A TEMÁTICA ÁGUA ABORDADA ATRAVÉS DE
SEQUÊNCIAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM
Souza, T.G.S.(1); Verçosa, C.J. (2); Moura, D.B.(1); Silva Filho, T. P.(1); Almeida,
W.M.(1); Neves, R.F.(1) [email protected]
(1)
Núcleo de Ciências Biológicas, Centro Acadêmico de Vitória da Universidade
Federal de Pernambuco – UFPE, Vitória de Santo Antão - PE, Brasil;
(2)
Instituto de Ciências Biológicas, Universidade de Pernambuco – UPE, Recife – PE,
Brasil.
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi desenvolver um ciclo de sequências de ensinoaprendizagem envolvendo alunos da Educação Básica, estimulando o
consumo consciente da água e a valorização deste recurso para o ambiente. A
água é um elemento primordial para a existência de toda forma de vida já
conhecida. Representa conteúdo descrito como um tema transversal tratado de
forma interdisciplinar nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Neste cenário, a
Educação Ambiental promove uma formação da consciência, através de
informações estimulando a sensibilização das ações humanas ao ambiente e
consequentemente, à participação das comunidades na conservação do
equilíbrio ambiental. Foram desenvolvidas seis etapas como componentes das
sequências de ensino-aprendizagem, abordando a temática água. Através de
elaboração de cartazes, teatro e outras produções culturais. Os alunos
conseguiram construir uma base de conhecimentos sólidos sobre o tema,
sendo capazes de argumentar de forma eficiente os diferentes conceitos
relacionados ao tema. As ações desenvolvidas foram essenciais para a
formação do censo crítico e principalmente à mudança de atitudes com relação
ao consumo de água na escola e em seu cotidiano.
Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2)
Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013
Palavras-chave: Intervenções Pedagógicas, Meio Ambiente, Recursos
Hídricos.
INTRODUÇÃO
A água por ser um dos principais componentes do conteúdo celular vivo
e um dos responsáveis pelo equilíbrio térmico é fator limitante para a
existência da própria vida no planeta. Os recursos hídricos em especial
os ecossistemas de água doce são essenciais a nossa sobrevivência. Sua
grande importância está no desenvolvimento de variadas atividades para
fins econômicos como: agricultura, pecuária, indústria, mineração e
abastecimento. A água pode e deve ser utilizada de forma múltipla, mas
sempre respeitando seus limites e potencialidades para que possamos
desenvolver uma sociedade ambientalmente equilibrada e sustentável
(SCHILDT et al., 2006).
O uso sustentável dos recursos hídricos é uma temática de valor
estratégico em nível global e nesse cenário, o Brasil desenvolve
esforços para a elaboração de apoio político-institucional e jurídicolegal à gestão dos recursos hídricos no país. Para Watanabe e
Kawamura (2005) a contaminação de mananciais, as lacunas no
saneamento básico, o uso inconsciente da água potável e a intervenção
humana tem contribuído potencialmente para a escassez desse recurso.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)
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prevê que 2,7 bilhões de pessoas amargarão a sua falta até 2025
(TEIXEIRA, 2007).
A água representa conteúdos interdisciplinares dentro dos temas
transversais (BRASIL, 1998) e deve ser abordada em seu caráter social.
Neste panorama, a Educação Ambiental é definida pelo Conselho
Nacional do Meio Ambiental como um processo de formação e
informação orientada para o desenvolvimento da consciência crítica
sobre as questões ambientais e de atividades que levem à participação
das comunidades na preservação do equilíbrio ambiental. Assim, tornase clara a importância da educação para auxiliar na tomada de
consciência da responsabilidade e do direito de todos os cidadãos a um
ambiente saudável, não só para o presente, mas também para as
gerações futuras.
Nessa perspectiva, a aprendizagem de temas na Ciência e Biologia
podem ter melhor desenvolvimento a partir da execução de Sequências
de Ensino-Aprendizagem ou Sequências Didáticas, que segundo Dolz et
al. (2004) representam um conjunto de atividades planejadas, de
maneira sistematizada, em torno de determinado tema em estudo,
através das quais se procura auxiliar os estudantes a explicitarem suas
concepções sobre certos fenômenos ou conceitos, bem como favorecer
sua evolução e ampliação aproximando-os dos conceitos científicos.
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O objetivo deste trabalho foi desenvolver um ciclo de sequências de
ensino- aprendizagem envolvendo alunos da Educação Básica,
estimulando o consumo consciente da água e a valorização deste
recurso para o ambiente.
MATERIAL E MÉTODOS
Como procedimento metodológico na nossa pesquisa foi desenvolvido
um ciclo de intervenções didáticas com alunos do Ensino Fundamental
de escolas públicas na cidade de Vitória de Santo Antão, Pernambuco.
O ciclo de atividades foi marcado por seis etapas, a partir da abordagem
da temática água de forma bastante dinâmica e interativa.
Na primeira atividade, realizou-se uma sondagem discutindo com os
estudantes sobre o desperdício de água na escola e em suas residências.
Em seguida ministrou-se uma palestra que mostrou aos alunos os
principais problemas que enfrentamos hoje decorrente do uso
inconsciente dos recursos hídricos.
No segundo encontro duas dinâmicas foram desenvolvidas. A primeira
dinâmica: Painel integrado – os alunos foram divididos em pequenos
grupos. Cada equipe leu um texto e debateu entre o grupo e
posteriormente, apresentaram o resultado do debate na forma de painel
para o grande grupo. A segunda dinâmica: Caçadores do desperdício os alunos foram levados para fazer um passeio na escola, afim de que os
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mesmos identificassem os problemas relacionados ao desperdício da
água. Logo depois, os estudantes foram levados para a sala de aula com
a finalidade de discutirem as situações observadas, ficando com a
missão de refletirem em casa as possíveis ações para amenizar os
problemas identificados.
Na terceira etapa, realizou-se a discussão sobre o problema de
desperdício de água na escola. Durante o decorrer dessa etapa, os alunos
puderam expor suas ideias através da produção de cartazes com fotos e
esquemas observados na visita. Os alunos se reuniram na sala de aula,
cada um apresentou suas prováveis ações para tentar minimizar os
problemas que foram identificados.
A etapa de número quatro foi marcada por uma apresentação cultural.
Nesta fase, os estudantes desenvolveram uma história com temas
relacionados ao uso consciente da água. A história foi transformada em
uma breve peça de teatro de fantoches, os quais foram produzidos pelos
próprios alunos durante uma oficina.
A penúltima etapa, estrategicamente foi marcada para o dia 22 de março
“Dia Mundial da Água”. Neste dia, os alunos expuseram para toda
comunidade escolar suas atividades desenvolvidas ao decorrer do
projeto através de cartazes, apresentação de fantoches e demais
produções.
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Para fechar o ciclo de intervenções, foi realizada a fase da avaliação. A
turma foi organizada em um grande círculo. Um aluno recebeu uma
“gotinha de água” (confeccionada com isopor). Logo depois, foi
colocada uma música e os alunos passavam “a gotinha” de mão em
mão. Ao parar da canção, o aluno que estivesse com a gotinha na mão
ficava de pé e expressava para turma as suas concepções em relação ao
desperdício de água e relatava a sua experiência nas atividades
vivenciadas nessas sequências pedagógicas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os alunos além de identificarem os problemas relacionados ao
desperdício de água encontrado na escola foram capazes de formular
soluções para tais problemas, tendo assim argumentos para reivindicar
da equipe gestora da escola melhores condições.
Durante a apresentação dos cartazes foi possível avaliar que os alunos
ao falarem sobre o tema se incluíam como agentes transformadores da
realidade atual, mostrando que adquiriram um pensamento crítico sobre
a atual situação da água, não só em relação ao desperdício mais também
a questão da sua poluição, pontuando a proporção existente entre a água
doce potável e a água salgada (Figura 1).
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Figura 1. Alunos apresentando o resultado de suas análises na forma de cartazes.
Durante a produção do teatro de fantoche abordou-se a temática água
com ênfase na sua valorização indiscutível a vida e se observou a
participação ativa dos alunos envolvidos (Figura 2). As atividades
lúdicas despertam a criatividade, a motivação e o interesse por parte dos
alunos e esse interesse é importante para a estrutura cognitiva
construída pelo sujeito, coerente com a Epistemologia Genética
defendida por Piaget (1975).
Figura 2. Apresentação do teatro de fantoches.
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Para Kishimoto (1999) a dimensão educativa surge quando as situações
lúdicas são intencionalmente criadas com vista a estimular certos tipos
de aprendizagem. Acreditamos que as atividades desenvolvidas foram
capazes de desenvolver não só a cognição, ou seja, a construção de
representações mentais de afetividade, mas também as funções
sensoriais e motoras, a área social. As relações entre os alunos e a
percepção de valores, estimularam a construir o conhecimento de
maneira mais divertida e integrada.
CONCLUSÃO
Os alunos compreenderam de forma satisfatória a importância da água
para os processos vitais, relacionando este recurso às diferentes formas
de vida terrestre, e consequentemente, construíram uma base de
conhecimentos sólidos sobre o tema, sendo capazes de argumentar de
forma eficiente sobre os diferentes conceitos relacionados à
problemática.
Pode-se observar uma mudança atitudinal nas concepções prévias dos
alunos sobre a temática água e o seu gradual comprometimento na
execução das atividades.
O ciclo de atividades abordado nesta intervenção vivenciada pelos
alunos foi fundamental para a construção de seus conhecimentos e
mudança de valores, acerca da sustentabilidade relacionada aos recursos
hídricos.
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As sequências de ensino-aprendizagem foram essenciais para a
formação do censo crítico e principalmente a mudança de atitudes com
relação ao consumo de água na escola e no cotidiano dos alunos.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: introdução aos parâmetros
curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1998.
DOLZ, J.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWL, B. Sequências didáticas para o oral e a
escrita: apresentação de um procedimento. In: SCHNEUWLY. B; DOLZ, J. Gêneros
orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2004.
KISHIMOTO, T. M. Jogo, brinquedo, brincadeira e educação. São Paulo: Cortez,
1999.
PIAGET, J. L'équilibration des structures cognitives: problème central du
développement. Paris: P.U.F., 1975.
SCHMILDT, I. A.; CHISTÉ, G. O.; OLIVEIRA, R. C. L.; BORGES, C. N. P.;
LOYOLL, D. N. Alunos do ensino fundamental e uso racional da água. In: XI
Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e VII Encontro Latino Americano
de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba. Anais do XI Encontro Latino
Americano de Iniciação Científica e VII Encontro Latino Americano de PósGraduação – Universidade do Vale do Paraíba, Taubaté, p. 72-76, 2007.
TEIXEIRA, A.C. Educação ambiental: caminho para a sustentabilidade. Revista
brasileira de educação ambiental / Rede Brasileira de Educação Ambiental, p. 2331, 2007.
WATANABE, G.; KAWAMURA, M.R.D. Em busca de espaços curriculares para a
questão da água. V Encontro Nacional de Pesquisa em Ensino de Ciências. Atas do V
Encontro Nacional de Pesquisa em Ensino de Ciências, Bauru, p. 46-50, 2005.
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