11
ISSN 1725-1168
NH-AC-02-001-PT-C
SERVIÇO DAS PUBLICAÇÕES OFICIAIS
DAS COMUNIDADES EUROPEIAS
L-2985 Luxembourg
ISBN 92-894-4176-3
9 789289 441766
Relatório Anual 2001 sobre a política de desenvolvimento da CE e a implementação da assistência técnica
Comissão
Europeia
Relatório Anual 2001
sobre a política de desenvolvimento da CE
e a implementação da assistência técnica
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2/2002
Relatório Anual 2001
SOBRE A POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO DA CE
E A IMPLEMENTAÇÃO DA ASSISTÊNCIA TÉCNICA
Nem a Comissão Europeia nem qualquer pessoa que actue em seu nome são responsáveis pelo uso que possa ser
feito com as informações aqui contidas
Encontram-se disponíveis numerosas outras informações sobre a União Europeia na rede Internet,
via servidor Europa (http://europa.eu.int)
Uma ficha bibliográfica figura no fim desta publicação
Capa: © The Image Bank
Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias, 2003
ISBN 92-894-4176-3
© Comunidades Europeias, 2003
Reprodução autorizada mediante indicação da fonte
Printed in Italy
IMPRESSO
EM PAPEL BRANQUEADO SEM CLORO
PREFÁCIO DA DIRECÇÃO DO SERVIÇO EUROPEAID
Em 2001 assistiu-se a uma profunda reforma da assistência externa da CE com o objectivo de aumentar a celeridade, a qualidade, o impacto e a visibilidade dos seus programas e projectos em todo o mundo.
Em 1 de Janeiro de 2001, foi criado o Serviço de Cooperação EuropeAid, reunindo, numa organização única, a
responsabilidade pela gestão das diferentes fases do ciclo dos projectos, da identificação à avaliação, enquanto a
responsabilidade pela programação foi consolidada no âmbito da DG Desenvolvimento e na DG Relex. Foi criado
um novo grupo interserviços de apoio à qualidade que deverá contribuir para melhorar a programação e a
Comissão apresentou 112 novos documentos de estratégia por país, que estabelecem enquadramentos plurianuais
coerentes para a definição das relações com países terceiros.
Os plenos efeitos de uma reforma desta amplitude demorarão, inevitavelmente, a fazer-se sentir. Contudo, são já
sensíveis alguns resultados positivos, por exemplo, no que se refere a uma melhoria da gestão orçamental. A
recente reunião do Comité de Assistência ao Desenvolvimento (CAD) da OCDE reconheceu estes esforços, ao
afirmar que «a Comunidade Europeia melhorou consideravelmente as suas políticas e estratégias em matéria de
desenvolvimento desde o último exame, efectuado em 1998...». Esta declaração figura no resumo das conclusões
do CAD, e tem por efeito encorajar a Comissão a prosseguir com o ritmo das suas reformas.
Relativamente à política de desenvolvimento, a CE registou progressos significativos em matéria de reforço da
orientação dos seus programas para a pobreza, com medidas concretas em prol da realização dos objectivos de
desenvolvimento do milénio, nomeadamente a adopção de um ambicioso programa de acção de desenvolvimento
da CE. No âmbito desta agenda, a Comissão adoptou igualmente um plano de acção de grande alcance para a
luta contra as doenças relacionadas com a pobreza no mundo em desenvolvimento.
Foi igualmente reforçada a coerência entre a política de desenvolvimento e outras políticas. O Conselho Europeu
de Gotemburgo acordou numa estratégia de integração do ambiente e do desenvolvimento sustentável na política de desenvolvimento da CE. Paralelamente, o lançamento de uma nova ronda de negociações comerciais, em
Doha, colocou em destaque a relação entre o comércio e o desenvolvimento.
O Relatório Anual 2001 dá resposta às solicitações do Conselho e do Parlamento Europeu no sentido de este
consistir num documento de alcance geral, baseado em elemento sólidos e orientado para os resultados. Representa um passo positivo nessa direcção, que será reforçado no futuro.
O presente relatório fornece informações sobre programas executados e avalia os resultados obtidos no terreno:
da promoção dos direitos humanos nos Balcãs à gestão dos recursos hídricos na Ásia, da saúde em África à
formação e ao ensino na América Latina, da rápida mobilização no Afeganistão ao reforço das instituições na
Rússia.
A título de novidade, o Relatório Anual inclui um artigo especializado. Tal como a maior parte dos outros
doadores, a Comissão dirige-se, cada vez mais, para uma assistência ao desenvolvimento orientada para os resultados. O artigo descreve os trabalhos em curso e indica «o ponto em que nos encontramos» a nível da aplicação
de métodos de avaliação dos efeitos da nossa assistência externa fiáveis e eficazes.
São ainda muito grandes os desafios que enfrentamos. Mas os objectivos são claros: melhorar o desempenho da
assistência da CE e contribuir para a segurança e a prosperidade de todos.
Chris Patten,
membro da Comissão responsável pelas Relações Externas, presidente do Comité de Direcção do Serviço
de Cooperação EuropeAid
Poul Nielson,
membro da Comissão responsável pelo Desenvolvimento, administrador-geral do Serviço de Cooperação
EuropeAid
Günther Verheugen,
membro da Comissão responsável pelo Alargamento, membro do Comité de Direcção do Serviço de Cooperação
EuropeAid
Pascal Lamy,
membro da Comissão responsável pelo Comércio, membro do Conselho de Direcção do Serviço de Cooperação
EuropeAid
Pedro Solbes Mira,
membro da Comissão responsável pela Economia e Finanças, membro do Comité de Direcção do Serviço
de Cooperação EuropeAid
3
ÍNDICE
Introdução
7
1. A reforma da gestão da assistência externa:
um ano de desafios
1.1. O processo de reforma
1.2. Melhoria da programação
1.3. Avaliação
9
10
10
11
2. Progressos em relação aos objectivos
de desenvolvimento
2.1. Objectivos de desenvolvimento
do milénio
2.2. Redução da pobreza
2.3. Avaliação dos resultados através
de indicadores
19
20
23
39
40
43
46
4. Europa do Sudeste: os Balcãs
4.1. Introdução
4.2. Cooperação regional
4.3. Transportes e infra-estruturas,
água e energia
4.4. Desenvolvimento rural, agricultura
4.5. Reforço das instituições
4.6. Sector privado e desenvolvimento
económico
57
58
60
5. Europa Oriental, Cáucaso e Ásia Central
5.1. Introdução
5.2. Cooperação regional
5.3. Transportes e infra-estruturas
5.4. Segurança alimentar e
desenvolvimento rural
5.5. Reforço das instituições
5.6. Políticas macroeconómicas
77
78
79
83
61
64
65
12
14
2.4. Objectivos sectoriais do processo
de programação
25
2.5. Iniciativas políticas em domínios
prioritários da CE
27
2.6. Integração das questões horizontais 32
3.4. Luta contra a droga
3.5. Interligação entre ajuda
de emergência, reabilitação
e desenvolvimento
3.6. Ambiente
3.7. Parceria com as ONG
47
4.7. Saúde e educação
4.8. Questões horizontais
4.9. Cooperação com outros doadores
4.10. Empréstimos do BEI
4.11. ECHO
4.12. Controlo de resultados
4.13. Conclusões e perspectivas
68
70
72
72
72
74
74
5.7. Saúde e educação
5.8. Questões horizontais
5.9. Coerência com outras políticas
5.10. Cooperação com outros doadores
5.11. ECHO
5.12. Controlo de resultados
5.13. Conclusões e Perspectivas
87
88
89
89
89
90
91
6.8. Iniciativa Europeia para
a Democracia e os Direitos
do Homem (IEDDH)
6.9. Coerência com outras políticas
6.10. Cooperação com outros doadores
6.11. Empréstimos do BEI
6.12. ECHO
6.13. Controlo de resultados
6.14. Conclusões e perspectivas
103
104
104
105
106
106
106
48
50
52
67
84
85
85
6. Mediterrâneo do Sul, Próximo e Médio Oriente 93
4
12
24
3. Execução: instrumentos horizontais
3.1. Iniciativa Europeia para a
Democracia e os Direitos do Homem
3.2. Segurança alimentar
3.3. Saúde: doenças relacionadas com
a pobreza e saúde genésica
6.1. Introdução
94
6.2. Cooperação regional
94
6.3. Transportes e infra-estruturas
96
6.4. Segurança alimentar
e desenvolvimento rural
97
6.5. Reforço das instituições
1.4. Acompanhamento orientado
para os resultados e projectos
de desenvolvimento
1.5. Desconcentração da gestão
dos projectos para as delegações
da Comissão
1.6. Coerência, coordenação e
complementaridade
99
6.6. Políticas macroeconómicas
100
6.7. Saúde e educação
101
7. África, Caraíbas e Pacífico (ACP)
7.1. Introdução
7.2. Integração e cooperação regionais
7.3. Países e territórios ultramarinos
7.4. Transportes e infra-estruturas
7.5. Desenvolvimento rural sustentável
e segurança alimentar
7.6. Direitos humanos, democracia,
boa governação e reforço
das capacidades próprias
7.7. Políticas macroeconómicas e
desenvolvimento do sector privado
109
110
111
111
112
8. Ásia
8.1.
8.2.
8.3.
8.4.
137
138
139
140
Introdução
Cooperação regional
Transportes
Segurança alimentar
e desenvolvimento rural
8.5. Reforço das instituições
8.6. Desenvolvimento do sector privado
9. América Latina
9.1. Introdução
9.2. Cooperação regional
9.3. Transportes e infra-estruturas
9.4. Segurança alimentar
e desenvolvimento rural
9.5. Reforço das instituições
9.6. Políticas macroeconómicas
116
120
126
129
131
132
133
134
134
135
135
8.7. Saúde e educação
8.8. Questões horizontais
8.9. Coerência com outras políticas
8.10. Cooperação com outros doadores
8.11. Empréstimos do BEI
8.12. ECHO
8.13. Controlo de resultados
8.14. Conclusões e perspectivas
144
149
151
151
152
152
154
154
9.7. Saúde e educação
9.8. Questões horizontais
9.9. Coerência com outras políticas
9.10. Cooperação com outros doadores
9.11. ECHO
9.12. Controlo de resultados
9.13. Conclusões e perspectivas
170
173
174
175
177
178
178
123
141
141
142
157
158
159
165
166
168
169
10. Abordagem do desenvolvimento orientada
para os resultados
10.1. Desempenho dos países
e dos projectos
182
11. Quadros financeiros
193
12. Anexos
12.1. Harmonização dos procedimentos
contratuais e financeiros
12.2. Ajuda externa e pagamentos
em atraso (RAL)
12.3. Avaliação
12.4. Auditorias realizadas em 2001
203
Glossário de acrónimos
7.8. Saúde e educação
7.9. Questões horizontais
7.10. Comércio e desenvolvimento
7.11. Coerência com outras políticas
7.12. Cooperação com outros doadores
7.13. Empréstimos do BEI
7.14. ECHO
7.15. Controlo de resultados
7.16. Conclusões e perspectivas
181
204
204
208
210
10.2. Controlo de resultados:
desempenho dos países
10.3. Resultados de projectos:
controlo baseado em resultados
10.4. Conclusão
12.5. Inovação
12.6. Relações com outras organizações
internacionais
12.7. Transparência e visibilidade
12.8. Assistência comunitária não
abrangida pelo relatório
182
188
192
211
212
212
213
215
5
INTRODUÇÃO
O presente relatório sintetiza o primeiro ano de execução das actividades de assistência externa da CE pelo Serviço
de Cooperação EuropeAid (1). Cobre inúmeros aspectos, dos progressos em relação aos objectivos de desenvolvimento do novo milénio a exemplos concretos da forma como as verbas da CE foram despendidas e com que resultados. A UE é o maior doador de assistência externa do mundo, representando o investimento da CE cerca de 10%
da ajuda ao desenvolvimento mundial. O presente relatório dá conta da utilização dos 9 700 milhões de euros
autorizados e dos 7 700 milhões de euros pagos pela CE em 2001.
A reforma da gestão da assistência externa é fundamental para o êxito destas actividades. O presente relatório
constitui, aliás, um importante resultado da reforma, aumentando a transparência e a responsabilidade da política da CE e das acções nesta área. Ao descrever todos os programas geográficos e horizontais, o presente relatório substitui uma série de relatórios de programa que eram habitualmente elaborados.
Os progressos alcançados em domínios prioritários para a reforma — melhoramento da programação, unificação do
ciclo dos projectos sob a mesma responsabilidade e aumento da responsabilidade das delegações no terreno — são
descritos no capítulo 1. O processo de reforma, lançado em Maio de 2000, tem ainda um longo caminho a percorrer
até à realização dos seus objectivos, embora algumas melhorias estejam já bem patentes. Por exemplo, pela primeira
vez desde 1990, verificou-se uma redução do número de compromissos assumidos à espera de ser pagos.
O primeiro ponto do presente relatório sublinha ainda a importância que a coerência, a coordenação e a complementaridade assumem para as políticas da CE concebidas para promover o desenvolvimento, reduzir a pobreza e
promover a integração na economia mundial. O desafio da coerência consiste em encontrar a combinação certa de
políticas para cada região e país, com recurso à assistência ao desenvolvimento, a assistência humanitária, a Política
Externa e de Segurança Comum, a assistência técnica na área do comércio, os direitos humanos, o ambiente, etc. Os
instrumentos de programação foram melhorados com vista a assegurar um enquadramento geral coerente. A coordenação com outros doadores e a complementaridade das políticas e das actividades são igualmente fundamentais
para garantir a eficácia da assistência externa. O relatório descreve as medidas tomadas pela CE neste domínio, junto
dos Estados-Membros, da ONU, das instituições de Bretton Woods e de outros doadores.
Os objectivos de desenvolvimento para o milénio, acordados pela comunidade internacional em Setembro de
2000, constituem um enquadramento comum para a orientação e a avaliação dos progressos no domínio do
desenvolvimento. O capítulo 2 do presente relatório descreve sucintamente os progressos alcançados no sentido
da realização destes objectivos e insere as actividades de assistência externa na UE no âmbito deste enquadramento. Concentra-se nos domínios prioritários de intervenção da CE, como a saúde e a educação, e em actividades
destinadas a garantir a integração de questões comuns, como os direitos humanos ou o ambiente, nos projectos
e programas elaborados.
Os instrumentos concebidos para assegurar que as prioridades de política horizontal, como a segurança alimentar
e a luta contra a droga, a par das supramencionadas, se traduzam em actividades nestes domínios, são expostos
no capítulo 3, que descreve ainda projectos executados em 2001, bem como a repartição orçamental e as prioridades definidas para cada região.
Os capítulos 4 a 9 são consagrados aos programas regionais da CE. São apresentadas, em rubricas temáticas
comuns que reflectem as prioridades de desenvolvimento para o investimento da CE, as actividades da CE nos
Balcãs, na Europa Oriental e na Ásia Central, no Mediterrâneo, nos países de África, das Caraíbas e do Pacífico, na
Ásia e na América Latina. Esta apresentação demonstra que é fácil comparar as regiões em termos, por exemplo,
de desenvolvimento rural ou de transportes. As actividades do ECHO, bem como os empréstimos do BEI, são igualmente abordados nestes capítulos.
O capítulo 10 trata a abordagem do desenvolvimento orientada para os resultados. Com base nos documentos de
estratégia por país e em indicadores, explora os critérios para o acompanhamento do desempenho dos países. É
igualmente apresentado um exercício-piloto sobre o sistema de acompanhamento de projectos de desenvolvimento orientado para os resultados.
O capítulo 11 é composto por um conjunto de quadros financeiros, que inclui a discriminação dos valores nas categorias definidas pelo Comité de Assistência ao Desenvolvimento da OCDE.
Por último, os anexos descrevem as actividades relacionadas com a reforma da gestão da assistência externa da
CE. Apresentam os progressos na harmonização dos procedimentos financeiros, tanto internamente como com
outras instituições, bem como as actividades desenvolvidas em 2001 com vista a recuperar os atrasos nos pagamentos, as actividades de auditoria, as actividades da Unidade de Inovação da EuropeAid, as relações com outras
organizações, a transparência e a visibilidade.
A Comissão está empenhada em levar a reforma a bom termo, a pô-la em prática e a certificar-se de que ela
cumpre os seus objectivos. O relatório salienta os passos dados em 2001 neste sentido.
(1) A assistência aos países candidatos não está incluída no presente relatório. Para informações sobre os programas Phare, ISPA e Sapard,
consultar os respectivos relatórios anuais, publicados nos seguintes endereços:
http://www.europa.eu.int/comm/enlargement/pas/phare/publist.htm
http://www.inforegio.cec.eu.int/wbpro/ispa/ispa_en.htm
http://www.europa.eu.int/comm/enlargement/pas/sapard.htm.
Sobre a ajuda humanitária, consultar o relatório anual do ECHO, no endereço:
http://europa.eu.int/comm/echo/en/publicat/publications.htm.
7
1. A reforma
da gestão
da assistência
externa: um
ano de desafios
© Rachel Gustave, Haïti.
O presente capítulo destaca
os progressos realizados em
2001 no âmbito da reforma
da gestão da assistência
externa da CE, lançada em
Maio de 2000. O processo
de reforma da gestão é o
ponto de partida natural do
relatório, na medida em que
afecta todos os aspectos da
assistência externa da CE,
descritos mais
pormenorizadamente nos
capítulos seguintes. A
reforma da política de
desenvolvimento da CE,
lançada em Novembro de
2000, e a ser executada em
paralelo com a reforma da
gestão, é abordada no
capítulo 2.
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
1.1. O processo de reforma
Quando tomou posse, em Setembro de 1999, a actual
Comissão viu-se confrontada com uma situação alarmante em matéria de execução da ajuda a países
terceiros. A pertinência e a qualidade dos programas
comunitários eram objecto de críticas cada vez mais
explícitas, com a imagem e a credibilidade da
Comissão a saírem diminuídas aos olhos dos Estados
beneficiários e das instituições multilaterais parceiras.
Em 16 de Maio de 2000, a Comissão lançou um
programa de reforma da gestão da assistência
externa (1), cujos principais objectivos são os seguintes:
ponto 1.5). 18 das 21 delegações seleccionadas para a
primeira fase têm já a gestão a seu cargo, enquanto a
preparação para a segunda vaga de desconcentração
(26 delegações) está já numa fase avançada, devendo
a maior parte destas delegações estar a funcionar de
forma desconcentrada no início do segundo semestre
de 2002. Por último, no ponto 1.6 é explicada a forma
por que a Comissão aceitou o desafio de reforçar a
coerência, a coordenação e a complementaridade
— os «3C» —, aspectos estreitamente ligados ao
processo dos documentos estratégicos por país.
1.2. Melhoria da programação
❿ melhorar a qualidade dos projectos e programas;
❿ reduzir o tempo necessário para a sua execução;
❿ garantir que os procedimentos de gestão financeira, técnica e contratual correspondem aos mais
elevados padrões internacionais;
❿ aumentar o impacto e a visibilidade da assistência
externa da União Europeia (UE).
Paralelamente ao processo de reforma, procurou-se
melhorar a correspondência entre prioridades
políticas e dotações orçamentais. No Conselho
informal «Assuntos Gerais» de Evian, de 2 e 3 de
Setembro de 2000, e na reunião do Conselho «Assuntos
Gerais» de 9 de Outubro de 2000, os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE sublinharam a necessidade de
reforçar a coerência das acções externas da UE. No
Conselho «Assuntos Gerais» de Janeiro de 2001, os mesmos ministros salientaram que os objectivos das acções
da CE devem traduzir-se em compromissos concretos e
que a sinergia entre as acções da UE e as dos EstadosMembros deve ser reforçada, a fim de aumentar a
eficácia das acções externas da UE.
Foi identificada uma série de instrumentos fundamentais para atingir os objectivos da reforma. Em 2001,
foram definidos e aprovados novos instrumentos de
planeamento e programação para a cooperação para
o desenvolvimento da CE, designadamente os documentos de estratégia por país, que estão prestes a
tornar-se o principal instrumento de gestão da ajuda
da CE (ver ponto 1.2 do presente capítulo). Paralelamente, foi melhorada a gestão das avaliações. Nomeadamente, foi reforçada a imparcialidade, e os resultados das avaliações passam a ser sistematicamente
tidos em conta no processo decisório, bem como na
concepção e na execução dos projectos e programas
(ver ponto 1.3.). Associado à melhoria da avaliação
surge um sistema de acompanhamento de projectos e
programas orientado para os resultados (ver ponto
1.4). Trata-se de um primeiro passo, mas que constitui
uma parte muito importante da reforma. A Comissão
iniciou igualmente a descentralização da gestão dos
projectos e programas para as suas delegações (ver
10
1.2.1. Documentos de estratégia
por país/regionais
A programação obedece a prioridades estabelecidas
nos documentos de estratégia por país/regionais
(DEP/DER), que definem um «enquadramento estratégico» para as prioridades de cooperação da CE num
dado país ou numa dada região (2). Trata-se da
primeira vez que a Comissão estabeleceu um enquadramento coerente para as suas relações com países
terceiros, que cobre tanto a assistência ao desenvolvimento como outras políticas comunitárias essenciais (a
«combinação de políticas»).
Em 2001, a Comissão começou a elaborar documentos
de estratégia por país e região para parceiros de todas
as regiões abrangidas pelos diferentes regulamentos:
para os Estados ACP (África, Caraíbas e Pacífico), ALA
(América Latina e Ásia), CARDS (para os Balcãs) MEDA
(para o Mediterrâneo), Tacis (para a Europa Oriental e
a Ásia Central). Estas estratégias foram definidas em
colaboração com os governos nacionais, os Estados-Membros, outros doadores bilaterais e multilaterais e,
sempre que possível, representantes da sociedade
civil (3). Mais de 110 documentos de estratégia por país
ou regionais estão já concluídos ou em fase avançada
de preparação. Prevê-se que, antes do final de 2002, o
processo esteja concluído e todos os documentos
estejam publicados nos seguintes sítios web:
http://europa.eu.int/comm/external_relations/sp/
index.htm e http://europa.eu.int/comm/
development/strat_papers/ index_fr.htm.
1.2.2. O Grupo Interserviços
de Apoio à Qualidade
No âmbito do processo de reforma, foi criado, em
Janeiro de 2001, um Grupo Interserviços de Apoio à
Qualidade, cuja principal tarefa consiste em avaliar os
projectos de documentos de estratégia por país e
região, bem como os programas indicativos, a fim de
assegurar a sua elevada qualidade. Para obter o
máximo impacto, o Grupo intervém numa das
(1) SEC(2000) 814, de 16 de Maio de 2000 — Comunicação dos comissários «Relex»: Chris Patten («Relações Externas»), Poul Nielson
(«Desenvolvimento»), Verheugen («Alargamento»), Pascal Lamy («Comércio») e Pedro Solbes Mira («Assuntos Económicos e Financeiros»).
(2) SEC(2000) 814, SEC(2000) 1049, de 15 de Junho de 2000, e conclusões do Conselho «Desenvolvimento» de 10 de Novembro de 2000.
Internet: http:/www.consilium.eu.int/Newsroom/newmain.asp?lang=1.
(3) A consulta da sociedade civil constitui uma obrigação nos termos do artigo 2.º do Acordo de Cotonu.
A reforma da gestão da assistência externa: um ano de desafios
primeiras fases do processo de programação. Até
agora, o Grupo avaliou mais de 110 documentos de
programação, elaborou orientações relativas à aplicação do enquadramento comum para os documentos
de estratégia por país e organizou quatro seminários
de formação em programação. Por último, o Grupo
criou um sítio web na Intranet da Comissão, com o
objectivo de melhorar a comunicação interna entre os
intervenientes no processo de programação.
O principal instrumento para avaliação de que o
Grupo dispõe é o enquadramento comum para os
documentos de estratégia por país, adoptado pelo
Conselho. Para além de tecer observações sobre o
formato, o estilo, a apresentação e a legibilidade
geral, o Grupo concentra-se em determinados aspectos
centrais:
❿ qualidade da avaliação do potencial de desenvolvimento, e necessidades e limitações do processo de
desenvolvimento;
❿ coerência entre a análise e a estratégia de resposta
proposta pela Comissão, verificando se as intervenções da CE correspondem a desafios de desenvolvimento essenciais a médio prazo;
❿ concentração na pobreza, pela estratégia proposta,
bem como a sua coerência com outros objectivos
políticos da CE;
❿ orientação/grau de concentração; grau de complementaridade entre o apoio da CE e o de outros
doadores, em especial dos Estados-Membros da UE;
❿ condições em que o apoio é concedido;
❿ definição de indicadores destinados a acompanhar
o desempenho do país em termos de crescimento
económico e de redução da pobreza;
❿ medida em que é abrangida a totalidade da assistência externa prestada pela Comunidade ao país
em causa (coerência entre dotações para o país e
rubricas orçamentais horizontais);
❿ importância conferida à coerência entre a política
de desenvolvimento e outras políticas comunitárias
relevantes para o país/região parceiros («combinação de políticas»).
Com base nas conclusões do Grupo Interserviços de
Apoio à Qualidade, a Comissão considera que se verificou um salto qualitativo na programação da assistência externa da CE. O Grupo concluiu que, de um
modo geral, os documentos que analisou respondiam
à maior parte dos requisitos estabelecidos no enquadramento para os documentos estratégicos por país.
As principais deficiências foram assinaladas aos responsáveis pela elaboração dos documentos, com vista à
introdução das necessárias alterações.
Contudo, a programação pode ainda ser melhorada.
Nesse espírito, a Comissão vai empreender uma análise
do processo de elaboração dos documentos de estratégia e enunciar as suas conclusões num relatório a
apresentar ao Conselho «Desenvolvimento» em
Novembro de 2002. O relatório incluirá ainda
propostas no sentido de melhorar o processo de
programação, em antecipação da próxima revisão dos
documentos de estratégia por país.
1.2.3. Maior concentração do ciclo dos
projectos e criação do Serviço
de Cooperação EuropeAid
Em 1 de Janeiro de 2001, as direcções-gerais geográficas (DG Relações Externas e DG Desenvolvimento)
assumiram a responsabilidade da programação e
estratégia, enquanto o recém-criado Serviço de
Cooperação EuropeAid (EuropeAid) tomou a seu
cargo os demais aspectos do ciclo dos projectos (da
identificação dos projectos à avaliação ex post). Esta
reorganização implicou a correspondente transferência de pessoal e responsabilidades. Em Junho de
2001, foi assinado um acordo interserviços que clarificou os papéis e as responsabilidades das três direcções-gerais mais estreitamente implicadas na gestão
da assistência externa.
1.2.4. Melhoria da gestão
e desempenho financeiros
Os primeiros efeitos do processo de reforma da gestão,
em termos de procedimentos e de gestão e desempenho financeiros, fizeram-se sentir ainda no decurso
de 2001. Entre esses efeitos, podem destacar-se:
❿ a melhoria da execução orçamental, incluindo o
aumento dos pagamentos em 20% em relação a
2000;
❿ uma distribuição mais equilibrada ao longo do
exercício financeiro, confirmada pelo perfil das
autorizações orçamentais (52% do orçamento
executado do último trimestre, contra uma média
de 68%, no mesmo trimestre, durante o período
1998-2000);
❿ pela primeira vez desde 1990, uma redução — de
3% — do nível de compromissos assumidos e ainda
por pagar; o número de anos necessário para recuperar este atraso nos pagamentos passou de 4,12
anos, no final de 2000, para 3,66 anos, no final de
2001;
❿ a redução do número de rubricas orçamentais individuais (14%) em relação a 2000;
❿ a aplicação de procedimentos contratuais novos e
simplificados (que foram reduzidos, em número, de
46 para 8) foi acelerada, graças à elaboração de um
guia prático;
❿ as funções dos 48 gabinetes de assistência técnica
desmantelados em 2001 foram asseguradas internamente.
1.3. Avaliação
No âmbito do processo de reforma, a avaliação da
assistência externa está a ser reforçada e mais bem
11
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
integrada no processo decisório. Também a imparcialidade da avaliação está a ser assegurada, em conformidade com o pedido da OCDE/CAD, sendo mantida uma
clara separação entre o serviço de avaliação, que
procede a avaliações temáticas, sectoriais e «geográficas» (países e regiões), e os serviços operacionais e
políticos que analisam essas avaliações e tomam as
medidas adequadas para dar resposta às conclusões e
recomendações.
1.3.1. O programa de avaliação
de 2001
O programa de trabalho da Unidade de Avaliação para
2001 foi adoptado pela Direcção do Serviço de Cooperação EuropeAid na sua primeira reunião, em Fevereiro de 2001. Para além da habitual análise política
dos principais sectores, foram incluídos temas horizontais, instrumentos e programas por país, o próprio
processo de programação e a «combinação de políticas». No final do ano, haviam sido concluídas 17
avaliações, estando 8 em curso. O programa de 2001
reunia as avaliações em quatro grupos temáticos. Do
ponto 12.3 do capítulo 12 (anexo) consta uma
descrição pormenorizada.
1.4. Acompanhamento
orientado para os
resultados e projectos
de desenvolvimento
Tanto os indicadores relativos a cada país como o
acompanhamento dos resultados dos projectos contribuem para a avaliação do desempenho da cooperação
da CE para o desenvolvimento.
12
em relação aos resultados. Não se destina prioritariamente às autoridades responsáveis pelos projectos,
cuja gestão corrente exige informações mais pormenorizadas, embora, naturalmente, deva ser útil a estas
autoridades, bem como aos ministérios e governos
parceiros.
O sistema inclui visitas breves ao terreno por parte de
peritos externos experientes, que preenchem fichas
seminormalizadas em que estimam a eficácia, a
eficiência, o impacto, a pertinência e a sustentabilidade provável dos projectos e programas. Para
garantir a coerência do sistema, cada um dos cinco
critérios é exaustivamente definido em conformidade
com a metodologia actual e, em seguida, são discriminadas as suas componentes, que os peritos devem
analisar cuidadosamente antes de atribuir uma classificação. Os peritos externos em acompanhamento
dispõem de conhecimentos e experiências sectoriais e
geográficas variáveis. Trabalham em pequenas
equipas e o seu trabalho assenta na análise de documentos e em entrevistas com representantes das
partes interessadas num dado projecto, incluindo os
beneficiários finais. São avaliados dados essenciais,
como o orçamento dos projectos, embora não seja
efectuada qualquer auditoria ou acompanhamento
financeiro aprofundado. Os relatórios, pareceres de
gestores de tarefas e documentos de base dos
projectos são registados na base de dados central, que
irá constituir um instrumento fundamental de gestão
e informação.
São acompanhados os projectos em curso (no mínimo,
seis meses de execução e mais seis meses de duração)
com uma dimensão mínima (cerca de um milhão de
euros). No final de 2001, tinham sido acompanhados
cerca de 500 projectos, num valor total de 4 700
milhões de euros, na América Latina, na Ásia, em
África, nas Caraíbas, no Pacífico, no Mediterrâneo e
nos Balcãs.
Estes dois elementos têm papéis complementares, e os
resultados de ambos são tidos em conta em todos os
níveis da definição de políticas. Do capítulo 10
constam informações mais pormenorizadas sobre
ambas as abordagens.
Do capítulo 10 constam as primeiras indicações acerca
do desempenho dos projectos, desde as fases de
concepção e ensaio.
A ajuda ao desenvolvimento da Comissão está a ser cada
vez mais orientada para os resultados, tendo mesmo
sido instaurado e começado a ser testado um sistema
para acompanhar, de forma regular, os resultados
dos projectos, ou seja, os resultados e o eventual
impacto dos projectos nos beneficiários.
1.5. Desconcentração
da gestão dos projectos
para as delegações
da Comissão
Em 2000, a Comissão concebeu um sistema melhorado
de acompanhamento, orientado para os resultados, a
aplicar nas regiões ALA/MED/ACP e nos Balcãs, alicerçado no sistema da Comissão para a gestão do ciclo
dos projectos. O sistema foi testado e melhorado em
2001.
A desconcentração da gestão da ajuda externa para as
delegações da Comissão constitui um elemento fundamental da reforma da gestão da assistência externa. O
princípio é o de que tudo o que pode ser mais bem
gerido e decidido localmente, no país em causa, deve
ser decidido localmente, e não em Bruxelas.
O principal objectivo consiste na compilação de
informações orientadas para os resultados relativas a projectos no terreno e na elaboração de
relatórios sobre os progressos alcançados. O
sistema proporciona, tanto às delegações como ao
Serviço, uma panorâmica dos progressos dos projectos
A Comissão impôs-se um calendário extremamente
cerrado, cujo objectivo consiste em tornar a desconcentração extensiva a todas as delegações até ao final
de 2003, em três vagas sucessivas: 21 delegações em
2001, 26 em 2002 e as restantes 31 delegações ACP em
2003.
A reforma da gestão da assistência externa: um ano de desafios
1.5.1. Progressos alcançados em 2001
O ambicioso objectivo fixado para 2001 — realizar a
desconcentração em 21 delegações (1) — cobriu todas
as áreas geográficas e, por conseguinte, programas
muito diferentes. Para realizar este objectivo, os
serviços da Comissão tiveram de trabalhar, paralelamente, no desenvolvimento do conceito, nos preparativos técnicos e na planificação logística. Este
complexo exercício teria ainda de ser lançado num
momento em que outros elementos do processo de
reforma estivessem a ser introduzidos, tanto nos
serviços Relex (criação do Serviço de Cooperação EuropeAid, integração do ciclo dos projectos, etc.) como
ao nível da Comissão (reforma financeira e administrativa). Além disso, os recursos financeiros que
puderam ser mobilizados para esta primeira vaga
foram relativamente modestos, sobretudo no que se
refere ao número de novas vagas para pessoal (limitado a 40). Esta situação irá, contudo, melhorar em
2002: serão disponibilizadas 114 vagas para o lançamento da segunda vaga e o reforço da primeira, onde
necessário.
técnico do Serviço de Cooperação EuropeAid, que
é igualmente responsável pelo controlo de qualidade final das propostas de financiamento e pelo
acompanhamento destas propostas ao longo do
processo decisório (processo do comité de gestão,
etc.);
❿ responsabilidade directa pela execução contratual
e financeira, subordinada ao respeito estrito dos
procedimentos, e pelo acesso aos sistemas de
gestão financeira e contabilística na sede;
❿ responsabilidade directa pela execução técnica que
requeira capacidades técnicas no local e pelo eventual recurso a pareceres mais especializados da
sede.
Entre Abril e Dezembro de 2001, o processo prático de
preparação incluiu o ensaio de ligações informáticas
seguras, a adaptação do sistema de informação à
gestão desconcentrada, a elaboração ou a actualização
de manuais, a elaboração de orientações sobre
circuitos financeiros, a criação de um programa de
formação específico e a obtenção de financiamento
para as 21 delegações da primeira vaga.
1.5.2. Preparação da desconcentração
Durante o primeiro trimestre de 2001, foi desenvolvido
um conceito harmonizado de desconcentração, que
cobre todos os programas geográficos, com base nos
seguintes princípios:
❿ A prazo, a desconcentração irá incidir em todos os
programas.
❿ A desconcentração irá incidir em todas as fases do
ciclo de projectos.
❿ A desconcentração requer substanciais recursos
adicionais (humanos e materiais).
❿ O papel da sede irá evoluir para um papel de coordenação, supervisão da qualidade, controlo da
gestão, apoio técnico e melhoria dos métodos de
trabalho.
A nível prático, a desconcentração implica as seguintes
mudanças para as delegações:
❿ uma participação mais activa na programação,
embora a responsabilidade última continue a ser
da Direcção-Geral Relações Externas ou da
Direcção-Geral Desenvolvimento, consoante a área
geográfica;
❿ responsabilidade directa pelo trabalho de identificação e de instrução, com o apoio metodológico e
1.5.3. Desconcentração em favor das
21 delegações da primeira vaga
A tarefa de preparar as 21 delegações para a desconcentração foi iniciada no princípio de 2001. Em Julho
de 2001, os chefes de delegação já tinham tido uma
audição com os directores-gerais Relex, a fim de
acordar os recursos adicionais necessários e definir um
plano de acção para a respectiva mobilização. O resultado deste processo — e o desafio que ele representou
para os serviços da Comissão — pode sintetizar-se do
seguinte modo:
❿ selecção, recrutamento e formação de 307 novos
trabalhadores (funcionários e outros agentes) a
colocar nas 21 delegações;
❿ mudança ou ampliação das instalações de 18 das
21 delegações;
❿ instalação de ligações informáticas seguras em 19
das 21 delegações, de modo a permitir-lhes aceder
ao sistema de informação contabilística e de gestão
da Comissão.
Os progressos alcançados até ao final de 2001 foram
bastante satisfatórios. A maior parte das 21 delegações
estava apta a começar a funcionar de forma desconcentrada em Janeiro de 2002, início do novo exercício
financeiro.
(1) As 21 delegações da «primeira vaga» são as seguintes:
Europa: Croácia e Rússia.
Mediterrâneo: Egipto, Marrocos, Tunísia e Turquia.
Ásia: Indonésia, Tailândia, Índia e China.
América Latina: Nicarágua, Bolívia, Argentina, México e Brasil.
África/ACP: África do Sul, Senegal, Costa do Marfim, Quénia, Mali e República Dominicana.
13
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
1.5.4. Preparação da segunda vaga
A lista de 26 delegações (1) a desconcentrar em 2002
foi aprovada em Setembro de 2001. O Afeganistão foi
ulteriormente acrescentado à lista, para ser objecto de
uma rápida desconcentração, logo que as condições no
terreno o permitam.
Os trabalhos preparatórios foram iniciados de
imediato. A experiência adquirida com a primeira vaga
não deixará de ser proveitosa. Espera-se que, em
relação ao primeiro grupo de candidatos à segunda
vaga, a desconcentração esteja concretizada em
Setembro de 2002 (partindo do princípio de que, até
lá, será possível solucionar o problema da exiguidade
das instalações).
No ponto seguinte, são apresentados dois exemplos
concretos da forma como a coerência é assegurada, na
prática, nos domínios da pesca e da ajuda
alimentar/segurança alimentar. No capítulo seguinte
são apresentados novos exemplos.
1.6.1.1. Pesca
1.6. Coerência, coordenação
e complementaridade
Na sua comunicação sobre a pesca e a redução da
pobreza (2) e em apoio do processo de formulação de
conclusões do Conselho e do Parlamento Europeu, a
Comissão consagrou muita atenção às questões da
coerência e da complementaridade no domínio da
pesca. Os principais objectivos deste esforço foram os
seguintes:
1.6.1. Reforçar a coerência
das políticas
❿ melhorar a coerência entre a política de desenvolvimento da Comunidade e as demais políticas
comuns relacionadas com o sector da pesca;
Garantir a coerência entre os objectivos da política de
desenvolvimento da CE e as suas políticas e objectivos
para outras áreas constitui uma prioridade operacional
e uma obrigação jurídica para a Comissão.
❿ fomentar a complementaridade entre as operações
apoiadas pela CE e as empreendidas pelos Estados-Membros, mediante uma perspectiva comum dos
desafios em presença e das estratégias para os
enfrentar.
A Comunidade Europeia tem acordos bilaterais de
associação e de cooperação com a maior parte dos
países de África, da Ásia, da América Latina, bem como
do Mediterrâneo e dos Balcãs Ocidentais, que são, na
sua maioria, países em desenvolvimento. A CE instituiu
uma série de políticas destinadas a promover o desenvolvimento, reduzir a pobreza e a integrar estes países
na economia mundial. A forma por que se procura
realizar estes objectivos difere de país para país e de
região para região. Os objectivos específicos e os domínios de interacção com a UE variam em função de uma
série de factores intrínsecos ao país em causa, como o
rendimento nacional, a incidência da pobreza, a
situação política, as estruturas comerciais, a proximidade geográfica em relação à União Europeia, etc.
O desafio que se coloca à UE é o de encontrar a combinação de políticas adequada a cada região e a cada
país. A vasta gama de políticas de que a UE dispõe
proporciona-lhe uma oportunidade única de utilizar
uma combinação eficaz de instrumentos de cooperação, incluindo a assistência ao desenvolvimento,
acordos de pesca, instrumentos comerciais, diálogo
político, instrumentos de política externa, etc. O
processo dos documentos de estratégia por país
deverá permitir uma utilização mais coerente destes
instrumentos. Na elaboração dos documentos de estratégia por país são consultados todos os serviços perti-
14
nentes da UE, bem como o país parceiro em causa. Os
documentos incluem uma secção em que são identificadas as políticas da UE que afectam o país terceiro em
causa e é analisada a combinação de políticas
adequada.
Este trabalho, desenvolvido em estreita cooperação
entre os serviços da Comissão responsáveis pela pesca
e pelo desenvolvimento, permitiu atenuar as incoerências entre a política de desenvolvimento da CE, por um
lado, e a política comum da pesca, por outro. Os principais vectores deste trabalho foram os seguintes:
❿ a política de desenvolvimento da CE, que conduziu
a uma crescente integração das questões do sector
da pesca nos documentos de estratégia por país e
região;
❿ a política comum da pesca, que será cada vez mais
orientada para o desenvolvimento sustentável,
tanto internamente como no que se prende com as
relações internacionais da Comunidade no sector
da pesca.
1.6.1.2. Ajuda alimentar/segurança
alimentar
Em Setembro de 2001, a Comissão emitiu uma comunicação relativa à avaliação e orientação futura do Regulamento (CE) n.º 1292/96 do Conselho, relativo à política e à gestão da ajuda alimentar e às acções especí-
(1) As 26 delegações da «segunda vaga» são as seguintes:
Europa: Albânia, Cazaquistão e Ucrânia.
Mediterrâneo: Argélia, Margem Ocidental/Faixa de Gaza, Jordânia, Líbano e Síria.
Ásia: Bangladeche, Filipinas, Paquistão e Vietname.
América Latina: Colômbia, Peru, Uruguai, Chile e Venezuela.
ACP: Burquina Faso, Benim, Camarões, Etiópia, Madagáscar, Nigéria, República da Guiné e Tanzânia.
(2) Comunicação da Comissão sobre «Pesca e redução da pobreza» [COM(2000) 724, de 8 de Novembro de 2000].
A reforma da gestão da assistência externa: um ano de desafios
ficas de apoio à segurança alimentar (1). Nesta comunicação, a Comissão realizou um progresso considerável
do ponto de vista da coerência neste domínio.
A comunicação veio assegurar uma maior coerência
interna na utilização da ajuda alimentar relativamente
à ajuda humanitária e à política agrícola comum:
❿ a ajuda alimentar em espécie prestada no âmbito
do
regulamento
ajuda
alimentar/segurança
alimentar e canalizada, principalmente, através de
programas governamentais directos, da Euron
Aid/ONG e do PAM passou a ser mobilizada: a) em
complementaridade com o ECHO, a fim de prestar
assistência em caso de crise grave e prolongada, b)
a título de contribuição para reservas estratégicas e
redes de segurança e c) na interligação das operações de emergência, reabilitação e desenvolvimento;
❿ a ajuda alimentar em espécie foi claramente dissociada do escoamento dos excedentes agrícolas e
transformou-se num instrumento da assistência ao
desenvolvimento.
Quanto à coerência externa, os serviços da Comissão
em causa registaram progressos consideráveis, tanto
no contexto da Convenção Internacional para a Ajuda
Alimentar como no do processo de negociações da
OMC, no sentido da adopção de regras mais estritas e
de maior transparência na prestação de ajuda
alimentar aos países em desenvolvimento:
❿ a ajuda alimentar deve ser prestada a título
gratuito. Deve ser limitada a intervenções humanitárias e de emergência, à interligação das operações de emergência, reabilitação e desenvolvimento e a elemento de uma estratégia de rede de
segurança destinada a grupos particularmente
vulneráveis da população;
complementaridade começa com a coordenação, mas
vai mais longe: implica que cada actor concentre a sua
assistência onde esta puder representar valor acrescentado, tendo em conta aquilo que os outros estão a
fazer — trata-se de maximizar energias.
A CE está firmemente empenhada em observar estes
dois princípios. A nível político, o enquadramento
comum para as intervenções da CE e de outras agências na esfera do desenvolvimento é proporcionado
pelos objectivos de desenvolvimento do milénio. Mais
concretamente, a CE pretende, sempre que possível,
integrar o seu apoio, a nível de país, num contexto
mais vasto. O processo do documento de estratégia
para a redução da pobreza (DERP), firmemente
apoiado pela CE (ver capítulo 2), foi especificamente
concebido para promover a coordenação e a complementaridade dos esforços dos doadores nos países de
baixos rendimentos. A nova abordagem da programação da CE, incluindo o recurso aos documentos de
estratégia por país e um diálogo estruturado com os
beneficiários (por exemplo, os países ACP), constitui
mecanismos essenciais para assegurar uma coordenação e uma complementaridade acrescidas. A decisão
da CE de concentrar as suas intervenções para o desenvolvimento em seis domínios prioritários, cuja escolha
tem em conta as prioridades nacionais e as intervenções dos outros doadores, representa uma nova
demonstração do seu empenhamento nestes princípios. As alterações específicas na abordagem política
da CE e em relação a determinados sectores e regiões
são abordadas em capítulos ulteriores. O ponto
seguinte avança alguns exemplos dos progressos alcançados a partir do centro em 2001.
1.6.2.1. Cooperação entre
os Estados-Membros e a Comissão
1.6.2. Coordenação
e complementaridade
As orientações do Conselho e da Comissão para
melhorar a coordenação operacional entre a CE e os
Estados-Membros, que cobrem todos os países beneficiários de assistência externa da União, foram aprovadas no decurso do debate de orientação do
Conselho de 2001 (2). As melhorias introduzidas na
programação da ajuda da CE, atrás referidas, deverão
contribuir para este processo. Para além das consultas
sobre os documentos de estratégia por país, a partilha
das orientações sectoriais entre os Estados-Membros e
a Comissão revelou-se muito útil (a Comissão está a
preparar orientações sectoriais para os seus seis domínios prioritários de intervenção, tendo já sido adoptadas orientações para o sector prioritário dos transportes).
O reforço da coordenação e da complementaridade é
essencial para aumentar a eficácia da assistência
externa da CE. Ao nível mais básico, a coordenação
implica maior conhecimento daquilo que os outros
implicados num dado sector, país ou região estão a
fazer e um esforço no sentido de uma colaboração
mais eficaz. A coordenação é fundamental para evitar
sobreposições ou incoerências no trabalho daqueles
que pretendem atingir os mesmos objectivos. A
Os resultados destes esforços começam a fazer-se
sentir. A Comissão organiza regularmente reuniões,
em conjunto com os directores-gerais responsáveis
pelo desenvolvimento dos Estados-Membros. Estas
reuniões constituem um fórum para a troca de
opiniões sobre boas práticas, preocupações comuns,
dificuldades presentes e novas abordagens. Tendo em
conta as importantes conferências internacionais agendadas para 2002, sobre o financiamento do desenvolvi-
❿ a fim de respeitar os padrões de consumo e evitar
distorções do mercado, a ajuda alimentar deve ser
prestada, unicamente, a pedido dos países beneficiários, que devem indicar as suas necessidades
específicas;
❿ sempre que possível, os doadores devem dar preferência a aquisições locais ou regionais.
(1) COM(473) 2001, de 5 de Setembro de 2001, alterada em 12 de Setembro de 2001 [COM(2001) 473/2].
(2) Conselho «Assuntos Gerais» de 22 e 23 de Janeiro de 2001.
15
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
mento (Monterrey) e sobre o desenvolvimento sustentável (Joanesburgo), foi particularmente valorizada a
coordenação no âmbito das instâncias internacionais.
Igual esforço foi feito para promover um maior envolvimento da Comissão no CAD da OCDE.
O mandato conferido pelos Estados-Membros à
Comissão para elaborar um relatório preparatório da
Conferência de Monterrey constituiu um sinal positivo
em termos de confiança. Na sua reunião de Novembro
de 2001, o Conselho «Desenvolvimento» solicitou à
Comissão que clarificasse uma série de questões e que
explorasse, através do diálogo com os Estados-Membros, as eventuais iniciativas a empreender por
estes. O Conselho destacou, nomeadamente, a questão
do aumento do volume da ajuda, com vista a alcançar
a meta das Nações Unidas de 0,7% do rendimento
nacional bruto a fornecer como ajuda oficial ao desenvolvimento (AOD), designadamente através do estabelecimento de calendários específicos. Para além do
volume da ajuda, foi ainda feita uma menção especial
à respectiva eficácia, incluindo a desvinculação da
ajuda, os bens públicos mundiais e as fontes de financiamento inovadoras. O relatório da Comissão foi
apresentado no Conselho «Assuntos Gerais» de Fevereiro de 2002, e sintetizava potenciais iniciativas positivas resultantes das discussões entre a Comissão e os
Estados-Membros e abordava a forma de superar a
diferença entre o actual nível de assistência ao desenvolvimento e o volume necessário para atingir os
objectivos da Declaração do Milénio. O relatório e as
medidas tomadas pelos Estados-Membros contribuíram para assegurar um contributo positivo da UE
para a conferência sobre o financiamento do desenvolvimento.
1.6.2.2. Cooperação com outros doadores
A Comissão lançou diversas iniciativas com outros
doadores no âmbito das cimeiras UE-EUA, UE-Canadá
e UE-Japão, orientadas, sobretudo, para a região dos
Grandes Lagos e para o Afeganistão. Além disso, realizaram-se reuniões de alto nível com vista a melhorar a
cooperação com a Noruega. A Comissão está a
explorar modelos para reforçar a cooperação com
outros doadores. Decorreu já uma primeira iniciativa,
no âmbito da qual a Comissão acolheu funcionários do
Japão. A harmonização dos procedimentos dos
doadores constitui um elemento fundamental para o
reforço da coordenação, da eficácia e da apropriação
por parte dos países beneficiários. Neste contexto, a
Comissão empreendeu exercícios exploratórios com os
Estados-Membros e o CAD. Um esforço idêntico está a
ser feito relativamente à ONU, mediante a renegociação do acordo-quadro geral e a reformulação do
regulamento financeiro.
1.6.2.3. Cooperação com a ONU
Para reforçar a coordenação com as Nações Unidas e
para promover a complementaridade, a Comissão tem
16
conduzido um diálogo político alargado e negociações
sobre o melhoramento do acordo-quadro geral CE-ONU. Para o efeito, foram mantidas reuniões com,
nomeadamente, o ACNUR, a OIT, o PNUD, a Unicef, a
UN-NADAF, a FAO, a OMS, o PAM, o FIDA e a Unesco.
Em 2001, a Comissão adoptou uma comunicação
subordinada ao tema «Criação de uma parceria eficaz
com as Nações Unidas nos domínios do desenvolvimento e dos assuntos humanitários» (1). O essencial do
seu conteúdo (melhoria da cooperação CE-ONU) foi
aprovado pelo Conselho «Desenvolvimento» de 31 de
Maio de 2001. A nova abordagem irá reforçar a participação da CE nos diálogos políticos a montante e
aumentar a eficácia, a transparência, a previsibilidade
financeira e a facilidade de acompanhamento da
parceria operacional com as agências, fundos e
programas da ONU. No seguimento desta comunicação, a Comissão procedeu a uma análise aprofundada do principal mandato e dos meios das agências,
fundos e programas das Nações Unidas. Nesta base, a
Comissão irá propor, em diálogo com os Estados-Membros e sempre que tal represente um valor acrescentado para a realização dos objectivos políticos com
eles acordados, o reforço da cooperação com as instâncias da ONU, mediante o estabelecimento de uma
parceria estratégica. Por conseguinte, a divisão das
tarefas pelos doadores será feita com base nos critérios
de selecção do principal mandato e concentrar-se-á
nas vantagens comparativas, no valor acrescentado e
na complementaridade.
1.6.2.4. Cooperação com as instituições
de Bretton Woods
No âmbito do processo do DERP, foram mantidos
intensos contactos com o FMI e o Banco Mundial,
tanto a nível de funcionários como de direcção. Uma
equipa do DERP da CE visitou Washington em Janeiro
— no seguimento das reuniões FMI/BM/DERP realizadas em Bruxelas em Setembro do ano anterior. A
missão aprofundou a coordenação do processo do
DERP, nomeadamente através de um acordo com vista
ao co-financiamento do CARP (2) em alguns paísespiloto e ao reforço da cooperação em apoio da gestão
das finanças públicas. Foram igualmente registados
progressos no que se refere à convergência de perspectivas sobre a importância da condicionalidade
baseada nos resultados. Os planos relativos à gestão
das finanças públicas conduziram à instituição do
programa PEFA (Despesa Pública e Responsabilidade
Financeira), apoiado pelo Banco, a CE e o DFID (departamento para o Desenvolvimento Internacional, Reino
Unido), e parcialmente financiado através de uma
contribuição da CE de 1,9 milhões de euros para um
fundo fiduciário. Em contrapartida, o co-financiamento do CARP ainda não se tinha concretizado no
final do ano, devido, em larga medida, ao facto de
apenas três países (dois dos quais ACP) terem recebido
um CARP e de, por vezes, não haver grandes expectativas para a cooperação no terreno. Entretanto, a CE
começa a participar no apoio orçamental em conjunto
com outros doadores, o que, até certo ponto, limita as
(1) Comunicação da Comissão sobre «Criação de uma parceria eficaz com as Nações Unidas nos domínios do desenvolvimento e dos
assuntos humanitários» [COM(2001) 231, de 2 de Maio de 2001].
(2) Crédito de apoio à redução da pobreza, o novo instrumento programático de crédito do Banco Mundial para os países pobres fortemente endividados (PPFE).
A reforma da gestão da assistência externa: um ano de desafios
perspectivas de co-financiamento do CARP com o
Banco. Em 2001, foram mantidos alguns contactos de
alto nível, incluindo a visita do presidente do Banco
Mundial, James Wolfensohn, à Comissão durante o
mês de Novembro. Graças à sua participação na iniciativa PPAE, a Comissão tornou-se o principal contribuinte para os fundos geridos pelo Banco Mundial. Ao
longo do ano prosseguiram os intensos contactos
entre o Banco e a Comissão, sobretudo no contexto da
coordenação sectorial e de iniciativas especiais, como a
duradoura participação de ambas as instituições na
parceria especial para África (PEA).
17
© Dacaar
2. Progressos
em relação
aos objectivos
de desenvolvimento
A Declaração do Milénio,
aprovada por 147 chefes de
Estado e de Governo e por
um total de 189 países na
Cimeira do Milénio, em
Setembro de 2000, constituiu um marco para os
esforços da cooperação
internacional para o desenvolvimento, incluindo os da
União Europeia. Os objectivos de desenvolvimento
do milénio (ODM), contidos
na declaração, e desenvolvidos no «guia» das Nações
Unidas para a aplicação da
declaração, fornecem um
enquadramento comum
para a concentração e a
avaliação dos progressos
em matéria de desenvolvimento. Estes objectivos, que
emergiram dos acordos e
das resoluções das conferências da ONU realizadas
na última década, incluindo
os objectivos de desenvolvimento internacionais dos
anos 90, foram igualmente
subscritos pela maior parte
das principais organizações
multilaterais, o que lhes
confere uma legitimidade
sem precedentes.
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
a ser integradas nas actividades em prol do desenvolvimento (ponto 2.6)
O presente capítulo explica de que forma a CE coopera
com os demais intervenientes com vista à realização dos
objectivos de desenvolvimento do milénio, bem como o
teor dos objectivos específicos da nova política de
desenvolvimento da CE, aprovada em Novembro de
2000. Foi acordado um sistema de acompanhamento
dos progressos rumo à realização dos objectivos de
desenvolvimento do milénio, embora seja ainda necessário melhorar substancialmente a capacidade estatística dos países em desenvolvimento. Contudo, os dados
disponíveis revelam que os progressos variam consideravelmente em função das regiões e dos objectivos (ponto
2.1). O principal objectivo da política de desenvolvimento da CE, aprovada em Novembro de 2000, consiste
na erradicação da pobreza (ponto 2.2). Para acompanhar a sua contribuição para os objectivos de desenvolvimento do milénio, a CE está a desenvolver um sistema
de indicadores que permite acompanhar o desempenho
de cada país (ponto 2.3), ao mesmo tempo que acompanha a atribuição de recursos do programa de desenvolvimento da CE aos países menos desenvolvidos e aos
sectores prioritários (ponto 2.4). Para reforçar o seu impacto, a CE está a orientar a assistência para seis domínios prioritários (ponto 2.5). Para além destes domínios
fundamentais, importantes questões horizontais, como
os direitos humanos, a igualdade entre homens e
mulheres, o ambiente e a prevenção de conflitos, estão
2.1. Objectivos
de desenvolvimento
do milénio
São poucos os dados estatísticos sobre os progressos
em relação aos objectivos de desenvolvimento do
milénio (1), embora estejam a aumentar. A nível
mundial, há algumas organizações que registam os
progressos, nomeadamente as Nações Unidas, o Banco
Mundial e o Comité de Assistência ao Desenvolvimento (CAD) da OCDE. A Comissão e outros doadores
estão a apoiar os esforços no sentido de reforçar a
capacidade estatística em muitos países e regiões em
desenvolvimento.
Os dados disponíveis revelam que é longo o caminho a
percorrer até a comunidade internacional realizar os
objectivos de desenvolvimento do milénio. As perspectivas variam em função da região e dos objectivos. A
África subsariana é a região do mundo em que se
regista o maior atraso.
(1) Ver: http://www.developmentgoals.org.
Progressos para atingir
os objectivos de desenvolvimento
Taxa de pobreza
(% inferior a 1,08 USD)
Ásia Oriental e Pacífico
1990
1999
Obiectivo 2015
Progressos realizados
Taxa de progresso
necessária para
atingir os objectivos
1990
Médio Oriente
e Norte de África
Europa e Ásia Central
América Latina e Caraíbas
30
4
25
3
20
2
15
1
10
0
2015
1990
Ásia do Sul
2015
20
15
10
5
1990
África subsariana
2015
Países em desenvolvimento
3
50
50
2
40
40
1
30
30
0
20
20
30
25
20
1990
20
2015
1990
2015
1990
2015
15
10
1990
2015
Fonte: Global Economic Prospects
Foram realizados progressos na redução da pobreza
extrema, nomeadamente na Ásia. Mas existe um importante desfasamento entre a África subsariana e a maior
parte do resto do mundo. Os índices de pobreza da
Europa Oriental e da Ásia Central são relativamente
baixos, mas têm vindo a subir rapidamente.
© PRRAC
Pobreza
Progressos em relação aos objectivos de desenvolvimento
Educação
A taxa de escolarização primária está a aumentar mas ainda existe muito a fazer no
Médio Oriente e no Norte de África, no Sul da Ásia e na África subsariana.
Ásia Oriental e Pacífico
1990
1999
Obiectivo 2015
Progressos realizados
Taxa de progresso
necessária para
atingir os objectivos
1990
Médio Oriente
e Norte de África
1990
100
95
95
90
90
85
85
80
80
2015
1990
Ásia do Sul
100
95
95
90
90
85
85
80
80
2015
1990
2015
África subsariana
100
2015
100
80
60
40
1990
2015
Países com rendimentos
elevados
América Latina e Caraíbas
100
100
95
95
90
90
85
85
80
1990
Europa e Ásia Central
100
2015
80
1990
2015
Fonte:
Global Economic Prospects
© Linda Chiasson, Canadian CIDA
Taxa líquida de inscrição
no ensino primário (%)
Inscrição no ensino primário (Bangladeche).
Igualdade entre os sexos
No que respeita à igualdade entre os sexos em matéria de escolarização, o Sul da Ásia e a África subsariana registam
progressos muito lentos e, na América Latina, há que lamentar a diminuição do rácio raparigas/rapazes na escolarização.
Ásia Oriental e Pacífico
1990
1999
Obiectivo 2015
Progressos realizados
Taxa de progresso
necessária para
atingir os objectivos
1990
100
95
95
90
90
85
85
2015
Ásia do Sul
2015
África subsariana
100
100
90
90
95
80
80
90
70
70
85
60
60
2015
1990
2015
80
1990
2015
100
100
95
95
90
90
85
85
80
1990
2015
Fonte:
Global Economic Prospects
© PRRAC
Países com rendimentos
elevados
80
2015
80
1990
100
América Latina e Caraíbas
1990
100
80
Médio Oriente
e Norte de África
1990
Europa e Ásia Central
21
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
Mortalidade infantil
As taxas de mortalidade infantil estão a diminuir, embora nem sempre ao ritmo necessário para alcançar o objectivo de
2015. Mais uma vez, a África subsariana é motivo de especial preocupação. A fragilidade dos cuidados de saúde materna
na África subsariana parece ser uma das razões para tal.
Ásia Oriental e Pacífico
1990
1999
Obiectivo 2015
Progressos realizados
Taxa de progresso
necessária para
atingir os objectivos
1990
Médio Oriente
e Norte de África
1990
Europa e Ásia Central
América Latina e Caraíbas
40
40
40
30
30
30
20
20
20
10
10
10
0
0
2015
1990
Ásia do Sul
0
2015
1990
2015
Países com rendimentos
elevados
África subsariana
60
100
100
8
50
80
80
6
40
60
60
4
30
40
40
2
20
20
20
0
2015
1990
2015
1990
2015
1990
2015
Fonte: Global Economic Prospects
Número de mortes
por 1 000 nascimentos
Saúde materna
Médio Oriente
e Norte de África
América Latina e Caraíbas
1990
1999
Obiectivo 2015
Progressos realizados
Taxa de progresso
necessária para
atingir os objectivos
100
100
90
80
80
60
70
0
60
1990
2015
1990
Ásia, à excepção
da China e da Índia
2015
África subsariana
100
100
80
80
60
60
© CE
40
40
20
Fonte:
Global Economic Prospects
1990
2015
1990
2015
Sida
Ásia Oriental e Pacífico
1993
2000
Progressos realizados
Taxa de progresso
necessária para
atingir os objectivos
1993
Médio Oriente
e Norte de África
1993
22
Europa e Ásia Central
60
80
75
55
75
70
50
70
65
45
65
60
40
60
2000
1993
Ásia do Sul
2000
América Latina e Caraíbas
80
2000
1993
2000
Países com rendimentos
elevados
África subsariana
60
60
30
80
55
55
25
75
50
50
20
70
45
45
15
65
40
40
10
60
1993
2000
1993
2000
1993
2000
Fonte: Global Economic Prospects
Mulheres casadas
que utilizam contracepção
Progressos em relação aos objectivos de desenvolvimento
Ambiente
O acesso à água potável e as medidas sanitárias constituem ainda um problema em muitos países, nomeadamente nas
zonas rurais.
A água está a chegar a cada
vez menos população
População com acesso
a uma melhor fonte de água
Urbano 1999
Urbano 2000
%
100
80
60
Rural 1999
Rural 2000
40
20
0
Ásia Oriental
e Pacífico
América Latina
e Caraíbas
Médio Oriente
e Norte de África
Ásia do Sul
África subsariana
Fonte:
WHO and World Bank estimates
Fonte: Banco Mundial.
2.2. Redução da pobreza
A declaração do Conselho e da Comissão sobre a política
de desenvolvimento da Comunidade Europeia, de
Novembro de 2000 (1), define o principal objectivo da política de desenvolvimento da CE como a redução e posterior
erradicação da pobreza. Este objectivo pressupõe o apoio
a um desenvolvimento económico, social e ambiental
sustentável, a promoção da gradual integração dos países
em desenvolvimento na economia mundial e a determinação em combater as desigualdades.
Um documento de trabalho dos serviços da Comissão
(2), elaborado em Julho de 2001, identifica os principais elementos necessários para atingir o objectivo de
redução da pobreza da política de desenvolvimento da
CE. Este programa de trabalho está a ser aplicado
progressivamente. Os pontos seguintes sublinham os
elementos mais relevantes de 2001.
2.2.1. Atribuição dos recursos
financeiros
A abordagem da CE em relação à atribuição da ajuda
reconhece a necessidade de prestar especial atenção à
situação dos países menos desenvolvidos e de outros países de baixos rendimentos (3). A CE tem igualmente em
conta os esforços envidados pelos governos dos países
parceiros para reduzir a pobreza, tanto em termos de
desempenho como de capacidade de absorção. Quanto
aos países com rendimentos médios, a declaração
conjunta sobre a política de desenvolvimento da CE requer que a atenção de concentre nos países que apresentam persistentemente uma elevada proporção de
«pobres» e se mostram empenhados em pôr em prática
estratégias coerentes com vista à redução da pobreza.
A repartição dos recursos da CE consagrados ao desenvolvimento pelos países com baixos rendimentos ou
pelas populações pobres varia consoante as regiões.
Países ACP: quase 90% dos recursos do Fundo Europeu
de Desenvolvimento (FED) são destinados aos países
menos desenvolvidos e a outros países com baixos
rendimentos.
América Central, região dos Andes e Paraguai: dois
terços da ajuda da CE a esta região são destinados aos
segmentos mais pobres das populações rurais e urbanas.
Ásia: os programas de cooperação para o desenvolvimento para a Ásia têm-se concentrado, desde sempre,
nos países mais pobres da região e nos «grupos mais
pobres» das populações destes países. Nos últimos
cinco anos, foi destinada aos países mais pobres uma
média de 80% da assistência da CE, da qual 32% se
destinou aos países menos desenvolvidos (nomeadamente Bangladeche, Butão, Camboja, Laos, Maldivas e
Nepal) e 48% a outros países com baixos rendimentos,
a saber, Índia, Indonésia, Paquistão e Vietname.
2.2.2. Concentração na pobreza
através dos documentos
de estratégia por país
As reformas políticas e os programas específicos para
combater a pobreza nos diferentes países são influenciados pelas condições de cada país. O crescimento
(1) Ver: http://www.consilium.eu.int/Newsroom/newmain.asp?lang=1.
(2) SEC(2001) 1317, de 26 de Julho de 2001.
(3) Actualmente, existem 49 países menos desenvolvidos (PMD) que são assim designados pelas Nações Unidas com base no baixo rendimento per capita, recursos humanos fracos e um baixo nível de diversificação económica. Os países com baixos rendimentos abrangem
um grupo mais vasto de países definido unicamente pelo seu rendimento (a classificação do Banco Mundial baseia-se no rendimento
per capita inferior a 700 dólares americanos em 2000).
23
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
económico sustentado — embora por si só não seja
suficiente — constitui um requisito indispensável para
reduzir a pobreza, como foi sublinhado na declaração
de Novembro de 2000. Muitos países em desenvolvimento acabam de sofrer importantes transformações,
como a transição do comunismo para economias
democráticas de mercado ou de regimes militares para
regimes democráticos civis. Na Ásia Central e Oriental,
a CE apoia, principalmente, este processo de transição,
sobretudo através do reforço das instituições, que é
considerado a melhor forma de combater a pobreza
nesta região. Inversamente, na região dos Balcãs, os
instrumentos mais eficazes consistem em medidas em
prol da paz e da estabilidade. No Norte de África e na
região do Mediterrâneo, o apoio é orientado, sobretudo, para o reforço da capacidade da região para se
integrar na economia mundial, mediante o apoio ao
desenvolvimento económico e social.
2.2.3. O processo do documento
de estratégia para a redução
da pobreza (DERP)
A CE acredita firmemente que a apropriação das estratégias de desenvolvimento sustentável e de redução da
pobreza por parte dos países parceiros é determinante
para o êxito das políticas de desenvolvimento. Coerentemente, e como refere nos documentos de estratégia
por país, a Comissão procura inscrever o seu apoio num
contexto mais vasto. Para os países de baixos rendimentos, o principal enquadramento é fornecido pelo
documento de estratégia para a redução da pobreza
(DERP) e o processo conexo. Os esforços da Comissão foram dificultados pela inexistência de DERP completos:
no final de 2001, apenas oito países tinham elaborado
DERP completos. Contudo, por ocasião da actualização
dos documentos de estratégia por país (DEP), estes podem ser adaptados, de modo a reflectir os progressos
registados pelo país em causa na elaboração de um
DERP completo.
O desenvolvimento da abordagem do DERP proporciona uma excelente oportunidade para reforçar a
eficácia do esforço de desenvolvimento global. A
Comissão contribuiu significativamente para o desenvolvimento desta abordagem, através da reorientação
da sua estratégia (incluindo uma mudança no sentido
da contribuição directa para os orçamentos dos países
parceiros, quando se encontram satisfeitas determinadas condições) e através da sua contribuição para a
definição da política internacional. Esta contribuição é
reforçada pelo papel da Comissão enquanto co-presidente do Grupo Técnico da Parceria Estratégica para
África (1) e enquanto líder do projecto-piloto, sediado
no Burquina Faso, para a reforma das condições
impostas aos países parceiros para o desencadeamento
da prestação de apoio macroeconómico.
Contudo, para se tornarem um enquadramento eficaz
para a assistência externa, os DERP necessitam de
dispor de indicadores de desempenho mais sólidos, ou
seja, um conjunto central de indicadores, medidos
24
anualmente, pelos quais os governos dos países se
responsabilizem perante os seus cidadãos e pelos quais
a Comissão (e outros parceiros externos) possam
avaliar os progressos. A Comissão tem desempenhado
um papel preponderante, a nível internacional, no
desenvolvimento de instrumentos que permitam
acompanhar o desempenho e pretende integrar no
processo de acompanhamento dos DEP os indicadores
adequados extraídos do DERP.
2.3. Avaliação dos resultados
através de indicadores
A Comissão avalia os resultados através de indicadores
a dois níveis distintos, mas complementares:
❿ avaliação do desempenho do país em termos de
crescimento económico, melhoria do nível de vida
e redução da pobreza, a curto, médio e longo
prazo. Este nível de indicadores resulta dos mais
importantes indicadores associados aos objectivos
de desenvolvimento do milénio, eventualmente
completados por alguns indicadores essenciais;
❿ avaliação, mais pormenorizada, do desempenho
das políticas sectoriais do país nos sectores
apoiados.
Os dois níveis acima referidos constituem, na realidade, dois graus de pormenor complementares, que
devem ser analisados de forma coerente.
No primeiro nível, em todos os países em que a
Comissão se encontra activa, há uma série de indicadores que deve ser acompanhada, a fim de se obter
uma perspectiva global dos progressos realizados
rumo aos objectivos de desenvolvimento do milénio.
Esta série de indicadores deve ser seleccionada a partir
dos 48 indicadores associados aos objectivos de desenvolvimento do milénio, de modo a permitir elaborar
relatórios anuais sobre os progressos dos países,
através de um pequeno número de indicadores essenciais mensuráveis anualmente. Estes indicadores
complementares devem incluir indicadores das
entradas (que não fazem parte do quadro de acompanhamento dos objectivos de desenvolvimento do
milénio), por exemplo, indicadores que permitam
medir o apoio financeiro concedido a sectores específicos pelos governos e os doadores, bem como indicadores de resultados em tempo real. O projecto de
orientações para a definição de indicadores de desenvolvimento (2) sugere que, logo que aprovado, este
conjunto de indicadores passe a fazer parte de todos
os documentos de estratégia por país.
O acompanhamento sistemático com recurso a esta vasta gama de indicadores, incluindo indicadores mensuráveis anualmente e indicadores de entradas a nível
nacional, irá permitir à Comissão seguir a evolução dos
sectores, ainda que não desempenhe um papel activo
nos mesmos. Deste modo, estarão disponíveis as infor-
(1) Um grupo informal de doadores, liderado pelo Banco Mundial. Ver:
http://www1.worldbank.org/prsp/newsletter/Feb_2001/Our_Partners__Perspectives/Strategic_Partnership_for_Afri/strategic_partnership_for_afri.html.
(2) Ver: http://www.europa.eu.int/comm/development/sector/poverty_reduction/infopack_ann1.pdf.
Progressos em relação aos objectivos de desenvolvimento
Nos sectores prioritários dos DEP, será acompanhado um
conjunto mais vasto de indicadores. Estes indicadores
devem fazer parte do conjunto mais vasto de indicadores que é objecto de acompanhamento por parte dos
ministérios nacionais competentes. A Comissão irá
trabalhar em conjunto com outros doadores e países
parceiros para identificar um número limitado de «indicadores de boa prática», a utilizar no acompanhamento
do desempenho sectorial. Esta lista indicativa funcionará como enquadramento para um debate nacional
mais eficaz e coerente sobre o acompanhamento sectorial. As orientações políticas e as medidas regulamentares dos governos serão igualmente acompanhadas,
ainda que não sejam facilmente mensuráveis através de
indicadores quantitativos genéricos.
Em todos os casos, os indicadores acompanhados pela
Comissão baseiam-se nos processos nacionais em curso
nos países em causa (DERP, nos países que os possuem).
Tal permite a influência recíproca e a partilha de experiências e constitui uma valiosa oportunidade para o
debate de temas políticos e a responsabilização crescente dos governos nacionais.
© Robert D. Watkins/ECHO
mações necessárias para a tomada de decisões por ocasião da revisão dos documentos de estratégia por país.
Jamaica: um indicador do nível das águas fluviais, que faz parte de um
dispositivo de alerta rápido de inundações no vale do rio Grande.
No âmbito do processo de programação, estão a ser
definidas orientações para ajudar os programadores a
introduzir indicadores de desenvolvimento nos DEP.
Dado que a maior parte dos doadores se encontra
ainda numa fase inicial dos trabalhos em matéria de
indicadores de desenvolvimento, a Comissão decidiu
associar os Estados-Membros da UE, o Comité de Assistência ao Desenvolvimento (CAD) da OCDE e outros
doadores à elaboração destas orientações.
da Comissão pode constituir um valor acrescentado. A
nova política de desenvolvimento da CE, aprovada em
Novembro de 2000, identificou seis domínios prioritários: comércio e desenvolvimento, integração e cooperação regionais, apoio às políticas macroeconómicas e
acesso equitativo aos serviços sociais, transportes,
segurança alimentar e desenvolvimento rural sustentável, e reforço da capacidade institucional, boa governação e Estado de direito.
Um grupo de trabalho em que participam os Estados-Membros da UE, o CAD da OCDE e diversos serviços
da Comissão entrará em funcionamento em Março de
2002, tendo como objectivo explorar a possibilidade
de os doadores adoptarem uma abordagem coerente,
incluindo princípios e tipologias comuns, em relação
ao acompanhamento, a fim de reduzir as tarefas
impostas aos países beneficiários. A base para este
trabalho é o projecto de orientações para a definição
de indicadores de desenvolvimento (1), elaborado pela
Comissão. Este trabalho está em curso e os seus resultados serão progressivamente integrados no processo
de programação e de revisão da Comissão. Os Estados-Membros da UE e o CAD da OCDE congratularam-se
vivamente com a iniciativa.
O presente ponto aborda os principais domínios de
intervenções programadas, reflectidos nos documentos
de estratégia por país já formalmente aprovados ou
praticamente concluídos. A sua repartição sectorial
assenta no sistema de classificação do CAD da OCDE.
Após a conclusão dos DEP actualmente em elaboração
e após a análise dos próximos projectos de DEP, podem
ainda verificar-se alterações na repartição sectorial,
Contudo, é improvável que o cenário geral venha a
alterar-se substancialmente.
Os capítulos 4 a 9 apresentam uma reflexão sobre a
abordagem da CE em cada região.
2.4.1. Países de África, das Caraíbas
e do Pacífico (ACP)
2.4. Objectivos sectoriais do
processo de programação
No quadro dos seus esforços para melhorar o impacto
da assistência comunitária para o desenvolvimento, a
Comissão tem procurado consistentemente, desde
2000, concentrar a assistência da CE em domínios
fulcrais para a redução da pobreza e em que a acção
A programação plurianual para os países ACP cobre o
9.º Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED), operacional imediatamente após a entrada em vigor do
Acordo de Cotonu (2) (prevista para o início de 2003),
por um período (em princípio) de cinco anos.
Os DEP até agora analisados revelam uma concentração
nos sectores dos transportes e do apoio macroeconómico
(1) Ver: http://www.europa.eu.int/comm/development/sector/poverty_reduction/infopack_ann1.pdf.
(2) Para poder entrar em vigor, o acordo deve ser ratificado por, no mínimo, dois terços dos Estados ACP e por todos os Estados-Membros
e ser aprovado pela Comunidade Europeia (n.º 2 do artigo 93.º do Acordo de Cotonu). Em 18 de Janeiro de 2002, 36 Estados ACP,
quatro Estados-Membros da UE e a Comunidade Europeia haviam concluído este processo.
25
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
2.4.3. América Latina
A programação financeira plurianual para esta região
cobre o período 2002-2006.
Os principais domínios objecto da intervenção programada são os sectores sociais (incluindo a educação, a
saúde, o abastecimento de água e o saneamento —
23%), o governo e a sociedade civil (18%) e o comércio
e o turismo (15%). A escolha dos sectores reflecte as
necessidades específicas da região, a saber, intervenções directas destinadas a melhorar os serviços sociais
prestados aos grupos mais desprotegidos, apoio ao
reforço institucional sustentável, a fim de fomentar a
boa governação e o crescimento aliado à promoção do
comércio e do turismo, com o objectivo de facilitar
uma maior integração na economia mundial.
© CE
2.4.4. Ásia
Peru: crianças da comunidade Quechua ao longo do rio Tigre, onde está a
ser desenvolvido um projecto de piscicultura.
(para estratégias de redução da pobreza), incluindo o
financiamento orçamental de DERP, com a tónica na
saúde e na educação. Os transportes representam aproximadamente 31% dos recursos programados, enquanto
o apoio macroeconómico representa 21%. As outras
grandes prioridades são: contribuições directas para a
saúde e a educação (10,4%), abastecimento de água e
saneamento (7,1%), segurança alimentar e desenvolvimento rural (7,1%) e apoio institucional e reforço das
capacidades do Governo e da sociedade civil (10,8%). Os
recursos destinados ao sector extractivo (5,3%) prendem-se com a «transferência Sysmin» (1).
Em síntese, cerca de 27% dos recursos disponíveis até
agora programados para o período 2002-2006 concentram-se nos serviços e infra-estruturas sociais definidos
pelo CAD da OCDE. 21% dos recursos foram destinados ao apoio ao ajustamento estrutural, frequentemente ligado ao desempenho do sector social.
2.4.2. Mediterrâneo
A programação plurianual para a região MEDA (2)
cobre o período 2002-2004.
A programação concentrou uma parte importante dos
recursos nas infra-estruturas e serviços sociais. Uma
média de 47,8% foi atribuída às infra-estruturas sociais
e ao apoio macroeconómico vinculado ao desempenho
do sector social. Entre as demais prioridades contam-se
o ambiente (5%), o comércio e turismo (7%) e os
transportes (7%).
26
A programação financeira plurianual para esta região
cobre o período 2002-2004.
A programação reflecte uma forte concentração em
actividades que visam directamente a redução da
pobreza, sendo dada particular ênfase à educação, à
saúde e ao abastecimento de água e saneamento
(43%), ao comércio e ao turismo (9%), ao ambiente
(4%) e ao apoio às ONG (5%).
2.4.5. Europa Oriental e Ásia Central
A programação financeira plurianual para esta região
cobre o período 2002-2004.
O financiamento Tacis (3) está programado para domínios complementares. Cada programa, nacional ou
multinacional, concentra-se, no máximo, em três dos
seguintes domínios: reforma institucional, jurídica e
administrativa, sector privado e desenvolvimento
económico, consequências das mudanças na sociedade,
redes de infra-estruturas, protecção do ambiente,
economia rural e segurança nuclear. O número de domínios é limitado a fim de aumentar a eficácia do
programa. Os principais domínios de intervenção são os
seguintes: energia, 24,4%; Governo e sociedade civil,
21,1%; desenvolvimento do sector privado, 16,3%.
2.4.6. Os Balcãs
A programação financeira plurianual para esta região
cobre o período 2002-2004.
A União Europeia é, de longe, o maior doador dos
Balcãs Ocidentais, através de programas como o
(1) Sysmin: sistema para a protecção e o desenvolvimento da produção mineira — estes fundos são consagrados ao apoio das indústrias
tradicionais. Trata-se da «transferência Sysmin» do 8.º FED para o financiamento do programa de desenvolvimento identificado no
seguimento de um pedido de ajuda no âmbito do programa Sysmin da Convenção de Lomé, mas em relação ao qual não foi possível
tomar qualquer decisão antes de 31 de Dezembro de 2000.
2
( ) O MEDA cobre o apoio à reforma das estruturas económicas e sociais, no âmbito da parceria euromediterrânica, que abrange
Marrocos, Argélia, Tunísia (Magrebe), Egipto, Israel, Jordânia, Autoridade Palestina, Líbano, Síria (Machereque), Turquia, Chipre e
Malta.
(3) Tacis: programa de assistência técnica à Comunidade dos Estados Independentes; cobre a Arménia, o Azerbaijão, a Bielorrússia, a
Geórgia, o Cazaquistão, o Quirguizistão, a Moldávia, a Mongólia, a Rússia, o Tajiquistão, o Turquemenistão, a Ucrânia e o Usbequistão.
Phare (1), para a Europa Oriental, o Obnova (2), para a
antiga Jugoslávia e os Balcãs, e o CARDS (3), para os
Balcãs. Nos próximos anos, a assistência da CE irá
concentrar-se no reforço das instituições e na sociedade civil (42%), na educação, no abastecimento de
água, no saneamento e noutros serviços sociais (20%)
e no desenvolvimento do sector privado (11%).
© Carl Cordonnier
Progressos em relação aos objectivos de desenvolvimento
2.5. Iniciativas políticas em
domínios prioritários da CE
2.5.1. Comércio e desenvolvimento
A liberalização do comércio e do investimento no
contexto de uma política económica nacional sólida e
transparente desempenha um papel importante na
promoção do crescimento económico e do desenvolvimento.
Venda no mercado de produtos lácteos fabricados com leite pasteurizado.
Associação de criadores de gado em Osh (Quirguizistão).
A Comunidade Europeia está empenhada em
promover a gradual integração dos países em desenvolvimento na economia mundial, mediante a integração do comércio nas estratégias de desenvolvimento dos países em desenvolvimento e a promoção
de enquadramentos políticos regionais e nacionais que
induzam o crescimento económico e o desenvolvimento social. A CE é o maior importador de produtos
agrícolas dos países em desenvolvimento e, em regra
geral, o seu mais importante parceiro comercial.
Bilateralmente, a CE oferece aos países em desenvolvimento uma série de regimes comerciais preferenciais,
alguns dos quais foram discutidos ou alterados em
2001. A CE já concluiu ou está a negociar acordos
comerciais preferenciais com os países mediterrânicos,
a África do Sul, o Mercosul, o Chile e o Conselho de
Cooperação do Golfo, estando a examinar a possibilidade de encetar negociações com outros. No âmbito
© Alessandro Villa
Na OMC, a CE tem defendido com vigor uma nova
ronda de negociações comerciais multilaterais,
centrada nas necessidades e nos interesses dos países
em desenvolvimento. As prioridades acordadas na
reunião ministerial da OMC em Doha, em Novembro
de 2001 (4) — a «agenda de Doha para o desenvolvimento» —, definem um contexto claro para reforçar a
relação entre comércio e desenvolvimento, no sistema
comercial multilateral. A integração dos países em
desenvolvimento no sistema comercial mundial e na
economia global constitui a primeira prioridade da
Declaração de Doha. Tem em conta as preocupações
dos países em desenvolvimento, expressas pelo grupo
ACP (5), no que se refere à importância e à urgência da
integração dos Estados ACP no sistema de comércio
multilateral e, neste contexto, ao facto de as questões
relativas ao desenvolvimento deverem estar no âmago
de futuros programas de trabalho da OMC.
do Acordo de Cotonu (para os países ACP), a CE
concede igualmente importantes preferências comerciais não recíprocas. Os preparativos para as negociações dos acordos de parceria económica com as subregiões ACP, que deverão ser encetadas em Setembro
de 2002, foram iniciados em 2001. Os países em desenvolvimento beneficiam ainda de preferências comerciais unilaterais no contexto do sistema de preferências
generalizadas da UE, que foi melhorado com efeitos a
partir de 1 de Janeiro de 2002.
Ruanda: após ter modernizado estas unidades de produção de chá, a UE
privilegia actualmente a questão da qualidade com vista a apoiar as
exportações e as privatizações.
(1) Phare: Polónia e Hungria: ajuda à reestruturação económica (entretanto alargado para cobrir igualmente a Bulgária, a Estónia, a Eslováquia, a Eslovénia, a Letónia, a Lituânia, a República Checa e a Roménia).
(2) Obnova: programa de reconstrução da antiga República jugoslava da Macedónia, Bósnia, Croácia, Montenegro e Sérvia.
3
( ) CARDS: assistência comunitária para a reconstrução, desenvolvimento e estabilização nos Balcãs Ocidentais (Albânia, antiga República
jugoslava da Macedónia, Bósnia-Herzegovina, Croácia e República Federativa da Jugoslávia).
(4) Ver: http://www.wto.org/english/tratop_e/dda_e/dda_e.htm.
(5) Declaração dos ministros responsáveis pelo comércio dos Estados ACP acerca da quarta conferência ministerial da OMC, 7 de Novembro
de 2001.
27
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
2.5.2. Integração e cooperação
regionais
© CE
A UE é uma firme defensora da integração regional, que
fomenta uma melhor compreensão e vínculos políticos
e económicos entre países vizinhos. Este processo pode
consolidar a paz, evitar conflitos e promover a integração dos países em desenvolvimento na economia
mundial, reforçando as perspectivas de crescimento
económico e de desenvolvimento sustentável.
Educação das raparigas – Parte do programa de irrigação do vale do Rio
Níger.
Em Fevereiro de 2001, a UE acordou em conceder livre
acesso, isento de direitos aduaneiros e de contingentação, a todos os produtos originários dos países
menos desenvolvidos (PMD), com excepção de armas e
de munições, naquilo que ficou conhecido como iniciativa «Everything But Arms» (1) (Tudo, menos armas),
que produz efeitos desde Março de 2001. Ao aprovar
esta iniciativa, a UE aboliu os direitos aduaneiros ainda
aplicáveis aos produtos agrícolas. Até mesmo os três
produtos mais sensíveis — arroz, açúcar e bananas —
foram incluídos, embora o seu comércio deva ser
progressivamente liberalizado ao longo dos próximos
quatro a oito anos. Os beneficiários desta liberalização
serão os 48 PMD que já beneficiam do sistema de
preferências generalizado da UE (2).
Para assegurar que os países em desenvolvimento —
nomeadamente os PMD — beneficiem «de oportunidades acrescidas e de um maior bem-estar gerados pelo
sistema de comércio multilateral» (3) são necessários
programas de assistência técnica e de reforço das capacidades bem orientados. Para além das preferências
comerciais, a UE oferece aos países em desenvolvimento
(ver abaixo) medidas de assistência técnica relacionada
com o comércio e de reforço das capacidades, destinadas a apoiar os esforços dos países em desenvolvimento no sentido de reforçarem as suas capacidades
judicial, legislativa e institucional. Os documentos de
estratégia por país fornecem o enquadramento geral
para todas as intervenções da CE. A Comissão está a
colaborar com os Estados-Membros da UE, com outros
doadores bilaterais e com as instituições multilaterais, a
fim de promover mecanismos de coordenação e de
complementaridade em matéria de assistência técnica
relacionada com o comércio. Esta acção foi empreendida no âmbito dos fundos multilaterais pertinentes,
como o Doha Development Agenda Global Trust Fund e
o Integrated Framework Trust Fund for LDCs.
28
(1) Regulamento (CE) n.º 416/2001, de 28 de Fevereiro de 2001; JO
L 60 de 1.3.2001; http://Europa.eu.int/eur-lex.
(2) Ver lista de PMD no anexo IV do Regulamento (CE)
n.º 2820/1998, de 21 de Dezembro de 1998; JO L 357 de
30.12.1998. Entretanto, foram suspensas todas as preferências
SPG referentes à Birmânia e o mesmo se aplica à iniciativa
Everything But Arms (Tudo, menos armas).
(3) Declaração ministerial no âmbito da OMC, 14 de Novembro de
2001, ponto 2.
O contexto político do apoio da UE à integração e à
cooperação regionais evoluiu ao longo de 2001 e irá
continuar a evoluir, devido nomeadamente à necessidade de assegurar a coerência entre factores externos
— como a agenda de desenvolvimento de Doha da
OMC, lançada em Novembro de 2001 e, no caso dos
países ACP, os preparativos para a aplicação do Acordo
de Cotonu e as negociações, que serão lançadas em
2002, de acordos de parceria económica.
2.5.3. Políticas macroeconómicas e
acesso equitativo aos serviços
sociais (saúde e educação)
Observa-se um crescente consenso internacional quanto
à utilidade de, para aumentar a eficácia da ajuda, abandonar os projectos isolados e substituí-los por contribuições directas para os orçamentos dos países parceiros
(apoio orçamental), sempre que as condições do país em
causa o permitam. Além disso, o apoio orçamental deverá estar associado a estratégias nacionais de redução
da pobreza — como os DERP — sempre que tais estratégias existam. Esta deslocação da ajuda deverá resultar
numa maior apropriação da ajuda por parte dos países,
na redução dos custos de transacção, num planeamento
e atribuição dos recursos unificados e no reforço da
complementaridade e da flexibilidade.
O apoio orçamental só é prestado quando a sua
eficácia é previsível, o que exige que o país gira a sua
macroeconomia de forma estável e sustentada. Para
reduzir a pobreza, é essencial que sejam desenvolvidas
políticas orçamentais e monetárias prudentes e realizadas mudanças estruturais que criem condições para
o crescimento do sector privado. Todos os programas
de apoio orçamental estão vinculados à prossecução
de políticas macroeconómicas sólidas, avaliadas através
de um programa aprovado pelo FMI.
A Comissão Europeia desempenhou um papel preponderante no desenvolvimento de mecanismos baseados
nos resultados para o apoio orçamental macroeconómico, que reforçam a apropriação pelo país e
oferecem incentivos para que os governos acompanhem os progressos através dos principais indicadores
da pobreza e da gestão das finanças públicas. Dos 24
programas de apoio macroeconómico aos países ACP
de 2000 e 2001, 12 previam uma abordagem baseada
estritamente nos resultados, seis estavam vinculados à
obtenção de resultados positivos e de progressos na
gestão das finanças públicas e seis estavam vinculados
a outros indicadores (processuais).
Em todos os países ACP, o apoio orçamental está vinculado aos resultados alcançados na luta contra aspectos
da pobreza abrangidos pelos objectivos de desenvolvi-
Progressos em relação aos objectivos de desenvolvimento
Nos países MED, o apoio orçamental constitui uma
oportunidade para debater com o país parceiro questões sociais e a redução da pobreza. Este diálogo incide,
frequentemente, em importantes questões sectoriais,
por exemplo, a educação e a saúde na Tunísia, ou a água
e a educação em Marrocos. Neste programas, a concentração na educação, na saúde ou na água visa contribuir
para importantes reformas sectoriais, com o objectivo
de melhorar a qualidade e a cobertura dos serviços básicos e, ao mesmo tempo, de garantir uma sólida gestão
das finanças públicas. Estes programas sectoriais orientados para sectores sociais são complementados por
projectos mais tradicionais (educação no Egipto) ou fundos sociais (1) (no Egipto e, em preparação, na Argélia,
na Jordânia e no Líbano). Em consequência, uma parte
importante do financiamento MEDA é consagrada aos
sectores sociais (2).
GESTÃO
DOS RECURSOS HÍDRICOS
A gestão dos recursos hídricos tem de ser considerada
uma questão transsectorial a apurar no contexto da
maioria das políticas de desenvolvimento associadas à
redução da pobreza. Reveste-se de especial importância
para o desenvolvimento humano, juntamente com a
saúde e a educação. Em 2001, a CE elaborou um
projecto de comunicação sobre a gestão dos recursos
hídricos nos países em desenvolvimento. Esta comunicação tinha, nomeadamente, como objectivo salientar
onde e como as políticas relativas à água e ao desenvolvimento estão integradas nas prioridades de desenvolvimento da Comunidade Europeia. A parte central do
documento articula mensagens-chave sobre as orientações das políticas e as acções a pôr em prática. No âmbito da política-quadro da gestão integrada dos
recursos hídricos, a concentração é no abastecimento de
água e nas condições sanitárias, na gestão dos recursos
hídricos transfronteiras e na coordenação transsectorial
e integração das diferentes utilizações da água. A comunicação com base nos resultados da Conferência de
Bona sobre a água corrente realizada em Dezembro de
2001 promoveu o desenvolvimento de uma iniciativa da
UE como ponto central da ordem de trabalhos para a cimeira mundial sobre o desenvolvimento sustentável a
realizar em Joanesburgo em Agosto/Setembro de 2002.
EDUCAÇÃO
© Carl Cordonnier
mento do milénio. Deste modo, o apoio orçamental
constitui um forte incentivo para que os governos prestem serviços básicos eficazes, facultando, simultaneamente, recursos adicionais que os governos deverão
consagrar à realização deste objectivo. Para serem utilizados na gestão do desempenho anual, os indicadores
escolhidos (concentrados, essencialmente, nos serviços
sociais básicos, como a saúde e a educação) devem ser
avaliados anualmente e poder ser acompanhados neste
contexto, ou seja, devem evoluir rapidamente. Em 2001,
foram consagrados ao apoio macroeconómico dos países ACP 270,31 milhões de euros.
Gestão dos recursos hídricos e produção agrícola na Ásia Central e questões
ambientais no mar Aral (Narmap) e no Mirsadul (Usbequistão).
tram, especialmente, na redução da pobreza. A
programação nos países em desenvolvimento tem-se
concentrado na «educação para todos» (ensino básico)
e na formação profissional, através de apoio macroeconómico e de apoio a programas. A questão da igualdade entre homens e mulheres foi tomada em devida
conta, através de uma maior concentração no ensino
primário e nos indicadores de resultados.
A Comissão organizou duas reuniões com peritos em
educação dos Estados-Membros da UE sobre abordagens sectoriais, a concentração na pobreza e a comunicação da Comissão relativa à educação e à formação
no contexto da redução da pobreza nos países em
desenvolvimento, a adoptar em 2002.
Em 2001, a Comissão influenciou a agenda internacional para a educação através de contributos para
dois importantes eventos no quadro da ONU: a conferência das Nações Unidas sobre os países menos desenvolvidos e a sessão especial da Assembleia Geral das
Nações Unidas sobre a infância (21 de Maio a 7 de
Junho de 2002).
A Comissão participou activamente no seguimento da
Conferência de Dacar sobre a educação para todos e
nos trabalhos da task force de altos-funcionários do G8
sobre educação, com vista a fazer avançar a aplicação
do enquadramento de Dacar para acções no domínio
da educação para todos. Os principais objectivos deste
fórum foram os seguintes:
❿ o reforço da mobilização e da coordenação entre
doadores, com vista a realizar os objectivos de
desenvolvimento do milénio em matéria de
educação;
E FORMAÇÃO
Foram definidas orientações para a programação no
domínio da educação e da formação que se concen-
❿ o reforço da coerência entre estes objectivos e as
estratégias por país e as estratégias de redução da
pobreza;
(1) Os fundos sociais são utilizados para financiar planos de desenvolvimento local, por exemplo, microfinanciamento.
(2) Por sectores sociais entende-se a saúde, a educação, a formação, o emprego, a sociedade civil, as questões de igualdade entre os sexos,
os direitos humanos, o desenvolvimento local, a protecção social e as implicações sociais da reestruturação industrial.
29
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
© CE
A Comissão preparou a base jurídica para a sua participação no Fundo Mundial, bem como para a sua participação activa no grupo de trabalho criado para
preparar a instituição do Fundo. A Comissão preparou
ainda duas propostas para a revisão das bases jurídicas
de duas rubricas orçamentais especiais: uma para as
doenças relacionadas com a pobreza e outra para a
saúde e os direitos genésicos e sexuais. A Comissão
preparou ainda uma nova comunicação sobre saúde e
pobreza. Trata-se da primeira vez que existe um
enquadramento comunitário único para orientar o
apoio prestado nos domínios da saúde, sida, população e luta contra a pobreza, no contexto da assistência da CE a países em desenvolvimento.
Construção de estradas em Nyanguge, na região de Mwanza, no Norte da
Tanzânia, nas proximidades do lago Vitória.
❿ o reforço da coordenação a todos os níveis de interacção com os governos nacionais, através de um
código de conduta para o financiamento das agências e dos países parceiros;
❿ a necessidade de aumentar os recursos financeiros
dos países empenhados em realizar os objectivos
de Dacar.
2.5.4. Saúde, sida e política
demográfica
Para a saúde, a sida e a política demográfica foram
adoptadas orientações no contexto da redução da
pobreza, da igualdade entre os sexos e dos objectivos
de desenvolvimento do milénio no domínio da saúde.
A Comissão participou activamente nas actividades
desenvolvidas no seguimento do compromisso assumido pelo G8, na cimeira de 2000, no sentido de
aumentar o apoio às acções de luta contra as doenças
contagiosas nos países em desenvolvimento (1). O
programa de acção da CE relativo às doenças contagiosas foi adoptado em Fevereiro de 2001 e aprovado
pelo Conselho «Assuntos Gerais» em Maio e pelo Parlamento Europeu em Outubro (2). As decisões tomadas
em matéria de acções prioritárias conduziram a posições
coerentes da CE na preparação de importantes acontecimentos internacionais, nomeadamente a sessão especial da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre
HIV/sida, a conferência sobre os países menos desenvolvidos, a cimeira UE/EUA de Gotemburgo, a cimeira de
Génova do G8, a cimeira UE-Canadá, no acompanhamento do plano de acção do Cairo, na Declaração de
Doha sobre a propriedade intelectual relacionada com
o comércio e a saúde pública e no processo de transição
conducente à criação do Fundo Mundial para a Luta
contra o HIV/sida, a Malária e a Tuberculose.
30
(1)
(2)
(3)
(4)
A Comissão organizou duas reuniões com peritos dos
Estados-Membros no domínio da saúde, uma sobre a
abordagem europeia do Fundo Mundial e outra sobre
políticas e programação nas áreas da saúde e da luta
contra a pobreza. A Comissão apresentou as linhas
principais da sua comunicação sobre saúde, sida, população e pobreza nos países em desenvolvimento, que
deverá ser adoptada em 2002.
2.5.5. Transportes
Em Maio de 2001, em resposta à comunicação da
Comissão de Julho de 2000 sobre a «Promoção de
transportes sustentáveis no âmbito da cooperação
para o desenvolvimento» (3), o Conselho adoptou uma
«Resolução sobre transportes sustentáveis no âmbito
da cooperação para o desenvolvimento» (4). No seu
conjunto, estes dois documentos estabelecem uma
plataforma política forte e clara para as intervenções
da UE no sector.
A estratégia para realizar os objectivos de desenvolvimento assenta no princípio de que os transportes
devem ser acessíveis e satisfazer as necessidades dos
utentes. Devem, por conseguinte, ser seguros e
eficientes, e ter um impacto negativo mínimo no
ambiente. Trata-se de uma estratégia global na
medida em que é aplicável a todos os meios de transporte e aos serviços conexos implicados na circulação
de pessoas e mercadorias.
A abordagem da CE no que toca à cooperação para o
desenvolvimento no sector dos transportes assenta no
reconhecimento do facto de que a existência de
sistemas de transportes eficientes nas zonas rurais e
urbanas é fundamental para facilitar a redução da
pobreza, mediante a promoção do desenvolvimento
económico e social e do acesso aos serviços sociais. São
ainda importantes para facilitar o comércio e a integração dos países em desenvolvimento na economia
mundial. O apoio tem por objectivo assistir os países
em desenvolvimento parceiros na formulação e na
aplicação de estratégias para o sector, em cooperação
com todos os interessados, a fim de realizar os objectivos de redução da pobreza e de integração. Estas
estratégias devem definir claramente prioridades, estabelecendo um equilíbrio sólido entre manutenção e
investimento, e devem ser económica, financeira e
Ver: http://www.g7.utoronto.ca/g7/summit/2000okinawa/finalcom.htm.
COM(2001) 96, de 21 de Fevereiro de 2001.
COM(2000) 422, de 6 de Julho de 2000.
Resolução 9985/01 do Conselho, no seguimento da 2352.a reunião do Conselho «Desenvolvimento», de 31 de Maio de 2001.
© Danish Management Monitoring Team/P.A. Welch
Progressos em relação aos objectivos de desenvolvimento
Desenvolvimento sustentável: um projecto social silvícola no Malavi. Realização e apresentação a nível local da primeira avaliação e
do plano de gestão.
institucionalmente sustentáveis, consistentes do ponto
de vista ambiental e seguras, tendo em conta, igualmente, os aspectos sociais. Em regra geral, o financiamento destas estratégias é assegurado no âmbito de
programas sectoriais, o que facilita o acompanhamento, simplifica a gestão sectorial e conduz a uma
repartição dos recursos mais eficaz e transparente.
Com base nos princípios e na estratégia acima delineados, em 2001 foram definidas e colocadas à disposição de todas as delegações da Comissão «orientações
de programação» para a programação do apoio ao
sector dos transportes a título do 9.º FED. Estas orientações incluem modelos para a análise da política de
transportes, dos problemas e das questões levantadas
pela aplicação da estratégia, bem como recomendações para a formulação da estratégia de resposta da
CE no domínio dos transportes.
Dos 44 documentos de estratégia para países ACP apresentados em 2001, 23 países — praticamente todos em
África — colocavam os transportes, as infra-estruturas de
transporte ou as estradas como sector prioritário, para
um montante total de 1 700 milhões de euros. Os DEP destes países basearam as suas propostas de estratégia de
resposta da CE para o sector nas orientações de programação. As principais áreas de apoio sectorial da CE no
âmbito destes DEP são o desenvolvimento de estratégias
sectoriais, a manutenção de estradas (recuperação do
atraso e manutenção regular), o reforço das capacidades
nos sectores público e privado (por exemplo, celebração
de contratos a nível nacional) e a beneficiação de
estradas, sobretudo nas principais ligações entre países.
A coordenação de políticas e estratégias com os
Estados-Membros, o Banco Mundial e outros dadores
constitui um elemento essencial do apoio da CE ao
sector dos transportes a fim de assegurar a coerência e
a complementaridade das intervenções da CE. Em
2001, a Comissão realizou debates com o grupo de
peritos dos Estados-Membros em matéria de transportes sobre as orientações de programação acima
mencionadas e lançou também um diálogo sobre os
indicadores para o acompanhamento dos resultados
no sector dos transportes e a contribuição dos transportes para o desenvolvimento da cooperação.
O diálogo sobre as políticas e as estratégias prossegue
também através do programa da política de transportes
da África subsariana (PPTAS), que reúne a UNECA, o
Banco Mundial, a CE, vários Estados-Membros, a Noruega, etc., e cerca de 30 países africanos. Em 2001, foi
criada uma nova estrutura de governança a fim de
aumentar a propriedade africana, reforçar a gestão dos
programas e criar um pequeno conselho PPTAS (no qual
a Comissão representa os dadores). Foi também efectuada uma revisão do programa. Estas modificações
aumentaram a confiança dos africanos e a vontade dos
dadores de apoiar o programa, que deverá ter um impacto sustentado a nível nacional e garantir o financiamento dos dadores a médio prazo.
2.5.6. Segurança alimentar
e desenvolvimento rural
sustentável
No seguimento de uma avaliação externa da política
de segurança alimentar/ajuda alimentar da Comissão
realizada em 1999, em 2001 foi dado um passo importante no sentido de uma maior integração destas
questões nos objectivos e na política de desenvolvi-
31
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
2.5.7. Reforço da capacidade
institucional
© Carl Cordonnier
Foram envidados esforços no sentido de integrar o
desenvolvimento das instituições e a governação nos
documentos de estratégia por país. O exercício de
programação plurianual concluído em 2001 conferiu
prioridade a programas tendentes a apoiar o reforço
dos governos e da sociedade civil (ver ponto 2.4).
Campanha de informação no domínio da agricultura, das privatizações e da
reestruturação com base em projectos-piloto, Chisinau (Moldávia).
mento da Comissão. Uma comunicação ao Conselho e
ao Parlamento Europeu (1) sobre a futura orientação
do Regulamento (CE) n.º 1292/96 do Conselho define
pormenorizadamente:
❿ o papel do regulamento e a sua coerência com
outras políticas e instrumentos da Comissão;
❿ os objectivos específicos e as aplicações dos
diversos instrumentos no âmbito do regulamento;
❿ as medidas necessárias para melhorar a eficácia e a
qualidade da gestão dos programas em todos os
estádios do ciclo da programação e dos projectos.
Dado que 70% dos pobres do mundo vivem em zonas
rurais, em 2001, a tónica foi colocada na revisão das
políticas e estratégias comunitárias para os sectores do
desenvolvimento rural e dos recursos naturais (agricultura, pecuária, pesca e silvicultura), a fim de garantir a
sua contribuição efectiva para o objectivo de redução
da pobreza. Além disso, a Comissão definiu uma estratégia de apoio à investigação agrícola a nível regional,
nacional e mundial. Este trabalho, que contou com a
participação activa dos serviços pertinentes da
Comissão e com o apoio dos Estados-Membros, esteve
na base de uma comunicação ao Conselho e ao Parlamento Europeu sobre a luta contra a pobreza rural,
elaborada em 2001, a apresentar em 2002.
32
Os DEP dos Estados ACP identificam este domínio
como altamente problemático na maior parte dos
países até agora analisados. Em consequência, o
reforço das instituições foi considerado um domínio
prioritário para apoio comunitário ou é tratado como
uma questão horizontal.
O programa Tacis, que apoia o processo de transição
para a democracia e a economia de mercado nos
novos Estados independentes, tem vindo a concentrar-se, desde o início, no reforço das instituições.
Enquanto os ACP, os MEDA, a Ásia e a América Latina
e os CARDS (Balcãs) utilizam 4% a 21% dos recursos
disponíveis neste domínio, a programação Tacis
consagra-lhe mais de 40%.
Importantes recursos foram consagrados ao aconselhamento político, por exemplo, em matéria de política
comercial, elaboração de legislação, apoio à gestão de
fronteiras, reforma do enquadramento regulamentar
dos sectores económico e financeiro, governação
empresarial, reconstrução de empresas e reestruturação de instituições públicas. O programa está agora
a ser alterado a fim de incluir, por exemplo, o apoio a
sistemas jurídicos justos e eficazes, e a sistemas sociais
e serviços municipais sustentáveis. Perante a constatação de que o processo de transição será mais longo
do que o previsto, o programa deixará de prestar
aconselhamento a longo prazo para passar a prever
parcerias a mais longo prazo entre organizações, ao
mesmo tempo que estabelece uma distinção mais clara
entre os países da região, a fim de ter em conta os seus
diferentes níveis de desenvolvimento.
Foi criada uma rede interna, no intuito de desenvolver
um conjunto de instrumentos práticos que permitam
melhorar a qualidade da concepção e da execução dos
programas e projectos da CE neste domínio.
2.6. Integração das questões
horizontais
Foram elaboradas e divulgadas orientações operacionais de programação para ambos os domínios — segurança alimentar e desenvolvimento rural (incluindo os
principais recursos naturais). Foram igualmente envidados esforços para garantir a integração de aspectos
relacionados com os recursos naturais na programação
regional. Contudo, enquanto a maior parte dos documentos de estratégia por país apresenta uma boa
análise das preocupações em matéria de segurança
alimentar e de desenvolvimento rural, estas preocupações estão, por vezes, ausentes na programação.
A Comissão reconhece que, em todos os estádios de
execução das suas actividades nos seis domínios prioritários, a Comunidade deve integrar temas horizontais.
Os quatro temas horizontais identificados pela política
de desenvolvimento da CE são os seguintes:
(1) COM(2001) 1, de 11 de Janeiro de 2001.
❿ prevenção de conflitos.
❿ promoção dos direitos humanos;
❿ igualdade entre homens e mulheres;
❿ ambiente;
Progressos em relação aos objectivos de desenvolvimento
Nos parágrafos seguintes, destacam-se os principais
progressos alcançados em cada domínio. Os progressos
na execução de instrumentos horizontais específicos
são abordados no capítulo seguinte.
A Comissão Europeia elaborou a sua primeira declaração política em matéria de direitos humanos desde
1995, tendo emitido, em Maio de 2001, uma comunicação sobre o papel da União Europeia na promoção
dos direitos humanos e da democratização nos países
terceiros (1). No documento, a Comissão reconhece que
um dos papéis da Comissão consiste em promover a
coerência, a consistência e a transparência e em evitar
critérios duplos na política externa da UE. Outro dos
seus papéis consiste em promover a participação da
sociedade civil nas actividades da UE neste domínio.
© Joaquin Silva Rodrigues
2.6.1. Direitos humanos
Esta comunicação identifica três domínios em que a
Comissão pode representar um valor acrescentado:
Campo de refugiados Rom em Leposevic (Kosovo).
❿ a promoção de políticas coerentes e consistentes
de apoio aos direitos humanos e à democratização.
Isto significa coerência tanto no âmbito e entre as
políticas da Comunidade Europeia como entre
essas políticas e a acção da UE, em especial a Política Externa e de Segurança Comum, e pressupõe a
promoção de acções coerentes e complementares
pela UE e pelos Estados-Membros;
A)
❿ a concessão de uma maior prioridade aos direitos humanos e à democratização no âmbito das relações da
União Europeia com países terceiros e a adopção de
uma abordagem mais dinâmica, designadamente
mediante a utilização das oportunidades oferecidas
pelo diálogo político, o comércio e a assistência externa. A partir de agora, e nos casos em que tal ainda
não se verifica, a Comissão irá integrar sistematicamente os direitos humanos e a democratização no
diálogo político que mantém com países terceiros e
nos seus programas de assistência;
❿ a adopção de uma abordagem mais estratégica em
relação à Iniciativa Europeia para a Democracia e
os Direitos do Homem (IEDDH), combinando
programas e projectos no terreno com compromissos da CE em matéria de direitos humanos e
democracia. Para maximizar o impacto, a comunicação identifica quatro temas em que a IEDDH se
irá concentrar (ver capítulo 3.1), bem como países
que serão objecto de uma maior concentração.
No Conselho «Assuntos Gerais» de Junho de 2001, o
Conselho congratulou-se com a comunicação da
Comissão, que considerou «um importante contributo
para o reforço da coerência e da consistência da política da UE» neste domínio.
Com base na comunicação, em 2001 foram empreendidas as seguintes actividades:
REFORÇO
DO DIÁLOGO COM PAÍSES TERCEIROS
A Comissão Europeia participou nas duas sessões do
diálogo UE-China em matéria de direitos humanos,
que a China manteve em Estocolmo e em Pequim, em
Outubro de 2001. A Comissão co-organizou ainda —
com a Presidência do Conselho em exercício — dois
seminários sobre direitos humanos no âmbito deste
diálogo, que decorreram em Pequim (a pena de morte
e o direito à educação), em Maio de 2001, e em
Bruxelas (a luta contra a tortura e o direito à
educação), em Dezembro de 2001. A Comissão participou igualmente no diálogo político com a Coreia do
Norte, tendo um perito em direitos humanos integrado a delegação da UE que se deslocou a Pyongyang
em Outubro de 2001.
A abordagem da UE em relação ao diálogo com países
terceiros sobre direitos humanos foi formalizada
através de orientações adoptadas pelo Conselho em 13
de Dezembro de 2001 (2). Estas orientações têm por
objectivo reforçar a coerência e a consistência da abordagem da União Europeia em relação ao diálogo sobre
direitos humanos e facilitar a sua utilização, mediante
a definição das condições em que pode ser eficazmente utilizado.
B)
FÓRUNS
MULTILATERAIS
A terceira conferência mundial contra o racismo, a
discriminação racial, a xenofobia e a intolerância conexa decorreu em Durban, África do Sul, de 31 de Agosto a 8 de Setembro de 2001. A conferência mundial
concentrou-se em medidas activas e práticas para erradicar o racismo, incluindo a prevenção, a educação, a
protecção e a apresentação de soluções. A Comissão
preparou uma contribuição para a conferência mundial,
numa comunicação adoptada em 1 de Junho de
2001 (3). O documento sintetiza as medidas já tomadas
na União Europeia para combater o racismo e
(1) COM(2001) 252, de 8 de Maio de 2001.
(2) Ver: http://europa.eu.int/comm/external_relations/human_rights/doc/ghd12_01.htm.
(3) COM(2001) 291, de 1 de Junho de 2001.
33
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
Camboja, Colômbia, Congo-Brazzaville, Bangladeche e
Timor-Leste.
© Joaquin Silva Rodrigues
D)
Reunião de mulheres em Khatlon (Tajiquistão).
demonstra os resultados que podem ser alcançados pela
acção conjunta, a nível regional, de um grupo de Estados. O orçamento da CE (Iniciativa Europeia para a
Democracia e os Direitos do Homem) contribuiu com 3,7
milhões de euros para a conferência mundial, com o
objectivo de incentivar a participação de ONG e de países menos desenvolvidos nos trabalhos preparatórios
regionais e na própria conferência mundial. O financiamento foi canalizado através do gabinete do alto-comissário das Nações Unidas para os direitos humanos
e do Conselho da Europa.
A Comissão contribuiu activamente para a 57.ª sessão
da Comissão dos Direitos do Homem, que decorreu em
Genebra, e para a 56.ª sessão do Terceiro Comité da
Assembleia Geral das Nações Unidas, que decorreu em
Nova Iorque e que abordou questões sociais, humanitárias e culturais.
C)
OBSERVAÇÃO
34
DOS FINANCIAMENTOS
A abordagem preconizada na comunicação foi posta
em prática no documento de programação da Iniciativa Europeia para a Democracia e os Direitos do
Homem (IEDDH) para o período 2002-2004, adoptada
pela Comissão em 20 de Dezembro de 2001. À luz
desses requisitos, o documento de programação
fornece uma «resposta estratégica» com vista a
reforçar o impacto da IEDDH e examina as melhores
formas de prestar assistência, concentrando-se num
número limitado de prioridades temáticas e 29 países-alvo.
E)
DIÁLOGO
(ONG)
COM ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS
O diálogo com as organizações não governamentais
registou progressos, nomeadamente no âmbito da
conferência, realizada em Bruxelas em 28 e 29 de Maio
de 2001, sobre «O papel dos direitos humanos e da
democratização na prevenção e resolução de
conflitos» e do fórum anual dos direitos humanos, que
decorreu em Bruxelas em 21 e 22 de Novembro de
2001. O fórum concentrou-se nos papéis e responsabilidades dos intervenientes públicos e não públicos, nos
meios para aplicar as políticas de direitos humanos a
nível bilateral e multilateral, nos tipos, condições,
objectivos e avaliação dos diálogos sobre direitos
humanos e na avaliação do relatório da conferência (2)
e dos fóruns sobre direitos humanos até agora realizados.
2.6.2. Igualdade entre homens
e mulheres
DE ELEIÇÕES
No domínio da observação de eleições, em 31 de Maio
de 2001, o Conselho adoptou conclusões relativas à
comunicação da Comissão sobre assistência e observação eleitorais da UE (1), saudando o documento da
Comissão enquanto importante contributo para uma
política coerente da UE neste domínio. O Conselho
referiu que o apoio às eleições constituía um elemento
importante da contribuição da UE para a democratização e o desenvolvimento sustentável de países
terceiros. O documento da Comissão esboça igualmente mecanismos específicos para a cooperação
entre instituições da UE no âmbito da observação de
eleições. O Parlamento Europeu também aprovou a
nova abordagem da Comissão no que diz respeito à
observação das eleições na sua resolução de 14 de
Março de 2001. Em 2001, foram empreendidas oito
missões de observação de eleições: Guiana, Peru,
Timor-Leste, Nicarágua, Bangladeche, Sri Lanca e
Zâmbia. Foram igualmente realizadas missões de
avaliação das necessidades na Nicarágua, Togo,
(1)
(2)
(3)
(4)
PROGRAMAÇÃO
A integração da questão da igualdade entre homens e
mulheres na cooperação para o desenvolvimento da
Comunidade é essencial para assegurar um desenvolvimento sustentável, pelo que constitui uma prioridade
para a Comissão. Assenta no compromisso de integração assumido pela CE e pelos países terceiros na
quarta conferência mundial sobre as mulheres, que se
realizou em Pequim em 1995, e no seguimento dado à
Declaração de Pequim e à plataforma de acção (3).
Em 2001, as atenções concentraram-se, essencialmente,
na conclusão do programa de acção para a integração
da igualdade entre as mulheres e os homens na cooperação para o desenvolvimento da Comunidade (4), que
foi adoptado em Junho e aprovado pelo Conselho em 8
de Novembro. Para combater o conhecido fenómeno da
evaporação da política, ou seja, para colmatar a lacuna
entre política e aplicação, o programa de acção propõe
o reforço da capacidade interna, mediante a formação,
a clarificação de papéis e de responsabilidades, o desenvolvimento de métodos e indicadores e o estabeleci-
COM(2000) 191, de 11 de Abril de 2000.
Ver: http://europa.eu.int/comm/external_relations/human_rights/conf/cp05_01.htm.
Ver: http://europa.eu.int/comm/employment_social/equ_opp/beijingquesen.pdf.
COM(2001) 295, de 21 de Junho de 2001.
Progressos em relação aos objectivos de desenvolvimento
mento de sistemas de acompanhamento que permitam
seguir mais de perto a aplicação.
O programa adoptou uma estratégia tripartida com
vista à realização destes objectivos no prazo de cinco
anos (2001-2006):
❿ integração da questão da igualdade entre homens
e mulheres a nível do país;
❿ integração da questão da igualdade entre homens
e mulheres nos seis domínios prioritários da política de desenvolvimento da Comunidade;
As rubricas orçamentais consagradas à igualdade entre
homens e mulheres (1) têm sido um instrumento
fundamental na introdução do conceito de integração
da questão da igualdade entre homens e mulheres. Os
fundos revelaram-se, simultaneamente, catalisadores e
estratégicos. O objectivo consiste em reforçar a capacidade dos sectores sociais, com o apoio da sociedade
civil dos países parceiros.
Foi lançada uma avaliação do regulamento do
Conselho, de 1998, relativo à integração das questões
de género na cooperação para o desenvolvimento (2) e
do seu enquadramento financeiro [B7-6110 e B7-6220],
que ficará concluída em 2002.
Foi empreendida uma análise de 40 documentos de
estratégia por país (DEP), a fim de avaliar em que
medida a integração da igualdade entre homens e
mulheres na cooperação para o desenvolvimento tem
sido tomada em consideração no processo de programação. Verificou-se que:
❿ a questão da igualdade entre homens e mulheres
era referida como uma «questão horizontal», mas
o conceito da integração da igualdade entre
homens e mulheres não era claro;
❿ a tónica era colocada nas mulheres e nas situações
das mulheres, não existindo análises sobre homens
e rapazes;
❿ a questão da igualdade entre homens e mulheres
era referida no contexto da educação, da saúde e
dos direitos humanos, enquanto era ignorada nos
sectores que recebiam o essencial do financiamento
da CE (transportes e apoio macrofinanceiro).
É necessário reforçar o acompanhamento e o trabalho
metodológico, a fim de melhorar a situação.
2.6.3. Ambiente
A grave deterioração do ambiente continua a ameaçar
as perspectivas de desenvolvimento económico e social
© CE
❿ criação de competências em matéria de igualdade
entre homens e mulheres a todos os níveis pertinentes (sede e delegações), a fim de apoiar estes
processos.
Realização de um inquérito fitopatológico em Taiti financiado ao abrigo do
projecto do Serviço Fitossanitário UE-CPS.
a longo prazo e, frequentemente, a anular os
progressos a curto prazo em matéria de redução da
pobreza. A deterioração do ambiente, incluindo a
exaustão de recursos naturais, prossegue a um ritmo
acelerado nos países em desenvolvimento. A erosão e
a degradação dos solos, a destruição de florestas, de
habitats e da biodiversidade, o colapso de populações
de peixes e a poluição constituem ameaças graves e
permanentes ao desenvolvimento sustentável da
maior parte dos países. Ademais, os países em desenvolvimento são particularmente vulneráveis às alterações climáticas, apesar da sua limitada contribuição
relativa para este fenómeno.
Nestas circunstâncias, a Comissão — em parceria com o
Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, o
Banco Mundial e o Departamento para o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido — iniciou um
processo de reflexão acerca das relações entre a
pobreza e o ambiente e das formas de reduzir a
pobreza e de sustentar o crescimento. Com base nesta
reflexão, será elaborado um documento, a título de
«trabalhos em curso», que será apresentado para
discussão no contexto da cimeira mundial das Nações
Unidas sobre desenvolvimento sustentável, a realizar
em Joanesburgo em 2002.
Uma das mais importantes concretizações de 2001 foi
a formulação de uma estratégia da CE para «Integrar o
ambiente na política de cooperação em matéria de
economia e de desenvolvimento» (3), que coloca a
tónica nas relações entre a redução da pobreza e o
ambiente e tem como objectivo integrar o ambiente
nos seis domínios prioritários da cooperação para o
desenvolvimento da CE. Um dos mais importantes
aspectos desta estratégia consiste no compromisso de
elaborar um manual para a integração do ambiente,
cujo projecto ficou concluído em 2001, ano em que
(1) B7-6110 e, para 2001, B7-6220 num montante total de 2,2 milhões de euros.
(2) Regulamento (CE) n.º 2836/98 do Conselho.
(3) SEC(2001) 609, de 10 de Abril de 2001.
35
© Christophe Masson
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
Cena de rua em Daca (Bangladeche).
36
foram igualmente ministrados diversos cursos de
formação ambiental destinados aos funcionários e
agentes da Comissão e aos actores locais.
mento (mecanismo de desenvolvimento limpo e transferência de tecnologia).
Um dos obstáculos às actividades da Comissão neste
domínio é a falta de atenção de alguns países em
desenvolvimento à protecção do património natural,
que tem dificultado à Comissão a tarefa de assegurar a
devida atenção a este tema no âmbito do diálogo de
programação. Uma das formas por que a Comissão
tentar reforçar o diálogo ambiental com os países em
desenvolvimento consiste na promoção de oportunidades específicas. Lamentavelmente, até agora esta
abordagem não produziu resultados encorajadores. A
Comissão concentrou-se igualmente em compromissos
políticos de alto nível no sentido de serem tomadas
medidas neste domínio nos países parceiros.
2.6.4. Prevenção de conflitos
A prevenção de conflitos foi uma das prioridades políticas da UE em 2001. Realizaram-se alguns debates
frutuosos e foram propostas e executadas diversas
acções destinadas a reforçar as capacidades da União
neste domínio. Em Abril de 2001, a Comissão adoptou
uma comunicação sobre a prevenção de conflitos (3),
que define uma nova estratégia neste domínio e
formula importantes recomendações relativamente a
medidas a tomar. São já sensíveis alguns resultados
concretos desta nova estratégia.
Em 2001, a Comissão prestou contributos substanciais
para uma série de acordos ambientais multilaterais.
Adoptou quatro planos de acção em matéria de biodiversidade, incluindo um plano de acção para a biodiversidade tendo em vista a cooperação económica e
para o desenvolvimento (1). A Comissão desempenhou
igualmente um papel fundamental para o êxito das
negociações no âmbito da Convenção das Nações
Unidas sobre a Luta contra a Desertificação (2) (que
elaborou um documento fundamental para a preparação da cimeira mundial sobre desenvolvimento
sustentável) e dos acordos de Marraquexe e Bona
(Protocolo de Quioto), que continham artigos particularmente importantes para os países em desenvolvi-
Quanto à integração da prevenção de conflitos nas
políticas e instrumentos da UE, os documentos de
estratégia por país foram revistos na perspectiva da
prevenção de conflitos, o que significa que os factores
de risco foram sistematicamente verificados durante o
processo de elaboração dos DEP. Para tal, os serviços
geográficos da Comissão utilizaram indicadores de
conflito que foram desenvolvidos em 2001 em colaboração com a rede de prevenção de conflitos. Os indicadores têm em conta aspectos como, nomeadamente, o
equilíbrio entre o poder político e económico, o
controlo das forças de segurança, a composição étnica
do Governo (no caso de países com divisões étnicas) e
a potencial deterioração dos recursos ambientais.
(1) COM(2001) 162, de 27 de Março de 2001.
(2) Ver: http://www.unccd.org.
(3) COM(2001) 211, de 11 de Abril de 2001.
Progressos em relação aos objectivos de desenvolvimento
Com base nesta análise de conflitos, tem sido possível
uma maior chamada de atenção, no contexto do DEP,
para as potenciais causas de conflitos a ter em conta pela
ajuda externa ou por outros instrumentos da UE. Ao nível da programação, a Comissão pretende colocar uma
ênfase acrescida no reforço do Estado de direito, no
apoio às instituições democráticas, no desenvolvimento
da sociedade civil e na reforma do sector da segurança.
Esta abordagem é essencial tanto para erradicar
conflitos como para prevenir o seu ressurgimento, sendo
igualmente coerente com a tónica que a Comissão voltou a colocar no reforço das instituições, enquanto prioridade da política de desenvolvimento da CE.
Em situações de pós-conflito, as iniciativas de consolidação da paz são fundamentais para assegurar uma
paz duradoura. Sempre que a situação o permitiu, a
Comissão empenhou-se mais profundamente em actividades de reabilitação, bem como em programas
tradicionais de desmobilização, desarmamento e reintegração (DDR). Um bom exemplo deste empenhamento é o apoio prestado pela Comissão em 2001 ao
Fundo Fiduciário para DDR na Serra Leoa, constituído
por diversos doadores.
A Comissão participa activamente em muitas iniciativas
internacionais que têm por objectivo tratar «questões
horizontais» susceptíveis de criar tensões ou conflitos.
Por exemplo, em 2001, a Comissão desempenhou um
papel muito mais activo no processo Kimberley, que
visa estabelecer um regime de controlo internacional
para a importação e exportação de diamantes em
bruto. No seguimento do acordo político alcançado
em Gaborone, em Novembro de 2001, entre as partes
no processo, a Comissão está agora a lançar os trabalhos preparatórios para a plena aplicação do regime
de controlo pela Comunidade ainda durante 2002.
aumentar a capacidade da UE para reagir rapidamente
a conflitos emergentes, nomeadamente, a melhorar os
mecanismos de alerta precoce e os instrumentos da
PESC, como o diálogo político ou o recurso a representantes especiais da UE. A nível comunitário, a Comissão
está a reformar os seus instrumentos, a fim de garantir
uma rápida reacção da Comunidade a situações de
crise ou de pré-crise. A adopção, neste ano, de um
mecanismo de reacção rápida (MRR) (1), que permite
iniciativas rápidas em matéria de estabelecimento da
paz, reconstrução e desenvolvimento constituiu um
importante passo nesse sentido. O MRR está já plenamente operacional e a ser utilizado, designadamente
na antiga República jugoslava da Macedónia, no
Afeganistão e no Congo, a fim de assegurar que,
numa situação de conflito, seja rapidamente tomada
uma série de medidas que, anteriormente, estavam
sujeitas a processos muito mais demorados.
A prevenção de conflitos constitui uma tarefa demasiado extensa para uma única organização, pelo que a
cooperação internacional assume uma importância
crucial. Só uma coordenação eficaz com os parceiros
internacionais permitirá alcançar progressos reais. No
seguimento da visita de Kofi Annan a Bruxelas, em
Maio de 2001, e da adopção, pelo Conselho «Assuntos
Gerais» de um novo enquadramento para a cooperação com a ONU em matéria de prevenção de
conflitos e de gestão de crises (2), os contactos entre a
CE e a ONU conheceram substanciais progressos. Por
exemplo, no Verão de 2001, foi realizada uma missão
de avaliação conjunta à região dos Grandes Lagos, a
fim de preparar uma eventual acção de desarmamento, desmobilização e reintegração. Estão a ser
estudados enquadramentos idênticos para a cooperação com outras organizações activas no domínio da
prevenção de conflitos, como a Organização de Segurança e Cooperação na Europa.
Na comunicação sobre prevenção de conflitos são
formuladas recomendações concretas com vista a
(1) Regulamento (CE) n.º 381/2001 do Conselho, de 26 de Fevereiro de 2001.
(2) Conclusões do Conselho «Assuntos Gerais» de 11 de Junho de 2001.
37
3. Execução:
instrumentos
horizontais
© Joaquin Silva Rodrigues
A Comunidade Europeia
desenvolveu uma série de
instrumentos destinados a
completar a gama de acções
cobertas pelos actuais
programas geográficos.
Foram adoptadas rubricas
orçamentais e bases jurídicas específicas, a fim de
pôr em prática estas políticas «horizontais».
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
© J. F. Merladet
nais e têm como base jurídica os Regulamentos (CE)
n.os 975/1999 (1) e 976/1999 (2) do Conselho.
Com o apoio da CE, foi criada uma escola simultaneamente para crianças
deficientes e normais. Actualmente, frequentam essa mesma escola 400
crianças, independentemente das suas capacidades (India).
O presente capítulo aborda as actividades desenvolvidas em 2001, nos seguintes domínios:
❿ Direitos humanos e democracia
❿ Segurança alimentar
❿ Saúde, em especial doenças relacionadas com a
pobreza e saúde reprodutiva
❿ Drogas
❿ Acções de emergência, reabilitação e desenvolvimento
❿ Ambiente
❿ Parcerias com ONG
3.1. Iniciativa Europeia para
a Democracia e os Direitos
do Homem
O capítulo B7-70 do orçamento, intitulado «Iniciativa
Europeia para a Democracia e os Direitos do Homem»
(IEDDH) apoia acções nos domínios dos direitos
humanos, da democratização e da prevenção de
conflitos. Essas acções são executadas essencialmente
em parceria com as ONG e as organizações internacio-
40
A IEDDH completa os programas comunitários executados em conjunção com os governos (FED, Tacis, ALA,
MEDA, CARDS, Phare, etc.) e representa uma forma de
«fundo de capital de risco para os direitos humanos»,
que permite o lançamento de iniciativas-piloto ou
experimentais. A IEDDH pode ser utilizada sem o
consentimento do governo do país de acolhimento e
sempre que os principais programas comunitários não
estejam disponíveis por outras razões, por exemplo,
em caso de suspensão. Em algumas regiões, a iniciativa
fornece a única base jurídica para determinadas actividades, nomeadamente a promoção de direitos políticos e civis, a observação de eleições e as iniciativas
com vista à resolução de conflitos.
As prioridades da IEDDH para 2001 foram adoptadas
pela Comissão (3). Os seus objectivos concentram-se
num número limitado de sectores temáticos por
região, enquanto a sua execução se inscreve no âmbito
da comunicação da Comissão, de 8 de Maio de 2001,
sobre o papel da União Europeia na promoção dos
direitos humanos e da democratização nos países
terceiros (4), que tem em vista, nomeadamente, o
desenvolvimento de uma abordagem mais estratégica
da iniciativa.
Em 2001, foram disponibilizados cerca de 110 milhões
de euros para apoiar as acções nos domínios dos
direitos humanos, da democratização e da prevenção
de conflitos.
Como nos anos anteriores, as estratégias da UE nos
domínios em causa foram desenvolvidas com recurso a
três tipos de projectos:
Projectos identificados através de convites à
apresentação de propostas: no seguimento de dois
convites gerais, foram subvencionados 93 projectos,
após informação ou consulta do Comité dos Direitos
do Homem e da Democracia, instituído pelos Regulamentos (CE) n.os 975/1999 e 976/1999 do Conselho. O
montante total concedido aos projectos seleccionados
ascendeu a 59 milhões de euros.
Os projectos orientados são a modalidade sistematicamente utilizada quando estão em causa projectos
elaborados em cooperação com as organizações internacionais e regionais, incluindo as agências especializadas das Nações Unidas e o gabinete do alto-comissário para os direitos humanos, o Conselho da Europa
e o ODIHR (Gabinete para as Instituições Democráticas
e os Direitos Humanos) da OSCE. Estes projectos são
identificados pela Comissão no âmbito da procura de
objectivos específicos que não possam ser realizados
através de convites à apresentação de propostas. Para
estes projectos foram reservados 36 milhões de euros.
(1) Regulamento (CE) n.º 975/1999 do Conselho, de 29 de Abril de 1999, que estabelece os requisitos para a execução das acções de cooperação para o desenvolvimento que contribuem para o objectivo geral de desenvolvimento e consolidação da democracia e do Estado
de direito, bem como para o objectivo do respeito dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais.
(2) Regulamento (CE) n.º 976/1999 do Conselho, de 29 de Abril de 1999, que estabelece os requisitos para a execução das acções da Comunidade, diversas das acções de cooperação para o desenvolvimento, que, no âmbito da política comunitária de cooperação, contribuem
para o objectivo geral de desenvolvimento e consolidação da democracia e do Estado de direito, bem como para o objectivo do
respeito dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais em países terceiros.
(3) «Prioridades e linhas de orientação para a implementação da IEDDH de 2001»; Bruxelas, 6 de Junho de 2001 — SEC(2001) 891. Ver:
http://europa.eu.Int/comm/external_relations/human_rights/doc/sec01_891.pdf.
(4) COM(2001) 252 final.
Execução: instrumentos horizontais
Em 2001, foram seleccionados projectos nos países do
Sudeste da Europa (Albânia, Bósnia-Herzegovina, Croácia, República Federativa da Jugoslávia e antiga República jugoslava da Macedónia), nos novos Estados independentes (Arménia, Bielorrússia, Geórgia, Cazaquistão, Quirguizistão, Moldávia, Rússia, Tajiquistão e
Ucrânia), na América Latina (Colômbia e México), no Sul
e Sudeste da Ásia (Camboja, Indonésia, Nepal e
Paquistão), na África Ocidental (Nigéria e Costa do Marfim), na África Central (República Democrática do
Congo), no Sudão, no Médio Oriente (Israel, Cisjordânia
e Faixa de Gaza), no Haiti, na Turquia e no Zimbabué,
num montante total de 12 milhões de euros.
3.1.1. Os grandes domínios
prioritários
Com base no documento de programação adoptado
pela Comissão para 2001 (1):
❿ 6 milhões de euros foram consagrados à promoção
e à defesa dos direitos humanos e das liberdades
fundamentais (protecção dos direitos civis, políticos, económicos, sociais e culturais, minorias,
grupos étnicos e populações autóctones; instituições, incluindo as organizações não governamentais com actividades relacionadas com a protecção,
a promoção e a defesa dos direitos humanos,
centros de reabilitação para vítimas de tortura,
educação, formação e sensibilização no domínio
dos direitos humanos, igualdade de oportunidades
e luta contra o racismo e a xenofobia, liberdade de
opinião, de expressão e de consciência);
❿ 35 milhões de euros foram consagrados ao apoio
da democratização e ao reforço do Estado de
direito: independência do poder judicial, separação
dos poderes, pluralismo, melhoria da gestão dos
assuntos públicos, etc.;
❿ 17 milhões de euros foram consagrados ao apoio
da prevenção de conflitos e da restauração da paz
civil. Estes projectos serão aplicados na América
Latina (na Colômbia, em que a UE apoiou, de
forma constante, as iniciativas tendo em vista uma
resolução pacífica dos conflitos no país e na Guatemala); na região do Cáucaso; na ex-Jugoslávia, na
Eslovénia e na Albânia; em África (Sudão, Quénia,
República Democrática do Congo, Ruanda e
Somália); em Israel e na Palestina; no Afeganistão e
no Paquistão. Estes projectos contribuem para a
realização dos objectivos previstos na comunicação
da Comissão sobre a prevenção dos conflitos de 11
de Abril de 2001 (2).
© CE/ALISEI
Os microprojectos permitem financiar actividades de
democratização com orçamentos compreendidos entre
3 000 e 50 000 euros, sendo concebidos para aprofundar o apoio a iniciativas das sociedades civis locais.
Estes projectos são geridos directamente pelas delegações da Comissão e seleccionados no âmbito de
convites à apresentação de propostas locais.
Projecto regional de apoio à protecção dos menores e luta contra o tráfico
de crianças na África Ocidental.
A assistência às actividades dos tribunais penais
internacionais e à criação do Tribunal Penal Internacional beneficiou de 3 milhões de euros. As
acções levadas a cabo a título da iniciativa
inscrevem-se no quadro da aplicação da posição
comum da UE sobre o Tribunal Penal Internacional
adoptada em Junho de 2001 (3). A Comissão
apoiou a criação do Tribunal, nomeadamente
através de redes regionais de ONG e de assistência
técnica à aplicação da legislação e da cooperação
técnica. No que respeita ao funcionamento dos
tribunais para a ex-Jugoslávia e o Ruanda, a
Comissão financiou parte das despesas decorrentes
da obtenção de elementos de prova missões,
inquéritos, deslocações, deslocação de testemunhas, exumações, etc.);
❿ 5,95 milhões de euros foram consagrados ao apoio
dos centros de reabilitação para vítimas de tortura
nos países terceiros, enquanto 6 milhões de euros
foram atribuídos aos centros de reabilitação para
vítimas de tortura e suas famílias situados no interior da UE. Estas iniciativas inscrevem-se no quadro
da aplicação das orientações para a política da UE
relativamente aos países terceiros no que se refere
à tortura e outras penas ou tratamentos cruéis,
desumanos ou degradantes adoptadas pelo
Conselho «Assuntos Gerais» em Abril de 2001.
Foram envidados esforços com vista a assegurar a integração da problemática da igualdade entre homens e
mulheres na execução da IEDDH, tendo os projectos
seleccionados sido sistematicamente analisados em
função do seu impacto na matéria.
No domínio da educação, da formação e da sensibilização na área dos direitos humanos, a IEDDH consagrou
2,6 milhões de euros a programas universitários sobre os
direitos humanos e a democratização. Neste contexto,
foram criados no Sudeste da Europa, na África do Sul e
em Malta três novos mestrados regionais sobre direitos
humanos. Estes mestrados permitem a estudantes destas regiões especializar-se no domínio dos direitos hu-
(1) http://europa.eu.int/comm/external_relations/human_rights/doc/sec01_891.pdf.
(2) COM(2001) 211 final.
(3) JO L 155 de 12.6.2001, p. 19.
41
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
Domínios prioritários da IEDDH em 2001
Domínio
Montante
(milhões de euros)
Educação, formação e sensibilização no domínio
dos direitos humanos
2,600
Luta contra o racismo e a xenofobia; protecção
das minorias e das populações autóctones
6,000
Liberdade de opinião, de expressão e de consciência;
direito à utilização da língua materna
0,420
Reforço do respeito dos direitos das crianças (1)
1,100
Abolição da pena de morte
0,880
Promoção do pluralismo a nível político
e na sociedade civil
4,400
Promoção da boa gestão dos assuntos públicos,
nomeadamente através da assistência à transparência
da administração e à luta contra a corrupção
Promoção da participação das populações nos processos
de tomada de decisão, em especial da participação
igualitária dos homens e das mulheres na sociedade
civil e na vida económica e política
Promoção do respeito dos direitos humanos
e da democracia, com vista a prevenir os conflitos
e a restabelecer a paz civil
1,770
pação dos cidadãos nas eleições. Por último, o projecto
«European Network for Electoral and Democracy
Support» beneficiou de uma subvenção de 1,6 milhões
de euros para a consolidação da rede europeia criada
no seguimento do projecto EUEOP (European Union
Electoral Observation Project).
Execução orçamental da IEDDH 2001:
% do montante total atribuído a macroprojectos
(por região)
Região
Montante
em milhões de euros
PECO e NEI
18,454
16,51
ACP
19,049
17,05
9,100
8,14
América Latina
MEDA
4,340
9,516
8,52
Ásia
11,101
9,93
Todo o mundo
(incluindo tortura)
23,530
21,06
6,000
5,37
12,000
10,74
3,000
2,68
111,750
100,00
EU
17,000
Apoio à transição democrática e à observação
de processos eleitorais
9,960
Prevenção da tortura e reabilitação das vítimas (2)
5,950
(1) Foi ainda consagrado um milhão de euros da rubrica orçamental
B7-626 — «Luta contra o turismo sexual nos países terceiros» —
a uma campanha internacional contra o turismo sexual com
crianças.
(2) Os sete centros situados na União Europeia beneficiaram igualmente de uma subvenção, num montante total de 6 000 000 de
euros, com dotações da rubrica B5-813 do orçamento geral
(dotação destinada a apoiar a criação e a manutenção de centros
de reabilitação para vítimas de tortura e respectivas famílias,
bem como a apoiar outras organizações que prestem ajuda
concreta às vítimas de violações de direitos humanos).
Micro
Assistência técnica
Total
Autorizações IEDDH 2001
Montantes atribuídos a projectos (por região)
Região
Montante
em euros
% do total
11 155 302
12,32
8 409 661
9,29
ACP
19 242 726
21,26
América Latina
15 408 732
17,02
Mediterrâneo Sul,
Próximo e Médio Oriente
10 762 574
11,89
Ásia
12 862 460
14,21
Resto do mundo
12 681 214
14,01
90 522 669
100,00
Europa do Sudeste: Balcãs
Europa Oriental
e Ásia Central
manos. Os mestrados obedecem ao modelo do
mestrado europeu em direitos humanos e em democratização lançado em 1997.
Quanto ao apoio à transição democrática e à observação de processos eleitorais, a actividade da Comissão
neste domínio inspira-se na sua comunicação sobre a
assistência e observação eleitorais da UE, de Abril de
2000 (1) e nas conclusões do Conselho de 31 de Maio
de 2001 (2) . Todos estes documentos insistem no facto
de uma missão de observação eleitoral dever desenrolarse, no terreno, antes, durante e após o dia das
eleições.
Total
12,32%
14,01%
Europa do Sudeste:
Balcãs
14,21%
Europa Oriental
e Ásia Central
9,29%
Em 2001, a IEDDH financiou missões de observação
eleitoral da UE, a pedido dos governos do Bangladeche, do Camboja, da Nicarágua, de Timor-Leste, da
Zâmbia e do Sri Lanca. Para o Paquistão, onde se realizarão eleições em 2002, existe um projecto que
pretende restabelecer a confiança da opinião pública
nas instituições e no processo eleitoral, com o objectivo de aumentar a consciência política e a partici-
42
% do total
ACP
América Latina
Mediterrâneo Sul,
Próximo e Médio Oriente
Ásia
11,89%
21,26%
17,02%
(1) COM(2000) 191 final, de 11 de Abril de 2000.
Ver: http://europa.eu.int/comm/external_relations/human_rights/eu_election_ass_observ/index.htm
(2) 2352.ª reunião do Conselho «Desenvolvimento» — Bruxelas, 31 de Maio de 2001.
Resto do Mundo
Execução: instrumentos horizontais
3.2. Segurança alimentar
3.2.1. Realizações de 2001
Em 2001, o orçamento para a ajuda e segurança
alimentares ascendeu a 454 milhões de euros. Este
programa comunitário tinha como objectivo uma
melhor integração da exigência de segurança
alimentar na estratégia global de desenvolvimento dos
países beneficiários incluída nos «Country Strategy
Papers» (documentos de estratégia por país) e nos
«Poverty Reduction Strategy Papers» (documentos de
estratégia de redução da pobreza). O programa
traduzia igualmente o reforço da apropriação dos
programas e políticas por parte dos parceiros nacionais: governos e sociedade civil.
A prioridade conferida à ajuda directa foi confirmada
em 2001. A Comissão atribui uma importância crescente
à estratégia de segurança alimentar. Para 2001, o
programa alimentar da Comissão previu 201,8 milhões
de euros para ajuda directa concedida aos governos sob
forma de ajuda financeira e de acções de apoio, dos
quais 74 milhões de euros para apoio orçamental.
Um montante de 25,2 milhões de euros foi reservado
para assistência técnica no terreno, missões de acompanhamento e controlo, financiamento da rede europeia de segurança alimentar (RESAL), acompanhamento da ajuda alimentar e ajustamento dos preços
de compra dos géneros alimentícios.
Foram envidados todos os esforços no sentido de
obedecer às recomendações formuladas na avaliação
global dos três anos de acção da política de segurança
alimentar. Graças ao apoio da RESAL, as prioridades
foram estabelecidas com base na optimização das
capacidades de análise. A ajuda alimentar em espécie
foi limitada às populações vulneráveis dos países em
crise e às situações de crise alimentar grave, constituindo uma rede de segurança, complementar às intervenções de emergência.
Os contributos para as ONG consistiram em acções de
apoio à segurança alimentar (ajuda financeira), que
foram objecto de contratos directos entre a Comissão
e as ONG num montante de 60 milhões de euros,
enquanto os contributos em ajuda alimentar, alfaias e
sementes para a EuronAid representaram um
montante de 76 milhões de euros. Por razões de
coerência e de eficácia, os projectos das ONG foram
integrados na estratégia nacional de segurança
alimentar dos países de intervenção.
Nos países de intervenção comuns, a programação foi
elaborada conjuntamente com o ECHO.
3.2.3. Países de intervenção
Inscritos na lista de países elegíveis a título do Regulamento (CE) n.º 1292/96, os países de intervenção
repartem-se em dois grupos: os países que beneficiam
© Carl Cordonnier
3.2.2. Repartição por modo
de intervenção
Venda tradicional de leite nas ruas de Osh (Quirguizistão).
de uma ajuda estrutural e os países que se encontram
em situação de crise ou pós-crise. Os primeiros figuram
entre os países menos desenvolvidos (PMD), de baixos
rendimentos e com défice de alimentos (PBRDA), com
um índice de insegurança alimentar elevado e cujos
governos partilham a vontade de desenvolver uma política de segurança alimentar coerente e a longo prazo.
Os segundos são países em situação de crise ou pós-crise
(interligação entre ajuda de emergência, reabilitação e
desenvolvimento), que são objecto de intervenções de
carácter mais conjuntural, centradas na prestação de
ajuda alimentar, acompanhada de apoios financeiros e
técnicos complementares destinados a fazer face aos riscos de fome ou às necessidades de reabilitação do tecido económico e social do país, na sequência de crises
políticas ou de conflitos étnicos.
Em 2001, o primeiro grupo englobava 21 países:
Albânia, Burquina Faso, Cabo Verde, Eritreia, Etiópia,
Madagáscar, Mauritânia, Nigéria, Moçambique,
Malavi, Bangladeche, Iémen, Arménia, Azerbaijão,
Geórgia, Moldávia, Quirguizistão, Bolívia, Honduras,
Nicarágua e Peru. O segundo grupo incluía 18 países:
Montenegro, Afeganistão, Camboja, Coreia do Norte,
Índia, Laos, Palestina, Paquistão, Tajiquistão, Equador,
Haiti, Libéria, Angola, República Democrática do
Congo, Ruanda, Serra Leoa, Somália e Sudão.
A concentração das acções num número limitado de
países tinha em vista permitir que a ajuda comunitária
atingisse uma «massa crítica», em cada país, aumentando, desta forma, o seu impacto no reforço da segurança alimentar.
43
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
3.2.4. Relações com os demais
mutuantes
O programa comunitário de segurança alimentar
assenta em quatro grandes princípios de acção:
❿ coordenação das intervenções do programa com as
dos demais doadores, sobretudo dos Estados-Membros;
❿ participação na elaboração de um enquadramento
coerente da ajuda nos países beneficiários;
❿ prossecução da reflexão e da análise em apoio da
execução do programa;
❿ concentração das intervenções num número limitado de países beneficiários.
3.2.5. Coordenação com
os Estados-Membros
A preocupação de coerência e de coordenação das
intervenções comunitárias com as dos Estados-Membros
está presente a todos os níveis da execução do
programa de segurança alimentar. A coerência está
assegurada no estádio da definição dos programas, na
medida em que são os Estados-Membros que, no seio
das instituições comunitárias, decidem das orientações
estratégicas do programa e dos financiamentos, sendo
reforçada pela existência de um código de conduta relativo à ajuda alimentar aplicável pelos Estados-Membros
e a Comissão Europeia.
Nos países de intervenção, a coordenação é desenvolvida numa base casuística, em função da implicação dos
doadores e da natureza dos programas a executar. Por
exemplo, em Moçambique, a Comissão intervém em
estreita coordenação com diversos Estados-Membros,
no âmbito do Proagri, programa sectorial para o reforço
das capacidades do Ministério da Agricultura.
3.2.6. O diálogo transatlântico
Em 1995, a Comissão Europeia e a USAID (US Agency
for International Development) encetaram uma nova
fase da iniciativa transatlântica, com o objectivo de
reforçar a sua coordenação em diversos domínios. Em
matéria de segurança alimentar, este diálogo materializa-se em sete países-piloto: Bangladeche, Bolívia,
Etiópia, Haiti, Malavi, Moçambique e Quirguizistão.
Para o efeito, foi elaborada conjuntamente uma
grelha de análise da ajuda alimentar, que inclui os
meios disponibilizados, a concertação para a avaliação
das necessidades e a elaboração de uma estratégia de
orientação da assistência, a tomada em consideração
dos desafios a longo prazo que se colocam à segurança
alimentar e a avaliação (frequência, critérios,
problemas, avaliação conjunta).
No Haiti, esta grelha foi utilizada para avaliar os
programas de ajuda alimentar comunitários e americanos. No Quirguizistão, a coordenação EuropeAid/USAID permitiu harmonizar as intervenções dos
dois doadores e limitar os efeitos perversos da ajuda
americana nos mercados locais. No Bangladeche,
permitiu realizar conjuntamente um estudo sobre o
impacto dos programas destinados a gerar rendimentos para as populações vulneráveis.
2001 — Dotações por parceiro de execução
Parceiro
Milhões de euros
Directa
180,24
Indirecta
250,94
Outras
Indirecta
AJUDA INDIRECTA
22,81
PAM
98,00
Euronaid
76,00
ONG
60,00
UNRWA
15,00
FAO
Total
País
44
453,99
Montante
em euros
Total
País
Montante
em euros
Milhões de euros
1,94
250,94
País
Montante
em euros
Angola
28 4525 191
Arménia
10 000 000
Níger
2 612 492
Etiópia
25 386 971
Quirguizistão
10 000 000
Cisjordânia
2 609 162
Geórgia
25 000 000
Somália
9 451 499
Síria
2 584 760
Coreia do Norte
24 569 523
Honduras
6 696 996
Salvador
2 210 685
Bangladeche
24 500 000
Equador
6 000 000
Bolívia
2 145 901
Afeganistão
20 548 177
Camboja
5 707 110
Haiti
2 000 000
Malavi
18 000 000
Tajiquistão
5 662 583
Zâmbia
1 602 071
Eritreia
17 342 773
Peru
5 000 000
Libéria
1 258 665
Moçambique
14 800 000
Mali
4 740 391
Laos
1 060 764
Sudão
13 653 576
Gaza
3 792 572
Índia
999 724
Serra Leoa
13 389 602
RD Congo
3 445 775
Nicarágua
891 312
Iémen
12 000 000
Jordânia
3 119 151
Guatemala
447 350
Burquina Faso
11 532 345
Líbano
2 894 354
Execução: instrumentos horizontais
2001 — Distribuição geográfica das dotações
Zonas geográficas
Milhões
de euros
ACP
167,64
Ásia
77,39
América latina
23,39
NEI
50,66
Europa
ACP
ACP
0,00
22,81
Por distribuir
85,10
Total
África Oriental
65,83
África Austral
62,83
África Central
6,06
África Ocidental
Mediterrâneo e Médio Oriente 27,00
Outros
Milhões
de euros
453,99
30,92
Oceano Índico
0,00
Caraíbas
2,00
Total
167,64
Distribuição per parceiro de execução das programas 1993-2001
Tipo de ajuda
(Milhões de euros)
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
Ajuda directa
137,41
183,18
202,16
272,15
287,28
271,91
258,55
196,06
180,24
ONG
160,13
154,51
214,38
106,51
87,21
113,59
85,00
108,05
136,00
PAM
158,47
144,16
137,54
111,45
123,87
141,47
104,14
90,00
98,00
15,66
10,55
12,74
—
—
—
—
—
—
ACNUR
CICV
20,96
20,27
23,04
—
10,57
9,21
—
—
—
Outras organizações
38,14
21,23
13,63
13,40
11,91
12,29
25,50
15,60
16,94
Outras
(AT, Ajustamento de preços)
43,23
55,20
42,81
56,65
15,60
29,88
31,79
48,70
22,81
574,00
589,10
646,30
560,16
536,44
578,35
504,97
458,41
453,99
1999
2000
2001
Totais
Distribuição geográficas das dotações para programas 1993-2001
Zona geográfica
(Milhões de euros)
1993
Europa
ACP
1994
1995
1996
1997
1998
—
—
—
—
10,76
0,22
26,90
11,00
—
329,97
365,34
371,61
248,22
248,02
239,09
226,97
236,83
167,64
Mediterrâneo e Médio Oriente
74,21
51,80
43,33
34,67
22,91
30,11
20,55
24,80
27,00
Ásia
61,99
64,17
121,01
82,18
102,01
154,95
80,73
61,34
77,39
—
—
—
69,00
62,69
51,10
49,87
41,43
50,66
55,63
49,91
67,54
69,44
61,57
72,98
55,56
34,31
23,39
8,97
2,68
—
—
—
—
12,61
—
85,10
NEI
América Latina
Reserva e não distribuido
Outros (AT, Ajustamento de preços) 43,23
Totais
400
574,00
55,20
42,81
56,65
15,60
31,04
31,79
48,70
22,81
589,10
646,30
560,16
523,56
579,49
504,97
458,41
453,99
Ajuda directa
400
300
300
200
200
100
100
0
1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001
0
Países ACP
1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001
45
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
B)
SAÚDE
GENÉSICA:
❿ garantir o direito das mulheres, dos homens e dos
adolescentes a uma boa saúde genésica e sexual;
© Progetto malaria Vietnam
❿ assegurar às mulheres, aos homens e aos adolescentes o acesso a toda uma série de cuidados,
serviços e produtos seguros e fiáveis em matéria de
saúde genésica e sexual;
Mais de um milhão de mosquiteiros foram impregnados nas aldeias
(Vietname).
3.3. Saúde: doenças
relacionadas com a
pobreza e saúde genésica
3.3.1. Problemática e resposta
comunitária
A melhoria da saúde e do bem-estar das populações
dos países em desenvolvimento, a integração destes
países na economia mundial e a luta contra a pobreza
são parte integrante da política comunitária (artigos
177.º e 179.º do Tratado).
A Comissão, em colaboração com os Estados-Membros,
definiu, progressivamente, um conjunto coerente de
objectivos e de princípios que presidem à selecção das
actividades e à disponibilização de meios para
enfrentar os problemas associados às doenças graves e
à saúde genésica (1).
3.3.2. Objectivos
A)
DOENÇAS
RELACIONADAS COM A POBREZA:
❿ maximizar o impacto das intervenções, dos serviços
e dos produtos de base já disponíveis no âmbito da
luta contra as principais doenças transmissíveis que
afectam as populações mais pobres;
❿ alargar o acesso aos medicamentos essenciais;
❿ intensificar a investigação e o desenvolvimento,
nomeadamente no que se refere às vacinas, aos
microbicidas e aos tratamentos inovadores.
46
❿ reduzir a taxa de mortalidade materna, sobretudo
nos países e nos grupos da população em que esta
é mais elevada.
3.3.3. Actividades em 2001
e domínios de intervenção
Nos últimos anos, tem vindo a ser prestada uma
atenção crescente aos problemas de saúde dos países
em desenvolvimento, designadamente às grandes
doenças relacionadas com a pobreza.
Em Maio de 2001, o Conselho adoptou a comunicação
da Comissão relativa ao programa de acção acelerado
de luta contra estas doenças (2).
Foi prosseguido o processo de selecção das propostas
recebidas no âmbito do convite à apresentação de
propostas publicado em Janeiro de 2000, e que já
havia estado na base da mobilização de dotações para
uma primeira série de propostas em 2000, tendo sido
analisadas 112 das 295 propostas inicialmente apresentadas.
Em 2001, foram aprovados 16 projectos, num
montante de 20,7 milhões de euros, que se repartem
do seguinte modo:
sida: 11 projectos, num montante total de 15,2
milhões de euros; população: 5 projectos, num
montante total de 5,5 milhões de euros. Parte destes
projectos (6) têm por objectivo lutar contra a transmissão do HIV de mães para filhos. Outros concentram-se na prevenção da sida, mediante a melhoria
dos cuidados prestados às pessoas que sofrem de
doenças sexualmente transmissíveis (3) ou programas
de educação e de formação (3), enquanto a saúde
materna é objecto de 3 projectos.
Este convite à apresentação de propostas constituiu
uma novidade no âmbito destas rubricas orçamentais,
na medida em que era dirigido a toda uma série de
intervenientes: ONG, autoridades locais e nacionais,
institutos de investigação e organizações comunitárias,
serviços públicos e privados.
Deste modo, as acções empreendidas em 2001
incluíram a execução e o acompanhamento das actividades lançadas durante este ano, bem como nos anos
anteriores. Em Dezembro de 2001, estavam a ser
acompanhados mais de 90 projectos, com um valor
total próximo dos 100 milhões de euros.
(1) Ver: http://europa.eu.int/comm/development/aids/html/policiesnf_fr.htm.
(2) COM(2001) 96, de 21 de Fevereiro de 2001, adoptada pelo Conselho em 14 de Maio de 2001, na 2346.ª reunião do Conselho «Assuntos
Gerais».
Execução: instrumentos horizontais
3.3.4. Perspectivas: o empenhamento
activo da Comissão
As prioridades a eleger e as medidas a tomar articulam-se em torno de quatro aspectos:
❿ uma melhor informação sobre as intervenções
apoiadas pelas rubricas orçamentais, a fim de
reforçar o impacto das mesmas na melhoria da
qualidade dos serviços prestados às populações e o
apoio à evolução das políticas de saúde;
© Annie Martinez Alonso
Em 2001, a participação na definição das orientações
de um novo regulamento do Conselho respeitante à
luta contra certas doenças (HIV/sida, tuberculose e
malária) e à saúde genésica, a criação de um fundo
mundial para lutar contra estas três doenças, bem
como a já referida comunicação da Comissão sobre
saúde e pobreza (1), permitiram definir com maior
rigor o papel e o lugar das rubricas orçamentais temáticas relacionadas com a saúde.
Fumador de ópio de uma aldeia no Norte da Tailândia.
❿ a análise aprofundada do contexto das intervenções;
❿ a aplicação dos conhecimentos no terreno e a sua
apropriação pelos intervenientes locais;
❿ o estabelecimento de uma relação operacional
entre a luta contra doenças específicas e a saúde
genésica e o apoio ao desenvolvimento do sistema
de saúde.
3.4. Luta contra a droga
Prevenção, tratamento, reinserção social e profissional
dos toxicodependentes, estudos epidemiológicos, luta
contra o branqueamento de capitais, criação de novas
legislações. As questões levantadas pelo tráfico e o
consumo de drogas exigem respostas bem firmes e
integradas na estratégia global da União Europeia.
3.4.1. Actividades em 2001
Em conformidade com o plano de acção da União
Europeia, a cooperação comunitária articula-se em
torno de três eixos principais:
❿ uma intervenção equilibrada entre a redução da
procura e a redução da oferta;
❿ o princípio da «responsabilidade partilhada» entre
países produtores, países de trânsito e países
consumidores»;
❿ a integração do controlo das drogas na cooperação
para o desenvolvimento.
No que respeita à redução da oferta, a Comissão organizou a sua intervenção em torno das duas principais
rotas de tráfico que alimentam a União Europeia. Para
reforçar o impacto da acção europeia, a Comissão
(1) COM(2002) 129, de 22 de Março de 2002.
acordou com os Estados-Membros um sistema de intercâmbio de informações, consolidando, deste modo, a
coordenação europeia.
A intervenção da Comissão apoia-se, frequentemente,
na competência das administrações nacionais dos Estados-Membros. Esta mobilização da competência europeia fomenta o desenvolvimento das relações entre os
países beneficiários, que, dado o carácter internacional
do tráfico, se revestem da maior importância.
Na rota da cocaína, na América Latina, a CE assiste,
desde há pouco tempo, o Governo venezuelano na
criação de um observatório nacional das drogas, consagrando a esta missão 2 milhões de euros. Na Colômbia,
a CE pretende desempenhar um papel importante no
processo de paz, para o qual contribui através de
programas alternativos (30 milhões de euros, num
total de 105 milhões de euros). Nas Caraíbas, a CE
contribuiu com 23 milhões de euros provenientes da
rubrica B7-6310 e do Fundo Europeu de Desenvolvimento, para o plano de acção da Barbada, o qual
engloba uma série de programas que cobrem todas as
facetas da luta contra a droga. Esta iniciativa resulta
de diligências conjuntas dos países das Caraíbas, da UE,
dos Estados Unidos e das Nações Unidas. A acção
comunitária tem em vista lutar contra o branqueamento de capitais e o tráfico de cocaína, reforçando o
controlo marítimo e criando unidades de coordenação
centrais que incluam autoridades policiais e aduaneiras
e as forças armadas.
Na rota da heroína, foram empreendidas diversas
acções de luta contra o tráfico, na Ásia Central e no
Cáucaso, estando em preparação programas de
redução da procura. A CE está a preparar um novo
projecto, centrado no Irão, que tem em vista a
prevenção da toxicodependência e a formação de
magistrados. A CE financia igualmente o reforço da
cooperação entre os países da Ásia Central, o Irão, o
Paquistão e a Turquia.
47
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
tância conferida à assistência no domínio da luta
contra a droga prestada aos países que não fazem
parte da União. Neste contexto, a Comissão comprometeu-se a centrar a programação da luta contra a
droga nos países atravessados pelas duas principais
rotas que alimentam a União Europeia. A Comissão
continuará a desenvolver projectos destinados a
reforçar a coordenação dos países beneficiários entre
si e com os Estados-Membros.
© CE
3.5. Interligação entre ajuda
de emergência, reabilitação
e desenvolvimento
Marron House — Um novo centro de reabilitação de toxicodependentes em
São Vicente.
❿ a reestruturação de rubricas orçamentais e regulamentos a utilizar para interligar a ajuda de emergência e o desenvolvimento;
Para reduzir a procura, a Comissão apoia uma abordagem global que vai muito além da desintoxicação.
❿ a definição de orientações para as estratégias de
saída do ECHO;
Através da rubrica B7-6310 e de outras rubricas (regionais), a Comissão financia uma série de programas de
apoio ao desenvolvimento de redes de ONG que têm
por objectivo prestar aos toxicodependentes um
conjunto de serviços, que vão dos cuidados médicos de
base à reinserção social, familiar e profissional,
passando pela desintoxicação e a redução dos riscos
inerentes ao consumo de drogas, nomeadamente injectáveis.
❿ o estabelecimento de uma agenda para melhorar
os seus métodos de trabalho, a fim de aumentar a
sua capacidade de proceder a intervenções rápidas.
Para responder de forma mais adequada ao problema,
a Comissão pretende ainda aprofundar o conhecimento da situação nos países terceiros no que
respeita à droga, financiando projectos de recolha de
dados nestes países. Esta abordagem é particularmente importante para permitir que os países beneficiários definam com maior rigor as suas necessidades e
participem nos projectos com conhecimento de causa.
Por último, a Comunidade financia diversos programas
de luta contra o branqueamento de capitais e está
associada aos esforços da OCDE neste domínio.
48
Em Abril de 2001, a Comissão adoptou uma comunicação sobre a interligação entre ajuda de emergência,
reabilitação e desenvolvimento, tendo igualmente
empreendido uma série de acções com vista a aplicar
os princípios da interligação entre ajuda de emergência, reabilitação e desenvolvimento. A Comissão
está actualmente a propor novas orientações e decisões com o mesmo objectivo, nomeadamente:
Em 2001, o mandato e o papel do ECHO em conjugação com os demais instrumentos comunitários no
domínio das relações externas foi clarificado no que se
refere ao chamado «hiato de transição» entre a ajuda
de emergência, a reabilitação e o desenvolvimento. Tal
como sublinhado na comunicação da Comissão sobre a interligação entre ajuda de emergência,
reabilitação e desenvolvimento (2), o ECHO irá
concentrar-se no seu principal mandato, incumbindo à
cooperação para o desenvolvimento envidar os esforços
necessários para colmatar esta lacuna. A fim de
aumentar a sua transparência e previsibilidade, o ECHO
elaborou, em Dezembro de 2001, um documento de
trabalho que tinha como objectivo clarificar os seus
critérios gerais para a cessação gradual e transferência
das intervenções. O documento de trabalho prevê duas
fases para a aplicação destes critérios:
3.4.2. Perspectivas
1) a definição das regras para uma transição sem
sobressaltos da assistência humanitária para a
reabilitação e o desenvolvimento;
Na sua comunicação de 8 de Junho de 2001 sobre a
aplicação do plano de acção da União Europeia no
domínio da droga (1), a Comissão confirma a impor-
2) a análise dos principais factores contextuais com
impacto no modus operandi da cessação gradual
da assistência.
(1) COM(2001) 301 final, de 8 de Junho de 2001.
(2) Comunicação da Comissão ao Conselho e ao Parlamento Europeu — Interligação entre ajuda de emergência, reabilitação e desenvolvimento — avaliação [COM(2001) 153, de 23 de Abril de 2001].
Execução: instrumentos horizontais
3.5.1. Principais instrumentos
AJUDA
ÀS POPULAÇÕES DESENRAIZADAS
Em 2001, foi adoptada uma nova base jurídica (1), que
permite programar até 2004 as acções para a Ásia e a
América Latina.
Por outro lado, e dada a proximidade do termo da
vigência da convenção actualmente em vigor entre a
Comunidade Europeia e a Agência das Nações Unidas
de Assistência aos Refugiados da Palestina
(UNRWA) (2), a Comissão obteve do Conselho um
mandato para negociar uma nova convenção, com
uma vigência de quatro anos.
No que se refere aos países ACP, o artigo 255.º da
Convenção de Lomé IV permite mobilizar recursos do
Fundo Europeu de Desenvolvimento a favor das populações desenraizadas destes países.
DE REABILITAÇÃO
A política da Comunidade Europeia nesta matéria é
regida pelo Regulamento (CE) n.º 2258/96 do
Conselho, de 22 de Novembro de 1996, relativo a
acções de recuperação e de reconstrução em favor dos
países em desenvolvimento (publicado no JO L 306 de
28.11.1996). As acções visadas por este regulamento,
«com uma duração limitada (…), têm por objectivo
contribuir para o relançamento da economia e o restabelecimento das capacidades institucionais necessárias
para restaurar a estabilidade social e política dos
países em causa e para satisfazer as necessidades do
conjunto das populações afectadas. As acções devem
substituir progressivamente a acção humanitária e
preparar o relançamento da ajuda ao desenvolvimento
a médio e a longo prazo (…)».
LUTA
CONTRA AS MINAS TERRESTRES ANTIPESSOAL
Embora disponham de uma rubrica orçamental própria
de âmbito geral, as acções comunitárias neste domínio
não tinham uma base jurídica específica. Também neste
caso, a adopção de uma base jurídica (3) válida até 2009
permitirá reforçar a coerência das intervenções, integrando-as numa programação a médio prazo.
CO-FINANCIAMENTOS
COM AS
ONG
O Regulamento (CE) n.º 1658/1998 do Conselho, de 17
de Julho de 1998, relativo ao co-financiamento com as
organizações não governamentais (ONG) europeias de
acções em domínios de interesse para os países em
desenvolvimento (4), constitui igualmente um instrumento que permite o financiamento de acções de
desenvolvimento para substituir as acções humanitárias.
© Sean Sutton /MAG
ACÇÕES
A adopção de uma base jurídica específica para a luta contra as minas
antipessoal, que estará em vigor até 2009, permitirá reforçar a coerência das
intervenções e a programação a médio prazo (Camboja).
3.5.2. As grandes linhas de acção
de 2001
AJUDA
ÀS POPULAÇÕES DESENRAIZADAS
Embora estejam a ser prosseguidas as acções na
América Latina, os novos compromissos neste domínio
dirigem-se, sobretudo, às populações desenraizadas da
Ásia que são vítimas de situações de crise prolongada.
Estas populações são originárias do Afeganistão, da
Birmânia/Mianmar, do Sri Lanca e das Filipinas
(Mindanau). Os projectos em curso, tal como os novos,
cobrem uma grande diversidade de domínios, que vão
da assistência aos refugiados nos campos — geralmente prestada pelo Alto-Comissariado das Nações
Unidas para os Refugiados (ACNUR) — a acções que
passam pelas ONG internacionais ou locais activas no
domínio da educação, da saúde, da distribuição de
água ou do desenvolvimento rural. Sempre que a
situação o permite, a tónica é colocada no regresso das
populações às suas regiões de origem.
No Médio Oriente, atendendo à deterioração da situação
no terreno, a Comunidade Europeia decidiu aumentar a
sua contribuição para as actividades da Agência das
Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina
(1) Regulamento (CE) n.° 2130/2001 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de Outubro de 2001, relativo às acções no domínio da
ajuda às populações desenraizadas nos países em desenvolvimento da América Latina e da Ásia ( JO L 287 de 31.10.2001, p. 3).
(2) Convenção CE-UNRWA 1999-2001, decisão do Conselho: JO L 261 de 7.10.1999.
(3) Regulamentos (CE) n.os 1724/2001 e 1725/2001 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de Julho de 2001, relativos à luta contra
as minas terrestres antipessoal (JO L 234 de 1.9.2001).
(4) JO L 213 de 30.7.1998, p. 1.
49
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
ACÇÕES
DE REABILITAÇÃO
© Joaquin Silva Rodrigues
As acções no domínio da reabilitação são financiadas
por diversas rubricas orçamentais, que cobrem diferentes regiões do mundo (Ásia, Timor-Leste, América Latina, Mediterrâneo, novos Estados independentes e países ACP). Os projectos financiados assumem diversas formas e cobrem sectores muito variados, que vão do apoio
às organizações comunitárias de base a projectos de
envergadura destinados a reabilitar infra-estruturas.
Campo de refugiados Rom em Leposevic (Kosovo).
(UNRWA). Para além da dotação anual para 2001, que
ascendia a 42 milhões de euros, foi mobilizada uma
contribuição adicional de 15 milhões de euros para
acções no domínio da educação e dos cuidados de saúde
primários a favor dos refugiados em quatro áreas geográficas: Cisjordânia, Faixa de Gaza, Líbano e Síria.
CONTRA AS MINAS TERRESTRES ANTIPESSOAL
As acções de luta contra as minas antipessoal incidem
nos países mais afectados por este flagelo. Estas acções
cobrem tanto as operações de desminagem de solos
(Afeganistão, Balcãs, Angola, Moçambique, Somália e
Laos) como o estabelecimento de sistemas de informações (Balcãs) e o apoio institucional (Camboja).
2001 foi um ano de intensa actividade nos domínios da
conservação e da vida selvagem, da silvicultura e da
gestão sustentável dos recursos naturais, com a
execução de sete novos programas/projectos, num
montante total de 55,1 milhões de euros, e a aprovação de quatro novos programas, num montante
total de 26 milhões de euros.
As actividades em curso foram prosseguidas, designadamente na bacia do rio Congo, sendo o programa
ECOFAC e as actividades conexas coordenados pela
Unidade Regional do Ambiente, sediada em Libreville,
que foi reforçada. A duração de alguns programas cuja
conclusão estava prevista para 2001 foi prorrogada:
vida selvagem na Tanzânia, visão da vida selvagem no
Gabão, programa regional para o ambiente do oceano
Índico. O ritmo de execução do programa regional
para uma gestão sustentável da vida selvagem na
África Ocidental (AGIR, Guiné, Guiné-Bissau, Mali e
Senegal) abrandou, devido à sua insuficiente coerência
interna, estando previsto o lançamento de uma
avaliação global.
© Sean Sutton /MAG
A prevenção e a informação permitem lutar contra as minas antipessoal
terrestres (Camboja).
LUTA
3.6. Ambiente
Quanto aos países ACP, foi assinada com o ACNUR uma
convenção de 25 milhões de euros com vista ao repatriamento voluntário dos refugiados burundeses que se
encontram actualmente na Tanzânia, com base no artigo 255.º
50
Timor-Leste merece uma referência especial: o apoio
comunitário, integrado no esforço da comunidade
internacional no seio do Trust Fund for East Timor,
contribui para a fundação de um Estado independente. A forma como decorreram as eleições para a
Assembleia Constituinte, em Setembro de 2001, constitui um bom augúrio para a continuidade do processo
de reconstrução.
Os principais resultados tangíveis de 2001 são a quintuplicação da superfície total do Parque Nacional de Odzala
(Congo-Brazzaville) e do Parque Nacional de Monte Alen
(Guiné Equatorial), bem como a prossecução de um diálogo construtivo com as empresas madeireiras. Além
disso, importa referir a criação da rede de áreas protegidas da África Central (RAPAC), a eleição do respectivo
presidente e a organização das primeiras reuniões do
Conselho de Administração. A vontade dos cinco locais
classificados como património mundial da República
Democrática do Congo de aderir à rede e a recente adesão do Parque Nacional de Zakouma, no Chade, deverão
dar um novo e muito positivo impulso à RAPAC.
Execução: instrumentos horizontais
O nono exercício de programação do FED iniciou-se
com uma especial ênfase nos programas regionais e na
necessidade de constituir uma rede de peritos com
tarefas regionais, capaz de apoiar as delegações da CE
e a própria Comissão na execução das políticas e
programas ambientais.
A energia constitui, reconhecidamente, um importante
elemento horizontal para a eliminação da pobreza e a
realização dos objectivos de desenvolvimento do
milénio. A estratégia em prol de uma energia sustentável salienta a necessidade de integrar a energia nos
sectores económico e social (saúde, educação, desenvolvimento do tecido empresarial), bem como as
vantagens para o ambiente e não só de uma crescente
eficácia energética e de um recurso acrescido a fontes
de energia renováveis. Sublinha ainda a importância
do reforço da capacidade institucional e do apoio político para o sector da energia, bem como a necessidade
de promover parcerias entre os sectores público e
privado e de implicar a sociedade civil.
Um grupo de trabalho da Assembleia Paritária ACP-UE
sobre energias renováveis elaborou uma resolução,
adoptada pela Assembleia em 2001, em que é reconhecida a necessidade fundamental de serviços energéticos para lutar contra a pobreza e se apela, nomeadamente, a medidas de sensibilização e de reforço das
capacidades em prol das energias renováveis. No
seguimento desta resolução, e a fim de fomentar a
integração da energia sustentável nos programas do
9.º FED, a Comissão organizou, em Junho de 2001, na
República Dominicana, uma conferência, dirigida a
gestores orçamentais nacionais e aos principais interessados, sobre energias renováveis nas ilhas ACP, que
tinha por objectivo sensibilizar estes países e que
lançou o processo de integração da energia.
3.6.1. Actividades em 2001
As verbas consagradas ao ambiente e às florestas têm
em vista:
❿ apoiar iniciativas mundiais ou regionais, designadamente no âmbito de convenções regionais em
matéria de ambiente (alterações climáticas, biodiversidade, desertificação) ou de acordos internacionais;
© CE
A gestão dos recursos hídricos deve ser considerada
uma questão horizontal, a integrar nas políticas de
desenvolvimento centradas na redução da pobreza
(ver ponto 2.5.3).
Programa regional no domínio da energia solar no Burquina Faso.
regulamentos foram adoptados em Novembro de
2000).
As actividades de 2001 deram continuidade às de 2000,
tendo consistido, essencialmente, na gestão de 221
projectos aprovados em 2000 ou mesmo antes, com a
seguinte repartição geográfica:
Ambiente
África e Madagáscar
Pacífico
Todos os países ACP
Florestas
49
46
–
2
6
–
22
53
Ásia
8
16
Mediterrâneo
4
–
Mundo
6
9
95
126
América Latina e Caraíbas
Total
No seguimento de um convite à apresentação de
propostas que suscitou 640 pedidos de financiamento,
foram seleccionados mais 29 projectos e 5 outros
projectos orientados.
Convite à apresentação
de propostas
Ambiente
Florestas
África e Madagáscar
1
5
❿ seleccionar, com flexibilidade, os Estados parceiros
(incluindo os de rendimentos intermédios) que
assumem especial importância no âmbito da luta
contra a degradação do ambiente a nível mundial,
como o México, o Brasil ou alguns países do
Sudeste Asiático;
América Latina e Caraíbas
5
11
❿ lançar iniciativas-piloto.
África e Madagáscar
Em 2001, as dotações para autorizações ascenderam a
54 milhões de euros, dos quais 13 milhões correspondem a dotações transitadas de 2000 para 2001
devido à adopção tardia das bases jurídicas (os novos
Ásia
1
Subtotal
2
3
11
23
Ásia
3
4
Subtotal
9
20
Extra convite à apresentação de propostas
1
América Latina e Caraíbas
Total
2
1
51
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
Custo total/participação UE
por região do mundo beneficiária (em euros)
120 000 000
100 000 000
80 000 000
60 000 000
40 000 000
20 000 000
Comunidade aldeã em Khatlon (Tajiquistão).
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34 ca
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Ca
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su
© Joaquin Silva Rodrigues
0
NB: A escuro, o custo total das acções propostas; a claro, a parte
efectivamente co-financiada pela Comissão. As percentagens
indicadas correspondem ao financiamento efectivo por zona
geográfica.
Comentários: esta análise por zona corresponde à repartição das
populações mais pobres ou vulneráveis; determinadas distorções
podem ser explicadas pelas acções excepcionais levadas a cabo em
Moçambique ou em Cuba durante este exercício.
3.7. Parceria com as ONG
A Comissão co-financia, com as ONG do Norte, as
acções postas em prática nos países em desenvolvimento e as campanhas de sensibilização nos Estados-Membros, mas também acções de reforço da cooperação lançadas por elementos da sociedade civil do Sul.
Foi autorizada a totalidade do orçamento de 2001, ou
seja, 204 milhões de euros.
3.7.1. Co-financiamento com as ONG
europeias (1)
Em 1 de Janeiro de 2001, estavam em curso 1 759
projectos, a que vieram juntar-se 293 projectos seleccionados em 2001 a partir de 1 200 pedidos de co-financiamento apresentados no âmbito do primeiro
convite à apresentação de propostas (publicado em
Junho de 2000).
NO
TERRENO
As acções são propostas (direito exclusivo de iniciativa)
por ONG europeias (cuja sede e centro de decisão se
situe num Estado-Membro) e, no terreno, assumem a
forma de «projectos» nos «países em vias de desenvolvimento» ou de «Block Grants», no caso de, por razões
de eficácia, agruparem diversas microacções, situação
em que são designadas «contratos».
Em regra geral, pode considerar-se que a Comissão co-financia desta forma projectos e conjuntos de acções
temáticas destinados a reduzir a pobreza nos países
mais frágeis, com um orçamento de 176 milhões de
euros anuais.
52
(1)
(2)
(3)
(4)
EDUCAÇÃO
PARA O DESENVOLVIMENTO
Para além das acções acima referidas, as ONG europeias propõem igualmente acções de sensibilização da
opinião pública da União Europeia. Em 2001, a
Comissão analisou 132 pedidos, tendo seleccionado
para co-financiamento 49 acções, num montante total
de 19,3 milhões de euros.
Das 61 acções propostas no âmbito do convite à apresentação de propostas de 2000, 21 foram seleccionadas
e financiadas.
3.7.2. A cooperação
descentralizada (2)
Dos 74 pedidos apresentados em 2000 e 2001, neste
último ano foram subvencionados 19, num montante
total de 5 milhões de euros.
3.7.3. Outras actividades
❿ No final de Dezembro de 2001, publicação de dois
novos convites à apresentação de propostas (3), em
conformidade com as orientações aprovadas pelos
Estados-Membros para os exercícios de 2002 e
2003;
❿ elaboração do Guia do Co-Financiamento (Info
Guide Cofinancement) (4), cuja utilização facilitará a
instrução, a execução e a avaliação das acções, e, no
âmbito do processo de desconcentração, contribuirá
para um melhor desempenho das actividades de
acompanhamento e de controlo pelas delegações.
Rubrica orçamental B7/6000, Regulamento (CE) n.°1658/1998.
Rubrica orçamental B7/6002, Regulamento (CE) n.° 1659/1998.
Ver: http://europa.eu.int/comm/europeaid/cgi/frame12.pl.
Ver: http://europa.eu.int/comm/europeaid/projects/ong_cd/index_fr.htm.
© CE
Execução: instrumentos horizontais
Encontro do chefe da delegação da Comissão no Níger com os dirigentes da comunidade Dogo e a líder do grupo das
mulheres.
6%
CDC por origem dos contratantes
12%
10%
2%
2%
18%
10%
7%
7%
Alemanha (1)
Chile (1)
Marrocos (1)
França (5)
Peru (1)
Gâmbia (1)
Países Baixos (2)
Costa Rica (1)
Benim (1)
Argentina (1)
Guatemala (1)
Vanuatu (1)
Uruguai (1)
Haiti (1)
5%
7%
5%
4%
5%
Com efeito, a sua concepção claramente orientada
para as novas tecnologias (Internet) permite que os
utilizadores acedam de imediato e sem intermediários
às informações pertinentes, facilitando, deste modo,
uma abordagem operacional qualitativa no âmbito da
luta contra a pobreza nos países em desenvolvimento.
ELABORAÇÃO DO INSTRUMENTO
«CONTRATO-PROGRAMA»
Em conformidade com a política de racionalização
desenvolvida pela Comissão desde a sua decisão de 16 de
Maio de 2000, e tendo em conta a proposta apresentada
pelas ONG, nos termos da regulamentação em vigor, no
sentido de melhorar a qualidade e a coerência das acções
a longo prazo, foi publicado, em simultâneo com o convite à apresentação de propostas de 2000, um «convite à
apresentação de ideias para um contrato-programa».
Foram apresentados 67 pedidos, para um montante
total superior a 300 milhões de euros, estando a ser
definido um novo processo de avaliação e selecção
para este instrumento-piloto de co-financiamento, que
será ensaiado com 15 propostas representando um
pedido total de 83,5 milhões de euros. Uma dotação
orçamental de cerca de 40 milhões de euros permitirá
co-financiar os melhores programas a partir de 2003.
A Comissão pretende participar nos seminários organizados pela sociedade civil, nomeadamente a fim de
avaliar o funcionamento deste instrumento-piloto.
53
EXECUÇÃO:
AS REGIÕES
A ajuda externa comunitária cobre todas as regiões do mundo. As secções
a seguir indicam todas as actividades de parceria e de cooperação distribuídas numa base geográfica. Para tornar a leitura mais fácil, são igualmente indicados todos os países de cada região e, nos casos pertinentes, as
sub-regiões.
Regiões abrangidas pela ajuda externa comunitária
■ Balcãs
Albânia, Bósnia-Herzegovina, Croácia,
ex-Jugoslávia, antiga
República jugoslava
da Macedónia, e
República Federativa
da Jugoslávia.
■ Estados parceiros
da Europa Oriental
e Ásia Central
■ Mediterrâneo meridional, Próximo
e Médio Oriente
Argélia, Chipre (*)
Egipto, Israel,
Jordânia, Líbano,
Malta (*), Marrocos,
Autoridade Palestiniana, Síria, Tunísia e
Turquia (*).
Arménia, Azerbaijão,
Bielorrússia, Geórgia,
Cazaquistão, Quirguizistão, Moldávia,
Rússia, Tajiquistão,
Turquemenistão,
Ucrânia, Usbequistão
e Mongólia.
■ África, Caraíbas
e Pacífico (ACP)
Caraíbas
Antígua e Barbuda,
Baamas, Barbados,
Belize, Cuba (**),
Dominica, República
Dominicana,
Granada, Guiana,
Haiti, Jamaica, São
Cristóvão e Nevis,
Santa Lúcia, São
Vicente e Granadinas, Suriname e
Trindade e Tobago.
Pacífico
Ilhas Cook, Ilhas Fiji,
Kiribati, Ilhas Marshall, Micronésia,
Nauru, Palau,
Papuásia-Nova Guiné,
Samoa, Ilhas
Salomão, Tonga,
Tuvalu e Vanuatu.
(*)
54
Inicialmente, países
Euromed e, presentemente, países candidatos à UE.
(**) Cuba foi admitida como
membro ACP em
Dezembro de 2000,
mas não é signatária do
Acordo de Cotonu.
Africa Ocidental
Benim, Cabo Verde,
Burquina Faso, Gana,
Guiné, Costa do
Marfim, Libéria,
Gâmbia, GuinéBissau, Mali,
Mauritânia, Níger,
Nigéria, Senegal,
Serra Leoa e Togo.
África Central
Camarões, República
Centro-Africana,
Chade, Guiné Equatorial, Gabão e São
Tomé e Príncipe.
África Oriental e
Austral e oceano
Índico
Angola, Botsuana,
Burundi, Comores,
Congo (RDC), Jibuti,
Eritreia, Etiópia,
Quénia, Lesoto,
Madagáscar, Malavi,
■ Ásia
Maurícia, Moçambique, Namíbia,
Ruanda, Seicheles,
Somália, África do
Sul, Sudão,
Suazilândia, Tanzânia,
Uganda, Zâmbia e
Zimbabué.
Países e territórios
ultramarinos
Anguila, Aruba, Ilhas
Virgens Britânicas,
Polinésia Francesa,
Mayotte, Monserrate,
Anthilhas
Neerlandesas, Nova
Caledónia, Pitcairn,
São Pedro e
Miquelon, Ilhas
Turcas e Caicos e
Wallis e Futuna.
Outros países
e regiões (*)
Asean (Associação
das Neções do
Sudeste Asiático)
Brunei,
Birmânia/Mianmar,
Camboja, Indonésia,
Laos, Malásia, Filipinas, Singapura,
Tailândia, Vietname.
Afeganistão, China,
Timor-Leste, Hong
Kong, Coreia do
Norte, Macau.
■ América Latina
América Central
Costa Rica, Salvador,
Guatemala,
Honduras, Nicarágua
e Panamá.
Comunidade
Andina
Bolívia, Colômbia,
Equador, Peru e
Venezuela.
SAARC (Associação
do Sud de Ásia
para a Cooperação
Regional)
Bangladeche, Butão,
Índia, Maldivas,
Nepal, Paquistão, Sri
Lanca.
Mercosul
Argentina, Brasil,
Paraguai e Uruguai.
■ UE
Áustria
Bélgica
Dinamarca
Finlândia
França
Alemanha
Grécia
Irlanda
Itália
Luxemburgo
Países Baixos
Portugal
Espanha
Suécia
Reino Unido
Outros
Chile e México.
(*)
O Iémen, o Irão, o
Iraque e os países do
Golfo estão incluídos na
secção do Mediterrâneo
do presente relatório.
55
4. Europa
do Sudeste:
os Balcãs
© Joaquin Silva Rodrigues
O processo de estabilização
e de associação, iniciado em
1999, constitui a pedra
angular da política europeia
nos Balcãs Ocidentais. Este
processo tem em vista estabelecer uma relação ainda
mais estreita entre os países
da região e a União Europeia. Os três principais
instrumentos subjacentes a
este processo (laços contratuais, preferências contratuais autónomas e ajuda
financeira) visam dotar
estes países dos meios
necessários para criar instituições democráticas estáveis, garantir o respeito do
Estado de direito, apoiar as
economias abertas e prósperas, estabelecer ligações
estreitas entre estes países
e a União Europeia e encorajar a cooperação regional.
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
O processo começou a já a produzir os efeitos
previstos. Os países da região começam a estabilizar-se
e a dar início a programas de reformas económicas e
políticas baseados na legislação e na prática comunitárias. Numerosos desafios estão ainda, no entanto, por
ultrapassar. Os países devem fazer face à debilidade do
Estado de direito e das instituições democráticas, à
corrupção, à pobreza, à exclusão social e à ameaça de
um recrudescimento de movimentos nacionalistas
extremistas. O empenhamento da União Europeia em
favor desta região é um empenhamento a longo
prazo. A UE continuará a ajudar estes países a fazer
face aos desafios com que deparam e a realizar
progressos no sentido de uma maior integração. O
programa CARDS constitui um dos instrumentos
fundamentais para a realização deste processo,
pretendendo ajudar estes países a tornarem-se Estados
viáveis e a harmonizar os seus sistemas jurídicos e
económicos relativamente aos da UE.
4.1. Introdução
Em 2001 deu-se início à aplicação das três vertentes
principais do processo de estabilização e de associação,
que começaram a produzir os efeitos previstos nos
países dos Balcãs Ocidentais e no conjunto da região.
Em Outubro de 2001 foram assinados acordos de estabilização e de associação com a antiga República
jugoslava da Macedónia e a Croácia. Foram igualmente assinados, no mesmo ano, acordos provisórios
com estes dois países, a fim de que os elementos
comerciais e afins do acordo de estabilização e associação possam entrar em vigor em 2001. No mesmo
ano, a Comissão recomendou a abertura de negociações tendo em vista a conclusão de um acordo de associação e estabilização entre a UE e a Albânia. Na
Bósnia-Herzegovina prosseguiram os trabalhos no que
respeita à task force consultiva, tendo os progressos
efectuados no que respeita às 18 etapas de base sido
identificados na agenda das negociações. Prevê-se que
estes trabalhos sejam concluídos em 2002. Foi criada,
em Julho de 2001, uma «task force» consultiva entre a
UE e a República Federativa da Jugoslávia, que reuniu
duas vezes antes da sua reunião final e a elaboração
do relatório de viabilidade em 2002.
Em Novembro de 2000, a UE concedeu, unilateralmente, aos produtos dos Balcãs, um acesso quase
totalmente livre aos seus mercados. O novo regime
comercial deu um impulso, bem necessário, às exportações. O regime comercial serve de catalisador ao
desenvolvimento de uma rede de acordos de comércio
livre entre os países abrangidos pelo processo de estabilização e de associação. A Albânia, a antiga República jugoslava da Macedónia, a Bósnia-Herzegovina, a
Bulgária, a Croácia, a República Federativa da Jugoslávia e a Roménia assinaram um protocolo de acordo
em 27 de Junho de 2001, em Bruxelas, no âmbito do
pacto de estabilidade, tendo em vista criar uma rede
de acordos de comércio livre no Sudeste da Europa
até ao final de 2002.
58
A UE, que concedeu uma ajuda financeira considerável
à região (mais de 5 mil milhões de euros desde 1991),
procedeu a uma mudança de orientação da sua política neste domínio de modo a dar resposta à evolução
das necessidades na região. Em 2000 foi aprovado um
novo regulamento que introduz uma abordagem mais
estratégica no que respeita à prestação de assistência
em favor dos países da região e reforça/confirma os
objectivos do processo de estabilização e de associação. A assistência concentrar-se-á cada vez mais no
apoio às reformas e no reforço das instituições indispensável ao cumprimento das obrigações decorrentes
dos acordos de estabilização e de associação. Foi
concedida, à região, uma assistência de 4,65 mil
milhões de euros para o período 2000-2006.
A adopção, no final de 2001, das estratégias nacional e
regional para 2002-2006, permitiu melhorar consideravelmente a qualidade da programação da assistência
CARDS. Estes programas, elaborados em estreita colaboração com os países parceiros, os Estados-Membros,
as organizações internacionais em causa e outros
dadores de fundos, estabelecem objectivos prioritários
para o programa CARDS, entre 2002 e 2006, no que
respeita ao processo de estabilização e de associação,
que vão das necessidades de reconstrução essenciais à
adopção de medidas específicas tendo em vista desenvolver a capacidade institucional de cada país, de
compreender, legislar e, a longo prazo, implementar
os grandes princípios do acervo comunitário e instituir
o primado do direito.
Paralelamente à melhoria do programa estão a ser
efectuados grandes esforços a nível da sua implementação. A assistência CARDS é, actualmente, prestada de
forma rápida e eficaz. Desde a sua criação em Fevereiro de 2000, a Agência Europeia para a Reconstrução, nomeadamente, salientou-se pelos esforços
envidados para garantir um fornecimento rápido da
assistência na sua zona de intervenção, ou seja, o
Kosovo, inicialmente, e agora a Sérvia, o Montenegro
e a antiga República jugoslava da Macedónia, em que
a Comissão alargou o seu mandato para a maioria dos
programas de assistência comunitária no país. Noutras
partes da região, a tomada de decisões está a ser atribuída às delegações locais e o número de efectivos
reforçado de modo a facilitar o fornecimento da
ajuda.
Na Albânia prosseguiu-se, em 2001, com a aplicação
dos programas elaborados durante os anos precedentes. Para poder avançar com o processo de estabilização e de associação a Albânia deverá garantir a estabilidade da sua situação política e dispor de instituições democráticas totalmente eficazes, que lhe
permitam reorientar os seus esforços para as reformas
necessárias e acelerar a sua aplicação.
Por conseguinte, em 2001, ano em que a dotação
CARDS se elevou a 37,5 milhões de euros, foi um ano
de transição no decurso do qual a assistência foi
progressivamente reorientada das despesas de infra-estruturas para projectos destinados a reforçar a capacidade das instituições. A aplicação dos projectos
financiados a título do programa CARDS 2001 deverá
ter início no Outono de 2002.
A Bósnia-Herzegovina prosseguiu com a realização
da sua agenda das negociações, ou seja, um programa
de trabalho que inclui as reformas mais importantes
para o país. A Bósnia-Herzegovina beneficiou de uma
assistência financeira considerável em 2001 (CARDS:
105,23 milhões de euros) destinada, sobretudo, a
Europa do Sudeste: os Balcãs
financiar o regresso dos refugiados, o desenvolvimento económico, a justiça e os assuntos internos,
bem como o reforço da capacidade das instituições.
Em 2001, a antiga República jugoslava da Macedónia atravessou a mais grave crise política e de segurança jamais registada no país, com consequências
significativas para a sua economia, as instituições
democráticas e a capacidade da sua administração de
prosseguir com o processo de reforma.
A mediação política activa do representante especial
da UE permitiu a assinatura, em 13 de Agosto de 2001,
de um acordo-quadro entre as partes envolvidas no
conflito. Este acordo-quadro prevê que a UE coordene
a ajuda da comunidade internacional à aplicação das
suas disposições, em cooperação com o Conselho de
Estabilização e Associação. A aplicação plena deste
acordo é uma condição essencial para a criação de um
consenso político à escala nacional e da estabilidade
necessária para levar as reformas a bom termo.
O envolvimento pró-activo da CE reflecte-se, igualmente, na ajuda adicional prestada através de diversos
instrumentos comunitários. O ECHO forneceu ajuda
humanitária de emergência e a Iniciativa Europeia
para a Democracia e os Direitos do Homem deu apoio
ao apuramento dos resultados do recenseamento da
população. O Mecanismo de Reacção Rápida (12,8
milhões de euros) e a ajuda de emergência do CARDS
(13,7 milhões) concentraram-se principalmente na
reabilitação e reconstrução, a fim de criar condições
para o regresso dos refugiados e das pessoas deslocadas.
Em finais de 2001, cerca de 430 casas, muitas delas
seriamente danificadas, tinham sido ou estavam a ser
reconstruídas. Os trabalhos de reparação e reabilitação
das redes de energia e o fornecimento de electricidade
a cerca de 150 000 pessoas estavam concluídos ou em
curso. A segurança continuou a constituir um
problema, tanto para as ONG envolvidas na reconstrução como para a Companhia de Electricidade da
Macedónia, e os trabalhos tiveram, por vezes, de ser
suspensos, tendo sido retomados logo que as condições de segurança assim o permitiram.
Os rápidos progressos registados nas relações entre a
UE e a Croácia em 2001 reflectiram-se na assinatura
do Acordo de Estabilização e Associação (AEA), em
Outubro, e também no substancial aumento da ajuda,
que passou de 18,3 milhões de euros em 2000 para 60
milhões em 2001. Enquanto que, em 2000, a preocupação principal fora o regresso dos refugiados, em
2001 o programa alargou-se ao desenvolvimento do
capital humano, ao cumprimento dos compromissos
assumidos no AEA (nomeadamente em matéria de
Justiça e Assuntos Internos), ao desenvolvimento das
capacidades estratégicas e ao apoio à sociedade civil.
Entretanto, a ajuda à República Federativa da
Jugoslávia ultrapassou, em 2001, 550 milhões de
euros (1). Esta ajuda destinou-se às principais obras de
reabilitação e a investimentos em infra-estruturas
físicas e outras intervenções necessárias, que absorveram 60% dos fundos de 2001. Progressivamente, a
ajuda também se foi direccionando para o apoio ao
desenvolvimento a longo prazo de uma economia
orientada para o mercado (25% dos fundos foram, em
grande parte, afectados ao apoio às empresas e às
comunidades rurais e agrícolas) para o estabelecimento da democracia, dos direitos humanos e do
primado da lei (15% dos fundos).
Em 2001, a União Europeia estreitou os seus laços com
a região, prosseguindo o caminho iniciado em 2000.
A Agência Europeia de Reconstrução (2) é responsável pela gestão dos principais programas de ajuda
comunitária na República Federativa da Jugoslávia e na
antiga República jugoslava da Macedónia. Ascendeu a
525 milhões de euros o montante total de fundos comunitários canalizados em 2001 através da Agência e esta
supervisiona, por intermédio dos seus quatro centros
operacionais, uma carteira de investimentos da ordem
dos 1,6 mil milhões de euros. No fim do ano de 2001,
85% dos fundos sob a sua gestão estavam mobilizados
por contratos e 68% tinham sido pagos.
Na República da Sérvia, a Agência ajudou, em 2001, a
estabilizar uma situação de emergência, assegurando
o fornecimento de electricidade e fuelóleo, de géneros
alimentícios de base e de medicamentos essenciais,
apoiando, ao mesmo tempo, pequenos projectos de
infra-estruturas nas cidades e escolas de todo o país.
No novo programa para 2001, é reforçada a sua intervenção no sector da energia, prosseguindo o fornecimento de medicamentos essenciais e equipamento
médico. A Agência importou sementes e fertilizantes
agrícolas, para ajudar a revitalizar a economia rural.
Disponibilizou créditos para estimular o sector das
pequenas empresas e lançou pequenos programas
para promover a liberdade de imprensa e para apoiar
a reabilitação civil e ambiental, em especial na Sérvia
meridional.
No Kosovo, a Agência continua a prover as necessidades mais básicas de reabilitação física: reparações
nas principais centrais eléctricas e minas de carvão,
reconstrução de casas, estradas e pontes danificadas e
abastecimento de água e eliminação de resíduos. Ao
mesmo tempo, concedeu empréstimos, com bons
resultados, a pequenas e médias empresas e a
pequenos agricultores e estimulou a produtividade da
economia rural fornecendo produtos de consumo
intermédio para a agricultura. Os projectos financiados
atribuíam especial importância à transmissão de
melhores práticas, graças ao fornecimento de assistência técnica e ao reforço das capacidades institucionais. Foram executados programas de menor envergadura, a fim de encorajar o desenvolvimento de uma
imprensa profissional e livre e apoiar as actividades das
pequenas ONG, nomeadamente em favor das
mulheres e das minorias.
Na República do Montenegro, a Agência acelerou os
melhoramentos nas infra-estruturas básicas, construindo estradas, pontes e escolas, e tem dado um
(1) Incluindo o Kosovo e parte do orçamento de cooperação regional. A ajuda humanitária não está incluída.
(2) Ver: http://www.ear.int.
59
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
crescente impulso à reforma da administração central
e local.
A dimensão do envolvimento comunitário na
região continua a aumentar. A União Europeia
está envolvida a todos os níveis. A nível estratégico, mantendo viva a perspectiva de uma potencial
adesão, a longo prazo, e de uma associação muito
mais estreita com a UE, a troco de reformas no curto
prazo. A nível militar, através da presença de um
contingente de 38 000 soldados de Estados-Membros
da União, que constituem a maior parte da força de
manutenção da paz. A nível político, através de um
papel muito activo nos assuntos da região, nomeadamente dando resposta a crises como a da antiga República jugoslava da Macedónia e a do sul da Sérvia ou
ajudando a encontrar soluções para questões políticas
sensíveis, como a das relações entre a Sérvia e o
Montenegro. No plano institucional, com um trabalho
transfronteiras que visa criar instituições fortes, para
que os países dos Balcãs ocidentais possam gerir os
seus próprios assuntos, promover os direitos dos seus
cidadãos e deter o crime organizado. No plano económico, dando apoio às reformas económicas, fornecendo uma substancial ajuda orçamental e, sobretudo,
dando o passo decisivo para abrir todos os mercados
da UE às exportações dos Balcãs, sem exigir, nesta fase,
concessões recíprocas em troca. No plano financeiro,
apoiando as políticas da UE com uma enorme ajuda
financeira, prolongada por muitos anos. A região está
a receber uma das maiores ajudas per capita em todo
o mundo, comparável à que a Comunidade concede
aos países candidatos.
Autorizações e pagamentos CARDS à região em 2001
(em milhões de euros)
Programas
Autorizações
2001
Pagamentos
2000
2001
2000
56,00
75,30
País/cooperação bilateral
Albânia
37,50
32,80
118,70 (1)
Bósnia-Herzegovina
Croácia
97,30
143,20 191,50
60,00
18,30
Rep. F. Jugoslávia:
Sérvia/Montenegro
230,00
215,50
195,80 152,90
Rep. F. Jugoslávia:
Kosovo
171,50
416,00 (2)
402,10 213,20
Antiga Rep. jug. Macedónia:
Macedónia
56,20 (3)
20,90
14,50
28,10
11,50
29,40
Cooperação regional (4)
Subtotal
768,18
Cooperação regional
800,80
20
Total da cooperação
bilateral e regional
Outras rubricas
orçamentais/rubricas
BA (ATA, etc.)
Total geral
968,70 673,80
16,70
788,18
817,50
8,00
3,00
796,18
820,50
1,70
– (5)
970,40 673,80
1,30
2,50
971,70 676,30
1
( ) O orçamento total para 2001 eleva-se a 105,23 milhões de euros.
(2) Dos quais 175 milhões de euros adoptados no quadro do
processo Noteboom no final de 2000.
(3) A aplicação do programa 2001 teve início em Novembro, altura
em que estavam preenchidas as condições necessárias.
(4) Os valores fornecidos, por país, incluem as vertentes relativas à
cooperação regional.
(5) Os valores fornecidos, por país, incluem as vertentes regionais.
Autorizações e pagamentos de 1995 a 2001 (em milhões de euros)
Total das autorizações
1995
1996
1997
1998
1999
2000
440
581
584
462
988
1 062
2001
Total
5 550
Das quais:
CARDS (rubricas orçamentais Obnova-Phare-CARDS)
Autorizações
81
320
330
305
455
843
1 035
3 369
Pagamentos
73
298
254
146
237
624
618
2 250
93%
77%
48%
52%
74%
60%
67%
9,72
10,40
11,68
63,00
Rácio pagamentos/autorizações
91%
Democracia e direitos humanos
Autorizações
3,60
6,80
14,00
Pagamentos
3,20
6,25
10,90
6,26
4,08
3,01
0,35
34,05
Rácio pagamentos/autorizações
89%
92%
78%
92%
42%
29%
3%
54%
4.2. Cooperação regional
Enfrentar os problemas regionais e incrementar a
cooperação regional são os principais objectivos da
estratégia regional aprovada em Outubro de 2001. O
montante global de 197 milhões de euros destina-se à
prestação de assistência, entre 2002 e 2004, nos
seguintes domínios:
60
6,80
❿ gestão integrada das fronteiras, para ajudar, inter
alia, a combater o crime transfronteiras, facilitar o
comércio e estabilizar as regiões fronteiriças;
❿ desenvolver a capacidade institucional, a fim de
promover o primado da lei e a compreensão das
políticas da UE, das normas e das leis;
❿ apoiar a estabilização democrática, para consolidar
os avanços da democracia e impulsionar o envolvimento da sociedade civil no desenvolvimento da
região;
❿ apoiar o plano de integração das infra-estruturas
regionais de transportes, de energia e do ambiente
nas redes europeias.
Europa do Sudeste: os Balcãs
Para além da aprovação do quadro estratégico, a CE
lançou, em 2001, um programa regional ao qual foi
atribuído um envelope financeiro de 14 milhões de
euros e que diz respeito às principais vertentes da
cooperação regional. Este programa cobria iniciativas
nos seguintes domínios: justiça e assuntos sociais e, em
especial, cooperação e formação em matéria de justiça
e de polícia (4,2 milhões de euros); desenvolvimento
das infra-estruturas, com uma dotação para a elaboração de um projecto relativo às infra-estruturas
(3 milhões de euros); reforço da administração pública
e da cooperação regional (6 milhões de euros), em
especial em matéria de contabilidade e estatísticas
(com a ajuda de Eurostat); Agência Europeia para o
Ambiente. Foi igualmente concedida assistência à
agência noticiosa SENSE, para cobrir as actividades do
Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia
(0,3 milhões de euros), e a criação de uma rede universitária regional (0,5 milhões de euros), uma iniciativa
conjunta da CE e da Unesco. Os resultados gerais esperados deste programa deverão ser um aumento da
fiabilidade e das capacidades das administrações
públicas, especialmente no plano dos domínios prioritários do serviço público, da organização e controlo
administrativos, da gestão das finanças públicas, do
controlo e auditoria financeiros, das capacidades políticas e judiciárias, dos contratos públicos, da administração fiscal e dos acordos comerciais internacionais.
Contribuição da CE a título do CARDS 2001: 2,85
milhões de euros (a acrescentar aos 950 000 euros a
título do Obnova 2000). Este programa termina em
2003.
© EAR
Estes domínios foram os escolhidos pela sua contribuição para a cooperação entre os países da região e
porque permitem um maior grau de eficiência graças a
uma canalização da assistência a nível regional.
Troço rodoviário reabilitado entre Podgorica e Bar (Montenegro).
4.3. Transportes
e infra-estruturas,
água e energia
Em Janeiro de 2001 foi adoptado, antes do programa
regional estabelecido para esse ano, um programa
regional de estudos consagrado às infra-estruturas nos
Balcãs (6 milhões de euros).
No sector dos transportes, o acontecimento de maior
destaque em 2001 foi a abertura da estrada Vora-Sukth, nas proximidades de Tirana. Este troço
completa a ligação entre a capital e Durres, no litoral,
e foi quase inteiramente financiado pela CE. Em
Durres, metade do terminal de ferry-boats entrou em
funcionamento, seguindo-se, no mesmo ano, o início
das obras de recuperação da outra metade. Em Maio
de 2001, abriram ao tráfego os 33 km de estrada entre
Durres a Rroghozine, um troço que faz a ligação entre
os corredores Este-Oeste e Norte-Sul.
Autorizações para cooperação regional em 2001 —
CARDS (em milhões de euros)
Designação do projecto
Autorizações
Justiça e Assuntos Internos
4,2
Desenvolvimento
das infra-estruturas regionais
3,0
Reforço da administração pública
6,0
Estabilização democrática
0,8
Total
14,0
Ainda em 2001, completou-se a segunda fase do apoio
aos projectos de desenvolvimento das comunidades
locais, que investiu mais de 7 milhões de euros em
pequenos projectos de infra-estruturas em cidades e
outras localidades de toda a Albânia. Estes projectos
incluíram, no mesmo ano, cerca de 30 vias rodoviárias
rurais e urbanas, quase 20 projectos de abastecimento
de água e tratamento de resíduos em meios rurais,
duas pontes, uma escola e um edifício para um
tribunal local. Todos os projectos da terceira fase do
programa comunitário de desenvolvimento local
foram concentrados em Tirana, cuja população
duplicou na última década. Está previsto o financiamento de outros projectos de desenvolvimento locais,
mais modestos, a título do programa CARDS 2001. A
Comissão tem estado a ajudar o município a recuperar
as fachadas das ruas principais — para o que também
contribuem as empresas e os residentes locais.
61
© ZGP
© SFOR
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
A ponto de Samac antes das obras de reconstrução.
A ponte de Samac depois de reconstruída.
A reparação dos danos do conflito inclui a reparação
das infra-estruturas rodoviárias nacionais e das que
ligam a Bósnia ao resto da Europa. O maior projecto
de construção civil realizado, o da reconstrução da
ponte de Samac, custou 12,3 milhões de euros, financiados por fundos da CE.
Kosovo. Uma parte dos recursos foi igualmente afectada à aplicação de medidas de segurança essenciais
(sinalização rodoviária horizontal e vertical, linhas
brancas, barreiras de segurança nos principais eixos
rodoviários e duas pontes). As obras permitiram
melhorar consideravelmente as infra-estruturas de
transporte no Kosovo, o que facilitou a circulação de
pessoas e mercadorias. Para além disso, foi concedida
assistência à rede ferroviária (fornecimento de material e reparação das vias férreas). O Ministério dos
Transportes (anteriormente o Departamento dos
Transportes de MINUK) beneficiou, para além disso, de
apoio institucional. O posto fronteiriço entre o Kosovo
e a antiga República jugoslava da Macedónia, em
Blace, foi igualmente objecto de obras de beneficiação.
Ponte de Samac
Em 2001, foi concluída a ponte de Samac, na estrada
internacional E 73, entre a Bósnia-Herzegovina e a
República da Croácia. Trata-se de um troço importante
do corredor pan-europeu V, identificado para futuro
desenvolvimento no Pacto de Estabilidade para os
Balcãs. A ponte fora destruída durante o conflito de
1992, ficando inacessível ao tráfego. Além disso, os
destroços tombados no leito do rio desviaram a
corrente para a margem sul, provocando uma erosão
considerável. As obras efectuadas devolveram ao
regime hidráulico assim alterado o seu curso original.
De uma maneira geral, a ponte reconstruída recuperou a sua forma original, mas as faixas de rodagem
tiveram um alargamento de 6,6 metros, para facilitar
o escoamento do tráfego nos dois sentidos. O
projecto está preparado para receber uma passagem
ferroviária e as respectivas ligações às vias férreas
existentes de ambos os lados do rio.
A reforma dos transportes aéreos civis continuou a ser
objecto de apoio, dadas as necessidades do sector e a
localização estratégica do espaço aéreo da Bósnia. Foi
concedida uma assistência técnica no valor de 1 milhão
de euros, para apoiar a criação de uma Direcção da
Aeronáutica Civil forte e eficaz, capaz de cumprir
cabalmente as suas funções e assegurar a supervisão
no domínio da segurança e que assuma todas as suas
responsabilidades e obrigações para além da conclusão
do projecto.
A reabilitação das infra-estruturas de energia recebeu
3,8 milhões de euros, numa acção complementar financiada por fundos do BEI e do BERD. A CE forneceu uma
contribuição em assistência técnica para a interligação
dos sistemas de energia da Europa do Sudeste com os da
Europa Central e Ocidental, na central eléctrica de
Ernestinovo, na região croata do Danúbio.
62
Até à data, a Agência Europeia para a Reconstrução
reparou 380 quilómetros de estradas principais no
No Montenegro, foi atribuído um carácter prioritário à
melhoria dos serviços e da segurança rodoviária no
troço da marginal entre Petrovac e a fronteira croata,
bem como na estrada principal que liga Podgorica a
Cetinje. O programa 2001 relativo às infra-estruturas
de transporte prevê, nomeadamente:
❿ o alargamento a três vias, ao longo de 8 quilómetros, da estrada que liga Podgorica a Cetinje;
❿ o alargamento a três vias, ao longo de 1,5 quilómetros, da estrada que liga Petrovac à fronteira
croata;
❿ a reparação da estrada entre Podgorica e a fronteira croata após dois aluimentos de terrenos.
Está igualmente prevista a adopção de medidas destinadas a reforçar a segurança rodoviária em diversos
troços destas duas estradas. No entanto, estas acções
não se inscrevem directamente no quadro dos dois
outros projectos. Estas medidas, que abrangerão, principalmente, um troço de 124 quilómetros, incluem
nomeadamente a colocação de um revestimento antiderrapante nos locais perigosos e a construção de
barreiras de segurança. A sinalização rodoviária e os
cruzamentos serão igualmente melhorados.
Os transportes e as infra-estruturas são a chave do
desenvolvimento da antiga República jugoslava da
Macedónia, dada a sua posição geográfica de país de
trânsito. Este sector continuou a receber apoio do
orçamento de 2001. Dos 13,5 milhões de euros desti-
Europa do Sudeste: os Balcãs
nados a estes sectores, 11 milhões foram atribuídos à
conclusão das obras de melhoramento da estrada E 75,
que faz parte do corredor X da rede transeuropeia de
estradas transcontinentais. Um investimento menor, de
2,5 milhões de euros, foi destinado à melhoria de
infra-estruturas nos municípios.
Também na República Federativa da Jugoslávia, os
domínios que receberam apoio foram as infra-estruturas, a energia, a habitação e o ambiente, ascendendo a ajuda, em 2001, a mais de 297 milhões de
euros. Desde Junho de 1999, a UE concedeu assistência
no valor de 273 milhões de euros a fim de melhorar o
abastecimento energético do Kosovo. Em 1999 e 2000,
foi afectado um montante de 80 milhões de euros ao
pagamento das importações de electricidade, às reparações urgentes das centrais eléctricas do Kosovo e à
remuneração do pessoal. Em 2000 e 2001, a Agência
Europeia para a Reconstrução procedeu a uma revisão
completa da central Kosovo B. Até à data, foram
consagrados a esta revisão 121 milhões de euros. Paralelamente, foram afectados 50 milhões de euros dos
recursos comunitários a um programa alargado de
reabilitação das minas de carvão que alimentam as
centrais Kosovo B e Kosovo A. Foram igualmente efectuadas reparações nas redes de transporte de electricidade e nas redes de aquecimento urbano.
O programa relativo ao sector da energia elaborado
em 2001 em favor da Sérvia visava garantir e estabilizar o abastecimento energético graças às seguintes
medidas:
❿ modernização de quatro centrais termoeléctricas e
substituição de peças nas centrais hidroeléctricas e
a carvão (37 milhões de euros);
❿ 42 projectos de revisão de subestações e de linhas
eléctricas (24 milhões de euros);
❿ fornecimento de material e de peças para as minas
de carvão de Kolubara e Kostolac (17 milhões de
euros);
❿ assistência técnica e reforço das capacidades das
instituições (2 milhões de euros).
As obras, que tiveram início em Agosto de 2001, foram
já concluídas, tendo todos os materiais e fornecimentos sido entregues.
Ainda no quadro deste programa, foram igualmente
afectados recursos financeiros à modernização e
manutenção dos sistemas de produção e de distribuição de electricidade, às minas de carvão e a novas
importações de electricidade. Foi afectada uma verba
de 15 milhões de euros ao fundo de assistência sérvia
no domínio da energia, uma empresa comum com o
Governo dos Estados Unidos, que efectuou uma contribuição de 15 milhões de dólares por intermédio da
USAID. Esta verba destinava-se a financiar as importa-
© EAR
Para minorar as consequências da crise política e
militar, a CE financiou a recuperação dos sistemas de
transporte e distribuição de electricidade, de
infra-estruturas locais, edifícios e habitações nas anteriores zonas de conflito. A CE também forneceu ajuda
monetária a cerca de 6.500 famílias que acolheram
refugiados ou pessoas deslocadas.
A central eléctrica Nikola Tesia em Obrenovac (Sérvia).
ções de electricidade na Sérvia. As importações financiadas pela UE começaram no início de Dezembro de
2001 e terminaram em Janeiro de 2002. Foram igualmente afectados recursos à realização de estudos
prévios sobre a criação de uma agência sérvia para o
rendimento energético, de um órgão de regulamentação do sector da energia e à realização de um
estudo sobre as medidas a tomar tendo em vista
aumentar a produção de carvão na mina de Kolubara.
O programa «Energia para a democracia», cuja implementação teve início em Novembro de 2000, permitiu
o abastecimento de gasóleo e mazute a 60 centrais
térmicas municipais (abrangendo 80% da população)
bem como estabelecimentos de ensino e hospitais.
Foram igualmente reabastecidas centrais eléctricas e
minas de carvão. Este programa beneficiou de um
envelope orçamental total de 45 milhões de euros.
Decorreu ao longo do período mais frio do Inverno e
terminou em Abril de 2001. Uma parte considerável
(70%) das necessidades da Sérvia em matéria de electricidade para o Inverno (2000-2001) foi coberta pelas
importações financiadas pela UE (num total de
45 milhões de euros), o que permitiu estabilizar o
abastecimento energético. Foram igualmente adjudicados contratos para o fornecimento de peças sobresselentes essenciais à produção nas minas de linhite de
Kolubara e Kostolac (7 milhões de euros). As entregas
tiveram início entre Fevereiro de 2001 e Março de
2001. Em Julho e Agosto de 2001 foi afectado um
montante suplementar de 7 milhões de euros ao financiamento das importações de electricidade.
Até ao final de 2002, o programa da Agência para o
Alojamento terá permitido financiar a reconstrução de
mais de 16 500 habitações no Kosovo e prestar assistência a mais de 120 000 pessoas. Em 1999 foram
reconstruídas, a título deste mesmo programa, 3 540
habitações e, em 2000, 8 420 (num valor de 60 milhões
de euros). Em 2001 foram reconstruídas 3 630 habita-
63
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
© Joaquin Silva Rodrigues
instalações hidráulicas, para a realização de reparações
urgentes e para o fornecimento de material (designadamente 35 veículos e 14 000 peças soltas) às empresas
de abastecimento de água municipais. No quadro do
programa para 2000, foi afectado um montante de
10 milhões de euros à melhoria das redes de abastecimento de água e saneamento e, nomeadamente, à
reparação de estações de bombeamento e de tratamento de água. Em 2001 foi lançado um programa
destinado a melhorar a gestão dos resíduos sólidos no
Kosovo. Foram melhoradas 19 zonas de descarga e
construídas outras seis.
Forte poluição sobre Pristina (Kosovo).
ções. 80% destas habitações haviam sido classificadas
na categoria IV (completamente destruídas) e os
restantes 20%, na sua maioria, na categoria III (seriamente danificadas). A Agência Europeia para a
Reconstrução forneceu igualmente assistência técnica
à Direcção da Propriedade e do Alojamento, estando
actualmente a terminar a construção de cinco habitações tradicionais em pedra (as chamadas «kullas»).
A Agência Europeia para a Reconstrução participa em
obras de grande envergadura tendo em vista a reabilitação dos sistemas urbanos de abastecimento de água
e saneamento no Kosovo e a modernizar os sistemas
de gestão de resíduos de modo a que correspondam a
níveis idênticos aos da Europa Ocidental. Um
programa destinado a prestar assistência aos serviços
públicos essenciais, nomeadamente a melhoria da
quantidade e da qualidade da água (3,7 milhões de
euros), contribui actualmente para a reabilitação das
Transportes e infra-estruturas — Autorizações 2001
(em milhões de euros)
64
País
Designação dos projectos
Montante
Kosovo
Transportes
18
Rep. do Montenegro
Transportes
7
Bósnia-Herzegovina
Ajuda à autoridade
da aviação civil
1
Albânia
Transportes nacionais
Albânia
Infra-estruturas de transporte
Pogradec-Kapsthicë
7
Albânia
Porto de Durrës
2,1
Albânia
Ligação transfronteiriça
Kakavija-Gjirokastër
6,8
Total
12,5
54,4
AMBIENTE
No sector do ambiente, assistiu-se em 2001 à instalação da delegação de Tirana do Centro Regional do
Ambiente, sediado em Budapeste e financiado pela
Comissão. Isto significa que a Albânia está agora
envolvida na definição da política ambiental na região
e pode beneficiar dos recursos disponibilizados para o
desenvolvimento de capacidades de gestão ambiental.
Com vista ao lançamento de obras de envergadura nos
sistemas de água e saneamento de Vlore, Girokaster,
Saranda e Lezhe, foram iniciados trabalhos preparatórios pelo Ministério das Obras Públicas e do Turismo,
em colaboração com a assistência técnica financiada
pela Comissão.
Ao ambiente, que já nos anos anteriores fora objecto
da ajuda da CE, foram atribuídos 3,25 milhões de
euros, destinados à elaboração do plano nacional de
acção ambiental, estudos de viabilidade do tratamento
de resíduos sólidos e equipamento para estações de
controlo da qualidade do ar na antiga República
jugoslava da Macedónia.
4.4. Desenvolvimento rural,
agricultura
A ajuda concedida pela União Europeia ao sector agrícola na Albânia inclui três vertentes: a gestão dos resíduos, as pescas e a inspecção veterinária. Em 2001
foram iniciados importantes trabalhos preparatórios
tendo em vista equipar os institutos e laboratórios
veterinários centrais e regionais, aos quais incumbirá
ajudar o Governo a criar as infra-estruturas de
comércio e serviços indispensáveis ao sector agrícola
após a sua reforma.
Na Bósnia-Herzegovina, a agricultura tem sido, tradicionalmente, um sector-chave da economia. A CE tem
ajudado os serviços veterinários a assegurarem uma
melhor situação sanitária e uma melhor gestão das
existências pecuárias, para aumentar a confiança dos
consumidores e o comércio. Foi prestada assistência
técnica à criação de dois centros de reprodução de
suínos de elevado valor genético. Na selecção das
raças, foi dada atenção especial à sua adaptação às
condições locais, o que se fez com assinalável êxito.
Deste projecto resultaram dois centros de reprodução
(cada um com cerca de 50 animais), dois centros de
inseminação artificial (com 5 animais cada) e dois
centros de engorda para os animais da primeira
geração. O potencial de produção do projecto é de
1 800 toneladas de carne de suíno.
Europa do Sudeste: os Balcãs
Na Sérvia, o programa para 2001 visava apoiar o sector
graças à adopção das seguintes medidas:
4.5. Reforço das instituições
❿ importação de um total de 48 700 toneladas de
adubo, proveniente da Roménia (36 700 toneladas
de adubo NPK em Agosto e Setembro de 2001 e
12 000 toneladas de ureia em Janeiro de 2002).
Está já concluído o abastecimento dos utilizadores
finais;
A maior parte da assistência comunitária afectada à
Albânia destina-se a promover o reforço das instituições. Com efeito, o país necessita de instituições
públicas mais sólidas, que lhe permitam reforçar as
suas ligações com a União Europeia no quadro do
processo de estabilização e associação. Dos
37,5 milhões de euros de assistência comunitária recebida em 2001, 23 milhões foram consagrados a
melhorar as instituições responsáveis pela manutenção
da segurança e da ordem pública, a reforçar o Estado
de direito, a boa governação e o respeito dos direitos
humanos, consolidar as finanças, aumentar as receitas
aduaneiras e fiscais, aperfeiçoar as normas e sistemas
de certificação e optimizar a coordenação da ajuda.
❿ adopção de medidas destinadas a contrariar a
tendência para uma redução das cabeças de gado
devido à falta de alimentos graças à importação de
42 000 toneladas de milho a transformar em
alimentos para animais. As importações, provenientes da Hungria, tiveram início em Setembro de
2001 e as primeiras distribuições em Março de
2002;
❿ apoio técnico à reforma da política de fixação de
preços e de comercialização dos produtos agrícolas
e ao estabelecimento de um quadro regulamentar
aplicável aos produtos alimentares. A equipa de
consultores iniciou as suas actividades em Janeiro
de 2002.
No Montenegro, a Agência adjudicou um contrato a
uma equipa de encarregada de adquirir e distribuir
equipamento moderno para o fabrico de lacticínios
destinado a substituir a maquinaria obsoleta. Os
membros desta equipa assistirão o Ministério da Agricultura no que respeita às definição de políticas e à
avaliação de planos de exploração das empresas que
devem beneficiar do novo equipamento.
Na antiga República jugoslava da Macedónia, a
agricultura, juntamente com os transportes, constitui
um sector-chave da economia do país e das suas relações
comerciais com países terceiros. A importância dos
mercados da UE para a exportação de produtos agrícolas e as obrigações decorrentes do Acordo de Estabilização e Associação exigem reformas dos controlos veterinários e fitossanitários, bem como dos sistemas de
identificação dos animais. Para consolidar os resultados
dos programas em curso, o programa de 2001 prevê um
montante de 3 milhões de euros destinado a assistência
técnica no domínio do controlo da qualidade alimentar,
equipamentos que permitam aumentar as capacidades
de controlo veterinário e fitossanitário e formação e
equipamento que permitam assegurar a cobertura dos
efectivos pecuários de primeira importância pelo sistema de Identificação animal.
Desenvolvimento rural, segurança alimentar a título
do programa CARDS — Autorizações para 2001
(em milhões de euros)
País
Designação dos projectos
Albânia
Desenvolvimento
das comunidades locais
Antiga República
jug. da Macedónia
Reforço das capacidades
institucionais — Agricultura
Kosovo
Agricultura
10
Sérvia
Agricultura
20
Total
Montante
10
3
43
Juntamente com o regresso dos refugiados, o desenvolvimento das instituições é o domínio que recebe
maiores financiamentos comunitários. Na Bósnia-Herzegovina, só em 2001, 31,26 milhões de euros
foram destinados directamente ao reforço das capacidades institucionais (ao nível das instituições do Estado
e das entidades) e da Justiça e Assuntos Internos
(Comissão Judicial Independente e gestão das fronteiras).
O desenvolvimento das instituições é o domínio principal do programa de assistência à Croácia para 2001,
que recebe 28,4 milhões de euros e cobre sectores
como a reestruturação do mercado do trabalho, o
alinhamento com as normas da UE, a reforma do
sistema judicial, a política de asilo, a gestão integrada
de fronteiras, a reforma da administração pública, a
propriedade intelectual, a política de concorrência, a
estatística, a melhoria da capacidade de desenvolvimento estratégico e a sociedade civil.
As necessidades do desenvolvimento das instituições
variam entre as diferentes partes da República Federativa da Jugoslávia (Sérvia, Kosovo e Montenegro),
que receberam, para este efeito, um total de 59,8
milhões de euros em 2001. Na Sérvia, foi criado um
centro de orientação jurídica e estratégica, constituído
por uma equipa especial de 12 peritos locais e internacionais, que assistirá o Governo a nível de questões
fundamentais tais como a transição para uma
economia de mercado, o quadro regulamentar, a
harmonização da legislação relativamente ao acervo
comunitário e a adesão à Organização Mundial do
Comércio. Em Outubro de 2001 foi assinada uma
convenção relativa ao financiamento deste centro,
tendo os peritos dado início às suas actividades em
Dezembro de 2001.
No Kosovo, a UE destacou peritos em matéria de
administração local junto dos municípios a fim de os
auxiliar a reforçarem as suas capacidades. Em 2000 foi
criado um fundo de investimento municipal para
financiar microprojectos de reabilitação das instalações
(por exemplo, reabilitação de estradas, reparação da
iluminação das ruas e reparação dos passeios)
propostas pelos municípios do Kosovo. A Agência
ajudou igualmente a OSCE a organizar as eleições de
Novembro de 2001.
No Montenegro, a Agência elaborou um projecto
tendo em vista melhorar a gestão dos assuntos
públicos graças a um reforço das capacidades de
65
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
decisão de um certo número de instituições. Disponibilizará igualmente peritos com conhecimentos em
matéria de gestão, organizará acções de formação e
viagens de estudo no estrangeiro. Está igualmente
prevista a concessão de assistência técnica em matéria
de gestão das despesas de investimento no sector
público, bem como à direcção responsável pelo orçamento, a tesouraria, a auditoria interna e a unidade TI
do ministério. Por último, a Agência forneceu equipamento TI num valor de 1 milhão de euros e um perito
em matéria de tecnologias da informação organizará a
informatização do ministério. Alguns técnicos ocupar-se-ão da reestruturação do Mministério das Finanças.
prioridades do programa de reformas, e o desenvolvimento institucional continua, portanto, a receber
apoio comunitário: em 2001, foram concedidos para
este efeito 11,5 milhões de euros. O domínio mais em
foco é o da Justiça e Assuntos Internos (reforma judicial, gestão integrada das fronteiras e administração
aduaneira), dando continuidade aos programas dos
anos anteriores. Adicionalmente, para ajudar o país a
aplicar o acordo-quadro para a paz, foram concedidos 1,7 milhões de euros para apoio à reforma da
polícia.
Os projectos geridos a nível central incluem também as
alfândegas e o financiamento das administrações civis
de transição, considerando a natureza específica
destes programas. A unidade aduaneira para os Balcãs,
do Serviço de Cooperação EuropeAid, prosseguiu a sua
gestão directa da missão de assistência aduaneira ao
Kosovo (CAM-K) (5 milhões de euros) e começou a
desenvolver uma assistência semelhante na Sérvia (5
milhões de euros) e no Montenegro (1,4 milhões de
euros). A missão de assistência aduaneira à Albânia
(CAM-A) (2 milhões de euros) bem como o Gabinete
de
Assistência
Aduaneira
e
Fiscal
(CAFAO)
(10,5 milhões de euros) prosseguiram as suas actividades, tendo obtido resultados positivos. Para além
disso, a Comissão continua a financiar as despesas de
funcionamento das administrações provisórias na
Bósnia-Herzegovina e no Kosovo. Foi afectado ao
gabinete do alto-representante um montante de
13,5 milhões de euros e, ao pilar comunitário da
UNMIK, responsável pela reconstrução e pela recuperação económica do Kosovo, um orçamento de 11
milhões de euros.
Desde 1996, o Gabinete de Assistência Aduaneira e
Fiscal (CAFAO) tem vindo a apoiar as autoridades do
Estado e das Entidades da Bósnia-Herzegovina na aplicação das disposições do Acordo de Paz de Dayton
relativas às alfândegas e aos impostos. É prestada
assistência e aconselhamento em todas as matérias de
carácter aduaneiro e fiscal: gestão, organização, estrutura, procedimentos, questões jurídicas, sistemas
informáticos, investigação e formação. O CAFAO é
geralmente considerado um dos mais bem sucedidos
programas de reformas na Bósnia-Herzegovina, sendo
a sua assistência prestada num contexto de vontade
política de mudança inconsistente e volúvel, dada a
persistência de estruturas paralelas de base étnica e
de uma corrupção generalizada. O número de funcionários aduaneiros e fiscais europeus a trabalhar no
programa tem oscilado entre 20 e 40, consoante as
necessidades e actividades do programa. Um dos indicadores mais óbvios do seu sucesso é o consistente
crescimento das receitas aduaneiras, que em 2001
foram três vezes superiores às de 1996.
Na antiga República jugoslava da Macedónia, o
reforço das instituições governamentais é uma das
O quadro seguinte dá exemplos de projectos importantes de desenvolvimento institucional em 2001.
Gabinete de Assistência Aduaneira e Fiscal (CAFAO)
Desenvolvimento das instituições — Autorizações a título do programa CARDS para 2001
(em milhões de euros)
66
Instituições
País
Designação dos projectos
Montante
Direcção-Geral das Alfândegas
Albânia
Missão de assistência aduaneira (CAM-A)
2,0
Direcção-Geral dos Impostos
Albânia
Informatização dos serviços fiscais
2,0
Administração Aduaneira Federal e Administração
Aduaneira da República Srpska
Bósnia-Herzegovina
Modernização das alfândegas
10,5
Serviços aduaneiros de MINUK
Kosovo
Modernização das alfândegas
5,0
JAI
Croácia
Administração judicial e faculdades de direito
0,6
Reforço institucional
Croácia
Apoio ao Ministério da Integração Europeia
na aproximação da legislação
0,8
Administração fiscal e aduaneira
Sérvia
Gabinete de coordenação fiscal e aduaneira
da Sérvia (Cafaco)
5,0
Administração fiscal e aduaneira
Montenegro
Missão de assistência aduaneira e fiscal
no Montenegro (CAFAM-M)
1,4
Total
27,3
Europa do Sudeste: os Balcãs
4.6. Sector privado
e desenvolvimento
económico
Em 2001, os projectos da CE nos Balcãs contribuíram
para reforçar o desenvolvimento de um sector
bancário local, através do reforço das capacidades de
gestão dos bancos locais e da criação de um Banco de
Microempresas auto-sustentável. O comércio interno
também beneficiou de assistência técnica para
suprimir barreiras internas, e estão a registar-se
progressos na harmonização fiscal e na criação de
verdadeiras uniões aduaneiras.
Na Albânia, os programas financiados a título do
programa CARDS incidem, nomeadamente, sobre as
normas e a certificação, bem como sobre o desenvolvimento das colectividades locais a fim de estimular a
economia a nível local, graças ao desenvolvimento de
infra-estruturas e do emprego.
Na Sérvia, os projectos em favor das empresas incidem
principalmente sobre o desenvolvimento das pequenas
e médias empresas (PME) através da adopção das
seguintes medidas:
❿ abertura de uma linha de crédito (os recursos da
UE à disposição da Agência elevam-se, até à data, a
10 milhões de euros) sob a forma de um fundo de
crédito renovável junto do Banco Nacional da
Jugoslávia e empréstimos às PME por parte de três
bancos comerciais (Exim, Novosadska e Zepter).
Outros bancos participarão, em breve, nesta iniciativa. De momento, estes bancos receberam mais de
600 pedidos. Foram concedidos 40 empréstimos
num valor total de 4 milhões de euros;
❿ assistência ao Ministério da Privatização, da Reestruturação e do Desenvolvimento das PME;
❿ criação de estruturas de apoio às PME e assistência
sob a forma de centros de orientação empresarial
(agências regionais para as empresas) em sete
cidades e abertura de sucursais em 11 outras
cidades. As primeiras agências abrirão em Maio de
2002;
❿ criação e gestão de um euro-info-centro de correspondência em Belgrado, em Abril de 2002.
© EAR
No quadro da política europeia de ajuda à transição
para uma economia orientada para o mercado, o
desenvolvimento das empresas recebeu um apoio de
36 milhões de euros em 2001. Esta estratégia de regeneração económica continua centrada no desenvolvimento do sector privado, da economia local e da
criação de empregos, bem como na criação de um
espaço económico único, à semelhança da União Europeia. Para servir esta estratégia, estão em curso 30
projectos europeus, com um orçamento global de
quase 90 milhões de euros.
Fábrica de óleo de girassol em Ferizaj (Kosovo).
Foi igualmente afectada uma verba de um milhão de
euros a assistência técnica a prestar durante as
primeiras fases da reestruturação das empresas
públicas. Em Março de 2002 foram iniciados trabalhos
em três empresas (veículos de transporte e maquinaria
agrícola).
A Agência Europeia para a Reconstrução desempenha
um papel fundamental a nível do desenvolvimento das
empresas no Kosovo. Em 2000, juntamente com o
Banco Mundial, criou um organismo de crédito provisório em favor das PME. Trata-se do primeiro doador
de fundos no Kosovo. Para além disso a Agência, em
colaboração com o banco alemão para o desenvolvimento, KfW, concede pequenos empréstimos às
microempresas através do Fundo Europeu para o
Kosovo. No final de 2001 foram criadas três agências
regionais para as empresas. A UE financiou igualmente
a criação de um Conselho para o Desenvolvimento das
PME no Kosovo, um órgão independente de protecção
das empresas privadas. A Agência contribuiu igualmente para a criação do euro-info-centro de correspondência no Kosovo, que assegura uma ligação
comercial entre o Kosovo e o resto da Europa. Foi
também concedida uma assistência financeira considerável às empresas colectivas através do programa de
desenvolvimento industrial que fornece assistência
técnica e crédito às empresas colectivas tendo em vista
o relançamento da produção e a criação de empregos.
No âmbito de um esforço geral para revitalizar a estrutura empresarial da Bósnia-Herzegovina, a CE financia
a recuperação de cerca de 45 médias empresas dos
sectores agrícola, têxtil e de curtumes, bem como o
desenvolvimento empresarial a nível regional. Além
dos 4,2 milhões de euros destinados a esta revitalização e reestruturação, foram atribuídos mais 10
milhões de euros em 2001, como fundo de maneio
para o desenvolvimento do sector privado.
67
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
4.7. Saúde e educação
© EAR
4.7.1. Saúde
Mercado das flores em Skopje (antiga República jugoslava da Macedónia).
Instrumentos financeiros de apoio às PME
A saúde não constitui uma prioridade da assistência da
CE nos Balcãs Ocidentais (contrariamente à assistência
bilateral). No entanto, o programa CARDS para 2001
dedica 31,5 milhões de euros ao sector da saúde na
Sérvia. 26,5 milhões foram utilizados para melhorar a
disponibilidade de medicamentos essenciais em todo o
país e para reformas como a do estabelecimento de
protocolos de tratamento e a da racionalização e reestruturação da indústria farmacêutica. Foi atribuída às
reformas da saúde na Sérvia uma contribuição de 5
milhões de euros, destinada a melhorar a qualidade de
alguns serviços básicos nos hospitais e centros de
saúde, através da reabilitação e do fornecimento de
equipamento prioritário. A reforma da saúde no
Kosovo recebeu 14 milhões de euros, destinados ao
apoio, por uma equipa de assistência técnica local, ao
Departamento de Saúde e Previdência Social da
UNMIK, a uma contribuição da CE para um projecto do
Banco Mundial de criação de um sistema de segurança
social e ao fornecimento de equipamento médico e
informático.
4.7.2. Educação
O Fundo Europeu para a Bósnia-Herzegovina disponibilizou cerca de 8,7 milhões de euros para empréstimos às PME, dos quais 5 milhões fornecidos pela CE.
Outros doadores bilaterais que participam no Fundo
para a Bósnia-Herzegovina são a Áustria, a Alemanha
e a Suíça. Esta linha de crédito é gerida por um banco
da UE, através de determinados bancos da Bósnia. O
programa é dirigido às PME e à criação de novas
empresas e abrange investimentos em instalações,
equipamentos e capital de exploração. Até agora, é o
único programa que fornece crédito de longa duração
na Bósnia-Herzegovina. Presentemente, integram esta
parceria 8 bancos (6 na Federação e 2 na República
Srpska), que já aprovaram mais de 123 empréstimos, o
que revela a dinâmica de desenvolvimento deste
programa. A CE canaliza igualmente 9,5 milhões de
euros para microcrédito, através do Banco de
Microempresas (de que o BERD e a SFI detêm as
maiores participações), que já concedeu mais de 3 400
empréstimos no valor de mais de 19 milhões de euros.
Em 2001 foram autorizados 30 projectos operacionais
num valor total de 90 milhões de euros.
A reforma do ensino superior na Albânia recebeu 2,5
milhões de euros, que permitiram ao país continuar a
participar no programa Tempus. O objectivo principal
deste programa é a promoção da reforma das instituições de ensino superior e das formas de ensinar e de
aprender, recorrendo aos projectos comuns europeus.
Estes projectos visam contribuir para o desenvolvimento a longo prazo e a renovação do ensino superior
nos países parceiros, mediante actividades de cooperação entre as instituições de ensino superior destes
países e as da União Europeia.
Sector privado e desenvolvimento económico
— Autorizações para 2001 a título do programa CARDS
(em milhões de euros)
68
País
Designação dos projectos
Montante
Albânia
Normas e certificação
Regional
Projecto regional sobre estatísticas
2,5
Croácia
Normas industriais
3
Total
7,5
© EAR
2
Apoio à reabilitação do sistema de saúde no Kosovo.
A reforma da educação na Bósnia-Herzegovina está
centrada no ensino e formação profissional e no
ensino superior. O primeiro programa de ensino e
formação profissional deu origem a um livro verde
aprovado pelos 40 principais agentes no sector da
educação na Bósnia-Herzegovina. A este seguiu-se, em
2001, um livro branco, que representa uma perspectiva
consensual para a legislação da Bósnia e Herzegovina
e um quadro de aplicação das medidas operacionais de
reforma do sistema a nível nacional, que inclui a aplicação de um quadro curricular único para o ensino
profissional. A reforma do ensino superior está associada à participação da Bósnia e Herzegovina no
programa Tempus, e a contribuição da CE para este
efeito, em 2001, foi de 3 milhões de euros.
As reformas do ensino e formação profissional e do
ensino superior deverão ajudar a Croácia a enfrentar
um dos seus maiores problemas sociais, o do desemprego. A CE contribui para uma reforma do ensino e
formação profissional que tem em vista a criação de
um sistema moderno, flexível e de elevada qualidade,
capaz de responder às necessidades do mercado do
trabalho e da sociedade e enquadrado com os sistemas
de ensino primário, geral, secundário e superior, com
ênfase na gestão descentralizada e no desenvolvimento de conceitos para um currículo global e integrado e para a reforma da formação de professores. A
promoção da reforma das instituições do ensino superior e dos métodos de ensino e aprendizagem académicos decorre da participação da Croácia no programa
Tempus (4 milhões de euros).
Foram concedidos 4,9 milhões de euros à ARJM,
incluindo o Kosovo (sob administração das NU), para
assegurar a sua participação no programa Tempus.
Além disso, foi concedido 1 milhão de euros para a
reforma da formação e educação profissional no
Montenegro em 2001.
A íntima ligação entre educação e taxa de emprego (o
desemprego afecta actualmente mais de 32% da força
de trabalho) na antiga República jugoslava da
Macedónia fez deste domínio objecto de financiamento da UE. Em 2001, a UE apoiou a reforma do
ensino superior com 7 milhões de euros, dos quais 3
milhões destinados à participação no programa
Tempus e 4 milhões (além de 1 milhão de euros destinado a este fim em 2000) para a criação da primeira
universidade que ministra educação em língua albanesa, além da Macedónia e da inglesa. A criação desta
universidade visa dar satisfação a uma das maiores
reivindicações da grande minoria albanesa do país,
melhorando assim as relações interétnicas.
Universidade do Sudeste Europeu na antiga
República jugoslava da Macedónia. Em 20 de
Novembro de 2001, abriu pela primeira vez as suas
portas a Universidade do Sudeste Europeu. Os seus
cursos serão ministrados em albanês, macedónio,
inglês e outras línguas europeias. A universidade terá
faculdades de Direito, de Gestão de Empresas, de
© EAR
Europa do Sudeste: os Balcãs
Crianças na escola da aldeia de Cukarka, perto de Presevo, no Sul da Sérvia.
Administração Pública, de Formação Pedagógica, de
Comunicações e de Informática. O custo total do
projecto, coordenado pela OSCE, foi de aproximadamente 33 milhões de euros, e o maior doador foi a
União Europeia, incluindo a Comissão Europeia (com 4
milhões de euros) e contribuições de Estados-Membros
da UE. As actividades do projecto centraram-se na
construção dos edifícios da universidade, na concessão
de empréstimos a estudantes e na cobertura dos custos
de funcionamento da instituição.
Desenvolvimento social — Autorizações para 2001
a título do programa CARDS
(em milhões de euros)
Desenvolvimento social
País
Designação
do projecto
Montante
Obnova 2000
Croácia
Tempus
1,5
CARDS 2001
Croácia
Tempus
4,0
CARDS 2001
Croácia
Reestruturação
do mercado do trabalho
3,0
CARDS 2001
Croácia
Ensino e formação
profissional
0,6
Educação
ARJM
Universidade do Sudoeste
da Europa
4,0
69
© Joaquin Silva Rodrigues
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
Pristina (Kosovo).
4.8. Questões horizontais
4.8.1. Iniciativa Europeia para
a Democracia e os Direitos
Humanos (IEDDH)
Em 2001, a IEDDH investiu mais de 10 milhões de euros
em projectos nos Balcãs Ocidentais.
A IEDDH disponibilizou cerca de 4,5 milhões de euros
para projectos de apoio à promoção e defesa dos
direitos humanos e das liberdades fundamentais nos
países do Sudoeste da Europa. De entre as iniciativas
que receberam apoio, as comunidades rom beneficiaram de medidas de assistência específicas. Foi implementado um projecto específico para encorajar o
diálogo interétnico graças ao reforço das capacidades
de gestão das autoridades locais no que respeita às
medidas a adoptar relativamente às comunidades rom
na Bósnia e Herzegovina, na Croácia, no Kosovo, no
Montenegro, na antiga República jugoslava da Macedónia e na Sérvia (725 000 euros). Um dos projectos
em curso na antiga República jugoslava da Macedónia
irá permitir a observação e controlo de resultados do
recenseamento, com vista a promover a representação
equitativa e imparcial da população, respeitando as
recomendações internacionais nesta matéria (999 800
euros).
Um programa de mestrado regional europeu
em democracia e direitos humanos na Europa
e no Sudeste Europeu
70
Este projecto dará a estudantes pós-graduados da
Albânia, da Bósnia e Herzegovina, da Bulgária, da
Croácia e da antiga República jugoslava da Macedónia
a oportunidade de efectuarem estudos sobre direitos
humanos. Este curso de mestrado contribuirá para a
formação de especialistas que venham a integrar as
ONG e as administrações locais e a tornar-se decisores
políticos nos Balcãs. Para esta acção estão garantidos
1,3 milhões de euros.
O apoio ao processo de democratização e à melhoria
da situação dos direitos humanos beneficiou de mais
de 3 milhões de euros, aplicados em cinco projectos.
Por exemplo, um projecto de 820 000 euros desenvolveu e reforçou as possibilidades de acção das instituições civis e das ONG e aumentou o número e as
capacidades das ONG activas. Um outro projecto destinava-se a restabelecer a confiança entre os diferentes
grupos que constituem a comunidade e as forças da
polícia através de iniciativas de grupos de pais e de
professores e de elementos da polícia local. Estas
medidas contribuirão para a consolidação, na Bósnia-Herzegovina, de um contexto democrático dentro do
respeito dos direitos humanos (300 000 euros).
O apoio à prevenção de conflitos e ao restabelecimento da paz civil é uma das maiores prioridades da
IEDDH que incluiu, em 2001 por exemplo, um projecto
designado «Acções transfronteiras de mulheres activistas». O seu objectivo é enfrentar as divisões na
sociedade, exercendo pressões a título individual e
colectivo para confrontar as realidades actualmente
existentes nas diferentes regiões da Albânia, da
Bósnia-Herzegovina, da Croácia, do Kosovo, da Macedónia, da Sérvia e Montenegro e da Eslovénia (660 000
euros). Outro projecto visa promover a reconciliação
entre albaneses e grupos minoritários do município de
Gjakova e do Kosovo (510 000 euros).
4.8.2. Actividades das ONG
A sociedade civil tem um papel fundamental a desempenhar na estabilização democrática na região dos
Balcãs. A participação activa da sociedade civil é
imprescindível para assegurar a transparência e legitimidade do Governo e da função pública. Serão ainda
necessárias algumas melhorias no que respeita ao
acesso à informação e à adopção de uma legislação
favorável às actividades das ONG.
Neste domínio, foi prestada assistência essencialmente
no quadro dos programas regionais e nacionais financiados a título do programa CARDS, bem como da
Iniciativa Europeia para a Democracia e os Direitos
Humanos. A CE esforçou-se por colaborar estreitamente com as ONG e outros parceiros da sociedade
civil a fim de favorecer as acções a nível local e
adaptar, na medida do possível, a sua capacidade de
reacção às necessidades dos destinatários da ajuda.
Assim, na Albânia, a assistência às ONG e à sociedade
civil foi fornecida, principalmente, através de microprojectos. A CE concedeu um total de 0,2 milhões de
euros em favor da estabilização democrática do país.
Na Croácia, foi afectado um milhão de euros ao
reforço das capacidades das organizações da sociedade
civil e à melhoria dos seus meios de acção. Na Bósnia-Herzegovina, a assistência comunitária incidiu essencialmente sobre a formação e o reforço das capacidades das ONG, bem como sobre o financiamento e
assistência técnica aos seus projectos. Neste país, as
ONG participam sobretudo em projectos destinados a
promover o regresso dos refugiados. No total, a CE
afectou 2 milhões de euros ao desenvolvimento da
sociedade civil. Na República Federativa da Jugoslávia,
a CE forneceu principalmente ajuda de urgência em
favor do pluralismo, graças a iniciativas destinadas a
consolidar as ONG e a sociedade civil e promover a
Europa do Sudeste: os Balcãs
reconciliação interétnica. Na antiga República jugoslava da Macedónia, o objectivo principal do apoio
concedido à sociedade civil em 2001 foi de encorajar a
reconciliação nacional. Para o efeito, foi adoptada
uma decisão da Comissão tendo em vista desbloquear
um montante total de 10,3 milhões de euros no
quadro de um mecanismo de reacção rápida destinado, nomeadamente, a reforçar a sociedade civil.
Para além disso, foram implementados microprojectos,
concebidos pelas delegações da Comissão, tendo em
vista dar uma resposta rápida e eficaz aos pedidos de
financiamento dos agentes locais (ONG, cooperativas,
estabelecimentos de ensino, grupos de mulheres e
associações culturais). Estes recursos permitiram financiar projectos mais pequenos que, em condições
normais, não atrairiam doadores internacionais.
A ajuda da CE aos Balcãs foi concebida para apoiar os
participantes no processo de estabilização e associação, contribuindo assim para os objectivos da
prevenção de conflitos e conduzindo, a mais longo
prazo, à assinatura de acordos de estabilização e associação. Na estratégia da UE, existe uma linha de continuidade entre a reconstrução de grandes infra-estruturas no pós-guerra e a edificação de modernos
Estados democráticos, capazes de gerir os seus
próprios assuntos e de se tornarem parceiros fiáveis da
UE. O avanço do processo de reforma económica e o
desenvolvimento da cooperação regional são
coerentes com a política comunitária de comércio para
a região, à qual foram garantidas preferências comerciais altamente favoráveis. No final de 2000, a CE criou
um sistema de preferência comercial autónoma, que
assegura o acesso livre e sem quotas de quase todas as
exportações dos cinco países da região aos mercados
da UE.
4.8.4. O regresso dos refugiados
O regresso dos refugiados e das pessoas deslocadas aos seus domicílios de antes da guerra continua
a ser uma das grandes prioridades da ajuda comunitária aos Balcãs. A lentidão do regresso e da reintegração das pessoas deslocadas e dos refugiados
continua a ser um dos principais obstáculos à restauração da estabilidade política e ao regresso à normalidade na Bósnia-Herzegovina. O programa da CE está
de acordo com os objectivos definidos no anexo 7 do
acordo-quadro geral para a paz (Acordo de Dayton),
com as prioridades identificadas pelo Grupo de
Trabalho para o Regresso e a Reconstrução, com a
análise da ACNUR e com a «Agenda de Acção
Regional» do Pacto de Estabilidade.
Em 2001, dos mais de 105 milhões de euros recebidos
pela Bósnia-Herzegovina, 38,4 milhões foram directamente destinados a apoiar o regresso dos refugiados
nos seguintes domínios:
❿ apoio específico aos grupos minoritários já regressados e a outros regressos espontâneos;
❿ apoio ao plano de aplicação da legislação imobiliária;
© Joaquin Silva Rodrigues
4.8.3. Coerência com outras políticas
Campo de refugiados rom.
❿ sustentabilidade dos regressos, assegurada através
do desenvolvimento de empresas e de oportunidades de emprego nas zonas de retorno.
Regresso espontâneo das minorias às suas casas
de antes da guerra na Bósnia-Herzegovina
O objectivo deste projecto é apoiar a comunidade
minoritária que já regressou a Kljuc e Bosanska Krupa e
encorajar mais regressos. Para este efeito, foram
reconstruídas 65 casas e reposta a distribuição de electricidade em Veliki/Mali Radic, no município de
Bosanska Krupa, e foi incentivada a criação de postos
de trabalho, por meio da distribuição de alfaias agrícolas, sementes e cabeças de gado. A componente de
criação de postos de trabalho do programa forneceu
gado a 32 famílias; 33 famílias receberam equipamento
agrícola e moto-serras; foram criadas três microempresas que empregam nove retornados a tempo inteiro,
10 a tempo parcial e mais alguns sazonalmente.
Na Croácia, o regresso dos refugiados continua a
receber um financiamento substancial (23,2 milhões de
euros). Este apoio é canalizado através do «Programa
comunitário de reconstrução para o regresso»
(EUPOP), em cooperação com as ONG no terreno. O
programa promove uma abordagem integrada do
regresso de refugiados e pessoas deslocadas, tendo em
vista permitir o efectivo regresso destas pessoas às suas
casas de antes da guerra, garantir a sustentabilidade
do processo de regresso e a reintegração e reconciliação, através da melhoria da qualidade de vida em
todo o município.
71
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
Reconstrução de casas danificadas no conflito
O programa de 2001 para o sector da habitação no
Kosovo inclui a reconstrução de cerca de 3 630 casas
danificadas pelo conflito pertencentes a famílias
vulneráveis. No final de 2001, cerca de 3 100 casas
estavam totalmente reconstruídas e 16 700 pessoas
tinham regressado aos seus domicílios. Cerca de 6%
destas famílias pertencem a minorias étnicas,
incluindo algumas recentemente regressadas ao
Kosovo. As ONG parceiras do programa identificam as
famílias vulneráveis segundo rigorosos critérios de
selecção. Comités locais eleitos assistem as ONG e
ajudam a garantir a transparência do processo de
selecção perante a população local. As ONG apoiam as
iniciativas de «auto-ajuda» das famílias beneficiárias,
para assegurar a boa conclusão deste programa.
4.9. Cooperação com
outros doadores
Uma coordenação eficaz da ajuda fornecida pelos
doadores é essencial para que os projectos de reconstrução a executar nos Balcãs sejam levados a bom
termo. O Gabinete Comum da Comissão Europeia e
do Banco Mundial para o Sudoeste da Europa (1)
procura evitar uma sobreposição dos projectos dos
diversos dadores. De entre os principais mecanismos de
coordenação dos doadores é possível referir o Grupo
de Coordenação de Alto Nível e o Grupo de Coordenação Operacional, que reúnem periodicamente para
examinar as questões mais importantes. Para além
disso, realizaram-se igualmente conferências de
doadores e reuniões do grupo consultivo. Em 2001, o
Gabinete Comum organizou cinco grandes reuniões de
doadores.
A cooperação com outros doadores na região
pode passar pelo financiamento conjunto de projectos
ou por confiar a outra organização a gestão dos
fundos comunitários. Exemplos desta última opção é o
da linha de crédito para pequenas e médias empresas
do Fundo Europeu para a Bósnia-Herzegovina, cuja
gestão é assegurada pela KfW alemã, ou o da liderança da OSCE na criação da Universidade do Sudeste
Europeu na antiga República jugoslava da Macedónia,
para a qual foram postos em comum os recursos financeiros da CE e dos Estados-Membros. Um exemplo de
financiamento conjunto e de colocação de recursos em
comum é o da contribuição da assistência técnica da
CE para a interligação dos sistemas de energia da
região do Danúbio na Croácia, financiada por empréstimos do BEI e do BERD.
A CE também concede bonificação de juros dos
empréstimos do BEI, e a antiga República jugoslava da
Macedónia já recebeu, neste contexto, 20 milhões de
euros. Em 2001, a Bósnia-Herzegovina recebeu, a título
excepcional, 11,89 milhões de euros em bonificação de
juros de empréstimos destinados a obras de melhoramentos rodoviários e ferroviários.
4.10. Empréstimos do BEI
As operações do BEI nos Balcãs ocidentais centram-se
sobretudo nas infra-estruturas básicas e no ambiente,
nos transportes e energia, e no apoio ao desenvolvimento de PME. O Banco Europeu de Investimento
trabalha em estreita cooperação com a CE.
Exemplos dos empréstimos e subsídios do BEI em 2001
(em milhões de euros)
Empréstimos
País
Designação dos projectos
Montantes do empréstimo
BEI
Croácia
Reabilitação e modernização do troço croata
do Corredor Pan-Europeu Vc
40
BEI
Albânia
Melhoramento das redes de transporte e distribuição de energia
30
BEI
RFJ
Reabilitação das infra-estruturas de transportes na Sérvia e no Montenegro
66
BEI
ARJM
Financiamento de PME
20
BEI
Bósnia-Herzegovina
Reabilitação de diversos troços ferroviários de corredores
de transportes pan-europeus
40
Total dos empréstimos e subsídios aos Balcãs
4.11. ECHO
O trabalho de recuperação dos Balcãs Ocidentais após a
crise do Kosovo de 1999 prosseguiu em 2001, ainda que
o conflito na antiga República jugoslava da Macedónia
tenha feito passar para segundo plano a melhoria da
situação humanitária em geral. Em 2001, o ECHO conti-
72
(1) Ver: http://www.seerecon.org.
319
nuou presente em cinco países e entidades da região
(Sérvia, Montenegro, Kosovo, antiga República jugoslava da Macedónia e Albânia), com um orçamento de
83,05 milhões de euros. A diminuição deste montante
em relação aos dois anos anteriores reflecte a melhoria
da situação humanitária e o crescente envolvimento de
outros instrumentos comunitários.
© ECHO
Europa do Sudeste: os Balcãs
Distribuição de refeições quentes financiadas pelo ECHO no Sul da Sérvia.
© ECHO
jugoslava da Macedónia (72 000 pessoas, no pico da
crise) e às famílias que os acolheram.
Projecto financiado pelo ECHO no Montenegro: realojamento em habitações
particulares de pessoas deslocadas que se encontravam em centros de
acolhimento colectivo.
Os esforços do ECHO nos Balcãs Ocidentais são orientados para três objectivos: dar resposta às novas necessidades humanitárias resultantes da crise na antiga
República jugoslava da Macedónia; continuar a suprir
as necessidades básicas dos refugiados, dos deslocados
internos e dos grupos sociais mais vulneráveis;
promover o processo de reintegração e reconciliação,
apoiando a reconstrução e o desenvolvimento a longo
prazo do país e incentivando a auto-suficiência entre
os beneficiários da ajuda.
No Kosovo, o ECHO concluiu uma das suas maiores
operações humanitárias, passando de uma pura intervenção de emergência para a reabilitação e, por
último, para uma transição eficaz para um processo de
desenvolvimento mais estrutural. Em Junho de 1999,
quando os refugiados do Kosovo começaram a
regressar, o ECHO supriu as necessidades humanitárias
mais prementes, fornecendo alimentos, assistência
médica e abrigos de emergência para mais de 22 000
famílias regressadas. Em 2000, o ECHO continuou a dar
resposta às necessidades básicas dos mais vulneráveis,
apoiando também os primeiros passos do processo de
recuperação (nos sectores da educação e da saúde,
reabilitando os sistemas de abastecimento de água e
apoiando projectos geradores de auto-suficiência). Em
2001, o ECHO concluiu aquelas intervenções e continuou a dar apoio aos esforços da ACNUR na protecção
e assistência às minorias. O ECHO forneceu ainda assistência básica aos refugiados da antiga República
A intervenção do ECHO na Sérvia continuou a ser a
sua maior operação. As mudanças políticas no país e a
chegada ao poder de um governo reformista atraíram
ajuda estrutural a longo prazo dos doadores, incluindo
a CE, como ficou demonstrado pelo êxito da conferência de doadores da República Federativa da Jugoslávia realizada em Bruxelas, em Junho de 2001. Não
obstante, as necessidades humanitárias ainda são consideráveis na Sérvia, sobretudo devido à grande quantidade de refugiados e deslocados internos (quase
600 000). Se bem que as perspectivas para o regresso
dos refugiados internos sejam ainda ténues, há soluções sustentáveis à vista — sobretudo em termos de
integração, mas também em termos de repatriamento.
O programa ECHO de 2001 continuou virado para as
necessidades básicas, procurando, ao mesmo tempo,
soluções a mais longo prazo, como a promoção do
repatriamento (informação jurídica, organização de
vistas exploratórias) e auxiliando o alojamento privado
dos refugiados, como alternativa mais dignificante aos
centros de acolhimento colectivo.
No Montenegro e na Albânia, as necessidades humanitárias resultantes da crise do Kosovo foram inteiramente supridas. No Montenegro, o ECHO centrou-se
na resposta às necessidades específicas do Inverno e
em reduzir a dependência dos grupos beneficiários em
relação à assistência humanitária, financiando actividades geradoras de auto-suficiência. Na Albânia, um
dos países mais pobres da Europa, o objectivo principal
foi o de consolidar as anteriores intervenções nos
domínios da saúde, da água e das medidas sanitárias,
com vista a facilitar a transição para um processo de
desenvolvimento.
Na antiga República jugoslava da Macedónia,
2001 assistiu a um conflito aberto entre grupos
armados de etnia albanesa e as Forças Armadas da
Macedónia. O conflito conheceu sucessivos agrava-
73
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
© ECHO/ Sabina Mayofi
4.12. Controlo
de resultados
Uma fonte pública em Kakarriq, uma aldeia remota no distrito de Lezhet,
Albânia.
mentos na primeira metade do ano, provocando várias
vagas de populações deslocadas, no interior do país e
para além fronteiras, principalmente para o Kosovo. A
comunidade internacional, sobretudo a UE, adoptou
uma posição pró-activa em termos de mediação política, de ajuda à reconstrução [através do Mecanismo
de Reacção Rápida (MRR) e do programa CARDS de
2001], bem como de ajuda humanitária. No estrito
cumprimento do seu mandato, o ECHO forneceu ajuda
alimentar aos deslocados internos e aos regressados
mais vulneráveis, bem como ajuda não alimentar às
famílias de acolhimento dos deslocados internos, e
financiou a reabilitação de emergência de escolas e
centros de saúde danificados durante o conflito, a fim
de facilitar o regresso dos deslocados internos. Desde o
início do conflito, os serviços da Comissão coordenaram-se para permitir uma divisão de tarefas entre os
diversos instrumentos comunitários, a fim de evitar
sobreposições e lacunas. O ECHO centrou-se nas necessidades humanitárias imediatas, enquanto o MRR se
ocupou das necessidades a médio prazo, como a
reconstrução de habitações. Na frente política, e
apesar de alguma evolução positiva que se seguiu à
conclusão de um acordo-quadro entre dirigentes políticos dos dois grupos étnicos e à aprovação, em
Novembro, de alterações constitucionais, no final de
2001, o processo político permanecia ainda frágil.
ECHO — Decisões de financiamento para 2001
(em milhões de euros)
País
Montante
Sérvia
47,800
Montenegro
7,500
Kosovo
74
14,000
Antiga República jugoslava da Macedónia
5,400
Albânia
6,600
Regional
1,750
Total
83,050
Em 2000, a Comissão concebeu um sistema de acompanhamento mais eficaz, com base nos resultados para as
regiões ALA/MED/ACP e os Balcãs, que foi integrado no
sistema de gestão do ciclo do projecto da Comissão. Este
sistema foi testado ao longo de 2001. Agora que está
concluída a fase de concepção e ensaio, é possível efectuar um primeiro balanço dos aspectos positivos e dos
aspectos que devem ainda ser melhorados. São fornecidas, no ponto 1.4, informações suplementares sobre
este sistema de acompanhamento. O sistema será aplicado ao conjunto dos projectos a partir de 2002.
Em 2001, foi efectuado o controlo de resultados de 12
projectos em dois países balcânicos. O volume total de
financiamento dos projectos que foram objecto desta
avaliação ascende a 112,3 milhões de euros. Os
sectores mais beneficiados foram, em primeiro lugar,
as infra-estruturas e os serviços económicos (76%), o
desenvolvimento económico e das instituições, a sociedade civil, as infra-estruturas sociais e os serviços
(22%). A avaliação geral dos projectos na região foi de
2,28, quando a avaliação média é de 2,5.
A eficácia, o impacto e a sustentabilidade foram identificados como os aspectos mais bem sucedidos. O
subcritério de adequação sociocultural, que contempla
a participação dos grupos beneficiários na concepção e
execução dos projectos e o relacionamento entre o
pessoal do projecto e as comunidades locais, recebeu a
mais elevada classificação da região. Entre os critérios
principais, os mais fracos foram a relevância e a
eficiência. Os resultados obtidos, em termos de
eficiência, foram o subcritério que teve classificação
mais baixa, seguido da adequação económica (como
subcritério de sustentabilidade).
4.13. Conclusões e perspectivas
No âmbito do programa CARDS adoptado em 2000 a
assistência em favor dos Balcãs Ocidentais baseia-se
numa abordagem mais estratégica, que permite
reforçar os objectivos do processo de estabilização e
de associação. Em 2001, o programa CARDS correspondeu, simultaneamente, aos objectivos a longo
prazo e às necessidades imediatas decorrentes de
situações de conflito ou pós-conflito.
De uma forma geral, a assistência prevista a título
deste programa foi disponibilizada de uma forma
rápida e eficaz. A Agência Europeia para a Reconstrução, em especial, salientou-se pela rapidez das suas
intervenções na sua zona de acção, a saber, o Kosovo,
a Sérvia e o Montenegro e, desde Dezembro de 2001,
igualmente a antiga República jugoslava da Macedónia. Nas outras partes da região, a tomada de decisões incumbe às delegações da Comissão.
Os programas de assistência deverão ser revistos em
função da evolução da situação. Em 2001foram adoptados os documentos de estratégia por país e de estratégia regional para 2002-2006. No decurso desse
período, os programas incidirão sobretudo sobre os
domínios prioritários do processo de estabilização e
© Joaquin Silva Rodrigues
Europa do Sudeste: os Balcãs
Crianças do Kosovo.
associação. Serão progressivamente orientados da
satisfação das necessidades em matéria de reconstrução para a adopção de medidas em favor do
reforço institucional e das reformas económicas. Uma
importante vertente do programa terá por objectivo o
desenvolvimento das capacidades, de cada país, para
compreender, elaborar legislação e, por último, implementar os grandes princípios do acervo comunitário.
75
5. Europa
Oriental,
Cáucaso
e Ásia Central
© Carl Cordonnier
Em 2001, a região da
Europa Oriental, Cáucaso e
Ásia Central enfrentava três
desafios fundamentais. A
questão dominante é, sem
dúvida, a dos acontecimentos de 11 de Setembro,
que terão grande impacto
na abordagem da CE, particularmente em relação à
Ásia Central. Espera-se uma
duplicação dos financiamentos destinados a esta
região em 2002. Em
segundo lugar, a UE
registou com agrado o
progresso das reformas na
Rússia. Deste facto resultou
uma crescente concentração
na ajuda da CE com vista à
execução do plano de
reformas, tirando partido de
trabalho prévio do Tacis, o
que contribuiu para a elaboração de legislação reformadora. Em terceiro lugar, a CE
tem dado um forte apoio
aos países que elaboram
documentos de estratégia
para a redução da pobreza.
© Joaquin Silva Rodrigues
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
No que diz respeito às prioridades sectoriais, em 2001
destacam-se três temas na resposta da CE: em primeiro
lugar, atribuiu-se uma atenção crescente à justiça e aos
assuntos internos, expansão que continuará a manter-se nos próximos anos; em segundo lugar, a CE consolidou o seu apoio ao sector social, em particular à
saúde e educação; em terceiro lugar, as questões transfronteiras, em especial o melhoramento da gestão das
fronteiras, ganharam notória prioridade.
5.1. Introdução
A União Europeia, com os seus Estados-Membros, é o
maior doador no âmbito da ajuda ao desenvolvimento
na Europa Oriental, Cáucaso e Ásia Central (1). O
programa Tacis foi ainda a principal fonte de assistência da UE a esta região em 2001.
O principal objectivo do Tacis é ajudar na transição
para uma economia de mercado livre e promover o
aprofundamento da democracia. Este objectivo é o
fulcro dos acordos de parceria e cooperação (APC),
que, por sua vez, constituem a base da relação continuada da UE com a Europa Oriental, o Cáucaso e a
Ásia Central. Os APC constituem um enquadramento
jurídico baseado no respeito dos princípios democráticos e dos direitos humanos, que estabelece a relação
política, económica e comercial entre a UE e os países
parceiros. Cada APC é um tratado bilateral de dez
anos, assinado e ratificado pela UE e pelo Estado
parte. Adicionalmente, a União Europeia coopera com
a Rússia e a Ucrânia mediante estratégias comuns, no
âmbito da Política Externa e de Segurança Comum da
UE. As estratégias comuns pretendem reforçar a
78
© Joaquin Silva Rodrigues
Participação das autoridades locais nas actividades em seu favor em Voruch,
Tajiquistão.
Venda de pão, vale do Ferghana (Quirguizistão).
coerência entre as políticas e as actividades da UE e
dos seus Estados-Membros naqueles dois países.
A Rússia participa também na iniciativa «Dimensão
setentrional», relativa às políticas externas e transfronteiras da União Europeia que abrangem a região do
Báltico, do Árctico e do Noroeste da Rússia. As
primeiras reuniões tiveram lugar em 2001, no quadro
do diálogo para a energia entre a UE e a Rússia, que
incluiu quatro grupos de trabalho temáticos e uma
cimeira. A Comissão também produziu uma comunicação sobre Calininegrado em Janeiro de 2001 (2),
cujas conclusões foram aprovadas pelo Conselho.
A base jurídica do Tacis é o Regulamento n.º 99/2000
do Conselho para 2000-2006, que entrou em vigor em
Janeiro de 2000. O regulamento leva em linha de
conta a experiência da União Europeia na região nos
últimos 11 anos. O processo de programação evoluiu, e
a relação entre a CE e os países parceiros baseia-se
actualmente num diálogo construtivo e não tanto em
respostas a exigências dos governos parceiros. Os
novos programas de acção, em particular os da
Moldávia e do Quirguizistão, deram uma forte ênfase
à redução da pobreza. Além disso, a gestão do Tacis
sofreu uma mudança no sentido da concentração em
menos projectos, mas de maior dimensão.
O programa Tacis divide-se em duas categorias principais: programas nacionais e multinacionais. No
(1) Tacis: assistência técnica à Comunidade de Estados Independentes, abrangendo a Arménia, o Azerbaijão, a Bielorrússia, a Geórgia, o
Cazaquistão, o Quirguizistão, a Moldávia, a Mongólia, a Rússia, o Tajiquistão, o Turquemenistão, a Ucrânia e o Usbequistão.
(2) COM(2001) 26, de 17 de Janeiro de 2001.
Europa Oriental, Cáucaso e Ásia Central
❿ desenvolvimento de redes de infra-estruturas;
Autorizações e pagamentos na região — 2001
(em milhões de euros)
Autorizações
Programas
2001
2000
❿ protecção ambiental e gestão de recursos naturais;
Pagamentos
2001
2000
Programas de acção nacionais (B7-5200B)
Arménia
7,8
4,3
3,4
21,6
4,6
13,2
3,1
1,4
8,5
3,7
6,6
6,1
4,6
9,1
4,4
2,4
19,5
4,0
6,7
Azerbaijão
Bielorrússia
Geórgia
4,0
Cazaquistão
14,0
Quirguizistão
Moldávia
Mongólia
Rússia
80,0
4,3
2,4
4,8
53,0
86,4
91,3
2,9
3,1
31,2
59,2
Tajiquistão
Turquemenistão
Ucrânia
63,0
63,5
10,0
6,8
11,9
189,6
168,7
159,9
208,6
Usbequistão
Subtotal
23,0
22,5
Báltico (B7-5211 em 2001,
B7-5370 em 2000)
6,0
5,9
Segurança nuclear (B7-524
para 2001 unicamente)
51,0
Regional + outros
101,7
plurinacionais (B7-5200B) (*)
26,1
19,4
35,8
214,3
126,2
182,0
40,0
40,4
Protecção de Chernobil
(B7-536)
40,0
ATA (B7-5200A)
12,2
32,4
5,6
2,0
233,9
275,1
233,6
243,9
Subtotal
Outras rubricas orçamentais
Ajuda alimentar (auditoria)
1,4
Subtotal
Total
1,4
423,5
443,8
395,0
452,4
(*) Para 2000 inclui a segurança nuclear.
decorrer de 2001, foram elaborados documentos de
estratégia que analisam a situação e enquadram a
resposta da UE, para cada um dos principais programas
do período 2002-2006, excepto para a Bielorrússia e os
países da Ásia Central. Foram igualmente desenvolvidos programas indicativos que descrevem as prioridades da aplicação de estratégias no período 2002-2003. Para os programas nacionais, os programas indicativos relativos a cada país estabelecem duas ou três
das seguintes áreas de cooperação como prioritárias:
❿ reforma institucional, legislativa e administrativa;
❿ desenvolvimento económico e do sector privado;
❿ consequências sociais da transição;
Os principais programas multinacionais são os
seguintes: cooperação regional; cooperação transfronteiras; cooperação do Báltico; segurança nuclear; e o
instrumento de preparação de investimento da UE e
do Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento.
Autorizações/pagamentos 2000-2001
(em milhões de euros)
2000
2001
Total
Autorização
443,8
423,5
867,3
Pagamento
452,4
395,0
847,4
Razão P/A
102,0%
93,3%
97,7%
5.2. Cooperação regional
Programas de acção plurinacionais
Transfronteiras (B7-5210)
❿ desenvolvimento da economia rural.
Mais de metade do auxílio do Tacis é conduzido
através de iniciativas multinacionais. Aqui, a atenção
centra-se em três instrumentos principais: o programa
de cooperação regional (auxílio à cooperação entre os
novos Estados independentes), o programa de cooperação transfronteiras (auxílio aos novos Estados independentes com fronteiras com os países candidatos à
UE) e o programa de segurança nuclear.
5.2.1. Programa de cooperação
regional
O programa de cooperação regional promove a cooperação entre os novos Estados independentes. Há três
áreas prioritárias: redes, ambiente e justiça e assuntos
internos. Os programas indicativos regionais 2002-2003
foram preparados e aprovados em 2001 para o
programa de cooperação regional. Estes documentos
propunham novas actividades em várias áreas, nomeadamente, a assistência no desenvolvimento das políticas, em conformidade com várias iniciativas ambientais internacionais (por exemplo, o Protocolo de
Quioto) e também no desenvolvimento de um
programa de reforma das telecomunicações. Independentemente destas intervenções propostas, o
programa de cooperação regional prosseguiu o
trabalho em programas de assistência mais consolidados, como o Traceca (transportes) e o Inogate
(petróleo e gás).
A)
REDES
O apoio a redes é conduzido através de dois instrumentos principais: o programa Inogate, que abrange o
sector do petróleo e do gás, e o programa Traceca, que
diz respeito aos transportes. Para além destes dois
instrumentos principais, também pode ser dado apoio
ao sector das telecomunicações.
79
© Carl Cordonnier
© Joaquin Silva Rodrigues
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
Consequências do desastre ambiental no mar Aral (Nukus, Usbequistão).
Projecto no domínio dos transportes Traceca: melhoramento das
infra-estruturas do porto de Poti, Geórgia.
trabalho já iniciado para melhorar o controlo do
tráfego de gás entre os novos Estados independentes.
❿ Traceca
B)
O programa Traceca visa apoiar o desenvolvimento do
corredor de transportes Leste-Oeste, da Europa à Ásia
Central, via Cáucaso, tendo em vista possibilitar o
acesso de países desta região aos mercados europeus e
mundiais, bem como promover a cooperação regional.
Os legisladores dos países signatários aceitaram os
termos do Acordo Multilateral Traceca — a base
fundamental do Traceca — inspirado nos programas
Tacis e Phare (1). Seguiu-se um plano de acção pormenorizado para 2000-2001. Em Fevereiro de 2001, o
Secretariado Traceca estabeleceu-se em Baku, no Azerbaijão. O programa tem seis projectos em curso, que
fazem parte do programa de acção regional Tacis 1999
e que forneceram estudos do sector rodoviário no
Cáucaso e previsões de tráfego entre os 12 países
abrangidos pelo Traceca. Está também em execução
um importante contrato de fornecimento, para a
instalação de um cabo óptico ao longo das linhas
ferroviárias na Arménia, Geórgia e Azerbaijão.
❿ Inogate
O Inogate visa intensificar a cooperação entre produtores, transportadores/exploradores da infra-estrutura
de condutas e consumidores de petróleo e gás em
toda a região Tacis. Pretende-se, desta forma,
promover projectos interestatais no sector do petróleo
e do gás, reduzir os riscos de investimento e promover
a introdução de padrões internacionais — especialmente nos domínios do ambiente e da segurança — na
infra-estrutura da rede energética. Vinte e um países
da Europa Oriental, do Cáucaso e da Ásia Central, bem
como a Grécia e a Turquia, assinaram o acordo geral
Inogate, que revaloriza os corredores de petróleo e
gás Leste-Oeste em conformidade com as normas da
UE e internacionais. Em 2001 foram lançados quatro
novos projectos Inogate, dando continuidade ao
80
AMBIENTE
O Tacis financia uma gama de iniciativas ambientais
regionais, por exemplo, um projecto que visa apoiar os
ministérios do Ambiente na execução dos seus planos de
acção ambiental nacionais, desenvolver políticas comuns
e apoiar subprojectos no domínio da reforma da política
e do financiamento ambientais. Outro projecto financia
a gestão de um rio transnacional em quatro bacias —
abrangendo nove países — em apoio de uma convenção
sobre gestão transnacional da água, das Nações Unidas/Europa Central e Oriental. O projecto ambiental
para o mar Cáspio ficou concluído, com bons resultados,
em 2001, com a visita de peritos locais ao mar Cáspio
para controlar a presença de espécies invasoras e tóxicas.
O programa ambiental comum, que reúne investimentos
de diversas instituições financeiras internacionais,
permitiu, em 2001, a assinatura de um empréstimo de 60
milhões de euros para a protecção da água no Cazaquistão. Também foram realizados progressos no que
respeita ao enquadramento internacional «Ambiente
para a Europa» («Environment for Europe»). Tanto o
secretariado para a preparação do projecto, baseado no
Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BERD), como o grupo de trabalho para o
programa de acção ambiental, baseado na Organização
de Cooperação e de Desenvolvimento Económico
(OCDE), continuam a receber apoio. Os fundos Tacis
também apoiaram organizações não governamentais
(ONG) na preparação de um documento de estratégia
para um desenvolvimento sustentável, a apresentar em
Bruxelas, no decorrer da «Semana verde» (2).
C) JUSTIÇA E
ASSUNTOS INTERNOS
A União Europeia presta uma atenção crescente ao
apoio ao primado do direito e a uma efectiva apli-
(1) Phare: Polónia e Hungria: ajuda à reestruturação económica (agora alargado à Bulgária, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Letónia,
Lituânia, República Checa e Roménia).
(2) A «Semana verde» é uma campanha anual, organizada pela Direcção-Geral do Ambiente da Comissão Europeia, que oferece uma
plataforma de sensibilização para as políticas e actividades da UE no domínio do ambiente.
cação da lei, na sua assistência aos novos Estados independentes e à Mongólia através do programa Tacis. As
questões fundamentais são: a luta contra o crime organizado, em particular o tráfico de droga e o tráfico de
mulheres, bem como a redução da migração ilegal na
totalidade do território dos novos Estados independentes. A UE dedica também uma atenção especial à
área de Calininegrado, na perspectiva da sua futura
situação de «enclave» entre Estados-Membros da UE.
O Tacis procura também oferecer um apoio sistemático
a uma melhor gestão das fronteiras. Foram propostas
quatro novas iniciativas a título do programa regional
para 2001: gestão de fronteiras entre a Bielorrússia e a
Rússia; luta contra o tráfico de mulheres na Federação
da Rússia; luta contra o crime organizado em Calininegrado; luta contra o tráfico de drogas nos novos
Estados independentes ocidentais e no Cáucaso.
5.2.2. Cooperação transfronteiras
© ARUP
O programa de cooperação transfronteiras foi concebido para prestar apoio aos novos Estados independentes que têm fronteiras com a UE ou com países
candidatos, segundo três vertentes principais: o desenvolvimento económico (especificamente as PME), o
ambiente e a travessia das fronteiras. Este apoio
destina-se a complementar o apoio prestado através
dos programas Tacis nacionais — os dados referentes a
sectores individualizados encontram-se mais adiante,
no presente relatório. Em 2001, o principal enfoque,
nesta área, foi na abertura ao tráfego de um importante número de postos de fronteira, iniciada no
quadro de programas anteriores. Além disso, o
projecto de desenvolvimento económico transfronteiras em Uzghorod, nas fronteiras da Ucrânia, da
Hungria e da Eslováquia, registou nítidos progressos.
Trata-se do primeiro grande projecto de desenvolvimento económico transfronteiras a ser financiado ao
abrigo do Tacis e gerou ensinamentos preciosos para
alguns projectos a iniciar na Moldávia e na Ucrânia. O
programa de cooperação transfronteiras tem estado
particularmente activo na fronteira entre a Finlândia e
a Rússia. Em Novembro de 2001, teve lugar em São
Petersburgo um seminário com o objectivo de ajudar a
incrementar a participação da Ucrânia, da Bielorrússia
e da Moldávia. Espera-se que daí resulte a constituição
de comissões transfronteiras entre países vizinhos.
© Joaquin Silva Rodrigues
Europa Oriental, Cáucaso e Ásia Central
Fronteira Tajiquistão/Usbequistão.
Posto de fronteira na estrada Kamenny Log (Bielorrússia)-Medininkai (Lituânia)
O posto fronteiriço em Kamenny Log, na Bielorrússia,
localiza-se no corredor entre Minsk e Vilnius. Vai facilitar o movimento comercial ao longo da importante
rota de Calininegrado, passando por Vilnius e Minsk
em direcção a Moscovo, bem como a ligação dos
portos do Báltico com a Rússia. Após a independência
da Bielorrússia e da Lituânia, foi sentida a necessidade
de estabelecer um posto de fronteira externo. A
execução de controlos foi considerada premente, uma
vez que a Lituânia não faz parte da Comunidade de
Estados Independentes nem da união aduaneira com a
Rússia. Constitui, portanto, um importante interface
entre a Europa Oriental, o Cáucaso, a Ásia Central e a
União Europeia em expansão. A construção do posto
foi subvencionada com 1,34 milhões de euros a título
do Tacis, e a aquisição de equipamento destinado a
três postos de fronteira na Bielorrússia receberá uma
subvenção de 1,12 milhões de euros. A obra financiada pelo Tacis foi iniciada em Janeiro de 2001 e
concluída no final de Dezembro do mesmo ano. As
entregas de equipamento nas instalações estarão
concluídas em Abril de 2002.
Passagem da fronteira em
Kamenny Log, Bielorrússia.
81
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
5.2.3. Segurança nuclear
A UE contribuiu de forma muito significativa para a
resolução dos problemas relacionados com o encerramento da central nuclear de Chernobil através do
novo projecto do complexo industrial para tratamento
de resíduos sólidos radioactivos e da segunda contribuição, de 100 milhões de euros, para o Fundo de
Protecção de Chernobil, gerido pelo Banco Europeu
para a Reconstrução e o Desenvolvimento.
Deu-se particular importância ao aumento da segurança operacional através da «assistência no local», que
é fornecida, numa base de continuidade, por operadores da UE em 14 instalações nos novos Estados independentes. A assistência no local visa melhorar o nível
da segurança na concepção, as condições de operação e
de vigilância e a organização da segurança operacional.
As autoridades reguladoras independentes estão a ser
reforçadas através da assistência técnica e financeira da
UE, e uma grande parte do necessário quadro jurídico já
foi estabelecido. A cultura global de segurança está a
ser melhorada através de um diálogo mais formal e regular entre os operadores das centrais e as autoridades
reguladoras (a chamada abordagem «2+2»). As centrais
nucleares estão a ser modernizadas com o fornecimento
de equipamento (um sistema de limpeza do condensador para a central nuclear de Balakovo, equipamento
de ensaio não destrutivo para várias outras centrais, um
sistema de controlo do nível do gerador de vapor para a
central do sul da Ucrânia, etc.).
Estão em curso 91 projectos de assistência geral, 17
contratos de agentes públicos de aquisições para
fornecimento de equipamento e três contribuições
para o Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento destinadas ao Fundo de Protecção de Chernobil. No âmbito do programa anual de 2001, foram
identificados 18 novos projectos que contribuem para
o objectivo de melhoria da cultura de segurança
nuclear na Rússia, na Ucrânia e noutros países da CEI.
82
© Serge Vadé
Com o intuito de promover a implantação de um sistema de salvaguardas fidedigno na Rússia, a Comissão
Europeia está a dar apoio ao Centro de Metodologia e
Formação de Obninsk na formação de operadores e
inspectores, além de fornecer assistência técnica aos
operadores russos. Por seu lado, o Centro Siberiano de
Metodologia e Formação dos Urais, em Snezhinsk, oferece formação e serviços a operadores e inspectores
implicados na fase final do ciclo do combustível.
A Comissão coopera não só com o Banco Europeu para a
Reconstrução e o Desenvolvimento, mas também com a
Agência Internacional de Energia Atómica, cujas actividades no sentido de melhorar a segurança nuclear nos novos Estados independentes são actualmente canalizadas
através do seu programa de cooperação técnica e do
grupo de contacto de peritos para o noroeste da Rússia.
Também foram dados passos importantes para
acelerar o ritmo de execução dos compromissos constantes no programa de segurança nuclear. Houve um
aumento do número de efectivos a trabalhar nestas
questões, e a equipa dispõe agora de recursos suficientes para enfrentar os quatro principais desafios:
assistência no local; segurança na concepção e capacidade de resposta pronta a emergências no exterior;
resíduos nucleares e salvaguardas; e autoridades reguladoras e organizações de segurança técnica.
Garantir o nível de segurança aceitável das modificações nas centrais: a abordagem «2+2»
Os detentores de licença são inteiramente responsáveis
pela segurança das suas centrais e pelo respectivo impacte ambiental. Os organismos reguladores inspeccionam e avaliam todas as instalações nucleares para
verificar o cumprimento dos regulamentos e dos termos da licença. Se, por um lado, o programa de segurança nuclear Tacis contribui directamente para a
melhoria das instalações nucleares nos novos Estados
independentes, por outro lado, promove a transferência directa das melhores práticas em matéria de
segurança da Europa Ocidental para os detentores de
licença e as autoridades reguladoras. Mais especificamente, resolve a difícil questão de estabelecer um interface entre esses dois organismos durante o licencia-
Central nuclear de Chernobil:
uma das torres de
arrefecimento que estava em
construção na altura do
acidente e que se encontra
actualmente encerrada.
Europa Oriental, Cáucaso e Ásia Central
mento de intervenções para melhoramento das
centrais nucleares. Para esse fim, a chamada abordagem «2+2» prevê um esquema de cooperação conjugado, por um lado, entre a UE e as centrais nucleares
dos novos Estados independentes e, por outro lado, entre a UE e as autoridades reguladoras e organizações de
peritos desses Estados. Para além de melhorar as
práticas de licenciamento nos NEI, esta abordagem integrada ajuda a garantir que as modificações, financiadas
pela CE, operadas nas centrais melhoram de facto a sua
segurança e estão em conformidade com as normas e
práticas da Europa Ocidental.
Cooperação — Autorizações em 2001
(em milhões de euros)
Cooperação regional
Montante
Cooperação regional
38,0
Cooperação transfronteiras
23,0
dos portos de mar russos, que conseguiram introduzir os
requisitos ocidentais nos respectivos domínios. Entre os
grandes projectos iniciados em 2001 incluem-se a reestruturação dos caminhos-de-ferro da Moldávia, o
desenvolvimento portuário de Calininegrado e os
projectos de gestão rodoviária do noroeste russo.
Os caminhos-de-ferro da Moldávia
O projecto relativo aos caminhos-de-ferro moldavos
tem por objectivo revitalizar o sistema ferroviário do
país e promover a sua competitividade. O projecto oferece apoio mediante consultoria e formação destinadas
às autoridades e à companhia dos caminhos-de-ferro
moldavas, dedicando particular atenção ao desenvolvimento e execução de um plano de reestruturação.
Os portos de Calininegrado
Cooperação do Báltico
6,0
Instrumento de preparação do investimento UE/BERD
15,4
Segurança nuclear
51,0
Fundo de Protecção de Chernobil
40,0
CICT/STCU
25,0
Diversos
21,8
Total
220,2
5.3. Transportes
e infra-estruturas
Os portos de Calininegrado são os únicos do noroeste
da Rússia que não gelam e ganharam importância devido à iminente adesão da Polónia e Lituânia à União
Europeia. O projecto de desenvolvimento do porto de
Calininegrado, iniciado em Fevereiro de 2001, está
concebido para facilitar as trocas comerciais e o investimento entre Estados-Membros da UE e a Federação da
Rússia, ao reforçar a eficiência e revalorizar a capacidade física e técnica do canal e dos portos de Calininegrado. Especificamente, este projecto promove as oportunidades para joint venture, bancos privados e agências internacionais de financiamento investirem no
melhoramento das infra-estruturas e do equipamento
de manipulação de cargas. Além disso, oferece
formação para gestão em marketing comercial a funcionários superiores da autoridade portuária e das
empresas que operam no porto.
5.3.1. Transportes
O apoio ao sector dos transportes é prestado através do
programa de cooperação regional (ver acima) e dos
programas de acção nacionais. O objectivo dos projectos
no domínio dos transportes é o de a modernizar o
conjunto do sistema e adequá-lo a uma economia de
mercado moderna. Em 2001, estavam em curso
dezasseis projectos neste sector. Esses projectos
envolviam mais de 400 peritos europeus, dos quais 30
com residência permanente nos países parceiros.
A dimensão das infra-estruturas de transporte
herdadas da era soviética excede as necessidades
actuais e a curto prazo. Não há, portanto, necessidade
de grandes investimentos, embora seja necessária
alguma assistência para manter uma utilização
eficiente das infra-estruturas existentes. O sistema de
transportes ainda é dominado pelo caminho-de-ferro,
que movimenta mais de 80% do transporte de mercadorias por via terrestre (em contraste com os 20% da
UE). Com o intuito de melhorar a flexibilidade do
sistema, o Tacis tem promovido projectos de transporte multimodal, apoiando o crescimento do transporte rodoviário, desmembrando grandes empresas de
transporte e transferindo experiência e conhecimentos
de gestão para os países parceiros. Também tem sido
prestado apoio à criação de quadros jurídicos e disposições institucionais modernos.
Entre os projectos concluídos em 2001, incluem-se o da
segurança dos transportes rodoviários e o da segurança
5.3.2. Infra-estruturas
CONSTRUÇÃO/MANUTENÇÃO
As principais actividades no sector das infra-estruturas,
no que diz respeito aos contratos de empreitadas são
financiadas a título do programa Tacis de cooperação
transfronteiras (ver também o ponto 2.2 deste capítulo).
Durante o ano de 2001, finalizou-se a construção de
quatro postos de fronteira financiados pelo Tacis em
Salla e Svetogorsk, na Rússia, em Kamenny Log, na
Bielorrússia, e em Leushen, na Moldávia. No mesmo
ano, iniciaram-se dois contratos de obras para os acessos
rodoviários e para a ponte sobre o rio Bug, na fronteira
entre a Ucrânia e a Polónia, que ficarão prontos em
2002. Foram lançados concursos públicos para contratos
de empreitadas relativos a uma estação ferroviária de
fronteira em Ivangorod, na Rússia, ao posto de fronteira
em Bagrationovsk e à demarcação de 650 quilómetros
de fronteira entre a Bielorrússia e a Lituânia. Foram
igualmente lançados concursos para um total de 30
contratos de fornecimento de equipamento (16 na Rússia, 4 na Bielorrússia, 6 na Ucrânia e 4 na Moldávia).
SECTOR
ENERGÉTICO
Em 2001, prosseguiu a execução de oito importantes
projectos no sector energético na Ucrânia, na Ásia Cen-
83
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
© Carl Cordonnier
5.4. Segurança alimentar
e desenvolvimento rural
Talho em Karakol — Projecto integrado de produção alimentar no
Quirguizistão.
A informação sobre todos os projectos completados
em 2001 foi amplamente divulgada, a fim de poder ser
utilizada em toda a região.
tral e no Cáucaso. Três desses projectos incidiam sobre a
reorganização do sector do petróleo e do gás e outros
três destinavam-se à promoção do conceito de
eficiência energética na Ucrânia. Os dois restantes
apoiavam a reforma estrutural do mercado da energia
no Cáucaso. Foram executados onze projectos no sector
energético russo, dos quais cinco prosseguirão em 2002.
Nos restantes novos Estados independentes foram
lançados 17 projectos, abrangendo todas as facetas do
desenvolvimento rural: melhoria da produção agrícola
(agropecuária); indústria transformadora agrícola;
comercialização/distribuição de produtos agrícolas;
privatização/registo
de
propriedade
fundiária;
melhoria da produção/multiplicação de sementes;
desenvolvimento de associações agrícolas e cooperativas; sistema de crédito rural; qualidade/segurança
alimentar; utilização da água/irrigação na agricultura.
Transportes e infra-estruturas — Autorizações em 2001
(em milhões de euros)
Transportes
e infra-estruturas
País
Transportes
Quirguizistão
1,2
Ambiente
Cazaquistão
2,0
Energia
Ucrânia
Programa de abastecimento de produtos agrícolas
UE-Rússia
Montante
O Regulamento (CE) n.° 2802/1998 do Conselho, de 17
de Dezembro de 1998, mandatava a CE para proceder
à entrega de produtos agrícolas à Federação da
Rússia. Este programa constituiu a maior entrega de
produtos alimentares jamais levada a cabo pela CE na
região (cerca de 1,85 milhões de toneladas, destinados
a mais de 50 regiões), com uma despesa orçamental
de 400 milhões de euros.
20,0
Total
Em 2001, o Tacis apoiou 12 projectos, ainda em curso,
no sector agroalimentar russo. Dois desses projectos
visam promover a cooperação agrícola (produção,
indústria de transformação e cooperativas de crédito)
em três regiões-piloto. Um terceiro visa promover a
reforma através da formação e educação no domínio
agrícola. O Tacis também dedicou atenção à questão
da qualidade alimentar através de um projecto respeitante a determinados produtos alimentares, executado
em várias regiões. Há ainda dois projectos relativos a
reestruturação de explorações agrícolas (em Astracã e
nos Urais), um outro relacionado com centros de aconselhamento agrícola na Rússia meridional e outro
ainda, a nível federal, que forneceu orientação ao
Ministério da Agricultura e da Alimentação na
promoção de novas políticas.
23,2
© Carl Cordonnier
A entrega foi concluída em Abril de 2000, e a quase
totalidade dos produtos agrícolas foi vendida a preços
que reflectiam o valor de mercado. As receitas destas
vendas foram depositadas numa conta especial no
Ministério das Finanças russo. O objectivo era a utilização desses fundos para saldar as pensões em atraso
(80%) e apoiar os ministérios da Saúde e do Trabalho
(20%). O ano de 2001 foi dedicado à gestão da conta
especial. Para além da natureza complexa do
programa de abastecimento de produtos agrícolas,
foram encontradas dificuldades no que diz respeito à
recolha e utilização de co-financiamentos.
84
Fábrica de transformação de produtos lácteos na associação dos criadores
de gado, Osh (Quirguizistão).
Em conformidade com o disposto no regulamento do
Conselho, a Comissão encomendou uma auditoria
externa do programa. As conclusões dessa auditoria
serão entregues no início de 2002.
Europa Oriental, Cáucaso e Ásia Central
Desenvolvimento de políticas, formação e apoio à
gestão das empresas agrícolas de produção vegetal
Este projecto decorreu entre Fevereiro de 1999 e
Novembro de 2001. Foi concebido para melhorar a
produção vegetal na Mongólia através de uma série
de demonstrações práticas respeitantes, por exemplo,
ao uso correcto de fertilizantes, à multiplicação de
sementes, à melhoria das técnicas de irrigação, ao
trabalho superficial do solo ou ao pousio químico.
Este projecto demonstrou que era possível alcançar
melhorias significativas e quantificáveis quer na qualidade, quer na quantidade das colheitas, com um
dispêndio mínimo de capital. Os resultados destas
demonstrações foram amplamente divulgados através
de jornadas de acolhimento e informação nas explorações agrícolas e de uma cobertura regular do projecto
pelos meios de comunicação social locais e nacionais.
Este projecto criou cinco centros de aconselhamento
agrícola, que oferecem uma vasta gama de conselhos
e informações a toda a comunidade agrícola.
5.5. Reforço das instituições
As actividades de reforço das instituições estão na base
de todo o auxílio Tacis. Estas actividades apoiam o
desenvolvimento de instituições públicas transparentes, responsáveis e eficazes. O auxílio Tacis inclui o
aconselhamento em matéria de reforma administrativa, a cada um dos ministérios, o aconselhamento na
elaboração de legislação moderna — compatível,
sempre que apropriado, com as normas da UE — e o
apoio à reforma do poder judicial.
Vale a pena sublinhar, também, que o programa de
parcerias Tacis para o reforço das instituições, recentemente criado, apoia três tipos principais de cooperação
em parceria: entre os ministérios da administração central e as agências; entre as autarquias locais e a administração regional; e entre as ONG. No quadro das parcerias, funcionários dos Estados-Membros da UE são destacados para trabalhar directamente na instituição beneficiária, por exemplo, para ajudar a preparar legislação
nova, reformar estruturas institucionais, dar formação
sobre software de sistemas, bem como outra formação,
directamente no terreno ou no Estado-Membro.
Em 2001, foram executados trinta projectos de reforço
das instituições com uma perspectiva ambiental.
Grande parte concentrava-se no desenvolvimento
institucional da administração central e local. Houve
também dois grandes projectos co-financiados, um em
São Petersburgo, na Rússia, concebido para reduzir a
poluição no Báltico, e outro na região do mar Negro,
com o objectivo de melhorar a qualidade da água, o
turismo e a saúde pública em duas cidades costeiras
ucranianas. No mesmo ano, foi lançado investimento
adicional de apoio aos serviços municipais.
No que diz respeito ao desenvolvimento económico, a
reforma ainda é necessária em algumas áreas funda-
© Christophe Masson
O Ministério da Agricultura ofereceu o seu apoio
activo ao longo de todo o projecto, e o Governo já
executou grande parte das recomendações do
programa.
Mercado de Samarcanda.
mentais, incluindo quadros jurídicos para o sector
privado, políticas comerciais e de investimento, a tributação e o acesso ao financiamento. Os projectos e
programas Tacis visavam tratar estes problemas quer
ao nível das bases (o desenvolvimento de pequenas e
médias empresas — PME) quer ao nível institucional.
Reforço das instituições — Autorizações em 2001
(em milhões de euros)
País
Montante
Geórgia
3,0
Cazaquistão
9,0
Quirguizistão
4,7
Moldávia
9,7
Rússia
45
Ucrânia
20,5
Total
91,9
5.6. Políticas macroeconómicas
Apoiar a reforma económica e desenvolver o sector
privado é um objectivo central do programa Tacis. Em
2001, a estratégia da UE continuou a centrar-se no
estímulo ao crescimento empresarial, prosseguindo o
apoio às novas instituições da economia de mercado.
Tem-se procurado activamente a cooperação com
outros organismos internacionais e a manutenção de
relações fortes com parceiros locais.
85
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
pequenas empresas na Rússia — caracterizaram esta
tendência. Através da sua contribuição para a reforma
legislativa e política e, simultaneamente, para o
reforço da actividade empresarial, os projectos da UE
assumiram uma importância vital na Federação da
Rússia e em todos os novos Estados independentes.
© Carl Cordonnier
Durante a primeira fase do programa de formação de
gestores (PFG), o programa de estágios para gestores
dos novos Estados independentes permitiu a realização, em 2001, de 440 estágios em empresas da UE,
com uma duração máxima de três meses. No mesmo
ano, foram contratados mais 9,1 milhões de euros para
o PFG.
Impacto social das privatizações: apoio a um centro de acolhimento de
mulheres e crianças com problemas familiares, de trabalho ou relacionados
com o álcool, Tekeli (Cazaquistão).
Este projecto visava dinamizar cinco cidades de
regiões mineiras seleccionadas com o intuito de as
transformar em motores de desenvolvimento urbano
e regional. Apoiou a acção das novas administrações
municipais em cidades mineiras afectadas pela reestruturação industrial. As actividades incluíram o apoio
ao desenvolvimento de estratégias económicas, o
desenvolvimento de estratégias e de meios para atrair
o investimento para essas áreas, o desenvolvimento
da aptidão técnica local através da formação, o apoio
à infra-estrutura de PME, o desenvolvimento de
fundos de microcrédito e a preparação de uma estratégia de difusão para envolver todas as localidades
mineiras. Levou-se a cabo uma série de iniciativas
«porta-estandarte» em cada localidade, destinadas a
funcionar como referência para uma série de actividades de regeneração económica. O processo de
desenvolvimento do planeamento municipal teve — e
© Joaquin Silva Rodrigues
Entre os desafios que se colocam ao Tacis, continua a
destacar-se o actual ambiente regulamentar, o acesso
inadequado ao financiamento e investimento e a deficiente qualidade das práticas empresariais. Os
programas europeus concentraram-se nestas áreas
problemáticas, com quase 200 projectos num orçamento total de cerca de 300 milhões de euros.
Projectos como o apoio à reforma contabilística no
Azerbaijão e o apoio à integração na OMC — bem
como o apoio ao desenvolvimento de uma cultura de
MERIT 1 — Apoio a cidades de monoactividade
económica e, em particular, desenvolvimento de
cidades mineiras na Federação da Rússia
86
Mulheres no mercado (vale do Ferghana, Usbequistão).
© Joaquin Silva Rodrigues
Europa Oriental, Cáucaso e Ásia Central
Escola em Khatlon (Tajiquistão).
continuará a ter, após o Tacis — um carácter «participativo» em todas as localidades, isto é, tem em conta
os pontos de vista da comunidade alargada, incluindo
os representantes da autoridade local e os sectores
empresarial e social.
Assistência macroeconómica — Autorizações em 2001
(em milhões de euros)
País
Montante
Geórgia
1,0
Cazaquistão
2,5
Quirguizistão
2,8
Moldávia
3,0
Rússia
22,0
Ucrânia
13,0
Total
44,3
5.7. Saúde e educação
5.7.1. Saúde
A degradação da prestação de cuidados de saúde na
Europa Central e Oriental contribuiu para uma queda
da esperança média de vida, em muitos casos dramática. Por exemplo, ao longo da última década, a esperança média de vida na Rússia caiu de 68 para 58 anos.
Um elevado número de doenças que estavam controladas ou tinham sido erradicadas reemergiram e estão
a disseminar-se, por exemplo, a difteria, a cólera e a
tuberculose. A sida também está a progredir de forma
descontrolada.
A Comissão Europeia aborda as questões da saúde, em
particular, no seu programa de assistência ao Usbequistão. O quadro a seguir oferece uma síntese das
acções do Tacis no sector da saúde em 2001.
Entre outros, estão em preparação os seguintes
projectos: «Prevenção e controlo da tuberculose (cidade
de Kiev)», na Ucrânia (2 milhões de euros); «Apoio aos
cuidados de saúde primários integrados na região de
Kakheti», na Geórgia (5 a 7 milhões de euros); e «Saúde
regional no Usbequistão» (2 milhões de euros).
5.7.2. Educação
O principal instrumento do apoio Tacis ao sector da
educação é o programa Tempus (1). O objectivo deste
(1) O Tempus visa apoiar a reforma do sistema de ensino superior na Europa Central e Oriental e abrange a Arménia, Azerbaijão, Bielorrússia, Geórgia, Mongólia, Rússia, Ucrânia e Usbequistão.
87
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
programa é apoiar a reforma e a reestruturação dos
sistemas de ensino superior nos novos Estados independentes e ajudar a adaptá-los às novas necessidades
socioeconómicas. O Tempus tem três vectores principais: os «projectos europeus conjuntos», os «projectos
de redes» e as «bolsas individuais para a mobilidade».
Desenvolvimento social – Autorizações em 2001
(em milhões de euros)
País
Montante
Cazaquistão
1,0
Quirguizistão
0,9
Moldávia
6,8
Rússia
23,0
Ucrânia
5.8.2. Actividades das ONG
O desenvolvimento da sociedade civil é outra componente fundamental do programa Tacis, sobretudo no
que diz respeito ao apoio à reforma institucional,
legislativa e administrativa.
13,5
Total
45,2
5.8. Questões transversais
5.8.1. Iniciativa Europeia para
a Democracia e os
Direitos do Homem
Em 2001, a Iniciativa Europeia para a Democracia e a
os Direitos do Homem (IEDDH) realizou projectos na
Europa Oriental, Cáucaso e Ásia Central num
montante superior a 7,5 milhões de euros.
A IEDDH atribuiu 2,6 milhões de euros a um projecto
destinado à promoção e defesa dos direitos humanos e
das liberdades fundamentais na Federação da Rússia.
O objectivo deste projecto era o reforço e a protecção
dos direitos humanos, no quadro de um programa de
acompanhamento nas 89 regiões da Rússia e em especial o norte do Cáucaso. Na Geórgia, a IEDDH
implantou um projecto para a reabilitação de sobreviventes da tortura e para a prevenção da tortura no
futuro.
A IEDDH disponibilizou 3 milhões de euros para o apoio
ao processo de democratização e o reforço da boa
governação. Na Bielorrússia, um projecto conjunto com
a Organização de Segurança e Cooperação na Europa,
iniciado em 1999, aumentou os conhecimentos dos jovens em matéria de direitos humanos. Na Rússia, um
programa conjunto com o Conselho da Europa tem
vindo a reforçar a boa governação e a protecção dos
direitos humanos. Na Ucrânia, um programa conjunto
com o Conselho da Europa visa reforçar a estabilidade
democrática e a prevenção de conflitos. A Moldávia
adoptou um conjunto importante de normas europeias
em matéria de governação, direitos humanos e tratamento humanitário de reclusos.
88
Conselho da Europa, em particular no que respeita ao
estabelecimento de sociedades democráticas baseadas
na boa gestão pública, na tolerância e no respeito dos
direitos do Homem. Outro projecto conjunto visava
lutar contra a corrupção e o crime organizado e
reforçar as medidas de redução de conflitos e a
promoção da boa governação. Pela primeira vez em
2001, a IEDDH participou na prevenção de conflitos e
no reforço do respeito pelos direitos do homem no
Cáucaso.
O apoio à prevenção de conflitos e à promoção da paz
é uma das grandes prioridades da IEDDH. Em 2001, a
UE trabalhou com o Conselho da Europa num
programa para apoiar a Arménia, o Azerbaijão e a
Geórgia no processo de integração destes países no
Em Novembro de 1999, foi aprovado em Minsk um
programa especial para o desenvolvimento da sociedade civil da Bielorrússia. A sua execução arrancou no
início de 2001. Estão em curso 24 projectos de ONG,
cinco projectos para a comunicação social e um
projecto institucional de geminação.
As propostas finais para o programa Tacis LIEN (que
promove parcerias entre ONG) foram apresentadas na
Primavera de 2001. Foram seleccionados vinte
projectos, actualmente em execução. O montante total
do programa é de 3,2 milhões de euros. O programa
Tacis de geminação de cidades tem em curso 35
projectos (orçamento total de 3,5 milhões de euros),
que serão concluídos em 2002.
Os programas LIEN e de geminação de cidades foram
substituídos pelo programa de parceria de reforço das
instituições/apoio à sociedade civil e às iniciativas
locais. O novo programa dirige-se às ONG, às autoridades locais e regionais e a associações profissionais.
Apoia um processo de reforço das instituições através
de uma parceria de cooperação entre a UE e os novos
Estados independentes ao nível de base. Em Dezembro
de 2001 foi lançado um convite à apresentação de
propostas, e a execução do projecto deverá iniciar-se
no Outono de 2002. O orçamento total para este
programa é de 15 milhões de euros ao longo de dois
anos.
«Assistência de ONG a pessoas com deficiências»
e «Criação de um centro de consultas para crianças
incapacitadas»
Este projecto foi desenvolvido pelas ONG bielorrussas
para melhorar a sua capacidade de auxílio a pessoas
com deficiências. O objectivo é o desenvolvimento da
cooperação entre as ONG e os centros de emprego,
tendo em vista a criação de oportunidades de
trabalho para os deficientes, a revisão da legislação
existente e a proposta de novas regras para facilitar o
emprego de pessoas com deficiências. As instalações
para o gabinete do projecto foram disponibilizadas
gratuitamente pelo Ministério do Trabalho. Este facto
constitui um sinal importante por parte das autoridades nacionais. Espera-se que o projecto produza
resultados positivos e sustentáveis, como exemplo de
assistência das ONG e de colaboração com o Governo
da Bielorrússia.
Europa Oriental, Cáucaso e Ásia Central
5.9. Coerência com
outras políticas
Por exemplo, uma vez que a assistência Tacis aos novos
Estados independentes ocidentais integra, geralmente,
num quadro mais vasto de apoio da Comunidade aos
países candidatos à integração, através do Phare e do
Interreg (1), é também essencial assegurar uma melhor
coordenação entre o Tacis, o Phare e o Interreg. Em
Abril de 2001, a Comissão produziu um guia prático
relativo à aproximação entre Interreg e Tacis (2), num
primeiro passo para a coordenação destes dois instrumentos.
Em segundo lugar, a Comissão Europeia está a envidar
esforços para assegurar a complementaridade do
programa Tacis relativamente ao apoio fornecido a
estes países através de outros instrumentos da CE —
por exemplo, os programas para a Moldávia e o Quirguizistão desenvolvidos em 2001 contêm elementos
ligados a projectos levados a cabo através do
programa de segurança alimentar da CE. Da mesma
forma, as actividades do Tacis na esfera do sector
privado e do desenvolvimento económico procuram
criar um clima favorável, compatível com as condições
estipuladas nos termos da assistência macroeconómica
da CE (ver ponto 5.6).
5.10. Cooperação com
outros doadores
A coordenação continuada e a complementaridade
com as actividades de outros doadores, em particular
os Estados-Membros da UE, são uma prioridade estratégica fundamental do Tacis. Uma maior coordenação
a nível de país é um resultado directo do aprofundamento das relações entre as delegações da CE e as
representações dos Estados-Membros em países
parceiros. Os novos programas são preparados em
consulta aprofundada com outros doadores e através
dos processos formais de aprovação da Comissão (por
exemplo, o Comité de Gestão do Tacis). As relações
com organizações exteriores à UE — em particular o
Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional —
têm sido reforçadas por uma cooperação continuada,
sobretudo em áreas como a da execução do DERP e,
no Quirguizistão, do quadro geral de desenvolvimento.
© ECHO/P. Taylor
A coerência com outras políticas assume duas formas.
Em primeiro lugar, a Comissão Europeia coordena
cuidadosamente as propostas de actividades de assistência Tacis com as direcções-gerais da Comissão
responsáveis por todas as outras políticas sectoriais da
UE pertinentes, incluindo o ambiente, a energia, os
transportes, a justiça e assuntos internos, a concorrência, o comércio, o emprego e a política regional.
Alimentação terapêutica das crianças — Acção contra a fome, Kurgan Tube,
região de Khatlon (Tajiquistão).
5.11. ECHO
A generalidade da situação humanitária nos NEI não
melhorou significativamente em 2001. É evidente que
as causas da difícil situação humanitária em que se
encontram os estratos mais vulneráveis da sociedade
nos NEI são de natureza estrutural. Exigem uma abordagem mais sustentável, de longo prazo, e portanto
ultrapassam os limites do mandato do ECHO. Todavia,
tendo em consideração certos atrasos na transferência
de actividades para instrumentos da Comissão mais
apropriados do que o ECHO, o Serviço de Ajuda Humanitária prosseguiu a sua assistência, se bem que num
grau reduzido. O objectivo era aliviar a situação
precária dos grupos mais vulneráveis, como o das
crianças em instituições, dos idosos que vivem sozinhos, das pessoas com deficiências e das famílias
numerosas em situação de risco. Em 2001, o ECHO
prosseguiu e praticamente concluiu a sua retirada
progressiva da Bielorrússia, da Moldávia e da
Ucrânia bem como do sul do Cáucaso (Azerbaijão,
Geórgia e Arménia).
Da mesma forma, no Tajiquistão os financiamentos a
título do plano global foram reduzidos (para 10
milhões de euros), tendo sido dada prioridade aos
sectores alimentar, sanitário e da água e saneamento
básico. No entanto, em resposta à segunda seca grave
consecutiva que afectou o país, foi decidido um
reforço de emergência no montante de 2 milhões de
euros, para financiar programas de segurança
alimentar de pequena escala, em benefício da população rural mais vulnerável. O ECHO prossegue a sua
retirada progressiva do país (que deverá estar
(1) O Interreg é uma iniciativa da CE financiada pelos fundos estruturais, que promove a cooperação inter-regional nas zonas de fronteiras
(internas) da UE.
(2) Ver: http://europa.eu.int/comm/regional_policy/Interreg3/doc/docu_en.htm.
89
© ECHO
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
Campo de refugiados chechenos na Inguchia.
concluída no final de 2003). A cooperação estreita com
outros serviços da Comissão tem permitido uma transição serena da ajuda de emergência (até aqui financiada pelo ECHO) para as actividades de reabilitação e
desenvolvimento (apoiadas por instrumentos da
Comissão mais apropriados e pelos Estados-Membros),
visando suprir as necessidades a mais longo prazo. A
atenção especial que a comunidade internacional
dedica à Ásia Central, relacionada com a crise afegã,
parece estar a actuar como um catalisador no que diz
respeito a este último aspecto.
90
Na Federação da Rússia, o ECHO continua activo no
norte do Cáucaso, cobrindo as significativas necessidades humanitárias da população afectada por este
segundo conflito na Chechénia (40,35 milhões de
euros). O conflito eclodiu em finais de 1999 e ainda
não está à vista uma solução política. As hostilidades
armadas na Chechénia provocaram grandes deslocações de pessoas na região do norte do Cáucaso, sobretudo da Chechénia para a vizinha Ingúchia (que
acolheu cerca de 150 000 deslocados). No entanto, os
esforços da comunidade humanitária internacional
para ajudar a suprir essas necessidades têm sido geralmente frustrados pelas condições de trabalho extremamente difíceis, em particular devido à existência de um
sistema de acesso à Chechénia aleatório e opaco e à
impossibilidade de as ONG utilizarem a comunicação
rádio VHF (fundamental para a segurança do pessoal
humanitário). A assistência ECHO beneficiou cerca de
400 000 civis, vítimas do conflito, provendo ajuda
alimentar básica, melhorando as condições em termos
de água e saneamento nos campos de deslocados e em
campos espontâneos na Ingúchia e as condições da
população residente em Grozni, a capital chechena.
Além disso, 40 000 deslocados a viver em campos na
Ingúchia e na Chechénia beneficiaram de cuidados de
saúde primários assegurados por parceiros do ECHO.
Deslocados, repatriados e residentes em todo o norte
do Cáucaso puderam contar com actividades de
protecção financiadas pelo ECHO, nomeadamente
aconselhamento jurídico. A coordenação da assistência
humanitária internacional também foi apoiada.
Ainda em 2001, o ECHO atribuiu 1,03 milhões de euros
à resposta a necessidades humanitárias criadas por um
Inverno desastroso, que afectou uma grande parte da
população rural da Mongólia. Foram financiadas
operações de ajuda a 40 mil pessoas, entre as mais
vulneráveis, com alimentos básicos e produtos intermédios para a agricultura.
ECHO: Decisões financeiras — 2001
(em milhões de euros)
País/sub-região
Montante
Bielorrússia, Moldávia, Ucrânia
1,900
Mongólia
1,030
Federação da Rússia (crise da Chechénia)
Arménia, Geórgia
40,350
3,150
Tajiquistão
12,000
Total
58,430
5.12. Controlo de resultados
Em 2001, todos os projectos Tacis nacionais e regionais
foram sujeitos a missões de acompanhamento regulares, levadas a cabo por observadores externos.
O seu desempenho foi considerado entre médio e
bom, com maior tendência para esta última classificação nos projectos concluídos em 2001.
As equipas de acompanhamento do Tacis operaram a
partir de quatro gabinetes, em Moscovo, Kiev, Almaty
e Tbilissi, tendo a maior parte do trabalho de acompanhamento sido realizado por especialistas residentes a
longo prazo. No final de 2001, o acompanhamento do
Tacis foi integrado no sistema global de acompanhamento.
© Joaquin Silva Rodrigues
Europa Oriental, Cáucaso e Ásia Central
Vale do Ferghana (Quirguizistão).
5.13. Conclusões e perspectivas
O programa Tacis é hoje um actor solidamente estabelecido na Europa, no Cáucaso e na Ásia Central e
adapta-se gradualmente às novas necessidades dos
seus parceiros, numa altura em que o processo de transição chega ao fim e é substituído por novos desafios.
Actualmente, o Tacis tem em conta as diferenças crescentes entre os diversos países parceiros, assegurando,
ao mesmo tempo, que as intervenções regionais são
adequadamente dirigidas às verdadeiras necessidades
regionais. Nos termos do novo regulamento do Tacis, o
programa continuará a ser executado nas áreas onde
tem o melhor historial de eficácia. Assim sendo,
concentrar-se-á, fundamentalmente, no apoio à
reforma institucional, legislativa e administrativa, retirando-se progressivamente das actividades no domínio
do desenvolvimento rural. Com o evoluir do processo
de alargamento, a assistência da CE concentrar-se-á
nas questões regionais e transfronteiras entre os novos
Estados independentes ocidentais e os países prestes a
integrar a União Europeia.
91
6. Mediterrâneo
do Sul, Próximo
e Médio Oriente
© Annie Martinez Alonso
Sete anos depois do seu
lançamento — num
contexto de instabilidade
regional marcado pelo
agravamento do conflito no
Próximo Oriente —,
é conveniente reafirmar a
importância estratégica da
parceria euromediterrânica
inaugurada em 1995 em
Barcelona pelos 15
Estados-Membros da União
Europeia e pelos 12 países
parceiros mediterrânicos.
O modelo de cooperação
criado ultrapassa, hoje em
dia, em larga medida, o
simples quadro económico
e tem por objectivo criar
as condições para uma estabilidade regional duradoura
prévia, indispensável
a qualquer tentativa
de prosperidade comum
da zona mediterrânica.
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
Em 2001, a parceria euromediterrânica é um processo
que chegou à maturidade. Tornou-se o único quadro
regional de diálogo, assim como um conceito único de
desenvolvimento evolutivo e global que permite a
aplicação de políticas e estratégias comuns na zona
mediterrânica.
Presentemente, os acordos euromediterrânicos de
associação concluídos ou em negociação com nove
países parceiros representam, a nível bilateral, o
quadro de cooperação privilegiado com a UE. A
conclusão desses acordos contribui igualmente, a nível
regional, para reforçar as relações entre os países
parceiros. A este propósito, convém mencionar, a
título exemplificativo, a conclusão dos acordos sub-regionais de comércio livre, tal como o processo de
Agadir, entre Marrocos, a Tunísia, o Egipto e a
Jordânia, que ilustra a vontade de abertura económica
recíproca desses quatro países do Magrebe e do
Machereque.
6.1. Introdução
Lançada na Conferência de Barcelona, em 1995, a
parceria euromediterrânica constitui o quadro de
cooperação privilegiada entre a União Europeia e os
países parceiros mediterrânicos. Nela se acolhem todas
as acções de cooperação desenvolvidas em conjunto
para enfrentar os desafios de natureza política, económica, social e ambiental que condicionam o futuro da
região geopolítica do Mediterrâneo.
Situação dos acordos euromediterrânicos em 2001
Acordos já em vigor
Tunísia, Autoridade Palestiniana (*),
Israel, Marrocos
Acordos que aguardam
ratificação
Jordânia (**), Egipto (***),
Argélia (****), Líbano (****)
Negociações em curso
Síria
(*)
(**)
Acordo preliminar.
O acordo de associação com a Jordânia deverá ser ratificado
em Março de 2002, estando a sua entrada em vigor prevista
para Maio de 2002.
(***) O acordo de associação com o Egipto foi assinado em 26 de
Junho de 2001.
(****) Foram assinados acordos de associação com a Argélia em 19 de
Dezembro de 2001 e deverão ser assinados com o Líbano em
Janeiro de 2002.
A falta de homogeneidade política e a precariedade
do tecido social são os principais factores de exclusão
social e de pobreza nos países do sul do Mediterrâneo.
Em 2001, a média regional do rendimento por habitante situava-se nos 1 512 dólares por ano, com disparidades acentuadas consoante os países (dos 990
dólares da Síria aos mais de 5 000 do Líbano). A
redução destas desigualdades exige um esforço específico nos domínios da educação, da formação profissional e da saúde, bem como uma maior coordenação
com os Estados-Membros e as organizações internacionais. A luta contra a pobreza constitui precisamente a
base da nova abordagem comunitária em matéria de
desenvolvimento duradouro e continua a ser um
objectivo fundamental da estratégia de cooperação da
União Europeia com os países mediterrânicos.
Em 2001, o montante total dos fundos autorizados pela
Comissão para as acções de cooperação ligadas à parceria
euromediterrânica foi de 857,8 milhões de euros,
elevando-se os pagamentos a 564,6 milhões de euros. O
programa MEDA beneficiou da maior parte dos fundos
autorizados em 2001, com 757,4 milhões de euros, tendo
os pagamentos atingido um total de 403,7 milhões de euros. Os fundos autorizados a título das várias rubricas
orçamentais específicas (processo de paz; UNRWA: assistência aos refugiados palestinianos) representaram, por
seu lado, 100,4 milhões de euros, enquanto os pagamentos se elevaram a 160,9 milhões de euros.
Neste contexto, o desenvolvimento económico e social
dos países e territórios do Mediterrâneo do sul e do
Próximo e Médio Oriente constitui uma aposta decisiva
para a estabilidade e prosperidade regional de toda a
região mediterrânica.
A cooperação regional constitui um dos traços mais
originais da parceria euromediterrânica e permite
organizar actividades comuns e trocas de experiências
e informações entre os 27 países ou territórios
parceiros das duas margens do Mediterrâneo. Esta
cooperação baseia-se num programa indicativo
regional e traduz-se, na prática, pela aplicação operacional de programas regionais, cada um deles consagrado ao desenvolvimento de um domínio específico
de cooperação.
O programa MEDA (1) é o principal instrumento financeiro da parceria euromediterrânica, uma vez que, por
si só, assegurou mais de 88% do montante total das
acções de cooperação financiadas em 2001. A União
desenvolve igualmente acções de cooperação mais
específicas nos domínios do apoio ao processo de paz
no Médio Oriente, da ajuda aos refugiados palestinianos e do apoio à democracia.
94
Os acordos euromediterrânicos de associação,
concluídos ou em negociação, com 9 países parceiros
mediterrânicos constituem o quadro estratégico de
cooperação bilateral — no qual se inserem as acções
comunitárias. Assim, foram efectuados, em 2001,
progressos significativos com a Argélia e o Líbano,
países que assinaram acordos de associação com a
União Europeia. Foi dada prioridade ao apoio aos
projectos identificados nos programas indicativos
nacionais (PIN) estabelecidos com 9 parceiros nos
domínios da transição económica (ajustamento estrutural e desenvolvimento do sector privado), da manutenção da coesão social (educação, saúde e desenvolvimento rural) e da promoção da sociedade civil.
6.2. Cooperação regional
A cooperação regional beneficiou em 2001 da aprovação pela Comissão de um plano de financiamento
no montante de 200 milhões de euros, autorizado em
(1) O programa MEDA rege-se pelo Regulamento (CE) n.º 1488/96 do Conselho, de 23 de Julho de 1996, relativo às medidas financeiras e
técnicas de apoio à reforma das estruturas económicas e sociais no âmbito da parceria euromediterrânica, alterado em 27 de
Novembro de 2000 pelo Regulamento (CE) n.º 2698/2000, correntemente designado por MEDA II.
Mediterrâneo
Parceria euromediterrânica — Autorizações
e pagamentos em 2001 (em milhões de euros)
Autorizações
Programas
Pagamentos
2001
2000
2001
2000
Argélia
60,00
30,2
5,4
0,4
Cisjordânia/Gaza
—
96,7
62,0
31,2
Egipto
—
12,7
62,5
64,4
Jordânia
20,0
15,0
10,8
84,5
Líbano
Marrocos
Síria
Tunísia
—
—
2,0
30,7
120,0
140,6
41,1
39,9
8,0
38,0
1,9
0,3
90,0
75,7
69,0
15,9
Turquia (fora
da dotação global)
147,0 (*) 310,4 (*)
MEDA bilateral
445,0
719,3
MEDA regional
312,4
159,8
62,6
48,0
Total bilateral/
Regional
757,4
879,1
403,7
330,5
Outras rubricas
orçamentais
100,4
122,8
160,9
141,7
Total
857,8
1 002,0
564,6
472,2
86,4
15,2
341,1
282,5
(*) Os fundos atribuídos à Turquia a título do programa MEDA
(rubrica orçamental B7-4100) são geridos directamente pela DG
Alargamento.
© Jauson
MEDA
Canal de rega, região de Haouz (Marrocos).
Autorizações/pagamentos em 1995-2001
(em milhões de euros)
1995 1996 1997 1998 1999
2000
2001
Total
Autorizações 173
404
981
941 937 879,1 757,4 5 071,6
Pagamentos
50
155
211
231 243 330,5 403,7 1 624
Rácio
pagamentos/
/autorizações
29
38
21
24
26
37,6
53,3
32,0
2001 e destinado a 7 programas específicos cuja
concretização se estenderá por vários anos. A adopção
deste plano de financiamento regional visa perenizar
actividades e projectos existentes em domínios como o
ambiente (30 milhões de euros) ou o intercâmbio
cultural entre jovens (10 milhões de euros), mas prevê
também o lançamento de acções novas, nomeadamente em sectores como o capital de risco (50 milhões
de euros) e os transportes (20 milhões de euros).
No quadro da vertente política e de segurança, a
Comissão continuou a desenvolver acções com vista à
aproximação dos países e dos povos. Foram executadas
três acções: realização de dois seminários de formação
para os diplomatas dos países MEDA; financiamento
da rede EuroMeSCo, que reúne especialistas indepen-
dentes de institutos de política externa; participação
dos serviços nacionais de protecção civil dos 27
parceiros euromediterrânicos em quatro cursos de
formação, no âmbito de um projecto-piloto destinado
a uma melhor prevenção dos acidentes e catástrofes
naturais.
No quadro da vertente económica e financeira, a
Comissão prosseguiu a execução dos programas e
projectos existentes nos sectores da energia, do
ambiente, da sociedade da informação e da estatística.
Foram lançados cinco projectos no domínio da gestão
da água e outros cinco destinados a melhorar a segurança marítima. A cooperação industrial centrou-se nos
três seguintes temas: promoção dos investimentos,
desenvolvimento da inovação, da tecnologia e da qualidade nas empresas e desenvolvimento dos instrumentos
do mercado euromediterrânico. No domínio da energia
foram lançados quatro projectos. No domínio das
tecnologias ligadas à sociedade da informação, foram
seleccionadas, no ano passado, no quadro do programa,
16 propostas. No domínio do ambiente, estrearam-se
em 2001 cinco projectos, que abrangem uma vasta
gama de acções, desde a gestão e tratamento dos resíduos urbanos até à promoção da agricultura biológica.
No domínio estatístico, o objectivo continua a ser a
harmonização dos dados quantitativos relativos a todos
os sectores do espaço euromediterrânico. Foram publicados dois anuários estatísticos (1), um relativo aos dados regionais e outro ao turismo.
(1) «Estatísticas euromediterrânicas» (ISSN 1561-4034); «Tourism trends in Mediterranean countries» (ISBN 92-894-0066-8); Serviço das
Publicações Oficiais das Comunidades Europeias, L-2985 Luxembourg.
95
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
definidos como novos domínios de acção prioritários.
Por último, a UE previu a preparação de um programa
regional no domínio da informação e da comunicação.
© Gehringer
Jovens voluntárias marroquinas e europeias empenhadas na acção social em Túnis
Promoção do diálogo intercultural através da cooperação no domínio da
cultura.
No quadro da vertente social, cultural e humana, os
programas regionais relativos ao audiovisual, ao património cultural e à juventude foram concretizados
através dos programas Euromed Audiovisual (seis
projectos), Euromed Juventude (26 projectos) e da
primeira fase do programa Euromed Heritage (15
projectos dedicados à preservação do património
comum mediterrânico e 10 propostas seleccionadas
para a segunda fase). A promoção da participação das
mulheres no desenvolvimento económico e o desenvolvimento da cooperação judiciária foram igualmente
Cooperação regional: projectos autorizados em 2001
(em milhões de euros)
Designação do projecto
Gestão da água (*)
40
Política de transportes (*)
20
SMAP II (Short and Medium-Term Priority
Environmental Action Programme) (*)
30
Medstat II (*)
30
Eumedis II (*)
20
Euromed Juventude II (*)
10
BEI — Risk Capital (*)
50
CGIAR (Consultative Group
on International Agricultural Research)
1,5
Fórum Energia
Renovação de autorizações
Actividades regionais diversas
Subtotal
Dotação
global
Assistência
técnica
Total
96
Montante
2
24,8
4,3
232,4
33
46,8
312,4
(*) Projectos incluídos no plano de financiamento regional MEDA
2001, num montante global de 200 milhões de euros.
No âmbito do programa Euromed Juventude, quatro
jovens europeias — duas alemãs e duas francesas — e
duas jovens marroquinas desenvolveram em conjunto,
em Túnis, em Dezembro de 2001, várias acções de
assistência social em bairros muito desfavorecidos.
Estas jovens ocuparam-se de pessoas idosas e crianças
abandonadas em dois centros sociais do bairro de La
Manouba. Intervieram igualmente na ajuda a jovens
desfavorecidas provenientes dos meios rurais, no
bairro de Chebedda, e a raparigas do centro de assistência social do bairro de Radés. A UE financiou esta
operação, que teve a duração de 6 meses, com 20 000
euros. A associação tunisina de acção voluntária
(ATAV) assegurou a coordenação no terreno,
acolhendo e alojando as jovens voluntárias.
6.3. Transportes
e infra-estruturas
O desenvolvimento e o reforço das infra-estruturas
básicas e das redes de transportes, de energia e de
telecomunicações, no quadro dos programas bilaterais
e regionais, correspondem aos objectivos prioritários
da parceria euromediterrânica. Para a concretização
destes objectivos, estavam em curso, em 2001, 49
projectos no quadro dos programas bilaterais, com um
montante total de autorizações da ordem dos 570
milhões de euros.
Em 2001, privilegiou-se a integração e coordenação
dos programas propostos ou em execução com as
outras acções comunitárias, nomeadamente as acções
desenvolvidas pelo Banco Europeu de Investimento e
pelos Estados-Membros. A protecção do ambiente e o
impacto no desenvolvimento sustentável foram sistematicamente considerados na fase preparatória de
avaliação dos projectos.
No plano operacional, os principais resultados obtidos
em 2001 foram os seguintes:
Em Marrocos, intensificou-se em 2001 o apoio comunitário ao desenvolvimento dos serviços públicos
responsáveis pela gestão da água, da energia e dos
transportes. No quadro dos programas de abastecimento de água e de saneamento em meios rurais,
registaram-se os seguintes progressos: melhoria do
sistema de abastecimento a 13 aglomerados e 438
aduares, com um total de 423 000 habitantes; construção, em curso, de 65 km de pistas rurais nas províncias do norte (pagamentos efectuados em 2001: 3,25
milhões de euros); lançamento de um importante
programa de electrificação descentralizada, servindo
15 000 agregados familiares marroquinos, em complementaridade com Estados-Membros (Alemanha e
França) e as autoridades locais. A estas realizações,
importa acrescentar a quebra do isolamento das
regiões costeiras do norte do país, graças à conclusão
das acções preparatórias da construção do troço El
Mediterrâneo
Jehaba-Ajdir da estrada de cintura mediterrânica (109
km) e às obras de reabilitação e de construção de
infra-estruturas sociais em curso — para realojamento
de 20 000 habitantes dos bairros de barracas de Salé —
na periferia de Rabat (pagamentos efectuados em
2001: 1 milhão de euros).
Na Síria, foram assinadas em 2001 três novas convenções de financiamento nos sectores da electricidade,
das telecomunicações e do turismo cultural, no valor
global de 24 milhões de euros, o que denota o
regresso a um ritmo de cooperação mais regular. Estes
programas estão na sua fase inicial. Por outro lado, foi
igualmente tomada a decisão de financiar, até 8
milhões de euros, um programa de saneamento dos
campos de refugiados palestinianos na Síria.
Na Jordânia, foi constituída e já está operacional uma
equipa de assistência técnica junto da Unidade de
Gestão de Projecto (40 pessoas), encarregada de assegurar a coordenação dos programas de reabilitação e
de desenvolvimento das redes de água da região de
Aman. A inauguração, em 2002, dos projectos de abastecimento de água das regiões de Karak e Tafilah
tornou possível o fornecimento às populações da
região de um serviço público essencial. Por último, a
Comissão apoia o desenvolvimento do turismo
cultural, através da valorização de dois sítios arqueológicos e da assistência técnica prestada ao Conselho do
Turismo.
Na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, e não obstante
as dificuldades acrescidas devido ao agravamento da
situação e ao reforço do bloqueio dos territórios autónomos palestinianos, a prioridade da União Europeia
continua a ser a melhoria das condições de vida da
população palestiniana. Neste contexto, o prosseguimento dos trabalhos em curso para a construção de
infra-estruturas básicas (escolas, estradas, centros de
cuidados de saúde primários, redes de saneamento,
recolha de resíduos, etc.) constitui, só por si, um facto
que importa realçar. A manutenção e desenvolvimento
destas infra-estruturas essenciais são indispensáveis —
e permitirão, quando as condições estiverem de novo
reunidas, um rápido relançamento da economia palestiniana. Um êxito notável: em 2001, todos os serviços
do Hospital de Gaza, com 188 camas ao serviço de uma
população de 350 000 habitantes, ficaram inteiramente operacionais e acolheram cerca de 2 000
pacientes por mês. Por último, vale a pena referir a
reabilitação da biblioteca da Escola Bíblica de Jerusalém, inaugurada em 17 de Dezembro de 2001 pelo
presidente Prodi.
Construção de escolas na Cisjordânia e na Faixa
de Gaza
Entre 1996 e 2001, foram construídas na Cisjordânia e
na Faixa de Gaza 21 escolas e outras infra-estruturas
escolares. Este projecto de infra-estruturas básicas
para a educação primária e secundária foi realizado
graças ao apoio da CE, que contribuiu para o seu
financiamento com 14 milhões de euros.
Os municípios palestinianos beneficiários dispõem
agora de 311 novas salas de aula, com uma capacidade total de mais de 14 000 alunos. Para além do seu
benefício pedagógico e educativo, este projecto teve
igualmente um impacto substancial no ambiente
económico e social do país, tendo a sua construção
permitido gerar cerca de 100 000 dias de trabalho para
os operários, os quadros, os técnicos de construção
civil e os fornecedores palestinianos de equipamentos.
Por último, no Irão, estão em vias de conclusão os
trabalhos de equipamento e de construção de
infra-estruturas anexas a dois hospitais já construídos
em Manjil e Abbar Taroum, no quadro de um
programa de ajuda.
Transportes e infra-estruturas: projectos autorizados
em 2001 (em milhões de euros)
Transportes
e infra-estruturas
País
Designação do projecto
Montante
Água
Marrocos Ajustamento sectorial — água
Água
Síria
120
Ambiente e saúde/
/Campos de refugiados
8
Total
128
6.4. Segurança alimentar
e desenvolvimento rural
70% das populações do Próximo Oriente e do Norte de
África que vivem abaixo do limiar de pobreza habitam
em zonas rurais, onde as condições de vida são geralmente mais precárias do que nos aglomerados
urbanos. O subdesenvolvimento rural da maior parte
dos países mediterrânicos do sul está ligado à sua
situação climática, mas também à sobrexploração dos
ecossistemas, que perturba os equilíbrios naturais.
Em 2001, as acções de desenvolvimento incidiram principalmente na criação de empregos produtivos permanentes, no reforço das organizações de base e na
gestão sustentável dos recursos naturais, nomeadamente os recursos hídricos e a protecção dos solos
férteis contra a erosão. No plano operacional, em
2001, estavam em curso 25 projectos, envolvendo
autorizações no valor total de 433 milhões de euros,
essencialmente concentrados em três países: Egipto
(sete projectos, no valor global de 105 milhões de
euros), Marrocos (oito projectos, 182 milhões de euros)
e Tunísia (5 projectos, 132 milhões de euros). Estavam
ainda em curso cinco outros projectos, noutros países
da zona, no valor total de 14 milhões de euros.
Em matéria de segurança alimentar, a ajuda europeia
insere-se no quadro da Declaração de Roma da
Cimeira Mundial da Alimentação, de Novembro de
1996. A acção da União visa permitir o acesso das
camadas mais necessitadas da população do sul do
Mediterrâneo a uma alimentação suficiente, em
termos quantitativos e qualitativos, e a condições
mínimas de higiene.
No Iémen, a produção cerealífera regista uma forte
quebra e não cobre, actualmente, mais do que 25% do
consumo total da população. No âmbito do programa
estratégico para a redução da pobreza lançado pelo
97
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
alimentar. O abastecimento das cidades foi igualmente
melhorado e o crescimento das importações passou a
ser mais controlado. Por último, a gestão sustentável
dos recursos naturais e do ambiente rural foi sistematicamente tida em consideração, de forma transversal,
em cada uma das acções empreendidas.
Com base nas prioridades operacionais definidas com
os países parceiros, foram executadas ou prosseguidas
em 2001 as seguintes acções:
MODERNIZAÇÃO
DAS EMPRESAS DE PRODUÇÃO
© CE
AGRÍCOLA
Projecto de conservação das águas e dos solos (Tunísia).
Governo iemenita, a Comissão forneceu, em 2001,
apoio orçamental e uma assistência técnica articulada
em torno das três seguintes componentes: 1) apoio
institucional, destinado a reforçar a definição dos
objectivos e a execução da estratégia nacional de
segurança alimentar (complementado com um apoio
financeiro ao fundo de segurança social); 2) apoio ao
sistema de informação sobre o recenseamento agrícola, alargado a um estudo sobre o sistema de informação dos mercados agrícolas; 3) financiamento (75%
do total) dos custos de programação e de execução de
acções de apoio à segurança alimentar (nomeadamente a construção de pequenas barragens para irrigação, programas de formação profissional e acesso
ao microcrédito).
Este programa destina-se a prestar a ajuda técnica e
financeira necessária — por intermédio de instituições
especializadas nacionais e locais — aos empresários
agrícolas do Egipto e de Marrocos, para financiamento
dos seus projectos.
No Egipto, cerca de 3 000 pequenos produtores
privados desenvolveram as suas próprias empresas,
diversificando as suas actividades produtivas para dar
resposta às necessidades do mercado, graças à
concessão, pelos bancos locais, de empréstimos a médio prazo e à consultadoria de gestão financiada pela
Comissão Europeia. Graças a um grande esforço de gestão, o impacto deste projecto nacional foi muito significativo, uma vez que as vendas de produtos avícolas, de
produtos lácteos, de peixe de aquicultura e de legumes
registaram um forte aumento e permitiram a criação de
cerca de 30 000 postos de trabalho e a melhoria dos
rendimentos de quase 50 000 pessoas.
As acções principais — de modernização das empresas
produtivas privadas, valorização da grande irrigação
existente e apoio às iniciativas das comunidades rurais
de base — contribuíram para melhorar a segurança
O desenvolvimento da grande irrigação e uma gestão
mais racional dos recursos aquíferos exigiram, concretamente, um esforço de formação dos agricultores
egípcios e marroquinos. Graças a esta reforma, o
volume de água necessário por hectare pôde ser reduzido em 30%.
Electrificação rural, região de Taliouine (Marrocos).
No Egipto, após a revalorização das terras, foram irrigados 20 000 hectares de terras inundáveis, em benefício de 8 000 famílias de agricultores, reunidas em 33
associações, graças a novos métodos de irrigação mais
eficazes, que exigem menos dispêndio de água. A
produção de cereais e forragens aumentou, assim,
30% e os rendimentos agrícolas 20%. As acções financiadas pela CE incidiram na drenagem e no ordenamento dos perímetros agrícolas, com o apoio das
associações de regantes, no aconselhamento técnico
aos produtores e nas infra-estruturas de acesso às
zonas de produção.
APOIO
ÀS INICIATIVAS DAS COMUNIDADES RURAIS
98
© Jauson
DE BASE
Na Tunísia e em Marrocos, a Comissão ajuda as comunidades de base a formularem e executarem, de forma
independente, as acções que considerem prioritárias
para a melhoria das suas condições de vida e para a gestão sustentável das suas terras. Os domínios de intervenção são os da pequena hidráulica agrícola, as pistas
rurais e a conservação da água e dos solos. Estas acções,
estabilizando os rendimentos agrícolas e travando a
Mediterrâneo
Assim, na Tunísia, foram efectuadas intervenções em
480 lagos e 45 000 hectares de bacias hidrográficas e
valorizados 20 000 hectares de terras, dos quais 5 000
dedicados a culturas de regadio. 80 cooperativas de
comercialização de produtos agrícolas permitiram
reunir os organismos de base existentes em torno de
cada lago, aumentando de forma significativa os
volumes de vendas de tâmaras e de azeitonas. Uma
centena destes planos locais de desenvolvimento
participativo está actualmente em funcionamento,
beneficiando mais de 6 000 pessoas.
PROTECÇÃO
DOS MEIOS COSTEIROS E CONSERVAÇÃO
DA BIODIVERSIDADE
Uma condição importante para assegurar a viabilidade
do parque e das áreas protegidas é o reforço das instituições responsáveis pela gestão local do ambiente.
Para lhes permitir desempenhar as suas funções, está
previsto melhorar a cobertura dos custos, desenvolvendo um sistema de taxas a pagar pelos vários operadores económicos do sector turístico do sul do Sinai.
Na região sul do Sinai egípcio, foram criados um
parque nacional e cinco áreas protegidas, numa
extensão de 12 000 km2, que permitem a conservação
de mais de 200 km de maciços coralíferos e de numerosos ecossistemas costeiros frágeis no mar Vermelho.
A protecção destes sítios naturais virgens constitui um
duplo desafio ecológico e turístico e permite conciliar
a protecção do ambiente e o desenvolvimento harmonioso e controlado de um turismo essencialmente
internacional, que gera mais de 100 000 empregos no
sector da hotelaria e do lazer.
© Delegação da CE no Egipto
desertificação, contribuem para reduzir as correntes
migratórias para as zonas urbanas e para o estrangeiro.
Projecto no domínio das águas residuais no distrito de Helwan (Egipto).
APOIO
AOS JORNALISTAS E AOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO
SOCIAL ARGELINOS
Este projecto, no valor de 1,53 milhões de euros com a
duração de 4 anos, que foi parcialmente autorizado em
2000 e arrancou no ano seguinte, visa promover o papel
da imprensa privada independente na Argélia e, através
dela, acompanhar a necessária democratização da
sociedade argelina. Mais especificamente, o projecto
consiste em aperfeiçoar o sistema profissional dos jornalistas na Argélia, por meio, nomeadamente, da adopção
de um estatuto profissional, da elaboração e adopção
de uma convenção colectiva no sector da imprensa e da
aprovação de um código de ética e deontologia.
Apoio institucional: projectos autorizados em 2001
(em milhões de euros)
6.5. Reforço das instituições
Reforço
institucional
País
Designação
do projecto
As acções de apoio institucional inserem-se no âmbito
das actividades bilaterais da parceria euromediterrânica, pelo que são definidas de comum acordo entre a
Comissão Europeia e as autoridades e organizações
competentes de cada país parceiro. É assim, por exemplo, que as várias acções sectoriais desenvolvidas para a
modernização e democratização dos países e territórios
parceiros têm por corolário uma reforma radical dos
serviços públicos e do quadro regulamentar.
Justiça
Jordânia
Reformas regulamentares/
/Privatização
Justiça
Turquia (*) Modernização judiciária
e programa de reforma
penal (JMPR)
8
Acervo
comunitário
Turquia (*) Avaliação de projectos
de pré-adesão
5
Acervo
comunitário
Turquia (*) Facilidade de cooperação
administrativa II
8
Em 2001, a Comissão financiou os seguintes dois novos
projectos de apoio institucional:
Acervo
comunitário
Turquia (*) Participação nos programas
e agências comunitários
11
Acervo
comunitário
Turquia (*) Programa de modernização
dos serviços civis
2,5
Acervo
comunitário
Turquia (*) Programa de reforma
da administração local
3,5
Acervo
comunitário
Turquia (*) Extensão TAIEX à Turquia
Acervo
comunitário
Turquia (*) Harmonização
do sistema estatístico
15,3
Total
79,3
APOIO
À REFORMA DA POLÍCIA ARGELINA
Lançado em 2001, este projecto, com a duração de 6
anos e no valor de 8,2 milhões de euros, autorizado
em 2000, tem por objectivo o reforço da boa gestão
dos assuntos públicos e do Estado de direito na
Argélia. Concretamente, este projecto prevê uma série
de acções destinadas a elevar o nível profissional dos
agentes da segurança nacional argelina, dando relevo,
nomeadamente, ao respeito dos direitos humanos no
exercício das suas funções de segurança pública.
Montante
20
6
*
( ) Os fundos autorizados para a Turquia a título do programa
MEDA (rubrica orçamental B7-4100) são geridos directamente
pela DG Alargamento.
99
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
argelinas e suas homólogas europeias. Poderão delas
beneficiar, no máximo, cinco instituições, três bancos
e duas companhias de seguros argelinos. Este projecto
tem um carácter inovador, na medida em que, até
agora, não existiam na região do Magrebe precedentes de geminação sob a égide do programa MEDA.
Jordânia: apoio à reforma regulamentar e às privatizações (20 milhões de euros)
© Jauson
Este projecto insere-se no quadro das prioridades do
Plano Indicativo Nacional 2000-2002 e tem por objectivo melhorar o processo de transição económica na
Jordânia, apoiando a desintervenção do Estado e a
aprovação de um novo quadro regulamentar nos
sectores económicos mais importantes.
Barragem de Sidi Driss na região de Marraquexe (Marrocos).
6.6. Políticas macroeconómicas
As economias do Magrebe e do Machereque caracterizam-se pela ausência de um quadro legal e institucional favorável ao desenvolvimento da iniciativa
privada, por um forte intervencionismo estatal nos
principais sectores da economia e pela presença de um
sector financeiro intermediário subdesenvolvido.
Ademais, a existência de um grande desequilíbrio
entre zonas urbanas e rurais contribui para aumentar
as disparidades sociais e afecta dramaticamente a
distribuição dos rendimentos por habitante. Neste
contexto económico de incerteza, a aplicação de políticas económicas de relançamento — caracterizadas
por um nível de despesas não controlado — nas
décadas de 1970 e 1980 agravou o desequilíbrio das
finanças públicas e tornou necessário o recurso a políticas de estabilização, para reduzir os défices orçamentais e conter os riscos de crise financeira.
Os programas e projectos financiados pelo programa
MEDA tiveram como objectivo prioritário, numa
primeira fase, o acompanhamento e apoio ao processo
de estabilização e de transição económica iniciado pelos
países parceiros. O seu objectivo é duplo: por um lado,
trata-se de promover a reforma fiscal e a progressiva
retirada do Estado das actividades produtivas, por meio
de vastos programas de privatização e, por outro lado,
de permitir a modernização do quadro jurídico e regulamentar, condição prévia indispensável ao desenvolvimento do investimento privado (por exemplo,
programa de apoio à reestruturação industrial na Argélia, programa de modernização industrial na Jordânia).
Argélia: Apoio à modernização do sector financeiro
(23,5 milhões de euros)
100
Lançado em Setembro de 2001 e com uma duração de
4 anos, este projecto, no valor de 23,5 milhões de
euros, autorizado já em 1999, tem por objectivo
fornecer apoio técnico ao Tesouro argelino, ao Banco
Central da Argélia e aos bancos do sector público, às
companhias de seguros e a diversos organismos financeiros do sector privado. Estão igualmente previstas
operações de geminação entre instituições financeiras
No plano prático, o projecto teve início com o lançamento de dois estudos conjuntos. O primeiro estudo é
sobre a viabilidade de uma estratégia de integração e
os efeitos de uma potencial fusão das autoridades
regulamentares. O segundo estudo é sobre a criação
de mecanismos de compensação destinados a garantir
o nível qualitativo do pessoal empregado pelas autoridades de regulamentação. O resultado destes
estudos constituirá a base de um plano de acção
operacional — decidido conjuntamente pela Comissão
e pelo Governo jordano — cujo objectivo, a prazo, é
uma significativa melhoria de produtividade e do
nível dos serviços prestados. A contribuição da União
Europeia para este projecto é de 20 milhões de euros.
Em 2001, foi autorizado um montante global de 220
milhões de euros — 20 milhões de euros para a
Jordânia, 120 milhões de euros para Marrocos e 80
milhões de euros para a Tunísia — a título do ajustamento estrutural no quadro da cooperação económica
com os países mediterrânicos.
A aplicação desta estratégia apoia-se em programas
comunitários baseados nos instrumentos designados
facilidades de ajustamento estrutural (FAE). As facilidades de ajustamento estrutural prevêem apoios
directos ao orçamento do Estado, na sequência da realização de numerosas reformas estruturais, decididas em
conjunto com as autoridades do país beneficiário.
No plano operacional, as acções de apoio às políticas
macroeconómicas centraram-se, nomeadamente, em
três objectivos gerais:
❿ melhoria do quadro legislativo e regulamentar da
actividade privada (FAE Jordânia, FAE Líbano e FAE
Tunísia);
❿ reforma dos sistemas fiscais — em especial da fiscalidade indirecta — a fim de reduzir a dependência
do orçamento dos Estados em relação aos direitos
de importação e chegar, assim, a uma cobrança
fiscal mais eficaz e mais equitativa (FAE Líbano e
FAE Jordânia);
❿ aceleração do processo de privatizações, a fim de:
a) melhorar a eficiência da utilização dos recursos e
a competitividade, b) aumentar os recursos orçamentais, e c) dinamizar o investimento privado
nacional e/ou estrangeiro (FAE Líbano, FAE
Jordânia e FAE Tunísia).
Mediterrâneo
A acção da Comissão visa igualmente o ajustamento
de alguns sectores específicos, através do financiamento de intervenções sectoriais que integrem os
objectivos de crescimento do PIB e assegurem a estabilidade dos agregados macroeconómicos. Estes
programas sectoriais têm dois objectivos específicos: a
reforma do sistema bancário e o reforço dos sistemas
de segurança social.
O financiamento pela Comissão Europeia da FAE do
sector da água, decidido com as autoridades marroquinas em 2001, destina-se a aumentar a eficácia da
exploração dos recursos hídricos do reino, através da
aplicação de medidas legislativas, regulamentares,
financeiras e técnicas destinadas a garantir a perenidade e a qualidade do abastecimento de água num
contexto de progressiva rarefacção dos recursos. Os
beneficiários directos do programa são as instituições
nacionais responsáveis pela exploração dos recursos e
pelo saneamento e, sobretudo, os consumidores e
todos os outros sectores da economia marroquina.
© Delegação da CE no Egipto
Marrocos: programa de ajustamento estrutural do
sector da água (120 milhões de euros)
Programa de melhoria do ensino nos subúrbios do Cairo (Egipto).
Marrocos: programa de ajustamento estrutural do
sector financeiro (52 milhões de euros)
No primeiro trimestre de 2000, o diálogo entre as
autoridades nacionais e a Comissão evidenciou a
necessidade de melhorar a competitividade e a
eficácia do sistema financeiro marroquino. A FAE
«sector financeiro» foi aprovada em Novembro de
2000 e insere-se no quadro das reformas do Plano de
Desenvolvimento Económico e Social (2000-2004) para
este sector. Além disso, esta FAE prevê a realização de
reformas adicionais, institucionais e regulamentares,
destinadas a dinamizar o sector financeiro e a diversificar o financiamento das actividades económicas
produtivas. A contribuição financeira da Comissão
assume a forma de um apoio orçamental directo não
condicionado no montante de 52 milhões de euros.
Esta subvenção prevê um pagamento em três fracções. A contribuição inicial e a primeira fracção do
programa (2 e 25 milhões de euros, respectivamente)
foram pagas em 2001.
Políticas macroeconómicas: projectos autorizados
em 2001 (em milhões de euros)
País
Designação
do projecto
Ajustamento
estrutural
Tunísia
FAE III
Montante
Sector privado
Turquia (*)
PME
5
Sector privado
Turquia (*)
Facilidade
financeira PME
4
80
Total
O desenvolvimento social e, mais especificamente, a
redução da pobreza constituem as prioridades essenciais da parceria euromediterrânica, fazendo parte
integrante do terceiro pilar do processo de Barcelona
lançado em 1995.
Neste contexto, a Comissão desenvolve estratégias
sectoriais complementares, inclusivamente nos domínios da saúde e da educação.
6.7.1. Saúde
Políticas
macroeconómicas
*
6.7. Saúde e educação
89
( ) Os fundos autorizados para a Turquia a título do programa
MEDA (rubrica orçamental B7-4100) são geridos directamente
pela DG Alargamento.
O sector sanitário assume especial importância, tanto
no plano económico como no da luta contra a pobreza
e do reforço da coesão social. Entre 1998 e 2000,
foram consagrados a este sector 248 milhões de euros.
A natureza das intervenções comunitárias alterou-se
na última década: inicialmente limitadas a um apoio
aos serviços de saúde materno-infantil, os projectos
comunitários evoluíram progressivamente para um
apoio a reformas globais do sistema de saúde
(incluindo os sistemas de seguros de doença). Assim, a
melhoria do financiamento dos serviços e a criação de
um sistema de organização que favoreça a qualidade
das prestações constituem objectivos prioritários.
101
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
6.7.3. Formação profissional, mercado
do trabalho, emprego
O desenvolvimento da formação profissional constitui
uma aposta prioritária para todos os países da zona
MEDA. O nível de qualificação cada vez mais elevado
exigidos aos trabalhadores torna indispensável o
desenvolvimento de uma política de formação profissional coerente, inserida numa perspectiva de longo
prazo. Neste contexto, a Comissão dedica uma atenção
crescente à promoção da igualdade de oportunidades.
O montante global dos projectos em curso eleva-se a
193 milhões de euros.
Egipto — Apoio ao programa de reforma do sistema
de saúde
Tunísia — Aperfeiçoamento do sistema de formação
profissional
A fim de assegurar, no futuro, uma cobertura médica
generalizada de qualidade, o Egipto empenhou-se
numa ambiciosa reforma dos seus serviços de saúde
públicos e privados, reestruturando o seu regime de
previdência e orientando-o para um sistema de cobertura universal capaz de fornecer um «pacote» mínimo
de serviços de saúde, prestados por médicos de
família. A Comissão financia com 100 milhões de euros
este vasto programa de reforma, que tem a duração
de 7 anos (1998-2005), iniciado pelo Governo egípcio
em 1995. O Banco Mundial e a USAID apoiam igualmente esta reforma.
Graças a esta acção, dotada com um orçamento de 45
milhões de euros, a União Europeia apoia, desde 1998,
uma ambiciosa reforma global do sistema de
formação profissional tunisino, baseada na interactividade das acções desenvolvidas em conjunto com os
outros dispositivos de inserção no mercado do
trabalho. Em 2001, este projecto entrou na fase activa
de reestruturação de um elevado número de estabelecimentos de formação, públicos e privados. Este
processo de reestruturação foi possível graças aos
resultados da fase inicial de identificação efectuada
junto de uma vasta amostra representativa de
empresas e que incidia na análise das suas necessidades em termos de formação profissional e do nível
de competências requerido aos trabalhadores.
© CE
Com base nesta nova abordagem, foram lançados em
2001 novos programas no Egipto e em Marrocos,
estando em preparação programas semelhantes na
Síria, na Tunísia e no Iémen (1).
Assim, em 2001, foi aprovado um vasto programa para
a Argélia, no valor de 60 milhões de euros e com a
duração de 6 anos, para a melhoria geral do sistema
nacional de formação profissional. Este programa
prevê o reforço da direcção estratégica do sistema, o
aperfeiçoamento técnico do pessoal para corresponder
às exigências profissionais das empresas — em especial
as PME e as empresas públicas que virão a ser privatizadas — e o reforço das relações funcionais existentes
entre a formação profissional e os outros instrumentos
de inserção no mercado do trabalho. Em Marrocos,
está em curso um projecto semelhante, que já entrou
na fase operacional de fornecimento de equipamentos
e de assistência técnica às actividades de formação
desenvolvidas em 15 sectores da economia marroquina.
Centro de formação no domínio electrónico, Cité El Khadra, Tunis (Tunísia).
6.7.2. Educação
O sector da educação regista uma evolução semelhante: passou-se de um processo de apoio a acções
específicas (por exemplo, em Marrocos) para uma
estratégia de acompanhamento coerente de reformas
nacionais sectoriais, como já acontece na Tunísia e
como acontecerá, em breve, na Argélia. Para o período
1998-2000, foram autorizados 184 milhões de euros.
Os sectores de intervenção prioritária são a educação
pré-escolar e primária, nomeadamente com apoio a
acções de luta contra o analfabetismo. O acesso das
camadas mais desfavorecidas da população — nomeadamente feminina — aos serviços básicos mereceu
uma atenção especial em todos os projectos actualmente financiados.
102
6.7.4. Desenvolvimento local
e fundos sociais
As acções de cooperação desenvolvidas em benefício
do desenvolvimento local, nomeadamente através de
fundos sociais, têm como objectivo comum a busca de
soluções sustentáveis para os problemas do desemprego e da pobreza, e a Comissão Europeia investe
nelas actualmente 200 milhões de euros. As acções de
cooperação bilateral em curso dizem respeito, nomeadamente, ao Egipto, Jordânia, Iémen e Líbano.
Baseiam-se numa abordagem multissectorial, que tem
os seguintes objectivos: 1) criação de empregos e o
(1) As intervenções no Iémen são financiadas fora da rubrica orçamental MEDA.
Mediterrâneo
desenvolvimento de pequenas empresas, essencialmente através da concessão de microcréditos; 2)
desenvolvimento das infra-estruturas económicas e
sociais necessárias à promoção social das populações
beneficiárias; 3) reforço das capacidades humanas e
institucionais.
Estas acções evoluíram progressivamente para uma
perspectiva de desenvolvimento local integrado, que
permite pôr em prática projectos caracterizados pela
sua limitada dimensão territorial, com base nas necessidades identificadas directamente ao nível das comunidades locais.
O apoio à sociedade civil é uma componente sensível
da política de cooperação comunitária, que toca o
equilíbrio interno da sociedade. Trata-se de incentivar
os Estados a promoverem o diálogo com todos os
actores sociais e a integrarem melhor a sociedade civil
no processo de decisão. Estas acções financiam, por
exemplo, o apoio à criação e reforço de associações de
base, a ajuda financeira a projectos tendentes à
promoção da democracia e do desenvolvimento local,
bem como o apoio às associações de mulheres. Este
novo conceito, estreado em Marrocos em 2000, teve
continuidade em 2001, com um projecto de apoio às
associações de desenvolvimento na Argélia e a negociação de um projecto similar na Tunísia. Está igualmente previsto estender este tipo de acções aos outros
países da região, nomeadamente o Egipto, a Jordânia
e o Iémen. Este trabalho em prol de uma melhor
«governação» assenta na abertura de um diálogo livre
e permanente com os actores envolvidos.
Desenvolvimento social: projectos autorizados em 2001
(em milhões de euros)
Desenvolvimento País
social
Designação
do projecto
FP/Emprego
Argélia
Formação profissional
Sociedade civil
Tunísia
Reforço
da sociedade civil
Total
Montante
60
1,5
61,5
6.8. Iniciativa Europeia para
a Democracia e os Direitos
do Homem (IEDDH)
Em 2001, a IEDDH permitiu apoiar projectos nos países
mediterrânicos do sul e do Próximo e Médio Oriente
no valor de quase 11 milhões de euros.
Deste total, quase 6 milhões de euros foram consagrados à promoção e defesa dos direitos humanos e
das liberdades fundamentais. A IEDDH apoiou dois
projectos a nível regional.
© Paul Blount
6.7.5. Sociedade civil
Projecto de intercâmbio de jovens relacionado com o processo de paz —
International Citizenship Exchange (Inpeace).
❿ Um deles foi um mestrado em direitos humanos e
democratização. O curso, que faz parte dos
programas do mestrado regional da UE em direitos
humanos e democratização, formará 36 estudantes
da Palestina, do Líbano, de Malta, da Líbia, do
Egipto, da Argélia, da Tunísia, de Marrocos, da
Turquia, de Chipre, da Jordânia e de Israel, numa
perspectiva regional. A Fundação de Estudos Internacionais da Universidade de Malta é responsável
pelo mestrado em direitos do Homem e democratização na região mediterrânica (640 000 euros).
❿ O outro projecto é de assistência técnica às ONG,
aos órgãos de comunicação social e aos governos
locais no Líbano, na Síria, na Jordânia e no Egipto
(797 000 euros).
Foram ainda aprovados outros projectos no Líbano (protecção dos direitos humanos dos trabalhadores
migrantes e dos requerentes de asilo — 760 000 euros),
na Palestina (promoção de uma cultura de respeito dos
direitos humanos entre as crianças e adolescentes em
idade escolar nos territórios ocupados de Hebron,
Ramallah, Belém e Jerusalém — 303 000 euros), em
Israel (direitos dos detidos — 714 000 euros), na Palestina e em Israel (formação de militantes da causa dos
direitos humanos – 350 000 euros), na Turquia (sensibilização dos membros do DISK para os direitos humanos —
550 000; promoção dos direitos humanos e dos valores
cívicos entre os estudantes e professores das escolas
primárias e secundárias — 376 000 euros), na Tunísia
(reestruturação da Liga Tunisina para a Defesa dos
Direitos do Homem — 230 000 euros) e no Irão (promoção dos direitos humanos e abolição da pena de
morte — 300 000 euros).
O apoio aos processos de democratização e ao reforço
do Estado de direito beneficiou de quase 4,5 milhões
de euros, distribuídos por 7 projectos. Um projecto
destinado a apoiar o jornalismo independente no
Mediterrâneo do sul (Argélia, Egipto, Jordânia, Líbano,
Cisjordânia e Gaza, Marrocos e Tunísia) e a melhorar a
segurança dos jornalistas foi subvencionado em
660 000 euros. No Egipto, uma subvenção de 800 000
euros permitirá realizar um trabalho sobre as condi-
103
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
6.9. Coerência com
outras políticas
©CE
A coerência geral entre as actividades externas da
União Europeia e as outras políticas comunitárias constitui uma prioridade operacional e uma obrigação
legal. O ano de 2001 representou uma etapa determinante no processo de harmonização estratégica. Com
efeito, todos os documentos de estratégia relativos a
cada país parceiro elegível para o programa MEDA no
período de 2002 a 2006, à excepção da Cisjordânia e
da Faixa de Gaza, bem como os programas indicativos
nacionais referentes ao período 2002-2004, foram
concluídos e aprovados pela Comissão previamente à
sua aplicação operacional.
Projecto de recolha de leite em Sejnane (Tunísia), inserção da mulher rural
na vida activa.
ções de detenção, de forma a aproximá-las das normas
internacionais, graças, nomeadamente, às visitas que
serão feitas aos presos (400 por ano) e à assistência
jurídica que lhes será prestada. Na Argélia, foram atribuídos 900 000 euros a um projecto destinado ao
reforço de competências no interior da administração
penitenciária, tendo em vista o reforço do respeito dos
direitos humanos. Em Marrocos, um projecto com vista
a promover a sociedade civil nas regiões rurais e incentivar a participação das pessoas, em especial das
mulheres, na tomada de decisões a nível local receberá
550 000 euros. Na Síria, fora atribuídos 513 000 euros
para a promoção da cidadania. No Iémen, foram atribuídos 437 000 euros à formação das forças de segurança interna nas técnicas de polícia democrática,
respeitadora dos direitos humanos e das liberdades
individuais.
Na Jordânia, a participação das mulheres no processo
de decisão, nomeadamente no Parlamento, será reforçada por um projecto que apoiará as candidatas de
todos os partidos políticos. O projecto centrar-se-á em
dois aspectos: melhorar a compreensão do papel das
mulheres no processo democrático entre os estudantes e incentivá-los a votar nas próximas eleições
parlamentares, e aumentar as possibilidades de êxito
das mulheres nessas eleições.
O apoio à prevenção de conflitos e ao restabelecimento da paz civil é uma das grandes prioridades da
IEDDH. Em 2001, a IEDDH apoiou um projecto na
Palestina, no valor de mais de 300 000 euros, cujo
objectivo é promover a boa aplicação do direito humanitário internacional nos territórios ocupados da
Cisjordânia, Gaza e Jerusalém oriental.
104
Os documentos de estratégia por país foram elaborados com base num quadro-tipo de referência, em
conformidade com as orientações do Conselho
Europeu de Novembro de 2000. A elaboração dos
documentos de estratégia, em estreita coordenação
com os países parceiros, os Estados-Membros, o BEI e
os organismos financeiros internacionais, contribuiu
para optimizar a complementaridade entre as acções.
Por último, e independentemente do processo regular
de consulta interna, os projectos foram examinados
pelo grupo interserviços de apoio à qualidade, recentemente criado. Este grupo analisou cada projecto no
plano da coerência geral, da coordenação e da
complementaridade das acções previstas.
6.10. Cooperação com
outros doadores
O reforço da coordenação e da complementaridade
com os outros doadores, em especial com os
Estados-Membros, é uma das prioridades estratégicas
do programa MEDA. No período mais recente, estes
princípios tiveram tradução concreta nos seguintes
progressos:
❿ Reforço da coordenação no terreno, graças à colaboração com as representações dos Estados-Membros e a um acompanhamento regular e conjunto da
execução efectiva dos programas aprovados nos países parceiros.
❿ A coordenação com os outros mutuantes de fundos,
em especial com o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, foi melhorada graças a
contactos regulares, ao intercâmbio permanente de
informações e a análises conjuntas da situação política, económica e social dos países parceiros. Esta
coordenação no terreno traduziu-se em 2001, por
exemplo, na instauração, com o Banco Mundial, da
Facilidade de Ajustamento Estrutural III na Tunísia
(80 milhões de euros), aprovada em Dezembro último. Em Marrocos e na Jordânia, estão em preparação operações conjuntas similares.
Mediterrâneo
Em 2001, o montante total dos empréstimos do Banco
Europeu de Investimento (BEI) aos parceiros mediterrânicos atingiu o valor de 1,5 mil milhões de euros, distribuídos entre os oito países seguintes: Argélia, Chipre,
Egipto, Malta, Marrocos, Síria, Tunísia e Turquia. Estes
empréstimos têm, geralmente, carácter bilateral. No
entanto, o BEI concedeu em 2001 um empréstimo de 6
milhões de euros a um fundo de investimento do
Médio Oriente para as tecnologias, de que fazem
parte todos os países parceiros mediterrânicos. Para a
zona mediterrânica, o BEI dispõe, no total, de um orçamento de 7,4 mil milhões de euros, sob a forma de
empréstimos aos parceiros mediterrânicos para o
período de 2001 a 2007, aos quais se devem acrescentar mil milhões de euros destinados ao apoio aos
projectos de cooperação regional nos sectores das telecomunicações, do ambiente e da energia.
© Jauson
6.11. Empréstimos do BEI
No quadro do programa MEDA, a Comissão concedeu em
2001 uma bonificação de juros no montante de 8,5
milhões de euros a um novo empréstimo do Banco Europeu de Investimento, no quadro do programa de reabilitação e saneamento do sítio de Taparura, na Tunísia, que
tem por objectivo sanear e revalorizar os 445 hectares da
zona costeira de Sfax afectada pela poluição industrial.
Dois novos empréstimos do BEI à Turquia beneficiaram
igualmente de uma bonificação de juros, num montante
total de 31 milhões de euros, assim repartidos: 16,7
milhões de euros de bonificações concedidos à «Industrial pollution abatement facility» (instrumento para a redução da poluição industrial) e 14,3 milhões de euros ao
«Mersin waste water project» (projecto relativo à gestão
das águas residuais). Estes dois projectos destinam-se a
reabilitar determinadas zonas poluídas pela actividade
industrial e pela concentração urbana.
Associação de mulheres organizada pela ONG Migrations et Développement,
região de Taliouine (Marrocos).
O segundo sector de intervenção prioritária do BEI é o
do apoio às empresas privadas, que — independentemente da sua dimensão ou do seu volume de negócios
— receberam um quarto dos empréstimos concedidos
pelo BEI em 2001 a projectos regionais da zona mediterrânica.
Por último, o terceiro sector de intervenção prioritário
do BEI é o do desenvolvimento do sector energético,
que beneficiou de quase um quarto dos empréstimos
concedidos no último ano em referência.
Empréstimos do BEI: projectos autorizados em 2001 (em milhões de euros)
País
Designação do projecto
Tunísia
Saneamento em Taparura
8,5
40
Turquia (*)
Poluição industrial
16,7
70
Turquia (*)
Água e saneamento em Mersin
14,3
60
39,5
170
Total
Montante da bonificação
Montante do empréstimo
(*) Os fundos autorizados para a Turquia a título do programa MEDA (rubrica orçamental B7-4100) são geridos directamente pela DG Alargamento.
105
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
que importa introduzir-lhes. O sistema será generalizado ao conjunto das actividades do Serviço de Cooperação e estará plenamente operacional em 2002.
© ECHO
Em 2001, foram controlados, em seis países da zona do
Mediterrâneo, 46 projectos (dos quais 7 foram objecto
de duplo controlo). O volume financeiro total assim
avaliado foi de 788,9 milhões de euros. Em termos de
importância financeira, os projectos da zona MEDA
relativos à cooperação económica, ao reforço institucional, à sociedade civil, às infra-estruturas e aos
serviços representaram a parte mais importante (26%),
seguida do ensino e dos sectores sociais (25%). A nota
média atribuída aos projectos da zona mediterrânica
assim avaliados foi de 2,24 (a título de comparação, a
nota média do conjunto de todas as zonas geográficas
é de 2,5).
Passagem de um posto fronteiriço israelita nos territórios ocupados.
6.12. ECHO
A ajuda humanitária prestada através do ECHO aos
países do Mediterrâneo do sul beneficiou, nomeadamente, os refugiados sarauis da Argélia, através de
uma ajuda alimentar de emergência e de um plano
global no total de 15,57 milhões de euros, e os refugiados palestinianos da Cisjordânia e de Gaza (26,18
milhões de euros) e também do sul do Líbano
(2,7 milhões de euros), da Jordânia (515 000 euros) e
da Síria (570 000 euros).
Intervenções ECHO em 2001
País
Designação do projecto
Montante
(em milhões de euros)
Argélia
Refugiados sarauis
15,57
Argélia
Complemento ao Programa
Alimentar Mundial
11,80
Argélia
Vítimas das inundações
0,77
Iémen
Ajuda às populações
1,88
Síria
Populações vulneráveis
0,40
Palestina
Refugiados palestinianos
26,18
Líbano
Refugiados palestinianos
2,70
Jordânia
Refugiados palestinianos
0,51
Síria
Refugiados palestinianos
0,57
Total
60,38
6.13. Controlo de resultados
106
A Comissão criou em 2000 um sistema de controlo e de
melhoria dos resultados, baseado na gestão do ciclo de
projectos, experimentado em 2001 em todas as zonas
geográficas (ALA/MED/ACP/Balcãs). Os primeiros dados
recolhidos graças a este novo sistema forneceram indicações úteis sobre o estado dos projectos geridos por
cada direcção geográfica e sobre os melhoramentos
Os resultados obtidos revelam uma falta de eficácia
dos projectos da zona mediterrânica essencialmente
devida a debilidades na concepção inicial dos projectos
e à insuficiência do reforço institucional. No entanto,
importa salientar — em contraste com projectos relativos a outras zonas geográficas — a sustentabilidade
dos projectos MEDA. A análise sectorial dos projectos
demonstrou que os melhores resultados foram obtidos
nos projectos agrícolas e de apoio às ONG, enquanto
que os mais fracos foram os registados nos sectores da
indústria e do comércio. A eficácia e o impacto foram
os critérios determinantes da avaliação dos projectos
mais fracos. A sua dimensão constitui igualmente um
factor importante: de uma maneira geral, os pequenos
projectos registam um melhor desempenho do que os
de maior dimensão. Os resultados obtidos fornecem
informações muito úteis que, no entanto, têm carácter
meramente indicativo e devem ser analisadas com
grande prudência. Este novo sistema de acompanhamento irá fornecer, graças à análise aprofundada dos
projectos de cada zona geográfica, orientações determinantes para a posterior preparação de novos
projectos.
6.14. Conclusões e perspectivas
No plano estratégico, o ano de 2001 foi um ano de
ruptura em toda a geopolítica mediterrânica, revelando até que ponto é aí instável o equilíbrio regional.
Os atentados de 11 de Setembro, ainda que não
estando directamente ligados às questões regionais
desta parte do mundo, cristalizaram as tensões existentes em torno do conflito israelo-palestiniano, ao
mesmo tempo que a segunda «Intifada» — desta vez
armada — entrava, em Setembro de 2001, no seu
segundo ano consecutivo. O agravamento das tensões
regionais evidencia a necessidade, para os países das
duas margens do Mediterrâneo, de cumprir os objectivos da parceria euromediterrânica de Barcelona.
Actualmente, este parece ser o único projecto político
global com condições para assegurar a estabilidade
política e o desenvolvimento económico e social de
uma zona geográfica com uma extensão de quase
5 000 km de este a oeste, onde presentemente se
regista quase uma dezena de conflitos abertos ou
larvares. É neste contexto que assumem todo o seu
sentido os objectivos proclamados em Barcelona: uma
arquitectura de paz, de segurança e de prosperidade
partilhadas. A aplicação, em 2001, da estratégia
Mediterrâneo
comum da União Europeia em relação à região mediterrânica — aprovada no ano anterior — é ilustrativa
da importância atribuída pelos Quinze ao processo
actual, que constitui hoje, mais do que nunca, um
fórum necessário, cuja credibilidade é preciso reforçar
juntos dos países parceiros, em termos de opções prioritárias e de resultados qualitativos. Neste sentido, a
quinta conferência de ministros dos Negócios Estrangeiros da parceria euromediterrânica, que se realizará
em Valência em 22 e 23 de Abril de 2002, deverá efectuar o balanço detalhado do primeiro ciclo do
processo de Barcelona (1995-2002) e aprovar um plano
de acção que preveja o lançamento de uma série de
acções concretas de parceria, englobando as três
componentes da cooperação euromediterrânica.
A aprovação deste novo quadro operacional deverá
traduzir-se, em 2002, pelo reforço e intensificação das
acções relativas aos seguintes eixos prioritários:
❿ novo reforço do diálogo político e de segurança,
tendo por objectivo último a conclusão positiva dos
trabalhos em curso sobre a Carta Euromediterrânica para a Paz e a Estabilidade;
❿ estabelecimento de uma parceria financeira e
económica dinâmica e mutuamente vantajosa,
passando, nomeadamente, pela assinatura de
acordos de associação com o Líbano e a Argélia e
pela aceleração das negociações com a Síria. A
promoção dos investimentos europeus directos na
região, a consolidação do diálogo económico refor-
çado, o desenvolvimento de estratégias regionais
no domínio das infra-estruturas, o lançamento
previsto de um programa regional relativo aos
instrumentos do mercado interno e a criação de
um banco euromediterrânico de desenvolvimento
constituem outras tantas prioridades para 2002;
❿ instauração de um verdadeiro diálogo entre as civilizações, os povos e as culturas das duas margens
do Mediterrâneo, reforçando a parceria social,
cultural e humana já existente. A aprovação de um
plano de acção orientado para três domínios específicos — juventude (nomeadamente graças ao
lançamento da segunda fase do programa
Euromed Juventude), educação (extensão do
programa Tempus aos parceiros mediterrânicos) e
comunicação social e opinião pública (lançamento
de um programa regional sobre informação e
comunicação) – terá por objectivo incentivar e
promover a participação do maior número possível
de actores do processo euromediterrânico em
torno dos ideais de democracia, de cultura e de
tolerância;
❿ apoio ao processo de paz no Médio Oriente,
através da intensificação dos esforços da União
Europeia com vista ao regresso dos dois beligerantes ao diálogo e ao fim da violência, como
prelúdio de um reinício das negociações para uma
solução negociada e equitativa deste conflito, que
mina qualquer esforço continuado de cooperação
entre os vários actores regionais.
107
© CE
7. África,
Caraíbas
e Pacífico (ACP)
Na sua luta contra a
pobreza, a África
subsariana. Vê-se
confrontada com grandes
desagios. Os progressos
para alcançar os objectivos
de desenvolvimento do
milénio foram modestos em
2001, e a tendência
negativa não foi invertida
de forma consistente.
Mais de trezentos milhões
de africanos vivem ainda
em absoluta pobreza.
A sida destacou-se como a
causa principal de morte e
constitui actualmente uma
ameaça muito grave para o
futuro de África.
A acção do continente
africano no domínio da luta
contra a pobreza
foi reforçada através
da nova parceria para o
desenvolvimento de África
(NEPAD), a qual foi assinada
pelos chefes de Estado de
África em Julho de 2001.
Foram efectuados
progressos no
estabelecimento da paz e
da segurança em algumas
das regiões mais
conturbadas, como o Corno
de África, a República
Democrática do Congo
e Angola.
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
O Acordo de Cotonu, assinado em Junho de 2000, constitui uma nova e sólida base para auxiliar a África e os
países das Caraíbas e do Pacífico a enfrentarem os seus
desafios de desenvolvimento. 2001 foi o primeiro ano de
vigência do Acordo. A maior parte das estratégias nacionais desses países para os próximos cinco anos foram
elaboradas recorrendo a amplas consultas às populações
locais. No contexto do Acordo de Cotonou, assistiu-se a
uma intensificação do diálogo político entre a Europa e
os países da África, das Caraíbas e do Pacífico.
7.1. Introdução
O Acordo de Cotonu, assinado em 23 de Junho de
2000, estabelece um novo Acordo de Parceria com 77
países de África, das Caraíbas e do Pacífico que se
prolongará até 2020. Antes de entrar em vigor, o
Acordo deverá ser ratificado, pelo menos, por dois
terços dos Estados ACP e por todos os Estados-Membros da União Europeia e aprovado pela Comunidade Europeia (n.° 2 do artigo 93.º do Acordo de
Cotonu). Trinta e seis Estados ACP e quatro Estados-Membros da UE já concluíram este processo.
Em 2001, o quadro de cooperação com os Estados ACP
revestiu, portanto, a forma de medidas transitórias
acordadas pelo Conselho de Ministros ACP-CE de 27 de
Julho de 2000. Estas medidas dão execução à maior
parte das disposições do Acordo de Cotonu, com
excepção da libertação dos recursos financeiros do 9.º
Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED).
O quadro jurídico aplicável às relações com a África do
Sul foi alargado em 2001, com a conclusão das negociações dos Acordos sobre Vinhos e Bebidas Alcoólicas, os
quais foram finalmente aprovados pelo Conselho e assinados em Janeiro de 2002. O Acordo sobre Comércio,
Desenvolvimento e Cooperação está ainda a aguardar
ratificação. No final de 2001, três Estados-Membros da
UE tinham-no já ratificado. O Acordo aplica-se, de forma
provisória e parcial, a partir de 1 de Janeiro de 2000.
A dimensão política das relações da UE com os países
ACP foi reforçada. Assim, os documentos de estratégia
por país incluíram uma avaliação da situação política,
tendo o diálogo político entre países sido desenvolvido
e tornado mais sistemático.
Em 2001, a Comunidade Europeia terminou o processo
de consulta, com base no artigo 96.º do Acordo de
Cotonu, relativo à Costa do Marfim e as Ilhas Fiji. Para
além disso, foi transmitida ao Conselho uma proposta
da Comissão, no sentido de ser revista a decisão do
Conselho de dar por concluídas as consultas com o
Haiti. A Comunidade Europeia decidiu abrir um
processo de consulta, nos termos do artigo 96.º, relativamente ao Zimbabué e, nos termos dos artigos 96.º e
97.º, relativamente à Libéria (1).
A cooperação com Cuba continuou em 2001, tendo os
fundos sido destinados a ajudas de emergência, ao co-financiamento de organizações não governamentais
(ONG) e ao apoio à cooperação económica.
Em 2001, a prioridade foi dada à elaboração de novos
documentos de estratégia por país melhorados, na
sequência dos novos mecanismos previstos no Acordo de
Cotonu. As estratégias de cooperação estão centradas na
luta contra a pobreza e têm por base o respeito dos
direitos sociais, económicos, políticos e humanos. A
eficácia das parcerias deverá ser melhorada através das
novas abordagens, que incluem o reforço da prioridade
atribuída às questões da boa gestão económica, estabelecendo ligações entre os subsídios atribuídos e os resultados obtidos e racionalizando os mecanismos respeitantes ao pagamento das ajudas. Um factor também
muito importante é o de que os governos beneficiários
de ajudas deverão desempenhar um papel mais activo
no estabelecimento de prioridades, devendo avançar
com reformas baseadas nas suas próprias agendas políticas. No âmbito do 9.º Fundo Europeu de Desenvolvimento, será dado maior relevo ao papel das delegações
da Comissão Europeia e desenvolvido maior esforço no
sentido de identificar áreas específicas como alvo das
ajudas, por forma a maximizar o seu impacto.
A nova abordagem reforça o princípio do desenvolvimento participativo. Alarga a parceria a uma vasta
gama de intervenientes não estatais e adopta uma
abordagem mais integrada, ligando os aspectos políticos, económicos, sociais, culturais e ambientais num
quadro global mais coerente.
Autorizações e pagamentos em 2001 para os países
ACP (em milhões de euros)
Autorizações Pagamentos
2001
FED: Bilateral (países) —
programas indicativos nacionais
FED: Cooperação regional —
programas indicativos nacionais
Subtotal regional/bilateral
Rubricas orçamentais da CE
Total
2000
2001
2000
1 249 3 324 1 896 1 351
305
433
172
197
1 554 3 757 2 068 1 548
502
502
568
357
2 056 4 259 2 636 1 905
Síntese das autorizações e pagamentos (FED) no período 1995-2001
(em milhões de euros)
1995
1997
1998
1999
2000
2001
Total
1995-2001
Autorizações
1 520
965
616
2 296
2 693
3 757
1 554
13 401
Pagamentos
1 564
1 317
1 213
1 440
1 275
1 548
2 068
10 425
0,97
0,73
0,51
1,59
2,11
2,43
0,75
1,29
Rácio autorizações/pagamentos (%)
110
1996
(1) Os processos de consulta são abertos, nos termos dos artigos 96.º e 97.º do Acordo de Cotonu, em situações em que tenham sido
violadas cláusulas essenciais do Acordo (artigo 96.º) ou sempre que se verifique corrupção grave (artigo 97.º). O objectivo é o de
debater os problemas com o país parceiro ACP, com vista a encontrar soluções. As opções existentes são a adopção de medidas correctivas por comum acordo, com um faseamento da ajuda da UE ou, quando não exista outra solução, a suspensão das ajudas.
ACP
7.2. Integração e cooperação
regionais
A integração e cooperação regionais continuaram a
desempenhar um importante papel nas relações entre
a Comunidade Europeia e os países ACP, ao longo de
2001. A aplicação dos programas indicativos regionais
(PIR) do 8.º Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED),
que foram aprovados para um período de cinco anos
em 1996-1997 (incidindo, fundamentalmente, nos
transportes, investigação agrária, conservação dos
recursos naturais e integração económica regional) (1)
manteve-se a actividade principal. Em 2001, foi autorizado um montante de 304 923 133 euros, abrangendo
todos os sectores, destinado aos programas das regiões
e de «todos os países ACP». Deu-se início ao processo
de programação do 9.º FED. Os montantes iniciais atribuídos à cooperação regional são os seguintes: 700
milhões de euros para os programas indicativos regionais, 300 milhões de euros para os programas intraACP e 300 milhões de euros em reserva. Durante o
processo de revisão, a reserva poderá ser utilizada para
fornecer apoio adicional, vinculado ao desempenho e
às necessidades.
A integração regional e o apoio às instituições constituem elementos chave do apoio comunitário, uma vez
que são essenciais para uma melhor integração dos
países ACP, quer nas suas economias regionais quer na
economia global. Em 2001, continuaram em execução
grandes programas de assistência técnica nos domínios
do comércio, das alfândegas, da estatística e outros, ao
mercado comum da África Oriental e do Sul, à União
Económica e Monetária da África Ocidental e ao
Fórum dos Estados das Caraíbas. Foram aprovados três
novos programas num total de 13,2 milhões de euros,
para os cinco países de língua portuguesa, abrangendo
o sistema jurídico, a estatística e a administração a
todos os níveis. Estes programas vão ser executados em
cooperação com o Governo português, o qual
contribui com apoio financeiro e técnico. Foram
também tomadas iniciativas políticas, ao nível
regional, nomeadamente o apoio ao diálogo intercongolês (1,96 milhões de euros) e às actividades no
domínio da manutenção da paz e da prevenção de
conflitos da Comunidade Económica dos Estados da
África Ocidental.
A dimensão intra-regional manteve a sua importância
em 2001, tendo sido lançados programas, por
exemplo, para preparar os países ACP para os acordos
de parceria económica (20 milhões euros) e para
melhorar a sua capacidade de participar eficazmente
nas negociações da Organização Mundial do Comércio
(10 milhões de euros). Neste contexto, a Comunidade
Europeia contribuiu também com 1,45 milhões de
euros para a instalação de uma delegação ACP junto
dos vários organismos internacionais sediados em
Genebra (Organização Mundial do Comércio, Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e o Desenvolvimento, etc.). A delegação ACP foi inaugurada
pelo comissário Lamy em Janeiro de 2002. Na
sequência da cimeira do Cairo entre a UE e África,
foram intensificados os contactos com organizações
pan-africanas susceptíveis de avançarem com acções
específicas.
Autorizações para a cooperação regional (FED)
em 2001
Região
(programa indicativo regional do FED)
Em milhões
de euros (*)
Caraíbas
4,14
África Central
8,25
África Oriental
3,64
Oceano Índico
– 0,76
Pacífico
29,8
África Meridional
– 0,43
África Ocidental
63,02
PALOP (países africanos de língua
oficial portuguesa)
Países e territórios ultramarinos
Subtotal
Todos os ACP
Total
8,6
5,71
121,97
182,95
304,92
(*) Os dados negativos surgem quando a anulação das autorizações
(ou seja, a libertação de verbas afectadas a projectos não executados nos anos anteriores) é superior às autorizações.
7.3. Países e territórios
ultramarinos
Os países e territórios ultramarinos dos Estados-Membros têm estado associados à CE desde a sua criação em
1957. A finalidade desta associação, nos termos do artigo 182.° do Tratado que institui a Comunidade Europeia, é «promover o desenvolvimento económico e social dos países e territórios e estabelecer relações económicas estreitas entre eles e a Comunidade no seu
conjunto». Existem 20 países e territórios ultramarinos
(PTU) espalhados pelo mundo. As relações entre os PTU e
a Comunidade são geridas pelas decisões do Conselho de
Ministros. A última decisão do Conselho, que data de 27
de Novembro de 2001, é inovadora em relação às precedentes, estabelecendo uma gestão em maior regime de
parceria dos recursos financeiros concedidos aos PTU,
aplicando-lhes procedimentos inspirados nas regulamentações em vigor no domínio dos fundos estruturais.
Ao abrigo do 9.° FED, a decisão estabeleceu a concessão
aos PTU do montante de 175 milhões de euros, dos quais
145 milhões para o apoio programável ao desenvolvimento a longo prazo no que diz respeito a 12 PTU, 8
milhões para a cooperação regional, 20 milhões para o
financiamento da facilidade de investimento e 2 milhões
para os estudos e acções de assistência técnica. Deste
modo, os PTU beneficiam também das rubricas orçamentais previstas em favor dos países em desenvolvimento
através do orçamento geral das Comunidades Europeias.
Em relação aos três FED anteriores, verificou-se uma
certa lentidão na mobilização das contribuições financeiras postas à disposição a título de autorizações
secundárias e dos pagamentos (nomeadamente para
os PTU neerlandeses). Os procedimentos previstos para
o 9.° FED deverão facilitar a mobilização e os desembolsos. No que diz respeito aos três FED anteriores em
relação aos concursos (excepto cooperação regional)
(1) Através, por exemplo, da promoção de comunidades económicas, de uniões aduaneiras e de zonas de comércio livre.
111
© CE
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
Limpeza das estradas no vale de Malata em São Vicente (Barbados).
no montante aproximado de 268 milhões de euros,
82,5% foram autorizados e 73,5% pagos.
No que se refere à cooperação regional a partir dos 30
milhões de euros concedidos no âmbito dos três FED
anteriores, 82% já foram autorizados, nomeadamente
ao abrigo do 8.° FED, graças a uma boa cooperação
entre os Estados ACP e os PTU do Pacífico, o que deu
origem a vários co-financiamentos (domínio haliêutico
e agricultura).
7.4. Transportes
e infra-estruturas
Este sector abrange os transportes, água e saneamento, exploração mineira, energia e também o apoio
às tecnologias da informação e às telecomunicações. O
apoio ao sector dos transportes é reconhecido como
constituindo um factor chave para o combate à
pobreza global e para a promoção do desenvolvimento sustentado e da melhoria da integração dos
países ACP. A promoção do acesso aos serviços básicos
é igualmente essencial para a melhoria da qualidade
de vida de todos e, em particular, dos mais pobres.
7.4.1. Transportes
De um total de 660 programas e projectos actualmente em curso no âmbito deste sector, a Comunidade
Europeia apoia a execução de 87 grandes projectos
(mais de 5 milhões de euros) no sector dos transportes,
dirigidos para as reformas sectoriais, o reforço das
capacidades, a manutenção e valorização e a integração regional, aspectos que correspondem aos
actuais défices em termos de serviços de transportes
fiáveis, especialmente em África.
112
O ano de 2001 foi caracterizado por uma aceleração
substancial da execução dos programas em curso neste
domínio, especialmente em países que tinham sofrido
atrasos de execução em fases precoces do ciclo de
programação. Foram celebrados novos contratos, que
atingiram um montante total de 414 milhões de euros,
nos sectores dos transportes e das infra-estruturas.
Alguns países (Benim, Etiópia, Guiné-Conacri e Mali)
partilham entre si cerca de 50% deste montante. O
Mali classifica-se em primeiro lugar neste grupo, com
73 milhões de euros em autorizações secundárias
novas, seguido do Benim (56 milhões de euros), da
Guiné-Conacri (44 milhões de euros) e da Etiópia (41
milhões de euros). No Mali, os novos contratos
abrangem o melhoramento de 437 km da principal via
de acesso rodoviário ao Senegal. Este projecto também
viabiliza o acesso a uma das regiões mais pobres do
país. No Benim, os novos contratos abrangem a manutenção periódica, durante um período de dois anos, de
490 km de vias rodoviárias principais (aproximadamente 25% da rede principal do país) e a valorização
de 102 km de estradas no norte do país. Na Guiné-Conacri, as actividades abrangidas pelos contratos de
2001 incidem sobre a valorização e melhoramento da
ligação inter-regional com o Senegal, onde se localiza
o porto marítimo mais próximo, facilitando uma
melhor integração internacional do país a médio
prazo. Na Etiópia, o melhoramento da estrada entre
Adis-Abeba e Woldiya, com 514 km, a qual atravessa
uma região com uma população superior a 2 milhões
de pessoas, constitui um elemento fundamental do
programa governamental de desenvolvimento do
sector rodoviário e irá contribuir bastante para
melhorar os acessos rodoviários entre a capital e o
norte do país. A nível regional, no final de 2001 terá
lugar a assinatura dos contratos relativos às duas principais ligações rodoviárias, com um valor total de 165
milhões de euros. Uma destas ligações permitirá uma
melhor integração internacional do Chade via Camarões (400 km da ligação entre Moundou e Touboro-N’Gaoundéré) e contribuirá bastante, dessa forma,
para a integração económica da região da África
Central. O outro contrato abrange a ligação, numa
extensão de 130 km, entre Kankan (Guiné-Conacri) e
Bamako (Mali). Devido ao estado em que se encontra
actualmente, esta estrada limita as oportunidades de
desenvolvimento do noroeste da Guiné-Conacri e do
sudoeste do Mali. Estas regiões, com uma população
estimada em um milhão de pessoas, encontram-se
actualmente isoladas do resto do país, vários meses
por ano.
No que se refere à programação do 9.º FED, 23 dos 44
documentos estratégicos por país ACP apresentados
em 2001 incluíam os transportes como sector prioritário. Quase todos os 23 países se situavam em África.
Espera-se que, no final do exercício de programação,
aproximadamente 30 países ACP e três regiões tenham
adoptado os transportes como um dos seus sectores
prioritários, abrangendo um montante provável de 2
mil milhões de euros. Trata-se de um montante da
mesma ordem de grandeza do que foi atribuído pelo
8.º FED, que reflecte a manutenção dos transportes
como sector prioritário nos países parceiros, especialmente em África, e o reconhecimento da competência
especial da Comissão neste domínio.
7.4.2. Água e saneamento
O alvo principal do apoio comunitário no domínio do
fornecimento de água e do saneamento evoluiu
ACP
progressivamente, de uma abordagem de projecto
centrada no abastecimento de água e referente às
principais questões técnicas abrangidas, para uma
abordagem em termos de programa, caracterizada por
preocupações de índole mais social e ambiental e pelo
apoio a uma melhoria na gestão do recurso água.
Assim, foram autorizados, em 2001, 52 milhões de
euros para actividades relacionadas com um abastecimento de água mais seguro e com a melhoria dos
esgotos e dos serviços de saneamento básico nas zonas
urbanas.
Actualmente, a Comunidade Europeia apoia políticas
governamentais de melhoria do abastecimento de
água e do saneamento básico em pequenas cidades e
em zonas rurais de cinco países. No Gana, foram já
executados, tal como previsto, 30% dos 32 milhões de
euros atribuídos à estratégia nacional para a água e
saneamento básico nas comunidades. Espera-se que,
no final deste projecto, mais de 560 000 pessoas
tenham acesso a um serviço de abastecimento de água
seguro, bem como a saneamento básico.
Em Moçambique, a Comunidade Europeia está a apoiar
directamente a gestão integrada de recursos aquíferos
na bacia do Zambeze, a segunda maior zona de
captação de água existente na região da Comunidade
de Desenvolvimento da África Meridional, com vista a
melhorar a qualidade de vida das populações, especialmente as das zonas rurais. A contribuição comunitária
Transportes — Autorizações em 2001 (em milhões de euros)
País ACP
Designação do projecto
Aruba
Estudo preparatório de concepção do Parque Nacional
Belize
Construção de uma nova ponte sobre o rio Sibun
Chade
Estudo técnico da estrada de Doba Sahr e preparação do concurso
Montante
0,5
2
0,74
Apoio técnico/institucional ao Ministério das Obras Públicas, Transportes, Habitação e Urbanismo
1,90
Congo
Assistência técnica à execução de um plano nacional de transportes
1,95
Valorização das estradas rurais
1,98
Eritreia
Reforço do Ministério dos Transportes
0,62
Etiópia
Estudo prévio de viabilidade da estrada de Gondar-Huemra e Arba Minch
0,74
Melhoramento da estrada de Harar Jiga
0,71
Fiji
Ponte de New Rewa
Gabão
Aumento do montante total atribuído ao projecto da estrada de Larara/Mitzic
1,99
11
Guiné-Bissau
Ponte de João Landim — Aumento do montante atribuído
2,65
Guiné-Conacri
Estudo de impacto ambiental
Quénia
Programa de valorização do corredor setentrional
0,2
Madagáscar
Programa de apoio à manutenção de estradas e melhoramento dos acessos
Malavi
Infra-estrutura de apoio à estrada marginal do lago
13,72
Mauritânia
Assistência técnica ao Ministério das Obras Públicas
0,55
Assistência técnica: manutenção de estradas
0,75
79,5
42
Nova Caledónia
Estrada Hienghene Pouebo
5,6
Níger
Assistência técnica aos transportes
Ilhas Salomão
Aumento dos fundos para o projecto de infra-estruturas rurais de Malaita
São Tomé
Apoio ao Serviço Nacional de Estradas
0,48
Suriname
Construção de uma estrada para o terminal de «ferry-boats» da Guiana-Suriname
13,2
Tanzânia
Programa de manutenção do corredor central
Uganda
Reforço da estrada do corredor setentrional
36,6
Wallis e Futuna
Equipamento para obras públicas
1,93
Regional:
Plano de acção para o desenvolvimento dos transportes regionais
1,98
África Central
Estudo de viabilidade da estrada de Barouaboulai-Meiganga Ngaoundere
Regional:
Programa de manutenção do corredor central
África Oriental
Programa de melhoramento do corredor setentrional
Regional:
Melhoramento da estrada de Kayes Kidira
Apoio às pescas
2,8
0,75
1,2
22
1,9
20
13,6
28,99
África Ocidental
Total
314,53
113
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
Transporte e infra-estruturas (água e saneamento) –
Autorizações em 2001 (em milhões de euros)
Designação do projecto
Angola
Abastecimento de água potável
à cidade de Tombwa
7,6
Antilhas
Neerlandesas
Sistema de esgotos de Bonaire
0,5
Etiópia
Projecto de abastecimento
de água a Adis Abeba
Fiji
Programa ambiental
Gana
Abastecimento de água às pequenas
cidades e saneamento na região Norte
1,99
Lesoto
Estudo de viabilidade para
o abastecimento de água às terras
baixas do Lesoto
1,75
Maurícias
Estudo da instalação de esgotos
na costa ocidental
0,15
Assistência técnica ao sector
dos esgotos
0,11
© CE
País ACP
Construção de um poço no Norte do Níger.
de 11,7 milhões de euros deverá permitir a criação e
funcionamento da autoridade de gestão da bacia hidrográfica do Zambeze e o desenvolvimento da capacidade
de planeamento e promoção do abastecimento de água
às zonas rurais da bacia do Zambeze. Em 2001,
procedeu-se ao recrutamento do pessoal para assistência técnica à execução do projecto. No Uganda, o
programa de «abastecimento de água às cidades do
centro-oeste» teve igualmente o seu início em 2001.
Este programa de 17,5 milhões de euros irá beneficiar
uma população estimada de 100 000 pessoas, através da
redução da incidência de doenças de vector hídrico. Em
Samoa, está em vias de conclusão um programa de abastecimento de água a zonas rurais, no valor de 18,7
milhões de euros. Este programa está a alcançar o seu
objectivo de melhorar o sistema existente de abastecimento de água às zonas rurais mais populosas de cada
uma das duas ilhas principais que constituem Samoa,
beneficiando assim cerca de metade da população, ou
seja, cerca de 55 000 pessoas. Nas Maurícias, encontra-se
em boa execução um programa de 16,7 milhões de euros, para a extensão da estação de tratamento de esgotos de St. Martin, que vai servir uma população de
220 000 pessoas. Na Etiópia, foram executados, de
acordo com o previsto, 30% dos 19,5 milhões de euros
atribuídos à melhoria das condições de abastecimento
de água e de saneamento básico das famílias de mais
baixos rendimentos.
7.4.3. Sector da exploração mineira
No decurso de 2001, os programas de apoio à exploração mineira do FED estiveram em curso em treze
países, abrangendo um financiamento total de 452
milhões de euros. Oito desses países (Botsuana,
Burquina Faso, República Dominicana, Gabão, Mali,
Mauritânia, Namíbia e Nova Caledónia) estão a ser
apoiados nos seus esforços para desenvolverem, de
forma sustentada, os seus sectores mineiros. Em alguns
114
Montante
6
8,5
Nigéria
Programa de abastecimento de água
e de saneamento básico às pequenas
cidades
Polinésia
Francesa
Melhoramento do saneamento básico
de Bora Bora
9,95
Ilhas Salomão
Extensão do projecto de
abastecimento de água de Kombito
0,15
Total
15
51,70
destes países, procurou-se melhorar o apoio institucional e a informação geológica básica adequada,
enquanto que noutros os esforços concentraram-se na
recuperação das grandes empresas públicas e privadas
e nas formas de se reduzir o impacto negativo causado
pela actividade mineira. Nos restantes cinco países,
estão em curso programas de diversificação, centrados
principalmente no sector dos transportes.
Desde 1 de Janeiro de 2001, e na sequência das decisões relativas às medidas transitórias aplicáveis no
intervalo entre a vigência do Acordo de Lomé e o de
Cotonu, estão a ser programados, no quadro do
Acordo de Cotonu, fundos não autorizados, atribuídos
ao apoio das indústrias tradicionais (1) (cerca de 450
milhões de euros). Foi concedida prioridade aos
programas de reforço do sector institucional de minérios (o qual pode incluir uma ampla gama de
projectos, como a revisão do código de exploração
mineira ou do código ambiental, o desenvolvimento
da estrutura geológica, actividades de divulgação e de
comunicação e formação profissional), apoio às
pequenas e médias empresas de exploração mineira e
de protecção ambiental. Em 2001, estavam em curso
nove estudos de avaliação.
A Comunidade Europeia esteve igualmente activa nos
países ACP, através de programas específicos noutros
domínios, como a energia e as tecnologias de informação e sistemas de telecomunicações, dando resposta
a situações específicas a nível regional e local.
(1) Sysmin: sistema de estabilização das receitas da exportação de produtos minerais. Constitui a «transferência Sysmin» do 8.º FED, destinada a financiar o programa de desenvolvimento identificado, na sequência de um pedido de ajuda a título do Sysmin da Convenção
de Lomé, e relativamente ao qual não tinha sido possível, até 31 de Dezembro de 2000, tomar uma decisão de financiamento
ACP
No sector da energia, estão em curso diferentes actividades que abrangem o reforço institucional, o apoio
ao fornecimento de energia — incluindo a electrificação rural e as fontes de energia renováveis — e aos
transportes na República Dominicana, Eritreia, Gana,
República de Quiribati, Mali, Mauritânia, Senegal e
Serra Leoa. Em 2001, foi iniciado um esforço no
sentido de atribuir ao fornecimento de energia um
papel central, de maneira a que fosse reconhecida, na
execução do 9.º FED, a necessidade de estabelecer uma
ligação entre a energia e as prioridades de desenvolvimento (saúde, educação, desenvolvimento empresarial, igualdade entre os sexos, etc.).
Estão também em curso esforços no sentido de
melhorar a informação e os sistemas de telecomunicações. Na região das Caraíbas, foi lançado um projecto
de 750 000 euros, com vista a assegurar um desenvolvimento integrado e regulado das telecomunicações,
bem como um outro projecto, de 3,5 milhões de euros,
de modernização do sistema de teledifusão existente.
Em África, no âmbito do programa de transição
meteorológica (11 milhões de euros), foi lançado, em
Novembro de 2001, o concurso para a substituição do
equipamento de todos os serviços meteorológicos de
47 países. Quando estiverem concluídas, estas intervenções regionais vão contribuir para melhorar o
acesso dos países ACP a informação básica fiável, indispensável para um desenvolvimento sustentável.
Benim — Apoio ao sector dos transportes
Em Outubro de 1993, o Governo do Benim aprovou
uma estratégia de desenvolvimento dos transportes.
Esta estratégia abrangia a limitação dos investimentos
a uma rede rodoviária prioritária, o estabelecimento
de um fundo rodoviário para assegurar o financia-
mento da manutenção, a orientação do papel do
Estado para a direcção política e a regulação, a
promoção da participação do sector privado, o apoio
ao desenvolvimento dos serviços de transportes e o
estabelecimento de um programa de investimentos.
No quadro de diversos fundos europeus de desenvolvimento, foram concedidos, no passado, 165 milhões
de euros ao apoio a esta estratégia, principalmente
destinados à construção e ao melhoramento de
1 114 km de estradas prioritárias, permitindo assim
que o Benim tenha reforçado o seu papel de via
central de trânsito para os países vizinhos. O apoio
comunitário centrou-se também em aspectos institucionais, especialmente na criação do Fundo Rodoviário. Em 2001, a principal actividade foi o arranque
dos programas de renovação de 600 km das estradas
prioritárias do norte do país, com um custo de 90
milhões de euros. O outro objectivo da ajuda comunitária é o de tornar acessíveis as regiões mais pobres,
ligando-as à rede viária principal. A ajuda da Comunidade Europeia no domínio dos transportes tem em
consideração, igualmente, o problema da marginalização de uma percentagem cada vez maior da população urbana. Assim, a melhoria dos acessos e do
tráfego em certas zonas de Cotonu e de Porto Novo
está a ser feita com recurso a métodos de mão-deobra intensiva, de forma a proporcionar uma fonte de
rendimentos a algumas das pessoas mais pobres. Este
último projecto permitiu criar cerca de 5 000 ou mais
empregos por um período de 4 anos, beneficiando
mais de 30 000 pessoas, se tivermos em conta os
dependentes dos trabalhadores.
Calcula-se que a percentagem do total da rede viária
prioritária classificada como «em mau estado» passe
de 40% em 1998 para 10% em 2000.
Transportes e infra-estruturas — Outras infra-estruturas — Autorizações em 2001
País ACP
Designação do projecto
Barbados
Expansão do Centro de Línguas de Barbados
Comores
Em milhões
de euros
3,95
Estudo da utilização de materiais substitutos da areia
0,1
Gestão de resíduos sólidos
1,83
República
Dominicana
Projecto-piloto — Resíduos sólidos em zonas marginais
0,84
Etiópia
Preservação e conservação das igrejas de Lalibela
Haiti
Aumento dos fundos para o projecto «Utilização de imagens de satélite»
Quiribati
Programa de formação profissional de Quiribati (infra-estruturas)
Montserrate
Concepção e fiscalização do instituto superior da comunidade
Namíbia
Reclassificação do Instituto Marítimo e das Pescas em Walvis
1,9
Nova Caledónia
Novo aquário de Nouméa
0,9
9,1
0,35
6,4
0,15
Armazém frigorífico de Nouméa
1
São Vicente
Centro de Recursos Educativos
1,5
Tonga
Programa de desenvolvimento de Vava’u (infra-estruturas para o desenvolvimento
das pescas, da agricultura e do turismo)
5,2
Regional: Caraíbas
Projecto da rede de radar das Caraíbas
0,2
Programa de desenvolvimento dos recursos da escola de Medicina de Fiji
7,5
Regional: Pacífico
Redução da vulnerabilidade dos Estados ACP do Pacífico
7
Total
47,92
115
© CE
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
Plantação de novas árvores. As florestas do país são cruciais para a
subsistência de milhões de ugandeses.
7.5. Desenvolvimento rural
sustentável e segurança
alimentar
Três quartos dos 1,2 mil milhões de pessoas que vivem
em extrema pobreza encontram-se em zonas rurais,
frequentemente afectadas por graves problemas
ambientais. Em consequência, o desenvolvimento rural
sustentável e a gestão dos recursos naturais — a base
do crescimento económico na maioria dos países em
vias de desenvolvimento — constituem prioridades na
redução da pobreza rural. Apesar de grande parte dos
recursos que estão programados para os sectores social
e de infra-estruturas se destinar a áreas rurais, a
Comissão ainda não conseguiu adoptar, de forma sistemática, uma abordagem estratégica do desenvolvimento rural.
7.5.1. Desenvolvimento agrícola
As grandes alterações verificadas nos enquadramentos
internacional (liberalização e globalização dos
mercados à escala regional e global) e nacional (por
exemplo, diminuição do controlo centralizado dos
sectores produtivos) obrigam a mudanças na execução
de projectos e programas. Assim, os novos programas
no âmbito da Abordagem Sectorial Ampla (SWAP)
apoiam as políticas sectoriais agrícolas nacionais, com
vista a reforçar as organizações de produtores agrícolas, a encorajar a participação do sector privado e a
facilitar o acesso aos serviços financeiros (microfinanciamentos e outras modalidades de crédito).
No Burquina Faso, o programa PAOSA (plano de acção
para a organização do sector agrícola), de 24,2 milhões
de euros, está a fornecer apoio — no quadro do
programa de ajustamento estrutural agrícola finan-
116
ciado pelo Banco Mundial — ao reforço das capacidades próprias das organizações profissionais agrícolas
existentes, ao acesso ao financiamento local, ao apoio
institucional e ao aumento da produtividade na indústria do arroz. Prevê dar formação profissional a 30 000
agricultores e a 50 000 famílias, proporcionar crédito
para pequenos montantes a cerca de 500 000 pessoas
e introduzir novos sistemas de produção de arroz
(abrangendo 4 000 hectares), com o objectivo de
aumentar a produção anual média em 10%. No
entanto, a cooperação existente no sector agrícola
está ainda muito presa ao sistema do projecto e a
melhoria da participação comunitária nas iniciativas de
múltiplos doadores tem sido insuficiente. No que se
refere ao Stabex (Sistema de Estabilização das Receitas
de Exportação) e ao seu apoio futuro em situações de
flutuações de curto prazo nas receitas das exportações
cobertas pelo Acordo de Cotonu, os novos programas
não só contribuirão para as reformas institucionais
como também para a estabilidade macroeconómica.
No decurso de 2001, a Comissão continuou a apoiar os
12 Estados ACP tradicionais fornecedores de bananas,
através de assistência técnica e financeira especial (1).
Foram aprovadas dez propostas, cobrindo um
montante total de 43 milhões de euros. A aplicação
dos acordos relativos aos dois anos anteriores também
prosseguiu, com apoios à melhoria da produtividade
(irrigação e drenagem), da qualidade (armazéns frigoríficos) e da comercialização, bem como o apoio à
diversificação das culturas nos países onde a produção
da banana não é sustentável.
Apoio à investigação agrícola no Quénia
A fase II do programa de apoio à investigação agrícola/pecuária, com a duração de cinco anos e uma
dotação de 8,3 milhões de euros, destina-se a apoiar o
projecto nacional de investigação agrícola do Quénia,
iniciado em 1998. O objectivo geral do programa
citado é melhorar a integração económica das comunidades rurais, em especial nas terras áridas e semi-áridas (ASAL), em articulação com o resto da
economia do país. Esta iniciativa pretende assegurar
que os trabalhadores, dos sectores público e privado,
envolvidos na área das ASAL, assim como as organizações comunitárias locais, mediante uma utilização
mais eficaz das recomendações decorrentes da investigação, transmitam aos agricultores e criadores de
gado tecnologias e outros conceitos sãos e socialmente aceitáveis. As contribuições da UE (assim como
de outros doadores) consistem em fundos operacionais destinados à investigação e ao reforço das capacidades próprias, melhoria das infra-estruturas, equipamento científico e de transporte e ainda serviços de
consultoria técnica a curto e a médio prazo. Tudo isto
contribui para criar uma capacidade de investigação
agrícola maior e mais eficaz, particularmente nas
ASAL do Quénia.
Os programas de investigação adaptativos e aplicados
incidem sobre tópicos no domínio da gestão do solo e
da água, da pecuária e da gestão dos recursos naturais nas zonas montanhosas, geralmente áridas. O
projecto pretende encontrar soluções sustentáveis,
numa abordagem com base na comunidade e à
(1) Tal como é estabelecido no Regulamento (CE) n.º 856/1999 do Conselho.
dimensão do género, com uma colaboração importante por parte das ONG e dos funcionários públicos
envolvidos no trabalho de campo. Os acordos de colaboração com as organizações locais e com as ONG,
com vista à promoção das tecnologias recomendadas
e à melhoria das capacidades/formação na fase inicial,
melhoram significativamente a sua adaptação e a sua
adopção a uma escala mais alargada. Isto conduziu,
por exemplo, à criação de três pequenas unidades
leiteiras em centros estratégicos nas zonas montanhosas do norte do Quénia, permitindo abastecer
cerca de 50 000 pessoas com produtos lácteos frescos
e higiénicos, a partir de leite de vaca e de camelo. Ao
mesmo tempo, foi possível, nestas comunidades das
ASAL, melhorar a segurança alimentar e aumentar os
rendimentos
permanentes
(especialmente
das
mulheres). Com a melhoria das tecnologias de preparação e drenagem dos solos, cerca de 2,4 milhões de
hectares de solos pesados e mal drenados podem
agora ser utilizados em culturas agrícolas. Simultaneamente, foi desenvolvida uma ferramenta para plantação precoce, com vista a aumentar as possibilidades
de os agricultores obterem boas colheitas em zonas
semi-áridas. Este projecto conseguiu alertar as comunidades do Quénia que vivem total ou parcialmente
do pastoreio para a importância estratégica de
preservar os recursos genéticos animais do Quénia,
perfeitamente adaptados às difíceis condições de vida
e às doenças locais, em especial os cerca de 5 milhões
de zebus de cornos curtos da África Oriental.
7.5.2. Desenvolvimento
da produção animal
Foram aprovados em 2001 dois novos acordos de
financiamento, num montante total de 12,5 milhões
de euros, em benefício do sector da produção animal
em Madagáscar e na Guiné. Os projectos incidem
sobre o apoio institucional, a saúde animal, a privatização dos serviços veterinários e a melhoria dos
serviços específicos da produção animal. Espera-se que
a sustentabilidade e a eficácia destes projectos sejam
substancialmente melhoradas, quer através do envolvimento activo na concepção do projecto dos pequenos
proprietários de gado beneficiários, quer pelo reforço
das organizações de produtores de gado, que são
responsáveis pela execução do projecto.
A nível regional, estão em execução dois programas,
pelo Instituto Nacional de Recursos Animais, com sede
em Nairobi.
❿ O projecto de «exploração agrícola em zonas afectadas pela mosca tsé-tsé» (20 milhões de euros)
abrangeu inicialmente a Etiópia, o Quénia e o
Uganda, mas será alargado à Tanzânia, ao Ruanda
e ao Burundi. Este projecto pretende contribuir
para a melhoria do bem-estar das populações
rurais, mediante o desenvolvimento de uma
pecuária sustentável, em zonas afectadas pela
mosca tsé-tsé. O objectivo de longo prazo é o
controlo sustentável da doença do sono, organizado e financiado pelos proprietários de gado. No
Quénia, por exemplo, uma intervenção de emergência permitiu reduzir a taxa de infecção por
tripanossomíase (vulgo doença do sono) de 80%
para 20% entre as 50 000 cabeças de gado do
© CE
ACP
A existência de gado em boa saúde é vital para a subsistência da população
da Guiné-Conacri.
distrito de Teso. 1 400 criadores receberam
formação em técnicas de controlo da doença. Foi
testada, em 60 unidades pecuárias, uma nova abordagem na gestão da transmissão da tripanossomíase através da mosca tsé-tsé. A protecção dessas
unidades com redes mosquiteiras impregnadas com
insecticida conduziu a uma significativa redução
das despesas veterinárias e a um aumento da
produção de leite.
❿ O programa pan-africano de controlo das doenças
animais — epizootias (72 milhões de euros) —
cobre um total de 32 países africanos a sul do Sara.
Destes, 28 tinham em vigor um projecto nacional
em 2001. Foi estabelecida uma estreita coordenação entre os países beneficiários, a comunidade
de doadores e outras organizações internacionais
(Instituto Internacional de Investigação Animal,
Instituto Internacional das Epizootias e Organização das Nações Unidas para a Alimentação e
Agricultura), com o objectivo de criar um sistema
global de saúde animal. O projecto pretende reorganizar os serviços veterinários de forma a que
estes controlem mais eficazmente as principais
doenças dos animais. Este controlo, uma vez reconhecido internacionalmente, será condição para
que os países possam participar no comércio
regional e internacional de gado e de produtos
animais. Por exemplo, dez países prepararam
processos, para apreciação pelo Instituto Internacional das Epizootias, com vista a obterem o estatuto de «países livres da doença da peste bovina».
7.5.3. Investigação
A investigação no domínio da agricultura está a contribuir para a redução da fome e da pobreza rural,
através do aumento da produtividade rural e dos
rendimentos agrícolas. Perante a crescente escassez de
terras cultiváveis e de água, os aumentos futuros da
produção de alimentos têm que ser obtidos através do
aumento da produtividade. Existem dois grandes
117
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
© CE
PESCAS
Projecto de marcação dos atuns no alto mar nas Ilhas Fiji no âmbito dos
programas regionais de avaliação das unidades populacionais financiadas
pela UE (ProcFish).
programas, num montante total de 41,3 milhões de
euros, que abrangem o Conselho da África Ocidental e
Central para a Investigação Agrícola e o Desenvolvimento e a Associação de Investigação Agrícola da
África Central. Estes programas iniciaram as suas actividades em 2001, com o objectivo global de melhorar a
capacidade de investigação agrícola e os serviços de
mais de 20 instituições nacionais de investigação agrícola nas três regiões abrangidas. Estes programas são
caracterizados por contribuírem para o reforço das
capacidades das instituições de investigação, a nível
nacional e regional, por uma abordagem inovadora no
acesso ao financiamento através de propostas competitivas e pelo co-financiamento das redes regionais de
investigação de produtos agrícolas específicos.
7.5.4. Abastecimento de água
a zonas rurais
A comunidade internacional adoptou um objectivo de
desenvolvimento internacional visando a melhoria do
acesso a fontes de água potável (para a população da
África a sul do Sara) de 49% para 74%, até ao ano de
2015 (1). Um dos projectos mais importantes da Comunidade Europeia é o «programa solar regional», ao
abrigo do qual foram instaladas, entre 1990 e 1998,
em nove países (Burquina Faso, Mali, Níger, Senegal,
Gâmbia, Chade, Mauritânia, Cabo Verde e Guiné-Bissau), 626 bombas solares e 660 sistemas de electrificação solar, que beneficiam uma população rural
total de 1 milhão de habitantes. Após uma avaliação
positiva efectuada em 2001, foi decidido proceder ao
lançamento da segunda fase, avaliada em 60 milhões
de euros. Esta segunda fase pretende estabelecer uma
melhoria de longo prazo na água potável de qualidade, disponível para as populações do Sael. Serão
instalados 465 novos sistemas solares nas aldeias rurais
(com uma população média de cerca de 3 000 habitantes), o que implicará a participação activa dos beneficiários e dos sectores público e privado na exploração
dos recursos disponíveis através da utilização de tecnologias com base na energia solar.
118
(1) Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.
Foram lançados alguns projectos — em especial os do
Pacífico (ProcFish), os do oceano Índico (acompanhamento, controlo e vigilância) e os do lago Vitória
(plano de promoção das pescas) — com o objectivo de
desenvolver competências de gestão de recursos aquáticos em países alvo ACP, bem como para facilitar a
colaboração regional. Foram também iniciados, no
Pacífico, dois grandes projectos nacionais centrados na
pesca costeira em zonas rurais, visando promover o
envolvimento do sector privado. Em cooperação com a
unidade de apoio às pescas internacionais e à investigação aquática da Organização das Nações Unidas
para a Alimentação e Agricultura, estão em preparação diversos outros projectos de gestão no domínio
das pescas. Foi igualmente financiado um programa de
45 milhões de euros relativo ao reforço dos aspectos
de controlo sanitário, com vista a assegurar a melhoria
da produção e da capacidade comercial no que se
refere aos produtos da pesca.
Projecto de investigação sobre a pesca
no lago Vitória
A pesca no lago Vitória produz anualmente 500 000
toneladas de peixe, das quais 100 000 se destinam à
exportação para mercados ocidentais. A pesca desempenha um papel muito importante no desenvolvimento económico da região da África Oriental. A
segunda fase do projecto de investigação sobre a
pesca no lago Vitória (que teve início em 1995, com
9,4 milhões de euros) contribuiu para o desenvolvimento da cooperação regional entre o Quénia, o
Uganda e a Tanzânia, através da Organização da Pesca
do Lago Vitória. A capacidade das três instituições
locais de investigação foi melhorada através da reclassificação das instalações e dos barcos, da formação
profissional ministrada a 150 membros do pessoal de
investigação e da oferta de 12 bolsas de estudos
universitários ultramarinas. O projecto ajudou a
melhorar a gestão sustentável dos recursos do lago,
tendo sido aplicado um plano de gestão conjunta das
pescas, o qual se encontra actualmente em discussão,
com vista à sua aplicação pelos países abrangidos.
Programa de pesca do Pacífico
O Programa de Pesca Regional Oceânica e Costeira do
Pacífico (ProcFish, de 10,5 milhões de euros) abrange
duas componentes:
❿ a componente costeira diz respeito à compilação
dos resultados da primeira grande avaliação básica
de recursos dos recifes, que cobre grande parte da
área do Pacífico, destacando não só os recursos dos
recifes, mas também os aspectos humanos e sociais;
❿ a componente oceânica vai explorar os resultados
da investigação e do trabalho de avaliação já realizado pelo Secretariado da Comunidade do Pacífico
(SCP) sobre as espécies mais importantes de atuns
do Pacífico. Este trabalho, que mereceu o reconhecimento da comunidade científica internacional,
foi realizado pelo SCP no quadro de um anterior
ACP
projecto de avaliação e investigação relativo ao
atum na região sul do Pacífico, também financiado
a título do FED. O âmbito deste trabalho será alargado, de forma a incluir uma avaliação mais
completa e o acompanhamento do atum patudo e
do atum albacora e das populações de peixes atingidas pela captura acidental.
Cada uma destas componentes do ProcFish abrange
uma subcomponente «ACP» e outra subcomponente
«OCT» (territórios e países ultramarinos). O SCP é o
organismo incumbido da execução deste projecto
regional (1).
O trabalho desenvolvido no domínio do ambiente em
2001 tem sido muito intenso, em especial nas áreas da
exploração e conservação florestal, da vida selvagem e
da gestão sustentável dos recursos naturais. Foram
executados sete novos programas e projectos num
montante total de 55,1 milhões de euros, tendo sido
aprovados quatro novos programas num valor de 26
milhões de euros.
O principal programa em curso neste sector é o Ecofac,
um programa de conservação e utilização racional dos
ecossistemas florestais da África Central. Em 2000, teve
início a terceira fase do programa, de 23 milhões de euros, que abrange actividades relativas à conservação da
biodiversidade e à utilização sustentável dos recursos
naturais, como a floresta, com vista ao desenvolvimento
e à melhoria sustentáveis dos padrões de vida das populações. Em seis países da bacia florestal do Congo, estão
em curso actividades no âmbito do programa, coordenadas por uma unidade ambiental, que foi recentemente reforçada, situada em Libreville. O programa
conseguiu melhorar substancialmente a capacidade e a
sensibilização das autoridades nacionais para a gestão
dos seus recursos naturais. Em 2001, a área do Parque
Nacional de Odzala (no Congo) foi multiplicada por
cinco, passando de 2 800 km2 para 13 280 km2, e o Parque Nacional de Monte Allen (Guiné Equatorial) foi
aumentado de 1 004 km2 para 2 000 km2. Para além
disso, foi criada uma rede de área protegida da África
Central (RAPAC). A vontade de integrar na rede os cinco
locais, que são património mundial, situados na República Democrática do Congo, bem como a filiação na
rede do Parque Nacional de Zakouma, no Chade,
demonstram a receptividade em relação à RAPAC. Outra actividade importante é o diálogo estabelecido com
as empresas de exploração de madeiras no sentido de
melhorar os seus planos de gestão e de envolver as
comunidades locais, quer no controlo do comércio ilegal de madeiras raras quer na criação de áreas florestais
comunitárias.
© CE
7.5.5. Ambiente
O programa regional Ecofac apoia a criação e a gestão de áreas selvagens
protegidas (Gabão).
especialistas estimam que essas aldeias precisam de
15 000 furos equipados com bombas manuais e que a
população nómada precisa de dispor de, pelo menos,
4 000 poços grandes. Em cooperação com outros
doadores, foi estabelecida uma política sectorial para a
água. Desde a década de 1980, a União Europeia já atribuiu mais de 30 milhões de euros a este sector. Estas
ajudas permitiram a construção de cerca de 2 000 pontos de água equipados com bombas, a construção de 45
sistemas de distribuição de água potável nas aldeias
principais, assim como a reconstrução de cerca de uma
centena de pontos de água. A área abrangida foi
aumentada em volta da capital, Jamena, com vista a incluir seis regiões no oeste do país. Está em execução um
programa que visa pôr em funcionamento mais de
1 000 novos pontos de acesso à água. A cada dia que
passa, há novos poços a abastecer as populações de
água. Em linha com estas medidas, o programa regional
solar instalou no Chade bombas solares de funcionamento automático, as quais têm a vantagem acrescida
de exigir pouca manutenção. Um novo programa, co-financiado pelas agências de desenvolvimento da
Alemanha e da França, irá, num futuro próximo, dar
acesso a cerca de 300 novas tomadas de água. No âmbito do 9.º FED, foi iniciado um estudo visando planear
as actividades neste sector prioritário, que incluem a
construção de cerca de 3 400 novos poços. Todas estas
actividades procuram assegurar a sustentabilidade e
maximizar a cooperação com os outros doadores.
Abastecimento de água às aldeias do Chade
7.5.6. Segurança alimentar
No Chade, o acesso à água potável de qualidade constitui uma questão crucial. Quase oito habitantes em 10
não têm acesso a água limpa e cerca de 33% das aldeias
(com uma população superior a 300 pessoas) não possuem qualquer ponto de abastecimento de água. Os
A Comunidade Europeia mantém-se activa na área da
segurança alimentar, através do Serviço Humanitário da
Comunidade Europeia (ECHO) e da sua estratégia global
de ajuda ao desenvolvimento. São apresentados, a seguir, alguns exemplos dessas actividades nos países ACP.
(1) Ver: http://www.spc.int.
119
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
© CE
7.6. Direitos humanos,
democracia, boa
governação e reforço
das capacidades próprias
O projecto Proagni melhorará a segurança alimentar de milhares de
agricultores, nomeadamente a desta família na província da Zambézia, no
Norte de Moçambique.
O respeito dos direitos humanos — incluindo os
direitos sociais fundamentais, os princípios democráticos, o princípio do Estado de direito e a boa e
responsável gestão económica — constitui parte integrante do desenvolvimento sustentável e um elemento
fundamental do Acordo de Cotonu. Estas questões são
objecto de diálogo político regular entre a UE e os
Estados ACP e constituem áreas de forte apoio comunitário. O «reforço das instituições» é uma das vias
mais úteis nesse contexto. A comunicação da Comissão
sobre a prevenção de conflitos (1) apela a uma maior
integração da paz, da democracia e da estabilidade
social e política nos programas de ajuda, como meio
de prevenção de conflitos. Esta é, portanto, uma área
em que existe um aumento crescente da actividade da
CE, em especial através do campo relativamente
recente do apoio institucional, com base na experiência obtida a partir de projectos e contactos com
outros doadores.
África — Moçambique
Quase dois terços da população de Moçambique
(sendo 80% população rural) vive abaixo do limiar de
pobreza, sujeita a enormes dificuldades no domínio
da segurança alimentar, agravadas por catástrofes
naturais recorrentes, como, por exemplo, ciclones,
inundações e secas. Os programas comunitários de
segurança alimentar fazem parte do Documento Estratégico de Redução da Pobreza, que apoia as reformas
dos serviços públicos julgadas essenciais para se
alcançar a segurança alimentar. Esta estratégia é
complementada pelo apoio directo aos produtores
agrícolas. O apoio às reformas administrativas é canalizado através da assistência orçamental centrada nos
ministérios da Agricultura (com o programa Proagri) e
do Comércio, bem como no Instituto Meteorológico
nacional. O apoio directo aos produtores rurais visa
melhorar a produtividade e a diversificação agrícola,
concentrando-se no norte e no sul do país.
Caraíbas — Haiti
No Haiti, a população recebe apenas 80% dos valores
mínimos nutricionais estabelecidos pelas Nações
Unidas, e os danos ambientais significativos contribuem para um estado permanente de insegurança
alimentar. A instabilidade política que afecta o país
piorou ainda, desde as eleições governamentais de
Maio de 2000, situação que conduziu, por seu lado, a
uma significativa redução das ajudas internacionais.
Apesar do congelamento de novas autorizações no
âmbito do FED, a Comissão Europeia continuou a
prestar auxílio às cantinas escolares, assegurando uma
dieta equilibrada a quase 115 000 crianças em idade
escolar. As actividades que já haviam sido aprovadas
ou que estavam em curso (por exemplo, a renovação
de infra-estruturas e a ajuda ao crédito) também
continuaram.
120
(1) COM(2001) 211, de 11 de Abril de 2001.
Globalmente, existiam 254 projectos novos e em curso
neste domínio em 2001, num montante total de 727
milhões de euros, cobrindo um amplo leque de actividades de «reforço institucional» que podem ser divididas em duas grandes categorias: 1) respeito dos
direitos humanos, melhoria dos sistemas jurídicos, eleições e educação cívica; 2) boa governação através do
reforço das capacidades próprias, de reformas na
administração pública e da promoção da descentralização. Para além disso, havia um conjunto de projectos
no valor total de 121,5 milhões de euros, abrangendo
todos os aspectos do reforço das instituições na África
do Sul. Tendo em consideração a natureza destas actividades, só a médio ou a longo prazo será possível
proceder à avaliação do êxito destes programas.
7.6.1. Direitos humanos e justiça
O objectivo dos programas comunitários no domínio
dos direitos humanos é o de instaurar e manter a paz,
como demonstram os 800 000 euros que, no âmbito do
programa de recuperação do Burundi, foram afectados à reconciliação nacional, através de acções de
formação parajurídica aos «bashingantahe» (anciãos
das aldeias), que foram depois enviados para as
«collines» (distritos) em todo o país onde estes agentes
estão sub-representados. Este projecto é gerido pelo
programa de desenvolvimento das Nações Unidas. Na
Guiné Equatorial, está prestes a iniciar-se, após um
período de vários anos de suspensão da ajuda ao
desenvolvimento, um novo programa piloto de
3 milhões de euros, que visa apoiar os direitos
humanos, a democracia e a instauração do princípio
do primado do direito.
O bom funcionamento do sistema de justiça é fundamental para o respeito dos direitos humanos. Existem,
actualmente, programas financiados pelo FED em oito
países, num total de 48,4 milhões de euros, que incidem
especificamente neste domínio. Um exemplo é o
programa de 16 milhões de euros no Burquina Faso, que
ACP
Desenvolvimento rural e segurança alimentar — Autorizações em 2001
País ACP
Designação do projecto
Em milhões
de euros
Benim
Programa de recuperação e manutenção de estradas secundárias
Botsuana
Programa de conservação e gestão da vida selvagem
8,50
14,00
Burquina Faso
Fase 2 do programa solar regional
Camarões
Apoio institucional à descentralização da manutenção de estradas
9,96
Ilhas Caimão
Desenvolvimento do ecoturismo
0,10
Chade
Fase 2 do programa solar regional
4,00
República
Dominicana
Programa de desenvolvimento do ecoturismo dominicano
5,99
23,50
Etiópia
Programa de melhoramento da cultura do café (fase 4)
Gabão
Melhoria da gestão do turismo na reserva de La Lopé
0,10
Assistência técnica às florestas e ao ambiente
0,08
Guiné-Bissau
Estudo de viabilidade do programa solar regional
Guiné-Conacri
Apoio à promoção das organizações rurais
15,00
0,08
18,50
Madagáscar
Programa de desenvolvimento da pecuária
4,00
Malavi
Avaliação do projecto de intervenção social no sector da silvicultura
0,06
Assistência técnica à preparação de programas no domínio dos recursos naturais
Mali
0,35
Programa de cultura do arroz
16,00
Fase 2 do programa solar regional
Mauritânia
Namíbia
6,56
Programa ambiental de combate à desertificação
14,00
Oásis rural de Adrar
10,00
Seminário sobre diversificação agrícola
0,02
Estudo para a recuperação da barragem PPG
0,08
Necessidades de infra-estruturas rurais em zonas rurais pobres
0,08
Desenvolvimento rural
0,20
Apoio à comercialização de produtos agrícolas e às negociações comerciais
0,19
Programa de apoio aos serviços agrícolas nacionais
6,00
Níger
Fase 2 do programa solar regional
2,39
Togo
Programa agroflorestal
Uganda
Programa de gestão dos recursos florestais
Zâmbia
Programa de apoio no domínio da silvicultura
1,90
Zimbabué
Controlo das doenças sexualmente transmissíveis
0,04
Regional:
África Central
Iniciativa de luta contra a caça furtiva
1,60
Regional:
Pacífico
Assistência à protecção de espécies vegetais no Pacífico
0,03
Regional:
África Ocidental
1,98
12,00
Pesca costeira e oceânica no Pacífico e a nível regional
10,50
Fase 2 do programa solar regional
26,21
Programa regional da energia
Todos os ACP
5,40
Centro Técnico para o Desenvolvimento da Agricultura
13,31
Total
visa apoiar a democracia, o cumprimento da lei e a boa
governação. Este projecto incide em especial na
reforma jurídica, a promover através da Universidade
de Ugadugu, e pretende estabelecer uma ligação entre
o governo democrático e uma governação económica e
socialmente sustentável. Abrange também uma componente de reforma prisional, que inclui a assistência penal através da defesa oficiosa. No Ruanda, também já se
iniciaram os trabalhos do programa no domínio da jus-
232,71
tiça, no montante de 7,2 milhões de euros. Este
programa apoia diversas instituições estatais, incluindo
o «gacaca», o sistema tradicional de justiça, o qual, segundo se espera, permitirá ouvir os prisioneiros
acusados dos crimes cometidos durante o genocídio em
1994, com excepção dos mais graves. Apoia igualmente
projectos que promovem a prestação de serviços comunitários como alternativa à prisão, em projectos das
ONG ligados à justiça e à reconciliação nacional.
121
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
© CE
CE é membro do grupo de trabalho sobre governação
económica. Uma das principais formas de apoio, em
termos do número de projectos — sendo este um tipo
de apoio que pode ter efeitos que ultrapassam de
longe o mero custo financeiro — traduz-se na assistência técnica aos gestores nacionais. Na maior parte
dos países ACP, este apoio é prestado sob alguma
forma, muitas vezes no quadro de um programa mais
vasto de ajuda ao Ministério das Finanças e/ou do
Planeamento, nas reformas dos sistemas económico,
da administração pública ou outras. Esta assistência é
concedida não apenas aos ministérios, mas também a
outros organismos públicos, que desempenham um
papel importante nas políticas nacionais.
A UE apoia activamente o processo democrático através da observação de
eleições.
ELEIÇÕES
A democracia depende, também, do enquadramento
para eleições livres e justas. À medida que o número de
actos eleitorais aumenta nos países ACP, as ajudas do
FED aumentam também, passando de quatro projectos
em 2000 para sete em 2001, no Congo, no Lesoto, nas
Ilhas Salomão, na Serra Leoa, no Chade, no Togo e na
Zâmbia. O apoio do FED começa antes das eleições, com
actividades como a educação dos votantes e o recenseamento, podendo também consistir, por exemplo, na
impressão dos boletins de voto ou em programas de
formação cívica a mais longo prazo. Com a excepção do
Chade e da Zâmbia, todos os apoios financeiros acima
referidos (e aprovados em 2001) incidem em eleições
que terão lugar em 2002.
Os resultados das eleições, quer no Chade quer na Zâmbia, foram objecto de contestação, estando a Comissão
a estudar a maneira de tornar mais eficaz o apoio do
FED neste domínio. Em alguns casos, existe um apoio
adicional que é prestado por observadores eleitorais
internacionais a título da rubrica orçamental B7-7. Este
apoio eleitoral é normalmente fornecido após consulta
e em cooperação com outros doadores, incluindo o
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.
Após a eleição, os representantes eleitos necessitam,
frequentemente, de ajuda para obterem os meios indispensáveis à execução das suas tarefas, por exemplo, pessoal, bibliotecas e computadores. A CE tem em curso vários projectos deste tipo, de que é exemplo o apoio institucional à Assembleia Nacional de Angola.
BOA
122
GOVERNAÇÃO
No âmbito das estratégias de cooperação, a boa governação vem merecendo uma crescente prioridade, com
base numa análise dos problemas e das necessidades
de desenvolvimento institucional, muitas vezes em
articulação com outros doadores interessados, como
acontece, por exemplo, no caso do Quénia, em que a
Assim, na Etiópia, as instituições financeiras recebem
actualmente apoio com vista à modernização e racionalização das suas actividades. Na República Dominicana, está em curso um programa no valor de 25
milhões de euros, lançado em 2001, que visa a reforma
do Estado e a sua modernização e inclui a descentralização em benefício dos níveis provincial, regional e
local. A tendência de delegação de poderes nos níveis
administrativos mais baixos deverá manter-se. Na
República da Guiné foi iniciado em 1998 um projecto
piloto de 1,91 milhões de euros, destinado à promoção
de cidades secundárias, que teve origem na iniciativa
de descentralização ocorrida na década de 1990 e visa
habilitar os responsáveis a nível local a desempenharem um papel activo no domínio do desenvolvimento. Uma avaliação recente constatou que, apesar
dos problemas detectados, esta experiência deveria ser
desenvolvida e seguida noutras regiões do país. Dada
a importância que o Acordo de Cotonu atribui a uma
maior participação da sociedade civil no processo de
desenvolvimento e, portanto, no reforço das capacidades próprias, os programas-piloto deste tipo
poderão constituir uma útil fonte de experiência. Os
censos — que constituem um instrumento inestimável
no planeamento macroeconómico — também são
financiados pelo FED. Um exemplo recente é o do
Níger, onde se iniciou, em 2001, um projecto de 1,1
milhões de euros. Em Outubro de 2001, o censo demográfico e habitacional estava concluído. Todas estas
actividades são coordenadas em estreita ligação com o
ajustamento estrutural, com o aligeiramento da dívida
e com outros programas pertinentes, quer da CE quer
de outros doadores.
Regime de assistência social na Zâmbia
Um projecto interessante e, de certa maneira, único,
do FED é o do regime de assistência social na Zâmbia
(sigla inglesa PWAS), assinado em 1999. Absorve um
montante relativamente modesto de recursos
(1 160 000 euros) e foi concebido para melhorar o
sistema de segurança social da Zâmbia através do
apoio à gestão, à formação profissional e à melhoria
da coordenação a todos os níveis. As organizações de
base estão directamente envolvidas nas decisões e na
atribuição dos recursos. O PWAS utiliza estruturas
sociais já existentes, na medida do possível (comissões
já formadas, organizações de base comunitária, etc.),
em vez de criar estruturas novas. O projecto final do
Documento Estratégico de Redução da Pobreza para a
Zâmbia em 2001 reconhecia o mérito do PWAS reformado. Cerca de 4,13 milhões de euros vão ser atribuídos ao longo dos próximos cinco anos, montante
que se vai adicionar ao co-financiamento governa-
ACP
mental, de 0,65 milhões de euros. Uma avaliação
intercalar recente do projecto constatou que outros
países da região poderiam segui-lo como modelo, com
grande vantagem. A avaliação concluiu que o projecto
PWAS deveria ser alargado — com um orçamento
mais elevado — a áreas urbanas. No entanto, estes
resultados, apesar de merecerem ser sublinhados,
revelaram-se frágeis, necessitando de consolidação,
de um maior reforço das capacidades próprias, da
constituição de uma rede com outros parceiros nacionais e de uma maior utilização dos recursos locais, a
fim de aumentar a sua sustentabilidade.
Reforço institucional – Autorizações em 2001
(em milhões de euros)
País ACP
Em Milhões
de euros
Angola
0,40
Antígua e Barbuda
0,02
Baamas
0,04
Botsuana
5,12
Burquina Faso
2,8
Burundi
0,08
Camarões
2,81
República Centro-Africana
0,75
Chade
13,89
Congo
2,44
República Democrática do Congo
0,58
Jibuti
0,11
República Dominicana
0,02
Guiné Equatorial
3
Eritreia
0,74
Guiné-Bissau
0,03
Guiné-Conacri
3,07
Guiana
7.7.1. Políticas macroeconómicas
O apoio orçamental macroeconómico tornou-se parte
integrante da cooperação técnica e financeira da
Comunidade com os países ACP. A partir de 1992, a CE
forneceu apoio orçamental num total de 2 604 milhões
de euros a 40 países ACP. Anteriormente, estes fundos
eram utilizados, na sua quase totalidade, para apoiar
economias que enfrentavam problemas com a
«balança de pagamentos». A abordagem actual é a de
ajudar os países a modificarem o modo de funcionamento das suas economias.
Assim, em 2001, a Comissão continuou a seguir a linha
de associar os programas de apoio orçamental à luta
contra a pobreza e, portanto, aos documentos estratégicos de redução da pobreza estabelecidos pelos países
em vias de desenvolvimento. Por esse motivo, a maior
parte dos programas de apoio orçamental continham
indicadores de desempenho respeitantes, principalmente, à saúde, à educação e à gestão das finanças
públicas. No que diz respeito a este último aspecto, a
Comissão estabeleceu um acordo com o Banco
Mundial, que cria um fundo fiduciário conjunto CE/BM
para a avaliação da despesa pública e da responsabilização. Para além disso, a Comissão está a trabalhar no
sentido de estabelecer mecanismos comuns com outros
doadores, que permitam prestar uma assistência mais
eficiente e eficaz aos países beneficiários.
Em 2001, a Comissão atribuiu 263 milhões de euros a
programas de apoio orçamental directo aos países
ACP. Autorizou mais de 300 milhões de euros em pagamentos a 38 países ACP que têm em curso programas
de ajustamento estrutural.
0,2
Haiti
0,15
Costa do Marfim
0,23
Quénia
0,54
Quiribati
0,07
Lesoto
0,85
Malavi
1,34
Mali
7.7. Políticas
macroeconómicas
e desenvolvimento
do sector privado
0,7
Apoio macroeconómico — Programas de ajustamento
estrutural — Autorizações em 2001
País ACP
Em Milhões
de euros
Cabo Verde
12,1
Gabão
4,9
0,37
Gana
50,8
Níger
1,99
Guiné
11,1
Ruanda
0,06
Costa do Marfim
12,8
Senegal
1,43
Jamaica
21,7
Serra Leoa
3,22
Lesoto
18,5
Ilhas Salomão
1,28
Mali
31,8
Suriname
0,16
Mauritânia
18,3
Tanzânia
0,1
Namíbia
Níger
3.2
Togo
3,07
Tanzânia
76,1
Zâmbia
0,08
Vanuatu
1,6
Total
51,74
Total
262,9
123
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
O Burquina Faso e a nova abordagem
do apoio orçamental
Entre 1997 e 2000, a parceria estratégica para África
(um grupo informal de doadores, sob a égide do Banco
Mundial) levou a cabo um exercício no Burquina Faso
com o objectivo de estudar a questão da vinculação da
ajuda ao cumprimento de determinadas condições pelo
país beneficiário (a chamada «condicionalidade»). O
estudo foi levado a cabo sob os auspícios do Governo
do Burquina Faso. A nova abordagem confia ao Governo parceiro o papel central no processo de reforma,
enquanto os doadores limitam a sua tarefa à avaliação
dos resultados no campo do crescimento económico e
da luta contra a pobreza. Os resultados do «teste da
condicionalidade» foram amplamente utilizados na
reforma dos mecanismos institucionais de Bretton
Woods relativos ao ajustamento estrutural. Um dos
resultados mais importantes desta reforma foi, no caso
dos PPAE (países pobres altamente endividados), a
elaboração de um documento global sobre o desenvolvimento, conhecido como Documento Estratégico de
Redução da Pobreza.
No caso do Burquina Faso, vários doadores (a
Comissão, os Países Baixos, a Dinamarca, a Suécia e a
Suíça) concordaram em pôr em prática a ajuda orçamental de forma complementar, utilizando os
mesmos mecanismos de desembolso concebidos no
Documento Estratégico de Redução da Pobreza. A
ideia é reduzir os custos de transacção dos governos
resultantes da ligação a múltiplos doadores e, a
médio prazo, assegurar a visibilidade financeira. O
programa de apoio orçamental à redução da pobreza
de 2001 incluía duas componentes de apoio orçamental directo. A primeira, de 15 milhões de euros,
estava associada ao quadro macroeconómico e foi
libertada em função da avaliação feita pelo FMI do
seu programa para o Burquina Faso. A segunda, de 10
milhões de euros, foi libertada com base no desempenho de um certo número de indicadores no âmbito
do Documento Estratégico de Redução da Pobreza.
Neste sentido, o pagamento da fracção final está
associado ao esforço desenvolvido, bem como aos
resultados da execução da política e das acções de
redução da pobreza em áreas-chave do documento
estratégico. Até agora, os progressos obtidos são
modestos, mas o processo foi lançado e os intervenientes e as suas responsabilidades estão agora claramente definidos.
7.7.2. Iniciativa para os países
pobres altamente endividados
Foram adoptadas duas decisões conjuntas pelo
Conselho de Ministros ACP-CE em Dezembro de 1999,
relativas à participação da CE na iniciativa para os
países pobres altamente endividados (1). Enquanto
credora, a Comissão Europeia contribui com 360
milhões de euros para o Fundo Fiduciário PPAE gerido
pelo BEI e, enquanto doadora, contribui com um
máximo de 680 milhões de euros para o Fundo Fiduciário PPAE gerido pelo Banco Mundial.
124
Os acordos-quadro entre a UE, o Banco Mundial e o
Banco Europeu de Investimento estabelecem a base
jurídica e prática para o aligeiramento da dívida à UE.
Na sequência da assinatura destes acordos, foi disponibilizado um primeiro pagamento de 250 milhões de
euros, ao Fundo Fiduciário do Banco Mundial (Julho de
2000), e um primeiro pagamento de 100 milhões de
euros ao Fundo Fiduciário do BEI (Dezembro de 2000).
Até ao momento, 24 dos 41 PPAE (dos quais 34 são
países ACP) alcançaram o seu «ponto crítico» (2), pelo
que têm direito ao aligeiramento provisório da dívida
através do Fundo Fiduciário do Banco Mundial. O
Banco Mundial e o Banco Africano para o Desenvolvimento (BAD) fazem a avaliação das necessidades.
No que se refere ao papel da CE enquanto credora, a
análise das necessidades é levada a cabo pelos serviços
da CE. À medida que os países alcançam o seu ponto
crítico, a Comissão, em estreita cooperação com o BEI,
estabelece o total da dívida activa à CE, numa análise
por país (incluindo os empréstimos especiais e as
operações de capital de risco). Em seguida, identifica
os empréstimos a considerar para efeitos do aligeiramento da dívida e acorda com os países abrangidos
quais os empréstimos que, em última análise, vão ser
seleccionados.
No final de 2001, a Comissão enviou propostas de
aligeiramento da dívida a quase todos os países elegíveis. Foi efectuada a transferência de um segundo
pagamento de 250 milhões de euros para o Fundo
Fiduciário dos PPAE administrado pelo BM e de um
segundo pagamento de 100 milhões de euros para o
Fundo Fiduciário dos PPAE administrado pelo BEI. Em
31 de Dezembro de 2001, somente o Uganda, Moçambique e a Tanzânia tinham alcançado o seu «ponto de
conclusão» sob a iniciativa alargada dos PPAE.
Os fundos libertados pelo cancelamento das obrigações decorrentes do serviço da dívida são, depois, utilizados para financiar as iniciativas de redução da
pobreza, principalmente no sector social.
7.7.3. Desenvolvimento
do sector privado (DSP)
O objectivo da CE é o de assegurar um desenvolvimento económico sustentável a longo prazo. O sector
privado é entendido como o motor do crescimento
económico, constituindo, portanto, uma significativa
fonte do emprego nos países ACP.
O desenvolvimento do sector privado é uma questão
horizontal, pelo que faz parte da programação de
outros sectores como a saúde, a educação e as infra-estruturas. A estratégia da Comissão Europeia
combina o apoio a nível macro (enquadramento
empresarial e clima de investimento), a nível médio
(financeiro e não financeiro), intermediário e micro
(competitividade empresarial).
No que respeita ao nível macro e médio, as autoridades nacionais e regionais dos países ACP podem
(1) Decisões n.º 1/1999 e n.º 2/1999, de 8 de Dezembro de 1999 (JO L 103 de 28.4.2000, p. 73 a 75).
(2) Ver: http://www.worldbank.org/hipc/about/FLOWCHRT4.pdf.
beneficiar do programa Diagnos, que fornece assistência na análise do enquadramento do sector
privado, de forma a identificar os principais obstáculos
ao crescimento económico nos países ACP. Foram
levados a cabo estudos de diagnóstico em mais de 20
países ACP, em 2001, para prestar assistência na
concepção de estratégias e criar um enquadramento
empresarial «viável» para o sector privado. Ao nível
médio e micro, as empresas privadas dos países ACP e
os fornecedores de serviços podem beneficiar do
regime comunitário de assistência às empresas dos
países ACP (sigla inglesa EBAS), que tem como objectivo fornecer serviços eficientes no domínio do desenvolvimento económico. O regime EBAS está em plena
implantação e, no final de 2001, tinham sido aprovados mais de 700 projectos de apoio a empresas,
fornecedores de serviços e organizações intermediárias
em mais de 60 países ACP. De um total de 20 milhões
de euros disponíveis para a concessão de subvenções,
17 milhões de euros já tinham sido autorizados, um
ano antes da conclusão do programa.
O objectivo do Proinvest é o de promover o investimento
e os acordos de parceria Norte-Sul e Sul-Sul e, sobretudo,
melhorar os serviços ligados ao investimento. O orçamento global está estimado em 110 milhões de euros
para um período de sete anos. O programa Proinvest foi
instituído em Dezembro de 2001.
© Sean Sutton/ MAG
ACP
Para além disso, foram concedidas dotações a muitos
países e regiões ACP para o desenvolvimento do sector
privado, incluídas nos seus programas indicativos
nacionais ou regionais. Na África do Sul, por exemplo,
o desenvolvimento do sector privado é uma das áreas-chave de apoio e um exemplo excelente de como o
desenvolvimento económico contribui para atenuar a
pobreza. Foi adoptado em 2001 um instrumento de
capital de risco de 59 milhões de euros, o qual visa
facilitar o acesso ao crédito e a apoio não financeiro a
uma economia que, anteriormente, se encontrava em
situação muito desvantajosa. Um outro programa,
num montante de 34 milhões de euros, irá contribuir
para o desenvolvimento económico local da Província
Setentrional da África do Sul.
24 dos 41 países pobres altamente endividados são países ACP (Angola).
No que respeita às iniciativas regionais no quadro do
Acordo de Cotonu, foi aprovado em 2001 um programa
de 70 milhões de euros destinado a apoiar o sector do
rum das Caraíbas. Este programa pretende ajudar os
produtores locais de rum a competirem num mercado
de bebidas alcoólicas totalmente liberalizado, através
da modernização das suas instalações de produção, visando melhorar a sua capacidade para enfrentar possíveis impactos ambientais, bem como a sua competitividade, e identificar novos mercados. O programa em
causa vai desempenhar um papel fundamental no
reforço de um sector-chave para a economia local,
contribuindo, desta forma, para a criação de emprego e
para aumentar as receitas fiscais e da exportação, com
base numa sólida apropriação local.
O programa de iniciativa no domínio dos pesticidas
(PIP) é um programa nacional «totalmente ACP», que
Apoio macroeconómico — Desenvolvimento do sector privado — Autorizações em 2001
País ACP
Cuba
Etiópia
África do Sul
Designação de projecto
Em Milhões
de euros
Programa de apoio às empresas e à promoção do investimento
2,80
Feira de Havana
0,19
Programa de formação para chefes/directores de empresas
1,94
Programa de desenvolvimento das pequenas e médias empresas
7,00
Apoio ao Ministério do Comércio e da Indústria
0,40
Capital de risco
58,90
Desenvolvimento da economia local: Província Setentrional
34,00
Trindade e Tobago
Caribbean Business Services Ltd (CBSL)
Todos os ACP
Rum
0,90
70,00
Fundo fiduciário para a avaliação da despesa pública e da responsabilidade financeira (FEPA)
Risco relativo às matérias-primas
1,90
1,78
Centro para o desenvolvimento empresarial
20,38
Total
200,19
125
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
para melhorar a qualidade dos projectos executados. A
gestão dos projectos tem-se centrado na sua execução
mais rápida, procurando-se reduzir o tempo necessário
para que a ajuda chegue ao beneficiário final.
A carteira de projectos de 2001 no domínio da saúde
destinados aos países ACP foi estimada em 960 milhões
de euros (dos quais 854 milhões a título do FED e 107
milhões a título da rubrica orçamental relativa à África
do Sul). Existem 139 projectos espalhados por 47
países, dos quais 94% se enquadram no âmbito dos
programas indicativos nacionais e os restantes 6% no
âmbito do FED regional ou intra-ACP.
© CE
Na selecção das intervenções a efectuar pela CE, foram
particularmente tidas em conta as necessidades específicas e a situação individual de cada país, privilegiando-se o acesso aos cuidados primários de saúde e
o reforço das competências próprias. Simultaneamente, foi prestada especial atenção à redução do
número de projectos ad hoc, procurando incluir os
pedidos que abrangiam diferentes subsectores em
intervenções mais amplas, de maneira a que se atingisse a massa crítica necessária ao impacto desejado.
Cartaz sobre a sida realizado no âmbito de uma campanha de educação e
de sensibilização dos jovens em Trindade e Tobago.
foi elaborado na sequência de um pedido efectuado
na reunião de Cotonu, em Julho de 2000, do Conselho
de Ministros ACP-CE. O custo global do PIP é de 40,1
milhões de euros, dos quais 29,1 milhões a título do
FED. Este programa constitui uma resposta à situação
crítica que enfrentam os operadores do sector hortícola dos países ACP, na sequência da harmonização
dos regulamentos europeus, mais restritivos quanto ao
nível de resíduos máximos de pesticidas. O PIP tem por
objectivo ajudar a criar um sector hortícola privado,
sustentável e competitivo, nos países ACP.
7.8. Saúde e educação
7.8.1. Sector da saúde
Os países ACP diferem muito entre si no que respeita à
estabilidade política e capacidades governamentais e
ao seu empenho em produzir resultados no sector da
saúde. A resposta da CE neste domínio tem sido
talhada de acordo com a situação específica de cada
país, facto que conduziu a um misto de intervenções
no âmbito do FED e de outros instrumentos financeiros da UE (linhas orçamentais temáticas, co-financiamento por ONG, etc.).
126
Sempre que possível, os projectos em curso foram
reorientados com vista ao diálogo com o sector da
saúde, a promoção de abordagens que englobem todo
o sector e o apoio à programação e gestão financeira
deste. Têm sido desenvolvidos esforços significativos
A gama de projectos nacionais cobre situações de pós-crise (Angola), recomeço da cooperação através de
um subsector-chave (por exemplo, apoio à vacinação,
Nigéria), criação de planos de acção à escala do
sistema (Moçambique) ou «medidas de acompanhamento do sector» no âmbito dos projectos de apoio
orçamental à redução da pobreza (Gana). Os projectos
regionais incidem sobre a continuação da luta contra a
oncocercose na África Ocidental, através do co-financiamento por um fundo constituído por doadores,
gerido pelo Banco Mundial e executado pela Organização Mundial de Saúde.
Foi efectuada uma contribuição para a criação de um
fundo global de luta contra as doenças transmissíveis,
como o VIH/sida, tuberculose e malária. Foi prestada
especial atenção à complementaridade e coerência do
fundo global relativamente ao apoio ao nível do país,
através de outros mecanismos de financiamento.
A CE também participou nos debates acerca das
formas de trabalho conjunto, em projectos ao nível de
país, com agências das Nações Unidas — Organização
Mundial de Saúde, Fundo das Nações Unidas para a
Infância (Unicef), Fundo das NU para a População
(UNFPA) —, e criou uma rede para as questões da
saúde, com a finalidade de agregar o sector, trocar
experiências e desenvolver boas práticas.
Apoio ao sector da saúde no Gana
Em 1995, o Ministério da Saúde, descontente com os
múltiplos projectos verticais, cada um com o seu
próprio plano e procedimentos, adoptou uma abordagem sectorial alargada. Através de um processo
participativo, foi adoptada, em 1996, uma estratégia
para a saúde a médio prazo, que se traduziu num
programa de trabalho para cinco anos, acordado com
os parceiros, que estabelecia as políticas, as estratégias de execução e os recursos a utilizar. A CE associou-se a este processo em 1998, mediante uma contribuição para o fundo multidoadores e uma participação activa no diálogo sobre a política de saúde com
o Governo, a sociedade civil e os doadores. Foram
ACP
Desenvolvimento social — Saúde — Autorizações em 2001
País ACP
Designação do projecto
Em Milhões
de euros
Angola
Programa de apoio ao sector da saúde
Guiné
Apoio complementar ao sector da saúde
Lesoto
Apoio à reforma do sector da saúde
Moçambique
Programa de apoio ao sector da saúde
30,00
Nigéria
Parceria para o reforço da eficácia da vacinação
64,50
África do Sul
Parceria para fornecimento de cuidados primários de saúde, incluindo VIH/sida
25,00
Suazilândia
Prevenção do VIH/sida e programa de assistência
1,96
Zimbabué
Programa de apoio ao sector da saúde — Fase 2
33,00
Regional:
África Ocidental
Luta contra a oncocercose
25,00
5,00
1,80
4,50
Total
acordadas modalidades comuns de gestão e de acompanhamento. Em 2001, tornou-se patente que, apesar
de um orçamento limitado a apenas 7 dólares per
capita e da persistência de condições adversas, a
saúde da população estava a melhorar, facto ilustrado, por exemplo, pela taxa de mortalidade infantil
mais baixa de toda a África Ocidental e por se ter
conseguido obter uma cobertura de vacinação de
72,2% para a vacina tríplice (difteria, poliomielite e
tétano). Com este ritmo de mudança, o Gana apresenta um dos melhores desempenhos de toda a região
ACP. Os resultados são bastante encorajadores e este
tipo de colaboração pode vir a revelar-se um dos mais
eficazes na obtenção de resultados no domínio da
saúde, para benefício das populações.
7.8.2. Sector da educação,
da formação profissional
e da cultura
Em 2001, a Comissão aprovou oito novos projectos nos
países ACP, representando uma ajuda no valor de 98,7
milhões de euros ao sector da educação e da formação
profissional. Estão em causa sete autorizações financeiras no âmbito dos programas indicativos nacionais e
um projecto regional. O apoio financeiro aos países
190,76
ACP, neste sector, teve um aumento de 38% em
comparação com o ano de 2000, com projectos de
maior dimensão e uma abordagem mais dirigida ao
sector no seu conjunto.
Durante este período, visou-se especialmente a
melhoria das capacidades nacionais no domínio da
educação (Etiópia, Uganda e região do Pacífico) e o
apoio à educação básica (Gabão, Haiti e Níger). Ambos
os subsectores estão directamente ligados à redução
da pobreza, contribuindo para o crescimento económico, para uma mais ampla democracia e para a instituição do princípio do primado do direito.
A carteira global, em 2001, no âmbito da educação e
da formação profissional, está estimada em 540
milhões de euros, abrangendo 111 projectos. Os
pequenos projectos são os que representam a maior
fatia no conjunto. No entanto, espera-se que, nos
países em que as condições são mais favoráveis, o
montante médio das autorizações aumente, contribuindo para melhorar o nível de impacto global.
Programa de desenvolvimento dos recursos humanos
(PDRH) na Papuásia-Nova Guiné
O Governo da Papua-Nova Guiné aprovou, na década
de 1990, importantes reformas educacionais, indo ao
Desenvolvimento social — Educação — Autorizações em 2001
País ACP
Designação do projecto
Etiópia
Reforço das capacidades
Em Milhões
de euros
0,74
Programa de desenvolvimento do sector da educação
23,00
Gabão
Educação básica
5,00
Haiti
Educação básica
28,00
Quiribati
Formação
6,40
Níger
Educação básica
8,70
Uganda
Recursos humanos no sector da saúde
Regional:
Pacífico
Universidade do Sul do Pacífico/Programa de desenvolvimento dos recursos humanos
17,00
5,00
Total
93,84
127
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
© CE
quer melhoramentos nas infra-estruturas escolares
quer o processo educativo. Assim, vão ser reconstruídas ou reequipadas 18 escolas do 1.º ciclo do
ensino secundário (8 francófonas e 10 anglófonas),
que irão servir cerca de 2 500 alunos. Na escola para
professores de Vanuatu vai ser criada uma biblioteca e
construídas salas de aula e instalações para alunos.
Com vista a optimizar o aproveitamento das novas
instalações, estão também a ser financiados o reforço
das capacidades próprias, o reforço da gestão das
escolas secundárias, a formação de professores,
consultores e inspectores do ensino e ainda o fornecimento de novo material didáctico. Espera-se que o
projecto esteja concluído em Agosto de 2002.
O ensino primário e o desenvolvimento de jardins de infância na África do Sul
fazem parte de um programa europeu de reconstrução e desenvolvimento
financiado ao abrigo do orçamento comunitário.
encontro dos principais problemas do país no sector
dos recursos humanos. No âmbito do 7.º FED, os
recursos humanos constituíram um sector-alvo para o
apoio da CE, abrangendo a valorização do ensino
universitário, a extensão do secundário e a formação
quer a nível nacional, bem como as bolsas de estudo
no estrangeiro.
No âmbito do 8.º FED, os recursos humanos continuam
a ser uma prioridade, estando atribuídos 24 milhões
de euros para um período de cinco anos (até Março de
2004). O programa garante a continuidade do apoio
financeiro da CE neste domínio, de forma a melhorar a
qualidade do ensino, aumentar o número de estudantes (em especial raparigas) e desenvolver a
formação profissional.
O investimento em instalações vai concentrar-se, principalmente, na construção de novos edifícios e na
renovação dos existentes. O programa vai igualmente
fornecer equipamento e material de formação a sete
centros de formação técnica, bem como formação a
professores de escolas superiores e universidades.
Esta formação é ministrada por instituições públicas e
privadas, assim como pelos novos professores. Para
além da formação, a nível nacional, foram concedidas
cerca de 120 bolsas de estudo no estrangeiro.
Programa de desenvolvimento educacional UE-Vanuatu
Vanuatu é uma ilha-Estado no Pacífico, com cerca de
200 mil habitantes. Desde a sua independência, em
1980, o Governo fez da educação a primeira prioridade, atribuindo-lhe, em 2001, 26% do orçamento do
Estado.
128
A Comissão articulou, de forma crescente, a sua intervenção com esta prioridade governamental no âmbito
das sucessivas Convenções de Lomé. O actual
programa de desenvolvimento educacional UE-Vanuatu é financiado no âmbito do 8.º FED, tendo-se
iniciado em Setembro de 1999. Este projecto financia
Além disso, a Comissão aprovou um pacote de 9,5
milhões para um grupo de projectos culturais a fim de
apoiar a capacidade criativa e promover a identidade
cultural entre os países ACP.
COOPERAÇÃO
COM A
ÁFRICA
DO
SUL
O apoio à educação e à formação profissional na
África do Sul está enquadrado no Programa Europeu
para a Reconstrução e o Desenvolvimento (PERD) e
financiado pela rubrica orçamental relativa à África do
Sul no orçamento da CE.
Entre 1995 e 1999, foram aprovados 12 projectos na
área da educação e formação profissional, representando uma autorização financeira de aproximadamente 180 milhões de euros. Deste total, cerca de 40%
foi aplicado no desenvolvimento de competências e na
educação de adultos, 10% na educação primária e no
desenvolvimento pré-escolar, 20% na educação de
nível superior e o remanescente no apoio a políticas,
Desenvolvimento social — Cultura — Autorizações
em 2001
País ACP
Designação do projecto
Angola
Filme: «Na cidade vazia»
Camarões
Iniciativas culturais descentralizadas
Em Milhões
de euros
0,30
0,25
República
Filme: «Le silence de la forêt»
Centro-Africana
0,40
Chade
Filme: «Abouna»
0,30
Guiné-Conacri
Iniciativas culturais descentralizadas
Filme: «Circus Baobab»
Filme: «Paris selon Moussa»
Filme: «Le fleuve comme une fracture»
1,60
0,10
0,30
0,30
Costa
do Marfim
Iniciativas culturais descentralizadas
Filme: «Independence Chacha»
1,90
0,16
Mali
Filme: «Kabala»
0,18
Regional:
África
Ocidental
Formação em rádio e televisão
em língua francesa
Filme: «Vie de femmes»
Quarto encontro de fotografia — Bamako
0,64
Todos
os ACP
Festival de Juventude: Mandingue
Jornadas de coreografia: Madagáscar
Festival Internacional de Cinema: Abjã
Filme: «The wooden camera»
0,12
0,21
0,05
0,30
Apoio financeiro a 11 filmes
2,10
Total
0,10
0,15
9,46
ACP
reflectindo as necessidades e preferências da África do
Sul nos primeiros anos após o apartheid. Durante o
ano de 2001, a CE desembolsou 27 milhões de euros
para estes projectos, aumentando a taxa de desembolso total para 60%.
MICROPROJECTOS
E REFUGIADOS
© CE
A fim de responder às necessidades das comunidades
locais, a CE tem continuado a participar no financiamento de microprojectos a nível local. Em 2001, deu-se
particular relevo aos projectos em que houve uma
participação local activa e que tiveram um impacto
social e económico positivo na vida das comunidades
locais. Deu-se prioridade aos países com problemas de
refugiados. Sempre que possível, a CE tentou facilitar a
auto-suficiência, a integração ou a reintegração de
refugiados.
Desenvolvimento social — Microprojectos e refugiados
— Autorizações em 2001
Instrumento: microprojectos (autorizações em 2001)
País ACP
Designação do projecto
Em Milhões
de euros
República
Programa de microprojectos
Centro-Africana
2,00
Congo
(Brazzaville)
Programa de microprojectos
1,84
Moçambique
Apoio à coordenação de microprojectos
0,36
Níger
Segurança alimentar e consolidação
do processo de paz
0,77
Total
4,97
7.9. Questões horizontais
7.9.1. Iniciativa Europeia para
a Democracia e os Direitos
do Homem (IEDDH)
Em 2001, a IEDDH apoiou projectos em países ACP num
montante de 19 milhões de euros, dos quais 6,5 milhões
foram afectados a 9 projectos destinados à promoção e
protecção dos direitos humanos. Foram atribuídos
925 000 euros a um projecto para o Benim, Gâmbia,
Burquina Faso, Nigéria, Mali, Etiópia, Tanzânia e Egipto,
Escola anglicana de Kingstown _ Parte do programa de emergência de
manutenção da escola financiado pela UE em São Vicente (Barbados).
com a finalidade de apoiar uma campanha para erradicar a mutilação genital das mulheres. Um outro
projecto de 867 000 euros visa promover os direitos humanos das mulheres na África Ocidental (Togo, Senegal,
Nigéria, Mali, Gana, Burquina Faso e Benim).
Apoio ao programa de mestrado sobre direitos
humanos e democratização da Universidade Africana
Este programa de especialização visa formar novos
profissionais, a nível da pós-graduação, conferindo-lhes quer uma sólida formação académica em matéria
de regras, instituições e mecanismos para a protecção
e promoção dos direitos humanos e da democracia,
quer as competências de investigação e as ferramentas operacionais necessárias para os preparar para
o mercado de trabalho. A tónica é colocada numa
perspectiva regional de educação em matéria de
direitos humanos. Participarão neste programa trinta
estudantes, oriundos de um vasto número de países
africanos, que passarão juntos os primeiros seis meses
do ano no Centro de Direitos Humanos, em Pretória,
onde frequentarão cursos avançados sobre direitos
humanos. Em seguida, serão divididos em quatro
grupos e colocados nas universidades participantes no
programa, durante os restantes seis meses do ano. As
universidades que participam no programa são as
seguintes: Centro de Direitos Humanos da Universi-
Grupo-alvo: refugiados (autorizações em 2001)
País ACP
Designação do projecto
Em Milhões
de euros
Angola
Programação da assistência técnica, artigo 255.°
0,03
Congo (Brazzaville)
Apoio à integração económica e social de refugiados
Reintegração de jovens deslocados e de ex-combatentes
Reintegração no ensino e luta contra o VIH/sida e as drogas
1,50
0,75
0,75
República Democrática
do Congo
Reintegração e auto-suficiência dos deslocados — Kinsangani
Reintegração de deslocados de guerra
Reintegração e auto-suficiência dos deslocados
4,40
0,74
8,30
Libéria
Programa de reintegração dos repatriados e deslocados
25,00
Total
41,47
129
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
sobre temas concretos de negociação fora do
quadro formal de mediação (500 000 euros);
❿ na Somália, foram atribuídos 600 000 euros para a
definição de um processo consensual de identificação e hierarquização das necessidades de reconstrução e desenvolvimento, bem como para o
melhoramento das políticas e da respectiva
execução;
© Alessandro Villa
❿ na República Democrática do Congo, para reforçar
o diálogo entre as comunidades locais das províncias de Kivu (500 000 euros);
Na sequência do genocídio do Ruanda, a UE apoia os mecanismos judiciais a
fim de facilitar o regresso a uma sociedade pacífica.
dade de Pretória; Universidade de Makerere (Uganda);
Universidade do Cabo Ocidental (África do Sul);
Universidade do Gana e Universidade Católica da
África Central (Camarões). Ao projecto foi atribuído
um montante de 1,3 milhões de euros.
Outras iniciativas incluem um projecto no Benim e em
Moçambique com vista a melhorar as condições de
vida das crianças e o respeito dos seus direitos (respectivamente, 797 000 euros e 300 000 euros) e um
programa de apoio à comunicação social, com vista a
promover os direitos humanos no âmbito do processo
de paz na Serra Leoa, no valor de 704 000 euros.
Ao apoio ao processo democrático e à promoção do
princípio do Estado de direito foram consagrados cerca
de 6 milhões de euros, destinados, nomeadamente, a
ajudar o pessoal da Transparência Internacional a
desenvolver mecanismos de luta contra a corrupção e a
apoiar a comunicação social independente. Na República Democrática do Congo, foi lançado um projecto de
1,2 milhões de euros para promover o princípio do
Estado de direito, mediante o reforço do diálogo entre
o governo e a sociedade civil. Foram concedidos 440 000
euros para apoiar o Tribunal Internacional da Tanzânia,
que se ocupa dos processos dos responsáveis pelo genocídio praticado em 1994 na região dos Grandes Lagos.
Em Cuba, um projecto de 500 000 euros tenta contribuir para o desenvolvimento de uma sociedade mais
plural, mais democrática e mais aberta, promovendo,
particularmente, a livre circulação da informação e a
troca de ideias entre os intelectuais cubanos que vivem
na ilha e a diáspora cubana em todo o mundo.
O apoio à assistência na prevenção de conflitos e na
restauração da paz civil é uma das prioridades da
IEDDH. Em 2001, a iniciativa apoiou cinco projectos em
África, num montante de cerca de 3 milhões de euros.
Estes projectos serão desenvolvidos:
130
❿ no Sudão, para apoiar o processo de paz mediante
a promoção do diálogo entre os partidos sudaneses
❿ no Ruanda, onde um projecto visa simplificar os
procedimentos jurídicos, na sequência do genocídio, de modo a assegurar o retorno a uma sociedade pacífica (670 000 euros);
❿ na Serra Leoa, para apoiar a reintegração de jovens
e mulheres deslocados nas suas comunidades de
origem.
A IEDDH apoiou a transição democrática e a observação de processos eleitorais em diversos países de
África, como, por exemplo, na Zâmbia (em 2001, nas
eleições presidenciais, legislativas e autárquicas —
570 000 euros), no Togo (nas eleições legislativas
previstas para a Primavera de 2002 — 527 000 euros)
(ver também ponto 7.6 do presente capítulo: «Direitos
humanos, democracia, boa governação e reforço das
capacidades própias»).
7.9.2. Intervenientes
não governamentais
e actividades das ONG
PARTICIPAÇÃO
DE INTERVENIENTES
NÃO GOVERNAMENTAIS NA PARCERIA
O Acordo de Cotonu inclui disposições inovadoras para
promover abordagens participativas, no intuito de
assegurar a participação da sociedade civil e dos
agentes económicos e sociais, que implicam o fornecimento de informações sobre a parceria e consultas da
sociedade civil acerca das reformas e políticas económicas, sociais e institucionais que a UE se propõe
apoiar. Para além disso, confere-se nova relevância à
necessidade de facilitar a participação de intervenientes não governamentais na execução de
programas e projectos, bem como de se lhes assegurar
os recursos financeiros necessários e de apoiar o
reforço das suas capacidades.
Uma avaliação preliminar dos progressos obtidos na
aplicação destas disposições no processo de programação revela que em 42 dos 50 países que dispunham
de projectos de documentos de estratégia por país foi
realizado o processo de consulta dos intervenientes
não governamentais. Em 25 desses 42 países, o respectivo projecto de documento de estratégia por país foi
modificado na sequência do processo de consulta.
Foram adoptados diferentes tipos de estratégia, de
forma a implicar os intervenientes não governamentais na cooperação futura. Em alguns países, a estra-
ACP
No que respeita ao financiamento, os programas relativos a 26 países propõem a concessão de financiamento
directo para reforço das capacidades dos intervenientes
não governamentais ou outro tipo de apoio. No total,
os fundos propostos para atribuição directa aos intervenientes não governamentais nesses países elevam-se a
cerca de 130 milhões de euros, de um montante global
de, aproximadamente, 3 000 milhões de euros. No entanto, somente em 12 países (Gâmbia, Gabão, República
de Quiribati, Jamaica, Santa Lúcia, Chade, Vanuatu,
Zimbabué, Burquina Faso, Guiana, São Tomé e Príncipe
e Botsuana) os critérios de elegibilidade para os fundos
destinados aos intervenientes não governamentais foram discutidos com os gestores nacionais.
Por último, dos 50 documentos de estratégia por país
examinados, 31 referem disposições de acompanhamento para futuras consultas e observação.
Apoio ao programa de desenvolvimento municipal
na África Central e Ocidental
A «Associação de Gestão da África Central e Ocidental
para o Programa de Desenvolvimento Municipal»
(PDM) agrupa associações nacionais com responsabilidades a nível local, municípios e organizações locais e
não governamentais envolvidas em iniciativas de
desenvolvimento local e municipal na África Central e
Ocidental. A associação visa, particularmente, permitir
que as grandes conturbações urbanas desenvolvam a
sua capacidade de execução. Foram levadas a cabo
duas importantes actividades: o reforço da capacidade
de execução local e a formação profissional de cerca
de 60 funcionários municipais (entre 1998 e 2001). As
actividades de formação profissional alcançaram
grande êxito, do mesmo modo que o lançamento de
um programa tendente a reforçar as capacidades das
associações nacionais de autarcas eleitos e o apoio à
criação de um movimento municipal africano a nível
sub-regional e continental. O processo está a ser
desenvolvido, no terreno, no âmbito do ciclo de
formação profissional do pessoal das autoridades
locais. Participam no projecto: a Agência Nacional
Canadiana para o Desenvolvimento (CIDA), o Banco
Mundial, o Ministério dos Negócios Estrangeiros
francês, o departamento francês de «Île-de-France» e
a Federação dos Municípios do Canadá.
7.9.3. Igualdade entre homens
e mulheres
Como em todas as regiões, os aspectos ligados às diferenças socioculturais entre os sexos são uma das forças
motrizes subjacentes às intervenções da CE nos países
ACP. Sempre que pertinente, ou seja, na grande
© Emilio Rossetti
tégia de resposta é orientada no sentido de reforçar,
através de diversos meios, a participação dos intervenientes não governamentais em todos os sectores de
cooperação da CE (integração). Noutros, a participação
dos intervenientes não governamentais é orientada,
essencialmente, para sectores prioritários. Um terceiro
tipo de estratégia apoia aos intervenientes não governamentais em sectores não prioritários, como forma
quer de chegar a grupos pobres da população quer de
contribuir para a boa governação e a prevenção de
conflitos.
Campala (Uganda).
maioria dos casos, os programas e projectos identificam, especificamente, o papel das mulheres, das
adolescentes e das crianças no processo. Este facto
conduz a que as mulheres sejam incluídas como beneficiárias, a que sejam consultadas na preparação do
projecto e a que se analise em que medida as mulheres
têm uma participação activa na sua execução. Permite
também propor soluções para ultrapassar eventuais
obstáculos ao acesso das mulheres aos benefícios resultantes da sua execução. As considerações relativas às
diferenças socioculturais entre sexos são tidas em
conta na planificação de todos o apoio da CE.
7.10. Comércio
e desenvolvimento
Os países ACP beneficiam, desde 1975, de preferências
comerciais não recíprocas, estando em preparação
acordos de parceria económica com sub-regiões ACP.
Os países ACP devem poder integrar plenamente os
APE nas suas estratégias de desenvolvimento a fim de
facilitarem a realização dos objectivos fixados nesse
acordos. A CE, por seu lado, apoiará as políticas
complementares aos APE através de estratégias de
apoio ao desenvolvimento, em conformidade com o
Acordo de Cotonu.
7.10.1. Apoio ao desenvolvimento
e acordos de parceria
económica
As negociações relativas aos acordos de parceria
económica atribuirão grande importância ao estabelecimento de uma ligação com a cooperação para o
desenvolvimento, não somente no que respeita à
capacidade para conduzir as negociações mas, igualmente, à aplicação dos novos acordos e, consequentemente, ao aumento dos fluxos comerciais.
131
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
❿ Até à data, foram elaborados programas destinados a auxiliar os países no quadro da OMC e dos
APE (10 milhões de euros e 20 milhões de euros)
em função das respectivas necessidades, a fim de
financiar a realização de estudos e a organização
de reuniões de coordenação. No entanto, a partir
de Julho de 2002 os programas serão coordenados
por um comité director em Bruxelas e aplicados
nos países ACP que necessitam de assistência.
❿ É conveniente reforçar a presença dos países ACP
em Genebra, a sede da OMC.
❿ Foi consagrado um montante de 1,4 milhões de
euros à criação de uma antena ACP em Genebra
(aberta em Janeiro de 2002) que funcionará como
órgão de ligação.
© CE
❿ Está previsto auxiliar os parceiros ACP a harmonizarem as suas normas sanitárias e fitossanitárias.
Um centro de recepção e distribuição de bananas no interior da Ilha de
Santa Lúcia financiado pela UE (Stabex).
CAPACIDADES
DE NEGOCIAÇÃO NECESSÁRIAS
Muitos dos países e regiões ACP não dispõem das capacidades necessárias para participarem em negociações
comerciais globais. Independentemente dos APE devem, no entanto, participar simultaneamente em negociações multilaterais, regionais e bilaterais. O processo
APE não só não agravará esta situação como poderá
fornecer uma ajuda considerável aos países e regiões
ACP. Em conformidade com o Acordo de Cotonu são
afectados recursos consideráveis ao reforço das capacidades de análise e de negociação das organizações
regionais e dos seus Estados-Membros, no quadro dos
programas de assistência regional.
APOIO
AO DESENVOLVIMENTO COMERCIAL
A um nível mais geral, é necessário integrar o comércio
na cooperação para o desenvolvimento, que é um
elemento importante do acordo de Cotonu, de uma
forma mais sistemática. Os programas de cooperação
para o desenvolvimento em domínios tais como o apoio
macroeconómico, os transportes, o apoio ao sector privado, etc. devem tomar em maior consideração os
aspectos comerciais. As questões comerciais foram tidas
em conta, primeiramente, nos documentos de estratégia nacional e regional do 9.º FED. Para além disso, foram ou serão tidos em conta um certo número de
programas «todos os ACP» a fim de eliminar os estrangulamentos comerciais nestes países. Os APE contribuirão para este processo graças ao estabelecimento de
uma ligação estreita entre as negociações comerciais e
os programas de apoio ao desenvolvimento.
Apoio da CE à política comercial dos ACP
❿ Está previsto um reforço da capacidade de negociação dos ACP no quadro da OMC e dos APE.
132
(1) Ver: http://www.coleacp.org.
❿ Em Julho de 2001 foi elaborado, em favor dos ACP,
um programa relativo aos pesticidas ao qual foi
afectado um pacote orçamental de 29 milhões de
euros a utilizar ao longo de um período de cinco
anos. Este programa inclui as seguintes vertentes:
informação/comunicação, regulamentação, boas
práticas (no que respeita à aplicação de sistemas
de controlo da qualidade adequados) e reforço das
capacidades (1).
❿ É conveniente contribuir para a integração dos
países ACP no comércio mundial.
❿ Aquando da reunião dos ministros ACP do
comércio, em Novembro de 2001, a Comissão
propôs a concessão de 50 milhões de euros em
favor da integração dos países ACP no comércio
mundial após a entrada em vigor do 9.º FED. Para
além disso, foi afectada uma verba de 350 milhões
de euros à integração regional e à assistência
técnica ligada ao comércio e ao reforço das capacidades para a próxima programação quinquenal. As
dotações destinadas aos programas de assistência
ligada ao comércio poderiam igualmente ser
tomadas em conta como sectores não prioritários
dos programas indicativos nacionais em função
das necessidades dos países ACP.
7.11. Coerência
com outras políticas
A liberalização do comércio e do investimento pode
desempenhar um papel fulcral no crescimento económico. A CE procura integrar os países em desenvolvimento na economia mundial, tendo por base a
Agenda para o Desenvolvimento de Doha, que
pretende vincular o comércio e o desenvolvimento no
âmbito de um sistema comercial multilateral. Para
além disso, a CE disponibiliza uma apreciável assistência técnica no domínio do comércio, com vista a
ACP
reforçar as capacidades dos países parceiros nas áreas
judicial, legislativa e institucional.
No contexto da OMC, a CE tem defendido firmemente
negociações comerciais multilaterais centradas nas
necessidades e nos interesses dos países em desenvolvimento.
No âmbito do Acordo de Cotonu, a assistência em questões relacionadas com o comércio será prestada a nível
nacional, regional e horizontal (a todos os países ACP).
Para a assistência a nível nacional, estão previstos 10 000
milhões de euros, enquanto cerca de 260 milhões de euros se destinam a intervenções a nível regional. Por seu
lado, os programas horizontais incluem uma iniciativa
de apoio da OMC, no valor de 10 milhões de euros, bem
como um programa de apoio de 20 milhões de euros,
destinado a permitir aos países ACP a abertura de negociações efectivas com vista à conclusão dos seus acordos
de parceria económica.
7.12. Cooperação
com outros doadores
O facto de existir uma abordagem sectorial significa que
os doadores estão cada vez mais a unir os seus recursos,
em detrimento de acções individuais. O Acordo de Cotonu salienta a necessidade de cooperação entre os
doadores, o que se reflecte num reforço da coordenação, sobretudo por parte dos próprios países
parceiros. A CE concluiu vários acordos-quadro com
doadores bilaterais e multilaterais, de que é exemplo o
acordo assinado com a Itália em 1985 e reconduzido até
Março de 2003, nos termos do qual a CE se comprometeu a contribuir com 140 milhões de euros. Outros
exemplos concretos são, nomeadamente:
❿ programa conjunto de avaliação da despesa pública
e da responsabilidade financeira. Programa de
2 milhões de euros, financiado através de um fundo
fiduciário, foi criado em conjunto com o Banco Mundial e aberto a contribuições de outros doadores.
Tem por objectivo incrementar a boa governação,
combater a corrupção e tornar a despesa pública dos
países ACP mais eficaz em termos de realização dos
objectivos de desenvolvimento, especialmente no
que respeita à luta contra a pobreza. Os estudos
metodológicos com vista à identificação de indicadores de desempenho adequados, bem como as
análises conjuntas da despesa pública, deverão
contribuir para uma melhoria significativa da gestão
dos fundos públicos;
❿ situações de teste sobre a gestão do risco relativo às
matérias-primas: fundo fiduciário do Banco Mundial. Em Julho de 2001, foi assinado um acordo de
financiamento com vista a apoiar o desenvolvimento de oito situações de teste-piloto que incidem
em instrumentos de gestão dos riscos inerentes aos
preços das matérias-primas, em países ACP. O objectivo desta iniciativa é o de tornar os mecanismos de
garantia de preços existentes nos países desenvolvidos extensíveis aos países em desenvolvimento, de
modo a reduzir o risco de quedas abruptas nos
preços das principais matérias-primas (café, cacau,
algodão, açúcar, etc.), a fim de proteger, principalmente, os agricultores pobres.
O montante global do subsídio a disponibilizar pela CE,
no âmbito do fundo fiduciário ACP/UE para a gestão do
risco relativo às matérias-primas, é de 1 737 600 euros,
que serão geridos pelo Banco Mundial com o objectivo
de desenvolver situações de teste-piloto.
A lista seguinte ilustra exemplos resumidos de actividades co-financiadas:
Lista dos acordos de co-financiamento concluídos em 2001
País/
Designação do projecto
/Região ACP
Parceiro de co-financiamento
Tipo de co-financiamento
Em Milhões
de euros
Serra Leoa
Programa de
reabilitação
e reinstalação
Alemanha, Suécia, Reino Unido,
Itália, Países Baixos,
EUA, Suíça, Canadá, Noruega e
Banco Mundial
Duas prestações para um
fundo fiduciário alimentado
por diversos doadores
e gerido pelo Banco Mundial
CE: 10
Outros: 35
África
Ocidental
Programa de
investigação agrícola
França, Reino Unido, Bélgica,
Países Baixos e
EUA
Paralelo
CE: 12
Outros: 10,36
Somália
Controlo pan-africano
das doenças animais
Itália
Conjunto
CE: 72
Itália: 1
Chade
Abastecimento de água
às zonas rurais
«Ouadai Biltine»
Alemanha e França
Conjunto
CE: 2
Alemanha: 5
França: 5
Todos os
países ACP
Fundo fiduciário para
a avaliação da despesa
pública e da
responsabilidade
financeira (FEPA)
Banco Mundial
Prestação para um fundo
fiduciário de um único
doador, gerido pelo
Banco Mundial
CE: 1,95
Banco Mundial: 2
Todos os
países ACP
Gestão dos riscos
relativos às matérias-primas ACP/UE
Banco Mundial
Prestação para um fundo
fiduciário alimentados por
diversos doadores, gerido
pelo Banco Mundial
CE: 1,74
133
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
© ECHO
de Pretória. O BEI aprovou o financiamento em
randes, o que permitiu ao promotor evitar os riscos
cambiais inerentes às operações em divisas estrangeiras neste importante projecto sul-africano de
parceria entre o sector público e o privado.
Poço escavado à mão reabilitado na região somaliana da Etiópia.
7.13. Empréstimos do BEI
O Banco Europeu de Investimento (BEI) propõe-se
promover o crescimento económico e a integração dos
países ACP na economia mundial (1). O Acordo de
Cotonu coloca a tónica no sector privado, enquanto
principal motor do crescimento económico. No
entanto, são elegíveis projectos viáveis, geradores de
receitas, em todos os sectores económicos.
Empréstimos do BEI a países ACP e à
República da África do Sul (RAS) 1997-2001
Sector
(em milhões
de euros)
ACP
(1997-2001)
ACP
(2001)
Energia
655
260
102
—
Transportes e
telecomunicações
191
16
145
50
Ambiente
159
69
45
—
A facilidade de investimento constitui um novo instrumento que substituirá o «capital de risco» e que
conduzirá a um aumento dos recursos financeiros no
âmbito do 9.º FED. A facilidade de investimento:
Indústria e serviços
307
48
25
—
PME (empréstimos
globais)
584
127
459 (*)
100 (*)
1 896
520
776
150
❿ será gerida segundo princípios comerciais, de
forma a ser financeiramente sustentável;
(*) Também inclui o apoio, em menor escala, a programas de infra-estruturas municipais.
❿ constituirá um fundo de rotação, ou seja, as verbas
reembolsadas serão reinvestidas em novos projectos;
❿ garantirá a uma futura disponibilidade de recursos
para os países ACP.
Paralelamente à facilidade de investimento, continuarão a estar disponíveis outras modalidades de
empréstimos financiados pelo BEI.
ALGUNS
PROJECTOS A DESTACAR EM
2001
Foram gastos 144 milhões de euros no projecto do
oleoduto Chade-Camarões (2), dos quais 88 milhões
foram financiados pelo BEI e 56 milhões por recursos
de capital de risco (FED). O oleoduto Chade-Camarões
faz parte de um projecto integrado de desenvolvimento petrolífero e de oleodutos mais vasto, financiado pelo Banco Mundial e por empresas petrolíferas
internacionais. Os aspectos ambientais e sociais
inerentes ao projecto foram apreciados em estreita
cooperação com o Banco Mundial.
No projecto da N4 — uma estrada com portagem na
África do Sul (3) — foram investidos 50 milhões de
euros. O projecto constitui um elemento fundamental
da rede de estradas com portagem para Norte e Oeste
134
15 milhões de euros foram investidos em iniciativas
microfinanceiras, canalizadas através de fundos especializados neste tipo de projectos. O objectivo do banco
consiste em contribuir para o desenvolvimento destes
fundos, de forma a que eles alcancem maturidade
comercial e autonomia financeira. Estas iniciativas serão
co-financiadas por outros doadores e, sempre que
necessário, combinadas com subsídios provenientes de
outras fontes, com vista ao reforço das instituições.
Total
RAS
(1997-2001)
RAS
(2001)
7.14. ECHO
Em 2001, os países ACP foram os maiores beneficiários
da ajuda humanitária disponibilizada pelo ECHO, com
um montante total de 173,32 milhões de euros. Em
África, a maior crise continuou a ser a dos Grandes
Lagos, tendo sido atribuídos 35 milhões de euros à
República Democrática do Congo, 32 milhões de euros
aos refugiados do Burundi na Tanzânia e 20 milhões
de euros ao Burundi propriamente dito. Além disso,
centenas de milhares de refugiados, deslocados no
próprio país e outras populações vulneráveis locais
beneficiaram, em todo o continente, da ajuda de
emergência prestada pelos parceiros do Serviço Humanitário da CE, em circunstâncias muito difíceis.
Embora os desenvolvimentos políticos em muitos
países beneficiários suscitem sérias dúvidas quanto à
probabilidade de uma melhoria a longo prazo da
situação humanitária, existem, contudo, alguns sinais
positivos nesse sentido (por exemplo, a estabilização
na África Ocidental).
O ECHO conseguiu melhorar a prestação da ajuda aos
países ACP, disponibilizando o essencial dos fundos logo
no início de 2001, o que permitiu dar uma resposta mais
rápida e aperfeiçoar a estratégia ao longo do ano.
(1) Ver: http://www.eib.org/lending/acp/index.htm.
(2) Classificado como «Oil and Gas deal of the year» (Negócio de produtos petrolíferos do ano) pela revista Project Finance International
e Project Finance Loan of the Year (Empréstimo para financiamento do projecto do ano 2001 pela International Financing Review).
(3) Infrastructure Deal of the Year (Negócio de infra-estruturas do ano) pela revista Project Finance International.
ACP
Decisões de financiamento do Serviço Humanitário da
Comunidade Europeia (ECHO) para países ACP em 2001
País ACP
Em Milhões
de euros
Angola
9
Burundi
20
Burquina Faso e Chade
2,55
Caraíbas/Pacífico (incluindo «preparação
para catástrofes»)
3,88
República Centro-Africana
1
35
Eritreia
7
Etiópia
9,2
Quénia
4,6
Madagáscar
0,9
Moçambique
2,84
Serra Leoa, Guiné-Conacri e Libéria
Crianças da África do Sul.
20,6
Somália
1,7
Sudão
17
Tanzânia
32,15
Zimbabué
0,5
Viagens aéreas do ECHO
(com base em África, para a distribuição da ajuda)
8,4
Total
176,32
7.15. Controlo de resultados
Em 2000, a Comissão estabeleceu um sistema de acompanhamento melhorado, orientado para os resultados,
para a ALA (1)/MED/ACP e para os Balcãs, alicerçado
nos mecanismos de gestão do ciclo de projectos da
Comissão, tendo o sistema sido ensaiado em 2001.
Agora que a fase de ensaio chegou ao fim, a Comissão
está em condições de fazer uma primeira apreciação
sobre o que funcionou bem e o que precisa de ser
substancialmente melhorado, nesta região. O capítulo
1 (ponto 1.4) fornece informações mais pormenorizadas sobre o sistema de acompanhamento orientado
para os resultados. Este novo sistema de acompanhamento ficará completamente operacional em 2002.
Em 2001, foram visitados 173 projectos (18 dos quais
vieram a ser objecto de segundo controlo) em 23
países ACP. O volume total do financiamento da CE
abrangido é de 1 902,9 milhões de euros, sendo os
sectores (CAD) mais significativos os de infra-estruturas
e serviços económicos (36%), reforço da economia e
das instituições, sociedade civil e infra-estruturas e
serviços sociais (15%). A classificação global dos
projectos na região foi ligeiramente superior à média,
ou seja, 2,55, contra uma média de 2,5.
A eficácia e o impacto parecem ser os aspectos relativamente mais bem sucedidos. Os aspectos ambientais e
técnicos também tiveram um bom desempenho,
enquanto os pontos mais fracos foram os factores económicos e financeiros e a eficiência, especialmente a associada ao cumprimento dos prazos. No entanto, a análise,
a nível regional, do desempenho dos projectos deve ser
abordada com alguma precaução (ver ponto 1.4).
(1) América Latina e Ásia.
© CE
República Democrática do Congo
7.16. Conclusões e perspectivas
A assistência comunitária ao desenvolvimento deverá
continuar a procurar realizar os objectivos de desenvolvimento do milénio (tanto nos países ACP como nas
outras regiões). Para tal, é necessário um diálogo de
qualidade com as autoridades nacionais sobre o desenvolvimento de abordagens sectoriais e uma estreita
cooperação com os Estados-Membros da UE e com
outros parceiros. O Acordo de Cotonu e a reforma da
gestão da ajuda externa da CE fornecem o enquadramento adequado para atingir este objectivo.
Quanto aos beneficiários e aos representantes da sociedade civil dos países parceiros ACP, a nova abordagem
de programação _ caracterizada pela racionalização dos
instrumentos de cooperação e pela introdução de
programa dinâmico — representa uma oportunidade
única para assumirem uma papel mais activo e exercerem um controlo transparente dos importantes
recursos da assistência ao desenvolvimento. Há, no entanto, um «preço a pagar» com o aumento da disciplina
e a indesmentível necessidade de afectar os escassos
recursos humanos qualificados a tarefas de gestão.
No que respeita aos Estados-Membros da UE, a nova
abordagem representa uma excelente oportunidade
para se realizarem verdadeiros progressos em matéria
de complementaridade, que, até agora, tem estado
mais presente na teoria do que na prática. O facto é
que também os Estados-Membros devem aceitar
mudanças radicais nos métodos de trabalho, na
partilha de informação e nos requisitos de consulta, se
quiserem que os prazos, por todos aceites, do novo
acordo sejam cumpridos. O resultado das negociações
de um novo acordo interno fornecerá uma indicação
sobre a medida em que as mudanças necessárias serão
ou não concretizadas na prática.
Nunca é de mais salientar que, se se pretende que seja
rentável a longo prazo e para todos os interessados, a
nova aproximação a uma programação dinâmica
exigirá, inevitavelmente, um considerável esforço na
«linha da frente», de forma a assegurar a qualidade e
a viabilidade do exercício de programação inicial. Logo
que isto seja alcançado e que o processo de execução
esteja vinculado à programação inicial do documentos
de estratégia por país, o processo de gestão em curso
tornar-se-á menos pesado e, segundo se espera, mais
flexível e eficaz para todos os interessados.
135
8. Ásia
© ECHO
Em princípios de Setembro
de 2001, antes dos eventos
cataclísmicos de 11 de
Setembro desse ano, a
Comissão sublinhou que a
importância da Ásia para a
UE está fora de dúvida, seja
em termos económicos,
políticos ou culturais, seja
no que se refere a desafios
regionais e globais como a
pobreza, o ambiente ou a
democracia e os direitos
humanos. Esta análise
tornou-se ainda mais pertinentes à luz dos desafios
que surgiram, para todas as
pessoas, em consequência
dos terríveis ataques contra
o World Trade Centre, em
Nova Iorque, e contra
Washington. Muitos deles
estão ligados às relações da
UE com a Ásia, em particular, à luta contra o terrorismo e contra os efeitos do
fundamentalismo religioso,
de que resultaram os novos
desafios da reconstrução
com que se defronta o
Afeganistão.
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
8.1. Introdução
Em 4 de Setembro de 2001, a CE adoptou o novo
quadro estratégico que irá presidir às relações da UE
com a Ásia e as suas sub-regiões na próxima década. A
nova abordagem baseia-se, essencialmente, em dois
grandes objectivos: reforçar a presença política e
económica da UE em toda a região e elevar essa
presença para um nível que seja compatível com o
peso crescente da UE alargada a nível global (1).
A Ásia representa 56% da população mundial (e 66%
das pessoas pobres do mundo), 25% do PNB mundial,
uma percentagem das importações da UE que tem
vindo a aumentar gradualmente e se situa hoje em
27,5% (em comparação com 26,9% em 1997) e uma
percentagem relativamente constante das exportações
da UE que, entre 1997 e 2000, se manteve em 17,6%.
Isto levou a um aumento significativo do excedente da
balança comercial da Ásia com a UE, de 33,1 mil milhões
de euros em 1997 para 118,1 mil milhões de euros em
2000. A Ásia é o maior parceiro comercial da UE em termos de importações e o seu segundo maior mercado de
exportação. Contudo, no que se refere ao investimento
directo estrangeiro (IDE), a Ásia ainda não conseguiu
recuperar a sua quota de mercado do IDE da UE desde a
crise económica asiática, tendo recebido apenas, em
média, 6,6% do IDE da UE entre 1997 e 2000 (2).
8.1.1. Um diálogo regional
em evolução
Desde 1994, o diálogo político da Comissão Europeia
com a região tem evoluído consideravelmente, através
dos diálogos a alto nível com os parceiros asiáticos, no
âmbito da Reunião Ásia-Europa (ASEM), e com a
China, a Índia, o Japão e (em breve) a Coreia. O
diálogo ministerial com os países ASEAN prossegue, e
inclui agora a participação activa da UE no Fórum
Regional da ASEAN (FRA). Além disso, em 2001, a UE
continuou a contribuir activamente para a paz e a
segurança na região, por exemplo, através da assistência prestada ao nível do estabelecimento de um
governo democrático no Camboja e em Timor-Leste,
do apoio aos refugiados afegãos dentro e fora do
Afeganistão e do seu contributo para a KEDO (3).
8.1.2. Relações bilaterais e acordos
de cooperação
As políticas de cooperação externa da UE são formuladas e administradas dentro do quadro legal de
acordos de cooperação, protocolos, disposições administrativas e protocolos de acordo. Estes instrumentos
servem de base à execução de programas e à realização de despesas orçamentais.
A cooperação com os países asiáticos rege-se, em grande
medida, pelo Regulamento (CEE) n.º 443/92, relativo à
138
Lista de acordos de cooperação relativos
à Ásia
País
Tipo de acordo
de cooperação
Data de assinatura
ASEAN (*)
Acordo de cooperação (**)
7 de Março de 1980
China
Acordo de cooperação
comercial e económica
21 de Maio de 1985
Macau
Acordo de comércio
e cooperação
5 de Junho de 1992
Índia
Acordo de cooperação
em matéria de parceria
e desenvolvimento
20 de Dezembro
de 1993
Sri Lanca
Acordo de cooperação
em matéria de parceria
e desenvolvimento
18 de Julho de 1994
Vietname
Acordo de cooperação
17 de Julho de 1995
Nepal
Acordo de cooperação
20 de Novembro
de 1995
Camboja
Acordo de cooperação
29 de Abril de 1996
Coreia
Acordo-quadro de comércio
e cooperação
28 de Outubro
de 1996
Laos
Acordo de cooperação
19 de Abril de 1997
Bangladeche Acordo de cooperação
em matéria de parceria
e desenvolvimento
22 de Maio de 2000
Paquistão
24 de Novembro
de 2001
Acordo de cooperação
em matéria de parceria
e desenvolvimento
(*) Associação de Nações do Sudeste Asiático.
(**) Protocolo que torna o acordo extensivo à República Socialista do
Vietname assinado em 14 de Fevereiro de 1997. Protocolos que
tornam o acordo extensivo ao Reino do Camboja e à República
Democrática Popular do Laos assinados em 28 de Julho de 2000.
Ásia e América Latina, adoptado em 1992. Este regulamento define um quadro estratégico (4) que abrange a
ajuda ao desenvolvimento, a cooperação económica e o
ambiente, e afirma vigorosamente a necessidade de
promover a democracia e os direitos humanos. As áreas
prioritárias das actividades de cooperação da CE na Ásia
têm continuado a ser o reforço de capacidades institucionais e a promoção dos cuidados de saúde primários e da
educação como meio de combater a pobreza.
Autorizações e pagamentos relativos à Ásia
em 2000/2001 (milhões de euros)
Programas
Bilaterais
Regionais
Subtotal:
bilaterais/regionais
Outras rubricas orçamentais
Total
Autorizações
Pagamentos
2001
2000
2001
2000
225,0
283,0
264,6
240,2
64,5
96,6
41,2
36,6
289,5
379,6
305,8
276,8
88,8
67,4
72,1
41,7
378,3
447,0
377,9
318,5
(1) Vejam-se mais pormenores no ponto 8.14, «Conclusões e perspectivas».
(2) Os valores relativos ao comércio incluem o Japão, a China, Hong Kong, e Coreia do Sul, bem como os países da ASEAN e da Ásia Meridional.
(3) KEDO (Korean Peninsula Energy Development Organisation) — Organização para o Desenvolvimento Energético da Península Coreana.
4
( ) Regulamento (CEE) n.º 443/92 do Conselho, de 25 de Fevereiro de 1992, relativo à ajuda financeira e técnica e à cooperação económica
com os países em desenvolvimento da América Latina e da Ásia, publicado no JO L 52 de 27.2.1992.
Ásia
No relatório sobre a cooperação CE-Ásia referente a
2001 destacam-se dois acontecimentos de grande
importância, um natural e outro causado pelo homem:
o terramoto de Guzarate e as consequências do 11 de
Setembro no Afeganistão.
Índia — Terramoto de Guzarate
Quando Guzarate foi abalado por um terramoto, no
Dia da República (26 de Janeiro de 2001), Chris Patten,
comissário responsável pelas Relações Externas,
encontrava-se em visita oficial a Nova Deli. Transmitiu
imediatamente a mensagem de condolências do presidente da Comissão, Romano Prodi, ao presidente da
Índia, K. R. Narayanan, sublinhando: «A União Europeia solidariza-se com o povo da Índia nesta hora
trágica e estamos dispostos a ajudar em tudo o que
for possível».
O Serviço de Ajuda Humanitária ECHO respondeu
muito rapidamente à catástrofe, concedendo
3 milhões de euros em 27 de Janeiro e mais 10 milhões
de euros quatro dias após o terramoto. Estes fundos
foram canalizados para ONG europeias, a fim de estas
prestarem ajuda de emergência nas áreas mais afectadas. O Serviço de Cooperação da CE, EuropeAid,
criado recentemente, enviou imediatamente para as
zonas afectadas uma missão de identificação, encarregada de apresentar um pacote de medidas de ajuda
viável e sustentável para facilitar a recuperação social
e económica do estado. Com base nas suas conclusões, e confirmando a solidariedade da UE para com
Guzarate, a CE concedeu um pacote de ajuda de cerca
80 milhões de euros, com três componentes: saúde (40
milhões de euros), reabilitação (15 milhões de euros) e
recursos naturais (25 milhões de euros).
© J.F. Merladet/ Delegação da CE em Nova Deli
8.1.3. Destaques da cooperação
da CE com a Ásia em 2001
Aldeia destruída durante o tremor de terra no Gujarat (Índia).
como ajuda alimentar às zonas rurais. Posteriormente,
a Comissão propôs que fossem concedidos mais 57,5
milhões de euros para apoio a um programa de
reconstrução no Afeganistão, devendo a respectiva
decisão ser tomada em princípios de 2002. O objectivo
geral desse programa era apoiar a estabilização do
país, contribuindo para as actividades básicas de
governação e a resposta às necessidades básicas.
8.2. Cooperação regional
A UE mantém desde há muito relações com o Sudeste
Asiático, que se processam através de uma série de
parcerias.
8.2.1. Parceria UE-ASEAN
Afeganistão — Arranque de um programa
de recuperação
No seguimento dos acontecimentos de 11 de
Setembro de 2001, os chefes de Estado e de Governo
declararam, em 20 de Outubro, que a UE se associaria
à comunidade internacional num «programa de
grande projecção, e ambicioso, de ajuda política e
humanitária com vista à reconstrução do Afeganistão». Em 2001, a Comissão autorizou um montante
de quase 103 milhões de euros para fins de assistência
ao Afeganistão, metade do qual foi canalizado através
do serviço ECHO. Antes de 11 de Setembro, já estava
a ser prestada assistência a pessoas deslocadas, bem
As relações entre a UE e a Associação de Nações do
Sudeste Asiático (ASEAN) baseiam-se num acordo de
cooperação (1980) entre a CE e os países membros da
ASEAN (1).
8.2.2. UE-SAARC
A UE tem manifestado sempre o seu interesse em
reforçar os laços com a Associação do Sul Asiático para a
Cooperação Regional (SAARC) (2), como organização
regional. Com uma população de 1,3 mil milhões de
Síntese das autorizações/pagamentos 1995-2001 (milhões de euros)
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
Total
Autorizações
457,3
405,7
435,3
423,3
342,7
447,0
378,3
2 900,5
Pagamentos
219,3
279,1
301,9
262,1
289,2
318,5
377,9
2 048,0
(1) Países ASEAN: Brunei, Birmânia/Mianmar, Camboja, Indonésia, República Democrática Popular do Laos, Malásia, Filipinas, Singapura,
Tailândia e Vietname.
(2) Países SAARC: Bangladeche, Butão, Índia, Maldivas, Nepal, Paquistão e Sri Lanca.
139
© Janet Raynor/ Promote
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
Agente de ligação do programa Promote (Igualdade entre
os sexos), Bangladeche.
habitantes em 1999, os países membros da SAARC
representam quase 22% da população mundial, mas
apenas 1,97% do PNB mundial (575 mil milhões de dólares americanos em 1999). O rendimento médio per capita desta região é de 441 dólares (Banco Mundial,
1999). A pobreza é, efectivamente, um dos aspectos
mais característicos da situação da Ásia Meridional.
8.2.3. ASEM
A ASEM (Reunião Ásia-Europa) é um processo informal
de diálogo e cooperação no âmbito do qual os Estados-Membros da UE e a Comissão Europeia se reúnem com
10 países asiáticos (Brunei, China, Indonésia, Japão, Coreia do Sul, Malásia, Filipinas, Singapura, Tailândia e
Vietname). O diálogo ASEM abrange questões políticas,
económicas e culturais, e o seu objectivo é reforçar as
relações entre as nossas duas regiões, num espírito de
respeito mútuo e no âmbito de uma parceria baseada
na igualdade. Em 2001, a Comissão autorizou a
concessão de 20 milhões de euros para a segunda fase
do Fundo Fiduciário ASEM, prosseguindo desse modo o
apoio a reformas dos sectores financeiro e social, em
particular nos parceiros asiáticos da ASEM directamente
afectados pela crise asiática de 1997.
Em 2001, foi concluído o primeiro ano de execução do
projecto «Reabilitação da Ásia: melhorar o quotidiano
dos moradores através da preservação e recuperação
do centro histórico de Hanói», co-financiado pelo
programa Ásia-Urbs. Os moradores estão a ser incentivados a realizar melhoramentos nas suas casas,
permanecendo nelas durante as obras sempre que
possível. Cerca de 50 moradores de apenas dois edifícios — um deles abrangia duas ruas e alojava cinco
famílias, no outro havia uma joalharia e viviam quatro
famílias — participaram num projecto-piloto de recuperação durante o primeiro ano. A experiência e os
resultados obtidos constituirão um exemplo que
outros proprietários poderão seguir no futuro. A
criação de um sistema de crédito para financiar estas
actividades foi um dos aspectos mais difíceis deste
projecto, na medida em que não foi fácil suscitar o
entusiasmo da banca. No entanto, registou-se um bom
andamento ao nível da prestação de assistência técnica
e das técnicas de recuperação de edifícios e espaços
conexos, da intervenção de juristas com vista a ajudar
a superar obstáculos ao nível das relações entre senhorios e locatários e da orientação e planeamento.
O programa Ásia-Urbs concede fundos destinados a
parcerias ao nível das administrações locais, com vista à
realização de estudos de viabilidade e/ou projectos-piloto de dois anos em determinadas áreas de cooperação fundamentais, como a gestão urbana, o ambiente
urbano, o desenvolvimento socioeconómico e as infra-estruturas sociais urbanas. As principais áreas de cooperação dos 28 projectos aprovados para financiamento
em 2001 (num valor total de 11 milhões de euros) foram
a gestão de resíduos (7), o desenvolvimento do espírito
empresarial/económico (5), a gestão urbana (3), o património cultural (3), a educação/formação (3), a gestão de
recursos hídricos (2), o controlo da poluição (2) e as
tecnologias inovadoras (1).
Autorizações para cooperação regional em 2001
(em milhões de euros)
Cooperação
regional
Designação do projecto
Montante
ASEM
Fundo Fiduciário ASEM
20,0
Ásia
ProEco (ex-Ecobest)
31,5
Ásia
Acto adicional do ARCBC
(Centro Regional ASEAN para
a Conservação da Biodiversidade)
Subtotal
0,9
52,4
8.2.4. Referem-se a seguir alguns
programas específicos:
❿ o programa Ásia-Link, no âmbito do qual serão
concedidos 40 milhões de euros ao longo de um
período de cinco anos com vista a promover a
ligação em rede a nível regional e multilateral
entre estabelecimentos de ensino superior dos
Estados-Membros da UE e da Ásia meridional,
Sudeste Asiático e China; e
140
❿ o programa Ásia-Urbs, que se destina a reformar
a capacidade de gestão urbana das administrações
locais e que atribui especial importância à
atenuação da pobreza nas comunidades locais.
8.3. Transportes
Os transportes aéreos e os transportes marítimos são
as principais componentes da ajuda da CE destinada
aos países asiáticos no sector dos transportes. Estas
áreas irão desempenhar um papel importante, na
medida em que a existência de sistemas de transportes
eficientes é essencial para o desenvolvimento económico dos países asiáticos. A execução de projectos de
cooperação permitirá demonstrar os benefícios das
práticas europeias na região.
Ásia
8.3.1. Transportes marítimos
Projecto marítimo UE-Índia. Este projecto destina-se a
melhorar a eficiência de dois portos indianos, bem
como a apoiar o Governo da Índia a introduzir a troca
de dados electrónica no sector. A contribuição da CE
para o projecto é de 8 milhões de euros (orçamento
total do projecto: 10 milhões de euros). O projecto já
contribuiu para melhorias nas condições do comércio e
do investimento no sector portuário. Em 2001, foram
concluídas várias actividades nos portos de Jawaharlal
Nehru e Chenai, incluindo a reestruturação da comunidade portuária e a realização de estudos de viabilidade na área da troca de dados electrónica. Foram
igualmente reforçadas a manutenção portuária, as
previsões de tráfego e as capacidades de planeamento.
8.3.2. Transportes aéreos
Projecto UE-Índia no domínio da aviação civil, para o
qual a CE contribuiu com 18 milhões de euros (orçamento total 28 milhões de euros).
Ao longo de 2001, peritos europeus visitaram seis
aeroportos indianos. Foram organizados workshops
sobre temas como «Gestão do espaço aéreo», «Cooperação regional» e «Certificação de grandes aeronaves». Foi igualmente organizado um seminário de
alto nível para chefias, subordinado ao tema «Gestão
das linhas aéreas».
Projecto UE-China no domínio da aviação civil, para o
qual a CE contribuiu com 7 milhões de euros (orçamento total 15 milhões de euros).
As actividades na área da harmonização regulamentar
desenvolvidas em 2001 suscitaram um interesse considerável por parte de homólogos chineses. Além disso,
actividades de formação na área da aeronavegabilidade levaram já à plena qualificação de 14 organizações de formação chinesas. Por outro lado, a realização de actividades na área da gestão da produção
levou à criação de duas linhas de produção, em Xian e
em Chendu, na província de Sechuan.
Em resumo, os dois projectos de aviação no domínio
da aviação civil contribuíram para:
❿ maior sensibilização para as práticas do sector da
aviação da UE, nomeadamente no que se refere à
aeronavegabilidade e aos regulamentos e normas
de segurança;
© Dacaar
Foi dada prioridade ao reforço da segurança aérea e
da cooperação UE-Ásia no sector aeroespacial através
dos seguintes projectos:
Colheita de trigo em Quadis, Badghis (Afeganistão).
buição da CE para este projecto seja de 15 milhões de euros (orçamento total do projecto: 30 milhões de euros).
8.4. Segurança alimentar
e desenvolvimento rural
O desenvolvimento rural sustentável e a segurança
alimentar são componentes importantes das estratégias
comunitárias em matéria de luta contra a pobreza. Em
2001, foram afectados 20 milhões de euros à ajuda
alimentar directa à Coreia do Norte e foram concedidos mais 4,5 milhões de euros para ajuda indirecta
através do Programa Alimentar Mundial (PAM), destinados principalmente à aquisição de alfaias agrícolas e
fertilizantes. O Bangladeche recebeu 24,5 milhões de
euros destinados à segurança alimentar (tendo
3 milhões de euros sido afectados à ajuda alimentar).
❿ desenvolvimento do futuro quadro de gestão do
tráfego aéreo e desenvolvimento das infra-estruturas dos aeroportos;
O Afeganistão recebeu 16 milhões de euros (através
do PAM), bem como 4 milhões de euros destinados a
ajuda alimentar através da EuronAid. O Camboja
(5,7 milhões de euros) e o Laos (1,1 milhões de euros)
beneficiaram de projectos no domínio da segurança
alimentar, cujos fundos foram canalizados através de
ONG. Por último, a Índia recebeu ajuda alimentar no
valor de quase 1 milhão de euros através da EuronAid.
❿ maiores conhecimentos e prática de técnicas
modernas de assistência, manutenção e revisão de
produtos.
8.5. Reforço das instituições
Em 2001, a Comissão participou ainda em negociações
sobre um novo projecto de cooperação UE-Ásia no sector
da aviação civil, que abrange outros 15 países da Ásia
Meridional e do Sudeste Asiático. Prevê-se que a contri-
O reforço de capacidades institucionais é uma das principais áreas visadas pelas actividades desenvolvidas
pela Comunidade no âmbito cooperação para o desenvolvimento.
141
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
incluiu assistência técnica à Comissão Eleitoral
Nacional, bem como a concessão de auxílio financeiro
através do PNUD.
© Delegação da CE no Vietname
Na China, a execução de projectos na área do apoio às
instituições prosseguiu, por exemplo, no âmbito do
programa de cooperação jurídica e judicial UE-China, do
programa de cooperação UE-China no domínio da estatística e do programa de governação das aldeias UE-China
(lançado em Pequim por Chris Patten, em Maio de 2001).
Acção de formação no domínio do desenvolvimento rural sobre a gestão
integrada do arroz (Vietname).
Autorizações para desenvolvimento rural e segurança
alimentar em 2001 (em milhões de euros)
País
Designação do projecto
Montante
Paquistão Apoio veterinário
Ásia
22,9
Investigação agrícola no âmbito
do CGIAR (Grupo Consultivo para
a Investigação Agrícola Internacional)
Indonésia Desenvolvimento da agricultura
de irrigação em Bululeng Karang Asem
Camboja
Província do Norte (estudo)
Foi aprovado um novo programa de serviços de pecuária
para o Paquistão, destinado a reforçar e reestruturar a
prestação de serviços públicos no sector pecuário.
Entre as novas iniciativas no domínio do desenvolvimento relativas ao Vietname, foi identificado um
programa (10 milhões de euros) de apoio ao Ministério
do Trabalho, destinado a aumentar a oferta de mão-de-obra qualificada. Um outro projecto irá concentrarse no apoio institucional com vista ao desenvolvimento das pequenas e médias empresas.
7,5
6,1
0,6
Total
Iniciou-se a cooperação para o desenvolvimento com a
Coreia do Norte (RDPC). Os trabalhos preparatórios
realizados em 2001 permitiram identificar dois
projectos-piloto de assistência. Estes projectos
consistem em acções de formação tendo em vista o
programa de reforma económica e em apoio destinado a aumentar a eficiência do sector energético.
37,1
Referem-se a seguir alguns objectivos específicos do
reforço institucional, em 2001:
❿ desenvolvimento da governação e administração
transparentes, responsáveis e eficazes em todas as
instituições públicas e semipúblicas;
❿ reforço do Estado de direito e melhor acesso à
justiça, garantindo simultaneamente o profissionalismo e independências dos sistemas judiciários;
❿ luta contra o suborno, a corrupção e o nepotismo.
No Camboja, foi prestada assistência durante as eleições autárquicas realizadas em princípios de 2002, que
8.6. Desenvolvimento
do sector privado
A cooperação económica com a Ásia continua a incidir
principalmente na promoção da cooperação mutuamente
benéfica entre empresas, com vista a reforçar o perfil da
Europa na Ásia e o perfil da Ásia na Europa, aumentar a
presença económica da Europa na Ásia e ajudar os países a
definirem e aplicarem políticas destinadas a melhorar a
sua situação e o seu desempenho económicos.
COOPERAÇÃO
ENTRE EMPRESAS
O programa Ásia-Invest começou por ser um
programa de cooperação económica com a Ásia abrangendo todos os sectores, destinado a promover a cooperação entre empresas através do estabelecimento de
parcerias mutuamente benéficas entre a Ásia e a União
Europeia. O programa prevê a concessão de uma série
de auxílios não reembolsáveis, instrumentos de apoio e
acesso a uma extensa rede e a uma base de dados de
Reforço das instituições — Autorizações em 2001 (em milhões de euros)
Reforço das instituições
País
Designação do projecto
Boa governação
Indonésia
Parceria no domínio da boa governação
Democratização
Camboja
Eleições/Fundo Especial da ONU
Reforço das instituições
Coreia do Norte (RDPC) (*) Projecto-piloto de apoio institucional/formação
Apoio institucional
Nepal
Montante
13,30
2,95
0,93
Recenseamento
0,40
Total
142
*
( ) RDPC: República Democrática Popular da Coreia.
0,97
Projecto-piloto no sector energético
18,55
pesquisa de parceiros às entidades representantes das
empresas, incluindo câmaras de comércio, organizações
sectoriais e profissionais, associações profissionais,
confederações da indústria e organismos de desenvolvimento das empresas, atribuindo-se especial importância às pequenas e médias empresas.
Desde o início do programa e até Dezembro de 2001,
foram co-financiados 143 projectos. Só em 2001, foram
aprovados 85 projectos correspondendo a uma contribuição total de 7,98 milhões de euros por parte da CE.
A CE tem promovido a capacidade das empresas asiáticas para estabelecerem relações mutuamente benéficas com empresas da UE através do seu apoio aos centros europeus de informação empresarial (European Business Information Centres — EBIC) em toda a
região (isto é, no Sri Lanca, Índia, Malásia e Filipinas). Em
2001, foi aberto um novo EBIC em Hanói, no Vietname.
Os EBIC prestam diversas informações a empresas ou
associações asiáticas. Em 2001, o montante gasto em
apoio às actividades dos EBIC no Sri Lanca, na Índia, na
Malásia e no Vietname foi de cerca de 805 000 euros.
© J. F. Merladet/ Delegação da CE em Nova Deli
Ásia
Programa de formação profissional de adultos (AVIC) enquadrado nos
programas de reabilitação de adultos financiados pela UE. Centro de
produção no domínio da horticultura (Índia).
PROGRAMA
NO ÂMBITO DAS TECNOLOGIAS
DA INFORMAÇÃO
O programa de TIC relativo à Ásia teve início em Outubro de 1999. A sua finalidade é aumentar a cooperação
na área das tecnologias da informação e das comunicações entre a Europa e os países/territórios asiáticos participantes. Nesse ano, foram aprovados 23 projectos (5,98
milhões de euros) destinados a procurar soluções de TIC
aplicáveis aos sectores das TIC asiático e europeu,
melhorar a transferência de conhecimentos na área das
TIC e reforçar a compreensão mútua dos quadros regulamentares e/ou legislativos das TIC entre as regiões.
No Butão, as actividades desenvolvidas em 2001
concentraram-se na consolidação e preparação da
segunda fase (4,2 milhões de euros) do projecto
«Plantas medicinais», apoiado pela CE. O objectivo
visado nesta fase é assegurar a total sustentabilidade
do Instituto de Serviços de Medicina Tradicional, que é
uma das componentes do desenvolvimento do sector
nacional das plantas medicinais a longo prazo.
Autorizações para o sector privado e o desenvolvimento económico em 2001 (em milhões de euros)
PROGRAMAS
NO DOMÍNIO DA FORMAÇÃO EMPRESARIAL
A Escola Internacional de Gestão China-Europa
(China-Europe International Business School, CEIBS) de
Xangai foi criada em 1994, durante a primeira fase de
um projecto financiado pela CE. O objectivo da CEIBS é
reforçar as ligações comerciais e industriais entre a
China e a UE através da formação em gestão e transmitindo os conhecimentos internacionais em matéria
de gestão aos gestores chineses. O apoio da CE à CEIBS
entrou na sua segunda fase em 2001, com a afectação
de 10,95 milhões de euros pela CE. Em 2001, a CEIBS
confirmou a sua posição como a melhor escola de
gestão da China continental, ao entrar na lista das 100
principais escolas com diplomas de MBA. Em 2001,
havia cerca de 600 alunos matriculados em cursos de
MBA e EMBA. Além disso, a CEIBS recebeu cerca de
4.300 alunos para cursos de menor duração.
País
Designação do projecto
Índia
Mecanismo de financiamento
de pequenos projectos
Montante
4,04
Vietname EBIC
0,99
China
0,80
Direitos de propriedade intelectual
(acto adicional)
Vietname Recursos humanos/turismo
10,80
Vietname Sector audiovisual
0,95
Macau
Cooperação no domínio jurídico
0,99
China
OMC (acto adicional)
0,60
China
Formação de intérpretes
0,40
Ásia
Prorrogação do programa de TIC
5,00
Total
24,57
Entre outros programas referem-se um programa de
bolsas em Hong Kong (região administrativa especial da China) para obtenção do mestrado de Direito
na área de Direitos Humanos na Universidade de Hong
Kong, três programas de cooperação que estão a
decorrer em Macau (região administrativa especial da China) e um novo programa de cooperação
jurídica lançado no final de 2001. A contribuição total
da CE para estes programas foi de 990 000 euros.
© Janet Raynor/ Promote
Em 2001, o programa de jovens quadros UE-China
(11, 64 milhões de euros) atribuiu diplomas a 24 jovens
gestores da UE. O programa UE-China de desenvolvimento da formação profissional industrial deu
formação a 408 trabalhadores e 25 formadores.
Formadores de professores (Bangladeche).
143
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
© Projecto no domínio da malária — Vietname
A CE procurou responder a esses desafios através do
programa de desenvolvimento do sector da saúde e,
em 2001, concentrou-se principalmente nas seguintes
prioridades:
Malária: Informação, educação e comunicação porta a porta em aldeias
remotas do Vietname.
8.7. Saúde e educação
8.7.1. Saúde
© Projecto no domínio da malária — Vietname
A pobreza, as transformações sociais, o crescimento e
as crises económicas e a falta de recursos do sector da
saúde dão origem a uma série de desafios sociais e
económicos. Além disso, na Ásia, há também o desafio
decorrente da «transição na área da saúde»: transição
demográfica, novos riscos ambientais e riscos decorrentes do estilo de vida, transição epidemiológica e a
diferença cada vez maior entre as classes sociais e
económicas em termos de estado de saúde. Por outro
lado, a Ásia é uma região em que as catástrofes naturais e de origem humana são frequentes.
Diagnóstico e tratamento precoces da malária (Vietname).
144
❿ na Tailândia, o projecto de reforma do sector da
saúde (2 milhões de euros), concluído em 2001,
ajudou o Governo tailandês a assegurar a cobertura universal e descentralização dos serviços de
saúde, e a participação da sociedade civil, com vista
a melhorar a capacidade de resposta e qualidade
dos serviços. A esta experiência positiva de apoio
europeu à reforma do sector da saúde tailandês
deverá seguir-se um segundo programa (5 milhões
de euros) em 2002. No Vietname, o programa de
desenvolvimento de sistemas de saúde em curso
(1998-2003, 34 milhões de euros) destina-se a
melhorar a qualidade dos cuidados de saúde
primários e o acesso aos mesmos;
❿ através de intervenções de âmbito mais alargado, a CE procura responder a diversos desafios do sector, adoptando abordagens sectoriais e concedendo ajuda orçamental. No
Bangladeche, está a ser executado o programa
«Saúde e população 1998-2003» (70 milhões de
euros), com vista a ir ao encontro das prioridades
de uma reforma destinada a unificar os serviços de
saúde e planeamento familiar. O programa foi
acordado entre a CE, o Banco Mundial e outros
doadores. Este programa sectorial registou bons
progressos nos primeiros dois anos e meio. Continuaram a verificar-se melhorias significativas relativamente à maior parte dos indicadores de saúde
[por exemplo, a mortalidade infantil baixou de 92
por mil para 62 (2000) no período de 1992-1996, e
o rácio de mortalidade materna (RMM) baixou de
485 em 1991 para menos de 400 (estimativas em
2001]. No que se refere à reforma, houve aspectos
positivos e negativos, e os esforços no sentido da
unificação foram dificultados pelas eleições nacionais e pela mudança de governo;
❿ na Índia, a CE está a apoiar o programa de
reforma do sector da saúde e da assistência social à
família (200 milhões de euros), que se destina a
melhorar a qualidade e acessibilidade dos serviços
de saúde, atribuindo-se especial importância à
saúde das mulheres e das crianças. Neste momento,
já aderiram ao processo de reforma 22 estados,
cuja execução conta com o apoio de cerca de 40
ONG e instituições. Após o terramoto de Janeiro de
2001 em Guzarate, a CE aumentou o seu contributo em 40 milhões de euros, a fim de apoiar o
esforço de reconstrução e reabilitação e ajudar a
manter o ritmo das reformas sectoriais;
❿ reforço dos sistemas de segurança social e dos
serviços de saúde. A experiência europeia na área
da segurança social e dos serviços de saúde pode ser
particularmente valiosa para os países que desejam
reduzir a vulnerabilidade das pessoas que vivem
perto do limiar da pobreza. Em 2001, a CE começou a
preparar um importante programa (20 milhões de euros) destinado à China na área da segurança social,
que se prevê venha a ser aprovado em 2002. Na Indonésia foi realizado um pequeno programa de aconselhamento político na área dos serviços de saúde,
financiado com fundos do orçamento de 2001;
Ásia
A iniciativa asiática em prol da saúde genésica
lançada pelo FNUAP visa aplicar as recomendações da
Conferência do Cairo sobre População e Desenvolvimento realizada em 1994. A iniciativa está a decorrer no
Paquistão, Nepal, Sri Lanca, Bangladeche, Vietname,
Laos e Camboja através de 42 projectos organizados por
ONG (três dos quais de âmbito regional), e oferece uma
gama de serviços na área da saúde sexual e genésica,
destinados principalmente às mulheres e aos adolescentes. No Vietname, por exemplo, as ONG responsáveis
pelos projectos receberam formação subordinada ao
tema «Saúde genésica para todos: levar em conta a
dinâmica de poder entre homens e mulheres».
Em 2001, a Comissão decidiu prolongar o programa
até 31 de Dezembro de 2002. No Relatório Anual referente a 2001 (1), descrevem-se pormenorizadamente os
progressos realizados e os resultados obtidos em cada
um dos 42 projectos.
Entre as actividades desenvolvidas no Camboja no âmbito do programa, referem-se as seguintes: melhoramentos em quatro centros clínicos convencionais de
saúde genésica; seminários para mais de 145 000 adolescentes; mais de 38 000 visitas a centros de juventude e
bibliotecas; prestação de serviços especialmente vocacionados para os jovens em clínicas, a mais de 30 000 jovens.
Foi a primeira vez que um projecto realizado no Camboja conseguiu reunir à mesma mesa pais, professores,
dirigentes comunitários e jovens para tentar quebrar o
silêncio em torno da sexualidade dos adolescentes.
O programa de controlo da malária, um programa de
âmbito regional destinado à RPD do Laos (2),
Camboja e Vietname, tem por objectivo reduzir a
incidência, morbilidade e mortalidade da malária. Este
programa tem-se revelado particularmente eficaz na
promoção da utilização de mosquiteiros impregnados
nos três países e tem contribuído decisivamente para
melhorar o tratamento imediato de casos mediante a
administração de um pacote de medicamentos contra
a malária. Em 2001, a CE concordou em prolongar o
programa até Dezembro de 2002.
Em 2001, a CE também afectou 60 milhões de euros ao
fundo global para combater a sida, a tuberculose e a
malária, e adoptou uma comunicação (3) relativa à
execução do programa de acção de luta contra essas
três graves doenças transmissíveis.
ACÇÕES
DESTINADAS A RESPONDER A CATÁSTROFES
NATURAIS E DE ORIGEM HUMANA, A NECESSIDADES
© Dacaar
❿ realizar as prioridades pendentes da transição
epidemiológica e demográfica no que se refere
às doenças relacionadas com a pobreza: mortalidade materna, doenças transmissíveis.
Aldeão de Quadis, Badghis (Afeganistão).
sector da saúde. Embora a reabilitação física das infra-estruturas seja uma componente importante do
pacote de ajuda, a assistência a Guzarate destina-se,
também, a melhorar os serviços de saúde genésica
através de reformas que se inserem no programa de
reforma do sector já iniciado na Índia.
A Comissão acredita, também, na necessidade de uma
sequência ininterrupta de actividades de reabilitação
em Timor-Leste, após o conflito naquele território,
tendo adoptado uma abordagem inovadora em
conjunto com outros doadores (nomeadamente e
Banco Mundial, Portugal, AusAid, Brasil JICA). Desde
que foi lançado, em princípios de 2000, o programa de
cooperação, que envolve múltiplos doadores e cuja
ajuda tem sido canalizada através do Fundo Especial
para Timor-Leste (FETL), tem ajudado a promover uma
rápida recuperação social e económica no território.
O FETL apoiará a execução do plano: a) continuando a
concentrar-se na conclusão das actividades básicas de
reconstrução da capital, no plano económico e no
plano social, durante o primeiro ano após a independência, numa altura em que o governo tenta levar a
cabo a difícil tarefa de assumir funções anteriormente
desempenhadas pela Untaet (Administração das
Nações Unidas em Timor-Leste), assegurando a prestação contínua de serviços e ocupando-se de acções
urgentes de carácter jurídico e institucional; b)
ajudando a reforçar capacidades na área da concepção
e gestão de projectos de desenvolvimento, a fim de
ajudar o Governo a executar um programa de desenvolvimento de maior dimensão financiado pelo seu
orçamento nacional depois de o FETL ser suspenso.
DA REABILITAÇÃO DOS PAÍSES APÓS CONFLITOS
E À TRANSIÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO
Tal como já se referiu, a Comissão reagiu rapidamente
ao terramoto de Guzarate aumentando em 40 milhões
a ajuda orçamental ao programa lançado pela Índia no
(1) Ver: http://www.asia-initiative.org/annual_report_2001.html.
(2) República Democrática Popular do Laos.
(3) COM(2000) 585 final.
8.7.2. Educação
O ano de 2001 foi importante em termos do apoio
prestado pela CE ao desenvolvimento da educação na
145
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
© Linda Chiasson, Canadian CIDA
tradicional (especialmente raparigas, que correspondem a 60% das matrículas), e reforçar o sistema
educacional nacional. O projecto destina-se a apoiar
a formação de funcionários e professores, melhorar
os programas de estudos e material pedagógico,
bem como as práticas utilizadas nas salas de aula. O
apoio prestado pela CE também permite que o BRAC
alargue os seus serviços com vista a aumentar a literacia de adultos particularmente pobres e promover
a aquisição de aptidões que lhes permitam melhorar
as suas condições de vida.
Uma das 34 000 escolas elementares informais do programa BRAC
destinadas a crianças que abandonaram o ensino ou que nunca
frequentaram a escola (Bangladeche).
Ásia, havendo dois aspectos principais a destacar. Em
primeiro lugar, manteve-se o empenhamento da CE
em apoiar os países, em particular os países menos
desenvolvidos, na realização das prioridades e objectivos do programa «Educação para todos». Em
segundo lugar, verificaram-se novos progressos ao
nível da substituição de projectos isolados orientados
para resultados por intervenções mais estratégicas que
ajudem a abrir caminho à adopção de abordagens
sectoriais no domínio da educação.
Os novos compromissos assumidos em relação ao
Bangladeche foram os seguintes:
❿ IDEAL (20,3 milhões de euros): os principais objectivos são melhorar o acesso ao ensino e a qualidade do ensino em mais de 10 000 escolas primárias de 10 dos 64 distritos do Bangladeche. O apoio
destinado a melhorar as salas de aula e a qualidade
do ensino e da aprendizagem e a avaliação do
ensino irá beneficiar aproximadamente 2,5 milhões
de crianças e 40 000 professores. No âmbito do
projecto, será igualmente dado apoio ao nível da
distribuição geográfica e planeamento das escolas,
bem como aos comités de gestão escolar;
❿ ensino não formal no âmbito do BRAC (23 milhões
de euros): a finalidade é contribuir para a atenuação
da pobreza assegurando o acesso ao ensino
primário não formal por parte de 1,6 milhões de
crianças que não frequentam normalmente o ensino
146
Na Índia, a CE assinou um acordo de financiamento
destinado a apoiar o programa Sarva Shiksha
Abhiyan, um programa sectorial lançado a nível
nacional pelo Governo indiano com vista a promover um
movimento popular em prol do ensino básico universal. O
apoio sectorial prestado pela CE permitirá que o governo
central e as administrações estaduais intensifiquem os
seus esforços no sentido de: assegurar o acesso ao ensino
básico (formal e não formal ) por parte de todas as
crianças com idades compreendidas entre os 6 e os 14
anos até 2003; garantir que todas as crianças concluam
cinco anos de ensino primário até 2007 e 8 anos de ensino
básico até 2010; elevar a qualidade do ensino básico
ministrado a todas as crianças para um nível satisfatório
até 2010; eliminar as disparidades entre os sexos e outras
disparidades sociais que impedem o acesso ao ensino
primário até 2007 e ao ensino básico até 2010.
Avaliação dos resultados do projecto realizado na
Índia — Apoio da CE ao desenvolvimento do ensino
primário a nível distrital (150 milhões de euros)
Principais resultados:
❿ os objectivos quantitativos (1) foram todos atingidos e em alguns casos ultrapassados, tendo
igualmente sido realizadas outras actividades que
produziram resultados concretos excelentes;
❿ nos dois estados que mais beneficiaram do auxílio
financeiro da CE (Madhya Pradesh e Chhattisgarh),
os objectivos do DPEP foram quase totalmente
atingidos em termos de maior acesso e mais matrículas, redução do abandono escolar e das disparidades entre os sexos/sociais, melhor aproveitamento escolar e reforço da capacidade de planeamento e de gestão (2). As taxas de literacia entre
os adultos melhoraram consideravelmente durante
o período de execução do programa (3);
(1) Os principais objectivos do DPEP eram os seguintes: a) reduzir para menos de 5% as disparidades entre os sexos e os grupos sociais em
termos de matrículas, abandono escolar e aproveitamento escolar; b) reduzir para menos de 10% as taxas globais de abandono escolar
no ensino primário; c) aumentar os níveis de aproveitamento escolar em pelo menos 25% em relação aos níveis de base medidos; d)
assegurar o acesso ao ensino primário a 100%; e) reforçar a capacidade de planeamento, gestão e avaliação do ensino primário aos
níveis nacional, estadual e distrital.
(2) A taxa bruta de acesso ao ensino primário aumentou de um valor médio de 77,4% em 1996 para 100% em 1999 em Madhya Pradesh,
e de 86,4% em 1996 para 98% em 2001 em Chhattisgarh. A taxa bruta de matrícula (TBM) de crianças com 6 a 11 anos de idade no 1.º
ao 5.º ano do ensino aumentou de 76,7% para 96,5% em Madhya Pradesh e de 88% para 101,5% em Chhattisgarh. A taxa de abandono escolar no ensino primário baixou para menos de 10%, tendo a redução do abandono escolar sido maior entre as raparigas. As
disparidades entre os sexos e sociais em termos de inscrição no ensino primário desceram para menos de 5% nos distritos beneficiários
do DPEP-I em ambos os estados. Em Madhya Pradesh, o índice de equidade da TBM no ensino primário aumentou, no caso das raparigas, das crianças de castas designadas (CD) e das crianças de tribos designadas (TD), para 97,3, 98,2 e 99,8 respectivamente. Em Chhattisgarh, as disparidades sociais em termos de matrículas entre TD e outros grupos baixaram de 12,7% em 1996 para 1,2% em 2000, e
entre CD e outros grupos baixaram de 7,3% para 1,5%. As disparidades entre os sexos no que se refere às matrículas baixaram de 7,8%
em 1996 para 2,7% em 2000. Nas provas de aproveitamento iniciais, intercalares e finais, as melhorias registadas a nível distrital em
Madhya Pradesh variaram entre 5,8% e 51,8% na disciplina de língua no 1.º ano e entre 12,5% e 54,3% na disciplina de matemática
no 1.º ano, tendo-se verificado variações semelhantes relativamente ao 4.º ano. Em Chhattisgarh, registaram-se melhorias semelhantes
ao nível do aproveitamento.
(3) Calcula-se que, em Madhya Pradesh, as taxas de literacia dos adultos (15 anos de idade ou mais) aumentaram, na última década, de
44,2% em 1991 para 64,1% em 2001 — uma taxa de aumento 50% superior à taxa nacional.
Ásia
❿ o impacto do programa no sistema educacional em
geral foi satisfatório. Registaram-se algumas
melhorias ao nível das práticas utilizadas nas salas
de aula, e verifica-se uma maior preocupação com
os resultados e uma maior participação ao nível
dos processos de gestão do sector da educação e
de outros sectores em todos os estados;
❿ de um modo geral, o programa tem dado provas
de ser técnica e financeiramente sustentável.
❿ o mecanismo de financiamento mediante o qual o
Governo distribui o auxílio financeiro da CE não só
para apoiar as intervenções sectoriais no ensino
básico a nível estadual, mas também para as
tornar mais ambiciosas e dotá-las de maiores
recursos, tem-se revelado eficaz;
❿ a substituição do reembolso de despesas pelo
pagamento antecipado de fundos por parte da CE
tem-se revelado benéfica, na medida em que
contribui para a segurança financeira, a flexibilidade das despesas e oportunidades de inovação;
❿ privilegiou-se a necessidade de melhorar o acesso em
vez de se procurar melhorar o acesso e a qualidade;
❿ é possível aumentar o impacte do apoio ao reforço
de capacidades, da assistência técnica e das actividades de controlo e avaliação mediante um
melhor planeamento e a procura de consensos.
Algumas questões políticas importantes no contexto
do desenvolvimento do ensino básico:
❿ limites máximos financeiros aplicáveis às despesas
com os salários de pessoal docente;
❿ medidas ao nível estadual destinadas a racionalizar o sector docente;
❿ repercussões a médio e longo prazo das diferenças
entre os salários de professores em termos da
relação custo/eficácia e de equidade;
❿ custos e articulação profissional entre a formação
pré-profissional e a formação durante o exercício
da profissão de professores dos primeiros anos e
dos últimos anos do ensino primário;
❿ a questão dos fundos escolares para despesas imprevistas e das despesas com material de qualidade.
Na China, a CE lançou um projecto no sector do ensino
básico, com um orçamento de 15 milhões de euros,
destinado a apoiar o Governo provincial de Gansu ao
nível da modernização e melhoramento da formação de
professores e do reforço da capacidade de gestão e
institucional do sector do ensino primário nos distritos
rurais pobres da província de Gansu, bem como na área
da investigação e divulgação de abordagens e métodos
inovadores prometedores no ensino básico.
© Uwe Wissenbach
Principais ensinamentos para o futuro apoio da CE ao
ensino básico na Índia:
Escola primária em Panam, região autónoma do Tibete (República Popular
da China). Esta escola beneficiará de um projecto de gestão rural integrada.
Cooperação da CE com a Ásia no sector da
educação: princípios de base
Em 2001, a cooperação da CE com a Ásia no sector da
educação continuou a nortear-se pelos seguintes princípios:
❿ concentração e utilização em comum de
recursos. As intervenções sectoriais impulsionadas
por políticas no sector da educação, tal como em
muitos outros sectores, exigem normalmente uma
massa crítica de recursos. Dado que os recursos de
que a CE dispõe são limitados, existe um risco
considerável de uma dispersão excessiva desses
recursos. Por conseguinte, é solicitado aos países
beneficiários que definam claramente as suas prioridades (veja-se o quadro «Cooperação com outros
doadores na região»);
❿ promover o acesso universal ao ensino básico
como meio de maximizar o impacte na redução
da pobreza e eliminar as disparidades entre os
sexos. Ensino formal por oposição a ensino não
formal. As abordagens sectoriais destacam o importante papel que as parcerias sector público/sector privado podem desempenhar na promoção do acesso a
um ensino básico de qualidade para todas as pessoas.
Nos casos em que a prestação de serviços de ensino
básico continua a ser insatisfatória, a estratégia a
adoptar deve consistir em sustentar o ensino formal
e não formal e, ao mesmo tempo, estabelecer ligações produtivas entre um e outro. É esta a estratégia
que tem sido adoptada nos documentos de estratégia por país (DEP) e nos programas indicativos
nacionais (PIN), bem como no desenvolvimento de
programas novos e em curso. Existe uma estreita relação entre o ensino básico e a melhoria do nível de
bem-estar das pessoas, especialmente no que se refere à esperança de vida, mortalidade infantil,
estado nutricional das crianças e, também, à
promoção da equidade entre os sexos e da igualdade
de oportunidades. Uma vez que os dados estatísticos
relativos às matrículas e conclusão do ciclo de estudos do ensino primário referentes às raparigas são
inferiores aos dos rapazes, promover os objectivos da
educação para todos implica, normalmente, um
147
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
© Delegação da CE no Vietname
8.7.3. Programas no domínio
do ensino superior
Apoio a um projecto do Ministério da Educação. Uma das escolas abrangidas
pelo projecto situa-se na província de Hoa Binh (Vietname).
esforço especial em relação às raparigas. O desenvolvimento dos recursos humanos através do ensino básico universal também contribui significativamente
para o progresso económico;
❿ sustentar a prestação de serviços e as
reformas. O quadro político e as condições das
intervenções no sector do ensino básico podem
estar mais avançados em alguns países (Índia) do
que noutros (Bangladeche, Camboja, Laos).
Ajuda destinada a ajudar o Paquistão a superar os
efeitos do conflito no Afeganistão
Como forma de contribuir para o apoio prestado ao
Paquistão pela comunidade internacional durante a
crise no Afeganistão, a Comissão comprometeu-se a
estudar novas formas de ajudar o Governo paquistanês nas reformas que tem vindo a empreender. Essa
ajuda consistiu, em parte, na modificação dos procedimentos do projecto de programa de acção social
(SAPP II) tendo em vista a concessão de ajuda orçamental directa ao Governo com base nos indicadores
do processo de reforma nos sectores da educação e da
saúde. No final de 2001 a Comissão tinha já efectuado
um primeiro pagamento de 15,5 milhões de euros no
âmbito do novo mecanismo do projecto, e prevê-se
que o segundo pagamento, do mesmo montante, seja
efectuado em meados de 2002, ficando desse modo
concluída a intervenção da CE no SAPP II.
Além disso, as necessidades e o quadro político
podem modificar-se devido a factores independentes
da vontade do Governo (por exemplo, Paquistão). É
necessário, portanto, que o apoio prestado pela CE
seja adaptado à situação do sector da educação em
cada país e seja suficientemente flexível para permitir
que os países façam frente a novos desafios.
148
(1) COM(2001) 385 final, de 18 de Julho de 2001.
Os programas e projectos da CE na área do ensino
superior têm por objectivo produzir recursos humanos
de elevada qualidade nos países parceiros e na UE.
Além disso, ajudam a promover a Europa como um
centro de excelência de estudos e formação, de
projecção mundial. Estes objectivos foram estabelecidos com base nas prioridades definidas na comunicação da Comissão relativa ao reforço da cooperação
com os países terceiros em matéria de ensino superior
(1), que se baseia na experiência positiva adquirida no
contexto dos intercâmbios intracomunitários no
âmbito do programa Sócrates/Erasmus.
Em 2001, a CE continuou a apoiar os programas de
estudos europeus bilaterais na Índia, Malásia, China,
Paquistão e Vietname (cerca de 2 milhões de euros) e
preparou a segunda fase do programa de centros de
estudos europeus relativo à China, que engloba actividades de grande escala.
O programa de estudos tecnológicos de pós-graduação (Postgraduate Technological Studies, PTS),
um programa de âmbito regional que está a decorrer
no Instituto Asiático de Tecnologia (IAT), em Banguecoque, continuou a receber apoio da CE. O orçamento
do projecto aumentou para cerca de 2,7 milhões de
euros e o projecto foi prorrogado até Dezembro de
2002. Isto permitiu que o programa realizasse o objectivo a cinco anos de recrutar 90 estudantes asiáticos e
90 estudantes europeus do ensino pós-universitário
para actividades de intercâmbio.
Além disso, a Comissão tem estado a preparar o lançamento do programa «Rede Universitária ASEAN-UE» (ASEAN-EU University Network Programme,
AUNP), cujo orçamento é de 7 milhões de euros.
8.7.4. Cultura
A Fundação Ásia-Europa (ASEF), constituída em
1997, em Singapura, no quadro do ASEM, continuou a
receber apoio da CE em 2001. Esse apoio contribuiu
para promover a reputação da fundação como uma
organização eficaz de grande prestígio e para intensificar o seu papel de sensibilização mútua, uma acção
que incluiu a realização de actividades culturais nas
duas regiões. Desde a sua constituição em 1997, a ASEF
já organizou cerca de 80 projectos envolvendo aproximadamente 4 500 participantes. A CE prestou apoio
financeiro a quase metade desses projectos.
O programa económico transcultural UE-Índia
(EU-India Economic Cross Cultural Programme —
EIECP) foi objecto de uma avaliação intercalar em
2001. A avaliação confirmou a pertinência do
programa e a concepção geral dos projectos e propôs
uma série de medidas tendentes a melhorar a gestão
do programa. Com base nessa avaliação, a Comissão
decidiu propor a prorrogação do actual protocolo de
acordo e relançar o programa em 2002, no contexto
de um modelo de gestão desconcentrada.
Ásia
8.8.3. Florestas tropicais e ambiente
Autorizações para desenvolvimento social em 2001
(milhões de euros)
Sector
País
Designação
Montante
Saúde
Índia
Apoio ao sector
da saúde
40,0
SCALE
25,8
Custo dos incêndios florestais
Educação
Índia
Estudos europeus
0,60
(Universidade de Neru)
Saúde
Indonésia
Seguro de saúde
Educação
Bangladeche
0,5
BRAC/NFPE III
23,0
IDEAL
23,3
IDEAL
20,3
Bangladeche
BRAC
28,7
Saúde
Ásia
Malária
Educação
Ásia
Addendum PTS
(Estudos técnicos
de pós-graduação)
Saúde
3,2
Total
Florestas tropicais
Na Indonésia, as florestas estão a desaparecer a um
ritmo alarmante devido a mais de três décadas de
exploração sem quaisquer controlos. Segundo estudos
recentes, as florestas que subsistem irão desaparecer
dentro de 10 a 15 anos se não se travar o actual ritmo
de desflorestação. As principais causas da desflorestação são as práticas de abate comercial insustentáveis, incluindo o abate comercial ilegal, e a conversão
em grande escala das florestas em plantações, que
frequentemente está na origem de incêndios devastadores incontroláveis.
0,30
165,7
8.8. Questões horizontais
8.8.1. Iniciativa Europeia para
a Democracia e os Direitos
do Homem
Em 2001, no âmbito da Iniciativa Europeia para a Democracia e os Direitos do Homem, foram afectados 10,81
milhões de euros a projectos na Ásia e na região ASEAN.
A ajuda prestada destinou-se principalmente a:
❿ promoção e defesa dos direitos humanos e das
liberdades fundamentais;
❿ processo de democratização e reforço do Estado de
direito;
❿ prevenção de conflitos e restabelecimento da lei e
da ordem;
❿ transição para a democracia e observação de
processos eleitorais.
Os incêndios catastróficos que ocorreram na Indonésia
em 1997 atraíram muita atenção a nível internacional.
Os economistas calculam que só a neblina de fumo
custou, pelo menos, 1,5 mil milhões de euros em tratamentos médicos e em receitas do turismo que se
perderam. Além disso, calcula-se que os incêndios de
1997 (área total afectada estimada em 9,7 milhões de
hectares) causaram outros danos, cujo custo ascendeu
a mais de 3 mil milhões de euros, danos esses que
consistiram em perdas de madeira e outros produtos
florestais, prejuízos ao nível da agricultura, serviços
hidrológicos e de conservação dos solos, etc. Trata-se
de estimativas conservadoras, uma vez que não se
incluem os custos indirectos da libertação de carbono
na atmosfera, nem os custos a longo prazo para a
saúde devido à neblina de fumo.
A CE reconhece o papel das florestas tropicais no
ambiente global e a importância de as preservar com
vista ao seu desenvolvimento sustentável a longo
prazo. Na Ásia, as florestas são importantes em termos
económicos, sociais e ambientais. Além disso, a nível
global, as florestas são importantes para a estabilidade
ambiental, a função de retenção do carbono, a conservação da biodiversidade, a regulação do clima e a
preservação dos direitos e das culturas dos povos indígenas. Considera-se, em particular, que as florestas
asiáticas são das mais ricas em termos de biodiversidade e, no entanto, são talvez das mais ameaçadas.
O regulamento ALA (1) inclui a preservação do
ambiente e dos recursos naturais entre as suas prioridades a longo prazo. Em 2001, tiveram início alguns
novos projectos na área da conservação e gestão
sustentável de florestas na Ásia, financiados pelo
instrumento financeiro ALA.
8.8.2. Actividades das ONG
A CE co-financiou 51 projectos com ONG na Ásia, num
valor total de 36,74 milhões de euros, o que corresponde a cerca de 22% da rubrica orçamental disponível para co-financiamento de projectos com ONG
(B7-600). A maior parte dos projectos destinou-se a co-financiar o reforço de capacidades, a saúde e saneamento e o desenvolvimento rural.
No âmbito do programa florestal CE-Indonésia,
constituído por seis projectos em curso, foi iniciado em
2001 o novo projecto de gestão de incêndios
florestais no sul da Sumatra (8,5 milhões de euros),
que se relaciona com a questão específica das florestas
e dos incêndios florestais. O seu objectivo é facilitar a
criação de sistemas de gestão de incêndios aos níveis
provincial, distrital, subdistrital e das aldeias, em toda
(1) Regulamento (CEE) n.º 443/92 do Conselho, de 25 de Fevereiro de 1992, relativo à ajuda financeira e técnica e à cooperação económica
com os países em desenvolvimento da América Latina e da Ásia (JO L 52 de 27.2.1992).
149
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
© Cecar V.Galvan/ PMCCA
RIET), um instituto autónomo de Singapura. O orçamento do programa de trabalho de 2001 do projecto
Ásia EcoBest (que terminou em Março de 2002) foi de
1,4 milhões de euros.
Programa CE/FAO de controlo integrado das pragas do algodão na Ásia
(Vietname).
Além disso, o RIET gastou cerca de 0,7 milhões de euros
em três conferências realizadas na China, em Singapura e
na Tailândia (400 participantes europeus e regionais); em
pavilhões de exposição e reuniões entre empresas na
Índia, Malásia, Singapura e Tailândia, em que participaram 50 empresas europeias; na preparação e divulgação de relatórios minuciosos sobre projectos realizados
no âmbito do Ásia EcoBest no período de 1998-2002.
a região sul da Sumatra. Em 2001, foi assinado um
acordo de financiamento no valor de 2 milhões de
euros, que visa a criação de um centro de resposta
ao abate comercial ilegal, cuja finalidade é apoiar o
Ministério das Florestas a combater essa actividade. Os
projectos em curso no âmbito do programa florestal
CE-Indonésia estão orçados em mais de 100 milhões de
euros, e as principais questões visadas são a conservação, a gestão sustentável e o reforço institucional.
Os projectos referidos estão a contribuir para a conservação e gestão sustentável de mais de 2 milhões de
hectares de florestas tropicais em várias partes da
Indonésia e estão a financiar a formação de várias
centenas de pessoas em vários sectores, desde a gestão
sustentável e cartografia das florestas até à prevenção
de incêndios e interpretação de imagens obtidas via
satélite. Graças aos progressos realizados em consequência destes projectos, a CE é actualmente o principal doador no sector florestal da Indonésia e é considerada um interveniente essencial no diálogo político
que está a decorrer no referido sector.
O AEB foi decisivo no que se refere a promover a sensibilização para as questões ambientais asiáticas entre os
representantes das empresas, em particular PME, na
Ásia. Espera-se que o apoio prestado pela CE no
âmbito do AEB venha a impulsionar o comércio com a
Europa e o investimento europeu a médio prazo.
Em 2001, a CE afectou 16,9 milhões de euros ao
«Projecto de gestão das florestas nacionais» na China,
com vista a contribuir para a execução do programa de
protecção das florestas naturais (NFPP) lançado pelo Governo, que proibiu o abate comercial nas florestas naturais. Este é o primeiro projecto importante em que a CE
está a participar neste domínio, na China. O projecto foi
preparado em conjunto com o Banco Mundial no âmbito de um programa de desenvolvimento florestal
sustentável, financiado também pelo Fundo Mundial
para a Protecção do Ambiente e pelo Banco Mundial.
O UE-Ásia Pro-Eco abrange um diálogo operacional e
prático que visa criar condições favoráveis e presta
apoio através de auxílios não reembolsáveis destinados
ao reforço de políticas, estudos de diagnóstico, parcerias no domínio da tecnologia e actividades de
demonstração. O primeiro convite à apresentação de
propostas deverá ser realizado em Janeiro de 2003, e
espera-se que venha a suscitar grande interesse. O
orçamento total da CE é de 35 milhões de euros.
Ambiente
PROGRAMAS ÁSIA-ECOBEST
150
Foram gastos cerca de 0,7 milhões de euros no apoio a
18 propostas externas de projectos seleccionadas entre
as 40 candidaturas recebidas. Nomeadamente, foram
realizados dez seminários, cursos de formação e mesas-redondas na China, Índia, Nepal, Filipinas e Vietname.
Estes eventos contaram com a presença de aproximadamente 650 participantes, e foram realizados sete
estudos (incluindo duas apresentações públicas de
resultados de projectos) e um projecto de desenvolvimento de serviços.
E
UE-ÁSIA PRO-ECO
Desde 1997, o programa Ásia-EcoBest (AEB) tem
promovido as melhores práticas europeias no domínio
do ambiente e a actividade económica na Ásia, através
do Instituto Regional de Tecnologia do Ambiente
(Regional Institute of Environmental Technology —
Em Dezembro de 2001, foi aprovado um novo
programa de cooperação económica e ambiental, UE-Ásia Pro-Eco. Os objectivos globais deste programa
são os seguintes: a) melhor qualidade ambiental,
incluindo uma influência positiva nas alterações climáticas a nível global, tendo em vista uma «Ásia mais
limpa» e melhores condições para a saúde; b) o investimento e o comércio sustentáveis a longo prazo entre
a UE e a Ásia; e c) um melhor desempenho ambiental
nos sectores económicos. A finalidade do UE-Ásia Pro-Eco é incentivar a adopção de políticas, tecnologias e
práticas susceptíveis de promover soluções sustentáveis
mais limpas e mais eficientes em termos de recursos
para os problemas ambientais da Ásia.
No domínio da conservação da biodiversidade, para
além do impacte directo dos vários projectos florestais,
a Comissão promoveu a criação do Centro Regional
ASEAN para a Conservação da Biodiversidade. Este
projecto, para o qual a Comissão irá contribuir com 8,5
milhões de euros, teve início em 1999 e tem a sua sede
em Manila, nas Filipinas, inserindo-se numa rede de
unidades para a conservação da biodiversidade nos países ASEAN. O seu objectivo é incentivar a conservação
da biodiversidade na região ASEAN através de uma
cooperação mais estreita. Por conseguinte, o projecto
está a contribuir não só para a conservação da biodiversidade, mas também para a integração regional.
© Delegação da CE no Vietname
Ásia
Aldeia Dan Lai (minoria étnica) situada no meio do parque de Pu Mat (província de Nghe An, Vietname). Este
parque é uma das áreas protegidas mais importantes para a conservação de Saola.
Autorizações para os sectores do ambiente, energia e
florestas em 2001 (em milhões de euros)
País
Designação
Montante
China
Energia/ambiente
20,0
Florestas naturais
16,9
Indonésia Protecção contra incêndios florestais — Fase II
Total
Os conceitos dos vários projectos e programas regionais relativos à região da Ásia são compatíveis com a
comunicação da Comissão «Europa e Ásia: enquadramento estratégico para parcerias reforçadas» (1),
preparada em Abril de 2001. O conjunto dos projectos
executados deverá, manifestamente, reforçar a
presença política e económica da UE em toda a região.
8,5
45,4
8.9. Coerência com
outras políticas
O Serviço de Cooperação EuropeAid procura assegurar
um elevado grau de coerência com outras políticas da
CE, um aspecto particularmente evidente no domínio
do comércio, bem como no caso das políticas da UE em
matéria de ambiente e de atenuação da pobreza.
Em 2001, o programa-quadro da UE destinado a apoiar a
adesão da China à OMC foi prorrogado e os seus fundos
foram aumentados e, no Vietname, está em curso o
programa de assistência multilateral à política de
comércio. A assistência prestada pela CE contribui para
uma maior participação dos países em desenvolvimento
no sistema comercial multilateral, melhorando desse
modo o seu funcionamento, o que, por sua vez, beneficia
a UE e os seus cidadãos. Os programas conexos em matéria
de direitos de propriedade intelectual (DPI) também são
geridos em conformidade com as políticas da CE. No domínio da cooperação económica ambiental, o programa
Ásia-EcoBest foi realizado pelo Instituto Regional de
Tecnologias do Ambiente (RIET), com sede em Singapura.
Os serviços pertinentes da Comissão foram sistematicamente consultados com vista a assegurar a total compatibilidade entre a acção do RIET e outras políticas da CE.
8.10. Cooperação com
outros doadores
No contexto da cooperação entre doadores, apresentam-se no quadro seguinte os países asiáticos que
identificaram a educação como uma das áreas de
cooperação prioritárias. Além disso, para promover a
constituição da massa crítica de recursos necessária e o
diálogo e coerência políticos necessários à adopção de
abordagens sectoriais no domínio da educação, está a
ser desenvolvido um esforço sistemático no sentido de
juntar os recursos da CE e de outros doadores, em
particular os Estados-Membros.
Países
prioritários
Lista
de países
Países em que o Bangladeche
ensino básico é Camboja
uma prioridade
para a CE
China
Índia
Indonésia
Laos
Utilização em comum dos
recursos da CE no sector
da educação
BAD, Unicef, DFID, NL, CIDA
BM, DFID, NL
BM, Danida, NORAD, Finida
Nepal
BAD, BM, SIDA
Paquistão
Vietname
BM, BAD, DFID, NL
(1) «Europa e Ásia: enquadramento estratégico para parcerias reforçadas». COM(2001) 469 final, adoptada pela Comissão em 4 de Setembro
de 2001 e posteriormente Conselho de Ministros mediante procedimento por escrito, em 27 de Dezembro de 2001.
151
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
© J.F. Merladet/ Delegação da CE em Nova Deli
aos desafios humanitários e de reconstrução que
surgiram no seguimento da libertação do Afeganistão
(1). A assistência prestada pelo serviço ECHO a países
asiáticos em 2001 atingiu um total de 104,3 milhões de
euros.
Criança de Raya, Seva Mandir, Rajastão (Índia).
8.11. Empréstimos do BEI
O Banco Europeu de Investimento (BEI) participa activamente nas políticas de cooperação da UE relativas à
Ásia. Através das suas políticas de crédito, o BEI apoia
projectos de interesse económico mútuo. O orçamento
da União Europeia e/ou dos Estados-Membros asseguram fundos destinados a optimizar os benefícios
para as populações beneficiárias.
Empréstimos do BEI em 2001 (em milhões de euros)
Tipo
de empréstimo
País
Designação
do projecto
Montante
do empréstimo
Indústria
Filipinas
transformadora
Semicondutores
Philips
93,3
Transportes/
/Comunicações
China
Desenvolvimento
rodoviário de Guangxi
56,1
Empréstimo
global
Indonésia
Rabobank Indonesia GL
28,1
Total
177,5
8.12. ECHO
Em 2001, o serviço ECHO reagiu e respondeu rapidamente a duas grandes catástrofes na Índia, bem como
152
Na Índia, foi prestada ajuda de emergência às vítimas
do terramoto que ocorreu em Guzarate em Janeiro,
tendo a ajuda consistido em abrigos temporários
(tendas), e num hospital de campanha. Em Julho, o
serviço ECHO prestou ajuda de emergência alimentar e
não alimentar às pessoas afectadas pelas cheias de
Orissa (total: 14,602 milhões de euros).
No Afeganistão, as principais operações (54,7 milhões
de euros) destinaram-se a ajudar as populações afectadas pela seca e pessoas deslocadas internamente,
tendo sido realizadas actividades nas áreas da segurança alimentar, saúde e fornecimento de abrigos
destinadas a apoiar principalmente as pessoas mais
vulneráveis afectadas pela reacção ao 11 de Setembro.
No Nepal, foi empreendida uma importante acção de
ajuda alimentar (2 milhões de euros) destinada a
apoiar 100 000 refugiados do Butão, e na Birmânia o
serviço ECHO continuou a dar apoio às populações
mais vulneráveis e às minorias étnicas afectadas pelo
isolamento político e pela discriminação.
O serviço ECHO continuou a contribuir activamente
para a reconstrução de Timor-Leste (11,274 milhões
de euros), principalmente através da participação em
projectos destinados a melhorar os serviços de abastecimento de água, saneamento e saúde. Graças à relativa estabilidade que se verifica no país, que a declaração de independência veio confirmar em Maio de
2002, a principal finalidade das operações realizadas
deixou de ser a ajuda humanitária e passou a ser a
reabilitação e o desenvolvimento. Prevê-se que o
serviço ECHO venha a suspender as suas operações
naquele território no final de 2002.
Além disso, o serviço ECHO aprovou o seu primeiro
plano de acção para o Sudeste Asiático, com um orçamento de 3,2 milhões de euros, no âmbito do
programa de preparação, mitigação e prevenção das
catástrofes (Dipecho), um programa de âmbito
regional. Este plano de acção destina-se a ajudar a
resolver os problemas que as comunidades locais
enfrentam devido à sua vulnerabilidade às cheias. Por
outro lado, em 2001, prosseguiu também a execução
dos projectos aprovados no ano anterior no âmbito do
segundo plano de acção Dipecho para o Sudeste Asiático, que envolvem um montante total de 4 milhões de
euros.
No quadro seguinte, apresentam-se as decisões
tomadas em 2001 pelo serviço ECHO com vista a
responder às necessidades específicas de ajuda humanitária de cada um dos países asiáticos beneficiários.
(1) Veja-se Afeganistão: «Arranque de um programa de recuperação», Introdução, ponto 8.1.3 — Destaques da cooperação da CE com a
Ásia em 2001.
© Annie Martinez Alonso
Ásia
Aldeia no Norte da Tailândia.
ECHO — Decisões financeiras em 2001 (em milhões de euros)
País
Designação do projecto
Montante
Serviço de Ajuda Humanitária ECHO
Afeganistão
e países limítrofes
❿ Ajuda alimentar
❿ Assistência a pessoas deslocadas internamente e a retornados
❿ Transportes aéreos de acesso
54,680
Índia
❿ Ajuda de emergência, abrigos temporários e assistência médica para as vítimas
14,602
Timor-Leste
❿ Melhoramento dos sistemas de saneamento básico e dos serviços de saúde
11,274
Camboja
❿ Cuidados de saúde básicos, água e saneamento e pequenas operações de desminagem
❿ Ajuda de emergência a 25 000 famílias afectadas pela seca
4,900
Tailândia
❿ Melhoria das condições dos refugiados birmaneses que vivem em campos na fronteira
4,500
Coreia do Norte
❿ Assistência ao sistema de cuidados primários de saúde
❿ Fornecimento de roupas para crianças
❿ Fornecimento de material de ajuda humanitária às vítimas das cheias
3,365
Indonésia
❿ Ajuda às vítimas de conflitos étnicos locais nas Molucas e em Timor-Leste
2,200
China
❿ Assistência às vítimas de catástrofes naturais da província de Guangxi no interior
2,150
Nepal
❿ Fornecimento de produtos alimentares de base aos refugiados do Butão
2,000
Mianmar/Birmânia
❿ Assistência às pessoas deslocadas internamente (saneamento e saúde) e protecção
1,990
Filipinas
❿ Assistência às vítimas do conflito na ilha de Mindanau
❿ Assistência às vítimas do furacão «Lingling»
1,460
Sri Lanca
❿ Assistência às vítimas da guerra civil em Jaffna
0,700
Vietname
❿ Ajuda de emergência às vítimas das inundações
do terramoto de Guzarate e das inundações de Orissa
entre a Tailândia e a Birmânia
da Mongólia
de prisioneiros
0,533
Subtotal
104,354
Programa Dipecho
Sudeste Asiático
Primeiro plano de acção Dipecho relativo ao Sudeste Asiático
3,200
Total
107,554
153
© ECHO/Jean Brunot de Rouvre
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
Escola-refúgio construída com fundos Dipecho (Codeu), Vietname.
8.13. Controlo de resultados
Durante 2000, a Comissão concebeu um sistema aperfeiçoado de controlo orientado para os resultados,
destinado às regiões ALA/MED/ACP e dos Balcãs, que
se baseia no método de gestão do ciclo dos projectos
da Comissão. O sistema foi testado ao longo de 2001.
A concepção e a fase de ensaio foram concluídas e, no
parágrafo seguinte, descrevem-se algumas ideias preliminares, mas interessantes, sobre aquilo que funciona
e aquilo que se pode melhorar no caso da Ásia. Este
sistema será aplicado a todos os projectos da CE a
partir de 2002.
Em 2001, foram efectuadas visitas aos locais de 78
projectos (dos quais nove foram objecto de um
segundo controlo) que estavam a decorrer na região,
em 12 países. O volume total do financiamento da CE
respeitante aos referidos projectos foi de 1 006,4
milhões de euros, e os sectores mais importantes
foram os da saúde (31%) e da educação (8%). A classificação global dos projectos em curso na região foi de
2,77, sendo a nota média de 2,5.
A eficácia e o impacte foram as componentes que apresentaram melhores resultados. Ao nível dos subcritérios,
a adequabilidade ambiental e técnica, os efeitos secundários dos resultados e os efeitos imprevistos mais gerais
foram as componentes que obtiveram as classificações
mais elevadas. As áreas que apresentaram resultados
menos satisfatórios foram a disponibilização atempada
de recursos e a adequabilidade económica.
Tal como se explicou no capítulo sobre o controlo, os
resultados da análise regional dos níveis de desempenho dos projectos devem ser encarados com grande
prudência. Quando muito, esses resultados podem
servir de orientação ao prepararem-se novos estudos,
154
mais aprofundados, sobre a natureza do desempenho
dos projectos em regiões específicas.
8.14. Conclusões e perspectivas
A Comissão Europeia (CE) definiu, pela primeira vez,
um quadro global para as suas relações com os países
asiáticos na comunicação «Uma nova estratégia para a
Ásia», apresentada em 1994. Em Setembro de 2001, a
CE adoptou uma nova comunicação (1) em que actualizou a estratégia anterior levando em conta os principais acontecimentos que entretanto se haviam dado e
em que define um quadro estratégico geral para as
relações entre a CE e a Ásia e as suas sub-regiões na
próxima década.
A UE deve, em particular, procurar:
❿ contribuir para a paz e a segurança quer a nível da
região quer em termos globais, mediante o aprofundamento das suas iniciativas para a região;
❿ aumentar os fluxos de trocas comerciais e de investimentos entre as duas regiões;
❿ promover o desenvolvimento dos países menos
prósperos da região, combatendo as causas
profundas da pobreza;
❿ contribuir para a protecção dos direitos humanos e
para a expansão da democracia, da boa governação e do Estado de direito;
❿ criar parcerias e alianças globais com os países asiáticos, no âmbito das instâncias internacionais
adequadas, a fim de os ajudar a enfrentar os desa-
(1) «Europa e Ásia: enquadramento estratégico para parcerias reforçadas». COM(2001) 469 final, adoptada pela Comissão em 4 de
Setembro de 2001 e posteriormente pelo Conselho de Ministros mediante procedimento por escrito, em 27 de Dezembro de 2001.
Ásia
fios e a aproveitar as oportunidades proporcionadas pela globalização e intensificar as iniciativas
conjuntas em questões ambientais e de segurança
globais;
Em conclusão, a comunicação salienta que a Ásia constitui um parceiro económico e político crucial para a
Europa. Mais do que nunca, é imperioso que a UE e os
seus parceiros asiáticos colaborem para enfrentar os
desafios globais que se deparam a ambas as regiões e
aproveitar as oportunidades globais que todos
devemos ser capazes de partilhar.
© ECHO/ Nicholas Bridger
❿ favorecer um melhor conhecimento da Europa na
Ásia (e vice-versa).
Jovem vítima de tremor de terra e seus amigos depois de receber
tratamento para um ferimento na cabeça no hospital de emergência da
Federação Internacional da Cruz Vermelha apoiado pelo ECHO, Bhuy
(Gujarat, Índia).
155
9. América Latina
© Luc Giard
Desde sempre, o elemento-chave da abordagem comunitária à América Latina tem
sido o reconhecimento da
heterogeneidade do subcontinente latino-americano e da
consequente necessidade de
adaptar o diálogo e a cooperação às suas diferentes realidades regionais e nacionais.
Os últimos anos têm sido
caracterizados pela vontade,
tanto por parte da União
Europeia como da América
Latina, de desenvolverem em
conjunto uma relação mais
global, através de uma
parceria estratégica (1) cujo
objectivo é permitir à América
Latina e à União Europeia
prosseguirem em melhores
condições, enquanto parceiros,
os objectivos políticos, económicos e sociais comuns, adquirirem mais peso no processo
de globalização, conservando
uma perspectiva de interesse
mútuo e, ao mesmo tempo,
mantendo as suas próprias
especificidades. A cooperação
para o desenvolvimento constitui uma dimensão essencial
desta parceria estratégica,
como revelam as iniciativas de
carácter regional, cada vez
mais numerosas, lançadas em
2001.
(1) COM(2000) 670 — Comunicação da Comissão ao Conselho e ao
Parlamento Europeu: «Seguimento da primeira cimeira entre a
América Latina, as Caraíbas e a União Europeia».
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
9.1. Introdução
Situação dos acordos de cooperação e memorandos de
acordo
América Latina: conjuntos sub-regionais e países (*)
América
Central (A)
Comunidade
Andina (C)
Mercosul
(A) (C)
Outros
Costa Rica (A) Colômbia
Argentina (A)
Chile (A) (C)
Salvador (A)
Brasil (B)
México (B) (C)
Equador (A)
Guatemala (A) Peru (B)
Paraguai (A)
Honduras (A)
Bolívia (A)
Uruguai (A)
Nicarágua (A)
Venezuela (A)
De uma forma geral, os países da América Latina têm
de fazer face a três grandes desafios: reduzir o
problema da pobreza e da desigualdade, nomeadamente através de uma promoção da solidariedade
social; consolidar o Estado de direito, garantindo a
irreversibilidade do processo democrático; favorecer a
integração na economia mundial, completando as
reformas económicas e aumentando o nível de competitividade internacional.
A luta contra a pobreza na América Latina insere-se no
contexto específico desta região, caracterizada por
grandes contrastes geográficos e demográficos. A taxa
de urbanização deverá passar dos actuais 75% para
79% em 2020 (as taxas mais elevadas registam-se na
Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Peru e Uruguai),
uma problemática que a UE tem em conta nos seus
programas de cooperação.
Panamá (A)
NB: (A) Memorando de acordo assinado em 2001.
(B) Memorando de acordo em negociação.
(C) Acordos-quadro de cooperação inter-regional assinados até
2001
(*) A América Latina é constituída por conjuntos sub-regionais
distintos: a América Central, a Comunidade Andina e o Mercosul,
aos quais se juntam o Chile e o México.
A maior parte dos financiamentos concedidos pela UE
aos países latino-americanos rege-se pelo Regulamento (CEE) n.º 443/92 (1) do Conselho, de 25 de Fevereiro de 1992, relativo à ajuda financeira e técnica e à
cooperação económica com os países em desenvolvimento da América Latina e da Ásia. Para além disso, os
Autorizações e pagamentos em 2000 e 2001, em euros (excluindo a rubrica BA e CUBA) (*)
Programas
Rubricas B7-310 e B7-311
Autorizações
2001
Pagamentos
2000
2001
2000
País/bilateral
Argentina
0
9 910 000
7 207 145
5 674 145
Bolívia
0
25 000 000
4 069 269
11 069 999
Brasil
2 350 000
10 304 190
5 354 877
3 565 615
Chile
0
9 000 000
5 791 622
1 795 894
2 841 411
Colômbia
34 800 000
4 891 196
Costa Rica
9 600 000
575 777
589 328
Equador
11 000 000
2 465 667
3 457 072
Guatemala
16 150 000
14 101 002
16 365 748
Honduras
0
5 023 666
9 035 130
México
0
764 630
1 480 430
11 760 063
15 985 406
Nicarágua
Panamá
10 900 000
5 000 000
8 650 000
2 933 167
3 278 359
0
6 575 250
10 963 918
Paraguai
0
7 642 593
4 423 313
Salvador
28 942 500
5 976 710
9 367 046
Uruguai
900 000
1 320 000
1 626 845
2 150 271
2 298 333
3 697 053
84 647 812
Peru
Venezuela
10 000 000
Subtotal bilateral
133 292 500
60 534 190
Subtotal regional
84 373 500
163 310 000
—
—
35 394 789
217 666 000
223 844 190
124 452 601
Outros (relativos, essencialmente,
aos programas regionais)
Total bilateral/regional
72 260 228
178 000 366
*
( ) A rubrica BA abrange as despesas ligadas à gestão administrativas, nomeadamente no quadro da desconcentração dos programas para as delegações.
158
(1) Em 2001, não houve alteração do quadro jurídico da cooperação com a América Latina. No mesmo ano, os serviços da Comissão elaboraram um projecto de novo regulamento para os países da América Latina, que será apresentado à Comissão em 2002, para aprovação.
América Latina
financiamentos destinados às operações de assistência
às populações desenraizadas da América Latina e às
operações de reabilitação e de reconstrução são
regidos, respectivamente, pelos Regulamentos CE)
n.º 2130/2001 do Parlamento Europeu e do Conselho e
(CE) n.º 2258/1996 do Conselho.
Estão em curso na América Latina diversos processos de
integração. Têm-se desenvolvido em simultâneo com a
multiplicação de acordos de comércio livre, que favorecem a intensificação das relações comerciais entre os
países da zona, contribuindo para o crescimento económico e para o desenvolvimento da região.
A União Europeia e os seus Estados-Membros constituem a principal fonte de assistência, sob a forma de
subvenções, à América Latina.
Desde 1996, o orçamento da União Europeia consagrado à cooperação com esta região tem-se elevado a
cerca de 500 milhões de euros por ano. Este número
inclui as autorizações a título das rubricas orçamentais
B7-310 (cooperação financeira e técnica), B7-311
(cooperação económica), B7-312 (refugiados e populações deslocadas) e B7-313 (reabilitação), específicas
para a América Latina, bem como de outras rubricas
orçamentais importantes sem especificação geográfica,
por exemplo, as relativas aos direitos humanos, à segurança alimentar e ao co-financiamento das ONG.
As liquidações executadas em 2001, no quadro do
exercício de redução dos APL (ainda por liquidar),
elevaram-se a 96,6 milhões de euros. Estes montantes
reportaram-se a 143 autorizações.
Rubricas orçamentais B7-310 (cooperação financeira e
técnica) e B7-311 (cooperação económica)
(em milhões de euros)
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001
(*) (**)
Total
Autorizações 287,6 262,8 254,1 240,9 104,4 229,7 231,6 1611,1
Pagamentos
© PRAEDAC/ F. Valdivia
Apesar do seu imenso potencial económico, a América
Latina continua a enfrentar desafios bastante importantes. O PIB médio da região era de 3 800 dólares por
habitante em 1999, com uma variação de 1 para 15,
consoante os países (entre 430 dólares na Nicarágua e
6 180 no Uruguai). A riqueza está desigualmente
repartida, o que tem como consequência, entre outras,
a dificuldade de acesso aos cuidados de saúde, à
educação e à segurança social.
Limpeza de peixes numa exploração piscícola na comunidade de Tres Pozos
na região de Cochabamba (Bolívia), programa Praedac.
9.2. Cooperação regional
Nos últimos anos, a cooperação regional foi reforçada,
reflectindo, por um lado, a vontade de concretizar a
vertente «cooperação» da parceria estratégica bi-regional decidida pelos chefes de Estado e de
Governo da União Europeia, da América Latina e das
Caraíbas por ocasião da Cimeira do Rio de 1999 e, por
outro, de apoiar, graças a uma cooperação adequada,
o processo de integração regional em curso.
9.2.1. Programas horizontais
A cooperação regional decorre, nomeadamente, no
quadro de programas ditos «horizontais» Estes
programas, de interesse mútuo e financiados a título
da cooperação económica, privilegiam o reforço das
parcerias entre as redes de agentes das duas regiões
(cidades, empresas, universidades).
145,7 151,9 148,8 142,8 158,7 179,5 126,3 1053,7
*
( ) Incluindo Cuba.
(**) Incluindo a rubrica BA.
Em 2001, a integração das actividades administrativas
e de acompanhamento dos gabinetes de assistência
técnica (GAT) nos serviços da própria Comissão teve
consequências em termos operacionais. Por sua vez, o
processo de desconcentração do pessoal, da sede para
as delegações, também contribuiu para abrandar o
ritmo dos pagamentos em relação às autorizações.
Em 2001, foram apoiados programas horizontais
importantes, nomeadamente: ALFA, Al-Invest, Atlas,
Urb-Al, Alure e @LIS.
ALFA: América Latina — Formação Académica. Este
programa destina-se a reforçar a cooperação de interesse mútuo entre a América Latina e a União Europeia, por intermédio da cooperação ao nível do ensino
superior, e a incentivar o estabelecimento de um intercâmbio duradouro a nível bi-regional e regional
(UE/AL, AL/UE e AL/AL) (1), especificamente nos domínios seguintes: engenharia, ciências médicas, ciências
(1) Ver: http://www.europa.eu.int/comm/europeaid/projects/alfa/index_fr.htm.
159
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
© PREADAC/ K. Hoffmann
RESCE — Rede de Estudos Sociais — América Central
— Caraíbas — Europa
Rede coordenada pela Universidade da Costa Rica e
em que se integram, nomeadamente, as Universidades da Sorbonne, de Haia, de Salamanca, da Nicarágua, do Salvador, de Havana e a Universidade
Centro-Americana do México, que criou uma «maestria centro-americana» (mestrado). Trata-se de um
programa de Mestrado e de Investigação em Sociologia, com especialização em política social, que inclui
um projecto de formação de professores ou de diplomados das várias instituições e dos diversos departamentos das universidades pertencentes à rede. O
material didáctico produzido neste âmbito serviu de
apoio pedagógico ao mestrado. A comunicação entre
os membros da rede melhorou graças à instalação do
correio electrónico. O ALFA permitiu a organização de
uma conferência internacional sobre política social,
que deu depois origem a um livro («Politica social:
vínculo entre estado e sociedad»).
AL-Invest: programa de cooperação descentralizada
apoiado pela Comissão, que tem como objectivo
fomentar encontros e parcerias entre as pequenas e
médias empresas (PME) dos dois continentes, para
promover as trocas comerciais e as transferências de
tecnologia. Desde o início do programa, em 1996,
foram organizados 250 eventos (1). Participaram nos
encontros 330 operadores (câmaras de comércio, associações industriais, consultores na Europa) e 25 000
PME das duas regiões. Em 2001, foram seleccionados
para beneficiar de assistência comunitária 50 encontros sectoriais e cinco acções ARIEL (Active Research In
Europe and Latin America, um dos instrumentos do
Uma das obras das infra-estruturas financiadas pelo Praedac na subalcaidaria
de Shinahota (Bolívia).
sociais e economia. A segunda fase do programa
(ALFA II) abrange o período decorrente 2000 e 2005. O
número de projectos ALFA II em curso é de 54, e o seu
custo total eleva-se a 12,45 milhões de euros, sendo a
contribuição comunitária de 8,89 milhões de euros.
104 projectos seleccionados no quadro da primeira
fase do programa ALFA recebem apoio para a sua
continuação ou conclusão.
ALFA II — As três primeiras voltas da selecção
1%
4%
Área de estudo
Arquitectura, Urbanismo e Ordenamento do Território
Ciências Económicas e Sociais
15 %
Medicina e outras Ciências da Saúde
Educação
Estudos Ambientais
Engenharia e Tecnologia
24 %
5%
1%
Outros
4%
30
25
Tipo de projecto
20
A
FC
FA
FCD
FI
15
Gestão institutional e académica
Formação
Formação avançada
Formação de curta duração
Formação de investigadores
10
5
0
A
160
(1) Ver: http://www.europa.eu.int/comm/europeaid/projects/al-invest/index_fr.htm.
FC
FA
FCD
FI
América Latina
programa AL-Invest). Entre os múltiplos êxitos do
programa, podem citar-se três exemplos:
Móveis (mobiliário) 2000
No decurso deste encontro, que teve lugar em Uberlândia (Brasil), foi fundado um consórcio europeu com
a finalidade de criar uma empresa comum com os
parceiros brasileiros. O investimento (construção de
uma fábrica no parque industrial de Uberlândia)
eleva-se a 12 milhões de euros.
No decurso deste encontro, realizado no México, uma
empresa deste país assinou com uma empresa espanhola um contrato no valor de 18 milhões de euros,
para a criação de uma empresa mista e para a confecção
de vestuário destinado ao mercado europeu.
© APREMAT/U6P
Exhimoda 1999
Alunas salvadorenhas do ensino médio técnico num curso de informática,
com novas tecnologias para assistentes administrativas empresariais
(projecto Apremat: apoio à reforma do ensino médio no domínio técnico).
FITUR 1998
No decurso deste encontro, promovido em Espanha,
uma empresa francesa assinou com uma empresa paraguaia um contrato de valor superior a 6 milhões de euros, para a instalação de uma unidade de tratamento de
resíduos no Paraguai, estando o investimento total
calculado em mais de 20 milhões de euros.
ATLAS: trata-se de um programa de apoio às relações
entre as câmaras de comércio da União Europeia e da
América Latina, destinado a promover a transferência
de saberes. Cerca de 200 câmaras de comércio e indústria são abrangidas por este programa, cuja dotação
para o período 2001-2003 se eleva a 2,4 milhões de euros (1).
URB-AL (2): este programa está vocacionado para
promover o estabelecimento de relações directas e
duradouras entre as autarquias locais europeias e
latino-americanas e o intercâmbio de experiências.
Para este efeito, foram criadas, numa primeira fase,
oito redes temáticas. Estas deram origem a 65
projectos comuns, cuja execução está em curso. Com as
suas actividades, que envolvem cerca de 750 autarquias locais (desde a grande metrópole até à pequena
cidade) e uma centena de outros actores locais (ONG,
universidades, empresas, etc.), o URB-AL permite
colocar em comum os recursos e as experiências, para
melhor responder aos problemas suscitados pelo
desenvolvimento urbano (controlo da mobilidade
urbana, democracia na cidade, ambiente urbano, etc.).
Depois do sucesso da primeira parte do programa, que
dispôs de um orçamento de 14 milhões de euros, a
Comissão aprovou um orçamento de 50 milhões de
euros consagrado à segunda fase (ou seja, mais do
triplo do da primeira). Este esforço financeiro permitirá o lançamento de seis novas redes temáticas (financiamento local e orçamento participativo, luta contra a
pobreza urbana, habitação na cidade, promoção da
participação das mulheres nas instâncias de decisão
Programa AL-Invest
Repartição cumulativa
A partir da 1.1.1996
Região
Todas
País
Todos
200 000 000
Até
5.12.2001
Instrumento Todos os do
programa-quadro
Al-Invest e Ariel
Sector
Todos
180 000 000
160 000 000
Transacções
Investimento
140 000 000
120 000 000
100 000 000
Região
Transacções
Investimento
Comunidade Andina
44 652 772
4 795 500
América Central
59 114 880
13 364 710
União Europeia
192 486 846
47 663 402
Mercosul
67 423 622
29 713 192
800 00 000
60 000 000
40 000 000
20 000 000
0
Comunidade
Andina
(1) Ver: http://www.eurochambres.be/whatwedo/atlas.htm.
(2) Ver: http://www.europa.eu.int/comm/europeaid/projects/urbal/index_en.htm.
América
Central
União
Europeia
Mercosul
161
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
Daqui nasceram 14 projectos, destinados a melhorar a
definição e a condução das políticas públicas locais em
sectores sociais decisivos como a educação, a saúde, a
assistência aos grupos desfavorecidos ou marginalizados, as migrações urbanas, a violência doméstica e a
promoção e defesa das mulheres.
Todos estes projectos têm um mesmo objectivo:
conceber uma abordagem «integrada» da cidade, em
que os seus habitantes não sejam considerados individualmente, mas sim enquanto membros de famílias,
de grupos e de comunidades que interagem entre si.
O projecto «Economía solidaria: un sector en desarrollo», coordenado pela municipalidade de Rio Claro
(Brasil), tende a promover experiências de economia
solidária adaptadas às realidades sociais locais, favorecendo igualmente a criação de empregos.
Lançamento da cooperação reforçada para uma utilização racional da
energia nos países da América Latina.
locais, cidade e sociedade da informação e segurança
dos cidadãos na cidade).
«Intercâmbio equitativo de saberes»
A Intendencia Municipal de Montevideo (Uruguai),
que coordena uma das redes do programa URB-AL,
constituída por 150 autarquias locais europeias e
latino-americanas, desenvolveu uma nova abordagem
das políticas sociais urbanas, assente na partilha de
experiências de cada um e na troca de saberes entre
todos.
13%
ALURE: iniciado em 1996, o programa ALURE (1), relativo à cooperação económica entre a União Europeia e
a América Latina no sector da energia, será concluído
em 2003. Dotado com 26 milhões de euros, o programa
permitiu a execução de 25 projectos, envolvendo uma
centena de intervenientes nos sectores do gás e da
electricidade — empresas, órgãos da administração
pública, ONG e outros. Este programa contribuiu para a
satisfação das necessidades de energia dos países da
América Latina, tanto no plano quantitativo como no
qualitativo, promovendo, ao mesmo tempo, o acesso
das populações desfavorecidas a estes serviços e contribuindo para a preservação do ambiente. Os projectos
geraram importantes mais-valias para os beneficiários,
essencialmente sob a forma de conceitos e instrumentos comprovados do sector energético europeu e
sua adaptação ao contexto latino-americano.
Cliope: eficácia e protecção do ambiente nas centrais
térmicas
Nos últimos anos, vários países da América Latina
conheceram uma penúria de electricidade causada,
principalmente, pelo considerável crescimento da
procura e pela insuficiência do investimento na
produção energética. Além disso, são numerosas as
centrais térmicas da região que provocam enorme
poluição, com reduzida eficácia e limitada disponibilidade. Para reagir a esta situação, o projecto regional
1. Droga e cidade
8%
2. Conservação dos contextos históricos urbanos
13%
3. Democracia na cidade
13%
4. A cidade enquanto promotora de desenvolvimento económico
11%
12%
5. Politicas sociais urbanas
6. Ambiente urbano
15%
15%
7. Gestão e controlo da urbanização
8. Domínio da mobilidade urbana
162
(1) Ver: http://www.europa.eu.int/comm/europeaid/projects/alure/index_en.htm.
América Latina
@LIS: aprovado por decisão da Comissão Europeia de
6 de Dezembro de 2001, o programa @LIS (1) —
Aliança para a Sociedade da Informação — tem por
objectivo promover a sociedade da informação na
América Latina e lutar contra a desigualdade no
domínio do digital, incentivando a cooperação com
parceiros europeus e contribuindo para dar resposta às
necessidades das comunidades locais e dos cidadãos,
na perspectiva de um desenvolvimento sustentável.
Dispondo de um orçamento de 85 milhões de euros, dos
quais 63,5 a financiar pela Comunidade Europeia, o
@LIS é dirigido a todas as entidades da sociedade civil,
nomeadamente às organizações sem fins lucrativos.
A maior parte dos programas horizontais foi revista
em 1999 e avaliada em 2000-2001. Globalmente, os
resultados são muito positivos, tendo os programas
criado laços económicos, académicos, culturais e tecnológicos entre as duas regiões. Contribuíram ainda para
uma maior presença europeia na região e para o estabelecimento de relações duradouras a nível governamental, local, do sector privado e da sociedade civil.
9.2.2. A cooperação
com os conjuntos regionais
e a cooperação bilateral
Aos níveis sub-regional e bilateral, a Comissão prosseguiu a cooperação em 2001, de acordo com as prioridades específicas enunciadas nos acordos institucionais
existentes e em função das situações específicas de
cada país ou região.
Foram aprovados projectos de carácter sub-regional, a
título das rubricas orçamentais B7-310 (cooperação
financeira e técnica) e B7-311 (cooperação económica),
na América Central, na Comunidade Andina e no
Mercosul.
A)
AMÉRICA CENTRAL
A cooperação com a América Central insere-se no
quadro do acordo de cooperação entrado em vigor em
1999.
Em 2001, a Comissão consagrou 8 milhões de euros a
um projecto de união aduaneira, a título da cooperação económica com a América Central.
(1) Ver: http://www.europa.eu.int/alis.
© APISEL
Cliope é consagrado à formação de uma centena de
gestores e técnicos latino-americanos e à instalação de
uma rede Internet de informação e competências, que
reforce o intercâmbio de experiências entre as duas
regiões. Até hoje, o projecto criou três centros de
formação permanente (na Colômbia, Argentina e
México) e estabeleceu laços duradouros entre os
actores do sector, que facilitarão a preparação de
projectos de conversão das centrais e a aquisição de
equipamentos de controlo modernos e proporcionarão novas oportunidades comerciais às duas
regiões.
Apresentação oficial do programa @lis: sessão de informação em Bruxelas.
Quanto à cooperação bilateral, a Comissão destinou 29
milhões de euros ao Salvador, 16 milhões à Guatemala,
9 milhões ao Panamá, 10 milhões à Costa Rica e 11
milhões à Nicarágua. A dimensão deste esforço em
termos orçamentais reflecte a determinação da
Comissão em contribuir activamente para projectos de
apoio ao reforço e à consolidação das instituições
democráticas e do Estado de direito, para o processo
de integração regional, o reforço do desenvolvimento
económico e a inserção da América Latina na
economia mundial.
Para além da ajuda concedida a partir das rubricas
orçamentais «Cooperação financeira e técnica» e
«Cooperação económica», a União Europeia levou o
seu apoio a esta região através de acções financiadas
por outras rubricas orçamentais. Na sequência dos
prejuízos provocados pelas catástrofes naturais, a
Comissão autorizou, em 2001, uma dotação de 68
milhões de euros em benefício de diversos projectos de
reabilitação e reconstrução na América Central (Nicarágua, Guatemala e Salvador) e na Venezuela.
O programa regional para a reconstrução da América
Central (PRRAC) é um projecto de grande envergadura. Lançado depois da passagem do furacão Mitch,
para um período de sete anos, este programa destina-se a reconstruir e reforçar os sectores da saúde e da
educação, muito afectados na maior parte dos países,
e a efectuar um levantamento dos problemas de
degradação do ambiente causados pelas intempéries.
O PRRAC foi executado através de 16 grandes
projectos, sendo o seu orçamento repartido entre a
Nicarágua, o Salvador, a Guatemala e as Honduras.
PRRAC — Honduras
Para além destes projectos de grande envergadura, foram desenvolvidos outros de dimensão mais modesta,
que já produziram resultados concretos, como o
projecto de águas e saneamento em execução nas
163
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
e terá uma duração de 8 anos. A título da cooperação
financeira e técnica, a CE destinou 11 milhões de euros
ao Equador, para o desenvolvimento da bacia hidrográfica do rio Paute e 10 milhões à Venezuela para a reconstrução do Estado de Vargas, afectado pelas inundações.
Por outro lado, no que se refere a projectos de carácter
sub-regional, a Comissão destinou um total de 500 000
euros (68% do total) ao lançamento de um estudo sobre
o estado actual e as perspectivas das relações económicas e comerciais entre a União Europeia e a Comunidade Andina. Os resultados deste estudo deverão ser
conhecidos em 2002.
Estudo sobre o estado actual e as perspectivas das
relações económicas e comerciais entre a Comunidade Andina e a União Europeia
© Rigoberto Salinas
Incluído na programação para 2001, este projecto
pretende passar em revista o quadro das relações
económicas e comerciais entre a UE e a Comunidade
Andina das Nações (CAN). A necessidade de fazer este
ponto de situação fora sublinhada pelos ministros
representantes das duas regiões na nona reunião
ministerial entre a UE e o Grupo do Rio (Vilamoura, 24
de Fevereiro de 2000).
Perfuração manual de um poço, em Tierra Colorada, município de
Lepaterique, Honduras, no âmbito do projecto PRRAC.
Honduras. Foram atingidos 70% dos objectivos:
concluiu-se a construção de 24 aquedutos, estando outros 16 em vias de conclusão, foram abertos 52 furos
artesianos, foram formados 106 promotores locais e
1 081 famílias receberam formação sobre higiene e
doenças transmissíveis através de água contaminada
(30% destas acções estão ainda em curso).
B)
COMUNIDADE ANDINA
A cooperação com os países da Comunidade Andina
tem por finalidade o reforço das instituições democráticas e do Estado de direito, o apoio à integração
regional, o desenvolvimento socioeconómico, a cooperação reforçada em matéria de luta contra a droga e a
prevenção das catástrofes naturais. O apoio ao difícil
processo de paz na Colômbia constitui, igualmente,
uma das prioridades específicas da União Europeia na
região.
O programa «Laboratório de paz em Magdalena Medio» constitui a primeira acção significativa da União
Europeia no âmbito do «Programa Comunitário de
Apoio ao Processo de Paz na Colômbia». Será desenvolvido em 13 comunas de Magdalena Medio — região
afectada pelo conflito armado — incluindo a capital da
região, Barrancabermeja. Está previsto um financiamento comunitário de 35 milhões de euros. Preparado
em 2001, este programa será executado a partir de 2002
164
O estudo, cujos parâmetros foram fixados em 2001,
decorrerá ao longo de seis meses e será efectuado
conjuntamente (CE/CAN) por um grupo de peritos europeus e andinos. A análise incidirá sobre cinco vertentes:
comércio externo, concursos públicos, serviços, investimentos directos estrangeiros e propriedade intelectual.
C)
MERCOSUL
As linhas directrizes da cooperação com o Mercosul
foram definidas no acordo-quadro assinado em 1995 e
que, a prazo, deverá ser substituído por um acordo de
associação mais ambicioso.
A cooperação com o Mercosul apoia-se no processo de
integração em curso no âmbito deste e nos progressos
das negociações do futuro acordo de associação entre
os dois blocos (1). Em 2001, foi autorizado um
montante de 5,3 milhões de euros para um projecto de
cooperação aduaneira. O seu objectivo é dar continuidade ao processo de integração das administrações
aduaneiras dos quatro países do Mercosul, como base
do desenvolvimento económico e comercial da região
e das suas relações com a União Europeia.
A título da cooperação financeira e técnica, foram
destinados 2 milhões de euros a projectos relativos à
modernização do sistema de tributação brasileiro e
900 000 euros à melhoria da qualidade do ambiente
no Uruguai.
Mercosul — Normas técnicas
A Comunidade apoia o processo de integração do
Mercosul, contribuindo para a criação do enquadramento técnico necessário à instauração do mercado interno. Para tal, a Comissão tem em execução, desde
(1) As negociações com o Mercosul no plano comercial prosseguiram em 2001, num contexto difícil, marcado pelas dificuldades das economias dos países da região e, sobretudo, pelo agravamento da recessão na Argentina.
América Latina
1999, um projecto de 3,95 milhões de euros relativo à
elaboração de normas técnicas no âmbito do Mercosul.
Este conjunto de acções contribuiu para criar condições mais favoráveis às trocas económicas intra-regionais e internacionais, principalmente através de
acções de apoio institucional (apoio aos organismos
nacionais e ao organismo regional de normalização,
apoio às estruturas de notificação, de informação de
certificação e de acreditação). As acções desenvolvidas
no domínio da metrologia (legal e industrial) prefiguram futuros acordos pontuais de reconhecimento
mútuo. O projecto assenta em acções de carácter geral
e em oito subprojectos específicos a realizar nos
países do Mercosul, que se baseiam na transferência
de conhecimentos de peritos europeus para técnicos
do Mercosul, nos vários domínios ligados às normas
técnicas.
© Oscar Borjas
Tendo em conta a evolução verificada nos sectores de
intervenção durante a fase de execução do programa,
foi considerado necessário adaptar regularmente as
acções aos novos contextos nacionais e regionais.
Construção de um reservatório de água em Santa Elena, município de Santa
Lucía, Honduras, no âmbito do projecto Água e Saneamento, Honduras
(PRRAC).
Cooperação regional — Autorizações para 2001 (rubricas orçamentais B7-310 et B7-311)
Região
Designação do projecto
Montante
em euros
Regional América Latina
❿
❿
❿
❿
❿
Comunidade Andina
Estudo sobre as relações económicas e comerciais UE/CAN
Mercosul
Cooperação aduaneira UE-Mercosul
5 300 000
América Central
União aduaneira centro-americana
8 000 000
Apoio à investigação agronómica através do CGIAR
Rede euro-latino-americana de peritos para a coordenação macroeconómica
Aliança para a Sociedade da Informação @LIS
WALCUE-S&T Thematic Workshops ALCUE 2001-2002
Networking Central and Eastern Europe and Latin America
Elemento essencial ao desenvolvimento, no passado, o
apoio ao desenvolvimento das infra-estruturas continua
a ser uma componente importante da cooperação com
a América Latina, sobretudo quando a construção destas infra-estruturas se insere no quadro geral das estratégias de integração regional, de melhoria das condições de vida e de saúde e da redução dos riscos ligados
às catástrofes naturais. Este sector representa cerca de
10% do volume da ajuda comunitária.
000
000
000
000
500
500 000
Total
9.3. Transportes
e infra-estruturas
6 000
200
63 500
639
234
84 373 500
-Guayaquil. Os estudos de viabilidade, num valor de
2,8 milhões de euros, relativos à estrada, às pontes e
às infra-estruturas do posto fronteiriço entre os dois
países, encontram-se, neste momento, em fase de
execução. Após a sua conclusão poderá ter início o
projecto de reabilitação propriamente dito. A contribuição europeia elevar-se-á a 40 milhões de euros
(2002-2006).Este projecto contribuirá para melhorar as
relações entre os dois países, no quadro do plano de
desenvolvimento bilateral elaborado após a assinatura dos acordos de paz de 1998.
9.3.2. Água e saneamento
9.3.1. Transporte rodoviário
Nicarágua – A Comissão autorizou um montante de
11 milhões de euros para a reabilitação da estrada El
Guayacan-Jinoteca, em 2001.
Equador e Peru: integração através do eixo
rodoviário Piura-Guayaquil
A integração física entre o Equador e o Peru melhorou
graças ao projecto de reabilitação do eixo Piura-
A necessidade de dotar as populações com água
potável e sistemas de saneamento justificou a elaboração de vastos programas em vários países latino-americanos. Os projectos lançados contribuem para a
prevenção das epidemias, para a redução da mortalidade infantil e para a melhoria das condições de saúde
e de higiene. Foi sobretudo na Bolívia que as autoridades se mostraram especialmente sensíveis a esta
problemática e desenvolveram o programa «Agua
para todos», nas zonas rurais e urbanas.
165
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
Bolívia: água potável no departamento do Beni
Destinado aos 125 000 habitantes deste departamento
de população dispersa, o projecto está em execução
desde Janeiro de 1998. Concentra-se, essencialmente,
nos centros urbanos de cerca de 5 000 habitantes, sem
por isso esquecer a zonas menos povoadas. Em 2002,
terão sido instalados 50 sistemas de captação e
adução de água nos centros urbanos e nas zonas
dispersas, no quadro deste projecto inovador que se
apoiou em microempresas e incentivou a participação
dos beneficiários. Os mesmos mecanismos são utilizados para a construção de 3 000 latrinas com fossa
séptica de tipo familiar, entre as quais 750 de uma
rede de saneamento urbano de utilização colectiva e
uma estação de tratamento de águas residuais na
cidade de Santa Ana. Paralelamente, programas de
formação para a gestão e manutenção das infra-estruturas e de educação em matéria de higiene e saúde
completam o projecto e asseguram a sua necessária
viabilidade. Este projecto-piloto, apoiado com
6 milhões de euros pela CE e com 2,1 milhões de euros
pelo Governo, foi reproduzido noutros departamentos
do país.
ções indígenas afectadas pela pobreza. Neste
contexto, foi elaborado um projecto de ordenamento
da bacia hidrográfica do rio Paute — que, recentemente, causou inundações mortíferas e destruidoras.
Com um custo de 11 milhões de euros, o projecto visa
melhorar a situação destes recursos e estabilizar o
quadro ambiental e social da bacia.
9.4. Segurança alimentar
e desenvolvimento rural
Em 2001, foi feito um esforço especial para a realização das prioridades definidas com os países da
América Latina em matéria de gestão mais adequada
dos recursos naturais e de uma utilização mais racional
dos factores de produção (gestão da água, aspectos
jurídicos/ resolução de conflitos a nível da aquisição de
terras, etc.) nas zonas rurais. Nesta perspectiva, os
projectos em curso na região não visam apenas satisfazer as necessidades alimentares da população a
curto prazo, pois têm em conta o objectivo a longo
prazo do desenvolvimento sustentável.
Equador — Segurança alimentar
9.3.3. Outras infra-estruturas
Salvador e Venezuela — Foram elaborados em 2001
dois programas de reconstrução de infra-estruturas
afectadas pelas catástrofes naturais: o programa de
reconstrução do Salvador, no valor de 25 milhões de
euros, para a reconstrução de habitações e infra-estruturas sociais, económicas e de serviços, após os terramotos de Fevereiro do 2001.
O programa de reconstrução e reabilitação do Estado
de Vargas, na Venezuela, consistm numa contribuição
comunitária de 35 milhões de euros, dos quais
10 milhões foram autorizados a título da rubrica de
cooperação financeira e técnica.
Equador — Foi abordada a problemática ligada à
gestão integrada das bacias hidrográficas. Trata-se de
uma temática muito complexa, uma vez que é preciso
conciliar os imperativos de protecção e conservação
dos recursos naturais com a necessidade de terras agrícolas das populações locais, frequentemente popula-
Neste país, vítima de um colapso do sector financeiro
e dos efeitos destruidores do El Niño, a população em
situação de pobreza aumentou de 49% para 65%
entre 1995 e 2001. A fim de reduzir a vulnerabilidade
alimentar das populações mais pobres, o programa de
ajuda directa à segurança alimentar, num montante de
6 milhões de euros, autorizado em 2001, articula-se
entre uma componente de apoio aos sectores produtivos e uma componente de reforço da educação em
matéria de nutrição nos centros de saúde. Lançado em
2001, o apoio aos sectores produtivos nos meios rurais
foi executado em plena colaboração com o Banco
Mundial, a sociedade civil e os governos centrais e
municipais. Este apoio tem por objectivo reforçar as
capacidades de intervenção das organizações locais,
permitindo, assim, melhorar, de forma estrutural, a
capacidade de produção dos agentes económicos nas
zonas mais desfavorecidas do país. A este título, a CE
financia, de forma significativa, duas componentes-chave, a saber, o fundo de investimento local e o
apoio ao «sistema financeiro rural».
Transportes, infra-estruturas e ambiente — Autorizações para 2001
Sector
166
País
Designação do projecto
Montante
em euros
Infra-estruturas
Salvador
Programa de apoio à reconstrução do Salvador
25 000 000
Infra-estruturas
Uruguai
Melhoramentos. Ambiente/desenvolvimento urbano,
zona ocidental da cidade de Montevideu
Infra-estruturas
Venezuela
Programa de reconstrução social do estado de Vargas
10 000 000
Infra-estruturas
Panamá
Reabilitação do centro histórico da cidade de Panamá
950 000
900 000
Infra-estruturas
Nicarágua
Reabilitação da estrada Guayacan-Jinoteca
10.900 000
Ambiente
Equador
Projecto de desenvolvimento para a bacia do Paute
11 000 000
Total
58 750 000
América Latina
Argentina — Projecto Integrado da Região de Ramón
Lista
A ajuda comunitária prevê a execução de uma série de
acções nos sectores da educação, da formação, da
nutrição, da construção de infra-estruturas (estradas,
habitações, postos de saúde, escolas, tanques de rega,
adução de água, etc.), do repovoamento florestal e da
protecção do ambiente. O projecto, no valor total de
8,6 milhões de euros, 5,5 dos quais fornecidos pela UE,
está em execução desde 1995 (montante UE executado: 3,5 milhões de euros). Dele virão a beneficiar
6 000 pessoas, distribuídas por 20 comunas.
© CE
A comunidade indígena Wichi habita a região de
Ramón Lista, na província de Formosa, situada no
noroeste da Argentina. Esta população concentra-se
ao longo do rio Pilcomayo, numa zona que se estende
por 3 500 km2.
Os resultados mais significativos foram obtidos no
sector das infra-estruturas, com a construção, em
2001, de 64 habitações e caminhos de acesso. Por
outro lado, o projecto desenvolveu um vasto
programa de formação e forneceu aos beneficiários
material e equipamentos de comunicações e transportes, sem esquecer a promoção das actividades de
carácter artesanal e as pequenas empresas. Todas
estas actividades tiveram a participação directa dos
beneficiários e das organizações locais, desde a
promoção até à execução.
Projecto Ramón Lista: recenseamento da comunidade indígena Wichi
(Argentina).
Chile — Como exemplo da atenção dada aos aspectos
ambientais no quadro do reforço da «boa governação» e da descentralização do Estado, existe um
projecto conducente à elaboração de um plano
director da zona costeira da região de Coquimbo. No
valor de 21,5 milhões de euros, este projecto destina-se a minimizar o impacto negativo do turismo e da
pesca sobre os recursos naturais. Visa, igualmente,
resolver os problemas ligados à gestão dos recursos
naturais, nomeadamente da água, nos ecossistemas
áridos das zonas do interior.
© CE
9.4.1. Desenvolvimento local
e regional
Projecto Ramón Lista: construção de uma casa na comunidade Wichi
(Argentina).
Desenvolvimento rural/Segurança alimentar — Autorizações para 2001
Sector
País
Designação do projecto
Montante
em euros
Desenvolvimento rural
Regional AML
Apoio à investigação agronómica, através do CGIAR
6 000 000
Segurança alimentar
Peru
SA/CE (Seguridad Alimentaria/Comisión Europea)
5 000 000
Segurança alimentar
Honduras
Diversas acções
6 696 996
Segurança alimentar
Equador
Prolocal (Programa de Alivio de la Pobreza
y Desarrollo Local Sostenible)
6 000 000
2 145 901
Segurança alimentar
Bolívia
Programa de Apoyo a la Seguridad Alimentaria (PASA)
Segurança alimentar
Salvador
Diversas acções
690 010
Segurança alimentar
Nicarágua
Diversas acções
891 312
Segurança alimentar
Guatemala
Diversas acções
447 350
Total
27 871 569
167
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
© PRAEDAC/ F. Valdivia
desenvolvimento alternativo. O desenvolvimento alternativo consiste em aplicar um conjunto de acções
tendo em vista apoiar a passagem de um sistema
produtivo baseado na produção de culturas ilícitas
para um outro tipo de cultura lícita. Implica a tomada
a cargo não só dos elementos puramente económicos
atinentes a esta operação mas, também, do conjunto
dos dados relativos às condições de vida das populações na zona de intervenção. As medidas no quadro
do desenvolvimento alternativo são adoptadas com
base num processo de concertação democrática com os
interessados.
Teleférico de uma associação de produtores de bananas da província de
Carrasco, município de Chimoré (Bolívia).
«Programa Integrado de Gobernabilidad y Descentralización»
Programa de apoio à estratégia de desenvolvimento
alternativo no Chapare (Praedac)
Este projecto, com a duração de 4 anos, encontra-se
no seu segundo ano de execução. O respectivo orçamento total é de 21 milhões de euros, na região de
Coquimbo, no Chile.
Em parceria com as organizações camponesas e as
municipalidades do Chapare, este projecto apoiou
projectos no valor de mais de 3 milhões de euros. Os
municípios realizaram obras de infra-estruturas relativas ao saneamento, à educação, à saúde e à construção de estradas. Todos os trabalhos foram concebidos e realizados por métodos participativos: a população do Chapare escolheu os projectos e realizou-os
em associação com as câmaras municipais, com uma
comparticipação financeira própria de 30%. A
produção de peixe, banana e ananás para o mercado
local e sub-regional constituiu um êxito significativo
para a população do Chapare.
Trata-se de um programa de apoio ao processo de
descentralização e de desenvolvimento institucional,
do qual faz parte integrante a dimensão ambiental
das várias acções a efectuar.
Os seus domínios de intervenção são o desenvolvimento local/municipal em 9 das 15 comunas da região,
o desenvolvimento económico em todas estas 15 comunas e o desenvolvimento regional e o ordenamento do
território em oito comunas. Neste último caso, as experiências efectuadas pelo projecto aplicam-se nos domínios da gestão de bacia hidrográfica e do ordenamento
e gestão da zona costeira (400 km de costa).
Foi sistematicamente encorajada a participação das
populações beneficiárias. Dentro deste espírito, e no
quadro da intervenção na bacia do rio Choapa, são os
utilizadores da água (principalmente agricultores), que
recriam as funções do equivalente a uma Agência de
Bacia e, no quadro do ordenamento e gestão da zona
costeira, foram os habitantes das localidades de Los
Choros e Punta de Choros que definiram o seu projecto
de desenvolvimento, em colaboração com o município
de La Higuera, de que dependem essas localidades.
9.4.2. Desenvolvimento alternativo
Para além dos projectos de desenvolvimento rural
apoiados pela UE, emergiu um outro conceito, o do
168
Bolívia, Peru — Nestes países, o desenvolvimento
alternativo constitui uma alternativa à produção
ilegal de coca. Os Estados andinos consideram os
programas da Comunidade Europeia como um apoio
sectorial estratégico para a luta contra a produção e
elaboração de droga. Os programas integram componentes relativas ao apoio a produções alternativas, à
agricultura e à pecuária, às infra-estruturas, ao
reforço da democracia e à gestão do ambiente e das
florestas.
Por outro lado, 400 famílias da zona beneficiaram do
programa de crédito apoiado pelo Praedac através de
uma instituição financeira local. Os beneficiários dos
empréstimos investiram um capital de 1,2 milhões de
euros em projectos no sector do artesanato e na
melhoria da comercialização do gado, da indústria
agrícola e do turismo ecológico.
9.5. Reforço das instituições
A acção da Comissão neste domínio (1) tem por finalidade, nomeadamente, contribuir para a realização do
objectivo de «reforço das capacidades institucionais»,
«boa governação» e Estado de direito». Insere-se no
quadro de intervenção traçado na comunicação da
Comissão ao Conselho, ao Parlamento Europeu e ao
Comité Económico e Social sobre uma nova parceria
União Europeia/América Latina no dealbar do século
XXI (2).
(1) COM(2000) 212 final, de 26 de Abril de 2000, e declaração do Conselho e da Comissão de 10 de Novembro de 2000.
(2) COM(1999) 105 final, de 9 de Março de 1999, para os vários documentos de estratégia por país.
© PRAEDAC/ K. Hoffmann
© PRAEDAC/ K. Hoffmann
América Latina
Abastecimento de água potável em Villa Tunari (Bolívia).
Construção da rede de saneamento básico no município de Chimoré na
região de Cochabamba, programa Praedac.
9.5.1. Apoio institucional
a nível nacional
9.5.2. Integração regional
Este tema reúne duas categorias de acções. Uma
primeira série de acções destina-se a acompanhar os
esforços dos governos latino-americanos em matéria
de consolidação do Estado de direito, contribuindo
para melhorar o funcionamento dos poderes públicos
e para promover a «boa governação», incluindo a
nível local e municipal. Uma segunda série de acções
consiste num apoio aos programas de reforma do
Estado e de descentralização, através da modernização
das administrações centrais e locais, da reforma fiscal,
da racionalização e modernização dos serviços públicos
e da formação do pessoal das instituições do Estado.
Em 2001, foram aprovados três projectos, num total de
22,1 milhões de euros.
Reforço institucional — Autorizações para 2001
Reforço
institucional
País
Designação
do projecto
Montante
em euros
Justiça
Guatemala Programa de apoio
à reforma da justiça
Sistema fiscal
Brasil
Apoio à modernização
do sistema fiscal
brasileiro
2 350 000
Descentralização
Costa Rica
Reforço municipal
e descentralização
9 600 000
Total
10 150 000
22 100 000
A União Europeia atribui, igualmente, grande importância à questão da integração regional. Neste
domínio, a Comissão projectou acções de cooperação
destinadas a apoiar o processo de integração regional
e a permitir aos países interessados dotarem-se das
capacidades e das instituições necessárias à sua integração no sistema internacional. Em 2001, foram aprovados três projectos em benefício da América Central,
do Mercosul e da Comunidade Andina, num total de
13,8 milhões de euros.
9.6. Políticas
macroeconómicas
Em 1999-2000, a Comissão utilizou a ajuda macroeconómica como instrumento de cooperação com a
América Latina, apoiando financeiramente a iniciativa
PPAE (países pobres altamente endividados), do Banco
Mundial, em benefício da Bolívia, das Honduras e da
Nicarágua. As dotações consagradas pela Comissão a
esta iniciativa elevam-se a 45 milhões de euros. Por
outro lado, a CE participa, em colaboração com outros
mutuantes de fundos, no financiamento de programas
de estudos relativos às políticas macroeconómicas.
Assim, em 2001, a Comissão deu apoio a um programa
de estudos, liderado pela CEPAL, de análise das condições macroeconómicas e das finanças públicas.
169
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
Guatemala — «Apoyo a la Reforma del sector salud»
© UNISANTA
O projecto Apresal, para o qual a Comunidade
contribui com 11,3 milhões de euros, tornou-se um
interlocutor incontornável do Ministério da Saúde. As
suas principais actividades, que decorrem sobretudo
no departamento de Alta Verapaz, onde habita uma
numerosa população indígena, são de promoção da
melhoria das infra-estruturas e dos equipamentos, do
acesso à água e aos serviços sanitários, da disponibilidade e da correcta utilização dos medicamentos
essenciais e da medicina tradicional.
Criança participante no projecto de trabalho comunitário da Universidade
de Santa Cecília no Brasil.
9.7. Saúde e educação
9.7.1. Saúde
Coexistem actualmente na América Latina dois perfis
diferentes de mortalidade e de morbilidade, reflectindo, respectivamente, situações de pobreza ou, pelo
contrário, problemas de saúde típicos das sociedades
mais desenvolvidas. A percentagem do orçamento
público atribuída à saúde é claramente insuficiente, a
gestão dos serviços não é adequada e o acesso aos
cuidados de saúde é limitado. Por outro lado, a segurança socialcobre menos de 33% da população. Além
disso, existe uma tendência para concentrar os
recursos financeiros e humanos do sistema de saúde
nas zonas urbanas. Porém, mesmo nos casos em que
há serviços disponíveis, o seu acesso é restrito às
camadas mais favorecidas da população.
Estão actualmente em execução 11 projectos de
cooperação com a América Latina em matéria de
saúde, essencialmente no domínio do apoio à
infra-estrutura institucional.
Na Venezuela, dois projectos contribuem para apoiar o
sector hospitalar e o sistema de saúde, num montante
de 13,5 milhões de euros.
No Peru, dois projectos com o valor total de 3,5
milhões de euros apoiam a reforma do sector da
saúde.
Cinco projectos, no valor conjunto de 29,6 milhões de
euros, são consagrados ao reforço do sistema de saúde
nos países centro-americanos.
Na Bolívia, encontra-se em fase de arranque um
projecto de 25 milhões de euros, assinado em 2000, de
apoio ao sector da saúde.
170
No Brasil, o Centro de Biotecnologia de São Rafael
receberá um financiamento de 900 000 euros. Este
projecto encontra-se no seu segundo ano de execução.
Este projecto desenvolve métodos de trabalho originais e eficazes, uma melhor gestão dos serviços e uma
melhor formação dos recursos humanos do sector.
Para desenvolver as suas actividades e atingir os seus
objectivos, o Apresal associa ao seu esforço tanto o
pessoal do Ministério da Saúde como o das organizações não governamentais e das comunidades de base.
A sua principal preocupação é a sustentabilidade dos
resultados e a capitalização das experiências, a fim de
melhorar a natureza e o conteúdo de futuras intervenções. É difícil medir os benefícios directos para a saúde
gerados pelo projecto, mas é possível afirmar que as
actividades desenvolvidas no âmbito do Apresal
contribuíram positivamente para a implantação de um
sistema de vacinação que garanta uma cobertura
adequada da população. Além disso, depois da
passagem dos responsáveis sanitários da zona de
influência do projecto, a mortalidade materna diminuiu 50% na região de Alta Verapaz. Outros resultados obtidos até hoje revelam uma melhoria do
acesso aos cuidados de saúde secundários, do saneamento e do acesso à água potável na zona. Foi igualmente criado um sistema de educação sanitária nas
escolas.
Nicarágua — Cuidados de saúde descentralizados
O objectivo geral do projecto «Fortalecimiento del
Sistema de Salud de Nicarágua» (contribuição da CE:
14 milhões de euros) é o de aumentar a eficácia do
sistema público de saúde. As actividades financiadas
no quadro do projecto estão concentradas no norte
do país e cobrem uma população de cerca de um
milhão de pessoas.
O projecto assenta numa estratégia integrada de
intervenção, que tem em conta critérios de qualidade,
de acessibilidade e de participação social. A optimização dos recursos sanitários baseia-se numa organização descentralizada dos serviços de saúde, articulada em torno dos cuidados primários e estruturada
segundo os vários níveis de prestação de serviços. O
projecto encontra-se em execução. Os resultados
esperados são uma organização funcional dos serviços
de saúde descentralizados, desenvolvida de forma
integrada e progressiva e baseada na distribuição
geográfica e numa cobertura adequada da população.
América Latina
9.7.2. Educação
A cooperação da UE com a América Latina no sector da
educação tem sido concebida de forma a que as acções
executadas no terreno o sejam para e pelos participantes
locais, tendo em conta as prioridades identificadas. Assim, a apropriação dos resultados, da adaptação das
práticas utilizadas e das metodologias desenvolvidas
serão facilitadas e terão um efeito multiplicador.
Estão em curso 14 projectos de cooperação com a
América Latina em matéria de educação e de
formação profissional. Alguns deles contêm aspectos
essenciais à reforma educativa, outros incidem sobre
aspectos de carácter estrutural, como o da inserção dos
jovens no trabalho, bem como aspectos específicos à
formação profissional.
Salvador — «Apoyo al proceso de reforma
de la educación media en el área técnica»
(contribuição da CE: 14 200 000 euros)
Este projecto destina-se a melhorar a qualidade do
sistema de ensino médio, em especial o ensino técnico
de nível médio, bem como a promover a igualdade de
oportunidades, incluindo a igualdade entre os sexos,
dando apoio à reforma nacional do ensino e, graças a
um conjunto de acções, a transformar em «centros-modelo» 22 institutos nacionais de ensino técnico
médio distribuídos pelos 14 departamentos do país.
O Apremat tornou-se um interlocutor incontornável
do Ministério da Educação e desempenha um papel
preponderante na reforma do ensino técnico de nível
médio.
Após uma fase de elaboração participativa de inovações pedagógicas, o projecto desenvolveu uma estreita
cooperação com os principais actores com vista à aplicação de modelos de ensino. Além do Ministério da
Educação e dos estabelecimentos de ensino de todo o
país, estão também envolvidas neste processo de decisão empresas, organizações governamentais e não
governamentais, câmaras de comércio, etc.
A melhoria qualitativa do ensino técnico, nela se
incluindo a perspectiva do género e os aspectos relativos ao ambiente, deverá constituir uma contribuição
fundamental para o desenvolvimento cultural, social e
económico do país.
Peru — «Programa marca de formación profesional
tecnológica y pedagógica»
(contribuição da CE: 9 000 000 euros)
Este projecto tem duas componentes: o Protec
(formação técnica) e o Proebi (formação de profes-
© UNISANTA
As acções desenvolvidas pela Comissão Europeia no
quadro de projectos de desenvolvimento social contêm
uma componente educativa maioritária e uma componente preponderante de formação profissional, visando
a redução das desigualdades, nomeadamente quanto
ao acesso ao ensino obrigatório, às capacidades que
permitam a inserção no mundo social, através do
trabalho e do desenvolvimento pessoal e da diminuição
dos factores que possam conduzir ao insucesso.
Centro de fisioterapia da Universidade de Santa Cecília. Projecto de ajuda à
comunidade dos bairros pobres de Santos (Brasil).
sores bilingues). A componente Protec visa colmatar
as carências de uma política pouco clara em matéria
de educação técnica, compensar a falta de recursos
económicos e humanos e melhorar a qualidade da
formação técnica ministrada. Em 2001, receberam
formação cerca de 9 000 pessoas. Foi constituída uma
rede de 13 IST (institutos superiores técnicos) distribuídos pelas principais regiões do Peru.
A componente Proebi tem por finalidade formar formadores bilingues na Amazónia peruana. Os povos indígenas da Amazónia participaram activamente na identificação, formulação e execução do projecto. O
trabalho interdisciplinar entre antropólogos, linguistas,
pedagogos e especialistas indígenas tem sido intenso.
9.7.3. Apoio às populações
desfavorecidas
A assistência às populações desfavorecidas, nomeadamente em meio urbano, exige uma abordagem pluridisciplinar e uma solidariedade activa entre os intervenientes. Esta assistência visa promover uma verdadeira
convergência de competências e de empenhamentos
ao serviço de um desenvolvimento integrado, visando
tanto a restauração da dignidade das pessoas e do seu
orgulho cultural como a erradicação da pobreza
económica.
Salvador — Em Dezembro de 2001, foi aprovado o
projecto «Prevenção social da violência e da delinquência juvenil no Salvador», de 9,2 milhões de euros.
Tem por objectivos a redução da delinquência juvenil e
a integração social de 50 000 jovens entre os 10 e os 25
anos em situação de risco na zona metropolitana de
San Salvador.
Neste domínio, estão em curso na América Latina 16
projectos de cooperação, num total de 116,7 milhões
de euros.
171
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
© Enrique García Medina/ Proamba
Neste município, mais de 60% das infra-estruturas
cujos trabalhos tiveram início em 1999 estão presentemente concluídas, nas favelas de Sacadura Cabral e
Tamarutaca.
Programa de acção de apoio integral à socialização de menores
marginalizados na grande Buenos Aires (Proamba).
Em 2000-2001, mais de 3 000 pessoas receberam
formação profissional que lhes permite uma melhor
integração no mercado do trabalho. Mais de 1 100
crianças e adolescentes participaram em 2001 em actividades educativas e lúdicas (artesanato, música,
dança e desporto) complementares ao programa
escolar. 250 mulheres participam anualmente em actividades ligadas às problemáticas da igualdade dos
sexos e da violência familiar. 370 pessoas deficientes
participam em projectos específicos que visam a sua
melhor integração na comunidade.
Argentina — «Acción de Apoyo integral a la socialización de menores marginados en el Gran Buenos
Aires» (contribuição da CE: 9 milhões de euros)
Este projecto desenvolve a sua actividade através de
um modelo de gestão partilhada, assente numa plataforma institucional mista que articula a acção da UE
com a dos órgãos da administração pública argentina,
a nível nacional, provincial e local, e com a das organizações da sociedade civil.
Brasil — Apoio às populações desfavorecidas das
aglomerações do Rio de Janeiro e de São Paulo
(contribuição da CE: 12 611 792 euros)
O mérito principal do projecto é o de ter contribuído
para estabelecer laços entre o Estado e os representantes da sociedade civil que participam nas acções a
favor da infância e da adolescência. A construção e/ou
equipamento de 58 edifícios destinados a organizações não governamentais, os 40 cursos de formação
ministrados a 3 600 profissionais da administração
pública e da sociedade civil, a atenção directa dedicada a mais de 3 000 crianças em matéria de
prevenção sócio-sanitária, o reforço e o desenvolvimento de 5 novas redes de ONG, com um total de 300
organizações participantes neste domínio, a sensibilização da sociedade para a realidade das crianças,
através dos meios de comunicação social (publicação
da revista «Foro de Proamba», presença na rádio
durante 6 200 minutos, 16 intervenções na televisão,
30 rodagens cinematográficas sobre a actividade do
Proamba, publicação de seis livros sobre a temática,
um documentário, etc.) representam, sem dúvida,
importantes contribuições para a concretização deste
objectivo.
No Brasil, 70% da população vive em meio urbano.
Desde há três anos, a Comissão Europeia contribui de
forma significativa para a luta contra a exclusão em
meio urbano, participando activamente num projecto
de desenvolvimento urbano e social conduzido em
parceria com os municípios do Rio de Janeiro e de
Santo André (Estado de S. Paulo).
A acção do Município de Santo André tem sido, por
diversas vezes, reconhecida e saudada pelas autoridades de Brasília, como, por exemplo, na última
Cimeira Mundial «Istambul + 5», realizada em Junho
de 2001, em Nova Iorque.
© Enrique García Medina/ Proamba
Paraguai — AMAR: assistência integral aos menores
em risco (contribuição da CE: 10 030 000 euros)
172
Programa de acção de apoio integral à socialização de menores
marginalizados na grande Buenos Aires (Proamba).
Em 1996, 41% dos 4,1 milhões de habitantes do Paraguai tinham menos de 15 anos, e os 130 000 nascimentos anuais faziam prever que, em 22 anos, a
população iria duplicar. A migração dos campos para
as cidades era enorme e proliferavam os bairros de
lata. Os projectos dirigidos às famílias desfavorecidas
eram poucos e ineficazes. Face a este cenário, a CE
decidiu apoiar a Sécretaria de Acción Social del Paraguay com uma subvenção de 10 milhões de euros, que
cobre 79% do projecto AMAR, cujo objectivo é minimizar o risco social a que estão expostos os jovens,
através de acções que favoreçam o seu desenvolvimento pessoal, a melhoria das condições de vida das
famílias e o reforço institucional da comunidade.
América Latina
Este projecto, com a duração de cinco anos, arrancou
em Fevereiro de 1999 e permitiu delinear um plano
geral, em conjunto com todos os actores no terreno,
optimizando assim a utilização de recursos e a criação
de complementaridades. Uma estreita cooperação
entre o Estado, a igreja local e o AMAR permitiu obter
um primeiro resultado: a inscrição de milhares de
menores sem papéis no registo civil. O projecto previa
18 meses de fase-piloto. Concluída esta fase, a abordagem inicial, baseada na simples assistência, foi
completada pelo desenvolvimento de actividades
tendentes à criação de rendimentos pelas famílias.
Desenvolvimento social — Autorizações para 2001
Sector
País
Designação
do projecto
Saúde
Salvador
Réhabilitation
del Hospital
de Sonsonate
700 000
Fortalecimiento
de la Facultad
Multidisciplinar
Paracental Un.
El Salvador
129 500
Educação Salvador
Montante em euros
Total
829 500
9.8. Questões horizontais
9.8.1. Iniciativa Europeia para
a Democracia e os Direitos
do Homem (IEDDH)
Em 2001, a IEDDH permitiu apoiar projectos nos países
da América Latina e Central num montante de mais de
15 milhões de euros. Além disso, foram lançados no
mesmo ano dois programas regionais plurianuais 2001-2004 (17,5 milhões de euros do orçamento de 2000),
que têm por objectivo contribuir para a promoção dos
direitos humanos e das liberdades fundamentais nos
países da Comunidade Andina e da América Central.
As actividades relativas aos vários domínios de acção
destes programas serão desenvolvidas por organizações não governamentais, universidades e instituições
independentes. Por último, serão executados microprojectos na Colômbia e no México, no valor de 1,1
milhões de euros.
A IEDDH consagrou cerca de 3,7 milhões de euros a
cinco projectos destinados à promoção e defesa dos
direitos humanos e das liberdades fundamentais.
No Equador, um programa dedicado à protecção dos
direitos humanos dos migrantes e suas famílias, especialmente as mulheres e crianças vítimas do tráfico,
devido aos grandes problemas que têm afectado o
país desde 1998, beneficiou de cerca de 1 milhão de
euros. Um projecto destinado a melhorar o enquadramento jurídico das crianças no Salvador, Costa Rica,
Guatemala, Nicarágua e Honduras e a assegurar o
prosseguimento da recente investigação sobre o
tráfico de crianças e a sua exploração comercial, beneficiou de uma subvenção de 450 000 euros. Por último,
foi consagrado um montante de 230 000 euros à organização de uma conferência, à publicação das
«melhores práticas», à designação de provedores de
Justiça, ao intercâmbio de experiências de trabalho
entre as instituições e ao desenvolvimento de uma
maior cooperação entre a América Latina, a região das
Caraíbas e a UE. O objectivo deste projecto consiste em
apoiar o processo de reforço dos dispositivos de
mediação e dos dispositivos nacionais de protecção dos
direitos humanos na América Latina e na região das
Caraíbas, em conformidade com as tradições democráticas. 2,2 milhões de euros foram consagrados ao
apoio a cinco centros de reabilitação para as vítimas de
tortura na América Latina.
O apoio ao processo de democratização e ao
reforço do Estado de direito beneficiou de cerca de 3,6
milhões de euros, repartidos por 6 projectos. 848 000
euros foram atribuídos a um projecto de desenvolvimento das actividades da rede ANDI (Children’s Rights
News Agency), que reúne cinco agências noticiosas
mobilizadas para a defesa dos direitos da criança no
Brasil. O projecto beneficiará directamente as organizações membros, os estudantes, as empresas, os profissionais da comunicação social e as organizações de
ajuda às crianças e adolescentes. Na Argentina, foram
atribuídos 400 000 euros a um projecto destinado a
promover a participação dos cidadãos no processo de
tomada de decisões e a favorecer o diálogo entre as
organizações da sociedade civil e o Estado em cinco
regiões do país. O projecto visa ainda reforçar a igualdade de oportunidades e promover a defesa dos
direitos humanos no contexto da democratização.
O apoio à prevenção de conflitos e à restauração
da paz civil é uma das grandes prioridades da IEDDH.
Em 2001, esta apoiou quatro projectos na América
Latina e Central com um montante de mais de 3,6
milhões de euros. Na Colômbia, um projecto de mais
de 1,3 milhões de euros visa salvaguardar os direitos
fundamentais das comunidades de Uraba, ameaçadas
de deslocação devido ao conflito que actualmente
dilacera o país. Dois outros projectos permitirão, por
um lado, reforçar e desenvolver o trabalho de 900
provedores de Justiça municipais para a protecção e a
promoção dos direitos humanos (560 000 euros) e, por
outro lado, reforçar a sociedade civil, enquanto actor-chave na resolução do conflito armado na Colômbia
— este projecto (984 000 euros) procurará transformar
a cidade de Barrancabermeja numa região de paz. Por
último, na Guatemala, é apoiado um projecto que visa
promover uma cultura de paz e de reconciliação para
as comunidades vítimas do conflito civil em três municípios do departamento de Alta Verapaz.
Em 2001, a IEDDH contribuiu para a transição democrática na Nicarágua enviando uma missão de observação eleitoral da UE às eleições legislativas realizadas
em 4 de Novembro de 2001. Esta missão foi constituída
por uma equipa principal de seis membros e ainda por
oito observadores a longo prazo e 36 observadores a
curto prazo na primeira volta e 30 observadores a curto
prazo na segunda volta (998 915 euros).
173
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
© Proigualdad — CIMAS
urbanos e rurais que participam neste ambicioso
programa. Uma vez concluído o projecto, estes actores
poderão continuar a promover a igualdade de oportunidades.
Campanha multimédia de sensibilização para os estereótipos sexistas
(Panamá).
9.8.2. Igualdade entre homens
e mulheres
Foram desenvolvidas acções de sensibilização para a
problemática da igualdade entre homens e mulheres
no sector público. Esta problemática foi melhor integrada no sistema educativo, através da formação de
recursos humanos e do desenvolvimento de metodologias apropriadas.
Além disso, foram promovidas em 2001 numerosas
acções de comunicação sobre este tema. Deve ser aqui
salientada a repercussão obtida pela campanha multimédia divulgada a nível nacional sobre os estereótipos sexistas (1).
Paraguai — RED-CIDEM: a descentralização ao serviço
da mulher (contribuição da CE: 8 200 000 euros)
A promoção da igualdade entre homens e mulheres
constitui um objectivo transversal, sistematicamente
tido em conta na elaboração dos projectos de cooperação.
No quadro do processo de transição para a democracia no Paraguai, o projecto «Red de Centros de
Iniciativas y Desarrollo para la Mujer» propõe-se
reforçar a organização das mulheres paraguaias e
promover a sua participação activa no desenvolvimento. A convenção prevê a criação de 14 centros em
vários departamentos do país, dos quais nove
estavam já instalados em 31 de Dezembro de 2001.
Estão actualmente em curso na América Latina dois
projectos especialmente dirigidos às mulheres:
Panamá — Proigualdad: o desafio da igualdade
de oportunidades para as mulheres
(contribuição da CE: 9 800 000 euros)
Promovendo num município-piloto um plano de
desenvolvimento local que tenha em conta as especificidades masculinas e femininas e apoiando as autoridades locais na adopção de medidas tendentes à aplicação do Plano Nacional para a Igualdade de Oportunidades, cada uma destas estruturas desempenha um
papel fundamental no processo de descentralização
recentemente iniciado.
Em execução desde há quatro anos, este projecto terá
permitido melhorar as condições de vida das mulheres
panamianas.
Com o apoio de 31 instituições, 26% do sector público
e 74% da sociedade civil, o Proigualdad destina-se a
reforçar as organizações de mulheres dos meios
A orientação de 12 000 pessoas para os organismos
competentes, a formação de 4 000 beneficiários e a
contribuição para a elaboração, promulgação, divulgação e aplicação da Lei n.º 1 600 contra a violência
doméstica completaram estas acções. Em vésperas das
eleições autárquicas, os candidatos de todos os
partidos subscreveram uma carta de boa conduta e de
solidariedade que integra como prioridade a
promoção e a defesa dos direitos das mulheres. Foram
estes os principais contributos do projecto para a
emergência da confiança recíproca entre actores
sociais e instituições públicas, bem como para a edificação de uma nova cidadania no Paraguai.
© PROIGUALDAD
9.9. Coerência com
outras políticas
174
Seminário para mulheres da região Emberá Alto Chucimaque, Darién,
realizado pela coordenadora nacional das mulheres indígenas do Panamá no
âmbito de Proigualdad.
De uma maneira geral, a filosofia da cooperação para
o desenvolvimento com os países e regiões da América
Latina é coerente com as restantes políticas comunitárias. É o caso, por exemplo, da política comunitária da
concorrência, que favorece a harmonização das regras
de livre concorrência, ou da política do Eurostat, que
(1) http://www.proigualdad.com/index2.html.
América Latina
Comércio com a America Latina (em milhões de euros)
60 000
9.10.1. Banco Interamericano
de Investimento (BID)
Desde 1997, a Comissão Europeia contribuiu com 57
milhões de euros para as operações financeiras do BID,
por intermédio do financiamento de diversas operações ou dos fundos fiduciários geridos pelo banco.
Actualmente, a Comissão financia dois importantes
fundos fiduciários administrados pelo BID: o fundo
especial para assistência técnica (4 milhões de euros),
que financia as missões de peritos nacionais dos países
membros da UE responsáveis pela realização de
estudos no quadro da preparação de projectos do BID,
e o fundo especial para as PME (15 milhões de euros),
que financia operações de microcrédito, que podem ir
até 540 000 euros. A Comissão financia igualmente o
Instituto de Desarollo Económico y Social (INDES), um
projecto regional de apoio ao desenvolvimento de
gestores de projecto no domínio da saúde na América
Latina.
50 000
40 000
30 000
20 000
10 000
0
-10 000
Importações
Exportações
Saldo
-20 000
1980
1990
2000
está em condições de divulgar a experiência da União
Europeia entre outras organizações regionais cuja
integração está menos adiantada. Do mesmo modo, a
política de investigação da Comunidade permite aos
países da América Latina responderem aos convites à
apresentação de propostas previstos a título da
vertente internacional dos programas-quadro de investigação.
No domínio comercial, esta coerência é assegurada
pelo apoio a acções de cooperação (seminários de
apresentação) que promovem a divulgação do sistema
de preferências generalizadas (SPG) entre os países da
América Central e os países andinos. Também as acções
de cooperação regional com vista ao reforço da integração regional e à constituição de mercados comuns
são coerentes com a política comercial comunitária. Os
acordos comerciais negociados ou em vias de negociação com determinados países ou grupos de países
da América Latina contribuem igualmente para o
aumento das trocas entre estes países e a União Europeia e, assim, para um desenvolvimento económico e
social partilhado.
9.10. Cooperação com
outros doadores
A cooperação entre a Comissão e as outras organizações internacionais é particularmente intensa na
América Latina. Estas instituições são parceiros essenciais da política de cooperação europeia. Contribuem,
para o financiamento de projectos de interesse
comum, nomeadamente em matéria de luta contra a
pobreza e de reforço da democracia.
Para além disso, a Comissão apoia activamente
diversos grupos consultivos (Colômbia, Salvador,
Guatemala, Honduras e América Central — Reconstrução) presididos pelo BID, no quadro do qual se
reúnem os doadores internacionais, a fim de coordenar as suas actividades relativas ao país ou grupo de
países em causa.
Para além destas actividades foi lançado, em 2001, um
diálogo em matéria de programação entre as duas
instituições. Representantes dos serviços da Comissão
(RELEX e AIDCO) deslocaram-se, em 2001, a
Washington, para um encontro com os seus homólogos do BID no âmbito do qual se procedeu a uma
troca de pontos de vista aprofundada sobre a situação
na América Latina, as respectivas prioridades em
matéria de programação e as eventuais possibilidades
de cooperação e modalidades de melhoria da colaboração.
Neste contexto, a Comissão e o BID concluíram, em
2001, o texto de um memorando de acordo que
deveria constituir um quadro apropriado para o aprofundamento da colaboração em torno de alguns temas
prioritários definidos em comum, a saber, a consolidação da democracia, a redução da pobreza e a justiça
social, a integração regional e o desenvolvimento das
tecnologias da informação. Está previsto que as duas
instituições assinem este memorando de acordo em
Maio de 2002, durante a Cimeira de Madrid.
Em Outubro de 2001, uma missão da Comissão Europeia visitou a sede do BID em Washington DC. Nesta
ocasião, foram identificadas novas perspectivas de
cooperação no domínio do apoio às microempresas e
aos projectos regionais. A Comissão Europeia financia
igualmente o Instituto de Desarollo Económico y
Social (INDES), um projecto regional de apoio à
formação de gestores de projectos no domínio da
saúde na América Latina. Os países onde a cooperação
entre o BID e a CE deverá ter mais impacto são a
Bolívia, o Brasil, o Equador, as Honduras, a Nicarágua
e o Peru.
175
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
plano de acção conjunta. São mantidos contactos
regulares ao nível dos domínios de interesse comum:
desenvolvimento do sector privado, reforço das capacidades institucionais, apoio às instituições democráticas, direitos humanos, descentralização, etc. Foi efectuado pelo Instituto de Estudos Ibero-Americanos de
Hamburgo e pelo Inter American Dialogue, de
Washington, um estudo sobre a evolução dos
problemas de desenvolvimento da América Central.
Esta análise — muito bem acolhida pela USAID –
propõe um modelo de integração económica regional
e formula propostas para o reforço democrático das
instituições, para o progresso da união aduaneira e
monetária e para a reforma dos sistemas fiscais e orçamentais dos países da região.
© GVC Nicaragua
9.10.4. Organização dos Estados
Americanos (OEA)
Distribuição de ajuda humanitária na sequência da passagem do furacão
Michelle, Honduras. Projecto ECHO 2001.
9.10.2. Banco Mundial
Em Julho de 2000, o Banco Mundial assinou um acordo
de contribuição para o fundo fiduciário criado no
quadro da iniciativa PPAE (países pobres altamente
endividados), gerida pelo Banco Mundial e destinada
aos países da Ásia e da América Latina. A sua contribuição elevou-se a 54 milhões de euros, dos quais 45
milhões destinados a financiar medidas de aligeiramento da dívida da Bolívia (14 milhões de euros), das
Honduras (12 milhões) e da Nicarágua (14 milhões).
Todas as contribuições para os países da América
Latina foram regularizadas em 2001.
O programa de empréstimos das duas instituições
insere-se num contexto de reforma política e sectorial.
É frequentemente concedido apoio orçamental. O
Banco Mundial designa este tipo de operação como
empréstimo programático — que difere das formas
«clássicas» de empréstimo por projecto ou de empréstimo de ajustamento. Os programas devem inserir-se
num horizonte de 5 a 10, anos, podendo ir, em determinados casos, até 16 anos. Está igualmente previsto
um apoio orçamental aos programas sectoriais, com a
duração de 2 a 3 anos.
9.10.3. Agência Americana
para o Desenvolvimento
Internacional (USAID)
176
A CE está envolvida, em conjunto com a USAID, no
quadro da Nova Agenda Transatlântica (NTA) e no
Em 2001, os Estados-Membros da UE com estatuto de
observadores permanentes junto da OEA reuniram-se
mensalmente para discutir questões do interesse da
União e para dialogar com os altos responsáveis da
OEA. Esta organização, que não é uma agência de
financiamento e só intervém em parceria com outras
organizações, demonstrou uma grande capacidade de
mobilização de fundos (36 dólares por cada dólar de
subvenção). Numa missão efectuada em Outubro de
2001 tiveram lugar trocas de pontos de vista sobre três
domínios de actividade: redução dos riscos ligados às
catástrofes naturais, domínio em que a OEA se
mostrou muito eficaz e colabora com as autoridades
locais e as ONG; a promoção da democracia: e, por
último, a Comissão Interamericana do Controlo da
Droga. A cooperação entre a CE e a CIDAC iniciou-se,
há oito anos, com a atribuição de subvenções destinadas à luta contra o tráfico de substâncias químicas
necessárias à produção da droga.
9.10.5. Banco Europeu
de Investimento
Signatário de acordos-quadro com 15 países latino-americanos e actor europeu de primeiro plano na
região, o BEI contribui para o financiamento de
projectos de investimento de interesse comum para os
países da UE e da América Latina. Parceiro da
Comissão, o banco tem intervindo, nomeadamente,
nos sectores da indústria, da energia, da água e saneamento e dos transportes. Em 2001, foram consagrados
365,2 milhões de euros a operações na Argentina, no
Brasil, no Panamá e no México. Uma missão da CE
visitou a Direcção América Latina em Junho de 2001.
Esta missão identificou três domínios principais de
cooperação: o capital de risco, o financiamento de
pequenas e médias empresas e o aumento dos empréstimos do BEI a projectos do sector privado.
América Latina
9.11. ECHO
Projectos do BEI assinados em 2001
País
Designação
do projecto
Sector
Montante
(milhões de euros)
México
Vetrotex America
Industrial
15,91
Panamá
Cable &Wireless
Panamá II
Telecom
54,23
Argentina
Brasil
VW Argentina
Indústria
46,61
Central Dock Sud
Energia
77,33
COMGAS
Energia
46,80
Vega Do Sul
Indústria
58,00
Veracel Foresty
Agricultura
32,74
Light Electricity
distribution
Energia
33,58
Total
365,20
Em 2001, o ECHO (Serviço Humanitário da Comunidade Europeia) concedeu 35,05 milhões de euros de
ajuda humanitária aos países latino-americanos. Os
dois mais importantes campos de intervenção são a
Colômbia e o Salvador. Na Colômbia, o ECHO intervém
desde 1997, na assistência a pessoas deslocadas no
interior do país por causa do conflito entre diversos
grupos armados e o Governo. No Salvador, a ajuda do
ECHO permitiu fornecer abrigos temporários, água
potável, sistemas sanitários e medicamentos às populações afectadas pelos dois terramotos do início de 2001.
Outras intervenções permitiram dar resposta às catástrofes naturais na Bolívia, Paraguai, Peru, Guatemala,
Honduras e Nicarágua, bem como à situação das populações deslocadas devido ao conflito de Chiapas, no
México. Além disso, o ECHO lançou, no âmbito do seu
programa Dipecho, uma série de projectos na Comunidade Andina e na América Central com vista a
preparar melhor as populações locais contra as catástrofes naturais.
ECHO: decisões financeiras 2001
País
Designação do projecto
Montante
(milhões de
euros)
Bolívia/Paraguai
Ajuda humanitária às populações afectadas pelas inundações e a seca na Bolívia
e pela seca no Paraguai
Colômbia
Ajuda humanitária às populações deslocadas na Colômbia
10,000
Salvador
Ajuda humanitária às populações afectadas pelos terramotos de 13 de Janeiro
e 13 de Fevereiro de 2001
10,000
Guatemala/Honduras/
/Nicarágua
Ajuda humanitária às populações afectadas pela seca na América Central
3,350
1,950
México
Ajuda humanitária às populações deslocadas de Chiapas
1,800
Peru
Assistência de emergência às populações afectadas pelo terramoto no Peru
3,150
Comunidade Andina
Segundo Plano de Acção Dipecho (medidas de preparação para e prevenção
de catástrofes naturais) para a Comunidade Andina
1,800
32,050
© Rosa Martin, Movimondo
Total
Ajuda em favor das pessoas deslocadas — Cantina para crianças. Departamento do Norte de Santander,
Colômbia.
177
© CE
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
Crianças da comunidade indígena Wichi no Noroeste da Argentina.
9.12. Controlo de resultados
A Comissão criou em 2000 um sistema de controlo da
melhoria de resultados baseado na gestão do ciclo dos
projectos experimentado em 2001 em todas as zonas
geográficas (ALA/MED/ACP/Balcãs). Os primeiros
dados, ainda provisórios, recolhidos graças a este novo
sistema permitiram fornecer indicações úteis sobre o
estado dos projectos geridos por cada direcção
geográfica e sobre as melhorias que convém introduzir. O sistema será generalizado ao conjunto das
actividades do Serviço de Cooperação e estará plenamente operacional em 2002.
Em 2001, foram passados em revista 80 projectos em
13 Estados latino-americanos. A contribuição da Comunidade para estes projectos elevou-se a 381,9 milhões
de euros. 21% deste total foram destinados ao sector
educativo, sendo o restante distribuído entre os outros
sectores analisados.
A classificação média obtida por estes projectos foi de
2,69, enquanto que a classificação média do conjunto
de projectos financiados pela Comunidade Europeia
no mundo é de 2,5.
178
A atribuição das classificações aos projectos foi efectuada em função de múltiplos critérios, como a
eficácia, a eficiência, os efeitos secundários calculados
ou a consideração da dimensão ambiental. Na América
Latina, a eficácia dos projectos foi considerada muito
satisfatória. Houve, no entanto, uma chamada de
atenção para o incumprimento dos prazos e para a
insuficiente incorporação da dimensão ambiental.
No entanto, convém encarar estes resultados com
prudência, pelas razões expostas no capítulo dedicado
ao controlo de resultados.
9.13. Conclusões e perspectivas
Tal como foi anunciado durante a Cimeira do Rio, a
União Europeia está determinada a desenvolver uma
parceria estratégica a longo prazo com a América
Latina que deverá favorecer a defesa, a nível internacional, de interesses comuns de ordem política, social,
económica e comercial.
O desenvolvimento da relação privilegiada entre a
União Europeia e a América Latina exige a manutenção e o reforço de um diálogo com os grupos do
Rio e de San José, bem como com a Comunidade
Andina, o Mercosul, o Chile e o México. Requer igualmente a satisfação de determinadas condições, em
especial a consolidação dos sistemas democráticos e o
reforço do Estado de direito na América Latina, ao
mesmo tempo que a luta contra a pobreza e as desigualdades sociais e a integração dos grupos menos
favorecidos no conjunto nacional. A integração, de
forma sustentável, das economias latino-americanas
no sistema mundial e a sua participação no sistema
comercial multilateral exigem esforços de adaptação
que se produzem num contexto de integração
regional, que a União Europeia apoia. Juntamente
com o diálogo político e a negociação comercial, a
cooperação para o desenvolvimento constitui uma
ferramenta essencial ao serviços destes objectivos.
América Latina
As orientações em matéria de cooperação adoptadas
pela União Europeia em 2001 contribuíram para o
reforço da autonomia política e económica da América
Latina reforçando, simultaneamente, as ligações
internas na América Latina e as relações de parceria
com a Europa. É igualmente neste sentido que a
Comissão pretende prosseguir com as suas actividades
e continuar a orientar a sua assistência externa para os
países e regiões da América Latina.
A segunda cimeira dos chefes de Estado e de Governo
da União Europeia, da América Latina e das Caraíbas
que se realizará em Madrid, em Maio de 2002, deverá
favorecer o aprofundamento da aplicação das prioridades de cooperação já definidas.
179
© Danish Management Monitoring Team (P. A. Welch)
10. Abordagem do
desenvolvimento
orientada para
os resultados
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
10.1. Desempenho dos países
e dos projectos
intervenientes. Na segunda parte do presente capítulo
descreve-se uma abordagem destinada a medir e
controlar os resultados dos projectos, isto é, os seus
efeitos e as eventuais mudanças que provocaram na
vida dos beneficiários.
10.1.1. Introdução
Segundo estimativas do Banco Mundial, são necessários mais 50 mil milhões de dólares por ano para
realizar os objectivos de desenvolvimento do milénio
(ODM). Os compromissos assumidos em Monterrey, em
Março de 2002, no sentido de aumentar os níveis de
APD (ajuda pública ao desenvolvimento) representam
um passo importante em direcção à consecução do
desenvolvimento global sustentável. O consenso de
Monterrey estabelece uma ligação específica entre a
eficácia da ajuda e a apropriação de boas políticas
pelos países e a boa governação, prometendo mais
ajuda àqueles que registarem um bom desempenho.
Como podemos garantir que estes fundos suplementares e, aliás, qualquer tipo de ajuda ao desenvolvimento, conduzam efectivamente a resultados concretos
no terreno? Como podemos ter a certeza de que os nossos esforços estão a contribuir, a pouco e pouco, para a
prosperidade e segurança de todas as pessoas?
Não é fácil responder a estas perguntas. Surpreendentemente, na maior parte dos países em desenvolvimento, os dados relativos à redução da pobreza não
são apenas insatisfatórios: em muitos casos não
existem, estão desactualizados, não são fiáveis, ou não
são simplesmente utilizados como um instrumento da
tomada de decisões políticas. Ao longo das últimas
décadas tem sido frequente a comunidade da ajuda ao
desenvolvimento (constituída pelos doadores, os
governos e a sociedade civil) não examinar os resultados das suas políticas e dos seus financiamentos.
182
No presente capítulo descreve-se o trabalho em curso
e focam-se os principais aspectos da actual situação no
que respeita à gestão orientada para os resultados. As
novas abordagens ainda não se encontram inteiramente definidas, e algumas das suas componentes não
foram plenamente testadas. A Comissão vê ainda este
capítulo como um convite dirigido ao leitor para que
participe numa reflexão colectiva sobre formas
eficazes e fiáveis de medir o impacte da ajuda externa
no desenvolvimento global sustentável.
10.2. Controlo de resultados:
desempenho dos países
A introdução, em 1999, de documentos de estratégia para a redução da pobreza (DERP) —
baseados em cinco princípios, um dos quais é a orientação para resultados – e o acordo a que chegaram
189 países, em Setembro de 2000, quanto aos objectivos de desenvolvimento do milénio (ODM)
foram dois factores que contribuíram para se avançar
no sentido de prestar mais atenção aos resultados. O
controlo concreto, baseado em resultados, do desempenho dos países ao nível do crescimento económico e
da redução da pobreza decorre da necessidade, identificada em vários estudos, de melhorar os seguintes
aspectos.
❿ No caso dos países em desenvolvimento:
Prestar informação sobre compromissos financeiros
não basta. Os doadores devem informar as partes interessadas e prestar-lhes contas das mudanças verificadas na vida das pessoas pobres em consequência do
esforço colectivo dos parceiros no âmbito da ajuda ao
desenvolvimento.
— apropriação pelos países: atribuir aos
governos beneficiários a responsabilidade por
realizarem os seus objectivos em matéria de
redução da pobreza dá-lhes mais possibilidades
de definirem estratégias e políticas próprias
para esse efeito;
A Comissão está a avançar progressivamente para a
ajuda ao desenvolvimento orientada para os resultados.
Este empenhamento em gerir com vista à obtenção
de resultados e com base em resultados foi formalmente sublinhado na comunicação sobre a política de
desenvolvimento da Comunidade Europeia apresentada em 2000 pela Comissão, bem como nas declarações
e no plano de acção que daí decorreram.
— prestação de contas pelos países: nos países
que estão a definir uma estratégia de redução
da pobreza, é essencial que os doadores passem
do controlo de políticas e acções para uma abordagem participativa orientada para os resultados, caso se pretenda promover uma maior
responsabilização dos países;
No presente capítulo descrevem-se as duas abordagens principais definidas recentemente com vista à
medição de resultados. Os resultados da acção de qualquer doador só podem ser medidos directamente ao
nível de projectos ou programas que envolvem apenas
um doador. As operações em maior escala envolvendo
vários doadores, bem como o Governo e outros
actores, produzem resultados que são fruto de um
esforço comum e que não é possível atribuir a
elementos específicos da equipa (trata-se da chamada
«falha de atribuição»). A primeira abordagem
descreve, por conseguinte, a forma como resultados
colectivos são controlados ao nível dos sectores e dos
países, utilizando indicadores acordados entre todos os
— processo de formulação de políticas: a
análise de resultados no terreno deve levar a
que se dê uma nova orientação às políticas, e
deve ser levada em conta no diálogo político.
❿ No caso dos doadores:
— prestação de contas pelos doadores às
partes interessadas: prestar informação sobre
compromissos financeiros não basta. Os
doadores devem informar as partes interessadas
e prestar-lhes contas das mudanças verificadas
na vida das pessoas pobres em consequência do
esforço colectivo dos parceiros no âmbito da
ajuda ao desenvolvimento;
Abordagem do desenvolvimento orientada para os resultados
Há duas áreas de trabalho importantes que demonstram que a Comissão está a avançar progressivamente
no sentido da ajuda ao desenvolvimento orientada
para resultados: os documentos de estratégia por país
(DEP) e a prestação de apoio macroeconómico aos
países ACP.
10.2.1. Documentos de estratégia
por país orientados
para resultados
No contexto do processo de programação, a Comissão está
a definir orientações destinadas aos funcionários responsáveis pela programação, no sentido de introduzirem indicadores nos DEP. Dado que a maior parte dos doadores
ainda se encontra numa fase incipiente do trabalho
conceptual em matéria de indicadores, a Comissão está a
trabalhar em estreita colaboração com os Estados-Membros, os países do Comité de Ajuda ao Desenvolvimento
da OCDE (OCDE-DAC) e outros doadores com vista à
elaboração das referidas orientações.
Foi constituído um grupo de trabalho conjunto
composto pelos Estados-Membros, os países OCDE-DAC
e vários serviços da Comissão, cuja primeira reunião teve
lugar em Março de 2002. A finalidade do referido grupo
de trabalho é explorar a possibilidade de os doadores
adoptarem uma abordagem conjunta em relação aos
seus requisitos de controlo, baseada em princípios e
numa tipologia comuns, a fim de reduzir os encargos
dos países beneficiários. O seu trabalho baseia-se no
projecto de orientações relativas à definição de indicadores do desenvolvimento preparado pela Comissão.
Este trabalho está em curso, e os seus resultados serão
progressivamente levados em conta no processo de
programação e análise da Comissão. Trata-se de um
trabalho que tem sido acolhido com agrado pelos Estados-Membros e pelos países OCDE-DAC.
O referido projecto de orientações começa por definir
princípios e uma tipologia, e indica os dois níveis a que
os doadores podem utilizar indicadores orientados
para resultados com o fim de controlar o desempenho
dos países.
© Danish Management Monitoring team/P. A Welch
— coordenação dos doadores: atribuir mais
atenção aos resultados alcançados por cada país
deverá permitir uma maior coordenação da
avaliação de desempenhos por parte dos
doadores. Também neste caso, nos países em
causa, essa coordenação deve ser feita com base
nos DERP.
Fiscalização de um projecto social silvícola no Malavi: viveiro para produção
de árvores.
gurados pelos governos e pelos doadores. É necessário estabelecer uma ligação entre os recursos
utilizados e os resultados alcançados a fim de
avaliar a eficiência das acções empreendidas.
Por exemplo: percentagem do orçamento afectada a
despesas de educação, abolição de uniformes obrigatórios nas escolas.
❿ Os indicadores de resultados imediatos
medem as consequências imediatas e concretas das
medidas adoptadas e dos recursos utilizados.
Por exemplo: número de escolas construídas, número de
professores que participaram em acções de formação.
❿ Os indicadores de resultados finais medem os
resultados ao nível dos beneficiários.
Por exemplo: matrículas escolares, percentagem de
raparigas entre as crianças que ingressam no primeiro
ano do ensino primário.
❿ Os indicadores de impacto medem as consequências dos resultados finais. Estes indicadores
medem os objectivos gerais em termos de desenvolvimento nacional e de redução da pobreza.
Por exemplo: taxa de literacia, taxa de desemprego.
10.2.1.1. Tipologia
Os indicadores devem ser classificados de acordo com
uma tipologia clara. Propomo-nos utilizar a seguinte
classificação, a fim de assegurar a coerência com trabalhos anteriores:
Estes vários tipos de indicadores são todos importantes
para os decisores políticos — isto é, para os governos
nacionais. No entanto, nem todos se revestem de igual
importância para os doadores, que devem concentrar-se nos resultados das políticas definidas pelas próprias
administrações nacionais que estão a apoiar.
Impacto
As conclusões da experiência-piloto de reforma da
condicionalidade (1) demonstraram claramente a
❿ Os indicadores de recursos medem os recursos
financeiros, administrativos e regulamentares
(frequentemente denominados «processos») asse-
(1) Conduzida no Burquina Faso pela Comissão Europeia, no
contexto da parceria estratégica com África (PEA), e realizada
em conjunto com mais 12 doadores.
Recursos
Resultados
imediatos
Resultados
finais
183
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
necessidade de os doadores atribuírem um peso especial aos indicadores de resultados finais. No passado,
porém, era habitual atribuir-se mais importância aos
indicadores de recursos ou de resultados imediatos,
cuja melhoria não oferece qualquer garantia de uma
melhoria dos serviços: há, por exemplo, muitos casos
em que um aumento dos orçamentos ou mesmo do
número de centros de saúde é acompanhado de uma
diminuição da utilização desses centros pelo público.
No caso dos indicadores de impacte, verifica-se que a
reacção é lenta e a medição é complexa, e que
dependem de numerosos factores além da política
adoptada pelo Governo. Privilegiar os indicadores de
resultados finais deverá permitir que os governos se
apropriem progressivamente das políticas a aplicar
com vista a obter os resultados pretendidos.
estes poderão ser recolhidos. É possível que, em
teoria, um indicador seja mensurável anualmente,
mas que, na prática, se altere apenas a médio ou
longo prazo. A evolução de um indicador desse
tipo é, portanto, influenciada por políticas aplicadas anos antes, e o seu valor como meio de
medir as políticas vigentes poderá ser limitado.
Além disso, o facto de se privilegiarem os indicadores
de resultados finais deverá aumentar a credibilidade
da ajuda ao desenvolvimento, tanto nos países beneficiários como nos países doadores.
5) Em muitos casos, é importante expressar os dados
estatísticos relativos aos indicadores não só em
termos percentuais, mas também sob a forma de
valores absolutos, de modo a permitir que a análise
exclua erros decorrentes de incertezas quanto ao
cálculo da população total. Além disso, é preferível
trabalhar com base em tendências, e não apenas
em dados isolados. Assim, é importante consultar
bases de dados existentes ao seleccionarem-se os
indicadores. Deverão existir dados relativos aos
cinco anos anteriores; se isso não acontecer, talvez
seja necessário apresentar uma justificação especial
para o indicador.
10.2.1.2. Princípios
FIABILIDADE
DEFINIÇÃO
DE INDICADORES
1) É necessário que cada país e os seus principais
doadores concordem em utilizar indicadores (de
resultados finais) comuns para avaliar o desempenho do país. Nos casos pertinentes, a avaliação
deverá ser efectuada no contexto no sistema de
controlo do DERP.
2) Há vantagem em desagregar os indicadores, por
exemplo, por:
❿sexo;
❿sector público/privado;
❿área geográfica (identificando, em particular, as
regiões mais pobres);
❿zona rural/urbana;
❿nível de rendimento (o que raramente é
possível) e principal fonte de rendimento.
O nível de desagregação deve ser sempre indicado ao
definirem-se os indicadores. A desagregação permite
que se faça incidir melhor as políticas de desenvolvimento e de redução da pobreza nas populações visadas.
6) É necessário ter em atenção a fiabilidade e representatividade dos dados em que se baseiam os indicadores. Em caso de dúvida, é preferível utilizar uma
«variável de aproximação», isto é, um indicador
indirecto que seja mais fácil de medir e que constitua uma boa aproximação de outros indicadores
mais difíceis de medir. Por conseguinte, é essencial
adoptar-se uma abordagem evolutiva, verificando
regularmente a validade dos indicadores em relação
ao objectivo que pretendem avaliar.
7) De início, é frequente ser necessário prestar apoio
ao nível da verificação da qualidade dos dados e
ajudar o Governo a melhorar a sua fiabilidade e
aumentar a rapidez do respectivo tratamento — os
sistemas existentes são muitas vezes excessivamente pesados e lentos. A finalidade do apoio
deve ser reforçar o sistema nacional. A experiência
tem demonstrado que esse apoio não envolve,
dum modo geral, grandes verbas, e que é possível
fazer progressos rápidos no que se refere aos
dados essenciais. Será importante desenvolver a
colaboração com o Eurostat com vista ao reforço
de capacidades no domínio da estatística.
DEFINIÇÃO
184
E QUALIDADE DOS DADOS
DE OBJECTIVOS PARA OS INDICADORES
3) É preferível restringir os indicadores a um número
limitado de indicadores essenciais. Uma multiplicidade de indicadores muito diversos gera problemas
de interpretação. Além disso, não permite que a
análise se concentre nos aspectos essenciais. Os
indicadores seleccionados devem, em seguida, ser
definidos de uma forma clara e inequívoca (por
exemplo, no caso de acções de vacinação, especificar o tipo de vacinas, as populações visadas, etc.).
8) O Governo do país em causa deve fixar valores-alvo
para os indicadores, de uma forma que seja coerente
com as tendências recentes e as orientações políticas. Esses valores devem ser discutidos com os
doadores que estão a pensar conceder ajuda ao país.
O Governo deve fixar valores-alvo, pelo menos, para
o período do DERP, caso exista, ou para os três anos
seguintes, caso não exista um DERP.
4) A mensurabilidade é um critério fundamental ao
proceder-se à selecção de indicadores. Trata-se aqui
de uma questão distinta da questão da qualidade
dos actuais sistemas de dados (de que se fala
adiante). Ao definir-se cada indicador, é necessário
levar em conta o tempo e os recursos necessários
para recolher os dados, e a frequência com que
9) Há duas dificuldades a considerar na discussão dos
valores-alvo: um optimismo excessivo (muitas vezes
decorrente do facto de os indicadores serem utilizados como propaganda e não como um instrumento da tomada de decisões) e a prudência excessiva (que revela falta de ambição). A melhor
maneira de evitar esses dois excessos é adoptar, ao
Abordagem do desenvolvimento orientada para os resultados
nível do país, um processo transparente, em que a
sociedade civil e o parlamento participem num
debate com vista à definição de indicadores e ao
seu controlo. Essa transparência também confere
maior visibilidade aos valores-alvo fixados e
contribui para prestação de contas a nível interno.
ANÁLISE
DA EVOLUÇÃO DOS INDICADORES
10) A análise da evolução do desempenho dos países
nunca se deve restringir à interpretação mecânica
de indicadores. Deve ser efectuada no contexto de
um amplo diálogo político com o Governo,
levando em conta a influência de factores internos
e externos.
11) É necessário ter presente que o facto de se utilizar
um número limitado de indicadores, em particular
quando o desempenho medido por esses indicadores é utilizado pelos doadores para determinarem os seus níveis de auxílio financeiro, poderá
afectar a prestação de informação ou influenciar a
identificação das políticas prioritárias. É necessário
que o efeito de incentivo do conjunto completo
de indicadores seja levado em conta no diálogo
político entre o Governo e os doadores.
10.2.1.3. Controlo do desempenho
do país
O projecto de orientações propõe dois conjuntos de
indicadores que devem ser controlados no âmbito dos
programas realizados pela Comissão ao nível dos
países.
A nível geral, e em todos os países em que a
Comissão esteja a desenvolver acções, deve ser controlado um conjunto restrito de indicadores (anualmente
e a médio prazo), a fim de se formar uma ideia geral
dos progressos realizados no sentido da consecução
dos ODM. Esse conjunto restrito de indicadores deve
ser seleccionado a partir dos 48 indicadores mais
importantes associados aos ODM, mais um pequeno
número de indicadores fundamentais mensuráveis
anualmente destinados a permitir a prestação anual
de informação sobre os progressos realizados pelo país
em causa. Entre estes indicadores suplementares
incluem-se indicadores de recursos (que não fazem
parte do quadro de controlo dos ODM), por exemplo,
indicadores destinados a medir o apoio financeiro a
sectores específicos por parte do Governo e dos
doadores. Além disso, devem incluir-se indicadores de
resultados finais sujeitos a alterações rápidas. O
projecto de orientações sugere que este conjunto
mínimo de indicadores, depois de acordado, deve ser
objecto de um controlo sistemático em todos os documentos de estratégia por país, de modo a permitir que
se façam comparações.
O controlo sistemático desta grande diversidade de
indicadores, incluindo indicadores de resultados finais
e de recursos mensuráveis anualmente a nível de cada
país, permitirá à Comissão acompanhar a evolução de
sectores em que não está a intervir directamente. Este
trabalho de controlo servirá de base às decisões
tomadas, quando da análise dos documentos de estratégia por país.
A nível sectorial, nos sectores visados pelos DEP, deve
ser controlada uma maior diversidade de indicadores.
Estes devem fazer parte do conjunto mais completo de
indicadores utilizados para fins de gestão e prestação
de contas por parte dos ministérios competentes a
nível interno. Embora a orientação de políticas e as
medidas regulamentares dos Governos não sejam
fáceis de medir utilizando indicadores gerais quantificados, mesmo assim há que controlá-las.
Os indicadores controlados pela Comissão baseiam-se
sempre nos processos nacionais que estão a
decorrer a nível interno (DERP, nos casos pertinentes).
Trata-se de um processo de influência recíproca e de
troca de experiências, bem como de um instrumento
valioso para a análise de questões políticas e para
aumentar a prestação de contas pelos governos a nível
interno.
10.2.2. Ajuda orçamental
com vista à redução
da pobreza
Um segundo exemplo da abordagem orientada para
os resultados é o da ajuda orçamental aos DERP. De
momento, este aspecto apenas diz respeito aos países
ACP. Está a aplicar-se uma abordagem semelhante a
outros programas (ALA, MEDA), nos casos em que se
considera apropriado. A Comissão Europeia tem adoptado uma abordagem inovadora nos países ACP,
ligando directamente os montantes da ajuda concedida ao nível de desempenho do país nos sectores
sociais (principalmente, saúde e educação) e ao nível
da gestão das finanças públicas. Para isso, são utilizados indicadores do desempenho (por exemplo,
percentagem das despesas com a saúde e a educação;
taxa de matrículas; utilização dos centros de saúde;
cobertura da vacinação infantil, etc.), e são mantidas
discussões intensivas com o Governo em causa para
determinar em que medida realizou os objectivos que
se propôs. Se os objectivos tiverem sido realizados, é
garantido o pleno financiamento; caso contrário, a
ajuda financeira sofre uma redução.
Desta forma, o Governo recebe os recursos necessários
para elaborar um orçamento que tem mais possibilidade de assegurar serviços sociais fundamentais, e é-lhe dado um incentivo para cumprir o que promete.
Por serem definidos de comum acordo entre o
Governo e a comunidade de doadores, os objectivos
têm mais peso e, uma vez que a Comissão é um dos
principais doadores, os objectivos também devem
reflectir as prioridades identificadas pela Comissão
nesse diálogo. Como os objectivos decorrem de um
DERP definido pela própria administração nacional,
têm mais probabilidade de vir a ser realizados do que
condições impostas pelo exterior.
Catorze dos 30 países ACP a que a Comissão está
actualmente a conceder ajuda orçamental já adoptaram esta abordagem (outros 14 países estão actualmente a tentar chegar a acordo sobre um conjunto de
indicadores). Esta análise baseia-se nas 30 propostas de
financiamento relativas a ajuda orçamental para a
redução da pobreza (AORP) aprovadas em 2000 e
2001, que representam um total de 875 milhões de
euros.
185
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
10.2.2.1. Novas orientações decorrentes
da experiência-piloto
no Burquina Faso
À luz dos resultados do experiência-piloto de reforma
da condicionalidade realizada no Burquina Faso (1)
entre 1996 e 2000, a Comissão definiu novas orientações e mecanismos para os seus programas de ajuda
orçamental para redução da pobreza. O seu objectivo
é aumentar a eficácia da ajuda mediante uma maior
apropriação dos programas, a eliminação de dificuldades ao nível dos pagamentos, e o reforço da coordenação entre os doadores.
As novas orientações e mecanismos decorrentes do
experiência-piloto no Burquina Faso visam melhorar a
sustentabilidade das reformas a longo prazo,
aumentar a apropriação dos programas por parte
dos governos e desenvolver a coordenação entre os
doadores.
As principais mudanças concretas ao nível do ajuda
orçamental por parte da CE decorrentes das novas
orientações consistem na passagem da condicionalidade processual tradicional para a avaliação do desempenho com base em resultados, a realização de pagamentos variáveis consoante os resultados alcançados e
uma melhor coordenação com outros doadores no
quadro do DERP.
A aplicação da nova abordagem tem variado de um
país para outro, em parte porque os países se encontram em fases diferentes do processo do DERP, e em
parte devido ao facto de a quantidade de dados disponíveis diferir de um país para outro. No entanto, as
discussões sobre a coordenação entre doadores e os
indicadores de desempenho estão estreitamente
ligadas ao processo dos DERP.
10.2.2.2. Reforma da condicionalidade
As novas orientações da CE relativas à condicionalidade apontam no sentido de se impor um número
reduzido de condições fundamentais. As condições
processuais tradicionais devem ser gradualmente substituídas por avaliações do desempenho baseadas em
indicadores de resultados finais, o que dará aos
Governos mais liberdade para decidirem sobre as suas
próprias políticas.
A assinatura de acordos de financiamento e o posterior
pagamento das fracções continuam subordinados a
duas condições principais. Essas condições figuram em
todas as propostas de financiamento de 200 e 2001:
❿ assinatura/andamento satisfatório do acordo com o
FMI (mecanismo de redução da pobreza e de crescimento) e, por vezes, com o Banco Mundial. Isto
significa, em princípio, que o país tem um quadro
macroeconómico sólido;
❿ progressos ao nível do processo do DERP.
186
Por conseguinte, os programas da CE estão estreitamente ligados aos condicionalismos impostos pelo FMI
(e, por vezes, pelo Banco Mundial).
No que se refere aos 30 países incluídos na amostra, as
propostas financeiras relativas a 15 países não impõem
quaisquer outras condições processuais, e no caso de
sete países apenas são impostas condições processuais
no âmbito da gestão das finanças públicas.
A evolução no sentido da avaliação do desempenho
baseada em resultados tem sido muito mais eficaz nos
sectores sociais (principalmente, saúde e educação) do
que ao nível da gestão das despesas públicas. A maior
lentidão verificada nesta área deve-se, principalmente,
à dificuldade em identificar indicadores de resultados
finais neste domínio.
Há alguns países a que são impostas condições noutros
domínios além da saúde, educação, gestão das
finanças públicas e quadro macroeconómico (por
exemplo, transportes, justiça ou integração regional).
10.2.2.3. Avaliação do desempenho
baseada em resultados
As novas orientações da CE em matéria de ajuda orçamental implicam que se levem mais em conta os resultados ao avaliar-se o desempenho dos países. Esta abordagem é reforçada através da evolução gradual no sentido de ligar o apoio financeiro às avaliações de desempenho baseadas em indicadores de resultados finais.
É necessário que estejam reunidas três condições antes
de ser possível basear os pagamentos na análise de
indicadores de resultados finais:
❿ acordo entre o Governo e a Comissão quanto a um
conjunto restrito de indicadores de resultados
finais destinados a servir de base à avaliação, e
ideias claras sobre a forma de os controlar;
❿ certeza da existência de um sistema fiável de
recolha de dados relativos ao conjunto de indicadores acordado e, caso necessário, apoio ao aperfeiçoamento desse sistema através do reforço da
capacidade e ajuda financeira inicial;
❿ decisão do Governo sobre os valores-alvo dos referidos indicadores, baseada nas tendências anteriores e nas orientações políticas.
Os países classificam-se em três grupos consoante a
fase em que se encontrem do referido processo de
evolução: países mais avançados, países intermédios e
países menos avançados.
PAÍSES
MAIS AVANÇADOS
Nos países mais avançados, existe um acordo prévio
sobre um conjunto restrito de indicadores de desem-
(1) Esta experiência-piloto foi dirigida pela CE com o apoio de nove doadores bilaterais e do FMI, do PNUD e do Banco Mundial, no
contexto da parceria estratégica com África (PEA). As conclusões do referido processo encontram-se resumidas em «Bilan: Test sur la
réforme de la conditionnalité», de Julho de 2000.
Abordagem do desenvolvimento orientada para os resultados
penho, o que leva a que esses indicadores sejam utilizados para determinar o pagamento de uma fracção
posterior variável do programa em causa. Há, por
conseguinte, uma fracção fixa que depende da
adopção de uma política macroeconómica sólida (existência de um programa do FMI) e uma fracção variável
que depende da avaliação do desempenho. No que se
refere à maior parte dos países, esta fracção variável
está dividida em duas parcelas: uma vinculada à gestão
satisfatória das finanças públicas (avaliada com base
em indicadores de desempenho) e a outra vinculada à
evolução do conjunto acordado de indicadores do
desempenho em comparação com os valores-alvos
fixados pelo Governo.
Os pagamentos baseiam-se numa combinação de indicadores de recursos, de resultados imediatos e de
resultados finais. Os indicadores mais frequentemente
utilizados são os seguintes:
Gestão das finanças públicas/gestão orçamental
❿ Percentagem do orçamento público efectivamente
utilizada pelas estruturas mais periféricas
❿ Dotações orçamentais afectadas aos sectores sociais
e despesas efectivas
❿ Diferença entre os custos unitários de aquisições
públicas e os preços de mercado
Saúde
❿ Utilização pelo público dos serviços de cuidados de
saúde primários
❿ Cobertura dos serviços de saúde pré-natal
❿ Taxas de imunização (DTP3, BCG e sarampo)
❿ Custo dos serviços básicos de assistência médica
organizações que representam os beneficiários ou
outros doadores. Poderá ser tomada a decisão de
suprimir um indicador, em caso de força maior ou em
circunstâncias excepcionais.
Aplica-se a todos os países o seguinte método:
❿ se o valor-alvo fixado para um indicador for atingido ou se forem feitos progressos consideráveis, o
país obtém 1 ponto;
❿ se o valor-alvo não for atingido mas forem observados progressos concretos, o país obtém 0,5 pontos;
❿ se o desenvolvimento for negativo, ou insuficientemente positivo, o país obtém 0 pontos;
o total dos pontos obtidos corresponde ao nível de
desempenho efectivo.
O cálculo do nível de pagamento efectuado com base
no nível de desempenho efectivo varia de um país
para outro. O valor da fracção variável ligada à
avaliação do desempenho é, em média, 22% do
montante total do orçamento do programa (do qual
38% e 62% estão ligados ao desempenho das finanças
públicas e dos sectores sociais, respectivamente).
10.2.2.4. Conclusão
Ainda não é possível avaliar, em termos de resultados, as
novas orientações em matéria de condicionalidade aplicáveis às ajudas orçamentais concedidas pela CE. No entanto,
está em curso uma revisão do processo e da metodologia.
Entretanto, levantam-se algumas questões importantes
que é necessário todos os doadores examinarem:
❿ se outros doadores atribuírem mais importância
aos indicadores de desempenho, os governos preocupar-se-ão mais com os resultados das suas políticas;
Educação
❿ Taxa líquida/bruta de matrícula (rapazes/raparigas)
no primeiro ano do ensino primário
❿ Percentagem de crianças que passam do ensino
primário para o ensino secundário
❿ Rácio médio alunos/professor
❿ a definição clara do ciclo do DERP, incluindo uma
matriz anual de medidas e a avaliação dos indicadores de desempenho, permitirá estabelecer uma
ligação mais estreita entre a ajuda concedida pelos
doadores e o processo do DERP;
❿ combinar a condicionalidade processual tradicional
com a avaliação baseada em resultados é uma
abordagem incoerente que se deve evitar.
❿ Rácio médio alunos/sala de aula
10.2.3. Rumo a seguir
❿ Rácio médio alunos/livros
❿ Custo do acesso ao ensino
cular/público) para a família
primário
(parti-
O processo de avaliação do desempenho baseado
nestes indicadores difere de um país para outro. É
sempre pedido aos Governos que apresentem uma
análise dos resultados alcançados e que indiquem
eventuais factores externos, a fim de permitir que a
avaliação do desempenho do país seja sólida, mas não
mecânica. A análise dos resultados da medição dos
indicadores conta com a participação dos ministros da
tutela do Governo em causa, da CE e, por vezes, de
Há duas questões fundamentais a considerar para que
a escolha de uma abordagem orientada para os resultados por parte da Comissão seja eficaz.
A primeira é a necessidade de aumentar o apoio ao
reforço dos sistemas nacionais de estatística. Trata-se
de um trabalho que poderá ser desenvolvido em colaboração com o Eurostat e que deve envolver uma
maior coordenação com outros doadores.
A segunda é assegurar uma maior colaboração com os
Estados-Membros e com outros doadores, tanto ao
187
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
nível da sede como ao nível de cada país. Isto implica
que se melhore a troca de informações e que se
chegue a acordo sobre uma abordagem comum e
ainda uma maior vontade de coordenar as actividades
de controlo e prestação de informação em torno dos
sistemas nacionais.
10.3. Resultados de projectos:
controlo baseado
em resultados
10.3.1. Antecedentes
Há muitas definições de controlo. Pode falar-se em
controlo de desempenhos, em controlo da gestão, ou,
simplesmente, em controlo de projectos. O controlo
deve ser sempre atempado, rápido e eficaz, a fim de
permitir que se obtenha informação com carácter
regular sobre os progressos realizados. O controlo é
um mecanismo regular de observação, que envolve a
elaboração e apresentação de relatórios sobre a
situação e avaliações analíticas da evolução do
projecto. Consiste, principalmente, em medir os resultados efectivamente alcançados em comparação com
os resultados planeados. Permite que sejam tomadas
decisões incisivas sobre o projecto, com vista a:
❿ efectuar ajustamentos com um mínimo de perturbações,
❿ assegurar que os projectos mantenham um bom
andamento e atinjam os seus objectivos.
O controlo da execução de projectos ou de quaisquer
outras actividades pode ser efectuado diária ou semanalmente, por exemplo, por um gestor de projecto que
necessite de formar uma boa ideia do desempenho do
projecto. Este tipo de controlo destina-se, principalmente, a fiscalizar a transformação de recursos em
resultados imediatos e é efectuado pela própria
direcção do projecto, sob a supervisão do seu organismo
ou autoridade responsável e pelas delegações da CE.
O sistema de controlo orientado para resultados
que se descreve a seguir avalia o desempenho do
projecto ou do programa, bem como as suas repercussões de carácter mais geral (sem analisar estas últimas
em profundidade). Este sistema permite à Comissão
obter pareceres independentes de peritos externos
sobre a sua a carteira de projectos. O sistema utilizado
nas regiões ALA/MED/ACP e dos Balcãs desde 2000
(que se descreve adiante) apresenta semelhanças com
o sistema utilizado nos NEI (Tacis) desde 1993, mas é
diferente deste último. Prevê-se que em 2002 se venha
a proceder à harmonização dos dois sistemas. A
adopção de uma abordagem única permitirá à
Comissão obter dados comparáveis para todas as
regiões a que presta ajuda externa.
Neste momento, o controlo da execução incumbe,
normalmente, à autoridade governamental e à delegação da CE. Além disso, também se procede ao
188
(1) Excluindo países do Tacis.
controlo dos projectos com base em resultados,
controlo este que está a cargo de uma equipa independente e é efectuado periodicamente.
10.3.2. Sistema de controlo orientado
para resultados aplicável a
projectos de desenvolvimento
(1) — Descrição
Em 2000, a Comissão concebeu um sistema aperfeiçoado de controlo orientado para resultados destinado
às regiões ALA/MED/ACP e dos Balcãs, que se baseia no
seu sistema de gestão do ciclo do projecto. Este sistema
foi testado e aperfeiçoado ao longo de 2001.
O principal objectivo é obter informação sobre os
resultados de projectos no terreno com vista à preparação de relatórios de progressos. O sistema destina-se
a permitir que as delegações e o serviço formem uma
ideia geral sobre o andamento do projecto no
sentido da obtenção de resultados. A sua finalidade não é, fundamentalmente, obter informação
destinada às autoridades responsáveis pelo projecto,
cuja gestão no dia-a-dia exige informação mais pormenorizada, embora, evidentemente, também possa ser
útil para essas autoridades, bem como para os ministérios e governos parceiros.
O sistema envolve três breves visitas ao local dos
projectos por parte de peritos externos experientes,
que preenchem fichas de pontuação seminormalizadas,
classificando a eficiência, eficácia, impacto, pertinência e sustentabilidade provável dos projectos e
programas. A fim de assegurar a consistência do si-stema, os cinco critérios referidos são minuciosamente
definidos em conformidade com a metodologia existente, e, depois, desagregados nas respectivas componentes, que o responsável pelo controlo tem de analisar
cuidadosamente antes de atribuir uma pontuação. Os
peritos externos que efectuam o controlo possuem
graus de conhecimentos e experiência sectoriais e
geográficos diversos. Trabalham em pequenas equipas,
e o seu trabalho baseia-se na análise de documentos e
em entrevistas com representantes de todos os intervenientes num determinado projecto, incluindo os beneficiários finais. São recolhidos dados fundamentais, como
o montante do orçamento do projecto, mas não se procede a qualquer auditoria ou controlo financeiro em
profundidade. Os relatórios, pareceres dos gestores de
tarefas e documentos de base do projecto são registados na base de dados central, que constitui uma ferramenta fundamental de gestão e informação.
É efectuado o controlo de projectos em curso
(iniciados há pelo menos seis meses e com mais seis
meses de duração) com uma determinada dimensão
mínima (aproximadamente 1 milhão de euros). No
final de 2001, haviam sido controlados cerca de 500
projectos num valor total de 4,7 mil milhões de euros,
nas regiões ALA/MED/ACP e dos Balcãs. Durante a fase
de concepção e ensaio, foi possível efectuar o controlo
de alguns projectos por duas vezes, o que significa que
foram elaborados mais de 500 relatórios sobre os
controlos efectuados.
Abordagem do desenvolvimento orientada para os resultados
10.3.3. Primeiras impressões sobre
a fase de concepção e ensaio
Concluída em Janeiro de 2002, a fase de concepção e
ensaio permitiu formar algumas primeiras impressões sobre aquilo que funciona e os aspectos que é
necessário melhorar. Essas impressões devem ser consideradas com prudência, já que a amostra de projectos
controlados foi relativamente pequena em comparação com o volume total da ajuda. Além disso, determinados instrumentos, como a ajuda orçamental, não
foram ainda objecto de controlo.
O desempenho dos projectos/programas varia
consoante a sua dimensão, região e sector. Uma
primeira conclusão geral foi que, em média, os
projectos avaliados estavam a avançar «conforme
planeado» ou um pouco melhor. Utilizou-se uma
escala de classificação do desempenho de 1-4, tendo
sido calculada uma classificação média não ponderada
de 2,5. As classificações médias dos vários atributos
variam entre 2,51 e 2,67.
recursos de que dispunham eram suficientes, mas, em
muitos casos, a concepção era insatisfatória. Os
projectos mais bem sucedidos caracterizavam-se por
uma referência clara ao contexto nacional e às necessidades e exigências das partes interessadas. O mau
desempenho nestas áreas estava associado à inexistência de um estudo adequado de identificação ou
avaliação de necessidades destinado a identificar claramente as circunstâncias e problemas dos beneficiários
do projecto.
Mali — Programme d’appui à la politique culturelle
du Mali (Programa de apoio à política cultural do
Mali) — 8 ACP MLI 14
Sector: cultura e lazer
O Mali, um dos países mais pobres do mundo, possui
um património cultural e um potencial turístico que
não estão a ser suficientemente promovidos e explorados. Este projecto destina-se a colmatar essa lacuna.
Pertinência e qualidade da concepção
Fizeram-se duas constatações principais:
❿ tal como era de prever, os projectos com objectivos
e estratégias bem definidos e claros tendem a
apresentar um melhor desempenho do que os
projectos sem objectivos e estratégias, ou cujos
objectivos e estratégias tenham sido insatisfatoriamente definidos;
❿ os projectos e programas têm mais probabilidade de
se revelar eficientes se existirem orientações comuns
em matéria de controlo da execução (informação
diária destinada à direcção do projecto e à delegação) e outros instrumentos básicos de gestão.
10.3.3.1. Primeiras impressões por critério
Na secção seguinte, as melhores práticas são destacadas nas caixas sombreadas.
Os cinco principais critérios em que se baseiam as
avaliações são a pertinência, a eficiência, a eficácia, o
impacte e a sustentabilidade.
Pertinência e concepção (classificação 2,57): os
projectos eram, de um modo geral, pertinentes e os
«O programa foi concebido em total conformidade
com a política do país para o sector em causa. Aceita
os desafios do plano de acção cultural, definindo
claramente os seus objectivos, finalidade e resultados
previstos. A estratégia de execução é realista e os
recursos afectados ao programa são suficientes. O
programa reconhece e incentiva a colaboração e sinergias com todos as outras iniciativas, sejam elas
internas, regionais ou lançadas por outros doadores.»
Eficiência (classificação 2,51): os projectos demonstraram, de um modo geral, ter capacidade para ir ao
encontro de novas necessidades e situações. No
entanto, uma das principais deficiências detectadas foi
a oportunidade das actividades. Os projectos mais bem
sucedidos dispunham de pessoal de gestão de elevada
qualidade e tiravam todo o partido de quadros
lógicos, planos de trabalho, outros calendários e
sistemas de controlo interno. Os projectos com pior
desempenho careciam do necessário pessoal de gestão
qualificado e estável, não utilizavam suficientemente
as ferramentas habituais de gestão de projectos, e a
coordenação com outros doadores e/ou subcontratantes ligados aos projectos revelava-se difícil. Verificou-se que os procedimentos da CE estavam na
origem de grandes atrasos ao nível da execução.
Classificações médias dos principais critérios por região (1)
Ásia
ACP
Classificação média por região
Balcãs
América Latina
Mediterrâneo
Classificação média
(todos os
projectos)
Pertinência
2,72
2,57
2,17
2,70
2,21
2,57
Eficiência
2,63
2,53
2,25
2,53
2,40
2,51
Eficácia
2,93
2,64
2,33
2,86
2,27
2,67
Impacte
2,83
2,59
2,33
2,71
2,25
2,59
Sustentabilidade
2,73
2,51
2,33
2,68
2,39
2,55
1
( ) Uma única série de controlos, não tendo sido efectuadas visitas para uma segunda série de controlos.
189
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
Bangladeche — Programa de educação BRAC
ALA/99/15
© Danish Management Monitoring team/F. Cerutti
Sector: política de saúde e gestão administrativa
Fiscalização de um programa de mobilidade para os utilizadores de cadeiras
de rodas na Tanzânia.
Índia — Gestão comunitária de recursos naturais —
ALA/93/33
Sector: desenvolvimento rural
A finalidade do projecto é contribuir para a redução da
degradação ambiental e criar oportunidades de gerar
rendimentos a nível local, através do desenvolvimento
da gestão comunitária participativa e de uma série de
microprojectos sociais. O projecto esteve na origem de
melhorias extraordinárias das condições económicas e
sociais das pequenas comunidades tribais.
A finalidade global do projecto é contribuir para a
atenuação da pobreza promovendo o acesso ao
ensino primário não tradicional por parte das crianças
que normalmente não estão integradas no sistema de
ensino tradicional. O projecto surge no seguimento de
uma fase anterior em que foram abertas em todo o
país escolas do ensino não tradicional abrangendo
mais de um milhão de crianças. Nesta fase, está a
dedicar-se especial atenção à necessidade de assegurar um programa de estudos completo e melhor
para o ensino primário.
Eficácia
«Os beneficiários visados têm acesso aos benefícios
do programa, mesmo quando vivem em zonas
remotas. Já se verifica um nível muito elevado de
participação por parte das comunidades e existe uma
excelente comunicação com os beneficiários visados.
O programa foi muito bem adaptado, de modo a assegurar que seja abrangido o maior número de beneficiários possível. Os próprios beneficiários têm
bastante consciência dos benefícios do projecto, e
uma prova disso é o facto de as famílias pobres preferirem as escolas do projecto, que obrigam ao pagamento de uma propina simbólica, às escolas do
sistema de ensino público, que são gratuitas.»
Impacto (classificação 2,59): os efeitos indirectos e
imprevistos tiveram, em muitos casos, uma classificação elevada. O bom desempenho nesta área esteve
frequentemente associado ao apoio ao reforço de
capacidades e à sensibilização, bem como aos bons
contactos com as populações locais. O impacto foi, por
vezes, menor nos casos em que se descuravam as questões transversais e as ligações potenciais com outros
projectos e programas.
Eficiência
«Um bom sistema de controlo de custos ajudou a
direcção do projecto a conseguir que o custo de cada
intervenção fosse bastante menor, o que permitiu
realizar muito mais microprojectos sem exceder o
orçamento. As intervenções realizadas no âmbito do
projecto foram bem planeadas e organizadas, e foram
executadas atempadamente. Isto traduziu-se numa
taxa de êxito elevada. Os funcionários dos projectos
são todos cidadãos nacionais, com um bom nível de
educação nas respectivas áreas e com grande entusiasmo pelos objectivos do projecto, o que se reflecte
na qualidade das actividades e dos resultados.»
190
Eficácia (classificação 2,67): os projectos bem sucedidos
eram aqueles em que havia uma boa participação e
empenhamento por parte dos beneficiários e uma boa
comunicação com estes. Por vezes foram identificados
efeitos secundários, que foram positivamente recebidos.
Os projectos com desempenho insatisfatório eram aqueles em que havia problemas ao nível da comunicação e
contacto com os beneficiários. As deficiências dos procedimentos da CE foram também apontadas como uma
das causas da reduzida eficácia dos projectos.
Honduras — Desarollo de la Educación en Comunidades Urbano-Marginales en Honduras (Desenvolvimento da educação nas comunidades urbanas marginais nas Honduras) — HND/B7-310/96/204
Sector: ensino primário
O projecto destina-se a ajudar as comunidades urbanas
marginalizadas a participarem mais activamente no
desenvolvimento democrático, social e económico do
país.
Impacto:
«O projecto irá ter, provavelmente, um impacto considerável nas comunidades visadas e contribuir para o
objectivo geral proposto. As comunidades estão a
desenvolver a sua própria capacidade de organização
e gestão das políticas locais, e admite-se que venham
a desempenhar um papel mais activo no desenvolvimento da sociedade civil e do país em si.»
Sustentabilidade (classificação 2,55): verificou-se, em
muitos casos, que a forma como as questões sociocul-
Abordagem do desenvolvimento orientada para os resultados
turais (incluindo as que se relacionavam com a igualdade entre os sexos), tecnológicas e ambientais
estavam a ser tratadas era boa ou muito boa, mas
foram detectadas fragilidades no que se refere a
aspectos financeiros e económicos. Os projectos
sustentáveis tendiam a ser aqueles em que havia uma
boa interacção com os decisores políticos, com vista a
assegurar níveis elevados de apoio político. O reforço
de capacidades foi considerável a vários níveis, indo ao
encontro de necessidades locais, e verificou-se um
elevado grau de participação na concepção do
projecto por parte dos beneficiários. As conclusões
sugerem que a sustentabilidade será menor se os
governos não prestarem um apoio político suficiente e
não assegurarem capacidades locais e recursos.
Tanzânia — Programa destinado a promover a
mobilidade dos utilizadores de cadeiras de rodas
em África — PVD/1999/284
Sector: apoio a ONG
O PNUD calcula que, em África, a produção local de
cadeiras de rodas satisfaz menos de 1% das necessidades existentes, e, segundo a Unesco, a percentagem
de pessoas que necessitam de uma cadeira de rodas e
efectivamente possuem uma é inferior a 2%. O
programa destina-se a preparar o currículo e material
didáctico a utilizar no primeiro curso jamais realizado
a nível mundial para formação de gestores de oficinas
de cadeiras de rodas. Além disso, será produzida a
nível local, no âmbito do projecto, uma gama de
protótipos de cadeiras de rodas para utilizar em
acções de formação na Tanzânia.
Sustentabilidade potencial
«Verifica-se um elevado nível de apoio político e ajuda
orçamental por parte das autoridades e de outras
partes interessadas. Estas últimas assumiram, sem
dúvida, a responsabilidade pela execução do projecto.
O projecto promove manifestamente a participação
das mulheres nas suas actividades. Por outro lado,
incentiva o desenvolvimento de capacidades e conhecimentos a nível local (formação específica, sistemas
de produção, distribuição e financiamento, reforço
institucional), o que irá decerto melhorar as condições
de vida dos beneficiários finais.»
experiência na área do planeamento e execução de
projectos;
❿ em comparações interregionais, as diferenças ao
nível da dimensão média dos projectos também
podem dar origem a diferenças de desempenho;
❿ a distribuição sectorial dos projectos também pode
estar na origem de diferenças de desempenho
quando se faz uma comparação inter-regional.
Ao efectuar-se a análise dos resultados de controlos ao
nível das regiões, o grau de agregação dos valores é
considerável. Por conseguinte, não é possível determinar as influências de factores isolados. Os factores
que dizem respeito a um país específico, como a força
da administração local de um projecto, a orientação
das políticas e da administração públicas para o desenvolvimento e a existência dos recursos humanos e da
infra-estrutura física/organizativa necessárias ao
planeamento e execução de projectos confundem-se
com outros factores como a força da gestão do
projecto por parte da CE, ou a carteira de projectos e
programas específicos relativos ao país em causa.
Por exemplo, se os projectos relativos ao sector X se
revelam particularmente difíceis de planear e executar
e se, na região Y, a maior parte dos projectos disserem
respeito a esse sector, então, a região Y poderá apresentar um desempenho particularmente baixo,
embora o factor responsável por esse nível de desempenho seja um determinado sector, e não a região.
Será necessário realizar outras análises antes de se
poder efectuar uma avaliação fundamentada do
impacte de factores regionais e de outra natureza ao
nível do desempenho dos projectos. Para isso, será
indispensável que se disponha de um conjunto muito
mais sólido de relatórios contendo dados estatísticos.
Esta dificuldade em atribuir determinados efeitos a
causas específicas é outra razão pela qual os resultados
da comparação inter-regional de níveis de desempenho dos projectos devem ser encarados com
prudência. Quando muito, a análise efectuada poderá
servir de orientação na preparação de estudos mais
aprofundados sobre a natureza do desempenho dos
projectos em regiões específicas.
10.3.4. Controlo nos países do Tacis
10.3.3.2. Primeiras impressões
por região (1)
Consideram-se cinco regiões: Ásia, países ACP (África,
Caraíbas e Pacífico), países dos Balcãs, América Latina e
região do Mediterrâneo.
São vários os factores que podem contribuir para as
diferenças observadas ao nível do desempenho entre
grupos regionais de projectos. Por exemplo:
❿ numa determinada região, os projectos poderão
ter sido concebidos e preparados mais cedo do que
noutras, isto é, numa altura em que havia menos
(1) Excluindo Tacis.
Desde 1993, a maioria dos projectos Tacis tem sido
objecto de controlos sistemáticos durante a execução,
e a metodologia adoptada para esse efeito, embora
diferente, apresenta semelhanças com a que foi definida para as regiões ALA/MED/ACP e dos Balcãs. Em
2001, as três equipas externas fundiram-se e procedeu-se à harmonização dos particularismos regionais. Em
2001, foram apresentados à Comissão e a outras partes
interessadas 856 relatórios sobre actividades de
controlo e 543 notas relativas a países ou sectores.
Segundo uma avaliação do desempenho dos projectos,
os resultados a nível global situaram-se entre
«normais/conforme as previsões» e «bons», verificando-se uma tendência para mais resultados «bons»
no caso de projectos concluídos em 2001.
191
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
OUTRAS
MEDIDAS
O valor e utilidade do sistema de controlo depende
da qualidade e coerência dos relatórios. É necessário
alargar o sistema de modo a abranger, tanto quanto
possível, todos os instrumentos de cooperação da
Comissão. Tal como se referiu no princípio desta
secção, a metodologia tem vindo a ser constantemente
aperfeiçoada com base nos ensinamentos da experiência, e pode ser desenvolvida ainda mais no que se
refere a outros instrumentos da cooperação para o
desenvolvimento além de projectos e programas,
nomeadamente abordagens sectoriais e ajudas orçamentais. No casos em que a utilização deste sistema de
controlo não seja vantajosa ou viável por razões
técnicas, poderá ser necessário um instrumento mais
apropriado destinado a permitir que a Comissão
cumpra cabalmente o seu dever de prestar contas.
O sistema foi alargado de modo a cobrir o maior
número possível de actividades em condições economicamente viáveis, e a gestão de contratos foi entregue
às direcções geográficas competentes. O desafio que
enfrentamos agora consiste não só em assegurar
serviços de elevada qualidade, mas também em assegurar que a coerência da metodologia se mantenha
(no caso do programa Tacis, é necessário conferir
coerência à metodologia).
Há várias questões que permanecem em aberto e que
terão de ser resolvidas a seu tempo, como, por
exemplo, o lugar que o controlo ocupa num serviço
externo desconcentrado. Existe, também, a intenção
firme de, ao fim de um período adequado, avaliar a
utilidade dos relatórios sobre as actividades de
controlo e a sua aplicação prática. Sugere-se que essa
avaliação seja efectuada ao fim de um período de dois
ou três anos de utilização do sistema.
192
10.4. Conclusão
Os resultados finais da Conferência de Monterrey
reflectem um amplo consenso sobre a eficácia da
ajuda, e combinam objectivos ambiciosos em termos
de mais ajuda, redução da dívida e das barreiras
comerciais, por um lado, e um maior destaque para
os resultados tendo em vista a redução da
pobreza, por outro lado.
Os novos conceitos e acordos que Monterrey actualmente simboliza representam desafios para a cooperação para o desenvolvimento e para as actividades de
controlo e avaliação orientadas para resultados.
Esses desafios serão aceites em todas as frentes, sejam
elas políticas ou operacionais, financeiras ou técnicas.
No presente capítulo examinam-se ferramentas
ambiciosas destinadas a permitir identificar e avaliar
melhor resultados concretos, de modo a permitir que
se preste contas sobre os esforços desenvolvidos
(gestão para obtenção de resultados), mas também de
modo a permitir que os esforços sejam orientados no
sentido de produzirem melhores resultados (gestão
com base em resultados).
Em termos metodológicos, deu-se já um primeiro
passo importante ao decidir-se proceder ao controlo
dos resultados que beneficiam a sociedade (objectivos
globais), bem como medir sistematicamente melhorias
ao nível da vida das pessoas (objectivos dos projectos).
É necessário mais trabalho — que já está previsto —
com vista a testar e melhorar as metodologias adoptadas e assegurar a coordenação com outros intervenientes na comunidade da ajuda ao desenvolvimento.
Este trabalho com vista a melhorar a eficácia da ajuda
está, também, a ser acompanhado e apoiado por
esforços no sentido de melhorar a gestão e avaliar
resultados ao nível estratégico, um aspecto já referido
no primeiro capítulo do presente relatório. Os esforços
no sentido de melhorar a programação ao nível de
cada país devem ser acompanhados de esforços destinados a gerir mais eficientemente as operações, com
vista à consecução dos principais objectivos do desenvolvimento (ver capítulo 2).
11. Quadros financeiros
Discriminação, por sector, da assistência pública ao desenvolvimento (APD) dos países
da parte I da lista do CAD financiada a partir do orçamento geral da Comissão e do
Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED) em 2001
Sector de destino
Montante das autorizações (em milhões de euros)
APD Total
Gerido pelo
EuropeAid
Gerido por
outras DG
Montante
%
Educação
243,91
4,1
232,32
Saúde
277,00
4,6
277,00
Políticas e programas para a população; saúde genésica
173,03
2,9
173,03
Abastecimento de água e saneamento
224,27
3,7
224,27
Governo e sociedade civil
427,93
7,1
276,93
151,00
Outras infra-estruturas sociais
503,61
8,4
348,19
3,40
1 849,75
30,9
1 531,74
165,99
200,16
3,3
200,16
91,37
1,5
91,37
Produção e abastecimento de energia
134,12
2,2
114,12
Serviços bancários e financeiros
158,42
2,6
158,42
Infra-estruturas e serviços sociais
Subtotal
11,59
Infra-estruturas e serviços económicos
Transportes e armazenagem
Comunicações
Serviços às empresas e outros
20,00
80,78
1,3
80,78
664,85
11,1
644,85
20,00
Agricultura, silvicultura e pesca
473,68
7,9
273,67
200,01
Indústria, extracção e construção
234,13
3,9
234,13
Subtotal
Sectores produtivos
Comércio e turismo
Subtotal
153,15
2,6
145,36
7,79
860,96
14,4
653,16
207,80
132,57
2,2
116,86
15,71
Multissectorial/horizontal
Protecção do ambiente
Mulheres e desenvolvimento
8,02
0,1
8,02
1 047,35
17,5
1 115,25
84,12
1 187,94
19,8
1 240,13
99,83
Assistência ao ajustamento estrutural com o Banco Mundial/FMI
243,14
4,1
243,14
Ajuda alimentar ao desenvolvimento/assistência segurança alimentar
211,17
3,5
206,66
Outros programas gerais e assistência em produtos de base
112,85
1,9
112,85
Subtotal
567,16
9,5
562,65
4,51
Subtotal
76,13
1,3
76,13
0,00
Subtotal
609,16
10,2
119,62
489,54
Subtotal
178,07
3,0
147,57
30,50
Total geral
5 994,02
100
4 975,85
1 018,17
Outros multissectoriais
Subtotal
Ajuda em produtos de base e programa geral de assistência
4,51
Acção relacionada com a dívida
Ajuda de emergência
Outros/não atribuído/não especificado
193
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
Discriminação, por rubrica orçamental, da ajuda externa financiada pelo orçamento
geral da Comissão em 2001
(Montante em milhões de euros)
Gerida pelo EuropeAid
Gerida por outras DG
Autorizações Pagamentos
Autorizações Pagamentos
Descrição
B7-01..
Pré-adesão — Sapard
540,00
30,53
540,00
30,53
B7-02..
Pré-adesão — ISPA
1 121,18
203,26
1 121,18
203,26
B7-03..
Pré-adesão – Phare
1 650,69
1 167,89
1 650,69
1 167,89
B7-04..
Prá-adesão – Malta e Chipre
26,30
2,53
26,30
2,53
B7-20..
Ajuda alimentar
461,39
483,86
B7-21..
Ajuda humanitária
522,99
561,08
522,99
561,08
B7-30..
Ásia
407,74
383,12
407,74
383,12
B7-31..
América Latina
300,20
151,94
300,20
151,94
B7-32..
África Austral
121,59
99,48
121,59
99,48
B7-4...
Mediterrâneo
808,84
477,01
761,84
471,93
47,00
5,08
B7-42..
Próximo e Médio Oriente
100,30
101,97
100,30
101,97
407,78
382,48
383,58
361,16
24,20
21,32
120,00
75,05
53,61
48,19
19,98
6,20
194,30
191,96
31,03
22,59
4 351,28
2 343,76
B7-51..
BERD
B7-52..
NEI e Mongólia — Tacis
461,39
483,86
7,43
B7-53
NEI e Mongólia/PECO
— Outras acções
7,43
40,00
40,65
40,00
40,00
B7-54..
Balcãs
824,98
920,02
704,98
844,97
B7-60..
Co-financiamento ONG
197,24
161,22
197,24
161,22
B7-6002
Cooperação descentralizada
5,06
3,52
5,06
3,52
B7-61..
Formação e sensibilização
da opinião pública
3,72
2,54
3,72
2,54
33,90
42,10
33,90
B7-620.
Ambiente/florestas tropicais
42,10
B7-6211
Fundo Mundial para a Saúde
60,00
B7-63..
Infra-estruturas e serviços sociais
26,75
B7-6510
Coordenação/avaliação/inspecção
9,92
8,59
9,92
8,59
B7-6610
Minas antipessoal
12,00
4,07
12,00
4,07
B7-66..
Outras acções específicas
55,87
70,30
2,26
22,11
B7-6710
Operações de intervenção rápida
19,98
6,20
B7-70..
Democracia e direitos do Homem
104,72
54,06
B7-80..
Acordos internacionais de pesca
194,30
191,96
B7-8710
Bananas ACP
43,50
16,86
B7-8...
Outros capítulos externos
da política comunitária
32,94
25,14
1,91
2,55
B8-0…
PESC
32,67
29,50
32,67
29,50
8 174,75
5 632,3
3 823,47
3 288,54
Total título B7-B8
194
Total
Autorizações Pagamentos
Artigo
0,65
60,00
11,19
26,75
11,19
104,72
54,06
43,50
16,86
Quadros financeiros
Discriminação por instrumento de assistência ao desenvolvimento financiado
pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED) em 2001
Montante em milhões de euros
Instrumento
Total
Gerido pelo EuropeAid
Gerido por outras DG
Autorizações Pagamentos
Autorizações Pagamentos
Autorizações Pagamentos
Ajuda programada
869,94
752,52
869,94
752,52
Ajustamento estrutural
215,46
303,76
215,46
303,76
Capital de risco
383,47
183,46
383,47
183,46
Bonificação de juros
16,33
15,57
16,33
15,57
Ajuda de urgência
11,90
30,48
11,90
30,48
Ajuda aos refugiados
41,14
7,95
41,14
7,95
Sysmin
-0,28
48,18
-0,28
48,18
Stabex
353,22
353,22
PPAE
350,00
350,00
Outros
16,20
22,72
16,20
22,72
Total FED
1 554,16
2 067,86
1 554,16
2 067,86
0,00
0,00
Total geral orçamento + FED
9 728,91
7 700,16
5 377,63
5 356,4
4 351,28
2 343,76
195
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
Discriminação por país/região da ajuda externa financiada pelo orçamento geral
da Comissão e pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED) em 2001
País/Região
Total em milhões de euros
Gerido pelo EuropeAid
Gerido por outras DG
Autorizações Pagamentos
Autorizações Pagamentos
Autorizações Pagamentos
Parte I — Assistência pública ao desenvolvimento dos países e territórios em desenvolvimento
Europa — Total
Albânia
Bósnia-Herzegovina
1 192,71
907,36
949,00
305,39
243,71
41,45
61,47
36,45
57,30
5,00
4,17
141,99
168,61
136,24
152,74
5,75
15,87
Croácia
60,61
14,40
60,61
14,40
0,00
0,00
Antiga Rep. jug. da Macedónia
83,84
48,92
57,20
27,69
26,64
21,23
8,14
3,98
0,64
0,44
7,50
3,54
Malta
Moldávia
20,95
5,18
20,17
4,18
0,78
1,00
Eslovénia
52,22
51,07
0,00
0,00
52,22
51,07
Turquia
203,00
91,33
156,00
86,62
47,00
4,71
República Federativa da Jugoslávia
548,89
686,37
388,39
595,81
160,50
90,56
Estados da ex-Jugoslávia não especificados
Europa — Não atribuída
África — Total
Norte do Sara — Total
Argélia
Egipto
0,00
51,59
0,00
0,03
0,00
51,56
51,66
9,79
51,66
9,79
0,00
0,00
2 038,11
2 261,32
1 730,97
1 947,83
307,14
313,49
319,07
246,80
302,74
229,61
16,33
17,19
79,37
23,64
63,04
6,45
16,33
17,19
1,79
88,16
1,79
88,16
0,00
0,00
122,42
60,80
122,42
60,80
0,00
0,00
Tunísia
91,60
74,19
91,60
74,19
0,00
0,00
Norte do Sara — Não atribuída
23,89
0,01
23,89
0,01
0,00
0,00
Marrocos
Sul do Sara — Total
1 719,04
2 014,52
1 428,23
1 718,22
290,81
296,30
Angola
68,25
67,69
31,27
27,83
36,98
39,86
Benim
11,89
49,28
11,89
49,28
0,00
0,00
1,99
4,87
1,99
4,87
0,00
0,00
Burquina Faso
29,32
42,00
29,32
42,00
0,00
0,00
Burundi
20,73
70,60
0,73
56,26
20,00
14,34
Camarões
66,80
46,66
66,80
46,66
0,00
0,00
1,05
3,08
1,05
3,07
0,00
0,01
Botsuana
Cabo Verde
República Centro-Africana
–1,47
17,42
–1,47
17,42
0,00
0,00
Chade
40,88
42,49
40,88
42,21
0,00
0,28
Comores
2,02
4,38
1,67
2,46
0,35
1,92
Congo, República Democrática
54,56
49,13
19,56
20,05
35,00
29,08
Congo, República
–8,20
3,66
–8,20
2,49
0,00
1,17
0,57
7,62
0,57
7,62
0,00
0,00
Jibuti
Guiné Equatorial
3,09
3,23
3,09
3,23
0,00
0,00
Eritreia
24,78
26,20
24,78
23,92
0,00
2,28
Etiópia
69,46
116,36
62,76
105,56
6,70
10,80
Gabão
16,35
20,32
16,35
19,99
0,00
0,33
Gâmbia
196
1 212,75
5,46
5,13
5,46
5,13
0,00
0,00
Gana
51,20
27,22
51,20
27,22
0,00
0,00
Guiné Equatorial
56,21
23,56
48,38
17,23
7,83
6,33
Quadros financeiros
País/Região
Total em milhões de euros
Gerido pelo EuropeAid
Gerido por outras DG
Autorizações Pagamentos
Autorizações Pagamentos
Autorizações Pagamentos
Guiné-Bissau
22,45
20,19
5,95
7,85
16,50
12,34
Costa do Marfim
14,06
91,13
12,52
89,89
1,54
1,24
Quénia
13,95
90,44
10,95
88,60
3,00
1,84
Lesoto
22,64
10,33
22,64
10,33
0,00
0,00
Libéria
24,94
9,85
24,94
9,85
0,00
0,00
Madagáscar
82,17
64,91
80,44
62,86
1,73
2,05
Malavi
43,70
78,39
43,70
78,39
0,00
0,00
Mali
58,90
45,63
58,90
45,63
0,00
0,00
119,44
130,32
33,44
44,16
86,00
86,16
Maurícia
5,41
9,25
5,20
9,03
0,21
0,22
Mayotte
0,45
1,51
0,45
1,51
0,00
0,00
Mauritânia
Moçambique
67,76
72,55
65,76
69,04
2,00
3,51
Namíbia
16,51
21,44
16,51
21,40
0,00
0,04
Níger
13,91
44,43
13,91
44,08
0,00
0,35
Nigéria
66,96
26,72
66,96
26,72
0,00
0,00
Ruanda
2,89
50,51
2,89
50,36
0,00
0,15
–0,08
0,00
–0,08
0,00
0,00
0,00
2,07
5,74
1,75
5,42
0,32
0,32
Senegal
28,59
34,98
20,59
26,97
8,00
8,01
Seicheles
2,26
4,99
–0,04
0,93
2,30
4,06
14,87
45,56
3,87
33,66
11,00
11,90
5,56
27,86
3,86
22,54
1,70
5,32
133,18
110,78
133,18
110,78
0,00
0,00
21,81
25,44
4,81
9,49
17,00
15,95
0,77
12,89
0,77
12,89
0,00
0,00
166,41
113,73
134,26
88,45
32,15
25,28
1,64
5,41
1,64
5,41
0,00
0,00
Uganda
70,00
77,01
70,00
76,60
0,00
0,41
Zâmbia
59,61
58,04
59,61
57,91
0,00
0,13
Zimbabué
33,69
20,52
33,19
20,27
0,50
0,25
Sul do Sara — Não atribuída
87,58
73,07
87,58
62,70
0,00
10,37
656,90
424,61
613,12
387,89
43,78
36,72
373,01
248,60
349,14
227,48
23,87
21,12
Anguila
–0,01
0,10
–0,01
0,10
0,00
0,00
Antígua e Barbuda
–0,13
0,19
–0,13
0,19
0,00
0,00
Barbados
6,51
0,48
6,51
0,48
0,00
0,00
Belize
6,53
7,12
6,03
6,87
0,50
0,25
Santa Helena
São Tomé e Príncipe
Serra Leoa
Somália
África do Sul
Sudão
Suazilândia
Tanzânia
Togo
América — Total
Norte e Central — Total
Costa Rica
9,60
1,41
9,60
1,41
0,00
0,00
Cuba
19,11
13,40
10,85
5,88
8,26
7,52
Dominica
11,86
5,99
11,86
5,99
0,00
0,00
República Dominicana
20,98
15,35
20,76
15,13
0,22
0,22
Salvador
55,32
17,75
45,32
10,60
10,00
7,15
Granada
0,50
0,37
0,50
0,37
0,00
0,00
Guatemala
29,67
22,63
28,90
22,43
0,77
0,20
Haiti
13,19
18,46
13,19
18,41
0,00
0,05
7,73
16,42
6,70
15,04
1,03
1,38
29,43
48,79
29,17
48,79
0,26
0,00
Honduras
Jamaica
197
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
País/Região
Gerido pelo EuropeAid
Gerido por outras DG
Autorizações Pagamentos
Autorizações Pagamentos
Autorizações Pagamentos
México
4,85
4,58
3,05
3,62
1,80
0,96
Monserrate
0,00
0,19
0,00
0,19
0,00
0,00
45,07
34,85
44,04
33,73
1,03
1,12
9,32
3,32
9,32
3,32
0,00
0,00
Nicarágua
Panamá
São Cristóvão e Nevis
0,00
4,11
0,00
4,11
0,00
0,00
12,03
18,27
12,03
18,27
0,00
0,00
S. Vicente e Granadinas
6,38
4,13
6,38
4,13
0,00
0,00
Trindade e Tobago
0,41
1,06
0,41
1,06
0,00
0,00
Ilhas Turcas e Caicos
3,00
0,22
3,00
0,22
0,00
0,00
Santa Lúcia
América do Norte e Central — Não atribuída
Sul — Total
81,66
9,41
81,66
7,14
0,00
2,27
195,56
140,48
175,65
124,88
19,91
15,60
Argentina
1,15
8,69
1,15
8,69
0,00
0,00
Bolívia
9,75
29,83
8,68
29,14
1,07
0,69
Brasil
6,40
17,12
6,40
16,69
0,00
0,43
Chile
3,27
8,77
3,27
8,77
0,00
0,00
Colômbia
54,86
17,52
41,54
8,62
13,32
8,90
Equador
22,86
6,36
22,23
5,59
0,63
0,77
Guiana
21,36
10,16
21,36
10,12
0,00
0,04
Paraguai
2,23
8,94
1,25
8,31
0,98
0,63
Peru
13,04
23,88
9,40
21,32
3,64
2,56
Suriname
16,72
1,73
16,72
1,73
0,00
0,00
1,61
2,18
1,61
2,18
0,00
0,00
38,29
5,30
38,02
3,72
0,27
1,58
4,02
0,00
4,02
0,00
0,00
0,00
88,33
35,53
88,33
35,53
0,00
0,00
Ásia — Total
955,66
870,13
746,95
686,33
208,71
183,80
Médio Oriente — Total
188,09
182,90
155,31
157,57
32,78
25,33
2,65
1,73
2,65
1,73
0,00
0,00
Iraque
12,89
12,70
0,01
0,15
12,88
12,55
Jordânia
20,83
20,15
20,83
19,65
0,00
0,50
1,34
Uruguai
Venezuela
América do Sul — Não atribuída
América — Não especificada
Irão
Líbano
5,83
9,69
5,83
8,35
0,00
86,58
123,41
68,57
114,81
18,01
8,60
8,11
6,40
8,11
5,94
0,00
0,46
Íemen
18,25
8,56
16,36
6,89
1,89
1,67
Médio Oriente — Não atribuída
32,95
0,26
32,95
0,05
0,00
0,21
Territórios sob administração palestiniana
Síria
Ásia do Sul e Central — Total
466,67
409,96
341,70
310,51
124,97
99,45
Afeganistão
86,01
51,13
29,43
16,95
56,58
34,18
Arménia
17,80
11,35
10,20
9,78
7,60
1,57
1,60
14,27
1,60
12,79
0,00
1,48
106,70
82,55
106,06
80,95
0,64
1,60
0,00
1,78
0,00
1,78
0,00
0,00
42,35
26,21
29,80
18,21
12,55
8,00
Azerbaijão
Bangladeche
Butão
Geórgia
Índia
198
Total em milhões de euros
110,85
83,98
95,06
67,77
15,79
16,21
Cazaquistão
14,40
4,92
14,40
4,92
0,00
0,00
Quirguizistão
19,30
12,55
19,30
12,37
0,00
0,18
Maldivas
0,00
0,06
0,00
0,06
0,00
0,00
Birmânia
3,98
4,29
1,99
2,75
1,99
1,54
Quadros financeiros
País/Região
Nepal
Paquistão
Sri Lanca
Total em milhões de euros
Gerido pelo EuropeAid
Gerido por outras DG
Autorizações Pagamentos
Autorizações Pagamentos
Autorizações Pagamentos
7,44
12,40
4,75
10,71
2,69
1,69
32,61
50,23
26,90
50,03
5,71
0,20
4,38
7,90
1,96
6,26
2,42
1,64
19,25
32,25
0,25
5,43
19,00
26,82
Turquemenistão
0,00
2,93
0,00
2,93
0,00
0,00
Usbequistão
0,00
6,82
0,00
6,82
0,00
0,00
Ásia do Sul e Central — Não atribuída
0,00
4,34
0,00
0,00
0,00
4,34
217,23
230,82
166,27
171,80
50,96
59,02
18,60
27,01
13,70
23,47
4,90
3,54
Tajiquistão
Extremo Oriente — Total
Camboja
China
46,27
26,39
44,12
24,03
2,15
2,36
Timor-Leste
41,94
30,70
30,82
30,70
11,12
0,00
Indonésia
34,13
31,68
32,23
11,51
1,90
20,17
Coreia do Norte
43,55
45,04
20,18
21,44
23,37
23,60
Laos
1,66
9,24
1,66
9,11
0,00
0,13
Malásia
0,00
0,41
0,00
0,41
0,00
0,00
Mongólia
1,03
4,08
0,00
2,42
1,03
1,66
Filipinas
7,44
21,25
5,98
19,51
1,46
1,74
Tailândia
6,53
10,88
2,03
6,01
4,50
4,87
Vietname
15,66
23,73
15,13
23,19
0,53
0,54
0,42
0,41
0,42
0,00
0,00
0,41
Ásia — Não especificada
Extremo Oriente — Não atribuída
83,67
46,45
83,67
46,45
0,00
0,00
Oceânia — Total
65,82
68,96
65,74
68,96
0,08
0,00
Ilhas Cook
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Ilhas Fiji
10,71
0,94
10,63
0,94
0,08
0,00
Quiribati
6,60
0,41
6,60
0,41
0,00
0,00
Ilhas Marshall
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Est. Fed. da Micronésia
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Nauru
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Niue
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Palau
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
–0,18
13,81
–0,18
13,81
0,00
0,00
Samoa
3,08
11,35
3,08
11,35
0,00
0,00
Ilhas Salomão
0,22
35,43
0,22
35,43
0,00
0,00
Tonga
6,25
0,24
6,25
0,24
0,00
0,00
Tuvalu
0,00
1,42
0,00
1,42
0,00
0,00
Vanuatu
2,96
4,96
2,96
4,96
0,00
0,00
3,92
0,00
3,92
0,00
0,00
0,00
32,26
0,40
32,26
0,40
0,00
0,00
Papuásia-Nova Guiné
Wallis e Futuna
Oceânia — Não atribuída
199
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
País/Região
Gerido pelo EuropeAid
Gerido por outras DG
Autorizações Pagamentos
Autorizações Pagamentos
Autorizações Pagamentos
PMD — Não especificada
857,53
578,07
704,46
433,86
153,07
144,21
Ajuda multilateral
207,25
495,96
207,25
495,96
0,00
0,00
UNRWA
57,25
54,58
57,25
54,58
0,00
0,00
PAM
90,00
91,38
90,00
91,38
0,00
0,00
PPAE
0,00
350,00
0,00
350,00
0,00
0,00
GHF
60,00
0,00
60,00
0,00
0,00
0,00
5 994,02
5 891,76
4 975,85
4 969,83
1 018,17
921,93
Parte I (APD) — Total
200
Total em milhões de euros
Quadros financeiros
País/Região
Total em milhões de euros
Gerido pelo EuropeAid
Gerido por outras DG
Autorizações Pagamentos
Autorizações Pagamentos
Autorizações Pagamentos
Parte II — Países e territórios em transição — Ajuda pública (AP)
Países em desenvolvimento mais avançados
Aruba
Baamas
42,59
47,22
11,84
17,26
30,75
29,96
0,50
0,29
0,50
0,29
0,00
0,00
–1,03
0,84
–1,03
0,84
0,00
0,00
Bermudas
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Brunei
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Ilhas Caimão
0,10
0,00
0,10
0,00
0,00
0,00
Taiwan
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Chipre
18,80
3,58
0,00
0,00
18,80
3,58
Malvinas
Polinésia Francesa
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
–0,01
6,16
–0,01
6,16
0,00
0,00
Gibraltar
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Hong Kong, China
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
15,01
29,91
3,06
3,53
11,95
26,38
Coreia do Norte
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Koweit
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Líbia
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Macau
0,00
0,10
0,00
0,10
0,00
0,00
–0,20
4,84
–0,20
4,84
0,00
0,00
Nova Caledónia
9,46
0,27
9,46
0,27
0,00
0,00
Marianas do Norte
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Catar
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Singapura
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Israel
Antilhas Neerlandesas
Emirados Árabes Unidos
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
–0,04
1,23
–0,04
1,23
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
3 692,30
1 761,18
389,94
369,31
3.302,36
1 391,87
1,12
3,57
0,92
3,38
0,20
0,19
Bulgária
348,45
155,27
1,07
0,13
347,38
155,14
República Checa
178,06
89,33
0,38
0,70
177,68
88,63
Ilhas Virgens Britânicas
PTDMA — Não atribuída
PECO/NEI
Bielorrússia
Estónia
70,15
30,53
0,00
0,09
70,15
30,44
Hungria
242,18
185,90
0,53
0,00
241,65
185,90
Letónia
117,14
53,76
0,00
0,00
117,14
53,76
Lituânia
186,10
68,33
0,00
0,16
186,10
68,17
Polónia
1 049,82
315,85
0,28
0,04
1 049,54
315,81
Roménia
691,91
243,89
0,00
0,80
691,91
243,09
Rússia
152,65
109,37
112,30
84,84
40,35
24,53
República Eslovaca
148,58
66,17
0,00
0,13
148,58
66,04
Ucrânia
109,83
108,70
108,91
107,31
0,92
1,39
136,07
PECO — Não atribuída
230,56
136,07
0,00
0,00
230,56
NEI — Não atribuída
165,12
178,76
164,92
171,73
0,20
7,03
0,63
15,68
0,63
0,00
0,00
15,68
Parte II (AP) — Total
3 734,89
1 808,40
401,78
386,57
3 333,11
1 421,83
Total geral partes I e II (APD+AP)
9 728,91
7 700,16
5 377,63
5 356,40
4 351,28
2 343,76
PECO/NEI — Não atribuída
201
12. Anexos
© CE
Estas páginas cobrem uma
série de actividades
empreendidas em 2001, no
contexto da reforma da CE
descrita no capítulo 1.
O primeiro ponto fornece
informações sobre a
evolução do processo de
harmonização dos
procedimentos contratuais
e financeiros. O segundo
fornece uma panorâmica do
atraso financeiro em
31 de Dezembro de 2000 e
dos progressos na
recuperação deste atraso.
Os pontos seguintes
abordam outras actividades
importantes relacionadas
com a reforma, como, por
exemplo, as auditorias, a
Unidade de Inovação da
EuropeAid, as relações da
CE com outros importantes
doadores internacionais e as
medidas tomadas para
aumentar a transparência e
a visibilidade.
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
12.1. Harmonização
dos procedimentos
contratuais e financeiros
Em 2001, verificou-se uma nova evolução significativa
no que diz respeito à harmonização dos procedimentos contratuais e financeiros.
O Serviço de Cooperação EuropeAid aplicou o Guia prático para os procedimentos contratuais no âmbito da
ajuda externa da CE nos programas de cooperação e em
vários países beneficiários, dentro da sua área de competências. Para tal, foi necessário realizar sessões de
formação em Bruxelas e nas delegações da Comissão (ver
dados infra). O Guia explica, nomeadamente, de que
forma a gestão dos projectos nos países beneficiários
deve ser transferida no contexto da desconcentração.
O Guia Financeiro do Serviço de Cooperação EuropeAid,
aplicável às acções externas financiadas a partir do orçamento geral das Comunidades Europeias, e a versão
actualizada do Guia Financeiro aplicável às acções
financiadas pelo 7.º e 8.º FED ficaram concluídos em
Dezembro de 2001. Estes guias, que podem ser consultados na Intranet do EuropeAid, explicam e documentam os procedimentos financeiros vigentes. São
pormenorizadamente descritos os novos circuitos financeiros para autorizações, contratos, pagamentos, recuperações e encerramento de autorizações relativas às
acções financiadas a partir do orçamento geral, que foram definidos e aprovados pela direcção do serviço em
Junho e Novembro de 2001. Por último, ambos os guias
têm em conta a nova divisão de deveres, poderes e
responsabilidades entre a sede e as delegações, no âmbito do processo de desconcentração.
Em 8 de Novembro de 2001, a Comissão e o Banco
Mundial assinaram um acordo-quadro para efeitos da
criação de um fundo fiduciário e de co-financiamento.
Este acordo-quadro inclui modelos de contratos, a
utilizar sempre que a Comissão contribua para fundos
fiduciários constituídos por um único ou por vários
doadores. A cooperação entre a Comissão e o Banco
Mundial será, a partir de agora, mais regular. O Serviço
de Cooperação EuropeAid assinou igualmente, em
nome da Comissão, um acordo com a ONU relativo às
regras de aplicação do acordo sobre a cláusula de verificação de 1994. Durante muito tempo, esta questão
dificultou as relações entre a CE e a ONU. Graças a este
acordo, as partes encetaram uma profunda revisão do
acordo-quadro CE-ONU de 1999, com vista a adaptá-lo
à sólida parceria que pretendem construir.
FORMAÇÃO
Em 2001, o Serviço de Cooperação EuropeAid desenvolveu as seguintes actividades de formação específica:
❿ Guia prático para os procedimentos contratuais no
âmbito da ajuda externa da CE;
❿ Bruxelas: oito sessões para um total de 260 pessoas;
❿ Delegações: três missões num total de 124 pessoas;
204
❿ Execução financeira;
❿ Bruxelas: quatro sessões para um total de 100
pessoas.
OUTROS
DADOS
Em 2001, o Serviço de Cooperação
executou (orçamento e FED):
EuropeAid
❿ mais de 26 000 pagamentos, num total de 5 200
milhões de euros;
❿ mais de 1 600 autorizações, num total de 5 600
milhões de euros .
Dados relativos ao sítio web do Serviço de Cooperação
EuropeAid em 2001:
❿ em 2001, na rubrica «Tenders & Grants» (concursos
e subvenções), foram publicados 3 270 documentos
(891 anúncios de concursos ou convites à apresentação de propostas);
❿ mais de 4 milhões de visitas mensais;
❿ mais de 700 000 páginas html descarregadas por
mês.
12.2. Ajuda externa
e pagamentos em atraso
(RAL)
«RAL» são os montantes autorizados que ainda não
foram pagos. A abreviatura decorre da expressão francesa «reste à liquider», isto é, «ainda por pagar». Constitui a soma dos montantes autorizados nos exercícios
orçamentais anteriores, subtraída dos montantes
pagos ou anulados.
A existência de RAL é resultado dos conceitos orçamentais consagrados no Regulamento Financeiro, cujo
n.º 4 do artigo 1.º prevê dois tipos de dotações para
acções cuja execução se prolonga por mais do que um
exercício orçamental:
❿ dotações para autorizações, que fixam limites
anuais para as autorizações a terceiros,
❿ dotações para pagamentos, que se destinam a
cobrir os pagamentos a efectuar a terceiros
durante um dado exercício.
Uma parte do RAL é legítima, na medida em que as
autorizações são efectuadas prevendo pagamentos a
realizar no futuro. A Comissão utiliza os termos
«velhas» e «pendentes» para descrever as autorizações
cujo pagamento está, efectivamente, atrasado. As
autorizações velhas são autorizações com mais de
cinco anos, enquanto as autorizações pendentes são
autorizações em relação às quais nada foi feito nos
últimos dois anos.
A redução do RAL era já uma prioridade antes da
criação do Serviço de Cooperação EuropeAid. Todas as
autorizações velhas e pendentes estão a ser revistas,
Anexos
processo que se prolongou ao longo de todo o ano de
2001, ao mesmo tempo que está a ser acompanhado o
seu nível na carteira geral.
Considerando as autorizações anuladas (219) e as
autorizações já analisadas ou em análise (283), foram
tomadas medidas em relação a 96% das autorizações de 1995 acrescentadas ao exercício de
análise em 2001.
12.2.1. Autorizações velhas
Em 2001, as autorizações de 1995 vieram acrescentar-se às autorizações velhas.
12.2.1.3. Perspectivas para as
autorizações ainda em aberto
(anteriores a 1995 e de 1995)
12.2.1.1. Anteriores a 1995
❿ Em Novembro de 1999, foi feito um primeiro
inventário das rubricas orçamentais que cobrem a
assistência externa, no capítulo IV do orçamento
(que abrange a Ásia, a América Latina, os países
mediterrânicos, os Balcãs e a Europa Central e
Oriental).
❿ O RAL diminuiu em 60%, de 1 092,34 milhões de
euros para 429,7 milhões de euros. Esta redução
resulta tanto de pagamentos efectuados (301,85
milhões de euros) como de anulações (360,80
milhões de euros). O número de autorizações orçamentais com saldos por liquidar diminuiu em 67%,
de 1 662 para 548. Desde o inventário inicial,
foram encerradas no sistema contabilístico
1 114 autorizações orçamentais anteriores a
1995 (no final de 2001, não havia saldos por
liquidar), em consequência do seu pagamento integral e/ou da sua anulação; o respectivo RAL era, no
ponto de referência inicial, de 251 milhões de euros.
❿ Tendo em conta as autorizações já anuladas (1 114)
e as já analisadas ou em processo de análise (536),
no final de 2001 haviam sido tomadas
medidas relativamente a 99,2% das autorizações velhas a examinar inicialmente.
12.2.1.2. Ano de 1995
Em 2001, foram adicionadas ao sistema de análise
sistemática as autorizações de 1995. Durante o ano
passado:
❿ o volume financeiro do RAL diminuiu 31%, de
656,8 milhões de euros para 456 milhões de euros;
❿ o número de autorizações orçamentais com saldos
por liquidar diminuiu em 42%, de 524 para 305.
Em 2001, foram encerradas no sistema contabilístico 219 autorizações orçamentais de 1995 (no
final de 2001, não havia saldos por liquidar), em consequência do seu pagamento integral e/ou da sua
anulação; o respectivo RAL era, no início de 2001, de
43,3 milhões de euros.
A redução do RAL relativo ao exercício orçamental de
1995 em 200,8 milhões de euros decorre tanto de
pagamentos (106,3 milhões de euros) como de anulações (94,59 milhões de euros).
CONSIDERADAS
EM CURSO
❿ De acordo com os dados comunicados, 97 autorizações orçamentais anteriores a 1995 estão relacionadas com projectos em curso, com obrigações
subjacentes juridicamente vinculativas. Estas autorizações representam 313,23 milhões de euros, ou
seja, 73% do RAL no final do ano. 39 autorizações,
num montante de 131 milhões de euros, deverão
ser objecto de prorrogações; a quase totalidade
destas autorizações prende-se com intervenções na
Ásia e no Mediterrâneo. As decisões de prorrogação foram tomadas numa base casuística. Alguns
projectos sofreram importantes atrasos iniciais, mas
estão agora a avançar, a fim de corresponder às
expectativas suscitadas nos países parceiros. Alguns
voltaram a ser lançados com base em novas
análises.
❿ Em relação a 1995, a proporção de RAL ainda em
aberto permanece elevada: 87 autorizações, que
correspondem a um RAL de 352 milhões de euros
(77%).
PROCESSOS
A ENCERRAR
A maior parte das autorizações anteriores a 1995 (que
representam apenas uma pequena proporção do RAL)
foi considerada não respeitante a projectos em curso e
está a ser encerrada. O mesmo se aplica às de 1995
(180 autorizações, para um RAL de 82,6 milhões de
euros), devendo ser encerrados os processos relativos a
449 autorizações anteriores a 1996. No primeiro
semestre de 2002, será conferida prioridade a esta
tarefa. Algumas destas autorizações, no valor de um
milhão de euros (63 autorizações anteriores a 1995 e 8
de 1995), foram já anuladas.
12.2.1.4. Evolução das autorizações
velhas 1999-2001
O quadro seguinte apresenta a evolução, nos últimos
dois anos, das autorizações pendentes que serão consideradas «velhas» em 2002. O quadro coloca em
evidência os esforços persistentes dos serviços responsáveis pela gestão no sentido de encerrar um número
importante de autorizações, mesmo antes da sua
entrada na categoria de «velhas», no âmbito dos
procedimentos normais de gestão.
205
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
Só EuropeAid
Anterior
a 1995
N.º de
autorizações
RAL (milhões)
de euros
23
Nov.
1999
1 663
31
dez.
1999
1 497
1 092,65 1 015,44
31
dez.
2000
31
dez.
2001
841
548
741,02
429,7
Exercício
N.º de
orçamental autorizações
de 1995
RAL (milhões
de euros )
761
524
305
936,74
656,87
455,98
Exercício
N.º de
orçamental autorizações
de 1996
RAL (milhões
de euros )
1 109
776
509
1 249,23
928,25
685,98
Total
velhas
N.º de
autorizações
RAL (milhões
de euros)
1 663
1 497
1 365
1 362
1 092,65 1 015,44 1 397,89 1 571,66
(+37%) (+12%)
12.2.2. Autorizações pendentes
Os dados finais relativos a 2001 revelam a existência de
um total de 1 482 autorizações orçamentais pendentes
no sistema contabilístico, que correspondem a um
montante pendente de 1 319 milhões de euros, o que
constitui um progresso em relação à situação no final
de 2000 (diminuição de 15% no RAL e diminuição de
20% no número total de autorizações pendentes). A
ligeira deterioração observada no final de 2000 foi,
pois, contrariada, como se pode inferir do quadro
seguinte, que mostra a evolução no período 19992001.
Pendentes
Final
de 1999
Final
de 2000
Final
de 2001
Número de autorizações
2 223
1 932
1 482
Não «velhas»
1 180
1 055
735
RAL total (em milhões de euros)
1 537
1 558
1 319
Não «velhas»
1 314
1 350
1 029
NB: «Não velhas» para 1999 = 1995, 1996 e 1997; para 2000 = 1996,
1997 e 1998; para 2001 = 1997, 1998 e 1999.
Importa notar que o número de autorizações não é
igual ao do início de 2001: grande parte das autorizações então em aberto deixaram de estar pendentes.
Entretanto, novas autorizações entraram nesta categoria. Na realidade, se considerarmos apenas a
evolução das autorizações pendentes no início de
2001, verificamos que se registou uma diminuição
substancial: 815 milhões de euros. Contudo, esta
redução foi parcialmente anulada pela adição de autorizações do exercício orçamental de 1999 que ainda
não foram movimentadas: 576 milhões de euros. Deste
modo, a redução líquida do RAL das autorizações
pendentes no final de 2001 foi de 239 milhões de
euros.
206
Se analisarmos as autorizações pendentes por exercício
orçamental de origem, o modelo anteriormente
descrito não se altera substancialmente: a maior parte
dos montantes por liquidar (78% em 2001) e metade
do número total de autorizações pendentes é dos
últimos exercícios (1997, 1998 e 1999).
Se analisarmos a distribuição pelo critério de pagamento (pagamentos já efectuados ou não), uma outra
característica anteriormente identificada permanece
essencialmente inalterada: a maior parte dos
montantes pendentes por liquidar (RAL) diz respeito a
autorizações em relação às quais não foi efectuado
qualquer pagamento, a saber, em relação a 20% das
autorizações orçamentais pendentes, que representam
80% do RAL pendente (um ano antes esta proporção
era, respectivamente, de 19% e 81%), não foi efectuado qualquer pagamento. Dado que a proporção se
manteve inalterada, o montante total de RAL
pendente respeitante a autorizações em relação às
quais não foi efectuado qualquer pagamento diminuiu, como previsível, proporcionalmente à diminuição
global, de 1 256 para 1 061 milhões de euros, valor
que é ainda demasiado elevado. Como é evidente, o
objectivo último consiste em acabar com as autorizações pendentes em relação às quais não foram efectuados quaisquer pagamentos, o que, na prática, significa que é necessário iniciar os projectos no terreno
menos de dois anos após a autorização dos financiamentos, excepto em casos de efectiva força maior.
A análise por regiões apresenta resultados mais ou
menos idênticos aos do ano passado: o capítulo orçamental B7-4 (Mediterrâneo) representa metade do
montante total das autorizações pendentes e 55% do
RAL pendente respeitante a autorizações em relação
às quais não foi efectuado qualquer pagamento. Um
grupo de quatro importantes programas (cooperação
com o Mediterrâneo, a Ásia e a América Latina, e a
ajuda alimentar) é responsável por 90% do RAL
pendente total e por 84% da parte respeitante a autorizações em relação às quais não foi efectuado qualquer pagamento.
Comparando os dados do final de 2000 com os de
2001, verifica-se que as rubricas relativas à cooperação
com a Ásia foram aquelas cujo RAL pendente mais
diminuiu: - 59%.
Em relação ao capítulo do Mediterrâneo, impõe-se
uma explicação: o montante total da rubrica B7-4
aumentou de 576 para 667 milhões de euros, devido a
um aumento significativo das autorizações relativas à
Turquia inscritas na rubrica orçamental MEDA, gerida
pela DG Alargamento, em consequência da inclusão
do exercício orçamental de 1999. Se se excluírem estas
autorizações relativas à Turquia, verifica-se uma diminuição, ainda que pouco significativa: de 519 para 508
milhões de euros.
Também o capítulo B7-6 requer uma análise por
rubrica orçamental: a rubrica ambiente e florestas
tropicais (B7-6200) é responsável por uma parte significativa do RAL, 61,7 milhões de euros num total de 104
milhões de euros (60% do RAL e um quarto das autorizações pendentes). O que é mais significativo é que a
percentagem em termos de autorizações em relação às
quais não foi efectuado qualquer pagamento é ainda
mais elevada: 79% dos montantes provêm desta
rubrica. O nível de autorizações em relação às quais
não foi efectuado qualquer pagamento da rubrica B7-6200 (43,7 milhões de euros) é o mais elevado de
todas as rubricas e capítulos orçamentais relativamente ao nível de dotações para autorizações (em
2001 e 2002), sendo superior ao montante de novas
dotações de cada exercício (40 milhões de euros), o
que comprova as dificuldades de execução.
Anexos
A análise das autorizações orçamentais pendentes
desta rubrica orçamental levada a cabo em 2001
revelou terem sido tomadas decisões de financiamento
mal preparadas: projectos não suficientemente bem
definidos, a requerer trabalho de concepção após a
decisão e, portanto, ainda longe da fase de adjudicação. O deficiente acompanhamento da carteira para
execução traduziu-se, igualmente, numa acumulação
de projectos parados antes da fase de adjudicação,
com a correspondente acumulação de autorizações
orçamentais pendentes. À análise da totalidade das
autorizações pendentes efectuada em 2001 seguir-se-á, em 2002, a anulação de um número significativo de
autorizações relativas a projectos pendentes não
iniciados, em especial de 1996, 1997 e 1998.
As medidas de gestão sistémicas empreendidas em
2001 têm em vista assegurar a maturidade dos
projectos apresentados à Comissão para decisão, ou
seja, que as autorizações dizem respeito a projectos já
tecnicamente avançados e susceptíveis de adjudicação
no prazo de um ano a contar da decisão. Ademais, em
2001, e pela primeira vez, foi lançado um convite
formal à apresentação de propostas com documentos
de candidatura normalizados e com critérios de
selecção que visavam assegurar a obtenção de propostas
relativas a projectos amadurecidos. Um primeiro grupo
de projectos seleccionados foi financiado com dotações
do orçamento de 2001, enquanto um segundo grupo
será financiado com dotações de 2002.
12.2.3. Evolução do RAL «anormal»
(pendente + velho)
Considera-se que o RAL «anormal» abrange as autorizações «velhas» e as autorizações «pendentes».
A percentagem de RAL «anormal» (velho + pendente
não incluído no velho) era de 23% no início de 2000,
tendo diminuído para 21%, após a inclusão de 1996 na
categoria de autorizações velhas e excluindo a carteira
MEDA para a Turquia, que não é gerida pelo Serviço
de Cooperação EuropeAid. Se incluirmos esta última, a
percentagem sobe para 22% (devido ao alto nível de
autorizações pendentes relativas à Turquia).
Importa notar que, relativamente à carteira gerida
pelo EuropeAid, ambas as percentagens desceram: a
do RAL total (com um ligeiro aumento em termos
absolutos) e a do RAL «anormal», em que se verificou
uma diminuição muito significativa das autorizações
pendentes. Atendendo a ambos os factores, este resultado deve ser considerado um importante progresso
(uma diminuição da percentagem em resultado de um
aumento do RAL total não constituiria, necessariamente, um progresso).
Em termos de número de autorizações, o rácio piorou
(de 34% para 36% das autorizações nas categorias
«velha» ou «pendente»). Uma vez mais, há que
analisar a evolução de cada uma das partes do rácio.
Na realidade, o número total de autorizações velhas
ou pendentes diminuiu significativamente (14%),
mesmo tendo em conta a inclusão das autorizações do
exercício orçamental de 1996 na categoria de velhas.
Todavia, o número total de autorizações diminuiu
abruptamente, devido, em parte, a encerramentos,
mas também à introdução, em 2001, de um novo
conceito de pré-autorização (autorização genérica) no
sistema contabilístico Sincom2, muito utilizado nas
intervenções externas. Só as pré-autorizações e as
autorizações individuais são consideradas (sendo
excluídas as autorizações secundárias sobre pré-autorizações).
12.2.4. O esforço de encerramento
e de anulação
Em 2001, as anulações na carteira gerida pelo EuropeAid ascenderam a 591 milhões de euros, em resultado não apenas do encerramento de processos
antigos, mas também do esforço geral de análise da
totalidade das autorizações em aberto. Nestas anulações, as autorizações velhas anteriores a 1996 representaram 290,78 milhões de euros (196,18 anteriores a
1995 e 94,59 de 1995), o que representa cerca de
metade do montante total anulado em 2001. As anulações de montantes financeiros podem decorrer de
anulações parciais ou do encerramento de autorizações cujos saldos foram completamente anulados.
As autorizações totalmente pagas e/ou anuladas
durante o ano, sem saldos a liquidar (RAL zero) e não
transitadas para o exercício financeiro seguinte,
reflectem bem o esforço de encerramento.
12.2.5. Conclusões
RESULTADOS
E OBSERVAÇÕES DE CARÁCTER GERAL
Após dois anos de trabalho ininterrupto das unidades
financeiras operacionais em torno das autorizações
velhas, o atraso acumulado nas operações de encerramento foi significativamente reduzido.
Quanto às autorizações pendentes, estas têm vindo a
ser reduzidas de ano para ano em relação a 1999 (com
um ligeiro aumento em 2000) e, se se considerar
apenas a carteira do EuropeAid, o seu nível actual é
inferior a mil milhões de euros pendentes. A ligeira
deterioração observada no ano passado foi ultrapassada.
Em relação a ambas, registaram-se progressos quantitativos e importantes, tanto em termos de valores
como de sensibilização para a necessidade de acompanhar as autorizações orçamentais em aberto e para o
facto de estas autorizações não se poderem multiplicar
indefinidamente.
Em termos mais gerais, há que continuar a procurar
resolver, em paralelo, os factores sistémicos que permitiram a acumulação de tão considerável atraso ao
longo dos anos. É possível identificar três factores
igualmente importantes: a ausência de um sistema
informático comum de informação que seja fiável e
abranja todos os aspectos do ciclo dos projectos e das
decisões de gestão conexas, uma significativa falta de
recursos humanos para gerir um número crescente de
projectos e a pouca importância atribuída no passado
pela hierarquia à gestão integral dos projectos (o
lançamento de novas iniciativas era frequentemente
considerado uma tarefa mais nobre do que a de asse-
207
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
gurar o êxito das iniciativas em curso). Estes factores
são agravados pelo facto de se tratar de uma organização com um elevado grau de descentralização
geográfica e operacional, que torna premente a necessidade de sistemas de informação informatizados.
As autorizações pendentes, as mais importantes em
termos de volume financeiro, como já foi referido, são
autorizações em relação às quais não foi efectuado
qualquer pagamento e que se inscrevem no âmbito
dos principais programas de cooperação geográficos.
Para solucionar este problema, é necessário reduzir o
tempo que medeia entre a decisão, a autorização orçamental, a assinatura dos acordos de financiamento, a
celebração de contratos e o pagamento.
A demora na assinatura dos acordos de financiamento,
na celebração do contrato de co-direcção técnica e na
criação da estrutura de gestão conjunta com o país
beneficiário parece ser um dos pontos críticos do
processo, na medida em que estes actos são posteriores à autorização orçamental. Em relação à assistência técnica, os cadernos de encargos devem ser
elaborados em paralelo com a decisão financeira
interna da Comissão, a fim de acelerar o processo.
Importa igualmente reflectir acerca da real necessidade ou eficácia de reconstruir sistematicamente esta
estrutura e considerar a possibilidade de apostar mais
na capacidade local, tanto das delegações desconcentradas como das administrações dos beneficiários,
isoladamente ou apoiadas na ajuda externa.
Sobre este aspecto, a alteração do Regulamento Financeiro e o prazo «n+3» imposto para a celebração dos
contratos, a contar da autorização orçamental, constituem um progresso importante, com efeitos no futuro
próximo. Com efeito, esta medida irá implicar alterações importantes no âmbito e na planificação dos
projectos. Os principais programas terão de ser concebidos por etapas, eventualmente com projectos sucessivos, de prazo mais curto e faseados, com elementos
materialmente autónomos e financeiramente controláveis, inscritos numa programação coerente a médio
prazo.
12.3. Avaliação
12.3.1. Conclusões das avaliações
de 2001
Direitos humanos, boa governação e democracia:
estas avaliações revelaram que há ainda algum
caminho a percorrer até os direitos humanos serem
considerados, a todos os níveis da Comissão, uma
verdadeira questão horizontal, com um objectivo
comum e uma política uniforme em todos os
programas de cooperação e em todas as relações políticas. É evidente a necessidade de a Comissão definir
mais claramente as fronteiras dos direitos humanos, da
democracia e da boa governação, e de velar por que a
missão das diferentes unidades que, na Comissão,
estão ligadas aos direitos humanos seja mais bem
compreendida. É igualmente necessário limitar as prio-
208
(1) COM(2001) 252 final, de 8 de Maio de 2001.
ridades das rubricas orçamentais consagradas aos
direitos humanos, a fim de assegurar que, sempre que
sejam identificados objectivos para uma intervenção,
existam recursos suficientes para a realizar. Para tal,
pode ser conveniente estabelecer objectivos regionais
e por país e reforçar a complementaridade com os
Estados-Membros, ONG e outras entidades. A
Comissão teve em conta parte destas conclusões na sua
comunicação de 8 de Maio de 2001 (1).
Cooperação económica: as intervenções da CE neste
domínio caracterizaram-se pela sua grande diversidade, reflectindo conceitos e abordagens muito diferentes. Em termos genéricos, é possível identificar duas
categorias: a primeira inclui programas concentrados
em criar condições favoráveis ao sector privado nas
disposições institucionais, legislativas e orçamentais,
bem como infra-estruturas financeiras e materiais; a
segunda inclui o apoio directo ou indirecto aos investimentos do sector privado ou ao arranque de empresas.
Os estudos concluíram, inter alia, que tanto o teor
como o conceito de cooperação económica evoluíram
ao longo do tempo, que a sua execução foi sendo alterada ao longo do tempo e em função da região
geográfica, e que a escolha dos diferentes instrumentos era irregular e deficientemente articulada. Os
estudos reafirmam ainda a importância da criação de
condições favoráveis ao desenvolvimento do sector
privado. Estão em curso novos estudos sobre a cooperação económica.
Redução da pobreza: a pobreza está definida como a
falta de rendimentos e de recursos financeiros, mas a
sua definição inclui também a noção de vulnerabilidade e factores como a falta de acesso ao abastecimento em produtos alimentares, à educação e a
outros serviços básicos. O crescimento sustentado não
é, por si só, suficiente. Embora este programa esteja
ainda a ser executado, as principais conclusões das três
avaliações realizadas em 2001 são as seguintes:
❿ o co-financiamento com as ONG conferiu uma
nova e eficaz dimensão à política de desenvolvimento da CE, embora a rubrica orçamental abrangesse uma gama demasiado vasta de acções para
permitir uma concentração consistente nas actividades de luta contra a pobreza (esta avaliação tem
sido utilizada para um novo diálogo com as ONG);
❿ embora a ajuda alimentar e a política de segurança
alimentar europeias tenham registado um importante salto qualitativo em termos de política, a sua
execução no terreno não correspondeu, devido, em
parte, a uma insuficiente capacidade de gestão
(esta avaliação foi utilizada na recente comunicação da Comissão ao Conselho e ao Parlamento
Europeu sobre este tema);
❿ embora o apoio à educação nos países ACP tenha
registado importantes progressos, não houve um
esforço dinâmico para associar directamente o
apoio à educação às estratégias de redução da
pobreza.
Avaliações das estratégias por país: muito embora
seja necessária prudência ao extrairmos conclusões dos
Anexos
Avaliações concluídas em 2001
1.
Actividades de avaliação no domínio
dos direitos humanos, boa governação
e democracia
1.1. Avaliação de acções positivas DHD nos Estados
ACP 1995-99
1.2. Avaliação de programas conjuntos CE/Conselho
da Europa 1995-2001
1.3. Avaliação de acções de educação de eleitores
1992-2000
1.4. Relatório de síntese sobre direitos humanos, boa
governação e democracia
2.
Actividades de avaliação da cooperação
económica
2.1. Avaliação da assistência financeira aos países
mediterrânicos, gerida pelo Banco Europeu de
Investimento (BEI), em nome da CE
2.2. Avaliação da cooperação económica entre a CE e
Estados parceiros da América Latina e da Ásia
(ALA)
2.3. Facilidade de reestruturação de empresas Tacis
(TERF) — Federação da Rússia
2.4. Iniciativa transfronteiras (CBI)
3.
Avaliações relacionadas com a redução
da pobreza
3.1. Avaliação da política de segurança da ajuda
alimentar, da gestão da ajuda alimentar e dos
programas de apoio à segurança alimentar
3.2. Avaliação das acções de co-financiamento com
organizações não governamentais (ONG) europeias da área do desenvolvimento
3.3. Avaliação da ajuda da CE ao sector da educação
nos países ACP
4.
Avaliações da programação regional
ou por país
criação do grupo interserviços de apoio à qualidade e
a introdução dos documentos de estratégia por país
deu resposta); em segundo lugar, a criação de vínculos
e de comunicações mais fortes e mais consistentes,
quer entre os diferentes níveis dos serviços em
Bruxelas, quer entre estes serviços e as delegações, a
fim de assegurar uma definição de objectivos mais
coerente. Mais especificamente, os estudos concluíram
que:
❿ a qualidade das análises políticas e socioeconómicas das situações dos países em que se baseiam
os documentos de estratégia e de programação
tem sido variável. Mesmo quando são de boa qualidade, estas análises nem sempre são devidamente
tidas em conta na documentação de programação;
❿ embora a Comissão estivesse frequentemente bem
colocada para assistir o reforço das capacidades das
instituições governamentais e da sociedade civil
locais, estas oportunidades foram, demasiadas
vezes, desperdiçadas;
❿ em casos em que a redução da pobreza constituía
uma prioridade absoluta, os programas locais nem
sempre a reflectiam;
❿ as delegações foram inúmeras vezes confrontadas
com procedimentos administrativos excessivamente
pesados e demasiadas solicitações;
❿ as abordagens sectoriais funcionaram melhor do
que as abordagens por projectos sempre que a
Comissão foi suficientemente flexível para abandonar rapidamente sectores em que se verificou
que o impacto da assistência era limitado e dificilmente aumentaria.
A Comissão assumiu, frequentemente, a liderança da
coordenação entre doadores, em especial com os
Estados-Membros, embora seja necessário melhorar os
procedimentos de consulta com as instituições de
Bretton Woods, com vista à redução das sobreposições,
ao reforço da complementaridade e à melhoria da
coordenação do apoio orçamental.
4.1. Albânia
4.2. Antiga República jugoslava da Macedónia
4.3. Moldávia
4.4. Burquina Faso
4.5. Namíbia
4.6. Uganda
4.7. Avaliação da cooperação regional entre os PALOP
(países africanos de língua oficial portuguesa)
financiada pelo FED.
poucos estudos realizados sobre o período 1996-2000,
podemos constatar, através desses estudos, uma
variação no desempenho dos programas locais da
Comissão, que aponta para duas necessidades: em
primeiro lugar, uma maior harmonização dos
processos estratégicos e de programação (a que a
12.3.2. Prioridades destacadas
pelas avaliações de 2001
Globalmente, os resultados dos estudos são encorajadores. Contudo, destes resultados ressalta claramente
a necessidade de uma maior concentração:
❿ nos objectivos, deixando em aberto a possibilidade de a Comissão e o país parceiro adoptarem o
instrumento ou a combinação de instrumentos
mais adequados;
❿ na flexibilidade de financiamento, dado ser
muito importante que as intervenções da UE não
dependam de uma única rubrica orçamental consagrada a um tipo de acção;
❿ na simplificação dos procedimentos administrativos inerentes à execução das intervenções da
UE, que, no período analisado, eram demasiado
pesados e obviavam à eficácia da acção.
209
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
12.3.3. Avaliações em 2002
e nos anos seguintes
A estratégia de avaliação para o período 2002-2006 (1)
e o programa de trabalho para 2002 foram aprovados
pela Direcção do Serviço de Cooperação EuropeAid na
sua reunião de Novembro.
A estratégia combina diversas perspectivas de
avaliação: uma abordagem geográfica (países e
regiões), uma abordagem sectorial ou temática, instrumentos financeiros e requisitos regulamentares. Todas
estas abordagens são necessárias para fornecer aos
gestores pontos de referência ou bases práticas que
lhes permitam definir com maior rigor os sectores prioritários de desenvolvimento. Além disso, a Comissão
pode utilizá-las para ter em conta os seus pontos
fortes e fracos em cada sector, em relação com outros
doadores e como um meio para seleccionar os
melhores instrumentos ou canais para encaminhar a
ajuda, em função do contexto e dos resultados pretendidos. Como é evidente, a direcção pode sempre
requerer avaliações ad hoc, como forma de responder
a necessidades ou a emergências.
Em 2001 foi introduzido um novo sistema de acompanhamento universal orientado para os resultados (ver
capítulo 10), com a assistência temporária da Unidade
de Avaliação. Este sistema irá aumentar consideravelmente o fluxo de informação de gestão e contribuir
para melhorar a orientação e a qualidade das avaliações.
Aumentar a qualidade e a utilidade
das avaliações
DIVULGAÇÃO
E REACÇÕES
❿ As principais conclusões das avaliações têm sido
regularmente transmitidas à direcção do Serviço de
Cooperação EuropeAid.
❿ A última fase da maior parte das avaliações é constituída por um seminário, em que as principais
conclusões e recomendações são apresentadas aos
serviços interessados, aos gestores e a outros especialistas. Nalguns casos, os relatórios de avaliação
são discutidos, nos fóruns adequados, com representantes dos Estados-Membros.
❿ O grupo interserviços de apoio à qualidade foi
incumbido de, gradualmente, harmonizar e
melhorar a qualidade do trabalho de programação, incluindo a tomada em consideração das
conclusões pertinentes das avaliações. O chefe da
Unidade de Avaliação participa nos trabalhos do
grupo interserviços de apoio à qualidade e está em
condições de apreciar em que medida os ensinamentos extraídos das avaliações são tomados em
consideração.
210
❿ O reforço da «fiche contradictoire». Esta ficha
descritiva enuncia as recomendações e as conclusões
da avaliação a par das reacções dos serviços interessados (numa segunda coluna) e destina-se a
informar os comissários das alterações acordadas ou
dos motivos por que certas recomendações não foram aceites. Na sua reunião de Novembro de 2001, a
direcção acordou em acrescentar uma terceira coluna a esta ficha, a fim de indicar em que medida as
recomendações aceites foram seguidas.
❿ O texto integral de todos os relatórios de avaliação
encomendados pela Unidade de Avaliação consta
da secção «avaliação» do sítio web do Serviço de
Cooperação EuropeAid (2). O serviço mantém ainda
uma base de dados de que constam os relatórios
de avaliação de projectos individuais financiados
pela Comissão. As avaliações são efectuadas por
consultores externos especializados.
INTERCÂMBIO
DE EXPERIÊNCIAS DE AVALIAÇÃO
E DE INFORMAÇÕES COM OS
ESTADOS-MEMBROS
Em 2001, realizaram-se duas reuniões com os Serviços
de Avaliação dos Estados-Membros, em que foram
abordadas as avaliações previstas, em curso e já
concluídas. Foram igualmente tomadas medidas relativas à avaliação conjunta no âmbito dos «3C» — coordenação, complementaridade e coerência. Foram
ainda mantidos intercâmbios com outros doadores,
nomeadamente por intermédio do grupo de trabalho
sobre avaliação do CAD da OCDE.
12.4. Auditorias realizadas
em 2001
No sector do FED, a actividade concentrou-se,
nomeadamente, nas auditorias relativas ao apoio orçamental. As três auditorias iniciadas na Etiópia, na
Zâmbia e no Níger, bem como a conclusão e o acompanhamento de oito auditorias efectuadas em 2000
(Camarões, Guiné-Conacri, Madagáscar, Cabo Verde,
Malavi e Burquina Faso), absorveram as capacidades
disponíveis. Importa igualmente referir o apoio a um
número relativamente limitado de auditorias extra
«apoio orçamental», como a auditoria relativa à construção dos aeroportos em Madagáscar e as relativas
aos projectos EBAS, Diagnos, CDE e ATF. Para além
destas actividades, essencialmente operacionais, o IAS
procurou a competência do Serviço de Auditoria no
âmbito do inquérito administrativo sobre a gestão dos
fundos de contrapartida, bem como para a definição
de uma estratégia para a colaboração entre os diversos
doadores internacionais.
As auditorias de programas e projectos financiados a
título do programa MEDA foram efectuadas, pelo
terceiro ano consecutivo, pela equipa de auditores do
MEDA-Team. A pedido da direcção operacional ou,
com o seu acordo, por iniciativa das delegações, a
(1) Disponível no nosso sítio web: http://europa.eu.int/comm/europeaid/evaluation/index.htm.
(2) Ver: http://europa.eu.int/comm/europeaid/evaluation/index.htm.
Anexos
equipa efectuou 24 auditorias. Foram ainda necessários trabalhos suplementares relativos às 12 auditorias
efectuadas em 2000. Com a dissolução dos gabinetes
de assistência técnica (GAT), no final de 2001, cessaram
igualmente as funções de auditoria do MEDA-Team.
Em relação aos programas e projectos na América
Latina e na Ásia, não foi ainda iniciada qualquer
auditoria. Das quatro auditorias efectuadas nos países
da Europa Central e Oriental, as relativas ao «fornecimento de géneros alimentícios à Rússia» e ao apoio
orçamental à antiga República jugoslava da Macedónia foram as mais importantes.
Nos domínios não ligados a uma área geográfica,
merecem especial referência as auditorias do CLONG e
do programa ECIP, bem como o acompanhamento da
auditoria do UNRWA.
Desde Março de 2001, a unidade prepara um contrato-quadro para auditorias, a fim de facilitar a mobilização de auditores. Este contrato-quadro deverá estar
operacional no Verão de 2002.
12.5. Inovação
No âmbito das iniciativas empreendidas pelo Serviço
de Cooperação EuropeAid com vista a melhorar a
qualidade da gestão da cooperação para o desenvolvimento, a Unidade de Inovação esteve activa, sobretudo, nas seguintes áreas:
APOIO
À CRIAÇÃO DE REDES TEMÁTICAS
No segundo semestre do ano, foram criadas seis redes
temáticas, que cobrem os seguintes temas:
❿ Apoio orçamental
❿ Saúde
❿ contribuir para a formação de funcionários e
agentes na sede e nas delegações.
As redes temáticas devem ser fóruns de discussão e de
intercâmbio de informações, com o objectivo de
melhorar a qualidade da execução mediante a partilha
das melhores práticas. As redes temáticas têm ainda
como missão contribuir para a elaboração de orientações operacionais, actividade desde há muito em curso.
ELABORAÇÃO
DE ORIENTAÇÕES
Os trabalhos relativos à elaboração de orientações
para a programação e a execução de intervenções de
apoio orçamental em países terceiros têm vindo a
avançar regularmente. Foi lançado um vasto processo
de consulta, alicerçado nas competências do EuropeAid e de outras direcções-gerais, em que participou
igualmente um número importante de delegações.
Foram igualmente iniciados os trabalhos preparatórios
para outras orientações (por exemplo, SWAPS na
educação, desenvolvimento do sector privado).
PREPARAÇÃO DE CURSOS DE FORMAÇÃO
SWAPS E APOIO ORÇAMENTAL
EM
PCM,
Em Novembro, foram lançados dois concursos, com
vista ao recrutamento de consultores externos para
ministrarem cursos de formação, prestarem serviços de
help desk para PCM, SWAPS e apoio orçamental e
efectuarem análises financeiras. Os consultores
deverão ser recrutados no final do primeiro trimestre
de 2002.
Os serviços de help desk e as actividades de formação
destinam-se a complementar os trabalhos de preparação das orientações operacionais.
REFLEXÕES
SOBRE A RACIONALIZAÇÃO E A REVISÃO
❿ Educação
DAS REGRAS DE EXECUÇÃO DAS RUBRICAS ORÇAMENTAIS
❿ Reforço das capacidades, boa governação e Estado
de direito
O EuropeAid iniciou uma análise tendo em vista racionalizar e rever as regras de execução dos programas
temáticos financiados por rubricas orçamentais específicas. O EuropeAid empreendeu igualmente uma vasta
análise concentrada na devolução de programas temáticos financiados por rubricas orçamentais específicas.
Ambas as análises estão ainda em curso.
❿ Comércio
❿ Desenvolvimento do sector privado
Esta iniciativa responde simultaneamente ao objectivo
de assegurar uma boa coordenação entre os diferentes
serviços geográficos e ao de acompanhar o processo
de desconcentração em curso.
SELECÇÃO
Mais especificamente, os objectivos são os seguintes:
Neste ano, a selecção de projectos concentrou-se, principalmente, em projectos na área da educação e do
desenvolvimento do sector privado.
❿ desenvolver abordagens coerentes entre as diferentes regiões geográficas e no interior de cada região, mantendo, simultaneamente, a flexibilidade
necessária para permitir adaptações destinadas a ter
em conta as condições especificidades locais;
NOVOS
❿ apoiar as direcções locais, a fim de melhorar a
qualidade e a eficácia da execução, bem como a
visibilidade da cooperação;
DE PROJECTOS
TEMAS
Foi conferida especial atenção ao acesso às novas
tecnologias, à sociedade da informação, às energias
renováveis e à sua eventual integração nos programas
de cooperação para o desenvolvimento. A ênfase colocada neste domínio deverá aumentar em 2002.
211
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
12.6. Relações com
outras organizações
internacionais
Os resultados do primeiro ano de trabalho do novo serviço especializado do Serviço de Cooperação EuropeAid
criado expressamente para tratar das relações com outras organizações internacionais são os seguintes:
Em 8 de Novembro, foi assinado com o Banco Mundial
um acordo-quadro para co-financiamentos e fundos
fiduciários, que define as regras aplicáveis em caso de
co-financiamento pela CE de projectos empreendidos
pelo Banco Mundial e fornece orientações para a
condução de missões de verificação, bem como
modelos de contratos, destinados a facilitar a negociação de contratos individuais.
No seguimento da comunicação da Comissão «Criação
de uma parceria eficaz com as Nações Unidas nos
domínios do desenvolvimento e dos assuntos humanitários», foram tomadas diversas medidas:
❿ foi concluído um acordo sobre as regras de
execução da cláusula de verificação com as Nações
Unidas. Esta questão dificultou as relações entre a
Comissão e as Nações Unidas durante anos. O novo
acordo viabiliza uma revisão mais ampla do
acordo-quadro actualmente em vigor entre as
organizações;
❿ foi elaborado um relatório sobre a experiência do
Serviço de Cooperação EuropeAid no trabalho com
organismos da ONU, a que se seguirá uma
proposta relativa aos parceiros com os quais é
possível estabelecer uma parceria mais forte;
❿ foi compilado, com dados fornecidos pelas
unidades operacionais, um quadro dos projectos da
CE com a ONU no período 1999-2000, que será
actualizado regularmente;
❿ foi estabelecida uma série de contactos de alto
nível com a maior parte dos organismos da ONU,
incluindo o PNUD, o ACNUR, a OIT e a Unesco, com
vista a iniciar a identificação e a programação
destinada a reforçar a cooperação em matéria de
co-financiamento de projectos.
Em matéria de reforço da coordenação e da complementaridade com doadores bilaterais, o serviço
manteve contactos de alto nível com a maior parte
destes doadores. Em Dezembro, foi assinado um
protocolo de cooperação com os organismos de
execução francês e inglês, com vista ao co-financiamento de projectos no Chade.
12.7. Transparência
e visibilidade
Em 2001, foram envidados esforços consideráveis com
vista à elaboração do primeiro relatório anual que
reúne informações sobre a execução da assistência
externa da CE em todas as regiões geridas pelo novo
Serviço de Cooperação EuropeAid. O relatório apresenta a situação em 1 de Janeiro de 2001, primeiro dia
da nova estrutura da Comissão Europeia para a gestão
da assistência externa da CE.
Por outro lado, a Internet continua a ser o principal
instrumento de informação e de transparência.
Foram introduzidos alguns melhoramentos e em 2002
o acesso às informações sobre as actividades do
serviço será facilitado. As secções consagradas à
cooperação nos sítios web das delegações serão acessíveis através de uma ligação (link), de modo a
permitir a consulta, sempre que possível, dos
projectos individuais.
A secção mais visitada no sítio do EuropeAid é este
ano, novamente, a consagrada aos concursos e
convites à apresentação de propostas, onde os interessados podem encontrar todas as informações sobre as
actividades externas a desenvolver pela Comissão
Europeia. O sítio consagrado à avaliação cresceu a par
do número dos seus visitantes (http://europa.eu.int/
comm/europeaid/tender/survey/index_en.htm).
O quadro seguinte apresenta o número de visitas aos
diferentes sítios consagrados às relações externas no
servidor da Comissão Europeia. Importa não esquecer
que o número de visitas é sempre superior ao número
de vezes que um utilizador de um computador acede a
um dado sítio web, uma vez que é registada uma
entrada para cada elemento da página web (incluindo
fotografias e ligações).
Sítios web das relações externas da Comissão Europeia
212
Serviços
Endereços
DG Relações Externas
Europa.eu.int/comm/external.relations
DG Desenvolvimento
Europa.eu.int/comm/development
Média mensal de visitas
em 2000
Média mensal de visitas
em 2001
1 000 000
2 125 000
600 000
200 000
Serviço de Cooperação EuropeAid
Europa.eu.int/comm/europeaid
600 000
4 200 000
DG Comércio
Europe.eu.int/comm/trade
1 000 000
1 800,000
DG Alargamento
Europa.eu.int/comm/enlargement
1 000 000
400 000
ECHO
Europa.eu.int/comm/echo
400 000
250 000
A UE no mundo
Europa.eu.int/comm/world
200 000
200 000
Anexos
12.8. Assistência comunitária
não abrangida pelo
relatório
O presente documento refere-se a todas as actividades
de ajuda externa geridas pelo Serviço de Cooperação
EuropeAid. A ajuda humanitária e a ajuda de
pré-adesão não são incluídas no presente relatório.
Contudo, é feita uma breve descrição das actividades
de ECHO em cada secção regional a fim de dar uma
ideia de conjunto da contribuição global da CE.
Para informações mais detalhadas, devem ser consultados os relatórios anuais sobre a ajuda humanitária e
a assistência aos países candidatos à UE. Os resumos
que se seguem dão uma ideia sucinta da importância
da CE nesses dois capítulos.
AJUDA
HUMANITÁRIA
A resposta de ECHO às crises humanitárias em 2001
atingiu um montante de 543,7 milhões de euros.
Foram financiados projectos humanitários em mais de
60 países. Foram assinados 1 031 contratos (entre os
quais contratos de execução de decisões tomadas em
2000). Os países de África, das Caraíbas e do Pacífico
foram os beneficiários da ajuda humanitária mais
significativa, num montante total de 173,3 milhões de
euros (35%). A assistência aos Balcãs Ocidentais diminuiu em relação a 2000 graças à estabilização da
região, enquanto que a ajuda à Ásia aumentou ligeiramente.
Os principais parceiros de ECHO são as ONG europeias
(que asseguraram a execução de 62,5% dos financiamentos de ECHO). Juntamente com o Alto-Comissariado
das Nações Unidas para os refugiados (8,6%) e o
programa alimentar mundial (7,25%), que são os principais parceiros de ECHO, os recursos atribuídos às Nações
Unidas aumentaram consideravelmente em 2001, atingindo 26,5% (contra 19,2% em 2000). Outras organizações internacionais, entre as quais o Comité Internacional da Cruz Vermelha, receberam 7,9% da ajuda.
ASSISTÊNCIA
AOS PAÍSES CANDIDATOS
Em 2001, a Comunidade Europeia desbloqueou mais
de 3 mil milhões de euros a título de assistência aos
países candidatos à adesão à União Europeia. Cerca de
95% dessa ajuda de pré-adesão destinou-se a dez
países candidatos da Europa Central e Oriental (1)
através de três programas separados.
O programa Phare, cuja gestão incumbe à DG «Alargamento», representou cerca de 1,6 mil milhões de
euros. Refere-se às prioridades da adesão, tal como
definidas pelo Conselho nas «parcerias para a adesão»,
e os progressos alcançados na concretização desses
objectivos são apresentados nos relatórios periódicos
anuais da Comissão. Cerca de 30% dos recursos de
Phare são atribuídos ao reforço institucional e 70% aos
investimentos, que se dividem em partes iguais pelos
investimentos destinados a reforçar as infra-estruturas
regulamentares necessárias para garantir a conformidade ao acervo comunitário e os investimentos no
âmbito da Coesão Económica e Social. Estes últimos
ajudam os países candidatos a criarem as estruturas e
os procedimentos necessários para poderem utilizar os
fundos estruturais de forma eficaz e efectiva no
momento da adesão (2).
Ispa, gerido pela DG «Política Regional», representou
cerca de mil milhões de euros. Diz respeito aos investimentos de grande envergadura no sector do ambiente
e dos transportes (3). Cerca de 500 milhões de euros
foram atribuídos a Sapard, que se refere essencialmente ao desenvolvimento rural e à agricultura. A
gestão deste programa é da responsabilidade da DG
«Agricultura».
Em 2001, foram atribuídos 194 milhões de euros à
Turquia, 11,5 milhões a Chipre e 7,5 milhões de euros
a Malta. A assistência a Chipre e a Malta foi concedida
com base no regulamento de pré-adesão acordado em
Março de 2000, enquanto que a assistência à Turquia
foi executada em virtude dos regulamentos relativos a
MEDA e à estratégia europeia. Um novo regulamento
financeiro para a Turquia, adoptado em Dezembro de
2001, será aplicado a partir de 2002. A assistência a
estes três países é da responsabilidade da DG «Alargamento», apesar de poderem igualmente beneficiar de
uma ajuda a título dos programas regionais MEDA, no
contexto do processo de Barcelona gerido por EuropeAid (4).
Para cada programa de pré-adesão, a DG que assegura
a respectiva gestão é responsável, no seio da Comissão,
pela totalidade do ciclo do projecto, desde a programação e a aplicação até à avaliação. Contudo, a
execução destes programas é fortemente descentralizada, e os países candidatos são directamente responsáveis pela gestão dos projectos (o convite à apresentação de propostas e a adjudicação podem ser sujeitos
a controlo por parte dos serviços da Comissão).
(1) Bulgária, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Polónia, República Checa e Roménia.
(2) O relatório anual relativo ao programa Phare pode ser consultado na seguinte página web: http://www.europa.eu.int/comm/enlargement/pas/phare/publish.htm.
(3) O relatório anual relativo ao programa Ispa pode ser consultado na seguinte página web: http://www.inforegio.cec.eu.int/wbpro/ispa/ispa_en.htm.
(4) O relatório anual relativo ao programa Sapard pode ser consultado na seguinte página web: http://www.europa.eu.int/comm/enlargement/pas/sapard.htm.
213
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
ASSISTÊNCIA
MACROFINANCEIRA AOS PAÍSES TERCEIROS
A Comissão, juntamente com programas de apoio do
FMI e do Banco Mundial, concede assistência macrofinanceira após consulta ao Comité Económico e Financeiro e mediante decisão do Conselho. A assistência
macrofinanceira assenta num conjunto de princípios
que sublinham o seu carácter excepcional (decisões
ad hoc do Conselho), a sua complementaridade com o
financiamento das instituições financeiras internacionais e a sua condicionalidade macroeconómica. Trata-se de um instrumento concebido para ajudar os países
beneficiários a ultrapassar desequilíbrios macroeconómicos graves mas em geral de curta duração
(problemas graves da balança de pagamentos e
grandes dificuldades fiscais). Em estreita cooperação
com os programas do FMI e do Banco Mundial, a assistência macrofinanceira incentiva políticas adaptadas às
necessidades específicas dos países, sendo o principal
objectivo estabilizar a respectiva situação financeira
214
externa e interna e criar economias conformes aos
princípios do mercado.
Em 2001 (1), foi desembolsada uma soma de
380 milhões de euros em assistência macrofinanceira,
incluindo duas subvenções de 7 milhões de euros e um
empréstimo de 60 milhões de euros a favor do Tajiquistão; uma subvenção de 6 milhões de euros à
Geórgia; uma subvenção de 15 milhões de euros para
o Kosovo; uma subvenção de 15 milhões de euros para
a Bósnia-Herzegovina; um empréstimo de 12 milhões
de euros e uma subvenção de 10 milhões de euros
para a antiga República jugoslava da Macedónia (2);
um empréstimo de 225 milhões de euros e uma
subvenção de 35 milhões de euros para a República
Federativa da Jugoslávia.
A Comissão apresenta anualmente um relatório ao
Parlamento Europeu e ao Conselho sobre a execução
da assistência macrofinanceira a países terceiros (3).
(1) No início de 2001, foi concedida uma subvenção de 10 milhões de euros e um empréstimo de 10 milhões de euros à Bósnia-Herzegovina, um empréstimo de 10 milhões de euros à antiga República jugoslava da Macedónia e uma subvenção de 12,95 milhões de euros
ao Montenegro. As decisões relativas ao desembolso foram adoptadas em 2000 e os pagamentos foram efectuados a partir dos
créditos do orçamento de 2000.
2
( ) O pagamento efectivo de uma parcela do empréstimo e da subvenção realizou-se em Janeiro de 2002. Contudo, a decisão foi adoptada em Dezembro de 2001 e, no que diz respeito à subvenção, o pagamento foi efectuado a partir dos créditos de orçamento de
2001.
(3) Relatório da Comissão ao Parlamento Europeu e ao Conselho relativo à execução da assistência macrofinanceira a países terceiros em
2001 [COM(2002) 352 final, de 11 de Julho de 2001].
Glossário de siglas e acrónimos
GLOSSÁRIO DE SIGLAS E ACRÓNIMOS
ACP
Apremat
Estados de África, das Caraíbas e do Pacífico
Apoio ao processo de reforma do sector do ensino
médio técnico (El Salvador)
BAD
Banco Africano de Desenvolvimento
Apresal
Apoio à reforma do sector da saúde
AEB Asia Eco-Best
Programa de transferência das melhores práticas
ambientais da UE
ARIEL
Active Research in Europe and Latin America
AIRH
ARSP
Iniciativa Asiática para a Saúde Genésica
Programa de apoio à investigação agrícola/pecuária
(Quénia)
IAT
Instituto Asiático de Tecnologia
ASAL
Terras áridas e semi-áridas
ALA
Ásia e América Latina
Asareca
ALC
Associação para o reforço da investigação agrícola na
África Central e Oriental
América Latina e Caraíbas
ASEAN
ALFA
Associação das Nações do Sudeste Asiático: Brunei,
Birmânia/Mianmar, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia,
Filipinas, Singapura, Tailândia e Vietname
América Latina Formação Académica. Programa de
cooperação bi-regional no domínio do ensino superior
AL-Invest
Programa europeu de cooperação empresarial com a
América Latina
ASEF
Fundação Ásia-Europa
ASEM
@LIS
Encontro Ásia-Europa
Aliança para a Sociedade da Informação. Programa de
cooperação entre a União Europeia e a América Latina
que tem por objectivo promover a sociedade da informação e a luta contra a fractura digital
Programa Ásia TIC
Programa de cooperação entre a UE e a Ásia no
domínio da tecnologia da informação e das comunicações
AL-Partenariat
Encontros multissectoriais no âmbito do programa
Al-Invest
Asia Link
Programa de cooperação entre a UE e a Ásia no
domínio do ensino superior
ALURE
Programa relativo à cooperação económica entre a
União Europeia e a América Latina no sector da
energia
Programa Ásia-Invest
Programa para a promoção de acordos empresariais e
empresas comuns UE-Ásia
AMAR
Europa-Ásia Pro-Eco
Assistência integral aos menores de alto risco (Paraguai)
Programa de cooperação económica e ambiental UE-Ásia
AML
Asia Urbs
América Latina
Programa para o desenvolvimento urbano da Ásia
APE
ATF
Acordos de parceria económica
Task Force «Sida»
215
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
ATLAS
CEPAL
Programa de apoio às relações entre as Câmaras de
comércio da União Europeia e da América Latina
Comissão Económica para a América Latina (Nações
Unidas)
AUNP
PCP
Rede de universidades ASEAN-UE
Política comum da pesca
GAT
PESC
Gabinete de Assistência Técnica
Política Externa e de Segurança Comum
BEI
CGIAR
Banco Europeu de Investimento
Grupo Consultivo para a Investigação Agrícola Internacional
BID
Banco Interamericano de Desenvolvimento
BRAC
CICAD
Comissão Interamericana para o Controlo do Abuso de
drogas
Comité para o desenvolvimento rural do Bangladeche
CIDA
CAFAO
Agência Canadiana para o Desenvolvimento Internacional (Canadian International Development Agency)
Gabinete de assistência aduaneira e fiscal (Bósnia-Herzegovina)
CAM-K
CILSS
Comité Interestados de Luta contra a Seca no Sael
Missão de Assistência Aduaneira no Kosovo
CLONG
CAN
Comité de Ligação das Organizações não Governamentais Europeias de Desenvolvimento
Comunidade Andina
Comesa
CARDS
Programa de assistência comunitária à reconstrução,
desenvolvimento e estabilização: Albânia, Bósnia-Herzegovina, Croácia, ex-Jugoslávia, antiga República
jugoslava da Macedónia e República Federativa da
Jugoslávia
Mercado Comum da África Austral e Oriental
CORAF
Conselho oeste e centro-africano para a investigação e
o desenvolvimento agrícolas
DEP
Caricom
Documento de Estratégia por País
Comunidade das Caraíbas
CAD
CBI
Comité de Ajuda ao Desenvolvimento (OCDE)
Iniciativa transfronteiras
DFID
CCI
Câmara de Comércio e Indústria
Departamento para o Desenvolvimento Internacional
(Reino Unido) (Department for International Development)
CDC
Cooperação descentralizada
CDE
Diagnos
Programa de assistência às autoridades nacionais e
regionais do países ACP na análise da situação do
sector privado
Centro de desenvolvimento de empresas
Dipecho
CEIBS
216
China-Europe International Business School
Programa de preparação para situações de emergência
(ECHO)
CEMAC
DPEP
Comunidade Económica e Monetária da África Central
Programa para o desenvolvimento do ensino primário
Glossário de siglas e acrónimos
RDC
EuroMeSCo
República Democrática do Congo
Comissão de estudo euromediterrânica
CAO
EuronAid
Comunidade da África Oriental
Associação das organizações não governamentais
europeias para a ajuda alimentar e de emergência
EBAS
Programa comunitário de assistência às empresas dos
países ACP
EBIC
Centros europeus de informação empresarial
FAO/SIFAR
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e
a Agricultura/Unidade de Apoio para a Pesca Internacional e a Investigação Aquática
FAE
BERD
Facilidade de ajustamento estrutural
Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento
IDE
Investimento directo estrangeiro
CE
FEPA
Comunidade Europeia
ECHO
Serviço de Ajuda Humanitária da Comunidade Europeia
Fundo fiduciário para a avaliação da despesa pública e
da responsabilidade financeira (gerido pelo Banco
Mundial)
FITCA
ECIP
Parceiros de investimento da Comunidade Europeia
Exploração agrícola em zonas em que a mosca tsé-tsé
se encontra controlada
Ecofac
FRA
Programa regional para a conservação e uso racional
dos ecossistemas florestais na África Central
Fórum regional da ASEAN
CAS
Cedeao
Comunidade
Ocidental
Económica
dos
Estados
da
África
FED
Fundo Europeu de Desenvolvimento
Conselho «Assuntos Gerais»
PIB
Produto interno bruto
PNB
IEDDH
Produto nacional bruto
Iniciativa Europeia para a Democracia e os Direitos do
Homem
Grupo do Rio
EIECP
Programa económico e cultural UE-Índia
Erasmus
Programa de acção comunitário em matéria de mobilidade dos estudantes
ERDP
Programa europeu para a reconstrução e desenvolvimento
O grupo do Rio foi criado em 1986. Trata-se de um
mecanismo de consulta política que se debruça sobre
os assuntos de interesse comum para a América Latina
e as Caraíbas
ACNUR
Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados
PPAE
Países pobres altamente endividados
UE
DHD
União Europeia
Direitos humanos e democracia
EUPOP
IDEAL
Programa comunitário de reconstrução e regresso
(Croácia)
Abordagem intensiva ao nível distrital do ensino para
todos (Bangladeche)
217
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
PDI
LRRD
Pessoas deslocadas internamente
Interligação entre ajuda de emergência, reabilitação e
desenvolvimento
FI
ODM
Facilidade de investimento
FIDA
Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola
IGAD
Autoridade intergovernamental para o desenvolvimento
Objectivos de desenvolvimento do milénio
MED
Mediterrâneo
MEDA
Organização Internacional do Trabalho
Medidas financeiras e técnicas de acompanhamento
da reforma das estruturas económicas e sociais no
âmbito da parceria euromediterrânica: Marrocos,
Argélia, Tunísia (Magrebe); Egipto, Israel, Jordânia,
Autoridade Palestiniana, Líbano, Síria (Machereque);
Turquia, Chipre e Malta
ILRI
Protocolo de acordo
Instituto Internacional de Investigação Pecuária
Fundo Monetário Internacional
Os protocolos de acordo são acordos bilaterais entre a
Comunidade Europeia e os seus parceiros, que
definem prioridades e orçamentos indicativos para a
cooperação para o desenvolvimento durante um
período determinado
BMI
Mercosul
Bolsa de mobilidade individual (Tempus)
Mercado comun del Sur/Mercado Comum do Sul
Inogate
AMF
Programa interestatal de transporte de petróleo e de
gás para a Europa (Interstate Oil and Gas Transport to
Europe)
Assistência macrofinanceira
OIT
FMI
Interreg
Iniciativa comunitária, financiada pelos fundos estruturais europeus, que promove a cooperação transfronteiriça (interna) inter-regional na UE
PFG
Programa de formação de gestores
NEPAD
Nova parceria para o desenvolvimento de África
NFPP
COI
Programa de protecção das florestas naturais
Comissão do Oceano Índico
ONG
DPI
Organização não governamental
Direito de propriedade intelectual
PIN
GIAQ
Programa indicativo nacional
Grupo interserviços de apoio à qualidade
NEI
ISPA
Instrumento estrutural de pré-adesão
JOCE
218
Novos Estados independentes
Obnova
Jornal Oficial das Comunidades Europeias
Programa de reconstrução da Bósnia, Croácia, Sérvia,
Montenegro e antiga República jugoslava da Macedónia
KEDO
OCDE
Organização para o Desenvolvimento Energético da
Península Coreana
Organização de Cooperação e de Desenvolvimento
Económicos
PMD
PTU
Países menos desenvolvidos
Países e territórios ultramarinos
Glossário de siglas e acrónimos
APD
AORP
Assistência pública ao desenvolvimento
Ajuda orçamental para a redução da pobreza
ODIHR
PRRAC
Gabinete das Instituições Democráticas e dos Direitos
Humanos
Programa regional de reconstrução da América Central
OEA
Proagri
Organização dos Estados Americanos
Programa sectorial de reforço das capacidades do
Ministério da Agricultura moçambicano
OIE
ProcFish
Gabinete Internacional das Epizootias
Programa regional para a pesca oceânica e costeira no
Pacífico
OMC
Organização Mundial do Comércio
Proinvest
OSCE
Programa para a promoção de fluxos de investimento
e de tecnologia para países ACP
Organização para a Segurança e a Cooperação na
Europa
Protec
PACE
Programa de formação técnica (Peru)
Programa pan-africano para o controlo de epizootias
Proebi
PALOP
Programa de formação de professores primários bilingues (Peru)
Países africanos de língua oficial portuguesa
PRS
PAOSA
Plano de acção para a organização do sector agrícola
(Burquina Faso)
Programa regional solar
CARP
Acordo de parceria e cooperação
Crédito de apoio à redução da pobreza (novo instrumento programático de crédito do Banco Mundial
destinado aos países DERP)
PCM
DERP
Gestão do ciclo do projecto
Documento de estratégia para a redução da pobreza
PBRDA
DSP
Países com baixos rendimentos e défice alimentar
Desenvolvimento do sector privado (ACP)
APC
Phare
Polónia e Hungria: apoio à reestruturação económica
(agora alargado à Bulgária, Eslováquia, Eslovénia,
Estónia, Letónia, Lituânia, República Checa e Roménia)
PP
Programa relativo aos pesticidas
PIR
PPET
Programa de pós-graduação em estudos tecnológicos
PAP
Regime de assistência social (Zâmbia)
RAPAC
Rede de áreas protegidas da África Central
Programa indicativo regional
RAL
PME
Reste à liquider: ainda por liquidar
Pequenas e médias empresas
RED CIDEM
PNUD
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
Red de centros de iniciativas y desarrollo para la mujer
(rede de centros de iniciativas e desenvolvimento para
a mulher)
Praedac
Programa de apoio à estratégia de desenvolvimento
alternativo no Chapare
RESAL
Rede europeia de segurança alimentar
219
Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica
RESCE
SPG
Rede de estudos sociais: América Central, Caraíbas e
Europa
Sistema de Preferências Generalizadas: sistema que
confere, unilateralmente e segundo um princípio de
não reciprocidade, vantagens pautais preferenciais a
determinados países. A UE começou a aplicar este
regime preferencial em 1971, com o objectivo de
ajudar os países em desenvolvimento a aumentarem as
vendas dos seus produtos nos mercados dos países
industrializados e de favorecer a sua industrialização.
As preferências a título do SPG são concedidas às
exportações de produtos específicos provenientes de
diferentes países
IRTA
Instituto Regional das Tecnologias do Ambiente
MRR
Mecanismo de reacção rápida
DER
Documento de estratégia regional
AEA
Acordo de estabilização e associação
SAARC
Associação de Cooperação Regional da Ásia do Sul:
Bangladeche, Butão, Índia, Maldivas, Nepal, Paquistão
e Sri Lanca
SPG «Drogas»
Regime especial de apoio às medidas de luta contra a
droga (aplicado desde 1990 aos países da Comunidade
Andina e posteriormente alargado aos países da
América Central). Este regime especial visa criar
mercados para a exportação de colheitas de substituição e fomentar o desenvolvimento económico e
social, nomeadamente através da industrialização
ASS
SADC
África subsariana
Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral
Stabex
PEA
Mecanismo de estabilização de receitas de exportação
Processo de estabilização e associação
DTS
SAPP II
Doença transmitida sexualmente
Programa de acção social (Paquistão)
SWAP
Sapard
Abordagem sectorial
Programa especial de adesão para a agricultura e o
desenvolvimento rural
Sysmin
SCALE
Sistema de estabilização das receitas da exportação de
produtos mineiros
Abordagens sustentáveis centradas nas comunidades
locais e destinadas a melhorar os meios de subsistência
(Índia)
AT
SIGMA
Tacis
Programa de apoio à melhoria na administração e
gestão
Programa de assistência técnica à Comunidade dos
Estados Independentes: Arménia, Azerbaijão, Bielorrússia, Geórgia, Cazaquistão, Quirguizistão, Moldávia,
Rússia, Tajiquistão, Turquemenistão, Ucrânia, Usbequistão e Mongólia
SMAP
Programa de acção prioritária a curto e médio prazo
para o ambiente
GSRN
Assistência técnica
TAIEX
Gabinete de intercâmbio de informações sobre a assistência técnica
Gestão sustentável dos recursos naturais
Tempus
Sócrates
Sistema de organização dos conteúdos programáticos
e do ensino de temas educacionais
Comité do Sistema de Mobilidade Transeuropeia para
Estudos Universitários
TERF
PEA
Facilidade Tacis para a reestruturação de empresas
Parceria especial para África
TFET
SCP
220
Secretariado da Comunidade do Pacífico
Fundo fiduciário para Timor-Leste (Trust Fund for East
Timor)
Glossário de siglas e acrónimos
Traceca
UNRWA
Corredor de transportes Europa-Cáucaso-Ásia
Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente
UEMOA
União Económica e Monetária da África Ocidental
ONU
Organização das Nações Unidas
Cnuced
Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e o
Desenvolvimento
UNMIK
Missão das Nações Unidas no Kosovo
Unesco
Untaet
Administração transitória das Nações Unidas em
Timor-Leste
URB-AL
Programa de cooperação bilateral UE-América Latina
para o desenvolvimento de relações entre os órgãos
autárquicos europeus e latino-americanos, mediante o
intercâmbio das melhores práticas no domínio das
políticas urbanas
USAID
Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento
Internacional
Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura
BM
UNFP
PAM
Fundo das Nações Unidas para a População
Programa alimentar mundial
Unicef
OMS
Fundo das Nações Unidas para a Infância
Organização Mundial da Saúde
Banco Mundial
221
Comissão Europeia
Relatório Anual 2001 sobre a Política de Desenvolvimento da CE e a Implementação da Assistência
Técnica
Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias
2003 — 221 p. — 21 x 29,7 cm
ISBN 92-894-4176-3
223
Download

Relatório Anual 2001 sobre a política de desenvolvimento