar donativos para a
biblioteca.
Com o auxilio de Ministério da Fazenda, foram adquiridos livros na Europa cujo
pagamento foi realizado por meio da delegacia do tesouro em Londres.
A seleção dos livros foi realizada por Benjamim Franklin Ramiz Galvão, ex-diretor da
Biblioteca Nacional. A encomenda foi realizada em Paris com o auxilio do
representante brasileiro na França, Manuel Antonio da Rocha Freire, visconde de Nioac.
Foram adquiridos na livraria B. L. Garnier, localizada no Rio de Janeiro, grande número
de obras de autores nacionais e raridades sobre a província do Amazonas, coma
indicação do conselheiro Franklin Dórea.
Da antiga biblioteca do Liceu provincial aproveitaram-se vários volumes de boas obras,
mas quase todos estragados.
Instala-se a “Biblioteca Pública Provincial do Amazonas” no dia 25 de março, com
cerca de quatro mil volumes e à custa exclusivamente de donativos particulares.
“A província do Amazonas celebra com a abertura de mais um estabelecimento de
instrução o aniversário da Constituição política do Império”.
A biblioteca funciona provisoriamente em um dos consistórios da igreja matriz da
Conceição.
É solicitada a autorização para a construção de um edifício apropriado. “Um edifício
simples, pouco aparatoso, mas com melhores acomodações, em um dos terrenos
pertencentes à província, não poderá exceder de 40 a 50 contos” avalia o presidente.
No dia 8 de março foi expedido o regulamento da biblioteca e nomeado no dia 5 para o
cargo de bibliotecário Lourenço Pessoa. Para o de porteiro, foi nomeado o tenente
Miguel Pereira Franco32.
1884
31 Anexo C. In: AMAZONAS. Presidentes. (1878-1879: Rufino Enéas Gustavo Galvão) Falla com que abrio no dia
25 de agosto de 1878 a 1.a sessão da 14.a legislatura da Assembléa Legislativa Provincial do Amazonas o exm.o sr.
Barão de Maracajú, presidente da provincia. Manáos: Typ. do Amazonas, 1878. p. 2
27
A biblioteca continua funcionando com regularidade em um dos consistórios da igreja
matriz da Conceição.
A sua freqüência até o mês de dezembro foi de 1 900 pessoas, conforme a demonstração
seguinte:
Março – 122
Abril – 244
Maio – 208
Junho – 176
Julho – 226
Agosto – 243
Setembro – 130
Outubro – 141
Novembro – 200
Dezembro - 210
O presidente não apresenta como desejava o catálogo da biblioteca, não obstante as
reiteradas recomendações ao bibliotecário que se desculpava pela não elaboração. É um
“trabalho importantíssimo e que não pode ser adiado” afirmou.
Por ato de 8 do foi exonerado do cargo de bibliotecário Lourenço Pessoa e nomeado par
substituí-lo Antônio Manuel de Souza e Oliveira.
O presidente não apresenta como desejava o catálogo da biblioteca, não obstante as
reiteradas recomendações ao bibliotecário que se desculpava pela não elaboração. É um
“trabalho importantíssimo e que não pode ser adiado” afirmou.
A biblioteca recebe doações de 217 cidadãos.
São encadernados livros na oficina do Instituto Amazonense.
O orçamento consigna a verba de 40:000$000 réis para a construção de um edifício
especial para a biblioteca.
É aberta concorrência para a apresentação do projeto.
Apresenta-se um único projeto de autoria dos engenheiros João Carlos Antony e John
Moreton.
Após as modificações propostas, foi mandado em 6 de outubro chamar a concorrência
por dois meses para arrematação das obras33.
1884
32 AMAZONAS. Presidente(1882-1884: José Lustosa da Cunha Paranaguá) Relatorio apresentado á Assembléa
Legislativa Provincial do Amazonas na abertura da segunda sessão da decima sexta legislatura em 25 de março de
1883 pelo presidente, José Lustosa da Cunha Paranaguá. Manáos: Typ. do Amazonas, 1883. p. 33-34.
28
Por ato de 8 do corrente foi exonerado do cargo de porteiro da biblioteca Miguel Pereira
Franco e nomeado para substituí-lo Florêncio Firmino do Monte.
Na mesma data foi exonerado do cargo de bibliotecário Lourenço Pessoa e nomeado par
substituí-lo Antonio Manuel de Souza e Oliveira34.
1884
O relatório do novo bibliotecário, datado de 8 de julho de 1884, apresenta as seguintes
considerações:
Iniciou o exercício no dia 20 de março. O cargo foi recusado no início e aceito
posteriormente devido as articulações de correligionários políticos. Foi exercido de
forma voluntária no intuito de prestar serviços à província.
O bibliotecário procura dar nova direção aos serviços da biblioteca no sentido de “darlhe o impulso e o desenvolvimento compatíveis com uma instituição tão instrutiva,
eminentemente democrática da qual a esperar o maior auxilio a instrução Pública e as
letras pátrias”.
Considerando a insuficiência de pessoal e desejando elevar a biblioteca à “altura a que
ela tem direito por força de sua missão civilizadora”, solicita ao presidente da província
que apresente à Assembleia Provincial o pedido de criação dos cargos de ajudante de
bibliotecário e de amanuense. Foi criado apenas o cargo de amanuense.
Foi realizada completa reorganização dos livros que se encontravam “sem ordem e
classificação”. O plano seguiu “as práticas estabelecidas e os melhores dados colhidos
dos catálogos das bibliotecas das nações cultas”. Foi uma tarefa penosa: “tive de passar
dias e semanas inteiras no trabalho insano de organização e arrumação dos livros, tendo
em vista a natureza e qualidade das obras, a sua matéria e estudos, sendo obrigado a
subir escadas, a expor-me ao pó que peja as prateleiras, e os insetos e teias de aranha
que nelas se encontravam”, relata o bibliotecário.
Inexiste o catálogo da biblioteca. Existe, em forma de catálogo, uma relação dos livros
que a biblioteca possui, elaborada pelo oficial da Secretaria do Governo, Gentil
Rodrigues de Souza, no período de oito dias em atendimento a determinação dada pelo
anterior presidente Dr. José Paranaguá.
33 AMAZONAS. Presidente. (1882-1884: José Lustosa da Cunha Paranaguá) Relatório com que o presidente da
província do Amazonas Dr. José Lustosa da Cunha Paranaguá entregou a administração da mesma província ao 1º
vice-presidente coronel Guilherme José Moreira em 16 de fevereiro de 1884. Manaos: Typ. Do Amazonas, 1884. p.
19.
34 AMAZONAS. Presidente. (fev.1884-mar. 1884: Guilherme José Moreira) Exposição com que o Coronel
Guilherme José Moreira 1.o vice-presidente da província do Amazonas entregou a administração da mesma ao
presidente, dr. Theodoreto Carlos de Faria Souto em 11 de março de 1884. Manáos, Typ. do Amazonas, 1884. p. 5.
29
Foi realizada limpeza do edifício, removendo caixões nos quais se encontrava livros em
estado de podridão. Foi iluminada a entrada do edifício e reparado o telhado com a
remoção de goteiras.
Foram enviados para encadernação 105 volumes ao Instituto dos Educandos, e 105 à
tipografia do Amazonas. “Além de ser de agradável aspecto a uma biblioteca ter as suas
prateleiras cheias de livros encadernados, é de utilidade e de boa economia a
encadernação deles, para que não se estraguem”, afirma o bibliotecário”. “Muitas são as
obras que precisam ser encadernadas, e urge que o sejam com a maior presteza, para
não serem destruídas pelos insetos que abundam nesta província, e pela umidade
inerente a natureza do seu solo”, conclui.
A biblioteca possui para cima de 5 000 volumes, três mil encadernados e dois em
brochura. “Consta-me que maior devia ser o seu número, pois da antiga biblioteca, que
desapareceu da noite para o dia, restam apenas alguns volumes, havendo notícia vaga do
desaparecimento na noite dos tempos”, registra o bibliotecário.
A biblioteca é carente de jornais e revistas. Recebe somente com regularidade, o
Commercio do Amazonas e e de forma irregular o Amazonas e o Jornal do Amazonas.
“Em toda e qualquer biblioteca ou gabinete de leitura uma das leituras mais amenas e
convidativas, e que chama maior concorrência, é certamente a dos jornais e revistas”,
afirma o bibliotecário. O jornal, além de ser um elemento de instrução de fácil
compreensão ao alcance de todos, de propaganda, de ordem, de segurança, de paz, de
correção dos vícios, de regeneração de costumes, de repressão de delitos, pão da luz,
quotidiano da inteligência, primeiro alimento do espírito ao despertar da manhã, antes
que se entreguem aos labores da vida social, atirahe pelas notícias e pela variedade dos
assuntos de interesse locais”. “Compreende-se que as inteligências ardentes da sede de
saber que acompanham o movimento sociológico e as evoluções científicas que se
opera, busquem com avidez saber o que vai pelo mundo das ciências e das descobertas
engenhosas”.
Com o fim de atrair mais frequentadores o bibliotecário envia cartas à editores em todo
o pais solicitando o envio de revistas e jornais e espera enriquecer a biblioteca com o
melhor que se publica no Império.
Convém o quanto antes que seja construído um estabelecimento apropriado para a
biblioteca “segundo os modelos fornecidos pelas nações cultas”, insta o bibliotecário. É
conveniente “que o governo provincial seja solicito em acudir as necessidades públicas
e em promover os melhoramentos da província e volva olhos de patriotismo e de quem
compreende a sua elevada missão, para esta instituição democrática que assenta em
bases edificantes e regeneradoras dos costumes a cuja sombra se reconstituem se
avigoram as inteligências que enveredam pela estrada do futuro”, proclama o
bibliotecário.
Deve-se dar mais largueza e extensão às atribuições do bibliotecário e fornecer-lhe os
elementos indispensáveis para a realização de suas atribuições. Como dirigente de um
laboratório de ideias, deves-se incita-lo, estimula-lo, cerca-lo de prestigio, considera-lo
não como um ministrador de livros, mas como um chefe de um cometimento, de uma
propaganda instrutiva, como um instrutor enfim de quem se exige conhecimentos
30
variados, que se recomenda pelo seu amor ao estudo dedicado, solicito capaz de
desempenha-se da árdua tarefa de solver as dificuldades de preencher os vácuos que a
ignorância e a incúria semeiam no caminho da civilização.35
1885
Por conveniência do serviço foram exonerados no dia 19 de outubro dos cargos de
amanuense e de porteiro da biblioteca José Francisco Soares Sobrinho e Florêncio
Firmino do Monte. Foram nomeados em substituição Abel Guimarães e Luiz Pereira da
Silva36.
1885
A biblioteca encontra-se em ordem e aceiada “graças ao cuidado e esforços do bacharel
Antônio Manuel de Souza e Oliveira”. A seu pedido foi exonerado do cargo no dia 9
deste mês. Em sua substituição foi nomeado o professor Carlos Pereira de Pinho.
Foi suspensa a encadernação de livro por falta de recursos37.
1886
A biblioteca continua a funcionar no consistório da matriz de N. S. da Conceição sob a
direção do bibliotecário Carlos Pereira de Pinho.
Está sendo concluído o catálogo da biblioteca.
A freqüência à biblioteca aumenta: no ano de 1884 foram 2 038 leitores e no de 1885 o
número elevou-se a 2 752, notando-se, portanto, o acréscimo de 71438.
35 Bibliotheca Pública. In: AMAZONAS. Presidentes (mar. 1884-jul.1884: Theodoreto Carlos de Faria Souto)
Exposição com que o ex-presidente da província do Amazonas Dr. Theodoreto Carlos de Faria Souto, entregou a
administração da mesma ao Tenente-Coronel Joaquim José Paes da Silva Sarmento, em 12 de julho de 1884. Manaós:
Typ. Do Amazonas, 1885. p. 17-19. (Relatório do bibliotecário A. M. de Souza e Oliveira, em 8 de julho de 1884)
36 AMAZONAS. Presidente (set. 1885-out.1885: Clementino José Pereira Guimarães) Exposição com que o exmo.
Sr. 1º vice-presidente tenente-coronel Clementino José Pereira Guimarães passou a administração da provinncia ao
Exm. Sr. Dr. Ernesto Adolpho de Vasconcellos Chaves em 28 de outubro de 1885. [s.n.t.]
37 AMAZONAS. Presidente (1884-1885:José Jansen Ferreira Junior) Falla que o exm. sr. dr., presidente da
provincia do Amazonas, dirigiu á Assembléa Legislativa Provincial, por occasião da installação da 2.a sessão da 17.a
Legislatura, em 25 de março de 1885. Manáos, Typ. do Amazonas, 1885. p. 16
38 AMAZONAS. Presidente. (1885-1887: Ernesto Adolpho de Vasconcellos Chaves) Relatorio com que o exm. sr.
dr. Ernesto Adolpho de Vasconcellos Chaves, presidente da provincia do Amazonas, installou a 1.a sessão da 18.a
legislatura da Assembléa Legislativa Provincial no dia 25 de março de 1886. Manáos: Typ. do Jornal do Amazonas,
1886. p. 17
31
1887
Por portaria de 27 de abril, foi concedida licença por três meses para tratamento de
saúde, ao bibliotecário Carlos Pereira de Pinho. Para substituí-lo foi nomeado Olympio
Rolemberg d’Oliveira Chaves. Após prorrogação de mais 30 dias, o bibliotecário
reassumiu no dia 1º de setembro39.
39 AMAZONAS. Presidente (1885-1887: Ernesto Adolpho de Vasconcellos Chaves passou a administração da
província do Amazonas ao Exm. Sr. tenente-coronel Clementino José Pereira Guimarães 1º vice-presidente da mesma
em 1º de janeiro de 1887. manaós: Typographia do Jornal do Amazonas, 1887. p. 17.
32
BAHIA
1828
Na sua fala de 1828, o presidente José Egídio Gordilho de Barbuda (1827-1830)
informa que a Biblioteca Pública da cidade está precisando de reforma; “ela tem seis mil
e quinhentos volumes, e precisa-se comprar mais livros, a fim de facilitar o estudo da
nossa mocidade que corre com ânsia às aulas”, complementa40.
1830
Na Fala de 1830, é comunicado que, em “cumprimento das ordens de sua majestade
imperial”, foram nomeados novos funcionários para a Biblioteca pagos a custa da
Fazenda. Tinham como obrigação cuidar de sua conservação e regime, conforme o
regulamento aprovado. Restava “aplicar fundos para que possa ser progressivamente
enriquecida com livros e jornais como muito precisa”41.
1830
A melhoria da Biblioteca Pública depois da nomeação dos empregados foi notada pelo
Presidente Luiz Paulo de Araújo Basto (1830-1881). Com cerca de oito mil volumes,
“precisa ser mais enriquecido”42.
1840
A Biblioteca Pública é definida pelo Presidente Thomaz Xavier Garcia de Almeida
(1838-1840) como “útil estabelecimento” e “agente civilizador dos povos, que serve
para pôr em comum ao alcance de todos o depósito, ou colocação de luzes, com as que
se alarga o círculo dos conhecimentos humanos”. Como tal deve merecer a “benévola
atenção” da Assembléia Legislativa para tirá-la do estado de amortecimento em que se
encontra a fim de “poder secundar o movimento científico da Província”. Uma das
causas apontadas para seu atraso é a falta de um edifício espaçoso para melhor abrigar
os livros e oferecer a necessária comodidade aos frequentadores.
40 BAHIA. Presidente Falla do Excelentíssimo Presidente da Província da Bahia, em o 1º de dezembro deste anno,
dia em que se instalou nesta cidade o Conselho Geral de Província. Bahia: Typographia Imperial e Nacional, 1828.
41 BAHIA. Presidente. (1827-1830: José Egídio Gordilho de Barbuda) [Falla ao Conselho Geral de Província em 28
de fevereiro de 1830] manuscrito.
42 BAHIA. Presidente. (1830-1881: Luiz Paulo de Araújo Basto) [Fala ao Conselho Geral da província] Bahia:
Typographia Imperial e Nacional, 1830.
33
O presidente propõe a restauração de um edifício fronteiriço ao Palácio denominado
Casa de Moeda, para nele ser acomodada não só a Biblioteca, como também o Tribunal
dos Jurados e um Arquivo Militar. Solicita também o aumento da consignação da verba
para compra das “melhores obras cientificas, que em cada ano se publicam na Europa”.
Pede também recursos para a tradução da obra de Spik e Martius, cuja compra da edição
original em alemão custou uma soma significativa. Por estar escrita em língua
estrangeira, a sua consulta torna-se inútil, contentando-se os que a procuram “examinar
curiosamente as estampas”, justifica.
1846
Pede a revogação do art. 2. ° da lei 94 de 6 de Março de [ano ilegível] que autorizou o
empréstimo de livros. Aponta os muitos os inconvenientes da prática que contribui
para o desfalque das melhores obras da livraria43.
Encarregado pelo presidente Francisco José de Sousa Soares d'Andrea (1847-1846), o
presidente do Conselho de Instrução Pública após examinar o estado da Biblioteca,
achou-a em estado deplorável. Apontou como fatos dessa situação o edifício impróprio
e em ruína, estragos no telhado em muitos lugares que propiciam a entrada da chuva, o
deterioro dos livros, estantes e demais mobiliário estragadas e a ordenação e
classificação dos livros inadequadas. Conclui com a recomendação de uma grande
reforma em todos os sentidos. De imediato, o presidente autorizou o concerto do
telhado. Os outros melhoramentos ficaram na dependência da deliberação da
Assembléia44.
1847
Considerando o mau estado da Biblioteca, o presidente Antonio Ignacio d'Azevedo
(1846-1847) nomeou uma “comissão de pessoas amantes das letras” para examinar o
estabelecimento. A comissão está inventariando os livros e propondo as reformas
necessárias que serão apresentadas à Assembléia45.
1848
43 BAHIA. Presidente (1838-1840: Thomaz Xavier Garcia de Almeida ) Falla que recitou o presidente da provincia
da Bahia, Thomaz Xavier Garcia de Almeida, n'abertura da Assembléa Legislativa da mesma provincia em 2 de
fevereiro de 1840. Bahia, Typ. de Manoel Antonio da Silva Serva, 1839 [i.e. 1840]
44 BAHIA. Presidente. (1847-1846: Francisco José de Sousa Soares d'Andrea ) Falla dirigida a Assembléa
Legislativa Provincial da Bahia, na abertura da sessão ordinaria do anno de 1846, pelo presidente da provincia,
Francisco José de Sousa Soares d'Andrea. Bahia, Typ. de Galdino José Rizerra e Companhia, 1846.
45 BAHIA. Presidente (1846-1847: Antonio Ignacio d'Azevedo) Falla que recitou o presidente da provincia da
Bahia, o conselheiro Antonio Ignacio d'Azevedo, n'abertura da Assembléa Legislativa da mesma provincia em 2 de
fevereiro de 1847. Bahia, Typ. do Guaycurú de D. Guedes Cabral, 1847.
34
Em 1848, o relatório do Presidente João José de Moura Magalhães (1847-1848) registra
a chegada de uma remessa de livros de história natural proveniente da França,
encomendado ao ministro brasileiro em Paris. Noticia que a comissão nomeada pelo seu
antecessor “depois de um exame assaz minucioso”, constatou o mau estado da
biblioteca. O acervo com cerca de 12 107 volumes contêm obras incompletas e
truncadas e com muitos volumes em péssimo ou mau estado. É necessária definição de
uma verba de 800 réis para a compra “novas coleções de obras científicas e literárias,
que modernamente aparecem na Europa ilustrada”, principalmente no campo das
ciências naturais, medicina, e matemática. Faltam também obras de autores brasileiros,
tanto do passado como contemporâneos. “Só assim irá acompanhando a nossa
Biblioteca o movimento progressivo dos conhecimentos, tornando-se uma instituição
verdadeiramente nacional, e utilíssima a todos aqueles que se dedicam à cultura da
inteligência”, avalia o presidente46.
1848
Tendo em vista a realização do reparo do telhado do local onde se encontrava a
Biblioteca, foi determinado que se alugasse uma casa particular, para a qual fossem
transferidos os livros, onde o público provisoriamente se utilizasse da sua leitura47.
1849
Após os consertos mais urgentes de que necessitava, a Biblioteca Pública se achava
aberta em 1849. O Governo foi autorizado pelo § 5.° do artigo 1º da lei nº. 344, a
expedir um expedir um regulamento para o estabelecimento. Um projeto elaborado por
uma comissão nos anos anteriores foi revisado por um “ilustrado cidadão”, designado
pelo presidente Francisco Gonçalves Martins48.
1850
Em 1850, estando ainda na presidência Francisco Gonçalves Martins de acordo com o
contido no artigo 4º da lei nº. 374 e no § 4º do artigo 1° da lei nº 344, o governo foi
46 BAHIA. Presidente (1847-1848:João José de Moura Magalhães) Falla que recitou o presidente da provincia da
Bahia, o dezembargador João José de Moura Magalhães, n'abertura da Assembléa Legislativa da mesma provincia em
25 de março de 1848. Bahia, Typ. de João Alves Portella, 1848.
47 BAHIA. Presidente. Relatório apresentado pelo Excel. Sr. Dezembargador João José de Moura Magalhães, no
acto de entregar o governo d’esta província ao Excel. Vice-presidente Manoel Messias de Leão. Bahia: Typographya
de João Alves Portella, 1848.
48 BAHIA. Presidente. (1848-1850: Francisco Gonçalves Martins. Falla que recitou o presidente da provincia da
Bahia, o dezembargador conselheiro Francisco Gonçalves Martins, n'abertura da Assembléa Legislativa da mesma
provincia em 4 de julho de 1849. Bahia, Typ. de Salvador Moitinho, 1849.
35
autorizado a “realizar as reformas mais convenientes à conservação e mesmo ao
melhoramento da Biblioteca Pública”.
Atendendo a sugestão da Comissão encarregada de propor reformas para a biblioteca de
uma nova direção “exercida por pessoa inteiramente dedicada ao serviço público, e
“querendo salvar de uma ruina provável tão importante estabelecimento, e dar-lhe
impulso proporcional à grandeza e à civilização desta Cidade”, o presidente nomeou
para o cargo Antônio Joaquim Alvares do Amaral, “pessoa que por sua posição, por seus
serviços, e pelo conhecido método que guarda em todos os seus trabalhos, me pareceu
mais habilitado para desempenhar esta espinhosa comissão”.
Com a nomeação foi publicado um Regulamento provisório, e definida a gratificação de
um conto do reis anual para o bibliotecário, considerando a importância do cargo
“honrado em todas as nações cultas”49.
1851
Em 1851, a Biblioteca Pública recebeu um novo regulamento datado 30 de janeiro e
passou a ocupar “todo o majestoso e antigo salão do Colégio dos Jesuítas”. O novo
bibliotecário apresentou um circunstanciado relatório no qual traça o histórico da
biblioteca, seu estado atual e necessidades. O presidente solicitou à Assembleia a
decretação de “fundos para a compra de livros e assinatura dos diversos Jornais
científicos, objetos estes de que tem urgente necessidade este importante
estabelecimento, que tendo o seu começo em 1811 pouco tem progredido em relação ao
aumento de ilustração da província”50.
O presidente Francisco Xavier Paes Barreto na sua Fala de 1853 informa que a
Biblioteca Pública “tão útil estabelecimento, que ia desaparecendo por causas
conhecidas, acha-se hoje em estado regular, tanto quanto é possível cm vista dos
recursos de que pode dispor para seu aumento”. Foram feitas algumas reformas no
edifício para melhor acomodar os livros e os frequentadores.
1853
“Durante o ano frequentaram a biblioteca 556 pessoas, número assaz diminuto para
quem conhece o gosto pela leitura geralmente espalhado em nossa Província, mas que
não é de admirar em vista do atraso em que a biblioteca se acha em referencia às mais
modernas e acreditadas obras. Estas mesmas pessoas, pela maior parte apenas
49 BAHIA. Presidente (1850-1851: Francisco Gonçalves Martins). Falla que recitou o prezidente da provincia da
Bahia, o conselheiro desembargador Francisco Gonçalves Martins, n'abertura da Assembléa Legislativa da mesma
provincia em 1. de março de 1850. Bahia, Typ. Constitucional, 1850.
50 BAHIA. Presidente (1848-1850: Francisco Gonçalves Martins) Falla que recitou o presidente da provincia da
Bahia, o dezembargador conselheiro, n'abertura da Assembléa Provincial da mesma provincia no 1. de março de
1851. Bahia, Typ. Constitucional de Vicente Ribeiro Moreira, 1851.
36
consultaram, ou fizeram uma rápida e pouco substancial leitura dos livros que pediram,
d'onde podeis concluir a quase nenhuma utilidade que prestou a biblioteca. Cumpre que
a tireis do estado de desprezo em que se vê; proporcionando à população a instrução que
em toda parte se colhe de semelhantes estabelecimentos. É vergonhoso, mas força é
dizê-lo, além do que se despendeu com o pessoal, gastou-se com a biblioteca a quantia
de cem mil réis, sendo 29$088 empregados em livros”51.
1854
Por morte do bibliotecário Antônio Joaquim Alvares do Amaral, foi nomeado em 1854,
para substitui-lo o conselheiro Gaspar José Lisboa.
Por intermédio dos Ministros Brasileiros em Lisboa e Paris, foram feitas encomendas de
livros na Europa como também a aquisição de outras impressas no Brasil. Se a
Assembleia continuar a votar regularmente verba para a biblioteca, em breves anos
possuiremos um estabelecimento digno da Província”, avalia o presidente João
Mauricio Wanderley (1853-1854)52.
1855
Em 1855, verificou-se um aumento do número dos leitores tendo em vista a aquisição
de interessantes obras sobre agricultura, comercio, indústria, arquitetura, pontes e
calçadas, economia política etc. A Biblioteca ainda necessita de obras modernas
relativas a historia, jurisprudência, filosofia, geografia, medicina, higiene consistindo
apenas em 5 obras, ou antes folhetos.
Reconhecendo a inconveniência da prática, foi revogado o dispositivo do regulamento
que permitia o empréstimo de livros53.
1856
Em 1856, foi realizada encomenda por intermédio do Ministro em Paris de obras
moderna relativas a história, jurisprudência, filosofia, geografia, medicina e higiene. O
bibliotecário foi autorizado a assinar jornais estrangeiros e nacionais. O regulamento da
51 BAHIA. Presidente (1852-1853: João Mauricio Wanderley) Falla que recitou o exm.o presidente da provincia da
Bahia, dr., n'abertura da Assembléa Legislativa da mesma provincia no 1.o de março de 1853. Bahia, Typ. Const. de
Vicente Ribeiro Moreira, 1853.
52 BAHIA. Presidente (1853-1854: João Mauricio Wanderley) Falla recitada na abertura da Assembléa Legislativa
da Bahia pelo presidente da provincia, o doutor João Mauricio Wanderley, no 1.o de março de 1854. Bahia, Typ. de
Antonio Olavo da França Guerra e Comp., 1854.
53 BAHIA. (1854-1855: João Mauricio Wanderley ) Presidente Falla recitada na abertura da Assembléa Legislativa
da Bahia pelo presidente da provincia, o doutor João Mauricio Wanderley, no 1.o de março de 1855. Bahia, Typ. de
A. Olavo da França Guerra e Comp., 1855.
37
biblioteca foi alterado para possibilitar a abertura das 9 horas da manhã as 2 da tarde, e
das 6 as 9 da noite.
Anexo: relatório do bibliotecário54.
1857
Como resultado da encomenda feita por intermédio do ministro brasileiro em Paris,
chegaram, em 1857, 398 obras sobre história, geografia, viagens, instrução pública,
filosofia, literatura, jurisprudência, economia política, direito administrativo, política,
teologia, medicina, farmácia, higiene, Arquitetura, e caminhos de ferro. Chegaram
também 9 cartas geográficas.
Durante o ano passado a biblioteca foi visitada por 2147 indivíduos, 1112 mais que no
ano anterior, por ter sido o da epidemia, c 254 que no anno de 1854. Este resultado
indica sem duvida o desenvolvimento do amor às letras.
O bibliotecário externa a sua preocupação quanto a localização da Biblioteca contígua a
uma igreja, onde pela frequência de iluminações nas festas poderá dar-se o perigo de
incêndio. Entende, por cautela, ser necessário fazer um seguro da biblioteca, tendo em
vista não ser possível removê-la para outro local.
De acordo com o novo regulamento, a biblioteca passou a funcionar desde as oito horas
da manhã até o meio dia, e das cinco horas da tarde ate ás 9 da noite55.
1859
O relatório 1859 anuncia que “acaba de ser impresso e distribuído o Catalogo dos livros
da Biblioteca em um volume de 467 folhas. Este trabalho é devido ao zelo e dedicação
do [...] Diretor”56.
1859
A frequência da biblioteca à noite mostrou-se insignificante, 1859. Parece ser mais
conveniente que ela fosse franqueada das 9 da manhã até as 3 ou até as 4 da tarde. Por
54 BAHIA. Presidente. (1855-1856: Alvaro Tiberio de Moncorvo e Lima) Falla recitada na abertura da Assembléa
Legislativa da Bahia pelo presidente da provincia, o doutor Alvaro Tiberio de Moncorvo e Lima em 14 de maio de
1856. Bahia, Typ. de Antonio Olavo da França Guerra e Comp., 1856.
55 BAHIA. Presidente (1856-1857: João Lins Vieira Cansansão de Sinimbú) Falla recitada na abertura da
Assembléa Legislativa da Bahia pelo presidente da provincia, o dezembargador João Lins Vieira Cansansão de
Sinimbú, no 1. de setembro de 1857. Bahia, Typ. de Antonio Olavo da França Guerra, 1857 .
56 BAHIA. Presidente (1858-1859: Francisco Xavier Paes Barreto) Falla recitada na abertura da Assembléa
Legislativa da Bahia pelo presidente da provincia, o doutor Francisco Xavier Paes Barreto em 15 de março de 1859.
BAHIA, Typ. de Antonio Olavo de França Guerra, 1859.
38
essa forma haveria economia na despesa das luzes, e poupar-se-ia o cansaço aos
empregados, avalia o presidente57.
1860
A Biblioteca Pública recebeu, em 1859, a visita do imperados D. Pedro II que deixou
inscrito em um álbum sua assinatura e o verso latino Indocti discant et ament meminisse
periti. O ilustre visitante recomendou conveniência de colocar nas salas da Livraria os
retratos dos Brasileiros ilustres.
Em decorrência do novo regulamento, a Biblioteca passou a funcionar também durante
a noite. Entretanto o pequeno número de frequentadores nesse período levou o
bibliotecário a sugerir a abertura da Biblioteca mais cedo na parte da manhã e
fechamento às três horas da tarde58.
1861
Em 1861, o acervo foi acrescido com 514 volumes provenientes de aquisição feita na
Europa.
O presidente é de opinião de que a Biblioteca deixe de funcionar à noite devido a baixa
frequência. Assim o governo economizaria com a iluminação noturna com o prêmio do
seguro, podendo a quantias ser empregadas na compra de obras modernas59.
1861
“Tão pouco concorrida ha sido a Biblioteca à tarde e a noite, que em vista do estado
dos cofres da província, fora talvez mais conveniente não abri-la ao público durante
essas horas, que deste modo poupar-se-ia a despesa, que se faz com as luzes, e com o
seguro”.
A Biblioteca e sua respectiva mobília foi segurada no valor de 60,000§000 rs., pela
Companhia Interesse Publico60.
1863
57 BAHIA. Presidente(1858-1859: Francisco Xavier Paes Barreto) Falla recitada na abertura da Assembléa Legislativa da Bahia
pelo presidente da provincia, o doutor Francisco Xavier Paes Barreto em 15 de março de 1859. Bahia, Typ. de Antonio Olavo de
França Guerra, 1859.
58 BAHIA. Presidente. (1859-1860: Herculano Ferreira Penna) Falla recitada na abertura da Assembléa Legislativa
da Bahia pelo presidente da provincia, o conselheiro e senador do imperio Herculano Ferreira Penna, em 10 de abril
de 1860. Bahia, Typ. de Antonio Olavo da França Guerra, 1860.
59 BAHIA. Presidente. (1861: José Augusto Chaves) Falla que recitou na abertura da Assembléa Legislativa da
Bahia, o vice-presidente da provincia, dr José Augusto Chaves, no dia 1.o de setembro de 1861. Bahia, Typ. de
Antonio Olavo de França Guerra, 1861.
39
A biblioteca continua a receber regularmente os jornais e revistas, de que é assinante na
capital e na Europa61.
1865
No decurso do ano de 1864 a Biblioteca Pública fez aquisição de 36 obras em 58
volumes, sobre Historia, Jurisprudência, Literatura e Religião, as quais foram
compradas por ordem da Presidência, de acordo com a Lei do Orçamento vigente62.
1866
Tendo falecido em 7 de Junho de 1866 o chefe desse estabelecimento, comendador
Gaspar José Lisboa, a 13 do mês seguinte foi nomeado para substitui-lo o comendador
Antônio Ferrão Moniz.
A biblioteca passou a adotar a classificação segundo o sistema de Ampère, melhor
apropriado a facilitar a procura dos livros63.
1868
Em 1868, é registrado o aumento de número de leitores. O resultado foi atribuído às
aquisições de novas obras, que eram muito procuradas; e “é de crer que, a proporção
que [ a biblioteca] for enriquecendo com boas obras, o numero de leitores irá
aumentando”, confia o presidente64.
60 BAHIA. Presidente (1860-1861: Antonio da Costa Pinto) Falla recitada na abertura d'Assembléa da Bahia pelo
presidente da provincia, Antonio da Costa Pinto, no dia 1. de março de 1861. Bahia, Typ. de Antonio Olavo da França
Guerra, 1861
61 BAHIA. Presidente (1862-1863: Antonio Coelho de Sá e Albuquerque) Falla que recitou na abertura da
Assembléa Legislativa da Bahia o presidente da provincia, conselheiro Antonio Coelho de Sá e Albuquerque, no dia
1.o de março de 1863. Bahia, Typ. Poggetti--De Tourinho, Dias & C.a, 1863.
62 BAHIA. Presidente (1864-1865: Luiz Antonio Barboza de Almeida )Relatório apresentado á Assembléa
Legislativa Provincial da Bahia no dia 1.o de março de 1865, pelo excellentissimo presidente da provincia, o snr.
desembargador Luiz Antonio Barboza de Almeida. Bahia, Typ. Poggetti--De Tourinho, & C.a, 1865.
63 BAHIA. Presidente (1865-1866: Manuel Pinto de Souza Dantas )Relatório apresentado á Assembléa Legislativa
Provincial da Bahia pelo excellentissimo presidente da provincia, o commendador Manuel Pinto de Souza Dantas no
dia 1.o de março de 1866. Bahia, Typ. de Tourinho & C.a, 1866.
64 BAHIA. Presidente(1867-1868:José Nascentes de Azambuja )Relatório com que abriu a Assembléa Legislativa
Provincial da Bahia o excellentissimo senhor doutor José Nascentes de Azambuja, no dia 1.o de março de 1868.
Bahia, Typ. de Tourinho & Comp., 1868.
40
1869
Em 1869, elevou-se o número dos frequentadores e visitantes. Esse aumento pode ser
talvez atribuído á aquisição de livros novos, que fez nos últimos tempos.
Considerou-se indispensável aumentar o edifício. A sala em que se acha a Biblioteca,
com quanto vasta, já não tem lugar para se colocar novas estantes, e as que existem não
são suficientes para as obras que possui, cuja má arrumação e aglomeração dificultam a
procura nas ocasiões próprias, e concorrem para o rápido deterioro que obriga a renovar
despesa de encadernação e aquisição. O bibliotecário lembrou uma outra sala que se
pode levantar ao lado, por cima da parte do antigo convento dos jesuítas ocupada pela
Faculdade de Medicina.
Achando-se na secretaria do governo o exemplar da Constituição Política do Império,
que no dia 3 de Maio de 1824 foi apresentado á juramento na Igreja Catedral do
Colégio, e no qual se acha lançado o termo de juramento com as assinaturas de vários
cidadãos distintos d'esta Província, o presidente entendeu acertado que tão precioso
documento de nossa historia política fosse guardado com segurança na biblioteca para
ser visto, consultado e apreciado por todos que o desejassem65.
1870
O relatório de 1870 contem anexos dois relatórios detalhados sobre o estado da
Biblioteca. Um elaborado pelo bibliotecário Antonio Ferrão Moniz e o outro pelo 1º
Oficial Joaquim de Mattos Telles de Menezes. Continua presente a questão da falta de
espaço no edifício ocupado pela Biblioteca e a necessidade do governo providenciar
outro local66.
1872
O relatório de 1872 faz menção à Biblioteca da Instrução Pública. Estava destinada a
facilitar a mestres e alunos leitura dos livros de que necessitavam. Quanto à Biblioteca
Pública, informa que vai progredindo satisfatoriamente. Apesar das aquisições feitas,
ainda há falta de muitas obras em vários ramos do conhecimento humano, como
informou o bibliotecário67.
1873
65
BAHIA. Presidente (1868-1869:Francisco Gonçalves Martins) Relatório que apresentou a Assembléa Legislativa da
Bahia o excellentissimo senhor Barão de S. Lourenço, presidente da mesma provincia, em 11 de abril de 1869. Bahia,
Typ. de J. G. Tourinho, 1869.
66 BAHIA. Presidente (1879-1870: Francisco Gonçalves Martins Relatório apresentado a Assemblea Legislativa da
Bahia pelo excellentissimo senhor Barão de S. Lourenço, presidente da mesma provincia, em 6 de março de 1870.
Bahia, Typ. do Jornal da Bahia, 1870.
41
O relatório de 1873 contém, anexo, a “Exposição do primeiro oficial da Biblioteca
Pública da Bahia”, Joaquim de Mattos Telles de Menezes68.
1874
Em 1874, observou-se um aumento progressivo da frequência à Biblioteca, atribuído à
aquisição de novas obras sobre vários ramos do conhecimento humano. Mesmo assim
“está muito longe de atingir ao grau conveniente reclamado pela nossa civilização”,
considerou o presidente. Foram adquiridas 260 obras em 298 volumes. O pessoal estava
composto de um bibliotecário, um ajudante, um guarda e um servente. O cervo contava
com 19 000 volumes69.
1875
O Diretor da Biblioteca no relatório apresentado em 1875 ao presidente da província,
considera que o pessoal da repartição não é suficiente para executar com regularidade os
trabalhos. Pede que para evitar a deterioração constante a que [...] fica sujeita a
Biblioteca, composta de número superior a 20 000 volumes, o aumento do quadro70.
1876
Por ato da presidência, ficou o pessoal da repartição composto de um bibliotecário um
ajudante, um 2.° oficial, três guardas e um continuo, servindo um dos guardas de
porteiro71.
67 BAHIA. Presidente (1871-1872: João Antonio de Araujo Freitas Henriques) Falla com que o excellentissimo
senhor dezembargador João Antonio de Araujo Freitas Henriques abrio a 1.a sessão da 19.a legislatura da Assembléa
Provincial da Bahia em 1.o de março de 1872. Bahia, Typ. do Correio da Bahia, 1872.
68 BAHIA. Presidente. (1872-1873: João José d'Almeida Couto) Falla dirigida a Assembléa Provincial da Bahia pelo
primeiro vice-presidente, dez. João José d'Almeida Couto no 1.o de março de 1873. Bahia, Typ. do Correio da Bahia,
1873.
69 BAHIA. Presidente (1873-1874: Antonio Candido da Cruz Machado) Falla com que o exm. sr. commendador
Antonio Candido da Cruz Machado abriu a 1.a sessão da vigesima legislatura da Assembléa Legislativa Provincial da
Bahia no dia 1.o de março de 1874. Bahia, Typ. do Correio da Bahia, 1874.
70 BAHIA. Presidente.(1874-1875: Venancio José de Oliveira Lisboa) Relatorio com que o excellentissimo senhor
dr. Venancio José de Oliveira Lisboa abrio a 2.a sessão da 20.a legislatura da Assembléa Legislativa Provincial da
Bahia no dia 1 de março de 1875. [Typ. do Jornal da Bahia, 1875]
71 BAHIA. Presidente (1875-1877: Luiz Antonio da Silva Nunes)Relatório com que o excellentissimo senhor
presidente, dr. Luiz Antonio da Silva Nunes, abrio a Assembléa Legislativa Provincial da Bahia no dia 1.o de maio de
1876. Bahia, Typ. do Jornal da Bahia, 1876.
42
1878
O presidente barão Homem de Mello (1878) mandou reimprimir a História da América
Portuguesa, do historiador baiano Sebastião da Rocha Pitta, cuja edição achava-se
esgotada72.
1880
“Se mais não tem feito, procurando adquirir para a Biblioteca Pública as obras de mérito
que se vão publicando, é por ser exígua a quantia destinada na Lei do Orçamento não só
para aquisição de livros, como para encadernações e assinaturas de jornais e revistas”,
registra o presidente Antonio de Araújo de Aragão Bulcão no ser relatório de 1880.
Acrescenta que não há mais espaço no atual edifício para acomodar os livros, sendo
necessária sua transferência para outro local; “mas isto depende de despesas com a
compra ou construção de um prédio adaptado, e que lenha as condições necessárias a
seu fim”73.
1881
Em 1882, a biblioteca sofreu prejuízos causados pelas chuvas com a perda de alguns
livros. “Não cessa o bibliotecário de reclamar a mudança da Biblioteca para outro
edifício mais apropriado, e que tenha as necessárias acomodações”.
“Essa mudança, porém, não é possível, atento o estado financeiro da Província, bem que
reconheça a sua necessidade pelo grande numero de obras existentes, o pelas que
venham a ser adquiridas”, reconhece o presidente João Lustosa da Cunha Paranaguá
(1881-1882)74.
1883
A Biblioteca Pública da Bahia, que é a mais antiga do Império, porquanto foi fundada
cm 1811, possuo mais de 24.000 volumes de obras muito importantes sobre todos os
ramos de ciência e literatura. Carece de um edifício maior c que se preste á acomodação
dos livros que já possuo c que venha a adquirir. Esta mudança, porém, não tem sido
72 BAHIA. Presidente (1878: Francisco Inácio Marcondes Homem de Melo) Relatório com que o Exmo. Sr.
Conselheiro Barão Homem de Mello passou no dia 25 de novembro de 1878 a administração da província ao Exmo.
Sr. Dr. Antonio de Araújo de Aragão Bulcão, 2º Vice-Presidente. Bahia: Typrographia do “Diário da Bahia, 1878.
73 BAHIA. Presidente. (1879-18810: Antonio de Araujo de Aragão Bulcão) Falla com que abriu no dia 1.o de maio
de 1880 a 1.a sessão da 23.a legislatura da Assembléa Legislativa Provincial da Bahia o exm. sr. dr. Antonio de
Araujo de Aragão Bulcão, presidente da provincia. Bahia, Typ. do "Diario da Bahia," 1880.
74 BAHIA. Presidente. (1881-1882: João Lustosa da Cunha Paranaguá) Falla com que no dia 3 de abril de 1881
abriu a 2.a sessão da 23.a legislatura da Assembléa Legislativa Provincial da Bahia o illm. e exm. sr. conselheiro João
Lustosa da Cunha Paranaguá, presidente da provincia. Bahia, Typ. do "Diario da Bahia," 1881.
43
realizada, atento o estado financeiro da Província, registra o relatório do presidente
Pedro Luiz Pereira de Souza (1882)75.
1885
“Em todo o ano de 1884 nada [...] se passou [ na Biblioteca] que mereça menção
especial, tendo-se feito raras aquisições de livros, dos quais algumas obras de
reconhecida utilidade”.
“O edifício em que está colocada a Biblioteca, já não é suficiente para conter os 24 000
volumes que possui, de modo que estes não podem ser dispostos convenientemente nas
respectivas estantes, necessitando não só esta, como os móveis do estabelecimento, de
muitos concertos c reparos”76.
1887
“No intuito de difundir a instrução por todas as classes da sociedade e de facilitar os
meios possíveis de adquiri-la”, o presidente João Capistrano Bandeira de Mello (18861888) por ato de 31 de Janeiro de 1887, aprovou quatro aditamentos ao regulamento da
Biblioteca para permitir o empréstimo de livros.
Segundo o item 1, “os livros da Biblioteca serão franqueados aos funcionários públicos,
civis e militares, sacerdotes, médicos, advogados, comerciantes. proprietários, artistas
conhecidos e em geral a quaisquer pessoas honestas para leitura em suas casas, sendo
marcado previamente pelo Bibliotecário, na primeira pagina, de cada volume, o número
de dias concedidos para isto, findos os quais será o volume recolhido impreterivelmente
à Biblioteca”.
A fim de efetuar com as Bibliotecas Públicas e instituições congêneres desta e de outras
Províncias a permuta de livros e folhetos existentes em duplicata, o presidente
recomendo ao bibliotecário que mandasse organizar e uma relação de todas as obras
encadernadas ou em brochura de que houvesse mais de um exemplar, a fim de poder a
Presidência, enviando copia da citada relação, solicitar a cada uma das Bibliotecas e
Gabinetes Literários aludida permuta77.
75 BAHIA. Presidente. (1882: Falla com que o exm. sr. conselheiro Pedro Luiz Pereira de Souza abriu a 2.a sessão
da 24.a legislatura da Assembléa Provincial da Bahia em 3 de abril de 1883. Bahia, "Typ. do Diario da Bahia," 1883.
76 BAHIA. Presidente. (1884-1885: Esperidão Eloy de Barros Pimentel) Falla com que o illm. e exm. sr. dez.
Esperidão Eloy de Barros Pimentel abriu a 2.a sessão da 25.a legislatura da Assembléa Provincial da Bahia em 1.o de
maio de 1885. Bahia, Typ. do "Diario da Bahia," 1885.
77 BAHIA. Presidente (1886-1888: João Capistrano Bandeira de Mello ) Falla com que o illm. e exm. sr. conselheiro
dr. João Capistrano Bandeira de Mello, presidente da provincia, abriu a 2.a sessão da 26.a legislatura da Assembléa
Legislativa Provincial no dia 4 de outubro de 1887. Bahia, Typ. da Gazeta da Bahia, 1887.
44
1888
O relatório do Bibliotecário de 1888 consta os esclarecimentos que se seguem:
A frequência dos leitores tem diminuído sensivelmente. Atribui-se este fato as
dificuldades de acesso à sala de leitura devido a colocação de uma nova escada.
No ano de 1887 foi frequentada por 11 116 leitores, e no de 1888 por 61 85, tendo
portanto diminuído em 4 931 o numero de pessoas que a visitaram.
Acresce o fato de ter estado o edifício da Biblioteca fechado por alguns meses, em
consequência das obras da Companhia da Linha Circular e a vizinhança da estação
daquela Companhia, e o Plano Inclinado, área muito barulhenta.
Em tais circunstâncias é de necessidade a remoção da Biblioteca Pública para outro
edifício, convenientemente colocado e que reúna as condições necessárias a
estabelecimentos d'esta ordem, já para o acondicionamento das obras, já para
comodidade e higiene dos leitores.
O movimento das obras retiradas por empréstimo durante o ano de 1888 foi de 4 830
volumes78.
CEARÁ
1847
O relatório de 1847 registra a consignação no orçamento vigente da verba de quinhentos
mil réis para a compra “de um princípio de biblioteca para o liceu”. O presidente da
província Ignácio Correia de Vasconcellos (1844-1847) encarregou o diretor do Liceu,
que se encontrava no Rio de Janeiro como deputado geral da província, de trazer “os
livros que por ora forem mais necessários”. O presidente julgou conveniente a
Assembleia continuar consignando verba para o mesmo fim79.
1858
Em 1858, o presidente João da Silveira de Souza (1857-1858) considerou indispensável
o estabelecimento de uma biblioteca pública no Liceu. Deveria ela não só atender os
78 BAHIA. Presidente. (1888-1889: Manoel do Nascimento Machado Portella]Falla com que o illm. e exm. sr.
conselheiro dr. Manoel do Nascimento Machado Poetella [sic], presidente da provincia, abriu a 1.a sessão da 27.a
legislatura da Assembléa Legislativa Provincial no dia 3 de abril de 1888. Bahia, Typ. da Gazeta da Bahia, 1888.
79 CEARÁ. Presidente (1844-1847: Ignácio Correia de Vasconcellos) Relatório apresentado à Asembleia Legislativa
Provincial do Ceará pelo presidente da mesma província, o coronel Ignácio Correia de Vasconcellos em o 1º de julho
de 1847. Ceará, Typ. Fidelissema de F. L. de Vasconcellos, 1847. p. 13-14
45
alunos e professores, mas “inspirar e desenvolver na população o gosto pela instrução e
leitura dos bons autores que nem todos podem obter com seus únicos recursos”.
Lembra que no orçamento de 1847 foi consignada verba para esse objetivo que caducou
e solicita à Assembleia a votação de uma verba “superior aquela e suficiente para dar-se
começo ao estabelecimento em questão”80.
1866
Considerando a resolução da Assembleia Provincial de criar uma biblioteca pública, o
presidente Francisco Ignácio Marcondes Homem de Mello (1865-1866) encomendou a
compra na Europa de “várias obras clássicas e outras” escolhidas pelo diretor da
instrução81.
O presidente João de Souza Mello e Alvin (1866-1867) executou a lei de criação da
Biblioteca Pública a aprovou seu regulamento. Foi instalada no dia 25 de março de
1867 “com a solenidade compatível ao assunto [...] de tanta magnitude”. Sobre o fato,
teceu as seguintes considerações:
“A difusão das luzes por todas as camadas da sociedade é hoje uma tendência
irresistível dos povos cultos”.
“Facilitar por todos os meios a alimentação do espírito, deixar que to¬dos busquem sem
distinção ilustrar-se, facilitar a leitura e consulta de nossas tradições; tal deve ser
também o objeto dos constantes desvelos do governo”.
“É minha convicção profunda que um povo é tanto mais respeitado, quanto maior for a
sua civilização”.
“Já não falo dessa civilização que paira na esfera elevada da sociedade e que constitui a
moderna aristocracia do talento; eu falo dessa civilização que se democratiza, por assim
dizer, penetrando por toda a parte, e que fere a luz nas trevas em que pairam milhares de
indivíduos”.
“Uma Biblioteca aberta a concorrência pública, parece-me que, nas con¬dições de
desenvolvimento em que se acha esta província, já era uma necessidade geralmente
sentida, um melhoramento urgentemente reclamado”.
80 CEARÁ. Presidente (1857-1858: João Silveira de Souza) Relatório que à Assembleia Legislativa Provincial do
Ceará apresentou no dia da abertura da sessão ordinária de 1858, o excelentíssimo senhor dr. João Silveira de Souza,
presidente da mesma província. Ceará, Typ. Cearense, 1858. P.9
81 CEARÁ. Presidente (1865-1866) Relatório apresentado à Assembleia legislativa Provincial do Ceará pelo
presidente da mesma província, o exmo. Sr. Dr. Francisco Ignácio Marcondes Homem de Mello, na 1ª sessão da 22ª
legislatura em o 1º dia de julho de 1866. Fortaleza, Typ. Brasileira, 1866. P. 27.
46
“Está lançada a lº. pedra desse monumento importante do progresso moral do Ceará.
Saiba o povo cearense tirar de tão útil instituição todas suas vantagens a que ela só
presta: são os votos que lanço do fundo do meu coração”, concluiu o presidente.
As contribuições recebidas na ocasião foram destinadas à publicação de uma revista da
Biblioteca82.
1868
Em 1868, a biblioteca contava com 3 802 volumes. Sua frequência era pequena, fato
atribuído a sua localização distante do movimento urbano. Seria conveniente a
transferência para o compartimento térreo do novo edifício da Assembleia legislativa83.
1868
O Relatório de 31 do março de 1868 apresentado ao presidente da província pelo
bibliotecário José de Barcellos informa:
A biblioteca inaugurada no dia 25 de março de 1867, contava com 1 790 volumes, dos
quais 614 comprados pela província e 1 116 doados por particulares.
O presidente João de Souza Mello e Alvim incumbiu ao engenheiro Zózimo Barrozo da
aquisição de novas obras na Europa. Em fins de 1867 remeteu aquele engenheiro
diversos caixões contendo 387 obras em 825 volumes, uma coleção de cartas
geográficas, dois globos, bustos de personagens célebres etc, cuja relação foi anexada
ao relatório. Na capital foi realizada a compra de outros 635 volumes84.
1869
82 CEARÁ. Presidente (1866-1867: João de Souza Mello e Alvin) Relatório com que o Exmo. Senhor TenenteCoronel de Engenharia, João de Souza Mello e Alvin, presidente da província do Ceará, passou a administração da
mesma ao excelentissimo senhor 1º Vice-presidente Dr. Sebastião Gonçalves da Silva, no dia 6 de maio de 1867.
Fortaleza: Typographia Brasileira, 1867. p. 17.
83 CEARÁ. Presidente (1868-1869: Diogo Velho Cavalcanti de Albuquerque) Falla recitada na abertura da
Assembléia Legislativa Provincial do Ceará pelo excelentissimo presidente da província, Dr. Diogo Velho Cavalcanti
de Albuquerque no dia 1.o de novembro de 1868. Fortaleza: Typ. Brasileira, 1868.
84 CEARÁ. Presidente (1867-1868: Pedro Leão Vellozo) Relatório com que o excelentissimo senhor doutor Pedro
Leão Vellozo passou a administração da província ao excelentissimo senhor 1º. Vice-presidente dr. Antonio Joaquim
Rodrigues Junior no dia 22 de abil de 1868. Fortaleza:Typographia Brasileira, 1868. p. 12.
47
No relatório do bibliotecário datado de 30 de março de 1869, a biblioteca contava com 4
058 volumes “completamente classificados e catalogados”. Teve a frequência 1 252
pessoas que consultaram 754 obras85.
O novo bibliotecário, major João Severiano Ribeiro nomeado em 24 do julho de 1869
em lugar de José de Barcellos, procedeu o inventário da biblioteca e observou que
classificação dos livros era “pouco própria e confusa”, e que os papéis estavam em
desordem, o que ele procurou remediar.
1869
“Este estabelecimento, que, aliás, pode ser de grande utilidade pública, parece não
corresponder ao fim de sua criação, não só em razão do lugar onde se acha colocado,
como também pela quase nenhuma concorrência de visitante”, observou o presidente
João Antônio de Araújo Freitas Henriques (1869-1870)86.
1870
Em 1870, a Biblioteca Pública “parece já se ir prestando ao fim da sua criação, não
obstante achar-se colocado um tanto fora do centro desta cidade”.
Conforme o relatório do bibliotecário João Severiano Ribeiro, datado 9 de junho do
1870, o acervo da biblioteca era de 3 745 volumes, sendo 257 de teologia, 232 de
jurisprudência, 550 de ciências e artes, 582 de enciclopédias, 967 de história, e 1157 de
literatura. Somando os que existiam em brochuras e os remetidos para a encadernação, o
total alcançava 4 517 volumes.
Por meio do comerciante Adolpho Hoerth, foram adquiridos 244 volumes vindos da
Europa.
Como relação à frequência, o bibliotecário informa que a biblioteca embora possuindo
“quantidade de obras importantes” e “funcionar em uma casa cômoda, e
convenientemente servida” [...] “sofre grandemente por sua má condição de localidade”,
“tornando-se, portanto pouco próprio, senão enfadonho para a frequência pública”.
Considera que a sua “transferência para uma parte mais central da cidade seria um
grande passo de utilidade e melhoramento”.
85 CEARÁ. Presidente (1868-1869: Diogo Velho Cavalcanti de Albuquerque) Relatório com que passou a
administração da província o Exmo. Sr. presidente Dr. Diogo Velho Cavalcanti de Albuquerque ao 2º. Vice-presidente
o Exmo. Sr. Coronel Joaquim Cunha Freire em 24 de abril de 1969. Fortaleza:Typographia Constitucional, 1869.
86 CEARÁ. Presidente Relatorio apresentado á Assembléia Legislativa Provincial do Ceará pelo presidente da
mesma província, o exm. sr. desembargador João Antonio de Araujo Freitas Henriques, no dia 1.o de setembro de
1869. Fortaleza: Typ. Constitucional, 1869. p. 23-4
48
Chama atenção para a necessidade de aquisição de obras aquisição de “obras
importantes que existem publicadas, e de outras que de dia em dia se vão publicando
segundo o curso e progressivo desenvolvimento da ilustração do século”.
Registra que na lei do orçamento vigente a quantia de 3:000$000 destinada à Biblioteca
“mal dificilmente poderá chegar, para ocorrer as indispensáveis, ou mais urgentes de seu
acanhado estado presente”. Pede ao presidente que “digne-se de intervir perante a
Assembleia Legislativa provincial em sua próxima reunião no sentido de que na
seguinte lei do orçamento se vote para este estabelecimento, pelo menos, o crédito de
3:500$000 assim distribuído:—gratificação ao Bibliotecário 1:200$000, expediente e
despesas miúdas 300$000, aquisição de livros 1:600$000, e encadernação de ditos
400$000”87.
1871
Em 1871, “tendo seguido para a Corte a tomar assento na Câmara temporária o
bibliotecário Dr. Justino Domingues da Silva, foi nomeado para o substituir
interinamente o dr. Augusto Barbosa de Castro Silva, que entrou no respetivo exercício
em data de 10 de abril próximo findo”.
O presidente Joaquim da Cunha Freire (1871) considerou que “pouco tem sido a
concorrência dos visitantes [à Biblioteca], devido ao local em que se acha o edifício”.
Informou que seu antecessor prometeu mudar a Biblioteca para a casa em que funciona
a cadeira do 2º. grau, sita na Praça Municipal, e neste sentido encarregou ao engenheiro
de tomar as medidas necessárias. “Esse trabalho, porém, ainda não foi executado devido
aos grandes afazeres que pesam sobre o engenheiro”, informou88.
1871
O Relatório do bibliotecário interino de 3 do junho do 1871, aponta:
“Pouco tem sido a concorrência de visitantes, creio que assim acontece em
consequência da colocação do edifício, onde funciona a biblioteca, mudando-a para o
centro da cidade acredito quo seria de vantagem para o público”.
Considerando que o art. 5 §4.° do regulamento da Biblioteca prevê a organização de um
arquivo público, solicita os recursos necessários para a sua instalação89.
87 Relatório do bibliotecário da província João Severiano Ribeiro. In: CEARÁ. Presidente (1869-1870: João Antonio
de Araujo Freitas Henriques) Falla com que o excelentissimo senhor desembargador João Antonio de Araujo Freitas
Henriques, abrio a 1.a sessão da 18.a legislatura da Assembléia Provincial do Ceará no 1.o de setembro de 1870.
Fortaleza: Typ. Constitucional, 1870. p. 21-2
88 CEARÁ. Presidente (1871: Joaquim da Cunha Freire) Relatório ... 29 junho 1871. [s.n.t.]
49
Os relatórios seguintes continuam a registar a inadequada localização da biblioteca
afastada do centro da cidade, o que afasta uma maior frequência de usuários. Porém
nenhuma medida foi tomada no sentido de fazer a transferência para outro edifício mais
central.
1872
“A escola popular torna-se infrutífera desde que as bibliotecas públicas se não
multiplicam, e não estão no fácil acesso dos que as desejam frequentar”, diz o
presidente João Wilkens de Mattos (1872)
No relatório de 18 de Setembro de 1872, entre as considerações sobre as necessidades
da biblioteca quanto a encadernação, mobiliário e equipamento e instalações, o
bibliotecário Justino Domingues da Silva registra:
“Nunca aceitei, como procedente, a razão da longitude para deixar de haver a frequência
dos leitores; quis antes atribuí-la à hora designada pelo regulamento para a abertura do
estabelecimento, e leitura dos frequentadores, por me parecer ser essa a hora, em que o
espírito, necessitando de todo o reparo, não estava predisposto para a trabalho da
inteligência, bem depressa, porém convenci-me, de que estava em erro, desde que
verifiquei, que se dava o mesmo fato da pouca frequência, apesar de ter franqueado a
todos a visita deste estabelecimento à qualquer hora do dia, se quisessem consultar
algumas obras.
A razão apontada segundo o seu entender “consiste em que entre nós não está ainda
desenvolvido o gosto pela leitura, e não se ter compreendido, que de todos os
estabelecimentos que convém a um país esclarecido, e a um povo civilizado, o mais útil
é certamente uma Biblioteca, era que todos os materiais da ciência estão à disposição
dos homens estudiosos”. Informa também que, segundo as informações que teve
conhecimento, a situação do Ceará não fica aquém das bibliotecas da Bahia e do Rio de
Janeiro que registraram até um número menor de frequentadores.
“Não ha motivo para desanimar; o gosto pela leitura virá, a mocidade, ávida de saber
compreenderá um dia, que não foi em vão que se lhe abriu o caminho da ciência,
oferecendo-lhe o governo, e a assembleia provincial os preciosos tesouros, que se
encerra a Biblioteca desta província”, conclui o bibliotecário.
89 CEARÁ. Presidente (1871-1872: José Antônio da Calazans Rodrigues) Relatorio apresentado á Assembléia
Provincial do Ceará na segunda sessão da deeima oitava legislatura no dia 4 de julho de 1871, pelo presidente da
mesma província, o conselheiro barão de Taquary. Fortaleza:Typ. Constitucional, 1871.
50
O relatório contêm quadros demonstrativos da frequência da biblioteca desde a sua
inauguração até o ano de 1871, das aquisições efetuadas e da receita e despesa no
mesmo período90.
1873
Em 27 de janeiro de 1873 foi nomeado para o cargo de bibliotecário, o bacharel
Herculano d'Araujo Salles, por ter sido designado diretor da instrução pública o Revd.
Dr. Justino Domingues da Silva, que então ocupava aquele lugar.
“Este estabelecimento de tamanha utilidade para a cultura do espírito não se acha ainda
em condições de bem prestar-se ao fim de sua criação, declara o presidente Francisco
d'Assis Oliveira Maciel (1872-1873)91.
1874
No seu relatório o presidente Joaquim da Cunha Freire (1874) declara que seria muito
conveniente, já que não podemos criar outras Bibliotecas, melhorar o estado da que
possuímos; de modo a despertar na população o gosto pela frequência de tão útil
estabelecimento”92.
1874
A baixa frequência à biblioteca e a sua localização afastada do centro da cidade
continuam a se registrada no relatório de 1874. Novas encadernações são necessárias
como também a aquisição de mais estantes para a melhor acomodação dos livros. O
espaço, entretanto, não é mais suficiente, tendo em vista que a biblioteca abriga também
um museu. “Urge remover a Biblioteca para o centro da cidade, e conservá-la aberta até
as 9 horas da noite; aumentar a aquisição de livros e despesas de expediente, e dar ao
bibliotecário um amanuense e à repartição um porteiro e um contínuo”, registra o
presidente Joaquim da Cunha Freire (1874)93.
1875
90 [Relatório do bibliotecário da Biblioteca Pública do Ceará] In: CEARÁ. Presidente (1872: João Wilkens de
Mattos) Relatório com que o excelentissimo senhor commendador João Wilkens de Mattos abriu a 1.a sessão da 21.a
legislatura da Assembléia Provincial do Ceará no dia 20 de outubro de 1872. Fortaleza: Typ. Constitucional, 1873.
91 CEARÁ. Presidente (1872-1873: Francisco d'Assis Oliveira Maciel) Falla com que o excelentissimo senhor
doutor Francisco d'Assis Oliveira Maciel abrio a 2.a sessão da 21.a legislatura da Assembléia Provincial do Ceará no
dia 7 de julho de 1873. Fortaleza: Typ. Constitucional, 1873. p. 11.
92 CEARÁ. Presidente (1874: Joaquim da Cunha Freire) Falla com que o excelentissimo senhor barão de Ibiapaba
abrio a 1.a sessão da 22.a legislatura da Assembléia Provincial do Ceará no dia 1 de julho de 1874. Fortaleza:
Typographia Constitucional, 1874. p. 17.
51
Segundo o relatório do bibliotecário interino, Fausto Domingues da Silva, de 15 de
junho de 1875, a biblioteca continua a funcionar no edifício construído na praça do
Marquês do Herval. Com relação a localização afastada do centro da cidade referida nos
relatórios anteriores, assim se expressa:
“Não desconheço que o leitor que procura entregar-se a uma útil investigação, não
ligará importância à maior ou menor distancia, visto o local não aumentar nem diminuir
o mérito do livro; mas cumpre não omitir que as bibliotecas não foram criadas para os
leitores privilegiados, e sim para o público, a quem devem ser concedidas todas as
facilidades.
A distancia há concorrido indubitavelmente para a pouca frequência desta Biblioteca
desde o tempo de sua fundação. Convém, portanto que desde já se a remova para outro
edifício, que, colocado no centro da cidade, desafie a curiosidade do público, e aumente
pela facilidade de comunicação o número dos leitores”.
A mudança também se justifica por o prédio atual já não oferecer acomodação para a
expansão da biblioteca que também abriga o museu. “Muitos livros se acham
completamente acumulados nas estantes e mesas, sem a competente classificação, e
ameaçam ruína, por falta das necessárias estantes, visto como as poucas que existem,
estão já completamente preenchidas; mas a aumentá-las, não há no edifício lugar que as
acomode”.
O acervo da biblioteca de 4 100 volumes está desatualizado não acompanhando os
“desenvolvimentos progressivos da ciência, não recebendo o contingente dos bons
livros que modernamente tem saído a lume”. Apresenta “muitas lacunas nos diversos
ramos do saber humano”. Há falta sensível em relação à história do Brasil e da América
em geral.
A inexistência de um catálogo impresso e bem organizado que “mostre a todos seus
tesouros” é também um fator que contribui para a baixa frequência.
Embora a biblioteca esteja autorizada pelo art. 36 § 13 da lei n.º 1 582 de 19 de
setembro de 1873, os empréstimos não foram realizados. Entende o bibliotecário que
devam ser iniciados, tendo em vista que as “bibliotecas [devem] estar sempre abertas, e
oferecer sem restrições seus recursos àqueles que aí procuram satisfazer a nobre
curiosidade do espírito”.
Para que um estabelecimento desta ordem, diz Constantin em sua Biblioteconomia, seja
útil, é de mister que o público possa dispor de um livro cômoda e prontamente. Para
consulta-lo comodamente, o local deve ser bem apropriado a esta fim: para achá-lo
prontamente, deve estar à mão um catálogo completo, exato e circunstanciado.
93 CEARÁ. Presidente (1874: Joaquim da Cunha Freire) Relatório apresentado pelo Exmo. Sr. Barão de Ibiapaba, ao
pasar a administração da província ao Excellentissimo Senhor presidente, Dr. Heráclito de Alencastro Pereira da
Graça no dia 23 de outubro de 1874. Fortaleza: Typographia Constitrucional, 1874. p. 13-4.
52
O pessoal da Biblioteca é tão somente composto de um bibliotecário. “É um fato
verdadeiramente incrível que dispensa comentários”. A administração de uma
Biblioteca, em nosso tempo, necessita de um pessoal mais ou menos numeroso, para
manter-se na sua verdadeira altura; sem isto, sofrem imensamente a ordem,
conservação, utilidade, e fins utilíssimos de tão interessante instituição”94.
1876
O relatório de 1876 registra a criação do Gabinete Cearense de Leitura com mais de 2
500 volumes:
“Movidos polo generoso intuíto de prestar algum serviço à causa da instrução e futuro
desta província, fundaram alguns de seus filhos uma sociedade com o fim de abrir um
gabinete de leitura, o qual foi inaugurado solenemente no dia 2 de dezembro próximo
findo [1875], e vai prestando ao público os serviços que eram de esperar de tão
proveitosa instituição”.
Foram seus fundadores os Srs. Drs. António Domingues da Silva, João da Rocha
Moreira, Fausto Domingues da Silva, Joaquim Álvaro Garcia, Vicente Alves Linhares
Filho, e Francisco Perdigão de Oliveira95.
1876
A Assembleia Provincial pela lei n. 1 668 de 10 de agosto de 1876 deu novo
regulamento à biblioteca e autorizou a sua mudança para o centro da cidade “efetuada a
remoção para outro edifício mais apropriado e melhor situado, a Biblioteca compensará
os sacrifícios da província, prestando ao público cearense os serviços que são de esperar
de tão proveitosa e generosa instituição”, considerou o presidente Esmerindo Gomes
Parente (1875-1876)96.
1876
94 Relatório do bibliotecário da Biblioteca Pública. In: CEARÁ. Presidente (1875-1876: Esmerino Gomes Parente)
Anexos ao relatório com que o excelentissimo senhor dr. Esmerino Gomes Parente abriu a 2.a sessão da 22.a
legislatura da Assembléia Provincial do Ceará em 2 de julho de 1875. Fortaleza: Typ. Constitucional, 1875.
95 CEARÁ. Presidente (1876-1877: Francisco de Faria Lemos) Falla com que o excelentissimo senhor
desembargador Francisco de Faria Lemos, presidente da província do Ceará, abriu a 1.a sessão da 23.a legislatura da
Assembléia Provincial no dia 1.o de julho de 1876. Fortaleza: Typ. Cearense, 1876. p. 12
96 CEARÁ. Presidente. (1875-1876: Esmerindo Gomes Parente) Relatório apresentado pelo Excellentissimo Senhor
Dr. Esmerindo Gomes Parente, ao passar a administração da província ao Exm. Sr. Presidente da mesma
desembargador Francisco de Faria Lemos no dia 22 de março de 1876. Fortaleza: Typographia Constitucional, 1876.
p. 16.
53
“Fruto da iniciativa individual e do largo pensamento do levantar um concurso em favor
da nobre causa da instrução pública da província, o Gabinete de Leitura, tem justificado
a sua existência pela aceitação que há merecido, e serviços que tem prestado em abono
dessa útil instituição”. Sua biblioteca já atinge a 2 8110 volumes97.
1877
Tendo em vista a denuncia de extravio de livros, por ato de 12 de agosto de 1876 foi
nomeado uma comissão, composta de Gonçalo de Lagos Fernandes Bastos, Henrique
Theberge e padre João Augusto da Frota para examinar a biblioteca provincial.
“Segundo sou informado, esse estabelecimento, aliás de suma importância para a
instrução popular, tem sido tão mal dirigido que não se presta aos fins para que fora
instituído, sendo poucas as pessoas que o visitam, pela dificuldade da consulta das
obras, confusamente colocadas nas estantes”, justificou o presidente. Sua pretensão era
transferir a biblioteca para Gabinete Cearense de Leitura, “instituição nascente, que
caminha e prospera”.
Tendo bibliotecário público, bacharel Herculano de Araújo Salles, entrado em licença,
uma licença foi nomeado interinamente para aquele cargo, em data de 20 de setembro
1876, o seu ajudante Manoel Moreira da Rocha.
Apenso nº. 47 – ato de designação da comissão98.
1878
Por ato de 25 de Fevereiro de 1877, foi demitindo o pessoal da biblioteca pública
provincial em consequência de se haver verificado o desaparecimento de 340 obras em
400 volumes. A direção do estabelecimento foi entregue à congregação do Liceu, e
designado o amanuense da Secretaria do Governo, Raimundo Antônio da Rocha Lima,
para auxiliar os trabalhos.
Em 10 de agosto de 1878 foi nomeada uma comissão composta de Antônio Telêmaco
Ferreira Lima Verde, Fausto Domingues da Silva e Joaquim do Carmo filho, para
inventariar os livros e móveis existentes na Biblioteca Pública.
Do inventário a que procedeu a comissão verificou-se existir naquele estabelecimento 3
635 volumes. Não foi possível à comissão, pela deficiência do catálogo, indicar o
número das obras extraviadas. “No entanto é fora de dúvida que muitas obras têm
97 CEARÁ. Presidente (1875-1876: Esmerindo Gomes Parente) Relatório apresentado pelo excelentissimo senhor
Dr. Esmerindo Gomes Parente ao passar a administração da província ao Exm. Presidente da mesma desembargador
Franeiseo de Faria Lemos no dia 22 de março de 1876. Fortaleza: Typographia Constitucional, 1876. p. 18
98 CEARÁ. Presidente (1877: Caetano Estellita Cavalcânti Pessoa) Falla com que o ex.mo sr. dezembargador
Caetano Estellita Cavalcanti Pessoa, presidente da província do Ceará, abriu a 2.a sessão da 23.a legislatura da
respectiva Assembléia no dia 2 de julho de 1877. Fortaleza: Typ. do Pedro II, 1877. p. 26
54
desaparecido, e o extravio continuará a dar-se, sem o emprego de medidas enérgicas e,
acertadas”.
Pelo motivo exposto, e atendendo mais à vantagem de remover a Biblioteca Pública
para o centro da cidade, em ordem a que venha prestar ao público cearense os serviços
que determinaram sua criação, usei da autorização conferida pelo artigo 48 da Lei nº 1
668, de 19 de Agosto de 1875, e artigo 24 § 1º da Lei n. 1 748 de 13 de setembro de
1876, mediante prévio acordo com a diretoria do Gabinete Cearense de LeituraCearense
de Leitura.
Em virtude desse acordo mandei transferir a biblioteca pública para o prédio para da
província em que funciona o Gabinete Cearense, ficando a sua administração à cargo de
um bibliotecário que será um dos diretores, nomeado pela presidência99.
A partir de então a biblioteca passou a funcionar junto ao gabinete Cearense de Leitura
em um prédio localizado no centro da cidade onde funcionava o quartel do Corpo de
polícia.
1880
O cargo de bibliotecário passou a ser exercido por Fausto Domingues da Silva. As
verbas destinadas na lei do orçamento continuam a ser exíguas, não permitindo a
“biblioteca acompanhar o movimento literário do mundo civilizado”. O número de
frequentadores aumentou tendo em vista a localização no centro da cidade e a abertura
durante algumas horas da noite100.
1881
O relatório de 1881 regista a ideia de criação de bibliotecas como parte do projeto de
reforma da instrução na província. Assim está referido: “As Bibliotecas constituem
outra necessidade da educação pública”. Não basta propagar a instrução criando escolas:
é indispensável fornecer ao povo meios do ler, fundando bibliotecas”.
Com a participação da governo provincial, das municipalidades e da iniciativa privada,
espera-se a instituição de bibliotecas junto às unidades de ensino por toda a província.
99 CEARÁ. Presidente (1878-1880:José Julio de Albuquerque Barros) Falla com que o ex.mo sr. dr. José Julio de
Albuquerque Barros, presidente da província do Ceará, abriu a 1.a sessão da 24.a legislatura da Assembléia
Provincial no dia 1 de novembro de 1878. Fortaleza: Typ. Brasileira, 1879. p. 34
100 CEARÁ. Presidente (1878-1880:José Julio de Albuquerque Barros) Falla com que o exm. sr. dr. José Julio de
Albuquerque Barros, presidente da província do Ceará, abriu a 1.a sessão da 25.a legislatura da Assembléia
Provincial no dia 1.o de julho de 1880. Fortaleza: Typ. Brazileira, 1880
55
Além do Gabinete Cearense de Leitura, junto ao qual passou a funcionar a Biblioteca
Pública, o relatório informa a criação de Reform Club criado em junho de 1876 por
empregados no comércio da capital. Na comemoração do seu quarto aniversário em 29
do junho de 1880, foi fundada uma biblioteca cujo acervo chegou a 3 197 volumes. O
imperador Pedro II remeteu a quantia duzentos mil réis para auxílio da biblioteca, que
foi empregada na aquisição de livros.
Também é referida a criação Gabinete de Leitura da Granja fundado pelo promotor
público da comarca, António Augusto de Vasconcellos101.
1886
O presidente Joaquim da Costa Barradas (1886) comunica “com a maior satisfação” à
Assembleia o funcionamento regular da Biblioteca Pública “podendo vir a prestar
importantíssimos serviços à instrução pública da vossa província”.
Com a extinção do Gabinete Cearense de Leitura, a biblioteca recebeu 1 669 volumes,
477 brochuras, coleções de revistas, de jornais, mapas, quadros, estantes, estátuas,
utensílios, enfim todos os objetos que pertenciam àquela instituição.
“Aumentada com este valioso subsidio a Biblioteca está em condições de progredir e
preencher com a possível perfeição o fim a que foi destinada”, avalia o presidente.
Com o pedido exoneração do cargo de bibliotecário apresentado por Fausto Domingues
da Silva, foi designado para substituí-lo o oficial da secretaria da Presidência, João
Baptista Perdigão de Oliveira, por ato de 17 de julho de 1886. Para os cargos de
amanuense e porteiro foram nomeados Joaquim Alves Vieira e Luiz Ribeiro Vianna.
“Coloco debaixo de vossas vistas este estabelecimento, que conquanto comece sob
proporções bem modestas, pode, tomando incremento, tornar-se um magnífico foco de
instrução para a província que tão dignamente representais” declara o presidente102.
1888
Conforme informa o relatório de 1888, a biblioteca foi removida para o seu antigo
edifício na praça do Marquês do Herval.
Nada tenho que aditar às informações que acerca desse estabelecimento ministrei no
meu precedente relatório ; limitando-me a acrescentar que com a remoção do Liceu para
101 CEARÁ. Presidente (1881: Pedro Leão Velloso) Relatorio apresentado á Assembléia Legislativa do Ceará na
sessão ordinaria de 1881 pelo presidente da província, senador Pedro Leão Velloso. Fortaleza: Typ. do Cearense,
1881. p. 68-9.
102 CEARÁ. Presidente (1886:Joaquim da Costa Barradas) Falla que o exm. sr. desembargador Joaquim da Costa
Barradas, presidente da província do Ceará, dirigio a respectiva Assembléia Legislativa no dia 1o de setembro de
1886, por oeeasião da installação de sua sessão ordinaria; e ofício com que o mesmo exm. sr. passou a administração
da província ao exm. sr. dr. Eneas de Araujo Torreão no dia 21 do referido mês. Ceará, Typ. Econômica, 1886.
56
o prédio que era ocupado pela Biblioteca, foi esta reposta no seu antigo edifício - a, do
qual fiz separar um dos compartimentos em que funcionavam as aulas do Liceu para
estabelecer uma das escolas públicas, que já está funcionando ali.
“O bibliotecário António Augusto de Vasconcelos, continua a esforçar-se para conseguir
que essa instituição deixe de ser um ônus improdutivo e que ao contrário, compense os
sacrifícios que tem custado à Província, concorrendo positivamente para elevar o nível
da instrução popular”.
“Não obstante, a sua melhor vontade e reconhecida aptidão, não poderão colher o
desejado resultado, não sendo amparadas pela precisa dotação de meios, que a
Assembleia Provincial compete decretar”, registra o presidente103.
ESPÍRITO SANTO
1855
Em 1855, o presidente da província, Sebastião Machado Nunes (1854-1855) ,comunica
à Assembleia Provincial que brevemente terá lugar a instalação da Biblioteca Pública
103 CEARÁ. Presidente (1886-1888: Enéas de Araujo Torreão)Relatorio com que o exm. sr. dr. Enéas de Araujo
Torreão, passou a administração da província do Ceará ao exm. sr. dr. Antonio Eaio da Silva Prado no dia 21 de abril
de 1888. Fortaleza: Typ. Constitucional, 1888. p. 25
57
em uma das salas do palácio da presidência. Solicita aos representantes a aprovação de
alguma verba104.
1856
A Biblioteca Pública da capital foi aberta no dia 16 de julho de 1855. Seus primeiros
encarregados foram João Címaco de Alvarenga Rangel, José Camilo Ferreira Rabelo e
João Malaquias dos Santos Azevedo. “Ela precisa, Srs., de um auxílio, o de vós, que
amais as letras, espero que lho não recusareis”, assim dirige-se à Assembleia Provincial
o presidente José Mauricio Fernandes Pereira de Barros (1856-1857)105.
1859
O estado da biblioteca em 1859 não era bom, segundo o relato do presidente Pedro Leão
Velloso: “ não passa de [...]novecentos volumes inclusive as ditas brochuras atiradas a
esmo sobre uma mesa e pelo chão, entregues a voracidade das traças, e ao estrago da
poeira”. “Se entendeis que a província deve ter uma livraria pública [...] que a doteis dos
meios de que há mister o núcleo que já temos, para que se possa desenvolver” reclama o
presidente à Assembleia Provincial .
O relatório elaborado por João Címaco d’Alvarenga Rangel e José Camillo Ferreira
datado de 6 de abril de 1859, informa:
A biblioteca teve origem na doação de 400 volumes efetuada por Braz da Costa Rubin,
residente no Rio do Janeiro. O presidente Evaristo Ladisláo e Silva, em 21 de março de
1853, nomeou José Camillo Ferreira Rebello, José Joaquim Rodrigues e João Malaquias
dos Santos e Azevedo para comporem uma comissão que deveria promover a instalação
da biblioteca.
A comissão recebeu a doação e, por iniciativa de José Camilo Ferreira Rebello, foi
aberta uma subscrição pública para receber doações com a finalidade de adquirir mais
volumes.
A instalação da biblioteca deu-se no dia 16 de julho de 1853, na gestão do presidente
Sebastião Machado Nunes (1854-1855), sendo localizada em uma das salas do palácio
provincial. Apesar dos apelos à Assembleia provincial, só foi votada insignificante
quantia.
104 ESPÍRITO SANTO. Presidente (1854-1855: Sebastião Machado Nunes) Relatório com que o exm. sr. dr.
Sebastião Machado Nunes, presidente da provincia do Espirito Santo, abriu a sessão ordinaria da respectiva
Assembléa Legislativa no dia vinte e cinco de maio do corrente anno. Victoria, Typ. Capitaniense de P.A. d'Azeredo,
1855
105 ESPÍRITO SANTO. Presidente (1856-1857: José Mauricio Fernandes Pereira de Barros) Relatório que o exm.
senr. presidente da provincia do Espirito Santo, o doutor José Mauricio Fernandes Pereira de Barros, apresentou na
abertura da Assembléa Legislativa Provincial, no dia 23 de maio de 1856. Victoria, Typ. Capitaniense de P.A.
d'Azeredo, 1856.
58
A biblioteca é pouco frequentada devido ao desarranjo em que estão os livros, e
principalmente a falta de acomodação para os leitores. Por falta de um encarregado,
costuma estar quase sempre fechada, e os livros entregues às traças à poeira. Não há um
inventário ou catálogo regular, devendo haver aproximadamente novecentos e tantos
volumes.
As mais urgentes necessidades da biblioteca são: a nomeação de pessoa habilitada para
servir de bibliotecário; a aquisição de mobiliário e equipamentos adequados e
solicitação às sociedades científicas e literárias do império, ao governo imperial, aos
presidentes das províncias e às respectivas tipografias pedindo-lhes um exemplar de
cada uma de suas publicações oficiais ou particulares, ou folhas mensais ou diárias106.
1861
O presidente José Fernandes da Costa Pereira Junior (1861-1863) assim descreve a
biblioteca em 1861:
“Primitivamente colocada no lugar onde hoje existe o Liceu, foi depois mudada para
uma sala junto ao Correio no 2º andar do palácio do governo. [...] A sala é pequena e
despida de móveis. Tem apenas uma mesa e duas estantes, onde os livros e brochuras se
acham amontoados. Do exame a que ali procedi, logo que tomei conta da administração,
da província, cheguei ao conhecimento de que poucas são as obras de vulto que a
biblioteca possui e destas, algumas, pela antiguidade das edições, não mostram o último
estado das ciências de que tratam. Abundam as brochuras, relatórios, panfletos etc.,
mais infelizmente muitas que serviram para a história pátria figuram apenas no
catálogo. Com os empréstimos tem desaparecido, sendo isto tanto mais de lamentar
quanto algumas dessas obras, efêmeros de ocasião, foram publicadas em pequeno
número de exemplares, de sorte que hoje se tornam raras e verdadeiras curiosidade da
nossa imprensa política.
Quanto à frequência, informa que “raros são os curiosos que frequentam esta sala aberta
ao amor da ciência e ao prazer literário. Deserta, frequentemente fechada, estragam-selhe os livros que quase que em vão pedem o comércio dos homens ilustrados. Inútil no
presente resta apenas à biblioteca o apelo para as atenções do porvir”107.
1869
106 ESPÍRITO SANTO. Presidente (Pedro Leão Velloso: Relatorio do presidente da provincia do Espirito Santo, o
bacharel Pedro Leão Velloso, na abertura da Assembléa Legislativa Provincial no dia 25 de maio de 1859. Victoria,
Typ. Capitaniense de Pedro Antonio d'Azeredo, 1859.
107 ESPÍRITO SANTO. Presidente: (1861-1863: José Fernandes da Costa Pereira Junior) Relatorio apresentado á
Assembléa Legislativa Provincial do Espirito Santo no dia da abertura da sessão ordinaria de 1861 pelo presidente,
José Fernandes da Costa Pereira Junior. Victoria, Typ. Capitaniense de Pedro Antonio D'Azeredo, 1861.
59
Em 1869, a administração da biblioteca é entregue à diretoria geral da instrução.
“Cumpre salvar os restos mortais de uma biblioteca que, de há muito, tem andado em
repetidos naufrágios, dando aqui e acolá, sem um porto seguro que a se abrigue, e onde
se repare das avarias sofridas”, justifica o presidente108.
1872
A lamentável situação da biblioteca é registrada no relatório de 1872. “Outrora alguma
coisa houve a que se deu este nome; hoje apenas existem alguns livros de todo
inutilizados e estragados pelas traças”, constata o presidente. No entanto solicita à
Assembleia a votação de verba para a aquisição de livros. Reconhece, no entanto, o
desinteresse pela leitura na província: “Reconheço infelizmente que na maior parte da
população não há somente indiferença e negação para as letras; há mais do que isto; há
um horror quase igual ao que se observa em relação ao serviço das armas e até a
inoculação da vacina, que é em si considerada um mal e não um preservativo poderoso
contra a varíola”.
“Em geral, pois, evita-se a escola, e detesta-se a vacina, do mesmo modo porque muitos
fogem espavoridos à simples voz do recrutamento”.
“Uns não sabem ler, outros não querem aprender o que deviam saber!”
“E assim grassa a ignorância como uma epidemia de mau caráter, que mata a um tempo
o espírito público e todas as aspirações nobres que se precedem à industria, às ciências,
às letras, às belas artes e às armas”109.
1873
A necessidade da biblioteca é incluída na reforma da instrução pública em 1873. “E' este
um estabelecimento literário de máxima importância, por sua influência sobre a
instrução, e que não deve ficar em olvido”, justifica o presidente. E acrescenta: já
tivemos uma pequena biblioteca, de que hoje apenas restam alguns livros entregues às
traças e a poeira”. “Hoje que a Província, despertando desse letargo em que dormia
tenta levantar-se e caminhar, hoje que os espíritos como que se abrem às luzes da
instrução, uma biblioteca será um facho mais que se acenda, e cujos luminosos raios não
se apagarão”.
108 ESPÍRITO SANTO. Presidente: (1869-1870: Antonio Dias Paes Leme) Relatorio com que foi aberta a sessão
ordinaria da Assembléa Legislativa da provincia do Espirito Santo pelo exm. sr. presidente, dr. Antonio Dias Paes
Leme, no anno de 1869. Victoria, Typ. do Correio da Victoria, 1869.
109 ESPÍRITO SANTO. Presidente (1871-1872: Relatorio lido no paço d'Assembléa Legislativa da provincia do
Espirito-Santo pelo prezidente, o exm. senr. doutor Francisco Ferreira Correa na sessão ordinaria no anno de 1871.
Victoria, Typ. do Correio da Victoria, 1872.
60
Solicita à Assembleia a votação de verba para aquisição de livros e a criação do cargo
de bibliotecário com “vencimentos razoáveis”110.
Nada é informado sobre a biblioteca pelos presidentes dos períodos posteriores.
1879
Em 1879, o presidente, Eliseu de Sousa Martins (1879-1880), fala da “ideia de fundar
[na] Capital um templo consagrado às ciências, às artes e às letras e no qual funcionem,
como Sacerdotes, meus concidadãos”. Para tanto, reuniu 1 844 volumes doados por
várias pessoas, adquiriu outros 239 que somados atingiram 2 084. Considerou
especialmente livros apropriados à instrução popular. Providenciou também cartas
geográficas, mapa-mundi e do Brasil, globos ou esferas terrestre e celeste, figuras
geométricas, etc. A Biblioteca cuja maior frequência é de supor que seja à noite, reclama
por isto uma iluminação apropriada, pelo que foi tomada a deliberação de mandar
encanar o gás para ali.
A direção foi entregue provisoriamente ao diretor do Ateneu, até a criação dos cargos de
bibliotecário e amanuense. Solicita dotação orçamentária não só para a compra anual de
livros, assinatura de revistas nacionais ou estrangeiras e despesas de encadernação,
expediente, asseio “Dando conta da criação da biblioteca pública desta capital, eu vo-la
entregue para que lhe imprimais o caráter oficial de que necessita: vossa luzes e vosso
patriotismo suprirão certamente o que não foi dado atingir meu esforço”111.
1880
Em 1880, usando a atribuição conferida pelo art. 3º § 1 da Lei Provincial n. 1º 19 de 10
de maio foi aprovado por ato de 28 de junho o regulamento da Biblioteca Provincial.
Por ato de 30 do referido mês foi nomeado o diretor do Ateneu Provincial, Domingos
Gomes Barrozo, para o lugar de bibliotecário, na forma do citado art. 3º § 2º da aludida
lei.
“A Biblioteca vai tendo grande desenvolvimento pela continuada oferta de livros; sua
frequência, que excede em muito as previsões ordinárias, demonstra que ela veio
satisfazer uma grande necessidade do espírito público nesta capital”, declara o
presidente. Faço votos para que tão útil instituição encontre, como é de esperar, da parte
110 ESPÍRITO SANTO. Presidente (1873-1873: João Thomé da Silva) Falla com que foi aberta a sessão
extraordinaria da Assembléa Provincial pelo exm. snr. presidente, o doutor João Thomé da Silva, em maio de 1873.
Victoria, Typ. Espirito-Santense, 1873
111 ESPÍRITO SANTO. Presidente (1879-1880: Eliseu de Sousa Martins) Relatório com que foi aberta a sessão
extraordinaria da Assembléa Provincial pelo exm. sr. presidente, dr. Eliseu de Sousa Martins, no dia 28 de outubro de
1879. Victoria, Typ. da Gazeta da Victoria, 1879.
61
de meus sucessores apoio e esforços mais profícuos do que foram os meus”, declara o
presidente Eliseu de Sousa Martins (1879-1880)112.
1881
Tão civilizadora instituição veio satisfazer a uma das primeiras necessidades desta
capital, cujo progresso intelectual, há muito que requeria um estabelecimento desta
ordem113.
Os relatórios posteriores informam sobre o funcionamento regular da biblioteca
registram os apelos dos presidentes à Assembleia Provincial sobre a necessidade de
votar anualmente a dotação orçamentária.
1882
Em 1881, Urbano da Cunha Faria doou a quantia de 400$000 para a aquisição de livros
que foram encomendados pelo bibliotecário na Europa114.
1888
Em 1888, Josino Vital Pinto de Azevedo passou a exercer o cargo de bibliotecário
devido ao falecimento de Domingos Gomes Barroso.
Foi nomeada uma comissão composta de Ernesto Mendes de Andrade e Oliveira,
Manoel Pedro Villaboim, Carlos Marques de Sá e Joaquim Maria Nascentes d’
Azambuja para realizar o inventário da biblioteca.
Existe no município de Itapemirim, na povoação da Barra, uma biblioteca bem
organizada.
Recebeu da Assembleia, em 1888, um auxílio de 300$000. Seu diretor era Simão
Rodrigues Soares115.
112 ESPÍRITO SANTO. Presidente (1879-1880: Eliseu de Sousa Martins) Relatório com que o Exm. Sr. Dr. Eliseu
de Sousa Martins no dia 19 de julho de 1880 passou a administração da província do Espírito Santo ao Exm. Sr.
Tenente Cel. Alfeu Adolfo Monjardim de Andrade e Almeida, 1º Vice-Presidente. Victoria: Typographia da Gazeta da
Victoria, 1880.
113 ESPÍRITO SANTO. Presidente ( ) Relatório apresentado á Assembléa Legislativa da provincia do Espirito-Santo
em sua sessão ordinaria de 8 de março de 1881 pelo presidente da provincia, exm. sr. dr. Marcellino de Assis Tostes.
Victoria, Typ. da Gazeta da Victoria, 1881.
114 ESPÍRITO SANTO. Presidente (1882: Alpheo Adelpho Monjardim de Andrade e Almeida) Relatorio
apresentado á Assembléa Legislativa da provincia do Espirito-Santo pelo 1o vice-presidente, o exm. sr. tenente
coronel, em 21 de março de 1882. Victoria, Typ. do Horizonte, 1882. p. 10-11.
62
GOIÁS
1850
Em 1850, o presidente da província de Goiás, Eduardo Olimpio Machado (1849-1850),
reconhece as dificuldades de acesso ao livro e propõe à Assembleia Provincial a
aprovação de recursos para aquisição de livros para o Liceu com a finalidade de criar
uma biblioteca. Assim deixou registrado: “A necessidade de livros que sejam
consultados não só pelos alunos, como mesmo pelos professores, é de primeira intuição.
Sabeis quanto deve custar a aquisição de livros nesta província, onde é tão caro
transporte de qualquer gênero de comércio; talvez não estejam habilitados para compralos nem os professores, nem os alunos. Isto posto, convém que decreteis uma pequena
quota para compra de livros: renovando-se ele nos futuros orçamentos, pode o Liceu,
dentro em breve e sem grande sacrifício, estar possuidor de uma sofrível biblioteca, que
então poderá ser franqueada aos habitantes desta cidade”116.
1851
A criação de uma Biblioteca Pública pela lei nº. 7, de 5 de junho de 1850, é mencionada
no relatório do presidente Antônio Joaquim da Silva Gomes (1850-1852). No entanto,
“a escassez do numerário nos cofres da Provedoria” da província impediu a aquisição de
livros a ela destinados117.
115 ESPÍRITO SANTO. Presidente (1887-1888: Antonio Leite Ribeiro de Almeida )Relatorio apresentado á
Assembléa Legislativa Provincial do Espirito-Santo na abertura da primeira sessão da 28.a legislatura em 9 de julho
de 1888 pelo dr. Antonio Leite Ribeiro de Almeida, presidente da provincia. Victoria, Typ. do Espirito-Santense, 1888
116 GOIÁS. Presidente (1849-1850: Eduardo Olimpio Machado) Relatório com que o ex-presidente da província de
Goyaz o sr. doutor Eduardo Olimpio Machado entregou a presidência da mesma ao seu successor o Exm. Sr. doutor
Antonio Joaquim da Silva Gomes. Goyaz: Typrographia Provincial, 1859. p. 21.
117 GOIÁS. Presidente (1850-1852: Antonio Joaquim da Silva Gomes) Relatório que á Assemblea Legislativa de
Goyaz apresentou na sessão ordinaria de 1851 o exm. presidente da mesma provincia, doutor Antonio Joaquim da
Silva Gomes. Goyaz: Typ. Provincial, 1851. p. 32.
63
1858
Oito anos depois, em 1858, o presidente, Francisco Januário da Gama Cerqueira (18571860), volta a recomendar à Assembleia a criação de uma pequena biblioteca para o
Liceu. Avalia que sendo ela gradualmente aumentada, “possa mais tarde franquear-se
aos homens estudiosos da capital”. Foi encarregado o dr. José Rodrigues Jardim para
comprar alguns livros com os recursos decorrentes das matrículas dos alunos118.
1874
Em 1874, o relatório faz menção honrosa ao Gabinete Literário, único seu gênero na
província e por ela subvencionado. O presidente Antero Cícero de Assis (1871-1878)
considera que “[...] por algum tempo [o Gabinete] será a biblioteca pública de Goyaz,”
pelo que convirá auxilia-lo cada vez mais”. A direção estava a cargo do dr. Francisco
Antônio de Azeredo119.
Nos anos posteriores os relatórios trazem notícias sobre Gabinete Literário Goiano.
1877
Em 1877, o número de sócios era de 71, “quase todos concorrem pontualmente com
suas mensalidades”. Foram adquiridas diversas obras em 582 volumes, alguns
comprados na capital e outros mandados vir da corte. Houve também doações de
particulares. Foi retocado o retrato do seu fundador, Raymundo Sardinha da Costa. O
presidente lamenta a indiferença dos habitantes da província pela instituição e afirma
que “se há uma empresa que deva merecer a atenção ou iniciativa particular é esta por
certo, instruir o povo para que depois dele, conhecedor de seus direitos e deveres, possa
tomar parte com conhecimento de causa, nas outras associações que por aí se propalam
antes do tempo”120.
1879
Em 1879, o Gabinete Literário Goiano continha 2 465 volumes e era pouco
freqüentado. A leitura que mais atraia era a “pouco instrutiva de romances”.
118 GOIÁS. Presidente (1857-1860: Francisco Januário da Gama Cerqueira) Relatorio apresentado á Assembléa
Legislativa Provincial de Goyaz na sessão ordinaria de 1858 pelo exm. presidente da provincia, dr. Francisco Januario
da Gama Cerqueira. Goyaz: Typ. Goyazense, 1858. p. 16
119 GOIÁS. Presidente Relatório apresentado á Assemblea Legislativa Provincial de Goyaz, pelo exm.o sr. dr.
Antero Cicero de Assis, presidente da provincia, em 1.o de junho de 1874. Goyaz: Typ. Provincial, 1874. p. 22.
120 GOIÁS. Presidente (1871-1878: Antero Cícero de Assis) Relatorio apresentado á Assembléa Legislativa
Provincial de Goyaz, pelo exm. sr. dr. Antero Cicero de Assis, presidente da provincia, em 1.o de junho de 1877.
Goyaz, Typ. Provincial, 1877. p. 21-2.
64
A diretoria eleita em 27 de abril estava assim constituída: Presidente: dr. Francisco
Antônio de Azeredo; diretores: Manoel Kosciusko Pereira da Silva e Antônio Fleury
Curado; tesoureiro: Francisco de Faria Alnernaz; secretários: Francisco Victorino
Xavier de Brito e João Baptista Soares Maia.121
1881
O Gabinete contava em 8 de maio 1881 com 89 sócios efetivos e muitos honorários. Era
“um estabelecimento que agradavelmente impressiona o administrador, honra a capital
goiana e atesta eloqüentemente o seu amor pelas letras, pelas artes e pelas ciências”,
segundo a avaliação do presidente Joaquim de Almeida Leite Moraes (1881). Continha
“cerca de 4 000 livros notáveis e escolhidas obras de ciências e literatura nacional e
estrangeira”. E assim dirige-se à Assembleia Provincial: “logo que a província tenha
satisfeito seus encargos principais, deveis auxiliar o Gabinete com uma subvenção anual
aplicada exclusivamente na aquisição de novas obras. É uma instituição digna do
auxílio e proteção dos poderes públicos”122.
MARANHÃO
1838
O relatório de 1838 do presidente Vicente Thomaz Pires de Figueiredo Camargo (18381839) informa que a biblioteca possui um “avultado número de volumes”. Considera
que nela se encontram “obras mais ofensivas da moral e religião”, fato que causa “justa
indignação ao cidadão”. Segundo sua opinião, podem “propinar o veneno da corrupção
principalmente aos alunos que no mesmo edifício frequentam algumas aulas”. Dessa
forma, solicita aos membros da Assembleia a nomeação “com a máxima prontidão” de
uma comissão “para expurgar a biblioteca dos numerosos livros ímpios e imorais que
nela se acham”123.
121 GOIÁS. Presidente (1879-1980: Aristides de Souza Spinola) Relatorio apresentado pelo illm. e exm. sr. dr.
Aristides de Souza Spinola, presidente da provincia á Assembléa L. Provincial de Goyaz no dia 1o de junho de 1879.
[n.p.] Typ. Provincial, 1879. p. 22.
122 GOIÁS. Presidente (1881: Joaquim de Almeida Leite Moraes) Relatório... 3 nov. 1881. p. 68.
123 MARANHÃO. Presidente. (1838-1839: Vicente Thomaz Pires de Figueiredo Camargo) Discurso que recitou o
exm. snr., presidente desta provincia, na occazião da abertura da Assembléa Legislativa Provincial no dia 3 de mayo
do corrente anno. Maranhão: Typ. de I.J. Ferreira, 1838. p. 14-
65
1857
Em 1857, a biblioteca estava anexa ao Liceu e possuía 1 931 volumes “de toda a sorte”.
Parte em bom estado e parte estragada. Foram vendidos à peso 592 volumes que
estavam “inteiramente arruinados”. O presidente registra que falta tudo na biblioteca:
“livros, estantes, edifício capaz”124.
1858
No ano seguinte, é registrado que estado da biblioteca era considerado “deplorável” e o
número de livros “diminuto”. O presidente solicita à Assembleia que aprove recursos
para a compra de livros, estantes e outros objetos sem o que a biblioteca “nenhuma
utilidade poderá prestar”125.
1859
Constatou-se em 1859 que não houve aumento do número de volumes da biblioteca, a
não ser a entrada de alguns livretos e coleções de leis. O acervo de 1 931 volumes
estava “parte em bom estado e parte em princípio de ruína”. Necessitava-se a compra de
bons livros “que tornem a biblioteca apta a desempenhar os fins de sua criação”, a
substituição e pintura das estantes e a definição de uma verba anual para a sua
manutenção126.
1860
Em 1860, o estado da biblioteca continua mesmo como descrito no relatório do ano
anterior. Os volumes, no total de 1 931, encontram-se “truncados e arruinados em sua
maior parte”. Necessita uma completa reforma para preencher os fins a que se destina.
Com falecimento do continuo da biblioteca, Antônio Raimundo Martins, a função é
suspensa, passando as atividades a serem executadas pelo porteiro do Liceu como
medida de economia para os cofres provinciais127.
1862
124 MARANHÃO. Presidente. (1857: Benvenuto Augusto de Magalhães Taques). Relatório que á Assemblea
Legislativa Provincial do Maranhão apresentou na sessão ordinária de 1857 o presidente da província, dr. Benvenuto
Augusto de Magalhães Taques. Maranhão, Typ. da Temperança, 1857. p. 12.
125 MARANHÃO. Presidente. (1857-1858: Francisco Xavier Paes Barreto ) Relatorio do exm. snr. presidente,
doutor Francisco Xavier Paes Barreto, apresentado ao exm. sr. vice presidente, doutor João Pedro Dias Vieira, ao
passar-lhe a administração no dia 13 de abril de 1858. Maranhão: Typ. da Temperança, 1858. p. 10
126 MARANHÃO. Presidente. (1858-1859: João Lustosa da Cunha Paranaguá) Relatorio do Presidente da província
do Maranhão, o doutor João Lustosa da Cunha Paranaguá, na abertura da Assembléa Legislativa Provincial no dia 3
de maio de 1859. Maranhão, na Typ. de J.M.C. de Frias, 1859. p. 14
66
Os livros da biblioteca em 1862 estavam “em grande parte arruinados”. O bibliotecário
informa que o estrago é “devido às más condições da biblioteca e à dificuldade na
renovação do ar no edifício e à péssima disposição das estantes, que, sendo fixas nas
paredes, não podem ser espanejadas pela parte interna, o que facilmente os sujeita à
ação das traças, brocas e outros vermes. Não houve nenhum aumento no número de
volumes a não ser alguns livretos ou coleções de leis128.
1865
Em 1865, o Inspetor da Instrução Pública aponta duas causas que tem contribuído para
o estado de deterioro da biblioteca, Segundo ele, a primeira é o horário em que está
aberta, das 9 horas da manhã às 14 horas. Considera o horário improprio para a
frequência porque “a maior parte das pessoas amigas da leitura estão nas suas
ocupações diárias”. A segunda é a pouca ventilação que há na sala o que favorece a
propagação de insetos que tem destruído grande parte dos livros.
Considera que não sendo possível colocar a biblioteca em local com melhores
condições, bem ventilada, havendo pessoal como guarda ou porteiro, além de
bibliotecário e abrindo em horários mais adequados, de nada adianta a aquisição de
novos livros. “Será pura perda de tempo”. “Novos produtos para alimentação das
traças”.
Nesse ano a biblioteca recebeu a doação de 18 quadros a óleo que retratam bispos e
missionários do Brasil oferecida pela viúva de Antônio Gonçalves Dias os quais foram
adquiridos por ele129.
1866
De acordo com o relatório de 1866, a situação da biblioteca permanecia a mesma. “Um
grande número [dos volumes] se acha consideravelmente arruinado”. O presidente da
província opina que “com o regulamento que tem, no edifício em que está e desprovida
de livros como se acha, a biblioteca continua a ser de perfeita inutilidade para o
público”. “Urge, pois, mudá-la para casa apropriada, enriquecê-la com grande cópia de
127 MARANHÃO. Presidente. (1859-1861: João Silveira de Souza) Relatorio com que o exm. snr. João Silveira de
Souza, presidente desta provincia, abrio a Assembléa Legislativa Provincial no dia 3 de maio de 1860. Maranhão:
Typ. de J.M.C. de Frias, 1860. p. 1.
128 MARANHÃO. Presidente. (1862-1863: Antonio Manoel de Campos Mello) Relatorio que á Assemblea
Legislativa Provincial do Maranhão apresentou o presidente da província, conselheiro Antonio Manoel de Campos
Mello, por occasião da installação da mesma Assemblea no dia 27 de outubro de 1862. San' Luiz: Typ. de B. de
Mattos, 1862. p. 24
129 MARANHÃO. Presidente. (1864-1865: Ambrozio Leitão da Cunha) Relatorio com que o exm. sr. presidente da
provincia, dr. Ambrozio Leitão da Cunha, passou a administração da mesma provincia ao exm. sr. 4.o vice-presidente,
tenente-coronel José Caetano Vaz Junior, no dia 23 de abril de 1865. San' Luiz, Typ. de B. de Mattos, 1865. p. 15
67
obras de todos os ramos de conhecimentos humanos e dar-lhe regime de maneira que
esteja ela aberta nas horas em que pode ser maior a afluência dos estudiosos”. “A capital
do Maranhão por sua adiantada civilização, pela reconhecida aptidão dos seus
habitantes para as letras e ciências, tem direito a possuir um estabelecimento deste
gênero nas condições expostas”, complementa130.
1867
Em 1867, por ato da presidência da província de 10 de julho de 1866, a biblioteca foi
entregue à sociedade Instituto Literário Maranhense. O acervo constava de 454 volumes
em sofrível estado de conservação, 118 meio arruinados e 1 368, sendo uns inutilizados
e outros, porém poucos, brochados. Foram também entregues os 16 quadros doados pela
viúva de Antônio Gonçalves Dias, dois globos geográficos e alguns móveis.O Instituto e
a biblioteca passaram a funcionar nas salas do convento Nossa Senhora do Carmo.
A biblioteca do Instituto contava com 2 236 volumes quase na sua totalidade
encadernados. 986 são provenientes da biblioteca pública, 950 da biblioteca que
pertenceu a Antônio Gonçalves Dias e que foram oferecidos pela viúva, e 300 doados
pela viúva do dr. Raymundo Teixeira Mendes, pelos irmãos do finado dr. Caetano
Claudio Cantanhedo e pelos sócios Alexandre Theophilo de Carvalho Leal, Antônio
Rego e Antônio Henriques Leal. O governo provincial contribuiu com 1:500$000 para
as despesas com reparos das salas do convento e a encadernação dos livros131.
1869
Em 1869, a biblioteca continuava entregue à sociedade Instituto Literário Maranhense e
funcionando nas salas do convento Nossa Senhora do Carmo132.
130 MARANHÃO. Presidente. (1865-1866: Lafayette Rodrigues Pereira) Relatorio que o exm. snr. presidente da
provincia, dr. Lafayette Rodrigues Pereira, apresentou á Assembléa Legislativa Provincial, por occasião de sua
abertura dia 3 de maio de 1866. Maranhão, Typ. do Frias, 1866.
131 MARANHÃO. Presidente. (maio 1867- out. 1867:Franklin Américo de Menezes Dória) Relatório com que o
excellentíssimo senhor doutor Franklin A. de Menezes Dória passou a administração desta província ao
excellentissimo senhor doutro Antonio Epaminondas de Melo no dia 28 de outubro de 1867. S. Luiz do Maranhão:
Typ. De B. de Mattos, 1867. p. 18.
132 MARANHÃO. Presidente. (maio 1868- out. 1869: Ambrozio Leitão da Cunha) Relatorio com que o
excellentissimo senhor presidente, desembargador Ambrozio Leitão da Cunha, passou a administração d'esta
provincia ao excellentissimo senhor primeiro vice-presidente, doutor José da Silva Maya no dia 4 de abril de 1869. S.
Luiz do Maranhão, Typ. Commercial de A.P. Ramos de Almeida, 1869. p. 23.
68
MATO GROSSO
1872
O Regulamento nº 4, de 17 de setembro de 1872, que reorganizou a instrução pública
da província, previu, no seu artigo 159, que “poderá o governo estabelecer no lugar que
entender mais apropriado, na capital, um Gabinete de Leitura formado de livros que
forem adquiridos mediante donativos particulares e compra de outros, oportunamente
resolvida pelo Corpo Legislativo”. A criação é assim justificada à Assembléia Provincial
pelo presidente da província, Francisco José Cardoso Júnior (1871-1872): “ninguém
contestará a utilidade de semelhante instituição nesta capital, tão balda de recursos,
senhores, para quem pretender esclarecer o entendimento”.
Uma carta oficial foi encaminhada a diversos cidadãos comunicando a criação do
Gabinete e solicitando doação de livros, “que será o começo de um grande
melhoramento moral”. “[...] bom será que os filhos da província, que os habitantes dela
sejam os primeiros a dar o exemplo”, espera o presidente. E argumenta: “Não é uma
coisa nova que se inicia, é uma necessidade geralmente reconhecida, que em quase
todos os pontos do Império acha-se vantajosamente provida. O Mato Grosso não se vê
ficar aquém de suas irmãs no caminho do progresso”. “Nesta capital onde as distrações
são limitadas, o gabinete virá preencher uma lacuna com manifesto proveito dos
freqüentadores” O presidente espera acolhido o seu pedido e acredita que o reclamo que
faz é “a bem do progresso moral e do futuro da província de Mato Grosso”.
Foram obtidas respostas de D. José Antonio dos Reis, primeiro bispo de Cuiabá, do
Barão de Melgaço, do Protonotário Apostólico Ernesto Camillo Barreto, do Dr. Augusto
Novis e do professor João Roberto da Cunha Bacellar 133.
1874
O Gabinete de Leitura de Cuiabá foi inaugurado no dia 39 de maio de 1874. O
presidente da província, José de Miranda da Silva Reis (1872-1874), considera como
um [...] fato de tanto alcance futuro que não deve passar despercebido: ele significa a
realização de uma idéia magnânima concebida em proveito do povo, a quem é
consagrado”. Com a criação do gabinete a província procura se igualar às demais
unidades do império no tocante à cultura: “A província de Mato Grosso, se não pode na
atualidade acompanhar no vôo as águias brasileiras, suas irmãs, que procuram tocar à
133 MATO GROSSO. Presidente (1871-1872: Francisco José Cardoso Júnior) Relatorio apresentado á Assembléa
Legislativa da provincia de Matto-Grosso no dia 4 de outubro de 1872 pelo presidente da mesma provincia, o exm. sr.
tenente coronel Dr. Francisco José Cardozo Junior. Rio de Janeiro: Typ. do Apostolo, 1873. p. 71-2.
69
perfeição física e moral, não se deixa contudo entibiar e possuir de desanimo; não, com
passos mal seguros ela fita os olhos no futuro e caminha para ele, indiferente às urzes e
aos espinhos que juncam a estrada que trilha”, diz o presidente Reis.
Por ato de 11 de dezembro de 1873, foi constituída uma comissão formada com os
seguintes membros tenente coronel João de Souza Neves, 1º tenente d’armada Joaquim
Moreira Marques, doutor Antonio Gonçalves de Carvalho, cônego José Joaquim dos
Santos Pereira, doutor Augusto Novis e doutor Carlos José de Souza Nobre para tomar
as providencias necessárias à instalação do Gabinete Literário, “uma ideia tão
civilizadora e que tantos benefícios há de necessariamente acarretar ao desenvolvimento
moral desta província”.
Foi destinada a quantia de 500$000 réis para a compre de livros e mandado entregar o
valor de 1:200$000 réis para as despesas de criação.
A comissão doou as estantes, mesa, bancos e outros móveis e fez a encomenda de livros
na Europa no valor se 500:000 reis.
Encerrados os trabalhos de instalação pela comissão, o Gabinete passou a ser
administrado pela Inspetoria Geral das Aulas.
“Tomai, senhores, sob a vossa égide protetora, este importante estabelecimento e velai
pelo seu desenvolvimento”, apela o presidente aos membros da Assembleia134.
1879
Por ato de 13 de janeiro de 1879, o Gabinete de Leitura que funcionava no paço da
Câmara Municipal foi transferido para um das salas do edifício da Escola Normal. A
medida foi tomada por medida de economia e para colocar a repartição sob as vistas
imediatas do Inspetor da Instrução Pública. A direção passou a ser exercida pelo
amanuense da Inspetoria. Contava com 1 132 volumes135.
1880
Em 1880, o Gabinete recebeu a doação de 177 volumes efetuada pelo tenente coronel
Cesário Correia da Costa que pertenceram ao seu sogro, o barão de Melgaço. O acervo
da biblioteca passou a 1 507 volumes136.
134 MATO GROSSO. Presidente (1872-1874: José de Miranda da Silva Reis) Relatorio apresentado á Assembléa
Legislativa Provincial de Matto-Grosso na primeira sessão da 20.a legislatura, no dia 3 de maio de 1874 pelo
presidente da provincia, o exm. sñr. general dr. José de Miranda da Silva Reis. Cuiabá: Typ. da "Situação" de Souza
Neves & C.a [s.n.t.] p. 32-3
135 MATO GROSSO. Presidente (1878-1879: João José Pedrosa) Relatorio com que o exm. snr. dr. João José
Pedrosa, presidente da provincia de Matto-Grosso, abrio a 2a sessão da 22a legislatura da respectiva Assembléa em
1o de outubro. Cuiabá: Typ. de J.J.R. Calháo, 1879. p. 146
70
MINAS GERAIS
1846
O relatório de 1846 informou a existência na capital de uma porção de livros que
pertenceram à biblioteca da extinta Sociedade Promotora da Instrução Pública. Os
livros, “entre os quais se vêm muitas obras interessantes”, achavam-se atirados na
capela do Palácio do Governo, servindo de pasto às traças, e estragando-se
completamente.
Para evitar o seu desaparecimento, o presidente Quintiliano José da Silva (1844-1847)
determinou a transferência para a casa de Bernardo Xavier Pinto de Sousa que “se
obrigou a tê-los gratuitamente em boa guarda, conserva-los, franquear sua leitura com
as devidas cautelas a quem os procurasse”.
Na cidade de S. João de El-Rei existe regularmente estabelecida uma Livraria.
Seu novo bibliotecário enviou ao presidente da província uma relação das duplicatas
existentes propondo serem incorporadas à biblioteca da capital. Em troca pedia que
fossem pagas algumas encadernações e outros reparos de que a Livraria necessitava.
Tendo autorizado as despesas correspondentes, o presidente solicitou o envio das
duplicatas para serem depositadas no “estabelecimento que tanto deve concorrer para a
civilização, e que tanto bens pode produzir”.
O presidente em reconhecimento aos “relevantes serviços prestados em prol da
instrução pública” pelo cidadão Batista Caetano de Almeida com a fundação da Livraria
pública de S. João d’ El Rei, ordenou em 25 de agosto do ano passado, a colocação do
seu retrato na sala principal do estabelecimento 137.
1847
Em 1847, a biblioteca que estava na casa de Bernardo Xavier Pinto de Sousa foi
transferida para o prédio em que passou a funcionar a escola normal. O presidente
solicita a aprovação de verba para aquisição de livros tanto para essa biblioteca como
também para a de São João de El-Rei para que, “enriquecidas [...] sirvam para
136 MATO GROSSO. Presidente (1879-1881: Rufino Enéas Gustavo Galvão) Relatorio com que o exm. snr. general
barão de Maracajú, presidente da provincia de Matto-Grosso, abrio a 1.a sessão da 23.a legislatura da respectiva
Assembléa no dia 1.o de outubro do corrente ano. Cuyabá: Typ. de Joaquim J.R. Calháo, 1880. p. 32.
137 MINAS GERAIS. Presidente. (1844-1847: Quintiliano José da Silva) Falla dirigida á Assembléa Legislativa
Provincial de Minas Geraes na sessão ordinaria do anno de 1846, pelo presidente da provincia, Quintiliano José da
Silva. Ouro Preto: Typ. Imparcial de B.X. Pinto de Sousa, 1846.
71
vulgarizar mais a instrução”. “Nem se diga que é inútil a biblioteca no Ouro Preto: pois
aqui, além de ser a capital, é onde se reúnem os escolhidos da província, e onde existem
as principais repartições, as quais podem tirar da livraria recursos muito importantes”,
argumenta o presidente138.
1851
A Lei Provincial 430 determinou a transferência da biblioteca da capital para o edifício
da Assembleia Provincial. O presidente José Ricardo de Sá Rego (1850-1852) tendo
verificado que os livros “se achavam amontoados, estragando-se consideravelmente
com a umidade, ao ponto de acharem-se alguns já dilacerados”, mandou que fossem
provisoriamente transportados para uma das salas da Secretaria do Governo até que
fossem concluídas as obras no edifício. “Aí se acham ainda hoje, distribuídos em várias
estantes, em uma sala espaçosa e arejada, onde muito mais facilmente se conservarão,
do que no úmido quarto em que estavam amontoados”, informou139.
1857
Por falta de cômodos próprios no edifício em que trabalha a Secretaria da Diretoria
Geral da Instrução Pública à qual desejo reunir a Biblioteca desta Cidade , afim de que
possa ser constantemente inspecionada pelo Diretor Geral, deixei de publicar o
Regulamento, de que trata o artigo 9º. § 3º. da lei n.° 791.
Certo é que a este respeito não é a nossa legislação omissa, por que já temos o
Regulamento n.° 9, mas alguns inconvenientes e omissões nele se notam que devem ser
remediados, e tão depressa obtenha uma casa cômoda, tratarei de cumprir aquela
disposição de Lei, fazendo transferir a dita Biblioteca do impróprio local onde hoje
existe , e aplicando à compra de obras modernas e interessantes a quantia consignada no
§ 26 do artigo 1.º da lei n.° 733140.
1858
138 MINAS GERAIS. Presidente. (1844-1847: Quintiliano José da Silva) Falla dirigida á Assembléa Legislativa
Provincial de Minas Geraes na sessão ordinaria do anno de 1847 pelo presidente da provincia, Quintiliano José da
Silva. Ouro Preto: Typ. Imparcial de B.X. Pinto de Sousa, 1847
139 MINAS GERAIS. Presidente. (1850-1852: José Ricardo de Sá Rego) Relatorio que á Assembléa Provincial da
provincia de Minas Geraes, apresentou na sessão ordinaria de 1851 o doutor José Ricardo de Sá Rego, presidente da
mesma provincia. Ouro-Preto: Typ. Social, 1851. p. 37-8.
140 MINAS GERAIS. Presidente. (1856-1857: Herculano Ferreira Penna) Relatório que á Assembla Legislativa
Provincial de Minas Geraes apresentou na abertura da sessão ordinária de 1857 o conselheiro Herculano Ferreira
Penna, presidente da mesma província. Ouro Preto: Typ. Provincial, 1857.
72
Em 1858, é realizada a compra de livros constantes de uma relação organizada pelo
Doutor Figueira. O presidente autoriza a colocação de estantes para acomodação dos
volumes na sala que servia de Secretaria à Diretoria Geral da Instrução Pública141.
Anexo nº. 7 – Lista de livros para a biblioteca pública do Ouro Preto.
1860
Com a finalidade de reconstruir a biblioteca, o presidente Vicente Pires da Motta (18601861) realiza, em 1860, a encomenda na Europa de 102 obras com cerca de 250
volumes142.
1861
Em 1861, a biblioteca foi mudada do edifício da Mesa das Rendas para uma das salas da
Secretaria da Polícia. Seu acervo foi aumentado com as obras encomendadas em 1858 e
que importaram em 1:408$387, inclusive carreto143.
1862
Em 1862, o presidente Joaquim Camillo Teixeira da Motta (1862) registra que a
biblioteca da capital é “desconhecida de seus próprios vizinhos: não tem soufrido
aumento ou diminuição, e nenhum benefício tem prestado”. Espera que a biblioteca de
S. João D’El-Rei não esteja na mesma situação144.
Nos anos seguintes a biblioteca deixa de ser referida nos relatórios provinciais.
1871
Em 1871, é informado que a biblioteca, instalada em 25 de fevereiro de 1857 e aberta ao
público pelo regulamento n.º 45, por falta de “recursos para a continuação de
141 MINAS GERAIS. Presidente. (1857-1860: Carlos Carneiro de Campos) Relatorio que á Assembléa Legislativa
Provincial de Minas Geraes apresentou na abertura da sessão ordinaria de 1858 o conselheiro Carlos Carneiro de
Campos, presidente da mesma provincia. Ouro Preto: Typ. Provincial, 1858.
142 MINAS GERAIS. Presidente. (1860-1861: Vicente Pires da Motta) Relatorio que á Assembléa Legislativa
Provincial de Minas Geraes apresentou no acto da abertura da sessão ordinaria de 1860 o conselheiro Vicente Pires da
Motta, presidente da mesma provincia. Ouro Preto: Typ. do Bem Publico, 1860
143 MINAS GERAIS. Presidente. (1860-1861: Vicente Pires da Motta) Relatorio que á Assembléa Legislativa
Provincial de Minas Geraes apresentou na abertura da sessão ordinari [sic] de 1861 o illm.o e exm. sr. conselheiro
Vicente Pires da Motta, presidente da mesma provincia. Ouro Preto: Typ. Provincial, 1861.
144 MINAS GERAIS. Presidente. (1862: Joaquim Camillo Teixeira da Motta)Relatorio que a Assembléa Legislativa
Provincial de Minas Geraes apresentou no acto da abertura da sessão ordinaria de 1862 o coronel Joaquim Camillo
Teixeira da Motta, terceiro vice-presidente da mesma provincia. Ouro Preto: Typ. Provincial, 1862.
73
assinaturas de jornais, aquisição de novas obras, caiu em tal prostração que deu lugar a
que fosse em 1868 suprimida.
Foi restaurada em 1869 pelo § 56 do art. 2.º da lei n. 1 615, mas “mui pouca vantagem
oferece, e até mesmo sua existência é quase ignorada”.
A importância da biblioteca foi assim explicitada pelo presidente:
“Os benefícios que as bibliotecas prestam à instrução pública de que são auxiliares,
quando enriquecidas de livros escolhidos, revistas, jornais, mapas e obras adaptadas à
inteligência comum; a necessidade de oferecer aos que não tem meios para empregar na
compra de livros custosos; um lugar onde possam encontrá-los os que carecem consultálos sobre os diversos ramos das ciências, das letras e das artes, a conveniência de incitar
a curiosidade e por ela o gosto da leitura, desviando pouco a pouco a atenção de objetos
inúteis ou prejudiciais e conduzindo-a para a apreciado e estudo da que se tem
descoberto, feito e conseguido pelo trabalho da inteligência, justificam as bibliotecas.
Elas para os que saem das aulas primárias, dos liceus, dos institutos e das academias são
uma outra escola, a continuação prática do que aprenderam, e após a leitura ligeira e
amena de novelas, romances, dramas mas e jornais ilustrados, desenvolve-se
insensivelmente o gosto da leitura a ponto tal que se passa para o profundo estudo da
história e das ciências”.
Desta forma, dirige-se à Assembleia Provincial: “E' preciso que consigneis ao
orçamento quantia necessária para a aquisição de livros, revistas e jornais, preferindo os
livros originais ou traduzidos em língua nacional para conseguir-se maior número de
leitores”145.
1873
Em 1873, a biblioteca da capital possuía 4 823 volumes. Estava “composto, em sua
maioria, de obras científicas, e não proporciona atrativos à maior parte da população,
que, por seus empregos e ofícios não pode dedicar-se ao cultivo das ciências”. O
presidente julgou “que se deve promover a aquisição de maior número de livros de
literatura e de jornais que por sua leitura, mais amena e variada, convida todas as classes
à distração proveitosa, habituando-as ao estudo”.
Conta a Província com outras bibliotecas, um em São João del Rei, outra em Ponte
Nova e outra na Campanha, criadas a esforços de amadores146.
145 MINAS GERAIS. Presidente. (1870-1871: Antonio Luiz Affonso de Carvalho) Relatorio apresentado á
Assembléa Legislativa da Provincia de Minas Geraes na sessão extraordinaria de 2 de março de 1871 pelo presidente,
o illm. e exm. sr. doutor Antonio Luiz Affonso de Carvalho. Ouro Preto: Typ. de J.F. de Paula Castro, 1871.
146 MINAS GERAIS. Presidente. (1873-1874: Venancio José de Oliheira) Relatorio que á Assembléa Legislativa
Provincial de Minas Geraes apresentou na sessão ordinaria de 1873 o presidente da provincia, [sic] Lisboa. Ouro
Preto: Typ. de J.F. de Paula Castro, 1873.
74
1874
Em 1874 consta que foi instalada uma biblioteca em Diamantina pelo presidente da
câmara municipal, Bernardino da Cunha Ferreira, à qual foi dotada com mais de 200
volumes “de boas obras”.
Em Ponte Nova, a biblioteca que possui 200 obras, acha-se a cargo do professor
Randolpho José Ferreira Brettas147.
1875
Por ato de 29 de dezembro de 1874 foi demitido do cargo de bibliotecário da capital
José Januário de Cerqueira, e, sobre proposta da inspetoria geral da instrução pública de
11 do mesmo mês, foi nomeado para substituí-lo João Alfredo de Athayde.
Em de 21 de janeiro de 1875, foi nomeado bibliotecário da biblioteca de Campana o
tenente Bernardo Saturnino da Veiga. A 17 de fevereiro, de acordo o termo próprio, foi
considerada pública e de propriedade da província a biblioteca da Campanha, dotada
com subvenções nas leis anuais de orçamento148.
1875
Há bibliotecas na capital, Campanha S. João d’El-Rey, Ubá, Diamantina e Ponte Nova.
As três primeiras são públicas e as outras particulares. A da capital possui 2 831
volumes de diversas obras, a da Campanha, 2 649, e a de João d’El-Rey, 2 462149.
1879
147 MINAS GERAIS. Presidente. (1875: Francisco Leite da Costa Belém) Relatorio que á Assembléa Legislativa
Provincial de Minas Geraes apresentou no acto da abertura da sessão ordinaria de 1874 o vice-presidente, Francisco
Leite da Costa Belem. Ouro Preto: Typ. de J.F. de Paula Castro, 1874.
148 MINAS GERAIS. Presidente. (1874-1875: João Antonio de Araújo Freitas Henriques) Relatório que ao Illm. E
Exm. Sr. Dr. Francisco Leite da Costa Belém, 2º Vice-Presidente da Província de Minas Gerais apresentou no ato de
passar-lhe a administração da mesma província o Exmo. Sr. Desembargador João Antonio de Araújo Freitas
Henriques, a 6 de março de 1875. Ouro Preto: Typ. De J. F. de Paula Castro, 1875. p. 12.
149 MINAS GERAIS. Presidente. (Relatorio apresentado á Assembléa Legislativa Provincial de Minas Geraes, por
occasião de sua installação em 9 de setembro de 1875, pelo illm. e exm. sr. dr. Pedro Vicente de Azevedo, presidente
da provincia. Ouro Preto: Typ. de J.F. de Paula Castro,
75
Além das 6 bibliotecas existentes de há muito na província, 4 públicas, as da capital,
Campanha, S. João d’El-Rey e Diamantina, e duas particulares as de Ponte Nova e Ubá,
mais uma, também particular, acaba de ser franqueada ao público pela Câmara
Municipal do Rio Novo, contendo 945 volumes, instalada por meio de uma subscrição
popular150.
1879
Em 1879, a biblioteca da capital foi transferida do local em que funcionava na diretoria
da fazenda para uma sala do palácio do governo provincial. Foi ultimamente
enriquecida sua coleção de livros com outros adquiridos parte por compra e parte por
donativo do sr. B. L. Garnier. “Estavam reunidos sem ordem e método, o que, além de
diminuir a sua importância, dificultava as consultas. Este inconveniente, porém, cessou
com a nova organização que lhes deram dois habilitados chefes de seção da secretaria
do governo”.151
1882
No dia 14 de dezembro de 1881 foi inaugurada na cidade de Entre Rios, uma biblioteca
pública por iniciativa do major Martinianno da Silva Bemfica. Recebeu a doação de
300$000 do Imperador, quando por ali passou.
O bibliotecário da capital, Antônio de Paula Pereira, foi demitido a pedido e nomeando
em substituição Jacintho Gasolino Gomes Carmo152.
1884
Em 1884, são registradas 4 bibliotecas públicas na Província: as da Capital, Diamantina,
S. João d’ El-Rei e Campanha. O lugar de bibliotecário nas três últimas foi suprimido,
ficando elas a cargo das respectivas municipalidades. A da capital possui 2 800
volumes, não havendo informações sobre o número de volumes das outras.
Além destas, existem outras bibliotecas particulares, das quais são subvencionadas as de
Entre Rios, Pomba, Patos, Barbacena, Baependy a de João Gomes.
150 MINAS GERAIS. Presidente. (1879: Manoel José Gomes Rebello Horta) Relatorio á Assembléa Legislativa
Provincial de Minas Geraes, na abertura da 2.a sessão da 22.a legislatura a 15 de outubro de 1879 pelo illm. e exm. sr.
dr. Manoel José Gomes Rebello Horta, presidente da mesma provincia. Ouro Preto: Typ. da Actualidade, 1879.
151 MINAS GERAIS. Presidente. (1879: Manoel José Gomes Rebello Horta)Relatórios do Illm. E Exm. Sr. Dr.
Manoel José Gomes Rebello Horta, passando a administração da província, no dia 26 de dezembro de 1879 ao Illm. E
Exm. Sr Cônego Joaquim José de Santanna, 2º vice-presidente, e deste ao Illm. E Exm. Sr. Dr. Graciliano Aristides do
Prado Pimentel a 22 de janeiro de 1880. Ouro Preto: Typ. Da Actualidade, 1880. p. 14
152 MINAS GERAIS. Presidente. (Relatorio que ao Illm. E Exmo. Sr. Dr. Theophilo Ottomi apresentou ao passarlhe a administração no dia 31 de março de 1882, o Exmo. Sr. Conselheiro Cônego Joaquim José de Sant’Anna, 2º
vice-presidente da Província. Ouro Preto: Typ. Mde Carlos Andrade [s.d.] p. 30
76
O gabinete de leitura do “Club Jerônimo de Souza”, inaugurado no dia 21 de abril de
1881 com 700 volumes, possui atualmente 2 736 volumes, além de mapas geográficos,
revistas, jornais, manuscritos etc. Tudo adquirido por meio de donativos.
A biblioteca de Barbacena tem cerca de 1 000 volumes e a de João Gomes 1 045, a de
Baependy tem 1 090.
O Liceu Mineiro possui também uma pequena biblioteca onde os professores consultam
os compêndios adotados para o ensino e outros livros.
A lei n. 2 796 manda auxiliar com 500$000 as bibliotecas fundadas por iniciativas das
câmaras municipais; mas a efetividade dessa lei depende de verba no orçamento153.
1887
A 7 de junho de 1887 foi concedida a exoneração do lugar de bibliotecário da capital a
Domiciano Ferreira Monteiro de Castro e nomeado para substituído Francisco Pereira
Aredo154.
PARÁ
1871
153 MINAS GERAIS. Presidente. (1883-1884: Antonio Gonçalves Chaves) Falla que o exm. sr. dr. Antonio
Gonçalves Chaves dirigio á Assemblea Legislativa Provincial de Minas Geraes na 1.a sessão da 25.a legislatura em
1.o de agosto de 1884. Ouro Preto: Typ. do Liberal Mineiro, 1884.
154 MINAS GERAIS. Presidente. (1886-1887: Relatório que ao Exmo. Sr. Dr. Antonio Teixeira de Souza
Magalhães, 1º vice-presidente da província de Minas Gerais apresentou o Exmo. Sr. Desembargador Francisco de
Faria Lemos, ao passar-lhe a administração da mesma província em o 1º de janeiro de 1887. Ouro Preto: Typ. De J. F.
de Paula Castro, 1887. p. 6
77
O relatório de 1871 do Presidente Abel Graça (1871-1872) traz as seguintes
informações sobre a criação da Biblioteca Pública do Pará:
“O sr. dr. Portella [Joaquim Pires Machado Portella], conhecedor do espírito generoso
dos habitantes do Pará, pôde sem o menor sacrifício dos cofres públicos acharem os
recursos necessários para fundar nesta cidade uma biblioteca pública. Dirigiu cartas
particulares aos habitantes desta capital e de vários pontos da província, pedindo livros
ou alguma quantia destinada a comprá-los para fundar essa biblioteca. Os habitantes,
reconhecendo a grande utilidade de tal estabelecimento e depositando a maior e mais
completa confiança no administrador da província, apressaram-se a concorrer uns com
seus livros, outros com seu dinheiro, e tal foi a boa vontade com que fizeram que o dia
25 de março, aniversário da nossa Constituição, foi solenizado com a mais bela festa
literária que tem havido no Pará, com a instalação da Biblioteca Pública, resultado da
concorrência dos cidadãos, e com a criação e instalação de um Museu Paraense”.
“A alta importância destes dois estabelecimentos públicos dispensa-me de chamar para
eles toda vossa solicitude, pois que, ilustrados como sois, sabeis apreciar perfeitamente
quão fecundos serão os resultados, que deles colherá a juventude e a própria província,
desde que forem por vós auxiliados e protegidos”.
“A frequência [...] tem sido muito limitada. Não admira isso, pois que o mesmo fato se
tem dado em cidades muito mais populosas e mais abundantes de homens de letras”.,
registrou o presidente. “Esperemos mais algum tempo e o número dos leitores atuais se
multiplicará a medida que o gosto da leitura se for desenvolvendo na população”,
acrescentou.
A biblioteca, que até o presente, é mantida à custa de ofertas de particulares, precisa de
uma dotação, que será suficiente a quantia de 4:000$000 réis155.
1872
Segundo o relatório de 1872, a Biblioteca Pública e o Museu Paraense funcionavam
“reunidos e muito mal acomodados no pavimento térreo do edifício do Lyceu Paraense
e sob a direção mista do bibliotecário público que também era encarregado do Museu”.
Após a transferência do Museu para outro local, Domingos Soares Ferreira Penna foi
exonerado do cargo de bibliotecário e nomeado para diretor do Museu, cargo que não
aceitou.
O lugar de bibliotecário público foi preenchido com a nomeação de Júlio Cezar Ribeiro
de Sousa, que, “além de bons conhecimentos literários, tem serviços militares prestados
na campanha do Paraguai”. Para ajudante do bibliotecário foi nomeado João de Oliveira
Seixas. A biblioteca contava com 1 338 obras diversas em 3 899 volumes, além de
155 PARÁ. Presidente (1871-1872: Abel Graça ) Relatorio apresentado á Assembléa Legislativa Provincial na
segunda sessão da 17.a legislatura pelo dr. Abel Graça, presidente da provincia. Pará: Typ. do Diario do Gram-Pará,
1871.
78
coleções de diferentes jornais nacionais e estrangeiros. Foi mandada a organização de
um catálogo156.
1872
Continua a biblioteca a receber donativos de livros de “alguns cidadãos generosos e
amigos do progresso das letras”. Por intermédio da casa comercial de Singleshurst
Brocklehurst & Cia foram encomendadas diversas obras e revistas157.
1873
Em 1873, a Biblioteca Pública ocupava um grande salão e compartimentos contíguos no
pavimento térreo do edifício do Liceu Paraense. É regida pelo regulamento de 15 de
abril de 1871. O acervo era de mais de 1 400 obras em um número superior a 4 000
volumes. Foi concluída a elaboração do catálogo.
Segundo o registro do presidente Domingos José da Cunha Junior (1873) “a biblioteca é
o estabelecimento com que menos despende a província. Só há despesa com dois
empregados e com encadernação de livros”158.
1873
A pouca despesa despendida pelo governo provincial coma biblioteca continua a ser
registrada pelos presidentes posteriores. [...] “é a repartição menos pesada à província.
Composta de donativos do povo – em livros e dinheiro – muito pouco tem o governo
despedido com ela”., relata o presidente Domingos José da Cunha Junior (1873)159.
1874
156 PARÁ. Presidente. (1872: Francisco Bonifácio de Abreu) relatório apresentado pelo Exmo. Sr. Barão de Vila da
Barra em 5 de dezembro de 1872 por accasião de passar a administração da província ao 2º vice-presidente o Exmo.
Sr. Barão de Santarém. Pará: Typ. Do Diário do Gram-Pará, 1872. p. 22-3.
157 PARÁ. Presidente (1871-1872: Abel Graça) Relatorio apresentado á Assembléa Legislativa Provincial na
primeira sessão da 18.a legislatura em 15 de fevereiro de 1872 pelo presidente da provincia, dr. Abel Graça. PARÁ:
Typ. do Diario do Gram-Pará, 1872.
158 PARÁ. Presidente. Relatorio com que o excellentissimo senhor doutor Domingos José da Cunha Junior passou a
administração da provincia do Pará ao 3.o vice-presidente, o excellentissimo senhor doutor Guilherme Francisco
Cruz em 31 de dezembro de 1873. Pará: Typ. do Diario do Gram-Pará, 1873. p. 22
159 PARÁ. Presidente. (1873: Domingos José da Cunha Junior) Relatorio com que o excellentissimo senhor doutor,
presidente da provincia, abriu a 2.a sessão da 18.a legislatura da Assembléa Legislativa Provincial em 1.o de julho de
1873. Pará, Typ. do Diario do Gram-Pará, 1873.
79
No exercício seguinte o presidente Pedro Vicente de Azevedo (1874-1875) repete a
observação do seu antecessor : “[...] é o estabelecimento que menos caro tem custado à
província. Sua despesa quase que se limita a um pessoal composto do bibliotecário, do
ajudante e do servente”. Observa, no entanto, que embora “o estabelecimento não tenha
feito progresso e a frequência de leitores seja muito diminuta, é de toda a conveniência
que a biblioteca não só seja conservada, mas que também se enriqueça com a aquisição
de novas obras, podendo-se, para maior economia, fazer alguma redução no seu pessoal
atual que me parece superior às necessidades do estabelecimento”160.
1878
O relatório de 1878 registra a existência de duas bibliotecas na capital, a Biblioteca
Pública e a do Grêmio Literário Português, e de três bibliotecas populares nas cidades
de Santarém, Cametá e Vigia.
Com relação à Biblioteca Pública, foi exonerado do cargo de bibliotecário Pedro Gomes
do Rego que foi substituído pelo tenente-coronel Raimundo Brito Gomes de Souza. Está
sendo concluído o catálogo definitivo dos livros existentes na biblioteca. Foram
queimados 56 volumes que se encontravam deteriorados pelo cupim161.
1881
Em 1881, o presidente José Coelho da Gama e Abreu (1879-1881) observou que “quase
não tem havido mudança a mencionar [na biblioteca] que, entretanto, apresenta certo
valor, pois conta com 6 001 volumes”. Ressaltou o grande número de consultas a jornais
em detrimento à obras científicas. Segundo seu entendimento “ [...] indica quão pouco
cultivado é entre nós o estudo sério e útil das ciências, e preferida a leitura ligeira de
jornais, que também não deixa de ter utilidade”. O bibliotecário reclama pela
necessidade de mudar a biblioteca para outro local, pois o atual está completamente
invadido pelos cupins162.
1882
160 PARÁ. Presidente. (1874-1875: )Relatorio apresentado a Assembléa Legislativa Provincial na primeira sessão
da 19.a legislatura pelo presidente da provincia do Pará, o excellentissimo senhor doutor Pedro Vicente de Azevedo,
em 15 de fevereiro de 1874. Pará, Typ. do Diario do Gram-Pará, 1874.
161 PARÁ. Presidente. (1882: José da Gama Malcher ) Relatorio com que ao exm. sr. dr. José da Gama Malcher, 1.o
vice-presidente, passou a administração da provincia do Pará o exm. sr. dr. João Capistrano Bandeira de Mello Filho
em 9 de março de 1878. Pará, Typ. Guttemberg, 1878.
162 PARÁ. Presidente (1879-1881: José Coelho da Gama e Abreu) Relatorio apresentado á Assembléa Legislativa
Provincial na 2.a sessão da 22.a legislatura em 15 de fevereiro de 1881 pelo exm. sr. dr. José Coelho da Gama e
Abreu. Pará, Typ. do Diario de Noticias de Costa & Campbell, 1881.
80
Em 1882, é registrada a má localização da biblioteca em uma das salas do pavimento
térreo do edifício do Liceu Paraense. O local “está junto de um terreno arborizado, que,
não só contribui para torná-la muito úmida, como fornece, sem dúvida, a maior parte
dos pequenos insetos que concorrem para a destruição dos livros”. Foi determinado que
no edifício destinado a uma escola pública a ser construído na Praça da Independência
se destinassem compartimentos para a instalação da biblioteca.
“Uma biblioteca pública, grande ou pequena, e que não é destinada a uma especialidade
deve ter um pouco de tudo, para poder suprir as exigências da população para a qual foi
criada. É o que não acontece com a desta capital, pois, enquanto possui ela, uma não
pobre coleção de livros de medicina e ciências corretivas [sic], a literatura brasileira, por
exemplo, pode-se dizer que não se acha ali representada”163.
1886
Em 1886, o presidente João Antônio d’Araújo Freitas Henriques registrou que “a
biblioteca pública é bem pobre e caminha para a sua destruição”. Considerou [...] “de
necessidade imperiosa, [...] conservá-la, dar-lhe melhor local, mandar encadernar de
novo os livros deteriorados, e tomar outras providencias”. “Deixá-la no estado atual é
perder tudo que está ali acumulado, sem que ao menos se possa avaliar o que é, porque
não há um catálogo regular”, argumentou. E pediu autorização legal ao corpo legislativo
para tomar providências164.
1888
As melhorias da Biblioteca deixaram de ser realizadas por falta de recursos, como é
informado no relatório de 1888 do presidente Francisco José Cardoso Junior (18871888). Assim se expressou: A biblioteca pública, “importante estabelecimento, [...]
precisa de muitos melhoramentos para por em boa guarda os valiosos documentos e
obras que ali existem”. “Deixei de mandá-las realizar por falta de verba para as
respectivas despesas”165.
1889
163 PARÁ. Presiente. (1881-1882: Manuel Pinto de Souza Dantas Filho) Relatorio com que o exm. sr. presidente,
dr. Manuel Pinto de Souza Dantas Filho, passou a administração da provincia ao exm. sr. 1.o vice-presidente, dr. José
da Gama Malcher. Pará, Typ. do "Liberal do Pará," 1882.
164 PARÁ. Presidente. (1886: João Antônio de Araújo Freitas Henriques) Relatório com que o exmo. Snr.
Conselheiro João Antônio de Araújo Freitas Henriques passou a administração da província do Pará ao exmo. Sr.
Desembargador Joaquim da Costa barradas em 6 de outubro de 1886. Pará: Typ. Da República, 1891.
165 PARÁ. Presidente (1887-1888: Relatorio com que o exm. snr. conselheiro Francisco José Cardoso Junior, 1.o
vice-presidente, passou a administração da provincia, no dia 6 de maio de 1888 ao exm. snr. dr. Miguel J. de Almeida
Pernambuco, nomeado por carta imperial de 24 de março ultimo. Pará, Typ. do Diario de Noticias, 1888.
81
Em 1889, o diretor da Instrução Pública apresentou as seguintes informações sobre a
Biblioteca Pública:
“Merece especial menção o estado da Biblioteca Pública do Pará.
Uma visita a este estabelecimento lança o desânimo ao espírito interessado pelo bem
público em razão do espetáculo que logo se apresenta a um olhar investigador.
A biblioteca não é visitada por dez pessoas em cada dia, tanto tem baixado na opinião
pública a importância dessa instituição, cujos efeitos poderiam ser benéficos e
importantíssimos, quando suscitado por uma boa orientação sadia e promovidos com os
meios materiais ao alcance dos públicos poderes.
Os livros da biblioteca estão em péssimo estado, meio destruídos pelo cupim sendo
improfícuos os meios empregados para evitar o mal.
O atual bibliotecário, João José da Veiga Braga, presentemente ocupado em organizar
um catálogo das obras componentes da biblioteca, tem feito a seleção devida, separando
e destruindo os livros inutilizados. Este catalogamento, todavia, não satisfaz nem
preenche a sua necessidade, por não ser elaborado cientificamente, segundo o processo
do agrupamento variado das múltiplas expansões do entendimento humano.
Muito há contribuído para a deterioração dos livros da biblioteca o local em que está
situada, em uma parte do pavimento térreo do edifício do Liceu, onde a umidade é o
principal fator desses incalculáveis estragos, que deveras lastimo e desejaria remediar
com o auxílio de uma Assembleia patriótica.
É, portanto, imprescindível a remoção da Biblioteca para um edifício mais vasto, mais
seco, menos exposto alimentar os elementos de destruição da nossa outrora importante
Biblioteca Pública.
De muito proveito será a manutenção, quando não a ampliação, da verba anual de um
conto de réis para a encadernação de livros brochados. Esta verba tem sido sempre
aplicada.
Para que a biblioteca não seja um simples depósito de livros velhos, sem utilidade,
desenxabidos e nulos, também é necessário que se estabeleça uma verba para aquisição
de livros novos e assinaturas de jornais e revistas nacionais e estrangeiras.
É notável que não haja na biblioteca livros de Direito merecedores de serem
manuseados e que os mais distintos escritores brasileiros não figurem salientemente nas
estantes dessa decadente instituição!
Calculo em quatro contos de réis anuais a verba necessária para o restabelecimento da
Biblioteca, afim de ser ela dotada das melhores obras que aparecem nos centros da
atividade espiritual europeia e americana.
82
São estes os principais meios de melhoramento que antevejo exequíveis pelo
patriotismo de v. exc. e Assembleia Provincial.
Outros muitos poderão ser sugeridos pela prática e pela proficiência que em v. exc. e
nos representantes da província folgo em reconhecer”166.
PARAÍBA
1838
O relatório de 1838 do presidente da província, Joaquim Teixeira Peixoto de
Albuquerque, registra que a lei que mandou criar uma biblioteca pública na capital não
produziu efeitos. O ato legal estabeleceu os princípios, mas não foram proporcionados
os meios para a sua execução, observou. E apela à Assembleia Provincial:
“é preciso que ocorras com alguma providência par essa obra útil e até necessária,
atenta à falta de livros que há nesta cidade”. Para ajudar na obtenção dos recursos
necessários, indica não parecer “muito fora de propósito que os estudantes paguem uma
taxa, ainda que módica, no princípio de cada ano a título de matrícula”.
Quanto ao local de instalação da biblioteca, sugere o coro do antigo Colégio dos
Jesuítas, que já aloja a Secretaria do Governo. “Com pouca despesa e trabalho ficará
esse lugar suficiente para este fim”, conclui o presidente167.
1939
O novo presidente, João José de Moura Magalhaens (1838-1939), no relatório de 1839,
volta a registrar que “a biblioteca, que pela lei de 24 de março de 1836 se mandou criar
nesta capital, ainda não teve princípio”. E dirige-se à Assembleia: “é necessário que
habiliteis o governo com os meios indispensáveis para a compra dos primeiros livros,
166 PARÁ. Presidente. (1888-1889: Miguel José d'Almeida Pernambuco) Falla com que o exm.o snr. d.r Miguel
José d'Almeida Pernambuco, presidente da provincia, abrio a 2.a sessão da 26.a legislatura da Assembléa Legislativa
Provincial do Pará em 2 de fevereiro de 1889. Pará, Typ. de A.F. da Costa, 1889.
167 PARAÍBA. Presidente. (1838: Joaquim Teixeira Peixoto de Albuquerque) Falla com que o Exmo. presidente da
província da Paraíba do Norte, o doutor Joaquim Teixeira Peixoto de Albuquerque instalou a 1ª. Sessão da segunda
legislatura d’Assembleia Legislativa provincial no dia 24 de junho de 1838.[s.n.t.] p. 11.
83
que servirão de começo a esse estabelecimento”. Solicita também autorização para que
as casas municipais da província recebam “donativos de todos os habitantes que
quiserem concorrer para tão útil instituição”168.
1847
A instalação da biblioteca não é mais mencionada nos anos seguintes. A partir de 1847
os relatórios registram a necessidades de livros para o Liceu da Paraíba. O presidente
Frederico Carneiro de Campos (1844-1848) considera que a instituição só pode “prestar
maiores benefícios à instrução da mocidade” se Assembleia Provincial votar anualmente
“alguma consignação ainda que módica” para que ela seja dotada de vários meios, entre
eles “livros que vos sabeis quanto convém ao ensino da mocidade, à consulta dos
professores [...]” Segundo seu entendimento, o Liceu poderia ser a base de uma
biblioteca para a capital, cuja criação não proporia devido a “estreiteza dos cofres
públicos”169.
1848
O Liceu passou a contar “com uma pequena livraria para uso e consulta dos alunos e
professores”170.
A cada ano eram dirigidos pedidos à Assembleia Provincial para a consignação de
recursos destinados à compra de livros para a biblioteca, “onde a mocidade curiosa vá
achar expositores das matérias que aprende e de outras, principalmente da história, que
tão boa mestre é do presente pelas úteis lições do passado”171.
1849
168 PARAÍBA. Presidente.(1838-1939: João José de Moura Magalhaens) Falla com que o exm. presidente da
provincia da Parahyba do Norte, o dr. João José de Moura Magalhaens, abrio a segunda sessão da 2.a legislatura da
Assembléa Legislativa da mesma provincia em o dia 16 de janeiro de 1839. Pernambuco, Tip. de M.F. de Faria, 1839.
p. 7.
169 PARAÍBA. Presidente . (1844-1848: Frederico Carneiro de Campos ) Relatorio apresentado á Assembléa
Legislativa Provincial da Parahyba do Norte pelo excellentissimo presidente da provincia, o tenente coronel Frederico
Carneiro de Campos, em maio de 1847. Pernambuco, Typ. Imparcial, 1847.p. 12
170 PARAÍBA. Presidente.(1844-1848: Frederico Carneiro de Campos) Esposição feita pelo Tenente-Coronel de
Engenheiros Frederico Carneiro de Campos, na qualidade de presidente da província da Parahyba do Norte ao Exm.
Vice-presidente dellan o acto de passar-lhe a administração da província em 16 de março de 1848. Parahyba:
Typographia de J. R. da Costa, 1848. p. 8.
171 PARAÍBA. Presidente.(1848-1850: João Antonio de Vasconcellos) Relatorio apresentado á Assembléa
Legislativa Provincial da Parahyba do Norte pelo excellentissimo presidente da provincia, o bacharel João Antonio de
Vasconcellos, em 1o de agosto de 1848. Pernambuco, Typ. Imparcial, 1848. p. 6
84
Em 1849, o presidente João Antônio de Vasconcellos (1848-1850) elabora um catálogo
de livros para aquisição. 37 títulos foram comprados no Recife, outros foram
encomendados no Rio de Janeiro e na Bahia, e outros mandados vir da Europa172.
1852
A criação de uma biblioteca pública na Província volta a ser colocada pelo presidente
Antônio Coelho de Sá e Albuquerque (1851-1853). Assim ele se expressa: “Uma
grande contrariedade com que luta a inteligência nesta província é a falta absoluta de
livros, aonde possa encontrar ideias novas e úteis. Uma biblioteca pública moveria em
grande parte esse embaraço”. Todavia reconhece as dificuldades para a sua criação e
propõe: “Sei perfeitamente que não está nas forças da província uma grande biblioteca;
mas acomodemos os nossos desejos às nossas faculdades, e procuremos ter no fim de
alguns anos uma pequena, mas bem escolhida biblioteca”. Para custear a compra de
livros para a biblioteca do Liceu sugere que seja usada toda ou parte dos recursos
arrecadados com a matrícula dos alunos fixada em 5$réis173.
1853
Em 1853, a biblioteca do Liceu contava “apenas” com 93 volumes de diferentes obras,
cuja relação foi anexada ao relatório174.
1855
O diretor da Instrução Pública em seu relatório de 1855, insiste na necessidade de
melhorar a biblioteca. Chama a atenção para a extrema penúria de livros na “capital
onde se não acha uma casa de negócio que os forneça sendo preciso, para esse fim,
recorrer a Pernambuco, o que nem sempre pode fazer-se com comodidade”. As
representações do presidente à Assembleia Provincial pedindo a consignação anual de
recursos “não tem sido ou podido ser atendidas”, restando apenas a ele reiterá-las175.·.
172 PARAÍBA. Presidente (1848-1850: João Antonio de Vasconcellos) Relatorio apresentado a Assembléa
Legislativa Provincial da Parahyba do Norte pelo excellentissimo presidente da provincia, o bacharel João Antonio de
Vasconcellos, em o 1.o de agosto de 1849. Parahyba, Typ. de José Rodrigues da Costa, 1849. p. 14.
173 PARAÍBA. Presidente.(1851-1853: Antonio Coelho de Sá e Albuquerque) Relatorio apresentado a Assembléa
Legislativa Provincial da Parahyba do Norte pelo excellentissimo presidente da provincia, o dr. Antonio Coelho de Sá
e Albuquerque em 3 de maio de 1852. Parahyba, Typ. de José Rodrigues da Costa, 1852. p. 12.
174 PARAÍBA. Presidente.(1851-1853: Antonio Coelho de Sá e Albuquerque) Exposição feita pelo dr. Antonio
Coêlho de Sá e Albuquerque na qualidade de presidente da provincia da Parabyba [sic] do Norte no acto de passar a
administração da provincia ao segundo vice-presidente, o excellentissimo senhor doutor Flavio Clementino da Silva
Freire, em 29 de abril de 1853. Parahyba, Typ. de José Rodrigues da Costa, 1853. p. 11.
85
1855
Os relatórios dos anos seguintes registram a situação de necessidade da biblioteca do
Liceu e pedidos de recursos à Assembleia Provincial. “A biblioteca [do Liceu] reclama
desta ilustre Assembleia socorro e proteção”, clama o vice-presidente Flávio
Clementino da Silva Freire (1855)176.
1855
A biblioteca o Liceu, apesar de minhas reiteradas instancias, tem caído numa espécie de
esquecimento do qual convém arrancá-la”, diz o diretor da Instrução Pública. “Há mais
de quatro anos, desde então até hoje que não se tem feito aquisições de um só volume”,
complementa e diz que “em outras províncias a biblioteca tem merecido particular
atenção da administração pública”177.
1857
A biblioteca do Liceu, aumentada progressivamente com a aquisição de livros, poderia
“ser convertida em biblioteca pública, onde todos encontrassem fontes preciosas para
beber larga instrução”, argumenta o vice-presidente Manoel Clementino Carneiro da
Cunha (1857). “Este futuro não está muito longe, se tiverdes constantemente sob vossa
proteção a biblioteca do Liceu”178.
1859
Em 1859, é criada a biblioteca pública pelo presidente Henrique de Beaurepaire Rohan
(1857-1858). Contou com 1010 volumes, 686 doados por diversas pessoas e 324
adquiridos por compra. Foi instalada em uma das salas do Liceu. Foi encarregado da
175 Relatório da Instrução Pública. In: PARAÍBA. Presidente.(1854-1855:Francisco Xavier Paes Barreto) Exposição
feita pelo doutor Francisco Xavier Paes Barreto na qualidade de presidente da província da Parahyba do Norte no ato
de passar a administração da província ao excelentíssimo segundo vice-presidente o doutor Flávio Clementino da
Silva Freire. Parahyba: Typographia de José Rodrigues da Costa, 1855. p. 41-2.
176 PARAÍBA. Presidente.(1855: Flávio Clementino da Silva Freire) Relatorio apresentado á Assembléa Legislativa
Provincial da Parahyba do Norte pelo excellentissimo vice-presidente da mesma, o dr. Flavio Clementino da Silva
Freire, em 2 de outubro de 1855. Parahyba, Typ. de José Rodrigues da Costa, 1855. p. 12.
177 Relatório da Instrução Pública. In: PARAÍBA. Presidente.( 1855: Flávio Clementino da Silva Freire) Relatorio
apresentado á Assembléa Legislativa Provincial da Parahyba do Norte pelo excellentissimo vice-presidente da
mesma, o dr. Flavio Clementino da Silva Freire, em 2 de outubro de 1855. Parahyba, Typ. de José Rodrigues da
Costa, 1855. p.36.
178 PARAÍBA. Presidente.(1857: Manoel Clementino Carneiro da Cunha) Relatorio recitado na abertura da
Assembléa Legislativa da Parahyba do Norte pelo vice-presidente da provincia, o dr. Manoel Clementino Carneiro da
Cunha, em 1 de agosto de 1857. Parahyba, Typ. de José Rodrigues da Costa, 1857. p. 13.
86
direção o major Manoel Caetano Veloso, que auxiliou na aquisição de livros, atividade
que prestou gratuitamente até deliberação da Assembleia. A biblioteca foi regida por um
regulamento provisório publicado em 9 de abril de 1859. “A existência de uma
biblioteca, útil a toda a parte, muito mais o é em uma província onde não existe, nem
livrarias, nem gabinetes de leitura à disposição das pessoas que se desejam instruir”,
registrou o presidente Beaurepaire Rohan179.
1859
Nos anos seguintes o acervo inicial começou a diminuir e a situação da biblioteca não
era boa. O diretor da Instrução Pública assim informava: “Existe ali [em uma sala do
Liceu] uma coleção de livros mudos, imóveis silenciosos até que ordenados e
classificados por um bibliotecário encarregado por sua conservação e catálogo, possam
ser consultados por quem for excitado pelo amor do estudo ou por simples curiosidade”.
A situação da conservação deixava a desejar: “Aglomerados todos estes volumes sem
uma só estante, acham-se em contato obras em perfeito estado de conservação com
outras carcomidas de traça, do que deve resultar que, a se não providenciar
oportunamente como convém, todos estes volumes se converterão em pouco tempo em
um montão de pó, ficando deles privado inutilmente os particulares que generosamente
os doaram e o público, a cujo uso eram destinados, malogrando em sua expectativa,
como frustrados os esforços da presidência que promoveu a sua subscrição”. Era
desejada a “nomeação de uma pessoa habilitada que classifique cientificamente estas
obras, forme seu catálogo e, sob determinadas condições, franqueie sua leitura aos
particulares é uma medida que reputo urgente, e que solicito no interesse da nossa
civilização”180.
1888
Os anos seguintes continuam a registrar a necessidade de recursos para a aquisição
regular de livros e manutenção da biblioteca, sem a manção de que tais recursos foram
atendidos. “Considero de imprescindível necessidade o fornecimento [de] obras, o qual
já não foi por mim determinado, por ausência de crédito no orçamento vigente”, Diz o
presidente Francisco de Paula Oliveira Borges (1887-1888)181.
179 PARAÍBA. Presidente.(1857-1858: Henrique de Beaurepaire Rohan) Relatório apresentado ao Illm. E Exmo. Sr.
Dr. Ambrósio leitão da Cunha, no ato de tomar posse do cargo de presidente da província da Parahyba do Norte por
Henrique de Beaurepaire Rohan. Parahyba: Typ. de José Rodrigues da Costa, 1859. p. 15.
180 [Relatório do Diretor da Instrução Pública] In: PARAÍBA. Presidente.( 1858-1860: Ambrozio Leitão da Cunha)
Relatorio apresentado a Assembléa Legislativa da Parahyba do Norte pelo presidente da provincia, o dr. Ambrozio
Leitão da Cunha, em 2 de agosto de 1859. Parahyba, Typ. de José Rodrigues da Costa, 1859. p. 26-7.
181 PARAÍBA. Presidente (1887-1888: Francisco de Paula Oliveira Borges) Relatorio com que o exm. sr. dr.
Francisco de Paula Oliveira Borges passou a administração da província ao exm. sr. dr. Pedro Francisco Correa de
Oliveira em 9 de agosto de 1888. Parahyba, Typ. d'O Pelicano de J. Seixas, 1889.
87
PARANÁ
1859
No dia 25 de fevereiro de 1859 foi instalada a Biblioteca Pública da Província estando
na administração Francisco Liberato de Matos (1857-1859), “cuja ata se lavrou em livro
próprio e da qual existe cópia na secretaria do governo”. Constam do documento as
seguintes informações:
Foi realizada uma subscrição em todos os municípios da província tendo sido
arrecadado a quantia de 4:311$640 réis.
Foram adquiridos 294 volumes e recebidos outros por doação.
A despesa na aquisição de livros e de mobília importou em 2:906$360 réis.
Consta da ata a relação das pessoas que concorreram para o estabelecimento da
biblioteca “cuja utilidade é geralmente reconhecida”.
Foi ordenado que a biblioteca fosse franqueada ao público sendo publicado anúncio da
decisão na folha da capital.
Foram adquiridas obras em português recém-chegadas no Rio de Janeiro pela barca
Tejo, cujas providencia foram tomadas por Jesuíno Marcondes d’Oliveira e Sá que
recebeu a quantia de 1:200$00 réis. Foi solicitada ao Ministério da Fazenda dispensa
dos impostos de importação.
Como não foram encontradas todas as encomendas, em carta ao Dr. Marcondes os
negociantes F. L. Pinto e Companhia, informaram o saldo da verba restante a ser
aplicada em outras aquisições.
Foram confeccionadas pelo marceneiro Theophilo Zingelim cinco estantes de imbuia,
envidraçadas e envernizadas, três mesas e uma escada. Foi pago o valor de 800$000
réis.
Foi encomendada na Europa de obras em francês por meio do negociante Philippe Sarty.
88
A Assembleia Provincial tem consignado nos últimos anos recursos orçamentários para
a biblioteca e “estou persuadido que aparecerá sempre essa verba naquela lei anual”,
acredita o presidente Francisco Liberato Matos (1857-1859)182.
1859
Em 23 de abril de 1858 foi publicado o regulamento da Biblioteca pública, criada lei de
7 de março de 1857, anexa ao Liceu. Foi consignada no orçamento vigente a verba de
2:000$000.
“Querendo dar impulso a tão útil estabelecimento” foi realizada uma subscrição com a
participação do chefe da polícia, Luiz Francisco da Câmara Leal, e do secretario da
província, José Martins Pereira de Alencastre, sendo arrecadado o valor de 4:316$000
réis. Foram adquiridas obras de escritores portugueses na importância de 1:200$000 réis
e de outros no valor de 1:500$000, além das que já se acham nesta capital na
importância de 1:200$000.
“Breve chegarão os livros encomendados e será instalada a biblioteca pública para cujo
aumento convém que anualmente se vote alguma quantia, ainda que módica”, anuncia
o presidente Francisco Liberato de Mattos (1857-1859)183.
1869
Em data de 21 de fevereiro de 1868, a presidência da província autorizou o inspetor
geral da instrução pública a realizar empréstimos na Biblioteca Pública, “devendo
observar o tempo [...]e as cautelas precisas para que os livros não sejam extraviados”.
Em 9 de julho de 1868, foi extinto o emprego de zelador da Biblioteca Pública.
Considerando que a escolha das obras que foram compradas para a biblioteca não foi
conveniente, foi autorizada a compra de mais livros “apropriados a espalhar entre a
população os conhecimentos de que temos mais necessidade, que são os de ciências
naturais e matemáticas”184.
1869
182 PARANÁ. Presidente. (1857-1859: Francisco Liberato Matos) Relatório do estado da província do Paraná
apresentado ao Vice-presidente Luiz Francisco da Câmara Leal pelo presidente Francisco Liberato Matos por ocasião
de lhe entregar a administração da mesma província. Curitiba: Typ. de Cândido Martins Lopes, 1859. p. 12.
183 PARANÁ. Presidente. (1857-1859: Francisco Liberato de Mattos) Relatorio do presidente da provincia do
Paraná, Francisco Liberato de Mattos, na abertura da Assembléa Legislativa Provincial em 7 de janeiro de 1859.
Curityba: Typ. Paranaense de Candido Martins Lopes, 1859. 17.
184 PARANÁ. Presidente (1868-1869: Antonio Augusto da Fonseca) Relatorio com que o exm. sr. presidente da
provincia, dr. Antonio Augusto da Fonseca, abriu a 2.a sessão da 8.a legislatura da Assembléa Legislativa do Paraná
no dia 6 de abril de 1869. Curityba: Typ. de Candido Martins Lopes, 1869. p. 12
89
No dia 17 de junho de 1869, foi determinado ao inspetor geral [da instrução pública]
revisar o regulamento n. 2 de 23, de abril de 1858, com o objetivo de harmonizar as
atividades da biblioteca com a legislação vigente.
Por ato de 2 de julho foi nomeado, na forma do art. 4º da lei nº 204, de 5 de junho de
1869, Benedicto dos Santos Diniz, ex-contínuo do Liceu, para guarda da biblioteca
pública185.
1870
Em 1870, contatou-se que a biblioteca, instalada em 25 de fevereiro de 1859, “teve
começo com grande aceitação da ideia”. “Hoje está reduzida a 1 072 [volumes] e
algumas obras acham-se inutilizadas por lhes faltarem tomos e outras estragadas”.
Os empréstimos foram considerados a causa que concorreu para o desfalque do acervo
da biblioteca, deixando-a em “deplorável estado”:
“Em uma Biblioteca Pública, em que a leitura é gratuita, quem precisa do livro, vai
consultá-lo no estabelecimento: os gabinetes de leitura, que alugam livros, ou os dão a
seus sócios mediante mensalidades adiantas, podem emprestá-los porque tem um
empregado incumbido de procurá-los nos prazos estipulados e si há estrago ou falta, o
leitor paga do próprio bolso os livros ou a encadernação”.
“Esta ideia do empréstimo como meio de facilitar o estudo, calou a princípio no espírito
de muitos, mas hoje está geralmente derrogada como inconveniente”. Quem quer
estudar com afinco sobre uma matéria [...] vai com gosto a uma biblioteca, onde os
livros lhe estão à mão e até lhe é incomoda a condução para casa”, justifica o presidente.
Foi considerada necessária a aquisição ou aluguel de um imóvel para estabelecer a
biblioteca e a inspetoria geral da instrução pública, cujo diretor deve ser o bibliotecário.
A formação de um museu nas dependências da biblioteca também foi aventada.
Observou-se a falta de um catálogo e do registro de visitantes. “Tudo isso é conveniente
remediar”, observou o presidente.
Quanto aos empréstimos, o presidente anunciou: “Brevemente expedirei ordem ao
bibliotecário para não dar mais livros por empréstimos, ficando a saída proibida fora do
estabelecimento e também para comprar um livro próprio com as necessárias dimensões
para o assentamento dos nomes dos visitantes, dias em que vão e obras que procurem”.
Anunciou também medidas para reaver os volumes extraviados: “Não sei se depois de
tantos anos conseguir-se-á a restituição dos livros emprestados; vou mandar anunciar
185 PARANÁ. Presidente. (1868-1869: Antonio Augusto da Fonseca )Relatório paresentado ao Excellentíssimo
senhor vice-presidente Dr. Agostinho Ermelino de Leão pelo Excellentissimo ex-presidente Dr. Antonio Augusto da
Fonseca por occasião de passar-lhe a administração da província o Paraná. Curityba: Typographia de Cândido
Martins Lopes, 1869. p. 11.
90
pelos jornais, convidando quem os tomou à leva-los à biblioteca, ao menos para se
completarem as obras truncadas”186.
1872
Em 1872, foi anunciado a que a biblioteca deveria ser anexada ao Liceu quando
estivesse instalado em edifício próprio. “Creio que, a exceção de lentes do Liceu e de
algum raro curioso, ninguém tem tocado na livraria, aliás, bem importante, da
biblioteca”, justificou o presidente187.
1873
A remoção da biblioteca para o Liceu ocorreu em 1873. “Acha-se muito desfalcada”,
registrou o presidente.
O relatório registrou a existência da Biblioteca Popular do Club Literário de Paranaguá
com 732 volumes188.
1874
O relatório de 1874 informa a existência de cinco bibliotecas na província: a da capital,
apesar de desfalcada, com 285 obras em 823 volumes; do Club Literário de Paranaguá
com 621; a do Club Democrático Antoninense, da cidade de Antonina com 178 obras
em 324 volumes; a do Club Antoninense, da mesma cidade com 76 obras em 89
volumes e da Pitanguiense, da cidade de Ponta Grossa com 2 000 volumes189.
1875
186 PARANÁ. Presidente (1869-1870: Antonio Luiz Affonso de Carvalho) Relatorio apresentado á Assembléa
Legislativa do Paraná na abertura da 1.a sessão da 9.a legislatura pelo presidente, o illustrissimo e excellentissimo
senhor dr. Antonio Luiz Affonso de Carvalho, no dia 15 de fevereiro de 1870. Curityba: Typ. de Candido Martins
Lopes, 1870. p. 15-6.
187 PARANÁ. Presidente (1870-1873: Venancio José de Oliveira Lisboa) Relatorio com que o exm. sr. presidente,
dr. Venancio José de Oliveira Lisboa, abriu a 1.a sessão da 10.a legislatura da Assemblea Legislativa Provincial do
Paraná no dia 15 de fevereiro de 1872. Curityba: Typ. da Viuva & Filhos de C.M. Lopes, 1872. p. 17.
188 PARANÁ. Presidente. (1873: Manuel Antonio Guimarães). Relatório que o Exmo. Sr. Commendador Manuel
Antonio Guimarães apresentou ao Exmo. Sr. Dr. Frederico Josér Cardoso de Araújo Abranches por ocasião de passarlhe a administração da província no dia 13 de junho de 1873. Curityba: Typ. da Viuva & Filhos de C.M. Lopes, 1872.
p. 10.
189 PARANÁ. Presidente (1873-1875: José Cardoso de Araujo Abranches) Relatorio com que o excellentissimo
senhor doutor Frederico José Cardoso de Araujo Abranches abriu a 1.a sessão da 11.a legislatura da Assembléa
Legislativa Provincial no dia 15 de fevereiro de 1874. Curityba: Typ. da Viuva Lopes, 1874. p. 27.
91
O relatório de 1875 acrescentou a já informadas as bibliotecas do Club Literário
Curitibano com 270 volumes; a do Club Literário de Paranaguense e a da cidade de
Morretes190.
1876
O relatório de 1876 informa que “Na casa onde funciona a inspetoria da instrução
pública existem os restos antes dispersos da antiga biblioteca publica desta capital. O
número de livros monta a 834”. “Instituição de utilidade palpável e imprescindível
mesmo entre um povo culto, deve ela merecer todo o vosso cuidado e proteção”, assim
dirige-se o presidente Adolpho Lamenha Lins (1875-1877) à Assembleia Provincial191.
1877
Em 1877, a “biblioteca pública, ou antes, os poucos livros que a constituem, acham-se
depositados em uma das salas do Instituto Paranaense.
Diante do estado de abandono o presidente, Adolpho Lamenha Lins, apela à Assembleia
Provincial: “Já uma vez vos demonstrei a necessidade de desenvolver tão útil
instituição, que desta feita merecera a vossa solicitude. O progresso material e moral de
qualquer população depende em grande parte das úteis e sãs leituras, fato intuitivo e
demonstrado pela experiência das nações cultas”, argumenta.
Em seguida passa a informar sobre as bibliotecas e clubes de leitura existentes em
diversos locais da província e solicita o apoio da Assembleia a essas iniciativas :
“Em todas as cidades da província e em algumas de suas vilas principais, existem clubes
de leitura fundados pela iniciativa particular. Creio que semelhante fato manifesta as
tendências dos paranaenses para as letras, tendências que sabem vencer dificuldades
inúmeras”.
“Quão justo seria que a província viesse em auxílio dessas associações”.
“Se não nos é possível fundar uma biblioteca em cada um dos povoados da província,
corre-nos o dever de corresponder, quando esteja em nossas forças, aos esforços dos
nossos concidadãos, que se acham possuídos dos mais dignos e louváveis estímulos”.
190 PARANÁ. Presidente (1873-1875: Frederico José Cardoso de Araujo Abranches) Relatorio com que o
excellentissimo senhor doutor Frederico José Cardoso de Araujo Abranches abriu a 2.a sessão da 11.a legislatura da
Assembléa Legislativa Provincial no dia 15 de fevereiro de 1875: Curityba, Typ. da Viuva Lopes, 1875. p. 36
191 PARANÁ. Presidente (1875-1877: Adolpho Lamenha Lins) Relatorio apresentado á Assembléa Legislativa do
Paranã no dia 15 de fevereiro de 1876 pelo presidente da província, o excellentissimo senhor doutor Adolpho
Lamenha Lins. Provincia do Paraná. [s.l.]: Typ. da Viuva Lopes, 1876. p. 54.
92
“Fornecer ao agricultor, ao operário, ao professor a toda as classes livros instrutivos que
elevem o nível intelectual de cada uma delas, será um cometimento modesto, porém
glorioso para o vosso patriotismo”.
“Por mais diminuta que sejam as quantias votadas para acoroçoar tão útil instituição,
muito poderão concorrer, senão para o aumento, ao menos para a conservação das
bibliotecas populares ora existentes”.
As bibliotecas registradas são a seguintes:
Club Litterário Curytibano – a sua biblioteca possui 702 volumes.
Biblioteca Pitanguiense – possui 986 obras em 1815
Club de Leitura Portocimense – possui 504 obras em 802 volumes, além de mapas
geográficos e um globo terrestre.
Club Literário de Paranaguá – mantem uma biblioteca de cerca de 2 000 volumes.
Club Democrático Antoninense – a biblioteca conta com 604 obras em 847 volumes.
Club Literário Campo Larguense – a biblioteca possui 306 obras em 471 volumes.
Associação Literária Lapeana - fundada em 29 de julho de 1873, a sua biblioteca possui
400 volumes
Club Alpha – fundado na cidade de Morretes em 19 de novembro de 1876, a sua
biblioteca conta com 60 obras em 66 volumes,
Club S. Joseano – fundado na vila de S. José dos Pinhais em 15 de outubro de 1876,
possui uma biblioteca de 50 volumes,
Na cidade de Castro existe uma biblioteca que, em 1874, possuía 600 volumes.192
1879
O relatório de 1879 registra as mesmas bibliotecas e clubes literários citados
anteriormente. Contém a informação que o juiz de direito de Guarapuava comunicou ao
presidente da província ter em seu poder para dar destino, a “preciosa livraria” que
pertenceu ao falecido médico francês Dr. Faivre. Foi determinado enviá-la para a
biblioteca da capital193.
192 PARANÁ. Presidente (Paraná. Presidente (1875-1877: Adolpho Lamenha Lins) Relatorio apresentado á
Assembléa Legislativa do Paranã no dia 15 de fevereiro de 1877 pelo presidente da provincia, o excellentissimo
senhor doutor Adolpho Lamenha Lins. Curityba, Typ. da Viuva Lopes, 1877. p. 63-65.
193 PARANÁ. Presidente. (1878 -1879: Rodrigo Octávio de Oliveira Menezes) Relatório com que o Exm. Snr.
Doutor Rodrigo Octávio de Oliveira Menezes passou a administração da província ao primeiro vice-presidente Exmo.
Snr. Conselheiro Jesuíno Marcondes de Oliveira e Sá no dia 31 de março de 1879. Curityba: Typographia
Perseverança, 1879. p. 80-1.
93
1880
Os clubes literários das cidades de Paranaguá, Antonina, Morretes, Porto de Cima,
Campo Largo, Lapa, São José dos Pinhais, Jaguariahyva há que funcionam mais ou
menos regularmente. O Clube Litarário da cidade de Lapa mantem-se com a
mensalidade que pagam os seus sócios. O de Morretes, inaugurado a 19 de novembro de
1876, conta com 343 obras. O de Porto de Cima conta 57 sócios e sua biblioteca
compõe-se de 2 004 obras . No dia 10 de janeiro inaugurou-se na vila do Rio Negro
uma associação literária coma a denominação de Clube Literário Rio-negrense 10 de
janeiro194.
1886
O presidente Alfredo d’Escragnolle Taunay (1885-1886) decide restaurar a Biblioteca
Pública do Paraná. Assim deixou registrado no seu relatório:
“Quando cheguei à província, causou-me desagradável impressão a resumida coleção de
livros que, fechados em armário de vidro e num recanto do Instituto Paranaense, tinha o
pomposo nome de Biblioteca do Paraná, e ainda mais vexatório se me afigurou esse
estado de coisas, quando tive a ciência certa de que muitas das obras ali existentes
estavam truncadas”.
“Decidi, então, estimulado ainda mais pelas reclamações da imprensa, apelar para a boa
vontade de cidadãos prestantes e constituir uma comissão central composta dos
senhores Dr. Agostinho Ermelindo de Leão, como presidente, Tenente-coronel
Benedicto Enéas de Paula, como secretário, e comendador Ildefonso Pereira Correa
como tesoureiro, afim de angariar donativos em dinheiro e em livros, vendo com a
maior satisfação que ela soube logo desempenhar cabalmente os compromissos que
assumira, bem convencida do bom serviço que prestava à província natal”.
Foi solicitado ao Sr. Visconde de Guarapuava [Antônio de Sá Camargo] “qualquer
auxilio e coadjuvação”, sendo recebida de pronto a importância de 1:000$000. Pelo
fato, foi dado à principal sala da biblioteca que iria ser criada o nome de Sala Visconde
de Guarapuava.
A biblioteca, reorganizada, foi inaugurada no dia 25 de março no “meio de grandes
provas de alegria”, sendo profusamente distribuído o seu Regulamento. Contava com 2
161 volumes dos quais 1 597 obtidos por esforços da comissão e donativos espontâneos.
194 PARANÁ. Presidentes (1879-1880: Manuel Pinto de Souza Dantas Filho) Relatorio apresentado á Assembléa
Legislativa do Paraná no dia 16 de fevereiro de 1880 pelo presidente da provincia, o exmo. snr. dr. Manuel Pinto de
Souza Dantas Filho. Curityba: Typ. Perseverança, 1880. p. 41
94
Depois da inauguração entraram mais 510 volumes chegando o acervo a 2 671 volumes.
É “a mais importante coleção de livros de toda a província”.
Foram recebidas “duas valiosas dádivas”: um do ex-presidente da província que ofertou
208 volumes, outra vinda de Montevidéu e composta de livros ricamente encadernados,
encaminhada pelo srs. Barroso e Companhia, Peixoto Morales e Companhia, Imenes y
Pla, Joaquim Manual da Silva e João M. da Silva, e Bento Munhoz da Rocha de
Paranaguá. As ofertas em dinheiro chegaram a 1 265$000 réis.
Na organização da biblioteca destacou-se o funcionário Francisco Barbosa de Andrade
Brito ao qual foi dirigido um voto de louvor pelo presidente da província.
A biblioteca foi aberta com 3 000 volumes. “Contudo não se deve descansar enquanto
não tiver 10 000, tornando-se digna de uma capital”, deseja o presidente195.
1886
Em 1886, a Biblioteca Pública do Paraná apresentou frequência animadora. Funcionava
em uma das salas do edifício do Museu Paranaense desde a sua reorganização. Pensouse em localizá-la em um prédio próprio. Foi iniciada a organização da seção de
Pinacoteca prevista no Regulamento, sob a responsabilidade do major Manuel Ricardo
Carneiro. A função de bibliotecário era exercida “com zelo e inteligência” pelo
amanuense arquivista do tesouro provincial Francisco Barbosa de Andrade Brito.
Possuía 3 243 volumes196.
PERNAMBUCO
1838
Na Fala de 1838 dirigida à Assembleia Provincial, o presidente Francisco do Rego
Barros (1837-1840) propõe, “como um meio de facilitar a aquisição dos conhecimentos
ensinados [na] província” a “criação de uma biblioteca dos livros mais úteis e
necessários à [...] mocidade estudiosa”.
“Inútil seria demorar-me em expor-vos a utilidade de um tal estabelecimento, bastar-mea lembrar-vos somente, que a nossa cidade conserva grande número de pessoas
estudiosas e aplicadas”, argumenta. Lembra que “a Biblioteca, criada em Olinda pela lei
de 7 de dezembro de 1830, além de pouco frequentada, por estar em lugar [de difícil
195 PARANÁ. Presidente (1885-1886:Alfredo d’Escragnolle Taunay) Exposição com que o S. Ex. Dr. Alfredo
d’Escragnolle Taunay passou a administração da província do Paraná ao Exmº. Snr. Dr. Joaquim de Almeida Faria
Sobrinho 1º vice-oresidente a 3 de maio de 1886. [s.n.t.] p. 84-85.
196 PARANÁ. Presidente (1886-1887: Joaquim d'Almeida Faria Sobrinho) Relatorio apresentado á Assembléa
Legislativa do Paraná no dia 30 de outubro de 1887 [i.e. 1886] pelo presidente da provincia, o exm. snr. dr. Joaquim
d'Almeida Faria Sobrinho. Curytiba: Typ. da Gazeta Paranaense, 1886. p. 89-90.
95
acesso] nenhum bem pode prestar, compondo-se geralmente de livros que ou pertencem
a doutrinas pouco estudadas, ou estão aquém dos conhecimentos atuais”197.
1851
O relatório de 1851 registra a extinção do gabinete literário da cidade, cuja biblioteca
encontrava-se penhorada para pagamento de dívidas. Considerando que esse acervo
poderia “servir de núcleo de uma biblioteca que falta esta cidade, aliás, tão, importante e
civilizada”, o presidente, José Ildefonso de Souza Ramos (1850-1851), solicita a
concordância da Assembleia Provincial para a arrematação dos livros. “Não só pelo
interesse público, como em honra da civilização desta cidade, jamais se deve permitir
que a livraria do gabinete literário seja vendida em leilão por baixos preços para
pagamento de uma dívida aliás de pouca importância,” argumenta. “Certamente
tomareis na consideração merecida a representação, que já foi submetida à vossa
deliberação”, apela198.
1861
Com autorização da lei 293, de 5 de maio de 1852 , aprovou-se o Regulamento de 19
de agosto, e fez-se encomenda de várias obras na Europa com a finaliade de abrir a
Biblioteca Pública, que passou a funcionar anexa ao Liceu e sob a inspeção e
fiscalização da Diretoria. “A Biblioteca é de reconhecida utilidade pública, e tendo sido
esta capital dotada com a sua criação pelo Corpo Legislativo Provincial, é de esperar
que continue a votar anualmente uma consignação para manter-se, e tornar-se
proveitosa pela aquisição de obras escolhidas, que satisfação a aplicação dos estudiosos
que precisarem de consultá-las”, assim dirige-se o presidente Francisco Antônio Ribeiro
(1852-1853) à Assembleia Provincial.·.
Conforma informa o relatório de 1861, a Biblioteca Provincial foi transferida para um
salão do convento do Carmo. Contava com 2 403 volumes. O bibliotecário alertou a
necessidade da aquisição de novos livros, e de mais um empregado, no que não foi
atendido por falta de verbas199.
1863
197 PERNAMBUCO. Presidente. ( 1837-1840: Francisco do Rego Barros) Falla que na occasião da abertura da
Assemblea Legislativa Provincial de Pernambuco no dia 1º. De março de 1838 recitou o Exmo. Snr. Francisco do
Rego Barros, Presidente da mesma província. [s.n.t.] p. 12-3
198 PERNAMBUCO. Presidente (1850-1851: José Ildefonso de Souza Ramos) Relatorio que à Assembléa
Legislativa de Pernambuco apresentou na sessão ordinaria de 1851 o excelentissimo conselheiro José Ildefonso de
Souza Ramos, presidente da mesma provincia. Pernambuco, Typ. de M.F. de Faria, 1851. p. 30-1.
199 PERNAMBUCO. Presidente (1861-1862: Ambrósio Leitão da Cunha) Exposição ... 1 abr. 1861 [s.n.t.] p. 11.
96
Em 1863, o bibliotecário, padre Lino do Monte Carmello Luna, lamenta que a falta de
verbas no orçamento para aquisição de livros, e o não atendimento do pedido de
empregado para o serviço de asseio e limpeza da biblioteca.
O “estabelecimento necessita provêr-se de grande número de obras de merecimento que
lhe faltam”, como [...] “a legislação brasileira, as obras históricas do país, e máxime as
que dizem respeito especialmente a esta província”, diz o bibliotecário200.
Os relatórios dos anos anteriores que cobrem uma década registram a necessidade de
manutenção de verbas regulares para aquisições de livros, como a História do Brasil de
Southey, obras de história da província e coletâneas de legislação. Destacam também a
conveniencia da criação de um cargo de substituto do bibliotecário que também se
encarregue do asseio da casa e conservação dos seus livros e utensílios. A necessidade
de abartura à noite também foi registrada.
1874
Na sua Fala de 1874 o presidente Henrique Pereira de Lucena (1872-1875) informa que
a biblioteca pública da província se encontra “em condições más, não só quanto à
localidade, como a respeito da pequena provisão de livros”. Contém 978 obras em 3 525
volumes. Segundo o seu entender, “Seria muito conveniente, já que não podemos criar
outras bibliotecas, melhorar o estado da que temos, em ordem a despertar na população
o gosto pela frequência de semelhante estabelecimento”. “ Estou muito certo de que, si
adotardes medidas neste sentido, grandes vatagens dela resultarão”, apela à Asembleia
Provincial201.
1875
De acordo com as informações contidas na Fala de 1875 do presidente Lucena, a
biblioteca pública da província teve a seguinte trajetória:
Em 1844, o artigo 14 da lei provincial n. 90, de 5 de maio decretou a verba de quatro
contos de réis para a criação de uma biblioteca pública, unida a livraria existente no
Liceu. Ficou o presidente da provinda autrizado a obter da Torre do Tombo, de Lisboa,
cópia dos documentos relacionados a história de Pernambuco, para ficarem depositados
na mesma biblioteca.
Não tendo esta lei sido executada, em 1852, a lei de n. 293, de 5 de maio, criou uma
biblioteca pública anexa ao Liceu. Foi autorizando o despêndio de quatro contos de réis,
200 PERNAMBUCO. Presidente (1862-1864:João Silveira de Souza) Relatorio apresentado na abertura da
Assembléa Legislativa Provincial em o 1.o de março de 1863 pelo excelentissimo senhor doutor João Silveira de
Souza, presidente de Pernambuco. Pernambuco, Typ. de M.F. de Faria & Filho, 1863. p. 16-7.
201 PERNAMBUCO. Presidente (1872-1875: Henrique Pereira de Lucena) Falla com que o exm. sr. commendador
Henrique Pereira de Lucena abrio a sessão da Assembléa Legislativa Provincial de Pernambuco em 1 de março de
1874. Pernambuco, Typ. de M. Figueiroa de F. & Filhos, 1874. p. 33-4
97
para a aquisição de livros e assinatura de jornais e revistas estrangeiras e mandando
encorporar à biblioteca a livraria do Liceu. A inspeção e fiscalisação ficaram
incumbidas ao diretor do Liceu e o expediente e serviço aos empregados do mesmo,
sendo criado somente o lugar de guarda com 600$000 de ordenado. Em 19 de agosto do
mesmo ano foi aprovado o regulamento para a execução da lei.
Em 1856, a lei n. 391 de 30 de junho, art. 10 § 2.°, autorizou a transferência da
biblioteca para um edifício público na freguezia de Santo António. A lei n. 400, de 4 de
abril de 1857, mandou desanexá-la do Liceu e a sua remoção para um local na referida
freguezia. Esta mesma lei criou os lugares de bibliotecário e sub-bibliotecário, autorizou
o emprstimos de livros até dez dias, mandou que se ouvisse o conselho de instrução
pública sobre a aquisição de livros, e estatuiu a quota anual de quatro contos de reis,
para despezas com o pessoal, material e cabedal científico e literário.
A lei n. 446, de 2 de junho de 1858, art. 2.°, declarou subordinada a biblioteca à
diretoria geral da instrução pública.
Por último, a lei n. 1141, de 8 de junho do ano passado, art. 22 § 3. °, autorizou a
presidência da província a reorganizar a biblioteca pública. Em virtude dessa
autorizacão foi aprovado o regulamento do 3 de julho, que atualmente vigora.
“A reorganização veio melhorar consideravelmente a nossa biblioteca”, considerou o
presidente.
A direção passou a ser exercida por António Herculano de Souza Bandeira, que
nomeado a 3, entrou em exercício a 9 de julho, tendo no dia 23 de junho falecido o
bibliotecário, Lino do Monte Garmello Luna, que com todo zelo e dedicação exerceu
esse lugar.Foi aumentado o pessoal com um porteiro e coadjuvante; e o material com
alguns móveis, tendo-se feito os reparos de que havia necessidade.
É também essencial, segundo reclama o inspetor da instrução, aumentar-se-lhe o
cabedal científico e literário, o que se pode conseguir, se prevalecer o favor da lei n.
400, de 4 de abril de 1857, que consignou para a biblioteca uma quota anual de
4:000$000, votando-se na lei do orçamento a competente verba.
Lembra ainda o inspetor da instrução pública a conveniência e mesmo necessidade de
serem criadas bibliotecas populares, que fiquem a cargo das municipalidades, e esta
necessidade não carece de demonstração202.
1876
202 PERNAMBUCO. Presidente (1872-1875: Henrique Pereira de Lucena) Falla com que o excelentissimo senhor
desembargador Henrique Pereira de Lucena abrio a Assemblêa Legislativa Provincial de Pernambuco em o 1.o de
março de 1875. Pernambuco, Typ. de M. Figueiroa e F. & Filhos, 1875. p. 69-70.
98
Em 1876, a Biblioteca provincial foi transferida para o primeiro andar do edifício
sitado no Campo das Princesas. Contém 2 157 obras em 5 146 volumes; está aberta
durante o dia e parte da noite, sendo regularmente frequentada.
Mandei examinar a coleção de jornais e folhetos pertencente a Caetano Pinto de Veras,
por uma comissão composta do inspetor geral da instrução pública, bibliotecário
provincial, procurador fiscal da fazenda provincial, e os bacharéis José Soares de
Azevedo e Manoel Pereira de Moraes Pinheiro. Tendo sido foi julgada importante, não
foi adquirida por falta de definição de verba.
Atendendo às representações do inspetor geral da instrução pública e do bibliotecário ,
por ato de 12 de janeiro do corrente ano, foi suprimida o empréstimo a particulares de
obras da biblioteca203.
1887
Em 1877 o acervo foi aumentado com a aquisição das coleções que pertenceram a
Caetano Pinto de Veras e José Soares de Azevedo.
“As providencias que autorizastes para melhorar o estado da biblioteca vão produzindo
seus efeitos naturais. Convém prosseguir no mesmo propósito para que a instituição
corresponda às necessidades literárias desse importante cidade”.
“O grande movimento da biblioteca reclama a criação do um lugar de coadjuvante”. Um
só empregado desta ordem já não é bastante para dar saída ao trabalho e exercer a
necessária fiscalização nas salas em que cstão os leitores204.
Teve execução a lei provincial n. 1 270, que criou um lugar de coadjuvante para a
biblioteca. Foi atendida assim a necessidade que sentia este estabelecimento de mais um
empregado para seu trabalho, que tem crescido muito.
Autorizei o emprego do crédito concedido para compra de livros e estantes, Vai
aumentando constantemente a livraria da biblioteca, que continua a ser muito
frequentada205.
203 PERNAMBUCO. Presidente (1875-1876: João Pedro Carvalho de Moraes). Falla com que o exm. sr.
commendador João Pedro Carvalho de Moraes abrio a sessão da Assembléa Legislativa Provincial em o 1.o de março
de 1876. Pernambuco, Typ. de M. Figueiroa de Faria e Filhos, 1876. p. 48.
204 PERNAMBUCO. Presidente. (1876-1877: Manoel Clementino Carneiro da Cunha) Falla com que o exm. sr.
doutor Manoel Clementino Carneiro da Cunha abrio a sessão da Assembléa Legislativa Provincial de Pernambuco em
2 de março de 1877. Pernambuco, Typ. de M. Figueirôa de Faria & Filhos, 1877. p. 45-6.
205 PERNAMBUCO. Presidente (1876-1877: Manoel Clementino Carneiro da Costa) Relatório com que o Exm. Sr.
Dr. Manoel Clementino Carneiro da Costa passou a administração desta província ao Exm. Sr. Desembargador
Francisco de Assis de Oliveira Maciel a 15 de novembro de 1877. Pernambuco: Typ. de Manoel Figueira de Faria &
Filhos, 1878. p. 16-7.
99
1878
O relatório de 1878 informa a existência de 15 bibliotecas na província, sendo 8 na
capital e 7 nos seguintes lugares: cidades de Olinda, Goiana e Victoria, vilas de
Gameleira, Jaboatão e Barreiros e freguezia de Timbaúba, todas particulares.
Na capita contam-se 3 públicas, a biblioteca provincial, a do escola normal e a da
Faculdade de Direito. As 5 particulares pertencem ao Gabinete Portugues de Leitura, ao
Grêmio dos Professores Primários, a Sociedade Propagadora da Instrução Pública e ao
Instituto Arqueológico Geográfico Pernambucano206.
1881
Em 1881, por ter sido removido para o lugar de regedor do Ginásio Pernambucano o
bacharel Bemvindo Gurgel do Amaral, foi nomeado bibliotecário o bacharel Candido
José Lisboa.
Além da biblioteca pública provincial e das que existem na Escola Normal e na
Faculdade de Direito do Recife, há outras particulares nesta província, franqueadas ao
público, e são: a do Gabinete Portugues de Leitura, a do Liceu de Artes e Ofícios, a do
Grêmio e a do Instituto dos Professores Públicos, a da Sociedade Propagadora da
Instrução Pública na freguesia do Santíssimo Sacramento da Boa Vista e no povoado do
Monteiro, a da sociedade Literária da cidade de Olinda e as dos Clubes de Limoeiro e
de Afogados de Ingazeira, e da cidade de Goiana, e as das vilas de Jaboatão, Gameleira
e Timbaúba207.
1884
Em 1884, foi expedido, em 4 do corrente mês ,novo regulamento para a Biblioteca
Provincial. Para o lugar de coadjuvante foi noemado Agnello Honório Bezerra de
Menezes.
A biblioteca recebeu doações de Luiz de Carvalho Paes de Andrade, cônsul geral do
Brasil na Espanha, e do monsenhor Manoel da Costa uma grande e preciosa coleção de
jornais e periódicos publicados na Corte208.
1885
206 PERNAMBUCO. Presidente (1977-1878: Adolpho de Barros Cavalcante de Lacerda)Falla com que o exm. sr.
dr. Adolpho de Barros Cavalcante de Lacerda, presidente da provincia, abrio a sessão da Assembléa Legislativa em
19 de dezembro de 1878. Recife, Typ. de Manoel Figueirôa de Faria & Filhos, 1879. p. 17-8.
207 PERNAMBUCO. Presidente. (1880-1881: Franklin Americo de Menezes Doria) Falla com que o exm. sr. dr.
Franklin Americo de Menezes Doria abriu a sessão da Assembléa Legislativa Provincial de Pernambuco em 1 de
março de 1881. Recife, Typ. de Manoel Figueiroa de Faria & Filhos, 1881. p. 37
100
O estabelecimento recebe gratuitamente das respectivas redações gazetas e periódicos
das províncias do Pará, Mnranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco,
Alagoas, Sergipe, Bahia, Rio do Janeiro e S. Paulo, e assina 13 revistas e jornais,
publicados no Império e no estrangeiro209.
1886
Existem na capital, além desta Biblioteca, a da Faculdade de Direito, provisoriamente
localizada numa sala de exíguas dimensões do antigo convento dos Carmelitas e
contando apenas 3 986 volumes; a do Gabinete Portugues de Leitura, instituída há cerca
de 20 anos com modestíssimas proporções, mas sucessivamente aumentada, por
maneira que possui atualmente 16 000 volumes, dos quais 14 000 estão catalogados; a
da Escola Normal com 2 000 volumes; a do Instituto Arqueológico e Geográfico
Pernambucano cm cerca de 1 800 volumes, em quase sua totalidade referentes à história
do Brasil, e particularmente à da extinta capitania de Pernambuco; a do Liceu de Artes e
Ofícios com 2 464 volumes; a do Grêmio dos Professores Primários com 1 500
volumes; e as da Sociedade Propagadora da Instrução Pública da Boa Vista, a do
Monteiro; do Club Carlos Gomes, Club Concórdia o Gabinete Ingles de Leitura, com
cerca de 1 000 volumes cada uma.
Quanto às de associações literárias contaram-se as seguintes:
Club Literário de Caruaru, Club Popular e Instrutivo do Brejo da Madre de Deus,
Biblioteca Popular Pesqueirense, Grêmio Recreativo Literário Nazareno, Gabinete de
Leitura Iguarassuense, Club Literário Goitaense, Recreio Literário Villa-belense, Club
Literário de S. Bento, Instituto Literário Victoriense, Club Literário de Palmares,
Instituto Literário Olindense, Biblioteca de Goiania e Club Literário de Gameleira.
Quase todas estas associações e respectivas bibliotecas datam de 1885210.
1888
“Por ocasião da visita que fiz, a esse estabelecimento, notei asseio e boa ordem”,
registra o presidente Joaquim José de Oliveira Andrade (1888-1889) em 1888.
208 PERNAMBUCO. Presidente (1883-1884:José Manoel de Freitas) Relatório com que o exm. sr. Desembargador
José Manoel de Freitas entregou a administração da província ao Exm. Sr. Dr. Sancho de Barros Pimentel em 20 de
setembro de 1884. Recife, Typ. de Manoel Figueiroa de Faria & Filhos, 1884. p. 16.
209 PERNAMBUCO. Presidente (1884-1885: Relatório com que o exm. sr. Dr. Sancho de Barros Pimentel entregou
ao Exmo. Terceiro Vice-Presidente Dr. Augusto de Souza Leão a administração da província de Pernambuco no dia
26 de janeiro de 1885. Recife, Typ. de Manoel Figueiroa de Faria & Filhos, 1885. p. 28.
210 PERNAMBUCO. Presidente (1885-1886: José Fernandes da Costa Pereira Junior) Falla que o presidente da
provincia, conselheiro José Fernandes da Costa Pereira Junior, dirigio à Assembléa Legislativa de Pernambuco no dia
de sua instalação, a 6 de março de 1886. Recife, Typ. Manoel Figueiroa de Faria & Filhos, 1886. p. 30-1.
101
“Ressente-se ele da falta de um catálogo, que facilite o conhecimento e procura das
obras existentes; tem trabalho adiantado o diretor, mas não dispõe de meios para sua
publicação. Fez este, não há muitos dias presente à Biblioteca de crescido número de
obras raras”211.
1889
Em 1889, em substituição do bacharel José Joaquim Alves de Albuquerque, que foi
exonerado do cargo de diretor da Biblioteca Provincial foi nomeado o bacharel
Lourcnço Bezerra Carneiro da Cunha212.
211 PERNAMBUCO. Presidente ( 1888-1889: Joaquim José de Oliveira Andrade) Falla que à Assembléa Legislativa
Provincial de Pernambuco no dia de sua installação a 15 de setembro de 1888, dirigio o exm. sr. presidente da
provincia, desembargador Joaquim José de Oliveira Andrade. Recife, Typ. de Manoel Figueiroa de Faria & Filhos,
1888. p. 60.
212 PERNAMBUCO. Presidente ( Relatório com que o Exmo.Sr. Barão de Caiarà passou a administração da
província ao Exm. Sr. Conseilheiro Manoel Alves de Araújo em 17 de julho de 1889. Recife: Typ. de Manoel
Figueiroa de Faria & Filhos, 1890 p. 5.
102
RIO DE JANEIRO
1872
O relatório de 1872 trata da criação na província de bibliotecas populares. O presidente
Bento Luiz de Oliveira Lisboa (1872-1873) informa à Assembleia Provincial que
enviou ofício às câmaras municipais das cidades das províncias solicitando informar a
disponibilidade de salas nos prédios [das câmaras] para a instalação das bibliotecas
populares213.
1875
Em execução da lei 1 650 de dezembro de 1871, foi aprovado o regulamento das
bibliotecas populares . Foi repassada a verba de 300$000 às Câmaras das cidades de
Vassouras, Valença, Paraíba do Sul, Paraty, Barra Mansa, Campos, Cabo Frio e
Petrópolis, únicas que declararam ter nas respectivas casas salas próprias para as
bibliotecas. Por meio da Diretoria de Instrução, foi autorizada a primeira remessa de
livros às Câmaras das referidas cidades e autorizada a despesa de 500$000 para cada
uma delas. Foram exigidas informações das outras câmaras sobre salas para o
estabelecimento das bibliotecas nas demais cidades da província e aguardam-se as
respostas.·.
Em 1875, o relatório informa que as bibliotecas populares criadas na província pela lei 1
650, de 20 de dezembro de 1871, não estão ainda instituídas em todos os municípios.
A Câmara municipal de Valença, em ofício datado de 3 de janeiro, comunicou que,
“inspirada nas generosas vistas do governo imperial de promover a instrução pública,
deliberou dar maior desenvolvimento à biblioteca pública que, no edifício da mesma
213 RIO DE JANEIRO. Presidente (1871-1872: Josino do Nascimento e Silva) Relatorio apresentado á Assembléa
Legislativa Provincial do Rio de Janeiro na primeira sessão da decima nona legislatura no dia 29 de setembro de 1872
pelo presidente, conselheiro Josino do Nascimento Silva. Rio de Janeiro: Typ. Perseverança, 1872. p. 25
103
câmara, em muito modestas proporções se fundara”. Para tanto, foi nomeada uma
comissão para angariar fundos que arrecadou a quantia de 14:145$000 réis.
“Como administrador não poderia presenciar indiferente um fato tão notável de
iniciativa individual; recomendei à Câmara que me remetesse uma relação contendo os
nomes dos membros da comissão e dos subscritores e, transmiti-a ao Governo Imperial,
que se associou à presidência da província no agradecimento e louvor que mandou por
intermédio da Câmara Municipal de Valença, dirigir à comissão e a cada um dos
subscritores pelo relevante serviço prestado à instrução pública!, relata o presidente.
A Câmara Municipal de Valença, compreendendo que “a biblioteca fundada com tão
bons auspícios carecia de um bibliotecário especial para poder prestar a utilidade que
dela se espera”, solicitou em ofício de 28 de janeiro a autorização para fazer a nomeação
para o cargo coma a gratificação de 800$000 réis.
O presidente da província não duvidou conceder a autorização pedida, ficando o ato
dependente da aprovação da assembleia legislativa provincial. O presidente espera que
outros municípios da província tomem medidas semelhantes214.
1883
É proposta a criação de uma Biblioteca da Administração Pública, aparece registrada no
relatório de 1883. “Ninguém poderá contestar seriamente a utilidade, a necessidade
mesmo das bibliotecas administrativas. Todos compreendem que cada um em seu ofício
precisa dos instrumentos próprios para bem o exercer; os livros que entram ao devem
estar na composição dessas bibliotecas são os melhores instrumentos dos empregados
públicos. Reconhecida a necessidade de espalhar entre eles a instrução administrativa, o
meio mais eficaz é a biblioteca”, argumenta o presidente.
A biblioteca ficaria a cargo do encarregado do arquivo da secretaria, como repartição
central. Para tanto, é solicitada o aumento da verba de expediente do referido órgão.
“Muitas vezes a novidade das questões suscitadas na experiência exigem consultas
especialíssimas, e que todos os dias a ciência administrativa descobre novos horizontes
e aperfeiçoa-se com a prática de todos os países”, conclui o Presidente Bernardo
Avelino Gavião Peixoto (1882-1883)215.
214 RIO DE JANEIRO. Presidente (Francisco Xavier Pinto Lima: 1874-1875) Relatório apresentado ao Illm.º Exm.º
Sr. Conselheiro Bernardo Augusto Nascente de Azambuja, 2º vice-presidente da província do Rio de Janeiro pelo
presidente Conselheiro Francisco Xavier Pinto Lima por ocasião de passar-lhe a administração da mesma província
em 15 de março de 1875. Rio de Janeiro: Typographia nacional, 1875. p. 13.
215 RIO DE JANEIRO. Presidente (1882-1883: Bernardo Avelino Gavião Peixoto)Relatorio apresentado á
Assembléa Legislativa Provincial do Rio de Janeiro na abertura da segunda sessão da vigesima quarta legislatura em
8 de agosto de 1883 pelo presidente, conselheiro Bernardo Avelino Gavião Peixoto. Rio de Janeiro: Typ. Montenegro,
1883. p. 140-41
104
1884
No dia 7 de dezembro de 1883 foi instalada a biblioteca na Câmara de Angra dos Reis.
No dia 23 de abril de 1884, na Câmara de Santo Antônio de Pádua. Nesta, o visconde de
Silva Figueira foi quem ofereceu à municipalidade os armários indispensáveis para
instalação da biblioteca216.
RIO GRANDE DO SUL
1871
A lei provincial nº 724, de 14 de abril de 1871, tendo em vista o “interesse de promover
a instrução pública”, autoriza a realização de despesa de 8 000 reis para a aquisição de
livros destinados à criação de uma biblioteca pública em Porto Alegre. A mesma lei
autoriza a utilização de “quantia necessária” para a aquisição do mobiliário necessário.
O presidente da província, Jeronimo Martiniano Figueira de Mello (1871-1872),
determina ao Conselho Diretor da Instrução a elaboração de uma lista de livros “que
mais indispensáveis fossem em todos os ramos do conhecimento” para a compra.
O presidente solicita à Assembleia Legislativa da Provincial a consignação no
orçamento do valor não inferior a 10 000 reis para o pagamento dos livros217.
1872
As providencias necessárias para a fundação da biblioteca pública em Porto Alegre
foram tomadas pelo presidente da província José Fernandes da Costa Pereira Junior
216 RIO DE JANEIRO. Presidente (1883-1884: José Leandro de Godoy e Vasconcellos ) Relatório apresentado á
Assembléa Legislativa Provincial do Rio de Janeiro na abertura da primeira sessão da vigésimal quarta legislatura em
8 de agosto de 1884 pelo presidente, José Leandro de Godoy e Vasconcellos. Rio de Janeiro: Typ. Montenegro, 1884.
p. 46.
217 RIO GRANDE DO SUL. Presidente (1871-1872: Jeronimo Martiniano Figueira de Mello) Falla dirigida á
Assembléa Legislativa da provincia de S. Pedro do Rio Grande do Sul pelo presidente, conselheiro Jeronimo
Martiniano Figueira de Mello, em a segunda sessão da 14.a legislatura. Porto-Alegre, Typ. do Rio Grandense, 1872.
p. 18
105
(jul./dez. 1872) que encarrega a uma comissão composta pelos cidadãos Salustiano
Orlando de Araújo Costa, José Bernardino da Cunha Bittencourt, Fausto de Freitas e
Castro e Timotheo Pereira da Rosa a elaborar o projeto de regulamento da biblioteca, a
aquisição dos livros e tomar as demais providencias necessárias.
O presidente encaminha para biblioteca a coleção de leis gerais e outras publicações
existentes na secretaria da presidência da província.
No dia 23 de novembro o presidente envia ofício aos presidentes do Senado e da
Câmara dos Deputados, a diversas associações científicas e literárias da corte
solicitando o envio de publicações para a biblioteca. Ofício no mesmo sentido foi
dirigido aos presidentes das províncias.
O presidente determina que as publicações oficiais recebidas das diversas províncias
sejam encaminhadas à biblioteca.
O presidente espera que “as luzes e o esclarecido patriotismo dos dignos membros da
comissão” com a participação da população rio-grandense contribuam para o
estabelecimento da biblioteca, “cuja fundação tardava já para as aspirações desta adianta
capital”218.
1873
Em 1873, é designada uma das salas do Atheneo Riograndense para a instalação da
biblioteca e autorizada a compra de livros e do mobiliário necessário. Foi recebida do
Dr. Luiz Antônio da Silva Nunes, que tinha sido incumbido pela administração passada
a adquirir livros, uma doação “importante” para a biblioteca. O presidente, João Pedro
Carvalho de Moraes (1872-1875), pede a gratidão da Assembleia para “tão generoso
quão digno procedimento”219.
1874
Conforme informe o relatório de 1874, a biblioteca não pode ser instalada por não ter
sido aprovada no orçamento provincial a verba prevista. O presidente apela à
218 RIO GRANDE DO SUL. Presidente (jul./dez. 1872: José Fernandes da Costa Pereira Junior) Relatório com que
o exm. Sr. Dr. José Fernandes da Costa Pereira Junior presidente desta província passou a administração da mesma ao
exm. Sr. Dr. João Pedro Carvalho de Moraes no dia 1 de dezembro de 1872. Porto Alegre, Typ. Do Constitucional,
1873. p. 14-5.
219 RIO GRANDE DO SUL. Presidente (1872-1875: João Pedro Carvalho de Moraes) Falla com que o exm. sr.dr.
Joao Pedro Carvalho de Moraes, presidente da província abrio a 1 sessão da 15ª legislatura da Assembléa Legislativa
Provincial no dia 1 de março de 1873. Porto Alegre, Typographia do Conatitucional, 1873. p. 12.
106
Assembleia pela sua aprovação considerando que o assunto é de “suma importância
para população da capital e desenvolvimento da instrução”220.
1876
Em 1876, encontrava-se à frente da implantação da biblioteca o dr. Fausto de Freitas e
Castro, ex-diretor geral da instrução pública. A Assembleia Provincial aprovou verba
para a aquisição de livros. O dr. Fausto de Freitas e Castro solicita, por intermédio do
barão Noel Paulo Baptista d’ Ornano, a remessa de catálogos de livrarias parisienses.
A casa Harchette & Cia propõe a fornecer os livros com abatimento de 20 a 25% sobre
o preço dos catálogos. Devido a extravios, remessa dos livros chega incompleta.
O presidente encarrega o dr. Fausto de Freitas e Castro a elaborar uma relação das obras
mais importantes sobre filosofia, história e literatura para aquisição dentro dos limites
dos recursos aprovados pela Assembleia. A encomenda segue para a França por
intermédio do barão de Cahy, Francisco Ferreira Porto, que mantinha um
correspondente em Paris.
Uma vez chegada as primeiras remessa de livros, o governo decide inaugurar a
biblioteca.
O presidente solicita a consignação anual no orçamento provincial de verba para a
biblioteca até que sejam adquiridos os livros necessários. Após esta etapa seria
consignada uma pequena verba para manutenção. Argumenta as vantagens que “trazem
a educação nacional a bibliotecas, onde o povo pode aprender sem sacrifício algum
pecuniário”221.
1877
No dia 21 de janeiro de 1877, em uma das salas do Atheneu Riograndense, é instalada a
Biblioteca. São nomeados como bibliotecário, Fausto de Freitas e Castro, e, como
contínuo, atuando como porteiro e amanuense, João Carvalho Vieira, com salários
anuais de 2 400 reis e 1 600 reis, respectivamente. Os cargos foram criados pela lei
provincial nº 724, de 14 de abril de 1871.
Por intermédio do dr. João José do Monte, o presidente manda fazer a aquisição na corte
de obras de autores nacionais de diversos assuntos no valor de 500 reis222.
220 RIO GRANDE DO SUL. Presidente (1872-1875: João Pedro Carvalho de Moraes). [Relatório ... 1874. p. 19.]
221 RIO GRANDE DO SUL. Presidente (1875-1876:José Antonio de Azevedo Castro). Falla dirigida á Assembléa
Legislativa da provincia de S. Pedro do Rio Grande do Sul pelo presidente, dr. José Antonio de Azevedo Castro, em a
segunda sessão de 16.a legislatura. Porto Alegre, Typ. do "Rio Grandense", 1876. p. 24
107
A partir do dia 12 de setembro de 1878, a biblioteca passou a funcionar durante o dia
das 11 às 14 horas e à noite das 18 às 21 horas. Instalam-se aparelhos para iluminação a
gás cuja despesa atingiu o valor de 250 000 réis.
1878
O orçamento vigente destinou a importância de 1:800$00 para a assinatura de jornais,
revistas e aquisição de livros. Foram adquiridos, por meio de leilões, livros a preços
inferiores aos dos catálogos dos livreiros parisienses. Notando sensíveis lacunas no
acervo da biblioteca nas áreas da engenharia e das ciências físicas e naturais, o
bibliotecário julgou ser necessária verba de valor não inferior a 3:000$000 para
aquisição de obras nos referidos campos na Europa e América223.
No dia 22 de outubro de 1878, Fausto de Freitas e Castro é exonerado do cargo de
bibliotecário sendo substituído por Frederico Bier.
É adquirido mobiliário para a biblioteca no valor de 155$000 réis e outros materiais cuja
soma não excedeu a 24$000 réis.
O presidente autoriza o bibliotecário a proceder a revisão do catálogo da biblioteca para
verificar as lacunas existentes e proceder a compra de obras importantes que deveriam
ter sido adquiridas desde a criação da biblioteca. Registra que na biblioteca não existe
ainda um exemplar da Bíblia Sagrada224.
1879
222 RIO GRANDE DO SUL. Presidente (1876-1877: Tristão de Alencar Araripe). Relatório com que o exmo. Sr.
Conselheiro Tristão de Alencar Araripe passou a administração desta provéncia ao exmo. Sr. Dr. João Dias de Castro,
2º vice-presidente no dia 5 de fevereiro de 1877. Porto Alegre: Typographia do Jornal do Commercio, 1877. p. 61.
223 RIO GRANDE DO SUL. Presidente (1877-1878: Francisco de Faria Lemos). Relatório com que o exm. sr.
Desembargador Francisco de Faria Lemos passou a administração desta província ao exm. Sr. Dr. João Chaves
Campello segundo vice-presidente no dia 10 de fevereiro de 1878. Porto Alegre: Typographia do Jornal do
Commercio, 1878. p. 62-62.
224 RIO GRANDE DO SUL. Presidente (1878-1879: Américo de Moura Marcondes de Andrade). Relatório com
que o exm. sr. Dr. Américo de Moura Marcondes de Andrade passou a administração desta província ao exm. Sr. Dr.
Felisberto Pereira da Silva no dia 26 de janeiro de 1879. Porto Alegre: Typ. do Jornal do Commercio, 1879. p. 47.
108
Em 26 de maio de 1879, é nomeado para o cargo de bibliotecário o dr. Joaquim Pedro
Soares225.
1881
O bibliotecário lamenta que a frequência à biblioteca não corresponda “aos sacrifícios
da província”. Atribui a baixa concorrência de leitores “antes à falta de bons livros
elementares do que ao gosto pela leitura e instrução”.
É realizada uma compra na Europa de “algumas obras de necessidade mais imediata
sobre matemáticas, filosofia, etc”. É realizada, por meio de contrato com a casa
comercial Alves Leite Sucessores, “em condições muito vantajosas”, a encomenda de
cerca de mil volumes. Ficou assim “a biblioteca dotada das melhores obras conhecidas
sobre os diversos ramos de conhecimentos humanos”226.
1882
Em 1882, a biblioteca passa a funcionar durante o verão das 9 às 13 horas e das 17 às 20
horas e no inverno das 10 às 14 horas e das 17 às 20 horas. A frequência durante o ano
de 1881 foi de 4 238 pessoas que consultaram 2 430 obras.
São adquiridos livros em Paris no valor de 3:505$350 réis e na praça de Porto Alegre no
valor de 429:000 réis. Com a assinatura de jornais e revista é empregada a soma de
354$000 réis.
É exonerado do cargo de porteiro Affonso de Azambuja e Silva É nomeado como
porteiro Emílio Pinto Rangel227.
1882
É exonerado do cargo de bibliotecário o dr. Graciano Alves de Azambuja e nomeado
para substituí-lo Dr. Joaquim Pedro Soares228.
225 RIO GRANDE DO SUL. Presidente (jan./jul. 1979: Felisberto Pereira da Silva). Relatório com que o exm. sr.
Dr. Felisberto Pereira da Silva passou a administração da província de São Pedro do Riogrande do Sul ao exm. Sr.
Dr. Carlos Thopson Flores no dia 19 de julho de 1879. Pelotas: Typ. da Jornal do Livraria América,, 1880. p. 4.
226 RIO GRANDE DO SUL. Presidente (1880-1881: Henrique Francisco d’ Ávila). Relatório de 4 de abril de 1881.
(Publicado como anexo da Falla de 7 de mar. de 1881)
227 RIO GRANDE DO SUL. Presidente (Francisco de Carvalho Soares Brandão: 1881-1882). Relatório com que o
exm. Sr. Dr. Francisco de Carvalho Soares Brandão presidente da província entregou a administração da província do
Rio Grande do Sul a s. ex. o sr. Dr. Joaquim Pedro Soares, vice-presidente no dia 14 de janeiro de 1882. Porto Alegre:
Typ. Do Jornal do Commercio, 1882. p. 44-5.
109
1887
É nomeado como bibliotecário interino o professor da Escola Normal João Pedro
Henrique Duplan no lugar de Dr. Joaquim Pedro Soares, que tinha seguido para o Rio
de Janeiro como representante provincial na Câmara dos Deputados229.
1889
A Escola Normal, que sedia a biblioteca em uma das suas salas, solicita a mudança da
mesma para outro recinto, tendo em vista necessitar de espaço. O local onde se
encontra a biblioteca também já não comporta o crescimento das coleções. Convém a
mudança para um local mais apropriado.
A inexistência de um catálogo para uso do público dificulta o conhecimento das obras
existentes. Não há recursos para impressão do referido catálogo230.
228 RIO GRANDE DO SUL. Presidente ( José Leando de Godoy e Vasconcellos: mar.1882-set. 1882) Relatório
apresentado por s. Exª. o sr. Presidente Dr. José Leandro de Godoy e Vaconcellos ao passar a administração desta
província de São pedro do Rio Grnade do Sul em9 de setembro de 1882 ao Exmº. Sr. Dr. Leolpoldo Antunes Maciel
1º vice-presidente. Porto Alegre: Typ. Do Mercante, 1882. p. 19.
229 RIO GRANDE DO SUL. Presidente (Rodrigo de Azambuja Villanova: abr.1887-out.1887). Relatório
apresentado ao Illm. Exm. Sr. Dr. Joaquim Jacintho de Mendonça 3º vice-presidente por sua Ex. o sr. Dr. Rodrigo de
Azambuja Villanova 2º vice-presidente ao passar-lhe a administração da província de São pedro do Rio Grande do
Sul em 27 de outubro de 1887. [s.n.t.] p. 40.
230 RIO GRANDE DO SUL. Presidente (Joaquim Galdino Pimental:1888-1889) Falla que o exm. sr. dr. Joaquim
Galdino Pimental, presidente da provincia, dirigio á Assembléa Legislativa da provincia de S. Pedro do Rio Grande
do Sul, por occasião de ser installada a 1a sessão da 23a legislatura, em 1o de março de 1889. Porto Alegre, Officinas
Typographicas do Conservador, 1889. p. 15.
110
RIO GRANDE DO NORTE
1867
No relatório de 1867, o presidente da província, Gustavo Adolfo de Sá (1867-1868),
regista suas preocupações com relação as necessidades de lazer da população da
província: “Uma população que se ocupa em trabalhos sérios e árduos [...] tem
necessidade de alguma diversão de espírito nas horas desocupadas; de alguma distração
que deleite moralizando e instruindo ao mesmo tempo”.
Pensou em primeiro lugar nos teatros como “instituições mais apropriadas a este fim” e
citou como exemplo a “França culta” onde ouve um ministro que propôs a sua inclusão
entre os estabelecimentos de instrução”.
Não tendo, no entanto, a província os recursos para a criação de um teatro, pareceu-lhe
que poderia ser proporcionada “outra distração, quando não de tanto deleite para todos,
ao menos compatível com o prazer que sentem certas inteligências em ilustrar-se, do
que se privam por vezes com dor pela deficiência de meios”.
“A substituição proposta consistiria em escolher-se dentre as obras que devem existir
no arquivo da secretaria desta província remetidas pelas outras e pelo governo imperial
ou oferecidas pelos particulares, aquelas que, não sendo de necessidade para o tráfego
da administração, por serem de quilate literário, proporcionassem deleite e utilidade”.
Ter-se-ia assim alguma coisa que, não se podendo denominar propriamente biblioteca,
assumiria, contudo, a forma desta, prestando idêntico serviço, posto que em mais
limitado grau, e desentranhando do supracitado arquivo preciosos volumes, que nele
talvez estejam condenados somente a formar catálogos”.
“Para consecução de tal fim lembro-me de propor-vos como local apropriado alguma
das salas do Ateneu, consignando vós uma quantia razoável para as despesas de
instalação e aquisição de livros, e outra para a gratificação do encarregado desse ensaio
111
de biblioteca, que talvez venha a receber direta e largamente ofertas de livros quando
souber-se da sua existência”231.
1868
Em 1868, com a autorização da Assembleia provincial na lei do orçamento vigente foi
preparado o salão do lado esquerdo do edifício da Assembleia para servir de biblioteca.
“Faz-se preciso que voteis verba para aquisição de livros, para pagamento da
gratificação do bibliotecário e do contínuo, assim como para despesas de expediente”232.
1870
Em 1870, dá-se a extinção dos lugares de bibliotecário provincial cujas funções
passaram a ser exercidas pelo secretário da instrução, e de continuo da biblioteca que foi
acumulada ao do bedel do Ateneu, mediante aumento de ordenado233.
No relatório do diretor geral da Instrução pública, datado de 3 de outubro de 1870, é
informado que “nenhuma concorrência há [na biblioteca], passam-se semanas inteiras
sem que ali se apresente uma só pessoa”. O motivo apontado foi que estava fechada
quando os empregados públicos, seus maiores interessados, após o expediente
poderiam frequentá-la.
“Daqui procede o fato de não ser visitada, e por consequência de não poder prestar a
utilidade, que há a colher-se de estabelecimentos desta ordem”, explica o diretor.
Apresenta a sugestão de permitir o empréstimo de livros, mediante o pagamento de uma
mensalidade. O rendimento seria aplicado na compra de novos livros.
O cargo de bibliotecário era exercido pelo secretario da diretoria geral da Instrução
pública e o de porteiro pelo bedel da mesma diretoria234.
1874
231 RIO GRANDE DO NORTE. Presidente (1867-1868: Gustavo Adolfo de Sá) Falla com que o Exmo. Sr. Dr.
Gustavo Adolfo de Sá abrio a Assemblea Legislativa provincial no dia 23 de maio em sessão extraordinária. Rio
Grande do Norte: Typographia de Dous de Dezembro, 1967. p. 7-8.
232 RIO GRANDE DO NORTE. Presidente (1867-1868: Gustavo Adolfo de Sá) Falla com que o exm. sr. dr.
Gustavo Adolfo de Sa abriu a Assemblea em Sessao Extraordinaria no dia 17 de Fevereiro de 1868. Rio Grande do
Norte, Typographia dous de Dezembro Rua de S. Antonio, 1868.
233 RIO GRANDE DO NORTE. Presidente. (1869-1870: Pedro de Barros Cavalcanti de Albuquerque ) Relatório
com que o Exmo. Sr. Dr. Pedro de Barros Cavalcanti de Albuquerque passou no dia 17 de fevereiro de 170 a
administração da província do Rio Grande do Norte ao 3º Vice-Presidente o Exmo. Sr. Dr. Octaviano Cabral Raposo
da Câmara. Pernambuco: Typographia de M. Figueira de F. & Filhos, 1870. p. 11.
112
O relatório de 1874 registra a existência da biblioteca da capital e das cidades de
Mossoró, do Assú e de São José que “revela o progresso da instrução pública na
província”.
A da capital, criada a em 1868, “há muito tempo conservava-se fechada, sem prestar
utilidade alguma”, foi reaberta em outubro de 1873 sendo permito, mediante garantias,
o empréstimo de livros. As Mossoró, do Assú, S. José foram abertas, respectivamente
em 25 de março, 3 de maio e 28 de junho de 1874.
Foram frutos do “amor à causa da instrução e do elevado patriotismo de alguns
distintos, que, por tal modo, fizeram jus à benemerência pública”, credita o presidente235.
1875
O relatório de 1875 lembra que não foi construído edifício destinado à escola e
biblioteca da Villa de Ceará-mirim, para a qual foi criada uma comissão composta do
juiz municipal, do presidente da Câmara Municipal e do delegado de polícia. Com esse
objetivo foi feita a doação de 5:000$000 por Manoel Varella do Nascimento, agricultor
e barão do Ceará-mirim.
Também estão pendentes de execução os projetos da escola e biblioteca nas vilas de
Canguaretama e Cidade do Príncipe, as quais receberam doações de particulares. Para
essa última foi destinada, em 22 de agosto de 1874, a quantia de 1:000$000 que foi
recebida por um dos seus promotores, o coronel José Bernardo de Medeiros.
A biblioteca da província, que funciona em uma das salas do edifício do Ateneu Riograndense, recebe as revistas do Institutos Histórico e Geográfico do Brasil e do
Arqueológico de e o Diário Oficial do Império do Brasil.
Conta a biblioteca popular do Assú 531 volumes, a de Mossoró, 264 e a de S. José,
340236.
234 [Relatório do diretor geral da Instrução pública] In RIO GRANDE DO NORTE. Presidente (1870-1871: Silvino
Elvidio Carneiro da Cunha) Relatorio apresentado á Assemblea Legislativa do Rio Grande do Norte pelo exm. sr.
doutor Silvino Elvidio Carneiro da Cunha em 5 de outubro de 1870. Recife, Typ. do Jornal do Recife, 1870
235 RIO GRANDE DO NORTE. Presidente. (1873-1875: João Capistrano Bandeira de Mello) Falla com que o exm.
sr. dr. João Capistrano Bandeira de Mello Filho abrio a 1a sessão da vigesima legislatura da Assembléa Legislativa
Provincial do Rio Grande do Norte em 13 de julho de 1874. Rio de Janeiro, Typ. Americana, 1874.
236 RIO GRANDE DO NORTE. Presidente. (1875-1876: José Bernardo Galvão Alconforado Junior) Relatorio com
que ao exm. sr. dr. José Bernardo Galvão Alcoforado Junior passou a administração da provincia do Rio Grande do
Norte o exm. sr. dr. João Capistrano Bandeira de Mello Filho em 10 de maio de 1875. Rio de Janeiro, Typ. Cinco de
Março, 1875
113
1877
Tendo em vista a informação prestada pelo bibliotecário de S. José, em ofício de 14 de
agosto de 1877, de que o estado da biblioteca era decadente, o presidente da província,
José Nicolau Tolentino de Carvalho(1877-1878), resolveu nomear uma comissão
composta dos drs. Juiz de direito da comarca, Salvador Pires de Carvalho e
Albuquerque, Horácio Candido de Salles e Silva, cônego Gregório Ferreira Lustosa e
cidadãos José Paulino de Andrade e Hermano Clementino Cesar de Albuquerque para
promover o melhoramento da mesma biblioteca237.
1882
O diretor da instrução pública sugere a adoção de um regulamento para evitar o
extravio de livros238.
1885
Em 1885, foi extinto o cargo de bibliotecário do Ateneu239.
1886
Em 1886, a biblioteca da capital achava-se “em estado de atraso”. Faltavam várias
obras. O presidente determinou “medidas repressivas desse inconveniente”240.
1887
237 RIO GRANDE DO NORTE. Presidente.(1877-1878: José Nicolau Tolentino de Carvalho) Falla com que o exm.
sr. doutor José Nicoláo Tolentino de Carvalho abrio a 2.a sessão da 21.a legislatura da Assembléa Provincial do Rio
Grande do Norte em 18 de outubro de 1877. Pernambuco, Typ. de M. Figueiroa de Faria & Filhos, 1877.
238 RIO GRANDE DO NORTE. Presidente (1882-1883: Francisco de Gouvêa Cunha Barreto) Falla com que o
exm. sr. doutor Francisco de Gouvea Cunha Barreto, presidente da provincia, installou a 1.a sessão ordinaria
d'Assembléa Legislativa Provincial do Rio Grande do Norte em 15 de maio do corrente ano. [Natal] Correio do Natal,
1882. p. 10.
239 RIO GRANDE DO NORTE. Presidente. (1885: Álvaro Antonio da Costa) Relatório com que o Exmo. Senhor
Doutor Álvaro Antonio da Costa 1º vice-presidente da província do Rio Grande do Norte passou a administração da
província ao Exmo. Senhor Doutor José ..... Alves da Silva em 22 de outubro de 1885. Natal: Typographia do Correio
do Natal [s.d.] p. 8
240 Diretoria Geral da Instrução Pública, 27 de dezembro de 1886. In: RIO GRANDE DO NORTE. Presidente.
(1885-1886: José Moreira Alves da Silva) Relatório com que o Exmo. Sr. Dr. José Moreira Alves da Silva
presidente da provéncia do Rio Grande do Norte passou a administração ao 2º vice-presidente o Exmo. Sr. Dr. Luiz
Carlos Lins Wanderley em 30 de outubro de 1886. p. VI
114
Na sua Fala de 15 de janeiro de 1877 o presidente, Antônio Francisco Pereira de
Carvalho, registra que “a biblioteca, anexa ao Liceu, desde muito se acha em mau
estado e quase desprovida de livros”. O seu acervo era de 261 volumes conforme o
inventário de setembro de 1885241.
SANTA CATARINA
1855
A Biblioteca Pública de Santa Catarina, criada pela lei 373, foi aberta no dia 9 de janeiro
de 1855. Atuou como bibliotecário interino o 2º escriturário da Administração da
Fazenda, Francisco de Paulicéa Marques de Carvalhos, e como porteiro o contínuo da
adminstração provincial, João Tavares d'Araújo Bueno. Compõe-se a Biblioteca de 474
241 RIO GRANDE DO NORTE. Presidente. (1886-1888: Antonio Francisco Pereira de Carvalho ). Falla lida a
Assembléa Legislativa do Rio Grande do Norte pelo exm. sr. presidente da provincia, dr. Antonio Francisco Pereira
de Carvalho no dia 15 de janeiro de 1887 ao installar-se ella ordinariamente. [Natal] Typ. do "Correio do Natal,"
1888.
115
volumes e folhetos, oferecidos 207 por Joaquim António de Azevedo, 222 por Francisco
de Paulicéa Marques de Carvalhos, 38 pelo Rvd. º Vigário Joaquim Gomes d' Oliveira e
Paiva, 5 por Antônio Justinianno Esteves, e 2 por Manoel José de Oliveira.
O presidente da província, João José Coutinho (1850-1859), solicita à Asembleia a
consignação de verba para a compra de livros, tendo em vista que os poucos volumes
existentes na Biblioteca “pela maior parte de pouco merecimento, não pode assim
prestar ao público grande serviço”.
Indica também que a Biblioteca deva ser aberta no período da tarde para que possa “ser
útil aos habitantes da capital, e especialmente aos empregados públicos”. Considera
necessário “marcar uma gartificação ao empregado que serve de bibliotecário, ou
eslabelecer-se um ordenado, que convide a pessoa habilitada a aceitar esse Emprego”242.
1856
Na sua Fala de 1856, o presidente João José Coutinho informa que o acervo da
biblioteca era constituído de novelas, poesias, relatórios, balanços, legislação brasileira
geral e provincial, e Auxiliadores da Indústria Nacional. “Poucas são as obras de maior
mérito”, considera. Informa, ainda, que não chegaram os livros que se mandaram vir da
Europa e que a verba consignada para acompra de livros é diminuta243.
1857
Em 1857, o presidente sugere a conveniência de remover a biblioteca para edifício em
que funciona a instrução secundária da província, tendo em vista a impossibilidade de
criar-se outra biblioteca. Avalia que o “estabelecimento vai sendo mais frequentado,
mas não tanto quanto seria se pudesse estar aberto por mais horas, o que não é possível
não tendo ele empregados próprios” 244.
1858
242 SANTA CATARINA. Presidente. (1850-1859:João José Coutinho) [Relatório do presidente da província de
Santa Catharina em 1.o de março de 1855] p. 4-5.
243 Santa Catarina. Presidente. (1850-1859:João José Coutinho) Falla que o presidente da provincia de Santa
Catharina dr. João José Coutinho, dirigio á Assembléa Legislativa Provincial no acto d'abertura de sua sessão
ordinaria em o 1.o de março de 1856. Rio de Janeiro, Typ. Universal de Laemmert, 1856. p. 6.
244 SANTA CATARINA. Presidente. (1850-1859:João José Coutinho)Falla que o presidente da provincia de Santa
Catharina, dr. João José Coutinho, dirigio á Assembléa Legislativa Provincial no acto da abertura de sua sessão
ordinaria em o 1.o de março de 1857. Rio de Janeiro, Typ. Imp. e Const. de J. Villeneuve e C., 1857. p. 10
116
Desde 1.° de agosto 1857, a Biblioteca acha-se localizada em uma das salas do edifício
do Liceu, conforme determinou o artigo 19 da lei nº. 439. Depois da mudança, “tem
sido mais frequentada , e mais consultados os seus livros”.
“O orçamento vigente se não consignou quantia alguma para compra de livros”245.
1859
Em virtude do artigo 3º. da lei n. 447 foi nomeado um dos professores do Liceu
bibliotecário. O estabelecimento foi mais frequantado no ano passado, principalmente
pelos professores e alunos do Liceu246.
1859
Em 1859, registra-se a aquisição de livros no Rio de Janeiro por meio dos negociantes
Carneiro & Menezes, no valor de mais ou menos um conto de réis. A transação contou
com o apoio do senador José da Silva Mafra .247
1860
O relatório de 1860 do presidente, Francisco Carlos de Araújo Brusque (1859-1861)
,registra o recebimento da doação de 366 volumes “entre os quaes algumas obra se
encontram de apreço” efetuada pelo ilustrado Dr. Mello Moraes248.
1862
Segundo o relatório de 1862 do presidente, Vicente Pires da Mota (1861-1862), “a
Biblioteca é pobríssima de obras, não há nela as que são indispensáveis em
estabelecimentos dessa espécie”. “O estado de penúria dos cofres provinciais não
permite elevar-se por ora a soma referida de obras existentes”, justifica. “Deveis porém
245 SANTA CATARINA. Presidente. (1850-1859: João José Coutinho) Falla que o presidente da provincia de Santa
Catharina, dr. João José Coutinho, dirigio á Assembléa Legislativa Provincial no acto da abertura de sua sessão
ordinaria em o 1.o de março de 1858. Santa Catharina, Typ. Catharinense de Germano Antonio Maria, 1858. p. 4-5
246 SANTA CATARINA. Presidente. (1850-1859:João José Coutinho) Falla que o presidente da província de Santa
Catarina dr. João José Coutinho dirigio a Assemblea Legislativa Provincial no acto d'abertura de sua sessão ordinária
em o 1.º de março de 1859. Santa Catarina: Typ.Catharinense de G. A.M. Avelim, 1859. p. 2.
247 SANTA CATARINA. Presidente. (1850-1859:João José Coutinho) Relatório apresentado ao Exm. VicePresidente da província de Santa Catharina o doutor Speridião Eloy de barros Pimentel pelo presidente o doutor João
José Coutinho por accasiãop de passar-lhe a administração da mesma província em 23 de setembro de 1859. Desterro:
Typographia de J. J. Lopes, 1859. p. 4
248 SANTA CATARINA. Presidente. (1859-1861:Francisco Carlos de Araújo Brusque) Relatório do presidente da
provincia de Santa Catharina, Francisco Carlos de Araújo Brusque, apresentado á Assembléa Legislativa Provincial
na 1a sessão da 10a legislatura. Rio de Janeiro, Typ. do Correio Mercantil, 1860. p. 53.
117
continuar a proteger a única biblioteca da província nos limites razoáveis”, apela à
Assembleia Provincial249.
1864
O presidente Francisco José d'Oliveira (1863-1864) considera mais adequado a
biblioteca funcionar em um local mais central para facilitar a frequência [...] dos
funcionários públicos que a ela queiram recorrer, levados pela necessidade de um
esclarecimento qualquer, acerca da ciência ou matéria com relação ao desempenho de
algum dever do seu serviço a seu cargo”250.
1865
No seu relatório de 1865 o bibliotecário informa que a frequencia da biblioteca era de 6
a 7 pessoas por dia. Sendo mantida por doações, “não pode possuir obras as mais
adequadas às ilustrações da terra”, considera.
Aponta como urgente a necessidade a encadernação de obras importantes para evitar seu
deterioro que podem ser causado por ataque de insetos251.
1867
Em 1867, a biblioteca foi transferida da diretoria da Fazenda. “O local é, porém,
inconveniente; e apesar da necessidade de economias, estou resolvido a dar casa mais
apropriada às aulas e à biblioteca”, registra o presidenteAdolpho de Barros Cavalcanti
de Albuquerque Lacerda (1865-1868)252.
1868
249 SANTA CATARINA. Presidente. (1861-1862: Vicente Pires da Mota) Relatorio do presidente da provincia de
Santa Catharina, o conselheiro Vicente Pires da Mota, apresentado á Assembléa Legislativa Provincial na 1.a sessão
da 11.a legislatura. Santa Catharina, Typ. Desterrense de J.J. Lopes, 1862. p. 17
250 SANTA CATARINA. Presidente. Relatorio do vice presidente da provincia de Santa Catharina, o commendador
Francisco José d'Oliveira, apresentado á Assembléa Legislativa Provincial na 1.a sessão da 12.a Legislatura. Santa
Catharina, Typ. Catharinense de F.V. Avila & C.a, 1864. p. 37.
251 SANTA CATARINA. Presidente. (1864-1865: Alexandre Rodrigues da Silva Chaves. Relatorio do presidente da
provincia de Santa Catharina, o doutor Alexandre Rodrigues da Silva Chaves, apresentado á Assembléa Legislativa
Provincial na 2.a sessão da 12.a legislatura em o 1.o de março de 1865. Santa Catharina, Typ. Catharinense de Avila
& Rodrigues, 1865. p. 11.
252 SANTA CATARINA. Presidente. Relatorio apresentado á Assembléa Legislativa Provincial de Santa Catharina
na sua sessão ordinaria pelo presidente Adolpho de Barros Cavalcanti de Albuquerque Lacerda no anno de 1867. Rio
de Janeiro, Typ. Nacional, 1867.p. 10-1.
118
A frequência da biblioteca é diminuta, registra o mesmo presidente no seu realtório
seguinte. “A biblioteca merece entretanto alguma proteção, senão pelo que hoje vale e
pelos benefícios que presta, certamente pelos que um dia pode vir a prestar, se for tendo
o melhoramento conveniente, e graduado conforme as ideias que expuz de outra vez”253.
1872
Em 1872, a Biblioteca achava-se instalada no pavimento térreo do palácio provincial.
Recebeu a doação de 43 volumes do doutor Joaquim dos Remédios Monteiro254 .
1873
O presidente Pedro Affonso Ferreira (1873) em seu relatório informa que a biblioteca
provincial “é na realidade muito limitada ainda as proporções deste estabelecimento,
que carece de incentivo a fim de poder melhor preencher o alto fim a que se destina”255.
1874
Em 1874, a biblioteca achava-se sob a “zelosa e inteligente direção” do professor do
extinto Liceu, João José de Rozas Ribeiro d'Almeida. “Atualmente cuida o
bibliotecário, com louvável empenho, de obter algumas publicações, em relação a
história nacional, e, segundo me informa, espera que, em breve, possuirá a Biblitoteca
bons elementos para estudo das coisas do País”256.
1875
Em 1875, a biblioteca funciona sob a zelosa direção do Inspetor Geral da Instrução
Pública, o Cónego Joaquim Eloi de Medeiros. Recebeu doações de diversos cidadões da
253 SANTA CATARINA. Presidente. (1865-1868:Adolpho de Barros Cavalcanti de Albuquerque Lacerda.
Relatorios apresentados á Assembléa Legislativa Provincial de Santa Catharina, na sua sessão ordinaria, e ao 1.o vicepresidente, commendador Francisco José de Oliveira, por occasião de passar-lhe a administração o presidente
Adolpho de Barros Cavalcanti de Albuquerque Lacerda no anno de 1868. Rio de Janeiro, Typ. Nacional, 1868. p. 10.
254 SANTA CATARINA. Presidente. (1872:Guilherme Cordeiro Coelho Cintra) Relatorio do vice-presidente da
provincia de Santa Catharina, dr. Guilherme Cordeiro Coelho Cintra, apresentado á Assembléa Legislativa Provincial
em 25 de março de 1872. Cidade do Desterro, 1872. p. 18.
255 SANTA CATARINA. PresidenteRelatório apresentado á Assembléa Legislativa Provincial de Santa Catharina
pelo presidente, dr. Pedro Affonso Ferreira, no acto da abertura da sessão em 2 de junho de 1873. Cidade do Desterro,
Typ. de J.J. Flores, 1873. p. 7
256 SANTA CATARINA. Presidente. (1873-1875:João Thomé da Silva) Falla dirigida á Assembléa Legislativa
Provincial de Santa Catharina em 25 de março de 1874 pelo exm. sr. presidente da provincia, dr. João Thomé da
Silva. Cidade do Desterro, Typ. de J.J. Lopes, 1874. p. 44.
119
província. Ressente-se, no entanto, da falta de outras que só podem ser obtidas por
meio de compra257.
1876
Durante o ano passado foram ofertados 136 volumes, dos quais 40 pelo Exm. Barão da
Laguna e 35 pelo Dr. Joaquim dos Remédios Monteiro, que por tantas vezes tem
enriquecido a Biblioteca com valiosas obras, constituindo-se assim credores de
agradecimento da Província.
No mesmo período, a Biblioteca foi frequentada por l 456 leitores que consultaram 1
991 obras.
Reconhecendo a necessidade de um catálogo sistemático das obras da Biblioteca, o
presidente, João Capistrano Bandeira de Mello Filho, (1875-1876) nomeou, em 1876,
para organizá-lo uma comissão composta dos drs. Feliciano Francisco Martins, Genuíno
Firmino Vidal Capistrano e do cidadão Francisco Leitão de Almeida.
“Brevemente estará concluído esse trabalho, e então pretendo, sob as cautelas de um
regulamento adaptado ao fim deste instituto, franquear os livros á leitura externa,
medida esta que adotei em minha administração em outra Província e que tive a
satisfação de ver coroada de excelente resultados”, registra o presidente.
A Fala registra a fundação, em 25 de março de 1876, da Sociedade Propagadora da
Instrução na cidade da Laguna, com o fim de estabelecer uma escola primária e
secundária, e despertar o gosto pelas letras por meio de uma Biblioteca Popular. Foi
resultado da iniciativa particular do Juiz Municipal Augusto Gurgel, a quem o
presidente louva “pelo seu patriotismo e amor à causa da instrução popular”258.
1881
Em 1881, é informado existirem na província três bibliotecass, uma nesta Capital, outra
na Cidade de S. José, e outra na da Laguna. “A da Capital contém em seus arquivos 3
652 volumes, que foram consultados por 198 pessoas. Não presta esse estabelecimento
os benefícios que dele se devia esperar. Prova-o a sua pouca frequência, que se deve
atribuir não tanto a indiferença pública, como a deficiência de obras novas que a
concitem”.
257 SANTA CATARINA. Presidente. (1873-1875:João Thomé da Silva) Falla dirigida á Assembléa Legislativa
Provincial de Santa Catharina em 21 de março de 1875 pelo exm. sr. presidente da provincia, dr. João Thomé da
Silva. Cidade do Desterro, Typ. de J.J. Lopes, 1875. p. 67-8.
258 SANTA CATARINA. Presidente. (1875-1876: João Capistrano Bandeira de Mello Filho).Falla com que o exm.
sr. dr. João Capistrano Bandeira de Mello Filho abrio a 1.a sessão da 21.a legislatura da Assembléa Legislativa da
provincia de Santa Catharina em 1.o de março de 1876. Cidade do Desterro, Typ. de J.J. Lopes, 1876. p. 48-50.
120
Nas cidades de Joinville e de Itajahy foram ciados pela iniciativa particular clubes
literários259.
1885
Em 1885, a biblioteca funcionava anexa à diretoria de instrução. Possuia possui 4 320
volumes “quase todos de obras antigas e muitos sem valor algum”260.
1886
No relatório de 1886 consta que “a Biblioteca está no caso de merecer da Província
qualquer quantia, já para adquirir novas obras e conservar e encadernar as existentes, já
para indispensáveis reparos internos e melhor ordem, o que agora não pode ter, pois são
até insuficientes as estantes que possui”261.
1887
O relatório de 1887 registra a Biblioteca em Blumenau “com rarissímos livros em
portugues, todos em alemão, confiada a um artista, que a tem em sua sala de
trabalho”262.
1888
O relatório de 1888 continua registrando que a Biblioteca Pública “pouco serviço tem
prestado à causa da instrução, pelo insignificante número de obras que possui, e muitas
destas de pequena importância”. Na visita feita ao estabelecimento, o presidente
Augusto Fausto de Souza (1888-1889) sendo informado que o único catálogo datava de
1873, recomendou a elaboração de novo. Segundo foi levantado pelo bibliotecário,
259 SANTA CATARINA. Presidente. (1880-1882: João Rodrigues Chaves) Falla com que o exm.o sñr. doutor João
Rodrigues Chaves abriu a segunda sessão da vigésima segunda legislatura da Assembléa Provincial de Santa
Catharina em 2 de fevereiro de 1881. Cidade do Desterro, Typ. e Lith. de Alex. Margarida, 1881. p. 15
260 SANTA CATARINA. Presidente. (1884:Manoel Pinto de Lemos) Relatorio com que ao exm. sr. coronel Manoel
Pinto de Lemos, 1.o vice presidente, passou a administração da provincia de Santa Catharina, o dr. José Lustosa da
Cunha Paranaguá, em 22 de junho de 1885. Cidade do Desterro, Typ. do "Jornal do Commercio," 1885. p. 27-8.
261 SANTA CATARINA. Presidente. (1885-1888:Francisco José da Rocha) Relatorio apresentado a Assembléa
Legislativa da provincia de Santa Catharina na 1a sessão de sua 26a legislatura pelo presidente, dr. Francisco José da
Rocha, em 21 de julho de 1886. Desterro, Typ. do Conservador, 1886. p. 70-1.
262 SANTA CATARINA. Presidente. (1885-1888:Francisco José da Rocha) Relatorio apresentado á Assembléa
Legislativa Provincial de Santa Catharina na 2.a sessão de sua 26.a legislatura, pelo presidente, Francisco José da
Rocha, em 11 de outubro de 1887. Rio de Janeiro, Typ. União de A.M. Coelho da Rocha & C., 1888. p. 107-8.
121
verificou-se a existência de 2 252 obras em 3 110 volumes, dos quais 1 554
encadernados, 633 em brochura, e 923 em folhetos. Deles há muitos estragados, e que
seriam aproveitados se houvesse recursos para os fazer reencadernar.
Entre julho de 1887 a junho de 1888 a frequência de leitores foi de 3 384, o que dá uma
média mensal de 282, ou a diária de 11 em cada dia útil.
O presidente lembrou que, para aumentar essa frequência, conviria alterar o tempo
concedido para a leitura, designando-se algumas horas durante a noite, de que se
utilizariam aqueles que, por sua profissão, não o podem fazer durante o dia. Foi, porém,
informado de que já isso fora tentado, dando como único resultado o gasto feito com as
luzes. Entretanto, acredita que, aumentando o número de livros e as condições
favoráveis, talvez convenha tentar novamente aquela medida.
Acredita que com insignificante verba não é possível melhorar as condições do
estabelecimento, adquirindo obras novas e fazendo reencadernar as antigas que estão
estragadas. “A continuar esta parcimonia, a biblioteca ir desmerecendo cada vez mais,
tornando-se afinal de todo inútil”, registra.
Segundo seu entender seria da maior conveniência anexar a biblioteca ao Instituto
Literário, como medida tendente a auxiliar o progresso da instrução pública.
“Com efeito, os lentes do Instituto frequentemente hão de precisar consultar obras sobre
as matérias que lecionam, o que lhes será fácil estando a biblioteca anexa; assim
lambera os alunos que têm horas vagas entre as das suas lições, podem aproveitá-las
com muito lucro na biblioteca: por certo que nenhum bom estudante, aplicado e
caprichoso, deixará de fazê-lo para alargar o círculo dos seus conhecimentos”.
“Estou mesmo informado de que grande parte dos frequentadores deste estabelecimento
são moços estudantes, que ali vão aproveitar o tempo de que podem dispor. Sendo isto
assim, a biblioteca, desde que seja enriquecida com novas e boas obras, poderá prestar
importante serviço à causa da instrução estando anexa ao Instituto, o que não impede
que seja frequentada pelo público”263.
SÃO PAULO
1875
263 SANTA CATARINA. Presidente. (1888-1889:Augusto Fausto de Souza) Relatorio com que o exm. sr. coronel
dr. Augusto Fausto de Souza abrio a 1.a sessão da 27.a legislatura da Assembléa Provincial em 1.o de setembro de
1888. Santa Catharina, Typ. do Conservador [n.d.] p. 15-16.
122
O relatório de 1875 do presidente João Theodoro Xavier de Mattos menciona a criação
da Associação Auxiliadora da Indústria Popular na cidade de Lorena que mantêm uma
escola e uma biblioteca pública.
Na cidade de Cunha continua a funcionar a Sociedade Nova Arcádia destinada a
oferecer instrução primária e manter uma biblioteca particular264.
1885
O presidente José Luiz de Almeida Couto menciona algumas bibliotecas existentes na
província. A da Escola Normal com 423 obras em 413 volumes, alguns adquiridos pelo
governo e outros recebidos por doação. Registra a necessidade de reformar seu
regulamento para resolver a incompatibilidade do porteiro exercer cumulativamente a
função de bibliotecário.
A biblioteca do Liceu de Artes e Ofícios possui uma biblioteca com “grande número de
livros úteis, revistas e jornais interessantes”.
A da Faculdade de Direito conta com 4 468 obras em 15 847 volumes. Existe também
uma biblioteca no Colégio de S. Luiz, em Itú.
A falta de uma biblioteca pública nesta capital, onde possam encontrar meios para o
cultivo do espírito, os que querem e precisam se ilustrar, é realmente muito sensível.
Não dispondo, em geral, os que estudam, de recursos para terem à sua disposição e
alcance livros relativos aos diferentes ramos dos conhecimentos humanos, é uma
necessidade imprescindível abrir-lhes as portas, facilitando, quanto for possível, as
aspirações dos que se querem ilustrar, nos estudos a que se dirigem as variadas
vocações.
Temos, é verdade, uma biblioteca regularmente organizada na faculdade de Direito. Mas
é além da circunstancia de não serem ali encontradas obras destinadas aos diferentes
assuntos aos ramos complexos das ciências, porque as existentes se referem
especialmente aos estudos profissionais ali praticados ou a literatura; ainda há o
preconceito de evitarem a aproximação e ingresso das Faculdades, os estranhos à elas
em consequência da aglomeração quotidiana de maior ou menor número de alunos.
É, portanto indispensável que tomeis sob vossas vistas e providencieis urgentemente em
relação a assunto de tanta urgência colocando assim ao alcance de todas as inteligências,
vocações e circunstâncias – meios capazes de tornar uma realidade à instrução nesta
província265.
264 São Paulo. Presidente. (1872-1875: João Theodoro Xavier de Mattos) Relatório apresentado á Assembla
Legislativa Provincial de S. Paulo pelo exm. sr. dr., presidente da província, no dia 14 de fevereiro de 1875. S. Paulo,
Typ. do "Diário," 1875.
123
SERGIPE
1853
265 SÃO PAULO. Presidente. (1884-1885: José Luiz de Almeida Couto) Falla dirigida á Assembleia Legislativa
Provincial de S. Paulo na abertura da 2a sessão da 26a legislatura em 10 de janeiro de 1885 pelo presidente, dr. José
Luiz de Almeida Couto. São Paulo, Typ. da Gazeta Liberal, 1885. P. 119-20.
124
A Biblioteca Pública Provincial de Sergipe foi criada pela lei nº. 233, de 16 de junho de
1848, e inaugurada no dia 2 de julho de 1851, graças aos esforços do presidente
Amâncio João Pereira de Andrade (1849-1851). Achava-se colocada em um dos salões
do Convento de S. Francisco junto com a Secretaria e o Arquivo provincial. Contava
com um biliotecário, cargo previsto na lei de criação, um ajudante e um amanuense
servindo de porteiro.
O acervo em 1852 era de 837 volumes, tendo sido comprados 280, e o restante doados.
Recebia com regularidade várias produções periódicas de diferentes províncias, por
força do decreto nº. 433, de 3 de julho de 1848, que obrigava os impressores a remeter à
Biblioteca Pública Nacional e às bibliotecas das capitais das províncias um exemplar de
cada publicação.
Foi organizado um catálogo com os títulos distribuídos por classes, conforme o
prescrito no regulamento, ao qual foi dada a devida publicidade.
O bibliotecário solicitou uma consignação anual de 500$000 reis para a compra de
livros e assinatura de alguns “jornais europeus dos mais acreditados”.
Na inspeção que o presidente José Antônio de Oliveira Silva (1851-1853) fez à
biblioteca verificou que nela “reina a ordem, o aceio, e regularidade, devido isto sem
dúvida ao zelo inteligente do seu hábil Director”.
Em 1853, o acervo da biblioteca foi aumentado para 1 035 volumes, dos quais 187
comprados. Foram adquiridos alguns livros de direito como a importante coleção das
leis extravagantes organizada por Antônio Delgado da Silva. Constatou-se a falta de
uma Coleção da Legislação Geral do Império e de livros relativos às disciplinas
lecionadas no Liceu.
O bibliotecário solicitou a realização de melhoramentos como forrar-se o salão, “afim
de que alguns animais daninhos que ali afluem depois de fechado o estabelecimento,
não continuem a conspurcar e danificar os livros e móveis” e a aquisição de cadeiras
“que tenham a necessária solidez” para os leitores. Considerou também necessário
separar-se o arquivo e a secretaria provincial da biblioteca266.
1853
O relatório do presidente Luiz Antônio Ferreira Franco (1853) constou que a biblioteca
que começou com 415 volumes, estava com 1 043, sendo parte deles doados.
Considerou as doações como o meio menos adequado para aumentar o número dos
livros já que elas diminuem ao longo do tempo. Assim a Assembleia Provincial deveria
consignar “anualmente uma certa quantia para a compra de novas obras científicas e
literárias, assinaturas de revistas e periódicos propagadores de conhecimentos úteis”
266 SERGIPE. Presidente (Sergipe. Presidente (1851-1853: José Antonio de Oliveira Silva) Relatorio apresentado á
Assembléa Legislativa Provincial de Sergipe na abertura da 2.a sessão ordinaria no dia 10 de julho de 1853, pelo
exm. snr. presidente da provincia, dr. José Antonio de Oliveira Silva. Sergipe, Typ. Provincial, 1853. p. 11-2.
125
Caso contrário, “ver-se-há com pesar ficar estacionário e definhar entregue ao
desprezo, um estabelecimento tão importante e sobremodo proveitoso aos que de
dedicam à cultura da inteligência”, alertou o presidente.
O bibliotecário, por autorização conferida pela Presidência em julho de 1851, mandou
vir da Bahia várias obras compradas ao livreiro João Batista Martins267.
1854
Em 1854, a Biblioteca Pública já contava com 1 642 volumes, “notando-se entre eles as
produções de escritores célebres”. “Mas seguramente não é ainda isso bastante, e seria
pois conveniente que se lhe consignasse uma quantia anual, ainda que pequena, para a
compra de livros, e para a assinatura de algumas revistas literárias da Europa, de que
carece absolutamente, e sem o que pouca animação pode ter”, registra o presidente
Ignácio Joaquim Barboza (1853-1855)268.
1854
Com data de 30 de janeiro de 1854, o bibliotecário, pe. José Gonçalves Barroso,
apresenta uma “minuciosa exposição” da biblioteca cujas principais informações foram
incluídas no relatório do presidente269.
1862
O relatório de 1862 refere-se à extinção da Biblioteca Pública. Uma Portaria de 4 de
Janeiro desse ano determina a remoção dos livros e objetos da secretaria da Assembleia
Provincial para a Secretaria do Governo. Consta do documento:
“1º. - Os livros e mais objetos da extinta Biblioteca da Província passarão desde já a ser
recolhidos e acondicionados em uma das salas da Secretaria do Governo, sendo
recebidos em presença da certidão acima aludida, e por um dos funcionários nela
firmados, que o Secretario da Província designar.
2º. - Recolhidos os livros e objetos em questão à indicada Secretaria, serão aí zelados
pelo mesmo modo porque o são os móveis e mais objetos da mesma repartição. O
Secretario velará no exato cumprimento desta disposição.
267 SERGIPE. Presidente. (1853: Luiz Antonio Ferreira Franco) Relatório com que foi entregue a administração da
província de Sergipe no dia 22 de novembro de 1853 ao Illm. E Exm. Snr. Doutor Ignácio Joaquim Barboza pelo seu
antecessor o Exm. Doutor Luiz Antonio Ferreira Franco. [s.l] Typ. Provincial de Sergipe, 1854. p. 17.
268 SERGIPE. Presidente (1853-1855: Ignácio Joaquim Barboza) [sem título] 20 mar. 1854. p. 9-10.
269 [Apenso nº. 2: relatório do bibliotecário.] In: SERGIPE. Presidente (1853-1855: Ignácio Joaquim Barboza) [sem
título] 20 mar. 1854.
126
3º. - O mesmo Secretário poderá franquear a leitura dos livros da Biblioteca a quem lha
reclamar; mas nunca fora da repartição a seu cargo, devendo por tanto designar o lugar
em que tal leitura se possa verificar, de modo que se não transgrida o preceito do
Regulamento, que proíbe o ingresso de pessoa estranha no recinto da repartição.
4º. - Fica desde já suspensa, até definitiva deliberação da Assembleia Legislativa
Provincial, á cujo conhecimento será o presente ato oportunamente submetido, toda e
qualquer despesa que os cofres provinciais estejam fazendo com a guarda dos livros e
objetos da Biblioteca supracitada. Assim se cumpra, expedindo-se as convenientes
comunicações”270.
1865
O presidente Cincinnato Pinto da Silva (1864-1865) chama a atenção sobre a “livraria
pública” que encontrou em péssimo estado. Considera que a sua conservação “é para
certa porção dos habitantes desta Capital uma necessidade que convém satisfeita”.
“Fechadas as portas a semelhante estabelecimento, onde os que desejarem vão educar o
coração e ilustrar o espírito, o que lhes resta?”, indaga. “Por mais limitado que seja o
número dos indivíduos que o visitem entendo cumpre enriquece-lo todos os anos com
bons livros”, recomenda à Assembleia.
Para conhecer o estado da Livraria e apresentar a relação dos livros nela existentes, foi
nomeado em 4 de agosto uma comissão composta do Inspetor Geral das Aulas,
Guilherme Pereira Rebello, Cândido Augusto Pereira Franco e do Amanuense da
Secretaria do Governo Aristides Joaquim da Guia.
O Relatório da comissão, datado de 8 de setembro de 1864, apontou a situação de
desprezo em que tem estado os livros e que a “falta de asseio e de uso, os tem
constituído o pasto constante de miríades de vermes”. Registra ser necessário designar
“um zelador que os expurgue constantemente da poeira e da traça, devendo-se colocar
os leitores na ordem dos principais zeladores”. Caso contrário “daqui a três ou quatro
anos não haverá mais um livro que se possa ler”, constata.
É recomendada a proibição de empréstimos a não ser por tempo determinado, nunca
maior de trinta dias. São atribuídos aos empréstimos “os notáveis truncamentos que há
em algumas obras”.
Anexo ao relatório foi apresentado uma relação dos livros existentes271.
270 SERGIPE. Presidente.(Joaquim Jacinto de Mendonça: 1861-1863) Falla com que foi aberta a 1.a sessão da 14.a
legislatura da Assembléa Provincial de Sergipe pelo presidente, dr. Joaquim Jacinto de Mendonça, no dia 1.o de
março de 1862. [Sergipe] Typ. Provincial, 1860 [sic]
271 SERGIPE. Presidente. (1864-1865: Cincinnato Pinto da Silva )Falla com que foi aberta no dia 1o de março de
1865 a segunda sessão da decima quarta legislatura da Assembléa Legislativa desta provincia pelo presidente, doutor
Cincinnato Pinto da Silva. Sergipe, Typ. Provincial, 1865.
127
1866
Em 1866, o acervo era de 987 volumes divididos pelas seguintes classes:
Linguística
28
Ciências morais e teológicas
105
Filosofia
150
Jurisprudência
125
Ciências naturais, médicas, físicas
e psico matemáticas
57
Ciências econômicas
29
História
235
Belas artes e ciências políticas
29
Literatura
238
Tendo em vista o estado de abandono dos livros, o presidente dirige-se à Assembleia
alertando a necessidade de voltar a abrir a biblioteca ao público. Caso contrário, seria
mais conveniente colocar os volumes “em hasta pública antes que sejam completamente
inutilizados, poupando-se a província um prejuízo maior”. “Conservá-los como se
acham é um procedimento, que não assenta com os nossos hábitos; é procurar para a
nossa sociedade um reflexo desses tempos de barbaria, em que só os dotes físicos
formavam a grandeza do homem; em que se não venerava o livro como o marco
miliário erguido na estrada do progresso como o santuário dos conhecimentos
recolhidos pelos séculos”, avalia272.
1869
O relatório de 1867 registra que o os livros continuavam em processo de deterioro e
solicitava à Assembleia Provincial a decisão quanto a restauração da biblioteca ou a
venda dos livros em hasta pública273.
272 SERGIPE. Presidente. (1865-1866) Falla com que foi aberta, no dia 20 de janeiro de 1866, a primeira sessão da
decima quinta legislatura da Assembléa Legislativa d'esta provincia, pelo terceiro vice-presidente, commendador dr.
Angelo Francisco Ramos. Sergipe, Typ. Provincial, 1866. p. 17-8.
273 SERGIPE. Presidente. (1866-1867: José Pereira de Moraes) Relatorio com que foi aberta no dia 21 de janeiro de
1867 a segunda sessão da decima sexta legislatura da Assembléa Provincial da provincia de Sergipe pelo exm. snr.
presidente, dr. José Pereira da Silva Moraes. Aracajú, Typ. do Jornal de Sergipe, 1867. p. 23
128
1869
Em 1869, os livros continuavam em “completo esquecimento”. “ O estrago do tempo,
que se não tem procurado remediar, e o abandono feito aos vermes destruidores, vão dia
a dia reduzindo e em breve, caso não se tome alguma providência, se extinguirá o
precioso legado que robustas inteligências deste e de passados séculos deixarão à
posteridade”, registra o presidente. E lamenta: “daqui a alguns anos terão desaparecido
de todo mais de um milhar de livros que constituíram a Biblioteca Pública desta
Província”.
Tendo em vista as propostas anteriores da venda em hasta pública dos livros ou então
votação de um crédito para a restauração da biblioteca, o presidente, Evaristo Ferreira
da Veiga (nov. 1868-jun. 1869), propõe à Assembleia a segunda alternativa. “Eu
desejaria bem que a Província tão falta de instrução superior, pudesse oferecer aos
habitantes da Capital, ao menos um estabelecimento regular onde a mocidade estudiosa
fosse encontrar as inestimáveis riquezas da inteligência, estudar a historia dos povos e
dos heróis e aprender as verdades que lhe são desconhecidas”, argumenta. “A despesa
de conservação não será grande; e com qualquer auxílio que voteis poderá a Biblioteca
Pública da Província prestar importantíssimos serviços”, argumenta.
A biblioteca funcionaria em um dos salões do edifício de um planejado curso de
instrução superior na Capital sob a direção do Inspetor Geral das Aulas. “O amor das
letras entre nós não está morto: espera apenas que o tirem do estado de torpor a que se
acha condenado pelo indiferentismo” sustenta o presidente na esperança de que a
Assembleia dê ao “assunto a importância que merece”.
Na ocasião foi publicado um folheto intitulado Ideia Grandiosa de autoria de Etelvino
José de Barros com o objetivo de “salvar da completa ruína os restos da extinta
Biblioteca Pública de Sergipe”274.
1872
O relatório de 1872 registra a criação do Gabinete Literário Sergipano, cujos estatutos
foram aprovados por alto de 11 de Novembro. Trata-se de “um meio seguro de ilustrar
o espírito e desenvolver a inteligência, máxime em Sergipe onde não se encontra outro
estabelecimento desse gênero”275.
274 SERGIPE. Presidente. (1868-1869: Evaristo Ferreira da Veiga) Relatorio apresentado á Assembléa Legislativa
Provincial de Sergipe no dia 1.o de março de 1869 pelo exm. snr. presidente, dr. Evaristo Ferreira da Veiga. Aracajú,
Typ. do Jornal de Sergipe, 1869. p. 29.
275 SERGIPE. Presidente. (1871-1872: José da Trindade Prado) Relatório com que o Exmo. Snr. Barão de Própria,
1º. Vice-presidente da província de Sergipe passou a administração ao Exmo. Snr. Dr. Luiz Álvares de Azevedo
Macedo presidente da mesma província no dia 17 de fevereiro de 1872. [Aracaju] Typ. do Jornal do Aracaju [s.d.] p.
5.
129
1874
O Gabinete de Leitura do Ateneu é referido no relatório de 1874. Continha 663
volumes, alguns provenientes da antiga biblioteca provincial. O diretor da Instrução
Pública alerta para a necessidade de aquisição de livros novos como forma de atrair
leitores para o estabelecimento. “Atualmente sempre deserto, ao lado do pouco amor à
leitura, enfermidade endêmica na sociedade sergipana, a pobreza de livros na biblioteca
pública justifica o isolamento em que ele se acha, isolamento apenas suspenso pela
chegada dos leitores de notícias jornalísticas à vinda dos vapores do sul”, avalia o
diretor”276.
1875
“Continua a Biblioteca Pública sem que a seu respeito se possa assinalar um
melhoramento de qualquer espécie”, consta no relatório de 1875. “Abandonada em um
dos ínfimos aposentos do palácio do Governo, erma de leitores e apenas sentindo
quebrar-se-lhe o silêncio sepulcral de sua saleta de leitura a palestra de algum ocioso
que entende ir praticar com o porteiro, era justo, a não querer-se fazer-se o sacrifício de
restabelece-la cm condições de utilizar ao público, fechá-la ate melhores tempos”,
continua.
A exígua quantia autorizada para compra de obras não é suficiente. “Retirá-la da
humilissima e recôndita habitação que lhe destinaram, e garantir-lhe por uma verha
orçamentaria anual a aquisição de novas obras—tal é o meio de restabelecer
proveitosamente a Biblioteca Pública”, reclama o diretor da Instrução Pública277.
1876
Em 1876, foi proposta a transferência dos livros da biblioteca pública do palacete da
Assembleia provincial para a secretaria da instrução púbica. “Enquanto a província não
estiver nas condições de possuir uma biblioteca pública enriquecida de livros de
ciências, história, viagens, literatura, artes, ofícios e jornais” sob a responsabilidade de
um porteiro “incapaz de exercer as funções de bibliotecário” [...] é melhor que “seja
guardada na secretaria da instrução, sob a imediata inspecção do director geral, que com
276 Relatório do director da instrução pública. In: SERGIPE. Presidente. (1874-1875: Antonio dos Passos Miranda)
Relatorio com que o exm. snr. dr. Antonio dos Passos Miranda abrio a Assembléa Legislativa Provincial de Sergipe
no dia 2 de março de 1874. [Aracajú] Typ. do Jornal do Aracajú [n.d.] p. 53-55.
277 [Relatório da diretoria geral de instrução] In: SERGIPE. Presidente. (1874-1875: Antonio dos Passos Miranda)
Relatorio com que o exm. snr. dr. Antonio dos Passos Miranda abriu a Assembléa Legislativa Provincial de Sergipe
no dia 1.o de março de 1875. [Aracajú] Typ. do Jornal do Aracajú, 1875.
130
os empregados da repartição a zelará melhore e irá pouco a pouco promovendo seu
melhoramento até que aumentada, colocada, e servida convenientemente, possa prestarse ao público”, argumenta o diretor geral de instrução278.
1877
O Gabinete Literário “utilíssimo estabelecimento de instrução, fundado e custeado a
expensas de particulares continua a prestar relevantes serviços”, informa o relatório de
1877. Suas estantes “se vão dia a dia enriquecendo com a aquisição de bons livros e dos
jornais mais importantes do império”. Foi consignado um voto de louvor e de animação:
“prossigam os seus sócios, os beneméritos das letras, no caminho que tem trilhado;
quanto mais avançarem menos escabroso, mais franco o hão de achar. Na extremidade
está o futuro, esse sonho dos velhos, esse jardim florido da mocidade”279.
1878
Em 1878, a biblioteca pública que se achava em um dos compartimentos térreos do
palacete da Assembleia Provincial, a cargo do respectivo porteiro, foi transferida para a
secretaria da Diretoria Geral da Instrução Pública, onde ficou sob a guarda do respectivo
chefe280.
278 [Relatório da diretoria geral da instrução pública] In: SERGIPE. Presidente (João Ferreira de Araújo Pinho)
Relatorio com que o exm. smr. [sic] presidente, dr. João Ferreira d'Araujo Pinho, abriu a Assembléa Legislativa
Provincial de Sergipe no dia 1.o de março de 1876. [Aracajú] Typ. do Jornal do Aracajú [n.d.] p. 66.
279 SERGIPE. Presidente.(1877: João Martins Fortes) Relatorio com que o exm. snr. dr. José Martins Fontes, 1.o
vice-presidente da provincia, abriu a 2.a sessão da 21.a legislatura da Assembléa Legislativa Provincial, no dia 6 de
março de 1877. Sebgipe [sic] Typ. do Jornal do Aracajú, 1877. p. 69.
280 Relatório [Diretor geral da instrução pública]In: SERGIPE. Presidente.(1877: João Martins Fortes) Relatorio
com que o exm. snr. dr. José Martins Fontes, 1.o vice-presidente, abriu a 1.a sessão da 22.a legislatura da Assembléa
Provincial de Sergipe no dia 1.o de março de 1878. [Aracajú] Typ. do Jornal do Aracajú [n.d.] p. 47.
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1 ANEXO A- Bibliotecas provinciais. ALAGOAS 1860 Existe