XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL
FAUNA DE SOLO ASSOCIADA AO PLANTIO DE DENDÊ
(Elaeis guineensis Jacq.) NO ESTADO DO PARÁ
FAUNA DE SOLO ASSOCIADA AO PLANTIO DE DENDÊ (Elaeis guineensis Jacq.) NO ESTADO DO
PARÁ
Maria Lucia Jardim Macambira - Museu Paraense Emílio Goeldi-CZO/Ent., CP 399, Belém-PA;
extraído da amêndoa. O aproveitamento dos produtos provenientes do dendezeiro é praticamente total. Sistemas
;
Daniel Gonçalves Jardim - Instituto Federal do Pará/Campus Castanhal, BR-316, Km 61, Castanhal (PA), Brasil
[email protected]
Higor Jardim Macambira - Programa de Pós-Graduação em Recursos Renováveis- Instituto Tecnológico Vale, Rua
Boaventura da Silva, 955 , Belém (PA)
INTRODUÇÃO
A Fauna do solo abriga invertebrados de vários táxons que vivem parte ou permanente um ou mais ciclos de vida
no solo. Alguns autores ressaltam a importância da preservação da diversidade da fauna edáfica em ecossistemas
florestais, pela sua relevância no processo de reciclagem de nutrientes e por ser considerada um indicador eficiente
da influência da presença ou ausência de cobertura vegetal (Anderson, 1988; Rovedder et al, 2009; Yang & Chen
2009). O dendê (Elaeis guineensis Jacq.) é uma palmeira de origem africana, chegou ao Brasil no séc. XVI, seu
fruto produz dois tipos de óleo: o óleo de dendê ou de palma, extraído do mesocarpo do fruto e o óleo de palmiste,
agroflorestais (SAFs) integrados com dendezeiros possuem alta capacidade de armazenar carbono e aumentar a
quantidade de nutrientes no solo (Carvalho et al. 2014). Esses sistemas também podem manter elevada a
diversidade de fauna e flora em comparação com outros sistemas agrícolas.O objetivo deste trabalho foi conhecer a
fauna de solo que está associada a plantios de dendê em dois períodos distintos, destacando as ordens mais
abundantes.
MATERIAL E MÉTODOS
O levantamento dos dados foi realizado no município de Tomé-Açu, região nordeste do Pará, cerca de 230 km de
Belém no estado do Pará, em uma propriedade particular com plantio de subsistência de dendê, com cerca de 6
anos idade onde o óleo produzido será revendido para o sustento dos proprietários. Duas coletas foram realizadas:
uma no período chuvoso (Março/Abril2014) e outra no período seco (Agosto/Setembro2014), utilizando
armadilhas Pitfall, consistindo de recipientes plásticos com 12 cm de diâmetro e 10 cm de altura, enterrados, com 4
dias de exposição e usando como conservante formol a 1%, distribuídas em 30 pontos aleatórios na plantação. O
material recolhido foi triado e classificado no Museu Goeldi, em Belém e preservado em álcool a 70%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise faunística registrou um total de 9299 invertebrados, sendo 4824 no período seco e 4475 no período
chuvoso, distribuídos em 17 táxons, onde os mais abundantes foram: Hymenoptera (6819) e Collembola (1846)
nos dois períodos. O terceiro grupo mais abundante no período seco foi Coleoptera (201) e no chuvoso Orthoptera
(117). Pereira et al (2007), coletaram Formicidae como o mais abundante táxon e o referido grupo mostrou ser
sensível às variações no ambiente, sofrendo influência da estrutura vegetal. A freqüência de Hymenoptera,
Collembola e Acari parece ser um padrão observado quando os insetos de solo são comparados entre diferentes
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ambientes (Moço et al., 2005) pois estes animais são considerados pioneiros na ocupação do solo além de utilizá-lo
para forrageamento, abrigo e proteção. Os demais grupos apresentaram abundância moderada. Estudos sobre as
comunidades edáficas indicam que as mesmas são importantes na ciclagem de nutrientes e na melhoria da estrutura
do solo. Segundo Jacobs et al., (2007), a degradação física e química do solo diminui a diversidade de organismos
até se tornar praticamente inexistente, além dos demais fatores ambientais. Carvalho et al. (2014) mostram os
resultados positivos para o acúmulo de carbono e a melhora na fertilidade do solo nesses sistemas. Esse resultado é
um indicativo ambiental importante para garantir a sustentabilidade de sistemas de produção. Solos com mais
nutrientes e estoques de carbono têm maior longevidade na produção e contribuem na mitigação dos impactos das
mudanças climáticas.
CONCLUSÃO
Os resultados obtidos neste estudo evidenciam que o microclima no SAF favorece a abundância de Formicidae e
Collembola , independente do período do ano, indicando um bom potencial da associação da fauna com a
cobertura vegetal
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDERSON, J.M. Invertebrate-mediated transport process in soils. Agriculture Ecosystems and Environment,
Amsterdan, 25:5-14, 1988.
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JACOBS, L.E.; ELTZ, F.L.F.; ROCHA, M.R.; GUTH, P.L.; HICKMAN, C. Diversidade da Fauna Edáfica em
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MOÇO, M.K. da S.; GAMA-RODRIGUES, E. F. da; GAMA-RODRIGUES, A. C. da ; CORREIA, M.E.F.;
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PEREIRA, M. P. dos S.; QUEIROZ, J.M.; VALCARCEL, R.; MAYHÉ-NUNES, A.J.; Fauna de formigas como ferramenta para
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ROVEDDER,A.P.M.; ELTZ, F.L.F.; DRESHER, M.S.; SCHENATO, R.B.; ANTONIOLLI, Z.I. Organismos
edáficos como bioindicadores da recuperação de solos degradados por arenização no Bioma Pampa. Cienc. Rural,
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