Projeto
Análise do Mapeamento e das Políticas para
Arranjos Produtivos Locais
no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil
Relatório de Pesquisa 02
Análise do Balanço de Pagamentos do Estado
do Rio Grande do Sul e a Importância dos APLs
no Fluxo de Comércio
Rio Grande do Sul
UFSC
Departamento de
Economia
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Projeto
Análise do Mapeamento e das Políticas para Arranjos Produtivos Locais
no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil
Relatório de Pesquisa 02
ANÁLISE DO BALANÇO DE PAGAMENTOS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL E
A IMPORTÂNCIA DOS APLS NO FLUXO DE COMÉRCIO
Rio Grande do Sul
Equipe Estadual
Coordenação:
Ana Lúcia Tatsch
Pesquisadores:
Janaina Ruffoni
Mestranda:
Vanessa de Souza Batisti
Marcelo Gostinski
Marilise Dorneles Spat
Graduandas:
Cláudia Borba Matos
Equipe de Coordenação do Projeto / RedeSist
Coordenador: Renato Ramos Campos
Marco Vargas
Fabio Stallivieri
Pablo Bittencourt
Sumário
1.
Introdução ................................................................................................................................. 1
1.1 Características da Estrutura Produtiva do Rio Grande do Sul e seus APLs.......... 2
2. O Balanço de Pagamentos: Os Principais Fluxos de Compra e Venda .................................... 9
2.1. Balança Comercial Interestadual e de Comércio Exterior ............................. 9
2.2. Balança Comercial Segundo a Intensidade dos Fatores e a Natureza da Atividade
Econômica.................................................................................................. 15
3. Os APLs e o Balanço de Pagamentos ......................................................................................... 30
3.1 APL de Couro e Calçados ............................................................................. 31
3.2 APLs de Móveis – Serra, Hortênsias e Central ............................................. 33
3.3 APL de Gemas e Jóias ................................................................................... 35
3.4. APL têxtil e de Confecções da Região das Hortênsias ................................. 38
3.5 APL de Vitivinicultura da Serra .................................................................... 40
3.6 APL de Doces e Conservas............................................................................ 45
3.7 APLs de Máquinas e Implementos Agrícolas – Pré-colheita, Colheita e Póscolheita........................................................................................................................47
Referências........................................................................................................................................ 53
Apêndice A – Dados Tabulados Sobre o APL de Couro e Calçados ................................................ 56
Apêndice B – Dados Tabulados Sobre os APLs de Móveis .............................................................. 61
Apêndice C – Dados Tabulados Sobre os APLs de Máquinas e Implementos Agrícolas ................. 66
A BALANÇA COMERCIAL INTERESTADUAL E DE COMÉRCIO EXTERNO
DO RIO GRANDE DO SUL
Ana Lúcia Tatsch1
Janaina Ruffoni2
Vanessa de Souza Batisti3
Marcelo Gostinski4
Marilise Dorneles Spat5
Cláudia Borba Matos6
1. Introdução
O presente Relatório é produto da segunda etapa da pesquisa Análise do mapeamento e das
políticas para arranjos produtivos locais no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil.
O Relatório apresenta os resultados do estudo que pretendeu descrever e analisar a balança de
pagamentos do estado do Rio Grande do Sul (RS) – no que tange às transações comerciais com os
demais estados do país e com o exterior-, bem como sua relação com os Arranjos Produtivos Locais
identificados e apoiados por políticas no estado.
O objetivo principal foi o de analisar tais transações comerciais, de modo a melhor caracterizar
a estrutura produtiva estadual, identificando a existência de gargalos produtivos e, a partir disso,
fazer, na continuidade deste projeto de pesquisa, proposições de políticas com vistas a fortalecer as
atividades produtivas relacionadas aos APLs. Entende-se que as conclusões dessa etapa,
sistematizadas neste segundo Relatório, poderão orientar as políticas públicas que podem abranger
diversas áreas: industrial, de planejamento, tributária e fiscal, bem como de desenvolvimento
regional e de promoção de APLs.
São dois os focos do estudo, a Balança Comercial Interestadual e a Balança de Comércio
Externo do Rio Grande do Sul. Isto é, no caso da Balança Interestadual, a análise se refere às trocas
internas ao estado e às trocas com outros estados da federação, de maneira a obter os valores dos
fluxos de saída e de entrada de bens e serviços – o chamado comércio por vias internas. Já no que se
refere à Balança Comercial gaúcha, aprecia-se as exportações e as importações com o resto do
mundo.
Os dados sobre os quais são feitas as análises advêm, especialmente, de duas fontes: do
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e da Secretaria da Fazenda
do Rio Grande do Sul (SEFAZ RS). No primeiro caso, buscou-se as estatísticas de comércio
externo junto ao site do Ministério e através do Sistema ALICEWeb. Já no que diz respeito aos
dados da SEFAZ RS, foi feito um pleito junto à Receita Estadual para se ter acesso à base de dados
necessária ao exame do comércio por vias internas. Infelizmente as informações não foram
disponibilizadas; logo, utilizou-se os dados já publicados pela Secretaria em seus relatórios
técnicos.
Conforme descrito na Nota Técnica II – Procedimentos metodológicos para a elaboração do
balanço de pagamentos e análise da relação entre estes resultados e os APLs identificados e
1 Coordenadora Estadual da Pesquisa. Doutora em Economia pelo Instituto de Economia da UFRJ. Professora do Programa de
Mestrado em Economia da UNISINOS e pesquisadora associada à RedeSist – IE / UFRJ.
2 Pesquisadora. Mestre em Administração – Ênfase em Ciência e Tecnologia da UFRGS. Doutoranda em Economia no
Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT) da UNICAMP. Professora da área de Ciências Econômicas da
UNISINOS.
3 Assistente de Pesquisa. Mestrando do Programa de Mestrado em Economia da UNISINOS.
4 Assistente de Pesquisa. Mestrando do Programa de Mestrado em Economia da UNISINOS.
5 Assistente de Pesquisa. Mestranda do Programa de Mestrado em Economia da UNISINOS.
6 Estagiária. Graduanda do Curso de Gestão para Inovação e Liderança da UNISINOS.
1
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apoiados nos estados -, que orienta a presente fase do projeto, por se tratar de uma análise Cross
Section o ano de 2006 deveria ser o referencial para as análises. A escolha desse ano decorreu do
fato de que a partir de 2007 foi implementada a lei do Super Simples Nacional7, a partir da qual as
empresas passaram a estar desobrigadas a responder o formulário fiscal para a SEFAZ. No caso
deste Relatório, devido à impossibilidade de obtenção da base junto a SEFAZ RS, contou-se com os
dados já publicados cujo ano de referência mais recente é 2002. Assim, as análises do comércio por
vias internas foram feitas para um período distinto daquele realizado para o comércio externo (que
foi 2006). Além desses anos, outros períodos foram também examinados para que se pudesse
realizar comparações e qualificar a análise.
O Relatório é composto por três capítulos. O primeiro abrange esta Introdução, na qual estão
também descritas as características da estrutura produtiva do Rio Grande do Sul e a relação desta
com os APLs identificados e apoiados. No segundo capítulo – O balanço de pagamentos: os
principais fluxos de compra e venda – examina-se a natureza dos fluxos de trocas de bens e
serviços entre o estado do Rio Grande do Sul e as demais regiões do país, bem com os dados de
comércio exterior, isto é, as importações e as exportações do RS com o resto do mundo. Por fim, no
terceiro e último capítulo – Os APLS e o balanço de pagamentos – analisam-se esses mesmos
indicadores para os principais municípios dos APLs identificados e apoiados por políticas que
foram selecionados a partir da listagem apresentada no Relatório I.
1.1 Características da Estrutura Produtiva do Rio Grande do Sul e seus APLs
O Rio Grande do Sul é considerado um dos estados da Federação com elevado grau de
industrialização em relação a outras regiões país, principalmente norte e nordeste. Conforme
análises históricas referentes à estrutura produtiva do estado isso se deve, entre outros fatores, à
característica do seu território – propício à atividade agrícola e, conseqüentemente, ao
desenvolvimento do agronegócio – e à imigração alemã e italiana que trouxeram consigo
conhecimentos necessários para a realização de atividades manufatureiras que impulsionaram o
desenvolvimento industrial da região.
O Produto Interno Bruto do RS, segundo estimativa da Fundação de Economia e Estatística
(FEE) do estado, em 2008 foi de R$ 193,5 bilhões – o que representa em torno de 7% do PIB
nacional - e o PIB per capita de R$ 17.281, superior ao nacional que foi de R$ 13.720 em 2007. A
taxa de crescimento do PIB em relação ao ano anterior foi de 3,8%, um pouco abaixo da taxa de
crescimento do PIB nacional que foi de 4,7%.
Para uma melhor compreensão da estrutura produtiva do RS, pode-se verificar a seguir a
distribuição do Valor Adicionado Bruto (VAB) entre setores para o ano de 20058.
7
Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno
Porte, instituído pela Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006.
8
As informações mais recentes publicadas pela Fundação de Economia e Estatística (FEE) são de 2005.
2
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Tabela 1 – Estrutura do Valor Adicionado Bruto (VAB) por Setores de Atividade para o RS
(2005)
Atividades
Percentual (%)
Agropecuária
7,08
Agricultura, silvicultura e exploração florestal
4,07
Pecuária e pesca
3,00
Indústria
30,25
Indústria extrativa mineral
0,28
Indústria de transformação
22,94
Construção Civil
4,56
Produção e distribuição de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana
2,47
Serviços
62,67
Comércio e serviços de manutenção e reparação
13,45
Serviços de alojamento e alimentação
1,44
Transportes, armazenagem e correio
5,75
Serviços de informação
2,91
Intermediação financeira, seguros e previdência complementar
6,39
Serviços prestados às famílias e associativos
2,55
Serviços prestados às empresas
3,63
Atividades imobiliárias e aluguel
8,79
Administração, saúde e educação públicas
13,28
Saúde e educação mercantis
3,44
Serviços domésticos
1,06
Total
100,00
Fonte: FEE/ Centro de Informações Estatísticas / Núcleo de Contabilidade Social.
Conforme a Tabela 1, observa-se que a atividade de serviços é a de maior participação no VAB
do estado, seguida pela atividade industrial e agropecuária. Tal distribuição reflete a estrutura
também presente em diversas outras economias, inclusive a nacional. O que é relevante de ser
observado é o destaque que recebe a indústria, com uma participação de 30,25% no VAB e, mais
especificamente, a indústria de transformação que participa com 22,94%.
Com vistas a verificar também a dinâmica do crescimento das atividades da agropecuária e da
indústria de transformação, a Tabela 2 apresenta as taxas de crescimento destes setores para 2007 e
2008.
3
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Tabela 2 – Taxas de Crescimento por Atividades Produtivas Selecionadas para o RS (20072008)
Atividades
Taxa de
Crescimento
2007
Taxa de
Crescimento
2008
Agropecuária
Lavoura
15,0
-8,2
1,7
2,5
Alimentos
4,5
8,5
Bebidas
5,4
-8,8
Borracha e plástico
5,0
4,2
Calçados e artigos de couro
-7,2
-7,6
Celulose, papel e produtos de papel
-0,3
4,9
1,8
-1,7
Fumo
-6,2
-9,5
Máquinas e equipamentos
31,7
23,9
6,2
9,3
-4,6
7,6
Produtos químicos
0,6
-1,6
Produtos de metal – exclusive máquinas e equipamentos
1,2
6,1
Refino de petróleo e álcool
30,1
-5,9
Veículos automotores
26,8
20,9
Produção animal
Indústria de Transformação
Edição, impressão e reprodução de gravações
Metalurgia básica
Mobiliário
Fonte: Estimativas da FEE/ Centro de Informações Estatísticas/ Núcleo de Contabilidade Social.
Constata-se queda abrupta na atividade agropecuária no estado quando se comparam as taxas de
crescimento dos dois anos. No caso da indústria de transformação, também podem ser observadas
atividades que sofreram decréscimo no último ano, com destaque para a fabricação de bebidas, de
calçados e artigos de couro, de fumo e refino de petróleo e álcool. Por outro lado, as atividades que
se destacaram por apresentar crescimento positivo nos últimos dois anos foram a fabricação de
alimentos, de borracha e plástico, de máquinas e equipamentos, de metalurgia básica, de produtos
de metal e de veículos automotores
Os produtos produzidos no estado mais exportados em 2008 foram: soja – grão, farelo e óleo –
carnes de aves, carne suína, carne bovina, fumo, calçados, tratores e demais máquinas e aparelhos
agrícolas, produtos petroquímicos, cereais, couros, combustíveis e móveis. Os preços das
commodities agrícolas contribuíram consideravelmente para esse resultado, com destaque para os
produtos da soja, carne e cereais (GARCIA, 2009). Segundo Garcia (2009), ocorreu uma mudança
na composição da pauta de exportações do RS: aumento dos produtos intensivos em recursos
naturais e redução dos produtos intensivos em trabalho.
A estrutura produtiva descrita não está presente uniformemente em todo o território do RS. Da
mesma forma que ocorre em nível nacional, há regiões no estado que concentram parte significativa
do emprego e da renda. A distribuição geográfica das atividades produtivas será aqui descrita por
ser um importante elemento em estudos a respeito de Arranjos Produtivos Locais, como é o caso da
pesquisa em questão.
A característica do desenvolvimento sócio-econômico e das atividades produtivas presentes no
RS resulta na compreensão de que o estado apresenta três regiões com situações distintas: norte, sul
e nordeste. Na região Sul predominaram historicamente as atividades da pecuária e da lavoura de
arroz e atualmente esta tem pouca participação no emprego e na renda do estado, sendo considerada
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uma região economicamente estagnada. A região Norte caracteriza-se pela predominância da
atividade agropecuária e há focos de industrialização, como a cadeia produtiva do fumo, da
avicultura, da suinocultura e a fabricação de máquinas e implementos agrícolas. Por fim, a região
Nordeste do estado destaca-se pela presença de várias atividades industriais manufatureiras, como a
coureiro-calçadista, a moveleira, a metal-mecânica e vários são os APLs identificados e apoiados
por políticas nesta região, conforme analisado no Relatório I da pesquisa em questão.
A distribuição da atividade produtiva no território gaúcho é apresentada pelas divisões
administrativas denominadas de Conselhos Regionais de Desenvolvimento Econômico e Social
(COREDES). Ao todo o estado está divido em 28 COREDES. A Figura 1 a seguir apresenta a
localização destas divisões administrativas do RS.
Figura 1 - Localização dos COREDES do Rio Grande do Sul
Fonte: CARGNIN (2002).
Analisando alguns indicadores econômicos divulgados pela Fundação de Economia e Estatística
(FEE), constata-se que três COREDES - Vale do Rio dos Sinos, Metropolitana Delta do Jacuí e
Serra – concentram em torno de 50% do PIB estadual e 40% da população. Há, portanto, bastante
disparidade sócio-econômica entre as regiões do RS, considerando que os três COREDES citados
representam 15% do território gaúcho (Rio Grande do Sul / SCP, 2006). Conforme pode ser visto
na Figura 1, estes três COREDES estão localizados em uma região mais a nordeste do estado.
Interessante observar que na primeira fase da política de apoio a APLs no estado, que ocorreu
de 1999 a 2002, conforme apresentado no Relatório I desta pesquisa, alguns dos APLs escolhidos
para receber apoio estavam localizados nestes três COREDES, como segue: autopeças da região da
Serra; coureiro-calçadista das regiões do Vale dos Sinos e Paranhana e moveleira da região da
Serra. Essas são tradicionais atividades produtivas geograficamente concentradas. Nesta região há
concentração de diferentes setores produtivos, como têxtil e vestuário, moveleiro, metal-mecânico,
vitivinícola, coureiro-calçadista, entre outros.
O Quadro 1 a seguir apresenta um resumo das principais atividades produtivas realizadas em 24
COREDES e a localização dos APLs identificados e apoiados por políticas no RS. A intenção é
compreender as características produtivas das regiões por meio de suas especialidades e a
distribuição destas atividades no território gaúcho.
5
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Quadro 1 – Atividades Produtivas e APLs9 dos COREDEs10
COREDES
Alto da Serra do
Botucaraí
Principais Atividades Econômicas/Produtos
Menor PIB do estado, sendo que o setor de comércio e
serviços é o dominante (50%). A agropecuária é o
segundo setor em participação no PIB (40%), sendo a
soja o principal produto, seguido de fumo, trigo e
milho.
APLs Identificados e Apoiados
Gemas e Jóias (Beneficiamento e
Artefatos de Pedra)
Alto Jacuí
Comércio e serviços apresentam a maior participação
no PIB local que é de 47%, seguido pela agropecuária.
Produtos importantes são soja, milho e cevada. Na
indústria destacam-se os segmentos de máquinas e
tratores, óleos comestíveis e calçados e couros.
Gemas e Jóias
Beneficiamento)
Campanha
Estrutura produtiva centrada em comércio e serviços
(48% do PIB). O segundo setor em participação no PIB
(28%) é a agropecuária, sendo o produto dominante o
arroz (mais de 80% da produção) e soja, milho, trigo e
sorgo.
Carnes / Bovinocultura de Corte
Central
O setor de comércio e serviços é o principal da região
(59%) do PIB local. A agropecuária participa com 28%
do PIB local, sendo os principais produtos a soja e o
arroz. Com grande crescimento da produção são os
produtos ervilha, erva-mate e cevada, mas ainda
representam muito pouco da produção local.
Moveleiro
Centro-Sul
O setor industrial participa com 27,7% do PIB local,
destacando-se as atividades de siderurgia, produtos de
origem vegetal, farinhas e rações, carvão, material de
transporte e calçados e couros. Os produtos dominantes
da agropecuária – que participa com 25% no PIB - são
arroz e fumo.
---
Fronteira Noroeste
Estrutura produtiva baseada principalmente na indústria
que participa com 35% e a agropecuária participa com
26%. A produção de máquinas e equipamentos é uma
das mais importantes da região, com destaque também
para produtos de origem animal e vegetal, óleos
combustíveis, laticínios e ramos alimentícios.
Máquinas e Implementos Agrícolas
/ Colheita
Fronteira Oeste
O PIB local é composto principalmente (48%) pelas
atividades de comércio e serviços. A região também
tem inclinação para a agropecuária (38% do PIB local),
sendo que os principais produtos são: arroz, soja, trigo e
mandioca. Como produtos dinâmicos, com altas taxas
de crescimento, destacam-se as frutas.
Gemas e Jóias (Extração
Beneficiamento)
Vitivinicultura
Ovinocultura de Corte
Hortênsias
O setor de comércio e serviços participa com 54,1% do
PIB, seguido pela indústria (26%) e agropecuária
(20%). Na indústria destacam-se os setores madeira,
papel e celulose, calçados, couros e peles, móveis,
Moveleiro
Têxtil e Confecções
(Extração
e
e
9
A identificação dos APLs por COREDES foi feita considerando-se a localização do município-chave do APL, conforme
apresentado no Quadro 1 do Relatório I desta pesquisa. Isso significa que os APLs identificados estão localizados pelo menos nos
COREDES mencionados, podendo ocorrer dos APLs se estenderem para outros COREDES, já que os municípios em que as
atividades produtivas dos APLs estão presentes não se restringem necessariamente à divisão administrativa dos Conselhos Regionais.
10
São apresentadas informações referentes a 24 COREDES, pois o estudo utilizado como referência – Rio Grande do Sul / SCP,
2006 – baseou-se na antiga divisão de regiões administrativas do RS.
6
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metalúrgicos e laticínios. A atividade no setor primário
centra-se na produção de maçã.
Jacuí-Centro
Estrutura produtiva dominada pelo comércio e serviços
(48,2%). Ganha relevância o setor agropecuário pelo
seu nível de crescimento; esse setor representa 36% do
PIB local. O principal produto é o arroz (60%) da
produção local, seguido por banana, mandioca, milho e
tomate.
Piscicultura
Florestamento
Litoral
Estrutura produtiva centrada em comércio e serviços
(75% do PIB local), com destaque para o turismo. A
agropecuária é o segundo setor em termos de
importância para a região (18%) com destaque para
produtos como arroz e banana.
---
Médio-Alto
Uruguai
Grande parte do PIB local provém da agropecuária
(48%). A indústria é pouco relevante, representando 5%
da atividade produtiva local. A atividade agrícola está
centrada em soja, milho e mandioca.
Gemas e Jóias
Beneficiamento)
Metropolitana
Delta do Jacuí
O setor de serviços é o que apresenta maior participação
na região. A atividade agropecuária é pouco importante,
destacando-se a rizicultura. Na indústria, os setores
dominantes são: petroquímica, bebidas, material de
transporte e máquinas, equipamentos e tratores.
Cachaça e Derivados da Cana
Automação e Controle EletroEletrônico
Missões
Agropecuária representa 36% do PIB regional. Os
produtos dominantes são: soja, trigo, milho e mandioca,
com produtividade média inferior ao resto do estado.
Produtos dinâmicos com alta taxa de crescimento da
produção são: erva-mate, linho, amendoim e frutas.
Turismo
Nordeste
O setor agropecuário é o dominante (52% do PIB
local), sendo o principal produto a soja, seguida por
milho e trigo. A indústria, que representa 10% do PIB,
está focada em móveis, farinha e rações, alimentos,
têxtil e confecções, madeira, papel e celulose, produtos
de origem animal e laticínios.
---
Noroeste Colonial
A distribuição das atividades produtivas é a seguinte:
comércio e serviços participam com 48%, agropecuária
com 27% e indústria com 24%. A produção agrícola
está centrada na soja.
Máquinas e Implementos Agrícolas
/ Pós-Colheita
Piscicultura
Norte
Destacam-se os produtos milho, feijão, cevada e ervamate. Esses segmentos colaboram com mais de 10% na
produção do estado.
---
Paranhana –
Encosta da Serra
Principal setor é o industrial, com participação de 57%
no PIB regional, com destaque principalmente para
calçados, seguidos de produtos de origem animal,
madeira, papel e celulose, metalúrgicos, laticínios e
têxteis. Comércio e serviços participam com 38% do
produto regional.
---
(Extração
e
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Produção
Comércio e serviços participam com 44,5% do produto
local. A agropecuária participa com 28%, com
predominância da soja, milho, trigo, mandioca, aves e
suínos. Observaram-se altas taxas de crescimento na
produção de frutas. Na indústria dominam os segmentos
de produtos de origem animal, material de transporte,
metalúrgico, móveis, máquinas e tratores, bebidas,
têxtil, calçados, material elétrico e eletrônico.
Máquinas e Implementos Agrícolas
/ Pré-Colheita
Leite e Derivados
Serra
Principal setor é a indústria, com participação de 55%
no PIB local e 15,4% no PIB estadual. Os segmentos
que se destacam são: material de transporte,
metalúrgico, móveis, máquinas, equipamentos e tratores
e bebidas. A agropecuária responde por 12,7%, com
destaque para a uva e o milho.
Metal-Mecânico / Autopeças
Moveleiro
Têxtil e Confecções
Gemas e Jóias - Jóias, Folheados e
Bijuterias
Vitivinicultura
Fruticultura
Turismo
Sul
O setor de comércio e serviços é o principal da região
(49%) que deve receber influência dos pólos de Pelotas
e Rio Grande. O setor industrial participa com 35,3%
do PIB local e destacam-se o petroquímico, produtos de
origem vegetal, óleos comestíveis e fertilizantes. No
setor agrícola o destaque é a produção de arroz.
Doces e Conservas
Fruticultura
Pólo Naval
Vale do Caí
A indústria é o principal setor, com participação de
53% no PIB local, seguida da agropecuária e do setor
de serviços. Na indústria destacam-se os produtos de
origem animal, calçados, couros e peles. A produção
agrícola de cítricos é o destaque no setor primário,
sendo também importantes os produtos erva-mate e
outras frutas.
Flores e Plantas Ornamentais
Vale do Rio do
Pardo
Principal atividade é a industrial (47,4%), seguida pela
de serviços e agropecuária. O produto fumo
manufaturado tem grande importância na região.
---
Vale do Rio dos
Sinos
Predominância do setor industrial, que participa com
63% do PIB regional, sendo os produtos dominantes
petroquímico e calçados e couros. Também há vários
outros segmentos – máquinas e equipamentos, químico,
transporte, siderúrgico e metalúrgico, conferindo à
região diversidade produtiva.
Coureiro-Calçadista
Vale do Taquari
A indústria participa com 50% do PIB, sendo seguida
por serviços e agropecuária. Na indústria destacam-se
os setores de calçados, couros e peles, produtos de
origem animal e químicos. A produção agrícola é
diversificada, com milhos, fumo, mandioca e soja.
---
Fonte: Elaborado pelos autores com base no documento RIO GRANDE DO SUL / SCP (2006) e nas informações apresentadas no
Relatório I desta pesquisa.
A partir da descrição das atividades produtivas do estado e da representação geográfica da
localização das mesmas é possível conhecer as principais características produtivas do RS. Além
disso, a apresentação da localização dos APLs identificados e apoiados por políticas juntamente
com a descrição das atividades produtivas por regiões proporciona uma visão interessante das
especialidades produtivas presentes no território gaúcho.
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2. O Balanço de Pagamentos: Os Principais Fluxos de Compra e Venda
Neste segundo capítulo, busca-se primeiramente avaliar a dimensão e a natureza dos fluxos de
trocas de bens e serviços entre o estado do Rio Grande do Sul e as demais regiões do país. Para
tanto, analisa-se a pauta de saídas e de entradas do comércio por vias internas a partir dos dados da
SEFAZ, o que permite examinar as relações comerciais entre o RS e os demais estados brasileiros,
inferindo, a partir daí, o grau de (in)dependência econômica da economia gaúcha. Pode-se ainda
observar os produtos que são comprados e vendidos e a natureza das atividades comercializadas.
Tudo isso permitirá adiante, em estágio posterior desta pesquisa, melhor sugerir políticas de
promoção de investimentos no estado e nos APLs em particular.
Além disso, os dados de comércio exterior, isto é, os fluxos de importação e exportação do Rio
Grande do Sul são também alvo de análise. Neste caso, os dados foram obtidos a partir do Sistema
ALICE do MDIC. O ano referência, neste caso, é 2006; embora outros períodos sejam também
comentados para qualificar a análise.
Vale ressaltar novamente que, dada a não disponibilização da base de dados do comércio
interestadual para o ano de 2006 pela SEFAZ RS, as informações atinentes ao comércio por vias
internas foram buscados em relatórios já publicados por essa Secretaria, cujo período mais recente é
o ano de 2002.
Nas seções adiante seguem as análises.
2.1. Balança Comercial Interestadual e de Comércio Exterior
Nesta seção examina-se a Balança Comercial Interestadual, ou seja, as trocas internas ao estado
e as trocas com outros estados da federação, de maneira a obter os valores dos fluxos de saída e de
entrada de bens e serviços – o chamado comércio por vias internas. Em outras palavras, a análise
objetiva avaliar o volume e as características das vendas no próprio mercado interno gaúcho, as
saídas para outros estados brasileiros.
Segundo Guaragna (2004, p. 5), “a importância do mercado interno gaúcho na composição dos
fluxos teoricamente sujeitos ao ICMS é da ordem de 68%, ficando os 32% restantes para o mercado
brasileiro (25%) e o mercado externo (7%)”.
A Tabela 3 apresenta as entradas e saídas interestaduais por origem e destino dos principais
estados no período compreendido entre 1997 e 2002. Pode-se assim examinar com quais unidades
da federação o Rio Grande do Sul possui maior relacionamento comercial. Isso através da
apreciação do saldo das entradas e saídas, se superavitário ou não (saídas maiores ou menores que
entradas).
Observa-se que o Rio Grande do Sul vende mais para outros estados da federação do que
compra deles, obtendo um saldo superavitário de R$ 7,891 bilhões neste período entre 1997 e 2002,
já que as saídas totais representaram R$ 203,103 bilhões, superando as entradas com montante de
R$ 195, 212 bilhões.
Ao se analisar as macrorregiões brasileiras, percebe-se que o maior saldo positivo advém das
relações de comércio com o nordeste do país, atingindo um resultado de R$ 13.009.970.416,00; na
seqüência estão as seguintes regiões com os respectivos superávits: centro-oeste, R$
6.186.453.833,00; demais estados do SUL, R$ 2.338.478.239,00; e norte, R$ 1.122.382.466,00.
Com relação ao sudeste, há, no entanto, saldo negativo de R$ 14.766.202.721,00 entre 1997 e
2002. Embora seja para essa região que o RS mais vende e dela também que mais compra e,
portanto, é com ela que se estabelece o maior fluxo de comércio. Ainda quanto a saldos negativos,
há também déficits nas transações com Amazonas e Paraná.
O segundo maior fluxo de comércio ocorre com os demais estados da região sul. Vê-se então
que o fluxo de comércio com essas duas regiões – sudeste e sul – alcança em torno de 85% do fluxo
total de transações realizadas pelo estado gaúcho entre os anos de 1997 e 2002.
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Os maiores parceiros do RS em termos de entradas (compras) e saídas (vendas) foram então:
São Paulo (R$ 100,57 e R$ 78,38 bilhões), Santa Catarina (R$ 27,06 e R$ 29,77 bilhões), Paraná
(R$ 22,81 e R$ 22,44 bilhões), Rio de Janeiro (R$ 13,45 e R$ 17,13 bilhões) e Minas Gerais (R$
10,47 e R$ 13 bilhões). Os Gráficos adiante resumem essas informações ao destacarem os
percentuais de participação de cada estado no fluxo de comércio.
Tabela 3 – Entradas e Saídas Interestaduais por Origem e Destino dos Principais Estados
Brasileiros no Período de 1997 a 2002
(Em R$)
Fonte: Elaborado pelos autores a partir Guaragna (2004).
Nota: Os dados referem-se exclusivamente às operações de compra e venda, efetuadas entre contribuintes do ICMS, não estando
incluídas as vendas a não-contribuintes (pessoas físicas ou jurídicas não sujeitas a inscrição no cadastro de contribuintes do
imposto).
Conforme se observa nos Gráficos 1 e 2, a ordem dos cinco maiores estados parceiros
comerciais do RS é a mesma, tanto no que diz respeito às vendas (saídas) quanto às compras
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(entradas). São Paulo é, ao mesmo tempo, o maior comprador e o maior fornecedor. Depois,
seguem, na seguinte ordem decrescente, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Gráfico 1 – Entradas de Outras UFs para Contribuintes do RS (1997 a 2002)
Fonte: GUARAGNA (2004).
Verifica-se que há uma concentração das relações comerciais do RS com apenas seis estados.
No que tange às entradas, Gráfico 1, 91,3% do total comprado advém desses poucos estados. Da
mesma forma, conforme se vê no Gráfico 2, 82% das vendas totais gaúchas são destinadas a essas
unidades da federação. São Paulo sozinho é responsável por 51,6% do total comprado pelo RS e
absorve 38,6% do total das nossas saídas.
Gráfico 2 – Saídas de Contribuintes do ICMS do RS para Outras UFs (1997 a 2002)
Fonte: GUARAGNA (2004).
Essas informações podem ser ainda melhor apreciadas a partir das Tabelas a seguir que
discriminam os dados ano a ano do período em análise. Com base na Tabela 4, verifica-se uma
participação declinante de São Paulo nas compras totais realizadas pelo RS ao longo dos anos de
1997 até 2002. Isto é, o grau de dependência gaúcha em relação à São Paulo vem caindo e a
participação dos demais estados vem ampliando-se, o que demonstra uma tendência a
diversificação.
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Tabela 4 – Entradas (compras) no RS pelos Principais e Estados Vendedores – 1997 a 2002
(Em R$)
Fonte: GUARAGNA (2004).
Já no que tange às vendas, Tabela 5, há uma constância no volume vendido pelo RS ao estado
de São Paulo, seu maior comprador. O mesmo acontece com Santa Catarina, Paraná e Rio de
Janeiro. Já com Minas Gerais as vendas caíram no período mais recente.
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Tabela 5 – Saídas (vendas) do RS para os Principais Estados Compradores – 1997 a 2002
(Em R$)
Fonte: GUARAGNA (2004).
Pode-se ainda observar, ao compararem-se as duas Tabelas (4 e 5), que há um déficit na relação
comercial do RS com os “demais estados” apenas no ano de 1997; já nos outros anos há um saldo
positivo com viés de crescimento. De 1997 a 2002, tal saldo teve um incremento bastante
significativo, especialmente entre 1999 e 2002, quando houve um salto de 266,4%.
Por fim, pode-se ainda fazer uma breve análise histórica do comércio interestadual do RS com
base na Tabela 6, que compara 1979, 1986 e 2002.
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Tabela 6 – Participação Relativa no Destino das Saídas e na Origem das Entradas
Interestaduais do RS em 1979, 1986 e 2002
(Em %)
Fonte: GUARAGNA (2004).
Ao comparar-se 1979, 1986 e 2002, constata-se ainda com mais clareza que houve redução da
dependência de São Paulo enquanto fornecedor do RS; isto porque cai a participação desse na pauta
das entradas do comércio interestadual de 62,16%, em 1979, para 60,18%, em 1986, e para 47,76%
e 2002. Cai também a participação do Rio de Janeiro, embora tenha uma participação bastante
inferior a SP.
O quadro é semelhante quando se analisam as saídas do RS. Tanto para SP quanto para o RJ,
houve também um decréscimo em suas participações nesse tipo de transação comercial. Em ambas
as situações, esses estados reduzem sua participação enquanto compradores.
Já com Santa Catarina ocorreu o oposto, pois tanto no que tange às saídas quanto às entradas
houve um incremento de sua participação ao longo dos anos analisados. Da mesma forma, houve
elevação da participação das “demais unidades da federação” tanto sob o aspecto das compras
quanto das vendas.
Finalmente, valem alguns comentários sobre a balança comercial externa do RS. Ao analisar a
Tabela 7, a seguir, observa-se que ao longo do período apresentado – 1998 a 2008 – o saldo da
balança comercial gaúcha foi sempre superavitário. Embora, ao longo desses anos, possam ter
havido variações negativas em alguns anos (2005 em relação a 2004 e 2008 comparado a 2007), no
geral, houve crescimento ano a ano.
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Tabela 7 – Exportações, Importações e Saldo da Balança do RS (1998 a 2008)
(Em US$ FOB)
Fonte dos dados brutos: BRASIL (2009a e 2009b).
Em 2006, ano de referência utilizado na Pesquisa, o RS tem saldo positivo em sua balança
comercial de US$ 3, 852 bilhões (BRASIL, 2009a, 2009b). Com uma receita de US$ 11,802
bilhões, as vendas do RS ao exterior mantiveram uma participação no total das exportações
brasileiras de 8,6%, semelhante àquela registrada em 2005 (8,8%), mas ambas inferiores aos 10,3%
registrados em 2004. O estado também se manteve como o terceiro maior exportador do Brasil,
atrás apenas de São Paulo e Minas Gerais, os quais responderam, respectivamente, por 33,5% e
11,4% do total exportado pelo país em 2006 (BELLO; TERUCHKIN, 2007, p. 83; FEE, 2009).
Embora o câmbio já viesse se valorizando desde a segunda metade de 2004, em 2006 essa
valorização acentuou-se, dificultando o desempenho das exportações gaúchas, que só apresentou
bons resultados devido à recuperação nas vendas da soja (grãos e óleo), das carnes (suína e bovina)
e do óleo diesel, dentre os principais produtos exportados pelo RS (BELLO; TERUCHKIN, 2007,
p. 83).
Do total exportado pelo RS neste ano de 2006, 91% corresponde à indústria de transformação e
apenas 7% à agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal (FEE, 2009).
Para concluir a seção, cabe um destaque aos indicadores apresentados por Guaragna (2004, p.
21), que, em termos de crescimento, apontam para o seguinte desempenho: enquanto as saídas para
os mercados nacionais subiram de 34,79% do PIB em 1991 para 46,56% em 2002, apresentando um
crescimento de 42,8%, as exportações cresceram mais de 100%, subindo dos 8,3% de 1991 para
17,17% do PIB em 2002. Quanto ao fluxo dos mercados, antes distribuídos à razão de 80% para o
mercado nacional e 20% para o mercado internacional em 1990, tem-se uma leve alteração na
medida em que estes, em 2002, distribuíram-se na proporção de 73% para o mercado brasileiro e
27% para o mercado internacional. Isso permite verificar que, embora as exportações absorvam
parcela importante da produção de bens e serviços do RS, é o mercado nacional seu maior
comprador.
Nas seções seguintes, a análise se centra na natureza dos produtos comercializados.
2.2. Balança Comercial Segundo a Intensidade dos Fatores e a Natureza da Atividade
Econômica
Para a análise da classificação das atividades segundo a “intensidade de fatores de produção
e/ou definidores da competição” é importante levar em conta as ponderações apresentadas por
Vasconcelos e Oliveira (2006, p. 8 e 9):
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A classificação das atividades econômicas, segundo a intensidade de fatores de produção
e/ou definidores da competição, é uma classificação utilizada pela Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que embora tenha um elevado
potencial analítico, apresenta certas limitações para sua utilização. Uma delas é a de que na
análise comparada não se tem como superar as limitações interpretativas ligadas aos
diferentes estágios de desenvolvimento dos estados, regiões e/ou países analisados. Um
outro problema é o decorrente do grau de agregação que pode levar a comparações de
produtos diferentes. Esse problema é intransponível quando se utilizam graus elevados de
agregação, como o nível de gênero do IBGE.
Uma outra limitação da classificação diz respeito às dificuldades envolvidas no
estabelecimento das linhas demarcatórias de alguns grupos de atividades, devido à
sobreposição de características, especialmente entre as atividades intensivas em mão-deobra e as intensivas em diferenciação e entre estas e as intensivas em conhecimento. No
primeiro caso encontra-se, por exemplo, a fabricação de móveis, que é intensiva em mãode-obra, mas, na maioria dos seus segmentos, o padrão de competição está fundado em
diferenciação de produto, via design, e, no segundo caso, a fabricação de eletroeletrônicos,
intensivos em conhecimento, mas cuja competição está muito centrada na capacidade de
diferenciar e de obsoletar produtos.
Não obstante as limitações referidas, a classificação de atividades — proposta pela OCDE
— tem um elevado potencial interpretativo e, enquanto ferramenta para a compreensão das
tendências e das transformações estruturais, é muito superior às classificações usuais
utilizadas nas análises dos padrões de comércio. As classificações tradicionais geralmente
são baseadas no grau de transformação (produtos primários, semimanufaturados e
manufaturados) ou na utilização do produto (bens de consumo, intermediários e de capital)
contendo um elevado grau de heterogeneidade e, portanto, baixos conteúdos econômicos e
potencial interpretativo.
A classificação da OCDE organiza as atividades segundo a forma de inserção no mercado e
fornece uma ampla perspectiva sobre os requerimentos empresariais — essências do padrão
de competição dos diferentes mercados. Também permite a visualização dos benefícios
alocativos disponibilizados pelo comércio interestadual, como a redução de custos
decorrentes da melhor utilização dos fatores produtivos e das economias de escala, a maior
variedade de produtos a custos menores e a amortização menos onerosa dos gastos com
pesquisa e, por conseqüência, uma difusão maior e mais rápida de novos produtos e
processos.
De acordo com essa classificação por grupos de atividades discriminadas segundo a intensidade
de fatores de produção e/ou fatores definidores da competição, as atividades Intensivas em
recursos naturais englobam, por exemplo, as atividades agrícolas e minerais, além de outras; as
Intensivas em trabalho abrangem mobiliário, confecções, calçados e têxteis, além de outras; já as
atividades Intensivas em economia de escala incluem o segmento petroquímico e de celulose; as
Intensivas em especialização (diferenciação) compreendem máquinas e equipamentos; e, por fim,
as Intensivas em conhecimento, bastante calcadas em pesquisa e desenvolvimento (P&D),
envolvem os segmentos farmacêuticos e eletrônicos.
Pode-se observar, a partir dos dados da Tabela 8 adiante, que o RS, como se viu, teve saldo
positivo em sua balança comercial no ano de 2006 (US$ 3,852 bilhões). O estado exporta mais do
que importa, resta saber qual é a especialidade de sua pauta.
Conforme se vê na Tabela 8, neste ano, o RS teve suas exportações para o exterior calcadas
especialmente em produtos intensivos em trabalho, já que essas atividades parecem em primeiro
lugar com saldo superavitário de US$ 2, 185 bilhões, o que representa 56,7% do saldo total. As
atividades intensivas em recursos naturais ocuparam o segundo lugar, com participação de 22,2%
do total, e aquelas intensivas em economias de escala figuraram em terceiro, com 14,2 % do saldo
total. Em quarto e quinto lugares ficaram, respectivamente, as demais atividades (não classificáveis
em nenhum dos grupos específicos) e as atividades intensivas em especialização, com participações
correspondentes de 7% e 7,2% do total.
Em contrapartida, as atividades intensivas em conhecimento apresentam saldo deficitário de
US$ 280, 848 milhões.
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Chama a atenção a elevada participação das atividades intensivas em trabalho, com mais de
cinqüenta por cento da pauta. Somado aos vinte e poucos por cento de atividades intensivas em
recursos naturais, verifica-se uma pauta com produtos de mais baixo valor agregado. Isso se reforça
com o saldo negativo das atividades intensivas em conhecimento.
Tabela 8 – Entradas, Saídas e Saldo do Comércio Exterior Segundo a Intensidade dos Fatores
de Produção para o RS em 2006
(Em US$ FOB)
Fonte dos dados brutos: BRASIL (2009a e 2009b).
O comentário de Bello (2007) em Carta de Conjuntura do período corrobora a análise anterior
quanto ao desempenho exportador gaúcho:
Em relação aos produtos manufaturados, seu desempenho deixou a desejar, em grande parte
devido à política cambial. Dado o perfil de suas vendas externas, com grande intensidade
no uso do fator trabalho e uma menor dependência de insumos importados — como é o
caso dos setores de calçados e de móveis —, os custos de produção permanecem atrelados
ao real e não ao dólar. Tal fato os prejudica duplamente, pois não conseguem usufruir de
insumos mais baratos do exterior, e suas receitas em dólar, quando convertidas em real, são
cada vez menores. Foi o que ocorreu com os calçados de couro, cujo desempenho das suas
exportações, ao longo de 2006, foi negativo em relação ao ano anterior, apesar do aumento
no preço médio. Assim, mantida a valorização da taxa de câmbio, não é de surpreender que,
para este ano, se registre, nas exportações gaúchas, uma maior presença de produtos com
menor valor agregado. Em ordem decrescente de valor, os principais produtos exportados
pelo RS em 2006, agrupados por fator agregado, foram: - produtos básicos - fumo, soja em
grão, carne suína, carne de frango e farelo de soja; - produtos semimanufaturados - óleo de
soja em bruto, pasta química de madeira e couro; - produtos manufaturados - calçados de
couro, tratores, polietileno, carrocerias, óleo diesel, partes e acessórios para tratores e
veículos e móveis de madeira (BELLO, 2007, p. 8).
Vale observar, entretanto, conforme aponta Garcia (2009) em uma análise do conjunto dos vinte
principais produtos exportados pelo RS de 1990 a 2008, que houve uma alteração na situação
descrita acima. Os produtos intensivos em recursos naturais (ex.: complexo soja, fumo e carnes)
passaram a ter uma importância na pauta de exportações superior a dos produtos intensivos em
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trabalho (calçados, couros e móveis). Conforme o autor, a perda de participação dos produtos
intensivos em trabalho “reflete basicamente dois grandes obstáculos: a concorrência asiática –
chinesa, vietnamita, etc., cuja mão-de-obra é muito mais barata que a brasileira e que a gaúcha em
particular – e a valorização do real nos últimos anos que reduziu a competitividade dos produtos
gaúchos em vários mercados, em especial o dos Estados Unidos” (GARCIA, 2009, p. 14). Tal
inversão, no entanto, não altera a concentração da pauta nestes dois tipos de produto de valor
agregado relativamente baixo: intensivos em recursos naturais e em trabalho.
A Tabela 9, a seguir, que contém as entradas, as saídas e o saldo do comércio exterior segundo a
natureza da atividade econômica para o Rio Grande do Sul em 2006, complementa essa análise.
Tabela 9 – Entradas, Saídas e Saldo do Comércio Exterior Segundo a Natureza da Atividade
Econômica para o RS em 2006
(Em US$ FOB)
Fonte dos dados brutos: BRASIL (2009a e 2009b).
Notas: (1) O código 461 (REPRESENTANTES COMERCIAIS E AGENTES DO COMERCIO, EXCETO DE VEICULOS
AUTOMOTORES E MOTOCICLETAS) foi colocado na seção correspondente às atividades agrícolas e agroindustriais.
Vale ressaltar que existe nesse código tanto atividades de intermediação de produtos agrícolas e agroindustriais como
atividades de intermediação de atividades industriais. Em virtude da impossibilidade de separação dos dados originais e
da representatividade maior das atividades agrícolas e agroindustriais dentro da seção, optou-se por incluí-lo nas
atividades primárias em vez de lançá-lo nas atividades industriais.
(2) Optou-se por classificar todo o comércio varejista no setor de serviços.
Verifica-se que o maior fluxo de comércio ocorreu nas atividades econômicas de caráter
industrial. Neste caso, observam-se os maiores montantes tanto exportados (US$ 6, 373 bilhões)
quanto importados (US$ 6,459 bilhões).
Já o maior saldo, comparadas as entradas (importações) e as saídas (exportações), refere-se às
atividades de natureza primária e agroindustriais. Observa-se que as atividades agrícolas e
agroindustriais representam 97,1% do total do saldo do comércio externo do estado, alcançando o
montante de US$ 3, 739 bilhões em 2006.
Representando apenas 5,1% do total do saldo, estavam as atividades de serviços. Já as
atividades industriais atingiram saldo negativo de US$ 85, 663 milhões.
O volume de exportações cresceu em 2006 em comparação ao ano anterior. Tal crescimento foi
liderado pelo aumento de 392,2% das exportações de produtos da agropecuária. Tal desempenho
deveu-se à recuperação das exportações de grãos de soja, que representaram 88,9% das exportações
da agropecuária em 2006. Apesar desse excelente desempenho, o volume exportado de produtos
agrícolas nesse ano ainda está abaixo da média de 2003. Esse crescimento só não foi mais favorável
em virtude da redução nos preços desses produtos, que, nos onze primeiros meses do ano, foi de 18
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6,1%. A queda nos preços agrícolas, associada à apreciação cambial de aproximadamente 10% em
2006, afetou negativamente a rentabilidade do setor (CONTRI, 2007, p. 7).
Conforme se pode ver a partir dos dados da Tabela 10, específicos das entradas, saídas e saldo
comercial dos principais segmentos compradores e vendedores das atividades agrícolas e
agroindustriais do RS em 2006, os principais produtos com saldos positivos significativos eram:
‘abate e fabricação de produtos de carne’ e ‘processamento industrial de fumo’. Esses possuíam,
respectivamente, participação de 45,9% e 31,2% no saldo total. Na seqüência estava a ‘fabricação
de óleos e gorduras vegetais e animais’ contribuindo com 16,3% desse saldo.
Dentre os tipos de carne exportadas – carne de frango, suína e bovina – foi essa última a que
teve a melhor performance de vendas no exterior. Bello e Teruchkin auxiliam na explicação desse
desempenho.
O RS foi favorecido com o redirecionamento de parte da produção de outros estados, impedidos de
exportar, devido ao embargo (parcial ou total) de 56 países à carne brasileira, dos quais se
sobressaem o Chile, a União Européia e a Rússia. Destacam-se as elevadas taxas de incremento do
valor transacionado, que, no RS (163,8%), foram muito superiores às nacionais (34,8%). As carnes
bovinas congeladas gaúchas representaram mais de dois terços do faturamento externo desse
produto, e a principal mercadoria transacionada foi a carne desossada congelada. O elevado
crescimento nas receitas de exportação das carnes bovinas deve-se ao grande incremento tanto do
volume exportado (94,1%) como dos preços (35,9%), onde a Rússia teve um destacado papel. Esse
país, que, praticamente, não comprava carne bovina gaúcha, elevou suas importações em mais de
5.000% até novembro e atingiu 72,9% do valor transacionado do produto. Já o aumento do preço se
deve, de um lado, à redução da oferta mundial, onde se sobressaem os papéis do Brasil — com o
embargo dos importadores — e da Argentina — que proibiu temporariamente as exportações, para
conter a alta dos preços doméstico —, e, de outro, à venda de produtos de maior valor agregado
(2007, p. 87).
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Tabela 10 – Entradas, Saídas e Saldo Comercial dos Principais Segmentos Compradores e
Vendedores das Atividades Agrícolas e Agroindustriais do RS em 2006
(Em US$ FOB)
Fonte dos dados brutos: BRASIL (2009a e 2009b).
Já no que se refere às exportações industriais, ao comparar-se o período de janeiro a novembro
de 2006 em relação ao mesmo período do ano anterior, houve uma queda no seu volume (-2,2%),
apesar de terem apresentado um crescimento nos seus preços (8,8%). O fraco desempenho
industrial deveu-se à queda no volume exportado de máquinas e equipamentos (-18,6), de produtos
do fumo (-17,5%), de artefatos de couro (-7,9%) e de produtos químicos (-2,3%). Em seu conjunto,
essas quatro atividades representaram 51,7% das exportações industriais em 2006. O destaque
positivo ficou a cargo da indústria de produtos alimentícios e bebidas (16,3%). O desempenho
diferenciado entre agricultura e indústria tem sido resultado, por um lado, da recuperação da
produção agrícola e, por outro, da valorização cambial, que continuou atuando como um freio à
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recuperação industrial (CONTRI, 2007, p. 7).
Os dados da Tabela 11 permitem avaliar com mais detalhe as entradas, as saídas e o saldo
comercial dos principais segmentos compradores e vendedores das atividades industriais do RS em
2006. Dentre todos os produtos, aqueles que alcançaram um saldo superavitário mais expressivo
foram os seguintes, em ordem decrescente de importância: ‘fabricação de calçados’; ‘fabricação de
resinas e elastômeros’; ‘fabricação de tratores e de máquinas e equipamentos para a agricultura e
pecuária’; ‘curtimento e outras preparações de couro’; ‘fabricação de cabines, carrocerias e
reboques para veículos automotores’; e ‘fabricação de móveis’. Esses produtos em conjunto
contribuíram com 92,4% do total do saldo. A ‘fabricação de calçados’, sozinha, participa com
32,3% desse saldo.
Tabela 11 – Entradas, Saídas e Saldo Comercial dos Principais Segmentos Compradores e
Vendedores das Atividades Industriais do RS em 2006
(Em US$ FOB)
(Continua)
(Continuação da Tabela 11)
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Fonte dos dados brutos: BRASIL (2009a e 2009b).
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Cabe chamar a atenção, ao examinarem-se conjuntamente as atividades agrícolas, agroindústrias
e industriais, que a balança comercial gaúcha esteve fortemente calcada em três atividades centrais
neste período de analise: ‘abate e fabricação de produtos de carne’, ‘fabricação de calçados’ e
‘processamento industrial de fumo’. Suas exportações, em conjunto, renderam US$ 4,172 bilhões,
contribuindo com 35,3% do volume exportado. É importante sublinhar a baixa dinamicidade da
demanda internacional desses produtos, que são vinculados ao agronegócio e à indústria tradicional
e considerados de baixa intensidade tecnológica.
Ao observar a Tabela 12, percebe-se que essa tem sido a principal característica da pauta
exportadora do Rio Grande do Sul, a despeito da sua diversificação ao longo dos anos. Ao
avaliarem-se as informações, verifica-se que essas três atividades elencadas anteriormente são as
mais relevantes da pauta de exportação gaúcha também em 2005 e 2004.
Tabela 12 – Valor e Participação dos Principais Capítulos da NCM nas Exportações do RS 2004 a 2006
(Em US$ FOB 1.000)
Fonte: TERUCHKIN (2007).
Quanto aos serviços, o saldo da balança nesta categoria de atividade é superavitário; embora,
participe com apenas 5,1% do saldo comercial total. São as ‘atividades auxiliares dos transportes
aéreos’ que responderam por quase todo o volume exportado; ao passo que os serviços de ‘edição
de livros, jornais, revistas e outras publicações’ são aqueles que têm a maior participação no
montante importado.
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Tabela 13 – Entradas, Saídas e Saldo Comercial dos Principais Segmentos Compradores e
Vendedores dos Serviços do RS em 2006
(Em US$ FOB)
Fonte dos dados brutos: BRASIL (2009a e 2009b).
Quanto ao destino das exportações do estado, é importante atentar para os mercados
compradores a partir dos dados da Tabela 14. Em 2006, os principais países de destino das
exportações gaúchas são: EUA (15%), Argentina (9,3%), China (6,4%) e Rússia (6,3%). Nesse ano,
esses quatro países juntos compraram US$ 4,377 bilhões (37% do valor exportado).
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Tabela 14 – Exportações, Segundo os Principais Países de Destino, do RS - 2006
(Em US$ FOB)
Fonte: Adaptada pelos autores de FEE (2009).
Esses mercados compradores têm se mantido como os principais demandantes dos produtos
gaúchos também nos anos subseqüentes – 2007, 2008, e 2009 (dados até junho, neste último caso).
A China aumentou sua participação a partir de 2008, figurando atualmente como o maior
importador de nossos produtos. Até junho do presente ano, foi responsável pela compra de 17,6%
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do total exportado (FEE, 2009).
Quando se relaciona os países de destino com os principais produtos exportados pelo RS,
observa-se, conforme as informações da Tabela 15, que os mercados consumidores variam em
função das mercadorias.
O ‘Fumo não manufaturado’, em 2006, tinha como destino Bélgica (21,1%), EUA (17,1%),
Alemanha (9,5%) e Holanda (6,9%). Os ‘Calçados de couro natural eram comprados,
especialmente, nos EUA (54,5%), Reino Unido (14,1%), Itália (3,9%) e Canadá (3,8%). Já os
‘Couros preparados - couro cabado’ destinavam-se para Honk Kong (27,4%), EUA (13,6%), China
(11,9%) e Itália (4,3%); e os ‘Couros e peles preparados - wet blue e crust’ eram também enviados
para Itália (29,3%), Honk Kong (17,7%), EUA (14,7%) e China (9,1%); embora as participações
não fossem as mesmas.
A ‘Soja, mesmo triturada’ destinou-se à China (56,2%), ao Irã (14,4%), à Taiwan (7,7%) e aos
Emirados Árabes (3,3%); já as ‘Tortas de soja’ tiveram como destino a Coréia do Sul (19,7%), a
Austrália (14,2%), a Espanha (10,4%) e a Arábia Saudita (9,4%); e o ‘Óleo de soja’ foi comprado
pelo Irã (52,1%), Índia (19,9%), China (15,1%) e Bangladesh (4,2%).
Quanto às carnes, a ‘Carne de frango’ teve como principais mercados o Japão (14,5%), a Arábia
Saudita (11,9%), os Emirados Árabes (7,9%) e a Holanda (6,6%). Ao passo que a ‘Carne suína’
destinou-se à Rússia (90,5%), à Hong Kong (1,9%), à Cingapura (1,5%) e à Argentina (1,3%).
Os ‘Polímeros de etileno em formas primárias’ foram vendidos especialmente para a Argentina
(31,9%), Chile (15,2%), EUA (4,7%) e Bélgica (4,7%).
Os ‘Tratores’ tiveram os seguintes países de destino: Argentina (25,5%), EUA (11,5%), México
(11,0%) e Venezuela (-8,6%). Já as ‘Partes e acessórios para veículos’ tiveram os EUA (33,9%), a
Argentina (10,3%), a África do Sul (9,0%) e o México (-7,7%) como principais mercados; enquanto
que as ‘Carrocerias para veículos’ destinaram-se ao México (32,5%), ao Chile (21,5%), à África do
Sul (17,8%) e ao Peru (9,6%).
Os ‘Móveis e suas partes’ tiveram os EUA (16,8%), o Reino Unido (14,1%), o Chile (9,4%) e a
Argentina (6,5%) como principais compradores.
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Tabela 15 – Principais Produtos Exportados pelo RS por Principais Mercados de Destino
em 2006
(Em US$ FOB)
Fonte: Adaptado pelos autores de TERUCHKIN (2007).
Nota: Os dados referem-se ao período de janeiro a novembro de 2006.
Por fim, é importante ainda analisar a natureza dos produtos transacionados pelo comércio por
vias internas. Para tanto, utilizam-se os dados que foram disponibilizados e, portanto, pode-se
apenas apresentar as informações em um nível bastante agregado.
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Tabela 16 – Entradas, Saídas e Saldos por Código de Atividade Econômica - 1997 a 2002
(Em R$)
Fonte: GUARAGNA (2004).
Nota: CAE = Código de Atividade Econômica (substituído pelo CNAE, onde N é igual a Nacional), sendo CAE 1 –
Produção e extração animal/vegetal; CAE 2 – Indústria extrativa mineral; CAE 3 – Indústria de transformação; CAE 4 –
Indústria de beneficiamento; CAE 5 – Indústria de montagem; CAE 6 – Indústria de acondicionamento e
recondicionamento; CAE 7 – Comércio atacadista; CAE 8 – Comércio varejista; e CAE 9 – Serviços e outros.
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A partir da Tabela 16, verifica-se que a indústria de transformação foi responsável, ao longo de
todo o período analisado, pelo maior volume tanto de saídas quanto de entradas de produtos no
estado. Sua participação no montante vendido para outras unidades da federação ultrapassa os
sessenta e cinco por cento do total de saídas de 1997 a 2002, atingindo 75,3% em 2002; já o
percentual de compras gira em torno de quarenta por cento do total das entradas. O saldo da balança
de comércio interestadual neste período no que tange à indústria de transformação foi superavitário,
alcançando o valor de R$ 58,427 bilhões, o que representou um crescimento de 286,8% de 1997 a
2002.
Ao longo desses mesmos anos, o comércio varejista (25,5%) supera o atacado (19,3%) nas
aquisições de fora do estado; em contrapartida, nas vendas, os atacados localizados no RS realizam
um razoável volume de vendas (9,35% do total) em outras unidades da federação. No entanto, de
1997 a 2002, o atacado e o comércio varejista são deficitários. Tal situação pode ser explicada
basicamente por dois fatores. Primeiro, pela compra de energia elétrica do Paraná, mais
especificamente da usina hidrelétrica de Itaipu, pelas empresas distribuidoras; segundo, pela compra
direta realizada pelos varejistas gaúchos em atacados e em empresas industriais de fora do estado
(GUARAGNA, 2004, p.13).
Já a indústria de beneficiamento também apresenta o comportamento esperado ao destacar-se
antes como vendedor do que adquirente, considerando a característica de produtor primário do
estado do RS, com destaque para o arroz e a soja (GUARAGNA, 2004).
Na Tabela 17, que segue, se pode observar os segmentos que mais contribuíram para o saldo
comercial interestadual positivo desde 1997. São nove os setores que mais se destacam:
químico/petroquímico, metal mecânico, automotivo, alimentício, de implementos agrícolas, de
informática, da indústria de borracha, calçadista e de fumo. Tais setores contribuíram com 39,8% do
total das saídas entre 1997 a 2002, alcançando um valor de R$ 10,6 bilhões. O setor
químico/petroquímico se destaca em primeiro lugar, pois de 1997 a 2002 teve uma elevação
absoluta em suas saídas de R$ 3,8 bilhões; seguido das empresas do ramo metal mecânico, com R$
2,2 bilhões de crescimento no valor de suas venda, e do automotivo, com R$ 1,8 bilhão.
Tabela 17 – Saídas Interestaduais por Subsetores Selecionados - 1997 a 2002
(Em R$)
Fonte: GUARAGNA (2004).
Por fim, para finalizar o capítulo, vale ainda destacar as características das exportações gaúchas
no que tange à quantidade e ao porte das empresas exportadoras. Considera-se essa análise
necessária ao revelar o quanto as exportações são concentradas em um grupo de empresas e o
quanto empresas de portes diversos participam das exportações do estado.
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Um estudo do SEBRAE (2007) apontou que em 2006 existiam no Rio Grande do Sul um total
de 3.053 empresas exportadoras. Esse número cresceu 25% em relação ao ano de 1998, mas
reduziu-se em 3,6% em relação a 2005. Além disso, o que também caracteriza a realização do
comércio exterior no estado é o fato de que parcela relevante da receita das exportações concentrase em poucas empresas. Conforme apontado por Bello e Teruchkin (2007), 56,9% do total das
receitas de exportação em 2005 foram realizadas por 40 empresas.
Também é relevante destacar que do total de 3.053 empresas exportadoras, 63% (1.917
empresas) eram micro ou pequenas que exportaram US$ 249,7 milhões. Esse valor representou
somente 2,1% do total exportado pelo RS em 2006 (SEBRAE, 2007). Tal situação informa que
existe um interessante universo de empresas exportadoras, mas são somente 40 – menos de 1,5% que concentram grande parte do valor exportado.
Em um estudo, Bello e Teruchkin (2007) mencionam os principais setores aos quais pertencem
as 40 maiores exportadoras do RS: alimentos, fumo e cigarro e petróleo e petroquímica. Mencionam
também quais são as primeiras empresas gaúchas que compõe a lista das mais exportadoras: Bunge
Alimentos S/A, Doux Frangosul S/A, Agro Avícola Industrial, AGCO do Brasil Comércio e
Indústria Ltda; Alliance One Brasil Exportadora de Tabacos Ltda. e a Universal Leaf Tabacos Ltda.
No que tange à realidade das micro e pequenas empresas exportadoras em 2006, vale observar
que eram principalmente do ramo da indústria e comércio, sendo que os produtos manufaturados se
destacaram por representarem 79,2% do valor total exportado. No caso das microempresas os
produtos de maior destaque foram: ‘calçados, suas partes e componentes’, ‘móveis e suas partes’,
‘couros e peles, depilados, exceto em bruto’, ‘máquinas e equipamentos para uso agrícola, exceto
trator’, e ‘pedras preciosas ou semi-preciosas trabalhadas’. No caso das pequenas empresas, o
produto de maior destaque foi ‘móveis e suas partes’, seguido por ‘calçados, suas partes e
componente’, ‘couros e peles, depilados, exceto em bruto, ‘pedras preciosas ou semi-preciosas
trabalhadas’ e ‘fumo em folha e desperdícios’ (SEBRAE, 2007).
Aqui cabe mencionar que os produtos citados acima são especialidades produtivas de diferentes
APLs identificados quando da realização da primeira etapa desta pesquisa, tais como o coureirocalçadista, os moveleiros, os de máquinas e implementos agrícolas e o de gemas e jóias.
No capítulo seguinte, discutem-se, justamente, as características do comércio interestadual e
externo nesses e em outros APLs selecionados.
3. Os APLs e o Balanço de Pagamentos
Neste capítulo, procura-se relacionar os dados da Balança Comercial Interestadual e de
Comércio Externo com os APLs identificados e apoiados por políticas, os quais foram selecionados
a partir da listagem apresentada no Relatório I. Optou-se por analisar aqueles APLs que são alvos
importantes da política de promoção de APLs do estado e têm reconhecida importância na sua
matriz produtiva.
Examina-se a natureza dos fluxos de trocas de bens e serviços entre os municípios desses APLs
e as demais regiões do país, bem com os dados de comércio exterior, isto é, as importações e as
exportações desses municípios com o resto do mundo.
As análises são feitas para os seguintes APLs identificados e apoiados: coureiro-calçadista,
móveis, gemas e jóias, têxtil e de confecções, vitivinicultura, doces e conservas, e máquinas e
implementos agrícolas.
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3.1 APL de Couro e Calçados
O arranjo produtivo local coureiro-calçadista é um dos mais tradicionais do Rio Grande do Sul.
Está concentrado principalmente na região denominada de Vale do Rio dos Sinos11, localizada mais
a nordeste do estado onde se concentra grande parte da renda e da população.
Esse arranjo se originou com base no conhecimento trazido por imigrantes a respeito da
manufatura de calçados e se desenvolveu também devido à abundância de matéria-prima – o couro na região. O APL Coureiro-Calçadista do Rio Grande do Sul é um dos maiores do mundo e o maior
do Brasil. É especializado em calçados femininos e composto por diferentes segmentos, tais como a
indústria coureira, de componentes, de máquinas para couro e calçado, entre outros. O município de
Novo Hamburgo é considerado a capital nacional do calçado, demonstrando a importância da região
para o setor.
O fato de existir na região vários segmentos que compõe a cadeia produtiva do couro e do
calçado faz com que essa seja favorecida, de forma geral, por um fornecimento adequado de
matérias-primas e bens de capital para a produção destes bens. Como será visto mais adiante, um
levantamento feito a respeito das importações e exportações do APL mostrou que a balança
comercial deste arranjo foi positiva para o ano de 2006. Entretanto, é importante atentar para
situações de segmentos produtivos da cadeia que sofrem com a concorrência externa, mesmo
havendo oferta de produtos no mercado local e, até mesmo, a prática disseminada no arranjo de
desenvolvimento conjunto entre usuário e produtor. Esse é o caso, por exemplo, do segmento de
bens de capital para calçados que sofre a concorrência de bens importados por ser possível comprálos com condições mais adequadas de financiamento ou por serem de qualidade superior
(RUFFONI, 2004). Ainda que tal situação não possa ser generalizada para todos os segmentos da
cadeia coureiro-calçadista gaúcha, vale observar tal questão já que esta aponta para uma dificuldade
comercial dos produtores locais e que pode ser alvo de políticas que visem potencializar o
fornecimento de matérias-primas no arranjo.
Analisando mais especificamente a produção de calçados no estado, observa-se que esta era
destinada principalmente para o mercado nacional e especializada em produtos de pouca qualidade
e baixo preço. A partir da década de 1960, devido à conjuntura internacional favorável e a
incentivos do governo nacional, as exportações ganharam força e o RS passou a ser um importante
exportador de calçados em nível nacional. As características do produto fabricado também se
modificaram ao longo do tempo, sendo que hoje a região produz calçados de maior valor agregado.
Atualmente, calçados de couro natural é um dos principais da pauta de exportação do estado, tendo
somado o total de US$ 1,009 bilhão de dólares de exportação em 2006 (BELLO; TERUCHKIN,
2007).
O couro é outro produto que está na lista das principais exportações do estado. Esse produto é
classificado segundo suas formas de elaboração: salgado, preparado (wet blue e crust) e acabado.
Segundo Bello e Teruchkin (2007), as vendas ao exterior do Rio Grande do Sul de couros salgados
representaram em 2006 somente 0,1% do total. Os couros acabados são aqueles com maior
participação nas exportações deste tipo de produto com 59,7% do total. Em relação aos couros
preparados, os do tipo crust12 são ainda mais vendidos que os do tipo wet blue. Em termos de
valores de exportação em 2006, os de couro acabado atingiram US$ 275 milhões e os de couro
preparado US$ 170 milhões. Tal cenário pode ser entendido como positivo para o estado ao se
identificar que os produtos mais elaborados são os mais comercializados.
Com vistas a compreender melhor as características da balança comercial do segmento coureirocalçadista são analisadas as informações de exportações e importações para o ano de 2006. Na
11
É uma região que contempla vários municípios, como Novo Hamburgo, Campo Bom, Sapiranga, entre outros. A denominação
‘Vale do Rio dos Sinos’ não é oficial. Para maiores informações ver Costa (2004).
12
Couro tipo crust ou curtido é mais elaborado que o couro tipo wet blue (que significa o primeiro estágio do curtimento), segundo
Bello e Teruchkin (2007).
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seqüência esses e outros dados foram analisados para alguns municípios que compõe o APL (dados
tabulados disponíveis no Apêndice A).
Os valores das exportações e importações dos principais produtos deste APL para o ano de 2006
revelam que a balança comercial do setor é positiva, sendo que as exportações somaram em torno
de US$ 1,5 bilhão e as importações US$ 77,5 milhões. Os quatro primeiros produtos exportados,
que representam mais de 60% do conjunto, foram: ‘outros couros / peles, bovinos’ e ‘outros
calçados de couro natural’. E os principais produtos importados foram do segmento de couro:
‘outros couros bovinos’ e ‘couros inteiros bovinos, wet blue’.
Vale ainda observar que para alguns municípios do APL os principais produtos exportados são
do segmento coureiro-calçadista. Esse é, por exemplo, o caso de Novo Hamburgo, em que os dois
principais produtos exportados em 2006 foram: ‘outros calçados de couro natural’ e ‘partes
superiores de calçados e seus componentes’. As exportações desses produtos representaram 67% do
total dos principais produtos exportados pelo município. O mesmo ocorreu para Campo Bom em
que os principais produtos exportados foram ‘outros calçados de couro natural’ e ‘outras partes de
calçados’, e representaram 85% do total dos principais produtos exportados do município. Esses
municípios também apresentaram saldo positivo na balança comercial.
Para considerar também a situação dos demais municípios que fazem parte do APL foram
analisados dados de 2002 de comércio de produtos diversos para o estado e interestadual de onze
municípios: Campo Bom, Dois Irmãos, Estância Velha, Igrejinha, Ivoti, Nova Hartz, Novo
Hamburgo, Parobé, Portão, Sapiranga e Três Coroas. Para sete destes onze municípios, pelo menos
50% da comercialização dos produtos ocorreu para o próprio Rio Grande do Sul no ano de 2002. O
restante foi comercializado para outros estados do país ou para o exterior. No caso de Novo
Hamburgo, por exemplo, em que grande parte das exportações é do setor calçadista, 68% das saídas
de produtos foram para o estado, 17% para outros estados e 15% para o exterior.
Considerando os outros quatro municípios – Nova Hartz, Parobé, Portão e Três Coroas – que
apresentaram em 2002 um comportamento diferente dos demais pelo fato de destinarem menos de
50% dos seus produtos para o RS, observa-se, portanto, um comércio interestadual e com o exterior
maior. Nota-se o exemplo de Nova Hartz que comercializou 44% dos produtos para o próprio RS,
31% para outros estados e o restante, 24%, para o exterior. Situação semelhante ocorreu com o
município de Parobé, onde a produção de calçados é bastante tradicional, em que 41% dos produtos
foram comercializados no RS, 45% para outros estados e 15% para exterior.
A respeito do calçado, que pode ser considerado o principal produto do APL, é importante
destacar que este, apesar de estar em destaque na pauta de exportação do estado, vem perdendo
espaço no mercado internacional. Uma análise de Garcia (2009, 09) para a situação das exportações
de calçados do RS em 2008, informa que “Há muitos anos o Rio Grande do Sul vem perdendo
espaço no mercado internacional de calçados devido à concorrência de países asiáticos, a China, e,
mais recentemente, o Vietnã, que produzem com um custo de mão-de-obra muito mais barato que o
brasileiro e, mais ainda que o gaúcho.” Além disso, destaca que a valorização do Real a partir de
2003, comprometeu ainda mais a competitividade da indústria calçadista local.
Com base no conhecimento empírico da equipe da pesquisa, observa-se também que a
concorrência chinesa não afeta somente as exportações finais de calçados do APL do Vale do Rio
dos Sinos, mas também impacta ao estimular o aumento das importações de matérias-primas
asiáticas, mais baratas que as encontradas no mercado nacional, pelos produtores de calçados,
fazendo assim que esses consigam reduzir seus custos de produção.
Outra mudança que se observa na venda ao exterior de calçados nos últimos anos é a elevação
do preço médio e uma redução no volume exportado (CALANDRO, 2007). Isso indica, pelo menos,
uma tentativa das empresas locais de agregação de valor ao produto e uma mudança na realização
dos negócios externos em relação ao que ocorria no passado – grandes volumes de produtos
homogêneos. A necessidade de diferenciação do produto torna-se fundamental para a manutenção
das empresas em mercados fora do Brasil e até mesmo no próprio país, pois se transfere o
diferencial competitivo baseado em custos de produção para o diferencial baseado em qualidade,
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design e marca própria. Desta forma, tenta-se também reduzir o impacto que a valorizações do real
causa no resultado das exportações do setor.
Sendo assim, a perda de mercado externo que vem sofrendo o calçado nacional resulta na
adoção de estratégias como as de produzir fora do Brasil ou em regiões do país que possuam menor
custo da mão-de-obra, de investir em marca própria, em canais de comercialização – reduzindo ou
eliminando assim a dependência das grandes companhias de comércio exterior que dominam o setor
- e em elevar a qualidade do produto. Desenvolver e implementar tais estratégias são considerados
os desafios do APL no momento e representam um caminho para a sustentabilidade das empresas
locais, visto que, de um lado, a concorrência asiática mantém-se forte, e de outro, o deslocamento
de empresas calçadistas para regiões brasileiras que apresentam menor custo da mão-de-obra
encarecem relativamente o calçado gaúcho no mercado nacional.
A concorrência externa não afeta somente o segmento calçadista, mas também outros, como é o
caso do segmento de bens de capital. Para esse, alguns empresários locais acreditam ser necessário
regulamentar melhor os produtos, como a exigência de dispositivos mínimos de segurança na
maquinaria, evitando produtos de baixa qualidade e preço, como é o caso dos chineses.
São questões deste tipo que merecem destaque no que diz respeito ao comércio externo do APL.
O fato do calçado e do couro estarem entre os principais produtos exportados do estado e do
segmento coureiro-calçadista apresentar saldo positivo de balança comercial não torna
desnecessária uma reflexão a respeito de ações que podem potencializar as vendas externas do APL.
3.2 APLs de Móveis – Serra, Hortênsias e Central13
A indústria de móveis no Rio Grande do Sul está concentrada geograficamente e apresenta-se na
forma de arranjos produtivos locais. No estado existem três aglomerações identificadas e apoiadas
por políticas. Essas aglomerações estão localizadas nas regiões da Serra, das Hortênsias - Campos
de Cima da Serra - e Central do estado.
Da mesma forma que o APL Coureiro-Calçadista, trata-se de uma das mais tradicionais
aglomerações do Rio Grande do Sul. O processo de industrialização de móveis no território gaúcho
está relacionado à imigração alemã e italiana do século XIX que se estabeleceu nos municípios da
serra. Segundo Alievi e Vargas14 (2002, p. 171), “a maior concentração de empresas no estado
encontra-se na região da serra gaúcha, que representa um dos pólos mais importantes do setor no
País, seja em termos de volume de produção, seja pelo elevado dinamismo tecnológico das
empresas”. Zawislak, Ruffoni e Vieira (2002) destacaram que a aglomeração da região da serra
responde por mais de 70% do faturamento do setor no estado e que o conjunto de empresas da
região é especializado na fabricação de móveis residenciais, que representam 72% do total
fabricado.
Em termos de exportações, essa indústria recebe destaque, pois a categoria de produto ‘móveis e
suas partes’ compõe a lista dos principais produtos exportados pelo RS. Conforme Bello e
Teruchkin (2007), o total exportado pelo RS de ‘móveis e suas partes’ em 2006 foi um valor
superior a US$ 220 milhões, colocando esse produto no décimo primeiro lugar da lista dos vinte
produtos mais exportados pelo estado. Dentro deste grupo, os móveis de madeira são os mais
comercializados, sendo que os principais destinos foram EUA, Reino Unido, Chile e Argentina.
Vale observar que dados mais recentes informados pela Associação das Indústrias de Móveis do
Estado do Rio Grande do Sul (MOVERGS) a respeito do comércio externo mostram uma
significativa redução da participação dos EUA como principal destino dos móveis gaúchos. De
13
Os autores agradecem os comentários e as contribuições da mestranda Thaísa Lunelli Rodrigues que enriqueceram a redação desta
seção.
14
O estudo de Alievi e Vargas (2002) analisa o arranjo produtivo moveleiro da serra gaúcha e informa que os principais municípios
que o compõe são: Bento Gonçalves, Antônio Prado, Flores da Cunha, Garibaldi, São Marcos e Caxias do Sul. Sendo assim, o estudo
destes autores contempla informações de somente um dos três APLs de Móveis mencionados como ‘identificados e apoiados ‘na
pesquisa em questão. Os APLs da região das Hortênsias – Campos de Cima da Serra – e Central não foram analisados pelos autores.
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janeiro a maio de 2009, a exportação de móveis do estado para os EUA sofreu redução de 33% em
relação ao mesmo período do ano passado. Para o período de janeiro a maio de 2009, os principais
destinos dos móveis do RS no mercado externo foram: Reino Unido, Argentina, Cuba, Uruguai,
Angola e, então, Estados Unidos.
Para compreender melhor as características da balança comercial do segmento moveleiro são
analisadas as informações de exportações e importações para o ano de 2006 para cada um dos três
APLs de Móveis (dados tabulados disponíveis no Apêndice B).
Primeiramente cabe mencionar que todos os três APLs apresentaram uma balança comercial
positiva. O APL da região da Serra Gaúcha foi aquele que apresentou maior volume de exportações
– US$ 195 milhões - e de importações – US$ 33 milhões, seguido pelo arranjo da região das
Hortênsias, com exportações de US$ 37 milhões e importações de US$ 36 mil, e pelo arranjo da
região Central, com volume bastante inferior aos demais de exportações – US$ 6,5 milhões – e de
importações – US$ 9 mil.
Em termos de principais produtos exportados, observou-se que no caso do arranjo da Serra
Gaúcha, 80% do volume exportado foi composto por móveis de madeira para quartos de dormir,
móveis para cozinha e outros móveis de madeira. No caso do arranjo da região das Hortênsias, a
composição que contemplou 67% do volume exportado também foi de móveis de madeira para
quartos de dormir, outros móveis de madeira e madeira de coníferas serradas/cortadas. O arranjo da
região Central foi o único que não teve móveis na lista dos principais produtos exportados, já que o
produto ‘madeiras serradas e cortadas’ representou em torno de 87% da pauta de exportação desse
APL.
No que tange aos principais produtos importados, verificou-se que para o APL da Serra Gaúcha
os produtos mais comprados do exterior foram painéis de madeira, painéis de fibra de madeira e
máquinas e ferramentas para trabalhar a madeira. No arranjo da região das Hortênsias as
importações concentraram-se nos produtos secadores para madeiras, pastas de papel e papéis ou
cartões. Por último, a importação do APL da região Central foi de serragem e resíduos de madeira.
Percebe-se, pelos valores e produtos descritos, que o arranjo da região Central apresentou
debilidade no seu comércio exterior ao exportar principalmente madeira e não o produto de maior
valor agregado. A esse respeito é importante destacar que o grupo de empresas desse APL apresenta
como especialidade a produção de móveis de madeira sob medida, provenientes de trabalho
artesanal, e sendo assim, o destino principal destes é o mercado local. Também vale ressaltar a
questão da importação de máquinas ferramentas pelo APL da Serra Gaúcha, o que parece sinalizar
para a necessidade de melhoria de fornecimento local deste tipo de insumo.
Além dos dados de comércio exterior, também foram verificadas informações a respeito do
comércio por vias internas dos municípios que compõe os APLs em análise. De forma geral,
observa-se que o comércio de produtos diversos dos municípios destes APLs é realizado
principalmente para o estado, sendo que é pequeno o fluxo tanto para outros estados quanto para o
exterior. Essa é uma característica presente no grupo de municípios dos três APLs. No caso dos
municípios que compõe o APL da Serra Gaúcha os valores médios são: 53% de saídas para o
estado, 39% de saídas para outros estados e 8% para o exterior. Para o município de Santa Maria,
onde se localiza o APL da região Central, os valores são: 94,2% de saídas para o estado, 5,6% para
outros estados e somente 0,2% para o exterior. Já para os municípios do arranjo da região das
Hortênsias, os valores médios são: 73% de saídas para o estado, 24% de saídas para outros estados e
3% para o exterior.
É bastante válido atentar que, da mesma forma que ocorre para o setor coureiro-calçadista, a
indústria moveleira é intensiva em trabalho e essa categoria de indústria vem perdendo espaço no
mercado externo, devido à forte concorrência de países que apresentam um custo de mão-de-obra
inferior ao do Brasil. Segundo Garcia (2009), os móveis brasileiros vem perdendo principalmente o
mercado dos Estados Unidos, o qual era o maior comprador até poucos anos atrás, para os produtos
asiáticos.
Em termos de gargalos produtivos foi identificado o problema da falta de fornecedores locais de
MDF ainda durante o primeiro período da política pública do governo do Rio Grande do Sul para
34
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fortalecer APLs, conforme apresentado no Relatório I desta pesquisa. Naquela ocasião houve a
negociação e instalação de uma fábrica de MDF, o Grupo ISDRA, no município de Glorinha, com
vistas a potencializar a indústria moveleira (ALIEVI; VARGAS, 2002). No que diz respeito a essa
questão também identificou-se que em 2006 esse grupo empresarial verificava junto ao Governo do
Estado a possibilidade de ampliar a capacidade produtiva de sua fábrica (SEDAI, 2006).
No que diz respeito ao fornecimento de insumos e gargalos comerciais vale observar que apesar
do arranjo produtivo da serra gaúcha especificamente contar um grupo de fornecedores de insumos
e equipamentos, “a maior parte dos insumos ainda são provenientes de outros estados ou do
Exterior” (ALIEVI; VARGAS, 2002, p. 180). Os autores citam como exemplo de insumos
importantes e provenientes de outras regiões ‘chapas aglomeradas’, ‘acessórios plásticos e metais,
como puxadores e corrediças’.
Outra questão a respeito do fornecimento de insumos no local que deve ser citada e que se
baseia em conhecimento empírico a respeito dos APLs de Móveis é o valor abusivo de
determinadas matérias-primas, tais como ‘chapas de MDF’ e ‘aglomerados’. O fornecimento desses
insumos é dominado por poucas empresas. Além disso, algumas empresas fornecedoras de
matérias-primas são também exportadoras e consideram o mercado externo mais atraente do que o
mercado interno. Também impacta no resultado da balança comercial do setor o fato da importação
de insumos ser uma alternativa interessante - em função do drawback - para as empresas
exportadoras de móveis.
São questões como essas que exigem reflexão quando da definição de ações políticas que
contribuam para a redução das dificuldades comerciais dos APLs e potencializem os resultados do
seu comércio exterior.
3.3 APL de Gemas e Jóias
O arranjo produtivo local gaúcho de gemas e jóias é considerado um dos cinco principais
aglomerados do setor no país. Envolve desde as atividades de extração mineral, nas jazidas
existentes no estado, até a produção e comercialização do produto final – pedras brutas, gemas
lapidadas, artesanatos de pedra, jóias, folheados e bijuterias. Também se destaca por seu potencial
exportador e como importante fonte de emprego nas regiões onde se localiza.
Geograficamente, o arranjo possui cinco regiões com especializações produtivas distintas: (a)
Ametista do Sul e Salto do Jacuí onde se concentram as atividades de extração e beneficiamento
mineral; (b) Soledade e Lajeado, com o beneficiamento mineral, lapidação de gemas e fabricação de
artefatos de pedras como atividades principais; e (c) Guaporé, especializada na produção de jóias,
jóias folheadas e bijuterias.
Dados da RAIS, referentes ao ano de 2006, mostram que existem no Rio Grande do Sul 432
empresas, responsáveis pela geração de mais de 3.700 empregos diretos, atuando nas atividades15
de: extração de pedras preciosas e semipreciosas (classe 08.93-2); fabricação de artefatos de pedras
(classe 23.99-1); metalurgia dos metais preciosos (classe 24.42-3); lapidação de gemas e fabricação
de artefatos de ourivesaria e joalheria (classe 32.11-6); e fabricação de bijuterias e artefatos
semelhantes (classe 32.12-4). Dos 432 estabelecimentos existentes no estado, 223, ou seja,
aproximadamente 52%, localizam-se nas regiões dos municípios selecionados. A grande maioria
destes estabelecimentos (99%), que têm como atividade principal uma das cinco antes elencadas,
são empresas de micro e pequeno porte.
A observação das saídas de produtos diversos (vendas) dos cinco principais municípios do APL
– apresentadas na Tabela 18 – retrata que, no período entre 1998 e 2002, essas localidades
estiveram, predominantemente, voltadas para o mercado local e regional. A média de participação
das saídas para outros municípios gaúchos ficou em 72% no total do período. Já o mercado
15
Conforme classificação nacional de atividades econômicas (CNAE) do IBGE, versão 2.0.
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regional, composto pelos demais estados brasileiros, absorveu cerca de 20% no período; enquanto o
mercado externo correspondeu a aproximadamente 8%.
Tabela 18 – Saídas dos Principais Municípios do APL de Gemas e Jóias - 1998 a 2002
(Em R$)
Fonte: RS / SEFAZ (2009).
Obs.: Valores nominais em reais R$ 1.000. “SE” = saídas no estado. “SOE” = saídas outros estados. “S” = saídas totais. “X” =
exportações (saídas para o exterior).
Dos municípios selecionados, Guaporé e Lajeado, onde se concentram as atividades industriais
do arranjo, destacaram-se no mercado regional, atingindo 17% e 22%, respectivamente,
considerando a média total do período. Soledade, município reconhecido nacional e
internacionalmente como a “capital das pedras preciosas”, destacou-se nas exportações de produtos
diversos, chegando a uma média de participação nas saídas de 25% para o período.
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Em relação às exportações dos principais municípios do arranjo, para o ano de 2006, tem-se um
montante superior a US$ 57 milhões, como pode ser observado na Tabela 19. Dentre os principais
tipos de produtos exportados, destacam-se: as pedras preciosas trabalhadas ou em bruto (com cerca
de US$ 38 milhões); artefatos de pedra (com mais de US$ 8 milhões); artigos de joalheria folheados
a metais preciosos (com cerca de US$ 5 milhões); e artigos de bijuterias de metais comuns (com
mais de US$ 3 milhões).
Tabela 19 – Principais Produtos Exportados pelos Principais Municípios do APL de Gemas e
Jóias em 2006
(Em US$ FOB)
Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b).
Quanto às importações dos principais municípios do APL – Tabela 20 – tem-se um valor de
US$ 664 mil para o ano de 2006. Dois tipos de produtos destacam-se dentre os importados: as
pedras preciosas semi-trabalhadas ou em bruto (com mais de US$ 544 mil) e máquinas e
ferramentas para a indústria de beneficiamento / transformação mineral e de jóias (com cerca de
US$ 83 mil). Apesar de não se apresentar tão representativa no total dos principais produtos
importados, dois outros tipos de produtos merecem atenção: (a) obras e artefatos de pedra, os quais
confirmam uma carência local no desenvolvimento de artigos melhor elaborados; e (b) a prata para
a indústria joalheira, uma vez que não existe um número razoável de fornecedores locais no estado
para metais preciosos.
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Tabela 20 – Principais Produtos Importados pelos Principais Municípios do APL de Gemas e
Jóias em 2006
(Em US$ FOB)
Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b).
3.4. APL Têxtil e de Confecções da Região das Hortênsias
O arranjo produtivo local do setor têxtil e de confecções, da Região das Hortênsias, tem Nova
Petrópolis como município principal. O APL tem como principal produto artigos de malharia, sendo
que 95% correspondem às malhas retilíneas.
Uma breve análise das saídas, ou seja, das vendas de produtos dos três municípios selecionados
do APL – apresentados na Tabela 21 – mostra que, entre os anos de 1998 a 2002, o arranjo esteve
voltado ao mercado local e regional. A média de participação das saídas para dentro do estado ficou
próxima de 73% no período. Já as vendas para outras localidades do país mostraram uma tendência
de elevação, chegando a uma média no período superior a 20%. As exportações dos três municípios
selecionados do APL representaram pouco mais de 4% do total das saídas. O município de
Gramado destacou-se nas saídas para o exterior, com uma média de participação em torno de 7%.
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Tabela 21 – Saídas dos Municípios Selecionados do APL Têxtil e Confecções / Hortênsias 1998 a 2002
(Em R$)
Fonte: RS / SEFAZ (2009).
Obs.: Valores nominais em reais R$ 1.000. “SE” = saídas no estado. “SOE” = saídas outros estados. “S” = saídas totais. “X” =
exportações (saídas para o exterior).
Quando a análise do comércio exterior do arranjo se expande, abrangendo todos os 17
municípios que compõem a área geográfica do APL, as exportações mostram-se pouco
representativas (cerca de US$ 38 mil), conforme dados do MDIC referentes ao ano de 2006. O
principal produto exportado, no caso, foi outros teares retilíneos motorizados.
As importações do arranjo – ver a Tabela 22 – chegam a um montante que ultrapassa US$ 871
mil para o ano de 2006. São dois tipos de produtos relevantes dentre os importados: os tecidos (com
mais de US$ 495 mil) e as máquinas e equipamentos para a indústria têxtil (com cerca de US$ 358
mil). Os tecidos e as máquinas corresponderam por 98%, aproximadamente, da pauta de importação
do APL.
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Tabela 22 – Principais Produtos Importados pelos Principais Municípios do APL Têxtil e
Confecções / Hortênsias em 2006
(Em US$ FOB)
Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b).
Trata-se, portanto de um APL com saldo negativo na sua balança comercial, sugerindo uma
reflexão a respeito dos gargalos comerciais observados, como o da importação de bens de capital,
por exemplo.
3.5 APL de Vitivinicultura da Serra16
A origem do arranjo produtivo da vitivinicultura da Serra Gaúcha remonta o início da
colonização italiana no RS. A cultura do vinho no RS pode ser dividida em dois grandes momentos:
a) de 1875 a 1915, onde a produção de produtos da uva era destinado ao consumo familiar e local; e
b) a partir de 1915, com a inauguração da estrada de ferro que ligava Caxias do Sul a Montenegro,
possibilitando o escoamento de produtos coloniais para as principais localidades do estado e do país
(FARIAS, 2009).
A indústria brasileira de vinhos é concentrada, tanto em termos da quantidade e localização das
principais empresas produtoras, quanto ao consumo. Cerca de 90% da produção nacional de vinhos
está concentrada no Rio Grande do Sul, notadamente na Serra Gaúcha. O consumo também é
concentrado. Em meados da década de 1990, o consumo per capita médio de vinhos no Brasil era
de 1,91 litros, com grandes variações regionais: 5,77 litros no Rio Grande do Sul e 27 litros na Serra
Gaúcha (WRIGHT et al., 1992). O mercado de vinhos no Brasil compreende basicamente os vinhos
de consumo corrente ou vinhos comuns, produzidos a partir de uvas de variedades americanas e
híbridas, e vinhos finos, que são elaborados a partir de uvas de castas nobres (Vitis Vinífera).
Na região da Serra Gaúcha, a vitivinicultura abrange uma área de 27,0 mil hectares e 620
vinificadoras, de acordo com o Instituto Brasileiro do Vinho (IBRAVIN). O RS, com destaque para
cerca de treze municípios da Serra, desempenha sozinho papel semelhante a Mendonza e San Juan,
16
Nesta seção contou-se com a colaboração do mestrando Cláudio Vinícius Silva Farias, cujas contribuições enriqueceram a
análise.
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os dois principais pólos produtores de vinhos da Argentina. Em termos de vinhos finos, o RS
responde por praticamente toda a produção brasileira, sendo que existem outras duas localidades de
produção no país, em Santa Catarina e Pernambuco (FARIAS, 2009). Existem aproximadamente
18.000 estabelecimentos rurais no solo gaúcho, mais de 80% pertencentes a viticultores. As
propriedades são tipicamente minifundiárias, com marcante característica de produção familiar,
com área média de 16 hectares (MELLO, 2002). Para além das questões de aglomeração
geográfica, a presença de inúmeras instituições de ensino, pesquisa e fomento, cujo objetivo
principal se vincula à produção da uva e do vinho, transformam a região da Serra Gaúcha no maior
APL de vinhos do país.
A análise dos dados de exportações e importações dos principais produtos dos seis maiores
municípios deste APL (Antônio Prado, Bento Gonçalves, Carlos Barbosa, Caxias do Sul, Flores da
Cunha e Garibaldi), para o ano de 2006, revelaram que a balança comercial do setor é positiva, com
um saldo de quase US$ 3 milhões. Esse dado, no entanto, não reflete a realidade que vive o setor e
o APL frente à presença majoritária dos vinhos importados no mercado nacional. Isso, como será
visto de forma mais detalhada, tem moldado a dinâmica interna do APL e das firmas que compõem
os elos da cadeia produtiva da uva e do vinho de forma mais ampla. Tal situação decorre do fato de
que as exportações são realizadas pelas firmas do APL, mas as importações de produtos
concorrentes não se dão no RS, mas pelos grandes importadores de vinhos e pelas grandes redes de
varejo de supermercados do país.
O setor vitivinícola, especialmente as empresas focadas na produção de vinhos finos, tem
sofrido com a pressão dos produtos importados no mercado brasileiro. Segundo Mello (2007), em
2007, foram importados 57,63 milhões de litros de vinhos finos, o que representou 71,36% do vinho
fino comercializado no Brasil. Enquanto a quantidade de vinhos finos nacionais comercializados no
país nesse ano, situou-se no mesmo patamar de 2003, os importados cresceram 115%. O aumento
na circulação de mercadorias no cenário internacional, em decorrência da globalização da economia
aliada aos excedentes crescentes de vinhos e a taxa de câmbio, que favoreceram as importações,
tem colocado o setor de vinhos finos brasileiros em condições desfavoráveis. Em que pese este
cenário, o setor está investindo no aumento da qualidade dos vinhos e na promoção de indicações
geográficas buscando a valorização do produto pelos valores territoriais e culturais.
Estão também fortemente aglomeradas na Serra Gaúcha, as empresas que vendem insumos,
equipamentos e utensílios (estes empregados na “embalagem” do vinho – rolhas, rótulos, caixas,
etc.).
As saídas (vendas) de produtos diversos dos seis municípios selecionados do arranjo
demonstram que, entre os anos de 1998 a 2002, o APL de Vitivinicultura da Serra teve como
principais mercados de destino os demais municípios gaúchos e outros estados brasileiros. Como é
possível observar na Tabela 23, a média de participação das saídas para o mercado local foi de
pouco mais de 53%, enquanto a média para o mercado regional ficou em 39% aproximadamente, ao
longo do período. Se por um lado tal concentração promove o crescimento endógeno da região, por
outro fragiliza pequenos produtores de uva (via minimização dos preços pagos).
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Tabela 23 – Saídas de Municípios Selecionados do APL Vitivinicultura / Serra Gaúcha
- 1998 a 2002
(Em R$)
Fonte: RS / SEFAZ (2009).
Obs.: Valores nominais em reais R$ 1.000. “SE” = saídas no estado. “SOE” = saídas outros estados. “S” = saídas totais. “X” =
exportações (saídas para o exterior).
Ao mercado externo foram destinados, no período analisado, cerca de 8% das saídas dos
municípios selecionados. Carlos Barbosa e Flores da Cunha foram os destaques nas exportações,
com uma média de participação nas saídas em torno de 21% e 16% respectivamente. Isso pode estar
relacionado com o crescente desempenho das vendas externas de espumantes (Carlos Barbosa) e de
sucos de uva (Flores da Cunha), como poderá ser observado nas tabelas a seguir. Os municípios
selecionados totalizaram um valor exportado de produtos relacionados ao arranjo superior a US$ 17
milhões.
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Quanto aos tipos de produtos exportados dos municípios selecionados do APL, apresentados na
Tabela 24, destacam-se: os sucos (com mais de US$ 9 milhões); as máquinas para a indústria de
vinhos e sucos (com cerca de US$ 6 milhões); e os vinhos (com pouco mais de US$ 1 milhão).
Merece destaque o suco de uva, que nos últimos anos vem crescendo sua participação, tanto no
mercado interno quanto externo. No mercado nacional, as vendas de suco de uva cresceram 51,33%
no período de 2001 a 2006, com um incremento de 9% de 2005 para 2006. No mercado externo, de
2001 a 2006, o crescimento nas exportações de suco foi da ordem de 27,99%, porém com uma
queda de 26% de 2005 para 2006 (UVIBRA, 2009).
Tabela 24 – Principais Produtos Exportados pelos Municípios Selecionados do APL de
Vitivinicultura / Serra Gaúcha em 2006
(Em US$ FOB)
Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b).
Além da já mencionada concentração da produção e comercialização de uva, vinhos e seus
derivados, ocorre na região da Serra Gaúcha também a concentração de empresas de bens de capital
destinados à vinificação (indústria de máquinas de bebidas), que se diferenciam das demais firmas
produtoras de máquinas para a indústria de bebidas pela proximidade geográfica dos clientes
(vinícolas), facilitando o estabelecimento de relações entre estas de forma mais consistente. Isso
porque, apesar de sofrerem com a concorrência de inúmeras empresas estrangeiras e de outros
estados do país, que mantém escritórios e representantes da Serra Gaúcha, as firmas locais ganham
com o conhecimento (e reconhecimento) das vinícolas instaladas no APL, além de oferecerem
maiores facilidades em termos de custos e contratos de manutenção.
Recentemente a imprensa divulgou dados da Organização Internacional da Vinha e do Vinho
(OIV) que apontam que a produção brasileira de vinhos registrou a marca de 3,2 milhões de
hectolitros em 2007, mesmo nível de 2005, depois da queda para 2,372 milhões registrada em 2006.
No entanto, o índice se situa abaixo do recorde de 2004, quando foram produzidos 3,925 milhões de
hectolitros. A tendência é de crescimento da produção, principalmente em resposta ao aumento das
áreas de cultivo de uva. Os 66 mil hectares em 2001 aumentaram para 94 mil em 2006. Por
enquanto, a produção nacional está voltada para o mercado interno, em alta desde o começo desta
década. As exportações continuam pequenas, com 34 mil hectolitros em 2007, 36 mil em 2005 e 30
mil em 2004. Em todo caso, o país se consolida como o quinto maior produtor de vinhos do
hemisfério sul com os dados de 2006, sendo superado no mundo apenas por Argentina (14,864
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milhões de hectolitros), Austrália (10,3 milhões), África do Sul (8,9 milhões) e Chile (8,4
milhões)17.
Para Farias e Campregher (2008), as dificuldades em transformar as empresas vinícolas
nacionais tradicionais em empresas competitivas e inseridas internacionalmente podem ser assim
apontadas: a) dificuldades macroeconômicas (as inúmeras modificações na política econômica do
país, que afetam em maior ou menor ponto, diversos setor industriais, entre eles o setor vitivinícola
– muito especialmente afetado pelas políticas cambiais ao longo do tempo); b) dificuldades
climáticas (o somatório de diversas características geoclimáticas do RS tem sido uma grande
barreira à produção de vinhos finos de melhor qualidade enológica); c) dificuldades de coordenação
(pelo grande número de empresas que constituem o setor, concorrentes localmente, há uma grande
dificuldade de coordenação de atividades e interesses – tal situação pode ser comprovada pela
existência de cerca de treze associações representativas do setor, sediadas no RS, especialmente na
Serra Gaúcha).
As importações dos municípios selecionados – que podem ser observadas na Tabela 25 –
chegaram a um montante aproximado de US$ 15 milhões em 2006. Os tipos de produtos que se
destacam dentre os importados estão: os vinhos, especialmente os espumantes (com mais de US$ 8
milhões); os sucos (com um valor superior a US$ 2 milhões); rolhas e outros tipos de tampa de
materiais diversos e máquinas para a indústria de vinhos e sucos (ambas com mais de US$ 1
milhão).
Tabela 25 – Principais Produtos Importados pelos Municípios Selecionados do APL de
Vitivinicultura / Serra Gaúcha em 2006
(Em US$ FOB)
Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b).
O consumo de vinhos finos no Brasil (resultado da produção mais importação) foi de 68,9
milhões de litros em 2006 (Tabela 26).
17
Produção de vinhos no Brasil volta a subir em 2007 (Jornal do Comércio, 05/07/2007, p. 23).
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Tabela 26 – Produção Brasileira de Vinhos Finos e Importação (milhões de litros)
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
Importado
29,3
28,0
24,2
26,8
36,0
37,5
46,4
Nacional (finos)
34,1
28,6
25,4
23,3
19,7
21,9
22,5
Total
63,4
56,6
49,6
50,1
55,7
59,4
68,9
Fonte: UVIBRA (2007).
A produção brasileira de espumantes, em 2006, atingiu um volume de 7,7 milhões de litros e o
consumo total, adicionando-se a importação, foi de 12,2 milhões de litros (Tabela 27).
Tabela 27 – Produção Brasileira de Espumantes e Importação (milhões de litros)
2000
2001 2002 2003 2004
2005 2006
Importado 1,8
1,9
2,4
2,5
3,0
3,4
4,5
Nacional
4,3
4,5
4,2
4,8
5,5
6,7
7,7
Total
6,1
6,4
6,6
7,3
8,5
10,1
12,2
Fonte: UVIBRA (2007).
Na análise das importações, os países que mais exportaram espumantes para o Brasil em 2006
foram a Argentina (37,4%), seguida pela Itália (30,8%) e pela França (24%)18. No caso dos vinhos
finos, os países que mais exportaram para o Brasil em 2006 foram o Chile (32,8%), seguido da
Argentina (25,7%) e Itália (17,2%), representando 75% dos 46 milhões litros de vinhos finos
importados naquele ano19. Assim, são esses os maiores concorrentes do Brasil no mercado
internacional na questão de espumantes e vinhos finos, onde a qualidade de alguns produtos
brasileiros (notadamente espumantes) se equiparam com a dos demais países, sendo que o Brasil
possui ainda uma vantagem competitiva relativa ao baixo custo.
Para aumentar a competitividade dos vinhos da região, através da melhoria da matéria-prima e
racionalização dos custos de produção, segundo Protas et al. (2002), faz-se necessário uma maior
modernização dos vinhedos tradicionais e improdutivos do RS, a partir de uma política de
reconversão sintonizada com as exigências e oportunidades do mercado, e de uma política fiscal
que equipare os tributos incidentes sobre o produto brasileiro aos dos nossos competidores.
3.6 APL de Doces e Conservas
O APL de doces e conservas está situado na Região Sul do Rio Grande do Sul, nucleado pelo
município de Pelotas. De acordo com Castilhos (2007), fazem parte deste arranjo, além dos
pequenos e médios fabricantes de conserva, principalmente de pêssego, também os fruticultores
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União Brasileira de Vitivinicultura (2007).
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Idem
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dessa mesma região (ao redor de Pelotas), alguns grandes proprietários rurais e outros médios e
pequenos.
Ainda segundo Castilhos (2007, p. 254), “o APL de Doces e Conservas caracteriza-se por sua
extrema especialização na elaboração do pêssego, ligada a uma estrutura socioeconômica muito
conservadora, que conduz a uma ineficiente utilização dos recursos, em particular do trabalho”. Este
fato leva à baixa qualificação da mão-de-obra e a dificuldade em avançar nas relações
institucionais. Ainda, quando há alguma iniciativa para inovar ou mesmo cooperar, essas partem de
indivíduos isoladamente, o que não auxilia na concorrência com os grandes supermercados.
Um ponto de conflito, entre os diversos elos da cadeia, está na negociação de preços entre
produtores e empresários. Além disso, tais conflitos entre produtores rurais e empresários ou entre
empresários e trabalhadores acabam barrando o progresso de projetos voltados para o
desenvolvimento de pesquisa na área de controle e qualidade, aumento da produtividade,
rastreabilidade, entre outros.
A Tabela 28 a seguir, elaborada com base nos dados da Secretaria da Fazenda do Estado do Rio
Grande do Sul, apresenta dados do município de Pelotas, referente às saídas (vendas) de produtos
diversos no período compreendido entre os anos de 1998 e 2002. No que diz respeito às saídas
dentro do próprio estado, nota-se, em todo o período, uma elevação constante e gradativa dos
valores comercializados, mantendo uma média em torno dos 73%.
Nas saídas para outros estados, por sua vez, houve variações nos valores durante o período, com
uma média superior aos 23%. As exportações, apesar de representarem pouco mais de 4% na média
para o total do período, tiveram uma grande variação positiva dentre os anos estudados, passando de
R$ 16.273, no ano de 1998, para R$ 173.354, no ano de 2002.
Tabela 28 – Saídas do Principal Município do APL de Doces e Conservas - 1998 a 2002
(Em R$)
Fonte: RS / SEFAZ (2009).
Obs.: Valores nominais em reais R$ 1.000. “SE” = saídas no estado. “SOE” = saídas outros estados. “S” = saídas totais. “X” =
exportações (saídas para o exterior).
Em relação às saídas para o exterior, dados mais recentes referentes ao ano de 2006, mostram
um montante exportado próximo aos US$ 2 milhões, conforme pode ser observado na Tabela 29.
Os principais produtos exportados foram frutas frescas ou secas e os doces e pastas de frutas,
representando mais de 70% das exportações.
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Tabela 29 – Principais Produtos Exportados pelos Principais Municípios do APL de Doces e
Conservas em 2006
(Em US$ FOB)
Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b).
Já os dados de importações, apresentados na Tabela 30, totalizaram um montante superior aos
US$ 850 mil. Os principais produtos importados foram frutas trabalhadas ou preparadas de alguma
forma – revelando uma possível carência de matéria-prima.
Tabela 30 – Principais Produtos Importados pelos Principais Municípios do APL de Doces e
Conservas em 2006
(Em US$ FOB)
Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b).
3.7 APLs de Máquinas e Implementos Agrícolas – Pré-colheita, Colheita e Pós-colheita
Nos arranjos de máquinas e implementos agrícolas intitulados de pré-colheita, colheita e póscolheita estão localizadas a maioria das empresas de máquinas e implementos agrícolas do Rio
Grande do Sul, e inclusive, as plantas das duas maiores empresas de maquinário agrícola do
estado: AGCO e John Deere. No entanto, não reúnem territorialmente todos os diferentes
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segmentos que integram a sua cadeia produtiva, pois muitos fornecedores de insumos e
equipamentos estão situados em outras regiões do estado, do Brasil ou mesmo no exterior.
Conforme Tatsch (2006), essa grande concentração da indústria de máquinas e implementos
agrícolas no Rio Grande do Sul, e, em especial, na região noroeste do estado, deve-se às questões
históricas relativas ao início do plantio agrícola e ao processo de mecanização, assim como à
posição estratégica em relação ao Mercosul. Vê-se, em anos recentes, uma expansão das grandes
fronteiras agrícolas para a Região Centro-Oeste e, em parte, para as regiões Norte e Nordeste do
Brasil, porém, a indústria de maquinário agrícola continua bastante concentrada em sua região de
origem, o que está, sem dúvida, atrelado às especificidades e às externalidades relacionadas a essa
aglomeração.
Como a própria denominação já indica, esses arranjos têm sua produção voltada particularmente
para a fabricação de máquinas e implementos agrícolas, abarcando um conjunto de empresas de
tamanhos diversos. Compreende, assim, uma estrutura heterogênea, da qual fazem parte empresas
de grande porte, de capital estrangeiro, produtoras de maquinário automotriz, voltadas para os
mercados nacional e internacional, mas também empresas de grande e médio portes, de capital
nacional, que fabricam implementos agrícolas de tração mecânica tanto para o mercado doméstico
quanto para o externo. Há, ainda, empresas de menor tamanho, de capital nacional, produtoras de
equipamentos de menor complexidade, voltados para o mercado nacional, mas principalmente para
o regional (TATSCH, 2006).
Nos arranjos também estão presentes várias empresas produtoras de peças e componentes para as
firmas fabricantes de equipamento agrícola de uso final. Tais empresas fabricam uma gama diversa
de produtos, com níveis tecnológicos diferentes e escalas de produção distintas. No geral, elas são
de pequeno e médio portes, com capital nacional e gestão familiar. Normalmente, estabelecem
relações de subcontratação com aquelas produtoras de maquinário automotriz. Ocorre também de
uma mesma empresa fabricar componentes para uma montadora de maquinário automotriz e, ao
mesmo tempo, ofertar outros equipamentos agrícolas de uso final com sua própria marca. Contudo,
há uma parcela dessas empresas que confecciona peças, componentes e sistemas não
exclusivamente para o segmento de equipamentos agrícolas, mas para diversos outros mercados,
como o automobilístico (TATSCH, 2006).
Pode-se dizer, então, que o núcleo produtivo central desses arranjos está baseado nos segmentos
comentados, que são os produtores de equipamentos agrícolas de uso final, de complexidades
tecnológicas diversas, e os fabricantes de peças e componentes. Há também uma oferta de serviços
diversos. Dentre estes, podem-se citar aqueles que são etapas do processo produtivo, como fundição
e usinagem, e que são normalmente terceirizados, mas há também outros, como manutenção e
assistência técnica. Existem empresas que prestam serviços de contabilidade e de informática às
demais firmas, bem como as que oferecem serviços de segurança, alimentação e limpeza. Contudo,
existe um elenco significativo de firmas fornecedoras de matérias-primas e insumos, e até mesmo
de peças, assim como de equipamentos de fabricação (máquinas-ferramentas) que se encontram
fora dessa estrutura produtiva regional, instalados em outras regiões ou fora do País (TATSCH,
2006).
Logo, considera-se que a densidade desses arranjos, no que diz respeito à concentração territorial
dos diferentes segmentos que compõem essa cadeia produtiva de maquinário agrícola, é de natureza
intermediária ou baixa. No entanto, o grau dessa densidade pode variar em razão do porte da
empresa em consideração e pelas várias características decorrentes do tipo de produto ofertado. Isto
é, as pequenas firmas, por exemplo, conseguem mais facilmente suprir suas demandas de
componentes localmente, diferentemente das grandes empresas produtoras de maquinário
automotriz, que, dada a complexidade de seus produtos e os padrões tecnológicos que seguem,
necessitam buscar fornecedores especializados em diversos lugares fora dos arranjos. Assim, os elos
dessa estrutura produtiva podem ser, em algumas situações, mais locais e, em outras circunstâncias,
nem tanto (TATSCH, 2006).
Também por ser diverso o alcance da produção das empresas dos arranjos, ou seja, por atuarem
em nichos de mercado com requisitos de complexidade tecnológica diferentes, as estruturas de
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governança implícitas a cada segmento de mercado não são idênticas e possuem especificidades. No
caso das grandes empresas produtoras de maquinário automotriz, suas matrizes, já que possuem
capital estrangeiro, influenciam suas trajetórias de desenvolvimento, bem como sua capacitação
produtiva e inovativa. As grandes e médias empresas nacionais, ao buscarem inserir-se em
mercados internacionais, procuram ter como parâmetro as empresas líderes de mercado. Já as
pequenas vêem, tanto nestas empresas nacionais quanto nas multinacionais, exemplos a serem
seguidos e imitados (TATSCH, 2006).
Dito isso, vale ainda comentar alguns aspectos atinentes às peculiaridades de cada região onde os
APLs se situam. No entorno de Santa Rosa, observa-se a predominância de firmas menores, que, na
maioria dos casos, fabricam peças e componentes para as montadoras de maquinário agrícola de
maior porte e complexidade. Essas empresas fabricantes de peças e componentes, na maior parte
das vezes, são subcontratadas daquelas fabricantes de maquinário automotriz (tratores e
colheitadeiras). No entanto, algumas delas produzem, além dessas peças, implementos agrícolas
mais simples. Nessa região, localizam-se ainda importantes empresas de maior porte, como a
AGCO, em Santa Rosa, e a John Deere, em Horizontina, que produzem máquinas automotrizes, e
também a Fankhauser, em Tuparendi. Tanto a AGCO quanto a John Deere são grandes
responsáveis pela demanda de produtos das demais firmas de menor porte que se situam ao redor
delas. Percebe-se que, de maneira geral, existem relações de subcontratação de natureza estável,
que, na maioria das vezes, envolvem relações de cooperação e de aprendizado. Verifica-se,
portanto, que essas duas grandes empresas influenciam a trajetória de desenvolvimento e de
capacitação produtiva e até inovativa de outras empresas dos arranjos (TATSCH, 2006).
Já nos municípios próximos a Passo Fundo, sobretudo, em Não-Me-Toque e Carazinho,
prevalecem empresas que fabricam maquinário e implementos agrícolas propriamente. Dentre elas,
podem-se citar a Semeato e a Kuhn Metasa em Passo Fundo, a Stara, a Jan, a Grazmec e a Stahar
em Não-Me-Toque, a Max e a Gihal em Carazinho.
No entorno de Ijuí, vê-se uma menor especialização em equipamentos agrícolas, embora lá esteja
uma tradicional empresa gaúcha, a Imasa. Em Ibirubá, estão a Vence Tudo e a Fortaleza. Já em
Panambi, há uma forte concentração de firmas do ramo metal-mecânico, porém, muitas empresas
fabricam componentes e sistemas para vários setores, especialmente para o automobilístico, e
também, em alguns casos, para a indústria de equipamentos agrícolas, como é o caso da Fockink e
da Bruning e de outras de menor porte. Ao não direcionarem toda a sua produção ao segmento de
maquinário agrícola, essas empresas procuram diversificar produtos e clientes, ao atenderem outros
mercados, não ficando à mercê das oscilações inerentes à demanda dos produtores agrícolas. Em
Panambi, está também a Kepler e Weber, grande empresa produtora de silos para armazenagem de
grãos (TATSCH, 2006).
Feita essa contextualização, analisam-se a seguir os indicadores relativos ao comércio
interestadual e externo destes APLs. Primeiramente, na Tabela 31 adiante, apresentam-se os dados
referentes ao comércio por vias internas, especialmente as saídas para o próprio estado, mas
também para outras unidades da federação, bem como para o exterior, no período compreendido
entre os anos de 1998 a 2002. As informações são atinentes aos principais municípios dos APLs,
quais sejam: Horizontina, Marau, Panambi, Santa Rosa, Ijuí, Três Passos, Três de Maio e Cândido
Godói.
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Tabela 31 – Saídas dos Principais Municípios do APL de Máquinas e Implementos Agrícolas 1998 a 2002
(Em R$)
Fonte: RS / SEFAZ (2009).
Obs.: Valores nominais em reais R$ 1.000. “SE” = saídas no estado. “SOE” = saídas outros estados. “S” = saídas totais. “X” =
exportações (saídas para o exterior).
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A partir das informações da Tabela 31, verifica-se que os municípios de Marau, Ijuí, Santa Rosa
e Horizontina foram aqueles que alcançaram os maiores valores de vendas em 2002, ultrapassando,
em todas as situações, o montante de um milhão de reais.
Ainda ao examinarem-se os municípios da Tabela, percebe-se que dentre eles, apenas
Horizontina vende mais para outros estados brasileiros do que para o próprio Rio Grande do Sul.
No caso desse município, enquanto as saídas para outros estados atingiram a média, no período de
1998 a 2002, de 55% do total da vendas; as saídas para o próprio estado e para o exterior, no mesmo
período, foram em média de 30% e 15%, respectivamente, do total vendido. É também esse o
município que mais exporta em relação ao total de suas saídas. Em todos os demais municípios,
essa relação é distinta, isto é, as vendas no próprio estado superam aquelas para os demais estados e
para o exterior. Nos casos de Ijuí, Três de Maio e Cândido Godói as vendas no próprio RS atingem
noventa por cento ou mais.
Particularmente com relação ao Comércio Externo, exportações e importações, pode-se ainda
aprofundar a análise a partir das informações obtidas via Sistema ALICE junto ao MDIC (dados
tabulados disponíveis no Apêndice C).
No APL de Máquinas e Implementos Agrícolas Pré-colheita, no ano de 2006, destacou-se a
exportação de ‘semeadores e adubadores’, que atingiu um valor de US$ 9.489.206, representando
44% do total dos principais produtos exportados pelos principais municípios do APL. Em segundo
lugar, aparecem ‘partes de máquinas e aparelhos agrícolas para preparação do solo’, que alcançaram
o valor de US$ 1.923.588, embora bastante inferior daquele alcançado pelos produtos listados em
primeiro lugar. Na seqüência, os seguintes produtos podem ser ainda elencados dado o valor de suas
receitas: ‘outras maquinas e aparelhos para agricultura, horticultura, etc’; ‘outros semeadores,
plantadores e transplantadores’; e ‘ceifeiras-debulhadoras’, cujos valores foram, respectivamente,
US$ 1,731 milhão, US$ 1,449 milhão, e US$ 1,005 milhão.
No que diz respeito às importações do APL Pré-colheita em 2006, ganhou destaque a
importação de máquinas-ferramentas a laser para corte de chapas metal (no valor de US$ 878 mil) e
de caixas de transmissão/redutores de velocidade (no valor de US$ 826.884), que atingiram
respectivamente 20% e 18,7% do total dos principais produtos importados pelos principais
municípios do APL.
No APL de Máquinas e Implementos Agrícolas Colheita, no ano de 2006, houve destaque
na exportação de ‘outros tratores’, no valor de US$ 56,149 milhões e de ‘ceifeiras-debulhadoras’,
cujo montante vendido alcançou US$ 55,753 milhões, representando em conjunto 61% (31% e 30%
respectivamente) do total dos principais produtos exportados. Logo em seguida, a exportação de
‘outras máquinas para a colheita’, no valor de US$ 34,032 milhões (19% do total) e de ‘partes de
outras máquinas para colheita’, totalizando US$ 24,389 (13,6% do total exportado no ano de 2006,
que foi de U$ 180,335 milhões). Outros produtos exportados que estão logo abaixo são os
‘semeadores e adubadores’ com 1,2% (US$ 2.130.967) do total exportado, e os demais produtos
tiveram valores inferiores a esses acima mencionados.
No que se refere às importações do APL de Máquinas e Implementos Agrícolas Colheita, o
valor mais elevado atingido no ano de 2006, foi com ‘outros motores diesel/semidiesel’, totalizando
um valor de US$18,105 milhões; seguido de ‘outras partes e acessórios para tratores e veículos
automóveis’, US$ 13,207 milhões, ambos representando aproximadamente a metade do total do
valor exportado dentre os principais produtos (28,5% e 20,1% respectivamente). Logo após, foram
exportadas ‘partes de outras máquinas e aparelhos para colheita’, num valor de US$ 10,861 milhões
(17% do total), e, ainda, caixas de transmissão/redutores de velocidade’ com 5% do total, o que
significou, em valor, U$ 3,265 milhões.
No APL de Máquinas e Implementos Agrícolas Pós-colheita, os principais produtos exportados
e importados não somam valores altos se comparados com os APLs de Colheita e Pré-colheita, no
mesmo período de 2006. Dentre os produtos vendidos para o exterior, estavam ‘elevadores e montacargas’, totalizando US$ 1,048 milhão, o que significou 28% do total exportado nesse ano. Logo em
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seguida foram as ‘outras obras de plásticos’ e as outras partes e acessórios para tratores e veículos
automóveis’, com valores de US$ 542.935 (14,5%) e US$ 448.909 (12%) respectivamente, do total
exportado no ano, que foi no valor de U$ 3,746 milhões.
Já nas importações, os produtos com maior valor importado foram os ‘centros de usinagem para
trabalhar metais’, no valor de US$ 511.078, o que representou 22,6% do total das importações dos
principais produtos que atingiu o valor de US$ 2,271 milhões no ano de 2006. Os produtos que
tiveram a segunda maior participação foram os ‘robôs para soldar’, com o valor de US$ 265.000
(11,7%).
Levando em conta esse conjunto de informações, vale ressaltar, ao examinarem-se com atenção
vários dos produtos importados, que sua natureza reforça o que foi comentado anteriormente quanto
à cadeia não está completamente internalizada nesses APLs ora em análise. Isto é, a compra de
produtos como pneus, caixas de transmissão, motores, entre outros, indica que esses produtos
necessitam ser ou comprados de fora do país ou mesmo de outros estados brasileiros, especialmente
de São Paulo. As multinacionais, por exemplo, se valem de acordos corporativos mundiais para a
compra deste tipo de produtos.
Por fim, vale sublinhar, em síntese, que os principais mercados das empresas dos arranjos
podem ser tanto o doméstico, seja regional, seja nacional, quanto o externo. Para as firmas de
pequeno porte, mais significância têm os municípios da região enquanto mercado final. O nicho
local aparece com destaque tanto em razão da dificuldade que as pequenas empresas enfrentam de
colocação de seus produtos em outros mercados, seja por questões de logística, seja devido às
especificidades do produto, quanto em função de que, muitas vezes, essas empresas produzem
partes de equipamentos para outras que se localizam perto delas. Para as médias empresas, os
destinos mais relevantes de suas vendas são outros municípios do Rio Grande do Sul que não os
pertencentes ao arranjo e outros estados do Brasil. E, no caso das grandes firmas, são os outros
estados do Brasil que lideram o destino de suas vendas, com grande margem de diferença, mas o
exterior aparece também como importante nicho de mercado, especialmente em anos recentes,
quando sua participação se elevou. Logo, quanto maior o tamanho da empresa, mais possibilidade
ela tem de conquistar mercados distantes e menos expressão tem o local enquanto principal
mercado consumidor (TATSCH, 2006).
Para terminar, é importante fazer algumas considerações finais. Pode-se depreender das
questões analisadas a respeito do comércio exterior no estado que existem fatores qualitativos, além
dos quantitativos referentes aos saldos comerciais, que precisam ser considerados quando da
definição de ações políticas para potencializar os APLs já identificados e apoiados. Esse é o caso,
por exemplo, dos APLs Coureiro-Calçadista e Moveleiro. Ambos apresentaram saldos comerciais
positivos e, em geral, estão bem servidos no que diz respeito ao fornecimento de insumos por
empresas do local. Entretanto, verificou-se que os produtores de calçados e de móveis vêm sofrendo
com a concorrência asiática no mercado internacional e reduzindo suas receitas via exportação. Isso
faz com que as empresas tenham que lidar com diferentes estratégias, que não somente a de redução
de custos e preços, como a de desenvolvimento de canais de comercialização, de agregação de valor
ao produto final, entre outras. Assim, destaca-se a necessidade de se refletir sobre questões deste
tipo quando da definição de ações que visem eliminar gargalos produtivos e comerciais dos APLs.
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Apêndice A – Dados Tabulados Sobre o APL de Couro e Calçados
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Tabela 32 – Saídas dos Principais Municípios do APL de Couro e Calçados - 1998 a 2002
(Em R$)
(Continua)
(Continuação)
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Fonte: RS / SEFAZ (2009).
Obs.: Valores nominais em reais R$ 1.000. “SE” = saídas no estado. “SOE” = saídas outros estados. “S” = saídas totais. “X”
= exportações (saídas para o exterior).
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Tabela 33 – Principais Produtos Exportados pelos Principais Municípios do APL de Couro e
Calçados em 2006
(Em US$ FOB)
Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b).
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Tabela 34 – Principais Produtos Importados pelos Principais Municípios do APL de Couro e
Calçados em 2006
(Em US$ FOB)
Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b).
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Apêndice B – Dados Tabulados Sobre os APLs de Móveis
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Tabela 35 – Saídas dos Principais Municípios do APL de Móveis / Serra - 1998 a 2002
(Em R$)
Fonte: RS / SEFAZ (2009).
Obs.: Valores nominais em reais R$ 1.000. “SE” = saídas no estado. “SOE” = saídas outros estados. “S” = saídas totais. “X” =
exportações (saídas para o exterior).
Tabela 36 – Principais Produtos Exportados pelos Principais Municípios do APL de Móveis /
Serra em 2006
(Em US$ FOB)
Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b).
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Tabela 37 – Principais Produtos Importados pelos Principais Municípios do APL de Móveis /
Serra em 2006
(Em US$ FOB)
Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b).
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Tabela 38 – Saídas dos Principais Municípios do APL de Móveis / Hortênsias - 1998 a 2002
(Em R$)
Fonte: RS / SEFAZ (2009).
Obs.: Valores nominais em reais R$ 1.000. “SE” = saídas no estado. “SOE” = saídas outros estados. “S” = saídas totais. “X” =
exportações (saídas para o exterior).
Tabela 39 – Principais Produtos Exportados pelos Principais Municípios do APL de Móveis /
Hortênsias em 2006
(Em US$ FOB)
Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b).
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Tabela 40 – Saídas do Principal Município do APL de Móveis / Central - 1998 a 2002
(Em R$)
Fonte: RS / SEFAZ (2009).
Obs.: Valores nominais em reais R$ 1.000. “SE” = saídas no estado. “SOE” = saídas outros estados. “S” = saídas totais. “X” =
exportações (saídas para o exterior).
Tabela 41 – Principais Produtos Exportados pelos Principais Municípios do APL de Móveis /
Central em 2006
(Em US$ FOB)
Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b).
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Apêndice C – Dados Tabulados Sobre os APLs de Máquinas e Implementos Agrícolas
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Tabela 42 – Principais Produtos Exportados pelos Principais Municípios do APL de
Máquinas e Implementos Agrícolas / Pré-Colheita em 2006
(Em US$ FOB)
(Continua)
(Continuação da Tabela 42)
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Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b).
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Tabela 43 – Principais Produtos Importados pelos Principais Municípios do APL de
Máquinas e Implementos Agrícolas / Pré-Colheita em 2006
(Em US$ FOB)
Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b).
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Tabela 44 – Principais Produtos Exportados pelos Principais Municípios do APL de
Máquinas e Implementos Agrícolas / Colheita em 2006
(Em US$ FOB)
(Continua)
(Continuação da Tabela 44)
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Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b).
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Tabela 45 – Principais Produtos Importados pelos Principais Municípios do APL de
Máquinas e Implementos Agrícolas / Colheita em 2006
(Em US$ FOB)
(Continua)
(Continuação da Tabela 45)
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Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b).
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Tabela 46 – Principais Produtos Exportados pelos Principais Municípios do APL de
Máquinas e Implementos Agrícolas / Pós-Colheita em 2006
(Em US$ FOB)
Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b).
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Tabela 47 – Principais Produtos Importados pelos Principais Municípios do APL de
Máquinas e Implementos Agrícolas / Pós-Colheita em 2006
(Em US$ FOB)
Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b).
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