UTILIZAÇÃO DE DNA p36(LACK) NA INDUÇÃO DE
RESPOSTA IMUNE E NA PROTEÇÃO CONTRA INFECÇÃO
POR Leishmania chagasi EM CAMUNDONGOS BALB/c
A leishmaniose visceral americana no Brasil é uma zooantroponose inicialmente restrita
a áreas rurais e peri-urbanas. Com a emergência de novos focos em áreas urbanas, essa
doença passou a ter influências significativas na saúde pública, e a vacinação é um
importante mecanismo de proteção. Vários protocolos de vacinação vêm sendo testados
para as diferentes formas de leishmaniose, e o uso de vacinas de DNA é uma alternativa
interessante devido à sua capacidade de indução de imunidade celular prolongada. Além
disso, essas vacinas estimulam respostas humorais, auxiliares e citotóxicas, sendo as
duas últimas muito importantes para a indução de uma resposta protetora em modelos
murinos de leishmaniose visceral.
A LACK (homóloga de Leishmania de receptores de proteína quinase C ativada)
é uma proteína de 36 kDa altamente conservada entre as diferentes espécies e formas
evolutivas de Leishmania, e induz proteção contra infecção cutânea por L. major por
intermédio do redirecionamento da resposta patogênica (Th2) para a protetora (Th1),
quando administrada como a versão reduzida de 24 kDa. Sua eficácia como antígeno em
vacinações contra L. chagasi ainda não foi avaliada. Nós testamos, então, uma vacina de
DNA que codifica o gen p36(LACK) (DNA p36(LACK)), administrada pela via
intramuscular ou subcutânea, objetivando avaliar seu potencial imunogênico e protetor e
sua capacidade de indução de resposta imune prolongada contra L. chagasi. Nossos
resultados demonstraram que a vacinação com DNA p36(LACK) pela via intramuscular
induz uma resposta do tipo 1 (produção de IFN-γ, mas não de IL-4) quando esplenócitos
de camundongos vacinados, mas não desafiados, são estimulados com antígenos de L.
chagasi (50, 100 ou 150 µg/mL de antígeno solúvel ou 50 µg/mL de antígeno
particulado) ou proteína p36(LACK) recombinante (5 µg/mL). Não houve produção de
TNF ou de óxido nítrico por esses esplenócitos. O mesmo não foi observado quando se
utilizou a via subcutânea de imunização, onde não se detectou produção de nenhuma
das citocinas ou de óxido nítrico pelos esplenócitos submetidos aos mesmos estímulos.
A produção significativa de IFN-γ por esplenócitos estimulados de camundongos
vacinados pela via intramuscular e submetidos a desafio endovenoso com promastigotas
de L. chagasi 4 ou 12 semanas após a dose de reforço demonstrou a capacidade da
vacina de garantir resposta imune prolongada. Entretanto, não houve diminuição de
carga parasitária hepática ou esplênica de camundongos vacinados em relação aos
controles, demonstrando que a resposta imune induzida pela vacina foi insuficiente para
proteger esses camundongos contra o desafio sistêmico, considerando-se quaisquer das
vias de vacinação utilizadas.
Portanto, a vacina de DNA p36(LACK) administrada pela via intramuscular se
mostrou imunogênica e capaz de induzir resposta imune do tipo 1 prolongada, mas não
foi capaz de induzir proteção contra desafio sistêmico por L. chagasi.
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