UNIVERSIDADE DE LISBOA
FACULDADE DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL
Crescimento do ouriço-do-mar Paracentrotus lividus
em viveiro na zona costeira da Ericeira, Portugal
PATRÍCIA MEGA LOPES DA SILVA
Dissertação de Mestrado
MESTRADO EM ECOLOGIA MARINHA
2012
UNIVERSIDADE DE LISBOA
FACULDADE DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL
Crescimento do ouriço-do-mar Paracentrotus lividus
em viveiro na zona costeira da Ericeira, Portugal
PATRÍCIA MEGA LOPES DA SILVA
Dissertação de Mestrado orientada por Prof. Doutor Orlando de Jesus Luís – Professor Auxiliar
do Departamento de Biologia Animal da FCUL
MESTRADO EM ECOLOGIA MARINHA
2012
Agradecimentos
Agradecimentos
Ao meu orientador de tese Prof. Doutor Orlando Luís, pela oportunidade de
desenvolvimento do projecto, apoio e disponibilidade demonstrada ao longo deste meu
trabalho. Não esquecendo também o Laboratório Marítimo da Guia (Centro de Oceanografia
da Faculdade de Ciências de Lisboa) que me proporcionou as condições para a execução dos
trabalhos laboratoriais que precisei durante o meu projecto. Igualmente ao Dr. João Gago pela
ajuda e disponibilidade demonstrada e ao Tiago do LMG que constantemente me questionava
se precisava de algo para poder atingir o que me propus.
Agradeço também à Junta de Freguesia da Ericeira que teve a amabilidade de ceder o
viveiro, o meu local de estudo, para este projecto. E falando da Junta, não posso deixar de
referir o antigo Presidente, Joaquim José Casado que ainda mesmo antes deste projecto estar
em cima da mesa, me proporcionou a utilização do viveiro e ideias conjuntas para o estudo
dos ouriços da nossa Vila. Ao Sr. João que teve a gentileza de fazer as jaulas que estão no
viveiro e ao Presidente actual António Mansura que me proporcionou a continuação da
utilização do viveiro e me disponibilizou sempre a sua atenção. E claro um muito obrigada a
todo o pessoal da Junta, dentro e fora do “escritório” por todo o apoio e ajuda.
Não posso deixar de agradecer igualmente à Capitania da Ericeira e seu pessoal, ao
IPTM – Insituto Portuário e dos Transportes Marítimos, ao Departamento de Exploração dos
Portos de Peniche e da Nazaré e à Direcção-Geral das Pescas e Aquicultura pela autorização da
utilização do viveiro e simpatia demonstrada.
À minha professora de estatística de Peniche (ESTM), Susana Mendes, pela
maravilhosa e preciosa ajuda na parte estatística deste trabalho.
Também ao meu “pessoal” do Algarve, a família de Loureiro, que me proporcionou
óptimos momentos de férias para poder descontrair por breves instantes da minha escrita.
Às minhas amigas Ana Vieites, Xana Morais e Verinha Lopes pelo tempo, amizade,
apoio e conselhos. Obrigada Xani pelas inúmeras vezes que leste o meu trabalho e o
“assizaste”.
À minha “prims” e restantes amigos pela confiança, apoio e motivação.
Por último e não menos importante à minha família (eu e os 4 mosqueteiros) por
tanto, que teria de escrever uma tese à parte. Por me terem ajudado (ou de certo modo os
obriguei a ajudar) durante a tese, tanto o meu Pai Filipe por tantas horas dentro do viveiro (se
não fosse ele não teria o viveiro prontinho para se poder trabalhar) como a minha avó Palmira
i
Agradecimentos
pelas horas a olhar para as gónadas dos meus bichos. Obrigada por estarem sempre aí, por me
verem crescer por dentro e por fora pelos conselhos (que muitas vezes não os sigo por ser
cabeça dura) e pela paciência que têm de ter para me aturar, principalmente a minha avó! Por
me ensinarem o respeito e a dedicação pelo trabalho e tudo o resto. À minha mãe que tenho
por exemplo e ao meu irmão por me fazer uma pessoa melhor. São os melhores do Mundo.
Adoro-vos.
Muito obrigada a todos
ii
Resumo
Resumo
O ouriço Paracentrotus lividus (Lamarck, 1816), espécie mais dominante ao longo da
costa portuguesa, representa um papel importante no funcionamento dos ecossistemas. Pode
encontrar-se principalmente em habitats rochosos e a diferentes profundidades. É
basicamente herbívoro e variações de alimento disponível podem afectar a sua reprodução
(gametogénese, maturação, número e tamanho dos ovos). Esta espécie demonstra uma
grande resposta adaptativa às condições ambientais a que se encontra, mas mesmo assim, o
impacto humano a que está sujeito pode alterar significativamente seu papel ecológico.
Devido as estes fenómenos, desde a alguns anos para cá, tem surgido um considerável número
de estudos sobre a nutrição e crescimento do ouriço-do-mar, de modo a se perceber e garantir
o sucesso do desenvolvimento do cultivo destes, pois é também uma iguaria muito apreciada
em inúmeros países.
Neste estudo pretendeu-se estudar o crescimento do ouriço-do-mar (P. lividus) num
viveiro da vila da Ericeira, mostrando as diferentes respostas adaptativas que os ouriços
presenteiam em seis meses num ambiente natural e num ambiente com um suplemento na
dieta. As dietas foram essencialmente alga, milho e alimento natural existente no meio. Para
tal foram colectados ouriços em Cabo Raso na zona de Cascais e colocados no viveiro de
estudo submetidos às diferentes dietas alimentares. No final foram comparados os índices
gonadossomáticos através do peso dos indivíduos e suas gónadas concluindo-se que a média
dos pesos dos ouriços tanto nas gónadas como no índice era significativamente maiores numa
dieta principalmente com milho. A mesma dieta, mas com alga no meio envolvente, também
obteve uma boa coloração nas gónadas dos ouriços-do-mar, aspecto importante para a
comercialização dos mesmos.
Assim sendo a dieta milho pode fornecer os melhores resultados tanto para o
crescimento como para uma boa coloração das gónadas do ouriço-do-mar, desde que aplicada
conforme o presente trabalho.
Palavras-chave: ouriço-do-mar, Paracentrotus lividus, crescimento, índice gonadossomático,
coloração das gónadas, viveiro e alimento disponível.
iii
Abstract
Abstract
The sea urchin Paracentrotus lividus (Lamarck, 1816), the most dominant echinoid
specie along the Portuguese coast, represents an important role on marine ecosystem. It can
be found in rocky subtidal habitats at different depths. Paracentrotus lividus is basically
herbivorous and changes in available food can affect it´s reproduction (gametogenesis,
maturation, number and eggs size). This specie demonstrate a very wide range of adaptive
responses to environmental conditions, but even so, the human impact that is subjected can
noticeably modify its ecological role. Due to these phenomena, since some years now, there
has been a considerable number of studies on nutrition and growth of the sea urchin, to
ensure the development of these animals and also because it is a highly appreciated delicacy in
many countries.
The present work tries to study the growth of the sea urchin (P. lividus) in a live
storage facility in Ericeira village, showing the different adaptive responses that sea urchins
present during six months in a natural environment and in an environment with a supplement
in its diet. The diet types were maize, macroalgae and natural food existed around. For this,
the sea urchins were collected in Cascais, in the study facility placed and subjected to these
different diets. At the end, gonadosomatic index were compared through its weight and its
gonads concluding that gonadal mean weight and gonadosomatic mean index were
significantly higher for sea urchins fed with maize than animals fed on algae alone. This diet
type, but also with algae from the storage facility, can afford a good gonad colour, a fact that is
very important for commercial production.
So, the results of the present study indicate that a maize diet is effective in increasing
gonad mass and can provide the desired gonad colour if applied like the present study.
Key-words: sea urchin, Paracentrotus lividus, growth, gonadosomatic index, gonad colour, live
storage facility, available food.
iv
Índice
Agradecimentos ............................................................................................................................. i
Resumo......................................................................................................................................... iii
Abstract .........................................................................................................................................iv
PARTE I .......................................................................................................................................... 1
1.
Introdução ............................................................................................................................. 3
1.1
Ecologia da espécie em estudo: ouriço-do-mar, Paracentrotus lividus ........................ 3
1.2
Crescimento dos ouriços e relação com a dieta ........................................................... 5
1.3
Comercialização e qualidade......................................................................................... 7
1.4
Local de estudo ............................................................................................................. 8
1.5
Objectivos...................................................................................................................... 8
PARTE II ......................................................................................................................................... 9
2.
Material e Métodos............................................................................................................. 11
2.1
Descrição da área de Estudo e viveiro de marisco ...................................................... 11
2.2
Material ....................................................................................................................... 11
2.3
Recolha dos animais .................................................................................................... 12
2.4
Configuração experimental ......................................................................................... 12
2.5
Alimentação e condições ............................................................................................ 13
2.6
Processamentos laboratoriais e análise de dados ...................................................... 15
2.7
Análise de dados estatísticos ...................................................................................... 16
2.8
Identificação dos locais com bancos de ouriços ......................................................... 16
PARTE III ...................................................................................................................................... 17
3.
Resultados ........................................................................................................................... 19
3.1
Dados hidrográficos .................................................................................................... 19
3.2
Mortalidade ................................................................................................................. 20
3.3
Observação das algas .................................................................................................. 21
3.4
Observação dos intestinos .......................................................................................... 21
3.5
Peso médio dos indivíduos em geral ........................................................................... 21
3.6
Análise das jaulas ........................................................................................................ 22
3.6.1
Peso médio dos indivíduos .................................................................................. 22
3.6.2
Peso médio das gónadas ..................................................................................... 23
3.6.3
Índice Gonadossomático (GI) .............................................................................. 24
3.7
Análise dos poços ........................................................................................................ 27
4.
3.7.1
Peso médio dos indivíduos .................................................................................. 27
3.7.2
Peso médio das gónadas ..................................................................................... 27
3.7.3
Índice Gonadossomático (GI) .............................................................................. 28
3.8
Coloração das gónadas................................................................................................ 29
3.9
Identificação dos locais com bancos de ouriços ......................................................... 32
Discussão ............................................................................................................................. 33
PARTE IV ...................................................................................................................................... 39
5.
Referências bibliográficas ................................................................................................... 41
Índice de figuras
Figura 1 - Classificação taxonómica do ouriço da espécie Paracentrotus lividus (Lamarck, 1816),
adaptado de Lawrance (2007). ..................................................................................................... 3
Figura 2 - Ouriço da espécie Paracentrotus lividus (foto tirada por P. Mega Lopes).................... 4
Figura 3 - Localização da área de estudo (foto tirada por P. Mega Lopes e mapa no Google
maps). .......................................................................................................................................... 11
Figura 4 - Caixas (rede de cobertura em falta) com o tamanho indicado onde foram colocados
os ouriços e respectivas Áreas e Volumes. ................................................................................. 13
Figura 5 – Desenho do interior do viveiro com esquema da alimentação dos diferentes tanques
e poços e respectivas medidas.................................................................................................... 14
Figura 6 - Variação da temperatura no interior e exterior do viveiro ao longo do período
experimental. .............................................................................................................................. 19
Figura 7 - Variação da precipitação na zona da Bacia Ribeiras do Oeste, zona mais perto do
local de estudo e a Salinidade retirada no interior do viveiro durante os meses de estudo. .... 20
Figura 8 - Média do peso (com desvio padrão) de Paracentrotus lividus sujeito a três diferentes
dietas (milho, alga desidratada e controlo), nas jaulas, obtida no final da experiência. ............ 23
Figura 9 - Média do peso das gónadas (com desvio padrão) de Paracentrotus lividus sujeito a
três diferentes dietas (milho, alga desidratada e controlo), nas jaulas, obtida no final da
experiência. ................................................................................................................................. 24
Figura 10 - Média do índice gonadossomático (com desvio padrão) de Paracentrotus lividus
sujeito a três diferentes dietas (milho, alga desidratada e controlo), nas jaulas, obtida no final
da experiência. ............................................................................................................................ 25
Figura 11 - Média do peso em gramas de Paracentrotus lividus sujeito a duas diferentes dietas
(milho e controlo), nos poços, obtida no final da experiência.................................................... 27
Figura 12 - Média do peso das gónadas em gramas de Paracentrotus lividus sujeito a duas
diferentes dietas (milho e controlo), nos poços, obtida no final da experiência. ...................... 28
Figura 13 - Média do índice gonadossomático em gramas de Paracentrotus lividus sujeito a
duas diferentes dietas (milho e controlo), nos poços, obtida no final da experiência. .............. 28
Figura 14 – Percentagem da coloração das gónadas .................................................................. 30
Figura 15 – Mapa mostrando os diferentes locais existindo ouriços com as coordenadas
retiradas (Google Maps). ............................................................................................................ 32
Índice de tabelas
Tabela I - Taxa de mortalidade dos indivíduos para cada tanque e dieta do viveiro.................. 20
Tabela II - Média e desvio padrão do peso inicial e final dos ouriços-do-mar para cada tanque.
..................................................................................................................................................... 22
Tabela III – Teste de Homogeneidade de Variâncias (Teste de Levene), ANOVA, Kruskal-wallis e
testes post-hoc para as variáveis dependentes peso dos indivíduos, peso das gónadas e índice
gonadossomático (GI) nas jaulas. SQ – Soma dos quadrados, MQ – Média dos quadrados, F –
estatístico, Sig. – valor significância (ρ-value), DM – diferença da média. ................................. 26
Tabela IV - Teste Independente de amostras, testando-se a homogeneidade de variâncias
(Teste de Levene) e a igualdade de médias (teste t) para as variáveis dependentes peso dos
indivíduos, peso das gónadas e índice gonadossomático (GI) nos poços. Sig. – valor de
significância (ρ-value), DM – diferença da média, Igualdade de variâncias assumidas/não
assumidas – dependentemente do valor de sig para o teste Levene logo se vê a linha dos
valores. ........................................................................................................................................ 29
Tabela V – Método de Pearson ................................................................................................... 31
Tabela VI – Associação entre as variáveis cor das gónadas e ração. .......................................... 31
Tabela VII – Coordenadas dos vários locais com bancos de ouriços .......................................... 32
PARTE I
Introdução e Objectivos
Introdução e Objectivos
1. Introdução
1.1 Ecologia da espécie em estudo: ouriço-do-mar, Paracentrotus
lividus
Os equinóides em geral e os ouriços em particular têm um papel predominante nas
comunidades marinhas, dinamismo e em especial nos habitats costeiros (Fernandez, 1997;
Gago et al., 2003).
O ouriço-do-mar é um equinoderme, tal como as estrelas-do-mar e os pepinos-do-mar
e pertence à classe Echinoidea e à família Echinidae (figura 1), (Saldanha, 1995). Possui um
esqueleto duro constituído por ossículos que inclui os espinhos (figura 2), elementos da
Lanterna de Aristóteles e placas (Ebert, 2007), não possui olhos mas está coberto de células
sensíveis à luz e movem-se com a ajuda de pés ambulacrários sendo constituído por um
tubérculo primário em cada placa ambulacrária (com cinco pares de poros) e
interambulacrária (Saldanha, 1995; Boudouresque & Verlaque, 2007; Elbert, 2007). Apresenta
variadas cores (e.g. verde, violeta, esbranquiçada, acastanhada) apesar de não estarem
relacionadas com a profundidade ou tamanho do indivíduo (Boudouresque & Verlaque, 2007).
Reino Animalia Linnaeus, 1758
Filo Echinodermata
Classe Echinoidea
Ordem Echinoida
Família
Echinidae
Figura 1 - Classificação taxonómica do ouriço da espécie
Paracentrotus
lividus (Lamarck, 1816), adaptado de
Lawrance (2007).
Género Paracentrotus
Os ouriços-do-mar são animais de sexos separados e de fecundação externa (Saldanha,
1995; Boudouresque & Verlaque, 2007; McEdward & Miner, 2007). Na altura da reprodução,
as fêmeas libertam os ovos para o mar e os machos o esperma (Saldanha, 1995; McEdward &
Miner, 2007). Os ovos produzem uma substância química que atrai os espermatozóides da
mesma espécie, e é graças a este químico que ocorre a fecundação (McEdward & Miner,
2007). O desenvolvimento é indirecto e depois da fecundação forma-se um ovo ou zigoto que
se segmenta para originar uma larva nadadora que mais tarde origina um ouriço-do-mar,
como é conhecido (Saldanha, 1995; McEdward & Miner, 2007). As larvas dos equinóides são
3
Parte I
planctónicas, alimentam-se na coluna de água durante aproximadamente durante um mês e
designam-se por equinoplúteo (McEdward & Miner, 2007). A desova do P. lividus ocorre uma
ou duas vezes ao ano podendo ser influenciada pela temperatura da água, sendo ela durante a
Primavera e início de Verão, apesar de já se ter observado em Outubro (desova tardia de
Verão) (Leoni et al., 2003; Martínez et al., 2003; Boudouresque & Verlaque, 2007).
O ouriço-do-mar da espécie Paracentrotus lividus (Lamarck, 1816) (figura 2) encontrase distribuído ao longo do Mar Mediterrâneo, Atlântico nordeste, desde a Escócia e Irlanda até
sul de Marrocos e ilhas Canárias, incluindo arquipélago dos Açores (Fernandez, 1997;
Fernandez & Boudouresque, 2000; Boudouresque & Verlaque, 2007). É a espécie mais
dominante na costa rochosa portuguesa (Gago et al., 2003) e é particularmente comum em
regiões onde a temperatura de Inverno varia entre 10 °C a 15 °C e a temperatura de Verão
entre 18°C a 25 °C (Boudouresque & Verlaque, 2007). Trata-se de uma espécie sensível a
valores extremos de salinidade (15/20 ppm e 39/40 ppm) quando exposta durante um longo
período (Boudouresque & Verlaque, 2007).
As excreções produzidas pelos ouriços, principalmente a amónia, podem ser um
problema grave na medida em que causam efeitos negativos no seu comportamento e
fisiologia podendo afectar o seu fitness reprodutivo, ou até mesmo provocar-lhes a morte. Isto
acontece principalmente quando os ouriços são produzidos em sistemas fechados ou semifechados (Lawrence et al., 2003; Boudouresque & Verlaque, 2007).
Figura 2 - Ouriço da espécie Paracentrotus lividus
(foto tirada por P. Mega Lopes).
É caracteristicamente uma espécie subtidal habitando preferencialmente cavidades
rochosas em zonas com pavimentos de algas e em menor densidade em substratos com
acentuado desenvolvimento de algas erectas (Gago et al., 2003; Boudouresque & Verlaque,
2007). Encontram-se em águas pouco profundas até uma média de 10-20 m de profundidade e
em poças de maré rochosas (Boudouresque & Verlaque, 2007). Os indivíduos que se
encontram a pouca profundidade criam cavidades onde vivem de forma temporária ou
4
Introdução e Objectivos
permanente, que os protege do hidrodinamismo e dos predadores (estrelas-do-mar e alguns
caranguejos) (Boudouresque & Verlaque, 2007).
As densidades de P. lividus vão desde poucos a uma dúzia de indivíduos por metro
quadrado. Densidades muito elevadas (> 50 – 100 indivíduos por metro quadrado) ocorrem
normalmente em habitats pouco profundos, rochas levemente inclinadas, poças de maré e em
ambientes poluídos. Podem ainda ocorrer agregações localizadas, com densidades superiores
a 1600 indivíduos por metro quadrado, apesar de se conhecer pouco este fenómeno. Estas
agregações podem estar relacionadas com uma estratégia de defesa contra predadores,
comportamentos alimentares ou de desova (Boudouresque & Verlaque, 2007).
1.2 Crescimento dos ouriços e relação com a dieta
O crescimento nos ouriços, relacionado com o tamanho do corpo (Lawrence et
al.,2007), é baseado em processos celulares que resultam em alterações na massa, no
diâmetro e na forma, que implicam uma expansão, calcificação e produção de tecidos (Ebert,
2007). Normalmente é estimada uma idade média para os indivíduos, de acordo com o seu
diâmetro: 2 cm de diâmetro correspondem a uma média de 2 anos de idade e um indivíduo
com 4 cm terá entre 4 e 5 anos de idade (Boudouresque & Verlaque, 2007).
Este crescimento parece estar relacionado com a temperatura da água, a qualidade do
alimento e o desenvolvimento das gónadas (Boudouresque & Verlaque, 2007; Tomsic et al.,
2010).
Vários estudos de análise do conteúdo alimentar indicam que P. lividus é basicamente
herbívoro (Boudouresque & Verlaque, 2007). É também um oportunista generalista mas a sua
dieta selectiva. As preferências alimentares destes animais são muitas vezes dependentes das
condições ambientais, do alimento disponível e também de tamanho e forma (Boudouresque
& Verlaque, 2007; Lawrence et al., 2007). Muitas vezes, mesmo com alimento continuamente
disponível e sem ocorrer qualquer alteração das condições ambientais, os ouriços-do-mar
podem não se alimentar necessariamente, demonstrando saciedade (Lawrence et al., 2007).
Noutras situações, é possível que o ouriço mude de um alimento preferido para um que seja
mais abundante e menos preferido, o que representa um importante papel no funcionamento
dos ecossistemas mantendo normalizada a densidade das populações de algas, a comunidade
vegetal (Gago et al., 2003; Boudouresque & Verlaque, 2007). Isto, porque as cavidades
rochosas cobertas por ouriços, estão geralmente cobertas por Lithophyllum incrustans, uma
alga calcária, (bem como outra alga calcária mas em menor proporção, a Mesophyllum
5
Parte I
lichenoides) de que o ouriço se vai alimentando, acabando por destruir a vegetação mole do
fundo, deixando a descoberto o revestimento da rocha (Saldanha, 1995; Gago et al., 2003).
Mas estes alimentos podem ser preferidos numa determinada época para o ouriço e evitados
noutra, não havendo um padrão geral para preferências e rejeições, mostrando uma resposta
adaptativa às condições ambientais a que se encontram (Boudouresque & Verlaque, 2007).
Isto demonstra-nos também o papel importante que os ouriços têm no funcionamento geral
dos ecossistemas (Boudouresque & Verlaque, 2007) e na organização e funcionalidade das
comunidades bentónicas e notavelmente em determinados níveis da produção primária e
distribuição de macrófitos (Fernandez et al., 2003).
No entanto, o impacto da população humana pode alterar significativamente o papel
ecológico do ouriço-do-mar P. lividus, quer por reduzir a sua abundância pela apanha, ou
directamente pelo aumento drástico através da poluição e indirectamente através da
sobrepesca dos seus predadores (Boudouresque & Verlaque, 2007).
Segundo vários estudos descritos por Fernandez & Boudouresque (2000), pode-se
afirmar que a quantidade e a qualidade do alimento ingerido podem influenciar a fisiologia e a
morfologia dos ouriços, havendo uma relação directa entre o tamanho da lanterna de
Aristóteles e a quantidade de alimento disponível. Também se verifica que, variações na
quantidade de alimento disponível podem afectar a reprodução (gametogénese, maturação,
número e tamanho dos ovos), enquanto que a qualidade do alimento afecta a fisiologia e os
parâmetros nutricionais, apesar de os efeitos serem pouco conhecidos (Fernandez &
Boudouresque, 2000).
Os factores que afectam a composição das gónadas podem então ser endógenos,
exógenos ou ambos actuar em conjunto. Os endógenos são controlados geneticamente e
estão associados com o ciclo de vida do animal. Assim, à medida que as gónadas aumentam de
tamanho, o crescimento somático abranda e eventualmente pára, fazendo com que as
proteínas e lípidos sejam mobilizados do músculo para as gónadas. Os exógenos podem ser
ambientais, como a temperatura e salinidade, ou associados à dieta (Arafa et al., 2012).
Por outro lado, ao considerar o crescimento e desenvolvimento dos tecidos das
gónadas, o equilíbrio entre alimentação natural e ração pode ser descrito em termos de
constituintes químicos que limitam o crescimento das gónadas, isto é, os componentes
bioquímicos da ração que restringem o desenvolvimento dos tecidos das gónadas (Marsh &
Watts, 2007). Por exemplo, os lípidos são importantes reservas de energia que podem
armazenar mais energia por unidade de volume do que as proteínas ou carbohidratos (Arafa et
al., 2012). Assim sendo, o ciclo gametogénico dos equinóides, foi estudado em pormenor nos
últimos 70 anos (ver em Marsh & Watts, 2007), e a conveniência do uso de um índice
6
Introdução e Objectivos
gonadossomático para avaliação tem produzido inúmeros estudos documentando as
diferenças de tamanho das gónadas durante a gametogénese (Marsh & Watts, 2007).
1.3 Comercialização e qualidade
Actualmente, o consumo de P. lividus é principalmente limitado a França, Espanha e
Japão, e em menor quantidade para a Itália e Grécia, apesar de a apanha ocorrer, ou ter
ocorrido, em vários locais (e.g. Irlanda, Portugal e Croácia) (Fernandez, 1997; Fernandez &
Pergent, 1998; Fernandez et al., 2003; Boudouresque & Verlaque, 2007; Cook & Kelly, 2007).
As gónadas do ouriço-do-mar, com aspecto de caviar e sabor único, são intensivamente
apreciadas e valorizadas em termos alimentares em muitos lugares do mundo, como uma
iguaria (Liyana-Pathirana et al., 2002; Pearce et al., 2002; Robinson et al., 2002; Boudouresque
& Verlaque, 2007; Tomsic et al., 2010). Uma combinação de variedade de atributos determina
a qualidade das gónadas do ouriço-do-mar, incluindo em particular a cor, tamanho, textura e
granularidade (Blount & Worthington, 2002; Pearce et al., 2002). Para um produto de alta
qualidade, as gónadas devem conter poucos ou nenhuns gâmetas, uma textura firme e serem
de cor amarela brilhante ou laranja (Shpigel et al., 2004; Shpigel et al., 2005). Esta coloração é
derivada sobretudo aos pigmentos dos carotenóides (Robinson et al., 2002; Shpigel et al.,
2005) e os ouriços obtêm estes pigmentos através da sua dieta (Robinson et al., 2002). Assim
sendo, o controlo da reprodução do ouriço-do-mar é essencial para a comercialização deste
produto valioso de marisco (Shpigel et al., 2004).
É por esta razão, devido ao incremento da demanda deste recurso, cada vez mais
apreciado pela alta cozinha e pelo seu sabor e excelente composição nutricional, que um
número considerável de estudos tenha surgido nos últimos anos sobre a nutrição e
crescimento do ouriço, de modo a garantir o desenvolvimento do cultivo destes (Fernandez,
1997; Fernandez and Boudouresque, 1998; Fernandez et al., 2003; Jimmy et al., 2003; Cook
and Kelly, 2007). Este tipo de estudos também são importantes, pois segundo Boudouresque &
Verlaque (2007), a espécie P. lividus de ouriço-do-mar é muito irritante para os biólogos, pois
mesmo quando se pensava que já se sabia o mecanismo, e uma sucessão de causas e efeitos
pareciam ocorrer numa ordem lógica, escapava sempre algo.
7
Parte I
1.4 Local de estudo
O local de estudo deste trabalho, vila da Ericeira, era antigamente designada por
Ouriceira, nome vindo do próprio ouriço-do-mar, que antigamente era muito abundante nesta
zona. Apesar de actualmente a sua ocorrência ser menor, continua a ser uma iguaria muito
apreciada a nível gastronómico pela população local e um importante recurso económico. Daí
o ouriço e as suas gónadas desempenham um importante papel a nível social, económico e
gastronómico.
Relatos de antigamente dizem-nos que foi na Ericeira, vila de um “mar de tradições”,
que em 1670, motivada pela Guerra da Restauração, se iniciou a construção de um Forte ao
qual estão ligadas as “Furnas”, designação esta do tapete rochoso onde estão inseridos os
viveiros associados às fábricas de conserva de pescado que terão sido utilizados ao longo dos
tempos como apoio aos pescadores e populações locais (Pipa & Valle de Figueiredo, 2003).
Ao longo da história, hoje considerados emblemas da vila, Forte e Furnas sofreram
vários períodos de abandono e reconstrução. Já no século XX, os viveiros foram utilizadas pelos
vários restaurantes locais como dispensa ou armazéns. Lagostas, amêijoas, sapateiras, santolas
e lavagantes eram alguns dos mariscos, que diariamente eram recolhidos de manhã e repostos
no final do dia, permitindo que se mantivessem sempre vivos até serem consumidos. Esta
prática terá contribuído para a fama e o bom nome actual da vila no que se refere à parte
gastronómica associada à frescura do seu marisco (Pipa & Valle de Figueiredo, 2003).
Este procedimento deixou de ser rentável, pois tratava-se de uma logística
dispendiosa. Assim, uma vez mais os viveiros nas Furnas foram deixados ao abandono.
1.5 Objectivos
O objectivo principal do presente estudo em ambiente semi-natural (viveiro de
marisco) foi avaliar a influência da dieta no crescimento do ouriço-do-mar, submetido a três
tipos de dieta, duas dietas alimentares controladas (alga desidratada e milho) e outra não
controlada (alimento natural do meio). Os objectivos secundários foram a análise da coloração
das gónadas dos ouriços de acordo com a dieta e a identificação das diferentes zonas, através
da ferramenta Google Earth, na vila onde ainda se verifica alguma quantidade de ouriços.
8
PARTE II
Material e Métodos
Material e Métodos
2. Material e Métodos
2.1
Descrição da área de Estudo e viveiro de marisco
A área de estudo localizou-se no litoral Oeste de Portugal a cerca de 50 km da cidade
de Lisboa, na vila da Ericeira (figura 3). O viveiro agora aproveitado para este estudo era o
único que se mantinha em condições razoáveis para utilização, quer no seu interior quer ao
nível de segurança de forma a não poder ser vandalizado, uma vez que mantinha uma grade
com fechadura. Trata-se de um viveiro sobre a alçada da junta de Freguesia que o foi
mantendo, e que teve a amabilidade de o ceder para este projecto.
Os ouriços foram mantidos no viveiro cujas condições de humidade e luminosidade
foram mantidas de forma natural. Isto porque o viveiro localiza-se na costa rochosa da vila, em
contacto constante com o mar, e não é totalmente coberto, não condicionando por isso o
fotoperíodo e garantido também a entrada e saída de água conforme as marés.
O viveiro é constituído por pavimento rochoso e no seu interior existem vários
compartimentos e secções naturais que formam pequenos tanques individuais.
Figura 3 - Localização da área de estudo (foto tirada por P. Mega Lopes e mapa no Google maps).
2.2 Material
Neste trabalho, para recolha e transporte dos exemplares de ouriços-do-mar foram
utilizados garfos, baldes de várias dimensões e um arejador para veículos automóveis. Para as
medições e pesagens utilizou-se uma balança, uma régua, um compasso de calibre (caliper),
papel e caneta. Para os procedimentos laboratoriais foram utilizados pinças, tesouras, bisturis,
caixas de Petri e uma lupa binocular (da marca Wild Heerbrugg). Para os registos no viveiro, foi
utilizado um termómetro (Marina Aquarium), um refractómetro V2 (TMC Aquarium), um
11
Parte II
fotómetro (Lunasix 3 Gossen) e uma máquina fotográfica (Nikon). Para alimentação utilizou-se
milho [milho grado (OGM) da marca “Lucas”, José M. Lucas, Lda. Mafra] e alga [KOMBU
(Laminaria) desidratada da marca Algamar, Galicia Espanha].
2.3 Recolha dos animais
Para este procedimento experimental foram colectados do meio natural,
manualmente, 560 ouriços, número este suficiente para obter uma boa amostra. A recolha
ocorreu, em Cascais (Cabo Raso), a poucos metros de profundidade em princípio de Novembro
do ano 2011 e incidiu, sempre que possível, sobre ouriços que tenham por volta de 3 - 4 cm de
diâmetro. Os ouriços foram transportados em veículo automóvel para circuito fechado no
Laboratório Marítimo da Guia. Antes de serem colocados no viveiro todos os exemplares
foram medidos e pesados, registando-se os respectivos valores.
2.4 Configuração experimental
Os exemplares foram distribuídos uniformemente por 4 caixas (jaulas) introduzidas no
viveiro, com 1,50 m de comprimento, 0,30 m de altura e 0,60 m de largura (figura 4). Soube-se
assim, o peso médio dos ouriços para cada compartimento e consequentemente para cada
caixa. Cada caixa tinha uma divisão a meio (devidamente identificadas com números e letra
com 0,75 m de comprimento) de forma a garantir várias amostras e era constituída por uma
rede de maneira a impedir a saída dos ouriços e ao mesmo tempo, garantir a entrada do
alimento natural existente nas águas do viveiro. As redes inferiores e laterais da jaula tinham
0,5 cm, as superiores e as que efectuavam a divisão dos compartimentos tinham 2 cm.
Dentro de cada compartimento foram colocados 45 indivíduos (2 compartimentos por
caixa), o que perfez 90 ouriços por caixa. Um total de 360 ouriços, pois tínhamos 4 caixas no
total no interior do viveiro.
Fora das caixas, no pavimento rochoso dos tanques naturais do viveiro (designados de
poços) foram colocados 100 indivíduos em cada um deles. Estes ouriços não se encontravam
cobertos por nenhuma rede ou caixa, mas estavam divididos pelas paredes do viveiro, não
havendo também troca de indivíduos durante a fase experimental.
12
Material e Métodos
A total = 0,90 m2
Vtotal = 0,27 m3
A compartimento = 0,45 m2
Vcompartimento = 0,135 m3
Figura 4 - Caixas (rede de cobertura em falta) com o tamanho indicado onde foram colocados os ouriços
e respectivas Áreas e Volumes.
2.5 Alimentação e condições
Durante a fase experimental e com o intuito de se observar as diferenças no
crescimento, os ouriços foram submetidos a dois tipos de alimentação controlada, milho e alga
desidratada (Fernandez et al., 1995; Basuyaux & Blin, 1998) e também alimentação não
controlada nos compartimentos controlo, alimentação natural.
A alga foi fornecida pois é a alimentação típica e comum para os ouriços. A sua forma
desidratada, além de ser de fácil conservação, não exige grandes cuidados aquando do
fornecimento, sendo apenas necessário pô-la dentro de um recipiente com água salgada e
esperar uns minutos. Como ela vem compactada, depois tem de se separar as folhas à mão e
distribuir pelos ouriços.
A escolha de uma alimentação baseada em milho deveu-se ao facto de reunir
vantagens como ser de fácil manuseamento, trata-se de um alimento barato, fácil de
encontrar nos estabelecimentos e possui os nutrientes necessários para o ouriço.
Uma vez por semana durante 26 semanas na maré baixa (de 17 Novembro 2011 a 9
Maio 2012), foi dada a alimentação artificial e recolhida (com os materiais já descritos) a
seguinte informação:

Iluminação no viveiro (Fotómetro)

Temperatura da água (Termómetro)

Salinidade (Refractómetro)

Existência de alga (sobre os ouriços testados) ou não no viveiro
13
Parte II
Existindo alga no interior do viveiro e principalmente dentro dos tanques e em cima
dos ouriços, fotografou-se para posterior identificação.
Esta recolha de informação ocorreu nas horas de maré baixa e duas horas antes ou
depois da maré baixa, aquando da alimentação, para se verificar diferenças na água do viveiro.
Isto para se registar as diferenças de dieta a que os ouriços estavam sujeitos.
Depois de colocados nos tanques, os ouriços não foram mais manuseados até ao final
da experiência.
Além de um dia por semana para alimentação, o viveiro foi sempre que possível
(devido às marés) monitorizado para se verificar se as jaulas não se tinham deslocado. Isto
porque estávamos muito dependentes das condições do mar e da força da ondulação.
Figura 5 – Desenho do interior do viveiro com esquema da alimentação dos diferentes tanques e poços e
respectivas medidas.
Para a alimentação foram escolhidos ao acaso quais os tanques e alimentação
fornecida (figura 5). Nas jaulas existiam 2 tanques controlo (alimento natural, não controlado,
14
Material e Métodos
que possa existir na água do viveiro), 3 tanques com alga e 3 com milho. Nos outros dois poços
à parte (os tanques naturais) um deles não teve qualquer tipo de alimentação artificial
(controlo) e o outro além da alimentação natural foi alimentado com milho. No início da
experiencia tínhamos um total de 560 ouriços, ou seja 135 com milho, 135 com alga e 90 no
controlo nas jaulas e 100 com milho e 100 no controlo nos poços da rocha (figura 5).
2.6 Processamentos laboratoriais e análise de dados
No final da experiência, os ouriços que se encontravam no interior do viveiro foram
novamente medidos, registando o diâmetro (perpendicular ao eixo oral-aboral), pesados (peso
total húmido) e abertos, tendo sido retiradas as cinco gónadas para pesagem e determinação
do sexo. O peso das gónadas permitiu estimar o índice gonadossomático (GI %) de cada ouriço
para aquela amostra. Este índice foi calculado pela seguinte equação (Sánchez-España et al.,
2004; Marsh & Watts, 2007):
( )
(
)
O peso húmido das gónadas é o peso total das cinco gónadas retiradas dos indivíduos
e o peso total húmido do ouriço, o peso do ouriço a que correspondem as gónadas retiradas.
As gónadas também foram fotografadas para efectuar uma avaliação da sua qualidade,
classificando-as em cinco categorias de acordo com a cor apresentada: laranja escuro (LE),
amarelo pálido (AP), laranja brilhante (LB), laranja amarelo (LA) e laranja manga (LM) (Shpigel
et al., 2005). Gónadas de cor LE e AP são consideradas de baixa qualidade, de cor LB e LA
consideradas aceitáveis e de cor LM excelentes (Shpigel et al., 2005).
Também foi calculada a diferença do peso médio de cada compartimento para o início
e final da experiência.
Para se analisar o conteúdo estomacal e comprovar a alimentação dos ouriços-do-mar,
aquando a abertura dos exemplares dos tanques controlo (2B, 4B e poço controlo), foram
retirados os intestinos de cinco ouriços ao acaso. Estes intestinos foram devidamente
identificados e congelados para posterior observação à lupa binocular no laboratório. Durante
a observação dos intestinos foram registados os resultados.
15
Parte II
2.7 Análise de dados estatísticos
Antes de se executar qualquer tipo de análise estatística, a homogeneidade das
variáveis de estudo foram testadas através do teste de Levene. Todos os tratamentos
estatísticos foram efectuados com o software IBM SPSS 20.0.
Realizou-se a comparação estatística da influência das duas dietas mais o controlo
fornecidas aos animais para as jaulas através do método ANOVA, teste Kruskal-wallis (com o
nível de significância α = 0,05) e com um factor. O factor em estudo é o tipo de dieta que se
pretendeu relacionar com as diferentes variáveis biológicas estudadas (peso do indivíduo, peso
das gónadas e o índice gonadossomático, não em percentagem). Para cada variável existiam
duas hipóteses em estudo, a hipótese nula (H0) em que não existem diferenças
estatisticamente significativas no valor médio das diferentes variáveis biológicas e a hipótese
alternativa (H1) em que existem diferenças estatisticamente significativas no valor médio das
diferentes variáveis biológicas. Os efeitos significativos detectados foram sujeitos aos testes
post-hoc Dunnett para se analisar individualmente os níveis do factor da dieta. Para os poços
foi efectuado o teste t e analisados os resultados.
Para testar se a coloração das gónadas estaria dependente do tipo de dieta fornecida
utilizou-se o teste do qui-quadrado.
2.8 Identificação dos locais com bancos de ouriços
O estudo foi efectuado perto da zona do viveiro em zonas com substrato rochoso que
possuíssem ainda alguma quantidade de ouriços da espécie P. lividus. Aquando a escolha dos
locais foram retiradas as coordenadas por GPS e para posteriormente se efectuar um mapa de
coordenadas.
16
PARTE III
Resultados e Discussão
Resultados e Discussão
3. Resultados
3.1 Dados hidrográficos
Os dados hidrográficos foram medidos no interior do viveiro com água rasa no local
onde se encontravam os ouriços-do-mar. Para a temperatura o maior valor registado foi de
17°C no dia 4 de Dezembro, duas horas após o pico de maré vaza enquanto que o menor foi
12°C no dia 9 de Fevereiro na maré vaza e o mesmo valor duas horas após. A média de
temperatura foi calculada, sendo 14,0 ± 0,9°C (figura 6). O gráfico abaixo diz respeito à
variação temperatura ao longo da experiência no interior do viveiro e no Oceano Atlântico na
zona da Ericeira.
Temperatura ºC
Temperatura
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
04-Dez
costa
viveiro
04-Jan
04-Fev
04-Mar
04-Abr
04-Mai
Figura 6 - Variação da temperatura no interior e exterior do viveiro ao longo do período experimental.
A salinidade da água no decorrer da experiência também foi registada, sendo o valor
mais elevado 35,5 ppm nos dias 21 e 29 de Março tanto na maré vaza bem como duas horas
antes desta e o valor mais baixo de 32 ppm no dia 9 de Dezembro duas horas após o pico da
maré vaza. A média de salinidade também foi calculada sendo 34,5 ± 0,9 ppm (figura 7). Para
complementar a informação obteve-se um gráfico (figura 7) demonstrando a precipitação na
zona mais perto do local de estudo, Ribeiras do Oeste, e durante os meses de estudo.
No que diz respeito à luminosidade, obtivemos valores no interior do viveiro apenas
aquando da alimentação sendo duas horas antes ou após a maré vaza, mas estes não foram
retirados até ao final da fase experimental pois ocorreu um acidente com o instrumento de
medida. Mesmo assim obtivemos valores até dia 1 de Março sendo que a média ronda os
19
Parte III
1400 lux. O valor mais baixo registado foi de 350 lux no dia 6 de Janeiro e o valor mais alto
4200 lux no dia 1 de Março.
Salinidade no viveiro
Precipitação Mensal (mm)
Precipitação da zona
200
36
35
34
33
32
31
30
150
100
50
0
Figura 7 - Variação da precipitação na zona da Bacia Ribeiras do Oeste, zona mais perto do local de estudo e a
Salinidade retirada no interior do viveiro durante os meses de estudo.
3.2 Mortalidade
Obteve-se também no final da experiência a taxa de mortalidade dos indivíduos para
cada tanque e para cada dieta, cujos resultados se encontram na seguinte tabela:
Tabela I - Taxa de mortalidade dos indivíduos para cada tanque e dieta do viveiro.
Tanque
Ração
Tanque 1A
Alga
Tanque 1B
Milho
Tanque 2A
Milho
Tanque 2B
Controlo
Tanque 3A
Milho
Tanque 3B
Alga
Tanque 4A
Alga
Tanque 4B
Controlo
Poço c/ milho
Milho
Poço controlo
Controlo
Total Milho
Total Alga
Total Controlo
Número inicial
45
45
45
45
45
45
45
45
100
100
235
135
190
20
Número final
12
41
30
36
42
32
20
30
94
53
207
64
119
Taxa de mortalidade
73,3%
8,9%
33,3%
20%
6,7%
28,9%
55,6%
33,3%
6%
47%
11,91%
52,59%
37,37%
Resultados e Discussão
3.3 Observação das algas
Foi também observada a existência de alga no viveiro e perto dos ouriços-do-mar.
Obtivemos alga a 9 de Fevereiro e depois a partir de 1 de Março até ao final da fase
experimental. As algas estavam a cobrir os ouriços que se encontravam nos poços e também
os que se encontravam nas jaulas, mesmo com a rede a cobrir estas.
As algas foram fotografadas e identificadas. A alga vermelha que se encontrava no
interior do viveiro era da espécie Asparagopsis armata e a alga verde Codium sp. (Cambell,
1976).
3.4 Observação dos intestinos
Os resultados que se obtiveram na observação dos intestinos dos ouriços dos tanques
controlo foram os seguintes:
Tanque 2B - identificação de algas vermelhas e verdes por digerir, bastante visíveis e
outros sem identificação pois já tinha tudo sido digerido.
Tanque 4B - identificação de algas verdes por digerir, bastante visível e outros sem
identificação pois já tinha tudo sido digerido.
Poço controlo - identificação de algas vermelhas e verdes por digerir e aglomerados de
alga vermelha + verde, bastante visíveis e outros sem identificação pois já tinha tudo sido
digerido.
3.5 Peso médio dos indivíduos em geral
A diferença do peso médio dos ouriços de todo o viveiro foi calculada no início e no
final da experiência. Para tal obteve-se a média do peso inicial e final para cada tanque como
se demonstra na seguinte tabela:
21
Parte III
Tabela II - Média e desvio padrão do peso inicial e final dos ouriços-do-mar para cada tanque.
Tanque
Ração
Média do peso inicial
Média do peso final
Tanque 1A
Alga
29,0 ± 9,3g
34,17 ± 8,4g
Tanque 1B
Milho
27,2 ± 8,9g
31,0 ± 8,2g
Tanque 2A
Milho
29,9 ± 9,3g
31,0 ± 8,1g
Tanque 2B
Controlo
23,8 ± 8,3g
28,0 ± 7,3g
Tanque 3A
Milho
28,4 ± 8,0g
31,2 ± 8,5g
Tanque 3B
Alga
27,2 ± 8,5g
26,8 ± 6,9g
Tanque 4A
Alga
25,6 ± 10,0g
30,6 ± 10,1g
Tanque 4B
Controlo
26,9 ± 7,7g
28,6 ± 6,0g
Poço c/ milho
Milho
26,3 ± 8,4g
32,1 ± 9,6g
Poço controlo
Controlo
26,4 ± 10,0g
31,1 ± 8,1g
3.6 Análise das jaulas
3.6.1
Peso médio dos indivíduos
O resultado da média do peso dos indivíduos para as três dietas mostra-nos que há
poucas diferenças entre si. Apesar disso os indivíduos alimentados a milho tinham maior peso
(figura 8).
Com a realização do teste de homogeneidade de variâncias (Levene) para a variável
peso final dos ouriços nas jaulas, este pressuposto foi cumprido em que o valor de significância
(sig) é superior a 0,05 sendo assim usada a ANOVA (tabela III).
Ao realizar-se a ANOVA para comparação das três diferentes dietas verificou-se que
para o peso (g) o valor de sig (ρ-value) é superior a 0,05, ou seja, não se rejeita a H0 (Hipótese
nula), não existindo portanto diferenças estatisticamente significativas no peso quando
comparadas as três dietas (tabela III).
22
Resultados e Discussão
Figura 8 - Média do peso (com desvio padrão) de Paracentrotus lividus sujeito a três
diferentes dietas (milho, alga desidratada e controlo), nas jaulas, obtida no final da
experiência.
3.6.2
Peso médio das gónadas
Foi avaliado para as jaulas o efeito das três dietas através do peso das gónadas dos
indivíduos obtido no final da experiência. Os resultados (figura 9) mostram que os indivíduos
alimentados a milho possuíam um maior peso nas suas gónadas que os alimentados com outra
dieta.
Estatisticamente foi também efectuado o teste de homogeneidade de variâncias
(Levene) em que o valor sig deu inferior a 0,05 (tabela III).O pressuposto de homogeneidade
não foi cumprido, interpretando-se assim os resultados com o Kruskal-wallis. Ao elaborar-se
este teste, verificou-se que para este peso o valor de sig é inferior a 0,05, ou seja, rejeita-se a
H0 (Hipótese nula), existindo assim diferenças estatisticamente significativas no peso das
gónadas quando comparadas as três dietas (tabela III).
23
Parte III
Figura 9 - Média do peso das gónadas (com desvio padrão) de Paracentrotus
lividus sujeito a três diferentes dietas (milho, alga desidratada e controlo), nas
jaulas, obtida no final da experiência.
Analisando individualmente cada uma das dietas, utilizando o teste Post-hoc, só há
diferenças estatisticamente significativas para as amostras de controlo, quando comparadas
com o milho, sendo que os valores de milho são mais elevados (em termos médios: em
1,5418) (tabela III). Para as amostras entre milho e alga, e entre controlo e alga não há
diferenças estatisticamente significativas.
3.6.3
Índice Gonadossomático (GI)
No final do projecto determinou-se também o índice gonadossomático. A média
destes valores mostra-nos que os valores para o milho eram superiores (figura 10).
Efectuou-se também um estudo estatístico para este índice. O teste de
homogeneidade de variâncias demonstrou que este pressuposto não era cumprido,
efectuando-se assim o Teste de Kruskal-wallis. Testou-se a hipótese nula e verificou-se que
esta era rejeitada, havendo diferenças significativas no índice quando comparadas as três
dietas (tabela III).
Analisando individualmente cada uma das dietas, (teste Post-hoc), só há diferenças
estatisticamente significativas para as amostras de controlo, quando comparadas com o milho,
sendo que os valores de milho são mais elevados (em termos médios) (tabela III). As amostras
24
Resultados e Discussão
entre controlo e alga quando comparadas não têm quaisquer diferenças estatísticas
significativas.
Figura 10 - Média do índice gonadossomático (com desvio padrão) de Paracentrotus
lividus sujeito a três diferentes dietas (milho, alga desidratada e controlo), nas
jaulas, obtida no final da experiência.
25
Parte III
Tabela III – Teste de Homogeneidade de Variâncias (Teste de Levene), ANOVA, Kruskal-wallis e testes post-hoc para as variáveis
dependentes peso dos indivíduos, peso das gónadas e índice gonadossomático (GI) nas jaulas. SQ – Soma dos quadrados, MQ –
Média dos quadrados, F – estatístico, Sig. – valor significância (ρ-value), DM – diferença da média.
Teste Homogeneidade de Variâncias
Teste de Levene
graus liberdade
Sig.
Peso (g)
2,510
2
0,083
Peso gónadas (g)
12,517
2
0,000
GI
9,233
2
0,000
Variável
ANOVA
SQ
graus
F
Sig.
177,076
2,796
0,063
liberdade
Variável dependente
Peso (g)
MQ
354,152
2
Kruskal – wallis
Qui-Quadrado
graus liberdade
Sig.
Peso gónadas (g)
75,728
2
0,000
GI
84,429
2
0,000
Variável dependente
Testes Post – hoc
Variável dependente e
Teste
Condição
DM
Sig.
1,5418
0,000
0,043478
0,000
níveis dos factores
testados
Peso gónadas (g)
Dunett T
GI
Dunett T
Comparação de milho com
controlo
Comparação de milho com
controlo
26
Resultados e Discussão
3.7 Análise dos poços
3.7.1
Peso médio dos indivíduos
A média do peso dos indivíduos existentes nos poços também foi calculada, sendo
muito semelhante como se pode observar pela figura 11.
Para as análises estatísticas nos poços temos a média de duas dietas, logo utilizou-se o
teste independente de amostras (teste t). Assim sendo, temos os resultados do teste de
Levene em que sig é superior a 0,05. Logo, o resultado é visto na linha em que a igualdade de
variâncias é assumida e verificamos que não existem diferenças significativas entre as dietas
milho e controlo (tabela IV).
Figura 11 - Média do peso em gramas de Paracentrotus lividus sujeito a duas
diferentes dietas (milho e controlo), nos poços, obtida no final da
experiência.
3.7.2
Peso médio das gónadas
Relativamente à média destes valores já se notam diferenças, sendo maior a média do
peso das gónadas dos ouriços que se alimentaram a milho (figura 12).
No resultado do teste de Levene obtivemos o valor de sig inferior a 0,05. Logo, o
resultado é visto na linha em que a igualdade de variâncias não é assumida e verificamos assim
que existem diferenças significativas entre as dietas milho e controlo (tabela IV).
27
Parte III
Figura 12 - Média do peso das gónadas em gramas de Paracentrotus lividus
sujeito a duas diferentes dietas (milho e controlo), nos poços, obtida no final da
experiência.
3.7.3
Índice Gonadossomático (GI)
De modo igual aos resultados anteriores, os indivíduos que se alimentaram de
milho possuem um maior valor médio de índice (figura 13).
Figura 13 - Média do índice gonadossomático em gramas de Paracentrotus
lividus sujeito a duas diferentes dietas (milho e controlo), nos poços, obtida
no final da experiência.
28
Resultados e Discussão
Para o GI o resultado estatístico é o mesmo do que para o peso das gónadas, no teste
de Levene sig é inferior a 0,05 e verificámos que existem diferenças significativas entre as
dietas milho o controlo (tabela IV).
Tabela IV - Teste Independente de amostras, testando-se a homogeneidade de variâncias (Teste de Levene) e a igualdade de
médias (teste t) para as variáveis dependentes peso dos indivíduos, peso das gónadas e índice gonadossomático (GI) nos poços.
Sig. – valor de significância (ρ-value), DM – diferença da média, Igualdade de variâncias assumidas/não assumidas –
dependentemente do valor de sig para o teste Levene logo se vê a linha dos valores.
Teste Independente de Amostras
Teste Levene
Variável
Teste t
Igualdade
Sig.
Variâncias
Sig.
DM
Peso (g)
0,258
Assumidas
0,528
0,9849
Peso gónadas (g)
0,000
Não assumidas
0,000
2,3369
GI
0,000
Não assumidas
0,000
0,068576
3.8 Coloração das gónadas
No final da experiência foi também analisado a cor das gónadas para as diferentes
dietas, pois tem bastante interesse a nível comercial. Assim sendo a coloração é essencial para
a comercialização deste produto.
Como já foi referido as categorias escolhidas para as cores são: laranja escuro (LE),
amarelo pálido (AP), laranja brilhante (LB), laranja amarelo (LA) e laranja manga (LM). Gónadas
de cor LE e AP são consideradas de baixa qualidade, de cor LB e LA consideradas aceitáveis e
de cor LM excelentes.
Com os resultados obtidos pudemos verificar que houve um maior número de cores
consideradas aceitáveis do que as restantes (figura 14). Na dieta milho foi a que se observou
com maior percentagem de coloração aceitável e excelente comparativamente com os outros
tipos de dieta, mesmo para o controlo (figura 14).
29
Parte III
Figura 14 – Percentagem da coloração das gónadas
Os resultados obtidos através do teste do qui-quadrado revelam que existe
dependência estatística entre os atributos dieta e cor das gónadas. Ou seja, são condições
estatisticamente dependentes (tabela V; χ² = 25,5; ρ-value <0,05), em que o valor de
significância é inferior a 0,05 logo rejeita-se a H0, a cor das gónadas é estatisticamente
dependente do tipo de amostras, havendo associação entre os atributos (tabela V).
Depois de verificada a associação entre as variáveis cor e dieta, sendo consideradas
significativas, analisaram-se quais as categorias associadas localmente (tabela VI). Assim sendo
calculam-se os Resíduos ajustados (Adjusted Residual) que, em valor absoluto, são superiores a
1,96. Todos os resíduos cujos valores absoluto são superiores a este número correspondem ao
par responsável pela dependência, havendo evidências de associação significante entre
categorias (tabela VI).
30
Resultados e Discussão
Tabela V – Método de Pearson
Teste Qui-Quadrado
Valor
Pearson Qui-Quadrado
8
,001
29,153
8
,000
25,500
Proporção Probabilidade
N de Casos Válidos
Sig.
Graus liberdade
a
390
a. 2 células (13,3%) contam menos que 5. A contagem mínima esperada é 2,30.
Assim sendo, a cor amarelo pálido (AP) está associada tanto para a dieta de milho
como de controlo, a cor laranja brilhante (LB) está associada apenas para a dieta milho e a cor
laranja escuro (LE) está associada para todas as dietas (tabela VI).
Tabela VI – Associação entre as variáveis cor das gónadas e ração.
Cruzamento Cor gónadas * Ração
Ração
Milho
Cor gónadas
AP
LA
LB
LE
Total
Controlo
Total
Soma
13
1
0
Resíduos ajustados
3,0
-1,0
-2,5
Soma
45
13
26
Resíduos ajustados
,1
-,3
,1
Soma
100
21
46
Resíduos ajustados
2,3
-1,8
-1,1
Soma
31
23
35
-3,9
2,7
2,1
Soma
18
6
12
Resíduos ajustados
-,4
,0
,4
207
64
119
Resíduos ajustados
LM
Alga
Soma
31
14
84
167
89
36
390
Parte III
3.9 Identificação dos locais com bancos de ouriços
Ao retirar as coordenadas em GPS para se efectuar um mapa da zona com os possíveis
bancos de ouriços existentes na vila obtivemos a seguinte tabela de coordenadas:
Tabela VII – Coordenadas dos vários locais com bancos de ouriços
Coordenadas
N 38° 57’ 35.58’’
O 9° 25’ 8.62’’
N 38° 57’ 38.20’’
O 9° 25’ 11.76’’
N 38° 57’ 40.23’’
O 9° 25’ 12.82’’
N 38° 57’ 42.82’’
O 9° 25 11.59’’
N 38° 58’ 11.73’’
O 9° 25’ 17.51’’
N 38° 58’ 14.15’’
O 9° 25’ 16.46’’
Local
Furnas/ Viveiro
Furnas
Furnas
Furnas
S. Sebastião
S. Sebastião
Dando origem ao seguinte mapa:
S. Sebastião
Figura 15 – Mapa mostrando os diferentes locais existindo ouriços com as coordenadas retiradas (Google Maps).
32
Resultados e Discussão
4. Discussão
Vários estudos foram já efectuados analisando o crescimento do ouriço e das suas
gónadas, a sua produção e o efeito da dieta neste crescimento (Basuyaux & Blin, 1998; Cook &
Kelly, 2007; Fernandez et al., 1995; Fernandez, 1997; Fernandez & Pergent, 1998; Fernandez &
Boudouresque, 2000; Tomsic et al., 2010). No entanto, o efeito de uma dieta artificial no
crescimento dos Equinoides, mantidos em ambiente natural, foi pouco estudado. Atendendo a
este facto, com o presente estudo pretendeu-se analisar, pela primeira vez num viveiro, o
crescimento do ouriço e das suas gónadas influenciado por diferentes dietas durante 6 meses,
em ambiente natural, mas com várias amostras controladas.
Para os dados hidrográficos, que não foram controlados artificialmente mas de
qualquer maneira registados, não obtivemos uma grande diferença de valores no intervalo dos
6 meses tanto para a temperatura como para a salinidade, não havendo diferenças muito
bruscas. As temperaturas interiores e exteriores do viveiro alteraram-se de forma igual,
descendo e subindo na mesma altura, mas com menores diferenças no interior do viveiro. A
partir de Março mantiveram-se constantes no interior do viveiro. No que diz respeito à
salinidade foi possível encontrar um padrão em que os valores mais baixos e mais elevados
coincidiram com a altura de menor e maior precipitação, respectivamente, na zona do viveiro:
depois de um longo período de precipitação no mês de Novembro, obteve-se os valores mais
baixos de salinidade, enquanto que após um período em que não houve precipitação,
Fevereiro, a salinidade registada no interior do viveiro apresentou valores mais elevados.
Mesmo assim, o intervalo de diferença de valores não foi muito acentuado não afectando a
sobrevivência dos indivíduos presentes no interior do viveiro. Factores abióticos como a
temperatura e a salinidade não podem estar associados às diferenças de crescimento que
pudessem surgir ou afectar a absorção do alimento, pois provavam ser iguais no interior do
viveiro alterando-se por isso de uma forma natural.
No que diz respeito aos valores obtidos em termos de mortalidade dos indivíduos, não
se pode afirmar que a causa foi a alimentação, pois foi observada alguma mortalidade logo no
início do estudo. Tal facto pode estar relacionado com a mudança de local e de ambiente ou
com o transporte dos indivíduos e não com a adaptação a um tipo específico de alimentação,
uma vez que a dieta de milho foi a que teve menos mortalidade. Passada esta fase inicial, os
indivíduos mantiveram-se vivos até ao final do estudo, verificando-se uma adaptação dos
animais dentro do viveiro (quer nas jaulas quer nos poços) e uma obtenção de alimento por
33
Parte III
parte destes visto que os dois alimentos fornecidos aos exemplares eram sempre totalmente
consumidos, não se verificando a presença posterior nas caixas.
Observaram-se os intestinos dos ouriços dos tanques e do poço que estavam sujeitos a
uma alimentação natural (controlo), ou seja, dependiam do que existia no viveiro trazido pelas
marés. Depois de abertos, o resultado obtido através da análise realizada foi o esperado pois o
tipo de algas que estes tinham ingerido foi o mesmo que se encontrou e fotografou no interior
do viveiro: algas verdes e vermelhas. Provavelmente as espécie seriam também as mesmas, a
alga vermelha da espécie Asparagopsis armata, alga invasora na costa portuguesa,
encontrando-se em abundância e a alga verde Codium sp. (Cambell, 1976).
Relativamente ao peso médio global dos ouriços (em gramas), registou-se um
aumento do início para o final da experiência. Nas jaulas registou-se um aumento mais
significativo nos tanques alimentados a alga (1A e 4A), onde curiosamente também se
verificou uma maior taxa de mortalidade. Isto leva-nos a ponderar que se a mortalidade fosse
menor, provavelmente iríamos ter umas diferenças significativas na diferença de peso. Nos
poços, a diferença média de pesos é bastante semelhante entre as dietas. Assim sendo, e de
acordo com o trabalho de Boudouresque & Verlaque (2007), a espécie Paracentrotus lividus
exibe um crescimento adequado com as algas, considerados animais basicamente herbívoros.
Em termos estatísticos e analisando os resultados de uma forma mais específica, não
existem diferenças significativas no final do período experimental quando comparadas todas
as dietas com o peso médio dos indivíduos. Apesar destes resultados, a dieta com milho,
potencia sempre indivíduos de peso superior, face a uma dieta natural ou com alga Laminaria
desidratada.
Nas jaulas, no que diz respeito ao peso médio das gónadas dos indivíduos, as
diferenças mais significativas foram encontradas entre a dieta milho e o controlo. O peso das
gónadas dos ouriços que foram alimentados com milho é mais elevado em valores de 1,5 g.
Comparando as outras dietas, em termos estatísticos não foram encontradas diferenças
significativas, nem entre a dieta milho e alga nem o controlo com a dieta alga. Para o índice
gonadossomático também se encontraram diferenças entre as várias dietas. Aqui verificou-se
o mesmo padrão do que para o peso das gónadas, havendo diferenças para as amostras de
controlo quando comparadas com o milho. Estas diferenças corresponderam a um aumento
de 0,04 g para os ouriços alimentados com milho, o que traduziu em 4% de aumento em
termos de percentagem do índice gonadossomático. Isto sugere um maior desenvolvimento
das gónadas relacionando com o peso dos ouriços quando alimentados a milho
comparativamente aos ouriços com uma alimentação dependente da maré (controlo).
34
Resultados e Discussão
Possivelmente o alimento presente no viveiro não foi suficiente para os ouriços, visto que a
rede das jaulas também poderá ter sido um impedimento na entrada de alimento.
Quanto ao peso das gónadas dos ouriços que se encontravam nos poços verificou-se
uma diferença significativa correspondente a 2,3 g. Os valores no índice gonadossomático
resultaram no mesmo padrão havendo uma diferença mas de 0,07 g, sendo os valores do peso
das gónadas elevados para a dieta milho.
Assim sendo e em termos globais, não ocorreram diferenças estatisticamente
significativas quer nos poços quer nas jaulas entre as dietas testadas no caso do peso dos
animais, mas existiram diferenças consideráveis no peso das gónadas destes mesmos animais
e no índice gonadossomático de igual modo para as jaulas e poços.
Apesar de haver diferenças nos dois locais do estudo no que diz respeito ao número da
amostra, que é maior nos poços, e de haver mais uma dieta (a alga) nas jaulas do que nos
poços, a diferença significativa que existe nos pesos médios estudados, quando feita uma
análise mais detalhada no estudo, foi sempre maior entre a dieta milho e controlo. Podemos
afirmar então que o peso das gónadas e o índice gonadossomático após seis meses de estudo
apresentaram valores mais elevados na dieta milho do que no controlo. A dieta à base de
milho e com alguma alga introduzida no viveiro com a maré, induziu um crescimento gonadal
mais rápido do que a dieta à base de um suplemento de alga e do que o próprio controlo.
Estes resultados foram semelhantes aos de Basuyaux & Blin (1998) que nos diz que uma dieta
misturada com milho possui melhores resultados do que uma dieta só à base de milho ou só à
base de alga.
Este desenvolvimento das gónadas pode ser explicado pelos factores endógenos que
afectam a sua composição, em que quando o alimento é abundante e o valor nutricional da
dieta é elevado (na dieta milho com alga da maré), o ouriço-do-mar mobiliza a energia
(proteínas e lípidos) para o crescimento e produção das gónadas, armazenando os nutrientes e
abrandando assim o crescimento somático, como se verifica pelos nossos resultados e
resultados similares de outros autores como Fernandez et al. (1995), Fernandez &
Boudouresque (1998) e Arafa et al. (2012).
Os resultados desta experiência demonstram que a qualidade do alimento ingerido
influencia o crescimento, sugerido também por outros autores em Fernandez & Boudouresque
(1998) e Fernandez & Pergent (1998) e os níveis do índice gonadossomático, reflectindo assim
as condições nutricionais favoráveis para a criação dos indivíduos.
Mas por outro lado, tem que se ter algum cuidado com o tipo de dietas que se fornece
aos indivíduos, se queremos ter um bom produto para comercialização, isto porque as
gónadas necessitam de ter uma cor adequada para se ter uma boa qualidade do produto. Não
35
Parte III
podemos ter em conta só o crescimento sem conseguirmos uma boa cor que está
directamente ligada ao tipo de dieta e assim, aos nutrientes e pigmentos que a constituem
(Robinson et al., 2002). Os nossos resultados demonstram que conseguimos ter uma boa
percentagem de ouriços com gónadas de cor laranja brilhante (LB) considerada aceitável para
comercialização, através da dieta com milho. Por fim, além de resultados positivos no
crescimento das gónadas com a dieta milho, conseguiu-se também um bom resultado na
coloração das mesmas, tendo no final um bom produto.
A grande percentagem de cor LB demonstrada para a dieta milho pode dever-se ao
facto de ter havido pouca mortalidade para esta dieta, de haver um grande número de
exemplares e por os ouriços se terem alimentado não só de milho mas também da alga
existente no viveiro, principalmente os ouriços que estavam no poço e que mais facilmente
eram cobertos por alga pois não estavam confinados às jaulas com rede. A boa coloração das
gónadas dos ouriços também pode ter sido a que nos últimos meses antes de serem
colectados, ter havido uma enorme entrada de alga vermelha da espécie Asparagopsis armata
no viveiro. Resultados semelhantes obtidos por Shpigel et al. (2005) sugerem também que na
cultura dos ouriços-do-mar, a adição de uma macroalga à dieta quatro semanas antes de os
indivíduos serem colectados pode providenciar o desejo equilibrado entre a coloração das
gónadas e o índice gonadossomático. Outro estudo como o de Pearce et al. (2002), também
obteve bons resultados com outras dietas preparadas demonstrando que estas produzem
gónadas com coloração aceitável para comercialização que são significativamente diferentes
das dietas com kelp ou dos próprios ouriços-do-mar selvagens. Apesar dos nossos resultados
terem sido favoráveis para uma dieta essencialmente com milho, também temos de ter em
conta as mudanças que podem estar relacionas com o estado de maturação dos ouriços,
sugerido por Blount & Worthington (2002), que podem influenciar a qualidade das gónadas,
algo que não foi calculado neste estudo por não termos considerado essa época na cronologia
do estudo.
Relativamente aos locais encontrados na vila da Ericeira com bancos de ouriços,
apenas serviu como base de dados para trabalhos posteriores pois não há informações
publicadas relativamente aos ouriços existentes. Apenas se tem informação pela população
local, que de dia para dia há cada vez menor número de ouriços, antes abundantes na região.
Em conclusão os nossos resultados sugerem que uma dieta de milho, em viveiro
natural que deixa entrar também algas que possam vir com a maré, fornece os melhores
resultados tanto para o crescimento das gónadas como para a sua boa coloração para
comercialização. Também o milho responde aos requisitos mínimos de cultivo algo sugerido
por Basuyaux & Blin (1998) como a estabilidade na água do milho (sem degradação),
36
Resultados e Discussão
crescimento satisfatório do ouriço, qualidade aceitável das gónadas, alimento disponível o ano
inteiro, fácil armazenamento e baixo-custo. Assim sendo, recomendamos esta dieta para os
ouriços em viveiro associada à existente em meio natural.
37
Parte III
38
PARTE IV
Referências Bibliográficas
Referências Bibliográficas
5. Referências bibliográficas
Arafa, S., Chouaibi, M., Sadok, S. and El Abed, A. 2012. The influence of Season on the
Gonad Index and biochemical composition of the sea urchin Paracentrotus lividus from the
Golf of Tunis. The Scientific World Journal, 1-8.
Basuyaux, O. & Blin, J. L. 1998. Use of maize as a food source for sea urchins in a
recirculation rearing system. Aquaculture International, 6: 233-247.
Blount, C. & Worthington, D. 2002. Identifying individuals of the sea urchin
Centrostephanus rodgersii with high-quality roe in New South Wales, Australia. Fisheries
Research, 58: 341-348.
Boudouresque, C.F. & Verlaque, M. 2007. Ecology of Paracentrotus lividus. In Edible
Sea Urchins: Biology and Ecology, John M. Lawrence (Eds.), pp 243-285. Amsterdam.
Campbell, A. C. 1976. The Hamlyn Guide to the Seashore and Shallow Seas of Britain
and Europe. The Hamlyn Publishing Group Limited. London.
Cook, E. J. & Kelly, M. S. 2007. Enhanced production of the sea urchin Paracentrotus
lividus in integrated open-water cultivation with Atlantic salmon Salmo salar. Aquaculture,
273: 573-585.
Ebert, T.A. 2007. Growth and Survival of Postsettlement Sea Urchins. In Edible Sea
Urchins: Biology and Ecology, Second Edition, John M. Lawrence (Eds.), pp: 95-134.
Amsterdam.
Fernandez, C., Dombrowski, E. and Caltagirone, A. 1995. Gonadic growth of adult sea
urchins, Paracentrotus lividus (Echinodermata: Echinoidea) in rearing: The effect of different
diet types. In Echinoderm Research 1995. Emson, Smith & Campbell (Eds.), pp 269-275. A. A.
Balkema Publishers, Rotterdam.
41
Parte IV
Fernandez, C. 1997. Effect of Diet on the Biochemical Composition of Paracentrotus
lividus (Echinodermata: Echinoidea) Under Natural and Rearing Conditions (Effect of Diet on
Biochemical Composition of Urchins). Comp. Biochem. Physiol. 118A (4): 1377-1384.
Fernandez, C. & Boudouresque, C.F. 1998. Evaluating artificial diets for small
Paracentrotus lividus (Echinodermata: Echinoidea). In Echinoderms, San Francisco, Mooi &
Telford (Eds.), pp 651-657. Balkema Publishers.
Fernandez, C. & Pergent, G. 1998. Effect of different formulated diets and rearing
conditions on growth parameters in the sea urchin Paracentrotus lividus. Journal of Shelfish
Research. 17 (5): 1571-1581.
Fernandez, C. & Boudouresque, C.F. 2000. Nutrition of the sea urchin Paracentrotus
lividus (Echinodermata: Echinoidea) fed different artificial food. Mar. Ecol. Prog. Ser. 204: 131141.
Fernandez, C., Pasqualini, V., Johnson, M., Ferrat, L., Caltagirone, A. and
Boudouresque, C.F. 2003. Stock evaluation of the sea urchin Paracentrotus lividus in a lagoonal
environment. In Echinoderm Research 2001. J.P. Féral, & David (Eds.), pp 319-323. A. A.
Balkema Publishers, Lisse.
Gago, J., Range, P. and Luís, O. 2003. Growth, reproductive biology and habitat
selection of the sea urchin Paracentrotus lividus in the coastal waters of Cascais, Portugal. In
Echinoderm Research 2001. J.P. Féral, & David (Eds.), pp 269-276. A. A. Balkema Publishers,
Lisse.
Jimmy, R. A., Kelly, M. S. and Beaumont, A. R. 2003. The effect of diet type and
quantity on the development of common sea urchin larvae Echinus esculentus. Aquaculture,
220: 261-275.
Lawrence, J.M., McBride, S. C., Plank, L. R. and Shpigel, M. 2003. Ammonia tolerance of
the sea urchins Lytechinus variegatus, Arbacia punctulata, Strongylocentrotus franciscanus,
and Paracentrotus lividus. In Echinoderm Research 2001, J.P. Féral, & David (Eds.), pp 233-236.
A. A. Balkema Publishers, Lisse.
42
Referências Bibliográficas
Lawrence, J.M. 2007. Edible Sea Urchins: Use and File-History Strategies. In Edible Sea
Urchins: Biology and Ecology, Second Edition, John M. Lawrence (Eds.), pp 1-9. Amsterdam
Lawrence, J. M., Lawrence, A. L., and Watts, S. A. 2007. Feeding, Digestion, and
Digestibility. In Edible Sea Urchins: Biology and Ecology, Second Edition, John M. Lawrence
(Eds.), pp 135-158. Amsterdam
Leoni, V., Fernandez, C., Johnson, M., Ferrat, L. and Pergent-Martini, C. 2003.
Preliminary study on spawning periods in the sea urchin Paracentrotus lividus from lagoon and
marine environments. In Echinoderm Research 2001. J.P. Féral, & David (Eds.), pp 277-280. A.
A. Balkema Publishers, Lisse.
Liyana-Pathirana, C., Shahidi, F. and Whittick, A. 2002. The effect of an artificial diet on
the biochemical composition of the gonads of the sea urchin (Strongylocentrotus
droebachiensis). Food Chemistry, 79: 461-472.
Marsh, A.G. & Watts, S. A. 2007. Biochemical and Energy Requirements of Gonad
Development. In Edible Sea Urchins: Biology and Ecology, Second Edition, John M. Lawrence
(Eds.), pp 35-53. Amsterdam
Martínez, I., García, F. J., Sánchez, A. I., Daza, J. L. and del Castillo, F. 2003. Biometric
parameters and reproductive cycle of Paracentrotus lividus (Lamarck) in three habitats of
Southern Spain. In Echinoderm Research 2001. J.P. Féral, & David (Eds.), pp 281-287. A. A.
Balkema Publishers, Lisse.
McEdward, L.R. & Miner, B.G. 2007. Echinoid Larval Ecology. In Edible Sea Urchins:
Biology and Ecology, Second Edition, John M. Lawrence (Eds.), pp 71-93. Amsterdam.
Mundstock, E., Fachel, J.M.G., Camey, S.A. and Agranonik, M. 2006. Introdução à
análise estatística utilizando o SPSS 13.0.Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto
de Matemática. Cadernos de Matemática e Estatística. Série B: Trabalho de Apoio didático,
número XX.
43
Parte IV
Pearce, C. M., Daggett, T. L. and Robinson, S. M. C. 2002. Effect of protein source ratio
and protein concentration in prepared diets on gonad yield and quality of the green sea urchin,
Strongylocentrotus droebachiensis. Aquaculture, 214: 307 – 332.
Pipa, A. & Valle de Figueiredo, M. 2003. Ericeira Um Mar de Tradições – An Ocean of
Traditions. Junta de Turismo da Ericeira, ELO – Publicidade e Artes Gráficas, SA. Portugal
Robinson, S. M. C., Castell, J.D. and Kennedy, E.J. 2002. Developing suitable colour in
the gonads of cultered green sea urchins (Strongylocentrotus droebachiensis). Aquaculture,
206: 289 – 303.
Saldanha, L. 1995. Fauna Submarina Atlântica. Publicações Europa-América. Portugal
Sánchez-España, A. I., Martínez-Pita, I. and García, F. J. 2004. Gonadal growth and
reproduction in the comercial sea urchin Paracentrotus lividus (Lamarck, 1816)
(Echinodermata: Echinoidea) from southern Spain. Hydrobiologia, 519: 61-72.
Shpigel, M., McBride, S. C., Marciano, S. and Lupatsch, I. 2004. The effect of
photoperiod and temperature on the reproduction of European sea urchin Paracentrotus
lividus. Aquaculture, 232: 343 – 355.
Shpigel, M., McBride, S. C., Marciano, S., Ron, S. and Bem-Amotz, A. 2005. Improving
gonad colour and somatic index in the European sea urchin Paracentrotus lividus. Aquaculture,
245: 101-109.
Tomsic, S., Conides, A., Dupcic Radic, I. and Glamuzina, B. 2010. Growth, size class
frequency and reproduction of purple sea urchin, Paracentrotus lividus (Lamarck, 1816) in
Bistrina Bay (Adriatic Sea, Croatia). Acta Adriat. 51(1): 67-77.
44
Download

Crescimento do ouriço-do-mar Paracentrotus lividus em viveiro na