XI Salão de
Iniciação Científica
PUCRS
Desenvolvimento de um modelo experimental de hemorragia
subependimária-intraventricular em ratos recém-nascidos
Pâmella Nunes Azevedo1,2, Yanet Chong Juárez Alles2, Samuel Greggio2, Léder Leal Xavier³,
Jaderson Costa DaCosta2
1
Faculdade de Biociências, PUCRS, 2Laboratório de Neurociências, Instituto do Cérebro e Instituto de
Pesquisas Biomédicas (PUCRS), 3Laboratório de Biologia Celular e Tecidual, Departamento de Ciências
Morfofisiológicas, Faculdade de Biociências (PUCRS)
Introdução
A hemorragia subependimária-intraventricular (HS-HIV) é a complicação neurológica
mais comum em recém-nascidos (RNs) prematuros, sendo que sua incidência é inversamente
proporcional ao tempo de gestação. Além de estar associada a altas taxas de mortalidade, a
HS-HIV predispõe a seqüelas neurológicas severas, tais como hidrocefalia pós-hemorrágica,
paralisia cerebral hemiplégica, epilepsia, atraso do desenvolvimento motor e dificuldades de
aprendizagem (Volpe, 2000). Devido aos tratamentos oferecerem apenas um suporte clínico e
a maioria dos RNs acometidos serem assintomáticos, o desenvolvimento de estratégias para
proteger o cérebro imaturo da hemorragia intracraniana torna-se crucial. Desta forma,
modelos animais fidedignos e reprodutíveis são fundamentais para o estudo de novas terapias
e medidas preventivas em HS-HIV. Uma técnica clássica para indução de hemorragia
intracraniana em animais adultos envolve a administração de colagenase (Rosenberg, et al.,
1990). Colagenases são enzimas intracelulares proteolíticas capazes de degradar o colágeno
presente na lâmina basal dos vasos sanguíneos, permitindo a abertura da barreira
hematoencefálica e hemorragia intracraniana (Andaluz, et al., 2002). O método de hemorragia
por colagenase é relevante pela simplicidade, reprodutível e adaptável para várias espécies,
uma vez que o volume da hemorragia intracraniana é diretamente proporcional à quantidade
de enzima injetada (Rosenberg, et al., 1993). No entanto, o efeito hemorrágico da colagenase
sobre desfechos histológicos e comportamentais nunca havia sido antes explorado em ratos
neonatos no contexto da HS-HIV.
XI Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 09 a 12 de agosto de 2010
564
Metodologia
Foram utilizados 60 ratos Wistar machos, divididos em dois grandes grupos: I)
hemorragia unilateral e II) hemorragia bilateral. Dentro de cada um destes grupos, dois
subgrupos foram criados: A) solução salina e B) colagenase. Um quinto grupo experimental
de animais sadios foi utilizado para controle. No 6º dia pós-natal, os animais foram
submetidos ao protocolo padrão de indução de HS-HIV, através do método de freehand (Xue,
et al., 2003), mas de acordo com as administrações de cada grupo. O grupo colagenase
unilateral (C-UNI; n = 12) recebeu uma injeção de 2µL de solução contendo 2,0U de
colagenase na região periventricular direita. Já o grupo colagenase bilateral (C-BI, n = 12)
recebeu a mesma dose na região periventricular de ambos os lados. O grupo salina unilateral
(S-UNI; n = 12) recebeu uma injeção de 2µL de solução salina na região periventricular
direita, enquanto que o grupo salina bilateral (S-BI, n = 12), em ambos os lados. O grupo de
animais sadios (INT; n = 12) foi apenas anestesiado. Após indução de HS-HIV, os animais
foram submetidos à avaliação neuromotora e reflexos neonatais com 7, 11 e 15 dias de vida
(reflexo de endireitamento, geotaxia negativa, preensão das patas anteriores e teste de
ambulação). Posteriormente, com 30 dias de vida, os animais foram avaliados em relação à
atividade locomotora (teste do campo aberto), assimetria das patas anteriores (teste do
cilindro) e capacidade cognitiva (reconhecimento de objetos). Finalmente, com o intuito de
avaliar os efeitos da indução de HS-HIV sobre parâmetros morfométricos, animais com 7 (n =
4) e 30 (n = 5) dias de vida foram submetidos à avaliação estereológica da volumetria
cerebral.
Resultados e Discussão
Neste estudo demonstramos, de forma pioneira, que determinados aspectos da HSHIV humana podem ser reproduzidos em roedores através da indução de hemorragia por
colagenase. Apesar da hemorragia ser provocada por injeção uni- ou bilateral de colagenase
na região periventricular, somente os ratos infundidos bilateralmente apresentaram alterações
nos testes de ambulação, reflexo de endireitamento e geotaxia negativa. Semelhantemente,
déficits na capacidade cognitiva e na atividade locomotora foram observados apenas com
infusão bilateral de colagenase. Além disso, a indução de hemorrágica intracraniana neonatal
por colagenase proporciona uma redução persistente do volume cerebral no local da lesão.
XI Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 09 a 12 de agosto de 2010
565
Conclusão
No presente trabalho desenvolvemos um novo modelo animal de hemorragia
intracraniana neonatal induzida por colagenase. Este modelo é capaz de reproduzir déficits
cognitivo e motor, acompanhado da redução do volume encefálico, mimetizando assim
características patológicas da HS-HIV. Desta forma, o presente trabalho oferece uma
importante ferramenta para o desenvolvimento de estudos pré-clínicos e novas terapias para
prevenção e tratamento de complicações cerebrais pós-hemorrágicas neonatais.
Referências
ANDALUZ, N., ZUCCARELLO, M., WAGNER, K. Experimental animal models of intracerebral
hemorrhage. Neurosurgery Clinics of North American. 2002 Jul;13(3):385-93.
ROSENBERG, G., ESTRADA E., KELLEY O., KORNFELD, M. Bacterial collagenase disrupts
extracellular matrix and opens blood-brain barrier in rat. Neurosci Letters. 1993 Sep 17;160(1):117-9.
ROSENBERG, G., MUN-BRYCE, S., WESLEY, M., and KORNFELD, M. Collagenase-induced
intracerebral hemorrhage in rats. 1990 Stroke 21, 801-807.
VOLPE, J. Neurology of the newborn. 4ª edição ed. Saunders. W, editor. Philadepphia 2000.
XUE, M., BALASUBRAMANIAN, J., BUIST, R., PEELING, J., and DEL BIGIO, M., 2003.
Periventricular/intraventricular hemorrhage in neonatal mouse cerebrum. J Neuropathol Exp Neurol
62, 1154-1165.
Apoio Financeiro: CAPES, Pandurata Ltda, PUCRS.
XI Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 09 a 12 de agosto de 2010
566
Download

Desenvolvimento de um modelo experimental de