04 - Editorial:
João Aguiar Campos
06 - Foto da semana
07 - Citações
08 - Nacional
14 - Internacional
25 - Opinião:
D. Manuel Linda
24 - Semana de..
Lígia Silveira
28 - Dossier
São Bento, patrono da Europa
Papa Francisco no
seu ambiente
latinoamericano
42 - Estante
44 - Vaticano II
46 - Agenda
48 - Por estes dias
50 - Por outras palavras
51 - YouCat
52 - Programação Religiosa
53 - Minuto Positivo
54 - Liturgia
56 - Família
58 - Ano da Vida Consagrada
62 - Fundação AIS
64 - Obrigado, Dra Maria Barroso
Tony Neves
[ver+]
Maria Barroso era
uma cristã
«invulgar»
[ver+]
Foto da capa: Agência ECCLESIA
Foto da contracapa: Agência ECCLESIA
AGÊNCIA ECCLESIA
Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo
Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,.
Luís Filipe Santos, Sónia Neves
Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes
Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais
Diretor: Cónego João Aguiar Campos
Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.
Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D
1885-076 MOSCAVIDE.
Tel.: 218855472; Fax: 218855473.
[email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;
2
São Bento:
Seguidores em
Portugal
[ver+]
Opinião
João Aguiar Campos | D. Manuel
Linda Lígia Silveira |Manuel Barbosa
| Paulo Aido | Tony Neves | Fernado
Cassola Marques
3
Estes alemães…
João Aguiar Campos
Secretariado Nacional
das Comunicações
Sociais
4
Calma. Se esperam ler aqui uma diatribe sobre a
senhora Merkel mais o seu ministro das Finanças
com a crise grega como pano de fundo,
desiludam-se.
O que aqui trago hoje não é mais que o tranquilo
desejo de sublinhar uma decisão estes dias
tornada pública pela Conferência dos bispos
alemães. Versa orientações para os
responsáveis financeiros das instituições
eclesiais, exortados a um «investimento ético e
durável».
Não sei alemão e não fico sossegado com
resumos googlados. O que reporto li-o, por isso,
no “La Croix”, que dá sintética conta do que foi
tornado público no passado dia 3 deste mês de
Julho.
O documento em causa, disponível em PDF, tem
uma quarentena de páginas e um glossário.
Propõe «um caminho em sete etapas»,
abarcando diversos items. Um deles desafia as
estruturas e os movimentos eclesiais a avaliarem
a idoneidade dos seus parceiros em temas como
a pornografia, a corrupção, a energia nuclear e
as experiências com embriões. Enfim, algo muito
próximo do “Projeto Ético de Fundo Santander
Central Hispano Responsabilidade”, redigido pelo
Instituto Social Leão XIII.
Diz a sabedoria popular que «quem anda com
lobos aprende a uivar». O que, traduzido para o
caso que agora nos ocupa, quer dizer que nunca
ficaremos com as mãos limpas se alguém sujar
as suas com o nosso apoio…
Citando o presidente do Comité Central dos
Católicos Alemães (ZdK), o “La
Croix” transcreve esta afirmação,
em defesa da transparência: «O
modo como a Igreja gere as suas
finanças e a sua riqueza é uma
questão-chave para a sua
credibilidade». Depois, na boca do
cardeal Reinhard Marx coloca uma
exigência prática: «Devemos
interrogar-nos sobre o modo como a
Igreja gere os seus recursos, como
as estruturas eclesiais investem o
seu capital e como pode a ética ser
integrada na economia».
Que o episcopado alemão faça o
que acaba de fazer é importante a
vários níveis. Um deles tem mesmo
a ver com críticas que sofreu num
passado não muito distante: há dois
anos a Igreja alemã era notícia, ao
ser acusada de esconder parte do
seu património em orçamentos
especiais. Outros investimentos não
estariam, por seu turno, a servir as
melhores causas. Agora organizase, compromete-se e clarifica
caminhos. É bom.
Felizmente que, em diversos
ambientes vai conquistando terreno
a preocupação de ter em conta
critérios éticos e sociais na hora de
decidir investimentos. Cresce, por
isso, a consultoria neste domínio e
aumenta o número dos fundos de
investimento que usam filtros.
Trata-se, ao fim e ao cabo, de
consciencializar os investidores e
proporcionar-lhe o lucro a que
justamente aspiram, sem que valha
(quase) tudo para o conseguir.
É obrigatório que as instituições
eclesiais abracem de alma e
coração este caminho que, aliás, a
Doutrina Social da Igreja propõe
para dentro e para fora. Até para
não suceder que, pregando aos
outros, fique a casa de ferreiro com
espeto de pau…
Sim; há que pôr mãos ao trabalho
de «uma grande obra educativa e
cultural», como chama o Compêndio
da Doutrina Social (375) ao esforço
de não absolutizar a economia.
5
Aos domingos quando vinha para a
missa das 19h15 sentava-se no bar
durante uma hora e ia acolhendo e
recebendo as pessoas que queriam
falar com ela. É fantástico, estava
numa simplicidade e proximidade
absurdamente extraordinária.
(Monsenhor Feytor Pinto, sobre
Maria Barroso)
A nação, senhor primeiro-ministro,
está empobrecida, o povo português
está enfraquecido. Como responde
à acusação do secretário-geral
António Costa, que chamou a
atenção para vários vícios, os
pecados capitais? (Ferro Rodrigues,
no debate «O Estado da Nação», na
Assembleia da República, dia 8 de
julho)
Papa na América Latina
@Agência de Informação da Bolívia
6
Deixe-me responder aos seus sete
pecados capitais com outra imagem
bíblica, com as dez pragas que o
partido socialista deixou a
Portugal (Pedro Passos Coelho, no
debate «O Estado da Nação», na
Assembleia da República, dia 8 de
julho)
A família é o hospital mais próximo,
quando uma pessoa está doente
cuidam-na lá enquanto se pode. A
família é a primeira escola das
crianças, é o grupo de referência
imprescindível para os jovens, é o
melhor asilo para os idosos. (Homilia
do Papa ho Equador, 6 de julho)
Não seria um exagero afirmar que o
meu país foi transformado num
laboratório experimental da
austeridade nos últimos cinco anos.
Mas todos temos de admitir que a
experiência não foi bem sucedida.
(Discurso de Alexis Tsipras no
Parlamento Europeu, 8 de julho)
A Hungria está a ser confrontada
com a maior vaga de migrantes da
sua história e as suas capacidades
estão sobrecarregadas a
130% (Ministro húngaro, Sandor
Pinter, justificando a construção de
um muro com 175 km na fronteira
com a Sérvia)
7
Maria Barroso era uma cristã
«absolutamente invulgar»
O padre Vítor Feytor Pinto,
responsável da Paróquia do Campo
Grande, em Lisboa, afirmou que
Maria Barroso era uma mulher de
“cultura vastíssima” e uma cristã
“absolutamente invulgar” que
participava na vida paroquial com
atitude de serviço e disponibilidade
a todos.
“Para a nossa comunidade
paroquial é uma grande perda
indiscutivelmente pelo exemplo de
vida que nos dava. Para a
sociedade perdemos uma mulher de
cultura vastíssima, de intervenção
política nos quadros da justiça e dos
valores humanos e ganhamos uma
mulher cristã no céu que vai
participar de certeza da alegria de
Deus e interceder por nós”,
comentou à Agência ECCLESIA.
Maria Barroso morreu madrugada
terça-feira, aos 90 anos, no Hospital
da Cruz Vermelha, em Lisboa, onde
estava internada desde 26 de
junho.
O padre Vítor Feytor Pinto, que
acompanhou a mulher do expresidente da República Mário
Soares desde que foi internada,
assinala que “foi um momento de
libertação ao encontro de Deus”.
8
“Como mulher de fé sabe
perfeitamente que a vida não acaba
apenas se transforma e portanto
tinha consciência plena disso. Ela
ia-se preparando muito para este
momento”, revela o sacerdote que
adianta que Maria Barroso
“ultimamente” falava como “bastante
frequência” nesta eventualidade:
“Dizendo concretamente que se
sentia preparada e, como mulher de
fé, terá vivido os últimos momentos
da sua vida consciente que ia ao
encontro de Deus”.
O padre Vítor Feytor Pinto destaca
de Maria Barroso a “cultura
vastíssima” que a Paróquia do
Campo Grande beneficiou através
de diversas formas de
disponibilidade e serviço quando
durante a semana “ajudava crianças
que precisavam de apoio no estudo
de português e outros” e
ensinava também os leitores a
“pronunciarem bem as palavras
quando falassem ao microfone” e
também a saber “lidar” com o
microfone.
“Tinha uma nota muito interessante,
aos domingos quando vinha para a
missa das 19h15 sentavam-se no
bar durante uma hora e ia
acolhendo e recebendo as pessoas
que queriam falar com ela. É
fantástico, estava numa simplicidade
e proximidade absurdamente
extraordinária”, acrescenta o pároco
sobre quem “acompanhava
constantemente” as atividade
paroquiais.
O padre Vítor Feytor Pinto foi o
responsável da Comissão Nacional
da Pastoral da Saúde, durante 28
anos, e recorda que Maria Barroso
acompanhou-o “quase 20 vezes” ao
Vaticano, para participar em
encontros internacionais, “onde teve
oportunidade de conversar com os
três Papas [São João Paulo II; Bento
XVI e Francisco]”.
D. Manuel Clemente, cardealpatriarca de Lisboa, presidiu à missa
de corpo presente, esta quartafeira, na igreja do Campo Grande, a
que se seguiu o funeral no cemitério
dos Prazeres, em Lisboa.
9
Voluntariado: 900 portugueses
envolvidos em trabalho missionário
durante 2015
A Fundação Fé e Cooperação
divulgou o relatório do voluntariado
missionário e informa que 900
portugueses participam em ações
internacionais e nacionais, sendo "a
maioria estudantes e pessoas
empregadas”.
“No ano de 2015, são cerca de 624
os que realizam atividades de
voluntariado/missão em Portugal.
276 jovens e adultos realizam
projetos de voluntariado missionário
em países em desenvolvimento”,
contabiliza a fundação da
Conferência Episcopal Portuguesa.
Num comunicado enviado à Agência
ECCLESIA, a Fundação Fé e
Cooperação (FEC) revela que os
dados divulgados hoje resultam de
um inquérito realizado às 61
entidades que integram a Rede de
Voluntariado Missionário onde tem
responsabilidade de coordenação.
Das 61 entidades responderam 44,
“menos cinco do que em 2014, e 29
enviam voluntários em missão,
“menos nove do que em 2014”.
A fundação explica que os principais
continentes a receber voluntários
são África, América do Sul e Central
e Ásia recebendo a totalidade dos
276
10
voluntários portugueses
internacionais.
Entre projetos de curta e longa
duração, o relatório do voluntariado
missionário precisa que
Moçambique vai acolher 74
voluntários enquanto Cabo Verde já
acolhe 71; Angola 38; São Tomé e
Príncipe 36; o Brasil conta com 27;
Guiné-Bissau 18 e Timor-Leste
recebe 9.
Para além dos países lusófonos a
Bolívia recebe dois voluntários e o
Perú recebe um.
Segundo a FEC, a maioria dos 276
voluntários que parte em missão são
estudantes e pessoas empregadas
que dedicam a suas férias aos
voluntariado e destes 54 “repetem a
experiência e partem de novo”.
Precariedade, desemprego e pobreza
podem ser «mistura explosiva»
A Liga Operária Católica/Movimento
de Trabalhadores Cristãos realizou
um Encontro Nacional este domingo,
em Coimbra, declarando oposição à
“precariedade, desemprego e
pobreza”, que podem ser uma
“mistura explosiva”.
“Não à precariedade, desemprego,
pobreza, três referências da
sociedade atual que podem ser uma
mistura explosiva”, afirma a
‘Declaração de Coimbra’ da
LOC/MTC enviada hoje à Agência
ECCLESIA.
A LOC interroga-se no documento
se não está na hora dos
“trabalhadores cristãos e seus
pastores se levantarem e se
insurgirem publicamente” porque
“se mata para sempre o emprego de
adultos na força da vida e se deixam
os jovens, anos a fio, à espera de
nada” e porque “se corta nas
pensões dos reformados e os
idosos são reduzidos a sobrantes, a
descartáveis”.
“A sociedade pode ser mais justa
quando proporcionar a todos os
cidadãos oportunidades para se
desenvolverem como pessoas,
tendo para isso acesso aos meios
políticos, económicos, educativos,
culturais e espirituais,
indispensáveis”, afirma a
‘Declaração de Coimbra’.
De acordo com o documento
divulgado pela Liga Operária
Católica/Movimento de
Trabalhadores Cristãos, há mais de
1 milhão de desempregados, com “a
agravante” de 80% não terem
subsídio de desemprego, “20% há
mais de 2 anos”
11
A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a
atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados
emwww.agencia.ecclesia.pt
Diocese de Beja entregou prémio «Terras Sem Sombra» 2015
Biblioteca São Paulo vence prémio de arquitetura
12
13
Francisco propôs novo paradigma,
na fronteira entre norte e sul
O Papa encerrou esta quarta-feira
em Quito a sua primeira visita ao
Equador, iniciada no domingo, na
qual propôs novos paradigmas
sociais, económicos e ecológicos,
sublinhando a importância da fé
para a transformação da sociedade.
“Que as realizações alcançadas no
progresso e desenvolvimento
possam garantir um futuro melhor
para todos, prestando especial
atenção aos nossos irmãos mais
frágeis e às minorias mais
vulneráveis, que são a dívida que
toda a América Latina ainda tem”,
disse, logo à chegada
Num país que evoca a linha
imaginária que divide a terra em
dois hemisférios, Francisco falou
perante milhões de pessoas numa
Igreja que quer “construir pontes” e
“curar as feridas” provocadas pela
exclusão e as desigualdades. “A
esperança dum futuro melhor passa
por oferecer oportunidades reais
aos cidadãos, especialmente aos
jovens, criando emprego, com um
crescimento económico que chegue
a todos e não se fique pelas
estatísticas macroeconómicas, com
um
14
desenvolvimento sustentável”,
sustentou.
Mais de um milhão de pessoas
estiveram com o Papa na Missa a
que Francisco presidiu em Quito, na
qual recordou o “grito de
independência” da América Latina e
a força revolucionária da fé católica.
"Dando-se, o homem volta a
encontrar-se a si mesmo com a sua
verdadeira identidade de filho de
Deus, semelhante ao Pai e, como
Ele, doador de vida, irmão de Jesus,
de Quem dá testemunho. Isto é
evangelizar, esta é a nossa
revolução – porque a nossa fé é
sempre revolucionária – este é o
nosso grito mais profundo e
constante”, declarou.
Esta é a segunda visita do Papa
Francisco à América Latina, após a
viagem ao Brasil em 2013, e a
primeira a países de língua
hispânica; é também a primeira após
a publicação da encíclica ‘Laudato
si’. “Uma coisa é certa: não
podemos continuar a virar costas à
nossa realidade, aos nossos irmãos,
à nossa mãe terra. Não nos é lícito
ignorar o que está a acontecer à
nossa volta, como se determinadas
situações não existissem ou não
tivessem nada a ver com a nossa
realidade. Não nos é lícito, mais
ainda, não é humano entrar no jogo
da cultura do descartável”,
defendeu o pontífice argentino.
A nona viagem internacional do
pontificado, com passagens por
Quito e Guaiaquil, recordou ainda a
importância das famílias, na Igreja e
na sociedade. O Papa, primeiro
pontífice a visitar o Equador em
mais de 30 anos, enviou uma
mensagem final ao presidente
Rafael Correa, com votos de
“solidariedade e fraternidade” na
vida do país.
Francisco realiza até ao próximo dia
13 a nona viagem apostólica
internacional do pontificado para
visitar o Equador, a Bolívia e o
Paraguai, contando com a
participação de milhões de latinoamericanos nas cerimónias
presididas pelo primeiro pontífice
desta região na história da Igreja
Católica.
15
Uma Igreja ao lado das pessoas
O Papa disse esta quarta-feira na
capital da Bolívia que a
“especulação financeira” e o
consumismo são incapazes de
resolver as atuais crises, retomando
os alertas da sua nova encíclica
‘Laudato si’. “Se a política se deixa
dominar pela especulação
financeira, ou a economia se deixa
reger apenas pelo paradigma
tecnocrático e utilitarista da
produção máxima, não poderão
sequer compreender – e muito
menos resolver – os grandes
problemas que afetam a
humanidade”, disse, na Catedral de
La Paz.
Perante autoridades políticas e civis
da Bolívia, Francisco retomou
algumas das preocupações
apresentadas na sua nova
encíclica, ‘Laudato si’, sublinhando
que “o ambiente natural e o
ambiente social, político e
económico estão intimamente
relacionados”.
“É urgente estabelecer as bases
duma ecologia integral, é uma
problema de saúde, uma ecologia
integral que incorpore claramente
todas as dimensões humanas na
solução das graves questões
socioambientais dos nossos dias”,
advertiu.
16
A intervenção decorreu poucas
horas após a chegada à Bolívia,
vindo
do Equador, tendo sido antecedida
por uma visita de cortesia ao “irmão
presidente” Evo Morales. Francisco
caminhou depois até à Catedral, sob
os aplausos e manifestações de
entusiasmo das centenas de
pessoas que se reuniram no local.
O pontífice argentino defendeu, por
outro lado, o papel específico das
religiões no desenvolvimento da
cultura, ultrapassando a “esfera
puramente subjetiva”, e sublinhou
que o Cristianismo, em particular,
teve “um papel importante na
formação da identidade do povo
boliviano”. A intervenção apresentou
a violência doméstica, o alcoolismo
e o machismo como ameaças à
família, deixando ainda críticas a
“pseudossoluções a partir de
perspetivas que evidenciam uma
clara colonização ideológica”.
Comunhão contra desespero e
egoísmo
O Papa presidiu hoje à Missa em
Santa Cruz de la Sierra, Bolívia,
perante dezenas de milhares de
pessoas, que convidou a combater
lógicas de desespero e descarte
dos mais frágeis. “Num coração
desesperado, é muito fácil ganhar
espaço a lógica que pretende
impor-se no mundo de hoje. Uma
lógica que procura transformar tudo
em objeto de troca, de consumo: vê
tudo como negociável”, declarou, na
homilia da celebração que decorreu
na Praça de Cristo Redentor.
Na abertura do V Congresso
Eucarístico Nacional da Bolívia, o
pontífice disse que Eucaristia é
“sacramento de comunhão”, que faz
sair do individualismo, mostrando
que aquilo que cada um tem se
transforma em “pão de vida para os
outros” quando é “tomado,
abençoado e entregue, pelo poder
de Deus, pelo poder do seu amor”.
Francisco denunciou uma lógica
que “pretende deixar espaço para
muito poucos, descartando todos
aqueles que não «produzem»”, que
não são considerados “aptos ou
dignos”. “O olhar de Jesus não
aceita uma lógica, uma perspetiva
que ‘corta o fio’ sempre pelo ponto
mais frágil, mais necessitado”,
precisou, contrariando a tendência
que leva as pessoas
a fechar-se aos outros,
“especialmente aos mais pobres”.
Na abertura do 5.º Congresso
Eucarístico Nacional da Bolívia, o
Papa partiu do relato evangélico da
multiplicação dos pães, como
exemplo da “lógica de comunhão”
proposta por Jesus, essencial para
manter viva a esperança. “Jesus
nunca ignora a dignidade de pessoa
alguma, por maior que seja a
aparência de não ter nada para
oferecer ou partilhar”, referiu.
17
18
Bento XVI faz primeiro discurso
público após renúncia
Cáritas pede solução urgente para a
Grécia
O Papa emérito Bento XVI recebeu
este sábado o doutoramento
«Honoris Causa» por parte da
Academia Musical de Cracóvia e da
Pontifícia Universidade João Paulo
II.
Na Residência Pontifícia de Castel
Gandolfo, onde se encontra até 14
de julho, Bento XVI proferiu o
primeiro discurso público após a sua
renúncia, em fevereiro de 2013,
para agradecer ao cardealarcebispo de Cracóvia, D. Stanislaw
Dziwisz, que lhe conferiu dois títulos
de doutoramento.
Esta condecoração, disse o cardeal
Dziwisz, “representa a gratidão
destas duas instituições pela grande
estima que Bento XVI sempre nutriu
para com São João Paulo II"", "pelo
seu serviço pontifício e pela grande
herança da sua doutrina e
benevolência”.
O Papa emérito expressou o seu
apreço e reconhecimento pela
condecoração conferida, que
reforça a sua ligação com a Polónia,
país do santo João Paulo II, com
quem colaborou durante longos
anos. “Sem ele, o meu caminho
espiritual e teológico nem poderia
ser imaginado. Com o seu exemplo
vivo, ele
A Cáritas da Grécia diz que o país
precisa “urgentemente de encontrar
uma solução” para o impasse nas
negociações com as instâncias
financeiras europeias, pois “a crise
humanitária no país é enorme”. Em
entrevista concedida à Agência
ECCLESIA, Maristella
Tsamatropoulou, porta-voz da
organização católica, frisa que “há
um enorme número de pessoas, de
famílias, que a Cáritas não
consegue ajudar neste momento
porque as verbas de que dispõem
estão nos bancos, e os bancos
estão fechados”.
Em causa não estão só “as
necessidades de muitos pobres e
sem-abrigo mas também dos
inúmeros imigrantes e refugiados
que diariamente acorrem à costa
grega”, acrescenta aquela
responsável.
A porta-voz da Cáritas da Grécia
espera que “a primeira medida a
tomar seja a reabertura dos
bancos”, para bem da população do
país e também do trabalho da
instituição católica. Por outro lado,
sublinha que a dívida atualmente
em cima da mesa não foi feita pela
população, que por isso não pode
continuar a sofrer as
consequências.
ensinou-nos que a alegria da
grande música sacra pode caminhar
de mãos dadas com a participação
comum da sacra liturgia, como
também a alegria solene e a
simplicidade da humilde celebração
da fé”, recordou.
Para Bento XVI a música resulta da
experiência do amor, da experiência
da tristeza e do encontro com o
divino. “A poesia, o canto e a música
nasceram da dimensão do amor, de
uma nova dimensão da vida e de um
toque amoroso de Deus”, observou.
O Papa emérito concluiu o seu
pronunciamento dizendo que as
duas universidades, que lhe
conferiram este doutoramento
«Honoris causa» representam "um
contributo essencial para que o
grande dom da música, que provém
da tradição da fé, não se dissipe”.
“Os impostos que pagamos são os
mesmos, todas as contas que
os gregos têm de pagar são as
mesmas que há cinco anos, quando
começou a austeridade, mas os
nossos salários foram cortados pelo
menos para metade”, aponta
Maristella Tsamatropoulou.
“Há uma grande revolta entre as
pessoas, podemos constatar ao
andar pelas ruas, mas temos
esperança, temos esperança numa
solução intermédia, que satisfaça
todas as partes e sobretudo temos
esperança que a Europa regresse
aos valores que estiveram na base
da sua construção, de
solidariedade, democracia e
respeito mútuo”, conclui.
19
A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a
atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em
www.agencia.ecclesia.pt
Crise humana com imigrantes em Tânger
Papa Francisco no Equador e Bolívia
20
21
22
23
Sem participação social,
a democracia estiola
D. Manuel Linda
Bispo das Forças
Armadas e Segurança
24
Como costumam dizer os mais velhos, lembro-me
como se fosse hoje: passei a aula de ética social
a fazer a apologia da política e o elogio da
democracia. Falei do poder que vem de Deus
para o povo que, por sua vez, o delega nos seus
representantes, em função do bem comum. Para
chegar a esta conclusão: é pela “nobre arte da
política” que se faz funcionar esse motor da
história a que chamamos “caridade social”.
Quando julgava que isto estava tão claro como a
luz do sol, levantou-se a Catarina, hoje uma
advogada bem sucedida, que me cilindrou: “Não
se fie, Professor. Olhe que eles não pensam em
nós. No Parlamento, passam a vida a jogar boxe
com a língua. Mas no fim do jogo, nem sequer
tomam banho: seguem para o restaurante para
se banquetearem à nossa custa”. E é com pena
que o digo que a aluna não ficou sozinha nesta
sua diatribe…
Veio-me isto ao pensamento quando, na semana
passada, a nossa Assembleia da República
discutiu
a petição popular que visava alterar a
regulamentação da lei do aborto. Melhor:
não discutiu,
mas apenas reafirmou pressupostos
ideológicos. E aqui é que está o
«busílis» da questão: o povo usa
um instrumento de participação
altamente «recomendado» pelo
sistema democrático, argumenta e
faz propostas. E da parte dos
deputados, que se verifica? Uma
quase sobranceria que, não fora a
sensata e honrosa intervenção da
sua Presidente, ia levando ao
adiamento da discussão para as
calendas gregas. E, mesmo depois
de agendada, um forte menosprezo
pelos argumentos e propostas, em
detrimento da monótona
reafirmação dos pré-conceitos
ideológicos. À mistura com um certo
histerismo, nem sempre
completamente disfarçado…
Não será difícil adivinhar qual a
minha posição sobre a matéria em
causa. Mas, agora, nem sequer é
para aqui chamada. O que pretendo
evidenciar é o alargamento do fosso
entre aquela que deveria ser a
«casa da democracia» e o cidadão:
parece que este está dispensado de
pensar
ou de ter opinião, porquanto, como
no tempo de «outras senhoras»,
para isso lá está um certo
«presidium supremum» que sabe
bem o que interessa ao povo.
Evidentemente, aqueles que teimam
em pensar desiludem-se com esta
postura, tal como a Catarina, e
chegam a descrer no sistema, pois
uma democracia meramente formal
não passa de um simulacro da
democracia real, sã utopia dos
nossos tempos.
Urge credibilizar a democracia. E
esta obrigação recai, primeiramente,
sobre os senhores deputados. De
outra forma, fica apenas a «erótica
do poder», o exercício da
autoridade à qual se sacrifica tudo,
incluindo o bem do povo, como tão
sabiamente Gabriel García Márquez
denunciou na sua célebre novela
“Cem anos de solidão”. E a
autoridade, que devia ser expressão
dos sentimentos e da coesão
nacional, torna-se uma estrutura de
inutilidade, quando não um foco de
desagregação.
É que ideologia rima
demasiadamente com demagogia.
Duvidam? Perguntem aos gregos.
25
Ser mulher
Lígia Silveira
Agência ECCLESIA
26
Por estes dias podia escrever sobre a Grécia,
sobre o tempo disponível e fecundo que podem
ser a férias, sobre as transferências
futebolísticas (milionárias, acrescente-se) …
Nesta semana confrontei-me com outras coisas.
Encontrei a minha professora de Francês do 9º
ano. Vinte e três anos separam desde o último
encontro mas o reconhecimento foi imediato.
Acusa o cansaço de «ainda» lecionar, mas
visualmente os anos não passaram.
Entusiasmou-se com a chegada do meu primeiro
filho. «Força nisso», sugeriu-me com um sorriso
a acompanhar os olhos esperançados.
Quando nos separámos fiquei a recordar a
relação que estabelecia com adolescentes, muito
além das componentes educativas que lhe eram
pedidas. Companhia, abertura ao erro,
capacidade de se colocar ao lado e estar com,
fazendo crescer propondo soluções.
Esta semana despedimo-nos de um nome maior
da cultura e sociedade portuguesa. Reconheci
Maria Barroso como primeira-dama durante a
década de 1986-1996. Figura frágil e robusta
numa relação a quem a vida conferiu a sabedoria
para se pronunciar, para calar, para se
entusiasmar. Nestes dias os Media relembraram
o seu percurso e fortaleza nas adversidades da
prisão do marido, do casamento por procuração,
do acidente do filho que a levou ao reencontro
da fé. Compreensão, perdão, cedência, respeito
até nas discordâncias – assim se fez um
casamento com 63 anos. Numa entrevista disse:
«Porque é que havemos de
estar atrás (de um homem, ndr) e
não ao lado? Quando eles lutam,
quando eles passam dificuldades
nós estamos ao lado, a lutar
também».
Há um ano tive a oportunidade de a
conhecer e entrevistar para
falarmos de outra forte mulher.
Maria Barroso recordou os
momentos de amizade e leu poesia
da sua amiga Sophia de Mello
Breyner Andreson.
No próximo sábado a Igreja católica,
através do Secretariado Nacional da
Pastoral da Cultura, homenageia,
com o prémio Árvore da Vida –
Padre Manuel Antunes, o percurso
estético e de vida de Lourdes
Castro, artista plástica que desenha
«sombras» mas que reconhece
haver muitos caminhos.
«Às vezes digo para mim própria:
"Escolheste o sítio para nascer, não
foi? E escolheste os teus pais?
Também não escolheste a escola...
O que é que tu és?". Às vezes as
pessoas não pensam - só eu, eu,
eu; mas não é; é que não é mesmo.
Somos feitos de tantas coisas,
tantas, tantas... E é isso que temos
de perceber».
«Não gosto de me ver como rocha;
uma coisa pesada e inamovível. Mas
gosto que se lembrem de mim»,
disseram-me a completar relatos de
fortaleza que as mulheres
representam no quadro familiar.
Com este texto quero prestar
respeito ao muito que as mulheres
vivem, representam e conseguem.
Boas férias!
27
São Bento e a Europa
Quando os alicerces da Europa tremem com sismos financeiros,
evocar a figura de São Bento remete para um horizonte de
segurança.
Proclamado patrono da Europa em 1964 pelo Papa Paulo VI, a
«voz» e o exemplo de São Bento são pilares para o futuro do
"velho continente".
28
29
São Bento,
patrono da
Europa
Com a Carta Apostólica «Pacis
Nuntius», o Papa Paulo VI proclama
São Bento como padroeiro da
Europa. Logo no início do
documento, o agora beato Paulo VI
considera-o um “mensageiro da paz,
artífice de união, mestre de
civilização e, sobretudo arauto da
religião de Cristo e fundador da vida
monástica no Ocidente”.
Estes títulos dados pelo Papa
Montini aplicam-se a São Bento e
aos seus seguidores porque
levaram “a cruz, o livro e o arado”.
Através dele sentiu-se o progresso
cristão nas populações espalhadas
desde o “Mediterrâneo até à
Escandinávia, desde a Irlanda às
planícies da Polónia” (Cf. ASS 39
(1947), página 453).
Na carta, datada de 24 de outubro
de 1964, no segundo ano de
pontificado de Paulo VI, o sucessor
de Pedro realça que com a cruz, isto
é, com a lei de Cristo, deu
“consistência e melhoria aos
ordenamentos da vida pública e
privada”. Depois, com o livro, ou
seja, com a cultura, o mesmo São
Bento, do qual tantos mosteiros
receberam denominações e vigor,
“salvou com providencial solicitude,
no momento em que o património
30
humanístico se estava a perder, a
tradição clássica dos antigos,
transmitindo-a intacta aos
vindouros e restaurando o culto do
saber”.
Por fim, foi com o arado, isto é com
o cultivo dos campos e com outras
“iniciativas análogas, que conseguiu
transformar terras desertas e
selvagens em terrenos férteis e em
grandiosos jardins”; unindo a
oração com o trabalho material,
segundo o seu famoso lema «Ora et
Labora», enobreceu e elevou a
fadiga humana.
Justamente por isso o Papa Pio XII
(1876-1958) saudou São Bento com
o «pai da Europa». Aos povos deste
continente inspirou esta “busca
amorosa da ordem e da justiça
como base da verdadeira
sociabilidade”.
No documento assinado pelo
Papa Paulo VI, lê-se que, quando se
busca uma unidade europeia,
muitos cardeais, arcebispos, bispos,
superiores gerais de ordens
religiosas e reitores de várias
universidades e representantes do
laicado de várias nações da Europa,
solicitaram para que fosse
declarado patrono da Europa.
A data da publicação da carta
apostólica foi escolhida
intencionalmente. Reconsagração a
Deus o templo de Montecassino
(Itália), destruído em 1944, durante
a II Guerra Mundial e “reconstruído
pela tenacidade da piedade cristã”.
São Bento nasceu em Núrsia (Itália)
no ano de 480 e faleceu 67 anos
depois.
31
O astro brilhante de São Bento
ilumina…
Papa Pio XII
Para o Papa Pio XII, São Bento é um
astro brilhante da Igreja e da
civilização. No documento «Fulgens
Radiatur», sobre o XIV centenário
da morte de São Bento, o Papa
Pacelli
32
escreveu “fulgurante de luz, Bento
de Núrsia, glória de Itália e de toda
a Igreja, resplandece como astro na
cerração da noite”.
Enquanto o mundo se “atolava e
empobrecia no vício”, enquanto a
Europa e a Itália pareciam um
“miserável teatro de guerra e de
povos em luta, e até as próprias
instituições monásticas, manchadas
com o pó da terra não dispunham já
daquela porção de vitalidade e
energia indispensáveis para resistir
com vantagem às insinuações da
corrupção”, Bento estabeleceu na
Igreja, “com a sua obra e vida, uma
corrente perene de juventude,
renovando a severidade dos
costumes e robustecendo, de leis
mais santas e vigorosas, a vida
claustral.
O peso de trabalho e de esforço seu
e seus sequazes, converteu aqueles
povos rudes e ferozes, “incutindolhes hábitos civis e cristãos,
convertendo-os para a virtude, o
trabalho e para as tranquilas
ocupações da arte e da ciência e
unindo-os todos por laços de amor
fraterno e caridade”, referiu o Papa
Pio XII.
Papa Bento XVI
“Procurando o verdadeiro
progresso, ouvimos também hoje a
«Regra» de São Bento como uma
luz para o nosso caminho. O grande
monge permanece um verdadeiro
mestre em cuja escola podemos
aprender a arte de viver o
humanismo verdadeiro”, disse o
Papa Bento XVI na audiência geral
de 09 de abril de 2008.
Depois da Europa ter saído do
século XX ferida por duas guerras
mundiais e depois do
desmoronamento das grandes
ideologias que se revelaram “como
trágicas utopias”, agora procura a
própria identidade.
Para criar uma unidade “nova e
duradoura”, os instrumentos
políticos, económicos e jurídicos são
importantes, mas é preciso também
suscitar uma renovação ética e
espiritual que se “inspire nas raízes
cristãs do continente”. De outra
forma não se pode “reconstruir a
Europa”, sublinha o Papa emérito,
Bento XVI.
Quando em 547, Bento concluiu a
sua vida terrena, deixou com a sua
«regra» e com a família beneditina
por ele fundada um “património que
deu nos séculos passados e ainda
hoje continua a dar frutos em todo o
mundo”, afirmou Bento XVI.
33
São Bento desagua no coração do
Minho
No coração do Minho onde o verde
desagua no olhar humano,
visualizamos o Mosteiro de
Singeverga. Naquela casa, onde o
silêncio fala, vivem os seguidores de
São Bento. Os monges beneditinos,
com o seu hábito negro, vivem com
intensidade o lema «Ora et
Labora»… Reza e trabalha…Sendo
a única ordem
34
religiosa do ocidente anterior ao ano
mil, foi seu fundador o santo
italiano, Bento de Núrsia. Na idade
média, os monges beneditinos
tornaram-se os mentores espirituais
e culturais da Europa, fomentando
as artes e a agricultura. A cruz, a
charrua e a pena foram os
instrumentos da sua ação… É o
«Ora et Labora».
Mosteiro de Singeverga
O Mosteiro de São Bento de
Singeverga, situado em Roriz, Santo
Tirso, foi fundado a 25 de Janeiro
de 1892 pelo Mosteiro de São
Martinho de Cucujães, na casa e
quinta daquele mesmo nome,
propriedade da família Gouveia
Azevedo, que para ali quiseram
chamar os filhos de São Bento,
após a sua expulsão e confiscação
dos 23 mosteiros
da Ordem de São Bento em
Portugal, levada a cabo no ano de
1834. E assim se pode dizer que a
fundação de Singeverga, nos finais
do seculo XIX, marca, com a
recuperação do Mosteiro de
Cucujães, o início da restauração da
Ordem Beneditina em Portugal,
empreendida por D. João de Santa
Gertrudes Amorim, abade daquele
mosteiro.
35
Monge e historiador
Mas quando a pequena semente
germinava e crescia, de novo os
ventos contrários da I República, em
1910, sopravam e atiravam a
comunidade para o exílio e para a
clandestinidade. Salvando-se a
casa e a quinta de Singeverga, por
ser viva ainda uma filha da família
Gouveia Azevedo que conservava
tudo registado em seu nome.
Mesmo assim, em 1922, Singeverga
era elevada pela Santa Sé ao grau
de priorado conventual, autónomo,
sendo o primeiro prior D. Manuel
Baptista de Oliveira Ramos, que
durante todo esse tempo, tinha
conseguido manter presença na
jovem fundação, como capelão da
casa.
Em 1926, com o advento do
chamado Estado Novo que
restaurou a liberdade religiosa, a
comunidade regressou do seu exílio
de Espanha e outras nações da
Europa, retomando e reorganizando
a sua vida conventual, primeiro na
Falperra, Braga, e, finalmente, em
1931, em Singeverga. O grande
impulsionador desta fase de
restauração foi, sem dúvida, D.
António Coelho, um insigne liturgista
e segundo prior conventual.
36
Sucedeu-lhe no cargo D. Ildefonso
dos Santos Silva, que viria a ser o
primeiro bispo de Silva Porto,
Angola.
O Mosteiro de Singeverga foi
agraciado, em 1938, pela Santa Sé
com o título de abadia, sendo
nomeado seu primeiro abade D.
Plácido de Carvalho (1938-1948).
As décadas de trinta, quarenta e
cinquenta foram de grande
desenvolvimento e irradiação, com
uma acentuada afluência de
vocações, a indispensável
ampliação dos edifícios e a
fundação de outras comunidades:
Moxico (Angola); Mosteiro de São
Bento da Vitória (Porto); Colégio de
Lamego e a cela de Nossa Senhora
da Graça (Lisboa).
Em 1963 foi nomeado bispo do Luso
(Angola), D. Francisco Esteves Dias,
prior claustral.
Entretanto, e tendo-se tornado
muito pequena a primitiva casa,
construiu-se o novo Mosteiro de
Singeverga, habitado desde 1957,
durante o abaciado de D. Gabriel de
Sousa (1948-1966)
Sucederam-lhe no cargo abacial D.
Teodoro Monteiro e depois D.
Lourenço Moreira da Silva.
Atualmente é abade, D. Bernardino
Costa.
Com 80 anos, Geraldo Coelho
Dias é monge beneditino e foi
professor universitário no Porto.
Agência ECCLESIA (AE) – Nos
tempos de criança tinha uma
simpatia enorme pelos monges
beneditinos. Da simpatia a seguidor
de São Bento foi um processo
rápido e complementar.
Geraldo Coelho Dias (GCD) –
Verdade. Quando os meus colegas
foram para o colégio de Guimarães,
eu vim para Singeverga estudar.
Recordo, ainda hoje, quando D.
Gabriel de Sousa fazia o exame aos
candidatos e me perguntou o que
queria ser. Disse-lhe: «Quero
realizar o meu nome… Amar a Deus.
Universidade do Porto tinha sempre
perto de 200 alunos na sala. Era, de
longe, o professor que tinha mais
alunos nas aulas. E lecionei várias
cadeiras, desde civilização antiga,
hebraica, egípcia, suméria e
babilónica, desde a história das
religiões.
Gostei sempre muito de estudar e
ensinar. Tenho a alegria de dizer
que fiz 3 doutoramentos: Teologia,
Sagrada Escritura e História.
AE – Uma vida cheia de História e
estórias…
GCD – A História ensinou-me muitas
coisas. Tenho um temperamento
severo e austero. Exijo dos outros,
mas eu próprio procuro ser
cumpridor.
AE – Porquê a Ordem de São Bento
e não outra?
GCD – Por causa da proximidade e
do conhecimento que tive com a
ordem beneditina.
AE – Para além de beneditino tem
também a vocação da História
CGD – Isso veio depois de ter feito
Teologia e Sagrada Escritura em
Roma. Em Portugal, para
acompanhar um colega, fui para a
Universidade e assim nasceu um
historiador. E não estou nada
desgostado com esta opção. Nas
aulas que dei na
37
O abade de Singeverga dixit…
Com 41 anos de idade, D.
Bernardino Costa é o abade do
Mosteiro de Singeverga. Foi
escolhido pela comunidade e
através da sua juventude pode
colocar mais energia neste
trabalho paternal.
Ora et labora
«Esse é o nosso lema e é isso que
caracteriza a vida do monge. Na
verdade esse lema não vem na
regra de São Bento, mas provêm da
vida que temos no mosteiro. Quem
nos vê de fora percebe que toda a
nossa vida é dedicada à oração e
ao trabalho. Esse lema, caracteriza
e resume o dia-a-dia do monge».
Uma regra com 72
capítulos
«A maior beleza da regra de São
Bento está no seu equilíbrio e a
ligação que tem com a Sagrada
Escritura.
Cumprindo a regra de São Bento
está também a cumprir aquilo que o
Senhor diz na Sagrada Escritura.
Estamos de acordo com a tradição
que chegou pelo Evangelho»
38
Simbologia da água
«Quem visita um mosteiro, não
apenas, mas todos os outros
espalhados pelo mundo, percebe
que um mosteiro é uma espécie de
pequeno paraíso. E a melhor
maneira de termos um pequeno
paraíso é recorrer a alguns
elementos naturais e que
transmitem alguma coisa de
espiritual e serenidade». A água é
sempre referência ao batismo, mas
também a referência ao que é mais
essencial. Estes elementos são uma
ponte para o transcendente».
A fonte
«Esta fonte reúne o pensar da
comunidade. Desde a altura da
construção deste mosteiro que se
pensou e reservou este lugar para
ter uma fonte. Agora foi o momento
oportuno. Um abade jovem com uma
fonte como sinal de ressurgimento.
A comunidade ansiava por ouvir o
barulho da água neste lugar»
A capela
Vocações monásticas
«Nós os beneditinos esforçamo-nos
muito por embelezar a nossa própria
Igreja. A Igreja para nós é o lugar do
encontro. É ali que o monge,
constantemente, se reúne para
rezar e se coloca na presença de
Deus. Os monges valorizam muito a
liturgia.»
«As vocações estão a aparecer.
Sempre tivemos jovens que nos
procuraram e que anseiam pela vida
monástica».
Capítulo
«Segundo a tradição monástica que
provem da idade média, a sala
capitular era o lugar onde o abade
recebia os monges da comunidade
e aqueles que vinham pagar
o seu tributo das terras»
39
Centro Virtual Camões - conclusão
http://cvc.instituto-camoes.pt/
Esta semana apresento as
restantes áreas ainda não
abordadas, concluindo assim a
análise ao extraordinário sítio do
Centro Virtual Camões (CVC).
No espaço “Ensinar”, é
disponibilizado “um conjunto de
recursos para apoio ao ensino do
português nas suas diferentes
vertentes, sendo dirigida
principalmente a professores e
formadores de português língua
estrangeira ou língua segunda”.
Na opção “Programa de cultura
portuguesa”, elaborado por Pedro
Calafate, é pretendido “dar a
conhecer um conjunto de tópicos
significativos da Cultura Portuguesa,
não directamente relacionados com
a sua dimensão literária e poética.
O seu objectivo é o de alargar o
âmbito de consideração da nossa
cultura para a área habitualmente
designada por «pensamento», a
qual apresenta, no entanto, uma
fronteira fluida com as duas
dimensões referidas”. Em “Caças ao
tesouro”, está ao dispor um
conjunto de acções concretas “que
podem funcionar como ponto de
partida para promover actividades
40
que levem os alunos à descoberta
da cultura portuguesa”. Caso
pretenda aceder a diversas
actividades pedagógicas do ensino
do Português, devidamente
catalogadas por níveis de
dificuldade basta clicar em “Fichas
práticas”.
A área “Traduzir”, que “tem como
objectivo oferecer recursos em linha
a tradutores, professores e
estudantes de disciplinas
relacionadas com a tradumática ou
utilizadores ocasionais da tradução”,
oferece-nos um conjunto de
ferramentas digitais de suporte à
persecução dos objectivos
definidos.
Outra opção bastante interessante e
inovadora, é o espaço “ensino à
distância”, isto porque, a “formação
à distância representa uma aposta
do Instituto Camões para levar o
ensino da língua, literatura e cultura
portuguesas a públicos que
habitualmente não dispõem de
acesso a formação nestas áreas.”
Assim, utilizando “uma plataforma de
ensino à distância para apoiar a
realização dos cursos” qualquer
pessoa de dentro ou fora de
Portugal poderá aprender e evoluir
no conhecimento da língua de
Camões, bastando para
isso possuir um computador com
acesso á internet. São de facto
múltiplas as portas que se abrem
com esta forma prática e objectiva
de transmissão de conteúdos e
consequente assimilação dos
mesmos.
Fernando Cassola Marques
41
«Educar para uma esperança ativa»
O novo livro do Papa Francisco, que
assina como Jorge Mario Bergoglio,
fala sobre a importância de “Educar
para uma esperança ativa”, e
defende que “só quem vive no bem
– que é justiça, paciência, respeito
pela diferença no trabalho docente
– pode aspirar a modelar o coração
das pessoas que lhe foram
confiadas”.
“Só quem ensina com paixão pode
esperar que os seus alunos
aprendam com prazer. Só quem se
mostra deslumbrado perante a
beleza pode iniciar os seus alunos
no contemplar. Só quem acredita na
verdade que ensina pode pedir
interpretações verídicas”, enuncia o
Papa argentino.
Na mesma obra, Francisco
questiona a capacidade dos
educadores atuais para educarem
os outros verdadeiramente “para a
esperança” e para levarem as
crianças e jovens a buscarem novos
“horizontes”.
Cada pessoa “tem uma herança a
receber, a guardar, mas também a
trabalhar no presente para a
projetar nas utopias do futuro”,
sublinha o Papa, convidando os
educadores a um “exame de
consciência”.
As Edições Paulinas, responsáveis
pela publicação da obra no nosso
país, falam num “livro obrigatório
para
42
educadores e para todos aqueles
que têm por missão e paixão criar
laços, emprestando consistência ao
tecido dos afetos e das relações”.
A partir da pergunta “Quem é o meu
próximo?”, Jorge Mario Bergoglio
“expõe, no estilo franco e próximo
que lhe conhecemos, como
precisamos de aprender a educar.
Trata-se de uma tarefa irrecusável,
pois somos chamados a educar
para viver”.
“O resultado é um livro único pela
profundidade e originalidade
reflexiva, que certamente
entusiasmará os leitores”, refere a
editora católica.
Com 224 páginas, a obra “Educar
para uma esperança ativa” faz parte
da coleção “Uma casa aberta para
todos”, que integra outras obras do
Papa argentino, como “A Lista de
Bergoglio”, “Temos de Ser Normais”
e “A Verdade é um Encontro”.
Posfácio
Os jovens precisam de uma
educação de qualidade,
juntamente com valores, não só
enunciados, mas testemunhados.
A coerência é um fator
indispensável na educação dos
jovens. Coerência! Não se pode
fazer crescer, não se pode
educar, sem coerência:
coerência, testemunho.
43
II Concílio do Vaticano: Recordações
de D. Júlio Tavares Rebimbas
Quando o II Concílio do Vaticano teve o seu início, D.
Júlio Tavares Rebimbas ainda não era bispo. Este
prelado, falecido em dezembro de 2010, só participou
na última etapa desta assembleia magna (1962-65).
Num texto escrito para a Agência ECCLESIA, D. Júlio
Tavares Rebimbas recordou a sua participação no
concílio convocado pelo Papa João XXIII e continuado
pelo seu sucessor, Paulo VI.
“Não senti o chamamento do Episcopado como
resultado de uma carreira onde iria ter, e foi com
surpresa que recebi a convocatória do Papa Paulo VI,
por meio da Nunciatura Apostólica, em Lisboa, no mês
de Setembro de 1965: “O Santo Padre designou-o
Bispo de Faro. Responda no prazo de três dias, ou
pode mandar a resposta pelo portador”. Fiquei
siderado e também um pouco baralhado. Logo a
seguir recebi outra carta: que fosse imediatamente
para o Concílio, para a última Sessão. Fui. Aí senti,
juntamente com as humanidades dos bispos, o
mistério da Igreja, a presença do Espírito de Deus e
ia-me dando conta do que estava a acontecer”,
escreveu.
No mesmo comentário, o antigo bispo do Porto
realçou que o “Concílio marcou-me profundamente”.
“A convivência com o Papa, os outros bispos e o
Espírito Santo, nas sessões diárias daqueles últimos
meses, a densidade e uma pressa de aprovar
constituições, decretos e declarações fizeram-me
participar nos votos e aprovações da maior parte dos
documentos conciliares”.
Certamente que o “Espírito Santo não estava à
espera de mim para aprovação da maior parte dos
documentos
44
conciliares”. Como foi apenas na
última etapa do Concílio votou
quase todos os documentos
“evangelicamente, como os que
tinham ido na primeira hora.
Lembro-me dos momentos e até de
algumas circunstâncias”.
O Concílio foi “para mim uma
riqueza de dons gratuitos e também
é um mistério”. “Podia contar muitas
coisas mas é melhor ficarem
guardadas na alma, embora se
possam revelar”.
“Valeu a pena. E bendita a Santa
Igreja Católica que nos gerou o
Papa
João XXIII e outros semelhantes, que
tornaram possível a grande reforma
conciliar para o século XX, XXI e
outros”, acrescentou D. Júlio
Tavares Rebimbas.
“Aprendemos muito nas conversas
particulares. Havia um bispo
australiano, muito alto, logo lhe
puseram o nome de “altíssimo”. Uma
vez dei com ele a tirar uma prova
para uma batina, mas, como era
muito alto, as freiras andavam com
um escadote para lhe chegar à
altura”, finalizou o prelado.
45
Julho 2015
Dia 10 de Julho
* Porto - Casa de Vilar Apresentação do Plano Pastoral por
D. António Francisco Santos
* Braga - Auditório Vita - Sessão de
cinema do ciclo «Visões de uma
memória da compaixão ou
recordação provocante?»
* Braga - Mosteiro de Tibães - Festa
de São Bento no Mosteiro de Tibães
(10 a 12)
* Ilha de São Miguel - Lagoa - A
Pastoral da Juventude do
Arciprestado da Lagoa, na Diocese
de Angra, promove o multifestival
«Zarpar». (10 a 12)
* Braga - Santuário de São Bento da
Porta Aberta - Congresso sobre
«São Bento - Padroeiro da Europa».
46
* Lisboa - Capela do Rato - Lourdes
Castro recebe Prémio «Árvore da
Vida - Padre Manuel Antunes»,
atribuído pela Igreja católica.
* Coimbra - Sé Nova - Ordenações
sacerdotais de jesuítas
* Lisboa - Igreja da Portela de
Azóia
- Ordenação de frei
Tiago Alberto, da Ordem de Santo
Agostinho.
Dia 12 de Julho
* Lisboa - Paróquia de Santa
Susana (Átrio da Igreja) - VII Feira
Rural promovida pela JARC de
Santa Susana e Pobral
* Porto – Sé - Ordenações diaconais
e presbiterais
Dia 11 de Julho
* Aveiro – Sé - Ordenações
presbiterais de Pedro Barros e João
Santos
* Coimbra - Seminário maior de
Coimbra - Encontro dos diáconos e
dos candidatos ao diaconado
permanente com celebração
presidida por D. Virgílio Antunes
* Fátima - O bispo de PortalegreCastelo Branco, D. Antonino Dias,
preside à Peregrinação
Internacional Aniversária. (12 e 13)
* Braga – Barcelos - Conselho
provincial alargado eletivo dos
Missionários Espiritanos (12 a 19)
Dia 15 de Julho
* Bragança - Imagem peregrina de
Nossa Senhora de Fátima percorre
a diocese de Bragança-Miranda (12
a 26)
Dia 16 de Julho
* Évora - Campo Maior - O Bispo de
Évora, D. José Alves, visita o
Mosteiro da Ordem da Imaculada
Conceição.
* Açores - Ilha de São Miguel (Ponta
Delgada) - Reabertura da Igreja de
Nossa Senhora do Carmo de Ponta
Delgada
Dia 13 de Julho
* Setúbal - Sé - Celebração dos 40
anos da Diocese de Setúbal
presidida por D. Gilberto Reis
* Santarém - Tomar Encerramento da Festa dos
Tabuleiros
* Funchal - Conselho presbiteral
* Santarém – Sé - Celebração dos
40 anos da criação da Diocese de
Santarém
* Portalegre - Ponte de Sôr (Foros
do Arrão) - Juventude Blasiana
promove férias missionárias (13 a
19)
* Évora Encontro dos capelães
hospitalares com D. José Alves
Dia 14 de Julho
* Fátima - Casa de Retiros de Nossa
Senhora das Dores - Conselho
Permanente da CEP
47
10 a 12 de julho, Ilha de São Miguel, Açores
A Pastoral da Juventude do Arciprestado da Lagoa,
Diocese de Angra, promove o multifestival ‘Zarpar’
onde vão “celebrar a alegria da fé” procurando
“evangelizar pela arte”. O festival ‘Zarpar’ com entrada
livre e várias atrações abre portas sempre às 18h00
terminando às 24h00, no Convento dos Frades
12 julho, Chaves, Vila Real
Último dia da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de
Fátima na Diocese de Vila Real. Começa às 09h00
com oração de Laudes, depois realiza-se a Eucaristia
presidida pelo bispo diocesano, D. Amândio Tomás. Às
12h00 a Imagem ruma a Cerejais para visitar a
Diocese de Bragança-Miranda até 26 de julho.
12 julho, Tomar
Cerca de 682 tabuleiros vão desfilar no grande cortejo
pelas ruas da cidade na tradicional Festa dos
Tabuleiros em honra ao Espírito Santo, às 16h00.
16 julho
A Diocese de Santarém e a Diocese de Setúbal
(Centro Paroquial da Anunciada) estão em festa e
assinalam os 40 anos da sua criação com momentos
de celebração, convívio e partilha.
48
49
POR OUTRAS PALAVRAS
XV domingo do tempo comum – ano
B
Como vê a Igreja as outras religiões?
Enviados…
Sim; ninguém vai sem seu nome próprio ou por sua livre iniciativa;
nem para falar de si. Ninguém vai cheio de si!...
Nenhum enviado é proprietário, mas somente missionário: empresta a voz
mas não é sua a Palavra.
Caminhante desprendido, leva a alegria e a paz – que aumentam em si na
justa medida em que as oferece.
João Aguiar Campos
50
51
Programação religiosa nos media
RTP2, 11h30
Antena 1, 8h00
RTP1, 10h00
Transmissão da
missa dominical
11h00 Transmissão missa
Domingo, dia 12 - São
Bento da Porta Aberta: a
peregrinação à basílica do
Gerês.
RTP2, 15h30
Segunda-feira, dia 13 Entrevista de apresentação
do Festival Jota.
Terça- feira, dia 14 Informação e entrevista a
12h15 - Oitavo Dia
Margarida Alvim, sobre a
encíclica 'Laudato si'
Quarta-feira, dia 15 - Informação e entrevista do
bispo de Mindelo, Cabo verde, D. Ildo Forte.
Quinta-feira, dia 16 - Informação e entrevista à Irmã
Domingo: 10h00 - O Maria Alice Correia sobre os projetos da Juventude
Dia do Senhor; 11h00 Doroteia
- Eucaristia; 23h30 - Sexta-feira, dia 17 - Análise às leituras de domingo
Ventos e Marés;
pela irmã Luísa Almendra e cónego António Rego
segunda a sexta-feira:
6h57 - Sementes de Antena 1
reflexão; 7h55 Domingo, dia 12 de julho - 06h00 - Entramos
Oração da
no Mosteiro de Singeverga para conhecer a vida dos
Manhã; 12h00 monges beneditinos. Comentário com a irmã Irene
Angelus; 18h30 Guia.
Terço; 23h57Meditando; sábado:
Segunda a sexta-feira, 13 a 17 de julho - 22h45 23h30 - Terra
Bombeiros,Vida por Vida: testemunhos de Fernando
Prometida.
Barão (Torres Vedras), Patrícia Pires (Paço de Arcos),
Ricardo Silva (Torres Vedras), Tatiana Bandeira (Paço
de Arcos),Carlos Gonçalves (Tomar).
53
52
Ano B - 15.º Domingo do Tempo
Comum
Discípulos de
Cristo, sempre
em missão
54
A liturgia deste 15.º Domingo do Tempo Comum
recorda-nos que Deus atua no mundo através dos
homens e mulheres que Ele chama e envia como
testemunhas do seu projeto de salvação. Esses
enviados devem ter como grande prioridade a
fidelidade ao projeto de Deus e não a defesa dos seus
próprios interesses ou privilégios.
Aí está o exemplo do profeta Amós e dos discípulos
que Jesus envia em missão. Essa missão, que só pode
ser no prolongamento da própria missão de Jesus,
consiste em anunciar o Reino e em lutar objetivamente
contra tudo aquilo que escraviza a pessoa e a impede
de ser feliz. Antes da partida dos discípulos, Jesus dálhes algumas instruções acerca da forma de realizar a
missão. Convida-os especialmente à pobreza, à
simplicidade, ao despojamento dos bens materiais.
Diz o Evangelho: “Jesus chamou os doze Apóstolos e
começou a enviá-los dois a dois. Deu-lhes poder
sobre os espíritos impuros”.
O chamamento dos Apóstolos está ligado ao seu
envio, à sua missão: serem os companheiros de
Jesus, não para ficarem quietos junto d’Ele, mas para
serem enviados como suas testemunhas até aos
confins da terra. Os discípulos são enviados a
testemunhar o amor de Deus.
Jesus envia-os dois a dois. Na altura um testemunho
só era reconhecido como autêntico se levado por duas
testemunhas. Mais profundamente, Jesus veio para
colocar os homens na “circulação do amor”. Deus
criou os homens para serem à sua imagem.
Jesus veio para acabar com a divisão, provocada pelo
espírito do mal, para reconciliar os homens com Deus
e entre si. Jesus envia os Apóstolos dois a dois, para
que sejam primeiramente, pelo seu comportamento e
pela sua vida, testemunhas desta
obra de reconciliação. A salvação
nunca é individual, é colocada na
relação dos homens entre si, no
movimento de amor de Deus.
A missão dos Apóstolos é, pois, de
lutar contra o mal que divide e
corrompe. Assim, compreendemos
melhor porque Jesus dá conselhos
de pobreza. Encher-se de riquezas
materiais é arriscar cair na
armadilha da possessão egoísta, é
entrar no círculo infernal da vontade
de poder, da inveja. É centrar-se
sobre si mesmo em vez de dar lugar
aos outros. É
obscurecer o olhar interior e não
estar suficientemente disponível
para acolher o outro.
Tudo isto continua a ser válido para
todos os batizados cuja missão é a
de serem testemunhas da Boa Nova
do Amor de Deus no coração do
mundo. Como nos pede o Papa
Francisco, a sermos discípulos
missionários, transformados na
alegria do Evangelho. Que assim
nas nossas vidas de discípulos de
Cristo, neste domingo e ao longo da
próxima semana.
Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.pt
55
Perda do «sentido da família» afeta
«quantidade e qualidade das
vocações»
As jornadas deste ano do Conselho
das Conferências Episcopais da
Europa (CCEE), à volta da temática
das vocações, destacam a família
como um berço essencial da fé que
deve ser defendido.
No lançamento do evento, que
decorre até esta quinta-feira em
Praga, na República Checa, o
secretário-geral do CCEE salientou
que “a família, como igreja
doméstica, é a primeira comunidade
para a transmissão da fé” e onde
“muitas vezes a vocação para o
sacerdócio ou para a vida religiosa
começa por ser descoberta”.
No entanto, apontou o padre
Michael Remery, “se perder a sua
essência, a família pode ser também
nefasta para o desenvolvimento de
uma vocação, por esta não ser
devidamente acompanhada”.
“Quando a instituição da família
perde o seu sentido, enquanto
comunidade cristã constituída em
torno do bem-estar do casal e dos
seus filhos, isto afeta diretamente a
harmonia natural da vida familiar e,
consequentemente, tanto a
quantidade como a qualidade das
vocações”, alertou o sacerdote.
56
Durante o encontro na capital
checa, refere uma nota enviada hoje
à Agência ECCLESIA, os bispos
europeus estão também a abordar o
modo como a família e a sociedade
olham para um ideal de vocação
cristã que implica colocar a vida ao
serviço de Deus e dos outros.
“Quando um jovem ou uma jovem
mostra um desejo crescente em
seguir Cristo de modo radical,
através do sacerdócio ou da vida
consagrada, a sua família pode
sentir-se incapaz para lidar sozinha
com esta questão, e com as dúvidas
e desafios que a ela estão
associadas”, apontou o padre
Michael Remery.
Por outro lado, “hoje este tipo de
escolha é vista como pouco atrativa
e estranha. Tão pouco atrativa e
estranha que, frequentemente, os
primeiros obstáculos e negações
que surgem no caminho são
colocados pela própria família
cristã”, acrescentou.
Sobre esta questão, o secretáriogeral da CCEE frisou que “o
caminho para a vocação é antes de
mais um caminho entre Deus e a
pessoa que é chamada, e a escolha
final deve ser da pessoa
envolvida e de mais ninguém”.
Isso não impede que, como parte
de uma comunidade que “não
caminha sozinha”, os “cristãos se
ajudem uns aos outros”, e às
famílias, para que estas consigam
“discernir e apoiar uma possível
vocação”, concluiu.
A reunião de Praga conta com a
participação de 72 representantes
católicos de 20 nações da Europa,
incluindo 9 bispos e diversos
responsáveis pela pastoral das
vocações, quer nas conferências
episcopais quer no seio das
congregações religiosas.
57
Ser voz dos «mais pobres e dos mais
abandonados» é objetivo do novo
diretor da revista «Além-Mar»
O novo diretor da revista ‘AlémMar’, dos Missionários
Combonianos, o irmão Bernardino
Frutuoso, assume como objetivo
continuar a divulgar a “realidade
integral” dos irmãos das Igrejas
“mais jovens de África, América
Latina e Ásia”.
“Queremos continuar com as
nossas publicações a ser voz
missionária em Portugal da Igreja
que é peregrina em todas as partes
do planeta e sobretudo dos mais
pobres e dos mais abandonados
que são com quem mais
trabalhamos de acordo com o
carisma do nosso fundador”, disse à
Agência ECCLESIA.
O religioso, que foi missionário na
América Latina, assinala que o
Evangelho “não é alheio à realidade
cultural, social” e revela que esta
dimensão “não se pode perder”
numa publicação missionária.
Neste contexto, acrescenta que
existem povos que “vivem situações
muito mais complexas, difíceis e
desafiantes” que a realidade
portuguesa, por isso quer trazer
essa existência de forma “completa
58
e integral” para “ajudar os cristãos e
católicos de Portugal” a serem
conscientes dos “muitos dons e
graças” que têm.
“O Evangelho ilumina-nos e ajudanos a compreender o que
determinados povos estão a viver e
ao mesmo tempo ser na nossa
Igreja de Portugal voz de
alerta e profética”, frisa o irmão
Bernardino Frutuoso.
“Quando conhecemos outros irmãos
que vivem nessas situações
podemos dar mais graças a Deus
por aquilo que temos e somos do
que criticar e não colaborar para
uma sociedade diferente”,
observou.
A revista ‘Além-Mar’, dos
Missionários Combonianos, conta
com quase 60 anos e o novo diretor
destaca que é uma publicação que
pode ser definida como “alternativa”
no contexto dos meios de
comunicação social.
Com uma “informação diferente” a
revista de cariz missionário tem nos
religiosos que “trabalham” em
países de missão as “primeiras
fontes” e testemunham na primeira
pessoa a realidade tendo como
principio as regas do jornalismo,
serem objetivos e “transmitir a
verdade”.
A próxima edição da ‘Além-Mar’ é
dedicada às férias e o diretor já
adiantou que em setembro vão “sem
dúvida” abordar as visitas pastorais
do Papa Francisco ao continente
americano, em concreto ao
Equador, Paraguai e Bolívia (5 e 13
de julho) e depois a Cuba (19 e 22
setembro) e aos Estados Unidos da
América (22 a 29 setembro).
59
A viagem do Papa analisada por
consagrados que trabalharam
na América Latina
Dois missionários portugueses
elogiaram a atenção que o Papa
quis dedicar às “periferias da
América Latina” com a sua viagem
ao Equador, Bolívia e Paraguai, um
exemplo da Igreja em “saída” que
pede a todos os católicos.
“É muito simbólica esta opção e as
Igrejas sentem-se abençoadas com
a presença do Papa latinoamericano. Escolheu países dos
mais pequenos da América Latina
em todos os níveis com muitos
desafios e índices grandes de
pobreza”, comenta o irmão
Bernardino Frutuoso, para quem
Francisco regressa ao seu
continente para “partilhar a vida e a
fé com a Igreja e com os povos”.
O missionário comboniano destaca
que o Equador, a Bolívia e o
Paraguai são considerados as
“periferias da América Latina” com
realidades “muito desafiantes” para
a Igreja Católica.
Para a irmã Maria do Carmo Bogo,
missionária comboniana, Francisco
vai pôr em prática “já e de
60
imediato” o que escreveu na
encíclica ‘Laudato Si’: “A proteção e
cuidado sobretudo pelas pessoas,
ambiente e os que vivem nas
periferias das cidades da América
Latina”.
A religiosa viveu em Esmeraldas,
uma cidade no norte do Equador, e
revela que o trabalho dos
missionários é sobretudo “estar
presente na vida concreta, no dia-adia” das pessoas e “criar relações
de amizade, simpatia” que dá a
“sensação de segurança porque
sentem-se menos abandonados”.
Missionário português
vai receber o Papa no Paraguai
O padre Vítor Oliveira, da
Congregação dos Missionários do
Espírito Santo, vai receber o Papa
Francisco no Hospital Pediátrico
“Niños de Acosta Ñu”, a 11 de julho,
em San Lourenzo, e destaca o seu
“desejo pelos mais pobres”.
“Para o hospital ‘Niños de Acosta
Ñu’ vêm crianças de todo o pais nas
condições mais precárias, humildes
e difíceis do ponto de vista da
saúde. É um exemplo de como o
Papa quer estar próximo dos mais
pobres, dos mais necessitados”,
explica o padre Vítor Oliveira da
Congregação dos Missionários do
Espírito Santo (Espiritano).
À Agência ECCLESIA o missionário,
que vive no Paraguai há 37 anos,
destaca que é “extraordinário”
a forma como o primeiro Papa
latino-americano “se preocupa em
chegar às pessoas que mais
precisam” tendo uma opção
“preferencial pelos mais pobres”.
Sinal desta opção, observa o padre
Vítor Oliveira, é a Eucaristia que o
Papa vai celebrar, depois da visita
ao hospital pediátrico, na praça do
Santuário Nacional Virgem de
Caacupé ao qual peregrinam
pessoas de todo o país, “sobretudo
do norte onde há mais dificuldade”
porque a população tem “menos
serviços, assistência do Estado”.
O Paraguai é a terceira etapa da
visita pastoral de nove dias do Papa
a países da América Latina, depois
de ter passado pela Bolívia e
Equador, entre 5 e 13 de julho.
61
Egipto: Onde estão as raparigas cristãs raptadas?
O pesadelo de Martha
São raptadas, violadas e vendidas.
Ser-se rapariga e cristã é uma
condição de risco no Egipto nos
dias de hoje. Este é um tema tabu,
quase ninguém quer falar sobre
isto, mas há muitas famílias em
lágrimas porque as suas filhas
desapareceram…
Desde que a filha de Martha Said
Yacoub desapareceu, que a vida
deixou de fazer sentido para esta
mulher. O que será feito dela?
“Quero falar com a minha filha,
quero ouvir a sua voz, quero saber
se ela está viva ou não…” Martha
não conhece Makram Kamel, apesar
de ele também desconhecer onde
está a sua filha. Nadia Said tinha 14
anos quando foi à igreja com o pai.
Tinham acabado de se benzer, a
missa estava a começar. O
telemóvel tocou e ele fez-lhe sinal
de que ia lá fora atender a
chamada. Foram poucos segundos
de ausência. “Quando regressei, a
Nadia tinha desaparecido. Saí e
procurei-a por todo o lado. De
repente, disseram-me: a tua filha foi
raptada!”
O rapto de raparigas cristãs é
quase tabu no Egipto. Normalmente,
nunca mais regressam às suas
famílias. É como se morressem. Elas
são levadas para locais
desconhecidos onde
62
são violadas, drogadas e, após
algumas semanas de tortura,
coagidas a converterem-se ao islão.
Maria – chamemos-lhe assim – foi
raptada no auge das perseguições
aos cristãos no tempo do Presidente
Morsi, da Irmandade Muçulmana, em
2012. Ao contrário do que acontece
quase sempre, conseguiu fugir. Hoje
vive quase clandestinamente numa
casa gerida pela Igreja em el-Minya.
Maria procura esquecer os dias de
medo que passou quando a levaram
de casa dos pais. Ela não se quer
lembrar, mas não consegue
esquecer o que aconteceu. “Não
podia comer nem beber nem dormir.
Tudo o que eles queriam era
drogar-me e violar-me. Não sei
como sobrevivi. Pelo menos
cinquenta homens violaram-me
durante esse mês. E, pelo facto de
ser cristã, não se fez nada.”
a afirmar-se como cristãs. O castigo
é a morte. Mas estes raptos
representam também um mundo
obscuro de contrabando de
mulheres, negócio que é financiado
por apoiantes islâmicos de outros
países. Uma menina pode valer até
cerca de 10 mil euros, dependendo
da sua aparência e posição social.
O rapto das jovens egípcias é
terrível. As que conseguem fugir das
garras dos seus captores ficam
marcadas para o resto das suas
vidas. A sociedade olha para elas
com desconfiança. Ficam
desonradas. O papel da Igreja é
fundamental, pois, no acolhimento
destas jovens. A Fundação
AIS apoia algumas casas onde estas
raparigas são abrigadas. Desde que
a sua filha desapareceu, Martha
vive dias de pesadelo. Pensa nela a
todas as horas e os seus lábios e o
seu coração murmuram orações
angustiadas à espera de um
milagre.
Paulo Aido
www.fundacao-ais.pt
Venda das raparigas
Depois da conversão ao islão, a
reversão ao Cristianismo é
praticamente impossível. Depois de
terem assumido, mesmo sob
coação, que se converteram ao
Islão, estas raparigas não podem
voltar
63
Obrigado, Dra Maria Barroso
Tony Neves
Espiritano
64
Foi uma mulher simples e próxima. A
primeira vez que conversamos foi por
ocasião dos 300 anos dos Espiritanos,
em 2003. Acompanhou o marido para
uma conferência sobre os tempos
incertos que o mundo vive, integrada
no Simpósio ‘A Missão num mundo
incerto’. Aceitou o nosso convite para
participar na Eucaristia Jubilar, no dia
seguinte, no Seminário da Torre da
Aguilha, em Cascais. Veio sozinha e, no
meio de todo o povo que ali se juntou,
rezou, almoçou e confraternizou com a
Família Espiritana.
Convidei-a para falar de solidariedade
a cerca de 300 líderes da LIAM, em
Fátima. A todos cativou com a simpatia
e a profundidade das suas palavras.
Acompanhei D. Zacarias Kamwenho,
então Presidente da Conferência
Episcopal de Angola e S. Tomé, numa
ida à Fundação Pro Dignitate, uns anos
após a atribuição, pelo Parlamento
Europeu, do Prémio Sakharov para os
Direitos Humanos ao Arcebispo
angolano. Falamos muito de Angola, de
Paz, de Solidariedade.
Para meu espanto, a Dra Maria Barroso
ocupava a primeira fila aquando da
defesa da minha tese de doutoramento,
em 2011, com um júri onde estavam D.
Manuel Clemente e Marcelo
Rebelo de Sousa. Veio abraçar-me
e dizer-me que Angola e as
questões de Justiça, Paz e Direitos
Humanos contavam muito para ela.
Agradecia-lhe a presença e a
simpatia e fui oferecer-lhe, mais
tarde, o livro da tese.
Fui, de propósito, À cerimónia do
doutoramento honoris causa
atribuído à Dra Maria Barroso e a D.
Manuel Clemente na universidade
Lusófona do Porto. Voltamos a
conversar sobre questões de fé, de
paz e humanidade.
Sempre que me via, vinha
cumprimentar-me e perguntar-me
como estava Angola e como ia a
minha Missão. A última vez que
conversamos foi, não há muito
tempo, na Fundação Pro Dgnitate, a
paredes meias com a Basílica da
Estrela. Falamos de Angola, das
Missões, dos Espiritanos. Dias
antes, tínhamo-nos saudado de
corrida na Nunciatura Apostólica,
por ocasião do aniversário da
eleição do Papa Francisco, uma
figura que ela dizia admirar muito.
A Dra Maria Barroso dizia-me na
última conversa que 90 anos era já
muita graça de Deus e que estava
pronta para partir quando Deus
chamasse. Deus a receba com
ternura nos seus braços.
Ao marido, filhos e netos, as minhas
condolências nesta hora de dor.
Que descanse em Paz. Que nós não
descansemos enquanto o mundo
não for marcado pela justiça e pela
paz.
65
Cada trabalhador é a mão de Cristo,
que continua a criar e fazer o bem
(Santo Ambrósio)
66
Download

PDF - Agência Ecclesia