11 ISSN 1725-1168 NH-AC-02-001-PT-C SERVIÇO DAS PUBLICAÇÕES OFICIAIS DAS COMUNIDADES EUROPEIAS L-2985 Luxembourg ISBN 92-894-4176-3 9 789289 441766 Relatório Anual 2001 sobre a política de desenvolvimento da CE e a implementação da assistência técnica Comissão Europeia Relatório Anual 2001 sobre a política de desenvolvimento da CE e a implementação da assistência técnica Venta • Salg • Verkauf • Pvlèseiw • Sales • Vente • Vendita • Verkoop • Venda • Myynti • Försäljning http://eur-op.eu.int/general/en/s-ad.htm BELGIQUE/BELGIË NEDERLAND HRVATSKA CANADA Jean De Lannoy Avenue du Roi 202/Koningslaan 202 B-1190 Bruxelles/Brussel Tél. (32-2) 538 43 08 Fax (32-2) 538 08 41 E-mail: [email protected] URL: http://www.jean-de-lannoy.be SDU Servicecentrum Uitgevers Christoffel Plantijnstraat 2 Postbus 20014 2500 EA Den Haag Tel. (31-70) 378 98 80 Fax (31-70) 378 97 83 E-mail: [email protected] URL: http://www.sdu.nl Mediatrade Ltd Pavla Hatza 1 HR-10000 Zagreb Tel. (385-1) 481 94 11 Fax (385-1) 481 94 11 Les éditions La Liberté Inc. 3020, chemin Sainte-Foy Sainte-Foy, Québec G1X 3V6 Tel. (1-418) 658 37 63 Fax (1-800) 567 54 49 E-mail: [email protected] La librairie européenne/ De Europese Boekhandel Rue de la Loi 244/Wetstraat 244 B-1040 Bruxelles/Brussel Tél. (32-2) 295 26 39 Fax (32-2) 735 08 60 E-mail: [email protected] URL: http://www.libeurop.be Moniteur belge/Belgisch Staatsblad Rue de Louvain 40-42/Leuvenseweg 40-42 B-1000 Bruxelles/Brussel Tél. (32-2) 552 22 11 Fax (32-2) 511 01 84 E-mail: [email protected] DANMARK J. H. Schultz Information A/S Herstedvang 12 DK-2620 Albertslund Tlf. (45) 43 63 23 00 Fax (45) 43 63 19 69 E-mail: [email protected] URL: http://www.schultz.dk DEUTSCHLAND Bundesanzeiger Verlag GmbH Vertriebsabteilung Amsterdamer Straße 192 D-50735 Köln Tel. (49-221) 97 66 80 Fax (49-221) 97 66 82 78 E-Mail: [email protected] URL: http://www.bundesanzeiger.de ELLADA/GREECE G. C. Eleftheroudakis SA International Bookstore Panepistimiou 17 GR-10564 Athina Tel. (30-1) 331 41 80/1/2/3/4/5 Fax (30-1) 325 84 99 E-mail: [email protected] URL: [email protected] ESPAÑA Boletín Oficial del Estado Trafalgar, 27 E-28071 Madrid Tel. (34) 915 38 21 11 (libros) Tel. (34) 913 84 17 15 (suscripción) Fax (34) 915 38 21 21 (libros), Fax (34) 913 84 17 14 (suscripción) E-mail: [email protected] URL: http://www.boe.es Mundi Prensa Libros, SA Castelló, 37 E-28001 Madrid Tel. 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Ltd 5369 Chemin Canotek Road, Unit 1 Ottawa, Ontario K1J 9J3 Tel. (1-613) 745 26 65 Fax (1-613) 745 76 60 E-mail: [email protected] URL: http://www.renoufbooks.com SOUTH AFRICA ROMÂNIA B@LGARIJA Alan Hanna’s Bookshop 270 Lower Rathmines Road Dublin 6 Tel. (353-1) 496 73 98 Fax (353-1) 496 02 28 E-mail: [email protected] Messageries du livre SARL 5, rue Raiffeisen L-2411 Luxembourg Tél. (352) 40 10 20 Fax (352) 49 06 61 E-mail: [email protected] URL: http://www.mdl.lu MAGYARORSZÁG SRI LANKA EBIC Sri Lanka Trans Asia Hotel 115 Sir Chittampalam A. Gardiner Mawatha Colombo 2 Tel. (94-1) 074 71 50 78 Fax (94-1) 44 87 79 E-mail: [email protected] T’AI-WAN Tycoon Information Inc PO Box 81-466 105 Taipei Tel. (886-2) 87 12 88 86 Fax (886-2) 87 12 47 47 E-mail: [email protected] UNITED STATES OF AMERICA Bernan Associates 4611-F Assembly Drive Lanham MD 20706-4391 Tel. 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(352) 29 29-42455 Fax (352) 29 29-42758 E-mail: [email protected] URL: publications.eu.int 2/2002 Relatório Anual 2001 SOBRE A POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO DA CE E A IMPLEMENTAÇÃO DA ASSISTÊNCIA TÉCNICA Nem a Comissão Europeia nem qualquer pessoa que actue em seu nome são responsáveis pelo uso que possa ser feito com as informações aqui contidas Encontram-se disponíveis numerosas outras informações sobre a União Europeia na rede Internet, via servidor Europa (http://europa.eu.int) Uma ficha bibliográfica figura no fim desta publicação Capa: © The Image Bank Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias, 2003 ISBN 92-894-4176-3 © Comunidades Europeias, 2003 Reprodução autorizada mediante indicação da fonte Printed in Italy IMPRESSO EM PAPEL BRANQUEADO SEM CLORO PREFÁCIO DA DIRECÇÃO DO SERVIÇO EUROPEAID Em 2001 assistiu-se a uma profunda reforma da assistência externa da CE com o objectivo de aumentar a celeridade, a qualidade, o impacto e a visibilidade dos seus programas e projectos em todo o mundo. Em 1 de Janeiro de 2001, foi criado o Serviço de Cooperação EuropeAid, reunindo, numa organização única, a responsabilidade pela gestão das diferentes fases do ciclo dos projectos, da identificação à avaliação, enquanto a responsabilidade pela programação foi consolidada no âmbito da DG Desenvolvimento e na DG Relex. Foi criado um novo grupo interserviços de apoio à qualidade que deverá contribuir para melhorar a programação e a Comissão apresentou 112 novos documentos de estratégia por país, que estabelecem enquadramentos plurianuais coerentes para a definição das relações com países terceiros. Os plenos efeitos de uma reforma desta amplitude demorarão, inevitavelmente, a fazer-se sentir. Contudo, são já sensíveis alguns resultados positivos, por exemplo, no que se refere a uma melhoria da gestão orçamental. A recente reunião do Comité de Assistência ao Desenvolvimento (CAD) da OCDE reconheceu estes esforços, ao afirmar que «a Comunidade Europeia melhorou consideravelmente as suas políticas e estratégias em matéria de desenvolvimento desde o último exame, efectuado em 1998...». Esta declaração figura no resumo das conclusões do CAD, e tem por efeito encorajar a Comissão a prosseguir com o ritmo das suas reformas. Relativamente à política de desenvolvimento, a CE registou progressos significativos em matéria de reforço da orientação dos seus programas para a pobreza, com medidas concretas em prol da realização dos objectivos de desenvolvimento do milénio, nomeadamente a adopção de um ambicioso programa de acção de desenvolvimento da CE. No âmbito desta agenda, a Comissão adoptou igualmente um plano de acção de grande alcance para a luta contra as doenças relacionadas com a pobreza no mundo em desenvolvimento. Foi igualmente reforçada a coerência entre a política de desenvolvimento e outras políticas. O Conselho Europeu de Gotemburgo acordou numa estratégia de integração do ambiente e do desenvolvimento sustentável na política de desenvolvimento da CE. Paralelamente, o lançamento de uma nova ronda de negociações comerciais, em Doha, colocou em destaque a relação entre o comércio e o desenvolvimento. O Relatório Anual 2001 dá resposta às solicitações do Conselho e do Parlamento Europeu no sentido de este consistir num documento de alcance geral, baseado em elemento sólidos e orientado para os resultados. Representa um passo positivo nessa direcção, que será reforçado no futuro. O presente relatório fornece informações sobre programas executados e avalia os resultados obtidos no terreno: da promoção dos direitos humanos nos Balcãs à gestão dos recursos hídricos na Ásia, da saúde em África à formação e ao ensino na América Latina, da rápida mobilização no Afeganistão ao reforço das instituições na Rússia. A título de novidade, o Relatório Anual inclui um artigo especializado. Tal como a maior parte dos outros doadores, a Comissão dirige-se, cada vez mais, para uma assistência ao desenvolvimento orientada para os resultados. O artigo descreve os trabalhos em curso e indica «o ponto em que nos encontramos» a nível da aplicação de métodos de avaliação dos efeitos da nossa assistência externa fiáveis e eficazes. São ainda muito grandes os desafios que enfrentamos. Mas os objectivos são claros: melhorar o desempenho da assistência da CE e contribuir para a segurança e a prosperidade de todos. Chris Patten, membro da Comissão responsável pelas Relações Externas, presidente do Comité de Direcção do Serviço de Cooperação EuropeAid Poul Nielson, membro da Comissão responsável pelo Desenvolvimento, administrador-geral do Serviço de Cooperação EuropeAid Günther Verheugen, membro da Comissão responsável pelo Alargamento, membro do Comité de Direcção do Serviço de Cooperação EuropeAid Pascal Lamy, membro da Comissão responsável pelo Comércio, membro do Conselho de Direcção do Serviço de Cooperação EuropeAid Pedro Solbes Mira, membro da Comissão responsável pela Economia e Finanças, membro do Comité de Direcção do Serviço de Cooperação EuropeAid 3 ÍNDICE Introdução 7 1. A reforma da gestão da assistência externa: um ano de desafios 1.1. O processo de reforma 1.2. Melhoria da programação 1.3. Avaliação 9 10 10 11 2. Progressos em relação aos objectivos de desenvolvimento 2.1. Objectivos de desenvolvimento do milénio 2.2. Redução da pobreza 2.3. Avaliação dos resultados através de indicadores 19 20 23 39 40 43 46 4. Europa do Sudeste: os Balcãs 4.1. Introdução 4.2. Cooperação regional 4.3. Transportes e infra-estruturas, água e energia 4.4. Desenvolvimento rural, agricultura 4.5. Reforço das instituições 4.6. Sector privado e desenvolvimento económico 57 58 60 5. Europa Oriental, Cáucaso e Ásia Central 5.1. Introdução 5.2. Cooperação regional 5.3. Transportes e infra-estruturas 5.4. Segurança alimentar e desenvolvimento rural 5.5. Reforço das instituições 5.6. Políticas macroeconómicas 77 78 79 83 61 64 65 12 14 2.4. Objectivos sectoriais do processo de programação 25 2.5. Iniciativas políticas em domínios prioritários da CE 27 2.6. Integração das questões horizontais 32 3.4. Luta contra a droga 3.5. Interligação entre ajuda de emergência, reabilitação e desenvolvimento 3.6. Ambiente 3.7. Parceria com as ONG 47 4.7. Saúde e educação 4.8. Questões horizontais 4.9. Cooperação com outros doadores 4.10. Empréstimos do BEI 4.11. ECHO 4.12. Controlo de resultados 4.13. Conclusões e perspectivas 68 70 72 72 72 74 74 5.7. Saúde e educação 5.8. Questões horizontais 5.9. Coerência com outras políticas 5.10. Cooperação com outros doadores 5.11. ECHO 5.12. Controlo de resultados 5.13. Conclusões e Perspectivas 87 88 89 89 89 90 91 6.8. Iniciativa Europeia para a Democracia e os Direitos do Homem (IEDDH) 6.9. Coerência com outras políticas 6.10. Cooperação com outros doadores 6.11. Empréstimos do BEI 6.12. ECHO 6.13. Controlo de resultados 6.14. Conclusões e perspectivas 103 104 104 105 106 106 106 48 50 52 67 84 85 85 6. Mediterrâneo do Sul, Próximo e Médio Oriente 93 4 12 24 3. Execução: instrumentos horizontais 3.1. Iniciativa Europeia para a Democracia e os Direitos do Homem 3.2. Segurança alimentar 3.3. Saúde: doenças relacionadas com a pobreza e saúde genésica 6.1. Introdução 94 6.2. Cooperação regional 94 6.3. Transportes e infra-estruturas 96 6.4. Segurança alimentar e desenvolvimento rural 97 6.5. Reforço das instituições 1.4. Acompanhamento orientado para os resultados e projectos de desenvolvimento 1.5. Desconcentração da gestão dos projectos para as delegações da Comissão 1.6. Coerência, coordenação e complementaridade 99 6.6. Políticas macroeconómicas 100 6.7. Saúde e educação 101 7. África, Caraíbas e Pacífico (ACP) 7.1. Introdução 7.2. Integração e cooperação regionais 7.3. Países e territórios ultramarinos 7.4. Transportes e infra-estruturas 7.5. Desenvolvimento rural sustentável e segurança alimentar 7.6. Direitos humanos, democracia, boa governação e reforço das capacidades próprias 7.7. Políticas macroeconómicas e desenvolvimento do sector privado 109 110 111 111 112 8. Ásia 8.1. 8.2. 8.3. 8.4. 137 138 139 140 Introdução Cooperação regional Transportes Segurança alimentar e desenvolvimento rural 8.5. Reforço das instituições 8.6. Desenvolvimento do sector privado 9. América Latina 9.1. Introdução 9.2. Cooperação regional 9.3. Transportes e infra-estruturas 9.4. Segurança alimentar e desenvolvimento rural 9.5. Reforço das instituições 9.6. Políticas macroeconómicas 116 120 126 129 131 132 133 134 134 135 135 8.7. Saúde e educação 8.8. Questões horizontais 8.9. Coerência com outras políticas 8.10. Cooperação com outros doadores 8.11. Empréstimos do BEI 8.12. ECHO 8.13. Controlo de resultados 8.14. Conclusões e perspectivas 144 149 151 151 152 152 154 154 9.7. Saúde e educação 9.8. Questões horizontais 9.9. Coerência com outras políticas 9.10. Cooperação com outros doadores 9.11. ECHO 9.12. Controlo de resultados 9.13. Conclusões e perspectivas 170 173 174 175 177 178 178 123 141 141 142 157 158 159 165 166 168 169 10. Abordagem do desenvolvimento orientada para os resultados 10.1. Desempenho dos países e dos projectos 182 11. Quadros financeiros 193 12. Anexos 12.1. Harmonização dos procedimentos contratuais e financeiros 12.2. Ajuda externa e pagamentos em atraso (RAL) 12.3. Avaliação 12.4. Auditorias realizadas em 2001 203 Glossário de acrónimos 7.8. Saúde e educação 7.9. Questões horizontais 7.10. Comércio e desenvolvimento 7.11. Coerência com outras políticas 7.12. Cooperação com outros doadores 7.13. Empréstimos do BEI 7.14. ECHO 7.15. Controlo de resultados 7.16. Conclusões e perspectivas 181 204 204 208 210 10.2. Controlo de resultados: desempenho dos países 10.3. Resultados de projectos: controlo baseado em resultados 10.4. Conclusão 12.5. Inovação 12.6. Relações com outras organizações internacionais 12.7. Transparência e visibilidade 12.8. Assistência comunitária não abrangida pelo relatório 182 188 192 211 212 212 213 215 5 INTRODUÇÃO O presente relatório sintetiza o primeiro ano de execução das actividades de assistência externa da CE pelo Serviço de Cooperação EuropeAid (1). Cobre inúmeros aspectos, dos progressos em relação aos objectivos de desenvolvimento do novo milénio a exemplos concretos da forma como as verbas da CE foram despendidas e com que resultados. A UE é o maior doador de assistência externa do mundo, representando o investimento da CE cerca de 10% da ajuda ao desenvolvimento mundial. O presente relatório dá conta da utilização dos 9 700 milhões de euros autorizados e dos 7 700 milhões de euros pagos pela CE em 2001. A reforma da gestão da assistência externa é fundamental para o êxito destas actividades. O presente relatório constitui, aliás, um importante resultado da reforma, aumentando a transparência e a responsabilidade da política da CE e das acções nesta área. Ao descrever todos os programas geográficos e horizontais, o presente relatório substitui uma série de relatórios de programa que eram habitualmente elaborados. Os progressos alcançados em domínios prioritários para a reforma — melhoramento da programação, unificação do ciclo dos projectos sob a mesma responsabilidade e aumento da responsabilidade das delegações no terreno — são descritos no capítulo 1. O processo de reforma, lançado em Maio de 2000, tem ainda um longo caminho a percorrer até à realização dos seus objectivos, embora algumas melhorias estejam já bem patentes. Por exemplo, pela primeira vez desde 1990, verificou-se uma redução do número de compromissos assumidos à espera de ser pagos. O primeiro ponto do presente relatório sublinha ainda a importância que a coerência, a coordenação e a complementaridade assumem para as políticas da CE concebidas para promover o desenvolvimento, reduzir a pobreza e promover a integração na economia mundial. O desafio da coerência consiste em encontrar a combinação certa de políticas para cada região e país, com recurso à assistência ao desenvolvimento, a assistência humanitária, a Política Externa e de Segurança Comum, a assistência técnica na área do comércio, os direitos humanos, o ambiente, etc. Os instrumentos de programação foram melhorados com vista a assegurar um enquadramento geral coerente. A coordenação com outros doadores e a complementaridade das políticas e das actividades são igualmente fundamentais para garantir a eficácia da assistência externa. O relatório descreve as medidas tomadas pela CE neste domínio, junto dos Estados-Membros, da ONU, das instituições de Bretton Woods e de outros doadores. Os objectivos de desenvolvimento para o milénio, acordados pela comunidade internacional em Setembro de 2000, constituem um enquadramento comum para a orientação e a avaliação dos progressos no domínio do desenvolvimento. O capítulo 2 do presente relatório descreve sucintamente os progressos alcançados no sentido da realização destes objectivos e insere as actividades de assistência externa na UE no âmbito deste enquadramento. Concentra-se nos domínios prioritários de intervenção da CE, como a saúde e a educação, e em actividades destinadas a garantir a integração de questões comuns, como os direitos humanos ou o ambiente, nos projectos e programas elaborados. Os instrumentos concebidos para assegurar que as prioridades de política horizontal, como a segurança alimentar e a luta contra a droga, a par das supramencionadas, se traduzam em actividades nestes domínios, são expostos no capítulo 3, que descreve ainda projectos executados em 2001, bem como a repartição orçamental e as prioridades definidas para cada região. Os capítulos 4 a 9 são consagrados aos programas regionais da CE. São apresentadas, em rubricas temáticas comuns que reflectem as prioridades de desenvolvimento para o investimento da CE, as actividades da CE nos Balcãs, na Europa Oriental e na Ásia Central, no Mediterrâneo, nos países de África, das Caraíbas e do Pacífico, na Ásia e na América Latina. Esta apresentação demonstra que é fácil comparar as regiões em termos, por exemplo, de desenvolvimento rural ou de transportes. As actividades do ECHO, bem como os empréstimos do BEI, são igualmente abordados nestes capítulos. O capítulo 10 trata a abordagem do desenvolvimento orientada para os resultados. Com base nos documentos de estratégia por país e em indicadores, explora os critérios para o acompanhamento do desempenho dos países. É igualmente apresentado um exercício-piloto sobre o sistema de acompanhamento de projectos de desenvolvimento orientado para os resultados. O capítulo 11 é composto por um conjunto de quadros financeiros, que inclui a discriminação dos valores nas categorias definidas pelo Comité de Assistência ao Desenvolvimento da OCDE. Por último, os anexos descrevem as actividades relacionadas com a reforma da gestão da assistência externa da CE. Apresentam os progressos na harmonização dos procedimentos financeiros, tanto internamente como com outras instituições, bem como as actividades desenvolvidas em 2001 com vista a recuperar os atrasos nos pagamentos, as actividades de auditoria, as actividades da Unidade de Inovação da EuropeAid, as relações com outras organizações, a transparência e a visibilidade. A Comissão está empenhada em levar a reforma a bom termo, a pô-la em prática e a certificar-se de que ela cumpre os seus objectivos. O relatório salienta os passos dados em 2001 neste sentido. (1) A assistência aos países candidatos não está incluída no presente relatório. Para informações sobre os programas Phare, ISPA e Sapard, consultar os respectivos relatórios anuais, publicados nos seguintes endereços: http://www.europa.eu.int/comm/enlargement/pas/phare/publist.htm http://www.inforegio.cec.eu.int/wbpro/ispa/ispa_en.htm http://www.europa.eu.int/comm/enlargement/pas/sapard.htm. Sobre a ajuda humanitária, consultar o relatório anual do ECHO, no endereço: http://europa.eu.int/comm/echo/en/publicat/publications.htm. 7 1. A reforma da gestão da assistência externa: um ano de desafios © Rachel Gustave, Haïti. O presente capítulo destaca os progressos realizados em 2001 no âmbito da reforma da gestão da assistência externa da CE, lançada em Maio de 2000. O processo de reforma da gestão é o ponto de partida natural do relatório, na medida em que afecta todos os aspectos da assistência externa da CE, descritos mais pormenorizadamente nos capítulos seguintes. A reforma da política de desenvolvimento da CE, lançada em Novembro de 2000, e a ser executada em paralelo com a reforma da gestão, é abordada no capítulo 2. Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica 1.1. O processo de reforma Quando tomou posse, em Setembro de 1999, a actual Comissão viu-se confrontada com uma situação alarmante em matéria de execução da ajuda a países terceiros. A pertinência e a qualidade dos programas comunitários eram objecto de críticas cada vez mais explícitas, com a imagem e a credibilidade da Comissão a saírem diminuídas aos olhos dos Estados beneficiários e das instituições multilaterais parceiras. Em 16 de Maio de 2000, a Comissão lançou um programa de reforma da gestão da assistência externa (1), cujos principais objectivos são os seguintes: ponto 1.5). 18 das 21 delegações seleccionadas para a primeira fase têm já a gestão a seu cargo, enquanto a preparação para a segunda vaga de desconcentração (26 delegações) está já numa fase avançada, devendo a maior parte destas delegações estar a funcionar de forma desconcentrada no início do segundo semestre de 2002. Por último, no ponto 1.6 é explicada a forma por que a Comissão aceitou o desafio de reforçar a coerência, a coordenação e a complementaridade — os «3C» —, aspectos estreitamente ligados ao processo dos documentos estratégicos por país. 1.2. Melhoria da programação ❿ melhorar a qualidade dos projectos e programas; ❿ reduzir o tempo necessário para a sua execução; ❿ garantir que os procedimentos de gestão financeira, técnica e contratual correspondem aos mais elevados padrões internacionais; ❿ aumentar o impacto e a visibilidade da assistência externa da União Europeia (UE). Paralelamente ao processo de reforma, procurou-se melhorar a correspondência entre prioridades políticas e dotações orçamentais. No Conselho informal «Assuntos Gerais» de Evian, de 2 e 3 de Setembro de 2000, e na reunião do Conselho «Assuntos Gerais» de 9 de Outubro de 2000, os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE sublinharam a necessidade de reforçar a coerência das acções externas da UE. No Conselho «Assuntos Gerais» de Janeiro de 2001, os mesmos ministros salientaram que os objectivos das acções da CE devem traduzir-se em compromissos concretos e que a sinergia entre as acções da UE e as dos EstadosMembros deve ser reforçada, a fim de aumentar a eficácia das acções externas da UE. Foi identificada uma série de instrumentos fundamentais para atingir os objectivos da reforma. Em 2001, foram definidos e aprovados novos instrumentos de planeamento e programação para a cooperação para o desenvolvimento da CE, designadamente os documentos de estratégia por país, que estão prestes a tornar-se o principal instrumento de gestão da ajuda da CE (ver ponto 1.2 do presente capítulo). Paralelamente, foi melhorada a gestão das avaliações. Nomeadamente, foi reforçada a imparcialidade, e os resultados das avaliações passam a ser sistematicamente tidos em conta no processo decisório, bem como na concepção e na execução dos projectos e programas (ver ponto 1.3.). Associado à melhoria da avaliação surge um sistema de acompanhamento de projectos e programas orientado para os resultados (ver ponto 1.4). Trata-se de um primeiro passo, mas que constitui uma parte muito importante da reforma. A Comissão iniciou igualmente a descentralização da gestão dos projectos e programas para as suas delegações (ver 10 1.2.1. Documentos de estratégia por país/regionais A programação obedece a prioridades estabelecidas nos documentos de estratégia por país/regionais (DEP/DER), que definem um «enquadramento estratégico» para as prioridades de cooperação da CE num dado país ou numa dada região (2). Trata-se da primeira vez que a Comissão estabeleceu um enquadramento coerente para as suas relações com países terceiros, que cobre tanto a assistência ao desenvolvimento como outras políticas comunitárias essenciais (a «combinação de políticas»). Em 2001, a Comissão começou a elaborar documentos de estratégia por país e região para parceiros de todas as regiões abrangidas pelos diferentes regulamentos: para os Estados ACP (África, Caraíbas e Pacífico), ALA (América Latina e Ásia), CARDS (para os Balcãs) MEDA (para o Mediterrâneo), Tacis (para a Europa Oriental e a Ásia Central). Estas estratégias foram definidas em colaboração com os governos nacionais, os Estados-Membros, outros doadores bilaterais e multilaterais e, sempre que possível, representantes da sociedade civil (3). Mais de 110 documentos de estratégia por país ou regionais estão já concluídos ou em fase avançada de preparação. Prevê-se que, antes do final de 2002, o processo esteja concluído e todos os documentos estejam publicados nos seguintes sítios web: http://europa.eu.int/comm/external_relations/sp/ index.htm e http://europa.eu.int/comm/ development/strat_papers/ index_fr.htm. 1.2.2. O Grupo Interserviços de Apoio à Qualidade No âmbito do processo de reforma, foi criado, em Janeiro de 2001, um Grupo Interserviços de Apoio à Qualidade, cuja principal tarefa consiste em avaliar os projectos de documentos de estratégia por país e região, bem como os programas indicativos, a fim de assegurar a sua elevada qualidade. Para obter o máximo impacto, o Grupo intervém numa das (1) SEC(2000) 814, de 16 de Maio de 2000 — Comunicação dos comissários «Relex»: Chris Patten («Relações Externas»), Poul Nielson («Desenvolvimento»), Verheugen («Alargamento»), Pascal Lamy («Comércio») e Pedro Solbes Mira («Assuntos Económicos e Financeiros»). (2) SEC(2000) 814, SEC(2000) 1049, de 15 de Junho de 2000, e conclusões do Conselho «Desenvolvimento» de 10 de Novembro de 2000. Internet: http:/www.consilium.eu.int/Newsroom/newmain.asp?lang=1. (3) A consulta da sociedade civil constitui uma obrigação nos termos do artigo 2.º do Acordo de Cotonu. A reforma da gestão da assistência externa: um ano de desafios primeiras fases do processo de programação. Até agora, o Grupo avaliou mais de 110 documentos de programação, elaborou orientações relativas à aplicação do enquadramento comum para os documentos de estratégia por país e organizou quatro seminários de formação em programação. Por último, o Grupo criou um sítio web na Intranet da Comissão, com o objectivo de melhorar a comunicação interna entre os intervenientes no processo de programação. O principal instrumento para avaliação de que o Grupo dispõe é o enquadramento comum para os documentos de estratégia por país, adoptado pelo Conselho. Para além de tecer observações sobre o formato, o estilo, a apresentação e a legibilidade geral, o Grupo concentra-se em determinados aspectos centrais: ❿ qualidade da avaliação do potencial de desenvolvimento, e necessidades e limitações do processo de desenvolvimento; ❿ coerência entre a análise e a estratégia de resposta proposta pela Comissão, verificando se as intervenções da CE correspondem a desafios de desenvolvimento essenciais a médio prazo; ❿ concentração na pobreza, pela estratégia proposta, bem como a sua coerência com outros objectivos políticos da CE; ❿ orientação/grau de concentração; grau de complementaridade entre o apoio da CE e o de outros doadores, em especial dos Estados-Membros da UE; ❿ condições em que o apoio é concedido; ❿ definição de indicadores destinados a acompanhar o desempenho do país em termos de crescimento económico e de redução da pobreza; ❿ medida em que é abrangida a totalidade da assistência externa prestada pela Comunidade ao país em causa (coerência entre dotações para o país e rubricas orçamentais horizontais); ❿ importância conferida à coerência entre a política de desenvolvimento e outras políticas comunitárias relevantes para o país/região parceiros («combinação de políticas»). Com base nas conclusões do Grupo Interserviços de Apoio à Qualidade, a Comissão considera que se verificou um salto qualitativo na programação da assistência externa da CE. O Grupo concluiu que, de um modo geral, os documentos que analisou respondiam à maior parte dos requisitos estabelecidos no enquadramento para os documentos estratégicos por país. As principais deficiências foram assinaladas aos responsáveis pela elaboração dos documentos, com vista à introdução das necessárias alterações. Contudo, a programação pode ainda ser melhorada. Nesse espírito, a Comissão vai empreender uma análise do processo de elaboração dos documentos de estratégia e enunciar as suas conclusões num relatório a apresentar ao Conselho «Desenvolvimento» em Novembro de 2002. O relatório incluirá ainda propostas no sentido de melhorar o processo de programação, em antecipação da próxima revisão dos documentos de estratégia por país. 1.2.3. Maior concentração do ciclo dos projectos e criação do Serviço de Cooperação EuropeAid Em 1 de Janeiro de 2001, as direcções-gerais geográficas (DG Relações Externas e DG Desenvolvimento) assumiram a responsabilidade da programação e estratégia, enquanto o recém-criado Serviço de Cooperação EuropeAid (EuropeAid) tomou a seu cargo os demais aspectos do ciclo dos projectos (da identificação dos projectos à avaliação ex post). Esta reorganização implicou a correspondente transferência de pessoal e responsabilidades. Em Junho de 2001, foi assinado um acordo interserviços que clarificou os papéis e as responsabilidades das três direcções-gerais mais estreitamente implicadas na gestão da assistência externa. 1.2.4. Melhoria da gestão e desempenho financeiros Os primeiros efeitos do processo de reforma da gestão, em termos de procedimentos e de gestão e desempenho financeiros, fizeram-se sentir ainda no decurso de 2001. Entre esses efeitos, podem destacar-se: ❿ a melhoria da execução orçamental, incluindo o aumento dos pagamentos em 20% em relação a 2000; ❿ uma distribuição mais equilibrada ao longo do exercício financeiro, confirmada pelo perfil das autorizações orçamentais (52% do orçamento executado do último trimestre, contra uma média de 68%, no mesmo trimestre, durante o período 1998-2000); ❿ pela primeira vez desde 1990, uma redução — de 3% — do nível de compromissos assumidos e ainda por pagar; o número de anos necessário para recuperar este atraso nos pagamentos passou de 4,12 anos, no final de 2000, para 3,66 anos, no final de 2001; ❿ a redução do número de rubricas orçamentais individuais (14%) em relação a 2000; ❿ a aplicação de procedimentos contratuais novos e simplificados (que foram reduzidos, em número, de 46 para 8) foi acelerada, graças à elaboração de um guia prático; ❿ as funções dos 48 gabinetes de assistência técnica desmantelados em 2001 foram asseguradas internamente. 1.3. Avaliação No âmbito do processo de reforma, a avaliação da assistência externa está a ser reforçada e mais bem 11 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica integrada no processo decisório. Também a imparcialidade da avaliação está a ser assegurada, em conformidade com o pedido da OCDE/CAD, sendo mantida uma clara separação entre o serviço de avaliação, que procede a avaliações temáticas, sectoriais e «geográficas» (países e regiões), e os serviços operacionais e políticos que analisam essas avaliações e tomam as medidas adequadas para dar resposta às conclusões e recomendações. 1.3.1. O programa de avaliação de 2001 O programa de trabalho da Unidade de Avaliação para 2001 foi adoptado pela Direcção do Serviço de Cooperação EuropeAid na sua primeira reunião, em Fevereiro de 2001. Para além da habitual análise política dos principais sectores, foram incluídos temas horizontais, instrumentos e programas por país, o próprio processo de programação e a «combinação de políticas». No final do ano, haviam sido concluídas 17 avaliações, estando 8 em curso. O programa de 2001 reunia as avaliações em quatro grupos temáticos. Do ponto 12.3 do capítulo 12 (anexo) consta uma descrição pormenorizada. 1.4. Acompanhamento orientado para os resultados e projectos de desenvolvimento Tanto os indicadores relativos a cada país como o acompanhamento dos resultados dos projectos contribuem para a avaliação do desempenho da cooperação da CE para o desenvolvimento. 12 em relação aos resultados. Não se destina prioritariamente às autoridades responsáveis pelos projectos, cuja gestão corrente exige informações mais pormenorizadas, embora, naturalmente, deva ser útil a estas autoridades, bem como aos ministérios e governos parceiros. O sistema inclui visitas breves ao terreno por parte de peritos externos experientes, que preenchem fichas seminormalizadas em que estimam a eficácia, a eficiência, o impacto, a pertinência e a sustentabilidade provável dos projectos e programas. Para garantir a coerência do sistema, cada um dos cinco critérios é exaustivamente definido em conformidade com a metodologia actual e, em seguida, são discriminadas as suas componentes, que os peritos devem analisar cuidadosamente antes de atribuir uma classificação. Os peritos externos em acompanhamento dispõem de conhecimentos e experiências sectoriais e geográficas variáveis. Trabalham em pequenas equipas e o seu trabalho assenta na análise de documentos e em entrevistas com representantes das partes interessadas num dado projecto, incluindo os beneficiários finais. São avaliados dados essenciais, como o orçamento dos projectos, embora não seja efectuada qualquer auditoria ou acompanhamento financeiro aprofundado. Os relatórios, pareceres de gestores de tarefas e documentos de base dos projectos são registados na base de dados central, que irá constituir um instrumento fundamental de gestão e informação. São acompanhados os projectos em curso (no mínimo, seis meses de execução e mais seis meses de duração) com uma dimensão mínima (cerca de um milhão de euros). No final de 2001, tinham sido acompanhados cerca de 500 projectos, num valor total de 4 700 milhões de euros, na América Latina, na Ásia, em África, nas Caraíbas, no Pacífico, no Mediterrâneo e nos Balcãs. Estes dois elementos têm papéis complementares, e os resultados de ambos são tidos em conta em todos os níveis da definição de políticas. Do capítulo 10 constam informações mais pormenorizadas sobre ambas as abordagens. Do capítulo 10 constam as primeiras indicações acerca do desempenho dos projectos, desde as fases de concepção e ensaio. A ajuda ao desenvolvimento da Comissão está a ser cada vez mais orientada para os resultados, tendo mesmo sido instaurado e começado a ser testado um sistema para acompanhar, de forma regular, os resultados dos projectos, ou seja, os resultados e o eventual impacto dos projectos nos beneficiários. 1.5. Desconcentração da gestão dos projectos para as delegações da Comissão Em 2000, a Comissão concebeu um sistema melhorado de acompanhamento, orientado para os resultados, a aplicar nas regiões ALA/MED/ACP e nos Balcãs, alicerçado no sistema da Comissão para a gestão do ciclo dos projectos. O sistema foi testado e melhorado em 2001. A desconcentração da gestão da ajuda externa para as delegações da Comissão constitui um elemento fundamental da reforma da gestão da assistência externa. O princípio é o de que tudo o que pode ser mais bem gerido e decidido localmente, no país em causa, deve ser decidido localmente, e não em Bruxelas. O principal objectivo consiste na compilação de informações orientadas para os resultados relativas a projectos no terreno e na elaboração de relatórios sobre os progressos alcançados. O sistema proporciona, tanto às delegações como ao Serviço, uma panorâmica dos progressos dos projectos A Comissão impôs-se um calendário extremamente cerrado, cujo objectivo consiste em tornar a desconcentração extensiva a todas as delegações até ao final de 2003, em três vagas sucessivas: 21 delegações em 2001, 26 em 2002 e as restantes 31 delegações ACP em 2003. A reforma da gestão da assistência externa: um ano de desafios 1.5.1. Progressos alcançados em 2001 O ambicioso objectivo fixado para 2001 — realizar a desconcentração em 21 delegações (1) — cobriu todas as áreas geográficas e, por conseguinte, programas muito diferentes. Para realizar este objectivo, os serviços da Comissão tiveram de trabalhar, paralelamente, no desenvolvimento do conceito, nos preparativos técnicos e na planificação logística. Este complexo exercício teria ainda de ser lançado num momento em que outros elementos do processo de reforma estivessem a ser introduzidos, tanto nos serviços Relex (criação do Serviço de Cooperação EuropeAid, integração do ciclo dos projectos, etc.) como ao nível da Comissão (reforma financeira e administrativa). Além disso, os recursos financeiros que puderam ser mobilizados para esta primeira vaga foram relativamente modestos, sobretudo no que se refere ao número de novas vagas para pessoal (limitado a 40). Esta situação irá, contudo, melhorar em 2002: serão disponibilizadas 114 vagas para o lançamento da segunda vaga e o reforço da primeira, onde necessário. técnico do Serviço de Cooperação EuropeAid, que é igualmente responsável pelo controlo de qualidade final das propostas de financiamento e pelo acompanhamento destas propostas ao longo do processo decisório (processo do comité de gestão, etc.); ❿ responsabilidade directa pela execução contratual e financeira, subordinada ao respeito estrito dos procedimentos, e pelo acesso aos sistemas de gestão financeira e contabilística na sede; ❿ responsabilidade directa pela execução técnica que requeira capacidades técnicas no local e pelo eventual recurso a pareceres mais especializados da sede. Entre Abril e Dezembro de 2001, o processo prático de preparação incluiu o ensaio de ligações informáticas seguras, a adaptação do sistema de informação à gestão desconcentrada, a elaboração ou a actualização de manuais, a elaboração de orientações sobre circuitos financeiros, a criação de um programa de formação específico e a obtenção de financiamento para as 21 delegações da primeira vaga. 1.5.2. Preparação da desconcentração Durante o primeiro trimestre de 2001, foi desenvolvido um conceito harmonizado de desconcentração, que cobre todos os programas geográficos, com base nos seguintes princípios: ❿ A prazo, a desconcentração irá incidir em todos os programas. ❿ A desconcentração irá incidir em todas as fases do ciclo de projectos. ❿ A desconcentração requer substanciais recursos adicionais (humanos e materiais). ❿ O papel da sede irá evoluir para um papel de coordenação, supervisão da qualidade, controlo da gestão, apoio técnico e melhoria dos métodos de trabalho. A nível prático, a desconcentração implica as seguintes mudanças para as delegações: ❿ uma participação mais activa na programação, embora a responsabilidade última continue a ser da Direcção-Geral Relações Externas ou da Direcção-Geral Desenvolvimento, consoante a área geográfica; ❿ responsabilidade directa pelo trabalho de identificação e de instrução, com o apoio metodológico e 1.5.3. Desconcentração em favor das 21 delegações da primeira vaga A tarefa de preparar as 21 delegações para a desconcentração foi iniciada no princípio de 2001. Em Julho de 2001, os chefes de delegação já tinham tido uma audição com os directores-gerais Relex, a fim de acordar os recursos adicionais necessários e definir um plano de acção para a respectiva mobilização. O resultado deste processo — e o desafio que ele representou para os serviços da Comissão — pode sintetizar-se do seguinte modo: ❿ selecção, recrutamento e formação de 307 novos trabalhadores (funcionários e outros agentes) a colocar nas 21 delegações; ❿ mudança ou ampliação das instalações de 18 das 21 delegações; ❿ instalação de ligações informáticas seguras em 19 das 21 delegações, de modo a permitir-lhes aceder ao sistema de informação contabilística e de gestão da Comissão. Os progressos alcançados até ao final de 2001 foram bastante satisfatórios. A maior parte das 21 delegações estava apta a começar a funcionar de forma desconcentrada em Janeiro de 2002, início do novo exercício financeiro. (1) As 21 delegações da «primeira vaga» são as seguintes: Europa: Croácia e Rússia. Mediterrâneo: Egipto, Marrocos, Tunísia e Turquia. Ásia: Indonésia, Tailândia, Índia e China. América Latina: Nicarágua, Bolívia, Argentina, México e Brasil. África/ACP: África do Sul, Senegal, Costa do Marfim, Quénia, Mali e República Dominicana. 13 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica 1.5.4. Preparação da segunda vaga A lista de 26 delegações (1) a desconcentrar em 2002 foi aprovada em Setembro de 2001. O Afeganistão foi ulteriormente acrescentado à lista, para ser objecto de uma rápida desconcentração, logo que as condições no terreno o permitam. Os trabalhos preparatórios foram iniciados de imediato. A experiência adquirida com a primeira vaga não deixará de ser proveitosa. Espera-se que, em relação ao primeiro grupo de candidatos à segunda vaga, a desconcentração esteja concretizada em Setembro de 2002 (partindo do princípio de que, até lá, será possível solucionar o problema da exiguidade das instalações). No ponto seguinte, são apresentados dois exemplos concretos da forma como a coerência é assegurada, na prática, nos domínios da pesca e da ajuda alimentar/segurança alimentar. No capítulo seguinte são apresentados novos exemplos. 1.6.1.1. Pesca 1.6. Coerência, coordenação e complementaridade Na sua comunicação sobre a pesca e a redução da pobreza (2) e em apoio do processo de formulação de conclusões do Conselho e do Parlamento Europeu, a Comissão consagrou muita atenção às questões da coerência e da complementaridade no domínio da pesca. Os principais objectivos deste esforço foram os seguintes: 1.6.1. Reforçar a coerência das políticas ❿ melhorar a coerência entre a política de desenvolvimento da Comunidade e as demais políticas comuns relacionadas com o sector da pesca; Garantir a coerência entre os objectivos da política de desenvolvimento da CE e as suas políticas e objectivos para outras áreas constitui uma prioridade operacional e uma obrigação jurídica para a Comissão. ❿ fomentar a complementaridade entre as operações apoiadas pela CE e as empreendidas pelos Estados-Membros, mediante uma perspectiva comum dos desafios em presença e das estratégias para os enfrentar. A Comunidade Europeia tem acordos bilaterais de associação e de cooperação com a maior parte dos países de África, da Ásia, da América Latina, bem como do Mediterrâneo e dos Balcãs Ocidentais, que são, na sua maioria, países em desenvolvimento. A CE instituiu uma série de políticas destinadas a promover o desenvolvimento, reduzir a pobreza e a integrar estes países na economia mundial. A forma por que se procura realizar estes objectivos difere de país para país e de região para região. Os objectivos específicos e os domínios de interacção com a UE variam em função de uma série de factores intrínsecos ao país em causa, como o rendimento nacional, a incidência da pobreza, a situação política, as estruturas comerciais, a proximidade geográfica em relação à União Europeia, etc. O desafio que se coloca à UE é o de encontrar a combinação de políticas adequada a cada região e a cada país. A vasta gama de políticas de que a UE dispõe proporciona-lhe uma oportunidade única de utilizar uma combinação eficaz de instrumentos de cooperação, incluindo a assistência ao desenvolvimento, acordos de pesca, instrumentos comerciais, diálogo político, instrumentos de política externa, etc. O processo dos documentos de estratégia por país deverá permitir uma utilização mais coerente destes instrumentos. Na elaboração dos documentos de estratégia por país são consultados todos os serviços perti- 14 nentes da UE, bem como o país parceiro em causa. Os documentos incluem uma secção em que são identificadas as políticas da UE que afectam o país terceiro em causa e é analisada a combinação de políticas adequada. Este trabalho, desenvolvido em estreita cooperação entre os serviços da Comissão responsáveis pela pesca e pelo desenvolvimento, permitiu atenuar as incoerências entre a política de desenvolvimento da CE, por um lado, e a política comum da pesca, por outro. Os principais vectores deste trabalho foram os seguintes: ❿ a política de desenvolvimento da CE, que conduziu a uma crescente integração das questões do sector da pesca nos documentos de estratégia por país e região; ❿ a política comum da pesca, que será cada vez mais orientada para o desenvolvimento sustentável, tanto internamente como no que se prende com as relações internacionais da Comunidade no sector da pesca. 1.6.1.2. Ajuda alimentar/segurança alimentar Em Setembro de 2001, a Comissão emitiu uma comunicação relativa à avaliação e orientação futura do Regulamento (CE) n.º 1292/96 do Conselho, relativo à política e à gestão da ajuda alimentar e às acções especí- (1) As 26 delegações da «segunda vaga» são as seguintes: Europa: Albânia, Cazaquistão e Ucrânia. Mediterrâneo: Argélia, Margem Ocidental/Faixa de Gaza, Jordânia, Líbano e Síria. Ásia: Bangladeche, Filipinas, Paquistão e Vietname. América Latina: Colômbia, Peru, Uruguai, Chile e Venezuela. ACP: Burquina Faso, Benim, Camarões, Etiópia, Madagáscar, Nigéria, República da Guiné e Tanzânia. (2) Comunicação da Comissão sobre «Pesca e redução da pobreza» [COM(2000) 724, de 8 de Novembro de 2000]. A reforma da gestão da assistência externa: um ano de desafios ficas de apoio à segurança alimentar (1). Nesta comunicação, a Comissão realizou um progresso considerável do ponto de vista da coerência neste domínio. A comunicação veio assegurar uma maior coerência interna na utilização da ajuda alimentar relativamente à ajuda humanitária e à política agrícola comum: ❿ a ajuda alimentar em espécie prestada no âmbito do regulamento ajuda alimentar/segurança alimentar e canalizada, principalmente, através de programas governamentais directos, da Euron Aid/ONG e do PAM passou a ser mobilizada: a) em complementaridade com o ECHO, a fim de prestar assistência em caso de crise grave e prolongada, b) a título de contribuição para reservas estratégicas e redes de segurança e c) na interligação das operações de emergência, reabilitação e desenvolvimento; ❿ a ajuda alimentar em espécie foi claramente dissociada do escoamento dos excedentes agrícolas e transformou-se num instrumento da assistência ao desenvolvimento. Quanto à coerência externa, os serviços da Comissão em causa registaram progressos consideráveis, tanto no contexto da Convenção Internacional para a Ajuda Alimentar como no do processo de negociações da OMC, no sentido da adopção de regras mais estritas e de maior transparência na prestação de ajuda alimentar aos países em desenvolvimento: ❿ a ajuda alimentar deve ser prestada a título gratuito. Deve ser limitada a intervenções humanitárias e de emergência, à interligação das operações de emergência, reabilitação e desenvolvimento e a elemento de uma estratégia de rede de segurança destinada a grupos particularmente vulneráveis da população; complementaridade começa com a coordenação, mas vai mais longe: implica que cada actor concentre a sua assistência onde esta puder representar valor acrescentado, tendo em conta aquilo que os outros estão a fazer — trata-se de maximizar energias. A CE está firmemente empenhada em observar estes dois princípios. A nível político, o enquadramento comum para as intervenções da CE e de outras agências na esfera do desenvolvimento é proporcionado pelos objectivos de desenvolvimento do milénio. Mais concretamente, a CE pretende, sempre que possível, integrar o seu apoio, a nível de país, num contexto mais vasto. O processo do documento de estratégia para a redução da pobreza (DERP), firmemente apoiado pela CE (ver capítulo 2), foi especificamente concebido para promover a coordenação e a complementaridade dos esforços dos doadores nos países de baixos rendimentos. A nova abordagem da programação da CE, incluindo o recurso aos documentos de estratégia por país e um diálogo estruturado com os beneficiários (por exemplo, os países ACP), constitui mecanismos essenciais para assegurar uma coordenação e uma complementaridade acrescidas. A decisão da CE de concentrar as suas intervenções para o desenvolvimento em seis domínios prioritários, cuja escolha tem em conta as prioridades nacionais e as intervenções dos outros doadores, representa uma nova demonstração do seu empenhamento nestes princípios. As alterações específicas na abordagem política da CE e em relação a determinados sectores e regiões são abordadas em capítulos ulteriores. O ponto seguinte avança alguns exemplos dos progressos alcançados a partir do centro em 2001. 1.6.2.1. Cooperação entre os Estados-Membros e a Comissão 1.6.2. Coordenação e complementaridade As orientações do Conselho e da Comissão para melhorar a coordenação operacional entre a CE e os Estados-Membros, que cobrem todos os países beneficiários de assistência externa da União, foram aprovadas no decurso do debate de orientação do Conselho de 2001 (2). As melhorias introduzidas na programação da ajuda da CE, atrás referidas, deverão contribuir para este processo. Para além das consultas sobre os documentos de estratégia por país, a partilha das orientações sectoriais entre os Estados-Membros e a Comissão revelou-se muito útil (a Comissão está a preparar orientações sectoriais para os seus seis domínios prioritários de intervenção, tendo já sido adoptadas orientações para o sector prioritário dos transportes). O reforço da coordenação e da complementaridade é essencial para aumentar a eficácia da assistência externa da CE. Ao nível mais básico, a coordenação implica maior conhecimento daquilo que os outros implicados num dado sector, país ou região estão a fazer e um esforço no sentido de uma colaboração mais eficaz. A coordenação é fundamental para evitar sobreposições ou incoerências no trabalho daqueles que pretendem atingir os mesmos objectivos. A Os resultados destes esforços começam a fazer-se sentir. A Comissão organiza regularmente reuniões, em conjunto com os directores-gerais responsáveis pelo desenvolvimento dos Estados-Membros. Estas reuniões constituem um fórum para a troca de opiniões sobre boas práticas, preocupações comuns, dificuldades presentes e novas abordagens. Tendo em conta as importantes conferências internacionais agendadas para 2002, sobre o financiamento do desenvolvi- ❿ a fim de respeitar os padrões de consumo e evitar distorções do mercado, a ajuda alimentar deve ser prestada, unicamente, a pedido dos países beneficiários, que devem indicar as suas necessidades específicas; ❿ sempre que possível, os doadores devem dar preferência a aquisições locais ou regionais. (1) COM(473) 2001, de 5 de Setembro de 2001, alterada em 12 de Setembro de 2001 [COM(2001) 473/2]. (2) Conselho «Assuntos Gerais» de 22 e 23 de Janeiro de 2001. 15 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica mento (Monterrey) e sobre o desenvolvimento sustentável (Joanesburgo), foi particularmente valorizada a coordenação no âmbito das instâncias internacionais. Igual esforço foi feito para promover um maior envolvimento da Comissão no CAD da OCDE. O mandato conferido pelos Estados-Membros à Comissão para elaborar um relatório preparatório da Conferência de Monterrey constituiu um sinal positivo em termos de confiança. Na sua reunião de Novembro de 2001, o Conselho «Desenvolvimento» solicitou à Comissão que clarificasse uma série de questões e que explorasse, através do diálogo com os Estados-Membros, as eventuais iniciativas a empreender por estes. O Conselho destacou, nomeadamente, a questão do aumento do volume da ajuda, com vista a alcançar a meta das Nações Unidas de 0,7% do rendimento nacional bruto a fornecer como ajuda oficial ao desenvolvimento (AOD), designadamente através do estabelecimento de calendários específicos. Para além do volume da ajuda, foi ainda feita uma menção especial à respectiva eficácia, incluindo a desvinculação da ajuda, os bens públicos mundiais e as fontes de financiamento inovadoras. O relatório da Comissão foi apresentado no Conselho «Assuntos Gerais» de Fevereiro de 2002, e sintetizava potenciais iniciativas positivas resultantes das discussões entre a Comissão e os Estados-Membros e abordava a forma de superar a diferença entre o actual nível de assistência ao desenvolvimento e o volume necessário para atingir os objectivos da Declaração do Milénio. O relatório e as medidas tomadas pelos Estados-Membros contribuíram para assegurar um contributo positivo da UE para a conferência sobre o financiamento do desenvolvimento. 1.6.2.2. Cooperação com outros doadores A Comissão lançou diversas iniciativas com outros doadores no âmbito das cimeiras UE-EUA, UE-Canadá e UE-Japão, orientadas, sobretudo, para a região dos Grandes Lagos e para o Afeganistão. Além disso, realizaram-se reuniões de alto nível com vista a melhorar a cooperação com a Noruega. A Comissão está a explorar modelos para reforçar a cooperação com outros doadores. Decorreu já uma primeira iniciativa, no âmbito da qual a Comissão acolheu funcionários do Japão. A harmonização dos procedimentos dos doadores constitui um elemento fundamental para o reforço da coordenação, da eficácia e da apropriação por parte dos países beneficiários. Neste contexto, a Comissão empreendeu exercícios exploratórios com os Estados-Membros e o CAD. Um esforço idêntico está a ser feito relativamente à ONU, mediante a renegociação do acordo-quadro geral e a reformulação do regulamento financeiro. 1.6.2.3. Cooperação com a ONU Para reforçar a coordenação com as Nações Unidas e para promover a complementaridade, a Comissão tem 16 conduzido um diálogo político alargado e negociações sobre o melhoramento do acordo-quadro geral CE-ONU. Para o efeito, foram mantidas reuniões com, nomeadamente, o ACNUR, a OIT, o PNUD, a Unicef, a UN-NADAF, a FAO, a OMS, o PAM, o FIDA e a Unesco. Em 2001, a Comissão adoptou uma comunicação subordinada ao tema «Criação de uma parceria eficaz com as Nações Unidas nos domínios do desenvolvimento e dos assuntos humanitários» (1). O essencial do seu conteúdo (melhoria da cooperação CE-ONU) foi aprovado pelo Conselho «Desenvolvimento» de 31 de Maio de 2001. A nova abordagem irá reforçar a participação da CE nos diálogos políticos a montante e aumentar a eficácia, a transparência, a previsibilidade financeira e a facilidade de acompanhamento da parceria operacional com as agências, fundos e programas da ONU. No seguimento desta comunicação, a Comissão procedeu a uma análise aprofundada do principal mandato e dos meios das agências, fundos e programas das Nações Unidas. Nesta base, a Comissão irá propor, em diálogo com os Estados-Membros e sempre que tal represente um valor acrescentado para a realização dos objectivos políticos com eles acordados, o reforço da cooperação com as instâncias da ONU, mediante o estabelecimento de uma parceria estratégica. Por conseguinte, a divisão das tarefas pelos doadores será feita com base nos critérios de selecção do principal mandato e concentrar-se-á nas vantagens comparativas, no valor acrescentado e na complementaridade. 1.6.2.4. Cooperação com as instituições de Bretton Woods No âmbito do processo do DERP, foram mantidos intensos contactos com o FMI e o Banco Mundial, tanto a nível de funcionários como de direcção. Uma equipa do DERP da CE visitou Washington em Janeiro — no seguimento das reuniões FMI/BM/DERP realizadas em Bruxelas em Setembro do ano anterior. A missão aprofundou a coordenação do processo do DERP, nomeadamente através de um acordo com vista ao co-financiamento do CARP (2) em alguns paísespiloto e ao reforço da cooperação em apoio da gestão das finanças públicas. Foram igualmente registados progressos no que se refere à convergência de perspectivas sobre a importância da condicionalidade baseada nos resultados. Os planos relativos à gestão das finanças públicas conduziram à instituição do programa PEFA (Despesa Pública e Responsabilidade Financeira), apoiado pelo Banco, a CE e o DFID (departamento para o Desenvolvimento Internacional, Reino Unido), e parcialmente financiado através de uma contribuição da CE de 1,9 milhões de euros para um fundo fiduciário. Em contrapartida, o co-financiamento do CARP ainda não se tinha concretizado no final do ano, devido, em larga medida, ao facto de apenas três países (dois dos quais ACP) terem recebido um CARP e de, por vezes, não haver grandes expectativas para a cooperação no terreno. Entretanto, a CE começa a participar no apoio orçamental em conjunto com outros doadores, o que, até certo ponto, limita as (1) Comunicação da Comissão sobre «Criação de uma parceria eficaz com as Nações Unidas nos domínios do desenvolvimento e dos assuntos humanitários» [COM(2001) 231, de 2 de Maio de 2001]. (2) Crédito de apoio à redução da pobreza, o novo instrumento programático de crédito do Banco Mundial para os países pobres fortemente endividados (PPFE). A reforma da gestão da assistência externa: um ano de desafios perspectivas de co-financiamento do CARP com o Banco. Em 2001, foram mantidos alguns contactos de alto nível, incluindo a visita do presidente do Banco Mundial, James Wolfensohn, à Comissão durante o mês de Novembro. Graças à sua participação na iniciativa PPAE, a Comissão tornou-se o principal contribuinte para os fundos geridos pelo Banco Mundial. Ao longo do ano prosseguiram os intensos contactos entre o Banco e a Comissão, sobretudo no contexto da coordenação sectorial e de iniciativas especiais, como a duradoura participação de ambas as instituições na parceria especial para África (PEA). 17 © Dacaar 2. Progressos em relação aos objectivos de desenvolvimento A Declaração do Milénio, aprovada por 147 chefes de Estado e de Governo e por um total de 189 países na Cimeira do Milénio, em Setembro de 2000, constituiu um marco para os esforços da cooperação internacional para o desenvolvimento, incluindo os da União Europeia. Os objectivos de desenvolvimento do milénio (ODM), contidos na declaração, e desenvolvidos no «guia» das Nações Unidas para a aplicação da declaração, fornecem um enquadramento comum para a concentração e a avaliação dos progressos em matéria de desenvolvimento. Estes objectivos, que emergiram dos acordos e das resoluções das conferências da ONU realizadas na última década, incluindo os objectivos de desenvolvimento internacionais dos anos 90, foram igualmente subscritos pela maior parte das principais organizações multilaterais, o que lhes confere uma legitimidade sem precedentes. Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica a ser integradas nas actividades em prol do desenvolvimento (ponto 2.6) O presente capítulo explica de que forma a CE coopera com os demais intervenientes com vista à realização dos objectivos de desenvolvimento do milénio, bem como o teor dos objectivos específicos da nova política de desenvolvimento da CE, aprovada em Novembro de 2000. Foi acordado um sistema de acompanhamento dos progressos rumo à realização dos objectivos de desenvolvimento do milénio, embora seja ainda necessário melhorar substancialmente a capacidade estatística dos países em desenvolvimento. Contudo, os dados disponíveis revelam que os progressos variam consideravelmente em função das regiões e dos objectivos (ponto 2.1). O principal objectivo da política de desenvolvimento da CE, aprovada em Novembro de 2000, consiste na erradicação da pobreza (ponto 2.2). Para acompanhar a sua contribuição para os objectivos de desenvolvimento do milénio, a CE está a desenvolver um sistema de indicadores que permite acompanhar o desempenho de cada país (ponto 2.3), ao mesmo tempo que acompanha a atribuição de recursos do programa de desenvolvimento da CE aos países menos desenvolvidos e aos sectores prioritários (ponto 2.4). Para reforçar o seu impacto, a CE está a orientar a assistência para seis domínios prioritários (ponto 2.5). Para além destes domínios fundamentais, importantes questões horizontais, como os direitos humanos, a igualdade entre homens e mulheres, o ambiente e a prevenção de conflitos, estão 2.1. Objectivos de desenvolvimento do milénio São poucos os dados estatísticos sobre os progressos em relação aos objectivos de desenvolvimento do milénio (1), embora estejam a aumentar. A nível mundial, há algumas organizações que registam os progressos, nomeadamente as Nações Unidas, o Banco Mundial e o Comité de Assistência ao Desenvolvimento (CAD) da OCDE. A Comissão e outros doadores estão a apoiar os esforços no sentido de reforçar a capacidade estatística em muitos países e regiões em desenvolvimento. Os dados disponíveis revelam que é longo o caminho a percorrer até a comunidade internacional realizar os objectivos de desenvolvimento do milénio. As perspectivas variam em função da região e dos objectivos. A África subsariana é a região do mundo em que se regista o maior atraso. (1) Ver: http://www.developmentgoals.org. Progressos para atingir os objectivos de desenvolvimento Taxa de pobreza (% inferior a 1,08 USD) Ásia Oriental e Pacífico 1990 1999 Obiectivo 2015 Progressos realizados Taxa de progresso necessária para atingir os objectivos 1990 Médio Oriente e Norte de África Europa e Ásia Central América Latina e Caraíbas 30 4 25 3 20 2 15 1 10 0 2015 1990 Ásia do Sul 2015 20 15 10 5 1990 África subsariana 2015 Países em desenvolvimento 3 50 50 2 40 40 1 30 30 0 20 20 30 25 20 1990 20 2015 1990 2015 1990 2015 15 10 1990 2015 Fonte: Global Economic Prospects Foram realizados progressos na redução da pobreza extrema, nomeadamente na Ásia. Mas existe um importante desfasamento entre a África subsariana e a maior parte do resto do mundo. Os índices de pobreza da Europa Oriental e da Ásia Central são relativamente baixos, mas têm vindo a subir rapidamente. © PRRAC Pobreza Progressos em relação aos objectivos de desenvolvimento Educação A taxa de escolarização primária está a aumentar mas ainda existe muito a fazer no Médio Oriente e no Norte de África, no Sul da Ásia e na África subsariana. Ásia Oriental e Pacífico 1990 1999 Obiectivo 2015 Progressos realizados Taxa de progresso necessária para atingir os objectivos 1990 Médio Oriente e Norte de África 1990 100 95 95 90 90 85 85 80 80 2015 1990 Ásia do Sul 100 95 95 90 90 85 85 80 80 2015 1990 2015 África subsariana 100 2015 100 80 60 40 1990 2015 Países com rendimentos elevados América Latina e Caraíbas 100 100 95 95 90 90 85 85 80 1990 Europa e Ásia Central 100 2015 80 1990 2015 Fonte: Global Economic Prospects © Linda Chiasson, Canadian CIDA Taxa líquida de inscrição no ensino primário (%) Inscrição no ensino primário (Bangladeche). Igualdade entre os sexos No que respeita à igualdade entre os sexos em matéria de escolarização, o Sul da Ásia e a África subsariana registam progressos muito lentos e, na América Latina, há que lamentar a diminuição do rácio raparigas/rapazes na escolarização. Ásia Oriental e Pacífico 1990 1999 Obiectivo 2015 Progressos realizados Taxa de progresso necessária para atingir os objectivos 1990 100 95 95 90 90 85 85 2015 Ásia do Sul 2015 África subsariana 100 100 90 90 95 80 80 90 70 70 85 60 60 2015 1990 2015 80 1990 2015 100 100 95 95 90 90 85 85 80 1990 2015 Fonte: Global Economic Prospects © PRRAC Países com rendimentos elevados 80 2015 80 1990 100 América Latina e Caraíbas 1990 100 80 Médio Oriente e Norte de África 1990 Europa e Ásia Central 21 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica Mortalidade infantil As taxas de mortalidade infantil estão a diminuir, embora nem sempre ao ritmo necessário para alcançar o objectivo de 2015. Mais uma vez, a África subsariana é motivo de especial preocupação. A fragilidade dos cuidados de saúde materna na África subsariana parece ser uma das razões para tal. Ásia Oriental e Pacífico 1990 1999 Obiectivo 2015 Progressos realizados Taxa de progresso necessária para atingir os objectivos 1990 Médio Oriente e Norte de África 1990 Europa e Ásia Central América Latina e Caraíbas 40 40 40 30 30 30 20 20 20 10 10 10 0 0 2015 1990 Ásia do Sul 0 2015 1990 2015 Países com rendimentos elevados África subsariana 60 100 100 8 50 80 80 6 40 60 60 4 30 40 40 2 20 20 20 0 2015 1990 2015 1990 2015 1990 2015 Fonte: Global Economic Prospects Número de mortes por 1 000 nascimentos Saúde materna Médio Oriente e Norte de África América Latina e Caraíbas 1990 1999 Obiectivo 2015 Progressos realizados Taxa de progresso necessária para atingir os objectivos 100 100 90 80 80 60 70 0 60 1990 2015 1990 Ásia, à excepção da China e da Índia 2015 África subsariana 100 100 80 80 60 60 © CE 40 40 20 Fonte: Global Economic Prospects 1990 2015 1990 2015 Sida Ásia Oriental e Pacífico 1993 2000 Progressos realizados Taxa de progresso necessária para atingir os objectivos 1993 Médio Oriente e Norte de África 1993 22 Europa e Ásia Central 60 80 75 55 75 70 50 70 65 45 65 60 40 60 2000 1993 Ásia do Sul 2000 América Latina e Caraíbas 80 2000 1993 2000 Países com rendimentos elevados África subsariana 60 60 30 80 55 55 25 75 50 50 20 70 45 45 15 65 40 40 10 60 1993 2000 1993 2000 1993 2000 Fonte: Global Economic Prospects Mulheres casadas que utilizam contracepção Progressos em relação aos objectivos de desenvolvimento Ambiente O acesso à água potável e as medidas sanitárias constituem ainda um problema em muitos países, nomeadamente nas zonas rurais. A água está a chegar a cada vez menos população População com acesso a uma melhor fonte de água Urbano 1999 Urbano 2000 % 100 80 60 Rural 1999 Rural 2000 40 20 0 Ásia Oriental e Pacífico América Latina e Caraíbas Médio Oriente e Norte de África Ásia do Sul África subsariana Fonte: WHO and World Bank estimates Fonte: Banco Mundial. 2.2. Redução da pobreza A declaração do Conselho e da Comissão sobre a política de desenvolvimento da Comunidade Europeia, de Novembro de 2000 (1), define o principal objectivo da política de desenvolvimento da CE como a redução e posterior erradicação da pobreza. Este objectivo pressupõe o apoio a um desenvolvimento económico, social e ambiental sustentável, a promoção da gradual integração dos países em desenvolvimento na economia mundial e a determinação em combater as desigualdades. Um documento de trabalho dos serviços da Comissão (2), elaborado em Julho de 2001, identifica os principais elementos necessários para atingir o objectivo de redução da pobreza da política de desenvolvimento da CE. Este programa de trabalho está a ser aplicado progressivamente. Os pontos seguintes sublinham os elementos mais relevantes de 2001. 2.2.1. Atribuição dos recursos financeiros A abordagem da CE em relação à atribuição da ajuda reconhece a necessidade de prestar especial atenção à situação dos países menos desenvolvidos e de outros países de baixos rendimentos (3). A CE tem igualmente em conta os esforços envidados pelos governos dos países parceiros para reduzir a pobreza, tanto em termos de desempenho como de capacidade de absorção. Quanto aos países com rendimentos médios, a declaração conjunta sobre a política de desenvolvimento da CE requer que a atenção de concentre nos países que apresentam persistentemente uma elevada proporção de «pobres» e se mostram empenhados em pôr em prática estratégias coerentes com vista à redução da pobreza. A repartição dos recursos da CE consagrados ao desenvolvimento pelos países com baixos rendimentos ou pelas populações pobres varia consoante as regiões. Países ACP: quase 90% dos recursos do Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED) são destinados aos países menos desenvolvidos e a outros países com baixos rendimentos. América Central, região dos Andes e Paraguai: dois terços da ajuda da CE a esta região são destinados aos segmentos mais pobres das populações rurais e urbanas. Ásia: os programas de cooperação para o desenvolvimento para a Ásia têm-se concentrado, desde sempre, nos países mais pobres da região e nos «grupos mais pobres» das populações destes países. Nos últimos cinco anos, foi destinada aos países mais pobres uma média de 80% da assistência da CE, da qual 32% se destinou aos países menos desenvolvidos (nomeadamente Bangladeche, Butão, Camboja, Laos, Maldivas e Nepal) e 48% a outros países com baixos rendimentos, a saber, Índia, Indonésia, Paquistão e Vietname. 2.2.2. Concentração na pobreza através dos documentos de estratégia por país As reformas políticas e os programas específicos para combater a pobreza nos diferentes países são influenciados pelas condições de cada país. O crescimento (1) Ver: http://www.consilium.eu.int/Newsroom/newmain.asp?lang=1. (2) SEC(2001) 1317, de 26 de Julho de 2001. (3) Actualmente, existem 49 países menos desenvolvidos (PMD) que são assim designados pelas Nações Unidas com base no baixo rendimento per capita, recursos humanos fracos e um baixo nível de diversificação económica. Os países com baixos rendimentos abrangem um grupo mais vasto de países definido unicamente pelo seu rendimento (a classificação do Banco Mundial baseia-se no rendimento per capita inferior a 700 dólares americanos em 2000). 23 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica económico sustentado — embora por si só não seja suficiente — constitui um requisito indispensável para reduzir a pobreza, como foi sublinhado na declaração de Novembro de 2000. Muitos países em desenvolvimento acabam de sofrer importantes transformações, como a transição do comunismo para economias democráticas de mercado ou de regimes militares para regimes democráticos civis. Na Ásia Central e Oriental, a CE apoia, principalmente, este processo de transição, sobretudo através do reforço das instituições, que é considerado a melhor forma de combater a pobreza nesta região. Inversamente, na região dos Balcãs, os instrumentos mais eficazes consistem em medidas em prol da paz e da estabilidade. No Norte de África e na região do Mediterrâneo, o apoio é orientado, sobretudo, para o reforço da capacidade da região para se integrar na economia mundial, mediante o apoio ao desenvolvimento económico e social. 2.2.3. O processo do documento de estratégia para a redução da pobreza (DERP) A CE acredita firmemente que a apropriação das estratégias de desenvolvimento sustentável e de redução da pobreza por parte dos países parceiros é determinante para o êxito das políticas de desenvolvimento. Coerentemente, e como refere nos documentos de estratégia por país, a Comissão procura inscrever o seu apoio num contexto mais vasto. Para os países de baixos rendimentos, o principal enquadramento é fornecido pelo documento de estratégia para a redução da pobreza (DERP) e o processo conexo. Os esforços da Comissão foram dificultados pela inexistência de DERP completos: no final de 2001, apenas oito países tinham elaborado DERP completos. Contudo, por ocasião da actualização dos documentos de estratégia por país (DEP), estes podem ser adaptados, de modo a reflectir os progressos registados pelo país em causa na elaboração de um DERP completo. O desenvolvimento da abordagem do DERP proporciona uma excelente oportunidade para reforçar a eficácia do esforço de desenvolvimento global. A Comissão contribuiu significativamente para o desenvolvimento desta abordagem, através da reorientação da sua estratégia (incluindo uma mudança no sentido da contribuição directa para os orçamentos dos países parceiros, quando se encontram satisfeitas determinadas condições) e através da sua contribuição para a definição da política internacional. Esta contribuição é reforçada pelo papel da Comissão enquanto co-presidente do Grupo Técnico da Parceria Estratégica para África (1) e enquanto líder do projecto-piloto, sediado no Burquina Faso, para a reforma das condições impostas aos países parceiros para o desencadeamento da prestação de apoio macroeconómico. Contudo, para se tornarem um enquadramento eficaz para a assistência externa, os DERP necessitam de dispor de indicadores de desempenho mais sólidos, ou seja, um conjunto central de indicadores, medidos 24 anualmente, pelos quais os governos dos países se responsabilizem perante os seus cidadãos e pelos quais a Comissão (e outros parceiros externos) possam avaliar os progressos. A Comissão tem desempenhado um papel preponderante, a nível internacional, no desenvolvimento de instrumentos que permitam acompanhar o desempenho e pretende integrar no processo de acompanhamento dos DEP os indicadores adequados extraídos do DERP. 2.3. Avaliação dos resultados através de indicadores A Comissão avalia os resultados através de indicadores a dois níveis distintos, mas complementares: ❿ avaliação do desempenho do país em termos de crescimento económico, melhoria do nível de vida e redução da pobreza, a curto, médio e longo prazo. Este nível de indicadores resulta dos mais importantes indicadores associados aos objectivos de desenvolvimento do milénio, eventualmente completados por alguns indicadores essenciais; ❿ avaliação, mais pormenorizada, do desempenho das políticas sectoriais do país nos sectores apoiados. Os dois níveis acima referidos constituem, na realidade, dois graus de pormenor complementares, que devem ser analisados de forma coerente. No primeiro nível, em todos os países em que a Comissão se encontra activa, há uma série de indicadores que deve ser acompanhada, a fim de se obter uma perspectiva global dos progressos realizados rumo aos objectivos de desenvolvimento do milénio. Esta série de indicadores deve ser seleccionada a partir dos 48 indicadores associados aos objectivos de desenvolvimento do milénio, de modo a permitir elaborar relatórios anuais sobre os progressos dos países, através de um pequeno número de indicadores essenciais mensuráveis anualmente. Estes indicadores complementares devem incluir indicadores das entradas (que não fazem parte do quadro de acompanhamento dos objectivos de desenvolvimento do milénio), por exemplo, indicadores que permitam medir o apoio financeiro concedido a sectores específicos pelos governos e os doadores, bem como indicadores de resultados em tempo real. O projecto de orientações para a definição de indicadores de desenvolvimento (2) sugere que, logo que aprovado, este conjunto de indicadores passe a fazer parte de todos os documentos de estratégia por país. O acompanhamento sistemático com recurso a esta vasta gama de indicadores, incluindo indicadores mensuráveis anualmente e indicadores de entradas a nível nacional, irá permitir à Comissão seguir a evolução dos sectores, ainda que não desempenhe um papel activo nos mesmos. Deste modo, estarão disponíveis as infor- (1) Um grupo informal de doadores, liderado pelo Banco Mundial. Ver: http://www1.worldbank.org/prsp/newsletter/Feb_2001/Our_Partners__Perspectives/Strategic_Partnership_for_Afri/strategic_partnership_for_afri.html. (2) Ver: http://www.europa.eu.int/comm/development/sector/poverty_reduction/infopack_ann1.pdf. Progressos em relação aos objectivos de desenvolvimento Nos sectores prioritários dos DEP, será acompanhado um conjunto mais vasto de indicadores. Estes indicadores devem fazer parte do conjunto mais vasto de indicadores que é objecto de acompanhamento por parte dos ministérios nacionais competentes. A Comissão irá trabalhar em conjunto com outros doadores e países parceiros para identificar um número limitado de «indicadores de boa prática», a utilizar no acompanhamento do desempenho sectorial. Esta lista indicativa funcionará como enquadramento para um debate nacional mais eficaz e coerente sobre o acompanhamento sectorial. As orientações políticas e as medidas regulamentares dos governos serão igualmente acompanhadas, ainda que não sejam facilmente mensuráveis através de indicadores quantitativos genéricos. Em todos os casos, os indicadores acompanhados pela Comissão baseiam-se nos processos nacionais em curso nos países em causa (DERP, nos países que os possuem). Tal permite a influência recíproca e a partilha de experiências e constitui uma valiosa oportunidade para o debate de temas políticos e a responsabilização crescente dos governos nacionais. © Robert D. Watkins/ECHO mações necessárias para a tomada de decisões por ocasião da revisão dos documentos de estratégia por país. Jamaica: um indicador do nível das águas fluviais, que faz parte de um dispositivo de alerta rápido de inundações no vale do rio Grande. No âmbito do processo de programação, estão a ser definidas orientações para ajudar os programadores a introduzir indicadores de desenvolvimento nos DEP. Dado que a maior parte dos doadores se encontra ainda numa fase inicial dos trabalhos em matéria de indicadores de desenvolvimento, a Comissão decidiu associar os Estados-Membros da UE, o Comité de Assistência ao Desenvolvimento (CAD) da OCDE e outros doadores à elaboração destas orientações. da Comissão pode constituir um valor acrescentado. A nova política de desenvolvimento da CE, aprovada em Novembro de 2000, identificou seis domínios prioritários: comércio e desenvolvimento, integração e cooperação regionais, apoio às políticas macroeconómicas e acesso equitativo aos serviços sociais, transportes, segurança alimentar e desenvolvimento rural sustentável, e reforço da capacidade institucional, boa governação e Estado de direito. Um grupo de trabalho em que participam os Estados-Membros da UE, o CAD da OCDE e diversos serviços da Comissão entrará em funcionamento em Março de 2002, tendo como objectivo explorar a possibilidade de os doadores adoptarem uma abordagem coerente, incluindo princípios e tipologias comuns, em relação ao acompanhamento, a fim de reduzir as tarefas impostas aos países beneficiários. A base para este trabalho é o projecto de orientações para a definição de indicadores de desenvolvimento (1), elaborado pela Comissão. Este trabalho está em curso e os seus resultados serão progressivamente integrados no processo de programação e de revisão da Comissão. Os Estados-Membros da UE e o CAD da OCDE congratularam-se vivamente com a iniciativa. O presente ponto aborda os principais domínios de intervenções programadas, reflectidos nos documentos de estratégia por país já formalmente aprovados ou praticamente concluídos. A sua repartição sectorial assenta no sistema de classificação do CAD da OCDE. Após a conclusão dos DEP actualmente em elaboração e após a análise dos próximos projectos de DEP, podem ainda verificar-se alterações na repartição sectorial, Contudo, é improvável que o cenário geral venha a alterar-se substancialmente. Os capítulos 4 a 9 apresentam uma reflexão sobre a abordagem da CE em cada região. 2.4.1. Países de África, das Caraíbas e do Pacífico (ACP) 2.4. Objectivos sectoriais do processo de programação No quadro dos seus esforços para melhorar o impacto da assistência comunitária para o desenvolvimento, a Comissão tem procurado consistentemente, desde 2000, concentrar a assistência da CE em domínios fulcrais para a redução da pobreza e em que a acção A programação plurianual para os países ACP cobre o 9.º Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED), operacional imediatamente após a entrada em vigor do Acordo de Cotonu (2) (prevista para o início de 2003), por um período (em princípio) de cinco anos. Os DEP até agora analisados revelam uma concentração nos sectores dos transportes e do apoio macroeconómico (1) Ver: http://www.europa.eu.int/comm/development/sector/poverty_reduction/infopack_ann1.pdf. (2) Para poder entrar em vigor, o acordo deve ser ratificado por, no mínimo, dois terços dos Estados ACP e por todos os Estados-Membros e ser aprovado pela Comunidade Europeia (n.º 2 do artigo 93.º do Acordo de Cotonu). Em 18 de Janeiro de 2002, 36 Estados ACP, quatro Estados-Membros da UE e a Comunidade Europeia haviam concluído este processo. 25 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica 2.4.3. América Latina A programação financeira plurianual para esta região cobre o período 2002-2006. Os principais domínios objecto da intervenção programada são os sectores sociais (incluindo a educação, a saúde, o abastecimento de água e o saneamento — 23%), o governo e a sociedade civil (18%) e o comércio e o turismo (15%). A escolha dos sectores reflecte as necessidades específicas da região, a saber, intervenções directas destinadas a melhorar os serviços sociais prestados aos grupos mais desprotegidos, apoio ao reforço institucional sustentável, a fim de fomentar a boa governação e o crescimento aliado à promoção do comércio e do turismo, com o objectivo de facilitar uma maior integração na economia mundial. © CE 2.4.4. Ásia Peru: crianças da comunidade Quechua ao longo do rio Tigre, onde está a ser desenvolvido um projecto de piscicultura. (para estratégias de redução da pobreza), incluindo o financiamento orçamental de DERP, com a tónica na saúde e na educação. Os transportes representam aproximadamente 31% dos recursos programados, enquanto o apoio macroeconómico representa 21%. As outras grandes prioridades são: contribuições directas para a saúde e a educação (10,4%), abastecimento de água e saneamento (7,1%), segurança alimentar e desenvolvimento rural (7,1%) e apoio institucional e reforço das capacidades do Governo e da sociedade civil (10,8%). Os recursos destinados ao sector extractivo (5,3%) prendem-se com a «transferência Sysmin» (1). Em síntese, cerca de 27% dos recursos disponíveis até agora programados para o período 2002-2006 concentram-se nos serviços e infra-estruturas sociais definidos pelo CAD da OCDE. 21% dos recursos foram destinados ao apoio ao ajustamento estrutural, frequentemente ligado ao desempenho do sector social. 2.4.2. Mediterrâneo A programação plurianual para a região MEDA (2) cobre o período 2002-2004. A programação concentrou uma parte importante dos recursos nas infra-estruturas e serviços sociais. Uma média de 47,8% foi atribuída às infra-estruturas sociais e ao apoio macroeconómico vinculado ao desempenho do sector social. Entre as demais prioridades contam-se o ambiente (5%), o comércio e turismo (7%) e os transportes (7%). 26 A programação financeira plurianual para esta região cobre o período 2002-2004. A programação reflecte uma forte concentração em actividades que visam directamente a redução da pobreza, sendo dada particular ênfase à educação, à saúde e ao abastecimento de água e saneamento (43%), ao comércio e ao turismo (9%), ao ambiente (4%) e ao apoio às ONG (5%). 2.4.5. Europa Oriental e Ásia Central A programação financeira plurianual para esta região cobre o período 2002-2004. O financiamento Tacis (3) está programado para domínios complementares. Cada programa, nacional ou multinacional, concentra-se, no máximo, em três dos seguintes domínios: reforma institucional, jurídica e administrativa, sector privado e desenvolvimento económico, consequências das mudanças na sociedade, redes de infra-estruturas, protecção do ambiente, economia rural e segurança nuclear. O número de domínios é limitado a fim de aumentar a eficácia do programa. Os principais domínios de intervenção são os seguintes: energia, 24,4%; Governo e sociedade civil, 21,1%; desenvolvimento do sector privado, 16,3%. 2.4.6. Os Balcãs A programação financeira plurianual para esta região cobre o período 2002-2004. A União Europeia é, de longe, o maior doador dos Balcãs Ocidentais, através de programas como o (1) Sysmin: sistema para a protecção e o desenvolvimento da produção mineira — estes fundos são consagrados ao apoio das indústrias tradicionais. Trata-se da «transferência Sysmin» do 8.º FED para o financiamento do programa de desenvolvimento identificado no seguimento de um pedido de ajuda no âmbito do programa Sysmin da Convenção de Lomé, mas em relação ao qual não foi possível tomar qualquer decisão antes de 31 de Dezembro de 2000. 2 ( ) O MEDA cobre o apoio à reforma das estruturas económicas e sociais, no âmbito da parceria euromediterrânica, que abrange Marrocos, Argélia, Tunísia (Magrebe), Egipto, Israel, Jordânia, Autoridade Palestina, Líbano, Síria (Machereque), Turquia, Chipre e Malta. (3) Tacis: programa de assistência técnica à Comunidade dos Estados Independentes; cobre a Arménia, o Azerbaijão, a Bielorrússia, a Geórgia, o Cazaquistão, o Quirguizistão, a Moldávia, a Mongólia, a Rússia, o Tajiquistão, o Turquemenistão, a Ucrânia e o Usbequistão. Phare (1), para a Europa Oriental, o Obnova (2), para a antiga Jugoslávia e os Balcãs, e o CARDS (3), para os Balcãs. Nos próximos anos, a assistência da CE irá concentrar-se no reforço das instituições e na sociedade civil (42%), na educação, no abastecimento de água, no saneamento e noutros serviços sociais (20%) e no desenvolvimento do sector privado (11%). © Carl Cordonnier Progressos em relação aos objectivos de desenvolvimento 2.5. Iniciativas políticas em domínios prioritários da CE 2.5.1. Comércio e desenvolvimento A liberalização do comércio e do investimento no contexto de uma política económica nacional sólida e transparente desempenha um papel importante na promoção do crescimento económico e do desenvolvimento. Venda no mercado de produtos lácteos fabricados com leite pasteurizado. Associação de criadores de gado em Osh (Quirguizistão). A Comunidade Europeia está empenhada em promover a gradual integração dos países em desenvolvimento na economia mundial, mediante a integração do comércio nas estratégias de desenvolvimento dos países em desenvolvimento e a promoção de enquadramentos políticos regionais e nacionais que induzam o crescimento económico e o desenvolvimento social. A CE é o maior importador de produtos agrícolas dos países em desenvolvimento e, em regra geral, o seu mais importante parceiro comercial. Bilateralmente, a CE oferece aos países em desenvolvimento uma série de regimes comerciais preferenciais, alguns dos quais foram discutidos ou alterados em 2001. A CE já concluiu ou está a negociar acordos comerciais preferenciais com os países mediterrânicos, a África do Sul, o Mercosul, o Chile e o Conselho de Cooperação do Golfo, estando a examinar a possibilidade de encetar negociações com outros. No âmbito © Alessandro Villa Na OMC, a CE tem defendido com vigor uma nova ronda de negociações comerciais multilaterais, centrada nas necessidades e nos interesses dos países em desenvolvimento. As prioridades acordadas na reunião ministerial da OMC em Doha, em Novembro de 2001 (4) — a «agenda de Doha para o desenvolvimento» —, definem um contexto claro para reforçar a relação entre comércio e desenvolvimento, no sistema comercial multilateral. A integração dos países em desenvolvimento no sistema comercial mundial e na economia global constitui a primeira prioridade da Declaração de Doha. Tem em conta as preocupações dos países em desenvolvimento, expressas pelo grupo ACP (5), no que se refere à importância e à urgência da integração dos Estados ACP no sistema de comércio multilateral e, neste contexto, ao facto de as questões relativas ao desenvolvimento deverem estar no âmago de futuros programas de trabalho da OMC. do Acordo de Cotonu (para os países ACP), a CE concede igualmente importantes preferências comerciais não recíprocas. Os preparativos para as negociações dos acordos de parceria económica com as subregiões ACP, que deverão ser encetadas em Setembro de 2002, foram iniciados em 2001. Os países em desenvolvimento beneficiam ainda de preferências comerciais unilaterais no contexto do sistema de preferências generalizadas da UE, que foi melhorado com efeitos a partir de 1 de Janeiro de 2002. Ruanda: após ter modernizado estas unidades de produção de chá, a UE privilegia actualmente a questão da qualidade com vista a apoiar as exportações e as privatizações. (1) Phare: Polónia e Hungria: ajuda à reestruturação económica (entretanto alargado para cobrir igualmente a Bulgária, a Estónia, a Eslováquia, a Eslovénia, a Letónia, a Lituânia, a República Checa e a Roménia). (2) Obnova: programa de reconstrução da antiga República jugoslava da Macedónia, Bósnia, Croácia, Montenegro e Sérvia. 3 ( ) CARDS: assistência comunitária para a reconstrução, desenvolvimento e estabilização nos Balcãs Ocidentais (Albânia, antiga República jugoslava da Macedónia, Bósnia-Herzegovina, Croácia e República Federativa da Jugoslávia). (4) Ver: http://www.wto.org/english/tratop_e/dda_e/dda_e.htm. (5) Declaração dos ministros responsáveis pelo comércio dos Estados ACP acerca da quarta conferência ministerial da OMC, 7 de Novembro de 2001. 27 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica 2.5.2. Integração e cooperação regionais © CE A UE é uma firme defensora da integração regional, que fomenta uma melhor compreensão e vínculos políticos e económicos entre países vizinhos. Este processo pode consolidar a paz, evitar conflitos e promover a integração dos países em desenvolvimento na economia mundial, reforçando as perspectivas de crescimento económico e de desenvolvimento sustentável. Educação das raparigas – Parte do programa de irrigação do vale do Rio Níger. Em Fevereiro de 2001, a UE acordou em conceder livre acesso, isento de direitos aduaneiros e de contingentação, a todos os produtos originários dos países menos desenvolvidos (PMD), com excepção de armas e de munições, naquilo que ficou conhecido como iniciativa «Everything But Arms» (1) (Tudo, menos armas), que produz efeitos desde Março de 2001. Ao aprovar esta iniciativa, a UE aboliu os direitos aduaneiros ainda aplicáveis aos produtos agrícolas. Até mesmo os três produtos mais sensíveis — arroz, açúcar e bananas — foram incluídos, embora o seu comércio deva ser progressivamente liberalizado ao longo dos próximos quatro a oito anos. Os beneficiários desta liberalização serão os 48 PMD que já beneficiam do sistema de preferências generalizado da UE (2). Para assegurar que os países em desenvolvimento — nomeadamente os PMD — beneficiem «de oportunidades acrescidas e de um maior bem-estar gerados pelo sistema de comércio multilateral» (3) são necessários programas de assistência técnica e de reforço das capacidades bem orientados. Para além das preferências comerciais, a UE oferece aos países em desenvolvimento (ver abaixo) medidas de assistência técnica relacionada com o comércio e de reforço das capacidades, destinadas a apoiar os esforços dos países em desenvolvimento no sentido de reforçarem as suas capacidades judicial, legislativa e institucional. Os documentos de estratégia por país fornecem o enquadramento geral para todas as intervenções da CE. A Comissão está a colaborar com os Estados-Membros da UE, com outros doadores bilaterais e com as instituições multilaterais, a fim de promover mecanismos de coordenação e de complementaridade em matéria de assistência técnica relacionada com o comércio. Esta acção foi empreendida no âmbito dos fundos multilaterais pertinentes, como o Doha Development Agenda Global Trust Fund e o Integrated Framework Trust Fund for LDCs. 28 (1) Regulamento (CE) n.º 416/2001, de 28 de Fevereiro de 2001; JO L 60 de 1.3.2001; http://Europa.eu.int/eur-lex. (2) Ver lista de PMD no anexo IV do Regulamento (CE) n.º 2820/1998, de 21 de Dezembro de 1998; JO L 357 de 30.12.1998. Entretanto, foram suspensas todas as preferências SPG referentes à Birmânia e o mesmo se aplica à iniciativa Everything But Arms (Tudo, menos armas). (3) Declaração ministerial no âmbito da OMC, 14 de Novembro de 2001, ponto 2. O contexto político do apoio da UE à integração e à cooperação regionais evoluiu ao longo de 2001 e irá continuar a evoluir, devido nomeadamente à necessidade de assegurar a coerência entre factores externos — como a agenda de desenvolvimento de Doha da OMC, lançada em Novembro de 2001 e, no caso dos países ACP, os preparativos para a aplicação do Acordo de Cotonu e as negociações, que serão lançadas em 2002, de acordos de parceria económica. 2.5.3. Políticas macroeconómicas e acesso equitativo aos serviços sociais (saúde e educação) Observa-se um crescente consenso internacional quanto à utilidade de, para aumentar a eficácia da ajuda, abandonar os projectos isolados e substituí-los por contribuições directas para os orçamentos dos países parceiros (apoio orçamental), sempre que as condições do país em causa o permitam. Além disso, o apoio orçamental deverá estar associado a estratégias nacionais de redução da pobreza — como os DERP — sempre que tais estratégias existam. Esta deslocação da ajuda deverá resultar numa maior apropriação da ajuda por parte dos países, na redução dos custos de transacção, num planeamento e atribuição dos recursos unificados e no reforço da complementaridade e da flexibilidade. O apoio orçamental só é prestado quando a sua eficácia é previsível, o que exige que o país gira a sua macroeconomia de forma estável e sustentada. Para reduzir a pobreza, é essencial que sejam desenvolvidas políticas orçamentais e monetárias prudentes e realizadas mudanças estruturais que criem condições para o crescimento do sector privado. Todos os programas de apoio orçamental estão vinculados à prossecução de políticas macroeconómicas sólidas, avaliadas através de um programa aprovado pelo FMI. A Comissão Europeia desempenhou um papel preponderante no desenvolvimento de mecanismos baseados nos resultados para o apoio orçamental macroeconómico, que reforçam a apropriação pelo país e oferecem incentivos para que os governos acompanhem os progressos através dos principais indicadores da pobreza e da gestão das finanças públicas. Dos 24 programas de apoio macroeconómico aos países ACP de 2000 e 2001, 12 previam uma abordagem baseada estritamente nos resultados, seis estavam vinculados à obtenção de resultados positivos e de progressos na gestão das finanças públicas e seis estavam vinculados a outros indicadores (processuais). Em todos os países ACP, o apoio orçamental está vinculado aos resultados alcançados na luta contra aspectos da pobreza abrangidos pelos objectivos de desenvolvi- Progressos em relação aos objectivos de desenvolvimento Nos países MED, o apoio orçamental constitui uma oportunidade para debater com o país parceiro questões sociais e a redução da pobreza. Este diálogo incide, frequentemente, em importantes questões sectoriais, por exemplo, a educação e a saúde na Tunísia, ou a água e a educação em Marrocos. Neste programas, a concentração na educação, na saúde ou na água visa contribuir para importantes reformas sectoriais, com o objectivo de melhorar a qualidade e a cobertura dos serviços básicos e, ao mesmo tempo, de garantir uma sólida gestão das finanças públicas. Estes programas sectoriais orientados para sectores sociais são complementados por projectos mais tradicionais (educação no Egipto) ou fundos sociais (1) (no Egipto e, em preparação, na Argélia, na Jordânia e no Líbano). Em consequência, uma parte importante do financiamento MEDA é consagrada aos sectores sociais (2). GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS A gestão dos recursos hídricos tem de ser considerada uma questão transsectorial a apurar no contexto da maioria das políticas de desenvolvimento associadas à redução da pobreza. Reveste-se de especial importância para o desenvolvimento humano, juntamente com a saúde e a educação. Em 2001, a CE elaborou um projecto de comunicação sobre a gestão dos recursos hídricos nos países em desenvolvimento. Esta comunicação tinha, nomeadamente, como objectivo salientar onde e como as políticas relativas à água e ao desenvolvimento estão integradas nas prioridades de desenvolvimento da Comunidade Europeia. A parte central do documento articula mensagens-chave sobre as orientações das políticas e as acções a pôr em prática. No âmbito da política-quadro da gestão integrada dos recursos hídricos, a concentração é no abastecimento de água e nas condições sanitárias, na gestão dos recursos hídricos transfronteiras e na coordenação transsectorial e integração das diferentes utilizações da água. A comunicação com base nos resultados da Conferência de Bona sobre a água corrente realizada em Dezembro de 2001 promoveu o desenvolvimento de uma iniciativa da UE como ponto central da ordem de trabalhos para a cimeira mundial sobre o desenvolvimento sustentável a realizar em Joanesburgo em Agosto/Setembro de 2002. EDUCAÇÃO © Carl Cordonnier mento do milénio. Deste modo, o apoio orçamental constitui um forte incentivo para que os governos prestem serviços básicos eficazes, facultando, simultaneamente, recursos adicionais que os governos deverão consagrar à realização deste objectivo. Para serem utilizados na gestão do desempenho anual, os indicadores escolhidos (concentrados, essencialmente, nos serviços sociais básicos, como a saúde e a educação) devem ser avaliados anualmente e poder ser acompanhados neste contexto, ou seja, devem evoluir rapidamente. Em 2001, foram consagrados ao apoio macroeconómico dos países ACP 270,31 milhões de euros. Gestão dos recursos hídricos e produção agrícola na Ásia Central e questões ambientais no mar Aral (Narmap) e no Mirsadul (Usbequistão). tram, especialmente, na redução da pobreza. A programação nos países em desenvolvimento tem-se concentrado na «educação para todos» (ensino básico) e na formação profissional, através de apoio macroeconómico e de apoio a programas. A questão da igualdade entre homens e mulheres foi tomada em devida conta, através de uma maior concentração no ensino primário e nos indicadores de resultados. A Comissão organizou duas reuniões com peritos em educação dos Estados-Membros da UE sobre abordagens sectoriais, a concentração na pobreza e a comunicação da Comissão relativa à educação e à formação no contexto da redução da pobreza nos países em desenvolvimento, a adoptar em 2002. Em 2001, a Comissão influenciou a agenda internacional para a educação através de contributos para dois importantes eventos no quadro da ONU: a conferência das Nações Unidas sobre os países menos desenvolvidos e a sessão especial da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre a infância (21 de Maio a 7 de Junho de 2002). A Comissão participou activamente no seguimento da Conferência de Dacar sobre a educação para todos e nos trabalhos da task force de altos-funcionários do G8 sobre educação, com vista a fazer avançar a aplicação do enquadramento de Dacar para acções no domínio da educação para todos. Os principais objectivos deste fórum foram os seguintes: ❿ o reforço da mobilização e da coordenação entre doadores, com vista a realizar os objectivos de desenvolvimento do milénio em matéria de educação; E FORMAÇÃO Foram definidas orientações para a programação no domínio da educação e da formação que se concen- ❿ o reforço da coerência entre estes objectivos e as estratégias por país e as estratégias de redução da pobreza; (1) Os fundos sociais são utilizados para financiar planos de desenvolvimento local, por exemplo, microfinanciamento. (2) Por sectores sociais entende-se a saúde, a educação, a formação, o emprego, a sociedade civil, as questões de igualdade entre os sexos, os direitos humanos, o desenvolvimento local, a protecção social e as implicações sociais da reestruturação industrial. 29 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica © CE A Comissão preparou a base jurídica para a sua participação no Fundo Mundial, bem como para a sua participação activa no grupo de trabalho criado para preparar a instituição do Fundo. A Comissão preparou ainda duas propostas para a revisão das bases jurídicas de duas rubricas orçamentais especiais: uma para as doenças relacionadas com a pobreza e outra para a saúde e os direitos genésicos e sexuais. A Comissão preparou ainda uma nova comunicação sobre saúde e pobreza. Trata-se da primeira vez que existe um enquadramento comunitário único para orientar o apoio prestado nos domínios da saúde, sida, população e luta contra a pobreza, no contexto da assistência da CE a países em desenvolvimento. Construção de estradas em Nyanguge, na região de Mwanza, no Norte da Tanzânia, nas proximidades do lago Vitória. ❿ o reforço da coordenação a todos os níveis de interacção com os governos nacionais, através de um código de conduta para o financiamento das agências e dos países parceiros; ❿ a necessidade de aumentar os recursos financeiros dos países empenhados em realizar os objectivos de Dacar. 2.5.4. Saúde, sida e política demográfica Para a saúde, a sida e a política demográfica foram adoptadas orientações no contexto da redução da pobreza, da igualdade entre os sexos e dos objectivos de desenvolvimento do milénio no domínio da saúde. A Comissão participou activamente nas actividades desenvolvidas no seguimento do compromisso assumido pelo G8, na cimeira de 2000, no sentido de aumentar o apoio às acções de luta contra as doenças contagiosas nos países em desenvolvimento (1). O programa de acção da CE relativo às doenças contagiosas foi adoptado em Fevereiro de 2001 e aprovado pelo Conselho «Assuntos Gerais» em Maio e pelo Parlamento Europeu em Outubro (2). As decisões tomadas em matéria de acções prioritárias conduziram a posições coerentes da CE na preparação de importantes acontecimentos internacionais, nomeadamente a sessão especial da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre HIV/sida, a conferência sobre os países menos desenvolvidos, a cimeira UE/EUA de Gotemburgo, a cimeira de Génova do G8, a cimeira UE-Canadá, no acompanhamento do plano de acção do Cairo, na Declaração de Doha sobre a propriedade intelectual relacionada com o comércio e a saúde pública e no processo de transição conducente à criação do Fundo Mundial para a Luta contra o HIV/sida, a Malária e a Tuberculose. 30 (1) (2) (3) (4) A Comissão organizou duas reuniões com peritos dos Estados-Membros no domínio da saúde, uma sobre a abordagem europeia do Fundo Mundial e outra sobre políticas e programação nas áreas da saúde e da luta contra a pobreza. A Comissão apresentou as linhas principais da sua comunicação sobre saúde, sida, população e pobreza nos países em desenvolvimento, que deverá ser adoptada em 2002. 2.5.5. Transportes Em Maio de 2001, em resposta à comunicação da Comissão de Julho de 2000 sobre a «Promoção de transportes sustentáveis no âmbito da cooperação para o desenvolvimento» (3), o Conselho adoptou uma «Resolução sobre transportes sustentáveis no âmbito da cooperação para o desenvolvimento» (4). No seu conjunto, estes dois documentos estabelecem uma plataforma política forte e clara para as intervenções da UE no sector. A estratégia para realizar os objectivos de desenvolvimento assenta no princípio de que os transportes devem ser acessíveis e satisfazer as necessidades dos utentes. Devem, por conseguinte, ser seguros e eficientes, e ter um impacto negativo mínimo no ambiente. Trata-se de uma estratégia global na medida em que é aplicável a todos os meios de transporte e aos serviços conexos implicados na circulação de pessoas e mercadorias. A abordagem da CE no que toca à cooperação para o desenvolvimento no sector dos transportes assenta no reconhecimento do facto de que a existência de sistemas de transportes eficientes nas zonas rurais e urbanas é fundamental para facilitar a redução da pobreza, mediante a promoção do desenvolvimento económico e social e do acesso aos serviços sociais. São ainda importantes para facilitar o comércio e a integração dos países em desenvolvimento na economia mundial. O apoio tem por objectivo assistir os países em desenvolvimento parceiros na formulação e na aplicação de estratégias para o sector, em cooperação com todos os interessados, a fim de realizar os objectivos de redução da pobreza e de integração. Estas estratégias devem definir claramente prioridades, estabelecendo um equilíbrio sólido entre manutenção e investimento, e devem ser económica, financeira e Ver: http://www.g7.utoronto.ca/g7/summit/2000okinawa/finalcom.htm. COM(2001) 96, de 21 de Fevereiro de 2001. COM(2000) 422, de 6 de Julho de 2000. Resolução 9985/01 do Conselho, no seguimento da 2352.a reunião do Conselho «Desenvolvimento», de 31 de Maio de 2001. © Danish Management Monitoring Team/P.A. Welch Progressos em relação aos objectivos de desenvolvimento Desenvolvimento sustentável: um projecto social silvícola no Malavi. Realização e apresentação a nível local da primeira avaliação e do plano de gestão. institucionalmente sustentáveis, consistentes do ponto de vista ambiental e seguras, tendo em conta, igualmente, os aspectos sociais. Em regra geral, o financiamento destas estratégias é assegurado no âmbito de programas sectoriais, o que facilita o acompanhamento, simplifica a gestão sectorial e conduz a uma repartição dos recursos mais eficaz e transparente. Com base nos princípios e na estratégia acima delineados, em 2001 foram definidas e colocadas à disposição de todas as delegações da Comissão «orientações de programação» para a programação do apoio ao sector dos transportes a título do 9.º FED. Estas orientações incluem modelos para a análise da política de transportes, dos problemas e das questões levantadas pela aplicação da estratégia, bem como recomendações para a formulação da estratégia de resposta da CE no domínio dos transportes. Dos 44 documentos de estratégia para países ACP apresentados em 2001, 23 países — praticamente todos em África — colocavam os transportes, as infra-estruturas de transporte ou as estradas como sector prioritário, para um montante total de 1 700 milhões de euros. Os DEP destes países basearam as suas propostas de estratégia de resposta da CE para o sector nas orientações de programação. As principais áreas de apoio sectorial da CE no âmbito destes DEP são o desenvolvimento de estratégias sectoriais, a manutenção de estradas (recuperação do atraso e manutenção regular), o reforço das capacidades nos sectores público e privado (por exemplo, celebração de contratos a nível nacional) e a beneficiação de estradas, sobretudo nas principais ligações entre países. A coordenação de políticas e estratégias com os Estados-Membros, o Banco Mundial e outros dadores constitui um elemento essencial do apoio da CE ao sector dos transportes a fim de assegurar a coerência e a complementaridade das intervenções da CE. Em 2001, a Comissão realizou debates com o grupo de peritos dos Estados-Membros em matéria de transportes sobre as orientações de programação acima mencionadas e lançou também um diálogo sobre os indicadores para o acompanhamento dos resultados no sector dos transportes e a contribuição dos transportes para o desenvolvimento da cooperação. O diálogo sobre as políticas e as estratégias prossegue também através do programa da política de transportes da África subsariana (PPTAS), que reúne a UNECA, o Banco Mundial, a CE, vários Estados-Membros, a Noruega, etc., e cerca de 30 países africanos. Em 2001, foi criada uma nova estrutura de governança a fim de aumentar a propriedade africana, reforçar a gestão dos programas e criar um pequeno conselho PPTAS (no qual a Comissão representa os dadores). Foi também efectuada uma revisão do programa. Estas modificações aumentaram a confiança dos africanos e a vontade dos dadores de apoiar o programa, que deverá ter um impacto sustentado a nível nacional e garantir o financiamento dos dadores a médio prazo. 2.5.6. Segurança alimentar e desenvolvimento rural sustentável No seguimento de uma avaliação externa da política de segurança alimentar/ajuda alimentar da Comissão realizada em 1999, em 2001 foi dado um passo importante no sentido de uma maior integração destas questões nos objectivos e na política de desenvolvi- 31 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica 2.5.7. Reforço da capacidade institucional © Carl Cordonnier Foram envidados esforços no sentido de integrar o desenvolvimento das instituições e a governação nos documentos de estratégia por país. O exercício de programação plurianual concluído em 2001 conferiu prioridade a programas tendentes a apoiar o reforço dos governos e da sociedade civil (ver ponto 2.4). Campanha de informação no domínio da agricultura, das privatizações e da reestruturação com base em projectos-piloto, Chisinau (Moldávia). mento da Comissão. Uma comunicação ao Conselho e ao Parlamento Europeu (1) sobre a futura orientação do Regulamento (CE) n.º 1292/96 do Conselho define pormenorizadamente: ❿ o papel do regulamento e a sua coerência com outras políticas e instrumentos da Comissão; ❿ os objectivos específicos e as aplicações dos diversos instrumentos no âmbito do regulamento; ❿ as medidas necessárias para melhorar a eficácia e a qualidade da gestão dos programas em todos os estádios do ciclo da programação e dos projectos. Dado que 70% dos pobres do mundo vivem em zonas rurais, em 2001, a tónica foi colocada na revisão das políticas e estratégias comunitárias para os sectores do desenvolvimento rural e dos recursos naturais (agricultura, pecuária, pesca e silvicultura), a fim de garantir a sua contribuição efectiva para o objectivo de redução da pobreza. Além disso, a Comissão definiu uma estratégia de apoio à investigação agrícola a nível regional, nacional e mundial. Este trabalho, que contou com a participação activa dos serviços pertinentes da Comissão e com o apoio dos Estados-Membros, esteve na base de uma comunicação ao Conselho e ao Parlamento Europeu sobre a luta contra a pobreza rural, elaborada em 2001, a apresentar em 2002. 32 Os DEP dos Estados ACP identificam este domínio como altamente problemático na maior parte dos países até agora analisados. Em consequência, o reforço das instituições foi considerado um domínio prioritário para apoio comunitário ou é tratado como uma questão horizontal. O programa Tacis, que apoia o processo de transição para a democracia e a economia de mercado nos novos Estados independentes, tem vindo a concentrar-se, desde o início, no reforço das instituições. Enquanto os ACP, os MEDA, a Ásia e a América Latina e os CARDS (Balcãs) utilizam 4% a 21% dos recursos disponíveis neste domínio, a programação Tacis consagra-lhe mais de 40%. Importantes recursos foram consagrados ao aconselhamento político, por exemplo, em matéria de política comercial, elaboração de legislação, apoio à gestão de fronteiras, reforma do enquadramento regulamentar dos sectores económico e financeiro, governação empresarial, reconstrução de empresas e reestruturação de instituições públicas. O programa está agora a ser alterado a fim de incluir, por exemplo, o apoio a sistemas jurídicos justos e eficazes, e a sistemas sociais e serviços municipais sustentáveis. Perante a constatação de que o processo de transição será mais longo do que o previsto, o programa deixará de prestar aconselhamento a longo prazo para passar a prever parcerias a mais longo prazo entre organizações, ao mesmo tempo que estabelece uma distinção mais clara entre os países da região, a fim de ter em conta os seus diferentes níveis de desenvolvimento. Foi criada uma rede interna, no intuito de desenvolver um conjunto de instrumentos práticos que permitam melhorar a qualidade da concepção e da execução dos programas e projectos da CE neste domínio. 2.6. Integração das questões horizontais Foram elaboradas e divulgadas orientações operacionais de programação para ambos os domínios — segurança alimentar e desenvolvimento rural (incluindo os principais recursos naturais). Foram igualmente envidados esforços para garantir a integração de aspectos relacionados com os recursos naturais na programação regional. Contudo, enquanto a maior parte dos documentos de estratégia por país apresenta uma boa análise das preocupações em matéria de segurança alimentar e de desenvolvimento rural, estas preocupações estão, por vezes, ausentes na programação. A Comissão reconhece que, em todos os estádios de execução das suas actividades nos seis domínios prioritários, a Comunidade deve integrar temas horizontais. Os quatro temas horizontais identificados pela política de desenvolvimento da CE são os seguintes: (1) COM(2001) 1, de 11 de Janeiro de 2001. ❿ prevenção de conflitos. ❿ promoção dos direitos humanos; ❿ igualdade entre homens e mulheres; ❿ ambiente; Progressos em relação aos objectivos de desenvolvimento Nos parágrafos seguintes, destacam-se os principais progressos alcançados em cada domínio. Os progressos na execução de instrumentos horizontais específicos são abordados no capítulo seguinte. A Comissão Europeia elaborou a sua primeira declaração política em matéria de direitos humanos desde 1995, tendo emitido, em Maio de 2001, uma comunicação sobre o papel da União Europeia na promoção dos direitos humanos e da democratização nos países terceiros (1). No documento, a Comissão reconhece que um dos papéis da Comissão consiste em promover a coerência, a consistência e a transparência e em evitar critérios duplos na política externa da UE. Outro dos seus papéis consiste em promover a participação da sociedade civil nas actividades da UE neste domínio. © Joaquin Silva Rodrigues 2.6.1. Direitos humanos Esta comunicação identifica três domínios em que a Comissão pode representar um valor acrescentado: Campo de refugiados Rom em Leposevic (Kosovo). ❿ a promoção de políticas coerentes e consistentes de apoio aos direitos humanos e à democratização. Isto significa coerência tanto no âmbito e entre as políticas da Comunidade Europeia como entre essas políticas e a acção da UE, em especial a Política Externa e de Segurança Comum, e pressupõe a promoção de acções coerentes e complementares pela UE e pelos Estados-Membros; A) ❿ a concessão de uma maior prioridade aos direitos humanos e à democratização no âmbito das relações da União Europeia com países terceiros e a adopção de uma abordagem mais dinâmica, designadamente mediante a utilização das oportunidades oferecidas pelo diálogo político, o comércio e a assistência externa. A partir de agora, e nos casos em que tal ainda não se verifica, a Comissão irá integrar sistematicamente os direitos humanos e a democratização no diálogo político que mantém com países terceiros e nos seus programas de assistência; ❿ a adopção de uma abordagem mais estratégica em relação à Iniciativa Europeia para a Democracia e os Direitos do Homem (IEDDH), combinando programas e projectos no terreno com compromissos da CE em matéria de direitos humanos e democracia. Para maximizar o impacto, a comunicação identifica quatro temas em que a IEDDH se irá concentrar (ver capítulo 3.1), bem como países que serão objecto de uma maior concentração. No Conselho «Assuntos Gerais» de Junho de 2001, o Conselho congratulou-se com a comunicação da Comissão, que considerou «um importante contributo para o reforço da coerência e da consistência da política da UE» neste domínio. Com base na comunicação, em 2001 foram empreendidas as seguintes actividades: REFORÇO DO DIÁLOGO COM PAÍSES TERCEIROS A Comissão Europeia participou nas duas sessões do diálogo UE-China em matéria de direitos humanos, que a China manteve em Estocolmo e em Pequim, em Outubro de 2001. A Comissão co-organizou ainda — com a Presidência do Conselho em exercício — dois seminários sobre direitos humanos no âmbito deste diálogo, que decorreram em Pequim (a pena de morte e o direito à educação), em Maio de 2001, e em Bruxelas (a luta contra a tortura e o direito à educação), em Dezembro de 2001. A Comissão participou igualmente no diálogo político com a Coreia do Norte, tendo um perito em direitos humanos integrado a delegação da UE que se deslocou a Pyongyang em Outubro de 2001. A abordagem da UE em relação ao diálogo com países terceiros sobre direitos humanos foi formalizada através de orientações adoptadas pelo Conselho em 13 de Dezembro de 2001 (2). Estas orientações têm por objectivo reforçar a coerência e a consistência da abordagem da União Europeia em relação ao diálogo sobre direitos humanos e facilitar a sua utilização, mediante a definição das condições em que pode ser eficazmente utilizado. B) FÓRUNS MULTILATERAIS A terceira conferência mundial contra o racismo, a discriminação racial, a xenofobia e a intolerância conexa decorreu em Durban, África do Sul, de 31 de Agosto a 8 de Setembro de 2001. A conferência mundial concentrou-se em medidas activas e práticas para erradicar o racismo, incluindo a prevenção, a educação, a protecção e a apresentação de soluções. A Comissão preparou uma contribuição para a conferência mundial, numa comunicação adoptada em 1 de Junho de 2001 (3). O documento sintetiza as medidas já tomadas na União Europeia para combater o racismo e (1) COM(2001) 252, de 8 de Maio de 2001. (2) Ver: http://europa.eu.int/comm/external_relations/human_rights/doc/ghd12_01.htm. (3) COM(2001) 291, de 1 de Junho de 2001. 33 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica Camboja, Colômbia, Congo-Brazzaville, Bangladeche e Timor-Leste. © Joaquin Silva Rodrigues D) Reunião de mulheres em Khatlon (Tajiquistão). demonstra os resultados que podem ser alcançados pela acção conjunta, a nível regional, de um grupo de Estados. O orçamento da CE (Iniciativa Europeia para a Democracia e os Direitos do Homem) contribuiu com 3,7 milhões de euros para a conferência mundial, com o objectivo de incentivar a participação de ONG e de países menos desenvolvidos nos trabalhos preparatórios regionais e na própria conferência mundial. O financiamento foi canalizado através do gabinete do alto-comissário das Nações Unidas para os direitos humanos e do Conselho da Europa. A Comissão contribuiu activamente para a 57.ª sessão da Comissão dos Direitos do Homem, que decorreu em Genebra, e para a 56.ª sessão do Terceiro Comité da Assembleia Geral das Nações Unidas, que decorreu em Nova Iorque e que abordou questões sociais, humanitárias e culturais. C) OBSERVAÇÃO 34 DOS FINANCIAMENTOS A abordagem preconizada na comunicação foi posta em prática no documento de programação da Iniciativa Europeia para a Democracia e os Direitos do Homem (IEDDH) para o período 2002-2004, adoptada pela Comissão em 20 de Dezembro de 2001. À luz desses requisitos, o documento de programação fornece uma «resposta estratégica» com vista a reforçar o impacto da IEDDH e examina as melhores formas de prestar assistência, concentrando-se num número limitado de prioridades temáticas e 29 países-alvo. E) DIÁLOGO (ONG) COM ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS O diálogo com as organizações não governamentais registou progressos, nomeadamente no âmbito da conferência, realizada em Bruxelas em 28 e 29 de Maio de 2001, sobre «O papel dos direitos humanos e da democratização na prevenção e resolução de conflitos» e do fórum anual dos direitos humanos, que decorreu em Bruxelas em 21 e 22 de Novembro de 2001. O fórum concentrou-se nos papéis e responsabilidades dos intervenientes públicos e não públicos, nos meios para aplicar as políticas de direitos humanos a nível bilateral e multilateral, nos tipos, condições, objectivos e avaliação dos diálogos sobre direitos humanos e na avaliação do relatório da conferência (2) e dos fóruns sobre direitos humanos até agora realizados. 2.6.2. Igualdade entre homens e mulheres DE ELEIÇÕES No domínio da observação de eleições, em 31 de Maio de 2001, o Conselho adoptou conclusões relativas à comunicação da Comissão sobre assistência e observação eleitorais da UE (1), saudando o documento da Comissão enquanto importante contributo para uma política coerente da UE neste domínio. O Conselho referiu que o apoio às eleições constituía um elemento importante da contribuição da UE para a democratização e o desenvolvimento sustentável de países terceiros. O documento da Comissão esboça igualmente mecanismos específicos para a cooperação entre instituições da UE no âmbito da observação de eleições. O Parlamento Europeu também aprovou a nova abordagem da Comissão no que diz respeito à observação das eleições na sua resolução de 14 de Março de 2001. Em 2001, foram empreendidas oito missões de observação de eleições: Guiana, Peru, Timor-Leste, Nicarágua, Bangladeche, Sri Lanca e Zâmbia. Foram igualmente realizadas missões de avaliação das necessidades na Nicarágua, Togo, (1) (2) (3) (4) PROGRAMAÇÃO A integração da questão da igualdade entre homens e mulheres na cooperação para o desenvolvimento da Comunidade é essencial para assegurar um desenvolvimento sustentável, pelo que constitui uma prioridade para a Comissão. Assenta no compromisso de integração assumido pela CE e pelos países terceiros na quarta conferência mundial sobre as mulheres, que se realizou em Pequim em 1995, e no seguimento dado à Declaração de Pequim e à plataforma de acção (3). Em 2001, as atenções concentraram-se, essencialmente, na conclusão do programa de acção para a integração da igualdade entre as mulheres e os homens na cooperação para o desenvolvimento da Comunidade (4), que foi adoptado em Junho e aprovado pelo Conselho em 8 de Novembro. Para combater o conhecido fenómeno da evaporação da política, ou seja, para colmatar a lacuna entre política e aplicação, o programa de acção propõe o reforço da capacidade interna, mediante a formação, a clarificação de papéis e de responsabilidades, o desenvolvimento de métodos e indicadores e o estabeleci- COM(2000) 191, de 11 de Abril de 2000. Ver: http://europa.eu.int/comm/external_relations/human_rights/conf/cp05_01.htm. Ver: http://europa.eu.int/comm/employment_social/equ_opp/beijingquesen.pdf. COM(2001) 295, de 21 de Junho de 2001. Progressos em relação aos objectivos de desenvolvimento mento de sistemas de acompanhamento que permitam seguir mais de perto a aplicação. O programa adoptou uma estratégia tripartida com vista à realização destes objectivos no prazo de cinco anos (2001-2006): ❿ integração da questão da igualdade entre homens e mulheres a nível do país; ❿ integração da questão da igualdade entre homens e mulheres nos seis domínios prioritários da política de desenvolvimento da Comunidade; As rubricas orçamentais consagradas à igualdade entre homens e mulheres (1) têm sido um instrumento fundamental na introdução do conceito de integração da questão da igualdade entre homens e mulheres. Os fundos revelaram-se, simultaneamente, catalisadores e estratégicos. O objectivo consiste em reforçar a capacidade dos sectores sociais, com o apoio da sociedade civil dos países parceiros. Foi lançada uma avaliação do regulamento do Conselho, de 1998, relativo à integração das questões de género na cooperação para o desenvolvimento (2) e do seu enquadramento financeiro [B7-6110 e B7-6220], que ficará concluída em 2002. Foi empreendida uma análise de 40 documentos de estratégia por país (DEP), a fim de avaliar em que medida a integração da igualdade entre homens e mulheres na cooperação para o desenvolvimento tem sido tomada em consideração no processo de programação. Verificou-se que: ❿ a questão da igualdade entre homens e mulheres era referida como uma «questão horizontal», mas o conceito da integração da igualdade entre homens e mulheres não era claro; ❿ a tónica era colocada nas mulheres e nas situações das mulheres, não existindo análises sobre homens e rapazes; ❿ a questão da igualdade entre homens e mulheres era referida no contexto da educação, da saúde e dos direitos humanos, enquanto era ignorada nos sectores que recebiam o essencial do financiamento da CE (transportes e apoio macrofinanceiro). É necessário reforçar o acompanhamento e o trabalho metodológico, a fim de melhorar a situação. 2.6.3. Ambiente A grave deterioração do ambiente continua a ameaçar as perspectivas de desenvolvimento económico e social © CE ❿ criação de competências em matéria de igualdade entre homens e mulheres a todos os níveis pertinentes (sede e delegações), a fim de apoiar estes processos. Realização de um inquérito fitopatológico em Taiti financiado ao abrigo do projecto do Serviço Fitossanitário UE-CPS. a longo prazo e, frequentemente, a anular os progressos a curto prazo em matéria de redução da pobreza. A deterioração do ambiente, incluindo a exaustão de recursos naturais, prossegue a um ritmo acelerado nos países em desenvolvimento. A erosão e a degradação dos solos, a destruição de florestas, de habitats e da biodiversidade, o colapso de populações de peixes e a poluição constituem ameaças graves e permanentes ao desenvolvimento sustentável da maior parte dos países. Ademais, os países em desenvolvimento são particularmente vulneráveis às alterações climáticas, apesar da sua limitada contribuição relativa para este fenómeno. Nestas circunstâncias, a Comissão — em parceria com o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, o Banco Mundial e o Departamento para o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido — iniciou um processo de reflexão acerca das relações entre a pobreza e o ambiente e das formas de reduzir a pobreza e de sustentar o crescimento. Com base nesta reflexão, será elaborado um documento, a título de «trabalhos em curso», que será apresentado para discussão no contexto da cimeira mundial das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável, a realizar em Joanesburgo em 2002. Uma das mais importantes concretizações de 2001 foi a formulação de uma estratégia da CE para «Integrar o ambiente na política de cooperação em matéria de economia e de desenvolvimento» (3), que coloca a tónica nas relações entre a redução da pobreza e o ambiente e tem como objectivo integrar o ambiente nos seis domínios prioritários da cooperação para o desenvolvimento da CE. Um dos mais importantes aspectos desta estratégia consiste no compromisso de elaborar um manual para a integração do ambiente, cujo projecto ficou concluído em 2001, ano em que (1) B7-6110 e, para 2001, B7-6220 num montante total de 2,2 milhões de euros. (2) Regulamento (CE) n.º 2836/98 do Conselho. (3) SEC(2001) 609, de 10 de Abril de 2001. 35 © Christophe Masson Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica Cena de rua em Daca (Bangladeche). 36 foram igualmente ministrados diversos cursos de formação ambiental destinados aos funcionários e agentes da Comissão e aos actores locais. mento (mecanismo de desenvolvimento limpo e transferência de tecnologia). Um dos obstáculos às actividades da Comissão neste domínio é a falta de atenção de alguns países em desenvolvimento à protecção do património natural, que tem dificultado à Comissão a tarefa de assegurar a devida atenção a este tema no âmbito do diálogo de programação. Uma das formas por que a Comissão tentar reforçar o diálogo ambiental com os países em desenvolvimento consiste na promoção de oportunidades específicas. Lamentavelmente, até agora esta abordagem não produziu resultados encorajadores. A Comissão concentrou-se igualmente em compromissos políticos de alto nível no sentido de serem tomadas medidas neste domínio nos países parceiros. 2.6.4. Prevenção de conflitos A prevenção de conflitos foi uma das prioridades políticas da UE em 2001. Realizaram-se alguns debates frutuosos e foram propostas e executadas diversas acções destinadas a reforçar as capacidades da União neste domínio. Em Abril de 2001, a Comissão adoptou uma comunicação sobre a prevenção de conflitos (3), que define uma nova estratégia neste domínio e formula importantes recomendações relativamente a medidas a tomar. São já sensíveis alguns resultados concretos desta nova estratégia. Em 2001, a Comissão prestou contributos substanciais para uma série de acordos ambientais multilaterais. Adoptou quatro planos de acção em matéria de biodiversidade, incluindo um plano de acção para a biodiversidade tendo em vista a cooperação económica e para o desenvolvimento (1). A Comissão desempenhou igualmente um papel fundamental para o êxito das negociações no âmbito da Convenção das Nações Unidas sobre a Luta contra a Desertificação (2) (que elaborou um documento fundamental para a preparação da cimeira mundial sobre desenvolvimento sustentável) e dos acordos de Marraquexe e Bona (Protocolo de Quioto), que continham artigos particularmente importantes para os países em desenvolvi- Quanto à integração da prevenção de conflitos nas políticas e instrumentos da UE, os documentos de estratégia por país foram revistos na perspectiva da prevenção de conflitos, o que significa que os factores de risco foram sistematicamente verificados durante o processo de elaboração dos DEP. Para tal, os serviços geográficos da Comissão utilizaram indicadores de conflito que foram desenvolvidos em 2001 em colaboração com a rede de prevenção de conflitos. Os indicadores têm em conta aspectos como, nomeadamente, o equilíbrio entre o poder político e económico, o controlo das forças de segurança, a composição étnica do Governo (no caso de países com divisões étnicas) e a potencial deterioração dos recursos ambientais. (1) COM(2001) 162, de 27 de Março de 2001. (2) Ver: http://www.unccd.org. (3) COM(2001) 211, de 11 de Abril de 2001. Progressos em relação aos objectivos de desenvolvimento Com base nesta análise de conflitos, tem sido possível uma maior chamada de atenção, no contexto do DEP, para as potenciais causas de conflitos a ter em conta pela ajuda externa ou por outros instrumentos da UE. Ao nível da programação, a Comissão pretende colocar uma ênfase acrescida no reforço do Estado de direito, no apoio às instituições democráticas, no desenvolvimento da sociedade civil e na reforma do sector da segurança. Esta abordagem é essencial tanto para erradicar conflitos como para prevenir o seu ressurgimento, sendo igualmente coerente com a tónica que a Comissão voltou a colocar no reforço das instituições, enquanto prioridade da política de desenvolvimento da CE. Em situações de pós-conflito, as iniciativas de consolidação da paz são fundamentais para assegurar uma paz duradoura. Sempre que a situação o permitiu, a Comissão empenhou-se mais profundamente em actividades de reabilitação, bem como em programas tradicionais de desmobilização, desarmamento e reintegração (DDR). Um bom exemplo deste empenhamento é o apoio prestado pela Comissão em 2001 ao Fundo Fiduciário para DDR na Serra Leoa, constituído por diversos doadores. A Comissão participa activamente em muitas iniciativas internacionais que têm por objectivo tratar «questões horizontais» susceptíveis de criar tensões ou conflitos. Por exemplo, em 2001, a Comissão desempenhou um papel muito mais activo no processo Kimberley, que visa estabelecer um regime de controlo internacional para a importação e exportação de diamantes em bruto. No seguimento do acordo político alcançado em Gaborone, em Novembro de 2001, entre as partes no processo, a Comissão está agora a lançar os trabalhos preparatórios para a plena aplicação do regime de controlo pela Comunidade ainda durante 2002. aumentar a capacidade da UE para reagir rapidamente a conflitos emergentes, nomeadamente, a melhorar os mecanismos de alerta precoce e os instrumentos da PESC, como o diálogo político ou o recurso a representantes especiais da UE. A nível comunitário, a Comissão está a reformar os seus instrumentos, a fim de garantir uma rápida reacção da Comunidade a situações de crise ou de pré-crise. A adopção, neste ano, de um mecanismo de reacção rápida (MRR) (1), que permite iniciativas rápidas em matéria de estabelecimento da paz, reconstrução e desenvolvimento constituiu um importante passo nesse sentido. O MRR está já plenamente operacional e a ser utilizado, designadamente na antiga República jugoslava da Macedónia, no Afeganistão e no Congo, a fim de assegurar que, numa situação de conflito, seja rapidamente tomada uma série de medidas que, anteriormente, estavam sujeitas a processos muito mais demorados. A prevenção de conflitos constitui uma tarefa demasiado extensa para uma única organização, pelo que a cooperação internacional assume uma importância crucial. Só uma coordenação eficaz com os parceiros internacionais permitirá alcançar progressos reais. No seguimento da visita de Kofi Annan a Bruxelas, em Maio de 2001, e da adopção, pelo Conselho «Assuntos Gerais» de um novo enquadramento para a cooperação com a ONU em matéria de prevenção de conflitos e de gestão de crises (2), os contactos entre a CE e a ONU conheceram substanciais progressos. Por exemplo, no Verão de 2001, foi realizada uma missão de avaliação conjunta à região dos Grandes Lagos, a fim de preparar uma eventual acção de desarmamento, desmobilização e reintegração. Estão a ser estudados enquadramentos idênticos para a cooperação com outras organizações activas no domínio da prevenção de conflitos, como a Organização de Segurança e Cooperação na Europa. Na comunicação sobre prevenção de conflitos são formuladas recomendações concretas com vista a (1) Regulamento (CE) n.º 381/2001 do Conselho, de 26 de Fevereiro de 2001. (2) Conclusões do Conselho «Assuntos Gerais» de 11 de Junho de 2001. 37 3. Execução: instrumentos horizontais © Joaquin Silva Rodrigues A Comunidade Europeia desenvolveu uma série de instrumentos destinados a completar a gama de acções cobertas pelos actuais programas geográficos. Foram adoptadas rubricas orçamentais e bases jurídicas específicas, a fim de pôr em prática estas políticas «horizontais». Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica © J. F. Merladet nais e têm como base jurídica os Regulamentos (CE) n.os 975/1999 (1) e 976/1999 (2) do Conselho. Com o apoio da CE, foi criada uma escola simultaneamente para crianças deficientes e normais. Actualmente, frequentam essa mesma escola 400 crianças, independentemente das suas capacidades (India). O presente capítulo aborda as actividades desenvolvidas em 2001, nos seguintes domínios: ❿ Direitos humanos e democracia ❿ Segurança alimentar ❿ Saúde, em especial doenças relacionadas com a pobreza e saúde reprodutiva ❿ Drogas ❿ Acções de emergência, reabilitação e desenvolvimento ❿ Ambiente ❿ Parcerias com ONG 3.1. Iniciativa Europeia para a Democracia e os Direitos do Homem O capítulo B7-70 do orçamento, intitulado «Iniciativa Europeia para a Democracia e os Direitos do Homem» (IEDDH) apoia acções nos domínios dos direitos humanos, da democratização e da prevenção de conflitos. Essas acções são executadas essencialmente em parceria com as ONG e as organizações internacio- 40 A IEDDH completa os programas comunitários executados em conjunção com os governos (FED, Tacis, ALA, MEDA, CARDS, Phare, etc.) e representa uma forma de «fundo de capital de risco para os direitos humanos», que permite o lançamento de iniciativas-piloto ou experimentais. A IEDDH pode ser utilizada sem o consentimento do governo do país de acolhimento e sempre que os principais programas comunitários não estejam disponíveis por outras razões, por exemplo, em caso de suspensão. Em algumas regiões, a iniciativa fornece a única base jurídica para determinadas actividades, nomeadamente a promoção de direitos políticos e civis, a observação de eleições e as iniciativas com vista à resolução de conflitos. As prioridades da IEDDH para 2001 foram adoptadas pela Comissão (3). Os seus objectivos concentram-se num número limitado de sectores temáticos por região, enquanto a sua execução se inscreve no âmbito da comunicação da Comissão, de 8 de Maio de 2001, sobre o papel da União Europeia na promoção dos direitos humanos e da democratização nos países terceiros (4), que tem em vista, nomeadamente, o desenvolvimento de uma abordagem mais estratégica da iniciativa. Em 2001, foram disponibilizados cerca de 110 milhões de euros para apoiar as acções nos domínios dos direitos humanos, da democratização e da prevenção de conflitos. Como nos anos anteriores, as estratégias da UE nos domínios em causa foram desenvolvidas com recurso a três tipos de projectos: Projectos identificados através de convites à apresentação de propostas: no seguimento de dois convites gerais, foram subvencionados 93 projectos, após informação ou consulta do Comité dos Direitos do Homem e da Democracia, instituído pelos Regulamentos (CE) n.os 975/1999 e 976/1999 do Conselho. O montante total concedido aos projectos seleccionados ascendeu a 59 milhões de euros. Os projectos orientados são a modalidade sistematicamente utilizada quando estão em causa projectos elaborados em cooperação com as organizações internacionais e regionais, incluindo as agências especializadas das Nações Unidas e o gabinete do alto-comissário para os direitos humanos, o Conselho da Europa e o ODIHR (Gabinete para as Instituições Democráticas e os Direitos Humanos) da OSCE. Estes projectos são identificados pela Comissão no âmbito da procura de objectivos específicos que não possam ser realizados através de convites à apresentação de propostas. Para estes projectos foram reservados 36 milhões de euros. (1) Regulamento (CE) n.º 975/1999 do Conselho, de 29 de Abril de 1999, que estabelece os requisitos para a execução das acções de cooperação para o desenvolvimento que contribuem para o objectivo geral de desenvolvimento e consolidação da democracia e do Estado de direito, bem como para o objectivo do respeito dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais. (2) Regulamento (CE) n.º 976/1999 do Conselho, de 29 de Abril de 1999, que estabelece os requisitos para a execução das acções da Comunidade, diversas das acções de cooperação para o desenvolvimento, que, no âmbito da política comunitária de cooperação, contribuem para o objectivo geral de desenvolvimento e consolidação da democracia e do Estado de direito, bem como para o objectivo do respeito dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais em países terceiros. (3) «Prioridades e linhas de orientação para a implementação da IEDDH de 2001»; Bruxelas, 6 de Junho de 2001 — SEC(2001) 891. Ver: http://europa.eu.Int/comm/external_relations/human_rights/doc/sec01_891.pdf. (4) COM(2001) 252 final. Execução: instrumentos horizontais Em 2001, foram seleccionados projectos nos países do Sudeste da Europa (Albânia, Bósnia-Herzegovina, Croácia, República Federativa da Jugoslávia e antiga República jugoslava da Macedónia), nos novos Estados independentes (Arménia, Bielorrússia, Geórgia, Cazaquistão, Quirguizistão, Moldávia, Rússia, Tajiquistão e Ucrânia), na América Latina (Colômbia e México), no Sul e Sudeste da Ásia (Camboja, Indonésia, Nepal e Paquistão), na África Ocidental (Nigéria e Costa do Marfim), na África Central (República Democrática do Congo), no Sudão, no Médio Oriente (Israel, Cisjordânia e Faixa de Gaza), no Haiti, na Turquia e no Zimbabué, num montante total de 12 milhões de euros. 3.1.1. Os grandes domínios prioritários Com base no documento de programação adoptado pela Comissão para 2001 (1): ❿ 6 milhões de euros foram consagrados à promoção e à defesa dos direitos humanos e das liberdades fundamentais (protecção dos direitos civis, políticos, económicos, sociais e culturais, minorias, grupos étnicos e populações autóctones; instituições, incluindo as organizações não governamentais com actividades relacionadas com a protecção, a promoção e a defesa dos direitos humanos, centros de reabilitação para vítimas de tortura, educação, formação e sensibilização no domínio dos direitos humanos, igualdade de oportunidades e luta contra o racismo e a xenofobia, liberdade de opinião, de expressão e de consciência); ❿ 35 milhões de euros foram consagrados ao apoio da democratização e ao reforço do Estado de direito: independência do poder judicial, separação dos poderes, pluralismo, melhoria da gestão dos assuntos públicos, etc.; ❿ 17 milhões de euros foram consagrados ao apoio da prevenção de conflitos e da restauração da paz civil. Estes projectos serão aplicados na América Latina (na Colômbia, em que a UE apoiou, de forma constante, as iniciativas tendo em vista uma resolução pacífica dos conflitos no país e na Guatemala); na região do Cáucaso; na ex-Jugoslávia, na Eslovénia e na Albânia; em África (Sudão, Quénia, República Democrática do Congo, Ruanda e Somália); em Israel e na Palestina; no Afeganistão e no Paquistão. Estes projectos contribuem para a realização dos objectivos previstos na comunicação da Comissão sobre a prevenção dos conflitos de 11 de Abril de 2001 (2). © CE/ALISEI Os microprojectos permitem financiar actividades de democratização com orçamentos compreendidos entre 3 000 e 50 000 euros, sendo concebidos para aprofundar o apoio a iniciativas das sociedades civis locais. Estes projectos são geridos directamente pelas delegações da Comissão e seleccionados no âmbito de convites à apresentação de propostas locais. Projecto regional de apoio à protecção dos menores e luta contra o tráfico de crianças na África Ocidental. A assistência às actividades dos tribunais penais internacionais e à criação do Tribunal Penal Internacional beneficiou de 3 milhões de euros. As acções levadas a cabo a título da iniciativa inscrevem-se no quadro da aplicação da posição comum da UE sobre o Tribunal Penal Internacional adoptada em Junho de 2001 (3). A Comissão apoiou a criação do Tribunal, nomeadamente através de redes regionais de ONG e de assistência técnica à aplicação da legislação e da cooperação técnica. No que respeita ao funcionamento dos tribunais para a ex-Jugoslávia e o Ruanda, a Comissão financiou parte das despesas decorrentes da obtenção de elementos de prova missões, inquéritos, deslocações, deslocação de testemunhas, exumações, etc.); ❿ 5,95 milhões de euros foram consagrados ao apoio dos centros de reabilitação para vítimas de tortura nos países terceiros, enquanto 6 milhões de euros foram atribuídos aos centros de reabilitação para vítimas de tortura e suas famílias situados no interior da UE. Estas iniciativas inscrevem-se no quadro da aplicação das orientações para a política da UE relativamente aos países terceiros no que se refere à tortura e outras penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes adoptadas pelo Conselho «Assuntos Gerais» em Abril de 2001. Foram envidados esforços com vista a assegurar a integração da problemática da igualdade entre homens e mulheres na execução da IEDDH, tendo os projectos seleccionados sido sistematicamente analisados em função do seu impacto na matéria. No domínio da educação, da formação e da sensibilização na área dos direitos humanos, a IEDDH consagrou 2,6 milhões de euros a programas universitários sobre os direitos humanos e a democratização. Neste contexto, foram criados no Sudeste da Europa, na África do Sul e em Malta três novos mestrados regionais sobre direitos humanos. Estes mestrados permitem a estudantes destas regiões especializar-se no domínio dos direitos hu- (1) http://europa.eu.int/comm/external_relations/human_rights/doc/sec01_891.pdf. (2) COM(2001) 211 final. (3) JO L 155 de 12.6.2001, p. 19. 41 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica Domínios prioritários da IEDDH em 2001 Domínio Montante (milhões de euros) Educação, formação e sensibilização no domínio dos direitos humanos 2,600 Luta contra o racismo e a xenofobia; protecção das minorias e das populações autóctones 6,000 Liberdade de opinião, de expressão e de consciência; direito à utilização da língua materna 0,420 Reforço do respeito dos direitos das crianças (1) 1,100 Abolição da pena de morte 0,880 Promoção do pluralismo a nível político e na sociedade civil 4,400 Promoção da boa gestão dos assuntos públicos, nomeadamente através da assistência à transparência da administração e à luta contra a corrupção Promoção da participação das populações nos processos de tomada de decisão, em especial da participação igualitária dos homens e das mulheres na sociedade civil e na vida económica e política Promoção do respeito dos direitos humanos e da democracia, com vista a prevenir os conflitos e a restabelecer a paz civil 1,770 pação dos cidadãos nas eleições. Por último, o projecto «European Network for Electoral and Democracy Support» beneficiou de uma subvenção de 1,6 milhões de euros para a consolidação da rede europeia criada no seguimento do projecto EUEOP (European Union Electoral Observation Project). Execução orçamental da IEDDH 2001: % do montante total atribuído a macroprojectos (por região) Região Montante em milhões de euros PECO e NEI 18,454 16,51 ACP 19,049 17,05 9,100 8,14 América Latina MEDA 4,340 9,516 8,52 Ásia 11,101 9,93 Todo o mundo (incluindo tortura) 23,530 21,06 6,000 5,37 12,000 10,74 3,000 2,68 111,750 100,00 EU 17,000 Apoio à transição democrática e à observação de processos eleitorais 9,960 Prevenção da tortura e reabilitação das vítimas (2) 5,950 (1) Foi ainda consagrado um milhão de euros da rubrica orçamental B7-626 — «Luta contra o turismo sexual nos países terceiros» — a uma campanha internacional contra o turismo sexual com crianças. (2) Os sete centros situados na União Europeia beneficiaram igualmente de uma subvenção, num montante total de 6 000 000 de euros, com dotações da rubrica B5-813 do orçamento geral (dotação destinada a apoiar a criação e a manutenção de centros de reabilitação para vítimas de tortura e respectivas famílias, bem como a apoiar outras organizações que prestem ajuda concreta às vítimas de violações de direitos humanos). Micro Assistência técnica Total Autorizações IEDDH 2001 Montantes atribuídos a projectos (por região) Região Montante em euros % do total 11 155 302 12,32 8 409 661 9,29 ACP 19 242 726 21,26 América Latina 15 408 732 17,02 Mediterrâneo Sul, Próximo e Médio Oriente 10 762 574 11,89 Ásia 12 862 460 14,21 Resto do mundo 12 681 214 14,01 90 522 669 100,00 Europa do Sudeste: Balcãs Europa Oriental e Ásia Central manos. Os mestrados obedecem ao modelo do mestrado europeu em direitos humanos e em democratização lançado em 1997. Quanto ao apoio à transição democrática e à observação de processos eleitorais, a actividade da Comissão neste domínio inspira-se na sua comunicação sobre a assistência e observação eleitorais da UE, de Abril de 2000 (1) e nas conclusões do Conselho de 31 de Maio de 2001 (2) . Todos estes documentos insistem no facto de uma missão de observação eleitoral dever desenrolarse, no terreno, antes, durante e após o dia das eleições. Total 12,32% 14,01% Europa do Sudeste: Balcãs 14,21% Europa Oriental e Ásia Central 9,29% Em 2001, a IEDDH financiou missões de observação eleitoral da UE, a pedido dos governos do Bangladeche, do Camboja, da Nicarágua, de Timor-Leste, da Zâmbia e do Sri Lanca. Para o Paquistão, onde se realizarão eleições em 2002, existe um projecto que pretende restabelecer a confiança da opinião pública nas instituições e no processo eleitoral, com o objectivo de aumentar a consciência política e a partici- 42 % do total ACP América Latina Mediterrâneo Sul, Próximo e Médio Oriente Ásia 11,89% 21,26% 17,02% (1) COM(2000) 191 final, de 11 de Abril de 2000. Ver: http://europa.eu.int/comm/external_relations/human_rights/eu_election_ass_observ/index.htm (2) 2352.ª reunião do Conselho «Desenvolvimento» — Bruxelas, 31 de Maio de 2001. Resto do Mundo Execução: instrumentos horizontais 3.2. Segurança alimentar 3.2.1. Realizações de 2001 Em 2001, o orçamento para a ajuda e segurança alimentares ascendeu a 454 milhões de euros. Este programa comunitário tinha como objectivo uma melhor integração da exigência de segurança alimentar na estratégia global de desenvolvimento dos países beneficiários incluída nos «Country Strategy Papers» (documentos de estratégia por país) e nos «Poverty Reduction Strategy Papers» (documentos de estratégia de redução da pobreza). O programa traduzia igualmente o reforço da apropriação dos programas e políticas por parte dos parceiros nacionais: governos e sociedade civil. A prioridade conferida à ajuda directa foi confirmada em 2001. A Comissão atribui uma importância crescente à estratégia de segurança alimentar. Para 2001, o programa alimentar da Comissão previu 201,8 milhões de euros para ajuda directa concedida aos governos sob forma de ajuda financeira e de acções de apoio, dos quais 74 milhões de euros para apoio orçamental. Um montante de 25,2 milhões de euros foi reservado para assistência técnica no terreno, missões de acompanhamento e controlo, financiamento da rede europeia de segurança alimentar (RESAL), acompanhamento da ajuda alimentar e ajustamento dos preços de compra dos géneros alimentícios. Foram envidados todos os esforços no sentido de obedecer às recomendações formuladas na avaliação global dos três anos de acção da política de segurança alimentar. Graças ao apoio da RESAL, as prioridades foram estabelecidas com base na optimização das capacidades de análise. A ajuda alimentar em espécie foi limitada às populações vulneráveis dos países em crise e às situações de crise alimentar grave, constituindo uma rede de segurança, complementar às intervenções de emergência. Os contributos para as ONG consistiram em acções de apoio à segurança alimentar (ajuda financeira), que foram objecto de contratos directos entre a Comissão e as ONG num montante de 60 milhões de euros, enquanto os contributos em ajuda alimentar, alfaias e sementes para a EuronAid representaram um montante de 76 milhões de euros. Por razões de coerência e de eficácia, os projectos das ONG foram integrados na estratégia nacional de segurança alimentar dos países de intervenção. Nos países de intervenção comuns, a programação foi elaborada conjuntamente com o ECHO. 3.2.3. Países de intervenção Inscritos na lista de países elegíveis a título do Regulamento (CE) n.º 1292/96, os países de intervenção repartem-se em dois grupos: os países que beneficiam © Carl Cordonnier 3.2.2. Repartição por modo de intervenção Venda tradicional de leite nas ruas de Osh (Quirguizistão). de uma ajuda estrutural e os países que se encontram em situação de crise ou pós-crise. Os primeiros figuram entre os países menos desenvolvidos (PMD), de baixos rendimentos e com défice de alimentos (PBRDA), com um índice de insegurança alimentar elevado e cujos governos partilham a vontade de desenvolver uma política de segurança alimentar coerente e a longo prazo. Os segundos são países em situação de crise ou pós-crise (interligação entre ajuda de emergência, reabilitação e desenvolvimento), que são objecto de intervenções de carácter mais conjuntural, centradas na prestação de ajuda alimentar, acompanhada de apoios financeiros e técnicos complementares destinados a fazer face aos riscos de fome ou às necessidades de reabilitação do tecido económico e social do país, na sequência de crises políticas ou de conflitos étnicos. Em 2001, o primeiro grupo englobava 21 países: Albânia, Burquina Faso, Cabo Verde, Eritreia, Etiópia, Madagáscar, Mauritânia, Nigéria, Moçambique, Malavi, Bangladeche, Iémen, Arménia, Azerbaijão, Geórgia, Moldávia, Quirguizistão, Bolívia, Honduras, Nicarágua e Peru. O segundo grupo incluía 18 países: Montenegro, Afeganistão, Camboja, Coreia do Norte, Índia, Laos, Palestina, Paquistão, Tajiquistão, Equador, Haiti, Libéria, Angola, República Democrática do Congo, Ruanda, Serra Leoa, Somália e Sudão. A concentração das acções num número limitado de países tinha em vista permitir que a ajuda comunitária atingisse uma «massa crítica», em cada país, aumentando, desta forma, o seu impacto no reforço da segurança alimentar. 43 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica 3.2.4. Relações com os demais mutuantes O programa comunitário de segurança alimentar assenta em quatro grandes princípios de acção: ❿ coordenação das intervenções do programa com as dos demais doadores, sobretudo dos Estados-Membros; ❿ participação na elaboração de um enquadramento coerente da ajuda nos países beneficiários; ❿ prossecução da reflexão e da análise em apoio da execução do programa; ❿ concentração das intervenções num número limitado de países beneficiários. 3.2.5. Coordenação com os Estados-Membros A preocupação de coerência e de coordenação das intervenções comunitárias com as dos Estados-Membros está presente a todos os níveis da execução do programa de segurança alimentar. A coerência está assegurada no estádio da definição dos programas, na medida em que são os Estados-Membros que, no seio das instituições comunitárias, decidem das orientações estratégicas do programa e dos financiamentos, sendo reforçada pela existência de um código de conduta relativo à ajuda alimentar aplicável pelos Estados-Membros e a Comissão Europeia. Nos países de intervenção, a coordenação é desenvolvida numa base casuística, em função da implicação dos doadores e da natureza dos programas a executar. Por exemplo, em Moçambique, a Comissão intervém em estreita coordenação com diversos Estados-Membros, no âmbito do Proagri, programa sectorial para o reforço das capacidades do Ministério da Agricultura. 3.2.6. O diálogo transatlântico Em 1995, a Comissão Europeia e a USAID (US Agency for International Development) encetaram uma nova fase da iniciativa transatlântica, com o objectivo de reforçar a sua coordenação em diversos domínios. Em matéria de segurança alimentar, este diálogo materializa-se em sete países-piloto: Bangladeche, Bolívia, Etiópia, Haiti, Malavi, Moçambique e Quirguizistão. Para o efeito, foi elaborada conjuntamente uma grelha de análise da ajuda alimentar, que inclui os meios disponibilizados, a concertação para a avaliação das necessidades e a elaboração de uma estratégia de orientação da assistência, a tomada em consideração dos desafios a longo prazo que se colocam à segurança alimentar e a avaliação (frequência, critérios, problemas, avaliação conjunta). No Haiti, esta grelha foi utilizada para avaliar os programas de ajuda alimentar comunitários e americanos. No Quirguizistão, a coordenação EuropeAid/USAID permitiu harmonizar as intervenções dos dois doadores e limitar os efeitos perversos da ajuda americana nos mercados locais. No Bangladeche, permitiu realizar conjuntamente um estudo sobre o impacto dos programas destinados a gerar rendimentos para as populações vulneráveis. 2001 — Dotações por parceiro de execução Parceiro Milhões de euros Directa 180,24 Indirecta 250,94 Outras Indirecta AJUDA INDIRECTA 22,81 PAM 98,00 Euronaid 76,00 ONG 60,00 UNRWA 15,00 FAO Total País 44 453,99 Montante em euros Total País Montante em euros Milhões de euros 1,94 250,94 País Montante em euros Angola 28 4525 191 Arménia 10 000 000 Níger 2 612 492 Etiópia 25 386 971 Quirguizistão 10 000 000 Cisjordânia 2 609 162 Geórgia 25 000 000 Somália 9 451 499 Síria 2 584 760 Coreia do Norte 24 569 523 Honduras 6 696 996 Salvador 2 210 685 Bangladeche 24 500 000 Equador 6 000 000 Bolívia 2 145 901 Afeganistão 20 548 177 Camboja 5 707 110 Haiti 2 000 000 Malavi 18 000 000 Tajiquistão 5 662 583 Zâmbia 1 602 071 Eritreia 17 342 773 Peru 5 000 000 Libéria 1 258 665 Moçambique 14 800 000 Mali 4 740 391 Laos 1 060 764 Sudão 13 653 576 Gaza 3 792 572 Índia 999 724 Serra Leoa 13 389 602 RD Congo 3 445 775 Nicarágua 891 312 Iémen 12 000 000 Jordânia 3 119 151 Guatemala 447 350 Burquina Faso 11 532 345 Líbano 2 894 354 Execução: instrumentos horizontais 2001 — Distribuição geográfica das dotações Zonas geográficas Milhões de euros ACP 167,64 Ásia 77,39 América latina 23,39 NEI 50,66 Europa ACP ACP 0,00 22,81 Por distribuir 85,10 Total África Oriental 65,83 África Austral 62,83 África Central 6,06 África Ocidental Mediterrâneo e Médio Oriente 27,00 Outros Milhões de euros 453,99 30,92 Oceano Índico 0,00 Caraíbas 2,00 Total 167,64 Distribuição per parceiro de execução das programas 1993-2001 Tipo de ajuda (Milhões de euros) 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 Ajuda directa 137,41 183,18 202,16 272,15 287,28 271,91 258,55 196,06 180,24 ONG 160,13 154,51 214,38 106,51 87,21 113,59 85,00 108,05 136,00 PAM 158,47 144,16 137,54 111,45 123,87 141,47 104,14 90,00 98,00 15,66 10,55 12,74 — — — — — — ACNUR CICV 20,96 20,27 23,04 — 10,57 9,21 — — — Outras organizações 38,14 21,23 13,63 13,40 11,91 12,29 25,50 15,60 16,94 Outras (AT, Ajustamento de preços) 43,23 55,20 42,81 56,65 15,60 29,88 31,79 48,70 22,81 574,00 589,10 646,30 560,16 536,44 578,35 504,97 458,41 453,99 1999 2000 2001 Totais Distribuição geográficas das dotações para programas 1993-2001 Zona geográfica (Milhões de euros) 1993 Europa ACP 1994 1995 1996 1997 1998 — — — — 10,76 0,22 26,90 11,00 — 329,97 365,34 371,61 248,22 248,02 239,09 226,97 236,83 167,64 Mediterrâneo e Médio Oriente 74,21 51,80 43,33 34,67 22,91 30,11 20,55 24,80 27,00 Ásia 61,99 64,17 121,01 82,18 102,01 154,95 80,73 61,34 77,39 — — — 69,00 62,69 51,10 49,87 41,43 50,66 55,63 49,91 67,54 69,44 61,57 72,98 55,56 34,31 23,39 8,97 2,68 — — — — 12,61 — 85,10 NEI América Latina Reserva e não distribuido Outros (AT, Ajustamento de preços) 43,23 Totais 400 574,00 55,20 42,81 56,65 15,60 31,04 31,79 48,70 22,81 589,10 646,30 560,16 523,56 579,49 504,97 458,41 453,99 Ajuda directa 400 300 300 200 200 100 100 0 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 0 Países ACP 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 45 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica B) SAÚDE GENÉSICA: ❿ garantir o direito das mulheres, dos homens e dos adolescentes a uma boa saúde genésica e sexual; © Progetto malaria Vietnam ❿ assegurar às mulheres, aos homens e aos adolescentes o acesso a toda uma série de cuidados, serviços e produtos seguros e fiáveis em matéria de saúde genésica e sexual; Mais de um milhão de mosquiteiros foram impregnados nas aldeias (Vietname). 3.3. Saúde: doenças relacionadas com a pobreza e saúde genésica 3.3.1. Problemática e resposta comunitária A melhoria da saúde e do bem-estar das populações dos países em desenvolvimento, a integração destes países na economia mundial e a luta contra a pobreza são parte integrante da política comunitária (artigos 177.º e 179.º do Tratado). A Comissão, em colaboração com os Estados-Membros, definiu, progressivamente, um conjunto coerente de objectivos e de princípios que presidem à selecção das actividades e à disponibilização de meios para enfrentar os problemas associados às doenças graves e à saúde genésica (1). 3.3.2. Objectivos A) DOENÇAS RELACIONADAS COM A POBREZA: ❿ maximizar o impacto das intervenções, dos serviços e dos produtos de base já disponíveis no âmbito da luta contra as principais doenças transmissíveis que afectam as populações mais pobres; ❿ alargar o acesso aos medicamentos essenciais; ❿ intensificar a investigação e o desenvolvimento, nomeadamente no que se refere às vacinas, aos microbicidas e aos tratamentos inovadores. 46 ❿ reduzir a taxa de mortalidade materna, sobretudo nos países e nos grupos da população em que esta é mais elevada. 3.3.3. Actividades em 2001 e domínios de intervenção Nos últimos anos, tem vindo a ser prestada uma atenção crescente aos problemas de saúde dos países em desenvolvimento, designadamente às grandes doenças relacionadas com a pobreza. Em Maio de 2001, o Conselho adoptou a comunicação da Comissão relativa ao programa de acção acelerado de luta contra estas doenças (2). Foi prosseguido o processo de selecção das propostas recebidas no âmbito do convite à apresentação de propostas publicado em Janeiro de 2000, e que já havia estado na base da mobilização de dotações para uma primeira série de propostas em 2000, tendo sido analisadas 112 das 295 propostas inicialmente apresentadas. Em 2001, foram aprovados 16 projectos, num montante de 20,7 milhões de euros, que se repartem do seguinte modo: sida: 11 projectos, num montante total de 15,2 milhões de euros; população: 5 projectos, num montante total de 5,5 milhões de euros. Parte destes projectos (6) têm por objectivo lutar contra a transmissão do HIV de mães para filhos. Outros concentram-se na prevenção da sida, mediante a melhoria dos cuidados prestados às pessoas que sofrem de doenças sexualmente transmissíveis (3) ou programas de educação e de formação (3), enquanto a saúde materna é objecto de 3 projectos. Este convite à apresentação de propostas constituiu uma novidade no âmbito destas rubricas orçamentais, na medida em que era dirigido a toda uma série de intervenientes: ONG, autoridades locais e nacionais, institutos de investigação e organizações comunitárias, serviços públicos e privados. Deste modo, as acções empreendidas em 2001 incluíram a execução e o acompanhamento das actividades lançadas durante este ano, bem como nos anos anteriores. Em Dezembro de 2001, estavam a ser acompanhados mais de 90 projectos, com um valor total próximo dos 100 milhões de euros. (1) Ver: http://europa.eu.int/comm/development/aids/html/policiesnf_fr.htm. (2) COM(2001) 96, de 21 de Fevereiro de 2001, adoptada pelo Conselho em 14 de Maio de 2001, na 2346.ª reunião do Conselho «Assuntos Gerais». Execução: instrumentos horizontais 3.3.4. Perspectivas: o empenhamento activo da Comissão As prioridades a eleger e as medidas a tomar articulam-se em torno de quatro aspectos: ❿ uma melhor informação sobre as intervenções apoiadas pelas rubricas orçamentais, a fim de reforçar o impacto das mesmas na melhoria da qualidade dos serviços prestados às populações e o apoio à evolução das políticas de saúde; © Annie Martinez Alonso Em 2001, a participação na definição das orientações de um novo regulamento do Conselho respeitante à luta contra certas doenças (HIV/sida, tuberculose e malária) e à saúde genésica, a criação de um fundo mundial para lutar contra estas três doenças, bem como a já referida comunicação da Comissão sobre saúde e pobreza (1), permitiram definir com maior rigor o papel e o lugar das rubricas orçamentais temáticas relacionadas com a saúde. Fumador de ópio de uma aldeia no Norte da Tailândia. ❿ a análise aprofundada do contexto das intervenções; ❿ a aplicação dos conhecimentos no terreno e a sua apropriação pelos intervenientes locais; ❿ o estabelecimento de uma relação operacional entre a luta contra doenças específicas e a saúde genésica e o apoio ao desenvolvimento do sistema de saúde. 3.4. Luta contra a droga Prevenção, tratamento, reinserção social e profissional dos toxicodependentes, estudos epidemiológicos, luta contra o branqueamento de capitais, criação de novas legislações. As questões levantadas pelo tráfico e o consumo de drogas exigem respostas bem firmes e integradas na estratégia global da União Europeia. 3.4.1. Actividades em 2001 Em conformidade com o plano de acção da União Europeia, a cooperação comunitária articula-se em torno de três eixos principais: ❿ uma intervenção equilibrada entre a redução da procura e a redução da oferta; ❿ o princípio da «responsabilidade partilhada» entre países produtores, países de trânsito e países consumidores»; ❿ a integração do controlo das drogas na cooperação para o desenvolvimento. No que respeita à redução da oferta, a Comissão organizou a sua intervenção em torno das duas principais rotas de tráfico que alimentam a União Europeia. Para reforçar o impacto da acção europeia, a Comissão (1) COM(2002) 129, de 22 de Março de 2002. acordou com os Estados-Membros um sistema de intercâmbio de informações, consolidando, deste modo, a coordenação europeia. A intervenção da Comissão apoia-se, frequentemente, na competência das administrações nacionais dos Estados-Membros. Esta mobilização da competência europeia fomenta o desenvolvimento das relações entre os países beneficiários, que, dado o carácter internacional do tráfico, se revestem da maior importância. Na rota da cocaína, na América Latina, a CE assiste, desde há pouco tempo, o Governo venezuelano na criação de um observatório nacional das drogas, consagrando a esta missão 2 milhões de euros. Na Colômbia, a CE pretende desempenhar um papel importante no processo de paz, para o qual contribui através de programas alternativos (30 milhões de euros, num total de 105 milhões de euros). Nas Caraíbas, a CE contribuiu com 23 milhões de euros provenientes da rubrica B7-6310 e do Fundo Europeu de Desenvolvimento, para o plano de acção da Barbada, o qual engloba uma série de programas que cobrem todas as facetas da luta contra a droga. Esta iniciativa resulta de diligências conjuntas dos países das Caraíbas, da UE, dos Estados Unidos e das Nações Unidas. A acção comunitária tem em vista lutar contra o branqueamento de capitais e o tráfico de cocaína, reforçando o controlo marítimo e criando unidades de coordenação centrais que incluam autoridades policiais e aduaneiras e as forças armadas. Na rota da heroína, foram empreendidas diversas acções de luta contra o tráfico, na Ásia Central e no Cáucaso, estando em preparação programas de redução da procura. A CE está a preparar um novo projecto, centrado no Irão, que tem em vista a prevenção da toxicodependência e a formação de magistrados. A CE financia igualmente o reforço da cooperação entre os países da Ásia Central, o Irão, o Paquistão e a Turquia. 47 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica tância conferida à assistência no domínio da luta contra a droga prestada aos países que não fazem parte da União. Neste contexto, a Comissão comprometeu-se a centrar a programação da luta contra a droga nos países atravessados pelas duas principais rotas que alimentam a União Europeia. A Comissão continuará a desenvolver projectos destinados a reforçar a coordenação dos países beneficiários entre si e com os Estados-Membros. © CE 3.5. Interligação entre ajuda de emergência, reabilitação e desenvolvimento Marron House — Um novo centro de reabilitação de toxicodependentes em São Vicente. ❿ a reestruturação de rubricas orçamentais e regulamentos a utilizar para interligar a ajuda de emergência e o desenvolvimento; Para reduzir a procura, a Comissão apoia uma abordagem global que vai muito além da desintoxicação. ❿ a definição de orientações para as estratégias de saída do ECHO; Através da rubrica B7-6310 e de outras rubricas (regionais), a Comissão financia uma série de programas de apoio ao desenvolvimento de redes de ONG que têm por objectivo prestar aos toxicodependentes um conjunto de serviços, que vão dos cuidados médicos de base à reinserção social, familiar e profissional, passando pela desintoxicação e a redução dos riscos inerentes ao consumo de drogas, nomeadamente injectáveis. ❿ o estabelecimento de uma agenda para melhorar os seus métodos de trabalho, a fim de aumentar a sua capacidade de proceder a intervenções rápidas. Para responder de forma mais adequada ao problema, a Comissão pretende ainda aprofundar o conhecimento da situação nos países terceiros no que respeita à droga, financiando projectos de recolha de dados nestes países. Esta abordagem é particularmente importante para permitir que os países beneficiários definam com maior rigor as suas necessidades e participem nos projectos com conhecimento de causa. Por último, a Comunidade financia diversos programas de luta contra o branqueamento de capitais e está associada aos esforços da OCDE neste domínio. 48 Em Abril de 2001, a Comissão adoptou uma comunicação sobre a interligação entre ajuda de emergência, reabilitação e desenvolvimento, tendo igualmente empreendido uma série de acções com vista a aplicar os princípios da interligação entre ajuda de emergência, reabilitação e desenvolvimento. A Comissão está actualmente a propor novas orientações e decisões com o mesmo objectivo, nomeadamente: Em 2001, o mandato e o papel do ECHO em conjugação com os demais instrumentos comunitários no domínio das relações externas foi clarificado no que se refere ao chamado «hiato de transição» entre a ajuda de emergência, a reabilitação e o desenvolvimento. Tal como sublinhado na comunicação da Comissão sobre a interligação entre ajuda de emergência, reabilitação e desenvolvimento (2), o ECHO irá concentrar-se no seu principal mandato, incumbindo à cooperação para o desenvolvimento envidar os esforços necessários para colmatar esta lacuna. A fim de aumentar a sua transparência e previsibilidade, o ECHO elaborou, em Dezembro de 2001, um documento de trabalho que tinha como objectivo clarificar os seus critérios gerais para a cessação gradual e transferência das intervenções. O documento de trabalho prevê duas fases para a aplicação destes critérios: 3.4.2. Perspectivas 1) a definição das regras para uma transição sem sobressaltos da assistência humanitária para a reabilitação e o desenvolvimento; Na sua comunicação de 8 de Junho de 2001 sobre a aplicação do plano de acção da União Europeia no domínio da droga (1), a Comissão confirma a impor- 2) a análise dos principais factores contextuais com impacto no modus operandi da cessação gradual da assistência. (1) COM(2001) 301 final, de 8 de Junho de 2001. (2) Comunicação da Comissão ao Conselho e ao Parlamento Europeu — Interligação entre ajuda de emergência, reabilitação e desenvolvimento — avaliação [COM(2001) 153, de 23 de Abril de 2001]. Execução: instrumentos horizontais 3.5.1. Principais instrumentos AJUDA ÀS POPULAÇÕES DESENRAIZADAS Em 2001, foi adoptada uma nova base jurídica (1), que permite programar até 2004 as acções para a Ásia e a América Latina. Por outro lado, e dada a proximidade do termo da vigência da convenção actualmente em vigor entre a Comunidade Europeia e a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) (2), a Comissão obteve do Conselho um mandato para negociar uma nova convenção, com uma vigência de quatro anos. No que se refere aos países ACP, o artigo 255.º da Convenção de Lomé IV permite mobilizar recursos do Fundo Europeu de Desenvolvimento a favor das populações desenraizadas destes países. DE REABILITAÇÃO A política da Comunidade Europeia nesta matéria é regida pelo Regulamento (CE) n.º 2258/96 do Conselho, de 22 de Novembro de 1996, relativo a acções de recuperação e de reconstrução em favor dos países em desenvolvimento (publicado no JO L 306 de 28.11.1996). As acções visadas por este regulamento, «com uma duração limitada (…), têm por objectivo contribuir para o relançamento da economia e o restabelecimento das capacidades institucionais necessárias para restaurar a estabilidade social e política dos países em causa e para satisfazer as necessidades do conjunto das populações afectadas. As acções devem substituir progressivamente a acção humanitária e preparar o relançamento da ajuda ao desenvolvimento a médio e a longo prazo (…)». LUTA CONTRA AS MINAS TERRESTRES ANTIPESSOAL Embora disponham de uma rubrica orçamental própria de âmbito geral, as acções comunitárias neste domínio não tinham uma base jurídica específica. Também neste caso, a adopção de uma base jurídica (3) válida até 2009 permitirá reforçar a coerência das intervenções, integrando-as numa programação a médio prazo. CO-FINANCIAMENTOS COM AS ONG O Regulamento (CE) n.º 1658/1998 do Conselho, de 17 de Julho de 1998, relativo ao co-financiamento com as organizações não governamentais (ONG) europeias de acções em domínios de interesse para os países em desenvolvimento (4), constitui igualmente um instrumento que permite o financiamento de acções de desenvolvimento para substituir as acções humanitárias. © Sean Sutton /MAG ACÇÕES A adopção de uma base jurídica específica para a luta contra as minas antipessoal, que estará em vigor até 2009, permitirá reforçar a coerência das intervenções e a programação a médio prazo (Camboja). 3.5.2. As grandes linhas de acção de 2001 AJUDA ÀS POPULAÇÕES DESENRAIZADAS Embora estejam a ser prosseguidas as acções na América Latina, os novos compromissos neste domínio dirigem-se, sobretudo, às populações desenraizadas da Ásia que são vítimas de situações de crise prolongada. Estas populações são originárias do Afeganistão, da Birmânia/Mianmar, do Sri Lanca e das Filipinas (Mindanau). Os projectos em curso, tal como os novos, cobrem uma grande diversidade de domínios, que vão da assistência aos refugiados nos campos — geralmente prestada pelo Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) — a acções que passam pelas ONG internacionais ou locais activas no domínio da educação, da saúde, da distribuição de água ou do desenvolvimento rural. Sempre que a situação o permite, a tónica é colocada no regresso das populações às suas regiões de origem. No Médio Oriente, atendendo à deterioração da situação no terreno, a Comunidade Europeia decidiu aumentar a sua contribuição para as actividades da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (1) Regulamento (CE) n.° 2130/2001 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de Outubro de 2001, relativo às acções no domínio da ajuda às populações desenraizadas nos países em desenvolvimento da América Latina e da Ásia ( JO L 287 de 31.10.2001, p. 3). (2) Convenção CE-UNRWA 1999-2001, decisão do Conselho: JO L 261 de 7.10.1999. (3) Regulamentos (CE) n.os 1724/2001 e 1725/2001 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de Julho de 2001, relativos à luta contra as minas terrestres antipessoal (JO L 234 de 1.9.2001). (4) JO L 213 de 30.7.1998, p. 1. 49 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica ACÇÕES DE REABILITAÇÃO © Joaquin Silva Rodrigues As acções no domínio da reabilitação são financiadas por diversas rubricas orçamentais, que cobrem diferentes regiões do mundo (Ásia, Timor-Leste, América Latina, Mediterrâneo, novos Estados independentes e países ACP). Os projectos financiados assumem diversas formas e cobrem sectores muito variados, que vão do apoio às organizações comunitárias de base a projectos de envergadura destinados a reabilitar infra-estruturas. Campo de refugiados Rom em Leposevic (Kosovo). (UNRWA). Para além da dotação anual para 2001, que ascendia a 42 milhões de euros, foi mobilizada uma contribuição adicional de 15 milhões de euros para acções no domínio da educação e dos cuidados de saúde primários a favor dos refugiados em quatro áreas geográficas: Cisjordânia, Faixa de Gaza, Líbano e Síria. CONTRA AS MINAS TERRESTRES ANTIPESSOAL As acções de luta contra as minas antipessoal incidem nos países mais afectados por este flagelo. Estas acções cobrem tanto as operações de desminagem de solos (Afeganistão, Balcãs, Angola, Moçambique, Somália e Laos) como o estabelecimento de sistemas de informações (Balcãs) e o apoio institucional (Camboja). 2001 foi um ano de intensa actividade nos domínios da conservação e da vida selvagem, da silvicultura e da gestão sustentável dos recursos naturais, com a execução de sete novos programas/projectos, num montante total de 55,1 milhões de euros, e a aprovação de quatro novos programas, num montante total de 26 milhões de euros. As actividades em curso foram prosseguidas, designadamente na bacia do rio Congo, sendo o programa ECOFAC e as actividades conexas coordenados pela Unidade Regional do Ambiente, sediada em Libreville, que foi reforçada. A duração de alguns programas cuja conclusão estava prevista para 2001 foi prorrogada: vida selvagem na Tanzânia, visão da vida selvagem no Gabão, programa regional para o ambiente do oceano Índico. O ritmo de execução do programa regional para uma gestão sustentável da vida selvagem na África Ocidental (AGIR, Guiné, Guiné-Bissau, Mali e Senegal) abrandou, devido à sua insuficiente coerência interna, estando previsto o lançamento de uma avaliação global. © Sean Sutton /MAG A prevenção e a informação permitem lutar contra as minas antipessoal terrestres (Camboja). LUTA 3.6. Ambiente Quanto aos países ACP, foi assinada com o ACNUR uma convenção de 25 milhões de euros com vista ao repatriamento voluntário dos refugiados burundeses que se encontram actualmente na Tanzânia, com base no artigo 255.º 50 Timor-Leste merece uma referência especial: o apoio comunitário, integrado no esforço da comunidade internacional no seio do Trust Fund for East Timor, contribui para a fundação de um Estado independente. A forma como decorreram as eleições para a Assembleia Constituinte, em Setembro de 2001, constitui um bom augúrio para a continuidade do processo de reconstrução. Os principais resultados tangíveis de 2001 são a quintuplicação da superfície total do Parque Nacional de Odzala (Congo-Brazzaville) e do Parque Nacional de Monte Alen (Guiné Equatorial), bem como a prossecução de um diálogo construtivo com as empresas madeireiras. Além disso, importa referir a criação da rede de áreas protegidas da África Central (RAPAC), a eleição do respectivo presidente e a organização das primeiras reuniões do Conselho de Administração. A vontade dos cinco locais classificados como património mundial da República Democrática do Congo de aderir à rede e a recente adesão do Parque Nacional de Zakouma, no Chade, deverão dar um novo e muito positivo impulso à RAPAC. Execução: instrumentos horizontais O nono exercício de programação do FED iniciou-se com uma especial ênfase nos programas regionais e na necessidade de constituir uma rede de peritos com tarefas regionais, capaz de apoiar as delegações da CE e a própria Comissão na execução das políticas e programas ambientais. A energia constitui, reconhecidamente, um importante elemento horizontal para a eliminação da pobreza e a realização dos objectivos de desenvolvimento do milénio. A estratégia em prol de uma energia sustentável salienta a necessidade de integrar a energia nos sectores económico e social (saúde, educação, desenvolvimento do tecido empresarial), bem como as vantagens para o ambiente e não só de uma crescente eficácia energética e de um recurso acrescido a fontes de energia renováveis. Sublinha ainda a importância do reforço da capacidade institucional e do apoio político para o sector da energia, bem como a necessidade de promover parcerias entre os sectores público e privado e de implicar a sociedade civil. Um grupo de trabalho da Assembleia Paritária ACP-UE sobre energias renováveis elaborou uma resolução, adoptada pela Assembleia em 2001, em que é reconhecida a necessidade fundamental de serviços energéticos para lutar contra a pobreza e se apela, nomeadamente, a medidas de sensibilização e de reforço das capacidades em prol das energias renováveis. No seguimento desta resolução, e a fim de fomentar a integração da energia sustentável nos programas do 9.º FED, a Comissão organizou, em Junho de 2001, na República Dominicana, uma conferência, dirigida a gestores orçamentais nacionais e aos principais interessados, sobre energias renováveis nas ilhas ACP, que tinha por objectivo sensibilizar estes países e que lançou o processo de integração da energia. 3.6.1. Actividades em 2001 As verbas consagradas ao ambiente e às florestas têm em vista: ❿ apoiar iniciativas mundiais ou regionais, designadamente no âmbito de convenções regionais em matéria de ambiente (alterações climáticas, biodiversidade, desertificação) ou de acordos internacionais; © CE A gestão dos recursos hídricos deve ser considerada uma questão horizontal, a integrar nas políticas de desenvolvimento centradas na redução da pobreza (ver ponto 2.5.3). Programa regional no domínio da energia solar no Burquina Faso. regulamentos foram adoptados em Novembro de 2000). As actividades de 2001 deram continuidade às de 2000, tendo consistido, essencialmente, na gestão de 221 projectos aprovados em 2000 ou mesmo antes, com a seguinte repartição geográfica: Ambiente África e Madagáscar Pacífico Todos os países ACP Florestas 49 46 – 2 6 – 22 53 Ásia 8 16 Mediterrâneo 4 – Mundo 6 9 95 126 América Latina e Caraíbas Total No seguimento de um convite à apresentação de propostas que suscitou 640 pedidos de financiamento, foram seleccionados mais 29 projectos e 5 outros projectos orientados. Convite à apresentação de propostas Ambiente Florestas África e Madagáscar 1 5 ❿ seleccionar, com flexibilidade, os Estados parceiros (incluindo os de rendimentos intermédios) que assumem especial importância no âmbito da luta contra a degradação do ambiente a nível mundial, como o México, o Brasil ou alguns países do Sudeste Asiático; América Latina e Caraíbas 5 11 ❿ lançar iniciativas-piloto. África e Madagáscar Em 2001, as dotações para autorizações ascenderam a 54 milhões de euros, dos quais 13 milhões correspondem a dotações transitadas de 2000 para 2001 devido à adopção tardia das bases jurídicas (os novos Ásia 1 Subtotal 2 3 11 23 Ásia 3 4 Subtotal 9 20 Extra convite à apresentação de propostas 1 América Latina e Caraíbas Total 2 1 51 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica Custo total/participação UE por região do mundo beneficiária (em euros) 120 000 000 100 000 000 80 000 000 60 000 000 40 000 000 20 000 000 Comunidade aldeã em Khatlon (Tajiquistão). o ne ra ite M ed Ce ica Am ér rrâ nt tin La ica Am ér 7% 2% % l1 17 a 22 ia Ás ico cif Pa % 1% % s7 íb a ra a Áfri 34 ca % Ca ia n ar bs su © Joaquin Silva Rodrigues 0 NB: A escuro, o custo total das acções propostas; a claro, a parte efectivamente co-financiada pela Comissão. As percentagens indicadas correspondem ao financiamento efectivo por zona geográfica. Comentários: esta análise por zona corresponde à repartição das populações mais pobres ou vulneráveis; determinadas distorções podem ser explicadas pelas acções excepcionais levadas a cabo em Moçambique ou em Cuba durante este exercício. 3.7. Parceria com as ONG A Comissão co-financia, com as ONG do Norte, as acções postas em prática nos países em desenvolvimento e as campanhas de sensibilização nos Estados-Membros, mas também acções de reforço da cooperação lançadas por elementos da sociedade civil do Sul. Foi autorizada a totalidade do orçamento de 2001, ou seja, 204 milhões de euros. 3.7.1. Co-financiamento com as ONG europeias (1) Em 1 de Janeiro de 2001, estavam em curso 1 759 projectos, a que vieram juntar-se 293 projectos seleccionados em 2001 a partir de 1 200 pedidos de co-financiamento apresentados no âmbito do primeiro convite à apresentação de propostas (publicado em Junho de 2000). NO TERRENO As acções são propostas (direito exclusivo de iniciativa) por ONG europeias (cuja sede e centro de decisão se situe num Estado-Membro) e, no terreno, assumem a forma de «projectos» nos «países em vias de desenvolvimento» ou de «Block Grants», no caso de, por razões de eficácia, agruparem diversas microacções, situação em que são designadas «contratos». Em regra geral, pode considerar-se que a Comissão co-financia desta forma projectos e conjuntos de acções temáticas destinados a reduzir a pobreza nos países mais frágeis, com um orçamento de 176 milhões de euros anuais. 52 (1) (2) (3) (4) EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO Para além das acções acima referidas, as ONG europeias propõem igualmente acções de sensibilização da opinião pública da União Europeia. Em 2001, a Comissão analisou 132 pedidos, tendo seleccionado para co-financiamento 49 acções, num montante total de 19,3 milhões de euros. Das 61 acções propostas no âmbito do convite à apresentação de propostas de 2000, 21 foram seleccionadas e financiadas. 3.7.2. A cooperação descentralizada (2) Dos 74 pedidos apresentados em 2000 e 2001, neste último ano foram subvencionados 19, num montante total de 5 milhões de euros. 3.7.3. Outras actividades ❿ No final de Dezembro de 2001, publicação de dois novos convites à apresentação de propostas (3), em conformidade com as orientações aprovadas pelos Estados-Membros para os exercícios de 2002 e 2003; ❿ elaboração do Guia do Co-Financiamento (Info Guide Cofinancement) (4), cuja utilização facilitará a instrução, a execução e a avaliação das acções, e, no âmbito do processo de desconcentração, contribuirá para um melhor desempenho das actividades de acompanhamento e de controlo pelas delegações. Rubrica orçamental B7/6000, Regulamento (CE) n.°1658/1998. Rubrica orçamental B7/6002, Regulamento (CE) n.° 1659/1998. Ver: http://europa.eu.int/comm/europeaid/cgi/frame12.pl. Ver: http://europa.eu.int/comm/europeaid/projects/ong_cd/index_fr.htm. © CE Execução: instrumentos horizontais Encontro do chefe da delegação da Comissão no Níger com os dirigentes da comunidade Dogo e a líder do grupo das mulheres. 6% CDC por origem dos contratantes 12% 10% 2% 2% 18% 10% 7% 7% Alemanha (1) Chile (1) Marrocos (1) França (5) Peru (1) Gâmbia (1) Países Baixos (2) Costa Rica (1) Benim (1) Argentina (1) Guatemala (1) Vanuatu (1) Uruguai (1) Haiti (1) 5% 7% 5% 4% 5% Com efeito, a sua concepção claramente orientada para as novas tecnologias (Internet) permite que os utilizadores acedam de imediato e sem intermediários às informações pertinentes, facilitando, deste modo, uma abordagem operacional qualitativa no âmbito da luta contra a pobreza nos países em desenvolvimento. ELABORAÇÃO DO INSTRUMENTO «CONTRATO-PROGRAMA» Em conformidade com a política de racionalização desenvolvida pela Comissão desde a sua decisão de 16 de Maio de 2000, e tendo em conta a proposta apresentada pelas ONG, nos termos da regulamentação em vigor, no sentido de melhorar a qualidade e a coerência das acções a longo prazo, foi publicado, em simultâneo com o convite à apresentação de propostas de 2000, um «convite à apresentação de ideias para um contrato-programa». Foram apresentados 67 pedidos, para um montante total superior a 300 milhões de euros, estando a ser definido um novo processo de avaliação e selecção para este instrumento-piloto de co-financiamento, que será ensaiado com 15 propostas representando um pedido total de 83,5 milhões de euros. Uma dotação orçamental de cerca de 40 milhões de euros permitirá co-financiar os melhores programas a partir de 2003. A Comissão pretende participar nos seminários organizados pela sociedade civil, nomeadamente a fim de avaliar o funcionamento deste instrumento-piloto. 53 EXECUÇÃO: AS REGIÕES A ajuda externa comunitária cobre todas as regiões do mundo. As secções a seguir indicam todas as actividades de parceria e de cooperação distribuídas numa base geográfica. Para tornar a leitura mais fácil, são igualmente indicados todos os países de cada região e, nos casos pertinentes, as sub-regiões. Regiões abrangidas pela ajuda externa comunitária ■ Balcãs Albânia, Bósnia-Herzegovina, Croácia, ex-Jugoslávia, antiga República jugoslava da Macedónia, e República Federativa da Jugoslávia. ■ Estados parceiros da Europa Oriental e Ásia Central ■ Mediterrâneo meridional, Próximo e Médio Oriente Argélia, Chipre (*) Egipto, Israel, Jordânia, Líbano, Malta (*), Marrocos, Autoridade Palestiniana, Síria, Tunísia e Turquia (*). Arménia, Azerbaijão, Bielorrússia, Geórgia, Cazaquistão, Quirguizistão, Moldávia, Rússia, Tajiquistão, Turquemenistão, Ucrânia, Usbequistão e Mongólia. ■ África, Caraíbas e Pacífico (ACP) Caraíbas Antígua e Barbuda, Baamas, Barbados, Belize, Cuba (**), Dominica, República Dominicana, Granada, Guiana, Haiti, Jamaica, São Cristóvão e Nevis, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Suriname e Trindade e Tobago. Pacífico Ilhas Cook, Ilhas Fiji, Kiribati, Ilhas Marshall, Micronésia, Nauru, Palau, Papuásia-Nova Guiné, Samoa, Ilhas Salomão, Tonga, Tuvalu e Vanuatu. (*) 54 Inicialmente, países Euromed e, presentemente, países candidatos à UE. (**) Cuba foi admitida como membro ACP em Dezembro de 2000, mas não é signatária do Acordo de Cotonu. Africa Ocidental Benim, Cabo Verde, Burquina Faso, Gana, Guiné, Costa do Marfim, Libéria, Gâmbia, GuinéBissau, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria, Senegal, Serra Leoa e Togo. África Central Camarões, República Centro-Africana, Chade, Guiné Equatorial, Gabão e São Tomé e Príncipe. África Oriental e Austral e oceano Índico Angola, Botsuana, Burundi, Comores, Congo (RDC), Jibuti, Eritreia, Etiópia, Quénia, Lesoto, Madagáscar, Malavi, ■ Ásia Maurícia, Moçambique, Namíbia, Ruanda, Seicheles, Somália, África do Sul, Sudão, Suazilândia, Tanzânia, Uganda, Zâmbia e Zimbabué. Países e territórios ultramarinos Anguila, Aruba, Ilhas Virgens Britânicas, Polinésia Francesa, Mayotte, Monserrate, Anthilhas Neerlandesas, Nova Caledónia, Pitcairn, São Pedro e Miquelon, Ilhas Turcas e Caicos e Wallis e Futuna. Outros países e regiões (*) Asean (Associação das Neções do Sudeste Asiático) Brunei, Birmânia/Mianmar, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia, Filipinas, Singapura, Tailândia, Vietname. Afeganistão, China, Timor-Leste, Hong Kong, Coreia do Norte, Macau. ■ América Latina América Central Costa Rica, Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua e Panamá. Comunidade Andina Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela. SAARC (Associação do Sud de Ásia para a Cooperação Regional) Bangladeche, Butão, Índia, Maldivas, Nepal, Paquistão, Sri Lanca. Mercosul Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. ■ UE Áustria Bélgica Dinamarca Finlândia França Alemanha Grécia Irlanda Itália Luxemburgo Países Baixos Portugal Espanha Suécia Reino Unido Outros Chile e México. (*) O Iémen, o Irão, o Iraque e os países do Golfo estão incluídos na secção do Mediterrâneo do presente relatório. 55 4. Europa do Sudeste: os Balcãs © Joaquin Silva Rodrigues O processo de estabilização e de associação, iniciado em 1999, constitui a pedra angular da política europeia nos Balcãs Ocidentais. Este processo tem em vista estabelecer uma relação ainda mais estreita entre os países da região e a União Europeia. Os três principais instrumentos subjacentes a este processo (laços contratuais, preferências contratuais autónomas e ajuda financeira) visam dotar estes países dos meios necessários para criar instituições democráticas estáveis, garantir o respeito do Estado de direito, apoiar as economias abertas e prósperas, estabelecer ligações estreitas entre estes países e a União Europeia e encorajar a cooperação regional. Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica O processo começou a já a produzir os efeitos previstos. Os países da região começam a estabilizar-se e a dar início a programas de reformas económicas e políticas baseados na legislação e na prática comunitárias. Numerosos desafios estão ainda, no entanto, por ultrapassar. Os países devem fazer face à debilidade do Estado de direito e das instituições democráticas, à corrupção, à pobreza, à exclusão social e à ameaça de um recrudescimento de movimentos nacionalistas extremistas. O empenhamento da União Europeia em favor desta região é um empenhamento a longo prazo. A UE continuará a ajudar estes países a fazer face aos desafios com que deparam e a realizar progressos no sentido de uma maior integração. O programa CARDS constitui um dos instrumentos fundamentais para a realização deste processo, pretendendo ajudar estes países a tornarem-se Estados viáveis e a harmonizar os seus sistemas jurídicos e económicos relativamente aos da UE. 4.1. Introdução Em 2001 deu-se início à aplicação das três vertentes principais do processo de estabilização e de associação, que começaram a produzir os efeitos previstos nos países dos Balcãs Ocidentais e no conjunto da região. Em Outubro de 2001 foram assinados acordos de estabilização e de associação com a antiga República jugoslava da Macedónia e a Croácia. Foram igualmente assinados, no mesmo ano, acordos provisórios com estes dois países, a fim de que os elementos comerciais e afins do acordo de estabilização e associação possam entrar em vigor em 2001. No mesmo ano, a Comissão recomendou a abertura de negociações tendo em vista a conclusão de um acordo de associação e estabilização entre a UE e a Albânia. Na Bósnia-Herzegovina prosseguiram os trabalhos no que respeita à task force consultiva, tendo os progressos efectuados no que respeita às 18 etapas de base sido identificados na agenda das negociações. Prevê-se que estes trabalhos sejam concluídos em 2002. Foi criada, em Julho de 2001, uma «task force» consultiva entre a UE e a República Federativa da Jugoslávia, que reuniu duas vezes antes da sua reunião final e a elaboração do relatório de viabilidade em 2002. Em Novembro de 2000, a UE concedeu, unilateralmente, aos produtos dos Balcãs, um acesso quase totalmente livre aos seus mercados. O novo regime comercial deu um impulso, bem necessário, às exportações. O regime comercial serve de catalisador ao desenvolvimento de uma rede de acordos de comércio livre entre os países abrangidos pelo processo de estabilização e de associação. A Albânia, a antiga República jugoslava da Macedónia, a Bósnia-Herzegovina, a Bulgária, a Croácia, a República Federativa da Jugoslávia e a Roménia assinaram um protocolo de acordo em 27 de Junho de 2001, em Bruxelas, no âmbito do pacto de estabilidade, tendo em vista criar uma rede de acordos de comércio livre no Sudeste da Europa até ao final de 2002. 58 A UE, que concedeu uma ajuda financeira considerável à região (mais de 5 mil milhões de euros desde 1991), procedeu a uma mudança de orientação da sua política neste domínio de modo a dar resposta à evolução das necessidades na região. Em 2000 foi aprovado um novo regulamento que introduz uma abordagem mais estratégica no que respeita à prestação de assistência em favor dos países da região e reforça/confirma os objectivos do processo de estabilização e de associação. A assistência concentrar-se-á cada vez mais no apoio às reformas e no reforço das instituições indispensável ao cumprimento das obrigações decorrentes dos acordos de estabilização e de associação. Foi concedida, à região, uma assistência de 4,65 mil milhões de euros para o período 2000-2006. A adopção, no final de 2001, das estratégias nacional e regional para 2002-2006, permitiu melhorar consideravelmente a qualidade da programação da assistência CARDS. Estes programas, elaborados em estreita colaboração com os países parceiros, os Estados-Membros, as organizações internacionais em causa e outros dadores de fundos, estabelecem objectivos prioritários para o programa CARDS, entre 2002 e 2006, no que respeita ao processo de estabilização e de associação, que vão das necessidades de reconstrução essenciais à adopção de medidas específicas tendo em vista desenvolver a capacidade institucional de cada país, de compreender, legislar e, a longo prazo, implementar os grandes princípios do acervo comunitário e instituir o primado do direito. Paralelamente à melhoria do programa estão a ser efectuados grandes esforços a nível da sua implementação. A assistência CARDS é, actualmente, prestada de forma rápida e eficaz. Desde a sua criação em Fevereiro de 2000, a Agência Europeia para a Reconstrução, nomeadamente, salientou-se pelos esforços envidados para garantir um fornecimento rápido da assistência na sua zona de intervenção, ou seja, o Kosovo, inicialmente, e agora a Sérvia, o Montenegro e a antiga República jugoslava da Macedónia, em que a Comissão alargou o seu mandato para a maioria dos programas de assistência comunitária no país. Noutras partes da região, a tomada de decisões está a ser atribuída às delegações locais e o número de efectivos reforçado de modo a facilitar o fornecimento da ajuda. Na Albânia prosseguiu-se, em 2001, com a aplicação dos programas elaborados durante os anos precedentes. Para poder avançar com o processo de estabilização e de associação a Albânia deverá garantir a estabilidade da sua situação política e dispor de instituições democráticas totalmente eficazes, que lhe permitam reorientar os seus esforços para as reformas necessárias e acelerar a sua aplicação. Por conseguinte, em 2001, ano em que a dotação CARDS se elevou a 37,5 milhões de euros, foi um ano de transição no decurso do qual a assistência foi progressivamente reorientada das despesas de infra-estruturas para projectos destinados a reforçar a capacidade das instituições. A aplicação dos projectos financiados a título do programa CARDS 2001 deverá ter início no Outono de 2002. A Bósnia-Herzegovina prosseguiu com a realização da sua agenda das negociações, ou seja, um programa de trabalho que inclui as reformas mais importantes para o país. A Bósnia-Herzegovina beneficiou de uma assistência financeira considerável em 2001 (CARDS: 105,23 milhões de euros) destinada, sobretudo, a Europa do Sudeste: os Balcãs financiar o regresso dos refugiados, o desenvolvimento económico, a justiça e os assuntos internos, bem como o reforço da capacidade das instituições. Em 2001, a antiga República jugoslava da Macedónia atravessou a mais grave crise política e de segurança jamais registada no país, com consequências significativas para a sua economia, as instituições democráticas e a capacidade da sua administração de prosseguir com o processo de reforma. A mediação política activa do representante especial da UE permitiu a assinatura, em 13 de Agosto de 2001, de um acordo-quadro entre as partes envolvidas no conflito. Este acordo-quadro prevê que a UE coordene a ajuda da comunidade internacional à aplicação das suas disposições, em cooperação com o Conselho de Estabilização e Associação. A aplicação plena deste acordo é uma condição essencial para a criação de um consenso político à escala nacional e da estabilidade necessária para levar as reformas a bom termo. O envolvimento pró-activo da CE reflecte-se, igualmente, na ajuda adicional prestada através de diversos instrumentos comunitários. O ECHO forneceu ajuda humanitária de emergência e a Iniciativa Europeia para a Democracia e os Direitos do Homem deu apoio ao apuramento dos resultados do recenseamento da população. O Mecanismo de Reacção Rápida (12,8 milhões de euros) e a ajuda de emergência do CARDS (13,7 milhões) concentraram-se principalmente na reabilitação e reconstrução, a fim de criar condições para o regresso dos refugiados e das pessoas deslocadas. Em finais de 2001, cerca de 430 casas, muitas delas seriamente danificadas, tinham sido ou estavam a ser reconstruídas. Os trabalhos de reparação e reabilitação das redes de energia e o fornecimento de electricidade a cerca de 150 000 pessoas estavam concluídos ou em curso. A segurança continuou a constituir um problema, tanto para as ONG envolvidas na reconstrução como para a Companhia de Electricidade da Macedónia, e os trabalhos tiveram, por vezes, de ser suspensos, tendo sido retomados logo que as condições de segurança assim o permitiram. Os rápidos progressos registados nas relações entre a UE e a Croácia em 2001 reflectiram-se na assinatura do Acordo de Estabilização e Associação (AEA), em Outubro, e também no substancial aumento da ajuda, que passou de 18,3 milhões de euros em 2000 para 60 milhões em 2001. Enquanto que, em 2000, a preocupação principal fora o regresso dos refugiados, em 2001 o programa alargou-se ao desenvolvimento do capital humano, ao cumprimento dos compromissos assumidos no AEA (nomeadamente em matéria de Justiça e Assuntos Internos), ao desenvolvimento das capacidades estratégicas e ao apoio à sociedade civil. Entretanto, a ajuda à República Federativa da Jugoslávia ultrapassou, em 2001, 550 milhões de euros (1). Esta ajuda destinou-se às principais obras de reabilitação e a investimentos em infra-estruturas físicas e outras intervenções necessárias, que absorveram 60% dos fundos de 2001. Progressivamente, a ajuda também se foi direccionando para o apoio ao desenvolvimento a longo prazo de uma economia orientada para o mercado (25% dos fundos foram, em grande parte, afectados ao apoio às empresas e às comunidades rurais e agrícolas) para o estabelecimento da democracia, dos direitos humanos e do primado da lei (15% dos fundos). Em 2001, a União Europeia estreitou os seus laços com a região, prosseguindo o caminho iniciado em 2000. A Agência Europeia de Reconstrução (2) é responsável pela gestão dos principais programas de ajuda comunitária na República Federativa da Jugoslávia e na antiga República jugoslava da Macedónia. Ascendeu a 525 milhões de euros o montante total de fundos comunitários canalizados em 2001 através da Agência e esta supervisiona, por intermédio dos seus quatro centros operacionais, uma carteira de investimentos da ordem dos 1,6 mil milhões de euros. No fim do ano de 2001, 85% dos fundos sob a sua gestão estavam mobilizados por contratos e 68% tinham sido pagos. Na República da Sérvia, a Agência ajudou, em 2001, a estabilizar uma situação de emergência, assegurando o fornecimento de electricidade e fuelóleo, de géneros alimentícios de base e de medicamentos essenciais, apoiando, ao mesmo tempo, pequenos projectos de infra-estruturas nas cidades e escolas de todo o país. No novo programa para 2001, é reforçada a sua intervenção no sector da energia, prosseguindo o fornecimento de medicamentos essenciais e equipamento médico. A Agência importou sementes e fertilizantes agrícolas, para ajudar a revitalizar a economia rural. Disponibilizou créditos para estimular o sector das pequenas empresas e lançou pequenos programas para promover a liberdade de imprensa e para apoiar a reabilitação civil e ambiental, em especial na Sérvia meridional. No Kosovo, a Agência continua a prover as necessidades mais básicas de reabilitação física: reparações nas principais centrais eléctricas e minas de carvão, reconstrução de casas, estradas e pontes danificadas e abastecimento de água e eliminação de resíduos. Ao mesmo tempo, concedeu empréstimos, com bons resultados, a pequenas e médias empresas e a pequenos agricultores e estimulou a produtividade da economia rural fornecendo produtos de consumo intermédio para a agricultura. Os projectos financiados atribuíam especial importância à transmissão de melhores práticas, graças ao fornecimento de assistência técnica e ao reforço das capacidades institucionais. Foram executados programas de menor envergadura, a fim de encorajar o desenvolvimento de uma imprensa profissional e livre e apoiar as actividades das pequenas ONG, nomeadamente em favor das mulheres e das minorias. Na República do Montenegro, a Agência acelerou os melhoramentos nas infra-estruturas básicas, construindo estradas, pontes e escolas, e tem dado um (1) Incluindo o Kosovo e parte do orçamento de cooperação regional. A ajuda humanitária não está incluída. (2) Ver: http://www.ear.int. 59 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica crescente impulso à reforma da administração central e local. A dimensão do envolvimento comunitário na região continua a aumentar. A União Europeia está envolvida a todos os níveis. A nível estratégico, mantendo viva a perspectiva de uma potencial adesão, a longo prazo, e de uma associação muito mais estreita com a UE, a troco de reformas no curto prazo. A nível militar, através da presença de um contingente de 38 000 soldados de Estados-Membros da União, que constituem a maior parte da força de manutenção da paz. A nível político, através de um papel muito activo nos assuntos da região, nomeadamente dando resposta a crises como a da antiga República jugoslava da Macedónia e a do sul da Sérvia ou ajudando a encontrar soluções para questões políticas sensíveis, como a das relações entre a Sérvia e o Montenegro. No plano institucional, com um trabalho transfronteiras que visa criar instituições fortes, para que os países dos Balcãs ocidentais possam gerir os seus próprios assuntos, promover os direitos dos seus cidadãos e deter o crime organizado. No plano económico, dando apoio às reformas económicas, fornecendo uma substancial ajuda orçamental e, sobretudo, dando o passo decisivo para abrir todos os mercados da UE às exportações dos Balcãs, sem exigir, nesta fase, concessões recíprocas em troca. No plano financeiro, apoiando as políticas da UE com uma enorme ajuda financeira, prolongada por muitos anos. A região está a receber uma das maiores ajudas per capita em todo o mundo, comparável à que a Comunidade concede aos países candidatos. Autorizações e pagamentos CARDS à região em 2001 (em milhões de euros) Programas Autorizações 2001 Pagamentos 2000 2001 2000 56,00 75,30 País/cooperação bilateral Albânia 37,50 32,80 118,70 (1) Bósnia-Herzegovina Croácia 97,30 143,20 191,50 60,00 18,30 Rep. F. Jugoslávia: Sérvia/Montenegro 230,00 215,50 195,80 152,90 Rep. F. Jugoslávia: Kosovo 171,50 416,00 (2) 402,10 213,20 Antiga Rep. jug. Macedónia: Macedónia 56,20 (3) 20,90 14,50 28,10 11,50 29,40 Cooperação regional (4) Subtotal 768,18 Cooperação regional 800,80 20 Total da cooperação bilateral e regional Outras rubricas orçamentais/rubricas BA (ATA, etc.) Total geral 968,70 673,80 16,70 788,18 817,50 8,00 3,00 796,18 820,50 1,70 – (5) 970,40 673,80 1,30 2,50 971,70 676,30 1 ( ) O orçamento total para 2001 eleva-se a 105,23 milhões de euros. (2) Dos quais 175 milhões de euros adoptados no quadro do processo Noteboom no final de 2000. (3) A aplicação do programa 2001 teve início em Novembro, altura em que estavam preenchidas as condições necessárias. (4) Os valores fornecidos, por país, incluem as vertentes relativas à cooperação regional. (5) Os valores fornecidos, por país, incluem as vertentes regionais. Autorizações e pagamentos de 1995 a 2001 (em milhões de euros) Total das autorizações 1995 1996 1997 1998 1999 2000 440 581 584 462 988 1 062 2001 Total 5 550 Das quais: CARDS (rubricas orçamentais Obnova-Phare-CARDS) Autorizações 81 320 330 305 455 843 1 035 3 369 Pagamentos 73 298 254 146 237 624 618 2 250 93% 77% 48% 52% 74% 60% 67% 9,72 10,40 11,68 63,00 Rácio pagamentos/autorizações 91% Democracia e direitos humanos Autorizações 3,60 6,80 14,00 Pagamentos 3,20 6,25 10,90 6,26 4,08 3,01 0,35 34,05 Rácio pagamentos/autorizações 89% 92% 78% 92% 42% 29% 3% 54% 4.2. Cooperação regional Enfrentar os problemas regionais e incrementar a cooperação regional são os principais objectivos da estratégia regional aprovada em Outubro de 2001. O montante global de 197 milhões de euros destina-se à prestação de assistência, entre 2002 e 2004, nos seguintes domínios: 60 6,80 ❿ gestão integrada das fronteiras, para ajudar, inter alia, a combater o crime transfronteiras, facilitar o comércio e estabilizar as regiões fronteiriças; ❿ desenvolver a capacidade institucional, a fim de promover o primado da lei e a compreensão das políticas da UE, das normas e das leis; ❿ apoiar a estabilização democrática, para consolidar os avanços da democracia e impulsionar o envolvimento da sociedade civil no desenvolvimento da região; ❿ apoiar o plano de integração das infra-estruturas regionais de transportes, de energia e do ambiente nas redes europeias. Europa do Sudeste: os Balcãs Para além da aprovação do quadro estratégico, a CE lançou, em 2001, um programa regional ao qual foi atribuído um envelope financeiro de 14 milhões de euros e que diz respeito às principais vertentes da cooperação regional. Este programa cobria iniciativas nos seguintes domínios: justiça e assuntos sociais e, em especial, cooperação e formação em matéria de justiça e de polícia (4,2 milhões de euros); desenvolvimento das infra-estruturas, com uma dotação para a elaboração de um projecto relativo às infra-estruturas (3 milhões de euros); reforço da administração pública e da cooperação regional (6 milhões de euros), em especial em matéria de contabilidade e estatísticas (com a ajuda de Eurostat); Agência Europeia para o Ambiente. Foi igualmente concedida assistência à agência noticiosa SENSE, para cobrir as actividades do Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia (0,3 milhões de euros), e a criação de uma rede universitária regional (0,5 milhões de euros), uma iniciativa conjunta da CE e da Unesco. Os resultados gerais esperados deste programa deverão ser um aumento da fiabilidade e das capacidades das administrações públicas, especialmente no plano dos domínios prioritários do serviço público, da organização e controlo administrativos, da gestão das finanças públicas, do controlo e auditoria financeiros, das capacidades políticas e judiciárias, dos contratos públicos, da administração fiscal e dos acordos comerciais internacionais. Contribuição da CE a título do CARDS 2001: 2,85 milhões de euros (a acrescentar aos 950 000 euros a título do Obnova 2000). Este programa termina em 2003. © EAR Estes domínios foram os escolhidos pela sua contribuição para a cooperação entre os países da região e porque permitem um maior grau de eficiência graças a uma canalização da assistência a nível regional. Troço rodoviário reabilitado entre Podgorica e Bar (Montenegro). 4.3. Transportes e infra-estruturas, água e energia Em Janeiro de 2001 foi adoptado, antes do programa regional estabelecido para esse ano, um programa regional de estudos consagrado às infra-estruturas nos Balcãs (6 milhões de euros). No sector dos transportes, o acontecimento de maior destaque em 2001 foi a abertura da estrada Vora-Sukth, nas proximidades de Tirana. Este troço completa a ligação entre a capital e Durres, no litoral, e foi quase inteiramente financiado pela CE. Em Durres, metade do terminal de ferry-boats entrou em funcionamento, seguindo-se, no mesmo ano, o início das obras de recuperação da outra metade. Em Maio de 2001, abriram ao tráfego os 33 km de estrada entre Durres a Rroghozine, um troço que faz a ligação entre os corredores Este-Oeste e Norte-Sul. Autorizações para cooperação regional em 2001 — CARDS (em milhões de euros) Designação do projecto Autorizações Justiça e Assuntos Internos 4,2 Desenvolvimento das infra-estruturas regionais 3,0 Reforço da administração pública 6,0 Estabilização democrática 0,8 Total 14,0 Ainda em 2001, completou-se a segunda fase do apoio aos projectos de desenvolvimento das comunidades locais, que investiu mais de 7 milhões de euros em pequenos projectos de infra-estruturas em cidades e outras localidades de toda a Albânia. Estes projectos incluíram, no mesmo ano, cerca de 30 vias rodoviárias rurais e urbanas, quase 20 projectos de abastecimento de água e tratamento de resíduos em meios rurais, duas pontes, uma escola e um edifício para um tribunal local. Todos os projectos da terceira fase do programa comunitário de desenvolvimento local foram concentrados em Tirana, cuja população duplicou na última década. Está previsto o financiamento de outros projectos de desenvolvimento locais, mais modestos, a título do programa CARDS 2001. A Comissão tem estado a ajudar o município a recuperar as fachadas das ruas principais — para o que também contribuem as empresas e os residentes locais. 61 © ZGP © SFOR Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica A ponto de Samac antes das obras de reconstrução. A ponte de Samac depois de reconstruída. A reparação dos danos do conflito inclui a reparação das infra-estruturas rodoviárias nacionais e das que ligam a Bósnia ao resto da Europa. O maior projecto de construção civil realizado, o da reconstrução da ponte de Samac, custou 12,3 milhões de euros, financiados por fundos da CE. Kosovo. Uma parte dos recursos foi igualmente afectada à aplicação de medidas de segurança essenciais (sinalização rodoviária horizontal e vertical, linhas brancas, barreiras de segurança nos principais eixos rodoviários e duas pontes). As obras permitiram melhorar consideravelmente as infra-estruturas de transporte no Kosovo, o que facilitou a circulação de pessoas e mercadorias. Para além disso, foi concedida assistência à rede ferroviária (fornecimento de material e reparação das vias férreas). O Ministério dos Transportes (anteriormente o Departamento dos Transportes de MINUK) beneficiou, para além disso, de apoio institucional. O posto fronteiriço entre o Kosovo e a antiga República jugoslava da Macedónia, em Blace, foi igualmente objecto de obras de beneficiação. Ponte de Samac Em 2001, foi concluída a ponte de Samac, na estrada internacional E 73, entre a Bósnia-Herzegovina e a República da Croácia. Trata-se de um troço importante do corredor pan-europeu V, identificado para futuro desenvolvimento no Pacto de Estabilidade para os Balcãs. A ponte fora destruída durante o conflito de 1992, ficando inacessível ao tráfego. Além disso, os destroços tombados no leito do rio desviaram a corrente para a margem sul, provocando uma erosão considerável. As obras efectuadas devolveram ao regime hidráulico assim alterado o seu curso original. De uma maneira geral, a ponte reconstruída recuperou a sua forma original, mas as faixas de rodagem tiveram um alargamento de 6,6 metros, para facilitar o escoamento do tráfego nos dois sentidos. O projecto está preparado para receber uma passagem ferroviária e as respectivas ligações às vias férreas existentes de ambos os lados do rio. A reforma dos transportes aéreos civis continuou a ser objecto de apoio, dadas as necessidades do sector e a localização estratégica do espaço aéreo da Bósnia. Foi concedida uma assistência técnica no valor de 1 milhão de euros, para apoiar a criação de uma Direcção da Aeronáutica Civil forte e eficaz, capaz de cumprir cabalmente as suas funções e assegurar a supervisão no domínio da segurança e que assuma todas as suas responsabilidades e obrigações para além da conclusão do projecto. A reabilitação das infra-estruturas de energia recebeu 3,8 milhões de euros, numa acção complementar financiada por fundos do BEI e do BERD. A CE forneceu uma contribuição em assistência técnica para a interligação dos sistemas de energia da Europa do Sudeste com os da Europa Central e Ocidental, na central eléctrica de Ernestinovo, na região croata do Danúbio. 62 Até à data, a Agência Europeia para a Reconstrução reparou 380 quilómetros de estradas principais no No Montenegro, foi atribuído um carácter prioritário à melhoria dos serviços e da segurança rodoviária no troço da marginal entre Petrovac e a fronteira croata, bem como na estrada principal que liga Podgorica a Cetinje. O programa 2001 relativo às infra-estruturas de transporte prevê, nomeadamente: ❿ o alargamento a três vias, ao longo de 8 quilómetros, da estrada que liga Podgorica a Cetinje; ❿ o alargamento a três vias, ao longo de 1,5 quilómetros, da estrada que liga Petrovac à fronteira croata; ❿ a reparação da estrada entre Podgorica e a fronteira croata após dois aluimentos de terrenos. Está igualmente prevista a adopção de medidas destinadas a reforçar a segurança rodoviária em diversos troços destas duas estradas. No entanto, estas acções não se inscrevem directamente no quadro dos dois outros projectos. Estas medidas, que abrangerão, principalmente, um troço de 124 quilómetros, incluem nomeadamente a colocação de um revestimento antiderrapante nos locais perigosos e a construção de barreiras de segurança. A sinalização rodoviária e os cruzamentos serão igualmente melhorados. Os transportes e as infra-estruturas são a chave do desenvolvimento da antiga República jugoslava da Macedónia, dada a sua posição geográfica de país de trânsito. Este sector continuou a receber apoio do orçamento de 2001. Dos 13,5 milhões de euros desti- Europa do Sudeste: os Balcãs nados a estes sectores, 11 milhões foram atribuídos à conclusão das obras de melhoramento da estrada E 75, que faz parte do corredor X da rede transeuropeia de estradas transcontinentais. Um investimento menor, de 2,5 milhões de euros, foi destinado à melhoria de infra-estruturas nos municípios. Também na República Federativa da Jugoslávia, os domínios que receberam apoio foram as infra-estruturas, a energia, a habitação e o ambiente, ascendendo a ajuda, em 2001, a mais de 297 milhões de euros. Desde Junho de 1999, a UE concedeu assistência no valor de 273 milhões de euros a fim de melhorar o abastecimento energético do Kosovo. Em 1999 e 2000, foi afectado um montante de 80 milhões de euros ao pagamento das importações de electricidade, às reparações urgentes das centrais eléctricas do Kosovo e à remuneração do pessoal. Em 2000 e 2001, a Agência Europeia para a Reconstrução procedeu a uma revisão completa da central Kosovo B. Até à data, foram consagrados a esta revisão 121 milhões de euros. Paralelamente, foram afectados 50 milhões de euros dos recursos comunitários a um programa alargado de reabilitação das minas de carvão que alimentam as centrais Kosovo B e Kosovo A. Foram igualmente efectuadas reparações nas redes de transporte de electricidade e nas redes de aquecimento urbano. O programa relativo ao sector da energia elaborado em 2001 em favor da Sérvia visava garantir e estabilizar o abastecimento energético graças às seguintes medidas: ❿ modernização de quatro centrais termoeléctricas e substituição de peças nas centrais hidroeléctricas e a carvão (37 milhões de euros); ❿ 42 projectos de revisão de subestações e de linhas eléctricas (24 milhões de euros); ❿ fornecimento de material e de peças para as minas de carvão de Kolubara e Kostolac (17 milhões de euros); ❿ assistência técnica e reforço das capacidades das instituições (2 milhões de euros). As obras, que tiveram início em Agosto de 2001, foram já concluídas, tendo todos os materiais e fornecimentos sido entregues. Ainda no quadro deste programa, foram igualmente afectados recursos financeiros à modernização e manutenção dos sistemas de produção e de distribuição de electricidade, às minas de carvão e a novas importações de electricidade. Foi afectada uma verba de 15 milhões de euros ao fundo de assistência sérvia no domínio da energia, uma empresa comum com o Governo dos Estados Unidos, que efectuou uma contribuição de 15 milhões de dólares por intermédio da USAID. Esta verba destinava-se a financiar as importa- © EAR Para minorar as consequências da crise política e militar, a CE financiou a recuperação dos sistemas de transporte e distribuição de electricidade, de infra-estruturas locais, edifícios e habitações nas anteriores zonas de conflito. A CE também forneceu ajuda monetária a cerca de 6.500 famílias que acolheram refugiados ou pessoas deslocadas. A central eléctrica Nikola Tesia em Obrenovac (Sérvia). ções de electricidade na Sérvia. As importações financiadas pela UE começaram no início de Dezembro de 2001 e terminaram em Janeiro de 2002. Foram igualmente afectados recursos à realização de estudos prévios sobre a criação de uma agência sérvia para o rendimento energético, de um órgão de regulamentação do sector da energia e à realização de um estudo sobre as medidas a tomar tendo em vista aumentar a produção de carvão na mina de Kolubara. O programa «Energia para a democracia», cuja implementação teve início em Novembro de 2000, permitiu o abastecimento de gasóleo e mazute a 60 centrais térmicas municipais (abrangendo 80% da população) bem como estabelecimentos de ensino e hospitais. Foram igualmente reabastecidas centrais eléctricas e minas de carvão. Este programa beneficiou de um envelope orçamental total de 45 milhões de euros. Decorreu ao longo do período mais frio do Inverno e terminou em Abril de 2001. Uma parte considerável (70%) das necessidades da Sérvia em matéria de electricidade para o Inverno (2000-2001) foi coberta pelas importações financiadas pela UE (num total de 45 milhões de euros), o que permitiu estabilizar o abastecimento energético. Foram igualmente adjudicados contratos para o fornecimento de peças sobresselentes essenciais à produção nas minas de linhite de Kolubara e Kostolac (7 milhões de euros). As entregas tiveram início entre Fevereiro de 2001 e Março de 2001. Em Julho e Agosto de 2001 foi afectado um montante suplementar de 7 milhões de euros ao financiamento das importações de electricidade. Até ao final de 2002, o programa da Agência para o Alojamento terá permitido financiar a reconstrução de mais de 16 500 habitações no Kosovo e prestar assistência a mais de 120 000 pessoas. Em 1999 foram reconstruídas, a título deste mesmo programa, 3 540 habitações e, em 2000, 8 420 (num valor de 60 milhões de euros). Em 2001 foram reconstruídas 3 630 habita- 63 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica © Joaquin Silva Rodrigues instalações hidráulicas, para a realização de reparações urgentes e para o fornecimento de material (designadamente 35 veículos e 14 000 peças soltas) às empresas de abastecimento de água municipais. No quadro do programa para 2000, foi afectado um montante de 10 milhões de euros à melhoria das redes de abastecimento de água e saneamento e, nomeadamente, à reparação de estações de bombeamento e de tratamento de água. Em 2001 foi lançado um programa destinado a melhorar a gestão dos resíduos sólidos no Kosovo. Foram melhoradas 19 zonas de descarga e construídas outras seis. Forte poluição sobre Pristina (Kosovo). ções. 80% destas habitações haviam sido classificadas na categoria IV (completamente destruídas) e os restantes 20%, na sua maioria, na categoria III (seriamente danificadas). A Agência Europeia para a Reconstrução forneceu igualmente assistência técnica à Direcção da Propriedade e do Alojamento, estando actualmente a terminar a construção de cinco habitações tradicionais em pedra (as chamadas «kullas»). A Agência Europeia para a Reconstrução participa em obras de grande envergadura tendo em vista a reabilitação dos sistemas urbanos de abastecimento de água e saneamento no Kosovo e a modernizar os sistemas de gestão de resíduos de modo a que correspondam a níveis idênticos aos da Europa Ocidental. Um programa destinado a prestar assistência aos serviços públicos essenciais, nomeadamente a melhoria da quantidade e da qualidade da água (3,7 milhões de euros), contribui actualmente para a reabilitação das Transportes e infra-estruturas — Autorizações 2001 (em milhões de euros) 64 País Designação dos projectos Montante Kosovo Transportes 18 Rep. do Montenegro Transportes 7 Bósnia-Herzegovina Ajuda à autoridade da aviação civil 1 Albânia Transportes nacionais Albânia Infra-estruturas de transporte Pogradec-Kapsthicë 7 Albânia Porto de Durrës 2,1 Albânia Ligação transfronteiriça Kakavija-Gjirokastër 6,8 Total 12,5 54,4 AMBIENTE No sector do ambiente, assistiu-se em 2001 à instalação da delegação de Tirana do Centro Regional do Ambiente, sediado em Budapeste e financiado pela Comissão. Isto significa que a Albânia está agora envolvida na definição da política ambiental na região e pode beneficiar dos recursos disponibilizados para o desenvolvimento de capacidades de gestão ambiental. Com vista ao lançamento de obras de envergadura nos sistemas de água e saneamento de Vlore, Girokaster, Saranda e Lezhe, foram iniciados trabalhos preparatórios pelo Ministério das Obras Públicas e do Turismo, em colaboração com a assistência técnica financiada pela Comissão. Ao ambiente, que já nos anos anteriores fora objecto da ajuda da CE, foram atribuídos 3,25 milhões de euros, destinados à elaboração do plano nacional de acção ambiental, estudos de viabilidade do tratamento de resíduos sólidos e equipamento para estações de controlo da qualidade do ar na antiga República jugoslava da Macedónia. 4.4. Desenvolvimento rural, agricultura A ajuda concedida pela União Europeia ao sector agrícola na Albânia inclui três vertentes: a gestão dos resíduos, as pescas e a inspecção veterinária. Em 2001 foram iniciados importantes trabalhos preparatórios tendo em vista equipar os institutos e laboratórios veterinários centrais e regionais, aos quais incumbirá ajudar o Governo a criar as infra-estruturas de comércio e serviços indispensáveis ao sector agrícola após a sua reforma. Na Bósnia-Herzegovina, a agricultura tem sido, tradicionalmente, um sector-chave da economia. A CE tem ajudado os serviços veterinários a assegurarem uma melhor situação sanitária e uma melhor gestão das existências pecuárias, para aumentar a confiança dos consumidores e o comércio. Foi prestada assistência técnica à criação de dois centros de reprodução de suínos de elevado valor genético. Na selecção das raças, foi dada atenção especial à sua adaptação às condições locais, o que se fez com assinalável êxito. Deste projecto resultaram dois centros de reprodução (cada um com cerca de 50 animais), dois centros de inseminação artificial (com 5 animais cada) e dois centros de engorda para os animais da primeira geração. O potencial de produção do projecto é de 1 800 toneladas de carne de suíno. Europa do Sudeste: os Balcãs Na Sérvia, o programa para 2001 visava apoiar o sector graças à adopção das seguintes medidas: 4.5. Reforço das instituições ❿ importação de um total de 48 700 toneladas de adubo, proveniente da Roménia (36 700 toneladas de adubo NPK em Agosto e Setembro de 2001 e 12 000 toneladas de ureia em Janeiro de 2002). Está já concluído o abastecimento dos utilizadores finais; A maior parte da assistência comunitária afectada à Albânia destina-se a promover o reforço das instituições. Com efeito, o país necessita de instituições públicas mais sólidas, que lhe permitam reforçar as suas ligações com a União Europeia no quadro do processo de estabilização e associação. Dos 37,5 milhões de euros de assistência comunitária recebida em 2001, 23 milhões foram consagrados a melhorar as instituições responsáveis pela manutenção da segurança e da ordem pública, a reforçar o Estado de direito, a boa governação e o respeito dos direitos humanos, consolidar as finanças, aumentar as receitas aduaneiras e fiscais, aperfeiçoar as normas e sistemas de certificação e optimizar a coordenação da ajuda. ❿ adopção de medidas destinadas a contrariar a tendência para uma redução das cabeças de gado devido à falta de alimentos graças à importação de 42 000 toneladas de milho a transformar em alimentos para animais. As importações, provenientes da Hungria, tiveram início em Setembro de 2001 e as primeiras distribuições em Março de 2002; ❿ apoio técnico à reforma da política de fixação de preços e de comercialização dos produtos agrícolas e ao estabelecimento de um quadro regulamentar aplicável aos produtos alimentares. A equipa de consultores iniciou as suas actividades em Janeiro de 2002. No Montenegro, a Agência adjudicou um contrato a uma equipa de encarregada de adquirir e distribuir equipamento moderno para o fabrico de lacticínios destinado a substituir a maquinaria obsoleta. Os membros desta equipa assistirão o Ministério da Agricultura no que respeita às definição de políticas e à avaliação de planos de exploração das empresas que devem beneficiar do novo equipamento. Na antiga República jugoslava da Macedónia, a agricultura, juntamente com os transportes, constitui um sector-chave da economia do país e das suas relações comerciais com países terceiros. A importância dos mercados da UE para a exportação de produtos agrícolas e as obrigações decorrentes do Acordo de Estabilização e Associação exigem reformas dos controlos veterinários e fitossanitários, bem como dos sistemas de identificação dos animais. Para consolidar os resultados dos programas em curso, o programa de 2001 prevê um montante de 3 milhões de euros destinado a assistência técnica no domínio do controlo da qualidade alimentar, equipamentos que permitam aumentar as capacidades de controlo veterinário e fitossanitário e formação e equipamento que permitam assegurar a cobertura dos efectivos pecuários de primeira importância pelo sistema de Identificação animal. Desenvolvimento rural, segurança alimentar a título do programa CARDS — Autorizações para 2001 (em milhões de euros) País Designação dos projectos Albânia Desenvolvimento das comunidades locais Antiga República jug. da Macedónia Reforço das capacidades institucionais — Agricultura Kosovo Agricultura 10 Sérvia Agricultura 20 Total Montante 10 3 43 Juntamente com o regresso dos refugiados, o desenvolvimento das instituições é o domínio que recebe maiores financiamentos comunitários. Na Bósnia-Herzegovina, só em 2001, 31,26 milhões de euros foram destinados directamente ao reforço das capacidades institucionais (ao nível das instituições do Estado e das entidades) e da Justiça e Assuntos Internos (Comissão Judicial Independente e gestão das fronteiras). O desenvolvimento das instituições é o domínio principal do programa de assistência à Croácia para 2001, que recebe 28,4 milhões de euros e cobre sectores como a reestruturação do mercado do trabalho, o alinhamento com as normas da UE, a reforma do sistema judicial, a política de asilo, a gestão integrada de fronteiras, a reforma da administração pública, a propriedade intelectual, a política de concorrência, a estatística, a melhoria da capacidade de desenvolvimento estratégico e a sociedade civil. As necessidades do desenvolvimento das instituições variam entre as diferentes partes da República Federativa da Jugoslávia (Sérvia, Kosovo e Montenegro), que receberam, para este efeito, um total de 59,8 milhões de euros em 2001. Na Sérvia, foi criado um centro de orientação jurídica e estratégica, constituído por uma equipa especial de 12 peritos locais e internacionais, que assistirá o Governo a nível de questões fundamentais tais como a transição para uma economia de mercado, o quadro regulamentar, a harmonização da legislação relativamente ao acervo comunitário e a adesão à Organização Mundial do Comércio. Em Outubro de 2001 foi assinada uma convenção relativa ao financiamento deste centro, tendo os peritos dado início às suas actividades em Dezembro de 2001. No Kosovo, a UE destacou peritos em matéria de administração local junto dos municípios a fim de os auxiliar a reforçarem as suas capacidades. Em 2000 foi criado um fundo de investimento municipal para financiar microprojectos de reabilitação das instalações (por exemplo, reabilitação de estradas, reparação da iluminação das ruas e reparação dos passeios) propostas pelos municípios do Kosovo. A Agência ajudou igualmente a OSCE a organizar as eleições de Novembro de 2001. No Montenegro, a Agência elaborou um projecto tendo em vista melhorar a gestão dos assuntos públicos graças a um reforço das capacidades de 65 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica decisão de um certo número de instituições. Disponibilizará igualmente peritos com conhecimentos em matéria de gestão, organizará acções de formação e viagens de estudo no estrangeiro. Está igualmente prevista a concessão de assistência técnica em matéria de gestão das despesas de investimento no sector público, bem como à direcção responsável pelo orçamento, a tesouraria, a auditoria interna e a unidade TI do ministério. Por último, a Agência forneceu equipamento TI num valor de 1 milhão de euros e um perito em matéria de tecnologias da informação organizará a informatização do ministério. Alguns técnicos ocupar-se-ão da reestruturação do Mministério das Finanças. prioridades do programa de reformas, e o desenvolvimento institucional continua, portanto, a receber apoio comunitário: em 2001, foram concedidos para este efeito 11,5 milhões de euros. O domínio mais em foco é o da Justiça e Assuntos Internos (reforma judicial, gestão integrada das fronteiras e administração aduaneira), dando continuidade aos programas dos anos anteriores. Adicionalmente, para ajudar o país a aplicar o acordo-quadro para a paz, foram concedidos 1,7 milhões de euros para apoio à reforma da polícia. Os projectos geridos a nível central incluem também as alfândegas e o financiamento das administrações civis de transição, considerando a natureza específica destes programas. A unidade aduaneira para os Balcãs, do Serviço de Cooperação EuropeAid, prosseguiu a sua gestão directa da missão de assistência aduaneira ao Kosovo (CAM-K) (5 milhões de euros) e começou a desenvolver uma assistência semelhante na Sérvia (5 milhões de euros) e no Montenegro (1,4 milhões de euros). A missão de assistência aduaneira à Albânia (CAM-A) (2 milhões de euros) bem como o Gabinete de Assistência Aduaneira e Fiscal (CAFAO) (10,5 milhões de euros) prosseguiram as suas actividades, tendo obtido resultados positivos. Para além disso, a Comissão continua a financiar as despesas de funcionamento das administrações provisórias na Bósnia-Herzegovina e no Kosovo. Foi afectado ao gabinete do alto-representante um montante de 13,5 milhões de euros e, ao pilar comunitário da UNMIK, responsável pela reconstrução e pela recuperação económica do Kosovo, um orçamento de 11 milhões de euros. Desde 1996, o Gabinete de Assistência Aduaneira e Fiscal (CAFAO) tem vindo a apoiar as autoridades do Estado e das Entidades da Bósnia-Herzegovina na aplicação das disposições do Acordo de Paz de Dayton relativas às alfândegas e aos impostos. É prestada assistência e aconselhamento em todas as matérias de carácter aduaneiro e fiscal: gestão, organização, estrutura, procedimentos, questões jurídicas, sistemas informáticos, investigação e formação. O CAFAO é geralmente considerado um dos mais bem sucedidos programas de reformas na Bósnia-Herzegovina, sendo a sua assistência prestada num contexto de vontade política de mudança inconsistente e volúvel, dada a persistência de estruturas paralelas de base étnica e de uma corrupção generalizada. O número de funcionários aduaneiros e fiscais europeus a trabalhar no programa tem oscilado entre 20 e 40, consoante as necessidades e actividades do programa. Um dos indicadores mais óbvios do seu sucesso é o consistente crescimento das receitas aduaneiras, que em 2001 foram três vezes superiores às de 1996. Na antiga República jugoslava da Macedónia, o reforço das instituições governamentais é uma das O quadro seguinte dá exemplos de projectos importantes de desenvolvimento institucional em 2001. Gabinete de Assistência Aduaneira e Fiscal (CAFAO) Desenvolvimento das instituições — Autorizações a título do programa CARDS para 2001 (em milhões de euros) 66 Instituições País Designação dos projectos Montante Direcção-Geral das Alfândegas Albânia Missão de assistência aduaneira (CAM-A) 2,0 Direcção-Geral dos Impostos Albânia Informatização dos serviços fiscais 2,0 Administração Aduaneira Federal e Administração Aduaneira da República Srpska Bósnia-Herzegovina Modernização das alfândegas 10,5 Serviços aduaneiros de MINUK Kosovo Modernização das alfândegas 5,0 JAI Croácia Administração judicial e faculdades de direito 0,6 Reforço institucional Croácia Apoio ao Ministério da Integração Europeia na aproximação da legislação 0,8 Administração fiscal e aduaneira Sérvia Gabinete de coordenação fiscal e aduaneira da Sérvia (Cafaco) 5,0 Administração fiscal e aduaneira Montenegro Missão de assistência aduaneira e fiscal no Montenegro (CAFAM-M) 1,4 Total 27,3 Europa do Sudeste: os Balcãs 4.6. Sector privado e desenvolvimento económico Em 2001, os projectos da CE nos Balcãs contribuíram para reforçar o desenvolvimento de um sector bancário local, através do reforço das capacidades de gestão dos bancos locais e da criação de um Banco de Microempresas auto-sustentável. O comércio interno também beneficiou de assistência técnica para suprimir barreiras internas, e estão a registar-se progressos na harmonização fiscal e na criação de verdadeiras uniões aduaneiras. Na Albânia, os programas financiados a título do programa CARDS incidem, nomeadamente, sobre as normas e a certificação, bem como sobre o desenvolvimento das colectividades locais a fim de estimular a economia a nível local, graças ao desenvolvimento de infra-estruturas e do emprego. Na Sérvia, os projectos em favor das empresas incidem principalmente sobre o desenvolvimento das pequenas e médias empresas (PME) através da adopção das seguintes medidas: ❿ abertura de uma linha de crédito (os recursos da UE à disposição da Agência elevam-se, até à data, a 10 milhões de euros) sob a forma de um fundo de crédito renovável junto do Banco Nacional da Jugoslávia e empréstimos às PME por parte de três bancos comerciais (Exim, Novosadska e Zepter). Outros bancos participarão, em breve, nesta iniciativa. De momento, estes bancos receberam mais de 600 pedidos. Foram concedidos 40 empréstimos num valor total de 4 milhões de euros; ❿ assistência ao Ministério da Privatização, da Reestruturação e do Desenvolvimento das PME; ❿ criação de estruturas de apoio às PME e assistência sob a forma de centros de orientação empresarial (agências regionais para as empresas) em sete cidades e abertura de sucursais em 11 outras cidades. As primeiras agências abrirão em Maio de 2002; ❿ criação e gestão de um euro-info-centro de correspondência em Belgrado, em Abril de 2002. © EAR No quadro da política europeia de ajuda à transição para uma economia orientada para o mercado, o desenvolvimento das empresas recebeu um apoio de 36 milhões de euros em 2001. Esta estratégia de regeneração económica continua centrada no desenvolvimento do sector privado, da economia local e da criação de empregos, bem como na criação de um espaço económico único, à semelhança da União Europeia. Para servir esta estratégia, estão em curso 30 projectos europeus, com um orçamento global de quase 90 milhões de euros. Fábrica de óleo de girassol em Ferizaj (Kosovo). Foi igualmente afectada uma verba de um milhão de euros a assistência técnica a prestar durante as primeiras fases da reestruturação das empresas públicas. Em Março de 2002 foram iniciados trabalhos em três empresas (veículos de transporte e maquinaria agrícola). A Agência Europeia para a Reconstrução desempenha um papel fundamental a nível do desenvolvimento das empresas no Kosovo. Em 2000, juntamente com o Banco Mundial, criou um organismo de crédito provisório em favor das PME. Trata-se do primeiro doador de fundos no Kosovo. Para além disso a Agência, em colaboração com o banco alemão para o desenvolvimento, KfW, concede pequenos empréstimos às microempresas através do Fundo Europeu para o Kosovo. No final de 2001 foram criadas três agências regionais para as empresas. A UE financiou igualmente a criação de um Conselho para o Desenvolvimento das PME no Kosovo, um órgão independente de protecção das empresas privadas. A Agência contribuiu igualmente para a criação do euro-info-centro de correspondência no Kosovo, que assegura uma ligação comercial entre o Kosovo e o resto da Europa. Foi também concedida uma assistência financeira considerável às empresas colectivas através do programa de desenvolvimento industrial que fornece assistência técnica e crédito às empresas colectivas tendo em vista o relançamento da produção e a criação de empregos. No âmbito de um esforço geral para revitalizar a estrutura empresarial da Bósnia-Herzegovina, a CE financia a recuperação de cerca de 45 médias empresas dos sectores agrícola, têxtil e de curtumes, bem como o desenvolvimento empresarial a nível regional. Além dos 4,2 milhões de euros destinados a esta revitalização e reestruturação, foram atribuídos mais 10 milhões de euros em 2001, como fundo de maneio para o desenvolvimento do sector privado. 67 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica 4.7. Saúde e educação © EAR 4.7.1. Saúde Mercado das flores em Skopje (antiga República jugoslava da Macedónia). Instrumentos financeiros de apoio às PME A saúde não constitui uma prioridade da assistência da CE nos Balcãs Ocidentais (contrariamente à assistência bilateral). No entanto, o programa CARDS para 2001 dedica 31,5 milhões de euros ao sector da saúde na Sérvia. 26,5 milhões foram utilizados para melhorar a disponibilidade de medicamentos essenciais em todo o país e para reformas como a do estabelecimento de protocolos de tratamento e a da racionalização e reestruturação da indústria farmacêutica. Foi atribuída às reformas da saúde na Sérvia uma contribuição de 5 milhões de euros, destinada a melhorar a qualidade de alguns serviços básicos nos hospitais e centros de saúde, através da reabilitação e do fornecimento de equipamento prioritário. A reforma da saúde no Kosovo recebeu 14 milhões de euros, destinados ao apoio, por uma equipa de assistência técnica local, ao Departamento de Saúde e Previdência Social da UNMIK, a uma contribuição da CE para um projecto do Banco Mundial de criação de um sistema de segurança social e ao fornecimento de equipamento médico e informático. 4.7.2. Educação O Fundo Europeu para a Bósnia-Herzegovina disponibilizou cerca de 8,7 milhões de euros para empréstimos às PME, dos quais 5 milhões fornecidos pela CE. Outros doadores bilaterais que participam no Fundo para a Bósnia-Herzegovina são a Áustria, a Alemanha e a Suíça. Esta linha de crédito é gerida por um banco da UE, através de determinados bancos da Bósnia. O programa é dirigido às PME e à criação de novas empresas e abrange investimentos em instalações, equipamentos e capital de exploração. Até agora, é o único programa que fornece crédito de longa duração na Bósnia-Herzegovina. Presentemente, integram esta parceria 8 bancos (6 na Federação e 2 na República Srpska), que já aprovaram mais de 123 empréstimos, o que revela a dinâmica de desenvolvimento deste programa. A CE canaliza igualmente 9,5 milhões de euros para microcrédito, através do Banco de Microempresas (de que o BERD e a SFI detêm as maiores participações), que já concedeu mais de 3 400 empréstimos no valor de mais de 19 milhões de euros. Em 2001 foram autorizados 30 projectos operacionais num valor total de 90 milhões de euros. A reforma do ensino superior na Albânia recebeu 2,5 milhões de euros, que permitiram ao país continuar a participar no programa Tempus. O objectivo principal deste programa é a promoção da reforma das instituições de ensino superior e das formas de ensinar e de aprender, recorrendo aos projectos comuns europeus. Estes projectos visam contribuir para o desenvolvimento a longo prazo e a renovação do ensino superior nos países parceiros, mediante actividades de cooperação entre as instituições de ensino superior destes países e as da União Europeia. Sector privado e desenvolvimento económico — Autorizações para 2001 a título do programa CARDS (em milhões de euros) 68 País Designação dos projectos Montante Albânia Normas e certificação Regional Projecto regional sobre estatísticas 2,5 Croácia Normas industriais 3 Total 7,5 © EAR 2 Apoio à reabilitação do sistema de saúde no Kosovo. A reforma da educação na Bósnia-Herzegovina está centrada no ensino e formação profissional e no ensino superior. O primeiro programa de ensino e formação profissional deu origem a um livro verde aprovado pelos 40 principais agentes no sector da educação na Bósnia-Herzegovina. A este seguiu-se, em 2001, um livro branco, que representa uma perspectiva consensual para a legislação da Bósnia e Herzegovina e um quadro de aplicação das medidas operacionais de reforma do sistema a nível nacional, que inclui a aplicação de um quadro curricular único para o ensino profissional. A reforma do ensino superior está associada à participação da Bósnia e Herzegovina no programa Tempus, e a contribuição da CE para este efeito, em 2001, foi de 3 milhões de euros. As reformas do ensino e formação profissional e do ensino superior deverão ajudar a Croácia a enfrentar um dos seus maiores problemas sociais, o do desemprego. A CE contribui para uma reforma do ensino e formação profissional que tem em vista a criação de um sistema moderno, flexível e de elevada qualidade, capaz de responder às necessidades do mercado do trabalho e da sociedade e enquadrado com os sistemas de ensino primário, geral, secundário e superior, com ênfase na gestão descentralizada e no desenvolvimento de conceitos para um currículo global e integrado e para a reforma da formação de professores. A promoção da reforma das instituições do ensino superior e dos métodos de ensino e aprendizagem académicos decorre da participação da Croácia no programa Tempus (4 milhões de euros). Foram concedidos 4,9 milhões de euros à ARJM, incluindo o Kosovo (sob administração das NU), para assegurar a sua participação no programa Tempus. Além disso, foi concedido 1 milhão de euros para a reforma da formação e educação profissional no Montenegro em 2001. A íntima ligação entre educação e taxa de emprego (o desemprego afecta actualmente mais de 32% da força de trabalho) na antiga República jugoslava da Macedónia fez deste domínio objecto de financiamento da UE. Em 2001, a UE apoiou a reforma do ensino superior com 7 milhões de euros, dos quais 3 milhões destinados à participação no programa Tempus e 4 milhões (além de 1 milhão de euros destinado a este fim em 2000) para a criação da primeira universidade que ministra educação em língua albanesa, além da Macedónia e da inglesa. A criação desta universidade visa dar satisfação a uma das maiores reivindicações da grande minoria albanesa do país, melhorando assim as relações interétnicas. Universidade do Sudeste Europeu na antiga República jugoslava da Macedónia. Em 20 de Novembro de 2001, abriu pela primeira vez as suas portas a Universidade do Sudeste Europeu. Os seus cursos serão ministrados em albanês, macedónio, inglês e outras línguas europeias. A universidade terá faculdades de Direito, de Gestão de Empresas, de © EAR Europa do Sudeste: os Balcãs Crianças na escola da aldeia de Cukarka, perto de Presevo, no Sul da Sérvia. Administração Pública, de Formação Pedagógica, de Comunicações e de Informática. O custo total do projecto, coordenado pela OSCE, foi de aproximadamente 33 milhões de euros, e o maior doador foi a União Europeia, incluindo a Comissão Europeia (com 4 milhões de euros) e contribuições de Estados-Membros da UE. As actividades do projecto centraram-se na construção dos edifícios da universidade, na concessão de empréstimos a estudantes e na cobertura dos custos de funcionamento da instituição. Desenvolvimento social — Autorizações para 2001 a título do programa CARDS (em milhões de euros) Desenvolvimento social País Designação do projecto Montante Obnova 2000 Croácia Tempus 1,5 CARDS 2001 Croácia Tempus 4,0 CARDS 2001 Croácia Reestruturação do mercado do trabalho 3,0 CARDS 2001 Croácia Ensino e formação profissional 0,6 Educação ARJM Universidade do Sudoeste da Europa 4,0 69 © Joaquin Silva Rodrigues Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica Pristina (Kosovo). 4.8. Questões horizontais 4.8.1. Iniciativa Europeia para a Democracia e os Direitos Humanos (IEDDH) Em 2001, a IEDDH investiu mais de 10 milhões de euros em projectos nos Balcãs Ocidentais. A IEDDH disponibilizou cerca de 4,5 milhões de euros para projectos de apoio à promoção e defesa dos direitos humanos e das liberdades fundamentais nos países do Sudoeste da Europa. De entre as iniciativas que receberam apoio, as comunidades rom beneficiaram de medidas de assistência específicas. Foi implementado um projecto específico para encorajar o diálogo interétnico graças ao reforço das capacidades de gestão das autoridades locais no que respeita às medidas a adoptar relativamente às comunidades rom na Bósnia e Herzegovina, na Croácia, no Kosovo, no Montenegro, na antiga República jugoslava da Macedónia e na Sérvia (725 000 euros). Um dos projectos em curso na antiga República jugoslava da Macedónia irá permitir a observação e controlo de resultados do recenseamento, com vista a promover a representação equitativa e imparcial da população, respeitando as recomendações internacionais nesta matéria (999 800 euros). Um programa de mestrado regional europeu em democracia e direitos humanos na Europa e no Sudeste Europeu 70 Este projecto dará a estudantes pós-graduados da Albânia, da Bósnia e Herzegovina, da Bulgária, da Croácia e da antiga República jugoslava da Macedónia a oportunidade de efectuarem estudos sobre direitos humanos. Este curso de mestrado contribuirá para a formação de especialistas que venham a integrar as ONG e as administrações locais e a tornar-se decisores políticos nos Balcãs. Para esta acção estão garantidos 1,3 milhões de euros. O apoio ao processo de democratização e à melhoria da situação dos direitos humanos beneficiou de mais de 3 milhões de euros, aplicados em cinco projectos. Por exemplo, um projecto de 820 000 euros desenvolveu e reforçou as possibilidades de acção das instituições civis e das ONG e aumentou o número e as capacidades das ONG activas. Um outro projecto destinava-se a restabelecer a confiança entre os diferentes grupos que constituem a comunidade e as forças da polícia através de iniciativas de grupos de pais e de professores e de elementos da polícia local. Estas medidas contribuirão para a consolidação, na Bósnia-Herzegovina, de um contexto democrático dentro do respeito dos direitos humanos (300 000 euros). O apoio à prevenção de conflitos e ao restabelecimento da paz civil é uma das maiores prioridades da IEDDH que incluiu, em 2001 por exemplo, um projecto designado «Acções transfronteiras de mulheres activistas». O seu objectivo é enfrentar as divisões na sociedade, exercendo pressões a título individual e colectivo para confrontar as realidades actualmente existentes nas diferentes regiões da Albânia, da Bósnia-Herzegovina, da Croácia, do Kosovo, da Macedónia, da Sérvia e Montenegro e da Eslovénia (660 000 euros). Outro projecto visa promover a reconciliação entre albaneses e grupos minoritários do município de Gjakova e do Kosovo (510 000 euros). 4.8.2. Actividades das ONG A sociedade civil tem um papel fundamental a desempenhar na estabilização democrática na região dos Balcãs. A participação activa da sociedade civil é imprescindível para assegurar a transparência e legitimidade do Governo e da função pública. Serão ainda necessárias algumas melhorias no que respeita ao acesso à informação e à adopção de uma legislação favorável às actividades das ONG. Neste domínio, foi prestada assistência essencialmente no quadro dos programas regionais e nacionais financiados a título do programa CARDS, bem como da Iniciativa Europeia para a Democracia e os Direitos Humanos. A CE esforçou-se por colaborar estreitamente com as ONG e outros parceiros da sociedade civil a fim de favorecer as acções a nível local e adaptar, na medida do possível, a sua capacidade de reacção às necessidades dos destinatários da ajuda. Assim, na Albânia, a assistência às ONG e à sociedade civil foi fornecida, principalmente, através de microprojectos. A CE concedeu um total de 0,2 milhões de euros em favor da estabilização democrática do país. Na Croácia, foi afectado um milhão de euros ao reforço das capacidades das organizações da sociedade civil e à melhoria dos seus meios de acção. Na Bósnia-Herzegovina, a assistência comunitária incidiu essencialmente sobre a formação e o reforço das capacidades das ONG, bem como sobre o financiamento e assistência técnica aos seus projectos. Neste país, as ONG participam sobretudo em projectos destinados a promover o regresso dos refugiados. No total, a CE afectou 2 milhões de euros ao desenvolvimento da sociedade civil. Na República Federativa da Jugoslávia, a CE forneceu principalmente ajuda de urgência em favor do pluralismo, graças a iniciativas destinadas a consolidar as ONG e a sociedade civil e promover a Europa do Sudeste: os Balcãs reconciliação interétnica. Na antiga República jugoslava da Macedónia, o objectivo principal do apoio concedido à sociedade civil em 2001 foi de encorajar a reconciliação nacional. Para o efeito, foi adoptada uma decisão da Comissão tendo em vista desbloquear um montante total de 10,3 milhões de euros no quadro de um mecanismo de reacção rápida destinado, nomeadamente, a reforçar a sociedade civil. Para além disso, foram implementados microprojectos, concebidos pelas delegações da Comissão, tendo em vista dar uma resposta rápida e eficaz aos pedidos de financiamento dos agentes locais (ONG, cooperativas, estabelecimentos de ensino, grupos de mulheres e associações culturais). Estes recursos permitiram financiar projectos mais pequenos que, em condições normais, não atrairiam doadores internacionais. A ajuda da CE aos Balcãs foi concebida para apoiar os participantes no processo de estabilização e associação, contribuindo assim para os objectivos da prevenção de conflitos e conduzindo, a mais longo prazo, à assinatura de acordos de estabilização e associação. Na estratégia da UE, existe uma linha de continuidade entre a reconstrução de grandes infra-estruturas no pós-guerra e a edificação de modernos Estados democráticos, capazes de gerir os seus próprios assuntos e de se tornarem parceiros fiáveis da UE. O avanço do processo de reforma económica e o desenvolvimento da cooperação regional são coerentes com a política comunitária de comércio para a região, à qual foram garantidas preferências comerciais altamente favoráveis. No final de 2000, a CE criou um sistema de preferência comercial autónoma, que assegura o acesso livre e sem quotas de quase todas as exportações dos cinco países da região aos mercados da UE. 4.8.4. O regresso dos refugiados O regresso dos refugiados e das pessoas deslocadas aos seus domicílios de antes da guerra continua a ser uma das grandes prioridades da ajuda comunitária aos Balcãs. A lentidão do regresso e da reintegração das pessoas deslocadas e dos refugiados continua a ser um dos principais obstáculos à restauração da estabilidade política e ao regresso à normalidade na Bósnia-Herzegovina. O programa da CE está de acordo com os objectivos definidos no anexo 7 do acordo-quadro geral para a paz (Acordo de Dayton), com as prioridades identificadas pelo Grupo de Trabalho para o Regresso e a Reconstrução, com a análise da ACNUR e com a «Agenda de Acção Regional» do Pacto de Estabilidade. Em 2001, dos mais de 105 milhões de euros recebidos pela Bósnia-Herzegovina, 38,4 milhões foram directamente destinados a apoiar o regresso dos refugiados nos seguintes domínios: ❿ apoio específico aos grupos minoritários já regressados e a outros regressos espontâneos; ❿ apoio ao plano de aplicação da legislação imobiliária; © Joaquin Silva Rodrigues 4.8.3. Coerência com outras políticas Campo de refugiados rom. ❿ sustentabilidade dos regressos, assegurada através do desenvolvimento de empresas e de oportunidades de emprego nas zonas de retorno. Regresso espontâneo das minorias às suas casas de antes da guerra na Bósnia-Herzegovina O objectivo deste projecto é apoiar a comunidade minoritária que já regressou a Kljuc e Bosanska Krupa e encorajar mais regressos. Para este efeito, foram reconstruídas 65 casas e reposta a distribuição de electricidade em Veliki/Mali Radic, no município de Bosanska Krupa, e foi incentivada a criação de postos de trabalho, por meio da distribuição de alfaias agrícolas, sementes e cabeças de gado. A componente de criação de postos de trabalho do programa forneceu gado a 32 famílias; 33 famílias receberam equipamento agrícola e moto-serras; foram criadas três microempresas que empregam nove retornados a tempo inteiro, 10 a tempo parcial e mais alguns sazonalmente. Na Croácia, o regresso dos refugiados continua a receber um financiamento substancial (23,2 milhões de euros). Este apoio é canalizado através do «Programa comunitário de reconstrução para o regresso» (EUPOP), em cooperação com as ONG no terreno. O programa promove uma abordagem integrada do regresso de refugiados e pessoas deslocadas, tendo em vista permitir o efectivo regresso destas pessoas às suas casas de antes da guerra, garantir a sustentabilidade do processo de regresso e a reintegração e reconciliação, através da melhoria da qualidade de vida em todo o município. 71 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica Reconstrução de casas danificadas no conflito O programa de 2001 para o sector da habitação no Kosovo inclui a reconstrução de cerca de 3 630 casas danificadas pelo conflito pertencentes a famílias vulneráveis. No final de 2001, cerca de 3 100 casas estavam totalmente reconstruídas e 16 700 pessoas tinham regressado aos seus domicílios. Cerca de 6% destas famílias pertencem a minorias étnicas, incluindo algumas recentemente regressadas ao Kosovo. As ONG parceiras do programa identificam as famílias vulneráveis segundo rigorosos critérios de selecção. Comités locais eleitos assistem as ONG e ajudam a garantir a transparência do processo de selecção perante a população local. As ONG apoiam as iniciativas de «auto-ajuda» das famílias beneficiárias, para assegurar a boa conclusão deste programa. 4.9. Cooperação com outros doadores Uma coordenação eficaz da ajuda fornecida pelos doadores é essencial para que os projectos de reconstrução a executar nos Balcãs sejam levados a bom termo. O Gabinete Comum da Comissão Europeia e do Banco Mundial para o Sudoeste da Europa (1) procura evitar uma sobreposição dos projectos dos diversos dadores. De entre os principais mecanismos de coordenação dos doadores é possível referir o Grupo de Coordenação de Alto Nível e o Grupo de Coordenação Operacional, que reúnem periodicamente para examinar as questões mais importantes. Para além disso, realizaram-se igualmente conferências de doadores e reuniões do grupo consultivo. Em 2001, o Gabinete Comum organizou cinco grandes reuniões de doadores. A cooperação com outros doadores na região pode passar pelo financiamento conjunto de projectos ou por confiar a outra organização a gestão dos fundos comunitários. Exemplos desta última opção é o da linha de crédito para pequenas e médias empresas do Fundo Europeu para a Bósnia-Herzegovina, cuja gestão é assegurada pela KfW alemã, ou o da liderança da OSCE na criação da Universidade do Sudeste Europeu na antiga República jugoslava da Macedónia, para a qual foram postos em comum os recursos financeiros da CE e dos Estados-Membros. Um exemplo de financiamento conjunto e de colocação de recursos em comum é o da contribuição da assistência técnica da CE para a interligação dos sistemas de energia da região do Danúbio na Croácia, financiada por empréstimos do BEI e do BERD. A CE também concede bonificação de juros dos empréstimos do BEI, e a antiga República jugoslava da Macedónia já recebeu, neste contexto, 20 milhões de euros. Em 2001, a Bósnia-Herzegovina recebeu, a título excepcional, 11,89 milhões de euros em bonificação de juros de empréstimos destinados a obras de melhoramentos rodoviários e ferroviários. 4.10. Empréstimos do BEI As operações do BEI nos Balcãs ocidentais centram-se sobretudo nas infra-estruturas básicas e no ambiente, nos transportes e energia, e no apoio ao desenvolvimento de PME. O Banco Europeu de Investimento trabalha em estreita cooperação com a CE. Exemplos dos empréstimos e subsídios do BEI em 2001 (em milhões de euros) Empréstimos País Designação dos projectos Montantes do empréstimo BEI Croácia Reabilitação e modernização do troço croata do Corredor Pan-Europeu Vc 40 BEI Albânia Melhoramento das redes de transporte e distribuição de energia 30 BEI RFJ Reabilitação das infra-estruturas de transportes na Sérvia e no Montenegro 66 BEI ARJM Financiamento de PME 20 BEI Bósnia-Herzegovina Reabilitação de diversos troços ferroviários de corredores de transportes pan-europeus 40 Total dos empréstimos e subsídios aos Balcãs 4.11. ECHO O trabalho de recuperação dos Balcãs Ocidentais após a crise do Kosovo de 1999 prosseguiu em 2001, ainda que o conflito na antiga República jugoslava da Macedónia tenha feito passar para segundo plano a melhoria da situação humanitária em geral. Em 2001, o ECHO conti- 72 (1) Ver: http://www.seerecon.org. 319 nuou presente em cinco países e entidades da região (Sérvia, Montenegro, Kosovo, antiga República jugoslava da Macedónia e Albânia), com um orçamento de 83,05 milhões de euros. A diminuição deste montante em relação aos dois anos anteriores reflecte a melhoria da situação humanitária e o crescente envolvimento de outros instrumentos comunitários. © ECHO Europa do Sudeste: os Balcãs Distribuição de refeições quentes financiadas pelo ECHO no Sul da Sérvia. © ECHO jugoslava da Macedónia (72 000 pessoas, no pico da crise) e às famílias que os acolheram. Projecto financiado pelo ECHO no Montenegro: realojamento em habitações particulares de pessoas deslocadas que se encontravam em centros de acolhimento colectivo. Os esforços do ECHO nos Balcãs Ocidentais são orientados para três objectivos: dar resposta às novas necessidades humanitárias resultantes da crise na antiga República jugoslava da Macedónia; continuar a suprir as necessidades básicas dos refugiados, dos deslocados internos e dos grupos sociais mais vulneráveis; promover o processo de reintegração e reconciliação, apoiando a reconstrução e o desenvolvimento a longo prazo do país e incentivando a auto-suficiência entre os beneficiários da ajuda. No Kosovo, o ECHO concluiu uma das suas maiores operações humanitárias, passando de uma pura intervenção de emergência para a reabilitação e, por último, para uma transição eficaz para um processo de desenvolvimento mais estrutural. Em Junho de 1999, quando os refugiados do Kosovo começaram a regressar, o ECHO supriu as necessidades humanitárias mais prementes, fornecendo alimentos, assistência médica e abrigos de emergência para mais de 22 000 famílias regressadas. Em 2000, o ECHO continuou a dar resposta às necessidades básicas dos mais vulneráveis, apoiando também os primeiros passos do processo de recuperação (nos sectores da educação e da saúde, reabilitando os sistemas de abastecimento de água e apoiando projectos geradores de auto-suficiência). Em 2001, o ECHO concluiu aquelas intervenções e continuou a dar apoio aos esforços da ACNUR na protecção e assistência às minorias. O ECHO forneceu ainda assistência básica aos refugiados da antiga República A intervenção do ECHO na Sérvia continuou a ser a sua maior operação. As mudanças políticas no país e a chegada ao poder de um governo reformista atraíram ajuda estrutural a longo prazo dos doadores, incluindo a CE, como ficou demonstrado pelo êxito da conferência de doadores da República Federativa da Jugoslávia realizada em Bruxelas, em Junho de 2001. Não obstante, as necessidades humanitárias ainda são consideráveis na Sérvia, sobretudo devido à grande quantidade de refugiados e deslocados internos (quase 600 000). Se bem que as perspectivas para o regresso dos refugiados internos sejam ainda ténues, há soluções sustentáveis à vista — sobretudo em termos de integração, mas também em termos de repatriamento. O programa ECHO de 2001 continuou virado para as necessidades básicas, procurando, ao mesmo tempo, soluções a mais longo prazo, como a promoção do repatriamento (informação jurídica, organização de vistas exploratórias) e auxiliando o alojamento privado dos refugiados, como alternativa mais dignificante aos centros de acolhimento colectivo. No Montenegro e na Albânia, as necessidades humanitárias resultantes da crise do Kosovo foram inteiramente supridas. No Montenegro, o ECHO centrou-se na resposta às necessidades específicas do Inverno e em reduzir a dependência dos grupos beneficiários em relação à assistência humanitária, financiando actividades geradoras de auto-suficiência. Na Albânia, um dos países mais pobres da Europa, o objectivo principal foi o de consolidar as anteriores intervenções nos domínios da saúde, da água e das medidas sanitárias, com vista a facilitar a transição para um processo de desenvolvimento. Na antiga República jugoslava da Macedónia, 2001 assistiu a um conflito aberto entre grupos armados de etnia albanesa e as Forças Armadas da Macedónia. O conflito conheceu sucessivos agrava- 73 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica © ECHO/ Sabina Mayofi 4.12. Controlo de resultados Uma fonte pública em Kakarriq, uma aldeia remota no distrito de Lezhet, Albânia. mentos na primeira metade do ano, provocando várias vagas de populações deslocadas, no interior do país e para além fronteiras, principalmente para o Kosovo. A comunidade internacional, sobretudo a UE, adoptou uma posição pró-activa em termos de mediação política, de ajuda à reconstrução [através do Mecanismo de Reacção Rápida (MRR) e do programa CARDS de 2001], bem como de ajuda humanitária. No estrito cumprimento do seu mandato, o ECHO forneceu ajuda alimentar aos deslocados internos e aos regressados mais vulneráveis, bem como ajuda não alimentar às famílias de acolhimento dos deslocados internos, e financiou a reabilitação de emergência de escolas e centros de saúde danificados durante o conflito, a fim de facilitar o regresso dos deslocados internos. Desde o início do conflito, os serviços da Comissão coordenaram-se para permitir uma divisão de tarefas entre os diversos instrumentos comunitários, a fim de evitar sobreposições e lacunas. O ECHO centrou-se nas necessidades humanitárias imediatas, enquanto o MRR se ocupou das necessidades a médio prazo, como a reconstrução de habitações. Na frente política, e apesar de alguma evolução positiva que se seguiu à conclusão de um acordo-quadro entre dirigentes políticos dos dois grupos étnicos e à aprovação, em Novembro, de alterações constitucionais, no final de 2001, o processo político permanecia ainda frágil. ECHO — Decisões de financiamento para 2001 (em milhões de euros) País Montante Sérvia 47,800 Montenegro 7,500 Kosovo 74 14,000 Antiga República jugoslava da Macedónia 5,400 Albânia 6,600 Regional 1,750 Total 83,050 Em 2000, a Comissão concebeu um sistema de acompanhamento mais eficaz, com base nos resultados para as regiões ALA/MED/ACP e os Balcãs, que foi integrado no sistema de gestão do ciclo do projecto da Comissão. Este sistema foi testado ao longo de 2001. Agora que está concluída a fase de concepção e ensaio, é possível efectuar um primeiro balanço dos aspectos positivos e dos aspectos que devem ainda ser melhorados. São fornecidas, no ponto 1.4, informações suplementares sobre este sistema de acompanhamento. O sistema será aplicado ao conjunto dos projectos a partir de 2002. Em 2001, foi efectuado o controlo de resultados de 12 projectos em dois países balcânicos. O volume total de financiamento dos projectos que foram objecto desta avaliação ascende a 112,3 milhões de euros. Os sectores mais beneficiados foram, em primeiro lugar, as infra-estruturas e os serviços económicos (76%), o desenvolvimento económico e das instituições, a sociedade civil, as infra-estruturas sociais e os serviços (22%). A avaliação geral dos projectos na região foi de 2,28, quando a avaliação média é de 2,5. A eficácia, o impacto e a sustentabilidade foram identificados como os aspectos mais bem sucedidos. O subcritério de adequação sociocultural, que contempla a participação dos grupos beneficiários na concepção e execução dos projectos e o relacionamento entre o pessoal do projecto e as comunidades locais, recebeu a mais elevada classificação da região. Entre os critérios principais, os mais fracos foram a relevância e a eficiência. Os resultados obtidos, em termos de eficiência, foram o subcritério que teve classificação mais baixa, seguido da adequação económica (como subcritério de sustentabilidade). 4.13. Conclusões e perspectivas No âmbito do programa CARDS adoptado em 2000 a assistência em favor dos Balcãs Ocidentais baseia-se numa abordagem mais estratégica, que permite reforçar os objectivos do processo de estabilização e de associação. Em 2001, o programa CARDS correspondeu, simultaneamente, aos objectivos a longo prazo e às necessidades imediatas decorrentes de situações de conflito ou pós-conflito. De uma forma geral, a assistência prevista a título deste programa foi disponibilizada de uma forma rápida e eficaz. A Agência Europeia para a Reconstrução, em especial, salientou-se pela rapidez das suas intervenções na sua zona de acção, a saber, o Kosovo, a Sérvia e o Montenegro e, desde Dezembro de 2001, igualmente a antiga República jugoslava da Macedónia. Nas outras partes da região, a tomada de decisões incumbe às delegações da Comissão. Os programas de assistência deverão ser revistos em função da evolução da situação. Em 2001foram adoptados os documentos de estratégia por país e de estratégia regional para 2002-2006. No decurso desse período, os programas incidirão sobretudo sobre os domínios prioritários do processo de estabilização e © Joaquin Silva Rodrigues Europa do Sudeste: os Balcãs Crianças do Kosovo. associação. Serão progressivamente orientados da satisfação das necessidades em matéria de reconstrução para a adopção de medidas em favor do reforço institucional e das reformas económicas. Uma importante vertente do programa terá por objectivo o desenvolvimento das capacidades, de cada país, para compreender, elaborar legislação e, por último, implementar os grandes princípios do acervo comunitário. 75 5. Europa Oriental, Cáucaso e Ásia Central © Carl Cordonnier Em 2001, a região da Europa Oriental, Cáucaso e Ásia Central enfrentava três desafios fundamentais. A questão dominante é, sem dúvida, a dos acontecimentos de 11 de Setembro, que terão grande impacto na abordagem da CE, particularmente em relação à Ásia Central. Espera-se uma duplicação dos financiamentos destinados a esta região em 2002. Em segundo lugar, a UE registou com agrado o progresso das reformas na Rússia. Deste facto resultou uma crescente concentração na ajuda da CE com vista à execução do plano de reformas, tirando partido de trabalho prévio do Tacis, o que contribuiu para a elaboração de legislação reformadora. Em terceiro lugar, a CE tem dado um forte apoio aos países que elaboram documentos de estratégia para a redução da pobreza. © Joaquin Silva Rodrigues Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica No que diz respeito às prioridades sectoriais, em 2001 destacam-se três temas na resposta da CE: em primeiro lugar, atribuiu-se uma atenção crescente à justiça e aos assuntos internos, expansão que continuará a manter-se nos próximos anos; em segundo lugar, a CE consolidou o seu apoio ao sector social, em particular à saúde e educação; em terceiro lugar, as questões transfronteiras, em especial o melhoramento da gestão das fronteiras, ganharam notória prioridade. 5.1. Introdução A União Europeia, com os seus Estados-Membros, é o maior doador no âmbito da ajuda ao desenvolvimento na Europa Oriental, Cáucaso e Ásia Central (1). O programa Tacis foi ainda a principal fonte de assistência da UE a esta região em 2001. O principal objectivo do Tacis é ajudar na transição para uma economia de mercado livre e promover o aprofundamento da democracia. Este objectivo é o fulcro dos acordos de parceria e cooperação (APC), que, por sua vez, constituem a base da relação continuada da UE com a Europa Oriental, o Cáucaso e a Ásia Central. Os APC constituem um enquadramento jurídico baseado no respeito dos princípios democráticos e dos direitos humanos, que estabelece a relação política, económica e comercial entre a UE e os países parceiros. Cada APC é um tratado bilateral de dez anos, assinado e ratificado pela UE e pelo Estado parte. Adicionalmente, a União Europeia coopera com a Rússia e a Ucrânia mediante estratégias comuns, no âmbito da Política Externa e de Segurança Comum da UE. As estratégias comuns pretendem reforçar a 78 © Joaquin Silva Rodrigues Participação das autoridades locais nas actividades em seu favor em Voruch, Tajiquistão. Venda de pão, vale do Ferghana (Quirguizistão). coerência entre as políticas e as actividades da UE e dos seus Estados-Membros naqueles dois países. A Rússia participa também na iniciativa «Dimensão setentrional», relativa às políticas externas e transfronteiras da União Europeia que abrangem a região do Báltico, do Árctico e do Noroeste da Rússia. As primeiras reuniões tiveram lugar em 2001, no quadro do diálogo para a energia entre a UE e a Rússia, que incluiu quatro grupos de trabalho temáticos e uma cimeira. A Comissão também produziu uma comunicação sobre Calininegrado em Janeiro de 2001 (2), cujas conclusões foram aprovadas pelo Conselho. A base jurídica do Tacis é o Regulamento n.º 99/2000 do Conselho para 2000-2006, que entrou em vigor em Janeiro de 2000. O regulamento leva em linha de conta a experiência da União Europeia na região nos últimos 11 anos. O processo de programação evoluiu, e a relação entre a CE e os países parceiros baseia-se actualmente num diálogo construtivo e não tanto em respostas a exigências dos governos parceiros. Os novos programas de acção, em particular os da Moldávia e do Quirguizistão, deram uma forte ênfase à redução da pobreza. Além disso, a gestão do Tacis sofreu uma mudança no sentido da concentração em menos projectos, mas de maior dimensão. O programa Tacis divide-se em duas categorias principais: programas nacionais e multinacionais. No (1) Tacis: assistência técnica à Comunidade de Estados Independentes, abrangendo a Arménia, o Azerbaijão, a Bielorrússia, a Geórgia, o Cazaquistão, o Quirguizistão, a Moldávia, a Mongólia, a Rússia, o Tajiquistão, o Turquemenistão, a Ucrânia e o Usbequistão. (2) COM(2001) 26, de 17 de Janeiro de 2001. Europa Oriental, Cáucaso e Ásia Central ❿ desenvolvimento de redes de infra-estruturas; Autorizações e pagamentos na região — 2001 (em milhões de euros) Autorizações Programas 2001 2000 ❿ protecção ambiental e gestão de recursos naturais; Pagamentos 2001 2000 Programas de acção nacionais (B7-5200B) Arménia 7,8 4,3 3,4 21,6 4,6 13,2 3,1 1,4 8,5 3,7 6,6 6,1 4,6 9,1 4,4 2,4 19,5 4,0 6,7 Azerbaijão Bielorrússia Geórgia 4,0 Cazaquistão 14,0 Quirguizistão Moldávia Mongólia Rússia 80,0 4,3 2,4 4,8 53,0 86,4 91,3 2,9 3,1 31,2 59,2 Tajiquistão Turquemenistão Ucrânia 63,0 63,5 10,0 6,8 11,9 189,6 168,7 159,9 208,6 Usbequistão Subtotal 23,0 22,5 Báltico (B7-5211 em 2001, B7-5370 em 2000) 6,0 5,9 Segurança nuclear (B7-524 para 2001 unicamente) 51,0 Regional + outros 101,7 plurinacionais (B7-5200B) (*) 26,1 19,4 35,8 214,3 126,2 182,0 40,0 40,4 Protecção de Chernobil (B7-536) 40,0 ATA (B7-5200A) 12,2 32,4 5,6 2,0 233,9 275,1 233,6 243,9 Subtotal Outras rubricas orçamentais Ajuda alimentar (auditoria) 1,4 Subtotal Total 1,4 423,5 443,8 395,0 452,4 (*) Para 2000 inclui a segurança nuclear. decorrer de 2001, foram elaborados documentos de estratégia que analisam a situação e enquadram a resposta da UE, para cada um dos principais programas do período 2002-2006, excepto para a Bielorrússia e os países da Ásia Central. Foram igualmente desenvolvidos programas indicativos que descrevem as prioridades da aplicação de estratégias no período 2002-2003. Para os programas nacionais, os programas indicativos relativos a cada país estabelecem duas ou três das seguintes áreas de cooperação como prioritárias: ❿ reforma institucional, legislativa e administrativa; ❿ desenvolvimento económico e do sector privado; ❿ consequências sociais da transição; Os principais programas multinacionais são os seguintes: cooperação regional; cooperação transfronteiras; cooperação do Báltico; segurança nuclear; e o instrumento de preparação de investimento da UE e do Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento. Autorizações/pagamentos 2000-2001 (em milhões de euros) 2000 2001 Total Autorização 443,8 423,5 867,3 Pagamento 452,4 395,0 847,4 Razão P/A 102,0% 93,3% 97,7% 5.2. Cooperação regional Programas de acção plurinacionais Transfronteiras (B7-5210) ❿ desenvolvimento da economia rural. Mais de metade do auxílio do Tacis é conduzido através de iniciativas multinacionais. Aqui, a atenção centra-se em três instrumentos principais: o programa de cooperação regional (auxílio à cooperação entre os novos Estados independentes), o programa de cooperação transfronteiras (auxílio aos novos Estados independentes com fronteiras com os países candidatos à UE) e o programa de segurança nuclear. 5.2.1. Programa de cooperação regional O programa de cooperação regional promove a cooperação entre os novos Estados independentes. Há três áreas prioritárias: redes, ambiente e justiça e assuntos internos. Os programas indicativos regionais 2002-2003 foram preparados e aprovados em 2001 para o programa de cooperação regional. Estes documentos propunham novas actividades em várias áreas, nomeadamente, a assistência no desenvolvimento das políticas, em conformidade com várias iniciativas ambientais internacionais (por exemplo, o Protocolo de Quioto) e também no desenvolvimento de um programa de reforma das telecomunicações. Independentemente destas intervenções propostas, o programa de cooperação regional prosseguiu o trabalho em programas de assistência mais consolidados, como o Traceca (transportes) e o Inogate (petróleo e gás). A) REDES O apoio a redes é conduzido através de dois instrumentos principais: o programa Inogate, que abrange o sector do petróleo e do gás, e o programa Traceca, que diz respeito aos transportes. Para além destes dois instrumentos principais, também pode ser dado apoio ao sector das telecomunicações. 79 © Carl Cordonnier © Joaquin Silva Rodrigues Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica Consequências do desastre ambiental no mar Aral (Nukus, Usbequistão). Projecto no domínio dos transportes Traceca: melhoramento das infra-estruturas do porto de Poti, Geórgia. trabalho já iniciado para melhorar o controlo do tráfego de gás entre os novos Estados independentes. ❿ Traceca B) O programa Traceca visa apoiar o desenvolvimento do corredor de transportes Leste-Oeste, da Europa à Ásia Central, via Cáucaso, tendo em vista possibilitar o acesso de países desta região aos mercados europeus e mundiais, bem como promover a cooperação regional. Os legisladores dos países signatários aceitaram os termos do Acordo Multilateral Traceca — a base fundamental do Traceca — inspirado nos programas Tacis e Phare (1). Seguiu-se um plano de acção pormenorizado para 2000-2001. Em Fevereiro de 2001, o Secretariado Traceca estabeleceu-se em Baku, no Azerbaijão. O programa tem seis projectos em curso, que fazem parte do programa de acção regional Tacis 1999 e que forneceram estudos do sector rodoviário no Cáucaso e previsões de tráfego entre os 12 países abrangidos pelo Traceca. Está também em execução um importante contrato de fornecimento, para a instalação de um cabo óptico ao longo das linhas ferroviárias na Arménia, Geórgia e Azerbaijão. ❿ Inogate O Inogate visa intensificar a cooperação entre produtores, transportadores/exploradores da infra-estrutura de condutas e consumidores de petróleo e gás em toda a região Tacis. Pretende-se, desta forma, promover projectos interestatais no sector do petróleo e do gás, reduzir os riscos de investimento e promover a introdução de padrões internacionais — especialmente nos domínios do ambiente e da segurança — na infra-estrutura da rede energética. Vinte e um países da Europa Oriental, do Cáucaso e da Ásia Central, bem como a Grécia e a Turquia, assinaram o acordo geral Inogate, que revaloriza os corredores de petróleo e gás Leste-Oeste em conformidade com as normas da UE e internacionais. Em 2001 foram lançados quatro novos projectos Inogate, dando continuidade ao 80 AMBIENTE O Tacis financia uma gama de iniciativas ambientais regionais, por exemplo, um projecto que visa apoiar os ministérios do Ambiente na execução dos seus planos de acção ambiental nacionais, desenvolver políticas comuns e apoiar subprojectos no domínio da reforma da política e do financiamento ambientais. Outro projecto financia a gestão de um rio transnacional em quatro bacias — abrangendo nove países — em apoio de uma convenção sobre gestão transnacional da água, das Nações Unidas/Europa Central e Oriental. O projecto ambiental para o mar Cáspio ficou concluído, com bons resultados, em 2001, com a visita de peritos locais ao mar Cáspio para controlar a presença de espécies invasoras e tóxicas. O programa ambiental comum, que reúne investimentos de diversas instituições financeiras internacionais, permitiu, em 2001, a assinatura de um empréstimo de 60 milhões de euros para a protecção da água no Cazaquistão. Também foram realizados progressos no que respeita ao enquadramento internacional «Ambiente para a Europa» («Environment for Europe»). Tanto o secretariado para a preparação do projecto, baseado no Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BERD), como o grupo de trabalho para o programa de acção ambiental, baseado na Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económico (OCDE), continuam a receber apoio. Os fundos Tacis também apoiaram organizações não governamentais (ONG) na preparação de um documento de estratégia para um desenvolvimento sustentável, a apresentar em Bruxelas, no decorrer da «Semana verde» (2). C) JUSTIÇA E ASSUNTOS INTERNOS A União Europeia presta uma atenção crescente ao apoio ao primado do direito e a uma efectiva apli- (1) Phare: Polónia e Hungria: ajuda à reestruturação económica (agora alargado à Bulgária, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Letónia, Lituânia, República Checa e Roménia). (2) A «Semana verde» é uma campanha anual, organizada pela Direcção-Geral do Ambiente da Comissão Europeia, que oferece uma plataforma de sensibilização para as políticas e actividades da UE no domínio do ambiente. cação da lei, na sua assistência aos novos Estados independentes e à Mongólia através do programa Tacis. As questões fundamentais são: a luta contra o crime organizado, em particular o tráfico de droga e o tráfico de mulheres, bem como a redução da migração ilegal na totalidade do território dos novos Estados independentes. A UE dedica também uma atenção especial à área de Calininegrado, na perspectiva da sua futura situação de «enclave» entre Estados-Membros da UE. O Tacis procura também oferecer um apoio sistemático a uma melhor gestão das fronteiras. Foram propostas quatro novas iniciativas a título do programa regional para 2001: gestão de fronteiras entre a Bielorrússia e a Rússia; luta contra o tráfico de mulheres na Federação da Rússia; luta contra o crime organizado em Calininegrado; luta contra o tráfico de drogas nos novos Estados independentes ocidentais e no Cáucaso. 5.2.2. Cooperação transfronteiras © ARUP O programa de cooperação transfronteiras foi concebido para prestar apoio aos novos Estados independentes que têm fronteiras com a UE ou com países candidatos, segundo três vertentes principais: o desenvolvimento económico (especificamente as PME), o ambiente e a travessia das fronteiras. Este apoio destina-se a complementar o apoio prestado através dos programas Tacis nacionais — os dados referentes a sectores individualizados encontram-se mais adiante, no presente relatório. Em 2001, o principal enfoque, nesta área, foi na abertura ao tráfego de um importante número de postos de fronteira, iniciada no quadro de programas anteriores. Além disso, o projecto de desenvolvimento económico transfronteiras em Uzghorod, nas fronteiras da Ucrânia, da Hungria e da Eslováquia, registou nítidos progressos. Trata-se do primeiro grande projecto de desenvolvimento económico transfronteiras a ser financiado ao abrigo do Tacis e gerou ensinamentos preciosos para alguns projectos a iniciar na Moldávia e na Ucrânia. O programa de cooperação transfronteiras tem estado particularmente activo na fronteira entre a Finlândia e a Rússia. Em Novembro de 2001, teve lugar em São Petersburgo um seminário com o objectivo de ajudar a incrementar a participação da Ucrânia, da Bielorrússia e da Moldávia. Espera-se que daí resulte a constituição de comissões transfronteiras entre países vizinhos. © Joaquin Silva Rodrigues Europa Oriental, Cáucaso e Ásia Central Fronteira Tajiquistão/Usbequistão. Posto de fronteira na estrada Kamenny Log (Bielorrússia)-Medininkai (Lituânia) O posto fronteiriço em Kamenny Log, na Bielorrússia, localiza-se no corredor entre Minsk e Vilnius. Vai facilitar o movimento comercial ao longo da importante rota de Calininegrado, passando por Vilnius e Minsk em direcção a Moscovo, bem como a ligação dos portos do Báltico com a Rússia. Após a independência da Bielorrússia e da Lituânia, foi sentida a necessidade de estabelecer um posto de fronteira externo. A execução de controlos foi considerada premente, uma vez que a Lituânia não faz parte da Comunidade de Estados Independentes nem da união aduaneira com a Rússia. Constitui, portanto, um importante interface entre a Europa Oriental, o Cáucaso, a Ásia Central e a União Europeia em expansão. A construção do posto foi subvencionada com 1,34 milhões de euros a título do Tacis, e a aquisição de equipamento destinado a três postos de fronteira na Bielorrússia receberá uma subvenção de 1,12 milhões de euros. A obra financiada pelo Tacis foi iniciada em Janeiro de 2001 e concluída no final de Dezembro do mesmo ano. As entregas de equipamento nas instalações estarão concluídas em Abril de 2002. Passagem da fronteira em Kamenny Log, Bielorrússia. 81 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica 5.2.3. Segurança nuclear A UE contribuiu de forma muito significativa para a resolução dos problemas relacionados com o encerramento da central nuclear de Chernobil através do novo projecto do complexo industrial para tratamento de resíduos sólidos radioactivos e da segunda contribuição, de 100 milhões de euros, para o Fundo de Protecção de Chernobil, gerido pelo Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento. Deu-se particular importância ao aumento da segurança operacional através da «assistência no local», que é fornecida, numa base de continuidade, por operadores da UE em 14 instalações nos novos Estados independentes. A assistência no local visa melhorar o nível da segurança na concepção, as condições de operação e de vigilância e a organização da segurança operacional. As autoridades reguladoras independentes estão a ser reforçadas através da assistência técnica e financeira da UE, e uma grande parte do necessário quadro jurídico já foi estabelecido. A cultura global de segurança está a ser melhorada através de um diálogo mais formal e regular entre os operadores das centrais e as autoridades reguladoras (a chamada abordagem «2+2»). As centrais nucleares estão a ser modernizadas com o fornecimento de equipamento (um sistema de limpeza do condensador para a central nuclear de Balakovo, equipamento de ensaio não destrutivo para várias outras centrais, um sistema de controlo do nível do gerador de vapor para a central do sul da Ucrânia, etc.). Estão em curso 91 projectos de assistência geral, 17 contratos de agentes públicos de aquisições para fornecimento de equipamento e três contribuições para o Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento destinadas ao Fundo de Protecção de Chernobil. No âmbito do programa anual de 2001, foram identificados 18 novos projectos que contribuem para o objectivo de melhoria da cultura de segurança nuclear na Rússia, na Ucrânia e noutros países da CEI. 82 © Serge Vadé Com o intuito de promover a implantação de um sistema de salvaguardas fidedigno na Rússia, a Comissão Europeia está a dar apoio ao Centro de Metodologia e Formação de Obninsk na formação de operadores e inspectores, além de fornecer assistência técnica aos operadores russos. Por seu lado, o Centro Siberiano de Metodologia e Formação dos Urais, em Snezhinsk, oferece formação e serviços a operadores e inspectores implicados na fase final do ciclo do combustível. A Comissão coopera não só com o Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento, mas também com a Agência Internacional de Energia Atómica, cujas actividades no sentido de melhorar a segurança nuclear nos novos Estados independentes são actualmente canalizadas através do seu programa de cooperação técnica e do grupo de contacto de peritos para o noroeste da Rússia. Também foram dados passos importantes para acelerar o ritmo de execução dos compromissos constantes no programa de segurança nuclear. Houve um aumento do número de efectivos a trabalhar nestas questões, e a equipa dispõe agora de recursos suficientes para enfrentar os quatro principais desafios: assistência no local; segurança na concepção e capacidade de resposta pronta a emergências no exterior; resíduos nucleares e salvaguardas; e autoridades reguladoras e organizações de segurança técnica. Garantir o nível de segurança aceitável das modificações nas centrais: a abordagem «2+2» Os detentores de licença são inteiramente responsáveis pela segurança das suas centrais e pelo respectivo impacte ambiental. Os organismos reguladores inspeccionam e avaliam todas as instalações nucleares para verificar o cumprimento dos regulamentos e dos termos da licença. Se, por um lado, o programa de segurança nuclear Tacis contribui directamente para a melhoria das instalações nucleares nos novos Estados independentes, por outro lado, promove a transferência directa das melhores práticas em matéria de segurança da Europa Ocidental para os detentores de licença e as autoridades reguladoras. Mais especificamente, resolve a difícil questão de estabelecer um interface entre esses dois organismos durante o licencia- Central nuclear de Chernobil: uma das torres de arrefecimento que estava em construção na altura do acidente e que se encontra actualmente encerrada. Europa Oriental, Cáucaso e Ásia Central mento de intervenções para melhoramento das centrais nucleares. Para esse fim, a chamada abordagem «2+2» prevê um esquema de cooperação conjugado, por um lado, entre a UE e as centrais nucleares dos novos Estados independentes e, por outro lado, entre a UE e as autoridades reguladoras e organizações de peritos desses Estados. Para além de melhorar as práticas de licenciamento nos NEI, esta abordagem integrada ajuda a garantir que as modificações, financiadas pela CE, operadas nas centrais melhoram de facto a sua segurança e estão em conformidade com as normas e práticas da Europa Ocidental. Cooperação — Autorizações em 2001 (em milhões de euros) Cooperação regional Montante Cooperação regional 38,0 Cooperação transfronteiras 23,0 dos portos de mar russos, que conseguiram introduzir os requisitos ocidentais nos respectivos domínios. Entre os grandes projectos iniciados em 2001 incluem-se a reestruturação dos caminhos-de-ferro da Moldávia, o desenvolvimento portuário de Calininegrado e os projectos de gestão rodoviária do noroeste russo. Os caminhos-de-ferro da Moldávia O projecto relativo aos caminhos-de-ferro moldavos tem por objectivo revitalizar o sistema ferroviário do país e promover a sua competitividade. O projecto oferece apoio mediante consultoria e formação destinadas às autoridades e à companhia dos caminhos-de-ferro moldavas, dedicando particular atenção ao desenvolvimento e execução de um plano de reestruturação. Os portos de Calininegrado Cooperação do Báltico 6,0 Instrumento de preparação do investimento UE/BERD 15,4 Segurança nuclear 51,0 Fundo de Protecção de Chernobil 40,0 CICT/STCU 25,0 Diversos 21,8 Total 220,2 5.3. Transportes e infra-estruturas Os portos de Calininegrado são os únicos do noroeste da Rússia que não gelam e ganharam importância devido à iminente adesão da Polónia e Lituânia à União Europeia. O projecto de desenvolvimento do porto de Calininegrado, iniciado em Fevereiro de 2001, está concebido para facilitar as trocas comerciais e o investimento entre Estados-Membros da UE e a Federação da Rússia, ao reforçar a eficiência e revalorizar a capacidade física e técnica do canal e dos portos de Calininegrado. Especificamente, este projecto promove as oportunidades para joint venture, bancos privados e agências internacionais de financiamento investirem no melhoramento das infra-estruturas e do equipamento de manipulação de cargas. Além disso, oferece formação para gestão em marketing comercial a funcionários superiores da autoridade portuária e das empresas que operam no porto. 5.3.1. Transportes O apoio ao sector dos transportes é prestado através do programa de cooperação regional (ver acima) e dos programas de acção nacionais. O objectivo dos projectos no domínio dos transportes é o de a modernizar o conjunto do sistema e adequá-lo a uma economia de mercado moderna. Em 2001, estavam em curso dezasseis projectos neste sector. Esses projectos envolviam mais de 400 peritos europeus, dos quais 30 com residência permanente nos países parceiros. A dimensão das infra-estruturas de transporte herdadas da era soviética excede as necessidades actuais e a curto prazo. Não há, portanto, necessidade de grandes investimentos, embora seja necessária alguma assistência para manter uma utilização eficiente das infra-estruturas existentes. O sistema de transportes ainda é dominado pelo caminho-de-ferro, que movimenta mais de 80% do transporte de mercadorias por via terrestre (em contraste com os 20% da UE). Com o intuito de melhorar a flexibilidade do sistema, o Tacis tem promovido projectos de transporte multimodal, apoiando o crescimento do transporte rodoviário, desmembrando grandes empresas de transporte e transferindo experiência e conhecimentos de gestão para os países parceiros. Também tem sido prestado apoio à criação de quadros jurídicos e disposições institucionais modernos. Entre os projectos concluídos em 2001, incluem-se o da segurança dos transportes rodoviários e o da segurança 5.3.2. Infra-estruturas CONSTRUÇÃO/MANUTENÇÃO As principais actividades no sector das infra-estruturas, no que diz respeito aos contratos de empreitadas são financiadas a título do programa Tacis de cooperação transfronteiras (ver também o ponto 2.2 deste capítulo). Durante o ano de 2001, finalizou-se a construção de quatro postos de fronteira financiados pelo Tacis em Salla e Svetogorsk, na Rússia, em Kamenny Log, na Bielorrússia, e em Leushen, na Moldávia. No mesmo ano, iniciaram-se dois contratos de obras para os acessos rodoviários e para a ponte sobre o rio Bug, na fronteira entre a Ucrânia e a Polónia, que ficarão prontos em 2002. Foram lançados concursos públicos para contratos de empreitadas relativos a uma estação ferroviária de fronteira em Ivangorod, na Rússia, ao posto de fronteira em Bagrationovsk e à demarcação de 650 quilómetros de fronteira entre a Bielorrússia e a Lituânia. Foram igualmente lançados concursos para um total de 30 contratos de fornecimento de equipamento (16 na Rússia, 4 na Bielorrússia, 6 na Ucrânia e 4 na Moldávia). SECTOR ENERGÉTICO Em 2001, prosseguiu a execução de oito importantes projectos no sector energético na Ucrânia, na Ásia Cen- 83 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica © Carl Cordonnier 5.4. Segurança alimentar e desenvolvimento rural Talho em Karakol — Projecto integrado de produção alimentar no Quirguizistão. A informação sobre todos os projectos completados em 2001 foi amplamente divulgada, a fim de poder ser utilizada em toda a região. tral e no Cáucaso. Três desses projectos incidiam sobre a reorganização do sector do petróleo e do gás e outros três destinavam-se à promoção do conceito de eficiência energética na Ucrânia. Os dois restantes apoiavam a reforma estrutural do mercado da energia no Cáucaso. Foram executados onze projectos no sector energético russo, dos quais cinco prosseguirão em 2002. Nos restantes novos Estados independentes foram lançados 17 projectos, abrangendo todas as facetas do desenvolvimento rural: melhoria da produção agrícola (agropecuária); indústria transformadora agrícola; comercialização/distribuição de produtos agrícolas; privatização/registo de propriedade fundiária; melhoria da produção/multiplicação de sementes; desenvolvimento de associações agrícolas e cooperativas; sistema de crédito rural; qualidade/segurança alimentar; utilização da água/irrigação na agricultura. Transportes e infra-estruturas — Autorizações em 2001 (em milhões de euros) Transportes e infra-estruturas País Transportes Quirguizistão 1,2 Ambiente Cazaquistão 2,0 Energia Ucrânia Programa de abastecimento de produtos agrícolas UE-Rússia Montante O Regulamento (CE) n.° 2802/1998 do Conselho, de 17 de Dezembro de 1998, mandatava a CE para proceder à entrega de produtos agrícolas à Federação da Rússia. Este programa constituiu a maior entrega de produtos alimentares jamais levada a cabo pela CE na região (cerca de 1,85 milhões de toneladas, destinados a mais de 50 regiões), com uma despesa orçamental de 400 milhões de euros. 20,0 Total Em 2001, o Tacis apoiou 12 projectos, ainda em curso, no sector agroalimentar russo. Dois desses projectos visam promover a cooperação agrícola (produção, indústria de transformação e cooperativas de crédito) em três regiões-piloto. Um terceiro visa promover a reforma através da formação e educação no domínio agrícola. O Tacis também dedicou atenção à questão da qualidade alimentar através de um projecto respeitante a determinados produtos alimentares, executado em várias regiões. Há ainda dois projectos relativos a reestruturação de explorações agrícolas (em Astracã e nos Urais), um outro relacionado com centros de aconselhamento agrícola na Rússia meridional e outro ainda, a nível federal, que forneceu orientação ao Ministério da Agricultura e da Alimentação na promoção de novas políticas. 23,2 © Carl Cordonnier A entrega foi concluída em Abril de 2000, e a quase totalidade dos produtos agrícolas foi vendida a preços que reflectiam o valor de mercado. As receitas destas vendas foram depositadas numa conta especial no Ministério das Finanças russo. O objectivo era a utilização desses fundos para saldar as pensões em atraso (80%) e apoiar os ministérios da Saúde e do Trabalho (20%). O ano de 2001 foi dedicado à gestão da conta especial. Para além da natureza complexa do programa de abastecimento de produtos agrícolas, foram encontradas dificuldades no que diz respeito à recolha e utilização de co-financiamentos. 84 Fábrica de transformação de produtos lácteos na associação dos criadores de gado, Osh (Quirguizistão). Em conformidade com o disposto no regulamento do Conselho, a Comissão encomendou uma auditoria externa do programa. As conclusões dessa auditoria serão entregues no início de 2002. Europa Oriental, Cáucaso e Ásia Central Desenvolvimento de políticas, formação e apoio à gestão das empresas agrícolas de produção vegetal Este projecto decorreu entre Fevereiro de 1999 e Novembro de 2001. Foi concebido para melhorar a produção vegetal na Mongólia através de uma série de demonstrações práticas respeitantes, por exemplo, ao uso correcto de fertilizantes, à multiplicação de sementes, à melhoria das técnicas de irrigação, ao trabalho superficial do solo ou ao pousio químico. Este projecto demonstrou que era possível alcançar melhorias significativas e quantificáveis quer na qualidade, quer na quantidade das colheitas, com um dispêndio mínimo de capital. Os resultados destas demonstrações foram amplamente divulgados através de jornadas de acolhimento e informação nas explorações agrícolas e de uma cobertura regular do projecto pelos meios de comunicação social locais e nacionais. Este projecto criou cinco centros de aconselhamento agrícola, que oferecem uma vasta gama de conselhos e informações a toda a comunidade agrícola. 5.5. Reforço das instituições As actividades de reforço das instituições estão na base de todo o auxílio Tacis. Estas actividades apoiam o desenvolvimento de instituições públicas transparentes, responsáveis e eficazes. O auxílio Tacis inclui o aconselhamento em matéria de reforma administrativa, a cada um dos ministérios, o aconselhamento na elaboração de legislação moderna — compatível, sempre que apropriado, com as normas da UE — e o apoio à reforma do poder judicial. Vale a pena sublinhar, também, que o programa de parcerias Tacis para o reforço das instituições, recentemente criado, apoia três tipos principais de cooperação em parceria: entre os ministérios da administração central e as agências; entre as autarquias locais e a administração regional; e entre as ONG. No quadro das parcerias, funcionários dos Estados-Membros da UE são destacados para trabalhar directamente na instituição beneficiária, por exemplo, para ajudar a preparar legislação nova, reformar estruturas institucionais, dar formação sobre software de sistemas, bem como outra formação, directamente no terreno ou no Estado-Membro. Em 2001, foram executados trinta projectos de reforço das instituições com uma perspectiva ambiental. Grande parte concentrava-se no desenvolvimento institucional da administração central e local. Houve também dois grandes projectos co-financiados, um em São Petersburgo, na Rússia, concebido para reduzir a poluição no Báltico, e outro na região do mar Negro, com o objectivo de melhorar a qualidade da água, o turismo e a saúde pública em duas cidades costeiras ucranianas. No mesmo ano, foi lançado investimento adicional de apoio aos serviços municipais. No que diz respeito ao desenvolvimento económico, a reforma ainda é necessária em algumas áreas funda- © Christophe Masson O Ministério da Agricultura ofereceu o seu apoio activo ao longo de todo o projecto, e o Governo já executou grande parte das recomendações do programa. Mercado de Samarcanda. mentais, incluindo quadros jurídicos para o sector privado, políticas comerciais e de investimento, a tributação e o acesso ao financiamento. Os projectos e programas Tacis visavam tratar estes problemas quer ao nível das bases (o desenvolvimento de pequenas e médias empresas — PME) quer ao nível institucional. Reforço das instituições — Autorizações em 2001 (em milhões de euros) País Montante Geórgia 3,0 Cazaquistão 9,0 Quirguizistão 4,7 Moldávia 9,7 Rússia 45 Ucrânia 20,5 Total 91,9 5.6. Políticas macroeconómicas Apoiar a reforma económica e desenvolver o sector privado é um objectivo central do programa Tacis. Em 2001, a estratégia da UE continuou a centrar-se no estímulo ao crescimento empresarial, prosseguindo o apoio às novas instituições da economia de mercado. Tem-se procurado activamente a cooperação com outros organismos internacionais e a manutenção de relações fortes com parceiros locais. 85 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica pequenas empresas na Rússia — caracterizaram esta tendência. Através da sua contribuição para a reforma legislativa e política e, simultaneamente, para o reforço da actividade empresarial, os projectos da UE assumiram uma importância vital na Federação da Rússia e em todos os novos Estados independentes. © Carl Cordonnier Durante a primeira fase do programa de formação de gestores (PFG), o programa de estágios para gestores dos novos Estados independentes permitiu a realização, em 2001, de 440 estágios em empresas da UE, com uma duração máxima de três meses. No mesmo ano, foram contratados mais 9,1 milhões de euros para o PFG. Impacto social das privatizações: apoio a um centro de acolhimento de mulheres e crianças com problemas familiares, de trabalho ou relacionados com o álcool, Tekeli (Cazaquistão). Este projecto visava dinamizar cinco cidades de regiões mineiras seleccionadas com o intuito de as transformar em motores de desenvolvimento urbano e regional. Apoiou a acção das novas administrações municipais em cidades mineiras afectadas pela reestruturação industrial. As actividades incluíram o apoio ao desenvolvimento de estratégias económicas, o desenvolvimento de estratégias e de meios para atrair o investimento para essas áreas, o desenvolvimento da aptidão técnica local através da formação, o apoio à infra-estrutura de PME, o desenvolvimento de fundos de microcrédito e a preparação de uma estratégia de difusão para envolver todas as localidades mineiras. Levou-se a cabo uma série de iniciativas «porta-estandarte» em cada localidade, destinadas a funcionar como referência para uma série de actividades de regeneração económica. O processo de desenvolvimento do planeamento municipal teve — e © Joaquin Silva Rodrigues Entre os desafios que se colocam ao Tacis, continua a destacar-se o actual ambiente regulamentar, o acesso inadequado ao financiamento e investimento e a deficiente qualidade das práticas empresariais. Os programas europeus concentraram-se nestas áreas problemáticas, com quase 200 projectos num orçamento total de cerca de 300 milhões de euros. Projectos como o apoio à reforma contabilística no Azerbaijão e o apoio à integração na OMC — bem como o apoio ao desenvolvimento de uma cultura de MERIT 1 — Apoio a cidades de monoactividade económica e, em particular, desenvolvimento de cidades mineiras na Federação da Rússia 86 Mulheres no mercado (vale do Ferghana, Usbequistão). © Joaquin Silva Rodrigues Europa Oriental, Cáucaso e Ásia Central Escola em Khatlon (Tajiquistão). continuará a ter, após o Tacis — um carácter «participativo» em todas as localidades, isto é, tem em conta os pontos de vista da comunidade alargada, incluindo os representantes da autoridade local e os sectores empresarial e social. Assistência macroeconómica — Autorizações em 2001 (em milhões de euros) País Montante Geórgia 1,0 Cazaquistão 2,5 Quirguizistão 2,8 Moldávia 3,0 Rússia 22,0 Ucrânia 13,0 Total 44,3 5.7. Saúde e educação 5.7.1. Saúde A degradação da prestação de cuidados de saúde na Europa Central e Oriental contribuiu para uma queda da esperança média de vida, em muitos casos dramática. Por exemplo, ao longo da última década, a esperança média de vida na Rússia caiu de 68 para 58 anos. Um elevado número de doenças que estavam controladas ou tinham sido erradicadas reemergiram e estão a disseminar-se, por exemplo, a difteria, a cólera e a tuberculose. A sida também está a progredir de forma descontrolada. A Comissão Europeia aborda as questões da saúde, em particular, no seu programa de assistência ao Usbequistão. O quadro a seguir oferece uma síntese das acções do Tacis no sector da saúde em 2001. Entre outros, estão em preparação os seguintes projectos: «Prevenção e controlo da tuberculose (cidade de Kiev)», na Ucrânia (2 milhões de euros); «Apoio aos cuidados de saúde primários integrados na região de Kakheti», na Geórgia (5 a 7 milhões de euros); e «Saúde regional no Usbequistão» (2 milhões de euros). 5.7.2. Educação O principal instrumento do apoio Tacis ao sector da educação é o programa Tempus (1). O objectivo deste (1) O Tempus visa apoiar a reforma do sistema de ensino superior na Europa Central e Oriental e abrange a Arménia, Azerbaijão, Bielorrússia, Geórgia, Mongólia, Rússia, Ucrânia e Usbequistão. 87 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica programa é apoiar a reforma e a reestruturação dos sistemas de ensino superior nos novos Estados independentes e ajudar a adaptá-los às novas necessidades socioeconómicas. O Tempus tem três vectores principais: os «projectos europeus conjuntos», os «projectos de redes» e as «bolsas individuais para a mobilidade». Desenvolvimento social – Autorizações em 2001 (em milhões de euros) País Montante Cazaquistão 1,0 Quirguizistão 0,9 Moldávia 6,8 Rússia 23,0 Ucrânia 5.8.2. Actividades das ONG O desenvolvimento da sociedade civil é outra componente fundamental do programa Tacis, sobretudo no que diz respeito ao apoio à reforma institucional, legislativa e administrativa. 13,5 Total 45,2 5.8. Questões transversais 5.8.1. Iniciativa Europeia para a Democracia e os Direitos do Homem Em 2001, a Iniciativa Europeia para a Democracia e a os Direitos do Homem (IEDDH) realizou projectos na Europa Oriental, Cáucaso e Ásia Central num montante superior a 7,5 milhões de euros. A IEDDH atribuiu 2,6 milhões de euros a um projecto destinado à promoção e defesa dos direitos humanos e das liberdades fundamentais na Federação da Rússia. O objectivo deste projecto era o reforço e a protecção dos direitos humanos, no quadro de um programa de acompanhamento nas 89 regiões da Rússia e em especial o norte do Cáucaso. Na Geórgia, a IEDDH implantou um projecto para a reabilitação de sobreviventes da tortura e para a prevenção da tortura no futuro. A IEDDH disponibilizou 3 milhões de euros para o apoio ao processo de democratização e o reforço da boa governação. Na Bielorrússia, um projecto conjunto com a Organização de Segurança e Cooperação na Europa, iniciado em 1999, aumentou os conhecimentos dos jovens em matéria de direitos humanos. Na Rússia, um programa conjunto com o Conselho da Europa tem vindo a reforçar a boa governação e a protecção dos direitos humanos. Na Ucrânia, um programa conjunto com o Conselho da Europa visa reforçar a estabilidade democrática e a prevenção de conflitos. A Moldávia adoptou um conjunto importante de normas europeias em matéria de governação, direitos humanos e tratamento humanitário de reclusos. 88 Conselho da Europa, em particular no que respeita ao estabelecimento de sociedades democráticas baseadas na boa gestão pública, na tolerância e no respeito dos direitos do Homem. Outro projecto conjunto visava lutar contra a corrupção e o crime organizado e reforçar as medidas de redução de conflitos e a promoção da boa governação. Pela primeira vez em 2001, a IEDDH participou na prevenção de conflitos e no reforço do respeito pelos direitos do homem no Cáucaso. O apoio à prevenção de conflitos e à promoção da paz é uma das grandes prioridades da IEDDH. Em 2001, a UE trabalhou com o Conselho da Europa num programa para apoiar a Arménia, o Azerbaijão e a Geórgia no processo de integração destes países no Em Novembro de 1999, foi aprovado em Minsk um programa especial para o desenvolvimento da sociedade civil da Bielorrússia. A sua execução arrancou no início de 2001. Estão em curso 24 projectos de ONG, cinco projectos para a comunicação social e um projecto institucional de geminação. As propostas finais para o programa Tacis LIEN (que promove parcerias entre ONG) foram apresentadas na Primavera de 2001. Foram seleccionados vinte projectos, actualmente em execução. O montante total do programa é de 3,2 milhões de euros. O programa Tacis de geminação de cidades tem em curso 35 projectos (orçamento total de 3,5 milhões de euros), que serão concluídos em 2002. Os programas LIEN e de geminação de cidades foram substituídos pelo programa de parceria de reforço das instituições/apoio à sociedade civil e às iniciativas locais. O novo programa dirige-se às ONG, às autoridades locais e regionais e a associações profissionais. Apoia um processo de reforço das instituições através de uma parceria de cooperação entre a UE e os novos Estados independentes ao nível de base. Em Dezembro de 2001 foi lançado um convite à apresentação de propostas, e a execução do projecto deverá iniciar-se no Outono de 2002. O orçamento total para este programa é de 15 milhões de euros ao longo de dois anos. «Assistência de ONG a pessoas com deficiências» e «Criação de um centro de consultas para crianças incapacitadas» Este projecto foi desenvolvido pelas ONG bielorrussas para melhorar a sua capacidade de auxílio a pessoas com deficiências. O objectivo é o desenvolvimento da cooperação entre as ONG e os centros de emprego, tendo em vista a criação de oportunidades de trabalho para os deficientes, a revisão da legislação existente e a proposta de novas regras para facilitar o emprego de pessoas com deficiências. As instalações para o gabinete do projecto foram disponibilizadas gratuitamente pelo Ministério do Trabalho. Este facto constitui um sinal importante por parte das autoridades nacionais. Espera-se que o projecto produza resultados positivos e sustentáveis, como exemplo de assistência das ONG e de colaboração com o Governo da Bielorrússia. Europa Oriental, Cáucaso e Ásia Central 5.9. Coerência com outras políticas Por exemplo, uma vez que a assistência Tacis aos novos Estados independentes ocidentais integra, geralmente, num quadro mais vasto de apoio da Comunidade aos países candidatos à integração, através do Phare e do Interreg (1), é também essencial assegurar uma melhor coordenação entre o Tacis, o Phare e o Interreg. Em Abril de 2001, a Comissão produziu um guia prático relativo à aproximação entre Interreg e Tacis (2), num primeiro passo para a coordenação destes dois instrumentos. Em segundo lugar, a Comissão Europeia está a envidar esforços para assegurar a complementaridade do programa Tacis relativamente ao apoio fornecido a estes países através de outros instrumentos da CE — por exemplo, os programas para a Moldávia e o Quirguizistão desenvolvidos em 2001 contêm elementos ligados a projectos levados a cabo através do programa de segurança alimentar da CE. Da mesma forma, as actividades do Tacis na esfera do sector privado e do desenvolvimento económico procuram criar um clima favorável, compatível com as condições estipuladas nos termos da assistência macroeconómica da CE (ver ponto 5.6). 5.10. Cooperação com outros doadores A coordenação continuada e a complementaridade com as actividades de outros doadores, em particular os Estados-Membros da UE, são uma prioridade estratégica fundamental do Tacis. Uma maior coordenação a nível de país é um resultado directo do aprofundamento das relações entre as delegações da CE e as representações dos Estados-Membros em países parceiros. Os novos programas são preparados em consulta aprofundada com outros doadores e através dos processos formais de aprovação da Comissão (por exemplo, o Comité de Gestão do Tacis). As relações com organizações exteriores à UE — em particular o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional — têm sido reforçadas por uma cooperação continuada, sobretudo em áreas como a da execução do DERP e, no Quirguizistão, do quadro geral de desenvolvimento. © ECHO/P. Taylor A coerência com outras políticas assume duas formas. Em primeiro lugar, a Comissão Europeia coordena cuidadosamente as propostas de actividades de assistência Tacis com as direcções-gerais da Comissão responsáveis por todas as outras políticas sectoriais da UE pertinentes, incluindo o ambiente, a energia, os transportes, a justiça e assuntos internos, a concorrência, o comércio, o emprego e a política regional. Alimentação terapêutica das crianças — Acção contra a fome, Kurgan Tube, região de Khatlon (Tajiquistão). 5.11. ECHO A generalidade da situação humanitária nos NEI não melhorou significativamente em 2001. É evidente que as causas da difícil situação humanitária em que se encontram os estratos mais vulneráveis da sociedade nos NEI são de natureza estrutural. Exigem uma abordagem mais sustentável, de longo prazo, e portanto ultrapassam os limites do mandato do ECHO. Todavia, tendo em consideração certos atrasos na transferência de actividades para instrumentos da Comissão mais apropriados do que o ECHO, o Serviço de Ajuda Humanitária prosseguiu a sua assistência, se bem que num grau reduzido. O objectivo era aliviar a situação precária dos grupos mais vulneráveis, como o das crianças em instituições, dos idosos que vivem sozinhos, das pessoas com deficiências e das famílias numerosas em situação de risco. Em 2001, o ECHO prosseguiu e praticamente concluiu a sua retirada progressiva da Bielorrússia, da Moldávia e da Ucrânia bem como do sul do Cáucaso (Azerbaijão, Geórgia e Arménia). Da mesma forma, no Tajiquistão os financiamentos a título do plano global foram reduzidos (para 10 milhões de euros), tendo sido dada prioridade aos sectores alimentar, sanitário e da água e saneamento básico. No entanto, em resposta à segunda seca grave consecutiva que afectou o país, foi decidido um reforço de emergência no montante de 2 milhões de euros, para financiar programas de segurança alimentar de pequena escala, em benefício da população rural mais vulnerável. O ECHO prossegue a sua retirada progressiva do país (que deverá estar (1) O Interreg é uma iniciativa da CE financiada pelos fundos estruturais, que promove a cooperação inter-regional nas zonas de fronteiras (internas) da UE. (2) Ver: http://europa.eu.int/comm/regional_policy/Interreg3/doc/docu_en.htm. 89 © ECHO Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica Campo de refugiados chechenos na Inguchia. concluída no final de 2003). A cooperação estreita com outros serviços da Comissão tem permitido uma transição serena da ajuda de emergência (até aqui financiada pelo ECHO) para as actividades de reabilitação e desenvolvimento (apoiadas por instrumentos da Comissão mais apropriados e pelos Estados-Membros), visando suprir as necessidades a mais longo prazo. A atenção especial que a comunidade internacional dedica à Ásia Central, relacionada com a crise afegã, parece estar a actuar como um catalisador no que diz respeito a este último aspecto. 90 Na Federação da Rússia, o ECHO continua activo no norte do Cáucaso, cobrindo as significativas necessidades humanitárias da população afectada por este segundo conflito na Chechénia (40,35 milhões de euros). O conflito eclodiu em finais de 1999 e ainda não está à vista uma solução política. As hostilidades armadas na Chechénia provocaram grandes deslocações de pessoas na região do norte do Cáucaso, sobretudo da Chechénia para a vizinha Ingúchia (que acolheu cerca de 150 000 deslocados). No entanto, os esforços da comunidade humanitária internacional para ajudar a suprir essas necessidades têm sido geralmente frustrados pelas condições de trabalho extremamente difíceis, em particular devido à existência de um sistema de acesso à Chechénia aleatório e opaco e à impossibilidade de as ONG utilizarem a comunicação rádio VHF (fundamental para a segurança do pessoal humanitário). A assistência ECHO beneficiou cerca de 400 000 civis, vítimas do conflito, provendo ajuda alimentar básica, melhorando as condições em termos de água e saneamento nos campos de deslocados e em campos espontâneos na Ingúchia e as condições da população residente em Grozni, a capital chechena. Além disso, 40 000 deslocados a viver em campos na Ingúchia e na Chechénia beneficiaram de cuidados de saúde primários assegurados por parceiros do ECHO. Deslocados, repatriados e residentes em todo o norte do Cáucaso puderam contar com actividades de protecção financiadas pelo ECHO, nomeadamente aconselhamento jurídico. A coordenação da assistência humanitária internacional também foi apoiada. Ainda em 2001, o ECHO atribuiu 1,03 milhões de euros à resposta a necessidades humanitárias criadas por um Inverno desastroso, que afectou uma grande parte da população rural da Mongólia. Foram financiadas operações de ajuda a 40 mil pessoas, entre as mais vulneráveis, com alimentos básicos e produtos intermédios para a agricultura. ECHO: Decisões financeiras — 2001 (em milhões de euros) País/sub-região Montante Bielorrússia, Moldávia, Ucrânia 1,900 Mongólia 1,030 Federação da Rússia (crise da Chechénia) Arménia, Geórgia 40,350 3,150 Tajiquistão 12,000 Total 58,430 5.12. Controlo de resultados Em 2001, todos os projectos Tacis nacionais e regionais foram sujeitos a missões de acompanhamento regulares, levadas a cabo por observadores externos. O seu desempenho foi considerado entre médio e bom, com maior tendência para esta última classificação nos projectos concluídos em 2001. As equipas de acompanhamento do Tacis operaram a partir de quatro gabinetes, em Moscovo, Kiev, Almaty e Tbilissi, tendo a maior parte do trabalho de acompanhamento sido realizado por especialistas residentes a longo prazo. No final de 2001, o acompanhamento do Tacis foi integrado no sistema global de acompanhamento. © Joaquin Silva Rodrigues Europa Oriental, Cáucaso e Ásia Central Vale do Ferghana (Quirguizistão). 5.13. Conclusões e perspectivas O programa Tacis é hoje um actor solidamente estabelecido na Europa, no Cáucaso e na Ásia Central e adapta-se gradualmente às novas necessidades dos seus parceiros, numa altura em que o processo de transição chega ao fim e é substituído por novos desafios. Actualmente, o Tacis tem em conta as diferenças crescentes entre os diversos países parceiros, assegurando, ao mesmo tempo, que as intervenções regionais são adequadamente dirigidas às verdadeiras necessidades regionais. Nos termos do novo regulamento do Tacis, o programa continuará a ser executado nas áreas onde tem o melhor historial de eficácia. Assim sendo, concentrar-se-á, fundamentalmente, no apoio à reforma institucional, legislativa e administrativa, retirando-se progressivamente das actividades no domínio do desenvolvimento rural. Com o evoluir do processo de alargamento, a assistência da CE concentrar-se-á nas questões regionais e transfronteiras entre os novos Estados independentes ocidentais e os países prestes a integrar a União Europeia. 91 6. Mediterrâneo do Sul, Próximo e Médio Oriente © Annie Martinez Alonso Sete anos depois do seu lançamento — num contexto de instabilidade regional marcado pelo agravamento do conflito no Próximo Oriente —, é conveniente reafirmar a importância estratégica da parceria euromediterrânica inaugurada em 1995 em Barcelona pelos 15 Estados-Membros da União Europeia e pelos 12 países parceiros mediterrânicos. O modelo de cooperação criado ultrapassa, hoje em dia, em larga medida, o simples quadro económico e tem por objectivo criar as condições para uma estabilidade regional duradoura prévia, indispensável a qualquer tentativa de prosperidade comum da zona mediterrânica. Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica Em 2001, a parceria euromediterrânica é um processo que chegou à maturidade. Tornou-se o único quadro regional de diálogo, assim como um conceito único de desenvolvimento evolutivo e global que permite a aplicação de políticas e estratégias comuns na zona mediterrânica. Presentemente, os acordos euromediterrânicos de associação concluídos ou em negociação com nove países parceiros representam, a nível bilateral, o quadro de cooperação privilegiado com a UE. A conclusão desses acordos contribui igualmente, a nível regional, para reforçar as relações entre os países parceiros. A este propósito, convém mencionar, a título exemplificativo, a conclusão dos acordos sub-regionais de comércio livre, tal como o processo de Agadir, entre Marrocos, a Tunísia, o Egipto e a Jordânia, que ilustra a vontade de abertura económica recíproca desses quatro países do Magrebe e do Machereque. 6.1. Introdução Lançada na Conferência de Barcelona, em 1995, a parceria euromediterrânica constitui o quadro de cooperação privilegiada entre a União Europeia e os países parceiros mediterrânicos. Nela se acolhem todas as acções de cooperação desenvolvidas em conjunto para enfrentar os desafios de natureza política, económica, social e ambiental que condicionam o futuro da região geopolítica do Mediterrâneo. Situação dos acordos euromediterrânicos em 2001 Acordos já em vigor Tunísia, Autoridade Palestiniana (*), Israel, Marrocos Acordos que aguardam ratificação Jordânia (**), Egipto (***), Argélia (****), Líbano (****) Negociações em curso Síria (*) (**) Acordo preliminar. O acordo de associação com a Jordânia deverá ser ratificado em Março de 2002, estando a sua entrada em vigor prevista para Maio de 2002. (***) O acordo de associação com o Egipto foi assinado em 26 de Junho de 2001. (****) Foram assinados acordos de associação com a Argélia em 19 de Dezembro de 2001 e deverão ser assinados com o Líbano em Janeiro de 2002. A falta de homogeneidade política e a precariedade do tecido social são os principais factores de exclusão social e de pobreza nos países do sul do Mediterrâneo. Em 2001, a média regional do rendimento por habitante situava-se nos 1 512 dólares por ano, com disparidades acentuadas consoante os países (dos 990 dólares da Síria aos mais de 5 000 do Líbano). A redução destas desigualdades exige um esforço específico nos domínios da educação, da formação profissional e da saúde, bem como uma maior coordenação com os Estados-Membros e as organizações internacionais. A luta contra a pobreza constitui precisamente a base da nova abordagem comunitária em matéria de desenvolvimento duradouro e continua a ser um objectivo fundamental da estratégia de cooperação da União Europeia com os países mediterrânicos. Em 2001, o montante total dos fundos autorizados pela Comissão para as acções de cooperação ligadas à parceria euromediterrânica foi de 857,8 milhões de euros, elevando-se os pagamentos a 564,6 milhões de euros. O programa MEDA beneficiou da maior parte dos fundos autorizados em 2001, com 757,4 milhões de euros, tendo os pagamentos atingido um total de 403,7 milhões de euros. Os fundos autorizados a título das várias rubricas orçamentais específicas (processo de paz; UNRWA: assistência aos refugiados palestinianos) representaram, por seu lado, 100,4 milhões de euros, enquanto os pagamentos se elevaram a 160,9 milhões de euros. Neste contexto, o desenvolvimento económico e social dos países e territórios do Mediterrâneo do sul e do Próximo e Médio Oriente constitui uma aposta decisiva para a estabilidade e prosperidade regional de toda a região mediterrânica. A cooperação regional constitui um dos traços mais originais da parceria euromediterrânica e permite organizar actividades comuns e trocas de experiências e informações entre os 27 países ou territórios parceiros das duas margens do Mediterrâneo. Esta cooperação baseia-se num programa indicativo regional e traduz-se, na prática, pela aplicação operacional de programas regionais, cada um deles consagrado ao desenvolvimento de um domínio específico de cooperação. O programa MEDA (1) é o principal instrumento financeiro da parceria euromediterrânica, uma vez que, por si só, assegurou mais de 88% do montante total das acções de cooperação financiadas em 2001. A União desenvolve igualmente acções de cooperação mais específicas nos domínios do apoio ao processo de paz no Médio Oriente, da ajuda aos refugiados palestinianos e do apoio à democracia. 94 Os acordos euromediterrânicos de associação, concluídos ou em negociação, com 9 países parceiros mediterrânicos constituem o quadro estratégico de cooperação bilateral — no qual se inserem as acções comunitárias. Assim, foram efectuados, em 2001, progressos significativos com a Argélia e o Líbano, países que assinaram acordos de associação com a União Europeia. Foi dada prioridade ao apoio aos projectos identificados nos programas indicativos nacionais (PIN) estabelecidos com 9 parceiros nos domínios da transição económica (ajustamento estrutural e desenvolvimento do sector privado), da manutenção da coesão social (educação, saúde e desenvolvimento rural) e da promoção da sociedade civil. 6.2. Cooperação regional A cooperação regional beneficiou em 2001 da aprovação pela Comissão de um plano de financiamento no montante de 200 milhões de euros, autorizado em (1) O programa MEDA rege-se pelo Regulamento (CE) n.º 1488/96 do Conselho, de 23 de Julho de 1996, relativo às medidas financeiras e técnicas de apoio à reforma das estruturas económicas e sociais no âmbito da parceria euromediterrânica, alterado em 27 de Novembro de 2000 pelo Regulamento (CE) n.º 2698/2000, correntemente designado por MEDA II. Mediterrâneo Parceria euromediterrânica — Autorizações e pagamentos em 2001 (em milhões de euros) Autorizações Programas Pagamentos 2001 2000 2001 2000 Argélia 60,00 30,2 5,4 0,4 Cisjordânia/Gaza — 96,7 62,0 31,2 Egipto — 12,7 62,5 64,4 Jordânia 20,0 15,0 10,8 84,5 Líbano Marrocos Síria Tunísia — — 2,0 30,7 120,0 140,6 41,1 39,9 8,0 38,0 1,9 0,3 90,0 75,7 69,0 15,9 Turquia (fora da dotação global) 147,0 (*) 310,4 (*) MEDA bilateral 445,0 719,3 MEDA regional 312,4 159,8 62,6 48,0 Total bilateral/ Regional 757,4 879,1 403,7 330,5 Outras rubricas orçamentais 100,4 122,8 160,9 141,7 Total 857,8 1 002,0 564,6 472,2 86,4 15,2 341,1 282,5 (*) Os fundos atribuídos à Turquia a título do programa MEDA (rubrica orçamental B7-4100) são geridos directamente pela DG Alargamento. © Jauson MEDA Canal de rega, região de Haouz (Marrocos). Autorizações/pagamentos em 1995-2001 (em milhões de euros) 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 Total Autorizações 173 404 981 941 937 879,1 757,4 5 071,6 Pagamentos 50 155 211 231 243 330,5 403,7 1 624 Rácio pagamentos/ /autorizações 29 38 21 24 26 37,6 53,3 32,0 2001 e destinado a 7 programas específicos cuja concretização se estenderá por vários anos. A adopção deste plano de financiamento regional visa perenizar actividades e projectos existentes em domínios como o ambiente (30 milhões de euros) ou o intercâmbio cultural entre jovens (10 milhões de euros), mas prevê também o lançamento de acções novas, nomeadamente em sectores como o capital de risco (50 milhões de euros) e os transportes (20 milhões de euros). No quadro da vertente política e de segurança, a Comissão continuou a desenvolver acções com vista à aproximação dos países e dos povos. Foram executadas três acções: realização de dois seminários de formação para os diplomatas dos países MEDA; financiamento da rede EuroMeSCo, que reúne especialistas indepen- dentes de institutos de política externa; participação dos serviços nacionais de protecção civil dos 27 parceiros euromediterrânicos em quatro cursos de formação, no âmbito de um projecto-piloto destinado a uma melhor prevenção dos acidentes e catástrofes naturais. No quadro da vertente económica e financeira, a Comissão prosseguiu a execução dos programas e projectos existentes nos sectores da energia, do ambiente, da sociedade da informação e da estatística. Foram lançados cinco projectos no domínio da gestão da água e outros cinco destinados a melhorar a segurança marítima. A cooperação industrial centrou-se nos três seguintes temas: promoção dos investimentos, desenvolvimento da inovação, da tecnologia e da qualidade nas empresas e desenvolvimento dos instrumentos do mercado euromediterrânico. No domínio da energia foram lançados quatro projectos. No domínio das tecnologias ligadas à sociedade da informação, foram seleccionadas, no ano passado, no quadro do programa, 16 propostas. No domínio do ambiente, estrearam-se em 2001 cinco projectos, que abrangem uma vasta gama de acções, desde a gestão e tratamento dos resíduos urbanos até à promoção da agricultura biológica. No domínio estatístico, o objectivo continua a ser a harmonização dos dados quantitativos relativos a todos os sectores do espaço euromediterrânico. Foram publicados dois anuários estatísticos (1), um relativo aos dados regionais e outro ao turismo. (1) «Estatísticas euromediterrânicas» (ISSN 1561-4034); «Tourism trends in Mediterranean countries» (ISBN 92-894-0066-8); Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias, L-2985 Luxembourg. 95 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica definidos como novos domínios de acção prioritários. Por último, a UE previu a preparação de um programa regional no domínio da informação e da comunicação. © Gehringer Jovens voluntárias marroquinas e europeias empenhadas na acção social em Túnis Promoção do diálogo intercultural através da cooperação no domínio da cultura. No quadro da vertente social, cultural e humana, os programas regionais relativos ao audiovisual, ao património cultural e à juventude foram concretizados através dos programas Euromed Audiovisual (seis projectos), Euromed Juventude (26 projectos) e da primeira fase do programa Euromed Heritage (15 projectos dedicados à preservação do património comum mediterrânico e 10 propostas seleccionadas para a segunda fase). A promoção da participação das mulheres no desenvolvimento económico e o desenvolvimento da cooperação judiciária foram igualmente Cooperação regional: projectos autorizados em 2001 (em milhões de euros) Designação do projecto Gestão da água (*) 40 Política de transportes (*) 20 SMAP II (Short and Medium-Term Priority Environmental Action Programme) (*) 30 Medstat II (*) 30 Eumedis II (*) 20 Euromed Juventude II (*) 10 BEI — Risk Capital (*) 50 CGIAR (Consultative Group on International Agricultural Research) 1,5 Fórum Energia Renovação de autorizações Actividades regionais diversas Subtotal Dotação global Assistência técnica Total 96 Montante 2 24,8 4,3 232,4 33 46,8 312,4 (*) Projectos incluídos no plano de financiamento regional MEDA 2001, num montante global de 200 milhões de euros. No âmbito do programa Euromed Juventude, quatro jovens europeias — duas alemãs e duas francesas — e duas jovens marroquinas desenvolveram em conjunto, em Túnis, em Dezembro de 2001, várias acções de assistência social em bairros muito desfavorecidos. Estas jovens ocuparam-se de pessoas idosas e crianças abandonadas em dois centros sociais do bairro de La Manouba. Intervieram igualmente na ajuda a jovens desfavorecidas provenientes dos meios rurais, no bairro de Chebedda, e a raparigas do centro de assistência social do bairro de Radés. A UE financiou esta operação, que teve a duração de 6 meses, com 20 000 euros. A associação tunisina de acção voluntária (ATAV) assegurou a coordenação no terreno, acolhendo e alojando as jovens voluntárias. 6.3. Transportes e infra-estruturas O desenvolvimento e o reforço das infra-estruturas básicas e das redes de transportes, de energia e de telecomunicações, no quadro dos programas bilaterais e regionais, correspondem aos objectivos prioritários da parceria euromediterrânica. Para a concretização destes objectivos, estavam em curso, em 2001, 49 projectos no quadro dos programas bilaterais, com um montante total de autorizações da ordem dos 570 milhões de euros. Em 2001, privilegiou-se a integração e coordenação dos programas propostos ou em execução com as outras acções comunitárias, nomeadamente as acções desenvolvidas pelo Banco Europeu de Investimento e pelos Estados-Membros. A protecção do ambiente e o impacto no desenvolvimento sustentável foram sistematicamente considerados na fase preparatória de avaliação dos projectos. No plano operacional, os principais resultados obtidos em 2001 foram os seguintes: Em Marrocos, intensificou-se em 2001 o apoio comunitário ao desenvolvimento dos serviços públicos responsáveis pela gestão da água, da energia e dos transportes. No quadro dos programas de abastecimento de água e de saneamento em meios rurais, registaram-se os seguintes progressos: melhoria do sistema de abastecimento a 13 aglomerados e 438 aduares, com um total de 423 000 habitantes; construção, em curso, de 65 km de pistas rurais nas províncias do norte (pagamentos efectuados em 2001: 3,25 milhões de euros); lançamento de um importante programa de electrificação descentralizada, servindo 15 000 agregados familiares marroquinos, em complementaridade com Estados-Membros (Alemanha e França) e as autoridades locais. A estas realizações, importa acrescentar a quebra do isolamento das regiões costeiras do norte do país, graças à conclusão das acções preparatórias da construção do troço El Mediterrâneo Jehaba-Ajdir da estrada de cintura mediterrânica (109 km) e às obras de reabilitação e de construção de infra-estruturas sociais em curso — para realojamento de 20 000 habitantes dos bairros de barracas de Salé — na periferia de Rabat (pagamentos efectuados em 2001: 1 milhão de euros). Na Síria, foram assinadas em 2001 três novas convenções de financiamento nos sectores da electricidade, das telecomunicações e do turismo cultural, no valor global de 24 milhões de euros, o que denota o regresso a um ritmo de cooperação mais regular. Estes programas estão na sua fase inicial. Por outro lado, foi igualmente tomada a decisão de financiar, até 8 milhões de euros, um programa de saneamento dos campos de refugiados palestinianos na Síria. Na Jordânia, foi constituída e já está operacional uma equipa de assistência técnica junto da Unidade de Gestão de Projecto (40 pessoas), encarregada de assegurar a coordenação dos programas de reabilitação e de desenvolvimento das redes de água da região de Aman. A inauguração, em 2002, dos projectos de abastecimento de água das regiões de Karak e Tafilah tornou possível o fornecimento às populações da região de um serviço público essencial. Por último, a Comissão apoia o desenvolvimento do turismo cultural, através da valorização de dois sítios arqueológicos e da assistência técnica prestada ao Conselho do Turismo. Na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, e não obstante as dificuldades acrescidas devido ao agravamento da situação e ao reforço do bloqueio dos territórios autónomos palestinianos, a prioridade da União Europeia continua a ser a melhoria das condições de vida da população palestiniana. Neste contexto, o prosseguimento dos trabalhos em curso para a construção de infra-estruturas básicas (escolas, estradas, centros de cuidados de saúde primários, redes de saneamento, recolha de resíduos, etc.) constitui, só por si, um facto que importa realçar. A manutenção e desenvolvimento destas infra-estruturas essenciais são indispensáveis — e permitirão, quando as condições estiverem de novo reunidas, um rápido relançamento da economia palestiniana. Um êxito notável: em 2001, todos os serviços do Hospital de Gaza, com 188 camas ao serviço de uma população de 350 000 habitantes, ficaram inteiramente operacionais e acolheram cerca de 2 000 pacientes por mês. Por último, vale a pena referir a reabilitação da biblioteca da Escola Bíblica de Jerusalém, inaugurada em 17 de Dezembro de 2001 pelo presidente Prodi. Construção de escolas na Cisjordânia e na Faixa de Gaza Entre 1996 e 2001, foram construídas na Cisjordânia e na Faixa de Gaza 21 escolas e outras infra-estruturas escolares. Este projecto de infra-estruturas básicas para a educação primária e secundária foi realizado graças ao apoio da CE, que contribuiu para o seu financiamento com 14 milhões de euros. Os municípios palestinianos beneficiários dispõem agora de 311 novas salas de aula, com uma capacidade total de mais de 14 000 alunos. Para além do seu benefício pedagógico e educativo, este projecto teve igualmente um impacto substancial no ambiente económico e social do país, tendo a sua construção permitido gerar cerca de 100 000 dias de trabalho para os operários, os quadros, os técnicos de construção civil e os fornecedores palestinianos de equipamentos. Por último, no Irão, estão em vias de conclusão os trabalhos de equipamento e de construção de infra-estruturas anexas a dois hospitais já construídos em Manjil e Abbar Taroum, no quadro de um programa de ajuda. Transportes e infra-estruturas: projectos autorizados em 2001 (em milhões de euros) Transportes e infra-estruturas País Designação do projecto Montante Água Marrocos Ajustamento sectorial — água Água Síria 120 Ambiente e saúde/ /Campos de refugiados 8 Total 128 6.4. Segurança alimentar e desenvolvimento rural 70% das populações do Próximo Oriente e do Norte de África que vivem abaixo do limiar de pobreza habitam em zonas rurais, onde as condições de vida são geralmente mais precárias do que nos aglomerados urbanos. O subdesenvolvimento rural da maior parte dos países mediterrânicos do sul está ligado à sua situação climática, mas também à sobrexploração dos ecossistemas, que perturba os equilíbrios naturais. Em 2001, as acções de desenvolvimento incidiram principalmente na criação de empregos produtivos permanentes, no reforço das organizações de base e na gestão sustentável dos recursos naturais, nomeadamente os recursos hídricos e a protecção dos solos férteis contra a erosão. No plano operacional, em 2001, estavam em curso 25 projectos, envolvendo autorizações no valor total de 433 milhões de euros, essencialmente concentrados em três países: Egipto (sete projectos, no valor global de 105 milhões de euros), Marrocos (oito projectos, 182 milhões de euros) e Tunísia (5 projectos, 132 milhões de euros). Estavam ainda em curso cinco outros projectos, noutros países da zona, no valor total de 14 milhões de euros. Em matéria de segurança alimentar, a ajuda europeia insere-se no quadro da Declaração de Roma da Cimeira Mundial da Alimentação, de Novembro de 1996. A acção da União visa permitir o acesso das camadas mais necessitadas da população do sul do Mediterrâneo a uma alimentação suficiente, em termos quantitativos e qualitativos, e a condições mínimas de higiene. No Iémen, a produção cerealífera regista uma forte quebra e não cobre, actualmente, mais do que 25% do consumo total da população. No âmbito do programa estratégico para a redução da pobreza lançado pelo 97 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica alimentar. O abastecimento das cidades foi igualmente melhorado e o crescimento das importações passou a ser mais controlado. Por último, a gestão sustentável dos recursos naturais e do ambiente rural foi sistematicamente tida em consideração, de forma transversal, em cada uma das acções empreendidas. Com base nas prioridades operacionais definidas com os países parceiros, foram executadas ou prosseguidas em 2001 as seguintes acções: MODERNIZAÇÃO DAS EMPRESAS DE PRODUÇÃO © CE AGRÍCOLA Projecto de conservação das águas e dos solos (Tunísia). Governo iemenita, a Comissão forneceu, em 2001, apoio orçamental e uma assistência técnica articulada em torno das três seguintes componentes: 1) apoio institucional, destinado a reforçar a definição dos objectivos e a execução da estratégia nacional de segurança alimentar (complementado com um apoio financeiro ao fundo de segurança social); 2) apoio ao sistema de informação sobre o recenseamento agrícola, alargado a um estudo sobre o sistema de informação dos mercados agrícolas; 3) financiamento (75% do total) dos custos de programação e de execução de acções de apoio à segurança alimentar (nomeadamente a construção de pequenas barragens para irrigação, programas de formação profissional e acesso ao microcrédito). Este programa destina-se a prestar a ajuda técnica e financeira necessária — por intermédio de instituições especializadas nacionais e locais — aos empresários agrícolas do Egipto e de Marrocos, para financiamento dos seus projectos. No Egipto, cerca de 3 000 pequenos produtores privados desenvolveram as suas próprias empresas, diversificando as suas actividades produtivas para dar resposta às necessidades do mercado, graças à concessão, pelos bancos locais, de empréstimos a médio prazo e à consultadoria de gestão financiada pela Comissão Europeia. Graças a um grande esforço de gestão, o impacto deste projecto nacional foi muito significativo, uma vez que as vendas de produtos avícolas, de produtos lácteos, de peixe de aquicultura e de legumes registaram um forte aumento e permitiram a criação de cerca de 30 000 postos de trabalho e a melhoria dos rendimentos de quase 50 000 pessoas. As acções principais — de modernização das empresas produtivas privadas, valorização da grande irrigação existente e apoio às iniciativas das comunidades rurais de base — contribuíram para melhorar a segurança O desenvolvimento da grande irrigação e uma gestão mais racional dos recursos aquíferos exigiram, concretamente, um esforço de formação dos agricultores egípcios e marroquinos. Graças a esta reforma, o volume de água necessário por hectare pôde ser reduzido em 30%. Electrificação rural, região de Taliouine (Marrocos). No Egipto, após a revalorização das terras, foram irrigados 20 000 hectares de terras inundáveis, em benefício de 8 000 famílias de agricultores, reunidas em 33 associações, graças a novos métodos de irrigação mais eficazes, que exigem menos dispêndio de água. A produção de cereais e forragens aumentou, assim, 30% e os rendimentos agrícolas 20%. As acções financiadas pela CE incidiram na drenagem e no ordenamento dos perímetros agrícolas, com o apoio das associações de regantes, no aconselhamento técnico aos produtores e nas infra-estruturas de acesso às zonas de produção. APOIO ÀS INICIATIVAS DAS COMUNIDADES RURAIS 98 © Jauson DE BASE Na Tunísia e em Marrocos, a Comissão ajuda as comunidades de base a formularem e executarem, de forma independente, as acções que considerem prioritárias para a melhoria das suas condições de vida e para a gestão sustentável das suas terras. Os domínios de intervenção são os da pequena hidráulica agrícola, as pistas rurais e a conservação da água e dos solos. Estas acções, estabilizando os rendimentos agrícolas e travando a Mediterrâneo Assim, na Tunísia, foram efectuadas intervenções em 480 lagos e 45 000 hectares de bacias hidrográficas e valorizados 20 000 hectares de terras, dos quais 5 000 dedicados a culturas de regadio. 80 cooperativas de comercialização de produtos agrícolas permitiram reunir os organismos de base existentes em torno de cada lago, aumentando de forma significativa os volumes de vendas de tâmaras e de azeitonas. Uma centena destes planos locais de desenvolvimento participativo está actualmente em funcionamento, beneficiando mais de 6 000 pessoas. PROTECÇÃO DOS MEIOS COSTEIROS E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE Uma condição importante para assegurar a viabilidade do parque e das áreas protegidas é o reforço das instituições responsáveis pela gestão local do ambiente. Para lhes permitir desempenhar as suas funções, está previsto melhorar a cobertura dos custos, desenvolvendo um sistema de taxas a pagar pelos vários operadores económicos do sector turístico do sul do Sinai. Na região sul do Sinai egípcio, foram criados um parque nacional e cinco áreas protegidas, numa extensão de 12 000 km2, que permitem a conservação de mais de 200 km de maciços coralíferos e de numerosos ecossistemas costeiros frágeis no mar Vermelho. A protecção destes sítios naturais virgens constitui um duplo desafio ecológico e turístico e permite conciliar a protecção do ambiente e o desenvolvimento harmonioso e controlado de um turismo essencialmente internacional, que gera mais de 100 000 empregos no sector da hotelaria e do lazer. © Delegação da CE no Egipto desertificação, contribuem para reduzir as correntes migratórias para as zonas urbanas e para o estrangeiro. Projecto no domínio das águas residuais no distrito de Helwan (Egipto). APOIO AOS JORNALISTAS E AOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL ARGELINOS Este projecto, no valor de 1,53 milhões de euros com a duração de 4 anos, que foi parcialmente autorizado em 2000 e arrancou no ano seguinte, visa promover o papel da imprensa privada independente na Argélia e, através dela, acompanhar a necessária democratização da sociedade argelina. Mais especificamente, o projecto consiste em aperfeiçoar o sistema profissional dos jornalistas na Argélia, por meio, nomeadamente, da adopção de um estatuto profissional, da elaboração e adopção de uma convenção colectiva no sector da imprensa e da aprovação de um código de ética e deontologia. Apoio institucional: projectos autorizados em 2001 (em milhões de euros) 6.5. Reforço das instituições Reforço institucional País Designação do projecto As acções de apoio institucional inserem-se no âmbito das actividades bilaterais da parceria euromediterrânica, pelo que são definidas de comum acordo entre a Comissão Europeia e as autoridades e organizações competentes de cada país parceiro. É assim, por exemplo, que as várias acções sectoriais desenvolvidas para a modernização e democratização dos países e territórios parceiros têm por corolário uma reforma radical dos serviços públicos e do quadro regulamentar. Justiça Jordânia Reformas regulamentares/ /Privatização Justiça Turquia (*) Modernização judiciária e programa de reforma penal (JMPR) 8 Acervo comunitário Turquia (*) Avaliação de projectos de pré-adesão 5 Acervo comunitário Turquia (*) Facilidade de cooperação administrativa II 8 Em 2001, a Comissão financiou os seguintes dois novos projectos de apoio institucional: Acervo comunitário Turquia (*) Participação nos programas e agências comunitários 11 Acervo comunitário Turquia (*) Programa de modernização dos serviços civis 2,5 Acervo comunitário Turquia (*) Programa de reforma da administração local 3,5 Acervo comunitário Turquia (*) Extensão TAIEX à Turquia Acervo comunitário Turquia (*) Harmonização do sistema estatístico 15,3 Total 79,3 APOIO À REFORMA DA POLÍCIA ARGELINA Lançado em 2001, este projecto, com a duração de 6 anos e no valor de 8,2 milhões de euros, autorizado em 2000, tem por objectivo o reforço da boa gestão dos assuntos públicos e do Estado de direito na Argélia. Concretamente, este projecto prevê uma série de acções destinadas a elevar o nível profissional dos agentes da segurança nacional argelina, dando relevo, nomeadamente, ao respeito dos direitos humanos no exercício das suas funções de segurança pública. Montante 20 6 * ( ) Os fundos autorizados para a Turquia a título do programa MEDA (rubrica orçamental B7-4100) são geridos directamente pela DG Alargamento. 99 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica argelinas e suas homólogas europeias. Poderão delas beneficiar, no máximo, cinco instituições, três bancos e duas companhias de seguros argelinos. Este projecto tem um carácter inovador, na medida em que, até agora, não existiam na região do Magrebe precedentes de geminação sob a égide do programa MEDA. Jordânia: apoio à reforma regulamentar e às privatizações (20 milhões de euros) © Jauson Este projecto insere-se no quadro das prioridades do Plano Indicativo Nacional 2000-2002 e tem por objectivo melhorar o processo de transição económica na Jordânia, apoiando a desintervenção do Estado e a aprovação de um novo quadro regulamentar nos sectores económicos mais importantes. Barragem de Sidi Driss na região de Marraquexe (Marrocos). 6.6. Políticas macroeconómicas As economias do Magrebe e do Machereque caracterizam-se pela ausência de um quadro legal e institucional favorável ao desenvolvimento da iniciativa privada, por um forte intervencionismo estatal nos principais sectores da economia e pela presença de um sector financeiro intermediário subdesenvolvido. Ademais, a existência de um grande desequilíbrio entre zonas urbanas e rurais contribui para aumentar as disparidades sociais e afecta dramaticamente a distribuição dos rendimentos por habitante. Neste contexto económico de incerteza, a aplicação de políticas económicas de relançamento — caracterizadas por um nível de despesas não controlado — nas décadas de 1970 e 1980 agravou o desequilíbrio das finanças públicas e tornou necessário o recurso a políticas de estabilização, para reduzir os défices orçamentais e conter os riscos de crise financeira. Os programas e projectos financiados pelo programa MEDA tiveram como objectivo prioritário, numa primeira fase, o acompanhamento e apoio ao processo de estabilização e de transição económica iniciado pelos países parceiros. O seu objectivo é duplo: por um lado, trata-se de promover a reforma fiscal e a progressiva retirada do Estado das actividades produtivas, por meio de vastos programas de privatização e, por outro lado, de permitir a modernização do quadro jurídico e regulamentar, condição prévia indispensável ao desenvolvimento do investimento privado (por exemplo, programa de apoio à reestruturação industrial na Argélia, programa de modernização industrial na Jordânia). Argélia: Apoio à modernização do sector financeiro (23,5 milhões de euros) 100 Lançado em Setembro de 2001 e com uma duração de 4 anos, este projecto, no valor de 23,5 milhões de euros, autorizado já em 1999, tem por objectivo fornecer apoio técnico ao Tesouro argelino, ao Banco Central da Argélia e aos bancos do sector público, às companhias de seguros e a diversos organismos financeiros do sector privado. Estão igualmente previstas operações de geminação entre instituições financeiras No plano prático, o projecto teve início com o lançamento de dois estudos conjuntos. O primeiro estudo é sobre a viabilidade de uma estratégia de integração e os efeitos de uma potencial fusão das autoridades regulamentares. O segundo estudo é sobre a criação de mecanismos de compensação destinados a garantir o nível qualitativo do pessoal empregado pelas autoridades de regulamentação. O resultado destes estudos constituirá a base de um plano de acção operacional — decidido conjuntamente pela Comissão e pelo Governo jordano — cujo objectivo, a prazo, é uma significativa melhoria de produtividade e do nível dos serviços prestados. A contribuição da União Europeia para este projecto é de 20 milhões de euros. Em 2001, foi autorizado um montante global de 220 milhões de euros — 20 milhões de euros para a Jordânia, 120 milhões de euros para Marrocos e 80 milhões de euros para a Tunísia — a título do ajustamento estrutural no quadro da cooperação económica com os países mediterrânicos. A aplicação desta estratégia apoia-se em programas comunitários baseados nos instrumentos designados facilidades de ajustamento estrutural (FAE). As facilidades de ajustamento estrutural prevêem apoios directos ao orçamento do Estado, na sequência da realização de numerosas reformas estruturais, decididas em conjunto com as autoridades do país beneficiário. No plano operacional, as acções de apoio às políticas macroeconómicas centraram-se, nomeadamente, em três objectivos gerais: ❿ melhoria do quadro legislativo e regulamentar da actividade privada (FAE Jordânia, FAE Líbano e FAE Tunísia); ❿ reforma dos sistemas fiscais — em especial da fiscalidade indirecta — a fim de reduzir a dependência do orçamento dos Estados em relação aos direitos de importação e chegar, assim, a uma cobrança fiscal mais eficaz e mais equitativa (FAE Líbano e FAE Jordânia); ❿ aceleração do processo de privatizações, a fim de: a) melhorar a eficiência da utilização dos recursos e a competitividade, b) aumentar os recursos orçamentais, e c) dinamizar o investimento privado nacional e/ou estrangeiro (FAE Líbano, FAE Jordânia e FAE Tunísia). Mediterrâneo A acção da Comissão visa igualmente o ajustamento de alguns sectores específicos, através do financiamento de intervenções sectoriais que integrem os objectivos de crescimento do PIB e assegurem a estabilidade dos agregados macroeconómicos. Estes programas sectoriais têm dois objectivos específicos: a reforma do sistema bancário e o reforço dos sistemas de segurança social. O financiamento pela Comissão Europeia da FAE do sector da água, decidido com as autoridades marroquinas em 2001, destina-se a aumentar a eficácia da exploração dos recursos hídricos do reino, através da aplicação de medidas legislativas, regulamentares, financeiras e técnicas destinadas a garantir a perenidade e a qualidade do abastecimento de água num contexto de progressiva rarefacção dos recursos. Os beneficiários directos do programa são as instituições nacionais responsáveis pela exploração dos recursos e pelo saneamento e, sobretudo, os consumidores e todos os outros sectores da economia marroquina. © Delegação da CE no Egipto Marrocos: programa de ajustamento estrutural do sector da água (120 milhões de euros) Programa de melhoria do ensino nos subúrbios do Cairo (Egipto). Marrocos: programa de ajustamento estrutural do sector financeiro (52 milhões de euros) No primeiro trimestre de 2000, o diálogo entre as autoridades nacionais e a Comissão evidenciou a necessidade de melhorar a competitividade e a eficácia do sistema financeiro marroquino. A FAE «sector financeiro» foi aprovada em Novembro de 2000 e insere-se no quadro das reformas do Plano de Desenvolvimento Económico e Social (2000-2004) para este sector. Além disso, esta FAE prevê a realização de reformas adicionais, institucionais e regulamentares, destinadas a dinamizar o sector financeiro e a diversificar o financiamento das actividades económicas produtivas. A contribuição financeira da Comissão assume a forma de um apoio orçamental directo não condicionado no montante de 52 milhões de euros. Esta subvenção prevê um pagamento em três fracções. A contribuição inicial e a primeira fracção do programa (2 e 25 milhões de euros, respectivamente) foram pagas em 2001. Políticas macroeconómicas: projectos autorizados em 2001 (em milhões de euros) País Designação do projecto Ajustamento estrutural Tunísia FAE III Montante Sector privado Turquia (*) PME 5 Sector privado Turquia (*) Facilidade financeira PME 4 80 Total O desenvolvimento social e, mais especificamente, a redução da pobreza constituem as prioridades essenciais da parceria euromediterrânica, fazendo parte integrante do terceiro pilar do processo de Barcelona lançado em 1995. Neste contexto, a Comissão desenvolve estratégias sectoriais complementares, inclusivamente nos domínios da saúde e da educação. 6.7.1. Saúde Políticas macroeconómicas * 6.7. Saúde e educação 89 ( ) Os fundos autorizados para a Turquia a título do programa MEDA (rubrica orçamental B7-4100) são geridos directamente pela DG Alargamento. O sector sanitário assume especial importância, tanto no plano económico como no da luta contra a pobreza e do reforço da coesão social. Entre 1998 e 2000, foram consagrados a este sector 248 milhões de euros. A natureza das intervenções comunitárias alterou-se na última década: inicialmente limitadas a um apoio aos serviços de saúde materno-infantil, os projectos comunitários evoluíram progressivamente para um apoio a reformas globais do sistema de saúde (incluindo os sistemas de seguros de doença). Assim, a melhoria do financiamento dos serviços e a criação de um sistema de organização que favoreça a qualidade das prestações constituem objectivos prioritários. 101 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica 6.7.3. Formação profissional, mercado do trabalho, emprego O desenvolvimento da formação profissional constitui uma aposta prioritária para todos os países da zona MEDA. O nível de qualificação cada vez mais elevado exigidos aos trabalhadores torna indispensável o desenvolvimento de uma política de formação profissional coerente, inserida numa perspectiva de longo prazo. Neste contexto, a Comissão dedica uma atenção crescente à promoção da igualdade de oportunidades. O montante global dos projectos em curso eleva-se a 193 milhões de euros. Egipto — Apoio ao programa de reforma do sistema de saúde Tunísia — Aperfeiçoamento do sistema de formação profissional A fim de assegurar, no futuro, uma cobertura médica generalizada de qualidade, o Egipto empenhou-se numa ambiciosa reforma dos seus serviços de saúde públicos e privados, reestruturando o seu regime de previdência e orientando-o para um sistema de cobertura universal capaz de fornecer um «pacote» mínimo de serviços de saúde, prestados por médicos de família. A Comissão financia com 100 milhões de euros este vasto programa de reforma, que tem a duração de 7 anos (1998-2005), iniciado pelo Governo egípcio em 1995. O Banco Mundial e a USAID apoiam igualmente esta reforma. Graças a esta acção, dotada com um orçamento de 45 milhões de euros, a União Europeia apoia, desde 1998, uma ambiciosa reforma global do sistema de formação profissional tunisino, baseada na interactividade das acções desenvolvidas em conjunto com os outros dispositivos de inserção no mercado do trabalho. Em 2001, este projecto entrou na fase activa de reestruturação de um elevado número de estabelecimentos de formação, públicos e privados. Este processo de reestruturação foi possível graças aos resultados da fase inicial de identificação efectuada junto de uma vasta amostra representativa de empresas e que incidia na análise das suas necessidades em termos de formação profissional e do nível de competências requerido aos trabalhadores. © CE Com base nesta nova abordagem, foram lançados em 2001 novos programas no Egipto e em Marrocos, estando em preparação programas semelhantes na Síria, na Tunísia e no Iémen (1). Assim, em 2001, foi aprovado um vasto programa para a Argélia, no valor de 60 milhões de euros e com a duração de 6 anos, para a melhoria geral do sistema nacional de formação profissional. Este programa prevê o reforço da direcção estratégica do sistema, o aperfeiçoamento técnico do pessoal para corresponder às exigências profissionais das empresas — em especial as PME e as empresas públicas que virão a ser privatizadas — e o reforço das relações funcionais existentes entre a formação profissional e os outros instrumentos de inserção no mercado do trabalho. Em Marrocos, está em curso um projecto semelhante, que já entrou na fase operacional de fornecimento de equipamentos e de assistência técnica às actividades de formação desenvolvidas em 15 sectores da economia marroquina. Centro de formação no domínio electrónico, Cité El Khadra, Tunis (Tunísia). 6.7.2. Educação O sector da educação regista uma evolução semelhante: passou-se de um processo de apoio a acções específicas (por exemplo, em Marrocos) para uma estratégia de acompanhamento coerente de reformas nacionais sectoriais, como já acontece na Tunísia e como acontecerá, em breve, na Argélia. Para o período 1998-2000, foram autorizados 184 milhões de euros. Os sectores de intervenção prioritária são a educação pré-escolar e primária, nomeadamente com apoio a acções de luta contra o analfabetismo. O acesso das camadas mais desfavorecidas da população — nomeadamente feminina — aos serviços básicos mereceu uma atenção especial em todos os projectos actualmente financiados. 102 6.7.4. Desenvolvimento local e fundos sociais As acções de cooperação desenvolvidas em benefício do desenvolvimento local, nomeadamente através de fundos sociais, têm como objectivo comum a busca de soluções sustentáveis para os problemas do desemprego e da pobreza, e a Comissão Europeia investe nelas actualmente 200 milhões de euros. As acções de cooperação bilateral em curso dizem respeito, nomeadamente, ao Egipto, Jordânia, Iémen e Líbano. Baseiam-se numa abordagem multissectorial, que tem os seguintes objectivos: 1) criação de empregos e o (1) As intervenções no Iémen são financiadas fora da rubrica orçamental MEDA. Mediterrâneo desenvolvimento de pequenas empresas, essencialmente através da concessão de microcréditos; 2) desenvolvimento das infra-estruturas económicas e sociais necessárias à promoção social das populações beneficiárias; 3) reforço das capacidades humanas e institucionais. Estas acções evoluíram progressivamente para uma perspectiva de desenvolvimento local integrado, que permite pôr em prática projectos caracterizados pela sua limitada dimensão territorial, com base nas necessidades identificadas directamente ao nível das comunidades locais. O apoio à sociedade civil é uma componente sensível da política de cooperação comunitária, que toca o equilíbrio interno da sociedade. Trata-se de incentivar os Estados a promoverem o diálogo com todos os actores sociais e a integrarem melhor a sociedade civil no processo de decisão. Estas acções financiam, por exemplo, o apoio à criação e reforço de associações de base, a ajuda financeira a projectos tendentes à promoção da democracia e do desenvolvimento local, bem como o apoio às associações de mulheres. Este novo conceito, estreado em Marrocos em 2000, teve continuidade em 2001, com um projecto de apoio às associações de desenvolvimento na Argélia e a negociação de um projecto similar na Tunísia. Está igualmente previsto estender este tipo de acções aos outros países da região, nomeadamente o Egipto, a Jordânia e o Iémen. Este trabalho em prol de uma melhor «governação» assenta na abertura de um diálogo livre e permanente com os actores envolvidos. Desenvolvimento social: projectos autorizados em 2001 (em milhões de euros) Desenvolvimento País social Designação do projecto FP/Emprego Argélia Formação profissional Sociedade civil Tunísia Reforço da sociedade civil Total Montante 60 1,5 61,5 6.8. Iniciativa Europeia para a Democracia e os Direitos do Homem (IEDDH) Em 2001, a IEDDH permitiu apoiar projectos nos países mediterrânicos do sul e do Próximo e Médio Oriente no valor de quase 11 milhões de euros. Deste total, quase 6 milhões de euros foram consagrados à promoção e defesa dos direitos humanos e das liberdades fundamentais. A IEDDH apoiou dois projectos a nível regional. © Paul Blount 6.7.5. Sociedade civil Projecto de intercâmbio de jovens relacionado com o processo de paz — International Citizenship Exchange (Inpeace). ❿ Um deles foi um mestrado em direitos humanos e democratização. O curso, que faz parte dos programas do mestrado regional da UE em direitos humanos e democratização, formará 36 estudantes da Palestina, do Líbano, de Malta, da Líbia, do Egipto, da Argélia, da Tunísia, de Marrocos, da Turquia, de Chipre, da Jordânia e de Israel, numa perspectiva regional. A Fundação de Estudos Internacionais da Universidade de Malta é responsável pelo mestrado em direitos do Homem e democratização na região mediterrânica (640 000 euros). ❿ O outro projecto é de assistência técnica às ONG, aos órgãos de comunicação social e aos governos locais no Líbano, na Síria, na Jordânia e no Egipto (797 000 euros). Foram ainda aprovados outros projectos no Líbano (protecção dos direitos humanos dos trabalhadores migrantes e dos requerentes de asilo — 760 000 euros), na Palestina (promoção de uma cultura de respeito dos direitos humanos entre as crianças e adolescentes em idade escolar nos territórios ocupados de Hebron, Ramallah, Belém e Jerusalém — 303 000 euros), em Israel (direitos dos detidos — 714 000 euros), na Palestina e em Israel (formação de militantes da causa dos direitos humanos – 350 000 euros), na Turquia (sensibilização dos membros do DISK para os direitos humanos — 550 000; promoção dos direitos humanos e dos valores cívicos entre os estudantes e professores das escolas primárias e secundárias — 376 000 euros), na Tunísia (reestruturação da Liga Tunisina para a Defesa dos Direitos do Homem — 230 000 euros) e no Irão (promoção dos direitos humanos e abolição da pena de morte — 300 000 euros). O apoio aos processos de democratização e ao reforço do Estado de direito beneficiou de quase 4,5 milhões de euros, distribuídos por 7 projectos. Um projecto destinado a apoiar o jornalismo independente no Mediterrâneo do sul (Argélia, Egipto, Jordânia, Líbano, Cisjordânia e Gaza, Marrocos e Tunísia) e a melhorar a segurança dos jornalistas foi subvencionado em 660 000 euros. No Egipto, uma subvenção de 800 000 euros permitirá realizar um trabalho sobre as condi- 103 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica 6.9. Coerência com outras políticas ©CE A coerência geral entre as actividades externas da União Europeia e as outras políticas comunitárias constitui uma prioridade operacional e uma obrigação legal. O ano de 2001 representou uma etapa determinante no processo de harmonização estratégica. Com efeito, todos os documentos de estratégia relativos a cada país parceiro elegível para o programa MEDA no período de 2002 a 2006, à excepção da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, bem como os programas indicativos nacionais referentes ao período 2002-2004, foram concluídos e aprovados pela Comissão previamente à sua aplicação operacional. Projecto de recolha de leite em Sejnane (Tunísia), inserção da mulher rural na vida activa. ções de detenção, de forma a aproximá-las das normas internacionais, graças, nomeadamente, às visitas que serão feitas aos presos (400 por ano) e à assistência jurídica que lhes será prestada. Na Argélia, foram atribuídos 900 000 euros a um projecto destinado ao reforço de competências no interior da administração penitenciária, tendo em vista o reforço do respeito dos direitos humanos. Em Marrocos, um projecto com vista a promover a sociedade civil nas regiões rurais e incentivar a participação das pessoas, em especial das mulheres, na tomada de decisões a nível local receberá 550 000 euros. Na Síria, fora atribuídos 513 000 euros para a promoção da cidadania. No Iémen, foram atribuídos 437 000 euros à formação das forças de segurança interna nas técnicas de polícia democrática, respeitadora dos direitos humanos e das liberdades individuais. Na Jordânia, a participação das mulheres no processo de decisão, nomeadamente no Parlamento, será reforçada por um projecto que apoiará as candidatas de todos os partidos políticos. O projecto centrar-se-á em dois aspectos: melhorar a compreensão do papel das mulheres no processo democrático entre os estudantes e incentivá-los a votar nas próximas eleições parlamentares, e aumentar as possibilidades de êxito das mulheres nessas eleições. O apoio à prevenção de conflitos e ao restabelecimento da paz civil é uma das grandes prioridades da IEDDH. Em 2001, a IEDDH apoiou um projecto na Palestina, no valor de mais de 300 000 euros, cujo objectivo é promover a boa aplicação do direito humanitário internacional nos territórios ocupados da Cisjordânia, Gaza e Jerusalém oriental. 104 Os documentos de estratégia por país foram elaborados com base num quadro-tipo de referência, em conformidade com as orientações do Conselho Europeu de Novembro de 2000. A elaboração dos documentos de estratégia, em estreita coordenação com os países parceiros, os Estados-Membros, o BEI e os organismos financeiros internacionais, contribuiu para optimizar a complementaridade entre as acções. Por último, e independentemente do processo regular de consulta interna, os projectos foram examinados pelo grupo interserviços de apoio à qualidade, recentemente criado. Este grupo analisou cada projecto no plano da coerência geral, da coordenação e da complementaridade das acções previstas. 6.10. Cooperação com outros doadores O reforço da coordenação e da complementaridade com os outros doadores, em especial com os Estados-Membros, é uma das prioridades estratégicas do programa MEDA. No período mais recente, estes princípios tiveram tradução concreta nos seguintes progressos: ❿ Reforço da coordenação no terreno, graças à colaboração com as representações dos Estados-Membros e a um acompanhamento regular e conjunto da execução efectiva dos programas aprovados nos países parceiros. ❿ A coordenação com os outros mutuantes de fundos, em especial com o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, foi melhorada graças a contactos regulares, ao intercâmbio permanente de informações e a análises conjuntas da situação política, económica e social dos países parceiros. Esta coordenação no terreno traduziu-se em 2001, por exemplo, na instauração, com o Banco Mundial, da Facilidade de Ajustamento Estrutural III na Tunísia (80 milhões de euros), aprovada em Dezembro último. Em Marrocos e na Jordânia, estão em preparação operações conjuntas similares. Mediterrâneo Em 2001, o montante total dos empréstimos do Banco Europeu de Investimento (BEI) aos parceiros mediterrânicos atingiu o valor de 1,5 mil milhões de euros, distribuídos entre os oito países seguintes: Argélia, Chipre, Egipto, Malta, Marrocos, Síria, Tunísia e Turquia. Estes empréstimos têm, geralmente, carácter bilateral. No entanto, o BEI concedeu em 2001 um empréstimo de 6 milhões de euros a um fundo de investimento do Médio Oriente para as tecnologias, de que fazem parte todos os países parceiros mediterrânicos. Para a zona mediterrânica, o BEI dispõe, no total, de um orçamento de 7,4 mil milhões de euros, sob a forma de empréstimos aos parceiros mediterrânicos para o período de 2001 a 2007, aos quais se devem acrescentar mil milhões de euros destinados ao apoio aos projectos de cooperação regional nos sectores das telecomunicações, do ambiente e da energia. © Jauson 6.11. Empréstimos do BEI No quadro do programa MEDA, a Comissão concedeu em 2001 uma bonificação de juros no montante de 8,5 milhões de euros a um novo empréstimo do Banco Europeu de Investimento, no quadro do programa de reabilitação e saneamento do sítio de Taparura, na Tunísia, que tem por objectivo sanear e revalorizar os 445 hectares da zona costeira de Sfax afectada pela poluição industrial. Dois novos empréstimos do BEI à Turquia beneficiaram igualmente de uma bonificação de juros, num montante total de 31 milhões de euros, assim repartidos: 16,7 milhões de euros de bonificações concedidos à «Industrial pollution abatement facility» (instrumento para a redução da poluição industrial) e 14,3 milhões de euros ao «Mersin waste water project» (projecto relativo à gestão das águas residuais). Estes dois projectos destinam-se a reabilitar determinadas zonas poluídas pela actividade industrial e pela concentração urbana. Associação de mulheres organizada pela ONG Migrations et Développement, região de Taliouine (Marrocos). O segundo sector de intervenção prioritária do BEI é o do apoio às empresas privadas, que — independentemente da sua dimensão ou do seu volume de negócios — receberam um quarto dos empréstimos concedidos pelo BEI em 2001 a projectos regionais da zona mediterrânica. Por último, o terceiro sector de intervenção prioritário do BEI é o do desenvolvimento do sector energético, que beneficiou de quase um quarto dos empréstimos concedidos no último ano em referência. Empréstimos do BEI: projectos autorizados em 2001 (em milhões de euros) País Designação do projecto Tunísia Saneamento em Taparura 8,5 40 Turquia (*) Poluição industrial 16,7 70 Turquia (*) Água e saneamento em Mersin 14,3 60 39,5 170 Total Montante da bonificação Montante do empréstimo (*) Os fundos autorizados para a Turquia a título do programa MEDA (rubrica orçamental B7-4100) são geridos directamente pela DG Alargamento. 105 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica que importa introduzir-lhes. O sistema será generalizado ao conjunto das actividades do Serviço de Cooperação e estará plenamente operacional em 2002. © ECHO Em 2001, foram controlados, em seis países da zona do Mediterrâneo, 46 projectos (dos quais 7 foram objecto de duplo controlo). O volume financeiro total assim avaliado foi de 788,9 milhões de euros. Em termos de importância financeira, os projectos da zona MEDA relativos à cooperação económica, ao reforço institucional, à sociedade civil, às infra-estruturas e aos serviços representaram a parte mais importante (26%), seguida do ensino e dos sectores sociais (25%). A nota média atribuída aos projectos da zona mediterrânica assim avaliados foi de 2,24 (a título de comparação, a nota média do conjunto de todas as zonas geográficas é de 2,5). Passagem de um posto fronteiriço israelita nos territórios ocupados. 6.12. ECHO A ajuda humanitária prestada através do ECHO aos países do Mediterrâneo do sul beneficiou, nomeadamente, os refugiados sarauis da Argélia, através de uma ajuda alimentar de emergência e de um plano global no total de 15,57 milhões de euros, e os refugiados palestinianos da Cisjordânia e de Gaza (26,18 milhões de euros) e também do sul do Líbano (2,7 milhões de euros), da Jordânia (515 000 euros) e da Síria (570 000 euros). Intervenções ECHO em 2001 País Designação do projecto Montante (em milhões de euros) Argélia Refugiados sarauis 15,57 Argélia Complemento ao Programa Alimentar Mundial 11,80 Argélia Vítimas das inundações 0,77 Iémen Ajuda às populações 1,88 Síria Populações vulneráveis 0,40 Palestina Refugiados palestinianos 26,18 Líbano Refugiados palestinianos 2,70 Jordânia Refugiados palestinianos 0,51 Síria Refugiados palestinianos 0,57 Total 60,38 6.13. Controlo de resultados 106 A Comissão criou em 2000 um sistema de controlo e de melhoria dos resultados, baseado na gestão do ciclo de projectos, experimentado em 2001 em todas as zonas geográficas (ALA/MED/ACP/Balcãs). Os primeiros dados recolhidos graças a este novo sistema forneceram indicações úteis sobre o estado dos projectos geridos por cada direcção geográfica e sobre os melhoramentos Os resultados obtidos revelam uma falta de eficácia dos projectos da zona mediterrânica essencialmente devida a debilidades na concepção inicial dos projectos e à insuficiência do reforço institucional. No entanto, importa salientar — em contraste com projectos relativos a outras zonas geográficas — a sustentabilidade dos projectos MEDA. A análise sectorial dos projectos demonstrou que os melhores resultados foram obtidos nos projectos agrícolas e de apoio às ONG, enquanto que os mais fracos foram os registados nos sectores da indústria e do comércio. A eficácia e o impacto foram os critérios determinantes da avaliação dos projectos mais fracos. A sua dimensão constitui igualmente um factor importante: de uma maneira geral, os pequenos projectos registam um melhor desempenho do que os de maior dimensão. Os resultados obtidos fornecem informações muito úteis que, no entanto, têm carácter meramente indicativo e devem ser analisadas com grande prudência. Este novo sistema de acompanhamento irá fornecer, graças à análise aprofundada dos projectos de cada zona geográfica, orientações determinantes para a posterior preparação de novos projectos. 6.14. Conclusões e perspectivas No plano estratégico, o ano de 2001 foi um ano de ruptura em toda a geopolítica mediterrânica, revelando até que ponto é aí instável o equilíbrio regional. Os atentados de 11 de Setembro, ainda que não estando directamente ligados às questões regionais desta parte do mundo, cristalizaram as tensões existentes em torno do conflito israelo-palestiniano, ao mesmo tempo que a segunda «Intifada» — desta vez armada — entrava, em Setembro de 2001, no seu segundo ano consecutivo. O agravamento das tensões regionais evidencia a necessidade, para os países das duas margens do Mediterrâneo, de cumprir os objectivos da parceria euromediterrânica de Barcelona. Actualmente, este parece ser o único projecto político global com condições para assegurar a estabilidade política e o desenvolvimento económico e social de uma zona geográfica com uma extensão de quase 5 000 km de este a oeste, onde presentemente se regista quase uma dezena de conflitos abertos ou larvares. É neste contexto que assumem todo o seu sentido os objectivos proclamados em Barcelona: uma arquitectura de paz, de segurança e de prosperidade partilhadas. A aplicação, em 2001, da estratégia Mediterrâneo comum da União Europeia em relação à região mediterrânica — aprovada no ano anterior — é ilustrativa da importância atribuída pelos Quinze ao processo actual, que constitui hoje, mais do que nunca, um fórum necessário, cuja credibilidade é preciso reforçar juntos dos países parceiros, em termos de opções prioritárias e de resultados qualitativos. Neste sentido, a quinta conferência de ministros dos Negócios Estrangeiros da parceria euromediterrânica, que se realizará em Valência em 22 e 23 de Abril de 2002, deverá efectuar o balanço detalhado do primeiro ciclo do processo de Barcelona (1995-2002) e aprovar um plano de acção que preveja o lançamento de uma série de acções concretas de parceria, englobando as três componentes da cooperação euromediterrânica. A aprovação deste novo quadro operacional deverá traduzir-se, em 2002, pelo reforço e intensificação das acções relativas aos seguintes eixos prioritários: ❿ novo reforço do diálogo político e de segurança, tendo por objectivo último a conclusão positiva dos trabalhos em curso sobre a Carta Euromediterrânica para a Paz e a Estabilidade; ❿ estabelecimento de uma parceria financeira e económica dinâmica e mutuamente vantajosa, passando, nomeadamente, pela assinatura de acordos de associação com o Líbano e a Argélia e pela aceleração das negociações com a Síria. A promoção dos investimentos europeus directos na região, a consolidação do diálogo económico refor- çado, o desenvolvimento de estratégias regionais no domínio das infra-estruturas, o lançamento previsto de um programa regional relativo aos instrumentos do mercado interno e a criação de um banco euromediterrânico de desenvolvimento constituem outras tantas prioridades para 2002; ❿ instauração de um verdadeiro diálogo entre as civilizações, os povos e as culturas das duas margens do Mediterrâneo, reforçando a parceria social, cultural e humana já existente. A aprovação de um plano de acção orientado para três domínios específicos — juventude (nomeadamente graças ao lançamento da segunda fase do programa Euromed Juventude), educação (extensão do programa Tempus aos parceiros mediterrânicos) e comunicação social e opinião pública (lançamento de um programa regional sobre informação e comunicação) – terá por objectivo incentivar e promover a participação do maior número possível de actores do processo euromediterrânico em torno dos ideais de democracia, de cultura e de tolerância; ❿ apoio ao processo de paz no Médio Oriente, através da intensificação dos esforços da União Europeia com vista ao regresso dos dois beligerantes ao diálogo e ao fim da violência, como prelúdio de um reinício das negociações para uma solução negociada e equitativa deste conflito, que mina qualquer esforço continuado de cooperação entre os vários actores regionais. 107 © CE 7. África, Caraíbas e Pacífico (ACP) Na sua luta contra a pobreza, a África subsariana. Vê-se confrontada com grandes desagios. Os progressos para alcançar os objectivos de desenvolvimento do milénio foram modestos em 2001, e a tendência negativa não foi invertida de forma consistente. Mais de trezentos milhões de africanos vivem ainda em absoluta pobreza. A sida destacou-se como a causa principal de morte e constitui actualmente uma ameaça muito grave para o futuro de África. A acção do continente africano no domínio da luta contra a pobreza foi reforçada através da nova parceria para o desenvolvimento de África (NEPAD), a qual foi assinada pelos chefes de Estado de África em Julho de 2001. Foram efectuados progressos no estabelecimento da paz e da segurança em algumas das regiões mais conturbadas, como o Corno de África, a República Democrática do Congo e Angola. Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica O Acordo de Cotonu, assinado em Junho de 2000, constitui uma nova e sólida base para auxiliar a África e os países das Caraíbas e do Pacífico a enfrentarem os seus desafios de desenvolvimento. 2001 foi o primeiro ano de vigência do Acordo. A maior parte das estratégias nacionais desses países para os próximos cinco anos foram elaboradas recorrendo a amplas consultas às populações locais. No contexto do Acordo de Cotonou, assistiu-se a uma intensificação do diálogo político entre a Europa e os países da África, das Caraíbas e do Pacífico. 7.1. Introdução O Acordo de Cotonu, assinado em 23 de Junho de 2000, estabelece um novo Acordo de Parceria com 77 países de África, das Caraíbas e do Pacífico que se prolongará até 2020. Antes de entrar em vigor, o Acordo deverá ser ratificado, pelo menos, por dois terços dos Estados ACP e por todos os Estados-Membros da União Europeia e aprovado pela Comunidade Europeia (n.° 2 do artigo 93.º do Acordo de Cotonu). Trinta e seis Estados ACP e quatro Estados-Membros da UE já concluíram este processo. Em 2001, o quadro de cooperação com os Estados ACP revestiu, portanto, a forma de medidas transitórias acordadas pelo Conselho de Ministros ACP-CE de 27 de Julho de 2000. Estas medidas dão execução à maior parte das disposições do Acordo de Cotonu, com excepção da libertação dos recursos financeiros do 9.º Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED). O quadro jurídico aplicável às relações com a África do Sul foi alargado em 2001, com a conclusão das negociações dos Acordos sobre Vinhos e Bebidas Alcoólicas, os quais foram finalmente aprovados pelo Conselho e assinados em Janeiro de 2002. O Acordo sobre Comércio, Desenvolvimento e Cooperação está ainda a aguardar ratificação. No final de 2001, três Estados-Membros da UE tinham-no já ratificado. O Acordo aplica-se, de forma provisória e parcial, a partir de 1 de Janeiro de 2000. A dimensão política das relações da UE com os países ACP foi reforçada. Assim, os documentos de estratégia por país incluíram uma avaliação da situação política, tendo o diálogo político entre países sido desenvolvido e tornado mais sistemático. Em 2001, a Comunidade Europeia terminou o processo de consulta, com base no artigo 96.º do Acordo de Cotonu, relativo à Costa do Marfim e as Ilhas Fiji. Para além disso, foi transmitida ao Conselho uma proposta da Comissão, no sentido de ser revista a decisão do Conselho de dar por concluídas as consultas com o Haiti. A Comunidade Europeia decidiu abrir um processo de consulta, nos termos do artigo 96.º, relativamente ao Zimbabué e, nos termos dos artigos 96.º e 97.º, relativamente à Libéria (1). A cooperação com Cuba continuou em 2001, tendo os fundos sido destinados a ajudas de emergência, ao co-financiamento de organizações não governamentais (ONG) e ao apoio à cooperação económica. Em 2001, a prioridade foi dada à elaboração de novos documentos de estratégia por país melhorados, na sequência dos novos mecanismos previstos no Acordo de Cotonu. As estratégias de cooperação estão centradas na luta contra a pobreza e têm por base o respeito dos direitos sociais, económicos, políticos e humanos. A eficácia das parcerias deverá ser melhorada através das novas abordagens, que incluem o reforço da prioridade atribuída às questões da boa gestão económica, estabelecendo ligações entre os subsídios atribuídos e os resultados obtidos e racionalizando os mecanismos respeitantes ao pagamento das ajudas. Um factor também muito importante é o de que os governos beneficiários de ajudas deverão desempenhar um papel mais activo no estabelecimento de prioridades, devendo avançar com reformas baseadas nas suas próprias agendas políticas. No âmbito do 9.º Fundo Europeu de Desenvolvimento, será dado maior relevo ao papel das delegações da Comissão Europeia e desenvolvido maior esforço no sentido de identificar áreas específicas como alvo das ajudas, por forma a maximizar o seu impacto. A nova abordagem reforça o princípio do desenvolvimento participativo. Alarga a parceria a uma vasta gama de intervenientes não estatais e adopta uma abordagem mais integrada, ligando os aspectos políticos, económicos, sociais, culturais e ambientais num quadro global mais coerente. Autorizações e pagamentos em 2001 para os países ACP (em milhões de euros) Autorizações Pagamentos 2001 FED: Bilateral (países) — programas indicativos nacionais FED: Cooperação regional — programas indicativos nacionais Subtotal regional/bilateral Rubricas orçamentais da CE Total 2000 2001 2000 1 249 3 324 1 896 1 351 305 433 172 197 1 554 3 757 2 068 1 548 502 502 568 357 2 056 4 259 2 636 1 905 Síntese das autorizações e pagamentos (FED) no período 1995-2001 (em milhões de euros) 1995 1997 1998 1999 2000 2001 Total 1995-2001 Autorizações 1 520 965 616 2 296 2 693 3 757 1 554 13 401 Pagamentos 1 564 1 317 1 213 1 440 1 275 1 548 2 068 10 425 0,97 0,73 0,51 1,59 2,11 2,43 0,75 1,29 Rácio autorizações/pagamentos (%) 110 1996 (1) Os processos de consulta são abertos, nos termos dos artigos 96.º e 97.º do Acordo de Cotonu, em situações em que tenham sido violadas cláusulas essenciais do Acordo (artigo 96.º) ou sempre que se verifique corrupção grave (artigo 97.º). O objectivo é o de debater os problemas com o país parceiro ACP, com vista a encontrar soluções. As opções existentes são a adopção de medidas correctivas por comum acordo, com um faseamento da ajuda da UE ou, quando não exista outra solução, a suspensão das ajudas. ACP 7.2. Integração e cooperação regionais A integração e cooperação regionais continuaram a desempenhar um importante papel nas relações entre a Comunidade Europeia e os países ACP, ao longo de 2001. A aplicação dos programas indicativos regionais (PIR) do 8.º Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED), que foram aprovados para um período de cinco anos em 1996-1997 (incidindo, fundamentalmente, nos transportes, investigação agrária, conservação dos recursos naturais e integração económica regional) (1) manteve-se a actividade principal. Em 2001, foi autorizado um montante de 304 923 133 euros, abrangendo todos os sectores, destinado aos programas das regiões e de «todos os países ACP». Deu-se início ao processo de programação do 9.º FED. Os montantes iniciais atribuídos à cooperação regional são os seguintes: 700 milhões de euros para os programas indicativos regionais, 300 milhões de euros para os programas intraACP e 300 milhões de euros em reserva. Durante o processo de revisão, a reserva poderá ser utilizada para fornecer apoio adicional, vinculado ao desempenho e às necessidades. A integração regional e o apoio às instituições constituem elementos chave do apoio comunitário, uma vez que são essenciais para uma melhor integração dos países ACP, quer nas suas economias regionais quer na economia global. Em 2001, continuaram em execução grandes programas de assistência técnica nos domínios do comércio, das alfândegas, da estatística e outros, ao mercado comum da África Oriental e do Sul, à União Económica e Monetária da África Ocidental e ao Fórum dos Estados das Caraíbas. Foram aprovados três novos programas num total de 13,2 milhões de euros, para os cinco países de língua portuguesa, abrangendo o sistema jurídico, a estatística e a administração a todos os níveis. Estes programas vão ser executados em cooperação com o Governo português, o qual contribui com apoio financeiro e técnico. Foram também tomadas iniciativas políticas, ao nível regional, nomeadamente o apoio ao diálogo intercongolês (1,96 milhões de euros) e às actividades no domínio da manutenção da paz e da prevenção de conflitos da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental. A dimensão intra-regional manteve a sua importância em 2001, tendo sido lançados programas, por exemplo, para preparar os países ACP para os acordos de parceria económica (20 milhões euros) e para melhorar a sua capacidade de participar eficazmente nas negociações da Organização Mundial do Comércio (10 milhões de euros). Neste contexto, a Comunidade Europeia contribuiu também com 1,45 milhões de euros para a instalação de uma delegação ACP junto dos vários organismos internacionais sediados em Genebra (Organização Mundial do Comércio, Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e o Desenvolvimento, etc.). A delegação ACP foi inaugurada pelo comissário Lamy em Janeiro de 2002. Na sequência da cimeira do Cairo entre a UE e África, foram intensificados os contactos com organizações pan-africanas susceptíveis de avançarem com acções específicas. Autorizações para a cooperação regional (FED) em 2001 Região (programa indicativo regional do FED) Em milhões de euros (*) Caraíbas 4,14 África Central 8,25 África Oriental 3,64 Oceano Índico – 0,76 Pacífico 29,8 África Meridional – 0,43 África Ocidental 63,02 PALOP (países africanos de língua oficial portuguesa) Países e territórios ultramarinos Subtotal Todos os ACP Total 8,6 5,71 121,97 182,95 304,92 (*) Os dados negativos surgem quando a anulação das autorizações (ou seja, a libertação de verbas afectadas a projectos não executados nos anos anteriores) é superior às autorizações. 7.3. Países e territórios ultramarinos Os países e territórios ultramarinos dos Estados-Membros têm estado associados à CE desde a sua criação em 1957. A finalidade desta associação, nos termos do artigo 182.° do Tratado que institui a Comunidade Europeia, é «promover o desenvolvimento económico e social dos países e territórios e estabelecer relações económicas estreitas entre eles e a Comunidade no seu conjunto». Existem 20 países e territórios ultramarinos (PTU) espalhados pelo mundo. As relações entre os PTU e a Comunidade são geridas pelas decisões do Conselho de Ministros. A última decisão do Conselho, que data de 27 de Novembro de 2001, é inovadora em relação às precedentes, estabelecendo uma gestão em maior regime de parceria dos recursos financeiros concedidos aos PTU, aplicando-lhes procedimentos inspirados nas regulamentações em vigor no domínio dos fundos estruturais. Ao abrigo do 9.° FED, a decisão estabeleceu a concessão aos PTU do montante de 175 milhões de euros, dos quais 145 milhões para o apoio programável ao desenvolvimento a longo prazo no que diz respeito a 12 PTU, 8 milhões para a cooperação regional, 20 milhões para o financiamento da facilidade de investimento e 2 milhões para os estudos e acções de assistência técnica. Deste modo, os PTU beneficiam também das rubricas orçamentais previstas em favor dos países em desenvolvimento através do orçamento geral das Comunidades Europeias. Em relação aos três FED anteriores, verificou-se uma certa lentidão na mobilização das contribuições financeiras postas à disposição a título de autorizações secundárias e dos pagamentos (nomeadamente para os PTU neerlandeses). Os procedimentos previstos para o 9.° FED deverão facilitar a mobilização e os desembolsos. No que diz respeito aos três FED anteriores em relação aos concursos (excepto cooperação regional) (1) Através, por exemplo, da promoção de comunidades económicas, de uniões aduaneiras e de zonas de comércio livre. 111 © CE Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica Limpeza das estradas no vale de Malata em São Vicente (Barbados). no montante aproximado de 268 milhões de euros, 82,5% foram autorizados e 73,5% pagos. No que se refere à cooperação regional a partir dos 30 milhões de euros concedidos no âmbito dos três FED anteriores, 82% já foram autorizados, nomeadamente ao abrigo do 8.° FED, graças a uma boa cooperação entre os Estados ACP e os PTU do Pacífico, o que deu origem a vários co-financiamentos (domínio haliêutico e agricultura). 7.4. Transportes e infra-estruturas Este sector abrange os transportes, água e saneamento, exploração mineira, energia e também o apoio às tecnologias da informação e às telecomunicações. O apoio ao sector dos transportes é reconhecido como constituindo um factor chave para o combate à pobreza global e para a promoção do desenvolvimento sustentado e da melhoria da integração dos países ACP. A promoção do acesso aos serviços básicos é igualmente essencial para a melhoria da qualidade de vida de todos e, em particular, dos mais pobres. 7.4.1. Transportes De um total de 660 programas e projectos actualmente em curso no âmbito deste sector, a Comunidade Europeia apoia a execução de 87 grandes projectos (mais de 5 milhões de euros) no sector dos transportes, dirigidos para as reformas sectoriais, o reforço das capacidades, a manutenção e valorização e a integração regional, aspectos que correspondem aos actuais défices em termos de serviços de transportes fiáveis, especialmente em África. 112 O ano de 2001 foi caracterizado por uma aceleração substancial da execução dos programas em curso neste domínio, especialmente em países que tinham sofrido atrasos de execução em fases precoces do ciclo de programação. Foram celebrados novos contratos, que atingiram um montante total de 414 milhões de euros, nos sectores dos transportes e das infra-estruturas. Alguns países (Benim, Etiópia, Guiné-Conacri e Mali) partilham entre si cerca de 50% deste montante. O Mali classifica-se em primeiro lugar neste grupo, com 73 milhões de euros em autorizações secundárias novas, seguido do Benim (56 milhões de euros), da Guiné-Conacri (44 milhões de euros) e da Etiópia (41 milhões de euros). No Mali, os novos contratos abrangem o melhoramento de 437 km da principal via de acesso rodoviário ao Senegal. Este projecto também viabiliza o acesso a uma das regiões mais pobres do país. No Benim, os novos contratos abrangem a manutenção periódica, durante um período de dois anos, de 490 km de vias rodoviárias principais (aproximadamente 25% da rede principal do país) e a valorização de 102 km de estradas no norte do país. Na Guiné-Conacri, as actividades abrangidas pelos contratos de 2001 incidem sobre a valorização e melhoramento da ligação inter-regional com o Senegal, onde se localiza o porto marítimo mais próximo, facilitando uma melhor integração internacional do país a médio prazo. Na Etiópia, o melhoramento da estrada entre Adis-Abeba e Woldiya, com 514 km, a qual atravessa uma região com uma população superior a 2 milhões de pessoas, constitui um elemento fundamental do programa governamental de desenvolvimento do sector rodoviário e irá contribuir bastante para melhorar os acessos rodoviários entre a capital e o norte do país. A nível regional, no final de 2001 terá lugar a assinatura dos contratos relativos às duas principais ligações rodoviárias, com um valor total de 165 milhões de euros. Uma destas ligações permitirá uma melhor integração internacional do Chade via Camarões (400 km da ligação entre Moundou e Touboro-N’Gaoundéré) e contribuirá bastante, dessa forma, para a integração económica da região da África Central. O outro contrato abrange a ligação, numa extensão de 130 km, entre Kankan (Guiné-Conacri) e Bamako (Mali). Devido ao estado em que se encontra actualmente, esta estrada limita as oportunidades de desenvolvimento do noroeste da Guiné-Conacri e do sudoeste do Mali. Estas regiões, com uma população estimada em um milhão de pessoas, encontram-se actualmente isoladas do resto do país, vários meses por ano. No que se refere à programação do 9.º FED, 23 dos 44 documentos estratégicos por país ACP apresentados em 2001 incluíam os transportes como sector prioritário. Quase todos os 23 países se situavam em África. Espera-se que, no final do exercício de programação, aproximadamente 30 países ACP e três regiões tenham adoptado os transportes como um dos seus sectores prioritários, abrangendo um montante provável de 2 mil milhões de euros. Trata-se de um montante da mesma ordem de grandeza do que foi atribuído pelo 8.º FED, que reflecte a manutenção dos transportes como sector prioritário nos países parceiros, especialmente em África, e o reconhecimento da competência especial da Comissão neste domínio. 7.4.2. Água e saneamento O alvo principal do apoio comunitário no domínio do fornecimento de água e do saneamento evoluiu ACP progressivamente, de uma abordagem de projecto centrada no abastecimento de água e referente às principais questões técnicas abrangidas, para uma abordagem em termos de programa, caracterizada por preocupações de índole mais social e ambiental e pelo apoio a uma melhoria na gestão do recurso água. Assim, foram autorizados, em 2001, 52 milhões de euros para actividades relacionadas com um abastecimento de água mais seguro e com a melhoria dos esgotos e dos serviços de saneamento básico nas zonas urbanas. Actualmente, a Comunidade Europeia apoia políticas governamentais de melhoria do abastecimento de água e do saneamento básico em pequenas cidades e em zonas rurais de cinco países. No Gana, foram já executados, tal como previsto, 30% dos 32 milhões de euros atribuídos à estratégia nacional para a água e saneamento básico nas comunidades. Espera-se que, no final deste projecto, mais de 560 000 pessoas tenham acesso a um serviço de abastecimento de água seguro, bem como a saneamento básico. Em Moçambique, a Comunidade Europeia está a apoiar directamente a gestão integrada de recursos aquíferos na bacia do Zambeze, a segunda maior zona de captação de água existente na região da Comunidade de Desenvolvimento da África Meridional, com vista a melhorar a qualidade de vida das populações, especialmente as das zonas rurais. A contribuição comunitária Transportes — Autorizações em 2001 (em milhões de euros) País ACP Designação do projecto Aruba Estudo preparatório de concepção do Parque Nacional Belize Construção de uma nova ponte sobre o rio Sibun Chade Estudo técnico da estrada de Doba Sahr e preparação do concurso Montante 0,5 2 0,74 Apoio técnico/institucional ao Ministério das Obras Públicas, Transportes, Habitação e Urbanismo 1,90 Congo Assistência técnica à execução de um plano nacional de transportes 1,95 Valorização das estradas rurais 1,98 Eritreia Reforço do Ministério dos Transportes 0,62 Etiópia Estudo prévio de viabilidade da estrada de Gondar-Huemra e Arba Minch 0,74 Melhoramento da estrada de Harar Jiga 0,71 Fiji Ponte de New Rewa Gabão Aumento do montante total atribuído ao projecto da estrada de Larara/Mitzic 1,99 11 Guiné-Bissau Ponte de João Landim — Aumento do montante atribuído 2,65 Guiné-Conacri Estudo de impacto ambiental Quénia Programa de valorização do corredor setentrional 0,2 Madagáscar Programa de apoio à manutenção de estradas e melhoramento dos acessos Malavi Infra-estrutura de apoio à estrada marginal do lago 13,72 Mauritânia Assistência técnica ao Ministério das Obras Públicas 0,55 Assistência técnica: manutenção de estradas 0,75 79,5 42 Nova Caledónia Estrada Hienghene Pouebo 5,6 Níger Assistência técnica aos transportes Ilhas Salomão Aumento dos fundos para o projecto de infra-estruturas rurais de Malaita São Tomé Apoio ao Serviço Nacional de Estradas 0,48 Suriname Construção de uma estrada para o terminal de «ferry-boats» da Guiana-Suriname 13,2 Tanzânia Programa de manutenção do corredor central Uganda Reforço da estrada do corredor setentrional 36,6 Wallis e Futuna Equipamento para obras públicas 1,93 Regional: Plano de acção para o desenvolvimento dos transportes regionais 1,98 África Central Estudo de viabilidade da estrada de Barouaboulai-Meiganga Ngaoundere Regional: Programa de manutenção do corredor central África Oriental Programa de melhoramento do corredor setentrional Regional: Melhoramento da estrada de Kayes Kidira Apoio às pescas 2,8 0,75 1,2 22 1,9 20 13,6 28,99 África Ocidental Total 314,53 113 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica Transporte e infra-estruturas (água e saneamento) – Autorizações em 2001 (em milhões de euros) Designação do projecto Angola Abastecimento de água potável à cidade de Tombwa 7,6 Antilhas Neerlandesas Sistema de esgotos de Bonaire 0,5 Etiópia Projecto de abastecimento de água a Adis Abeba Fiji Programa ambiental Gana Abastecimento de água às pequenas cidades e saneamento na região Norte 1,99 Lesoto Estudo de viabilidade para o abastecimento de água às terras baixas do Lesoto 1,75 Maurícias Estudo da instalação de esgotos na costa ocidental 0,15 Assistência técnica ao sector dos esgotos 0,11 © CE País ACP Construção de um poço no Norte do Níger. de 11,7 milhões de euros deverá permitir a criação e funcionamento da autoridade de gestão da bacia hidrográfica do Zambeze e o desenvolvimento da capacidade de planeamento e promoção do abastecimento de água às zonas rurais da bacia do Zambeze. Em 2001, procedeu-se ao recrutamento do pessoal para assistência técnica à execução do projecto. No Uganda, o programa de «abastecimento de água às cidades do centro-oeste» teve igualmente o seu início em 2001. Este programa de 17,5 milhões de euros irá beneficiar uma população estimada de 100 000 pessoas, através da redução da incidência de doenças de vector hídrico. Em Samoa, está em vias de conclusão um programa de abastecimento de água a zonas rurais, no valor de 18,7 milhões de euros. Este programa está a alcançar o seu objectivo de melhorar o sistema existente de abastecimento de água às zonas rurais mais populosas de cada uma das duas ilhas principais que constituem Samoa, beneficiando assim cerca de metade da população, ou seja, cerca de 55 000 pessoas. Nas Maurícias, encontra-se em boa execução um programa de 16,7 milhões de euros, para a extensão da estação de tratamento de esgotos de St. Martin, que vai servir uma população de 220 000 pessoas. Na Etiópia, foram executados, de acordo com o previsto, 30% dos 19,5 milhões de euros atribuídos à melhoria das condições de abastecimento de água e de saneamento básico das famílias de mais baixos rendimentos. 7.4.3. Sector da exploração mineira No decurso de 2001, os programas de apoio à exploração mineira do FED estiveram em curso em treze países, abrangendo um financiamento total de 452 milhões de euros. Oito desses países (Botsuana, Burquina Faso, República Dominicana, Gabão, Mali, Mauritânia, Namíbia e Nova Caledónia) estão a ser apoiados nos seus esforços para desenvolverem, de forma sustentada, os seus sectores mineiros. Em alguns 114 Montante 6 8,5 Nigéria Programa de abastecimento de água e de saneamento básico às pequenas cidades Polinésia Francesa Melhoramento do saneamento básico de Bora Bora 9,95 Ilhas Salomão Extensão do projecto de abastecimento de água de Kombito 0,15 Total 15 51,70 destes países, procurou-se melhorar o apoio institucional e a informação geológica básica adequada, enquanto que noutros os esforços concentraram-se na recuperação das grandes empresas públicas e privadas e nas formas de se reduzir o impacto negativo causado pela actividade mineira. Nos restantes cinco países, estão em curso programas de diversificação, centrados principalmente no sector dos transportes. Desde 1 de Janeiro de 2001, e na sequência das decisões relativas às medidas transitórias aplicáveis no intervalo entre a vigência do Acordo de Lomé e o de Cotonu, estão a ser programados, no quadro do Acordo de Cotonu, fundos não autorizados, atribuídos ao apoio das indústrias tradicionais (1) (cerca de 450 milhões de euros). Foi concedida prioridade aos programas de reforço do sector institucional de minérios (o qual pode incluir uma ampla gama de projectos, como a revisão do código de exploração mineira ou do código ambiental, o desenvolvimento da estrutura geológica, actividades de divulgação e de comunicação e formação profissional), apoio às pequenas e médias empresas de exploração mineira e de protecção ambiental. Em 2001, estavam em curso nove estudos de avaliação. A Comunidade Europeia esteve igualmente activa nos países ACP, através de programas específicos noutros domínios, como a energia e as tecnologias de informação e sistemas de telecomunicações, dando resposta a situações específicas a nível regional e local. (1) Sysmin: sistema de estabilização das receitas da exportação de produtos minerais. Constitui a «transferência Sysmin» do 8.º FED, destinada a financiar o programa de desenvolvimento identificado, na sequência de um pedido de ajuda a título do Sysmin da Convenção de Lomé, e relativamente ao qual não tinha sido possível, até 31 de Dezembro de 2000, tomar uma decisão de financiamento ACP No sector da energia, estão em curso diferentes actividades que abrangem o reforço institucional, o apoio ao fornecimento de energia — incluindo a electrificação rural e as fontes de energia renováveis — e aos transportes na República Dominicana, Eritreia, Gana, República de Quiribati, Mali, Mauritânia, Senegal e Serra Leoa. Em 2001, foi iniciado um esforço no sentido de atribuir ao fornecimento de energia um papel central, de maneira a que fosse reconhecida, na execução do 9.º FED, a necessidade de estabelecer uma ligação entre a energia e as prioridades de desenvolvimento (saúde, educação, desenvolvimento empresarial, igualdade entre os sexos, etc.). Estão também em curso esforços no sentido de melhorar a informação e os sistemas de telecomunicações. Na região das Caraíbas, foi lançado um projecto de 750 000 euros, com vista a assegurar um desenvolvimento integrado e regulado das telecomunicações, bem como um outro projecto, de 3,5 milhões de euros, de modernização do sistema de teledifusão existente. Em África, no âmbito do programa de transição meteorológica (11 milhões de euros), foi lançado, em Novembro de 2001, o concurso para a substituição do equipamento de todos os serviços meteorológicos de 47 países. Quando estiverem concluídas, estas intervenções regionais vão contribuir para melhorar o acesso dos países ACP a informação básica fiável, indispensável para um desenvolvimento sustentável. Benim — Apoio ao sector dos transportes Em Outubro de 1993, o Governo do Benim aprovou uma estratégia de desenvolvimento dos transportes. Esta estratégia abrangia a limitação dos investimentos a uma rede rodoviária prioritária, o estabelecimento de um fundo rodoviário para assegurar o financia- mento da manutenção, a orientação do papel do Estado para a direcção política e a regulação, a promoção da participação do sector privado, o apoio ao desenvolvimento dos serviços de transportes e o estabelecimento de um programa de investimentos. No quadro de diversos fundos europeus de desenvolvimento, foram concedidos, no passado, 165 milhões de euros ao apoio a esta estratégia, principalmente destinados à construção e ao melhoramento de 1 114 km de estradas prioritárias, permitindo assim que o Benim tenha reforçado o seu papel de via central de trânsito para os países vizinhos. O apoio comunitário centrou-se também em aspectos institucionais, especialmente na criação do Fundo Rodoviário. Em 2001, a principal actividade foi o arranque dos programas de renovação de 600 km das estradas prioritárias do norte do país, com um custo de 90 milhões de euros. O outro objectivo da ajuda comunitária é o de tornar acessíveis as regiões mais pobres, ligando-as à rede viária principal. A ajuda da Comunidade Europeia no domínio dos transportes tem em consideração, igualmente, o problema da marginalização de uma percentagem cada vez maior da população urbana. Assim, a melhoria dos acessos e do tráfego em certas zonas de Cotonu e de Porto Novo está a ser feita com recurso a métodos de mão-deobra intensiva, de forma a proporcionar uma fonte de rendimentos a algumas das pessoas mais pobres. Este último projecto permitiu criar cerca de 5 000 ou mais empregos por um período de 4 anos, beneficiando mais de 30 000 pessoas, se tivermos em conta os dependentes dos trabalhadores. Calcula-se que a percentagem do total da rede viária prioritária classificada como «em mau estado» passe de 40% em 1998 para 10% em 2000. Transportes e infra-estruturas — Outras infra-estruturas — Autorizações em 2001 País ACP Designação do projecto Barbados Expansão do Centro de Línguas de Barbados Comores Em milhões de euros 3,95 Estudo da utilização de materiais substitutos da areia 0,1 Gestão de resíduos sólidos 1,83 República Dominicana Projecto-piloto — Resíduos sólidos em zonas marginais 0,84 Etiópia Preservação e conservação das igrejas de Lalibela Haiti Aumento dos fundos para o projecto «Utilização de imagens de satélite» Quiribati Programa de formação profissional de Quiribati (infra-estruturas) Montserrate Concepção e fiscalização do instituto superior da comunidade Namíbia Reclassificação do Instituto Marítimo e das Pescas em Walvis 1,9 Nova Caledónia Novo aquário de Nouméa 0,9 9,1 0,35 6,4 0,15 Armazém frigorífico de Nouméa 1 São Vicente Centro de Recursos Educativos 1,5 Tonga Programa de desenvolvimento de Vava’u (infra-estruturas para o desenvolvimento das pescas, da agricultura e do turismo) 5,2 Regional: Caraíbas Projecto da rede de radar das Caraíbas 0,2 Programa de desenvolvimento dos recursos da escola de Medicina de Fiji 7,5 Regional: Pacífico Redução da vulnerabilidade dos Estados ACP do Pacífico 7 Total 47,92 115 © CE Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica Plantação de novas árvores. As florestas do país são cruciais para a subsistência de milhões de ugandeses. 7.5. Desenvolvimento rural sustentável e segurança alimentar Três quartos dos 1,2 mil milhões de pessoas que vivem em extrema pobreza encontram-se em zonas rurais, frequentemente afectadas por graves problemas ambientais. Em consequência, o desenvolvimento rural sustentável e a gestão dos recursos naturais — a base do crescimento económico na maioria dos países em vias de desenvolvimento — constituem prioridades na redução da pobreza rural. Apesar de grande parte dos recursos que estão programados para os sectores social e de infra-estruturas se destinar a áreas rurais, a Comissão ainda não conseguiu adoptar, de forma sistemática, uma abordagem estratégica do desenvolvimento rural. 7.5.1. Desenvolvimento agrícola As grandes alterações verificadas nos enquadramentos internacional (liberalização e globalização dos mercados à escala regional e global) e nacional (por exemplo, diminuição do controlo centralizado dos sectores produtivos) obrigam a mudanças na execução de projectos e programas. Assim, os novos programas no âmbito da Abordagem Sectorial Ampla (SWAP) apoiam as políticas sectoriais agrícolas nacionais, com vista a reforçar as organizações de produtores agrícolas, a encorajar a participação do sector privado e a facilitar o acesso aos serviços financeiros (microfinanciamentos e outras modalidades de crédito). No Burquina Faso, o programa PAOSA (plano de acção para a organização do sector agrícola), de 24,2 milhões de euros, está a fornecer apoio — no quadro do programa de ajustamento estrutural agrícola finan- 116 ciado pelo Banco Mundial — ao reforço das capacidades próprias das organizações profissionais agrícolas existentes, ao acesso ao financiamento local, ao apoio institucional e ao aumento da produtividade na indústria do arroz. Prevê dar formação profissional a 30 000 agricultores e a 50 000 famílias, proporcionar crédito para pequenos montantes a cerca de 500 000 pessoas e introduzir novos sistemas de produção de arroz (abrangendo 4 000 hectares), com o objectivo de aumentar a produção anual média em 10%. No entanto, a cooperação existente no sector agrícola está ainda muito presa ao sistema do projecto e a melhoria da participação comunitária nas iniciativas de múltiplos doadores tem sido insuficiente. No que se refere ao Stabex (Sistema de Estabilização das Receitas de Exportação) e ao seu apoio futuro em situações de flutuações de curto prazo nas receitas das exportações cobertas pelo Acordo de Cotonu, os novos programas não só contribuirão para as reformas institucionais como também para a estabilidade macroeconómica. No decurso de 2001, a Comissão continuou a apoiar os 12 Estados ACP tradicionais fornecedores de bananas, através de assistência técnica e financeira especial (1). Foram aprovadas dez propostas, cobrindo um montante total de 43 milhões de euros. A aplicação dos acordos relativos aos dois anos anteriores também prosseguiu, com apoios à melhoria da produtividade (irrigação e drenagem), da qualidade (armazéns frigoríficos) e da comercialização, bem como o apoio à diversificação das culturas nos países onde a produção da banana não é sustentável. Apoio à investigação agrícola no Quénia A fase II do programa de apoio à investigação agrícola/pecuária, com a duração de cinco anos e uma dotação de 8,3 milhões de euros, destina-se a apoiar o projecto nacional de investigação agrícola do Quénia, iniciado em 1998. O objectivo geral do programa citado é melhorar a integração económica das comunidades rurais, em especial nas terras áridas e semi-áridas (ASAL), em articulação com o resto da economia do país. Esta iniciativa pretende assegurar que os trabalhadores, dos sectores público e privado, envolvidos na área das ASAL, assim como as organizações comunitárias locais, mediante uma utilização mais eficaz das recomendações decorrentes da investigação, transmitam aos agricultores e criadores de gado tecnologias e outros conceitos sãos e socialmente aceitáveis. As contribuições da UE (assim como de outros doadores) consistem em fundos operacionais destinados à investigação e ao reforço das capacidades próprias, melhoria das infra-estruturas, equipamento científico e de transporte e ainda serviços de consultoria técnica a curto e a médio prazo. Tudo isto contribui para criar uma capacidade de investigação agrícola maior e mais eficaz, particularmente nas ASAL do Quénia. Os programas de investigação adaptativos e aplicados incidem sobre tópicos no domínio da gestão do solo e da água, da pecuária e da gestão dos recursos naturais nas zonas montanhosas, geralmente áridas. O projecto pretende encontrar soluções sustentáveis, numa abordagem com base na comunidade e à (1) Tal como é estabelecido no Regulamento (CE) n.º 856/1999 do Conselho. dimensão do género, com uma colaboração importante por parte das ONG e dos funcionários públicos envolvidos no trabalho de campo. Os acordos de colaboração com as organizações locais e com as ONG, com vista à promoção das tecnologias recomendadas e à melhoria das capacidades/formação na fase inicial, melhoram significativamente a sua adaptação e a sua adopção a uma escala mais alargada. Isto conduziu, por exemplo, à criação de três pequenas unidades leiteiras em centros estratégicos nas zonas montanhosas do norte do Quénia, permitindo abastecer cerca de 50 000 pessoas com produtos lácteos frescos e higiénicos, a partir de leite de vaca e de camelo. Ao mesmo tempo, foi possível, nestas comunidades das ASAL, melhorar a segurança alimentar e aumentar os rendimentos permanentes (especialmente das mulheres). Com a melhoria das tecnologias de preparação e drenagem dos solos, cerca de 2,4 milhões de hectares de solos pesados e mal drenados podem agora ser utilizados em culturas agrícolas. Simultaneamente, foi desenvolvida uma ferramenta para plantação precoce, com vista a aumentar as possibilidades de os agricultores obterem boas colheitas em zonas semi-áridas. Este projecto conseguiu alertar as comunidades do Quénia que vivem total ou parcialmente do pastoreio para a importância estratégica de preservar os recursos genéticos animais do Quénia, perfeitamente adaptados às difíceis condições de vida e às doenças locais, em especial os cerca de 5 milhões de zebus de cornos curtos da África Oriental. 7.5.2. Desenvolvimento da produção animal Foram aprovados em 2001 dois novos acordos de financiamento, num montante total de 12,5 milhões de euros, em benefício do sector da produção animal em Madagáscar e na Guiné. Os projectos incidem sobre o apoio institucional, a saúde animal, a privatização dos serviços veterinários e a melhoria dos serviços específicos da produção animal. Espera-se que a sustentabilidade e a eficácia destes projectos sejam substancialmente melhoradas, quer através do envolvimento activo na concepção do projecto dos pequenos proprietários de gado beneficiários, quer pelo reforço das organizações de produtores de gado, que são responsáveis pela execução do projecto. A nível regional, estão em execução dois programas, pelo Instituto Nacional de Recursos Animais, com sede em Nairobi. ❿ O projecto de «exploração agrícola em zonas afectadas pela mosca tsé-tsé» (20 milhões de euros) abrangeu inicialmente a Etiópia, o Quénia e o Uganda, mas será alargado à Tanzânia, ao Ruanda e ao Burundi. Este projecto pretende contribuir para a melhoria do bem-estar das populações rurais, mediante o desenvolvimento de uma pecuária sustentável, em zonas afectadas pela mosca tsé-tsé. O objectivo de longo prazo é o controlo sustentável da doença do sono, organizado e financiado pelos proprietários de gado. No Quénia, por exemplo, uma intervenção de emergência permitiu reduzir a taxa de infecção por tripanossomíase (vulgo doença do sono) de 80% para 20% entre as 50 000 cabeças de gado do © CE ACP A existência de gado em boa saúde é vital para a subsistência da população da Guiné-Conacri. distrito de Teso. 1 400 criadores receberam formação em técnicas de controlo da doença. Foi testada, em 60 unidades pecuárias, uma nova abordagem na gestão da transmissão da tripanossomíase através da mosca tsé-tsé. A protecção dessas unidades com redes mosquiteiras impregnadas com insecticida conduziu a uma significativa redução das despesas veterinárias e a um aumento da produção de leite. ❿ O programa pan-africano de controlo das doenças animais — epizootias (72 milhões de euros) — cobre um total de 32 países africanos a sul do Sara. Destes, 28 tinham em vigor um projecto nacional em 2001. Foi estabelecida uma estreita coordenação entre os países beneficiários, a comunidade de doadores e outras organizações internacionais (Instituto Internacional de Investigação Animal, Instituto Internacional das Epizootias e Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), com o objectivo de criar um sistema global de saúde animal. O projecto pretende reorganizar os serviços veterinários de forma a que estes controlem mais eficazmente as principais doenças dos animais. Este controlo, uma vez reconhecido internacionalmente, será condição para que os países possam participar no comércio regional e internacional de gado e de produtos animais. Por exemplo, dez países prepararam processos, para apreciação pelo Instituto Internacional das Epizootias, com vista a obterem o estatuto de «países livres da doença da peste bovina». 7.5.3. Investigação A investigação no domínio da agricultura está a contribuir para a redução da fome e da pobreza rural, através do aumento da produtividade rural e dos rendimentos agrícolas. Perante a crescente escassez de terras cultiváveis e de água, os aumentos futuros da produção de alimentos têm que ser obtidos através do aumento da produtividade. Existem dois grandes 117 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica © CE PESCAS Projecto de marcação dos atuns no alto mar nas Ilhas Fiji no âmbito dos programas regionais de avaliação das unidades populacionais financiadas pela UE (ProcFish). programas, num montante total de 41,3 milhões de euros, que abrangem o Conselho da África Ocidental e Central para a Investigação Agrícola e o Desenvolvimento e a Associação de Investigação Agrícola da África Central. Estes programas iniciaram as suas actividades em 2001, com o objectivo global de melhorar a capacidade de investigação agrícola e os serviços de mais de 20 instituições nacionais de investigação agrícola nas três regiões abrangidas. Estes programas são caracterizados por contribuírem para o reforço das capacidades das instituições de investigação, a nível nacional e regional, por uma abordagem inovadora no acesso ao financiamento através de propostas competitivas e pelo co-financiamento das redes regionais de investigação de produtos agrícolas específicos. 7.5.4. Abastecimento de água a zonas rurais A comunidade internacional adoptou um objectivo de desenvolvimento internacional visando a melhoria do acesso a fontes de água potável (para a população da África a sul do Sara) de 49% para 74%, até ao ano de 2015 (1). Um dos projectos mais importantes da Comunidade Europeia é o «programa solar regional», ao abrigo do qual foram instaladas, entre 1990 e 1998, em nove países (Burquina Faso, Mali, Níger, Senegal, Gâmbia, Chade, Mauritânia, Cabo Verde e Guiné-Bissau), 626 bombas solares e 660 sistemas de electrificação solar, que beneficiam uma população rural total de 1 milhão de habitantes. Após uma avaliação positiva efectuada em 2001, foi decidido proceder ao lançamento da segunda fase, avaliada em 60 milhões de euros. Esta segunda fase pretende estabelecer uma melhoria de longo prazo na água potável de qualidade, disponível para as populações do Sael. Serão instalados 465 novos sistemas solares nas aldeias rurais (com uma população média de cerca de 3 000 habitantes), o que implicará a participação activa dos beneficiários e dos sectores público e privado na exploração dos recursos disponíveis através da utilização de tecnologias com base na energia solar. 118 (1) Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. Foram lançados alguns projectos — em especial os do Pacífico (ProcFish), os do oceano Índico (acompanhamento, controlo e vigilância) e os do lago Vitória (plano de promoção das pescas) — com o objectivo de desenvolver competências de gestão de recursos aquáticos em países alvo ACP, bem como para facilitar a colaboração regional. Foram também iniciados, no Pacífico, dois grandes projectos nacionais centrados na pesca costeira em zonas rurais, visando promover o envolvimento do sector privado. Em cooperação com a unidade de apoio às pescas internacionais e à investigação aquática da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, estão em preparação diversos outros projectos de gestão no domínio das pescas. Foi igualmente financiado um programa de 45 milhões de euros relativo ao reforço dos aspectos de controlo sanitário, com vista a assegurar a melhoria da produção e da capacidade comercial no que se refere aos produtos da pesca. Projecto de investigação sobre a pesca no lago Vitória A pesca no lago Vitória produz anualmente 500 000 toneladas de peixe, das quais 100 000 se destinam à exportação para mercados ocidentais. A pesca desempenha um papel muito importante no desenvolvimento económico da região da África Oriental. A segunda fase do projecto de investigação sobre a pesca no lago Vitória (que teve início em 1995, com 9,4 milhões de euros) contribuiu para o desenvolvimento da cooperação regional entre o Quénia, o Uganda e a Tanzânia, através da Organização da Pesca do Lago Vitória. A capacidade das três instituições locais de investigação foi melhorada através da reclassificação das instalações e dos barcos, da formação profissional ministrada a 150 membros do pessoal de investigação e da oferta de 12 bolsas de estudos universitários ultramarinas. O projecto ajudou a melhorar a gestão sustentável dos recursos do lago, tendo sido aplicado um plano de gestão conjunta das pescas, o qual se encontra actualmente em discussão, com vista à sua aplicação pelos países abrangidos. Programa de pesca do Pacífico O Programa de Pesca Regional Oceânica e Costeira do Pacífico (ProcFish, de 10,5 milhões de euros) abrange duas componentes: ❿ a componente costeira diz respeito à compilação dos resultados da primeira grande avaliação básica de recursos dos recifes, que cobre grande parte da área do Pacífico, destacando não só os recursos dos recifes, mas também os aspectos humanos e sociais; ❿ a componente oceânica vai explorar os resultados da investigação e do trabalho de avaliação já realizado pelo Secretariado da Comunidade do Pacífico (SCP) sobre as espécies mais importantes de atuns do Pacífico. Este trabalho, que mereceu o reconhecimento da comunidade científica internacional, foi realizado pelo SCP no quadro de um anterior ACP projecto de avaliação e investigação relativo ao atum na região sul do Pacífico, também financiado a título do FED. O âmbito deste trabalho será alargado, de forma a incluir uma avaliação mais completa e o acompanhamento do atum patudo e do atum albacora e das populações de peixes atingidas pela captura acidental. Cada uma destas componentes do ProcFish abrange uma subcomponente «ACP» e outra subcomponente «OCT» (territórios e países ultramarinos). O SCP é o organismo incumbido da execução deste projecto regional (1). O trabalho desenvolvido no domínio do ambiente em 2001 tem sido muito intenso, em especial nas áreas da exploração e conservação florestal, da vida selvagem e da gestão sustentável dos recursos naturais. Foram executados sete novos programas e projectos num montante total de 55,1 milhões de euros, tendo sido aprovados quatro novos programas num valor de 26 milhões de euros. O principal programa em curso neste sector é o Ecofac, um programa de conservação e utilização racional dos ecossistemas florestais da África Central. Em 2000, teve início a terceira fase do programa, de 23 milhões de euros, que abrange actividades relativas à conservação da biodiversidade e à utilização sustentável dos recursos naturais, como a floresta, com vista ao desenvolvimento e à melhoria sustentáveis dos padrões de vida das populações. Em seis países da bacia florestal do Congo, estão em curso actividades no âmbito do programa, coordenadas por uma unidade ambiental, que foi recentemente reforçada, situada em Libreville. O programa conseguiu melhorar substancialmente a capacidade e a sensibilização das autoridades nacionais para a gestão dos seus recursos naturais. Em 2001, a área do Parque Nacional de Odzala (no Congo) foi multiplicada por cinco, passando de 2 800 km2 para 13 280 km2, e o Parque Nacional de Monte Allen (Guiné Equatorial) foi aumentado de 1 004 km2 para 2 000 km2. Para além disso, foi criada uma rede de área protegida da África Central (RAPAC). A vontade de integrar na rede os cinco locais, que são património mundial, situados na República Democrática do Congo, bem como a filiação na rede do Parque Nacional de Zakouma, no Chade, demonstram a receptividade em relação à RAPAC. Outra actividade importante é o diálogo estabelecido com as empresas de exploração de madeiras no sentido de melhorar os seus planos de gestão e de envolver as comunidades locais, quer no controlo do comércio ilegal de madeiras raras quer na criação de áreas florestais comunitárias. © CE 7.5.5. Ambiente O programa regional Ecofac apoia a criação e a gestão de áreas selvagens protegidas (Gabão). especialistas estimam que essas aldeias precisam de 15 000 furos equipados com bombas manuais e que a população nómada precisa de dispor de, pelo menos, 4 000 poços grandes. Em cooperação com outros doadores, foi estabelecida uma política sectorial para a água. Desde a década de 1980, a União Europeia já atribuiu mais de 30 milhões de euros a este sector. Estas ajudas permitiram a construção de cerca de 2 000 pontos de água equipados com bombas, a construção de 45 sistemas de distribuição de água potável nas aldeias principais, assim como a reconstrução de cerca de uma centena de pontos de água. A área abrangida foi aumentada em volta da capital, Jamena, com vista a incluir seis regiões no oeste do país. Está em execução um programa que visa pôr em funcionamento mais de 1 000 novos pontos de acesso à água. A cada dia que passa, há novos poços a abastecer as populações de água. Em linha com estas medidas, o programa regional solar instalou no Chade bombas solares de funcionamento automático, as quais têm a vantagem acrescida de exigir pouca manutenção. Um novo programa, co-financiado pelas agências de desenvolvimento da Alemanha e da França, irá, num futuro próximo, dar acesso a cerca de 300 novas tomadas de água. No âmbito do 9.º FED, foi iniciado um estudo visando planear as actividades neste sector prioritário, que incluem a construção de cerca de 3 400 novos poços. Todas estas actividades procuram assegurar a sustentabilidade e maximizar a cooperação com os outros doadores. Abastecimento de água às aldeias do Chade 7.5.6. Segurança alimentar No Chade, o acesso à água potável de qualidade constitui uma questão crucial. Quase oito habitantes em 10 não têm acesso a água limpa e cerca de 33% das aldeias (com uma população superior a 300 pessoas) não possuem qualquer ponto de abastecimento de água. Os A Comunidade Europeia mantém-se activa na área da segurança alimentar, através do Serviço Humanitário da Comunidade Europeia (ECHO) e da sua estratégia global de ajuda ao desenvolvimento. São apresentados, a seguir, alguns exemplos dessas actividades nos países ACP. (1) Ver: http://www.spc.int. 119 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica © CE 7.6. Direitos humanos, democracia, boa governação e reforço das capacidades próprias O projecto Proagni melhorará a segurança alimentar de milhares de agricultores, nomeadamente a desta família na província da Zambézia, no Norte de Moçambique. O respeito dos direitos humanos — incluindo os direitos sociais fundamentais, os princípios democráticos, o princípio do Estado de direito e a boa e responsável gestão económica — constitui parte integrante do desenvolvimento sustentável e um elemento fundamental do Acordo de Cotonu. Estas questões são objecto de diálogo político regular entre a UE e os Estados ACP e constituem áreas de forte apoio comunitário. O «reforço das instituições» é uma das vias mais úteis nesse contexto. A comunicação da Comissão sobre a prevenção de conflitos (1) apela a uma maior integração da paz, da democracia e da estabilidade social e política nos programas de ajuda, como meio de prevenção de conflitos. Esta é, portanto, uma área em que existe um aumento crescente da actividade da CE, em especial através do campo relativamente recente do apoio institucional, com base na experiência obtida a partir de projectos e contactos com outros doadores. África — Moçambique Quase dois terços da população de Moçambique (sendo 80% população rural) vive abaixo do limiar de pobreza, sujeita a enormes dificuldades no domínio da segurança alimentar, agravadas por catástrofes naturais recorrentes, como, por exemplo, ciclones, inundações e secas. Os programas comunitários de segurança alimentar fazem parte do Documento Estratégico de Redução da Pobreza, que apoia as reformas dos serviços públicos julgadas essenciais para se alcançar a segurança alimentar. Esta estratégia é complementada pelo apoio directo aos produtores agrícolas. O apoio às reformas administrativas é canalizado através da assistência orçamental centrada nos ministérios da Agricultura (com o programa Proagri) e do Comércio, bem como no Instituto Meteorológico nacional. O apoio directo aos produtores rurais visa melhorar a produtividade e a diversificação agrícola, concentrando-se no norte e no sul do país. Caraíbas — Haiti No Haiti, a população recebe apenas 80% dos valores mínimos nutricionais estabelecidos pelas Nações Unidas, e os danos ambientais significativos contribuem para um estado permanente de insegurança alimentar. A instabilidade política que afecta o país piorou ainda, desde as eleições governamentais de Maio de 2000, situação que conduziu, por seu lado, a uma significativa redução das ajudas internacionais. Apesar do congelamento de novas autorizações no âmbito do FED, a Comissão Europeia continuou a prestar auxílio às cantinas escolares, assegurando uma dieta equilibrada a quase 115 000 crianças em idade escolar. As actividades que já haviam sido aprovadas ou que estavam em curso (por exemplo, a renovação de infra-estruturas e a ajuda ao crédito) também continuaram. 120 (1) COM(2001) 211, de 11 de Abril de 2001. Globalmente, existiam 254 projectos novos e em curso neste domínio em 2001, num montante total de 727 milhões de euros, cobrindo um amplo leque de actividades de «reforço institucional» que podem ser divididas em duas grandes categorias: 1) respeito dos direitos humanos, melhoria dos sistemas jurídicos, eleições e educação cívica; 2) boa governação através do reforço das capacidades próprias, de reformas na administração pública e da promoção da descentralização. Para além disso, havia um conjunto de projectos no valor total de 121,5 milhões de euros, abrangendo todos os aspectos do reforço das instituições na África do Sul. Tendo em consideração a natureza destas actividades, só a médio ou a longo prazo será possível proceder à avaliação do êxito destes programas. 7.6.1. Direitos humanos e justiça O objectivo dos programas comunitários no domínio dos direitos humanos é o de instaurar e manter a paz, como demonstram os 800 000 euros que, no âmbito do programa de recuperação do Burundi, foram afectados à reconciliação nacional, através de acções de formação parajurídica aos «bashingantahe» (anciãos das aldeias), que foram depois enviados para as «collines» (distritos) em todo o país onde estes agentes estão sub-representados. Este projecto é gerido pelo programa de desenvolvimento das Nações Unidas. Na Guiné Equatorial, está prestes a iniciar-se, após um período de vários anos de suspensão da ajuda ao desenvolvimento, um novo programa piloto de 3 milhões de euros, que visa apoiar os direitos humanos, a democracia e a instauração do princípio do primado do direito. O bom funcionamento do sistema de justiça é fundamental para o respeito dos direitos humanos. Existem, actualmente, programas financiados pelo FED em oito países, num total de 48,4 milhões de euros, que incidem especificamente neste domínio. Um exemplo é o programa de 16 milhões de euros no Burquina Faso, que ACP Desenvolvimento rural e segurança alimentar — Autorizações em 2001 País ACP Designação do projecto Em milhões de euros Benim Programa de recuperação e manutenção de estradas secundárias Botsuana Programa de conservação e gestão da vida selvagem 8,50 14,00 Burquina Faso Fase 2 do programa solar regional Camarões Apoio institucional à descentralização da manutenção de estradas 9,96 Ilhas Caimão Desenvolvimento do ecoturismo 0,10 Chade Fase 2 do programa solar regional 4,00 República Dominicana Programa de desenvolvimento do ecoturismo dominicano 5,99 23,50 Etiópia Programa de melhoramento da cultura do café (fase 4) Gabão Melhoria da gestão do turismo na reserva de La Lopé 0,10 Assistência técnica às florestas e ao ambiente 0,08 Guiné-Bissau Estudo de viabilidade do programa solar regional Guiné-Conacri Apoio à promoção das organizações rurais 15,00 0,08 18,50 Madagáscar Programa de desenvolvimento da pecuária 4,00 Malavi Avaliação do projecto de intervenção social no sector da silvicultura 0,06 Assistência técnica à preparação de programas no domínio dos recursos naturais Mali 0,35 Programa de cultura do arroz 16,00 Fase 2 do programa solar regional Mauritânia Namíbia 6,56 Programa ambiental de combate à desertificação 14,00 Oásis rural de Adrar 10,00 Seminário sobre diversificação agrícola 0,02 Estudo para a recuperação da barragem PPG 0,08 Necessidades de infra-estruturas rurais em zonas rurais pobres 0,08 Desenvolvimento rural 0,20 Apoio à comercialização de produtos agrícolas e às negociações comerciais 0,19 Programa de apoio aos serviços agrícolas nacionais 6,00 Níger Fase 2 do programa solar regional 2,39 Togo Programa agroflorestal Uganda Programa de gestão dos recursos florestais Zâmbia Programa de apoio no domínio da silvicultura 1,90 Zimbabué Controlo das doenças sexualmente transmissíveis 0,04 Regional: África Central Iniciativa de luta contra a caça furtiva 1,60 Regional: Pacífico Assistência à protecção de espécies vegetais no Pacífico 0,03 Regional: África Ocidental 1,98 12,00 Pesca costeira e oceânica no Pacífico e a nível regional 10,50 Fase 2 do programa solar regional 26,21 Programa regional da energia Todos os ACP 5,40 Centro Técnico para o Desenvolvimento da Agricultura 13,31 Total visa apoiar a democracia, o cumprimento da lei e a boa governação. Este projecto incide em especial na reforma jurídica, a promover através da Universidade de Ugadugu, e pretende estabelecer uma ligação entre o governo democrático e uma governação económica e socialmente sustentável. Abrange também uma componente de reforma prisional, que inclui a assistência penal através da defesa oficiosa. No Ruanda, também já se iniciaram os trabalhos do programa no domínio da jus- 232,71 tiça, no montante de 7,2 milhões de euros. Este programa apoia diversas instituições estatais, incluindo o «gacaca», o sistema tradicional de justiça, o qual, segundo se espera, permitirá ouvir os prisioneiros acusados dos crimes cometidos durante o genocídio em 1994, com excepção dos mais graves. Apoia igualmente projectos que promovem a prestação de serviços comunitários como alternativa à prisão, em projectos das ONG ligados à justiça e à reconciliação nacional. 121 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica © CE CE é membro do grupo de trabalho sobre governação económica. Uma das principais formas de apoio, em termos do número de projectos — sendo este um tipo de apoio que pode ter efeitos que ultrapassam de longe o mero custo financeiro — traduz-se na assistência técnica aos gestores nacionais. Na maior parte dos países ACP, este apoio é prestado sob alguma forma, muitas vezes no quadro de um programa mais vasto de ajuda ao Ministério das Finanças e/ou do Planeamento, nas reformas dos sistemas económico, da administração pública ou outras. Esta assistência é concedida não apenas aos ministérios, mas também a outros organismos públicos, que desempenham um papel importante nas políticas nacionais. A UE apoia activamente o processo democrático através da observação de eleições. ELEIÇÕES A democracia depende, também, do enquadramento para eleições livres e justas. À medida que o número de actos eleitorais aumenta nos países ACP, as ajudas do FED aumentam também, passando de quatro projectos em 2000 para sete em 2001, no Congo, no Lesoto, nas Ilhas Salomão, na Serra Leoa, no Chade, no Togo e na Zâmbia. O apoio do FED começa antes das eleições, com actividades como a educação dos votantes e o recenseamento, podendo também consistir, por exemplo, na impressão dos boletins de voto ou em programas de formação cívica a mais longo prazo. Com a excepção do Chade e da Zâmbia, todos os apoios financeiros acima referidos (e aprovados em 2001) incidem em eleições que terão lugar em 2002. Os resultados das eleições, quer no Chade quer na Zâmbia, foram objecto de contestação, estando a Comissão a estudar a maneira de tornar mais eficaz o apoio do FED neste domínio. Em alguns casos, existe um apoio adicional que é prestado por observadores eleitorais internacionais a título da rubrica orçamental B7-7. Este apoio eleitoral é normalmente fornecido após consulta e em cooperação com outros doadores, incluindo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Após a eleição, os representantes eleitos necessitam, frequentemente, de ajuda para obterem os meios indispensáveis à execução das suas tarefas, por exemplo, pessoal, bibliotecas e computadores. A CE tem em curso vários projectos deste tipo, de que é exemplo o apoio institucional à Assembleia Nacional de Angola. BOA 122 GOVERNAÇÃO No âmbito das estratégias de cooperação, a boa governação vem merecendo uma crescente prioridade, com base numa análise dos problemas e das necessidades de desenvolvimento institucional, muitas vezes em articulação com outros doadores interessados, como acontece, por exemplo, no caso do Quénia, em que a Assim, na Etiópia, as instituições financeiras recebem actualmente apoio com vista à modernização e racionalização das suas actividades. Na República Dominicana, está em curso um programa no valor de 25 milhões de euros, lançado em 2001, que visa a reforma do Estado e a sua modernização e inclui a descentralização em benefício dos níveis provincial, regional e local. A tendência de delegação de poderes nos níveis administrativos mais baixos deverá manter-se. Na República da Guiné foi iniciado em 1998 um projecto piloto de 1,91 milhões de euros, destinado à promoção de cidades secundárias, que teve origem na iniciativa de descentralização ocorrida na década de 1990 e visa habilitar os responsáveis a nível local a desempenharem um papel activo no domínio do desenvolvimento. Uma avaliação recente constatou que, apesar dos problemas detectados, esta experiência deveria ser desenvolvida e seguida noutras regiões do país. Dada a importância que o Acordo de Cotonu atribui a uma maior participação da sociedade civil no processo de desenvolvimento e, portanto, no reforço das capacidades próprias, os programas-piloto deste tipo poderão constituir uma útil fonte de experiência. Os censos — que constituem um instrumento inestimável no planeamento macroeconómico — também são financiados pelo FED. Um exemplo recente é o do Níger, onde se iniciou, em 2001, um projecto de 1,1 milhões de euros. Em Outubro de 2001, o censo demográfico e habitacional estava concluído. Todas estas actividades são coordenadas em estreita ligação com o ajustamento estrutural, com o aligeiramento da dívida e com outros programas pertinentes, quer da CE quer de outros doadores. Regime de assistência social na Zâmbia Um projecto interessante e, de certa maneira, único, do FED é o do regime de assistência social na Zâmbia (sigla inglesa PWAS), assinado em 1999. Absorve um montante relativamente modesto de recursos (1 160 000 euros) e foi concebido para melhorar o sistema de segurança social da Zâmbia através do apoio à gestão, à formação profissional e à melhoria da coordenação a todos os níveis. As organizações de base estão directamente envolvidas nas decisões e na atribuição dos recursos. O PWAS utiliza estruturas sociais já existentes, na medida do possível (comissões já formadas, organizações de base comunitária, etc.), em vez de criar estruturas novas. O projecto final do Documento Estratégico de Redução da Pobreza para a Zâmbia em 2001 reconhecia o mérito do PWAS reformado. Cerca de 4,13 milhões de euros vão ser atribuídos ao longo dos próximos cinco anos, montante que se vai adicionar ao co-financiamento governa- ACP mental, de 0,65 milhões de euros. Uma avaliação intercalar recente do projecto constatou que outros países da região poderiam segui-lo como modelo, com grande vantagem. A avaliação concluiu que o projecto PWAS deveria ser alargado — com um orçamento mais elevado — a áreas urbanas. No entanto, estes resultados, apesar de merecerem ser sublinhados, revelaram-se frágeis, necessitando de consolidação, de um maior reforço das capacidades próprias, da constituição de uma rede com outros parceiros nacionais e de uma maior utilização dos recursos locais, a fim de aumentar a sua sustentabilidade. Reforço institucional – Autorizações em 2001 (em milhões de euros) País ACP Em Milhões de euros Angola 0,40 Antígua e Barbuda 0,02 Baamas 0,04 Botsuana 5,12 Burquina Faso 2,8 Burundi 0,08 Camarões 2,81 República Centro-Africana 0,75 Chade 13,89 Congo 2,44 República Democrática do Congo 0,58 Jibuti 0,11 República Dominicana 0,02 Guiné Equatorial 3 Eritreia 0,74 Guiné-Bissau 0,03 Guiné-Conacri 3,07 Guiana 7.7.1. Políticas macroeconómicas O apoio orçamental macroeconómico tornou-se parte integrante da cooperação técnica e financeira da Comunidade com os países ACP. A partir de 1992, a CE forneceu apoio orçamental num total de 2 604 milhões de euros a 40 países ACP. Anteriormente, estes fundos eram utilizados, na sua quase totalidade, para apoiar economias que enfrentavam problemas com a «balança de pagamentos». A abordagem actual é a de ajudar os países a modificarem o modo de funcionamento das suas economias. Assim, em 2001, a Comissão continuou a seguir a linha de associar os programas de apoio orçamental à luta contra a pobreza e, portanto, aos documentos estratégicos de redução da pobreza estabelecidos pelos países em vias de desenvolvimento. Por esse motivo, a maior parte dos programas de apoio orçamental continham indicadores de desempenho respeitantes, principalmente, à saúde, à educação e à gestão das finanças públicas. No que diz respeito a este último aspecto, a Comissão estabeleceu um acordo com o Banco Mundial, que cria um fundo fiduciário conjunto CE/BM para a avaliação da despesa pública e da responsabilização. Para além disso, a Comissão está a trabalhar no sentido de estabelecer mecanismos comuns com outros doadores, que permitam prestar uma assistência mais eficiente e eficaz aos países beneficiários. Em 2001, a Comissão atribuiu 263 milhões de euros a programas de apoio orçamental directo aos países ACP. Autorizou mais de 300 milhões de euros em pagamentos a 38 países ACP que têm em curso programas de ajustamento estrutural. 0,2 Haiti 0,15 Costa do Marfim 0,23 Quénia 0,54 Quiribati 0,07 Lesoto 0,85 Malavi 1,34 Mali 7.7. Políticas macroeconómicas e desenvolvimento do sector privado 0,7 Apoio macroeconómico — Programas de ajustamento estrutural — Autorizações em 2001 País ACP Em Milhões de euros Cabo Verde 12,1 Gabão 4,9 0,37 Gana 50,8 Níger 1,99 Guiné 11,1 Ruanda 0,06 Costa do Marfim 12,8 Senegal 1,43 Jamaica 21,7 Serra Leoa 3,22 Lesoto 18,5 Ilhas Salomão 1,28 Mali 31,8 Suriname 0,16 Mauritânia 18,3 Tanzânia 0,1 Namíbia Níger 3.2 Togo 3,07 Tanzânia 76,1 Zâmbia 0,08 Vanuatu 1,6 Total 51,74 Total 262,9 123 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica O Burquina Faso e a nova abordagem do apoio orçamental Entre 1997 e 2000, a parceria estratégica para África (um grupo informal de doadores, sob a égide do Banco Mundial) levou a cabo um exercício no Burquina Faso com o objectivo de estudar a questão da vinculação da ajuda ao cumprimento de determinadas condições pelo país beneficiário (a chamada «condicionalidade»). O estudo foi levado a cabo sob os auspícios do Governo do Burquina Faso. A nova abordagem confia ao Governo parceiro o papel central no processo de reforma, enquanto os doadores limitam a sua tarefa à avaliação dos resultados no campo do crescimento económico e da luta contra a pobreza. Os resultados do «teste da condicionalidade» foram amplamente utilizados na reforma dos mecanismos institucionais de Bretton Woods relativos ao ajustamento estrutural. Um dos resultados mais importantes desta reforma foi, no caso dos PPAE (países pobres altamente endividados), a elaboração de um documento global sobre o desenvolvimento, conhecido como Documento Estratégico de Redução da Pobreza. No caso do Burquina Faso, vários doadores (a Comissão, os Países Baixos, a Dinamarca, a Suécia e a Suíça) concordaram em pôr em prática a ajuda orçamental de forma complementar, utilizando os mesmos mecanismos de desembolso concebidos no Documento Estratégico de Redução da Pobreza. A ideia é reduzir os custos de transacção dos governos resultantes da ligação a múltiplos doadores e, a médio prazo, assegurar a visibilidade financeira. O programa de apoio orçamental à redução da pobreza de 2001 incluía duas componentes de apoio orçamental directo. A primeira, de 15 milhões de euros, estava associada ao quadro macroeconómico e foi libertada em função da avaliação feita pelo FMI do seu programa para o Burquina Faso. A segunda, de 10 milhões de euros, foi libertada com base no desempenho de um certo número de indicadores no âmbito do Documento Estratégico de Redução da Pobreza. Neste sentido, o pagamento da fracção final está associado ao esforço desenvolvido, bem como aos resultados da execução da política e das acções de redução da pobreza em áreas-chave do documento estratégico. Até agora, os progressos obtidos são modestos, mas o processo foi lançado e os intervenientes e as suas responsabilidades estão agora claramente definidos. 7.7.2. Iniciativa para os países pobres altamente endividados Foram adoptadas duas decisões conjuntas pelo Conselho de Ministros ACP-CE em Dezembro de 1999, relativas à participação da CE na iniciativa para os países pobres altamente endividados (1). Enquanto credora, a Comissão Europeia contribui com 360 milhões de euros para o Fundo Fiduciário PPAE gerido pelo BEI e, enquanto doadora, contribui com um máximo de 680 milhões de euros para o Fundo Fiduciário PPAE gerido pelo Banco Mundial. 124 Os acordos-quadro entre a UE, o Banco Mundial e o Banco Europeu de Investimento estabelecem a base jurídica e prática para o aligeiramento da dívida à UE. Na sequência da assinatura destes acordos, foi disponibilizado um primeiro pagamento de 250 milhões de euros, ao Fundo Fiduciário do Banco Mundial (Julho de 2000), e um primeiro pagamento de 100 milhões de euros ao Fundo Fiduciário do BEI (Dezembro de 2000). Até ao momento, 24 dos 41 PPAE (dos quais 34 são países ACP) alcançaram o seu «ponto crítico» (2), pelo que têm direito ao aligeiramento provisório da dívida através do Fundo Fiduciário do Banco Mundial. O Banco Mundial e o Banco Africano para o Desenvolvimento (BAD) fazem a avaliação das necessidades. No que se refere ao papel da CE enquanto credora, a análise das necessidades é levada a cabo pelos serviços da CE. À medida que os países alcançam o seu ponto crítico, a Comissão, em estreita cooperação com o BEI, estabelece o total da dívida activa à CE, numa análise por país (incluindo os empréstimos especiais e as operações de capital de risco). Em seguida, identifica os empréstimos a considerar para efeitos do aligeiramento da dívida e acorda com os países abrangidos quais os empréstimos que, em última análise, vão ser seleccionados. No final de 2001, a Comissão enviou propostas de aligeiramento da dívida a quase todos os países elegíveis. Foi efectuada a transferência de um segundo pagamento de 250 milhões de euros para o Fundo Fiduciário dos PPAE administrado pelo BM e de um segundo pagamento de 100 milhões de euros para o Fundo Fiduciário dos PPAE administrado pelo BEI. Em 31 de Dezembro de 2001, somente o Uganda, Moçambique e a Tanzânia tinham alcançado o seu «ponto de conclusão» sob a iniciativa alargada dos PPAE. Os fundos libertados pelo cancelamento das obrigações decorrentes do serviço da dívida são, depois, utilizados para financiar as iniciativas de redução da pobreza, principalmente no sector social. 7.7.3. Desenvolvimento do sector privado (DSP) O objectivo da CE é o de assegurar um desenvolvimento económico sustentável a longo prazo. O sector privado é entendido como o motor do crescimento económico, constituindo, portanto, uma significativa fonte do emprego nos países ACP. O desenvolvimento do sector privado é uma questão horizontal, pelo que faz parte da programação de outros sectores como a saúde, a educação e as infra-estruturas. A estratégia da Comissão Europeia combina o apoio a nível macro (enquadramento empresarial e clima de investimento), a nível médio (financeiro e não financeiro), intermediário e micro (competitividade empresarial). No que respeita ao nível macro e médio, as autoridades nacionais e regionais dos países ACP podem (1) Decisões n.º 1/1999 e n.º 2/1999, de 8 de Dezembro de 1999 (JO L 103 de 28.4.2000, p. 73 a 75). (2) Ver: http://www.worldbank.org/hipc/about/FLOWCHRT4.pdf. beneficiar do programa Diagnos, que fornece assistência na análise do enquadramento do sector privado, de forma a identificar os principais obstáculos ao crescimento económico nos países ACP. Foram levados a cabo estudos de diagnóstico em mais de 20 países ACP, em 2001, para prestar assistência na concepção de estratégias e criar um enquadramento empresarial «viável» para o sector privado. Ao nível médio e micro, as empresas privadas dos países ACP e os fornecedores de serviços podem beneficiar do regime comunitário de assistência às empresas dos países ACP (sigla inglesa EBAS), que tem como objectivo fornecer serviços eficientes no domínio do desenvolvimento económico. O regime EBAS está em plena implantação e, no final de 2001, tinham sido aprovados mais de 700 projectos de apoio a empresas, fornecedores de serviços e organizações intermediárias em mais de 60 países ACP. De um total de 20 milhões de euros disponíveis para a concessão de subvenções, 17 milhões de euros já tinham sido autorizados, um ano antes da conclusão do programa. O objectivo do Proinvest é o de promover o investimento e os acordos de parceria Norte-Sul e Sul-Sul e, sobretudo, melhorar os serviços ligados ao investimento. O orçamento global está estimado em 110 milhões de euros para um período de sete anos. O programa Proinvest foi instituído em Dezembro de 2001. © Sean Sutton/ MAG ACP Para além disso, foram concedidas dotações a muitos países e regiões ACP para o desenvolvimento do sector privado, incluídas nos seus programas indicativos nacionais ou regionais. Na África do Sul, por exemplo, o desenvolvimento do sector privado é uma das áreas-chave de apoio e um exemplo excelente de como o desenvolvimento económico contribui para atenuar a pobreza. Foi adoptado em 2001 um instrumento de capital de risco de 59 milhões de euros, o qual visa facilitar o acesso ao crédito e a apoio não financeiro a uma economia que, anteriormente, se encontrava em situação muito desvantajosa. Um outro programa, num montante de 34 milhões de euros, irá contribuir para o desenvolvimento económico local da Província Setentrional da África do Sul. 24 dos 41 países pobres altamente endividados são países ACP (Angola). No que respeita às iniciativas regionais no quadro do Acordo de Cotonu, foi aprovado em 2001 um programa de 70 milhões de euros destinado a apoiar o sector do rum das Caraíbas. Este programa pretende ajudar os produtores locais de rum a competirem num mercado de bebidas alcoólicas totalmente liberalizado, através da modernização das suas instalações de produção, visando melhorar a sua capacidade para enfrentar possíveis impactos ambientais, bem como a sua competitividade, e identificar novos mercados. O programa em causa vai desempenhar um papel fundamental no reforço de um sector-chave para a economia local, contribuindo, desta forma, para a criação de emprego e para aumentar as receitas fiscais e da exportação, com base numa sólida apropriação local. O programa de iniciativa no domínio dos pesticidas (PIP) é um programa nacional «totalmente ACP», que Apoio macroeconómico — Desenvolvimento do sector privado — Autorizações em 2001 País ACP Cuba Etiópia África do Sul Designação de projecto Em Milhões de euros Programa de apoio às empresas e à promoção do investimento 2,80 Feira de Havana 0,19 Programa de formação para chefes/directores de empresas 1,94 Programa de desenvolvimento das pequenas e médias empresas 7,00 Apoio ao Ministério do Comércio e da Indústria 0,40 Capital de risco 58,90 Desenvolvimento da economia local: Província Setentrional 34,00 Trindade e Tobago Caribbean Business Services Ltd (CBSL) Todos os ACP Rum 0,90 70,00 Fundo fiduciário para a avaliação da despesa pública e da responsabilidade financeira (FEPA) Risco relativo às matérias-primas 1,90 1,78 Centro para o desenvolvimento empresarial 20,38 Total 200,19 125 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica para melhorar a qualidade dos projectos executados. A gestão dos projectos tem-se centrado na sua execução mais rápida, procurando-se reduzir o tempo necessário para que a ajuda chegue ao beneficiário final. A carteira de projectos de 2001 no domínio da saúde destinados aos países ACP foi estimada em 960 milhões de euros (dos quais 854 milhões a título do FED e 107 milhões a título da rubrica orçamental relativa à África do Sul). Existem 139 projectos espalhados por 47 países, dos quais 94% se enquadram no âmbito dos programas indicativos nacionais e os restantes 6% no âmbito do FED regional ou intra-ACP. © CE Na selecção das intervenções a efectuar pela CE, foram particularmente tidas em conta as necessidades específicas e a situação individual de cada país, privilegiando-se o acesso aos cuidados primários de saúde e o reforço das competências próprias. Simultaneamente, foi prestada especial atenção à redução do número de projectos ad hoc, procurando incluir os pedidos que abrangiam diferentes subsectores em intervenções mais amplas, de maneira a que se atingisse a massa crítica necessária ao impacto desejado. Cartaz sobre a sida realizado no âmbito de uma campanha de educação e de sensibilização dos jovens em Trindade e Tobago. foi elaborado na sequência de um pedido efectuado na reunião de Cotonu, em Julho de 2000, do Conselho de Ministros ACP-CE. O custo global do PIP é de 40,1 milhões de euros, dos quais 29,1 milhões a título do FED. Este programa constitui uma resposta à situação crítica que enfrentam os operadores do sector hortícola dos países ACP, na sequência da harmonização dos regulamentos europeus, mais restritivos quanto ao nível de resíduos máximos de pesticidas. O PIP tem por objectivo ajudar a criar um sector hortícola privado, sustentável e competitivo, nos países ACP. 7.8. Saúde e educação 7.8.1. Sector da saúde Os países ACP diferem muito entre si no que respeita à estabilidade política e capacidades governamentais e ao seu empenho em produzir resultados no sector da saúde. A resposta da CE neste domínio tem sido talhada de acordo com a situação específica de cada país, facto que conduziu a um misto de intervenções no âmbito do FED e de outros instrumentos financeiros da UE (linhas orçamentais temáticas, co-financiamento por ONG, etc.). 126 Sempre que possível, os projectos em curso foram reorientados com vista ao diálogo com o sector da saúde, a promoção de abordagens que englobem todo o sector e o apoio à programação e gestão financeira deste. Têm sido desenvolvidos esforços significativos A gama de projectos nacionais cobre situações de pós-crise (Angola), recomeço da cooperação através de um subsector-chave (por exemplo, apoio à vacinação, Nigéria), criação de planos de acção à escala do sistema (Moçambique) ou «medidas de acompanhamento do sector» no âmbito dos projectos de apoio orçamental à redução da pobreza (Gana). Os projectos regionais incidem sobre a continuação da luta contra a oncocercose na África Ocidental, através do co-financiamento por um fundo constituído por doadores, gerido pelo Banco Mundial e executado pela Organização Mundial de Saúde. Foi efectuada uma contribuição para a criação de um fundo global de luta contra as doenças transmissíveis, como o VIH/sida, tuberculose e malária. Foi prestada especial atenção à complementaridade e coerência do fundo global relativamente ao apoio ao nível do país, através de outros mecanismos de financiamento. A CE também participou nos debates acerca das formas de trabalho conjunto, em projectos ao nível de país, com agências das Nações Unidas — Organização Mundial de Saúde, Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Fundo das NU para a População (UNFPA) —, e criou uma rede para as questões da saúde, com a finalidade de agregar o sector, trocar experiências e desenvolver boas práticas. Apoio ao sector da saúde no Gana Em 1995, o Ministério da Saúde, descontente com os múltiplos projectos verticais, cada um com o seu próprio plano e procedimentos, adoptou uma abordagem sectorial alargada. Através de um processo participativo, foi adoptada, em 1996, uma estratégia para a saúde a médio prazo, que se traduziu num programa de trabalho para cinco anos, acordado com os parceiros, que estabelecia as políticas, as estratégias de execução e os recursos a utilizar. A CE associou-se a este processo em 1998, mediante uma contribuição para o fundo multidoadores e uma participação activa no diálogo sobre a política de saúde com o Governo, a sociedade civil e os doadores. Foram ACP Desenvolvimento social — Saúde — Autorizações em 2001 País ACP Designação do projecto Em Milhões de euros Angola Programa de apoio ao sector da saúde Guiné Apoio complementar ao sector da saúde Lesoto Apoio à reforma do sector da saúde Moçambique Programa de apoio ao sector da saúde 30,00 Nigéria Parceria para o reforço da eficácia da vacinação 64,50 África do Sul Parceria para fornecimento de cuidados primários de saúde, incluindo VIH/sida 25,00 Suazilândia Prevenção do VIH/sida e programa de assistência 1,96 Zimbabué Programa de apoio ao sector da saúde — Fase 2 33,00 Regional: África Ocidental Luta contra a oncocercose 25,00 5,00 1,80 4,50 Total acordadas modalidades comuns de gestão e de acompanhamento. Em 2001, tornou-se patente que, apesar de um orçamento limitado a apenas 7 dólares per capita e da persistência de condições adversas, a saúde da população estava a melhorar, facto ilustrado, por exemplo, pela taxa de mortalidade infantil mais baixa de toda a África Ocidental e por se ter conseguido obter uma cobertura de vacinação de 72,2% para a vacina tríplice (difteria, poliomielite e tétano). Com este ritmo de mudança, o Gana apresenta um dos melhores desempenhos de toda a região ACP. Os resultados são bastante encorajadores e este tipo de colaboração pode vir a revelar-se um dos mais eficazes na obtenção de resultados no domínio da saúde, para benefício das populações. 7.8.2. Sector da educação, da formação profissional e da cultura Em 2001, a Comissão aprovou oito novos projectos nos países ACP, representando uma ajuda no valor de 98,7 milhões de euros ao sector da educação e da formação profissional. Estão em causa sete autorizações financeiras no âmbito dos programas indicativos nacionais e um projecto regional. O apoio financeiro aos países 190,76 ACP, neste sector, teve um aumento de 38% em comparação com o ano de 2000, com projectos de maior dimensão e uma abordagem mais dirigida ao sector no seu conjunto. Durante este período, visou-se especialmente a melhoria das capacidades nacionais no domínio da educação (Etiópia, Uganda e região do Pacífico) e o apoio à educação básica (Gabão, Haiti e Níger). Ambos os subsectores estão directamente ligados à redução da pobreza, contribuindo para o crescimento económico, para uma mais ampla democracia e para a instituição do princípio do primado do direito. A carteira global, em 2001, no âmbito da educação e da formação profissional, está estimada em 540 milhões de euros, abrangendo 111 projectos. Os pequenos projectos são os que representam a maior fatia no conjunto. No entanto, espera-se que, nos países em que as condições são mais favoráveis, o montante médio das autorizações aumente, contribuindo para melhorar o nível de impacto global. Programa de desenvolvimento dos recursos humanos (PDRH) na Papuásia-Nova Guiné O Governo da Papua-Nova Guiné aprovou, na década de 1990, importantes reformas educacionais, indo ao Desenvolvimento social — Educação — Autorizações em 2001 País ACP Designação do projecto Etiópia Reforço das capacidades Em Milhões de euros 0,74 Programa de desenvolvimento do sector da educação 23,00 Gabão Educação básica 5,00 Haiti Educação básica 28,00 Quiribati Formação 6,40 Níger Educação básica 8,70 Uganda Recursos humanos no sector da saúde Regional: Pacífico Universidade do Sul do Pacífico/Programa de desenvolvimento dos recursos humanos 17,00 5,00 Total 93,84 127 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica © CE quer melhoramentos nas infra-estruturas escolares quer o processo educativo. Assim, vão ser reconstruídas ou reequipadas 18 escolas do 1.º ciclo do ensino secundário (8 francófonas e 10 anglófonas), que irão servir cerca de 2 500 alunos. Na escola para professores de Vanuatu vai ser criada uma biblioteca e construídas salas de aula e instalações para alunos. Com vista a optimizar o aproveitamento das novas instalações, estão também a ser financiados o reforço das capacidades próprias, o reforço da gestão das escolas secundárias, a formação de professores, consultores e inspectores do ensino e ainda o fornecimento de novo material didáctico. Espera-se que o projecto esteja concluído em Agosto de 2002. O ensino primário e o desenvolvimento de jardins de infância na África do Sul fazem parte de um programa europeu de reconstrução e desenvolvimento financiado ao abrigo do orçamento comunitário. encontro dos principais problemas do país no sector dos recursos humanos. No âmbito do 7.º FED, os recursos humanos constituíram um sector-alvo para o apoio da CE, abrangendo a valorização do ensino universitário, a extensão do secundário e a formação quer a nível nacional, bem como as bolsas de estudo no estrangeiro. No âmbito do 8.º FED, os recursos humanos continuam a ser uma prioridade, estando atribuídos 24 milhões de euros para um período de cinco anos (até Março de 2004). O programa garante a continuidade do apoio financeiro da CE neste domínio, de forma a melhorar a qualidade do ensino, aumentar o número de estudantes (em especial raparigas) e desenvolver a formação profissional. O investimento em instalações vai concentrar-se, principalmente, na construção de novos edifícios e na renovação dos existentes. O programa vai igualmente fornecer equipamento e material de formação a sete centros de formação técnica, bem como formação a professores de escolas superiores e universidades. Esta formação é ministrada por instituições públicas e privadas, assim como pelos novos professores. Para além da formação, a nível nacional, foram concedidas cerca de 120 bolsas de estudo no estrangeiro. Programa de desenvolvimento educacional UE-Vanuatu Vanuatu é uma ilha-Estado no Pacífico, com cerca de 200 mil habitantes. Desde a sua independência, em 1980, o Governo fez da educação a primeira prioridade, atribuindo-lhe, em 2001, 26% do orçamento do Estado. 128 A Comissão articulou, de forma crescente, a sua intervenção com esta prioridade governamental no âmbito das sucessivas Convenções de Lomé. O actual programa de desenvolvimento educacional UE-Vanuatu é financiado no âmbito do 8.º FED, tendo-se iniciado em Setembro de 1999. Este projecto financia Além disso, a Comissão aprovou um pacote de 9,5 milhões para um grupo de projectos culturais a fim de apoiar a capacidade criativa e promover a identidade cultural entre os países ACP. COOPERAÇÃO COM A ÁFRICA DO SUL O apoio à educação e à formação profissional na África do Sul está enquadrado no Programa Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento (PERD) e financiado pela rubrica orçamental relativa à África do Sul no orçamento da CE. Entre 1995 e 1999, foram aprovados 12 projectos na área da educação e formação profissional, representando uma autorização financeira de aproximadamente 180 milhões de euros. Deste total, cerca de 40% foi aplicado no desenvolvimento de competências e na educação de adultos, 10% na educação primária e no desenvolvimento pré-escolar, 20% na educação de nível superior e o remanescente no apoio a políticas, Desenvolvimento social — Cultura — Autorizações em 2001 País ACP Designação do projecto Angola Filme: «Na cidade vazia» Camarões Iniciativas culturais descentralizadas Em Milhões de euros 0,30 0,25 República Filme: «Le silence de la forêt» Centro-Africana 0,40 Chade Filme: «Abouna» 0,30 Guiné-Conacri Iniciativas culturais descentralizadas Filme: «Circus Baobab» Filme: «Paris selon Moussa» Filme: «Le fleuve comme une fracture» 1,60 0,10 0,30 0,30 Costa do Marfim Iniciativas culturais descentralizadas Filme: «Independence Chacha» 1,90 0,16 Mali Filme: «Kabala» 0,18 Regional: África Ocidental Formação em rádio e televisão em língua francesa Filme: «Vie de femmes» Quarto encontro de fotografia — Bamako 0,64 Todos os ACP Festival de Juventude: Mandingue Jornadas de coreografia: Madagáscar Festival Internacional de Cinema: Abjã Filme: «The wooden camera» 0,12 0,21 0,05 0,30 Apoio financeiro a 11 filmes 2,10 Total 0,10 0,15 9,46 ACP reflectindo as necessidades e preferências da África do Sul nos primeiros anos após o apartheid. Durante o ano de 2001, a CE desembolsou 27 milhões de euros para estes projectos, aumentando a taxa de desembolso total para 60%. MICROPROJECTOS E REFUGIADOS © CE A fim de responder às necessidades das comunidades locais, a CE tem continuado a participar no financiamento de microprojectos a nível local. Em 2001, deu-se particular relevo aos projectos em que houve uma participação local activa e que tiveram um impacto social e económico positivo na vida das comunidades locais. Deu-se prioridade aos países com problemas de refugiados. Sempre que possível, a CE tentou facilitar a auto-suficiência, a integração ou a reintegração de refugiados. Desenvolvimento social — Microprojectos e refugiados — Autorizações em 2001 Instrumento: microprojectos (autorizações em 2001) País ACP Designação do projecto Em Milhões de euros República Programa de microprojectos Centro-Africana 2,00 Congo (Brazzaville) Programa de microprojectos 1,84 Moçambique Apoio à coordenação de microprojectos 0,36 Níger Segurança alimentar e consolidação do processo de paz 0,77 Total 4,97 7.9. Questões horizontais 7.9.1. Iniciativa Europeia para a Democracia e os Direitos do Homem (IEDDH) Em 2001, a IEDDH apoiou projectos em países ACP num montante de 19 milhões de euros, dos quais 6,5 milhões foram afectados a 9 projectos destinados à promoção e protecção dos direitos humanos. Foram atribuídos 925 000 euros a um projecto para o Benim, Gâmbia, Burquina Faso, Nigéria, Mali, Etiópia, Tanzânia e Egipto, Escola anglicana de Kingstown _ Parte do programa de emergência de manutenção da escola financiado pela UE em São Vicente (Barbados). com a finalidade de apoiar uma campanha para erradicar a mutilação genital das mulheres. Um outro projecto de 867 000 euros visa promover os direitos humanos das mulheres na África Ocidental (Togo, Senegal, Nigéria, Mali, Gana, Burquina Faso e Benim). Apoio ao programa de mestrado sobre direitos humanos e democratização da Universidade Africana Este programa de especialização visa formar novos profissionais, a nível da pós-graduação, conferindo-lhes quer uma sólida formação académica em matéria de regras, instituições e mecanismos para a protecção e promoção dos direitos humanos e da democracia, quer as competências de investigação e as ferramentas operacionais necessárias para os preparar para o mercado de trabalho. A tónica é colocada numa perspectiva regional de educação em matéria de direitos humanos. Participarão neste programa trinta estudantes, oriundos de um vasto número de países africanos, que passarão juntos os primeiros seis meses do ano no Centro de Direitos Humanos, em Pretória, onde frequentarão cursos avançados sobre direitos humanos. Em seguida, serão divididos em quatro grupos e colocados nas universidades participantes no programa, durante os restantes seis meses do ano. As universidades que participam no programa são as seguintes: Centro de Direitos Humanos da Universi- Grupo-alvo: refugiados (autorizações em 2001) País ACP Designação do projecto Em Milhões de euros Angola Programação da assistência técnica, artigo 255.° 0,03 Congo (Brazzaville) Apoio à integração económica e social de refugiados Reintegração de jovens deslocados e de ex-combatentes Reintegração no ensino e luta contra o VIH/sida e as drogas 1,50 0,75 0,75 República Democrática do Congo Reintegração e auto-suficiência dos deslocados — Kinsangani Reintegração de deslocados de guerra Reintegração e auto-suficiência dos deslocados 4,40 0,74 8,30 Libéria Programa de reintegração dos repatriados e deslocados 25,00 Total 41,47 129 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica sobre temas concretos de negociação fora do quadro formal de mediação (500 000 euros); ❿ na Somália, foram atribuídos 600 000 euros para a definição de um processo consensual de identificação e hierarquização das necessidades de reconstrução e desenvolvimento, bem como para o melhoramento das políticas e da respectiva execução; © Alessandro Villa ❿ na República Democrática do Congo, para reforçar o diálogo entre as comunidades locais das províncias de Kivu (500 000 euros); Na sequência do genocídio do Ruanda, a UE apoia os mecanismos judiciais a fim de facilitar o regresso a uma sociedade pacífica. dade de Pretória; Universidade de Makerere (Uganda); Universidade do Cabo Ocidental (África do Sul); Universidade do Gana e Universidade Católica da África Central (Camarões). Ao projecto foi atribuído um montante de 1,3 milhões de euros. Outras iniciativas incluem um projecto no Benim e em Moçambique com vista a melhorar as condições de vida das crianças e o respeito dos seus direitos (respectivamente, 797 000 euros e 300 000 euros) e um programa de apoio à comunicação social, com vista a promover os direitos humanos no âmbito do processo de paz na Serra Leoa, no valor de 704 000 euros. Ao apoio ao processo democrático e à promoção do princípio do Estado de direito foram consagrados cerca de 6 milhões de euros, destinados, nomeadamente, a ajudar o pessoal da Transparência Internacional a desenvolver mecanismos de luta contra a corrupção e a apoiar a comunicação social independente. Na República Democrática do Congo, foi lançado um projecto de 1,2 milhões de euros para promover o princípio do Estado de direito, mediante o reforço do diálogo entre o governo e a sociedade civil. Foram concedidos 440 000 euros para apoiar o Tribunal Internacional da Tanzânia, que se ocupa dos processos dos responsáveis pelo genocídio praticado em 1994 na região dos Grandes Lagos. Em Cuba, um projecto de 500 000 euros tenta contribuir para o desenvolvimento de uma sociedade mais plural, mais democrática e mais aberta, promovendo, particularmente, a livre circulação da informação e a troca de ideias entre os intelectuais cubanos que vivem na ilha e a diáspora cubana em todo o mundo. O apoio à assistência na prevenção de conflitos e na restauração da paz civil é uma das prioridades da IEDDH. Em 2001, a iniciativa apoiou cinco projectos em África, num montante de cerca de 3 milhões de euros. Estes projectos serão desenvolvidos: 130 ❿ no Sudão, para apoiar o processo de paz mediante a promoção do diálogo entre os partidos sudaneses ❿ no Ruanda, onde um projecto visa simplificar os procedimentos jurídicos, na sequência do genocídio, de modo a assegurar o retorno a uma sociedade pacífica (670 000 euros); ❿ na Serra Leoa, para apoiar a reintegração de jovens e mulheres deslocados nas suas comunidades de origem. A IEDDH apoiou a transição democrática e a observação de processos eleitorais em diversos países de África, como, por exemplo, na Zâmbia (em 2001, nas eleições presidenciais, legislativas e autárquicas — 570 000 euros), no Togo (nas eleições legislativas previstas para a Primavera de 2002 — 527 000 euros) (ver também ponto 7.6 do presente capítulo: «Direitos humanos, democracia, boa governação e reforço das capacidades própias»). 7.9.2. Intervenientes não governamentais e actividades das ONG PARTICIPAÇÃO DE INTERVENIENTES NÃO GOVERNAMENTAIS NA PARCERIA O Acordo de Cotonu inclui disposições inovadoras para promover abordagens participativas, no intuito de assegurar a participação da sociedade civil e dos agentes económicos e sociais, que implicam o fornecimento de informações sobre a parceria e consultas da sociedade civil acerca das reformas e políticas económicas, sociais e institucionais que a UE se propõe apoiar. Para além disso, confere-se nova relevância à necessidade de facilitar a participação de intervenientes não governamentais na execução de programas e projectos, bem como de se lhes assegurar os recursos financeiros necessários e de apoiar o reforço das suas capacidades. Uma avaliação preliminar dos progressos obtidos na aplicação destas disposições no processo de programação revela que em 42 dos 50 países que dispunham de projectos de documentos de estratégia por país foi realizado o processo de consulta dos intervenientes não governamentais. Em 25 desses 42 países, o respectivo projecto de documento de estratégia por país foi modificado na sequência do processo de consulta. Foram adoptados diferentes tipos de estratégia, de forma a implicar os intervenientes não governamentais na cooperação futura. Em alguns países, a estra- ACP No que respeita ao financiamento, os programas relativos a 26 países propõem a concessão de financiamento directo para reforço das capacidades dos intervenientes não governamentais ou outro tipo de apoio. No total, os fundos propostos para atribuição directa aos intervenientes não governamentais nesses países elevam-se a cerca de 130 milhões de euros, de um montante global de, aproximadamente, 3 000 milhões de euros. No entanto, somente em 12 países (Gâmbia, Gabão, República de Quiribati, Jamaica, Santa Lúcia, Chade, Vanuatu, Zimbabué, Burquina Faso, Guiana, São Tomé e Príncipe e Botsuana) os critérios de elegibilidade para os fundos destinados aos intervenientes não governamentais foram discutidos com os gestores nacionais. Por último, dos 50 documentos de estratégia por país examinados, 31 referem disposições de acompanhamento para futuras consultas e observação. Apoio ao programa de desenvolvimento municipal na África Central e Ocidental A «Associação de Gestão da África Central e Ocidental para o Programa de Desenvolvimento Municipal» (PDM) agrupa associações nacionais com responsabilidades a nível local, municípios e organizações locais e não governamentais envolvidas em iniciativas de desenvolvimento local e municipal na África Central e Ocidental. A associação visa, particularmente, permitir que as grandes conturbações urbanas desenvolvam a sua capacidade de execução. Foram levadas a cabo duas importantes actividades: o reforço da capacidade de execução local e a formação profissional de cerca de 60 funcionários municipais (entre 1998 e 2001). As actividades de formação profissional alcançaram grande êxito, do mesmo modo que o lançamento de um programa tendente a reforçar as capacidades das associações nacionais de autarcas eleitos e o apoio à criação de um movimento municipal africano a nível sub-regional e continental. O processo está a ser desenvolvido, no terreno, no âmbito do ciclo de formação profissional do pessoal das autoridades locais. Participam no projecto: a Agência Nacional Canadiana para o Desenvolvimento (CIDA), o Banco Mundial, o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, o departamento francês de «Île-de-France» e a Federação dos Municípios do Canadá. 7.9.3. Igualdade entre homens e mulheres Como em todas as regiões, os aspectos ligados às diferenças socioculturais entre os sexos são uma das forças motrizes subjacentes às intervenções da CE nos países ACP. Sempre que pertinente, ou seja, na grande © Emilio Rossetti tégia de resposta é orientada no sentido de reforçar, através de diversos meios, a participação dos intervenientes não governamentais em todos os sectores de cooperação da CE (integração). Noutros, a participação dos intervenientes não governamentais é orientada, essencialmente, para sectores prioritários. Um terceiro tipo de estratégia apoia aos intervenientes não governamentais em sectores não prioritários, como forma quer de chegar a grupos pobres da população quer de contribuir para a boa governação e a prevenção de conflitos. Campala (Uganda). maioria dos casos, os programas e projectos identificam, especificamente, o papel das mulheres, das adolescentes e das crianças no processo. Este facto conduz a que as mulheres sejam incluídas como beneficiárias, a que sejam consultadas na preparação do projecto e a que se analise em que medida as mulheres têm uma participação activa na sua execução. Permite também propor soluções para ultrapassar eventuais obstáculos ao acesso das mulheres aos benefícios resultantes da sua execução. As considerações relativas às diferenças socioculturais entre sexos são tidas em conta na planificação de todos o apoio da CE. 7.10. Comércio e desenvolvimento Os países ACP beneficiam, desde 1975, de preferências comerciais não recíprocas, estando em preparação acordos de parceria económica com sub-regiões ACP. Os países ACP devem poder integrar plenamente os APE nas suas estratégias de desenvolvimento a fim de facilitarem a realização dos objectivos fixados nesse acordos. A CE, por seu lado, apoiará as políticas complementares aos APE através de estratégias de apoio ao desenvolvimento, em conformidade com o Acordo de Cotonu. 7.10.1. Apoio ao desenvolvimento e acordos de parceria económica As negociações relativas aos acordos de parceria económica atribuirão grande importância ao estabelecimento de uma ligação com a cooperação para o desenvolvimento, não somente no que respeita à capacidade para conduzir as negociações mas, igualmente, à aplicação dos novos acordos e, consequentemente, ao aumento dos fluxos comerciais. 131 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica ❿ Até à data, foram elaborados programas destinados a auxiliar os países no quadro da OMC e dos APE (10 milhões de euros e 20 milhões de euros) em função das respectivas necessidades, a fim de financiar a realização de estudos e a organização de reuniões de coordenação. No entanto, a partir de Julho de 2002 os programas serão coordenados por um comité director em Bruxelas e aplicados nos países ACP que necessitam de assistência. ❿ É conveniente reforçar a presença dos países ACP em Genebra, a sede da OMC. ❿ Foi consagrado um montante de 1,4 milhões de euros à criação de uma antena ACP em Genebra (aberta em Janeiro de 2002) que funcionará como órgão de ligação. © CE ❿ Está previsto auxiliar os parceiros ACP a harmonizarem as suas normas sanitárias e fitossanitárias. Um centro de recepção e distribuição de bananas no interior da Ilha de Santa Lúcia financiado pela UE (Stabex). CAPACIDADES DE NEGOCIAÇÃO NECESSÁRIAS Muitos dos países e regiões ACP não dispõem das capacidades necessárias para participarem em negociações comerciais globais. Independentemente dos APE devem, no entanto, participar simultaneamente em negociações multilaterais, regionais e bilaterais. O processo APE não só não agravará esta situação como poderá fornecer uma ajuda considerável aos países e regiões ACP. Em conformidade com o Acordo de Cotonu são afectados recursos consideráveis ao reforço das capacidades de análise e de negociação das organizações regionais e dos seus Estados-Membros, no quadro dos programas de assistência regional. APOIO AO DESENVOLVIMENTO COMERCIAL A um nível mais geral, é necessário integrar o comércio na cooperação para o desenvolvimento, que é um elemento importante do acordo de Cotonu, de uma forma mais sistemática. Os programas de cooperação para o desenvolvimento em domínios tais como o apoio macroeconómico, os transportes, o apoio ao sector privado, etc. devem tomar em maior consideração os aspectos comerciais. As questões comerciais foram tidas em conta, primeiramente, nos documentos de estratégia nacional e regional do 9.º FED. Para além disso, foram ou serão tidos em conta um certo número de programas «todos os ACP» a fim de eliminar os estrangulamentos comerciais nestes países. Os APE contribuirão para este processo graças ao estabelecimento de uma ligação estreita entre as negociações comerciais e os programas de apoio ao desenvolvimento. Apoio da CE à política comercial dos ACP ❿ Está previsto um reforço da capacidade de negociação dos ACP no quadro da OMC e dos APE. 132 (1) Ver: http://www.coleacp.org. ❿ Em Julho de 2001 foi elaborado, em favor dos ACP, um programa relativo aos pesticidas ao qual foi afectado um pacote orçamental de 29 milhões de euros a utilizar ao longo de um período de cinco anos. Este programa inclui as seguintes vertentes: informação/comunicação, regulamentação, boas práticas (no que respeita à aplicação de sistemas de controlo da qualidade adequados) e reforço das capacidades (1). ❿ É conveniente contribuir para a integração dos países ACP no comércio mundial. ❿ Aquando da reunião dos ministros ACP do comércio, em Novembro de 2001, a Comissão propôs a concessão de 50 milhões de euros em favor da integração dos países ACP no comércio mundial após a entrada em vigor do 9.º FED. Para além disso, foi afectada uma verba de 350 milhões de euros à integração regional e à assistência técnica ligada ao comércio e ao reforço das capacidades para a próxima programação quinquenal. As dotações destinadas aos programas de assistência ligada ao comércio poderiam igualmente ser tomadas em conta como sectores não prioritários dos programas indicativos nacionais em função das necessidades dos países ACP. 7.11. Coerência com outras políticas A liberalização do comércio e do investimento pode desempenhar um papel fulcral no crescimento económico. A CE procura integrar os países em desenvolvimento na economia mundial, tendo por base a Agenda para o Desenvolvimento de Doha, que pretende vincular o comércio e o desenvolvimento no âmbito de um sistema comercial multilateral. Para além disso, a CE disponibiliza uma apreciável assistência técnica no domínio do comércio, com vista a ACP reforçar as capacidades dos países parceiros nas áreas judicial, legislativa e institucional. No contexto da OMC, a CE tem defendido firmemente negociações comerciais multilaterais centradas nas necessidades e nos interesses dos países em desenvolvimento. No âmbito do Acordo de Cotonu, a assistência em questões relacionadas com o comércio será prestada a nível nacional, regional e horizontal (a todos os países ACP). Para a assistência a nível nacional, estão previstos 10 000 milhões de euros, enquanto cerca de 260 milhões de euros se destinam a intervenções a nível regional. Por seu lado, os programas horizontais incluem uma iniciativa de apoio da OMC, no valor de 10 milhões de euros, bem como um programa de apoio de 20 milhões de euros, destinado a permitir aos países ACP a abertura de negociações efectivas com vista à conclusão dos seus acordos de parceria económica. 7.12. Cooperação com outros doadores O facto de existir uma abordagem sectorial significa que os doadores estão cada vez mais a unir os seus recursos, em detrimento de acções individuais. O Acordo de Cotonu salienta a necessidade de cooperação entre os doadores, o que se reflecte num reforço da coordenação, sobretudo por parte dos próprios países parceiros. A CE concluiu vários acordos-quadro com doadores bilaterais e multilaterais, de que é exemplo o acordo assinado com a Itália em 1985 e reconduzido até Março de 2003, nos termos do qual a CE se comprometeu a contribuir com 140 milhões de euros. Outros exemplos concretos são, nomeadamente: ❿ programa conjunto de avaliação da despesa pública e da responsabilidade financeira. Programa de 2 milhões de euros, financiado através de um fundo fiduciário, foi criado em conjunto com o Banco Mundial e aberto a contribuições de outros doadores. Tem por objectivo incrementar a boa governação, combater a corrupção e tornar a despesa pública dos países ACP mais eficaz em termos de realização dos objectivos de desenvolvimento, especialmente no que respeita à luta contra a pobreza. Os estudos metodológicos com vista à identificação de indicadores de desempenho adequados, bem como as análises conjuntas da despesa pública, deverão contribuir para uma melhoria significativa da gestão dos fundos públicos; ❿ situações de teste sobre a gestão do risco relativo às matérias-primas: fundo fiduciário do Banco Mundial. Em Julho de 2001, foi assinado um acordo de financiamento com vista a apoiar o desenvolvimento de oito situações de teste-piloto que incidem em instrumentos de gestão dos riscos inerentes aos preços das matérias-primas, em países ACP. O objectivo desta iniciativa é o de tornar os mecanismos de garantia de preços existentes nos países desenvolvidos extensíveis aos países em desenvolvimento, de modo a reduzir o risco de quedas abruptas nos preços das principais matérias-primas (café, cacau, algodão, açúcar, etc.), a fim de proteger, principalmente, os agricultores pobres. O montante global do subsídio a disponibilizar pela CE, no âmbito do fundo fiduciário ACP/UE para a gestão do risco relativo às matérias-primas, é de 1 737 600 euros, que serão geridos pelo Banco Mundial com o objectivo de desenvolver situações de teste-piloto. A lista seguinte ilustra exemplos resumidos de actividades co-financiadas: Lista dos acordos de co-financiamento concluídos em 2001 País/ Designação do projecto /Região ACP Parceiro de co-financiamento Tipo de co-financiamento Em Milhões de euros Serra Leoa Programa de reabilitação e reinstalação Alemanha, Suécia, Reino Unido, Itália, Países Baixos, EUA, Suíça, Canadá, Noruega e Banco Mundial Duas prestações para um fundo fiduciário alimentado por diversos doadores e gerido pelo Banco Mundial CE: 10 Outros: 35 África Ocidental Programa de investigação agrícola França, Reino Unido, Bélgica, Países Baixos e EUA Paralelo CE: 12 Outros: 10,36 Somália Controlo pan-africano das doenças animais Itália Conjunto CE: 72 Itália: 1 Chade Abastecimento de água às zonas rurais «Ouadai Biltine» Alemanha e França Conjunto CE: 2 Alemanha: 5 França: 5 Todos os países ACP Fundo fiduciário para a avaliação da despesa pública e da responsabilidade financeira (FEPA) Banco Mundial Prestação para um fundo fiduciário de um único doador, gerido pelo Banco Mundial CE: 1,95 Banco Mundial: 2 Todos os países ACP Gestão dos riscos relativos às matérias-primas ACP/UE Banco Mundial Prestação para um fundo fiduciário alimentados por diversos doadores, gerido pelo Banco Mundial CE: 1,74 133 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica © ECHO de Pretória. O BEI aprovou o financiamento em randes, o que permitiu ao promotor evitar os riscos cambiais inerentes às operações em divisas estrangeiras neste importante projecto sul-africano de parceria entre o sector público e o privado. Poço escavado à mão reabilitado na região somaliana da Etiópia. 7.13. Empréstimos do BEI O Banco Europeu de Investimento (BEI) propõe-se promover o crescimento económico e a integração dos países ACP na economia mundial (1). O Acordo de Cotonu coloca a tónica no sector privado, enquanto principal motor do crescimento económico. No entanto, são elegíveis projectos viáveis, geradores de receitas, em todos os sectores económicos. Empréstimos do BEI a países ACP e à República da África do Sul (RAS) 1997-2001 Sector (em milhões de euros) ACP (1997-2001) ACP (2001) Energia 655 260 102 — Transportes e telecomunicações 191 16 145 50 Ambiente 159 69 45 — A facilidade de investimento constitui um novo instrumento que substituirá o «capital de risco» e que conduzirá a um aumento dos recursos financeiros no âmbito do 9.º FED. A facilidade de investimento: Indústria e serviços 307 48 25 — PME (empréstimos globais) 584 127 459 (*) 100 (*) 1 896 520 776 150 ❿ será gerida segundo princípios comerciais, de forma a ser financeiramente sustentável; (*) Também inclui o apoio, em menor escala, a programas de infra-estruturas municipais. ❿ constituirá um fundo de rotação, ou seja, as verbas reembolsadas serão reinvestidas em novos projectos; ❿ garantirá a uma futura disponibilidade de recursos para os países ACP. Paralelamente à facilidade de investimento, continuarão a estar disponíveis outras modalidades de empréstimos financiados pelo BEI. ALGUNS PROJECTOS A DESTACAR EM 2001 Foram gastos 144 milhões de euros no projecto do oleoduto Chade-Camarões (2), dos quais 88 milhões foram financiados pelo BEI e 56 milhões por recursos de capital de risco (FED). O oleoduto Chade-Camarões faz parte de um projecto integrado de desenvolvimento petrolífero e de oleodutos mais vasto, financiado pelo Banco Mundial e por empresas petrolíferas internacionais. Os aspectos ambientais e sociais inerentes ao projecto foram apreciados em estreita cooperação com o Banco Mundial. No projecto da N4 — uma estrada com portagem na África do Sul (3) — foram investidos 50 milhões de euros. O projecto constitui um elemento fundamental da rede de estradas com portagem para Norte e Oeste 134 15 milhões de euros foram investidos em iniciativas microfinanceiras, canalizadas através de fundos especializados neste tipo de projectos. O objectivo do banco consiste em contribuir para o desenvolvimento destes fundos, de forma a que eles alcancem maturidade comercial e autonomia financeira. Estas iniciativas serão co-financiadas por outros doadores e, sempre que necessário, combinadas com subsídios provenientes de outras fontes, com vista ao reforço das instituições. Total RAS (1997-2001) RAS (2001) 7.14. ECHO Em 2001, os países ACP foram os maiores beneficiários da ajuda humanitária disponibilizada pelo ECHO, com um montante total de 173,32 milhões de euros. Em África, a maior crise continuou a ser a dos Grandes Lagos, tendo sido atribuídos 35 milhões de euros à República Democrática do Congo, 32 milhões de euros aos refugiados do Burundi na Tanzânia e 20 milhões de euros ao Burundi propriamente dito. Além disso, centenas de milhares de refugiados, deslocados no próprio país e outras populações vulneráveis locais beneficiaram, em todo o continente, da ajuda de emergência prestada pelos parceiros do Serviço Humanitário da CE, em circunstâncias muito difíceis. Embora os desenvolvimentos políticos em muitos países beneficiários suscitem sérias dúvidas quanto à probabilidade de uma melhoria a longo prazo da situação humanitária, existem, contudo, alguns sinais positivos nesse sentido (por exemplo, a estabilização na África Ocidental). O ECHO conseguiu melhorar a prestação da ajuda aos países ACP, disponibilizando o essencial dos fundos logo no início de 2001, o que permitiu dar uma resposta mais rápida e aperfeiçoar a estratégia ao longo do ano. (1) Ver: http://www.eib.org/lending/acp/index.htm. (2) Classificado como «Oil and Gas deal of the year» (Negócio de produtos petrolíferos do ano) pela revista Project Finance International e Project Finance Loan of the Year (Empréstimo para financiamento do projecto do ano 2001 pela International Financing Review). (3) Infrastructure Deal of the Year (Negócio de infra-estruturas do ano) pela revista Project Finance International. ACP Decisões de financiamento do Serviço Humanitário da Comunidade Europeia (ECHO) para países ACP em 2001 País ACP Em Milhões de euros Angola 9 Burundi 20 Burquina Faso e Chade 2,55 Caraíbas/Pacífico (incluindo «preparação para catástrofes») 3,88 República Centro-Africana 1 35 Eritreia 7 Etiópia 9,2 Quénia 4,6 Madagáscar 0,9 Moçambique 2,84 Serra Leoa, Guiné-Conacri e Libéria Crianças da África do Sul. 20,6 Somália 1,7 Sudão 17 Tanzânia 32,15 Zimbabué 0,5 Viagens aéreas do ECHO (com base em África, para a distribuição da ajuda) 8,4 Total 176,32 7.15. Controlo de resultados Em 2000, a Comissão estabeleceu um sistema de acompanhamento melhorado, orientado para os resultados, para a ALA (1)/MED/ACP e para os Balcãs, alicerçado nos mecanismos de gestão do ciclo de projectos da Comissão, tendo o sistema sido ensaiado em 2001. Agora que a fase de ensaio chegou ao fim, a Comissão está em condições de fazer uma primeira apreciação sobre o que funcionou bem e o que precisa de ser substancialmente melhorado, nesta região. O capítulo 1 (ponto 1.4) fornece informações mais pormenorizadas sobre o sistema de acompanhamento orientado para os resultados. Este novo sistema de acompanhamento ficará completamente operacional em 2002. Em 2001, foram visitados 173 projectos (18 dos quais vieram a ser objecto de segundo controlo) em 23 países ACP. O volume total do financiamento da CE abrangido é de 1 902,9 milhões de euros, sendo os sectores (CAD) mais significativos os de infra-estruturas e serviços económicos (36%), reforço da economia e das instituições, sociedade civil e infra-estruturas e serviços sociais (15%). A classificação global dos projectos na região foi ligeiramente superior à média, ou seja, 2,55, contra uma média de 2,5. A eficácia e o impacto parecem ser os aspectos relativamente mais bem sucedidos. Os aspectos ambientais e técnicos também tiveram um bom desempenho, enquanto os pontos mais fracos foram os factores económicos e financeiros e a eficiência, especialmente a associada ao cumprimento dos prazos. No entanto, a análise, a nível regional, do desempenho dos projectos deve ser abordada com alguma precaução (ver ponto 1.4). (1) América Latina e Ásia. © CE República Democrática do Congo 7.16. Conclusões e perspectivas A assistência comunitária ao desenvolvimento deverá continuar a procurar realizar os objectivos de desenvolvimento do milénio (tanto nos países ACP como nas outras regiões). Para tal, é necessário um diálogo de qualidade com as autoridades nacionais sobre o desenvolvimento de abordagens sectoriais e uma estreita cooperação com os Estados-Membros da UE e com outros parceiros. O Acordo de Cotonu e a reforma da gestão da ajuda externa da CE fornecem o enquadramento adequado para atingir este objectivo. Quanto aos beneficiários e aos representantes da sociedade civil dos países parceiros ACP, a nova abordagem de programação _ caracterizada pela racionalização dos instrumentos de cooperação e pela introdução de programa dinâmico — representa uma oportunidade única para assumirem uma papel mais activo e exercerem um controlo transparente dos importantes recursos da assistência ao desenvolvimento. Há, no entanto, um «preço a pagar» com o aumento da disciplina e a indesmentível necessidade de afectar os escassos recursos humanos qualificados a tarefas de gestão. No que respeita aos Estados-Membros da UE, a nova abordagem representa uma excelente oportunidade para se realizarem verdadeiros progressos em matéria de complementaridade, que, até agora, tem estado mais presente na teoria do que na prática. O facto é que também os Estados-Membros devem aceitar mudanças radicais nos métodos de trabalho, na partilha de informação e nos requisitos de consulta, se quiserem que os prazos, por todos aceites, do novo acordo sejam cumpridos. O resultado das negociações de um novo acordo interno fornecerá uma indicação sobre a medida em que as mudanças necessárias serão ou não concretizadas na prática. Nunca é de mais salientar que, se se pretende que seja rentável a longo prazo e para todos os interessados, a nova aproximação a uma programação dinâmica exigirá, inevitavelmente, um considerável esforço na «linha da frente», de forma a assegurar a qualidade e a viabilidade do exercício de programação inicial. Logo que isto seja alcançado e que o processo de execução esteja vinculado à programação inicial do documentos de estratégia por país, o processo de gestão em curso tornar-se-á menos pesado e, segundo se espera, mais flexível e eficaz para todos os interessados. 135 8. Ásia © ECHO Em princípios de Setembro de 2001, antes dos eventos cataclísmicos de 11 de Setembro desse ano, a Comissão sublinhou que a importância da Ásia para a UE está fora de dúvida, seja em termos económicos, políticos ou culturais, seja no que se refere a desafios regionais e globais como a pobreza, o ambiente ou a democracia e os direitos humanos. Esta análise tornou-se ainda mais pertinentes à luz dos desafios que surgiram, para todas as pessoas, em consequência dos terríveis ataques contra o World Trade Centre, em Nova Iorque, e contra Washington. Muitos deles estão ligados às relações da UE com a Ásia, em particular, à luta contra o terrorismo e contra os efeitos do fundamentalismo religioso, de que resultaram os novos desafios da reconstrução com que se defronta o Afeganistão. Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica 8.1. Introdução Em 4 de Setembro de 2001, a CE adoptou o novo quadro estratégico que irá presidir às relações da UE com a Ásia e as suas sub-regiões na próxima década. A nova abordagem baseia-se, essencialmente, em dois grandes objectivos: reforçar a presença política e económica da UE em toda a região e elevar essa presença para um nível que seja compatível com o peso crescente da UE alargada a nível global (1). A Ásia representa 56% da população mundial (e 66% das pessoas pobres do mundo), 25% do PNB mundial, uma percentagem das importações da UE que tem vindo a aumentar gradualmente e se situa hoje em 27,5% (em comparação com 26,9% em 1997) e uma percentagem relativamente constante das exportações da UE que, entre 1997 e 2000, se manteve em 17,6%. Isto levou a um aumento significativo do excedente da balança comercial da Ásia com a UE, de 33,1 mil milhões de euros em 1997 para 118,1 mil milhões de euros em 2000. A Ásia é o maior parceiro comercial da UE em termos de importações e o seu segundo maior mercado de exportação. Contudo, no que se refere ao investimento directo estrangeiro (IDE), a Ásia ainda não conseguiu recuperar a sua quota de mercado do IDE da UE desde a crise económica asiática, tendo recebido apenas, em média, 6,6% do IDE da UE entre 1997 e 2000 (2). 8.1.1. Um diálogo regional em evolução Desde 1994, o diálogo político da Comissão Europeia com a região tem evoluído consideravelmente, através dos diálogos a alto nível com os parceiros asiáticos, no âmbito da Reunião Ásia-Europa (ASEM), e com a China, a Índia, o Japão e (em breve) a Coreia. O diálogo ministerial com os países ASEAN prossegue, e inclui agora a participação activa da UE no Fórum Regional da ASEAN (FRA). Além disso, em 2001, a UE continuou a contribuir activamente para a paz e a segurança na região, por exemplo, através da assistência prestada ao nível do estabelecimento de um governo democrático no Camboja e em Timor-Leste, do apoio aos refugiados afegãos dentro e fora do Afeganistão e do seu contributo para a KEDO (3). 8.1.2. Relações bilaterais e acordos de cooperação As políticas de cooperação externa da UE são formuladas e administradas dentro do quadro legal de acordos de cooperação, protocolos, disposições administrativas e protocolos de acordo. Estes instrumentos servem de base à execução de programas e à realização de despesas orçamentais. A cooperação com os países asiáticos rege-se, em grande medida, pelo Regulamento (CEE) n.º 443/92, relativo à 138 Lista de acordos de cooperação relativos à Ásia País Tipo de acordo de cooperação Data de assinatura ASEAN (*) Acordo de cooperação (**) 7 de Março de 1980 China Acordo de cooperação comercial e económica 21 de Maio de 1985 Macau Acordo de comércio e cooperação 5 de Junho de 1992 Índia Acordo de cooperação em matéria de parceria e desenvolvimento 20 de Dezembro de 1993 Sri Lanca Acordo de cooperação em matéria de parceria e desenvolvimento 18 de Julho de 1994 Vietname Acordo de cooperação 17 de Julho de 1995 Nepal Acordo de cooperação 20 de Novembro de 1995 Camboja Acordo de cooperação 29 de Abril de 1996 Coreia Acordo-quadro de comércio e cooperação 28 de Outubro de 1996 Laos Acordo de cooperação 19 de Abril de 1997 Bangladeche Acordo de cooperação em matéria de parceria e desenvolvimento 22 de Maio de 2000 Paquistão 24 de Novembro de 2001 Acordo de cooperação em matéria de parceria e desenvolvimento (*) Associação de Nações do Sudeste Asiático. (**) Protocolo que torna o acordo extensivo à República Socialista do Vietname assinado em 14 de Fevereiro de 1997. Protocolos que tornam o acordo extensivo ao Reino do Camboja e à República Democrática Popular do Laos assinados em 28 de Julho de 2000. Ásia e América Latina, adoptado em 1992. Este regulamento define um quadro estratégico (4) que abrange a ajuda ao desenvolvimento, a cooperação económica e o ambiente, e afirma vigorosamente a necessidade de promover a democracia e os direitos humanos. As áreas prioritárias das actividades de cooperação da CE na Ásia têm continuado a ser o reforço de capacidades institucionais e a promoção dos cuidados de saúde primários e da educação como meio de combater a pobreza. Autorizações e pagamentos relativos à Ásia em 2000/2001 (milhões de euros) Programas Bilaterais Regionais Subtotal: bilaterais/regionais Outras rubricas orçamentais Total Autorizações Pagamentos 2001 2000 2001 2000 225,0 283,0 264,6 240,2 64,5 96,6 41,2 36,6 289,5 379,6 305,8 276,8 88,8 67,4 72,1 41,7 378,3 447,0 377,9 318,5 (1) Vejam-se mais pormenores no ponto 8.14, «Conclusões e perspectivas». (2) Os valores relativos ao comércio incluem o Japão, a China, Hong Kong, e Coreia do Sul, bem como os países da ASEAN e da Ásia Meridional. (3) KEDO (Korean Peninsula Energy Development Organisation) — Organização para o Desenvolvimento Energético da Península Coreana. 4 ( ) Regulamento (CEE) n.º 443/92 do Conselho, de 25 de Fevereiro de 1992, relativo à ajuda financeira e técnica e à cooperação económica com os países em desenvolvimento da América Latina e da Ásia, publicado no JO L 52 de 27.2.1992. Ásia No relatório sobre a cooperação CE-Ásia referente a 2001 destacam-se dois acontecimentos de grande importância, um natural e outro causado pelo homem: o terramoto de Guzarate e as consequências do 11 de Setembro no Afeganistão. Índia — Terramoto de Guzarate Quando Guzarate foi abalado por um terramoto, no Dia da República (26 de Janeiro de 2001), Chris Patten, comissário responsável pelas Relações Externas, encontrava-se em visita oficial a Nova Deli. Transmitiu imediatamente a mensagem de condolências do presidente da Comissão, Romano Prodi, ao presidente da Índia, K. R. Narayanan, sublinhando: «A União Europeia solidariza-se com o povo da Índia nesta hora trágica e estamos dispostos a ajudar em tudo o que for possível». O Serviço de Ajuda Humanitária ECHO respondeu muito rapidamente à catástrofe, concedendo 3 milhões de euros em 27 de Janeiro e mais 10 milhões de euros quatro dias após o terramoto. Estes fundos foram canalizados para ONG europeias, a fim de estas prestarem ajuda de emergência nas áreas mais afectadas. O Serviço de Cooperação da CE, EuropeAid, criado recentemente, enviou imediatamente para as zonas afectadas uma missão de identificação, encarregada de apresentar um pacote de medidas de ajuda viável e sustentável para facilitar a recuperação social e económica do estado. Com base nas suas conclusões, e confirmando a solidariedade da UE para com Guzarate, a CE concedeu um pacote de ajuda de cerca 80 milhões de euros, com três componentes: saúde (40 milhões de euros), reabilitação (15 milhões de euros) e recursos naturais (25 milhões de euros). © J.F. Merladet/ Delegação da CE em Nova Deli 8.1.3. Destaques da cooperação da CE com a Ásia em 2001 Aldeia destruída durante o tremor de terra no Gujarat (Índia). como ajuda alimentar às zonas rurais. Posteriormente, a Comissão propôs que fossem concedidos mais 57,5 milhões de euros para apoio a um programa de reconstrução no Afeganistão, devendo a respectiva decisão ser tomada em princípios de 2002. O objectivo geral desse programa era apoiar a estabilização do país, contribuindo para as actividades básicas de governação e a resposta às necessidades básicas. 8.2. Cooperação regional A UE mantém desde há muito relações com o Sudeste Asiático, que se processam através de uma série de parcerias. 8.2.1. Parceria UE-ASEAN Afeganistão — Arranque de um programa de recuperação No seguimento dos acontecimentos de 11 de Setembro de 2001, os chefes de Estado e de Governo declararam, em 20 de Outubro, que a UE se associaria à comunidade internacional num «programa de grande projecção, e ambicioso, de ajuda política e humanitária com vista à reconstrução do Afeganistão». Em 2001, a Comissão autorizou um montante de quase 103 milhões de euros para fins de assistência ao Afeganistão, metade do qual foi canalizado através do serviço ECHO. Antes de 11 de Setembro, já estava a ser prestada assistência a pessoas deslocadas, bem As relações entre a UE e a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) baseiam-se num acordo de cooperação (1980) entre a CE e os países membros da ASEAN (1). 8.2.2. UE-SAARC A UE tem manifestado sempre o seu interesse em reforçar os laços com a Associação do Sul Asiático para a Cooperação Regional (SAARC) (2), como organização regional. Com uma população de 1,3 mil milhões de Síntese das autorizações/pagamentos 1995-2001 (milhões de euros) 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 Total Autorizações 457,3 405,7 435,3 423,3 342,7 447,0 378,3 2 900,5 Pagamentos 219,3 279,1 301,9 262,1 289,2 318,5 377,9 2 048,0 (1) Países ASEAN: Brunei, Birmânia/Mianmar, Camboja, Indonésia, República Democrática Popular do Laos, Malásia, Filipinas, Singapura, Tailândia e Vietname. (2) Países SAARC: Bangladeche, Butão, Índia, Maldivas, Nepal, Paquistão e Sri Lanca. 139 © Janet Raynor/ Promote Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica Agente de ligação do programa Promote (Igualdade entre os sexos), Bangladeche. habitantes em 1999, os países membros da SAARC representam quase 22% da população mundial, mas apenas 1,97% do PNB mundial (575 mil milhões de dólares americanos em 1999). O rendimento médio per capita desta região é de 441 dólares (Banco Mundial, 1999). A pobreza é, efectivamente, um dos aspectos mais característicos da situação da Ásia Meridional. 8.2.3. ASEM A ASEM (Reunião Ásia-Europa) é um processo informal de diálogo e cooperação no âmbito do qual os Estados-Membros da UE e a Comissão Europeia se reúnem com 10 países asiáticos (Brunei, China, Indonésia, Japão, Coreia do Sul, Malásia, Filipinas, Singapura, Tailândia e Vietname). O diálogo ASEM abrange questões políticas, económicas e culturais, e o seu objectivo é reforçar as relações entre as nossas duas regiões, num espírito de respeito mútuo e no âmbito de uma parceria baseada na igualdade. Em 2001, a Comissão autorizou a concessão de 20 milhões de euros para a segunda fase do Fundo Fiduciário ASEM, prosseguindo desse modo o apoio a reformas dos sectores financeiro e social, em particular nos parceiros asiáticos da ASEM directamente afectados pela crise asiática de 1997. Em 2001, foi concluído o primeiro ano de execução do projecto «Reabilitação da Ásia: melhorar o quotidiano dos moradores através da preservação e recuperação do centro histórico de Hanói», co-financiado pelo programa Ásia-Urbs. Os moradores estão a ser incentivados a realizar melhoramentos nas suas casas, permanecendo nelas durante as obras sempre que possível. Cerca de 50 moradores de apenas dois edifícios — um deles abrangia duas ruas e alojava cinco famílias, no outro havia uma joalharia e viviam quatro famílias — participaram num projecto-piloto de recuperação durante o primeiro ano. A experiência e os resultados obtidos constituirão um exemplo que outros proprietários poderão seguir no futuro. A criação de um sistema de crédito para financiar estas actividades foi um dos aspectos mais difíceis deste projecto, na medida em que não foi fácil suscitar o entusiasmo da banca. No entanto, registou-se um bom andamento ao nível da prestação de assistência técnica e das técnicas de recuperação de edifícios e espaços conexos, da intervenção de juristas com vista a ajudar a superar obstáculos ao nível das relações entre senhorios e locatários e da orientação e planeamento. O programa Ásia-Urbs concede fundos destinados a parcerias ao nível das administrações locais, com vista à realização de estudos de viabilidade e/ou projectos-piloto de dois anos em determinadas áreas de cooperação fundamentais, como a gestão urbana, o ambiente urbano, o desenvolvimento socioeconómico e as infra-estruturas sociais urbanas. As principais áreas de cooperação dos 28 projectos aprovados para financiamento em 2001 (num valor total de 11 milhões de euros) foram a gestão de resíduos (7), o desenvolvimento do espírito empresarial/económico (5), a gestão urbana (3), o património cultural (3), a educação/formação (3), a gestão de recursos hídricos (2), o controlo da poluição (2) e as tecnologias inovadoras (1). Autorizações para cooperação regional em 2001 (em milhões de euros) Cooperação regional Designação do projecto Montante ASEM Fundo Fiduciário ASEM 20,0 Ásia ProEco (ex-Ecobest) 31,5 Ásia Acto adicional do ARCBC (Centro Regional ASEAN para a Conservação da Biodiversidade) Subtotal 0,9 52,4 8.2.4. Referem-se a seguir alguns programas específicos: ❿ o programa Ásia-Link, no âmbito do qual serão concedidos 40 milhões de euros ao longo de um período de cinco anos com vista a promover a ligação em rede a nível regional e multilateral entre estabelecimentos de ensino superior dos Estados-Membros da UE e da Ásia meridional, Sudeste Asiático e China; e 140 ❿ o programa Ásia-Urbs, que se destina a reformar a capacidade de gestão urbana das administrações locais e que atribui especial importância à atenuação da pobreza nas comunidades locais. 8.3. Transportes Os transportes aéreos e os transportes marítimos são as principais componentes da ajuda da CE destinada aos países asiáticos no sector dos transportes. Estas áreas irão desempenhar um papel importante, na medida em que a existência de sistemas de transportes eficientes é essencial para o desenvolvimento económico dos países asiáticos. A execução de projectos de cooperação permitirá demonstrar os benefícios das práticas europeias na região. Ásia 8.3.1. Transportes marítimos Projecto marítimo UE-Índia. Este projecto destina-se a melhorar a eficiência de dois portos indianos, bem como a apoiar o Governo da Índia a introduzir a troca de dados electrónica no sector. A contribuição da CE para o projecto é de 8 milhões de euros (orçamento total do projecto: 10 milhões de euros). O projecto já contribuiu para melhorias nas condições do comércio e do investimento no sector portuário. Em 2001, foram concluídas várias actividades nos portos de Jawaharlal Nehru e Chenai, incluindo a reestruturação da comunidade portuária e a realização de estudos de viabilidade na área da troca de dados electrónica. Foram igualmente reforçadas a manutenção portuária, as previsões de tráfego e as capacidades de planeamento. 8.3.2. Transportes aéreos Projecto UE-Índia no domínio da aviação civil, para o qual a CE contribuiu com 18 milhões de euros (orçamento total 28 milhões de euros). Ao longo de 2001, peritos europeus visitaram seis aeroportos indianos. Foram organizados workshops sobre temas como «Gestão do espaço aéreo», «Cooperação regional» e «Certificação de grandes aeronaves». Foi igualmente organizado um seminário de alto nível para chefias, subordinado ao tema «Gestão das linhas aéreas». Projecto UE-China no domínio da aviação civil, para o qual a CE contribuiu com 7 milhões de euros (orçamento total 15 milhões de euros). As actividades na área da harmonização regulamentar desenvolvidas em 2001 suscitaram um interesse considerável por parte de homólogos chineses. Além disso, actividades de formação na área da aeronavegabilidade levaram já à plena qualificação de 14 organizações de formação chinesas. Por outro lado, a realização de actividades na área da gestão da produção levou à criação de duas linhas de produção, em Xian e em Chendu, na província de Sechuan. Em resumo, os dois projectos de aviação no domínio da aviação civil contribuíram para: ❿ maior sensibilização para as práticas do sector da aviação da UE, nomeadamente no que se refere à aeronavegabilidade e aos regulamentos e normas de segurança; © Dacaar Foi dada prioridade ao reforço da segurança aérea e da cooperação UE-Ásia no sector aeroespacial através dos seguintes projectos: Colheita de trigo em Quadis, Badghis (Afeganistão). buição da CE para este projecto seja de 15 milhões de euros (orçamento total do projecto: 30 milhões de euros). 8.4. Segurança alimentar e desenvolvimento rural O desenvolvimento rural sustentável e a segurança alimentar são componentes importantes das estratégias comunitárias em matéria de luta contra a pobreza. Em 2001, foram afectados 20 milhões de euros à ajuda alimentar directa à Coreia do Norte e foram concedidos mais 4,5 milhões de euros para ajuda indirecta através do Programa Alimentar Mundial (PAM), destinados principalmente à aquisição de alfaias agrícolas e fertilizantes. O Bangladeche recebeu 24,5 milhões de euros destinados à segurança alimentar (tendo 3 milhões de euros sido afectados à ajuda alimentar). ❿ desenvolvimento do futuro quadro de gestão do tráfego aéreo e desenvolvimento das infra-estruturas dos aeroportos; O Afeganistão recebeu 16 milhões de euros (através do PAM), bem como 4 milhões de euros destinados a ajuda alimentar através da EuronAid. O Camboja (5,7 milhões de euros) e o Laos (1,1 milhões de euros) beneficiaram de projectos no domínio da segurança alimentar, cujos fundos foram canalizados através de ONG. Por último, a Índia recebeu ajuda alimentar no valor de quase 1 milhão de euros através da EuronAid. ❿ maiores conhecimentos e prática de técnicas modernas de assistência, manutenção e revisão de produtos. 8.5. Reforço das instituições Em 2001, a Comissão participou ainda em negociações sobre um novo projecto de cooperação UE-Ásia no sector da aviação civil, que abrange outros 15 países da Ásia Meridional e do Sudeste Asiático. Prevê-se que a contri- O reforço de capacidades institucionais é uma das principais áreas visadas pelas actividades desenvolvidas pela Comunidade no âmbito cooperação para o desenvolvimento. 141 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica incluiu assistência técnica à Comissão Eleitoral Nacional, bem como a concessão de auxílio financeiro através do PNUD. © Delegação da CE no Vietname Na China, a execução de projectos na área do apoio às instituições prosseguiu, por exemplo, no âmbito do programa de cooperação jurídica e judicial UE-China, do programa de cooperação UE-China no domínio da estatística e do programa de governação das aldeias UE-China (lançado em Pequim por Chris Patten, em Maio de 2001). Acção de formação no domínio do desenvolvimento rural sobre a gestão integrada do arroz (Vietname). Autorizações para desenvolvimento rural e segurança alimentar em 2001 (em milhões de euros) País Designação do projecto Montante Paquistão Apoio veterinário Ásia 22,9 Investigação agrícola no âmbito do CGIAR (Grupo Consultivo para a Investigação Agrícola Internacional) Indonésia Desenvolvimento da agricultura de irrigação em Bululeng Karang Asem Camboja Província do Norte (estudo) Foi aprovado um novo programa de serviços de pecuária para o Paquistão, destinado a reforçar e reestruturar a prestação de serviços públicos no sector pecuário. Entre as novas iniciativas no domínio do desenvolvimento relativas ao Vietname, foi identificado um programa (10 milhões de euros) de apoio ao Ministério do Trabalho, destinado a aumentar a oferta de mão-de-obra qualificada. Um outro projecto irá concentrarse no apoio institucional com vista ao desenvolvimento das pequenas e médias empresas. 7,5 6,1 0,6 Total Iniciou-se a cooperação para o desenvolvimento com a Coreia do Norte (RDPC). Os trabalhos preparatórios realizados em 2001 permitiram identificar dois projectos-piloto de assistência. Estes projectos consistem em acções de formação tendo em vista o programa de reforma económica e em apoio destinado a aumentar a eficiência do sector energético. 37,1 Referem-se a seguir alguns objectivos específicos do reforço institucional, em 2001: ❿ desenvolvimento da governação e administração transparentes, responsáveis e eficazes em todas as instituições públicas e semipúblicas; ❿ reforço do Estado de direito e melhor acesso à justiça, garantindo simultaneamente o profissionalismo e independências dos sistemas judiciários; ❿ luta contra o suborno, a corrupção e o nepotismo. No Camboja, foi prestada assistência durante as eleições autárquicas realizadas em princípios de 2002, que 8.6. Desenvolvimento do sector privado A cooperação económica com a Ásia continua a incidir principalmente na promoção da cooperação mutuamente benéfica entre empresas, com vista a reforçar o perfil da Europa na Ásia e o perfil da Ásia na Europa, aumentar a presença económica da Europa na Ásia e ajudar os países a definirem e aplicarem políticas destinadas a melhorar a sua situação e o seu desempenho económicos. COOPERAÇÃO ENTRE EMPRESAS O programa Ásia-Invest começou por ser um programa de cooperação económica com a Ásia abrangendo todos os sectores, destinado a promover a cooperação entre empresas através do estabelecimento de parcerias mutuamente benéficas entre a Ásia e a União Europeia. O programa prevê a concessão de uma série de auxílios não reembolsáveis, instrumentos de apoio e acesso a uma extensa rede e a uma base de dados de Reforço das instituições — Autorizações em 2001 (em milhões de euros) Reforço das instituições País Designação do projecto Boa governação Indonésia Parceria no domínio da boa governação Democratização Camboja Eleições/Fundo Especial da ONU Reforço das instituições Coreia do Norte (RDPC) (*) Projecto-piloto de apoio institucional/formação Apoio institucional Nepal Montante 13,30 2,95 0,93 Recenseamento 0,40 Total 142 * ( ) RDPC: República Democrática Popular da Coreia. 0,97 Projecto-piloto no sector energético 18,55 pesquisa de parceiros às entidades representantes das empresas, incluindo câmaras de comércio, organizações sectoriais e profissionais, associações profissionais, confederações da indústria e organismos de desenvolvimento das empresas, atribuindo-se especial importância às pequenas e médias empresas. Desde o início do programa e até Dezembro de 2001, foram co-financiados 143 projectos. Só em 2001, foram aprovados 85 projectos correspondendo a uma contribuição total de 7,98 milhões de euros por parte da CE. A CE tem promovido a capacidade das empresas asiáticas para estabelecerem relações mutuamente benéficas com empresas da UE através do seu apoio aos centros europeus de informação empresarial (European Business Information Centres — EBIC) em toda a região (isto é, no Sri Lanca, Índia, Malásia e Filipinas). Em 2001, foi aberto um novo EBIC em Hanói, no Vietname. Os EBIC prestam diversas informações a empresas ou associações asiáticas. Em 2001, o montante gasto em apoio às actividades dos EBIC no Sri Lanca, na Índia, na Malásia e no Vietname foi de cerca de 805 000 euros. © J. F. Merladet/ Delegação da CE em Nova Deli Ásia Programa de formação profissional de adultos (AVIC) enquadrado nos programas de reabilitação de adultos financiados pela UE. Centro de produção no domínio da horticultura (Índia). PROGRAMA NO ÂMBITO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO O programa de TIC relativo à Ásia teve início em Outubro de 1999. A sua finalidade é aumentar a cooperação na área das tecnologias da informação e das comunicações entre a Europa e os países/territórios asiáticos participantes. Nesse ano, foram aprovados 23 projectos (5,98 milhões de euros) destinados a procurar soluções de TIC aplicáveis aos sectores das TIC asiático e europeu, melhorar a transferência de conhecimentos na área das TIC e reforçar a compreensão mútua dos quadros regulamentares e/ou legislativos das TIC entre as regiões. No Butão, as actividades desenvolvidas em 2001 concentraram-se na consolidação e preparação da segunda fase (4,2 milhões de euros) do projecto «Plantas medicinais», apoiado pela CE. O objectivo visado nesta fase é assegurar a total sustentabilidade do Instituto de Serviços de Medicina Tradicional, que é uma das componentes do desenvolvimento do sector nacional das plantas medicinais a longo prazo. Autorizações para o sector privado e o desenvolvimento económico em 2001 (em milhões de euros) PROGRAMAS NO DOMÍNIO DA FORMAÇÃO EMPRESARIAL A Escola Internacional de Gestão China-Europa (China-Europe International Business School, CEIBS) de Xangai foi criada em 1994, durante a primeira fase de um projecto financiado pela CE. O objectivo da CEIBS é reforçar as ligações comerciais e industriais entre a China e a UE através da formação em gestão e transmitindo os conhecimentos internacionais em matéria de gestão aos gestores chineses. O apoio da CE à CEIBS entrou na sua segunda fase em 2001, com a afectação de 10,95 milhões de euros pela CE. Em 2001, a CEIBS confirmou a sua posição como a melhor escola de gestão da China continental, ao entrar na lista das 100 principais escolas com diplomas de MBA. Em 2001, havia cerca de 600 alunos matriculados em cursos de MBA e EMBA. Além disso, a CEIBS recebeu cerca de 4.300 alunos para cursos de menor duração. País Designação do projecto Índia Mecanismo de financiamento de pequenos projectos Montante 4,04 Vietname EBIC 0,99 China 0,80 Direitos de propriedade intelectual (acto adicional) Vietname Recursos humanos/turismo 10,80 Vietname Sector audiovisual 0,95 Macau Cooperação no domínio jurídico 0,99 China OMC (acto adicional) 0,60 China Formação de intérpretes 0,40 Ásia Prorrogação do programa de TIC 5,00 Total 24,57 Entre outros programas referem-se um programa de bolsas em Hong Kong (região administrativa especial da China) para obtenção do mestrado de Direito na área de Direitos Humanos na Universidade de Hong Kong, três programas de cooperação que estão a decorrer em Macau (região administrativa especial da China) e um novo programa de cooperação jurídica lançado no final de 2001. A contribuição total da CE para estes programas foi de 990 000 euros. © Janet Raynor/ Promote Em 2001, o programa de jovens quadros UE-China (11, 64 milhões de euros) atribuiu diplomas a 24 jovens gestores da UE. O programa UE-China de desenvolvimento da formação profissional industrial deu formação a 408 trabalhadores e 25 formadores. Formadores de professores (Bangladeche). 143 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica © Projecto no domínio da malária — Vietname A CE procurou responder a esses desafios através do programa de desenvolvimento do sector da saúde e, em 2001, concentrou-se principalmente nas seguintes prioridades: Malária: Informação, educação e comunicação porta a porta em aldeias remotas do Vietname. 8.7. Saúde e educação 8.7.1. Saúde © Projecto no domínio da malária — Vietname A pobreza, as transformações sociais, o crescimento e as crises económicas e a falta de recursos do sector da saúde dão origem a uma série de desafios sociais e económicos. Além disso, na Ásia, há também o desafio decorrente da «transição na área da saúde»: transição demográfica, novos riscos ambientais e riscos decorrentes do estilo de vida, transição epidemiológica e a diferença cada vez maior entre as classes sociais e económicas em termos de estado de saúde. Por outro lado, a Ásia é uma região em que as catástrofes naturais e de origem humana são frequentes. Diagnóstico e tratamento precoces da malária (Vietname). 144 ❿ na Tailândia, o projecto de reforma do sector da saúde (2 milhões de euros), concluído em 2001, ajudou o Governo tailandês a assegurar a cobertura universal e descentralização dos serviços de saúde, e a participação da sociedade civil, com vista a melhorar a capacidade de resposta e qualidade dos serviços. A esta experiência positiva de apoio europeu à reforma do sector da saúde tailandês deverá seguir-se um segundo programa (5 milhões de euros) em 2002. No Vietname, o programa de desenvolvimento de sistemas de saúde em curso (1998-2003, 34 milhões de euros) destina-se a melhorar a qualidade dos cuidados de saúde primários e o acesso aos mesmos; ❿ através de intervenções de âmbito mais alargado, a CE procura responder a diversos desafios do sector, adoptando abordagens sectoriais e concedendo ajuda orçamental. No Bangladeche, está a ser executado o programa «Saúde e população 1998-2003» (70 milhões de euros), com vista a ir ao encontro das prioridades de uma reforma destinada a unificar os serviços de saúde e planeamento familiar. O programa foi acordado entre a CE, o Banco Mundial e outros doadores. Este programa sectorial registou bons progressos nos primeiros dois anos e meio. Continuaram a verificar-se melhorias significativas relativamente à maior parte dos indicadores de saúde [por exemplo, a mortalidade infantil baixou de 92 por mil para 62 (2000) no período de 1992-1996, e o rácio de mortalidade materna (RMM) baixou de 485 em 1991 para menos de 400 (estimativas em 2001]. No que se refere à reforma, houve aspectos positivos e negativos, e os esforços no sentido da unificação foram dificultados pelas eleições nacionais e pela mudança de governo; ❿ na Índia, a CE está a apoiar o programa de reforma do sector da saúde e da assistência social à família (200 milhões de euros), que se destina a melhorar a qualidade e acessibilidade dos serviços de saúde, atribuindo-se especial importância à saúde das mulheres e das crianças. Neste momento, já aderiram ao processo de reforma 22 estados, cuja execução conta com o apoio de cerca de 40 ONG e instituições. Após o terramoto de Janeiro de 2001 em Guzarate, a CE aumentou o seu contributo em 40 milhões de euros, a fim de apoiar o esforço de reconstrução e reabilitação e ajudar a manter o ritmo das reformas sectoriais; ❿ reforço dos sistemas de segurança social e dos serviços de saúde. A experiência europeia na área da segurança social e dos serviços de saúde pode ser particularmente valiosa para os países que desejam reduzir a vulnerabilidade das pessoas que vivem perto do limiar da pobreza. Em 2001, a CE começou a preparar um importante programa (20 milhões de euros) destinado à China na área da segurança social, que se prevê venha a ser aprovado em 2002. Na Indonésia foi realizado um pequeno programa de aconselhamento político na área dos serviços de saúde, financiado com fundos do orçamento de 2001; Ásia A iniciativa asiática em prol da saúde genésica lançada pelo FNUAP visa aplicar as recomendações da Conferência do Cairo sobre População e Desenvolvimento realizada em 1994. A iniciativa está a decorrer no Paquistão, Nepal, Sri Lanca, Bangladeche, Vietname, Laos e Camboja através de 42 projectos organizados por ONG (três dos quais de âmbito regional), e oferece uma gama de serviços na área da saúde sexual e genésica, destinados principalmente às mulheres e aos adolescentes. No Vietname, por exemplo, as ONG responsáveis pelos projectos receberam formação subordinada ao tema «Saúde genésica para todos: levar em conta a dinâmica de poder entre homens e mulheres». Em 2001, a Comissão decidiu prolongar o programa até 31 de Dezembro de 2002. No Relatório Anual referente a 2001 (1), descrevem-se pormenorizadamente os progressos realizados e os resultados obtidos em cada um dos 42 projectos. Entre as actividades desenvolvidas no Camboja no âmbito do programa, referem-se as seguintes: melhoramentos em quatro centros clínicos convencionais de saúde genésica; seminários para mais de 145 000 adolescentes; mais de 38 000 visitas a centros de juventude e bibliotecas; prestação de serviços especialmente vocacionados para os jovens em clínicas, a mais de 30 000 jovens. Foi a primeira vez que um projecto realizado no Camboja conseguiu reunir à mesma mesa pais, professores, dirigentes comunitários e jovens para tentar quebrar o silêncio em torno da sexualidade dos adolescentes. O programa de controlo da malária, um programa de âmbito regional destinado à RPD do Laos (2), Camboja e Vietname, tem por objectivo reduzir a incidência, morbilidade e mortalidade da malária. Este programa tem-se revelado particularmente eficaz na promoção da utilização de mosquiteiros impregnados nos três países e tem contribuído decisivamente para melhorar o tratamento imediato de casos mediante a administração de um pacote de medicamentos contra a malária. Em 2001, a CE concordou em prolongar o programa até Dezembro de 2002. Em 2001, a CE também afectou 60 milhões de euros ao fundo global para combater a sida, a tuberculose e a malária, e adoptou uma comunicação (3) relativa à execução do programa de acção de luta contra essas três graves doenças transmissíveis. ACÇÕES DESTINADAS A RESPONDER A CATÁSTROFES NATURAIS E DE ORIGEM HUMANA, A NECESSIDADES © Dacaar ❿ realizar as prioridades pendentes da transição epidemiológica e demográfica no que se refere às doenças relacionadas com a pobreza: mortalidade materna, doenças transmissíveis. Aldeão de Quadis, Badghis (Afeganistão). sector da saúde. Embora a reabilitação física das infra-estruturas seja uma componente importante do pacote de ajuda, a assistência a Guzarate destina-se, também, a melhorar os serviços de saúde genésica através de reformas que se inserem no programa de reforma do sector já iniciado na Índia. A Comissão acredita, também, na necessidade de uma sequência ininterrupta de actividades de reabilitação em Timor-Leste, após o conflito naquele território, tendo adoptado uma abordagem inovadora em conjunto com outros doadores (nomeadamente e Banco Mundial, Portugal, AusAid, Brasil JICA). Desde que foi lançado, em princípios de 2000, o programa de cooperação, que envolve múltiplos doadores e cuja ajuda tem sido canalizada através do Fundo Especial para Timor-Leste (FETL), tem ajudado a promover uma rápida recuperação social e económica no território. O FETL apoiará a execução do plano: a) continuando a concentrar-se na conclusão das actividades básicas de reconstrução da capital, no plano económico e no plano social, durante o primeiro ano após a independência, numa altura em que o governo tenta levar a cabo a difícil tarefa de assumir funções anteriormente desempenhadas pela Untaet (Administração das Nações Unidas em Timor-Leste), assegurando a prestação contínua de serviços e ocupando-se de acções urgentes de carácter jurídico e institucional; b) ajudando a reforçar capacidades na área da concepção e gestão de projectos de desenvolvimento, a fim de ajudar o Governo a executar um programa de desenvolvimento de maior dimensão financiado pelo seu orçamento nacional depois de o FETL ser suspenso. DA REABILITAÇÃO DOS PAÍSES APÓS CONFLITOS E À TRANSIÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO Tal como já se referiu, a Comissão reagiu rapidamente ao terramoto de Guzarate aumentando em 40 milhões a ajuda orçamental ao programa lançado pela Índia no (1) Ver: http://www.asia-initiative.org/annual_report_2001.html. (2) República Democrática Popular do Laos. (3) COM(2000) 585 final. 8.7.2. Educação O ano de 2001 foi importante em termos do apoio prestado pela CE ao desenvolvimento da educação na 145 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica © Linda Chiasson, Canadian CIDA tradicional (especialmente raparigas, que correspondem a 60% das matrículas), e reforçar o sistema educacional nacional. O projecto destina-se a apoiar a formação de funcionários e professores, melhorar os programas de estudos e material pedagógico, bem como as práticas utilizadas nas salas de aula. O apoio prestado pela CE também permite que o BRAC alargue os seus serviços com vista a aumentar a literacia de adultos particularmente pobres e promover a aquisição de aptidões que lhes permitam melhorar as suas condições de vida. Uma das 34 000 escolas elementares informais do programa BRAC destinadas a crianças que abandonaram o ensino ou que nunca frequentaram a escola (Bangladeche). Ásia, havendo dois aspectos principais a destacar. Em primeiro lugar, manteve-se o empenhamento da CE em apoiar os países, em particular os países menos desenvolvidos, na realização das prioridades e objectivos do programa «Educação para todos». Em segundo lugar, verificaram-se novos progressos ao nível da substituição de projectos isolados orientados para resultados por intervenções mais estratégicas que ajudem a abrir caminho à adopção de abordagens sectoriais no domínio da educação. Os novos compromissos assumidos em relação ao Bangladeche foram os seguintes: ❿ IDEAL (20,3 milhões de euros): os principais objectivos são melhorar o acesso ao ensino e a qualidade do ensino em mais de 10 000 escolas primárias de 10 dos 64 distritos do Bangladeche. O apoio destinado a melhorar as salas de aula e a qualidade do ensino e da aprendizagem e a avaliação do ensino irá beneficiar aproximadamente 2,5 milhões de crianças e 40 000 professores. No âmbito do projecto, será igualmente dado apoio ao nível da distribuição geográfica e planeamento das escolas, bem como aos comités de gestão escolar; ❿ ensino não formal no âmbito do BRAC (23 milhões de euros): a finalidade é contribuir para a atenuação da pobreza assegurando o acesso ao ensino primário não formal por parte de 1,6 milhões de crianças que não frequentam normalmente o ensino 146 Na Índia, a CE assinou um acordo de financiamento destinado a apoiar o programa Sarva Shiksha Abhiyan, um programa sectorial lançado a nível nacional pelo Governo indiano com vista a promover um movimento popular em prol do ensino básico universal. O apoio sectorial prestado pela CE permitirá que o governo central e as administrações estaduais intensifiquem os seus esforços no sentido de: assegurar o acesso ao ensino básico (formal e não formal ) por parte de todas as crianças com idades compreendidas entre os 6 e os 14 anos até 2003; garantir que todas as crianças concluam cinco anos de ensino primário até 2007 e 8 anos de ensino básico até 2010; elevar a qualidade do ensino básico ministrado a todas as crianças para um nível satisfatório até 2010; eliminar as disparidades entre os sexos e outras disparidades sociais que impedem o acesso ao ensino primário até 2007 e ao ensino básico até 2010. Avaliação dos resultados do projecto realizado na Índia — Apoio da CE ao desenvolvimento do ensino primário a nível distrital (150 milhões de euros) Principais resultados: ❿ os objectivos quantitativos (1) foram todos atingidos e em alguns casos ultrapassados, tendo igualmente sido realizadas outras actividades que produziram resultados concretos excelentes; ❿ nos dois estados que mais beneficiaram do auxílio financeiro da CE (Madhya Pradesh e Chhattisgarh), os objectivos do DPEP foram quase totalmente atingidos em termos de maior acesso e mais matrículas, redução do abandono escolar e das disparidades entre os sexos/sociais, melhor aproveitamento escolar e reforço da capacidade de planeamento e de gestão (2). As taxas de literacia entre os adultos melhoraram consideravelmente durante o período de execução do programa (3); (1) Os principais objectivos do DPEP eram os seguintes: a) reduzir para menos de 5% as disparidades entre os sexos e os grupos sociais em termos de matrículas, abandono escolar e aproveitamento escolar; b) reduzir para menos de 10% as taxas globais de abandono escolar no ensino primário; c) aumentar os níveis de aproveitamento escolar em pelo menos 25% em relação aos níveis de base medidos; d) assegurar o acesso ao ensino primário a 100%; e) reforçar a capacidade de planeamento, gestão e avaliação do ensino primário aos níveis nacional, estadual e distrital. (2) A taxa bruta de acesso ao ensino primário aumentou de um valor médio de 77,4% em 1996 para 100% em 1999 em Madhya Pradesh, e de 86,4% em 1996 para 98% em 2001 em Chhattisgarh. A taxa bruta de matrícula (TBM) de crianças com 6 a 11 anos de idade no 1.º ao 5.º ano do ensino aumentou de 76,7% para 96,5% em Madhya Pradesh e de 88% para 101,5% em Chhattisgarh. A taxa de abandono escolar no ensino primário baixou para menos de 10%, tendo a redução do abandono escolar sido maior entre as raparigas. As disparidades entre os sexos e sociais em termos de inscrição no ensino primário desceram para menos de 5% nos distritos beneficiários do DPEP-I em ambos os estados. Em Madhya Pradesh, o índice de equidade da TBM no ensino primário aumentou, no caso das raparigas, das crianças de castas designadas (CD) e das crianças de tribos designadas (TD), para 97,3, 98,2 e 99,8 respectivamente. Em Chhattisgarh, as disparidades sociais em termos de matrículas entre TD e outros grupos baixaram de 12,7% em 1996 para 1,2% em 2000, e entre CD e outros grupos baixaram de 7,3% para 1,5%. As disparidades entre os sexos no que se refere às matrículas baixaram de 7,8% em 1996 para 2,7% em 2000. Nas provas de aproveitamento iniciais, intercalares e finais, as melhorias registadas a nível distrital em Madhya Pradesh variaram entre 5,8% e 51,8% na disciplina de língua no 1.º ano e entre 12,5% e 54,3% na disciplina de matemática no 1.º ano, tendo-se verificado variações semelhantes relativamente ao 4.º ano. Em Chhattisgarh, registaram-se melhorias semelhantes ao nível do aproveitamento. (3) Calcula-se que, em Madhya Pradesh, as taxas de literacia dos adultos (15 anos de idade ou mais) aumentaram, na última década, de 44,2% em 1991 para 64,1% em 2001 — uma taxa de aumento 50% superior à taxa nacional. Ásia ❿ o impacto do programa no sistema educacional em geral foi satisfatório. Registaram-se algumas melhorias ao nível das práticas utilizadas nas salas de aula, e verifica-se uma maior preocupação com os resultados e uma maior participação ao nível dos processos de gestão do sector da educação e de outros sectores em todos os estados; ❿ de um modo geral, o programa tem dado provas de ser técnica e financeiramente sustentável. ❿ o mecanismo de financiamento mediante o qual o Governo distribui o auxílio financeiro da CE não só para apoiar as intervenções sectoriais no ensino básico a nível estadual, mas também para as tornar mais ambiciosas e dotá-las de maiores recursos, tem-se revelado eficaz; ❿ a substituição do reembolso de despesas pelo pagamento antecipado de fundos por parte da CE tem-se revelado benéfica, na medida em que contribui para a segurança financeira, a flexibilidade das despesas e oportunidades de inovação; ❿ privilegiou-se a necessidade de melhorar o acesso em vez de se procurar melhorar o acesso e a qualidade; ❿ é possível aumentar o impacte do apoio ao reforço de capacidades, da assistência técnica e das actividades de controlo e avaliação mediante um melhor planeamento e a procura de consensos. Algumas questões políticas importantes no contexto do desenvolvimento do ensino básico: ❿ limites máximos financeiros aplicáveis às despesas com os salários de pessoal docente; ❿ medidas ao nível estadual destinadas a racionalizar o sector docente; ❿ repercussões a médio e longo prazo das diferenças entre os salários de professores em termos da relação custo/eficácia e de equidade; ❿ custos e articulação profissional entre a formação pré-profissional e a formação durante o exercício da profissão de professores dos primeiros anos e dos últimos anos do ensino primário; ❿ a questão dos fundos escolares para despesas imprevistas e das despesas com material de qualidade. Na China, a CE lançou um projecto no sector do ensino básico, com um orçamento de 15 milhões de euros, destinado a apoiar o Governo provincial de Gansu ao nível da modernização e melhoramento da formação de professores e do reforço da capacidade de gestão e institucional do sector do ensino primário nos distritos rurais pobres da província de Gansu, bem como na área da investigação e divulgação de abordagens e métodos inovadores prometedores no ensino básico. © Uwe Wissenbach Principais ensinamentos para o futuro apoio da CE ao ensino básico na Índia: Escola primária em Panam, região autónoma do Tibete (República Popular da China). Esta escola beneficiará de um projecto de gestão rural integrada. Cooperação da CE com a Ásia no sector da educação: princípios de base Em 2001, a cooperação da CE com a Ásia no sector da educação continuou a nortear-se pelos seguintes princípios: ❿ concentração e utilização em comum de recursos. As intervenções sectoriais impulsionadas por políticas no sector da educação, tal como em muitos outros sectores, exigem normalmente uma massa crítica de recursos. Dado que os recursos de que a CE dispõe são limitados, existe um risco considerável de uma dispersão excessiva desses recursos. Por conseguinte, é solicitado aos países beneficiários que definam claramente as suas prioridades (veja-se o quadro «Cooperação com outros doadores na região»); ❿ promover o acesso universal ao ensino básico como meio de maximizar o impacte na redução da pobreza e eliminar as disparidades entre os sexos. Ensino formal por oposição a ensino não formal. As abordagens sectoriais destacam o importante papel que as parcerias sector público/sector privado podem desempenhar na promoção do acesso a um ensino básico de qualidade para todas as pessoas. Nos casos em que a prestação de serviços de ensino básico continua a ser insatisfatória, a estratégia a adoptar deve consistir em sustentar o ensino formal e não formal e, ao mesmo tempo, estabelecer ligações produtivas entre um e outro. É esta a estratégia que tem sido adoptada nos documentos de estratégia por país (DEP) e nos programas indicativos nacionais (PIN), bem como no desenvolvimento de programas novos e em curso. Existe uma estreita relação entre o ensino básico e a melhoria do nível de bem-estar das pessoas, especialmente no que se refere à esperança de vida, mortalidade infantil, estado nutricional das crianças e, também, à promoção da equidade entre os sexos e da igualdade de oportunidades. Uma vez que os dados estatísticos relativos às matrículas e conclusão do ciclo de estudos do ensino primário referentes às raparigas são inferiores aos dos rapazes, promover os objectivos da educação para todos implica, normalmente, um 147 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica © Delegação da CE no Vietname 8.7.3. Programas no domínio do ensino superior Apoio a um projecto do Ministério da Educação. Uma das escolas abrangidas pelo projecto situa-se na província de Hoa Binh (Vietname). esforço especial em relação às raparigas. O desenvolvimento dos recursos humanos através do ensino básico universal também contribui significativamente para o progresso económico; ❿ sustentar a prestação de serviços e as reformas. O quadro político e as condições das intervenções no sector do ensino básico podem estar mais avançados em alguns países (Índia) do que noutros (Bangladeche, Camboja, Laos). Ajuda destinada a ajudar o Paquistão a superar os efeitos do conflito no Afeganistão Como forma de contribuir para o apoio prestado ao Paquistão pela comunidade internacional durante a crise no Afeganistão, a Comissão comprometeu-se a estudar novas formas de ajudar o Governo paquistanês nas reformas que tem vindo a empreender. Essa ajuda consistiu, em parte, na modificação dos procedimentos do projecto de programa de acção social (SAPP II) tendo em vista a concessão de ajuda orçamental directa ao Governo com base nos indicadores do processo de reforma nos sectores da educação e da saúde. No final de 2001 a Comissão tinha já efectuado um primeiro pagamento de 15,5 milhões de euros no âmbito do novo mecanismo do projecto, e prevê-se que o segundo pagamento, do mesmo montante, seja efectuado em meados de 2002, ficando desse modo concluída a intervenção da CE no SAPP II. Além disso, as necessidades e o quadro político podem modificar-se devido a factores independentes da vontade do Governo (por exemplo, Paquistão). É necessário, portanto, que o apoio prestado pela CE seja adaptado à situação do sector da educação em cada país e seja suficientemente flexível para permitir que os países façam frente a novos desafios. 148 (1) COM(2001) 385 final, de 18 de Julho de 2001. Os programas e projectos da CE na área do ensino superior têm por objectivo produzir recursos humanos de elevada qualidade nos países parceiros e na UE. Além disso, ajudam a promover a Europa como um centro de excelência de estudos e formação, de projecção mundial. Estes objectivos foram estabelecidos com base nas prioridades definidas na comunicação da Comissão relativa ao reforço da cooperação com os países terceiros em matéria de ensino superior (1), que se baseia na experiência positiva adquirida no contexto dos intercâmbios intracomunitários no âmbito do programa Sócrates/Erasmus. Em 2001, a CE continuou a apoiar os programas de estudos europeus bilaterais na Índia, Malásia, China, Paquistão e Vietname (cerca de 2 milhões de euros) e preparou a segunda fase do programa de centros de estudos europeus relativo à China, que engloba actividades de grande escala. O programa de estudos tecnológicos de pós-graduação (Postgraduate Technological Studies, PTS), um programa de âmbito regional que está a decorrer no Instituto Asiático de Tecnologia (IAT), em Banguecoque, continuou a receber apoio da CE. O orçamento do projecto aumentou para cerca de 2,7 milhões de euros e o projecto foi prorrogado até Dezembro de 2002. Isto permitiu que o programa realizasse o objectivo a cinco anos de recrutar 90 estudantes asiáticos e 90 estudantes europeus do ensino pós-universitário para actividades de intercâmbio. Além disso, a Comissão tem estado a preparar o lançamento do programa «Rede Universitária ASEAN-UE» (ASEAN-EU University Network Programme, AUNP), cujo orçamento é de 7 milhões de euros. 8.7.4. Cultura A Fundação Ásia-Europa (ASEF), constituída em 1997, em Singapura, no quadro do ASEM, continuou a receber apoio da CE em 2001. Esse apoio contribuiu para promover a reputação da fundação como uma organização eficaz de grande prestígio e para intensificar o seu papel de sensibilização mútua, uma acção que incluiu a realização de actividades culturais nas duas regiões. Desde a sua constituição em 1997, a ASEF já organizou cerca de 80 projectos envolvendo aproximadamente 4 500 participantes. A CE prestou apoio financeiro a quase metade desses projectos. O programa económico transcultural UE-Índia (EU-India Economic Cross Cultural Programme — EIECP) foi objecto de uma avaliação intercalar em 2001. A avaliação confirmou a pertinência do programa e a concepção geral dos projectos e propôs uma série de medidas tendentes a melhorar a gestão do programa. Com base nessa avaliação, a Comissão decidiu propor a prorrogação do actual protocolo de acordo e relançar o programa em 2002, no contexto de um modelo de gestão desconcentrada. Ásia 8.8.3. Florestas tropicais e ambiente Autorizações para desenvolvimento social em 2001 (milhões de euros) Sector País Designação Montante Saúde Índia Apoio ao sector da saúde 40,0 SCALE 25,8 Custo dos incêndios florestais Educação Índia Estudos europeus 0,60 (Universidade de Neru) Saúde Indonésia Seguro de saúde Educação Bangladeche 0,5 BRAC/NFPE III 23,0 IDEAL 23,3 IDEAL 20,3 Bangladeche BRAC 28,7 Saúde Ásia Malária Educação Ásia Addendum PTS (Estudos técnicos de pós-graduação) Saúde 3,2 Total Florestas tropicais Na Indonésia, as florestas estão a desaparecer a um ritmo alarmante devido a mais de três décadas de exploração sem quaisquer controlos. Segundo estudos recentes, as florestas que subsistem irão desaparecer dentro de 10 a 15 anos se não se travar o actual ritmo de desflorestação. As principais causas da desflorestação são as práticas de abate comercial insustentáveis, incluindo o abate comercial ilegal, e a conversão em grande escala das florestas em plantações, que frequentemente está na origem de incêndios devastadores incontroláveis. 0,30 165,7 8.8. Questões horizontais 8.8.1. Iniciativa Europeia para a Democracia e os Direitos do Homem Em 2001, no âmbito da Iniciativa Europeia para a Democracia e os Direitos do Homem, foram afectados 10,81 milhões de euros a projectos na Ásia e na região ASEAN. A ajuda prestada destinou-se principalmente a: ❿ promoção e defesa dos direitos humanos e das liberdades fundamentais; ❿ processo de democratização e reforço do Estado de direito; ❿ prevenção de conflitos e restabelecimento da lei e da ordem; ❿ transição para a democracia e observação de processos eleitorais. Os incêndios catastróficos que ocorreram na Indonésia em 1997 atraíram muita atenção a nível internacional. Os economistas calculam que só a neblina de fumo custou, pelo menos, 1,5 mil milhões de euros em tratamentos médicos e em receitas do turismo que se perderam. Além disso, calcula-se que os incêndios de 1997 (área total afectada estimada em 9,7 milhões de hectares) causaram outros danos, cujo custo ascendeu a mais de 3 mil milhões de euros, danos esses que consistiram em perdas de madeira e outros produtos florestais, prejuízos ao nível da agricultura, serviços hidrológicos e de conservação dos solos, etc. Trata-se de estimativas conservadoras, uma vez que não se incluem os custos indirectos da libertação de carbono na atmosfera, nem os custos a longo prazo para a saúde devido à neblina de fumo. A CE reconhece o papel das florestas tropicais no ambiente global e a importância de as preservar com vista ao seu desenvolvimento sustentável a longo prazo. Na Ásia, as florestas são importantes em termos económicos, sociais e ambientais. Além disso, a nível global, as florestas são importantes para a estabilidade ambiental, a função de retenção do carbono, a conservação da biodiversidade, a regulação do clima e a preservação dos direitos e das culturas dos povos indígenas. Considera-se, em particular, que as florestas asiáticas são das mais ricas em termos de biodiversidade e, no entanto, são talvez das mais ameaçadas. O regulamento ALA (1) inclui a preservação do ambiente e dos recursos naturais entre as suas prioridades a longo prazo. Em 2001, tiveram início alguns novos projectos na área da conservação e gestão sustentável de florestas na Ásia, financiados pelo instrumento financeiro ALA. 8.8.2. Actividades das ONG A CE co-financiou 51 projectos com ONG na Ásia, num valor total de 36,74 milhões de euros, o que corresponde a cerca de 22% da rubrica orçamental disponível para co-financiamento de projectos com ONG (B7-600). A maior parte dos projectos destinou-se a co-financiar o reforço de capacidades, a saúde e saneamento e o desenvolvimento rural. No âmbito do programa florestal CE-Indonésia, constituído por seis projectos em curso, foi iniciado em 2001 o novo projecto de gestão de incêndios florestais no sul da Sumatra (8,5 milhões de euros), que se relaciona com a questão específica das florestas e dos incêndios florestais. O seu objectivo é facilitar a criação de sistemas de gestão de incêndios aos níveis provincial, distrital, subdistrital e das aldeias, em toda (1) Regulamento (CEE) n.º 443/92 do Conselho, de 25 de Fevereiro de 1992, relativo à ajuda financeira e técnica e à cooperação económica com os países em desenvolvimento da América Latina e da Ásia (JO L 52 de 27.2.1992). 149 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica © Cecar V.Galvan/ PMCCA RIET), um instituto autónomo de Singapura. O orçamento do programa de trabalho de 2001 do projecto Ásia EcoBest (que terminou em Março de 2002) foi de 1,4 milhões de euros. Programa CE/FAO de controlo integrado das pragas do algodão na Ásia (Vietname). Além disso, o RIET gastou cerca de 0,7 milhões de euros em três conferências realizadas na China, em Singapura e na Tailândia (400 participantes europeus e regionais); em pavilhões de exposição e reuniões entre empresas na Índia, Malásia, Singapura e Tailândia, em que participaram 50 empresas europeias; na preparação e divulgação de relatórios minuciosos sobre projectos realizados no âmbito do Ásia EcoBest no período de 1998-2002. a região sul da Sumatra. Em 2001, foi assinado um acordo de financiamento no valor de 2 milhões de euros, que visa a criação de um centro de resposta ao abate comercial ilegal, cuja finalidade é apoiar o Ministério das Florestas a combater essa actividade. Os projectos em curso no âmbito do programa florestal CE-Indonésia estão orçados em mais de 100 milhões de euros, e as principais questões visadas são a conservação, a gestão sustentável e o reforço institucional. Os projectos referidos estão a contribuir para a conservação e gestão sustentável de mais de 2 milhões de hectares de florestas tropicais em várias partes da Indonésia e estão a financiar a formação de várias centenas de pessoas em vários sectores, desde a gestão sustentável e cartografia das florestas até à prevenção de incêndios e interpretação de imagens obtidas via satélite. Graças aos progressos realizados em consequência destes projectos, a CE é actualmente o principal doador no sector florestal da Indonésia e é considerada um interveniente essencial no diálogo político que está a decorrer no referido sector. O AEB foi decisivo no que se refere a promover a sensibilização para as questões ambientais asiáticas entre os representantes das empresas, em particular PME, na Ásia. Espera-se que o apoio prestado pela CE no âmbito do AEB venha a impulsionar o comércio com a Europa e o investimento europeu a médio prazo. Em 2001, a CE afectou 16,9 milhões de euros ao «Projecto de gestão das florestas nacionais» na China, com vista a contribuir para a execução do programa de protecção das florestas naturais (NFPP) lançado pelo Governo, que proibiu o abate comercial nas florestas naturais. Este é o primeiro projecto importante em que a CE está a participar neste domínio, na China. O projecto foi preparado em conjunto com o Banco Mundial no âmbito de um programa de desenvolvimento florestal sustentável, financiado também pelo Fundo Mundial para a Protecção do Ambiente e pelo Banco Mundial. O UE-Ásia Pro-Eco abrange um diálogo operacional e prático que visa criar condições favoráveis e presta apoio através de auxílios não reembolsáveis destinados ao reforço de políticas, estudos de diagnóstico, parcerias no domínio da tecnologia e actividades de demonstração. O primeiro convite à apresentação de propostas deverá ser realizado em Janeiro de 2003, e espera-se que venha a suscitar grande interesse. O orçamento total da CE é de 35 milhões de euros. Ambiente PROGRAMAS ÁSIA-ECOBEST 150 Foram gastos cerca de 0,7 milhões de euros no apoio a 18 propostas externas de projectos seleccionadas entre as 40 candidaturas recebidas. Nomeadamente, foram realizados dez seminários, cursos de formação e mesas-redondas na China, Índia, Nepal, Filipinas e Vietname. Estes eventos contaram com a presença de aproximadamente 650 participantes, e foram realizados sete estudos (incluindo duas apresentações públicas de resultados de projectos) e um projecto de desenvolvimento de serviços. E UE-ÁSIA PRO-ECO Desde 1997, o programa Ásia-EcoBest (AEB) tem promovido as melhores práticas europeias no domínio do ambiente e a actividade económica na Ásia, através do Instituto Regional de Tecnologia do Ambiente (Regional Institute of Environmental Technology — Em Dezembro de 2001, foi aprovado um novo programa de cooperação económica e ambiental, UE-Ásia Pro-Eco. Os objectivos globais deste programa são os seguintes: a) melhor qualidade ambiental, incluindo uma influência positiva nas alterações climáticas a nível global, tendo em vista uma «Ásia mais limpa» e melhores condições para a saúde; b) o investimento e o comércio sustentáveis a longo prazo entre a UE e a Ásia; e c) um melhor desempenho ambiental nos sectores económicos. A finalidade do UE-Ásia Pro-Eco é incentivar a adopção de políticas, tecnologias e práticas susceptíveis de promover soluções sustentáveis mais limpas e mais eficientes em termos de recursos para os problemas ambientais da Ásia. No domínio da conservação da biodiversidade, para além do impacte directo dos vários projectos florestais, a Comissão promoveu a criação do Centro Regional ASEAN para a Conservação da Biodiversidade. Este projecto, para o qual a Comissão irá contribuir com 8,5 milhões de euros, teve início em 1999 e tem a sua sede em Manila, nas Filipinas, inserindo-se numa rede de unidades para a conservação da biodiversidade nos países ASEAN. O seu objectivo é incentivar a conservação da biodiversidade na região ASEAN através de uma cooperação mais estreita. Por conseguinte, o projecto está a contribuir não só para a conservação da biodiversidade, mas também para a integração regional. © Delegação da CE no Vietname Ásia Aldeia Dan Lai (minoria étnica) situada no meio do parque de Pu Mat (província de Nghe An, Vietname). Este parque é uma das áreas protegidas mais importantes para a conservação de Saola. Autorizações para os sectores do ambiente, energia e florestas em 2001 (em milhões de euros) País Designação Montante China Energia/ambiente 20,0 Florestas naturais 16,9 Indonésia Protecção contra incêndios florestais — Fase II Total Os conceitos dos vários projectos e programas regionais relativos à região da Ásia são compatíveis com a comunicação da Comissão «Europa e Ásia: enquadramento estratégico para parcerias reforçadas» (1), preparada em Abril de 2001. O conjunto dos projectos executados deverá, manifestamente, reforçar a presença política e económica da UE em toda a região. 8,5 45,4 8.9. Coerência com outras políticas O Serviço de Cooperação EuropeAid procura assegurar um elevado grau de coerência com outras políticas da CE, um aspecto particularmente evidente no domínio do comércio, bem como no caso das políticas da UE em matéria de ambiente e de atenuação da pobreza. Em 2001, o programa-quadro da UE destinado a apoiar a adesão da China à OMC foi prorrogado e os seus fundos foram aumentados e, no Vietname, está em curso o programa de assistência multilateral à política de comércio. A assistência prestada pela CE contribui para uma maior participação dos países em desenvolvimento no sistema comercial multilateral, melhorando desse modo o seu funcionamento, o que, por sua vez, beneficia a UE e os seus cidadãos. Os programas conexos em matéria de direitos de propriedade intelectual (DPI) também são geridos em conformidade com as políticas da CE. No domínio da cooperação económica ambiental, o programa Ásia-EcoBest foi realizado pelo Instituto Regional de Tecnologias do Ambiente (RIET), com sede em Singapura. Os serviços pertinentes da Comissão foram sistematicamente consultados com vista a assegurar a total compatibilidade entre a acção do RIET e outras políticas da CE. 8.10. Cooperação com outros doadores No contexto da cooperação entre doadores, apresentam-se no quadro seguinte os países asiáticos que identificaram a educação como uma das áreas de cooperação prioritárias. Além disso, para promover a constituição da massa crítica de recursos necessária e o diálogo e coerência políticos necessários à adopção de abordagens sectoriais no domínio da educação, está a ser desenvolvido um esforço sistemático no sentido de juntar os recursos da CE e de outros doadores, em particular os Estados-Membros. Países prioritários Lista de países Países em que o Bangladeche ensino básico é Camboja uma prioridade para a CE China Índia Indonésia Laos Utilização em comum dos recursos da CE no sector da educação BAD, Unicef, DFID, NL, CIDA BM, DFID, NL BM, Danida, NORAD, Finida Nepal BAD, BM, SIDA Paquistão Vietname BM, BAD, DFID, NL (1) «Europa e Ásia: enquadramento estratégico para parcerias reforçadas». COM(2001) 469 final, adoptada pela Comissão em 4 de Setembro de 2001 e posteriormente Conselho de Ministros mediante procedimento por escrito, em 27 de Dezembro de 2001. 151 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica © J.F. Merladet/ Delegação da CE em Nova Deli aos desafios humanitários e de reconstrução que surgiram no seguimento da libertação do Afeganistão (1). A assistência prestada pelo serviço ECHO a países asiáticos em 2001 atingiu um total de 104,3 milhões de euros. Criança de Raya, Seva Mandir, Rajastão (Índia). 8.11. Empréstimos do BEI O Banco Europeu de Investimento (BEI) participa activamente nas políticas de cooperação da UE relativas à Ásia. Através das suas políticas de crédito, o BEI apoia projectos de interesse económico mútuo. O orçamento da União Europeia e/ou dos Estados-Membros asseguram fundos destinados a optimizar os benefícios para as populações beneficiárias. Empréstimos do BEI em 2001 (em milhões de euros) Tipo de empréstimo País Designação do projecto Montante do empréstimo Indústria Filipinas transformadora Semicondutores Philips 93,3 Transportes/ /Comunicações China Desenvolvimento rodoviário de Guangxi 56,1 Empréstimo global Indonésia Rabobank Indonesia GL 28,1 Total 177,5 8.12. ECHO Em 2001, o serviço ECHO reagiu e respondeu rapidamente a duas grandes catástrofes na Índia, bem como 152 Na Índia, foi prestada ajuda de emergência às vítimas do terramoto que ocorreu em Guzarate em Janeiro, tendo a ajuda consistido em abrigos temporários (tendas), e num hospital de campanha. Em Julho, o serviço ECHO prestou ajuda de emergência alimentar e não alimentar às pessoas afectadas pelas cheias de Orissa (total: 14,602 milhões de euros). No Afeganistão, as principais operações (54,7 milhões de euros) destinaram-se a ajudar as populações afectadas pela seca e pessoas deslocadas internamente, tendo sido realizadas actividades nas áreas da segurança alimentar, saúde e fornecimento de abrigos destinadas a apoiar principalmente as pessoas mais vulneráveis afectadas pela reacção ao 11 de Setembro. No Nepal, foi empreendida uma importante acção de ajuda alimentar (2 milhões de euros) destinada a apoiar 100 000 refugiados do Butão, e na Birmânia o serviço ECHO continuou a dar apoio às populações mais vulneráveis e às minorias étnicas afectadas pelo isolamento político e pela discriminação. O serviço ECHO continuou a contribuir activamente para a reconstrução de Timor-Leste (11,274 milhões de euros), principalmente através da participação em projectos destinados a melhorar os serviços de abastecimento de água, saneamento e saúde. Graças à relativa estabilidade que se verifica no país, que a declaração de independência veio confirmar em Maio de 2002, a principal finalidade das operações realizadas deixou de ser a ajuda humanitária e passou a ser a reabilitação e o desenvolvimento. Prevê-se que o serviço ECHO venha a suspender as suas operações naquele território no final de 2002. Além disso, o serviço ECHO aprovou o seu primeiro plano de acção para o Sudeste Asiático, com um orçamento de 3,2 milhões de euros, no âmbito do programa de preparação, mitigação e prevenção das catástrofes (Dipecho), um programa de âmbito regional. Este plano de acção destina-se a ajudar a resolver os problemas que as comunidades locais enfrentam devido à sua vulnerabilidade às cheias. Por outro lado, em 2001, prosseguiu também a execução dos projectos aprovados no ano anterior no âmbito do segundo plano de acção Dipecho para o Sudeste Asiático, que envolvem um montante total de 4 milhões de euros. No quadro seguinte, apresentam-se as decisões tomadas em 2001 pelo serviço ECHO com vista a responder às necessidades específicas de ajuda humanitária de cada um dos países asiáticos beneficiários. (1) Veja-se Afeganistão: «Arranque de um programa de recuperação», Introdução, ponto 8.1.3 — Destaques da cooperação da CE com a Ásia em 2001. © Annie Martinez Alonso Ásia Aldeia no Norte da Tailândia. ECHO — Decisões financeiras em 2001 (em milhões de euros) País Designação do projecto Montante Serviço de Ajuda Humanitária ECHO Afeganistão e países limítrofes ❿ Ajuda alimentar ❿ Assistência a pessoas deslocadas internamente e a retornados ❿ Transportes aéreos de acesso 54,680 Índia ❿ Ajuda de emergência, abrigos temporários e assistência médica para as vítimas 14,602 Timor-Leste ❿ Melhoramento dos sistemas de saneamento básico e dos serviços de saúde 11,274 Camboja ❿ Cuidados de saúde básicos, água e saneamento e pequenas operações de desminagem ❿ Ajuda de emergência a 25 000 famílias afectadas pela seca 4,900 Tailândia ❿ Melhoria das condições dos refugiados birmaneses que vivem em campos na fronteira 4,500 Coreia do Norte ❿ Assistência ao sistema de cuidados primários de saúde ❿ Fornecimento de roupas para crianças ❿ Fornecimento de material de ajuda humanitária às vítimas das cheias 3,365 Indonésia ❿ Ajuda às vítimas de conflitos étnicos locais nas Molucas e em Timor-Leste 2,200 China ❿ Assistência às vítimas de catástrofes naturais da província de Guangxi no interior 2,150 Nepal ❿ Fornecimento de produtos alimentares de base aos refugiados do Butão 2,000 Mianmar/Birmânia ❿ Assistência às pessoas deslocadas internamente (saneamento e saúde) e protecção 1,990 Filipinas ❿ Assistência às vítimas do conflito na ilha de Mindanau ❿ Assistência às vítimas do furacão «Lingling» 1,460 Sri Lanca ❿ Assistência às vítimas da guerra civil em Jaffna 0,700 Vietname ❿ Ajuda de emergência às vítimas das inundações do terramoto de Guzarate e das inundações de Orissa entre a Tailândia e a Birmânia da Mongólia de prisioneiros 0,533 Subtotal 104,354 Programa Dipecho Sudeste Asiático Primeiro plano de acção Dipecho relativo ao Sudeste Asiático 3,200 Total 107,554 153 © ECHO/Jean Brunot de Rouvre Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica Escola-refúgio construída com fundos Dipecho (Codeu), Vietname. 8.13. Controlo de resultados Durante 2000, a Comissão concebeu um sistema aperfeiçoado de controlo orientado para os resultados, destinado às regiões ALA/MED/ACP e dos Balcãs, que se baseia no método de gestão do ciclo dos projectos da Comissão. O sistema foi testado ao longo de 2001. A concepção e a fase de ensaio foram concluídas e, no parágrafo seguinte, descrevem-se algumas ideias preliminares, mas interessantes, sobre aquilo que funciona e aquilo que se pode melhorar no caso da Ásia. Este sistema será aplicado a todos os projectos da CE a partir de 2002. Em 2001, foram efectuadas visitas aos locais de 78 projectos (dos quais nove foram objecto de um segundo controlo) que estavam a decorrer na região, em 12 países. O volume total do financiamento da CE respeitante aos referidos projectos foi de 1 006,4 milhões de euros, e os sectores mais importantes foram os da saúde (31%) e da educação (8%). A classificação global dos projectos em curso na região foi de 2,77, sendo a nota média de 2,5. A eficácia e o impacte foram as componentes que apresentaram melhores resultados. Ao nível dos subcritérios, a adequabilidade ambiental e técnica, os efeitos secundários dos resultados e os efeitos imprevistos mais gerais foram as componentes que obtiveram as classificações mais elevadas. As áreas que apresentaram resultados menos satisfatórios foram a disponibilização atempada de recursos e a adequabilidade económica. Tal como se explicou no capítulo sobre o controlo, os resultados da análise regional dos níveis de desempenho dos projectos devem ser encarados com grande prudência. Quando muito, esses resultados podem servir de orientação ao prepararem-se novos estudos, 154 mais aprofundados, sobre a natureza do desempenho dos projectos em regiões específicas. 8.14. Conclusões e perspectivas A Comissão Europeia (CE) definiu, pela primeira vez, um quadro global para as suas relações com os países asiáticos na comunicação «Uma nova estratégia para a Ásia», apresentada em 1994. Em Setembro de 2001, a CE adoptou uma nova comunicação (1) em que actualizou a estratégia anterior levando em conta os principais acontecimentos que entretanto se haviam dado e em que define um quadro estratégico geral para as relações entre a CE e a Ásia e as suas sub-regiões na próxima década. A UE deve, em particular, procurar: ❿ contribuir para a paz e a segurança quer a nível da região quer em termos globais, mediante o aprofundamento das suas iniciativas para a região; ❿ aumentar os fluxos de trocas comerciais e de investimentos entre as duas regiões; ❿ promover o desenvolvimento dos países menos prósperos da região, combatendo as causas profundas da pobreza; ❿ contribuir para a protecção dos direitos humanos e para a expansão da democracia, da boa governação e do Estado de direito; ❿ criar parcerias e alianças globais com os países asiáticos, no âmbito das instâncias internacionais adequadas, a fim de os ajudar a enfrentar os desa- (1) «Europa e Ásia: enquadramento estratégico para parcerias reforçadas». COM(2001) 469 final, adoptada pela Comissão em 4 de Setembro de 2001 e posteriormente pelo Conselho de Ministros mediante procedimento por escrito, em 27 de Dezembro de 2001. Ásia fios e a aproveitar as oportunidades proporcionadas pela globalização e intensificar as iniciativas conjuntas em questões ambientais e de segurança globais; Em conclusão, a comunicação salienta que a Ásia constitui um parceiro económico e político crucial para a Europa. Mais do que nunca, é imperioso que a UE e os seus parceiros asiáticos colaborem para enfrentar os desafios globais que se deparam a ambas as regiões e aproveitar as oportunidades globais que todos devemos ser capazes de partilhar. © ECHO/ Nicholas Bridger ❿ favorecer um melhor conhecimento da Europa na Ásia (e vice-versa). Jovem vítima de tremor de terra e seus amigos depois de receber tratamento para um ferimento na cabeça no hospital de emergência da Federação Internacional da Cruz Vermelha apoiado pelo ECHO, Bhuy (Gujarat, Índia). 155 9. América Latina © Luc Giard Desde sempre, o elemento-chave da abordagem comunitária à América Latina tem sido o reconhecimento da heterogeneidade do subcontinente latino-americano e da consequente necessidade de adaptar o diálogo e a cooperação às suas diferentes realidades regionais e nacionais. Os últimos anos têm sido caracterizados pela vontade, tanto por parte da União Europeia como da América Latina, de desenvolverem em conjunto uma relação mais global, através de uma parceria estratégica (1) cujo objectivo é permitir à América Latina e à União Europeia prosseguirem em melhores condições, enquanto parceiros, os objectivos políticos, económicos e sociais comuns, adquirirem mais peso no processo de globalização, conservando uma perspectiva de interesse mútuo e, ao mesmo tempo, mantendo as suas próprias especificidades. A cooperação para o desenvolvimento constitui uma dimensão essencial desta parceria estratégica, como revelam as iniciativas de carácter regional, cada vez mais numerosas, lançadas em 2001. (1) COM(2000) 670 — Comunicação da Comissão ao Conselho e ao Parlamento Europeu: «Seguimento da primeira cimeira entre a América Latina, as Caraíbas e a União Europeia». Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica 9.1. Introdução Situação dos acordos de cooperação e memorandos de acordo América Latina: conjuntos sub-regionais e países (*) América Central (A) Comunidade Andina (C) Mercosul (A) (C) Outros Costa Rica (A) Colômbia Argentina (A) Chile (A) (C) Salvador (A) Brasil (B) México (B) (C) Equador (A) Guatemala (A) Peru (B) Paraguai (A) Honduras (A) Bolívia (A) Uruguai (A) Nicarágua (A) Venezuela (A) De uma forma geral, os países da América Latina têm de fazer face a três grandes desafios: reduzir o problema da pobreza e da desigualdade, nomeadamente através de uma promoção da solidariedade social; consolidar o Estado de direito, garantindo a irreversibilidade do processo democrático; favorecer a integração na economia mundial, completando as reformas económicas e aumentando o nível de competitividade internacional. A luta contra a pobreza na América Latina insere-se no contexto específico desta região, caracterizada por grandes contrastes geográficos e demográficos. A taxa de urbanização deverá passar dos actuais 75% para 79% em 2020 (as taxas mais elevadas registam-se na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Peru e Uruguai), uma problemática que a UE tem em conta nos seus programas de cooperação. Panamá (A) NB: (A) Memorando de acordo assinado em 2001. (B) Memorando de acordo em negociação. (C) Acordos-quadro de cooperação inter-regional assinados até 2001 (*) A América Latina é constituída por conjuntos sub-regionais distintos: a América Central, a Comunidade Andina e o Mercosul, aos quais se juntam o Chile e o México. A maior parte dos financiamentos concedidos pela UE aos países latino-americanos rege-se pelo Regulamento (CEE) n.º 443/92 (1) do Conselho, de 25 de Fevereiro de 1992, relativo à ajuda financeira e técnica e à cooperação económica com os países em desenvolvimento da América Latina e da Ásia. Para além disso, os Autorizações e pagamentos em 2000 e 2001, em euros (excluindo a rubrica BA e CUBA) (*) Programas Rubricas B7-310 e B7-311 Autorizações 2001 Pagamentos 2000 2001 2000 País/bilateral Argentina 0 9 910 000 7 207 145 5 674 145 Bolívia 0 25 000 000 4 069 269 11 069 999 Brasil 2 350 000 10 304 190 5 354 877 3 565 615 Chile 0 9 000 000 5 791 622 1 795 894 2 841 411 Colômbia 34 800 000 4 891 196 Costa Rica 9 600 000 575 777 589 328 Equador 11 000 000 2 465 667 3 457 072 Guatemala 16 150 000 14 101 002 16 365 748 Honduras 0 5 023 666 9 035 130 México 0 764 630 1 480 430 11 760 063 15 985 406 Nicarágua Panamá 10 900 000 5 000 000 8 650 000 2 933 167 3 278 359 0 6 575 250 10 963 918 Paraguai 0 7 642 593 4 423 313 Salvador 28 942 500 5 976 710 9 367 046 Uruguai 900 000 1 320 000 1 626 845 2 150 271 2 298 333 3 697 053 84 647 812 Peru Venezuela 10 000 000 Subtotal bilateral 133 292 500 60 534 190 Subtotal regional 84 373 500 163 310 000 — — 35 394 789 217 666 000 223 844 190 124 452 601 Outros (relativos, essencialmente, aos programas regionais) Total bilateral/regional 72 260 228 178 000 366 * ( ) A rubrica BA abrange as despesas ligadas à gestão administrativas, nomeadamente no quadro da desconcentração dos programas para as delegações. 158 (1) Em 2001, não houve alteração do quadro jurídico da cooperação com a América Latina. No mesmo ano, os serviços da Comissão elaboraram um projecto de novo regulamento para os países da América Latina, que será apresentado à Comissão em 2002, para aprovação. América Latina financiamentos destinados às operações de assistência às populações desenraizadas da América Latina e às operações de reabilitação e de reconstrução são regidos, respectivamente, pelos Regulamentos CE) n.º 2130/2001 do Parlamento Europeu e do Conselho e (CE) n.º 2258/1996 do Conselho. Estão em curso na América Latina diversos processos de integração. Têm-se desenvolvido em simultâneo com a multiplicação de acordos de comércio livre, que favorecem a intensificação das relações comerciais entre os países da zona, contribuindo para o crescimento económico e para o desenvolvimento da região. A União Europeia e os seus Estados-Membros constituem a principal fonte de assistência, sob a forma de subvenções, à América Latina. Desde 1996, o orçamento da União Europeia consagrado à cooperação com esta região tem-se elevado a cerca de 500 milhões de euros por ano. Este número inclui as autorizações a título das rubricas orçamentais B7-310 (cooperação financeira e técnica), B7-311 (cooperação económica), B7-312 (refugiados e populações deslocadas) e B7-313 (reabilitação), específicas para a América Latina, bem como de outras rubricas orçamentais importantes sem especificação geográfica, por exemplo, as relativas aos direitos humanos, à segurança alimentar e ao co-financiamento das ONG. As liquidações executadas em 2001, no quadro do exercício de redução dos APL (ainda por liquidar), elevaram-se a 96,6 milhões de euros. Estes montantes reportaram-se a 143 autorizações. Rubricas orçamentais B7-310 (cooperação financeira e técnica) e B7-311 (cooperação económica) (em milhões de euros) 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 (*) (**) Total Autorizações 287,6 262,8 254,1 240,9 104,4 229,7 231,6 1611,1 Pagamentos © PRAEDAC/ F. Valdivia Apesar do seu imenso potencial económico, a América Latina continua a enfrentar desafios bastante importantes. O PIB médio da região era de 3 800 dólares por habitante em 1999, com uma variação de 1 para 15, consoante os países (entre 430 dólares na Nicarágua e 6 180 no Uruguai). A riqueza está desigualmente repartida, o que tem como consequência, entre outras, a dificuldade de acesso aos cuidados de saúde, à educação e à segurança social. Limpeza de peixes numa exploração piscícola na comunidade de Tres Pozos na região de Cochabamba (Bolívia), programa Praedac. 9.2. Cooperação regional Nos últimos anos, a cooperação regional foi reforçada, reflectindo, por um lado, a vontade de concretizar a vertente «cooperação» da parceria estratégica bi-regional decidida pelos chefes de Estado e de Governo da União Europeia, da América Latina e das Caraíbas por ocasião da Cimeira do Rio de 1999 e, por outro, de apoiar, graças a uma cooperação adequada, o processo de integração regional em curso. 9.2.1. Programas horizontais A cooperação regional decorre, nomeadamente, no quadro de programas ditos «horizontais» Estes programas, de interesse mútuo e financiados a título da cooperação económica, privilegiam o reforço das parcerias entre as redes de agentes das duas regiões (cidades, empresas, universidades). 145,7 151,9 148,8 142,8 158,7 179,5 126,3 1053,7 * ( ) Incluindo Cuba. (**) Incluindo a rubrica BA. Em 2001, a integração das actividades administrativas e de acompanhamento dos gabinetes de assistência técnica (GAT) nos serviços da própria Comissão teve consequências em termos operacionais. Por sua vez, o processo de desconcentração do pessoal, da sede para as delegações, também contribuiu para abrandar o ritmo dos pagamentos em relação às autorizações. Em 2001, foram apoiados programas horizontais importantes, nomeadamente: ALFA, Al-Invest, Atlas, Urb-Al, Alure e @LIS. ALFA: América Latina — Formação Académica. Este programa destina-se a reforçar a cooperação de interesse mútuo entre a América Latina e a União Europeia, por intermédio da cooperação ao nível do ensino superior, e a incentivar o estabelecimento de um intercâmbio duradouro a nível bi-regional e regional (UE/AL, AL/UE e AL/AL) (1), especificamente nos domínios seguintes: engenharia, ciências médicas, ciências (1) Ver: http://www.europa.eu.int/comm/europeaid/projects/alfa/index_fr.htm. 159 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica © PREADAC/ K. Hoffmann RESCE — Rede de Estudos Sociais — América Central — Caraíbas — Europa Rede coordenada pela Universidade da Costa Rica e em que se integram, nomeadamente, as Universidades da Sorbonne, de Haia, de Salamanca, da Nicarágua, do Salvador, de Havana e a Universidade Centro-Americana do México, que criou uma «maestria centro-americana» (mestrado). Trata-se de um programa de Mestrado e de Investigação em Sociologia, com especialização em política social, que inclui um projecto de formação de professores ou de diplomados das várias instituições e dos diversos departamentos das universidades pertencentes à rede. O material didáctico produzido neste âmbito serviu de apoio pedagógico ao mestrado. A comunicação entre os membros da rede melhorou graças à instalação do correio electrónico. O ALFA permitiu a organização de uma conferência internacional sobre política social, que deu depois origem a um livro («Politica social: vínculo entre estado e sociedad»). AL-Invest: programa de cooperação descentralizada apoiado pela Comissão, que tem como objectivo fomentar encontros e parcerias entre as pequenas e médias empresas (PME) dos dois continentes, para promover as trocas comerciais e as transferências de tecnologia. Desde o início do programa, em 1996, foram organizados 250 eventos (1). Participaram nos encontros 330 operadores (câmaras de comércio, associações industriais, consultores na Europa) e 25 000 PME das duas regiões. Em 2001, foram seleccionados para beneficiar de assistência comunitária 50 encontros sectoriais e cinco acções ARIEL (Active Research In Europe and Latin America, um dos instrumentos do Uma das obras das infra-estruturas financiadas pelo Praedac na subalcaidaria de Shinahota (Bolívia). sociais e economia. A segunda fase do programa (ALFA II) abrange o período decorrente 2000 e 2005. O número de projectos ALFA II em curso é de 54, e o seu custo total eleva-se a 12,45 milhões de euros, sendo a contribuição comunitária de 8,89 milhões de euros. 104 projectos seleccionados no quadro da primeira fase do programa ALFA recebem apoio para a sua continuação ou conclusão. ALFA II — As três primeiras voltas da selecção 1% 4% Área de estudo Arquitectura, Urbanismo e Ordenamento do Território Ciências Económicas e Sociais 15 % Medicina e outras Ciências da Saúde Educação Estudos Ambientais Engenharia e Tecnologia 24 % 5% 1% Outros 4% 30 25 Tipo de projecto 20 A FC FA FCD FI 15 Gestão institutional e académica Formação Formação avançada Formação de curta duração Formação de investigadores 10 5 0 A 160 (1) Ver: http://www.europa.eu.int/comm/europeaid/projects/al-invest/index_fr.htm. FC FA FCD FI América Latina programa AL-Invest). Entre os múltiplos êxitos do programa, podem citar-se três exemplos: Móveis (mobiliário) 2000 No decurso deste encontro, que teve lugar em Uberlândia (Brasil), foi fundado um consórcio europeu com a finalidade de criar uma empresa comum com os parceiros brasileiros. O investimento (construção de uma fábrica no parque industrial de Uberlândia) eleva-se a 12 milhões de euros. No decurso deste encontro, realizado no México, uma empresa deste país assinou com uma empresa espanhola um contrato no valor de 18 milhões de euros, para a criação de uma empresa mista e para a confecção de vestuário destinado ao mercado europeu. © APREMAT/U6P Exhimoda 1999 Alunas salvadorenhas do ensino médio técnico num curso de informática, com novas tecnologias para assistentes administrativas empresariais (projecto Apremat: apoio à reforma do ensino médio no domínio técnico). FITUR 1998 No decurso deste encontro, promovido em Espanha, uma empresa francesa assinou com uma empresa paraguaia um contrato de valor superior a 6 milhões de euros, para a instalação de uma unidade de tratamento de resíduos no Paraguai, estando o investimento total calculado em mais de 20 milhões de euros. ATLAS: trata-se de um programa de apoio às relações entre as câmaras de comércio da União Europeia e da América Latina, destinado a promover a transferência de saberes. Cerca de 200 câmaras de comércio e indústria são abrangidas por este programa, cuja dotação para o período 2001-2003 se eleva a 2,4 milhões de euros (1). URB-AL (2): este programa está vocacionado para promover o estabelecimento de relações directas e duradouras entre as autarquias locais europeias e latino-americanas e o intercâmbio de experiências. Para este efeito, foram criadas, numa primeira fase, oito redes temáticas. Estas deram origem a 65 projectos comuns, cuja execução está em curso. Com as suas actividades, que envolvem cerca de 750 autarquias locais (desde a grande metrópole até à pequena cidade) e uma centena de outros actores locais (ONG, universidades, empresas, etc.), o URB-AL permite colocar em comum os recursos e as experiências, para melhor responder aos problemas suscitados pelo desenvolvimento urbano (controlo da mobilidade urbana, democracia na cidade, ambiente urbano, etc.). Depois do sucesso da primeira parte do programa, que dispôs de um orçamento de 14 milhões de euros, a Comissão aprovou um orçamento de 50 milhões de euros consagrado à segunda fase (ou seja, mais do triplo do da primeira). Este esforço financeiro permitirá o lançamento de seis novas redes temáticas (financiamento local e orçamento participativo, luta contra a pobreza urbana, habitação na cidade, promoção da participação das mulheres nas instâncias de decisão Programa AL-Invest Repartição cumulativa A partir da 1.1.1996 Região Todas País Todos 200 000 000 Até 5.12.2001 Instrumento Todos os do programa-quadro Al-Invest e Ariel Sector Todos 180 000 000 160 000 000 Transacções Investimento 140 000 000 120 000 000 100 000 000 Região Transacções Investimento Comunidade Andina 44 652 772 4 795 500 América Central 59 114 880 13 364 710 União Europeia 192 486 846 47 663 402 Mercosul 67 423 622 29 713 192 800 00 000 60 000 000 40 000 000 20 000 000 0 Comunidade Andina (1) Ver: http://www.eurochambres.be/whatwedo/atlas.htm. (2) Ver: http://www.europa.eu.int/comm/europeaid/projects/urbal/index_en.htm. América Central União Europeia Mercosul 161 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica Daqui nasceram 14 projectos, destinados a melhorar a definição e a condução das políticas públicas locais em sectores sociais decisivos como a educação, a saúde, a assistência aos grupos desfavorecidos ou marginalizados, as migrações urbanas, a violência doméstica e a promoção e defesa das mulheres. Todos estes projectos têm um mesmo objectivo: conceber uma abordagem «integrada» da cidade, em que os seus habitantes não sejam considerados individualmente, mas sim enquanto membros de famílias, de grupos e de comunidades que interagem entre si. O projecto «Economía solidaria: un sector en desarrollo», coordenado pela municipalidade de Rio Claro (Brasil), tende a promover experiências de economia solidária adaptadas às realidades sociais locais, favorecendo igualmente a criação de empregos. Lançamento da cooperação reforçada para uma utilização racional da energia nos países da América Latina. locais, cidade e sociedade da informação e segurança dos cidadãos na cidade). «Intercâmbio equitativo de saberes» A Intendencia Municipal de Montevideo (Uruguai), que coordena uma das redes do programa URB-AL, constituída por 150 autarquias locais europeias e latino-americanas, desenvolveu uma nova abordagem das políticas sociais urbanas, assente na partilha de experiências de cada um e na troca de saberes entre todos. 13% ALURE: iniciado em 1996, o programa ALURE (1), relativo à cooperação económica entre a União Europeia e a América Latina no sector da energia, será concluído em 2003. Dotado com 26 milhões de euros, o programa permitiu a execução de 25 projectos, envolvendo uma centena de intervenientes nos sectores do gás e da electricidade — empresas, órgãos da administração pública, ONG e outros. Este programa contribuiu para a satisfação das necessidades de energia dos países da América Latina, tanto no plano quantitativo como no qualitativo, promovendo, ao mesmo tempo, o acesso das populações desfavorecidas a estes serviços e contribuindo para a preservação do ambiente. Os projectos geraram importantes mais-valias para os beneficiários, essencialmente sob a forma de conceitos e instrumentos comprovados do sector energético europeu e sua adaptação ao contexto latino-americano. Cliope: eficácia e protecção do ambiente nas centrais térmicas Nos últimos anos, vários países da América Latina conheceram uma penúria de electricidade causada, principalmente, pelo considerável crescimento da procura e pela insuficiência do investimento na produção energética. Além disso, são numerosas as centrais térmicas da região que provocam enorme poluição, com reduzida eficácia e limitada disponibilidade. Para reagir a esta situação, o projecto regional 1. Droga e cidade 8% 2. Conservação dos contextos históricos urbanos 13% 3. Democracia na cidade 13% 4. A cidade enquanto promotora de desenvolvimento económico 11% 12% 5. Politicas sociais urbanas 6. Ambiente urbano 15% 15% 7. Gestão e controlo da urbanização 8. Domínio da mobilidade urbana 162 (1) Ver: http://www.europa.eu.int/comm/europeaid/projects/alure/index_en.htm. América Latina @LIS: aprovado por decisão da Comissão Europeia de 6 de Dezembro de 2001, o programa @LIS (1) — Aliança para a Sociedade da Informação — tem por objectivo promover a sociedade da informação na América Latina e lutar contra a desigualdade no domínio do digital, incentivando a cooperação com parceiros europeus e contribuindo para dar resposta às necessidades das comunidades locais e dos cidadãos, na perspectiva de um desenvolvimento sustentável. Dispondo de um orçamento de 85 milhões de euros, dos quais 63,5 a financiar pela Comunidade Europeia, o @LIS é dirigido a todas as entidades da sociedade civil, nomeadamente às organizações sem fins lucrativos. A maior parte dos programas horizontais foi revista em 1999 e avaliada em 2000-2001. Globalmente, os resultados são muito positivos, tendo os programas criado laços económicos, académicos, culturais e tecnológicos entre as duas regiões. Contribuíram ainda para uma maior presença europeia na região e para o estabelecimento de relações duradouras a nível governamental, local, do sector privado e da sociedade civil. 9.2.2. A cooperação com os conjuntos regionais e a cooperação bilateral Aos níveis sub-regional e bilateral, a Comissão prosseguiu a cooperação em 2001, de acordo com as prioridades específicas enunciadas nos acordos institucionais existentes e em função das situações específicas de cada país ou região. Foram aprovados projectos de carácter sub-regional, a título das rubricas orçamentais B7-310 (cooperação financeira e técnica) e B7-311 (cooperação económica), na América Central, na Comunidade Andina e no Mercosul. A) AMÉRICA CENTRAL A cooperação com a América Central insere-se no quadro do acordo de cooperação entrado em vigor em 1999. Em 2001, a Comissão consagrou 8 milhões de euros a um projecto de união aduaneira, a título da cooperação económica com a América Central. (1) Ver: http://www.europa.eu.int/alis. © APISEL Cliope é consagrado à formação de uma centena de gestores e técnicos latino-americanos e à instalação de uma rede Internet de informação e competências, que reforce o intercâmbio de experiências entre as duas regiões. Até hoje, o projecto criou três centros de formação permanente (na Colômbia, Argentina e México) e estabeleceu laços duradouros entre os actores do sector, que facilitarão a preparação de projectos de conversão das centrais e a aquisição de equipamentos de controlo modernos e proporcionarão novas oportunidades comerciais às duas regiões. Apresentação oficial do programa @lis: sessão de informação em Bruxelas. Quanto à cooperação bilateral, a Comissão destinou 29 milhões de euros ao Salvador, 16 milhões à Guatemala, 9 milhões ao Panamá, 10 milhões à Costa Rica e 11 milhões à Nicarágua. A dimensão deste esforço em termos orçamentais reflecte a determinação da Comissão em contribuir activamente para projectos de apoio ao reforço e à consolidação das instituições democráticas e do Estado de direito, para o processo de integração regional, o reforço do desenvolvimento económico e a inserção da América Latina na economia mundial. Para além da ajuda concedida a partir das rubricas orçamentais «Cooperação financeira e técnica» e «Cooperação económica», a União Europeia levou o seu apoio a esta região através de acções financiadas por outras rubricas orçamentais. Na sequência dos prejuízos provocados pelas catástrofes naturais, a Comissão autorizou, em 2001, uma dotação de 68 milhões de euros em benefício de diversos projectos de reabilitação e reconstrução na América Central (Nicarágua, Guatemala e Salvador) e na Venezuela. O programa regional para a reconstrução da América Central (PRRAC) é um projecto de grande envergadura. Lançado depois da passagem do furacão Mitch, para um período de sete anos, este programa destina-se a reconstruir e reforçar os sectores da saúde e da educação, muito afectados na maior parte dos países, e a efectuar um levantamento dos problemas de degradação do ambiente causados pelas intempéries. O PRRAC foi executado através de 16 grandes projectos, sendo o seu orçamento repartido entre a Nicarágua, o Salvador, a Guatemala e as Honduras. PRRAC — Honduras Para além destes projectos de grande envergadura, foram desenvolvidos outros de dimensão mais modesta, que já produziram resultados concretos, como o projecto de águas e saneamento em execução nas 163 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica e terá uma duração de 8 anos. A título da cooperação financeira e técnica, a CE destinou 11 milhões de euros ao Equador, para o desenvolvimento da bacia hidrográfica do rio Paute e 10 milhões à Venezuela para a reconstrução do Estado de Vargas, afectado pelas inundações. Por outro lado, no que se refere a projectos de carácter sub-regional, a Comissão destinou um total de 500 000 euros (68% do total) ao lançamento de um estudo sobre o estado actual e as perspectivas das relações económicas e comerciais entre a União Europeia e a Comunidade Andina. Os resultados deste estudo deverão ser conhecidos em 2002. Estudo sobre o estado actual e as perspectivas das relações económicas e comerciais entre a Comunidade Andina e a União Europeia © Rigoberto Salinas Incluído na programação para 2001, este projecto pretende passar em revista o quadro das relações económicas e comerciais entre a UE e a Comunidade Andina das Nações (CAN). A necessidade de fazer este ponto de situação fora sublinhada pelos ministros representantes das duas regiões na nona reunião ministerial entre a UE e o Grupo do Rio (Vilamoura, 24 de Fevereiro de 2000). Perfuração manual de um poço, em Tierra Colorada, município de Lepaterique, Honduras, no âmbito do projecto PRRAC. Honduras. Foram atingidos 70% dos objectivos: concluiu-se a construção de 24 aquedutos, estando outros 16 em vias de conclusão, foram abertos 52 furos artesianos, foram formados 106 promotores locais e 1 081 famílias receberam formação sobre higiene e doenças transmissíveis através de água contaminada (30% destas acções estão ainda em curso). B) COMUNIDADE ANDINA A cooperação com os países da Comunidade Andina tem por finalidade o reforço das instituições democráticas e do Estado de direito, o apoio à integração regional, o desenvolvimento socioeconómico, a cooperação reforçada em matéria de luta contra a droga e a prevenção das catástrofes naturais. O apoio ao difícil processo de paz na Colômbia constitui, igualmente, uma das prioridades específicas da União Europeia na região. O programa «Laboratório de paz em Magdalena Medio» constitui a primeira acção significativa da União Europeia no âmbito do «Programa Comunitário de Apoio ao Processo de Paz na Colômbia». Será desenvolvido em 13 comunas de Magdalena Medio — região afectada pelo conflito armado — incluindo a capital da região, Barrancabermeja. Está previsto um financiamento comunitário de 35 milhões de euros. Preparado em 2001, este programa será executado a partir de 2002 164 O estudo, cujos parâmetros foram fixados em 2001, decorrerá ao longo de seis meses e será efectuado conjuntamente (CE/CAN) por um grupo de peritos europeus e andinos. A análise incidirá sobre cinco vertentes: comércio externo, concursos públicos, serviços, investimentos directos estrangeiros e propriedade intelectual. C) MERCOSUL As linhas directrizes da cooperação com o Mercosul foram definidas no acordo-quadro assinado em 1995 e que, a prazo, deverá ser substituído por um acordo de associação mais ambicioso. A cooperação com o Mercosul apoia-se no processo de integração em curso no âmbito deste e nos progressos das negociações do futuro acordo de associação entre os dois blocos (1). Em 2001, foi autorizado um montante de 5,3 milhões de euros para um projecto de cooperação aduaneira. O seu objectivo é dar continuidade ao processo de integração das administrações aduaneiras dos quatro países do Mercosul, como base do desenvolvimento económico e comercial da região e das suas relações com a União Europeia. A título da cooperação financeira e técnica, foram destinados 2 milhões de euros a projectos relativos à modernização do sistema de tributação brasileiro e 900 000 euros à melhoria da qualidade do ambiente no Uruguai. Mercosul — Normas técnicas A Comunidade apoia o processo de integração do Mercosul, contribuindo para a criação do enquadramento técnico necessário à instauração do mercado interno. Para tal, a Comissão tem em execução, desde (1) As negociações com o Mercosul no plano comercial prosseguiram em 2001, num contexto difícil, marcado pelas dificuldades das economias dos países da região e, sobretudo, pelo agravamento da recessão na Argentina. América Latina 1999, um projecto de 3,95 milhões de euros relativo à elaboração de normas técnicas no âmbito do Mercosul. Este conjunto de acções contribuiu para criar condições mais favoráveis às trocas económicas intra-regionais e internacionais, principalmente através de acções de apoio institucional (apoio aos organismos nacionais e ao organismo regional de normalização, apoio às estruturas de notificação, de informação de certificação e de acreditação). As acções desenvolvidas no domínio da metrologia (legal e industrial) prefiguram futuros acordos pontuais de reconhecimento mútuo. O projecto assenta em acções de carácter geral e em oito subprojectos específicos a realizar nos países do Mercosul, que se baseiam na transferência de conhecimentos de peritos europeus para técnicos do Mercosul, nos vários domínios ligados às normas técnicas. © Oscar Borjas Tendo em conta a evolução verificada nos sectores de intervenção durante a fase de execução do programa, foi considerado necessário adaptar regularmente as acções aos novos contextos nacionais e regionais. Construção de um reservatório de água em Santa Elena, município de Santa Lucía, Honduras, no âmbito do projecto Água e Saneamento, Honduras (PRRAC). Cooperação regional — Autorizações para 2001 (rubricas orçamentais B7-310 et B7-311) Região Designação do projecto Montante em euros Regional América Latina ❿ ❿ ❿ ❿ ❿ Comunidade Andina Estudo sobre as relações económicas e comerciais UE/CAN Mercosul Cooperação aduaneira UE-Mercosul 5 300 000 América Central União aduaneira centro-americana 8 000 000 Apoio à investigação agronómica através do CGIAR Rede euro-latino-americana de peritos para a coordenação macroeconómica Aliança para a Sociedade da Informação @LIS WALCUE-S&T Thematic Workshops ALCUE 2001-2002 Networking Central and Eastern Europe and Latin America Elemento essencial ao desenvolvimento, no passado, o apoio ao desenvolvimento das infra-estruturas continua a ser uma componente importante da cooperação com a América Latina, sobretudo quando a construção destas infra-estruturas se insere no quadro geral das estratégias de integração regional, de melhoria das condições de vida e de saúde e da redução dos riscos ligados às catástrofes naturais. Este sector representa cerca de 10% do volume da ajuda comunitária. 000 000 000 000 500 500 000 Total 9.3. Transportes e infra-estruturas 6 000 200 63 500 639 234 84 373 500 -Guayaquil. Os estudos de viabilidade, num valor de 2,8 milhões de euros, relativos à estrada, às pontes e às infra-estruturas do posto fronteiriço entre os dois países, encontram-se, neste momento, em fase de execução. Após a sua conclusão poderá ter início o projecto de reabilitação propriamente dito. A contribuição europeia elevar-se-á a 40 milhões de euros (2002-2006).Este projecto contribuirá para melhorar as relações entre os dois países, no quadro do plano de desenvolvimento bilateral elaborado após a assinatura dos acordos de paz de 1998. 9.3.2. Água e saneamento 9.3.1. Transporte rodoviário Nicarágua – A Comissão autorizou um montante de 11 milhões de euros para a reabilitação da estrada El Guayacan-Jinoteca, em 2001. Equador e Peru: integração através do eixo rodoviário Piura-Guayaquil A integração física entre o Equador e o Peru melhorou graças ao projecto de reabilitação do eixo Piura- A necessidade de dotar as populações com água potável e sistemas de saneamento justificou a elaboração de vastos programas em vários países latino-americanos. Os projectos lançados contribuem para a prevenção das epidemias, para a redução da mortalidade infantil e para a melhoria das condições de saúde e de higiene. Foi sobretudo na Bolívia que as autoridades se mostraram especialmente sensíveis a esta problemática e desenvolveram o programa «Agua para todos», nas zonas rurais e urbanas. 165 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica Bolívia: água potável no departamento do Beni Destinado aos 125 000 habitantes deste departamento de população dispersa, o projecto está em execução desde Janeiro de 1998. Concentra-se, essencialmente, nos centros urbanos de cerca de 5 000 habitantes, sem por isso esquecer a zonas menos povoadas. Em 2002, terão sido instalados 50 sistemas de captação e adução de água nos centros urbanos e nas zonas dispersas, no quadro deste projecto inovador que se apoiou em microempresas e incentivou a participação dos beneficiários. Os mesmos mecanismos são utilizados para a construção de 3 000 latrinas com fossa séptica de tipo familiar, entre as quais 750 de uma rede de saneamento urbano de utilização colectiva e uma estação de tratamento de águas residuais na cidade de Santa Ana. Paralelamente, programas de formação para a gestão e manutenção das infra-estruturas e de educação em matéria de higiene e saúde completam o projecto e asseguram a sua necessária viabilidade. Este projecto-piloto, apoiado com 6 milhões de euros pela CE e com 2,1 milhões de euros pelo Governo, foi reproduzido noutros departamentos do país. ções indígenas afectadas pela pobreza. Neste contexto, foi elaborado um projecto de ordenamento da bacia hidrográfica do rio Paute — que, recentemente, causou inundações mortíferas e destruidoras. Com um custo de 11 milhões de euros, o projecto visa melhorar a situação destes recursos e estabilizar o quadro ambiental e social da bacia. 9.4. Segurança alimentar e desenvolvimento rural Em 2001, foi feito um esforço especial para a realização das prioridades definidas com os países da América Latina em matéria de gestão mais adequada dos recursos naturais e de uma utilização mais racional dos factores de produção (gestão da água, aspectos jurídicos/ resolução de conflitos a nível da aquisição de terras, etc.) nas zonas rurais. Nesta perspectiva, os projectos em curso na região não visam apenas satisfazer as necessidades alimentares da população a curto prazo, pois têm em conta o objectivo a longo prazo do desenvolvimento sustentável. Equador — Segurança alimentar 9.3.3. Outras infra-estruturas Salvador e Venezuela — Foram elaborados em 2001 dois programas de reconstrução de infra-estruturas afectadas pelas catástrofes naturais: o programa de reconstrução do Salvador, no valor de 25 milhões de euros, para a reconstrução de habitações e infra-estruturas sociais, económicas e de serviços, após os terramotos de Fevereiro do 2001. O programa de reconstrução e reabilitação do Estado de Vargas, na Venezuela, consistm numa contribuição comunitária de 35 milhões de euros, dos quais 10 milhões foram autorizados a título da rubrica de cooperação financeira e técnica. Equador — Foi abordada a problemática ligada à gestão integrada das bacias hidrográficas. Trata-se de uma temática muito complexa, uma vez que é preciso conciliar os imperativos de protecção e conservação dos recursos naturais com a necessidade de terras agrícolas das populações locais, frequentemente popula- Neste país, vítima de um colapso do sector financeiro e dos efeitos destruidores do El Niño, a população em situação de pobreza aumentou de 49% para 65% entre 1995 e 2001. A fim de reduzir a vulnerabilidade alimentar das populações mais pobres, o programa de ajuda directa à segurança alimentar, num montante de 6 milhões de euros, autorizado em 2001, articula-se entre uma componente de apoio aos sectores produtivos e uma componente de reforço da educação em matéria de nutrição nos centros de saúde. Lançado em 2001, o apoio aos sectores produtivos nos meios rurais foi executado em plena colaboração com o Banco Mundial, a sociedade civil e os governos centrais e municipais. Este apoio tem por objectivo reforçar as capacidades de intervenção das organizações locais, permitindo, assim, melhorar, de forma estrutural, a capacidade de produção dos agentes económicos nas zonas mais desfavorecidas do país. A este título, a CE financia, de forma significativa, duas componentes-chave, a saber, o fundo de investimento local e o apoio ao «sistema financeiro rural». Transportes, infra-estruturas e ambiente — Autorizações para 2001 Sector 166 País Designação do projecto Montante em euros Infra-estruturas Salvador Programa de apoio à reconstrução do Salvador 25 000 000 Infra-estruturas Uruguai Melhoramentos. Ambiente/desenvolvimento urbano, zona ocidental da cidade de Montevideu Infra-estruturas Venezuela Programa de reconstrução social do estado de Vargas 10 000 000 Infra-estruturas Panamá Reabilitação do centro histórico da cidade de Panamá 950 000 900 000 Infra-estruturas Nicarágua Reabilitação da estrada Guayacan-Jinoteca 10.900 000 Ambiente Equador Projecto de desenvolvimento para a bacia do Paute 11 000 000 Total 58 750 000 América Latina Argentina — Projecto Integrado da Região de Ramón Lista A ajuda comunitária prevê a execução de uma série de acções nos sectores da educação, da formação, da nutrição, da construção de infra-estruturas (estradas, habitações, postos de saúde, escolas, tanques de rega, adução de água, etc.), do repovoamento florestal e da protecção do ambiente. O projecto, no valor total de 8,6 milhões de euros, 5,5 dos quais fornecidos pela UE, está em execução desde 1995 (montante UE executado: 3,5 milhões de euros). Dele virão a beneficiar 6 000 pessoas, distribuídas por 20 comunas. © CE A comunidade indígena Wichi habita a região de Ramón Lista, na província de Formosa, situada no noroeste da Argentina. Esta população concentra-se ao longo do rio Pilcomayo, numa zona que se estende por 3 500 km2. Os resultados mais significativos foram obtidos no sector das infra-estruturas, com a construção, em 2001, de 64 habitações e caminhos de acesso. Por outro lado, o projecto desenvolveu um vasto programa de formação e forneceu aos beneficiários material e equipamentos de comunicações e transportes, sem esquecer a promoção das actividades de carácter artesanal e as pequenas empresas. Todas estas actividades tiveram a participação directa dos beneficiários e das organizações locais, desde a promoção até à execução. Projecto Ramón Lista: recenseamento da comunidade indígena Wichi (Argentina). Chile — Como exemplo da atenção dada aos aspectos ambientais no quadro do reforço da «boa governação» e da descentralização do Estado, existe um projecto conducente à elaboração de um plano director da zona costeira da região de Coquimbo. No valor de 21,5 milhões de euros, este projecto destina-se a minimizar o impacto negativo do turismo e da pesca sobre os recursos naturais. Visa, igualmente, resolver os problemas ligados à gestão dos recursos naturais, nomeadamente da água, nos ecossistemas áridos das zonas do interior. © CE 9.4.1. Desenvolvimento local e regional Projecto Ramón Lista: construção de uma casa na comunidade Wichi (Argentina). Desenvolvimento rural/Segurança alimentar — Autorizações para 2001 Sector País Designação do projecto Montante em euros Desenvolvimento rural Regional AML Apoio à investigação agronómica, através do CGIAR 6 000 000 Segurança alimentar Peru SA/CE (Seguridad Alimentaria/Comisión Europea) 5 000 000 Segurança alimentar Honduras Diversas acções 6 696 996 Segurança alimentar Equador Prolocal (Programa de Alivio de la Pobreza y Desarrollo Local Sostenible) 6 000 000 2 145 901 Segurança alimentar Bolívia Programa de Apoyo a la Seguridad Alimentaria (PASA) Segurança alimentar Salvador Diversas acções 690 010 Segurança alimentar Nicarágua Diversas acções 891 312 Segurança alimentar Guatemala Diversas acções 447 350 Total 27 871 569 167 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica © PRAEDAC/ F. Valdivia desenvolvimento alternativo. O desenvolvimento alternativo consiste em aplicar um conjunto de acções tendo em vista apoiar a passagem de um sistema produtivo baseado na produção de culturas ilícitas para um outro tipo de cultura lícita. Implica a tomada a cargo não só dos elementos puramente económicos atinentes a esta operação mas, também, do conjunto dos dados relativos às condições de vida das populações na zona de intervenção. As medidas no quadro do desenvolvimento alternativo são adoptadas com base num processo de concertação democrática com os interessados. Teleférico de uma associação de produtores de bananas da província de Carrasco, município de Chimoré (Bolívia). «Programa Integrado de Gobernabilidad y Descentralización» Programa de apoio à estratégia de desenvolvimento alternativo no Chapare (Praedac) Este projecto, com a duração de 4 anos, encontra-se no seu segundo ano de execução. O respectivo orçamento total é de 21 milhões de euros, na região de Coquimbo, no Chile. Em parceria com as organizações camponesas e as municipalidades do Chapare, este projecto apoiou projectos no valor de mais de 3 milhões de euros. Os municípios realizaram obras de infra-estruturas relativas ao saneamento, à educação, à saúde e à construção de estradas. Todos os trabalhos foram concebidos e realizados por métodos participativos: a população do Chapare escolheu os projectos e realizou-os em associação com as câmaras municipais, com uma comparticipação financeira própria de 30%. A produção de peixe, banana e ananás para o mercado local e sub-regional constituiu um êxito significativo para a população do Chapare. Trata-se de um programa de apoio ao processo de descentralização e de desenvolvimento institucional, do qual faz parte integrante a dimensão ambiental das várias acções a efectuar. Os seus domínios de intervenção são o desenvolvimento local/municipal em 9 das 15 comunas da região, o desenvolvimento económico em todas estas 15 comunas e o desenvolvimento regional e o ordenamento do território em oito comunas. Neste último caso, as experiências efectuadas pelo projecto aplicam-se nos domínios da gestão de bacia hidrográfica e do ordenamento e gestão da zona costeira (400 km de costa). Foi sistematicamente encorajada a participação das populações beneficiárias. Dentro deste espírito, e no quadro da intervenção na bacia do rio Choapa, são os utilizadores da água (principalmente agricultores), que recriam as funções do equivalente a uma Agência de Bacia e, no quadro do ordenamento e gestão da zona costeira, foram os habitantes das localidades de Los Choros e Punta de Choros que definiram o seu projecto de desenvolvimento, em colaboração com o município de La Higuera, de que dependem essas localidades. 9.4.2. Desenvolvimento alternativo Para além dos projectos de desenvolvimento rural apoiados pela UE, emergiu um outro conceito, o do 168 Bolívia, Peru — Nestes países, o desenvolvimento alternativo constitui uma alternativa à produção ilegal de coca. Os Estados andinos consideram os programas da Comunidade Europeia como um apoio sectorial estratégico para a luta contra a produção e elaboração de droga. Os programas integram componentes relativas ao apoio a produções alternativas, à agricultura e à pecuária, às infra-estruturas, ao reforço da democracia e à gestão do ambiente e das florestas. Por outro lado, 400 famílias da zona beneficiaram do programa de crédito apoiado pelo Praedac através de uma instituição financeira local. Os beneficiários dos empréstimos investiram um capital de 1,2 milhões de euros em projectos no sector do artesanato e na melhoria da comercialização do gado, da indústria agrícola e do turismo ecológico. 9.5. Reforço das instituições A acção da Comissão neste domínio (1) tem por finalidade, nomeadamente, contribuir para a realização do objectivo de «reforço das capacidades institucionais», «boa governação» e Estado de direito». Insere-se no quadro de intervenção traçado na comunicação da Comissão ao Conselho, ao Parlamento Europeu e ao Comité Económico e Social sobre uma nova parceria União Europeia/América Latina no dealbar do século XXI (2). (1) COM(2000) 212 final, de 26 de Abril de 2000, e declaração do Conselho e da Comissão de 10 de Novembro de 2000. (2) COM(1999) 105 final, de 9 de Março de 1999, para os vários documentos de estratégia por país. © PRAEDAC/ K. Hoffmann © PRAEDAC/ K. Hoffmann América Latina Abastecimento de água potável em Villa Tunari (Bolívia). Construção da rede de saneamento básico no município de Chimoré na região de Cochabamba, programa Praedac. 9.5.1. Apoio institucional a nível nacional 9.5.2. Integração regional Este tema reúne duas categorias de acções. Uma primeira série de acções destina-se a acompanhar os esforços dos governos latino-americanos em matéria de consolidação do Estado de direito, contribuindo para melhorar o funcionamento dos poderes públicos e para promover a «boa governação», incluindo a nível local e municipal. Uma segunda série de acções consiste num apoio aos programas de reforma do Estado e de descentralização, através da modernização das administrações centrais e locais, da reforma fiscal, da racionalização e modernização dos serviços públicos e da formação do pessoal das instituições do Estado. Em 2001, foram aprovados três projectos, num total de 22,1 milhões de euros. Reforço institucional — Autorizações para 2001 Reforço institucional País Designação do projecto Montante em euros Justiça Guatemala Programa de apoio à reforma da justiça Sistema fiscal Brasil Apoio à modernização do sistema fiscal brasileiro 2 350 000 Descentralização Costa Rica Reforço municipal e descentralização 9 600 000 Total 10 150 000 22 100 000 A União Europeia atribui, igualmente, grande importância à questão da integração regional. Neste domínio, a Comissão projectou acções de cooperação destinadas a apoiar o processo de integração regional e a permitir aos países interessados dotarem-se das capacidades e das instituições necessárias à sua integração no sistema internacional. Em 2001, foram aprovados três projectos em benefício da América Central, do Mercosul e da Comunidade Andina, num total de 13,8 milhões de euros. 9.6. Políticas macroeconómicas Em 1999-2000, a Comissão utilizou a ajuda macroeconómica como instrumento de cooperação com a América Latina, apoiando financeiramente a iniciativa PPAE (países pobres altamente endividados), do Banco Mundial, em benefício da Bolívia, das Honduras e da Nicarágua. As dotações consagradas pela Comissão a esta iniciativa elevam-se a 45 milhões de euros. Por outro lado, a CE participa, em colaboração com outros mutuantes de fundos, no financiamento de programas de estudos relativos às políticas macroeconómicas. Assim, em 2001, a Comissão deu apoio a um programa de estudos, liderado pela CEPAL, de análise das condições macroeconómicas e das finanças públicas. 169 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica Guatemala — «Apoyo a la Reforma del sector salud» © UNISANTA O projecto Apresal, para o qual a Comunidade contribui com 11,3 milhões de euros, tornou-se um interlocutor incontornável do Ministério da Saúde. As suas principais actividades, que decorrem sobretudo no departamento de Alta Verapaz, onde habita uma numerosa população indígena, são de promoção da melhoria das infra-estruturas e dos equipamentos, do acesso à água e aos serviços sanitários, da disponibilidade e da correcta utilização dos medicamentos essenciais e da medicina tradicional. Criança participante no projecto de trabalho comunitário da Universidade de Santa Cecília no Brasil. 9.7. Saúde e educação 9.7.1. Saúde Coexistem actualmente na América Latina dois perfis diferentes de mortalidade e de morbilidade, reflectindo, respectivamente, situações de pobreza ou, pelo contrário, problemas de saúde típicos das sociedades mais desenvolvidas. A percentagem do orçamento público atribuída à saúde é claramente insuficiente, a gestão dos serviços não é adequada e o acesso aos cuidados de saúde é limitado. Por outro lado, a segurança socialcobre menos de 33% da população. Além disso, existe uma tendência para concentrar os recursos financeiros e humanos do sistema de saúde nas zonas urbanas. Porém, mesmo nos casos em que há serviços disponíveis, o seu acesso é restrito às camadas mais favorecidas da população. Estão actualmente em execução 11 projectos de cooperação com a América Latina em matéria de saúde, essencialmente no domínio do apoio à infra-estrutura institucional. Na Venezuela, dois projectos contribuem para apoiar o sector hospitalar e o sistema de saúde, num montante de 13,5 milhões de euros. No Peru, dois projectos com o valor total de 3,5 milhões de euros apoiam a reforma do sector da saúde. Cinco projectos, no valor conjunto de 29,6 milhões de euros, são consagrados ao reforço do sistema de saúde nos países centro-americanos. Na Bolívia, encontra-se em fase de arranque um projecto de 25 milhões de euros, assinado em 2000, de apoio ao sector da saúde. 170 No Brasil, o Centro de Biotecnologia de São Rafael receberá um financiamento de 900 000 euros. Este projecto encontra-se no seu segundo ano de execução. Este projecto desenvolve métodos de trabalho originais e eficazes, uma melhor gestão dos serviços e uma melhor formação dos recursos humanos do sector. Para desenvolver as suas actividades e atingir os seus objectivos, o Apresal associa ao seu esforço tanto o pessoal do Ministério da Saúde como o das organizações não governamentais e das comunidades de base. A sua principal preocupação é a sustentabilidade dos resultados e a capitalização das experiências, a fim de melhorar a natureza e o conteúdo de futuras intervenções. É difícil medir os benefícios directos para a saúde gerados pelo projecto, mas é possível afirmar que as actividades desenvolvidas no âmbito do Apresal contribuíram positivamente para a implantação de um sistema de vacinação que garanta uma cobertura adequada da população. Além disso, depois da passagem dos responsáveis sanitários da zona de influência do projecto, a mortalidade materna diminuiu 50% na região de Alta Verapaz. Outros resultados obtidos até hoje revelam uma melhoria do acesso aos cuidados de saúde secundários, do saneamento e do acesso à água potável na zona. Foi igualmente criado um sistema de educação sanitária nas escolas. Nicarágua — Cuidados de saúde descentralizados O objectivo geral do projecto «Fortalecimiento del Sistema de Salud de Nicarágua» (contribuição da CE: 14 milhões de euros) é o de aumentar a eficácia do sistema público de saúde. As actividades financiadas no quadro do projecto estão concentradas no norte do país e cobrem uma população de cerca de um milhão de pessoas. O projecto assenta numa estratégia integrada de intervenção, que tem em conta critérios de qualidade, de acessibilidade e de participação social. A optimização dos recursos sanitários baseia-se numa organização descentralizada dos serviços de saúde, articulada em torno dos cuidados primários e estruturada segundo os vários níveis de prestação de serviços. O projecto encontra-se em execução. Os resultados esperados são uma organização funcional dos serviços de saúde descentralizados, desenvolvida de forma integrada e progressiva e baseada na distribuição geográfica e numa cobertura adequada da população. América Latina 9.7.2. Educação A cooperação da UE com a América Latina no sector da educação tem sido concebida de forma a que as acções executadas no terreno o sejam para e pelos participantes locais, tendo em conta as prioridades identificadas. Assim, a apropriação dos resultados, da adaptação das práticas utilizadas e das metodologias desenvolvidas serão facilitadas e terão um efeito multiplicador. Estão em curso 14 projectos de cooperação com a América Latina em matéria de educação e de formação profissional. Alguns deles contêm aspectos essenciais à reforma educativa, outros incidem sobre aspectos de carácter estrutural, como o da inserção dos jovens no trabalho, bem como aspectos específicos à formação profissional. Salvador — «Apoyo al proceso de reforma de la educación media en el área técnica» (contribuição da CE: 14 200 000 euros) Este projecto destina-se a melhorar a qualidade do sistema de ensino médio, em especial o ensino técnico de nível médio, bem como a promover a igualdade de oportunidades, incluindo a igualdade entre os sexos, dando apoio à reforma nacional do ensino e, graças a um conjunto de acções, a transformar em «centros-modelo» 22 institutos nacionais de ensino técnico médio distribuídos pelos 14 departamentos do país. O Apremat tornou-se um interlocutor incontornável do Ministério da Educação e desempenha um papel preponderante na reforma do ensino técnico de nível médio. Após uma fase de elaboração participativa de inovações pedagógicas, o projecto desenvolveu uma estreita cooperação com os principais actores com vista à aplicação de modelos de ensino. Além do Ministério da Educação e dos estabelecimentos de ensino de todo o país, estão também envolvidas neste processo de decisão empresas, organizações governamentais e não governamentais, câmaras de comércio, etc. A melhoria qualitativa do ensino técnico, nela se incluindo a perspectiva do género e os aspectos relativos ao ambiente, deverá constituir uma contribuição fundamental para o desenvolvimento cultural, social e económico do país. Peru — «Programa marca de formación profesional tecnológica y pedagógica» (contribuição da CE: 9 000 000 euros) Este projecto tem duas componentes: o Protec (formação técnica) e o Proebi (formação de profes- © UNISANTA As acções desenvolvidas pela Comissão Europeia no quadro de projectos de desenvolvimento social contêm uma componente educativa maioritária e uma componente preponderante de formação profissional, visando a redução das desigualdades, nomeadamente quanto ao acesso ao ensino obrigatório, às capacidades que permitam a inserção no mundo social, através do trabalho e do desenvolvimento pessoal e da diminuição dos factores que possam conduzir ao insucesso. Centro de fisioterapia da Universidade de Santa Cecília. Projecto de ajuda à comunidade dos bairros pobres de Santos (Brasil). sores bilingues). A componente Protec visa colmatar as carências de uma política pouco clara em matéria de educação técnica, compensar a falta de recursos económicos e humanos e melhorar a qualidade da formação técnica ministrada. Em 2001, receberam formação cerca de 9 000 pessoas. Foi constituída uma rede de 13 IST (institutos superiores técnicos) distribuídos pelas principais regiões do Peru. A componente Proebi tem por finalidade formar formadores bilingues na Amazónia peruana. Os povos indígenas da Amazónia participaram activamente na identificação, formulação e execução do projecto. O trabalho interdisciplinar entre antropólogos, linguistas, pedagogos e especialistas indígenas tem sido intenso. 9.7.3. Apoio às populações desfavorecidas A assistência às populações desfavorecidas, nomeadamente em meio urbano, exige uma abordagem pluridisciplinar e uma solidariedade activa entre os intervenientes. Esta assistência visa promover uma verdadeira convergência de competências e de empenhamentos ao serviço de um desenvolvimento integrado, visando tanto a restauração da dignidade das pessoas e do seu orgulho cultural como a erradicação da pobreza económica. Salvador — Em Dezembro de 2001, foi aprovado o projecto «Prevenção social da violência e da delinquência juvenil no Salvador», de 9,2 milhões de euros. Tem por objectivos a redução da delinquência juvenil e a integração social de 50 000 jovens entre os 10 e os 25 anos em situação de risco na zona metropolitana de San Salvador. Neste domínio, estão em curso na América Latina 16 projectos de cooperação, num total de 116,7 milhões de euros. 171 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica © Enrique García Medina/ Proamba Neste município, mais de 60% das infra-estruturas cujos trabalhos tiveram início em 1999 estão presentemente concluídas, nas favelas de Sacadura Cabral e Tamarutaca. Programa de acção de apoio integral à socialização de menores marginalizados na grande Buenos Aires (Proamba). Em 2000-2001, mais de 3 000 pessoas receberam formação profissional que lhes permite uma melhor integração no mercado do trabalho. Mais de 1 100 crianças e adolescentes participaram em 2001 em actividades educativas e lúdicas (artesanato, música, dança e desporto) complementares ao programa escolar. 250 mulheres participam anualmente em actividades ligadas às problemáticas da igualdade dos sexos e da violência familiar. 370 pessoas deficientes participam em projectos específicos que visam a sua melhor integração na comunidade. Argentina — «Acción de Apoyo integral a la socialización de menores marginados en el Gran Buenos Aires» (contribuição da CE: 9 milhões de euros) Este projecto desenvolve a sua actividade através de um modelo de gestão partilhada, assente numa plataforma institucional mista que articula a acção da UE com a dos órgãos da administração pública argentina, a nível nacional, provincial e local, e com a das organizações da sociedade civil. Brasil — Apoio às populações desfavorecidas das aglomerações do Rio de Janeiro e de São Paulo (contribuição da CE: 12 611 792 euros) O mérito principal do projecto é o de ter contribuído para estabelecer laços entre o Estado e os representantes da sociedade civil que participam nas acções a favor da infância e da adolescência. A construção e/ou equipamento de 58 edifícios destinados a organizações não governamentais, os 40 cursos de formação ministrados a 3 600 profissionais da administração pública e da sociedade civil, a atenção directa dedicada a mais de 3 000 crianças em matéria de prevenção sócio-sanitária, o reforço e o desenvolvimento de 5 novas redes de ONG, com um total de 300 organizações participantes neste domínio, a sensibilização da sociedade para a realidade das crianças, através dos meios de comunicação social (publicação da revista «Foro de Proamba», presença na rádio durante 6 200 minutos, 16 intervenções na televisão, 30 rodagens cinematográficas sobre a actividade do Proamba, publicação de seis livros sobre a temática, um documentário, etc.) representam, sem dúvida, importantes contribuições para a concretização deste objectivo. No Brasil, 70% da população vive em meio urbano. Desde há três anos, a Comissão Europeia contribui de forma significativa para a luta contra a exclusão em meio urbano, participando activamente num projecto de desenvolvimento urbano e social conduzido em parceria com os municípios do Rio de Janeiro e de Santo André (Estado de S. Paulo). A acção do Município de Santo André tem sido, por diversas vezes, reconhecida e saudada pelas autoridades de Brasília, como, por exemplo, na última Cimeira Mundial «Istambul + 5», realizada em Junho de 2001, em Nova Iorque. © Enrique García Medina/ Proamba Paraguai — AMAR: assistência integral aos menores em risco (contribuição da CE: 10 030 000 euros) 172 Programa de acção de apoio integral à socialização de menores marginalizados na grande Buenos Aires (Proamba). Em 1996, 41% dos 4,1 milhões de habitantes do Paraguai tinham menos de 15 anos, e os 130 000 nascimentos anuais faziam prever que, em 22 anos, a população iria duplicar. A migração dos campos para as cidades era enorme e proliferavam os bairros de lata. Os projectos dirigidos às famílias desfavorecidas eram poucos e ineficazes. Face a este cenário, a CE decidiu apoiar a Sécretaria de Acción Social del Paraguay com uma subvenção de 10 milhões de euros, que cobre 79% do projecto AMAR, cujo objectivo é minimizar o risco social a que estão expostos os jovens, através de acções que favoreçam o seu desenvolvimento pessoal, a melhoria das condições de vida das famílias e o reforço institucional da comunidade. América Latina Este projecto, com a duração de cinco anos, arrancou em Fevereiro de 1999 e permitiu delinear um plano geral, em conjunto com todos os actores no terreno, optimizando assim a utilização de recursos e a criação de complementaridades. Uma estreita cooperação entre o Estado, a igreja local e o AMAR permitiu obter um primeiro resultado: a inscrição de milhares de menores sem papéis no registo civil. O projecto previa 18 meses de fase-piloto. Concluída esta fase, a abordagem inicial, baseada na simples assistência, foi completada pelo desenvolvimento de actividades tendentes à criação de rendimentos pelas famílias. Desenvolvimento social — Autorizações para 2001 Sector País Designação do projecto Saúde Salvador Réhabilitation del Hospital de Sonsonate 700 000 Fortalecimiento de la Facultad Multidisciplinar Paracental Un. El Salvador 129 500 Educação Salvador Montante em euros Total 829 500 9.8. Questões horizontais 9.8.1. Iniciativa Europeia para a Democracia e os Direitos do Homem (IEDDH) Em 2001, a IEDDH permitiu apoiar projectos nos países da América Latina e Central num montante de mais de 15 milhões de euros. Além disso, foram lançados no mesmo ano dois programas regionais plurianuais 2001-2004 (17,5 milhões de euros do orçamento de 2000), que têm por objectivo contribuir para a promoção dos direitos humanos e das liberdades fundamentais nos países da Comunidade Andina e da América Central. As actividades relativas aos vários domínios de acção destes programas serão desenvolvidas por organizações não governamentais, universidades e instituições independentes. Por último, serão executados microprojectos na Colômbia e no México, no valor de 1,1 milhões de euros. A IEDDH consagrou cerca de 3,7 milhões de euros a cinco projectos destinados à promoção e defesa dos direitos humanos e das liberdades fundamentais. No Equador, um programa dedicado à protecção dos direitos humanos dos migrantes e suas famílias, especialmente as mulheres e crianças vítimas do tráfico, devido aos grandes problemas que têm afectado o país desde 1998, beneficiou de cerca de 1 milhão de euros. Um projecto destinado a melhorar o enquadramento jurídico das crianças no Salvador, Costa Rica, Guatemala, Nicarágua e Honduras e a assegurar o prosseguimento da recente investigação sobre o tráfico de crianças e a sua exploração comercial, beneficiou de uma subvenção de 450 000 euros. Por último, foi consagrado um montante de 230 000 euros à organização de uma conferência, à publicação das «melhores práticas», à designação de provedores de Justiça, ao intercâmbio de experiências de trabalho entre as instituições e ao desenvolvimento de uma maior cooperação entre a América Latina, a região das Caraíbas e a UE. O objectivo deste projecto consiste em apoiar o processo de reforço dos dispositivos de mediação e dos dispositivos nacionais de protecção dos direitos humanos na América Latina e na região das Caraíbas, em conformidade com as tradições democráticas. 2,2 milhões de euros foram consagrados ao apoio a cinco centros de reabilitação para as vítimas de tortura na América Latina. O apoio ao processo de democratização e ao reforço do Estado de direito beneficiou de cerca de 3,6 milhões de euros, repartidos por 6 projectos. 848 000 euros foram atribuídos a um projecto de desenvolvimento das actividades da rede ANDI (Children’s Rights News Agency), que reúne cinco agências noticiosas mobilizadas para a defesa dos direitos da criança no Brasil. O projecto beneficiará directamente as organizações membros, os estudantes, as empresas, os profissionais da comunicação social e as organizações de ajuda às crianças e adolescentes. Na Argentina, foram atribuídos 400 000 euros a um projecto destinado a promover a participação dos cidadãos no processo de tomada de decisões e a favorecer o diálogo entre as organizações da sociedade civil e o Estado em cinco regiões do país. O projecto visa ainda reforçar a igualdade de oportunidades e promover a defesa dos direitos humanos no contexto da democratização. O apoio à prevenção de conflitos e à restauração da paz civil é uma das grandes prioridades da IEDDH. Em 2001, esta apoiou quatro projectos na América Latina e Central com um montante de mais de 3,6 milhões de euros. Na Colômbia, um projecto de mais de 1,3 milhões de euros visa salvaguardar os direitos fundamentais das comunidades de Uraba, ameaçadas de deslocação devido ao conflito que actualmente dilacera o país. Dois outros projectos permitirão, por um lado, reforçar e desenvolver o trabalho de 900 provedores de Justiça municipais para a protecção e a promoção dos direitos humanos (560 000 euros) e, por outro lado, reforçar a sociedade civil, enquanto actor-chave na resolução do conflito armado na Colômbia — este projecto (984 000 euros) procurará transformar a cidade de Barrancabermeja numa região de paz. Por último, na Guatemala, é apoiado um projecto que visa promover uma cultura de paz e de reconciliação para as comunidades vítimas do conflito civil em três municípios do departamento de Alta Verapaz. Em 2001, a IEDDH contribuiu para a transição democrática na Nicarágua enviando uma missão de observação eleitoral da UE às eleições legislativas realizadas em 4 de Novembro de 2001. Esta missão foi constituída por uma equipa principal de seis membros e ainda por oito observadores a longo prazo e 36 observadores a curto prazo na primeira volta e 30 observadores a curto prazo na segunda volta (998 915 euros). 173 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica © Proigualdad — CIMAS urbanos e rurais que participam neste ambicioso programa. Uma vez concluído o projecto, estes actores poderão continuar a promover a igualdade de oportunidades. Campanha multimédia de sensibilização para os estereótipos sexistas (Panamá). 9.8.2. Igualdade entre homens e mulheres Foram desenvolvidas acções de sensibilização para a problemática da igualdade entre homens e mulheres no sector público. Esta problemática foi melhor integrada no sistema educativo, através da formação de recursos humanos e do desenvolvimento de metodologias apropriadas. Além disso, foram promovidas em 2001 numerosas acções de comunicação sobre este tema. Deve ser aqui salientada a repercussão obtida pela campanha multimédia divulgada a nível nacional sobre os estereótipos sexistas (1). Paraguai — RED-CIDEM: a descentralização ao serviço da mulher (contribuição da CE: 8 200 000 euros) A promoção da igualdade entre homens e mulheres constitui um objectivo transversal, sistematicamente tido em conta na elaboração dos projectos de cooperação. No quadro do processo de transição para a democracia no Paraguai, o projecto «Red de Centros de Iniciativas y Desarrollo para la Mujer» propõe-se reforçar a organização das mulheres paraguaias e promover a sua participação activa no desenvolvimento. A convenção prevê a criação de 14 centros em vários departamentos do país, dos quais nove estavam já instalados em 31 de Dezembro de 2001. Estão actualmente em curso na América Latina dois projectos especialmente dirigidos às mulheres: Panamá — Proigualdad: o desafio da igualdade de oportunidades para as mulheres (contribuição da CE: 9 800 000 euros) Promovendo num município-piloto um plano de desenvolvimento local que tenha em conta as especificidades masculinas e femininas e apoiando as autoridades locais na adopção de medidas tendentes à aplicação do Plano Nacional para a Igualdade de Oportunidades, cada uma destas estruturas desempenha um papel fundamental no processo de descentralização recentemente iniciado. Em execução desde há quatro anos, este projecto terá permitido melhorar as condições de vida das mulheres panamianas. Com o apoio de 31 instituições, 26% do sector público e 74% da sociedade civil, o Proigualdad destina-se a reforçar as organizações de mulheres dos meios A orientação de 12 000 pessoas para os organismos competentes, a formação de 4 000 beneficiários e a contribuição para a elaboração, promulgação, divulgação e aplicação da Lei n.º 1 600 contra a violência doméstica completaram estas acções. Em vésperas das eleições autárquicas, os candidatos de todos os partidos subscreveram uma carta de boa conduta e de solidariedade que integra como prioridade a promoção e a defesa dos direitos das mulheres. Foram estes os principais contributos do projecto para a emergência da confiança recíproca entre actores sociais e instituições públicas, bem como para a edificação de uma nova cidadania no Paraguai. © PROIGUALDAD 9.9. Coerência com outras políticas 174 Seminário para mulheres da região Emberá Alto Chucimaque, Darién, realizado pela coordenadora nacional das mulheres indígenas do Panamá no âmbito de Proigualdad. De uma maneira geral, a filosofia da cooperação para o desenvolvimento com os países e regiões da América Latina é coerente com as restantes políticas comunitárias. É o caso, por exemplo, da política comunitária da concorrência, que favorece a harmonização das regras de livre concorrência, ou da política do Eurostat, que (1) http://www.proigualdad.com/index2.html. América Latina Comércio com a America Latina (em milhões de euros) 60 000 9.10.1. Banco Interamericano de Investimento (BID) Desde 1997, a Comissão Europeia contribuiu com 57 milhões de euros para as operações financeiras do BID, por intermédio do financiamento de diversas operações ou dos fundos fiduciários geridos pelo banco. Actualmente, a Comissão financia dois importantes fundos fiduciários administrados pelo BID: o fundo especial para assistência técnica (4 milhões de euros), que financia as missões de peritos nacionais dos países membros da UE responsáveis pela realização de estudos no quadro da preparação de projectos do BID, e o fundo especial para as PME (15 milhões de euros), que financia operações de microcrédito, que podem ir até 540 000 euros. A Comissão financia igualmente o Instituto de Desarollo Económico y Social (INDES), um projecto regional de apoio ao desenvolvimento de gestores de projecto no domínio da saúde na América Latina. 50 000 40 000 30 000 20 000 10 000 0 -10 000 Importações Exportações Saldo -20 000 1980 1990 2000 está em condições de divulgar a experiência da União Europeia entre outras organizações regionais cuja integração está menos adiantada. Do mesmo modo, a política de investigação da Comunidade permite aos países da América Latina responderem aos convites à apresentação de propostas previstos a título da vertente internacional dos programas-quadro de investigação. No domínio comercial, esta coerência é assegurada pelo apoio a acções de cooperação (seminários de apresentação) que promovem a divulgação do sistema de preferências generalizadas (SPG) entre os países da América Central e os países andinos. Também as acções de cooperação regional com vista ao reforço da integração regional e à constituição de mercados comuns são coerentes com a política comercial comunitária. Os acordos comerciais negociados ou em vias de negociação com determinados países ou grupos de países da América Latina contribuem igualmente para o aumento das trocas entre estes países e a União Europeia e, assim, para um desenvolvimento económico e social partilhado. 9.10. Cooperação com outros doadores A cooperação entre a Comissão e as outras organizações internacionais é particularmente intensa na América Latina. Estas instituições são parceiros essenciais da política de cooperação europeia. Contribuem, para o financiamento de projectos de interesse comum, nomeadamente em matéria de luta contra a pobreza e de reforço da democracia. Para além disso, a Comissão apoia activamente diversos grupos consultivos (Colômbia, Salvador, Guatemala, Honduras e América Central — Reconstrução) presididos pelo BID, no quadro do qual se reúnem os doadores internacionais, a fim de coordenar as suas actividades relativas ao país ou grupo de países em causa. Para além destas actividades foi lançado, em 2001, um diálogo em matéria de programação entre as duas instituições. Representantes dos serviços da Comissão (RELEX e AIDCO) deslocaram-se, em 2001, a Washington, para um encontro com os seus homólogos do BID no âmbito do qual se procedeu a uma troca de pontos de vista aprofundada sobre a situação na América Latina, as respectivas prioridades em matéria de programação e as eventuais possibilidades de cooperação e modalidades de melhoria da colaboração. Neste contexto, a Comissão e o BID concluíram, em 2001, o texto de um memorando de acordo que deveria constituir um quadro apropriado para o aprofundamento da colaboração em torno de alguns temas prioritários definidos em comum, a saber, a consolidação da democracia, a redução da pobreza e a justiça social, a integração regional e o desenvolvimento das tecnologias da informação. Está previsto que as duas instituições assinem este memorando de acordo em Maio de 2002, durante a Cimeira de Madrid. Em Outubro de 2001, uma missão da Comissão Europeia visitou a sede do BID em Washington DC. Nesta ocasião, foram identificadas novas perspectivas de cooperação no domínio do apoio às microempresas e aos projectos regionais. A Comissão Europeia financia igualmente o Instituto de Desarollo Económico y Social (INDES), um projecto regional de apoio à formação de gestores de projectos no domínio da saúde na América Latina. Os países onde a cooperação entre o BID e a CE deverá ter mais impacto são a Bolívia, o Brasil, o Equador, as Honduras, a Nicarágua e o Peru. 175 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica plano de acção conjunta. São mantidos contactos regulares ao nível dos domínios de interesse comum: desenvolvimento do sector privado, reforço das capacidades institucionais, apoio às instituições democráticas, direitos humanos, descentralização, etc. Foi efectuado pelo Instituto de Estudos Ibero-Americanos de Hamburgo e pelo Inter American Dialogue, de Washington, um estudo sobre a evolução dos problemas de desenvolvimento da América Central. Esta análise — muito bem acolhida pela USAID – propõe um modelo de integração económica regional e formula propostas para o reforço democrático das instituições, para o progresso da união aduaneira e monetária e para a reforma dos sistemas fiscais e orçamentais dos países da região. © GVC Nicaragua 9.10.4. Organização dos Estados Americanos (OEA) Distribuição de ajuda humanitária na sequência da passagem do furacão Michelle, Honduras. Projecto ECHO 2001. 9.10.2. Banco Mundial Em Julho de 2000, o Banco Mundial assinou um acordo de contribuição para o fundo fiduciário criado no quadro da iniciativa PPAE (países pobres altamente endividados), gerida pelo Banco Mundial e destinada aos países da Ásia e da América Latina. A sua contribuição elevou-se a 54 milhões de euros, dos quais 45 milhões destinados a financiar medidas de aligeiramento da dívida da Bolívia (14 milhões de euros), das Honduras (12 milhões) e da Nicarágua (14 milhões). Todas as contribuições para os países da América Latina foram regularizadas em 2001. O programa de empréstimos das duas instituições insere-se num contexto de reforma política e sectorial. É frequentemente concedido apoio orçamental. O Banco Mundial designa este tipo de operação como empréstimo programático — que difere das formas «clássicas» de empréstimo por projecto ou de empréstimo de ajustamento. Os programas devem inserir-se num horizonte de 5 a 10, anos, podendo ir, em determinados casos, até 16 anos. Está igualmente previsto um apoio orçamental aos programas sectoriais, com a duração de 2 a 3 anos. 9.10.3. Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID) 176 A CE está envolvida, em conjunto com a USAID, no quadro da Nova Agenda Transatlântica (NTA) e no Em 2001, os Estados-Membros da UE com estatuto de observadores permanentes junto da OEA reuniram-se mensalmente para discutir questões do interesse da União e para dialogar com os altos responsáveis da OEA. Esta organização, que não é uma agência de financiamento e só intervém em parceria com outras organizações, demonstrou uma grande capacidade de mobilização de fundos (36 dólares por cada dólar de subvenção). Numa missão efectuada em Outubro de 2001 tiveram lugar trocas de pontos de vista sobre três domínios de actividade: redução dos riscos ligados às catástrofes naturais, domínio em que a OEA se mostrou muito eficaz e colabora com as autoridades locais e as ONG; a promoção da democracia: e, por último, a Comissão Interamericana do Controlo da Droga. A cooperação entre a CE e a CIDAC iniciou-se, há oito anos, com a atribuição de subvenções destinadas à luta contra o tráfico de substâncias químicas necessárias à produção da droga. 9.10.5. Banco Europeu de Investimento Signatário de acordos-quadro com 15 países latino-americanos e actor europeu de primeiro plano na região, o BEI contribui para o financiamento de projectos de investimento de interesse comum para os países da UE e da América Latina. Parceiro da Comissão, o banco tem intervindo, nomeadamente, nos sectores da indústria, da energia, da água e saneamento e dos transportes. Em 2001, foram consagrados 365,2 milhões de euros a operações na Argentina, no Brasil, no Panamá e no México. Uma missão da CE visitou a Direcção América Latina em Junho de 2001. Esta missão identificou três domínios principais de cooperação: o capital de risco, o financiamento de pequenas e médias empresas e o aumento dos empréstimos do BEI a projectos do sector privado. América Latina 9.11. ECHO Projectos do BEI assinados em 2001 País Designação do projecto Sector Montante (milhões de euros) México Vetrotex America Industrial 15,91 Panamá Cable &Wireless Panamá II Telecom 54,23 Argentina Brasil VW Argentina Indústria 46,61 Central Dock Sud Energia 77,33 COMGAS Energia 46,80 Vega Do Sul Indústria 58,00 Veracel Foresty Agricultura 32,74 Light Electricity distribution Energia 33,58 Total 365,20 Em 2001, o ECHO (Serviço Humanitário da Comunidade Europeia) concedeu 35,05 milhões de euros de ajuda humanitária aos países latino-americanos. Os dois mais importantes campos de intervenção são a Colômbia e o Salvador. Na Colômbia, o ECHO intervém desde 1997, na assistência a pessoas deslocadas no interior do país por causa do conflito entre diversos grupos armados e o Governo. No Salvador, a ajuda do ECHO permitiu fornecer abrigos temporários, água potável, sistemas sanitários e medicamentos às populações afectadas pelos dois terramotos do início de 2001. Outras intervenções permitiram dar resposta às catástrofes naturais na Bolívia, Paraguai, Peru, Guatemala, Honduras e Nicarágua, bem como à situação das populações deslocadas devido ao conflito de Chiapas, no México. Além disso, o ECHO lançou, no âmbito do seu programa Dipecho, uma série de projectos na Comunidade Andina e na América Central com vista a preparar melhor as populações locais contra as catástrofes naturais. ECHO: decisões financeiras 2001 País Designação do projecto Montante (milhões de euros) Bolívia/Paraguai Ajuda humanitária às populações afectadas pelas inundações e a seca na Bolívia e pela seca no Paraguai Colômbia Ajuda humanitária às populações deslocadas na Colômbia 10,000 Salvador Ajuda humanitária às populações afectadas pelos terramotos de 13 de Janeiro e 13 de Fevereiro de 2001 10,000 Guatemala/Honduras/ /Nicarágua Ajuda humanitária às populações afectadas pela seca na América Central 3,350 1,950 México Ajuda humanitária às populações deslocadas de Chiapas 1,800 Peru Assistência de emergência às populações afectadas pelo terramoto no Peru 3,150 Comunidade Andina Segundo Plano de Acção Dipecho (medidas de preparação para e prevenção de catástrofes naturais) para a Comunidade Andina 1,800 32,050 © Rosa Martin, Movimondo Total Ajuda em favor das pessoas deslocadas — Cantina para crianças. Departamento do Norte de Santander, Colômbia. 177 © CE Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica Crianças da comunidade indígena Wichi no Noroeste da Argentina. 9.12. Controlo de resultados A Comissão criou em 2000 um sistema de controlo da melhoria de resultados baseado na gestão do ciclo dos projectos experimentado em 2001 em todas as zonas geográficas (ALA/MED/ACP/Balcãs). Os primeiros dados, ainda provisórios, recolhidos graças a este novo sistema permitiram fornecer indicações úteis sobre o estado dos projectos geridos por cada direcção geográfica e sobre as melhorias que convém introduzir. O sistema será generalizado ao conjunto das actividades do Serviço de Cooperação e estará plenamente operacional em 2002. Em 2001, foram passados em revista 80 projectos em 13 Estados latino-americanos. A contribuição da Comunidade para estes projectos elevou-se a 381,9 milhões de euros. 21% deste total foram destinados ao sector educativo, sendo o restante distribuído entre os outros sectores analisados. A classificação média obtida por estes projectos foi de 2,69, enquanto que a classificação média do conjunto de projectos financiados pela Comunidade Europeia no mundo é de 2,5. 178 A atribuição das classificações aos projectos foi efectuada em função de múltiplos critérios, como a eficácia, a eficiência, os efeitos secundários calculados ou a consideração da dimensão ambiental. Na América Latina, a eficácia dos projectos foi considerada muito satisfatória. Houve, no entanto, uma chamada de atenção para o incumprimento dos prazos e para a insuficiente incorporação da dimensão ambiental. No entanto, convém encarar estes resultados com prudência, pelas razões expostas no capítulo dedicado ao controlo de resultados. 9.13. Conclusões e perspectivas Tal como foi anunciado durante a Cimeira do Rio, a União Europeia está determinada a desenvolver uma parceria estratégica a longo prazo com a América Latina que deverá favorecer a defesa, a nível internacional, de interesses comuns de ordem política, social, económica e comercial. O desenvolvimento da relação privilegiada entre a União Europeia e a América Latina exige a manutenção e o reforço de um diálogo com os grupos do Rio e de San José, bem como com a Comunidade Andina, o Mercosul, o Chile e o México. Requer igualmente a satisfação de determinadas condições, em especial a consolidação dos sistemas democráticos e o reforço do Estado de direito na América Latina, ao mesmo tempo que a luta contra a pobreza e as desigualdades sociais e a integração dos grupos menos favorecidos no conjunto nacional. A integração, de forma sustentável, das economias latino-americanas no sistema mundial e a sua participação no sistema comercial multilateral exigem esforços de adaptação que se produzem num contexto de integração regional, que a União Europeia apoia. Juntamente com o diálogo político e a negociação comercial, a cooperação para o desenvolvimento constitui uma ferramenta essencial ao serviços destes objectivos. América Latina As orientações em matéria de cooperação adoptadas pela União Europeia em 2001 contribuíram para o reforço da autonomia política e económica da América Latina reforçando, simultaneamente, as ligações internas na América Latina e as relações de parceria com a Europa. É igualmente neste sentido que a Comissão pretende prosseguir com as suas actividades e continuar a orientar a sua assistência externa para os países e regiões da América Latina. A segunda cimeira dos chefes de Estado e de Governo da União Europeia, da América Latina e das Caraíbas que se realizará em Madrid, em Maio de 2002, deverá favorecer o aprofundamento da aplicação das prioridades de cooperação já definidas. 179 © Danish Management Monitoring Team (P. A. Welch) 10. Abordagem do desenvolvimento orientada para os resultados Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica 10.1. Desempenho dos países e dos projectos intervenientes. Na segunda parte do presente capítulo descreve-se uma abordagem destinada a medir e controlar os resultados dos projectos, isto é, os seus efeitos e as eventuais mudanças que provocaram na vida dos beneficiários. 10.1.1. Introdução Segundo estimativas do Banco Mundial, são necessários mais 50 mil milhões de dólares por ano para realizar os objectivos de desenvolvimento do milénio (ODM). Os compromissos assumidos em Monterrey, em Março de 2002, no sentido de aumentar os níveis de APD (ajuda pública ao desenvolvimento) representam um passo importante em direcção à consecução do desenvolvimento global sustentável. O consenso de Monterrey estabelece uma ligação específica entre a eficácia da ajuda e a apropriação de boas políticas pelos países e a boa governação, prometendo mais ajuda àqueles que registarem um bom desempenho. Como podemos garantir que estes fundos suplementares e, aliás, qualquer tipo de ajuda ao desenvolvimento, conduzam efectivamente a resultados concretos no terreno? Como podemos ter a certeza de que os nossos esforços estão a contribuir, a pouco e pouco, para a prosperidade e segurança de todas as pessoas? Não é fácil responder a estas perguntas. Surpreendentemente, na maior parte dos países em desenvolvimento, os dados relativos à redução da pobreza não são apenas insatisfatórios: em muitos casos não existem, estão desactualizados, não são fiáveis, ou não são simplesmente utilizados como um instrumento da tomada de decisões políticas. Ao longo das últimas décadas tem sido frequente a comunidade da ajuda ao desenvolvimento (constituída pelos doadores, os governos e a sociedade civil) não examinar os resultados das suas políticas e dos seus financiamentos. 182 No presente capítulo descreve-se o trabalho em curso e focam-se os principais aspectos da actual situação no que respeita à gestão orientada para os resultados. As novas abordagens ainda não se encontram inteiramente definidas, e algumas das suas componentes não foram plenamente testadas. A Comissão vê ainda este capítulo como um convite dirigido ao leitor para que participe numa reflexão colectiva sobre formas eficazes e fiáveis de medir o impacte da ajuda externa no desenvolvimento global sustentável. 10.2. Controlo de resultados: desempenho dos países A introdução, em 1999, de documentos de estratégia para a redução da pobreza (DERP) — baseados em cinco princípios, um dos quais é a orientação para resultados – e o acordo a que chegaram 189 países, em Setembro de 2000, quanto aos objectivos de desenvolvimento do milénio (ODM) foram dois factores que contribuíram para se avançar no sentido de prestar mais atenção aos resultados. O controlo concreto, baseado em resultados, do desempenho dos países ao nível do crescimento económico e da redução da pobreza decorre da necessidade, identificada em vários estudos, de melhorar os seguintes aspectos. ❿ No caso dos países em desenvolvimento: Prestar informação sobre compromissos financeiros não basta. Os doadores devem informar as partes interessadas e prestar-lhes contas das mudanças verificadas na vida das pessoas pobres em consequência do esforço colectivo dos parceiros no âmbito da ajuda ao desenvolvimento. — apropriação pelos países: atribuir aos governos beneficiários a responsabilidade por realizarem os seus objectivos em matéria de redução da pobreza dá-lhes mais possibilidades de definirem estratégias e políticas próprias para esse efeito; A Comissão está a avançar progressivamente para a ajuda ao desenvolvimento orientada para os resultados. Este empenhamento em gerir com vista à obtenção de resultados e com base em resultados foi formalmente sublinhado na comunicação sobre a política de desenvolvimento da Comunidade Europeia apresentada em 2000 pela Comissão, bem como nas declarações e no plano de acção que daí decorreram. — prestação de contas pelos países: nos países que estão a definir uma estratégia de redução da pobreza, é essencial que os doadores passem do controlo de políticas e acções para uma abordagem participativa orientada para os resultados, caso se pretenda promover uma maior responsabilização dos países; No presente capítulo descrevem-se as duas abordagens principais definidas recentemente com vista à medição de resultados. Os resultados da acção de qualquer doador só podem ser medidos directamente ao nível de projectos ou programas que envolvem apenas um doador. As operações em maior escala envolvendo vários doadores, bem como o Governo e outros actores, produzem resultados que são fruto de um esforço comum e que não é possível atribuir a elementos específicos da equipa (trata-se da chamada «falha de atribuição»). A primeira abordagem descreve, por conseguinte, a forma como resultados colectivos são controlados ao nível dos sectores e dos países, utilizando indicadores acordados entre todos os — processo de formulação de políticas: a análise de resultados no terreno deve levar a que se dê uma nova orientação às políticas, e deve ser levada em conta no diálogo político. ❿ No caso dos doadores: — prestação de contas pelos doadores às partes interessadas: prestar informação sobre compromissos financeiros não basta. Os doadores devem informar as partes interessadas e prestar-lhes contas das mudanças verificadas na vida das pessoas pobres em consequência do esforço colectivo dos parceiros no âmbito da ajuda ao desenvolvimento; Abordagem do desenvolvimento orientada para os resultados Há duas áreas de trabalho importantes que demonstram que a Comissão está a avançar progressivamente no sentido da ajuda ao desenvolvimento orientada para resultados: os documentos de estratégia por país (DEP) e a prestação de apoio macroeconómico aos países ACP. 10.2.1. Documentos de estratégia por país orientados para resultados No contexto do processo de programação, a Comissão está a definir orientações destinadas aos funcionários responsáveis pela programação, no sentido de introduzirem indicadores nos DEP. Dado que a maior parte dos doadores ainda se encontra numa fase incipiente do trabalho conceptual em matéria de indicadores, a Comissão está a trabalhar em estreita colaboração com os Estados-Membros, os países do Comité de Ajuda ao Desenvolvimento da OCDE (OCDE-DAC) e outros doadores com vista à elaboração das referidas orientações. Foi constituído um grupo de trabalho conjunto composto pelos Estados-Membros, os países OCDE-DAC e vários serviços da Comissão, cuja primeira reunião teve lugar em Março de 2002. A finalidade do referido grupo de trabalho é explorar a possibilidade de os doadores adoptarem uma abordagem conjunta em relação aos seus requisitos de controlo, baseada em princípios e numa tipologia comuns, a fim de reduzir os encargos dos países beneficiários. O seu trabalho baseia-se no projecto de orientações relativas à definição de indicadores do desenvolvimento preparado pela Comissão. Este trabalho está em curso, e os seus resultados serão progressivamente levados em conta no processo de programação e análise da Comissão. Trata-se de um trabalho que tem sido acolhido com agrado pelos Estados-Membros e pelos países OCDE-DAC. O referido projecto de orientações começa por definir princípios e uma tipologia, e indica os dois níveis a que os doadores podem utilizar indicadores orientados para resultados com o fim de controlar o desempenho dos países. © Danish Management Monitoring team/P. A Welch — coordenação dos doadores: atribuir mais atenção aos resultados alcançados por cada país deverá permitir uma maior coordenação da avaliação de desempenhos por parte dos doadores. Também neste caso, nos países em causa, essa coordenação deve ser feita com base nos DERP. Fiscalização de um projecto social silvícola no Malavi: viveiro para produção de árvores. gurados pelos governos e pelos doadores. É necessário estabelecer uma ligação entre os recursos utilizados e os resultados alcançados a fim de avaliar a eficiência das acções empreendidas. Por exemplo: percentagem do orçamento afectada a despesas de educação, abolição de uniformes obrigatórios nas escolas. ❿ Os indicadores de resultados imediatos medem as consequências imediatas e concretas das medidas adoptadas e dos recursos utilizados. Por exemplo: número de escolas construídas, número de professores que participaram em acções de formação. ❿ Os indicadores de resultados finais medem os resultados ao nível dos beneficiários. Por exemplo: matrículas escolares, percentagem de raparigas entre as crianças que ingressam no primeiro ano do ensino primário. ❿ Os indicadores de impacto medem as consequências dos resultados finais. Estes indicadores medem os objectivos gerais em termos de desenvolvimento nacional e de redução da pobreza. Por exemplo: taxa de literacia, taxa de desemprego. 10.2.1.1. Tipologia Os indicadores devem ser classificados de acordo com uma tipologia clara. Propomo-nos utilizar a seguinte classificação, a fim de assegurar a coerência com trabalhos anteriores: Estes vários tipos de indicadores são todos importantes para os decisores políticos — isto é, para os governos nacionais. No entanto, nem todos se revestem de igual importância para os doadores, que devem concentrar-se nos resultados das políticas definidas pelas próprias administrações nacionais que estão a apoiar. Impacto As conclusões da experiência-piloto de reforma da condicionalidade (1) demonstraram claramente a ❿ Os indicadores de recursos medem os recursos financeiros, administrativos e regulamentares (frequentemente denominados «processos») asse- (1) Conduzida no Burquina Faso pela Comissão Europeia, no contexto da parceria estratégica com África (PEA), e realizada em conjunto com mais 12 doadores. Recursos Resultados imediatos Resultados finais 183 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica necessidade de os doadores atribuírem um peso especial aos indicadores de resultados finais. No passado, porém, era habitual atribuir-se mais importância aos indicadores de recursos ou de resultados imediatos, cuja melhoria não oferece qualquer garantia de uma melhoria dos serviços: há, por exemplo, muitos casos em que um aumento dos orçamentos ou mesmo do número de centros de saúde é acompanhado de uma diminuição da utilização desses centros pelo público. No caso dos indicadores de impacte, verifica-se que a reacção é lenta e a medição é complexa, e que dependem de numerosos factores além da política adoptada pelo Governo. Privilegiar os indicadores de resultados finais deverá permitir que os governos se apropriem progressivamente das políticas a aplicar com vista a obter os resultados pretendidos. estes poderão ser recolhidos. É possível que, em teoria, um indicador seja mensurável anualmente, mas que, na prática, se altere apenas a médio ou longo prazo. A evolução de um indicador desse tipo é, portanto, influenciada por políticas aplicadas anos antes, e o seu valor como meio de medir as políticas vigentes poderá ser limitado. Além disso, o facto de se privilegiarem os indicadores de resultados finais deverá aumentar a credibilidade da ajuda ao desenvolvimento, tanto nos países beneficiários como nos países doadores. 5) Em muitos casos, é importante expressar os dados estatísticos relativos aos indicadores não só em termos percentuais, mas também sob a forma de valores absolutos, de modo a permitir que a análise exclua erros decorrentes de incertezas quanto ao cálculo da população total. Além disso, é preferível trabalhar com base em tendências, e não apenas em dados isolados. Assim, é importante consultar bases de dados existentes ao seleccionarem-se os indicadores. Deverão existir dados relativos aos cinco anos anteriores; se isso não acontecer, talvez seja necessário apresentar uma justificação especial para o indicador. 10.2.1.2. Princípios FIABILIDADE DEFINIÇÃO DE INDICADORES 1) É necessário que cada país e os seus principais doadores concordem em utilizar indicadores (de resultados finais) comuns para avaliar o desempenho do país. Nos casos pertinentes, a avaliação deverá ser efectuada no contexto no sistema de controlo do DERP. 2) Há vantagem em desagregar os indicadores, por exemplo, por: ❿sexo; ❿sector público/privado; ❿área geográfica (identificando, em particular, as regiões mais pobres); ❿zona rural/urbana; ❿nível de rendimento (o que raramente é possível) e principal fonte de rendimento. O nível de desagregação deve ser sempre indicado ao definirem-se os indicadores. A desagregação permite que se faça incidir melhor as políticas de desenvolvimento e de redução da pobreza nas populações visadas. 6) É necessário ter em atenção a fiabilidade e representatividade dos dados em que se baseiam os indicadores. Em caso de dúvida, é preferível utilizar uma «variável de aproximação», isto é, um indicador indirecto que seja mais fácil de medir e que constitua uma boa aproximação de outros indicadores mais difíceis de medir. Por conseguinte, é essencial adoptar-se uma abordagem evolutiva, verificando regularmente a validade dos indicadores em relação ao objectivo que pretendem avaliar. 7) De início, é frequente ser necessário prestar apoio ao nível da verificação da qualidade dos dados e ajudar o Governo a melhorar a sua fiabilidade e aumentar a rapidez do respectivo tratamento — os sistemas existentes são muitas vezes excessivamente pesados e lentos. A finalidade do apoio deve ser reforçar o sistema nacional. A experiência tem demonstrado que esse apoio não envolve, dum modo geral, grandes verbas, e que é possível fazer progressos rápidos no que se refere aos dados essenciais. Será importante desenvolver a colaboração com o Eurostat com vista ao reforço de capacidades no domínio da estatística. DEFINIÇÃO 184 E QUALIDADE DOS DADOS DE OBJECTIVOS PARA OS INDICADORES 3) É preferível restringir os indicadores a um número limitado de indicadores essenciais. Uma multiplicidade de indicadores muito diversos gera problemas de interpretação. Além disso, não permite que a análise se concentre nos aspectos essenciais. Os indicadores seleccionados devem, em seguida, ser definidos de uma forma clara e inequívoca (por exemplo, no caso de acções de vacinação, especificar o tipo de vacinas, as populações visadas, etc.). 8) O Governo do país em causa deve fixar valores-alvo para os indicadores, de uma forma que seja coerente com as tendências recentes e as orientações políticas. Esses valores devem ser discutidos com os doadores que estão a pensar conceder ajuda ao país. O Governo deve fixar valores-alvo, pelo menos, para o período do DERP, caso exista, ou para os três anos seguintes, caso não exista um DERP. 4) A mensurabilidade é um critério fundamental ao proceder-se à selecção de indicadores. Trata-se aqui de uma questão distinta da questão da qualidade dos actuais sistemas de dados (de que se fala adiante). Ao definir-se cada indicador, é necessário levar em conta o tempo e os recursos necessários para recolher os dados, e a frequência com que 9) Há duas dificuldades a considerar na discussão dos valores-alvo: um optimismo excessivo (muitas vezes decorrente do facto de os indicadores serem utilizados como propaganda e não como um instrumento da tomada de decisões) e a prudência excessiva (que revela falta de ambição). A melhor maneira de evitar esses dois excessos é adoptar, ao Abordagem do desenvolvimento orientada para os resultados nível do país, um processo transparente, em que a sociedade civil e o parlamento participem num debate com vista à definição de indicadores e ao seu controlo. Essa transparência também confere maior visibilidade aos valores-alvo fixados e contribui para prestação de contas a nível interno. ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DOS INDICADORES 10) A análise da evolução do desempenho dos países nunca se deve restringir à interpretação mecânica de indicadores. Deve ser efectuada no contexto de um amplo diálogo político com o Governo, levando em conta a influência de factores internos e externos. 11) É necessário ter presente que o facto de se utilizar um número limitado de indicadores, em particular quando o desempenho medido por esses indicadores é utilizado pelos doadores para determinarem os seus níveis de auxílio financeiro, poderá afectar a prestação de informação ou influenciar a identificação das políticas prioritárias. É necessário que o efeito de incentivo do conjunto completo de indicadores seja levado em conta no diálogo político entre o Governo e os doadores. 10.2.1.3. Controlo do desempenho do país O projecto de orientações propõe dois conjuntos de indicadores que devem ser controlados no âmbito dos programas realizados pela Comissão ao nível dos países. A nível geral, e em todos os países em que a Comissão esteja a desenvolver acções, deve ser controlado um conjunto restrito de indicadores (anualmente e a médio prazo), a fim de se formar uma ideia geral dos progressos realizados no sentido da consecução dos ODM. Esse conjunto restrito de indicadores deve ser seleccionado a partir dos 48 indicadores mais importantes associados aos ODM, mais um pequeno número de indicadores fundamentais mensuráveis anualmente destinados a permitir a prestação anual de informação sobre os progressos realizados pelo país em causa. Entre estes indicadores suplementares incluem-se indicadores de recursos (que não fazem parte do quadro de controlo dos ODM), por exemplo, indicadores destinados a medir o apoio financeiro a sectores específicos por parte do Governo e dos doadores. Além disso, devem incluir-se indicadores de resultados finais sujeitos a alterações rápidas. O projecto de orientações sugere que este conjunto mínimo de indicadores, depois de acordado, deve ser objecto de um controlo sistemático em todos os documentos de estratégia por país, de modo a permitir que se façam comparações. O controlo sistemático desta grande diversidade de indicadores, incluindo indicadores de resultados finais e de recursos mensuráveis anualmente a nível de cada país, permitirá à Comissão acompanhar a evolução de sectores em que não está a intervir directamente. Este trabalho de controlo servirá de base às decisões tomadas, quando da análise dos documentos de estratégia por país. A nível sectorial, nos sectores visados pelos DEP, deve ser controlada uma maior diversidade de indicadores. Estes devem fazer parte do conjunto mais completo de indicadores utilizados para fins de gestão e prestação de contas por parte dos ministérios competentes a nível interno. Embora a orientação de políticas e as medidas regulamentares dos Governos não sejam fáceis de medir utilizando indicadores gerais quantificados, mesmo assim há que controlá-las. Os indicadores controlados pela Comissão baseiam-se sempre nos processos nacionais que estão a decorrer a nível interno (DERP, nos casos pertinentes). Trata-se de um processo de influência recíproca e de troca de experiências, bem como de um instrumento valioso para a análise de questões políticas e para aumentar a prestação de contas pelos governos a nível interno. 10.2.2. Ajuda orçamental com vista à redução da pobreza Um segundo exemplo da abordagem orientada para os resultados é o da ajuda orçamental aos DERP. De momento, este aspecto apenas diz respeito aos países ACP. Está a aplicar-se uma abordagem semelhante a outros programas (ALA, MEDA), nos casos em que se considera apropriado. A Comissão Europeia tem adoptado uma abordagem inovadora nos países ACP, ligando directamente os montantes da ajuda concedida ao nível de desempenho do país nos sectores sociais (principalmente, saúde e educação) e ao nível da gestão das finanças públicas. Para isso, são utilizados indicadores do desempenho (por exemplo, percentagem das despesas com a saúde e a educação; taxa de matrículas; utilização dos centros de saúde; cobertura da vacinação infantil, etc.), e são mantidas discussões intensivas com o Governo em causa para determinar em que medida realizou os objectivos que se propôs. Se os objectivos tiverem sido realizados, é garantido o pleno financiamento; caso contrário, a ajuda financeira sofre uma redução. Desta forma, o Governo recebe os recursos necessários para elaborar um orçamento que tem mais possibilidade de assegurar serviços sociais fundamentais, e é-lhe dado um incentivo para cumprir o que promete. Por serem definidos de comum acordo entre o Governo e a comunidade de doadores, os objectivos têm mais peso e, uma vez que a Comissão é um dos principais doadores, os objectivos também devem reflectir as prioridades identificadas pela Comissão nesse diálogo. Como os objectivos decorrem de um DERP definido pela própria administração nacional, têm mais probabilidade de vir a ser realizados do que condições impostas pelo exterior. Catorze dos 30 países ACP a que a Comissão está actualmente a conceder ajuda orçamental já adoptaram esta abordagem (outros 14 países estão actualmente a tentar chegar a acordo sobre um conjunto de indicadores). Esta análise baseia-se nas 30 propostas de financiamento relativas a ajuda orçamental para a redução da pobreza (AORP) aprovadas em 2000 e 2001, que representam um total de 875 milhões de euros. 185 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica 10.2.2.1. Novas orientações decorrentes da experiência-piloto no Burquina Faso À luz dos resultados do experiência-piloto de reforma da condicionalidade realizada no Burquina Faso (1) entre 1996 e 2000, a Comissão definiu novas orientações e mecanismos para os seus programas de ajuda orçamental para redução da pobreza. O seu objectivo é aumentar a eficácia da ajuda mediante uma maior apropriação dos programas, a eliminação de dificuldades ao nível dos pagamentos, e o reforço da coordenação entre os doadores. As novas orientações e mecanismos decorrentes do experiência-piloto no Burquina Faso visam melhorar a sustentabilidade das reformas a longo prazo, aumentar a apropriação dos programas por parte dos governos e desenvolver a coordenação entre os doadores. As principais mudanças concretas ao nível do ajuda orçamental por parte da CE decorrentes das novas orientações consistem na passagem da condicionalidade processual tradicional para a avaliação do desempenho com base em resultados, a realização de pagamentos variáveis consoante os resultados alcançados e uma melhor coordenação com outros doadores no quadro do DERP. A aplicação da nova abordagem tem variado de um país para outro, em parte porque os países se encontram em fases diferentes do processo do DERP, e em parte devido ao facto de a quantidade de dados disponíveis diferir de um país para outro. No entanto, as discussões sobre a coordenação entre doadores e os indicadores de desempenho estão estreitamente ligadas ao processo dos DERP. 10.2.2.2. Reforma da condicionalidade As novas orientações da CE relativas à condicionalidade apontam no sentido de se impor um número reduzido de condições fundamentais. As condições processuais tradicionais devem ser gradualmente substituídas por avaliações do desempenho baseadas em indicadores de resultados finais, o que dará aos Governos mais liberdade para decidirem sobre as suas próprias políticas. A assinatura de acordos de financiamento e o posterior pagamento das fracções continuam subordinados a duas condições principais. Essas condições figuram em todas as propostas de financiamento de 200 e 2001: ❿ assinatura/andamento satisfatório do acordo com o FMI (mecanismo de redução da pobreza e de crescimento) e, por vezes, com o Banco Mundial. Isto significa, em princípio, que o país tem um quadro macroeconómico sólido; ❿ progressos ao nível do processo do DERP. 186 Por conseguinte, os programas da CE estão estreitamente ligados aos condicionalismos impostos pelo FMI (e, por vezes, pelo Banco Mundial). No que se refere aos 30 países incluídos na amostra, as propostas financeiras relativas a 15 países não impõem quaisquer outras condições processuais, e no caso de sete países apenas são impostas condições processuais no âmbito da gestão das finanças públicas. A evolução no sentido da avaliação do desempenho baseada em resultados tem sido muito mais eficaz nos sectores sociais (principalmente, saúde e educação) do que ao nível da gestão das despesas públicas. A maior lentidão verificada nesta área deve-se, principalmente, à dificuldade em identificar indicadores de resultados finais neste domínio. Há alguns países a que são impostas condições noutros domínios além da saúde, educação, gestão das finanças públicas e quadro macroeconómico (por exemplo, transportes, justiça ou integração regional). 10.2.2.3. Avaliação do desempenho baseada em resultados As novas orientações da CE em matéria de ajuda orçamental implicam que se levem mais em conta os resultados ao avaliar-se o desempenho dos países. Esta abordagem é reforçada através da evolução gradual no sentido de ligar o apoio financeiro às avaliações de desempenho baseadas em indicadores de resultados finais. É necessário que estejam reunidas três condições antes de ser possível basear os pagamentos na análise de indicadores de resultados finais: ❿ acordo entre o Governo e a Comissão quanto a um conjunto restrito de indicadores de resultados finais destinados a servir de base à avaliação, e ideias claras sobre a forma de os controlar; ❿ certeza da existência de um sistema fiável de recolha de dados relativos ao conjunto de indicadores acordado e, caso necessário, apoio ao aperfeiçoamento desse sistema através do reforço da capacidade e ajuda financeira inicial; ❿ decisão do Governo sobre os valores-alvo dos referidos indicadores, baseada nas tendências anteriores e nas orientações políticas. Os países classificam-se em três grupos consoante a fase em que se encontrem do referido processo de evolução: países mais avançados, países intermédios e países menos avançados. PAÍSES MAIS AVANÇADOS Nos países mais avançados, existe um acordo prévio sobre um conjunto restrito de indicadores de desem- (1) Esta experiência-piloto foi dirigida pela CE com o apoio de nove doadores bilaterais e do FMI, do PNUD e do Banco Mundial, no contexto da parceria estratégica com África (PEA). As conclusões do referido processo encontram-se resumidas em «Bilan: Test sur la réforme de la conditionnalité», de Julho de 2000. Abordagem do desenvolvimento orientada para os resultados penho, o que leva a que esses indicadores sejam utilizados para determinar o pagamento de uma fracção posterior variável do programa em causa. Há, por conseguinte, uma fracção fixa que depende da adopção de uma política macroeconómica sólida (existência de um programa do FMI) e uma fracção variável que depende da avaliação do desempenho. No que se refere à maior parte dos países, esta fracção variável está dividida em duas parcelas: uma vinculada à gestão satisfatória das finanças públicas (avaliada com base em indicadores de desempenho) e a outra vinculada à evolução do conjunto acordado de indicadores do desempenho em comparação com os valores-alvos fixados pelo Governo. Os pagamentos baseiam-se numa combinação de indicadores de recursos, de resultados imediatos e de resultados finais. Os indicadores mais frequentemente utilizados são os seguintes: Gestão das finanças públicas/gestão orçamental ❿ Percentagem do orçamento público efectivamente utilizada pelas estruturas mais periféricas ❿ Dotações orçamentais afectadas aos sectores sociais e despesas efectivas ❿ Diferença entre os custos unitários de aquisições públicas e os preços de mercado Saúde ❿ Utilização pelo público dos serviços de cuidados de saúde primários ❿ Cobertura dos serviços de saúde pré-natal ❿ Taxas de imunização (DTP3, BCG e sarampo) ❿ Custo dos serviços básicos de assistência médica organizações que representam os beneficiários ou outros doadores. Poderá ser tomada a decisão de suprimir um indicador, em caso de força maior ou em circunstâncias excepcionais. Aplica-se a todos os países o seguinte método: ❿ se o valor-alvo fixado para um indicador for atingido ou se forem feitos progressos consideráveis, o país obtém 1 ponto; ❿ se o valor-alvo não for atingido mas forem observados progressos concretos, o país obtém 0,5 pontos; ❿ se o desenvolvimento for negativo, ou insuficientemente positivo, o país obtém 0 pontos; o total dos pontos obtidos corresponde ao nível de desempenho efectivo. O cálculo do nível de pagamento efectuado com base no nível de desempenho efectivo varia de um país para outro. O valor da fracção variável ligada à avaliação do desempenho é, em média, 22% do montante total do orçamento do programa (do qual 38% e 62% estão ligados ao desempenho das finanças públicas e dos sectores sociais, respectivamente). 10.2.2.4. Conclusão Ainda não é possível avaliar, em termos de resultados, as novas orientações em matéria de condicionalidade aplicáveis às ajudas orçamentais concedidas pela CE. No entanto, está em curso uma revisão do processo e da metodologia. Entretanto, levantam-se algumas questões importantes que é necessário todos os doadores examinarem: ❿ se outros doadores atribuírem mais importância aos indicadores de desempenho, os governos preocupar-se-ão mais com os resultados das suas políticas; Educação ❿ Taxa líquida/bruta de matrícula (rapazes/raparigas) no primeiro ano do ensino primário ❿ Percentagem de crianças que passam do ensino primário para o ensino secundário ❿ Rácio médio alunos/professor ❿ a definição clara do ciclo do DERP, incluindo uma matriz anual de medidas e a avaliação dos indicadores de desempenho, permitirá estabelecer uma ligação mais estreita entre a ajuda concedida pelos doadores e o processo do DERP; ❿ combinar a condicionalidade processual tradicional com a avaliação baseada em resultados é uma abordagem incoerente que se deve evitar. ❿ Rácio médio alunos/sala de aula 10.2.3. Rumo a seguir ❿ Rácio médio alunos/livros ❿ Custo do acesso ao ensino cular/público) para a família primário (parti- O processo de avaliação do desempenho baseado nestes indicadores difere de um país para outro. É sempre pedido aos Governos que apresentem uma análise dos resultados alcançados e que indiquem eventuais factores externos, a fim de permitir que a avaliação do desempenho do país seja sólida, mas não mecânica. A análise dos resultados da medição dos indicadores conta com a participação dos ministros da tutela do Governo em causa, da CE e, por vezes, de Há duas questões fundamentais a considerar para que a escolha de uma abordagem orientada para os resultados por parte da Comissão seja eficaz. A primeira é a necessidade de aumentar o apoio ao reforço dos sistemas nacionais de estatística. Trata-se de um trabalho que poderá ser desenvolvido em colaboração com o Eurostat e que deve envolver uma maior coordenação com outros doadores. A segunda é assegurar uma maior colaboração com os Estados-Membros e com outros doadores, tanto ao 187 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica nível da sede como ao nível de cada país. Isto implica que se melhore a troca de informações e que se chegue a acordo sobre uma abordagem comum e ainda uma maior vontade de coordenar as actividades de controlo e prestação de informação em torno dos sistemas nacionais. 10.3. Resultados de projectos: controlo baseado em resultados 10.3.1. Antecedentes Há muitas definições de controlo. Pode falar-se em controlo de desempenhos, em controlo da gestão, ou, simplesmente, em controlo de projectos. O controlo deve ser sempre atempado, rápido e eficaz, a fim de permitir que se obtenha informação com carácter regular sobre os progressos realizados. O controlo é um mecanismo regular de observação, que envolve a elaboração e apresentação de relatórios sobre a situação e avaliações analíticas da evolução do projecto. Consiste, principalmente, em medir os resultados efectivamente alcançados em comparação com os resultados planeados. Permite que sejam tomadas decisões incisivas sobre o projecto, com vista a: ❿ efectuar ajustamentos com um mínimo de perturbações, ❿ assegurar que os projectos mantenham um bom andamento e atinjam os seus objectivos. O controlo da execução de projectos ou de quaisquer outras actividades pode ser efectuado diária ou semanalmente, por exemplo, por um gestor de projecto que necessite de formar uma boa ideia do desempenho do projecto. Este tipo de controlo destina-se, principalmente, a fiscalizar a transformação de recursos em resultados imediatos e é efectuado pela própria direcção do projecto, sob a supervisão do seu organismo ou autoridade responsável e pelas delegações da CE. O sistema de controlo orientado para resultados que se descreve a seguir avalia o desempenho do projecto ou do programa, bem como as suas repercussões de carácter mais geral (sem analisar estas últimas em profundidade). Este sistema permite à Comissão obter pareceres independentes de peritos externos sobre a sua a carteira de projectos. O sistema utilizado nas regiões ALA/MED/ACP e dos Balcãs desde 2000 (que se descreve adiante) apresenta semelhanças com o sistema utilizado nos NEI (Tacis) desde 1993, mas é diferente deste último. Prevê-se que em 2002 se venha a proceder à harmonização dos dois sistemas. A adopção de uma abordagem única permitirá à Comissão obter dados comparáveis para todas as regiões a que presta ajuda externa. Neste momento, o controlo da execução incumbe, normalmente, à autoridade governamental e à delegação da CE. Além disso, também se procede ao 188 (1) Excluindo países do Tacis. controlo dos projectos com base em resultados, controlo este que está a cargo de uma equipa independente e é efectuado periodicamente. 10.3.2. Sistema de controlo orientado para resultados aplicável a projectos de desenvolvimento (1) — Descrição Em 2000, a Comissão concebeu um sistema aperfeiçoado de controlo orientado para resultados destinado às regiões ALA/MED/ACP e dos Balcãs, que se baseia no seu sistema de gestão do ciclo do projecto. Este sistema foi testado e aperfeiçoado ao longo de 2001. O principal objectivo é obter informação sobre os resultados de projectos no terreno com vista à preparação de relatórios de progressos. O sistema destina-se a permitir que as delegações e o serviço formem uma ideia geral sobre o andamento do projecto no sentido da obtenção de resultados. A sua finalidade não é, fundamentalmente, obter informação destinada às autoridades responsáveis pelo projecto, cuja gestão no dia-a-dia exige informação mais pormenorizada, embora, evidentemente, também possa ser útil para essas autoridades, bem como para os ministérios e governos parceiros. O sistema envolve três breves visitas ao local dos projectos por parte de peritos externos experientes, que preenchem fichas de pontuação seminormalizadas, classificando a eficiência, eficácia, impacto, pertinência e sustentabilidade provável dos projectos e programas. A fim de assegurar a consistência do si-stema, os cinco critérios referidos são minuciosamente definidos em conformidade com a metodologia existente, e, depois, desagregados nas respectivas componentes, que o responsável pelo controlo tem de analisar cuidadosamente antes de atribuir uma pontuação. Os peritos externos que efectuam o controlo possuem graus de conhecimentos e experiência sectoriais e geográficos diversos. Trabalham em pequenas equipas, e o seu trabalho baseia-se na análise de documentos e em entrevistas com representantes de todos os intervenientes num determinado projecto, incluindo os beneficiários finais. São recolhidos dados fundamentais, como o montante do orçamento do projecto, mas não se procede a qualquer auditoria ou controlo financeiro em profundidade. Os relatórios, pareceres dos gestores de tarefas e documentos de base do projecto são registados na base de dados central, que constitui uma ferramenta fundamental de gestão e informação. É efectuado o controlo de projectos em curso (iniciados há pelo menos seis meses e com mais seis meses de duração) com uma determinada dimensão mínima (aproximadamente 1 milhão de euros). No final de 2001, haviam sido controlados cerca de 500 projectos num valor total de 4,7 mil milhões de euros, nas regiões ALA/MED/ACP e dos Balcãs. Durante a fase de concepção e ensaio, foi possível efectuar o controlo de alguns projectos por duas vezes, o que significa que foram elaborados mais de 500 relatórios sobre os controlos efectuados. Abordagem do desenvolvimento orientada para os resultados 10.3.3. Primeiras impressões sobre a fase de concepção e ensaio Concluída em Janeiro de 2002, a fase de concepção e ensaio permitiu formar algumas primeiras impressões sobre aquilo que funciona e os aspectos que é necessário melhorar. Essas impressões devem ser consideradas com prudência, já que a amostra de projectos controlados foi relativamente pequena em comparação com o volume total da ajuda. Além disso, determinados instrumentos, como a ajuda orçamental, não foram ainda objecto de controlo. O desempenho dos projectos/programas varia consoante a sua dimensão, região e sector. Uma primeira conclusão geral foi que, em média, os projectos avaliados estavam a avançar «conforme planeado» ou um pouco melhor. Utilizou-se uma escala de classificação do desempenho de 1-4, tendo sido calculada uma classificação média não ponderada de 2,5. As classificações médias dos vários atributos variam entre 2,51 e 2,67. recursos de que dispunham eram suficientes, mas, em muitos casos, a concepção era insatisfatória. Os projectos mais bem sucedidos caracterizavam-se por uma referência clara ao contexto nacional e às necessidades e exigências das partes interessadas. O mau desempenho nestas áreas estava associado à inexistência de um estudo adequado de identificação ou avaliação de necessidades destinado a identificar claramente as circunstâncias e problemas dos beneficiários do projecto. Mali — Programme d’appui à la politique culturelle du Mali (Programa de apoio à política cultural do Mali) — 8 ACP MLI 14 Sector: cultura e lazer O Mali, um dos países mais pobres do mundo, possui um património cultural e um potencial turístico que não estão a ser suficientemente promovidos e explorados. Este projecto destina-se a colmatar essa lacuna. Pertinência e qualidade da concepção Fizeram-se duas constatações principais: ❿ tal como era de prever, os projectos com objectivos e estratégias bem definidos e claros tendem a apresentar um melhor desempenho do que os projectos sem objectivos e estratégias, ou cujos objectivos e estratégias tenham sido insatisfatoriamente definidos; ❿ os projectos e programas têm mais probabilidade de se revelar eficientes se existirem orientações comuns em matéria de controlo da execução (informação diária destinada à direcção do projecto e à delegação) e outros instrumentos básicos de gestão. 10.3.3.1. Primeiras impressões por critério Na secção seguinte, as melhores práticas são destacadas nas caixas sombreadas. Os cinco principais critérios em que se baseiam as avaliações são a pertinência, a eficiência, a eficácia, o impacte e a sustentabilidade. Pertinência e concepção (classificação 2,57): os projectos eram, de um modo geral, pertinentes e os «O programa foi concebido em total conformidade com a política do país para o sector em causa. Aceita os desafios do plano de acção cultural, definindo claramente os seus objectivos, finalidade e resultados previstos. A estratégia de execução é realista e os recursos afectados ao programa são suficientes. O programa reconhece e incentiva a colaboração e sinergias com todos as outras iniciativas, sejam elas internas, regionais ou lançadas por outros doadores.» Eficiência (classificação 2,51): os projectos demonstraram, de um modo geral, ter capacidade para ir ao encontro de novas necessidades e situações. No entanto, uma das principais deficiências detectadas foi a oportunidade das actividades. Os projectos mais bem sucedidos dispunham de pessoal de gestão de elevada qualidade e tiravam todo o partido de quadros lógicos, planos de trabalho, outros calendários e sistemas de controlo interno. Os projectos com pior desempenho careciam do necessário pessoal de gestão qualificado e estável, não utilizavam suficientemente as ferramentas habituais de gestão de projectos, e a coordenação com outros doadores e/ou subcontratantes ligados aos projectos revelava-se difícil. Verificou-se que os procedimentos da CE estavam na origem de grandes atrasos ao nível da execução. Classificações médias dos principais critérios por região (1) Ásia ACP Classificação média por região Balcãs América Latina Mediterrâneo Classificação média (todos os projectos) Pertinência 2,72 2,57 2,17 2,70 2,21 2,57 Eficiência 2,63 2,53 2,25 2,53 2,40 2,51 Eficácia 2,93 2,64 2,33 2,86 2,27 2,67 Impacte 2,83 2,59 2,33 2,71 2,25 2,59 Sustentabilidade 2,73 2,51 2,33 2,68 2,39 2,55 1 ( ) Uma única série de controlos, não tendo sido efectuadas visitas para uma segunda série de controlos. 189 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica Bangladeche — Programa de educação BRAC ALA/99/15 © Danish Management Monitoring team/F. Cerutti Sector: política de saúde e gestão administrativa Fiscalização de um programa de mobilidade para os utilizadores de cadeiras de rodas na Tanzânia. Índia — Gestão comunitária de recursos naturais — ALA/93/33 Sector: desenvolvimento rural A finalidade do projecto é contribuir para a redução da degradação ambiental e criar oportunidades de gerar rendimentos a nível local, através do desenvolvimento da gestão comunitária participativa e de uma série de microprojectos sociais. O projecto esteve na origem de melhorias extraordinárias das condições económicas e sociais das pequenas comunidades tribais. A finalidade global do projecto é contribuir para a atenuação da pobreza promovendo o acesso ao ensino primário não tradicional por parte das crianças que normalmente não estão integradas no sistema de ensino tradicional. O projecto surge no seguimento de uma fase anterior em que foram abertas em todo o país escolas do ensino não tradicional abrangendo mais de um milhão de crianças. Nesta fase, está a dedicar-se especial atenção à necessidade de assegurar um programa de estudos completo e melhor para o ensino primário. Eficácia «Os beneficiários visados têm acesso aos benefícios do programa, mesmo quando vivem em zonas remotas. Já se verifica um nível muito elevado de participação por parte das comunidades e existe uma excelente comunicação com os beneficiários visados. O programa foi muito bem adaptado, de modo a assegurar que seja abrangido o maior número de beneficiários possível. Os próprios beneficiários têm bastante consciência dos benefícios do projecto, e uma prova disso é o facto de as famílias pobres preferirem as escolas do projecto, que obrigam ao pagamento de uma propina simbólica, às escolas do sistema de ensino público, que são gratuitas.» Impacto (classificação 2,59): os efeitos indirectos e imprevistos tiveram, em muitos casos, uma classificação elevada. O bom desempenho nesta área esteve frequentemente associado ao apoio ao reforço de capacidades e à sensibilização, bem como aos bons contactos com as populações locais. O impacto foi, por vezes, menor nos casos em que se descuravam as questões transversais e as ligações potenciais com outros projectos e programas. Eficiência «Um bom sistema de controlo de custos ajudou a direcção do projecto a conseguir que o custo de cada intervenção fosse bastante menor, o que permitiu realizar muito mais microprojectos sem exceder o orçamento. As intervenções realizadas no âmbito do projecto foram bem planeadas e organizadas, e foram executadas atempadamente. Isto traduziu-se numa taxa de êxito elevada. Os funcionários dos projectos são todos cidadãos nacionais, com um bom nível de educação nas respectivas áreas e com grande entusiasmo pelos objectivos do projecto, o que se reflecte na qualidade das actividades e dos resultados.» 190 Eficácia (classificação 2,67): os projectos bem sucedidos eram aqueles em que havia uma boa participação e empenhamento por parte dos beneficiários e uma boa comunicação com estes. Por vezes foram identificados efeitos secundários, que foram positivamente recebidos. Os projectos com desempenho insatisfatório eram aqueles em que havia problemas ao nível da comunicação e contacto com os beneficiários. As deficiências dos procedimentos da CE foram também apontadas como uma das causas da reduzida eficácia dos projectos. Honduras — Desarollo de la Educación en Comunidades Urbano-Marginales en Honduras (Desenvolvimento da educação nas comunidades urbanas marginais nas Honduras) — HND/B7-310/96/204 Sector: ensino primário O projecto destina-se a ajudar as comunidades urbanas marginalizadas a participarem mais activamente no desenvolvimento democrático, social e económico do país. Impacto: «O projecto irá ter, provavelmente, um impacto considerável nas comunidades visadas e contribuir para o objectivo geral proposto. As comunidades estão a desenvolver a sua própria capacidade de organização e gestão das políticas locais, e admite-se que venham a desempenhar um papel mais activo no desenvolvimento da sociedade civil e do país em si.» Sustentabilidade (classificação 2,55): verificou-se, em muitos casos, que a forma como as questões sociocul- Abordagem do desenvolvimento orientada para os resultados turais (incluindo as que se relacionavam com a igualdade entre os sexos), tecnológicas e ambientais estavam a ser tratadas era boa ou muito boa, mas foram detectadas fragilidades no que se refere a aspectos financeiros e económicos. Os projectos sustentáveis tendiam a ser aqueles em que havia uma boa interacção com os decisores políticos, com vista a assegurar níveis elevados de apoio político. O reforço de capacidades foi considerável a vários níveis, indo ao encontro de necessidades locais, e verificou-se um elevado grau de participação na concepção do projecto por parte dos beneficiários. As conclusões sugerem que a sustentabilidade será menor se os governos não prestarem um apoio político suficiente e não assegurarem capacidades locais e recursos. Tanzânia — Programa destinado a promover a mobilidade dos utilizadores de cadeiras de rodas em África — PVD/1999/284 Sector: apoio a ONG O PNUD calcula que, em África, a produção local de cadeiras de rodas satisfaz menos de 1% das necessidades existentes, e, segundo a Unesco, a percentagem de pessoas que necessitam de uma cadeira de rodas e efectivamente possuem uma é inferior a 2%. O programa destina-se a preparar o currículo e material didáctico a utilizar no primeiro curso jamais realizado a nível mundial para formação de gestores de oficinas de cadeiras de rodas. Além disso, será produzida a nível local, no âmbito do projecto, uma gama de protótipos de cadeiras de rodas para utilizar em acções de formação na Tanzânia. Sustentabilidade potencial «Verifica-se um elevado nível de apoio político e ajuda orçamental por parte das autoridades e de outras partes interessadas. Estas últimas assumiram, sem dúvida, a responsabilidade pela execução do projecto. O projecto promove manifestamente a participação das mulheres nas suas actividades. Por outro lado, incentiva o desenvolvimento de capacidades e conhecimentos a nível local (formação específica, sistemas de produção, distribuição e financiamento, reforço institucional), o que irá decerto melhorar as condições de vida dos beneficiários finais.» experiência na área do planeamento e execução de projectos; ❿ em comparações interregionais, as diferenças ao nível da dimensão média dos projectos também podem dar origem a diferenças de desempenho; ❿ a distribuição sectorial dos projectos também pode estar na origem de diferenças de desempenho quando se faz uma comparação inter-regional. Ao efectuar-se a análise dos resultados de controlos ao nível das regiões, o grau de agregação dos valores é considerável. Por conseguinte, não é possível determinar as influências de factores isolados. Os factores que dizem respeito a um país específico, como a força da administração local de um projecto, a orientação das políticas e da administração públicas para o desenvolvimento e a existência dos recursos humanos e da infra-estrutura física/organizativa necessárias ao planeamento e execução de projectos confundem-se com outros factores como a força da gestão do projecto por parte da CE, ou a carteira de projectos e programas específicos relativos ao país em causa. Por exemplo, se os projectos relativos ao sector X se revelam particularmente difíceis de planear e executar e se, na região Y, a maior parte dos projectos disserem respeito a esse sector, então, a região Y poderá apresentar um desempenho particularmente baixo, embora o factor responsável por esse nível de desempenho seja um determinado sector, e não a região. Será necessário realizar outras análises antes de se poder efectuar uma avaliação fundamentada do impacte de factores regionais e de outra natureza ao nível do desempenho dos projectos. Para isso, será indispensável que se disponha de um conjunto muito mais sólido de relatórios contendo dados estatísticos. Esta dificuldade em atribuir determinados efeitos a causas específicas é outra razão pela qual os resultados da comparação inter-regional de níveis de desempenho dos projectos devem ser encarados com prudência. Quando muito, a análise efectuada poderá servir de orientação na preparação de estudos mais aprofundados sobre a natureza do desempenho dos projectos em regiões específicas. 10.3.4. Controlo nos países do Tacis 10.3.3.2. Primeiras impressões por região (1) Consideram-se cinco regiões: Ásia, países ACP (África, Caraíbas e Pacífico), países dos Balcãs, América Latina e região do Mediterrâneo. São vários os factores que podem contribuir para as diferenças observadas ao nível do desempenho entre grupos regionais de projectos. Por exemplo: ❿ numa determinada região, os projectos poderão ter sido concebidos e preparados mais cedo do que noutras, isto é, numa altura em que havia menos (1) Excluindo Tacis. Desde 1993, a maioria dos projectos Tacis tem sido objecto de controlos sistemáticos durante a execução, e a metodologia adoptada para esse efeito, embora diferente, apresenta semelhanças com a que foi definida para as regiões ALA/MED/ACP e dos Balcãs. Em 2001, as três equipas externas fundiram-se e procedeu-se à harmonização dos particularismos regionais. Em 2001, foram apresentados à Comissão e a outras partes interessadas 856 relatórios sobre actividades de controlo e 543 notas relativas a países ou sectores. Segundo uma avaliação do desempenho dos projectos, os resultados a nível global situaram-se entre «normais/conforme as previsões» e «bons», verificando-se uma tendência para mais resultados «bons» no caso de projectos concluídos em 2001. 191 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica OUTRAS MEDIDAS O valor e utilidade do sistema de controlo depende da qualidade e coerência dos relatórios. É necessário alargar o sistema de modo a abranger, tanto quanto possível, todos os instrumentos de cooperação da Comissão. Tal como se referiu no princípio desta secção, a metodologia tem vindo a ser constantemente aperfeiçoada com base nos ensinamentos da experiência, e pode ser desenvolvida ainda mais no que se refere a outros instrumentos da cooperação para o desenvolvimento além de projectos e programas, nomeadamente abordagens sectoriais e ajudas orçamentais. No casos em que a utilização deste sistema de controlo não seja vantajosa ou viável por razões técnicas, poderá ser necessário um instrumento mais apropriado destinado a permitir que a Comissão cumpra cabalmente o seu dever de prestar contas. O sistema foi alargado de modo a cobrir o maior número possível de actividades em condições economicamente viáveis, e a gestão de contratos foi entregue às direcções geográficas competentes. O desafio que enfrentamos agora consiste não só em assegurar serviços de elevada qualidade, mas também em assegurar que a coerência da metodologia se mantenha (no caso do programa Tacis, é necessário conferir coerência à metodologia). Há várias questões que permanecem em aberto e que terão de ser resolvidas a seu tempo, como, por exemplo, o lugar que o controlo ocupa num serviço externo desconcentrado. Existe, também, a intenção firme de, ao fim de um período adequado, avaliar a utilidade dos relatórios sobre as actividades de controlo e a sua aplicação prática. Sugere-se que essa avaliação seja efectuada ao fim de um período de dois ou três anos de utilização do sistema. 192 10.4. Conclusão Os resultados finais da Conferência de Monterrey reflectem um amplo consenso sobre a eficácia da ajuda, e combinam objectivos ambiciosos em termos de mais ajuda, redução da dívida e das barreiras comerciais, por um lado, e um maior destaque para os resultados tendo em vista a redução da pobreza, por outro lado. Os novos conceitos e acordos que Monterrey actualmente simboliza representam desafios para a cooperação para o desenvolvimento e para as actividades de controlo e avaliação orientadas para resultados. Esses desafios serão aceites em todas as frentes, sejam elas políticas ou operacionais, financeiras ou técnicas. No presente capítulo examinam-se ferramentas ambiciosas destinadas a permitir identificar e avaliar melhor resultados concretos, de modo a permitir que se preste contas sobre os esforços desenvolvidos (gestão para obtenção de resultados), mas também de modo a permitir que os esforços sejam orientados no sentido de produzirem melhores resultados (gestão com base em resultados). Em termos metodológicos, deu-se já um primeiro passo importante ao decidir-se proceder ao controlo dos resultados que beneficiam a sociedade (objectivos globais), bem como medir sistematicamente melhorias ao nível da vida das pessoas (objectivos dos projectos). É necessário mais trabalho — que já está previsto — com vista a testar e melhorar as metodologias adoptadas e assegurar a coordenação com outros intervenientes na comunidade da ajuda ao desenvolvimento. Este trabalho com vista a melhorar a eficácia da ajuda está, também, a ser acompanhado e apoiado por esforços no sentido de melhorar a gestão e avaliar resultados ao nível estratégico, um aspecto já referido no primeiro capítulo do presente relatório. Os esforços no sentido de melhorar a programação ao nível de cada país devem ser acompanhados de esforços destinados a gerir mais eficientemente as operações, com vista à consecução dos principais objectivos do desenvolvimento (ver capítulo 2). 11. Quadros financeiros Discriminação, por sector, da assistência pública ao desenvolvimento (APD) dos países da parte I da lista do CAD financiada a partir do orçamento geral da Comissão e do Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED) em 2001 Sector de destino Montante das autorizações (em milhões de euros) APD Total Gerido pelo EuropeAid Gerido por outras DG Montante % Educação 243,91 4,1 232,32 Saúde 277,00 4,6 277,00 Políticas e programas para a população; saúde genésica 173,03 2,9 173,03 Abastecimento de água e saneamento 224,27 3,7 224,27 Governo e sociedade civil 427,93 7,1 276,93 151,00 Outras infra-estruturas sociais 503,61 8,4 348,19 3,40 1 849,75 30,9 1 531,74 165,99 200,16 3,3 200,16 91,37 1,5 91,37 Produção e abastecimento de energia 134,12 2,2 114,12 Serviços bancários e financeiros 158,42 2,6 158,42 Infra-estruturas e serviços sociais Subtotal 11,59 Infra-estruturas e serviços económicos Transportes e armazenagem Comunicações Serviços às empresas e outros 20,00 80,78 1,3 80,78 664,85 11,1 644,85 20,00 Agricultura, silvicultura e pesca 473,68 7,9 273,67 200,01 Indústria, extracção e construção 234,13 3,9 234,13 Subtotal Sectores produtivos Comércio e turismo Subtotal 153,15 2,6 145,36 7,79 860,96 14,4 653,16 207,80 132,57 2,2 116,86 15,71 Multissectorial/horizontal Protecção do ambiente Mulheres e desenvolvimento 8,02 0,1 8,02 1 047,35 17,5 1 115,25 84,12 1 187,94 19,8 1 240,13 99,83 Assistência ao ajustamento estrutural com o Banco Mundial/FMI 243,14 4,1 243,14 Ajuda alimentar ao desenvolvimento/assistência segurança alimentar 211,17 3,5 206,66 Outros programas gerais e assistência em produtos de base 112,85 1,9 112,85 Subtotal 567,16 9,5 562,65 4,51 Subtotal 76,13 1,3 76,13 0,00 Subtotal 609,16 10,2 119,62 489,54 Subtotal 178,07 3,0 147,57 30,50 Total geral 5 994,02 100 4 975,85 1 018,17 Outros multissectoriais Subtotal Ajuda em produtos de base e programa geral de assistência 4,51 Acção relacionada com a dívida Ajuda de emergência Outros/não atribuído/não especificado 193 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica Discriminação, por rubrica orçamental, da ajuda externa financiada pelo orçamento geral da Comissão em 2001 (Montante em milhões de euros) Gerida pelo EuropeAid Gerida por outras DG Autorizações Pagamentos Autorizações Pagamentos Descrição B7-01.. Pré-adesão — Sapard 540,00 30,53 540,00 30,53 B7-02.. Pré-adesão — ISPA 1 121,18 203,26 1 121,18 203,26 B7-03.. Pré-adesão – Phare 1 650,69 1 167,89 1 650,69 1 167,89 B7-04.. Prá-adesão – Malta e Chipre 26,30 2,53 26,30 2,53 B7-20.. Ajuda alimentar 461,39 483,86 B7-21.. Ajuda humanitária 522,99 561,08 522,99 561,08 B7-30.. Ásia 407,74 383,12 407,74 383,12 B7-31.. América Latina 300,20 151,94 300,20 151,94 B7-32.. África Austral 121,59 99,48 121,59 99,48 B7-4... Mediterrâneo 808,84 477,01 761,84 471,93 47,00 5,08 B7-42.. Próximo e Médio Oriente 100,30 101,97 100,30 101,97 407,78 382,48 383,58 361,16 24,20 21,32 120,00 75,05 53,61 48,19 19,98 6,20 194,30 191,96 31,03 22,59 4 351,28 2 343,76 B7-51.. BERD B7-52.. NEI e Mongólia — Tacis 461,39 483,86 7,43 B7-53 NEI e Mongólia/PECO — Outras acções 7,43 40,00 40,65 40,00 40,00 B7-54.. Balcãs 824,98 920,02 704,98 844,97 B7-60.. Co-financiamento ONG 197,24 161,22 197,24 161,22 B7-6002 Cooperação descentralizada 5,06 3,52 5,06 3,52 B7-61.. Formação e sensibilização da opinião pública 3,72 2,54 3,72 2,54 33,90 42,10 33,90 B7-620. Ambiente/florestas tropicais 42,10 B7-6211 Fundo Mundial para a Saúde 60,00 B7-63.. Infra-estruturas e serviços sociais 26,75 B7-6510 Coordenação/avaliação/inspecção 9,92 8,59 9,92 8,59 B7-6610 Minas antipessoal 12,00 4,07 12,00 4,07 B7-66.. Outras acções específicas 55,87 70,30 2,26 22,11 B7-6710 Operações de intervenção rápida 19,98 6,20 B7-70.. Democracia e direitos do Homem 104,72 54,06 B7-80.. Acordos internacionais de pesca 194,30 191,96 B7-8710 Bananas ACP 43,50 16,86 B7-8... Outros capítulos externos da política comunitária 32,94 25,14 1,91 2,55 B8-0… PESC 32,67 29,50 32,67 29,50 8 174,75 5 632,3 3 823,47 3 288,54 Total título B7-B8 194 Total Autorizações Pagamentos Artigo 0,65 60,00 11,19 26,75 11,19 104,72 54,06 43,50 16,86 Quadros financeiros Discriminação por instrumento de assistência ao desenvolvimento financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED) em 2001 Montante em milhões de euros Instrumento Total Gerido pelo EuropeAid Gerido por outras DG Autorizações Pagamentos Autorizações Pagamentos Autorizações Pagamentos Ajuda programada 869,94 752,52 869,94 752,52 Ajustamento estrutural 215,46 303,76 215,46 303,76 Capital de risco 383,47 183,46 383,47 183,46 Bonificação de juros 16,33 15,57 16,33 15,57 Ajuda de urgência 11,90 30,48 11,90 30,48 Ajuda aos refugiados 41,14 7,95 41,14 7,95 Sysmin -0,28 48,18 -0,28 48,18 Stabex 353,22 353,22 PPAE 350,00 350,00 Outros 16,20 22,72 16,20 22,72 Total FED 1 554,16 2 067,86 1 554,16 2 067,86 0,00 0,00 Total geral orçamento + FED 9 728,91 7 700,16 5 377,63 5 356,4 4 351,28 2 343,76 195 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica Discriminação por país/região da ajuda externa financiada pelo orçamento geral da Comissão e pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED) em 2001 País/Região Total em milhões de euros Gerido pelo EuropeAid Gerido por outras DG Autorizações Pagamentos Autorizações Pagamentos Autorizações Pagamentos Parte I — Assistência pública ao desenvolvimento dos países e territórios em desenvolvimento Europa — Total Albânia Bósnia-Herzegovina 1 192,71 907,36 949,00 305,39 243,71 41,45 61,47 36,45 57,30 5,00 4,17 141,99 168,61 136,24 152,74 5,75 15,87 Croácia 60,61 14,40 60,61 14,40 0,00 0,00 Antiga Rep. jug. da Macedónia 83,84 48,92 57,20 27,69 26,64 21,23 8,14 3,98 0,64 0,44 7,50 3,54 Malta Moldávia 20,95 5,18 20,17 4,18 0,78 1,00 Eslovénia 52,22 51,07 0,00 0,00 52,22 51,07 Turquia 203,00 91,33 156,00 86,62 47,00 4,71 República Federativa da Jugoslávia 548,89 686,37 388,39 595,81 160,50 90,56 Estados da ex-Jugoslávia não especificados Europa — Não atribuída África — Total Norte do Sara — Total Argélia Egipto 0,00 51,59 0,00 0,03 0,00 51,56 51,66 9,79 51,66 9,79 0,00 0,00 2 038,11 2 261,32 1 730,97 1 947,83 307,14 313,49 319,07 246,80 302,74 229,61 16,33 17,19 79,37 23,64 63,04 6,45 16,33 17,19 1,79 88,16 1,79 88,16 0,00 0,00 122,42 60,80 122,42 60,80 0,00 0,00 Tunísia 91,60 74,19 91,60 74,19 0,00 0,00 Norte do Sara — Não atribuída 23,89 0,01 23,89 0,01 0,00 0,00 Marrocos Sul do Sara — Total 1 719,04 2 014,52 1 428,23 1 718,22 290,81 296,30 Angola 68,25 67,69 31,27 27,83 36,98 39,86 Benim 11,89 49,28 11,89 49,28 0,00 0,00 1,99 4,87 1,99 4,87 0,00 0,00 Burquina Faso 29,32 42,00 29,32 42,00 0,00 0,00 Burundi 20,73 70,60 0,73 56,26 20,00 14,34 Camarões 66,80 46,66 66,80 46,66 0,00 0,00 1,05 3,08 1,05 3,07 0,00 0,01 Botsuana Cabo Verde República Centro-Africana –1,47 17,42 –1,47 17,42 0,00 0,00 Chade 40,88 42,49 40,88 42,21 0,00 0,28 Comores 2,02 4,38 1,67 2,46 0,35 1,92 Congo, República Democrática 54,56 49,13 19,56 20,05 35,00 29,08 Congo, República –8,20 3,66 –8,20 2,49 0,00 1,17 0,57 7,62 0,57 7,62 0,00 0,00 Jibuti Guiné Equatorial 3,09 3,23 3,09 3,23 0,00 0,00 Eritreia 24,78 26,20 24,78 23,92 0,00 2,28 Etiópia 69,46 116,36 62,76 105,56 6,70 10,80 Gabão 16,35 20,32 16,35 19,99 0,00 0,33 Gâmbia 196 1 212,75 5,46 5,13 5,46 5,13 0,00 0,00 Gana 51,20 27,22 51,20 27,22 0,00 0,00 Guiné Equatorial 56,21 23,56 48,38 17,23 7,83 6,33 Quadros financeiros País/Região Total em milhões de euros Gerido pelo EuropeAid Gerido por outras DG Autorizações Pagamentos Autorizações Pagamentos Autorizações Pagamentos Guiné-Bissau 22,45 20,19 5,95 7,85 16,50 12,34 Costa do Marfim 14,06 91,13 12,52 89,89 1,54 1,24 Quénia 13,95 90,44 10,95 88,60 3,00 1,84 Lesoto 22,64 10,33 22,64 10,33 0,00 0,00 Libéria 24,94 9,85 24,94 9,85 0,00 0,00 Madagáscar 82,17 64,91 80,44 62,86 1,73 2,05 Malavi 43,70 78,39 43,70 78,39 0,00 0,00 Mali 58,90 45,63 58,90 45,63 0,00 0,00 119,44 130,32 33,44 44,16 86,00 86,16 Maurícia 5,41 9,25 5,20 9,03 0,21 0,22 Mayotte 0,45 1,51 0,45 1,51 0,00 0,00 Mauritânia Moçambique 67,76 72,55 65,76 69,04 2,00 3,51 Namíbia 16,51 21,44 16,51 21,40 0,00 0,04 Níger 13,91 44,43 13,91 44,08 0,00 0,35 Nigéria 66,96 26,72 66,96 26,72 0,00 0,00 Ruanda 2,89 50,51 2,89 50,36 0,00 0,15 –0,08 0,00 –0,08 0,00 0,00 0,00 2,07 5,74 1,75 5,42 0,32 0,32 Senegal 28,59 34,98 20,59 26,97 8,00 8,01 Seicheles 2,26 4,99 –0,04 0,93 2,30 4,06 14,87 45,56 3,87 33,66 11,00 11,90 5,56 27,86 3,86 22,54 1,70 5,32 133,18 110,78 133,18 110,78 0,00 0,00 21,81 25,44 4,81 9,49 17,00 15,95 0,77 12,89 0,77 12,89 0,00 0,00 166,41 113,73 134,26 88,45 32,15 25,28 1,64 5,41 1,64 5,41 0,00 0,00 Uganda 70,00 77,01 70,00 76,60 0,00 0,41 Zâmbia 59,61 58,04 59,61 57,91 0,00 0,13 Zimbabué 33,69 20,52 33,19 20,27 0,50 0,25 Sul do Sara — Não atribuída 87,58 73,07 87,58 62,70 0,00 10,37 656,90 424,61 613,12 387,89 43,78 36,72 373,01 248,60 349,14 227,48 23,87 21,12 Anguila –0,01 0,10 –0,01 0,10 0,00 0,00 Antígua e Barbuda –0,13 0,19 –0,13 0,19 0,00 0,00 Barbados 6,51 0,48 6,51 0,48 0,00 0,00 Belize 6,53 7,12 6,03 6,87 0,50 0,25 Santa Helena São Tomé e Príncipe Serra Leoa Somália África do Sul Sudão Suazilândia Tanzânia Togo América — Total Norte e Central — Total Costa Rica 9,60 1,41 9,60 1,41 0,00 0,00 Cuba 19,11 13,40 10,85 5,88 8,26 7,52 Dominica 11,86 5,99 11,86 5,99 0,00 0,00 República Dominicana 20,98 15,35 20,76 15,13 0,22 0,22 Salvador 55,32 17,75 45,32 10,60 10,00 7,15 Granada 0,50 0,37 0,50 0,37 0,00 0,00 Guatemala 29,67 22,63 28,90 22,43 0,77 0,20 Haiti 13,19 18,46 13,19 18,41 0,00 0,05 7,73 16,42 6,70 15,04 1,03 1,38 29,43 48,79 29,17 48,79 0,26 0,00 Honduras Jamaica 197 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica País/Região Gerido pelo EuropeAid Gerido por outras DG Autorizações Pagamentos Autorizações Pagamentos Autorizações Pagamentos México 4,85 4,58 3,05 3,62 1,80 0,96 Monserrate 0,00 0,19 0,00 0,19 0,00 0,00 45,07 34,85 44,04 33,73 1,03 1,12 9,32 3,32 9,32 3,32 0,00 0,00 Nicarágua Panamá São Cristóvão e Nevis 0,00 4,11 0,00 4,11 0,00 0,00 12,03 18,27 12,03 18,27 0,00 0,00 S. Vicente e Granadinas 6,38 4,13 6,38 4,13 0,00 0,00 Trindade e Tobago 0,41 1,06 0,41 1,06 0,00 0,00 Ilhas Turcas e Caicos 3,00 0,22 3,00 0,22 0,00 0,00 Santa Lúcia América do Norte e Central — Não atribuída Sul — Total 81,66 9,41 81,66 7,14 0,00 2,27 195,56 140,48 175,65 124,88 19,91 15,60 Argentina 1,15 8,69 1,15 8,69 0,00 0,00 Bolívia 9,75 29,83 8,68 29,14 1,07 0,69 Brasil 6,40 17,12 6,40 16,69 0,00 0,43 Chile 3,27 8,77 3,27 8,77 0,00 0,00 Colômbia 54,86 17,52 41,54 8,62 13,32 8,90 Equador 22,86 6,36 22,23 5,59 0,63 0,77 Guiana 21,36 10,16 21,36 10,12 0,00 0,04 Paraguai 2,23 8,94 1,25 8,31 0,98 0,63 Peru 13,04 23,88 9,40 21,32 3,64 2,56 Suriname 16,72 1,73 16,72 1,73 0,00 0,00 1,61 2,18 1,61 2,18 0,00 0,00 38,29 5,30 38,02 3,72 0,27 1,58 4,02 0,00 4,02 0,00 0,00 0,00 88,33 35,53 88,33 35,53 0,00 0,00 Ásia — Total 955,66 870,13 746,95 686,33 208,71 183,80 Médio Oriente — Total 188,09 182,90 155,31 157,57 32,78 25,33 2,65 1,73 2,65 1,73 0,00 0,00 Iraque 12,89 12,70 0,01 0,15 12,88 12,55 Jordânia 20,83 20,15 20,83 19,65 0,00 0,50 1,34 Uruguai Venezuela América do Sul — Não atribuída América — Não especificada Irão Líbano 5,83 9,69 5,83 8,35 0,00 86,58 123,41 68,57 114,81 18,01 8,60 8,11 6,40 8,11 5,94 0,00 0,46 Íemen 18,25 8,56 16,36 6,89 1,89 1,67 Médio Oriente — Não atribuída 32,95 0,26 32,95 0,05 0,00 0,21 Territórios sob administração palestiniana Síria Ásia do Sul e Central — Total 466,67 409,96 341,70 310,51 124,97 99,45 Afeganistão 86,01 51,13 29,43 16,95 56,58 34,18 Arménia 17,80 11,35 10,20 9,78 7,60 1,57 1,60 14,27 1,60 12,79 0,00 1,48 106,70 82,55 106,06 80,95 0,64 1,60 0,00 1,78 0,00 1,78 0,00 0,00 42,35 26,21 29,80 18,21 12,55 8,00 Azerbaijão Bangladeche Butão Geórgia Índia 198 Total em milhões de euros 110,85 83,98 95,06 67,77 15,79 16,21 Cazaquistão 14,40 4,92 14,40 4,92 0,00 0,00 Quirguizistão 19,30 12,55 19,30 12,37 0,00 0,18 Maldivas 0,00 0,06 0,00 0,06 0,00 0,00 Birmânia 3,98 4,29 1,99 2,75 1,99 1,54 Quadros financeiros País/Região Nepal Paquistão Sri Lanca Total em milhões de euros Gerido pelo EuropeAid Gerido por outras DG Autorizações Pagamentos Autorizações Pagamentos Autorizações Pagamentos 7,44 12,40 4,75 10,71 2,69 1,69 32,61 50,23 26,90 50,03 5,71 0,20 4,38 7,90 1,96 6,26 2,42 1,64 19,25 32,25 0,25 5,43 19,00 26,82 Turquemenistão 0,00 2,93 0,00 2,93 0,00 0,00 Usbequistão 0,00 6,82 0,00 6,82 0,00 0,00 Ásia do Sul e Central — Não atribuída 0,00 4,34 0,00 0,00 0,00 4,34 217,23 230,82 166,27 171,80 50,96 59,02 18,60 27,01 13,70 23,47 4,90 3,54 Tajiquistão Extremo Oriente — Total Camboja China 46,27 26,39 44,12 24,03 2,15 2,36 Timor-Leste 41,94 30,70 30,82 30,70 11,12 0,00 Indonésia 34,13 31,68 32,23 11,51 1,90 20,17 Coreia do Norte 43,55 45,04 20,18 21,44 23,37 23,60 Laos 1,66 9,24 1,66 9,11 0,00 0,13 Malásia 0,00 0,41 0,00 0,41 0,00 0,00 Mongólia 1,03 4,08 0,00 2,42 1,03 1,66 Filipinas 7,44 21,25 5,98 19,51 1,46 1,74 Tailândia 6,53 10,88 2,03 6,01 4,50 4,87 Vietname 15,66 23,73 15,13 23,19 0,53 0,54 0,42 0,41 0,42 0,00 0,00 0,41 Ásia — Não especificada Extremo Oriente — Não atribuída 83,67 46,45 83,67 46,45 0,00 0,00 Oceânia — Total 65,82 68,96 65,74 68,96 0,08 0,00 Ilhas Cook 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Ilhas Fiji 10,71 0,94 10,63 0,94 0,08 0,00 Quiribati 6,60 0,41 6,60 0,41 0,00 0,00 Ilhas Marshall 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Est. Fed. da Micronésia 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Nauru 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Niue 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Palau 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 –0,18 13,81 –0,18 13,81 0,00 0,00 Samoa 3,08 11,35 3,08 11,35 0,00 0,00 Ilhas Salomão 0,22 35,43 0,22 35,43 0,00 0,00 Tonga 6,25 0,24 6,25 0,24 0,00 0,00 Tuvalu 0,00 1,42 0,00 1,42 0,00 0,00 Vanuatu 2,96 4,96 2,96 4,96 0,00 0,00 3,92 0,00 3,92 0,00 0,00 0,00 32,26 0,40 32,26 0,40 0,00 0,00 Papuásia-Nova Guiné Wallis e Futuna Oceânia — Não atribuída 199 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica País/Região Gerido pelo EuropeAid Gerido por outras DG Autorizações Pagamentos Autorizações Pagamentos Autorizações Pagamentos PMD — Não especificada 857,53 578,07 704,46 433,86 153,07 144,21 Ajuda multilateral 207,25 495,96 207,25 495,96 0,00 0,00 UNRWA 57,25 54,58 57,25 54,58 0,00 0,00 PAM 90,00 91,38 90,00 91,38 0,00 0,00 PPAE 0,00 350,00 0,00 350,00 0,00 0,00 GHF 60,00 0,00 60,00 0,00 0,00 0,00 5 994,02 5 891,76 4 975,85 4 969,83 1 018,17 921,93 Parte I (APD) — Total 200 Total em milhões de euros Quadros financeiros País/Região Total em milhões de euros Gerido pelo EuropeAid Gerido por outras DG Autorizações Pagamentos Autorizações Pagamentos Autorizações Pagamentos Parte II — Países e territórios em transição — Ajuda pública (AP) Países em desenvolvimento mais avançados Aruba Baamas 42,59 47,22 11,84 17,26 30,75 29,96 0,50 0,29 0,50 0,29 0,00 0,00 –1,03 0,84 –1,03 0,84 0,00 0,00 Bermudas 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Brunei 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Ilhas Caimão 0,10 0,00 0,10 0,00 0,00 0,00 Taiwan 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Chipre 18,80 3,58 0,00 0,00 18,80 3,58 Malvinas Polinésia Francesa 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 –0,01 6,16 –0,01 6,16 0,00 0,00 Gibraltar 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Hong Kong, China 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 15,01 29,91 3,06 3,53 11,95 26,38 Coreia do Norte 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Koweit 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Líbia 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Macau 0,00 0,10 0,00 0,10 0,00 0,00 –0,20 4,84 –0,20 4,84 0,00 0,00 Nova Caledónia 9,46 0,27 9,46 0,27 0,00 0,00 Marianas do Norte 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Catar 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Singapura 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Israel Antilhas Neerlandesas Emirados Árabes Unidos 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 –0,04 1,23 –0,04 1,23 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 3 692,30 1 761,18 389,94 369,31 3.302,36 1 391,87 1,12 3,57 0,92 3,38 0,20 0,19 Bulgária 348,45 155,27 1,07 0,13 347,38 155,14 República Checa 178,06 89,33 0,38 0,70 177,68 88,63 Ilhas Virgens Britânicas PTDMA — Não atribuída PECO/NEI Bielorrússia Estónia 70,15 30,53 0,00 0,09 70,15 30,44 Hungria 242,18 185,90 0,53 0,00 241,65 185,90 Letónia 117,14 53,76 0,00 0,00 117,14 53,76 Lituânia 186,10 68,33 0,00 0,16 186,10 68,17 Polónia 1 049,82 315,85 0,28 0,04 1 049,54 315,81 Roménia 691,91 243,89 0,00 0,80 691,91 243,09 Rússia 152,65 109,37 112,30 84,84 40,35 24,53 República Eslovaca 148,58 66,17 0,00 0,13 148,58 66,04 Ucrânia 109,83 108,70 108,91 107,31 0,92 1,39 136,07 PECO — Não atribuída 230,56 136,07 0,00 0,00 230,56 NEI — Não atribuída 165,12 178,76 164,92 171,73 0,20 7,03 0,63 15,68 0,63 0,00 0,00 15,68 Parte II (AP) — Total 3 734,89 1 808,40 401,78 386,57 3 333,11 1 421,83 Total geral partes I e II (APD+AP) 9 728,91 7 700,16 5 377,63 5 356,40 4 351,28 2 343,76 PECO/NEI — Não atribuída 201 12. Anexos © CE Estas páginas cobrem uma série de actividades empreendidas em 2001, no contexto da reforma da CE descrita no capítulo 1. O primeiro ponto fornece informações sobre a evolução do processo de harmonização dos procedimentos contratuais e financeiros. O segundo fornece uma panorâmica do atraso financeiro em 31 de Dezembro de 2000 e dos progressos na recuperação deste atraso. Os pontos seguintes abordam outras actividades importantes relacionadas com a reforma, como, por exemplo, as auditorias, a Unidade de Inovação da EuropeAid, as relações da CE com outros importantes doadores internacionais e as medidas tomadas para aumentar a transparência e a visibilidade. Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica 12.1. Harmonização dos procedimentos contratuais e financeiros Em 2001, verificou-se uma nova evolução significativa no que diz respeito à harmonização dos procedimentos contratuais e financeiros. O Serviço de Cooperação EuropeAid aplicou o Guia prático para os procedimentos contratuais no âmbito da ajuda externa da CE nos programas de cooperação e em vários países beneficiários, dentro da sua área de competências. Para tal, foi necessário realizar sessões de formação em Bruxelas e nas delegações da Comissão (ver dados infra). O Guia explica, nomeadamente, de que forma a gestão dos projectos nos países beneficiários deve ser transferida no contexto da desconcentração. O Guia Financeiro do Serviço de Cooperação EuropeAid, aplicável às acções externas financiadas a partir do orçamento geral das Comunidades Europeias, e a versão actualizada do Guia Financeiro aplicável às acções financiadas pelo 7.º e 8.º FED ficaram concluídos em Dezembro de 2001. Estes guias, que podem ser consultados na Intranet do EuropeAid, explicam e documentam os procedimentos financeiros vigentes. São pormenorizadamente descritos os novos circuitos financeiros para autorizações, contratos, pagamentos, recuperações e encerramento de autorizações relativas às acções financiadas a partir do orçamento geral, que foram definidos e aprovados pela direcção do serviço em Junho e Novembro de 2001. Por último, ambos os guias têm em conta a nova divisão de deveres, poderes e responsabilidades entre a sede e as delegações, no âmbito do processo de desconcentração. Em 8 de Novembro de 2001, a Comissão e o Banco Mundial assinaram um acordo-quadro para efeitos da criação de um fundo fiduciário e de co-financiamento. Este acordo-quadro inclui modelos de contratos, a utilizar sempre que a Comissão contribua para fundos fiduciários constituídos por um único ou por vários doadores. A cooperação entre a Comissão e o Banco Mundial será, a partir de agora, mais regular. O Serviço de Cooperação EuropeAid assinou igualmente, em nome da Comissão, um acordo com a ONU relativo às regras de aplicação do acordo sobre a cláusula de verificação de 1994. Durante muito tempo, esta questão dificultou as relações entre a CE e a ONU. Graças a este acordo, as partes encetaram uma profunda revisão do acordo-quadro CE-ONU de 1999, com vista a adaptá-lo à sólida parceria que pretendem construir. FORMAÇÃO Em 2001, o Serviço de Cooperação EuropeAid desenvolveu as seguintes actividades de formação específica: ❿ Guia prático para os procedimentos contratuais no âmbito da ajuda externa da CE; ❿ Bruxelas: oito sessões para um total de 260 pessoas; ❿ Delegações: três missões num total de 124 pessoas; 204 ❿ Execução financeira; ❿ Bruxelas: quatro sessões para um total de 100 pessoas. OUTROS DADOS Em 2001, o Serviço de Cooperação executou (orçamento e FED): EuropeAid ❿ mais de 26 000 pagamentos, num total de 5 200 milhões de euros; ❿ mais de 1 600 autorizações, num total de 5 600 milhões de euros . Dados relativos ao sítio web do Serviço de Cooperação EuropeAid em 2001: ❿ em 2001, na rubrica «Tenders & Grants» (concursos e subvenções), foram publicados 3 270 documentos (891 anúncios de concursos ou convites à apresentação de propostas); ❿ mais de 4 milhões de visitas mensais; ❿ mais de 700 000 páginas html descarregadas por mês. 12.2. Ajuda externa e pagamentos em atraso (RAL) «RAL» são os montantes autorizados que ainda não foram pagos. A abreviatura decorre da expressão francesa «reste à liquider», isto é, «ainda por pagar». Constitui a soma dos montantes autorizados nos exercícios orçamentais anteriores, subtraída dos montantes pagos ou anulados. A existência de RAL é resultado dos conceitos orçamentais consagrados no Regulamento Financeiro, cujo n.º 4 do artigo 1.º prevê dois tipos de dotações para acções cuja execução se prolonga por mais do que um exercício orçamental: ❿ dotações para autorizações, que fixam limites anuais para as autorizações a terceiros, ❿ dotações para pagamentos, que se destinam a cobrir os pagamentos a efectuar a terceiros durante um dado exercício. Uma parte do RAL é legítima, na medida em que as autorizações são efectuadas prevendo pagamentos a realizar no futuro. A Comissão utiliza os termos «velhas» e «pendentes» para descrever as autorizações cujo pagamento está, efectivamente, atrasado. As autorizações velhas são autorizações com mais de cinco anos, enquanto as autorizações pendentes são autorizações em relação às quais nada foi feito nos últimos dois anos. A redução do RAL era já uma prioridade antes da criação do Serviço de Cooperação EuropeAid. Todas as autorizações velhas e pendentes estão a ser revistas, Anexos processo que se prolongou ao longo de todo o ano de 2001, ao mesmo tempo que está a ser acompanhado o seu nível na carteira geral. Considerando as autorizações anuladas (219) e as autorizações já analisadas ou em análise (283), foram tomadas medidas em relação a 96% das autorizações de 1995 acrescentadas ao exercício de análise em 2001. 12.2.1. Autorizações velhas Em 2001, as autorizações de 1995 vieram acrescentar-se às autorizações velhas. 12.2.1.3. Perspectivas para as autorizações ainda em aberto (anteriores a 1995 e de 1995) 12.2.1.1. Anteriores a 1995 ❿ Em Novembro de 1999, foi feito um primeiro inventário das rubricas orçamentais que cobrem a assistência externa, no capítulo IV do orçamento (que abrange a Ásia, a América Latina, os países mediterrânicos, os Balcãs e a Europa Central e Oriental). ❿ O RAL diminuiu em 60%, de 1 092,34 milhões de euros para 429,7 milhões de euros. Esta redução resulta tanto de pagamentos efectuados (301,85 milhões de euros) como de anulações (360,80 milhões de euros). O número de autorizações orçamentais com saldos por liquidar diminuiu em 67%, de 1 662 para 548. Desde o inventário inicial, foram encerradas no sistema contabilístico 1 114 autorizações orçamentais anteriores a 1995 (no final de 2001, não havia saldos por liquidar), em consequência do seu pagamento integral e/ou da sua anulação; o respectivo RAL era, no ponto de referência inicial, de 251 milhões de euros. ❿ Tendo em conta as autorizações já anuladas (1 114) e as já analisadas ou em processo de análise (536), no final de 2001 haviam sido tomadas medidas relativamente a 99,2% das autorizações velhas a examinar inicialmente. 12.2.1.2. Ano de 1995 Em 2001, foram adicionadas ao sistema de análise sistemática as autorizações de 1995. Durante o ano passado: ❿ o volume financeiro do RAL diminuiu 31%, de 656,8 milhões de euros para 456 milhões de euros; ❿ o número de autorizações orçamentais com saldos por liquidar diminuiu em 42%, de 524 para 305. Em 2001, foram encerradas no sistema contabilístico 219 autorizações orçamentais de 1995 (no final de 2001, não havia saldos por liquidar), em consequência do seu pagamento integral e/ou da sua anulação; o respectivo RAL era, no início de 2001, de 43,3 milhões de euros. A redução do RAL relativo ao exercício orçamental de 1995 em 200,8 milhões de euros decorre tanto de pagamentos (106,3 milhões de euros) como de anulações (94,59 milhões de euros). CONSIDERADAS EM CURSO ❿ De acordo com os dados comunicados, 97 autorizações orçamentais anteriores a 1995 estão relacionadas com projectos em curso, com obrigações subjacentes juridicamente vinculativas. Estas autorizações representam 313,23 milhões de euros, ou seja, 73% do RAL no final do ano. 39 autorizações, num montante de 131 milhões de euros, deverão ser objecto de prorrogações; a quase totalidade destas autorizações prende-se com intervenções na Ásia e no Mediterrâneo. As decisões de prorrogação foram tomadas numa base casuística. Alguns projectos sofreram importantes atrasos iniciais, mas estão agora a avançar, a fim de corresponder às expectativas suscitadas nos países parceiros. Alguns voltaram a ser lançados com base em novas análises. ❿ Em relação a 1995, a proporção de RAL ainda em aberto permanece elevada: 87 autorizações, que correspondem a um RAL de 352 milhões de euros (77%). PROCESSOS A ENCERRAR A maior parte das autorizações anteriores a 1995 (que representam apenas uma pequena proporção do RAL) foi considerada não respeitante a projectos em curso e está a ser encerrada. O mesmo se aplica às de 1995 (180 autorizações, para um RAL de 82,6 milhões de euros), devendo ser encerrados os processos relativos a 449 autorizações anteriores a 1996. No primeiro semestre de 2002, será conferida prioridade a esta tarefa. Algumas destas autorizações, no valor de um milhão de euros (63 autorizações anteriores a 1995 e 8 de 1995), foram já anuladas. 12.2.1.4. Evolução das autorizações velhas 1999-2001 O quadro seguinte apresenta a evolução, nos últimos dois anos, das autorizações pendentes que serão consideradas «velhas» em 2002. O quadro coloca em evidência os esforços persistentes dos serviços responsáveis pela gestão no sentido de encerrar um número importante de autorizações, mesmo antes da sua entrada na categoria de «velhas», no âmbito dos procedimentos normais de gestão. 205 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica Só EuropeAid Anterior a 1995 N.º de autorizações RAL (milhões) de euros 23 Nov. 1999 1 663 31 dez. 1999 1 497 1 092,65 1 015,44 31 dez. 2000 31 dez. 2001 841 548 741,02 429,7 Exercício N.º de orçamental autorizações de 1995 RAL (milhões de euros ) 761 524 305 936,74 656,87 455,98 Exercício N.º de orçamental autorizações de 1996 RAL (milhões de euros ) 1 109 776 509 1 249,23 928,25 685,98 Total velhas N.º de autorizações RAL (milhões de euros) 1 663 1 497 1 365 1 362 1 092,65 1 015,44 1 397,89 1 571,66 (+37%) (+12%) 12.2.2. Autorizações pendentes Os dados finais relativos a 2001 revelam a existência de um total de 1 482 autorizações orçamentais pendentes no sistema contabilístico, que correspondem a um montante pendente de 1 319 milhões de euros, o que constitui um progresso em relação à situação no final de 2000 (diminuição de 15% no RAL e diminuição de 20% no número total de autorizações pendentes). A ligeira deterioração observada no final de 2000 foi, pois, contrariada, como se pode inferir do quadro seguinte, que mostra a evolução no período 19992001. Pendentes Final de 1999 Final de 2000 Final de 2001 Número de autorizações 2 223 1 932 1 482 Não «velhas» 1 180 1 055 735 RAL total (em milhões de euros) 1 537 1 558 1 319 Não «velhas» 1 314 1 350 1 029 NB: «Não velhas» para 1999 = 1995, 1996 e 1997; para 2000 = 1996, 1997 e 1998; para 2001 = 1997, 1998 e 1999. Importa notar que o número de autorizações não é igual ao do início de 2001: grande parte das autorizações então em aberto deixaram de estar pendentes. Entretanto, novas autorizações entraram nesta categoria. Na realidade, se considerarmos apenas a evolução das autorizações pendentes no início de 2001, verificamos que se registou uma diminuição substancial: 815 milhões de euros. Contudo, esta redução foi parcialmente anulada pela adição de autorizações do exercício orçamental de 1999 que ainda não foram movimentadas: 576 milhões de euros. Deste modo, a redução líquida do RAL das autorizações pendentes no final de 2001 foi de 239 milhões de euros. 206 Se analisarmos as autorizações pendentes por exercício orçamental de origem, o modelo anteriormente descrito não se altera substancialmente: a maior parte dos montantes por liquidar (78% em 2001) e metade do número total de autorizações pendentes é dos últimos exercícios (1997, 1998 e 1999). Se analisarmos a distribuição pelo critério de pagamento (pagamentos já efectuados ou não), uma outra característica anteriormente identificada permanece essencialmente inalterada: a maior parte dos montantes pendentes por liquidar (RAL) diz respeito a autorizações em relação às quais não foi efectuado qualquer pagamento, a saber, em relação a 20% das autorizações orçamentais pendentes, que representam 80% do RAL pendente (um ano antes esta proporção era, respectivamente, de 19% e 81%), não foi efectuado qualquer pagamento. Dado que a proporção se manteve inalterada, o montante total de RAL pendente respeitante a autorizações em relação às quais não foi efectuado qualquer pagamento diminuiu, como previsível, proporcionalmente à diminuição global, de 1 256 para 1 061 milhões de euros, valor que é ainda demasiado elevado. Como é evidente, o objectivo último consiste em acabar com as autorizações pendentes em relação às quais não foram efectuados quaisquer pagamentos, o que, na prática, significa que é necessário iniciar os projectos no terreno menos de dois anos após a autorização dos financiamentos, excepto em casos de efectiva força maior. A análise por regiões apresenta resultados mais ou menos idênticos aos do ano passado: o capítulo orçamental B7-4 (Mediterrâneo) representa metade do montante total das autorizações pendentes e 55% do RAL pendente respeitante a autorizações em relação às quais não foi efectuado qualquer pagamento. Um grupo de quatro importantes programas (cooperação com o Mediterrâneo, a Ásia e a América Latina, e a ajuda alimentar) é responsável por 90% do RAL pendente total e por 84% da parte respeitante a autorizações em relação às quais não foi efectuado qualquer pagamento. Comparando os dados do final de 2000 com os de 2001, verifica-se que as rubricas relativas à cooperação com a Ásia foram aquelas cujo RAL pendente mais diminuiu: - 59%. Em relação ao capítulo do Mediterrâneo, impõe-se uma explicação: o montante total da rubrica B7-4 aumentou de 576 para 667 milhões de euros, devido a um aumento significativo das autorizações relativas à Turquia inscritas na rubrica orçamental MEDA, gerida pela DG Alargamento, em consequência da inclusão do exercício orçamental de 1999. Se se excluírem estas autorizações relativas à Turquia, verifica-se uma diminuição, ainda que pouco significativa: de 519 para 508 milhões de euros. Também o capítulo B7-6 requer uma análise por rubrica orçamental: a rubrica ambiente e florestas tropicais (B7-6200) é responsável por uma parte significativa do RAL, 61,7 milhões de euros num total de 104 milhões de euros (60% do RAL e um quarto das autorizações pendentes). O que é mais significativo é que a percentagem em termos de autorizações em relação às quais não foi efectuado qualquer pagamento é ainda mais elevada: 79% dos montantes provêm desta rubrica. O nível de autorizações em relação às quais não foi efectuado qualquer pagamento da rubrica B7-6200 (43,7 milhões de euros) é o mais elevado de todas as rubricas e capítulos orçamentais relativamente ao nível de dotações para autorizações (em 2001 e 2002), sendo superior ao montante de novas dotações de cada exercício (40 milhões de euros), o que comprova as dificuldades de execução. Anexos A análise das autorizações orçamentais pendentes desta rubrica orçamental levada a cabo em 2001 revelou terem sido tomadas decisões de financiamento mal preparadas: projectos não suficientemente bem definidos, a requerer trabalho de concepção após a decisão e, portanto, ainda longe da fase de adjudicação. O deficiente acompanhamento da carteira para execução traduziu-se, igualmente, numa acumulação de projectos parados antes da fase de adjudicação, com a correspondente acumulação de autorizações orçamentais pendentes. À análise da totalidade das autorizações pendentes efectuada em 2001 seguir-se-á, em 2002, a anulação de um número significativo de autorizações relativas a projectos pendentes não iniciados, em especial de 1996, 1997 e 1998. As medidas de gestão sistémicas empreendidas em 2001 têm em vista assegurar a maturidade dos projectos apresentados à Comissão para decisão, ou seja, que as autorizações dizem respeito a projectos já tecnicamente avançados e susceptíveis de adjudicação no prazo de um ano a contar da decisão. Ademais, em 2001, e pela primeira vez, foi lançado um convite formal à apresentação de propostas com documentos de candidatura normalizados e com critérios de selecção que visavam assegurar a obtenção de propostas relativas a projectos amadurecidos. Um primeiro grupo de projectos seleccionados foi financiado com dotações do orçamento de 2001, enquanto um segundo grupo será financiado com dotações de 2002. 12.2.3. Evolução do RAL «anormal» (pendente + velho) Considera-se que o RAL «anormal» abrange as autorizações «velhas» e as autorizações «pendentes». A percentagem de RAL «anormal» (velho + pendente não incluído no velho) era de 23% no início de 2000, tendo diminuído para 21%, após a inclusão de 1996 na categoria de autorizações velhas e excluindo a carteira MEDA para a Turquia, que não é gerida pelo Serviço de Cooperação EuropeAid. Se incluirmos esta última, a percentagem sobe para 22% (devido ao alto nível de autorizações pendentes relativas à Turquia). Importa notar que, relativamente à carteira gerida pelo EuropeAid, ambas as percentagens desceram: a do RAL total (com um ligeiro aumento em termos absolutos) e a do RAL «anormal», em que se verificou uma diminuição muito significativa das autorizações pendentes. Atendendo a ambos os factores, este resultado deve ser considerado um importante progresso (uma diminuição da percentagem em resultado de um aumento do RAL total não constituiria, necessariamente, um progresso). Em termos de número de autorizações, o rácio piorou (de 34% para 36% das autorizações nas categorias «velha» ou «pendente»). Uma vez mais, há que analisar a evolução de cada uma das partes do rácio. Na realidade, o número total de autorizações velhas ou pendentes diminuiu significativamente (14%), mesmo tendo em conta a inclusão das autorizações do exercício orçamental de 1996 na categoria de velhas. Todavia, o número total de autorizações diminuiu abruptamente, devido, em parte, a encerramentos, mas também à introdução, em 2001, de um novo conceito de pré-autorização (autorização genérica) no sistema contabilístico Sincom2, muito utilizado nas intervenções externas. Só as pré-autorizações e as autorizações individuais são consideradas (sendo excluídas as autorizações secundárias sobre pré-autorizações). 12.2.4. O esforço de encerramento e de anulação Em 2001, as anulações na carteira gerida pelo EuropeAid ascenderam a 591 milhões de euros, em resultado não apenas do encerramento de processos antigos, mas também do esforço geral de análise da totalidade das autorizações em aberto. Nestas anulações, as autorizações velhas anteriores a 1996 representaram 290,78 milhões de euros (196,18 anteriores a 1995 e 94,59 de 1995), o que representa cerca de metade do montante total anulado em 2001. As anulações de montantes financeiros podem decorrer de anulações parciais ou do encerramento de autorizações cujos saldos foram completamente anulados. As autorizações totalmente pagas e/ou anuladas durante o ano, sem saldos a liquidar (RAL zero) e não transitadas para o exercício financeiro seguinte, reflectem bem o esforço de encerramento. 12.2.5. Conclusões RESULTADOS E OBSERVAÇÕES DE CARÁCTER GERAL Após dois anos de trabalho ininterrupto das unidades financeiras operacionais em torno das autorizações velhas, o atraso acumulado nas operações de encerramento foi significativamente reduzido. Quanto às autorizações pendentes, estas têm vindo a ser reduzidas de ano para ano em relação a 1999 (com um ligeiro aumento em 2000) e, se se considerar apenas a carteira do EuropeAid, o seu nível actual é inferior a mil milhões de euros pendentes. A ligeira deterioração observada no ano passado foi ultrapassada. Em relação a ambas, registaram-se progressos quantitativos e importantes, tanto em termos de valores como de sensibilização para a necessidade de acompanhar as autorizações orçamentais em aberto e para o facto de estas autorizações não se poderem multiplicar indefinidamente. Em termos mais gerais, há que continuar a procurar resolver, em paralelo, os factores sistémicos que permitiram a acumulação de tão considerável atraso ao longo dos anos. É possível identificar três factores igualmente importantes: a ausência de um sistema informático comum de informação que seja fiável e abranja todos os aspectos do ciclo dos projectos e das decisões de gestão conexas, uma significativa falta de recursos humanos para gerir um número crescente de projectos e a pouca importância atribuída no passado pela hierarquia à gestão integral dos projectos (o lançamento de novas iniciativas era frequentemente considerado uma tarefa mais nobre do que a de asse- 207 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica gurar o êxito das iniciativas em curso). Estes factores são agravados pelo facto de se tratar de uma organização com um elevado grau de descentralização geográfica e operacional, que torna premente a necessidade de sistemas de informação informatizados. As autorizações pendentes, as mais importantes em termos de volume financeiro, como já foi referido, são autorizações em relação às quais não foi efectuado qualquer pagamento e que se inscrevem no âmbito dos principais programas de cooperação geográficos. Para solucionar este problema, é necessário reduzir o tempo que medeia entre a decisão, a autorização orçamental, a assinatura dos acordos de financiamento, a celebração de contratos e o pagamento. A demora na assinatura dos acordos de financiamento, na celebração do contrato de co-direcção técnica e na criação da estrutura de gestão conjunta com o país beneficiário parece ser um dos pontos críticos do processo, na medida em que estes actos são posteriores à autorização orçamental. Em relação à assistência técnica, os cadernos de encargos devem ser elaborados em paralelo com a decisão financeira interna da Comissão, a fim de acelerar o processo. Importa igualmente reflectir acerca da real necessidade ou eficácia de reconstruir sistematicamente esta estrutura e considerar a possibilidade de apostar mais na capacidade local, tanto das delegações desconcentradas como das administrações dos beneficiários, isoladamente ou apoiadas na ajuda externa. Sobre este aspecto, a alteração do Regulamento Financeiro e o prazo «n+3» imposto para a celebração dos contratos, a contar da autorização orçamental, constituem um progresso importante, com efeitos no futuro próximo. Com efeito, esta medida irá implicar alterações importantes no âmbito e na planificação dos projectos. Os principais programas terão de ser concebidos por etapas, eventualmente com projectos sucessivos, de prazo mais curto e faseados, com elementos materialmente autónomos e financeiramente controláveis, inscritos numa programação coerente a médio prazo. 12.3. Avaliação 12.3.1. Conclusões das avaliações de 2001 Direitos humanos, boa governação e democracia: estas avaliações revelaram que há ainda algum caminho a percorrer até os direitos humanos serem considerados, a todos os níveis da Comissão, uma verdadeira questão horizontal, com um objectivo comum e uma política uniforme em todos os programas de cooperação e em todas as relações políticas. É evidente a necessidade de a Comissão definir mais claramente as fronteiras dos direitos humanos, da democracia e da boa governação, e de velar por que a missão das diferentes unidades que, na Comissão, estão ligadas aos direitos humanos seja mais bem compreendida. É igualmente necessário limitar as prio- 208 (1) COM(2001) 252 final, de 8 de Maio de 2001. ridades das rubricas orçamentais consagradas aos direitos humanos, a fim de assegurar que, sempre que sejam identificados objectivos para uma intervenção, existam recursos suficientes para a realizar. Para tal, pode ser conveniente estabelecer objectivos regionais e por país e reforçar a complementaridade com os Estados-Membros, ONG e outras entidades. A Comissão teve em conta parte destas conclusões na sua comunicação de 8 de Maio de 2001 (1). Cooperação económica: as intervenções da CE neste domínio caracterizaram-se pela sua grande diversidade, reflectindo conceitos e abordagens muito diferentes. Em termos genéricos, é possível identificar duas categorias: a primeira inclui programas concentrados em criar condições favoráveis ao sector privado nas disposições institucionais, legislativas e orçamentais, bem como infra-estruturas financeiras e materiais; a segunda inclui o apoio directo ou indirecto aos investimentos do sector privado ou ao arranque de empresas. Os estudos concluíram, inter alia, que tanto o teor como o conceito de cooperação económica evoluíram ao longo do tempo, que a sua execução foi sendo alterada ao longo do tempo e em função da região geográfica, e que a escolha dos diferentes instrumentos era irregular e deficientemente articulada. Os estudos reafirmam ainda a importância da criação de condições favoráveis ao desenvolvimento do sector privado. Estão em curso novos estudos sobre a cooperação económica. Redução da pobreza: a pobreza está definida como a falta de rendimentos e de recursos financeiros, mas a sua definição inclui também a noção de vulnerabilidade e factores como a falta de acesso ao abastecimento em produtos alimentares, à educação e a outros serviços básicos. O crescimento sustentado não é, por si só, suficiente. Embora este programa esteja ainda a ser executado, as principais conclusões das três avaliações realizadas em 2001 são as seguintes: ❿ o co-financiamento com as ONG conferiu uma nova e eficaz dimensão à política de desenvolvimento da CE, embora a rubrica orçamental abrangesse uma gama demasiado vasta de acções para permitir uma concentração consistente nas actividades de luta contra a pobreza (esta avaliação tem sido utilizada para um novo diálogo com as ONG); ❿ embora a ajuda alimentar e a política de segurança alimentar europeias tenham registado um importante salto qualitativo em termos de política, a sua execução no terreno não correspondeu, devido, em parte, a uma insuficiente capacidade de gestão (esta avaliação foi utilizada na recente comunicação da Comissão ao Conselho e ao Parlamento Europeu sobre este tema); ❿ embora o apoio à educação nos países ACP tenha registado importantes progressos, não houve um esforço dinâmico para associar directamente o apoio à educação às estratégias de redução da pobreza. Avaliações das estratégias por país: muito embora seja necessária prudência ao extrairmos conclusões dos Anexos Avaliações concluídas em 2001 1. Actividades de avaliação no domínio dos direitos humanos, boa governação e democracia 1.1. Avaliação de acções positivas DHD nos Estados ACP 1995-99 1.2. Avaliação de programas conjuntos CE/Conselho da Europa 1995-2001 1.3. Avaliação de acções de educação de eleitores 1992-2000 1.4. Relatório de síntese sobre direitos humanos, boa governação e democracia 2. Actividades de avaliação da cooperação económica 2.1. Avaliação da assistência financeira aos países mediterrânicos, gerida pelo Banco Europeu de Investimento (BEI), em nome da CE 2.2. Avaliação da cooperação económica entre a CE e Estados parceiros da América Latina e da Ásia (ALA) 2.3. Facilidade de reestruturação de empresas Tacis (TERF) — Federação da Rússia 2.4. Iniciativa transfronteiras (CBI) 3. Avaliações relacionadas com a redução da pobreza 3.1. Avaliação da política de segurança da ajuda alimentar, da gestão da ajuda alimentar e dos programas de apoio à segurança alimentar 3.2. Avaliação das acções de co-financiamento com organizações não governamentais (ONG) europeias da área do desenvolvimento 3.3. Avaliação da ajuda da CE ao sector da educação nos países ACP 4. Avaliações da programação regional ou por país criação do grupo interserviços de apoio à qualidade e a introdução dos documentos de estratégia por país deu resposta); em segundo lugar, a criação de vínculos e de comunicações mais fortes e mais consistentes, quer entre os diferentes níveis dos serviços em Bruxelas, quer entre estes serviços e as delegações, a fim de assegurar uma definição de objectivos mais coerente. Mais especificamente, os estudos concluíram que: ❿ a qualidade das análises políticas e socioeconómicas das situações dos países em que se baseiam os documentos de estratégia e de programação tem sido variável. Mesmo quando são de boa qualidade, estas análises nem sempre são devidamente tidas em conta na documentação de programação; ❿ embora a Comissão estivesse frequentemente bem colocada para assistir o reforço das capacidades das instituições governamentais e da sociedade civil locais, estas oportunidades foram, demasiadas vezes, desperdiçadas; ❿ em casos em que a redução da pobreza constituía uma prioridade absoluta, os programas locais nem sempre a reflectiam; ❿ as delegações foram inúmeras vezes confrontadas com procedimentos administrativos excessivamente pesados e demasiadas solicitações; ❿ as abordagens sectoriais funcionaram melhor do que as abordagens por projectos sempre que a Comissão foi suficientemente flexível para abandonar rapidamente sectores em que se verificou que o impacto da assistência era limitado e dificilmente aumentaria. A Comissão assumiu, frequentemente, a liderança da coordenação entre doadores, em especial com os Estados-Membros, embora seja necessário melhorar os procedimentos de consulta com as instituições de Bretton Woods, com vista à redução das sobreposições, ao reforço da complementaridade e à melhoria da coordenação do apoio orçamental. 4.1. Albânia 4.2. Antiga República jugoslava da Macedónia 4.3. Moldávia 4.4. Burquina Faso 4.5. Namíbia 4.6. Uganda 4.7. Avaliação da cooperação regional entre os PALOP (países africanos de língua oficial portuguesa) financiada pelo FED. poucos estudos realizados sobre o período 1996-2000, podemos constatar, através desses estudos, uma variação no desempenho dos programas locais da Comissão, que aponta para duas necessidades: em primeiro lugar, uma maior harmonização dos processos estratégicos e de programação (a que a 12.3.2. Prioridades destacadas pelas avaliações de 2001 Globalmente, os resultados dos estudos são encorajadores. Contudo, destes resultados ressalta claramente a necessidade de uma maior concentração: ❿ nos objectivos, deixando em aberto a possibilidade de a Comissão e o país parceiro adoptarem o instrumento ou a combinação de instrumentos mais adequados; ❿ na flexibilidade de financiamento, dado ser muito importante que as intervenções da UE não dependam de uma única rubrica orçamental consagrada a um tipo de acção; ❿ na simplificação dos procedimentos administrativos inerentes à execução das intervenções da UE, que, no período analisado, eram demasiado pesados e obviavam à eficácia da acção. 209 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica 12.3.3. Avaliações em 2002 e nos anos seguintes A estratégia de avaliação para o período 2002-2006 (1) e o programa de trabalho para 2002 foram aprovados pela Direcção do Serviço de Cooperação EuropeAid na sua reunião de Novembro. A estratégia combina diversas perspectivas de avaliação: uma abordagem geográfica (países e regiões), uma abordagem sectorial ou temática, instrumentos financeiros e requisitos regulamentares. Todas estas abordagens são necessárias para fornecer aos gestores pontos de referência ou bases práticas que lhes permitam definir com maior rigor os sectores prioritários de desenvolvimento. Além disso, a Comissão pode utilizá-las para ter em conta os seus pontos fortes e fracos em cada sector, em relação com outros doadores e como um meio para seleccionar os melhores instrumentos ou canais para encaminhar a ajuda, em função do contexto e dos resultados pretendidos. Como é evidente, a direcção pode sempre requerer avaliações ad hoc, como forma de responder a necessidades ou a emergências. Em 2001 foi introduzido um novo sistema de acompanhamento universal orientado para os resultados (ver capítulo 10), com a assistência temporária da Unidade de Avaliação. Este sistema irá aumentar consideravelmente o fluxo de informação de gestão e contribuir para melhorar a orientação e a qualidade das avaliações. Aumentar a qualidade e a utilidade das avaliações DIVULGAÇÃO E REACÇÕES ❿ As principais conclusões das avaliações têm sido regularmente transmitidas à direcção do Serviço de Cooperação EuropeAid. ❿ A última fase da maior parte das avaliações é constituída por um seminário, em que as principais conclusões e recomendações são apresentadas aos serviços interessados, aos gestores e a outros especialistas. Nalguns casos, os relatórios de avaliação são discutidos, nos fóruns adequados, com representantes dos Estados-Membros. ❿ O grupo interserviços de apoio à qualidade foi incumbido de, gradualmente, harmonizar e melhorar a qualidade do trabalho de programação, incluindo a tomada em consideração das conclusões pertinentes das avaliações. O chefe da Unidade de Avaliação participa nos trabalhos do grupo interserviços de apoio à qualidade e está em condições de apreciar em que medida os ensinamentos extraídos das avaliações são tomados em consideração. 210 ❿ O reforço da «fiche contradictoire». Esta ficha descritiva enuncia as recomendações e as conclusões da avaliação a par das reacções dos serviços interessados (numa segunda coluna) e destina-se a informar os comissários das alterações acordadas ou dos motivos por que certas recomendações não foram aceites. Na sua reunião de Novembro de 2001, a direcção acordou em acrescentar uma terceira coluna a esta ficha, a fim de indicar em que medida as recomendações aceites foram seguidas. ❿ O texto integral de todos os relatórios de avaliação encomendados pela Unidade de Avaliação consta da secção «avaliação» do sítio web do Serviço de Cooperação EuropeAid (2). O serviço mantém ainda uma base de dados de que constam os relatórios de avaliação de projectos individuais financiados pela Comissão. As avaliações são efectuadas por consultores externos especializados. INTERCÂMBIO DE EXPERIÊNCIAS DE AVALIAÇÃO E DE INFORMAÇÕES COM OS ESTADOS-MEMBROS Em 2001, realizaram-se duas reuniões com os Serviços de Avaliação dos Estados-Membros, em que foram abordadas as avaliações previstas, em curso e já concluídas. Foram igualmente tomadas medidas relativas à avaliação conjunta no âmbito dos «3C» — coordenação, complementaridade e coerência. Foram ainda mantidos intercâmbios com outros doadores, nomeadamente por intermédio do grupo de trabalho sobre avaliação do CAD da OCDE. 12.4. Auditorias realizadas em 2001 No sector do FED, a actividade concentrou-se, nomeadamente, nas auditorias relativas ao apoio orçamental. As três auditorias iniciadas na Etiópia, na Zâmbia e no Níger, bem como a conclusão e o acompanhamento de oito auditorias efectuadas em 2000 (Camarões, Guiné-Conacri, Madagáscar, Cabo Verde, Malavi e Burquina Faso), absorveram as capacidades disponíveis. Importa igualmente referir o apoio a um número relativamente limitado de auditorias extra «apoio orçamental», como a auditoria relativa à construção dos aeroportos em Madagáscar e as relativas aos projectos EBAS, Diagnos, CDE e ATF. Para além destas actividades, essencialmente operacionais, o IAS procurou a competência do Serviço de Auditoria no âmbito do inquérito administrativo sobre a gestão dos fundos de contrapartida, bem como para a definição de uma estratégia para a colaboração entre os diversos doadores internacionais. As auditorias de programas e projectos financiados a título do programa MEDA foram efectuadas, pelo terceiro ano consecutivo, pela equipa de auditores do MEDA-Team. A pedido da direcção operacional ou, com o seu acordo, por iniciativa das delegações, a (1) Disponível no nosso sítio web: http://europa.eu.int/comm/europeaid/evaluation/index.htm. (2) Ver: http://europa.eu.int/comm/europeaid/evaluation/index.htm. Anexos equipa efectuou 24 auditorias. Foram ainda necessários trabalhos suplementares relativos às 12 auditorias efectuadas em 2000. Com a dissolução dos gabinetes de assistência técnica (GAT), no final de 2001, cessaram igualmente as funções de auditoria do MEDA-Team. Em relação aos programas e projectos na América Latina e na Ásia, não foi ainda iniciada qualquer auditoria. Das quatro auditorias efectuadas nos países da Europa Central e Oriental, as relativas ao «fornecimento de géneros alimentícios à Rússia» e ao apoio orçamental à antiga República jugoslava da Macedónia foram as mais importantes. Nos domínios não ligados a uma área geográfica, merecem especial referência as auditorias do CLONG e do programa ECIP, bem como o acompanhamento da auditoria do UNRWA. Desde Março de 2001, a unidade prepara um contrato-quadro para auditorias, a fim de facilitar a mobilização de auditores. Este contrato-quadro deverá estar operacional no Verão de 2002. 12.5. Inovação No âmbito das iniciativas empreendidas pelo Serviço de Cooperação EuropeAid com vista a melhorar a qualidade da gestão da cooperação para o desenvolvimento, a Unidade de Inovação esteve activa, sobretudo, nas seguintes áreas: APOIO À CRIAÇÃO DE REDES TEMÁTICAS No segundo semestre do ano, foram criadas seis redes temáticas, que cobrem os seguintes temas: ❿ Apoio orçamental ❿ Saúde ❿ contribuir para a formação de funcionários e agentes na sede e nas delegações. As redes temáticas devem ser fóruns de discussão e de intercâmbio de informações, com o objectivo de melhorar a qualidade da execução mediante a partilha das melhores práticas. As redes temáticas têm ainda como missão contribuir para a elaboração de orientações operacionais, actividade desde há muito em curso. ELABORAÇÃO DE ORIENTAÇÕES Os trabalhos relativos à elaboração de orientações para a programação e a execução de intervenções de apoio orçamental em países terceiros têm vindo a avançar regularmente. Foi lançado um vasto processo de consulta, alicerçado nas competências do EuropeAid e de outras direcções-gerais, em que participou igualmente um número importante de delegações. Foram igualmente iniciados os trabalhos preparatórios para outras orientações (por exemplo, SWAPS na educação, desenvolvimento do sector privado). PREPARAÇÃO DE CURSOS DE FORMAÇÃO SWAPS E APOIO ORÇAMENTAL EM PCM, Em Novembro, foram lançados dois concursos, com vista ao recrutamento de consultores externos para ministrarem cursos de formação, prestarem serviços de help desk para PCM, SWAPS e apoio orçamental e efectuarem análises financeiras. Os consultores deverão ser recrutados no final do primeiro trimestre de 2002. Os serviços de help desk e as actividades de formação destinam-se a complementar os trabalhos de preparação das orientações operacionais. REFLEXÕES SOBRE A RACIONALIZAÇÃO E A REVISÃO ❿ Educação DAS REGRAS DE EXECUÇÃO DAS RUBRICAS ORÇAMENTAIS ❿ Reforço das capacidades, boa governação e Estado de direito O EuropeAid iniciou uma análise tendo em vista racionalizar e rever as regras de execução dos programas temáticos financiados por rubricas orçamentais específicas. O EuropeAid empreendeu igualmente uma vasta análise concentrada na devolução de programas temáticos financiados por rubricas orçamentais específicas. Ambas as análises estão ainda em curso. ❿ Comércio ❿ Desenvolvimento do sector privado Esta iniciativa responde simultaneamente ao objectivo de assegurar uma boa coordenação entre os diferentes serviços geográficos e ao de acompanhar o processo de desconcentração em curso. SELECÇÃO Mais especificamente, os objectivos são os seguintes: Neste ano, a selecção de projectos concentrou-se, principalmente, em projectos na área da educação e do desenvolvimento do sector privado. ❿ desenvolver abordagens coerentes entre as diferentes regiões geográficas e no interior de cada região, mantendo, simultaneamente, a flexibilidade necessária para permitir adaptações destinadas a ter em conta as condições especificidades locais; NOVOS ❿ apoiar as direcções locais, a fim de melhorar a qualidade e a eficácia da execução, bem como a visibilidade da cooperação; DE PROJECTOS TEMAS Foi conferida especial atenção ao acesso às novas tecnologias, à sociedade da informação, às energias renováveis e à sua eventual integração nos programas de cooperação para o desenvolvimento. A ênfase colocada neste domínio deverá aumentar em 2002. 211 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica 12.6. Relações com outras organizações internacionais Os resultados do primeiro ano de trabalho do novo serviço especializado do Serviço de Cooperação EuropeAid criado expressamente para tratar das relações com outras organizações internacionais são os seguintes: Em 8 de Novembro, foi assinado com o Banco Mundial um acordo-quadro para co-financiamentos e fundos fiduciários, que define as regras aplicáveis em caso de co-financiamento pela CE de projectos empreendidos pelo Banco Mundial e fornece orientações para a condução de missões de verificação, bem como modelos de contratos, destinados a facilitar a negociação de contratos individuais. No seguimento da comunicação da Comissão «Criação de uma parceria eficaz com as Nações Unidas nos domínios do desenvolvimento e dos assuntos humanitários», foram tomadas diversas medidas: ❿ foi concluído um acordo sobre as regras de execução da cláusula de verificação com as Nações Unidas. Esta questão dificultou as relações entre a Comissão e as Nações Unidas durante anos. O novo acordo viabiliza uma revisão mais ampla do acordo-quadro actualmente em vigor entre as organizações; ❿ foi elaborado um relatório sobre a experiência do Serviço de Cooperação EuropeAid no trabalho com organismos da ONU, a que se seguirá uma proposta relativa aos parceiros com os quais é possível estabelecer uma parceria mais forte; ❿ foi compilado, com dados fornecidos pelas unidades operacionais, um quadro dos projectos da CE com a ONU no período 1999-2000, que será actualizado regularmente; ❿ foi estabelecida uma série de contactos de alto nível com a maior parte dos organismos da ONU, incluindo o PNUD, o ACNUR, a OIT e a Unesco, com vista a iniciar a identificação e a programação destinada a reforçar a cooperação em matéria de co-financiamento de projectos. Em matéria de reforço da coordenação e da complementaridade com doadores bilaterais, o serviço manteve contactos de alto nível com a maior parte destes doadores. Em Dezembro, foi assinado um protocolo de cooperação com os organismos de execução francês e inglês, com vista ao co-financiamento de projectos no Chade. 12.7. Transparência e visibilidade Em 2001, foram envidados esforços consideráveis com vista à elaboração do primeiro relatório anual que reúne informações sobre a execução da assistência externa da CE em todas as regiões geridas pelo novo Serviço de Cooperação EuropeAid. O relatório apresenta a situação em 1 de Janeiro de 2001, primeiro dia da nova estrutura da Comissão Europeia para a gestão da assistência externa da CE. Por outro lado, a Internet continua a ser o principal instrumento de informação e de transparência. Foram introduzidos alguns melhoramentos e em 2002 o acesso às informações sobre as actividades do serviço será facilitado. As secções consagradas à cooperação nos sítios web das delegações serão acessíveis através de uma ligação (link), de modo a permitir a consulta, sempre que possível, dos projectos individuais. A secção mais visitada no sítio do EuropeAid é este ano, novamente, a consagrada aos concursos e convites à apresentação de propostas, onde os interessados podem encontrar todas as informações sobre as actividades externas a desenvolver pela Comissão Europeia. O sítio consagrado à avaliação cresceu a par do número dos seus visitantes (http://europa.eu.int/ comm/europeaid/tender/survey/index_en.htm). O quadro seguinte apresenta o número de visitas aos diferentes sítios consagrados às relações externas no servidor da Comissão Europeia. Importa não esquecer que o número de visitas é sempre superior ao número de vezes que um utilizador de um computador acede a um dado sítio web, uma vez que é registada uma entrada para cada elemento da página web (incluindo fotografias e ligações). Sítios web das relações externas da Comissão Europeia 212 Serviços Endereços DG Relações Externas Europa.eu.int/comm/external.relations DG Desenvolvimento Europa.eu.int/comm/development Média mensal de visitas em 2000 Média mensal de visitas em 2001 1 000 000 2 125 000 600 000 200 000 Serviço de Cooperação EuropeAid Europa.eu.int/comm/europeaid 600 000 4 200 000 DG Comércio Europe.eu.int/comm/trade 1 000 000 1 800,000 DG Alargamento Europa.eu.int/comm/enlargement 1 000 000 400 000 ECHO Europa.eu.int/comm/echo 400 000 250 000 A UE no mundo Europa.eu.int/comm/world 200 000 200 000 Anexos 12.8. Assistência comunitária não abrangida pelo relatório O presente documento refere-se a todas as actividades de ajuda externa geridas pelo Serviço de Cooperação EuropeAid. A ajuda humanitária e a ajuda de pré-adesão não são incluídas no presente relatório. Contudo, é feita uma breve descrição das actividades de ECHO em cada secção regional a fim de dar uma ideia de conjunto da contribuição global da CE. Para informações mais detalhadas, devem ser consultados os relatórios anuais sobre a ajuda humanitária e a assistência aos países candidatos à UE. Os resumos que se seguem dão uma ideia sucinta da importância da CE nesses dois capítulos. AJUDA HUMANITÁRIA A resposta de ECHO às crises humanitárias em 2001 atingiu um montante de 543,7 milhões de euros. Foram financiados projectos humanitários em mais de 60 países. Foram assinados 1 031 contratos (entre os quais contratos de execução de decisões tomadas em 2000). Os países de África, das Caraíbas e do Pacífico foram os beneficiários da ajuda humanitária mais significativa, num montante total de 173,3 milhões de euros (35%). A assistência aos Balcãs Ocidentais diminuiu em relação a 2000 graças à estabilização da região, enquanto que a ajuda à Ásia aumentou ligeiramente. Os principais parceiros de ECHO são as ONG europeias (que asseguraram a execução de 62,5% dos financiamentos de ECHO). Juntamente com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os refugiados (8,6%) e o programa alimentar mundial (7,25%), que são os principais parceiros de ECHO, os recursos atribuídos às Nações Unidas aumentaram consideravelmente em 2001, atingindo 26,5% (contra 19,2% em 2000). Outras organizações internacionais, entre as quais o Comité Internacional da Cruz Vermelha, receberam 7,9% da ajuda. ASSISTÊNCIA AOS PAÍSES CANDIDATOS Em 2001, a Comunidade Europeia desbloqueou mais de 3 mil milhões de euros a título de assistência aos países candidatos à adesão à União Europeia. Cerca de 95% dessa ajuda de pré-adesão destinou-se a dez países candidatos da Europa Central e Oriental (1) através de três programas separados. O programa Phare, cuja gestão incumbe à DG «Alargamento», representou cerca de 1,6 mil milhões de euros. Refere-se às prioridades da adesão, tal como definidas pelo Conselho nas «parcerias para a adesão», e os progressos alcançados na concretização desses objectivos são apresentados nos relatórios periódicos anuais da Comissão. Cerca de 30% dos recursos de Phare são atribuídos ao reforço institucional e 70% aos investimentos, que se dividem em partes iguais pelos investimentos destinados a reforçar as infra-estruturas regulamentares necessárias para garantir a conformidade ao acervo comunitário e os investimentos no âmbito da Coesão Económica e Social. Estes últimos ajudam os países candidatos a criarem as estruturas e os procedimentos necessários para poderem utilizar os fundos estruturais de forma eficaz e efectiva no momento da adesão (2). Ispa, gerido pela DG «Política Regional», representou cerca de mil milhões de euros. Diz respeito aos investimentos de grande envergadura no sector do ambiente e dos transportes (3). Cerca de 500 milhões de euros foram atribuídos a Sapard, que se refere essencialmente ao desenvolvimento rural e à agricultura. A gestão deste programa é da responsabilidade da DG «Agricultura». Em 2001, foram atribuídos 194 milhões de euros à Turquia, 11,5 milhões a Chipre e 7,5 milhões de euros a Malta. A assistência a Chipre e a Malta foi concedida com base no regulamento de pré-adesão acordado em Março de 2000, enquanto que a assistência à Turquia foi executada em virtude dos regulamentos relativos a MEDA e à estratégia europeia. Um novo regulamento financeiro para a Turquia, adoptado em Dezembro de 2001, será aplicado a partir de 2002. A assistência a estes três países é da responsabilidade da DG «Alargamento», apesar de poderem igualmente beneficiar de uma ajuda a título dos programas regionais MEDA, no contexto do processo de Barcelona gerido por EuropeAid (4). Para cada programa de pré-adesão, a DG que assegura a respectiva gestão é responsável, no seio da Comissão, pela totalidade do ciclo do projecto, desde a programação e a aplicação até à avaliação. Contudo, a execução destes programas é fortemente descentralizada, e os países candidatos são directamente responsáveis pela gestão dos projectos (o convite à apresentação de propostas e a adjudicação podem ser sujeitos a controlo por parte dos serviços da Comissão). (1) Bulgária, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Polónia, República Checa e Roménia. (2) O relatório anual relativo ao programa Phare pode ser consultado na seguinte página web: http://www.europa.eu.int/comm/enlargement/pas/phare/publish.htm. (3) O relatório anual relativo ao programa Ispa pode ser consultado na seguinte página web: http://www.inforegio.cec.eu.int/wbpro/ispa/ispa_en.htm. (4) O relatório anual relativo ao programa Sapard pode ser consultado na seguinte página web: http://www.europa.eu.int/comm/enlargement/pas/sapard.htm. 213 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica ASSISTÊNCIA MACROFINANCEIRA AOS PAÍSES TERCEIROS A Comissão, juntamente com programas de apoio do FMI e do Banco Mundial, concede assistência macrofinanceira após consulta ao Comité Económico e Financeiro e mediante decisão do Conselho. A assistência macrofinanceira assenta num conjunto de princípios que sublinham o seu carácter excepcional (decisões ad hoc do Conselho), a sua complementaridade com o financiamento das instituições financeiras internacionais e a sua condicionalidade macroeconómica. Trata-se de um instrumento concebido para ajudar os países beneficiários a ultrapassar desequilíbrios macroeconómicos graves mas em geral de curta duração (problemas graves da balança de pagamentos e grandes dificuldades fiscais). Em estreita cooperação com os programas do FMI e do Banco Mundial, a assistência macrofinanceira incentiva políticas adaptadas às necessidades específicas dos países, sendo o principal objectivo estabilizar a respectiva situação financeira 214 externa e interna e criar economias conformes aos princípios do mercado. Em 2001 (1), foi desembolsada uma soma de 380 milhões de euros em assistência macrofinanceira, incluindo duas subvenções de 7 milhões de euros e um empréstimo de 60 milhões de euros a favor do Tajiquistão; uma subvenção de 6 milhões de euros à Geórgia; uma subvenção de 15 milhões de euros para o Kosovo; uma subvenção de 15 milhões de euros para a Bósnia-Herzegovina; um empréstimo de 12 milhões de euros e uma subvenção de 10 milhões de euros para a antiga República jugoslava da Macedónia (2); um empréstimo de 225 milhões de euros e uma subvenção de 35 milhões de euros para a República Federativa da Jugoslávia. A Comissão apresenta anualmente um relatório ao Parlamento Europeu e ao Conselho sobre a execução da assistência macrofinanceira a países terceiros (3). (1) No início de 2001, foi concedida uma subvenção de 10 milhões de euros e um empréstimo de 10 milhões de euros à Bósnia-Herzegovina, um empréstimo de 10 milhões de euros à antiga República jugoslava da Macedónia e uma subvenção de 12,95 milhões de euros ao Montenegro. As decisões relativas ao desembolso foram adoptadas em 2000 e os pagamentos foram efectuados a partir dos créditos do orçamento de 2000. 2 ( ) O pagamento efectivo de uma parcela do empréstimo e da subvenção realizou-se em Janeiro de 2002. Contudo, a decisão foi adoptada em Dezembro de 2001 e, no que diz respeito à subvenção, o pagamento foi efectuado a partir dos créditos de orçamento de 2001. (3) Relatório da Comissão ao Parlamento Europeu e ao Conselho relativo à execução da assistência macrofinanceira a países terceiros em 2001 [COM(2002) 352 final, de 11 de Julho de 2001]. Glossário de siglas e acrónimos GLOSSÁRIO DE SIGLAS E ACRÓNIMOS ACP Apremat Estados de África, das Caraíbas e do Pacífico Apoio ao processo de reforma do sector do ensino médio técnico (El Salvador) BAD Banco Africano de Desenvolvimento Apresal Apoio à reforma do sector da saúde AEB Asia Eco-Best Programa de transferência das melhores práticas ambientais da UE ARIEL Active Research in Europe and Latin America AIRH ARSP Iniciativa Asiática para a Saúde Genésica Programa de apoio à investigação agrícola/pecuária (Quénia) IAT Instituto Asiático de Tecnologia ASAL Terras áridas e semi-áridas ALA Ásia e América Latina Asareca ALC Associação para o reforço da investigação agrícola na África Central e Oriental América Latina e Caraíbas ASEAN ALFA Associação das Nações do Sudeste Asiático: Brunei, Birmânia/Mianmar, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia, Filipinas, Singapura, Tailândia e Vietname América Latina Formação Académica. Programa de cooperação bi-regional no domínio do ensino superior AL-Invest Programa europeu de cooperação empresarial com a América Latina ASEF Fundação Ásia-Europa ASEM @LIS Encontro Ásia-Europa Aliança para a Sociedade da Informação. Programa de cooperação entre a União Europeia e a América Latina que tem por objectivo promover a sociedade da informação e a luta contra a fractura digital Programa Ásia TIC Programa de cooperação entre a UE e a Ásia no domínio da tecnologia da informação e das comunicações AL-Partenariat Encontros multissectoriais no âmbito do programa Al-Invest Asia Link Programa de cooperação entre a UE e a Ásia no domínio do ensino superior ALURE Programa relativo à cooperação económica entre a União Europeia e a América Latina no sector da energia Programa Ásia-Invest Programa para a promoção de acordos empresariais e empresas comuns UE-Ásia AMAR Europa-Ásia Pro-Eco Assistência integral aos menores de alto risco (Paraguai) Programa de cooperação económica e ambiental UE-Ásia AML Asia Urbs América Latina Programa para o desenvolvimento urbano da Ásia APE ATF Acordos de parceria económica Task Force «Sida» 215 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica ATLAS CEPAL Programa de apoio às relações entre as Câmaras de comércio da União Europeia e da América Latina Comissão Económica para a América Latina (Nações Unidas) AUNP PCP Rede de universidades ASEAN-UE Política comum da pesca GAT PESC Gabinete de Assistência Técnica Política Externa e de Segurança Comum BEI CGIAR Banco Europeu de Investimento Grupo Consultivo para a Investigação Agrícola Internacional BID Banco Interamericano de Desenvolvimento BRAC CICAD Comissão Interamericana para o Controlo do Abuso de drogas Comité para o desenvolvimento rural do Bangladeche CIDA CAFAO Agência Canadiana para o Desenvolvimento Internacional (Canadian International Development Agency) Gabinete de assistência aduaneira e fiscal (Bósnia-Herzegovina) CAM-K CILSS Comité Interestados de Luta contra a Seca no Sael Missão de Assistência Aduaneira no Kosovo CLONG CAN Comité de Ligação das Organizações não Governamentais Europeias de Desenvolvimento Comunidade Andina Comesa CARDS Programa de assistência comunitária à reconstrução, desenvolvimento e estabilização: Albânia, Bósnia-Herzegovina, Croácia, ex-Jugoslávia, antiga República jugoslava da Macedónia e República Federativa da Jugoslávia Mercado Comum da África Austral e Oriental CORAF Conselho oeste e centro-africano para a investigação e o desenvolvimento agrícolas DEP Caricom Documento de Estratégia por País Comunidade das Caraíbas CAD CBI Comité de Ajuda ao Desenvolvimento (OCDE) Iniciativa transfronteiras DFID CCI Câmara de Comércio e Indústria Departamento para o Desenvolvimento Internacional (Reino Unido) (Department for International Development) CDC Cooperação descentralizada CDE Diagnos Programa de assistência às autoridades nacionais e regionais do países ACP na análise da situação do sector privado Centro de desenvolvimento de empresas Dipecho CEIBS 216 China-Europe International Business School Programa de preparação para situações de emergência (ECHO) CEMAC DPEP Comunidade Económica e Monetária da África Central Programa para o desenvolvimento do ensino primário Glossário de siglas e acrónimos RDC EuroMeSCo República Democrática do Congo Comissão de estudo euromediterrânica CAO EuronAid Comunidade da África Oriental Associação das organizações não governamentais europeias para a ajuda alimentar e de emergência EBAS Programa comunitário de assistência às empresas dos países ACP EBIC Centros europeus de informação empresarial FAO/SIFAR Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura/Unidade de Apoio para a Pesca Internacional e a Investigação Aquática FAE BERD Facilidade de ajustamento estrutural Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento IDE Investimento directo estrangeiro CE FEPA Comunidade Europeia ECHO Serviço de Ajuda Humanitária da Comunidade Europeia Fundo fiduciário para a avaliação da despesa pública e da responsabilidade financeira (gerido pelo Banco Mundial) FITCA ECIP Parceiros de investimento da Comunidade Europeia Exploração agrícola em zonas em que a mosca tsé-tsé se encontra controlada Ecofac FRA Programa regional para a conservação e uso racional dos ecossistemas florestais na África Central Fórum regional da ASEAN CAS Cedeao Comunidade Ocidental Económica dos Estados da África FED Fundo Europeu de Desenvolvimento Conselho «Assuntos Gerais» PIB Produto interno bruto PNB IEDDH Produto nacional bruto Iniciativa Europeia para a Democracia e os Direitos do Homem Grupo do Rio EIECP Programa económico e cultural UE-Índia Erasmus Programa de acção comunitário em matéria de mobilidade dos estudantes ERDP Programa europeu para a reconstrução e desenvolvimento O grupo do Rio foi criado em 1986. Trata-se de um mecanismo de consulta política que se debruça sobre os assuntos de interesse comum para a América Latina e as Caraíbas ACNUR Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados PPAE Países pobres altamente endividados UE DHD União Europeia Direitos humanos e democracia EUPOP IDEAL Programa comunitário de reconstrução e regresso (Croácia) Abordagem intensiva ao nível distrital do ensino para todos (Bangladeche) 217 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica PDI LRRD Pessoas deslocadas internamente Interligação entre ajuda de emergência, reabilitação e desenvolvimento FI ODM Facilidade de investimento FIDA Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola IGAD Autoridade intergovernamental para o desenvolvimento Objectivos de desenvolvimento do milénio MED Mediterrâneo MEDA Organização Internacional do Trabalho Medidas financeiras e técnicas de acompanhamento da reforma das estruturas económicas e sociais no âmbito da parceria euromediterrânica: Marrocos, Argélia, Tunísia (Magrebe); Egipto, Israel, Jordânia, Autoridade Palestiniana, Líbano, Síria (Machereque); Turquia, Chipre e Malta ILRI Protocolo de acordo Instituto Internacional de Investigação Pecuária Fundo Monetário Internacional Os protocolos de acordo são acordos bilaterais entre a Comunidade Europeia e os seus parceiros, que definem prioridades e orçamentos indicativos para a cooperação para o desenvolvimento durante um período determinado BMI Mercosul Bolsa de mobilidade individual (Tempus) Mercado comun del Sur/Mercado Comum do Sul Inogate AMF Programa interestatal de transporte de petróleo e de gás para a Europa (Interstate Oil and Gas Transport to Europe) Assistência macrofinanceira OIT FMI Interreg Iniciativa comunitária, financiada pelos fundos estruturais europeus, que promove a cooperação transfronteiriça (interna) inter-regional na UE PFG Programa de formação de gestores NEPAD Nova parceria para o desenvolvimento de África NFPP COI Programa de protecção das florestas naturais Comissão do Oceano Índico ONG DPI Organização não governamental Direito de propriedade intelectual PIN GIAQ Programa indicativo nacional Grupo interserviços de apoio à qualidade NEI ISPA Instrumento estrutural de pré-adesão JOCE 218 Novos Estados independentes Obnova Jornal Oficial das Comunidades Europeias Programa de reconstrução da Bósnia, Croácia, Sérvia, Montenegro e antiga República jugoslava da Macedónia KEDO OCDE Organização para o Desenvolvimento Energético da Península Coreana Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económicos PMD PTU Países menos desenvolvidos Países e territórios ultramarinos Glossário de siglas e acrónimos APD AORP Assistência pública ao desenvolvimento Ajuda orçamental para a redução da pobreza ODIHR PRRAC Gabinete das Instituições Democráticas e dos Direitos Humanos Programa regional de reconstrução da América Central OEA Proagri Organização dos Estados Americanos Programa sectorial de reforço das capacidades do Ministério da Agricultura moçambicano OIE ProcFish Gabinete Internacional das Epizootias Programa regional para a pesca oceânica e costeira no Pacífico OMC Organização Mundial do Comércio Proinvest OSCE Programa para a promoção de fluxos de investimento e de tecnologia para países ACP Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa Protec PACE Programa de formação técnica (Peru) Programa pan-africano para o controlo de epizootias Proebi PALOP Programa de formação de professores primários bilingues (Peru) Países africanos de língua oficial portuguesa PRS PAOSA Plano de acção para a organização do sector agrícola (Burquina Faso) Programa regional solar CARP Acordo de parceria e cooperação Crédito de apoio à redução da pobreza (novo instrumento programático de crédito do Banco Mundial destinado aos países DERP) PCM DERP Gestão do ciclo do projecto Documento de estratégia para a redução da pobreza PBRDA DSP Países com baixos rendimentos e défice alimentar Desenvolvimento do sector privado (ACP) APC Phare Polónia e Hungria: apoio à reestruturação económica (agora alargado à Bulgária, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Letónia, Lituânia, República Checa e Roménia) PP Programa relativo aos pesticidas PIR PPET Programa de pós-graduação em estudos tecnológicos PAP Regime de assistência social (Zâmbia) RAPAC Rede de áreas protegidas da África Central Programa indicativo regional RAL PME Reste à liquider: ainda por liquidar Pequenas e médias empresas RED CIDEM PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Red de centros de iniciativas y desarrollo para la mujer (rede de centros de iniciativas e desenvolvimento para a mulher) Praedac Programa de apoio à estratégia de desenvolvimento alternativo no Chapare RESAL Rede europeia de segurança alimentar 219 Política de desenvolvimento da CE e implementação da assistência técnica RESCE SPG Rede de estudos sociais: América Central, Caraíbas e Europa Sistema de Preferências Generalizadas: sistema que confere, unilateralmente e segundo um princípio de não reciprocidade, vantagens pautais preferenciais a determinados países. A UE começou a aplicar este regime preferencial em 1971, com o objectivo de ajudar os países em desenvolvimento a aumentarem as vendas dos seus produtos nos mercados dos países industrializados e de favorecer a sua industrialização. As preferências a título do SPG são concedidas às exportações de produtos específicos provenientes de diferentes países IRTA Instituto Regional das Tecnologias do Ambiente MRR Mecanismo de reacção rápida DER Documento de estratégia regional AEA Acordo de estabilização e associação SAARC Associação de Cooperação Regional da Ásia do Sul: Bangladeche, Butão, Índia, Maldivas, Nepal, Paquistão e Sri Lanca SPG «Drogas» Regime especial de apoio às medidas de luta contra a droga (aplicado desde 1990 aos países da Comunidade Andina e posteriormente alargado aos países da América Central). Este regime especial visa criar mercados para a exportação de colheitas de substituição e fomentar o desenvolvimento económico e social, nomeadamente através da industrialização ASS SADC África subsariana Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral Stabex PEA Mecanismo de estabilização de receitas de exportação Processo de estabilização e associação DTS SAPP II Doença transmitida sexualmente Programa de acção social (Paquistão) SWAP Sapard Abordagem sectorial Programa especial de adesão para a agricultura e o desenvolvimento rural Sysmin SCALE Sistema de estabilização das receitas da exportação de produtos mineiros Abordagens sustentáveis centradas nas comunidades locais e destinadas a melhorar os meios de subsistência (Índia) AT SIGMA Tacis Programa de apoio à melhoria na administração e gestão Programa de assistência técnica à Comunidade dos Estados Independentes: Arménia, Azerbaijão, Bielorrússia, Geórgia, Cazaquistão, Quirguizistão, Moldávia, Rússia, Tajiquistão, Turquemenistão, Ucrânia, Usbequistão e Mongólia SMAP Programa de acção prioritária a curto e médio prazo para o ambiente GSRN Assistência técnica TAIEX Gabinete de intercâmbio de informações sobre a assistência técnica Gestão sustentável dos recursos naturais Tempus Sócrates Sistema de organização dos conteúdos programáticos e do ensino de temas educacionais Comité do Sistema de Mobilidade Transeuropeia para Estudos Universitários TERF PEA Facilidade Tacis para a reestruturação de empresas Parceria especial para África TFET SCP 220 Secretariado da Comunidade do Pacífico Fundo fiduciário para Timor-Leste (Trust Fund for East Timor) Glossário de siglas e acrónimos Traceca UNRWA Corredor de transportes Europa-Cáucaso-Ásia Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente UEMOA União Económica e Monetária da África Ocidental ONU Organização das Nações Unidas Cnuced Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e o Desenvolvimento UNMIK Missão das Nações Unidas no Kosovo Unesco Untaet Administração transitória das Nações Unidas em Timor-Leste URB-AL Programa de cooperação bilateral UE-América Latina para o desenvolvimento de relações entre os órgãos autárquicos europeus e latino-americanos, mediante o intercâmbio das melhores práticas no domínio das políticas urbanas USAID Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura BM UNFP PAM Fundo das Nações Unidas para a População Programa alimentar mundial Unicef OMS Fundo das Nações Unidas para a Infância Organização Mundial da Saúde Banco Mundial 221 Comissão Europeia Relatório Anual 2001 sobre a Política de Desenvolvimento da CE e a Implementação da Assistência Técnica Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias 2003 — 221 p. — 21 x 29,7 cm ISBN 92-894-4176-3 223