ESTÁGIO NO IFRJ- CÂMPUS VOLTA REDONDA: PROPOSTA DE
UMA MAIOR APROXIMAÇÃO DA REALIDADE ESCOLAR. RELATO
DE EXPERIÊNCIA
Márcia Amira Freitas do Amaral 1 - IFRJ - Câmpus Volta Redonda
Giovana da Silva Cardoso2- IFRJ- Câmpus Volta Redonda
Grupo de Trabalho - Práticas e Estágios nas Licenciaturas
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
O Estágio é uma exigência legal para a formação docente, no entanto, não o encaramos como
uma tarefa burocrática a ser cumprida de forma maçante ou tensa. Enxergamos o Estágio
como uma parte do currículo, de grande importância na formação do futuro professor, porque
é a oportunidade de experimentar, de realizar, na prática, o conhecimento teórico adquirido no
decorrer da sua formação acadêmica. Estimulamos nossos licenciandos para que percebam o
Estágio numa dimensão dinâmica, de troca de experiências e como um processo integrador da
prática e da reflexão sobre os saberes trabalhados ao longo de seus cursos. O presente
trabalho traz o relato de nossas experiências como professoras das disciplinas de Estágio
Curricular Supervisionado I – ECSI, Estágio Curricular Supervisionado II – ECS II e Estágio
Curricular Supervisionado III – ECS III, que são oferecidas na matriz curricular dos cursos de
Licenciatura em Física e Matemática do IFRJ- Câmpus Volta Redonda, a partir do 5º período.
A intenção é mostrar como as disciplinas são trabalhadas de maneira que promovam a maior
aproximação possível da realidade que os licenciandos encontrarão no ambiente escolar,
visando a consolidação da relação entre a teoria e a prática. Como professoras das referidas
disciplinas tivemos autonomia para propor as atividades que pudessem oferecer aos alunos a
reflexão sobre a práxis docente. Tomamos como base teórica para nossas reflexões sobre
nossas experiências, os estudos de Andrade (2005), Bianchi (2002), Kulcsar (1991) Passerini
(2007), Pimenta e Lima (2004), Pimenta (2001), entre outros. Organizamos o trabalho da
seguinte forma: num primeiro momento abordamos a disciplina Estágio: o que é; seu papel e
importância. Em seguida, apresentamos o relato e a análise de nossas experiências, abordando
a realização da organização do material das atividades e registrando as impressões dos nossos
alunos na participação dessas atividades.
Palavras-chave: Estágio. Realidade Escolar. Relato de Experiência.
1
Doutora em Educação pela UERJ. Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de
Janeiro – IFRJ – Câmpus Volta Redonda. E-mail: [email protected]
2
Especialista em Educação Especial pela UNIRIO. Mestranda em Ensino de Ciências da Saúde e Meio Ambiente
pelo UNIFOA. Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro – IFRJ –
Câmpus Volta Redonda. E-mail: [email protected]
ISSN 2176-1396
9211
Introdução
O que nos move a pensar e repensar as disciplinas de Estágio nos cursos de
Licenciatura em Física e Matemática nas quais lecionamos no Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro - IFRJ - Câmpus Volta Redonda, é a preocupação
constante que temos com a qualidade da formação do futuro docente, por isso buscamos
aproximar o máximo possível as discussões teóricas com as questões do cotidiano escolar, ao
longo das aulas junto aos licenciandos.
Temos como objetivo neste trabalho, apresentar nossa forma de organizar as
disciplinas de Estágio Curricular Supervisionado I, II e III, para promover uma troca de
experiências com outras Instituições de Ensino Superior.
O Estágio é uma exigência legal para a formação docente, no entanto, não o
encaramos como uma tarefa burocrática a ser cumprida de forma maçante ou tensa.
Enxergamos o Estágio como uma parte do currículo, de grande importância na formação do
futuro professor, porque é a oportunidade de experimentar, de realizar, na prática, o
conhecimento teórico adquirido no decorrer da sua formação acadêmica.
Estimulamos nossos licenciandos para que percebam o Estágio numa dimensão
dinâmica, de troca de experiências entre nós, professoras-orientadoras das disciplinas, e entre
eles próprios.
A intenção é mostrar como as disciplinas são trabalhadas, de maneira que promovam a
maior aproximação possível da realidade que os licenciandos encontrarão no ambiente
escolar, visando a consolidação da relação entre a teoria e a prática.
Como professoras das referidas disciplinas propomos as atividades de maneira que
possam oferecer aos alunos a reflexão sobre a práxis docente. Tomamos como base teórica
para nossas reflexões sobre nossas experiências os estudos de Andrade (2005), Bianchi
(2002), Kulcsar (1991), Passerini (2007), Pimenta e Lima (2004), Pimenta (2001), entre
outros.
Organizamos o trabalho da seguinte forma: num primeiro momento abordamos a
disciplina Estágio: o que é; seu papel e importância. E, em seguida, apresentamos o relato e a
análise de nossas experiências, abordando a realização da organização do material das
atividades e registrando as impressões dos licenciandos na participação dessas atividades.
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A Disciplina Estágio Curricular Supervisionado – seu Significado, seu Papel e sua
Importância.
Segundo Bianchi (2002), compreender o que é e como se conceitua o Estágio
Supervisionado é de extrema importância para o aluno da licenciatura que irá iniciar sua ação
docente.
No Estágio, diversas atividades relacionadas com o ensino/aprendizagem são
realizadas por docentes e discentes. Estagiar é tarefa do aluno; orientar e supervisionar é
incumbência da Instituição de Ensino Superior, que está representada pelo professor.
Acompanhar, fisicamente, se possível, tornando essa atividade produtiva, também é tarefa do
professor, que visualiza com o licenciando situações de trabalho passíveis de orientação
(BIANCHI, 2002).
A finalidade do Estágio Supervisionado é propiciar a complementação do ensino/
aprendizagem a ser planejado, executado, acompanhado e avaliado segundo currículos,
programas, calendários escolares, a fim de se constituírem em um processo integrador, ou
seja, prático, científico e sócio-cultural.
O Estágio Supervisionado na instituição escolar é mais do que uma experiência prática
na vida do licenciando, é uma oportunidade para refletir sobre os saberes trabalhados durante
o Curso.
Assim, sua realização possibilita vivenciar os conhecimentos teóricos adquiridos em
sala de aula, bem como captar as orientações práticas obtidas em campo de estágio e interligálas como forma de conhecimento da profissão, pois, tal como menciona Passerini (2007, p.
18), “[...] este processo sofre influência dos acontecimentos históricos, políticos, culturais,
possibilitando novos modos de pensar e diferentes maneiras de agir perante a realidade em
que o professor está inserido”.
Neste mesmo sentido, Pimenta e Lima (2004) enfatizam que,
o estágio é o espaço/tempo no currículo de formação destinado às atividades que
devem ser realizadas pelos discentes nos futuros campos de atuação profissional. É
essencial na formação da identidade docente, pois propicia ao aluno um momento
específico de aprendizagens, de reflexão com sua prática profissional. Além disso,
possibilita uma visão crítica da dinâmica das relações existentes no campo
institucional, enquanto processo efervescente, criativo e real. (PIMENTA; LIMA
2004, p.147).
O Estágio Curricular Supervisionado- ECS, do IFRJ tem por finalidade, propiciar ao
licenciando uma aproximação da realidade em que a aprendizagem se efetiva, apontando para
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algumas características, como responsabilidade, compromisso e espírito crítico e inovador.
Nas palavras de Andrade (2005):
(...) o estágio, uma importante parte integradora do currículo, é a parte em que o
licenciando vai assumir pela primeira vez a sua identidade profissional e sentir na
pele o compromisso com o aluno, com sua família, com sua comunidade, com a
instituição escolar que representa sua inclusão civilizatória, com a produção
conjunta de significados em sala de aula, com a democracia, com o sentido de
profissionalismo que implique competência – fazer bem o que lhe compete.
(ANDRADE, 2005, p. 2)
Em relação ao seu papel, concordamos com Kulcsar (1991), que defende que o
Estágio não é uma tarefa a ser cumprida de forma protocolar, e sim, ter uma função
profissional, prática e dinâmica, promovendo trocas e abrindo possibilidades para mudanças
no contexto da formação docente e consequentemente no contexto escolar e no contexto
social, posteriormente. Afirma que:
O Estágio Supervisionado deve ser considerado um instrumento fundamental no
processo de formação do professor. Poderá auxiliar o aluno a compreender e
enfrentar o mundo do trabalho e contribuir para a formação de sua consciência
política e social, unindo a teoria e a prática. (KULCSAR, 1991, p. 65).
A importância da disciplina Estágio está em possibilitar a ampliação, o
aprofundamento e a integração entre os conhecimentos técnicos e as práticas, bem como
desenvolver análises crítico-reflexivas sobre a atuação profissional do professor. Nesse
sentido, o Estágio tem por objetivo maior integração entre aprendizagem acadêmica e
compreensão da dinâmica das instituições escolares de ensino.
O Estágio no IFRJ - Câmpus Volta Redonda: contando e analisando nossas
experiências.
O artigo 82 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996,
aponta o seguinte sobre o Estágio: “Os sistemas de ensino estabelecerão as normas para a
realização dos estágios dos alunos regularmente matriculados no ensino médio ou superior em
sua jurisdição”.
O Estágio Curricular Supervisionado faz parte do Projeto Pedagógico dos Cursos de
Licenciatura em Física e Matemática, do IFRJ - Câmpus Volta Redonda e é concebido como
um momento de aprendizagem para o desenvolvimento de competências e habilidades
desejáveis na formação do futuro professor.
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Desta forma, o Estágio constitui o eixo norteador na estruturação curricular e tem por
finalidade propiciar aos alunos dos cursos de licenciatura melhor aproximação da realidade.
No IFRJ – Câmpus Volta Redonda o documento institucional que normatiza a
disciplina Estágio é o “Regulamento do Estágio dos Cursos de Licenciatura”. Este documento
trata das Finalidades e Natureza do Estágio; das Competências; das Escolas de Campo do
Estágio; das Atividades a serem desempenhadas pelo aluno-estagiário; do Encaminhamento
para o Estágio e das Atividades Desenvolvidas; dos Relatórios do Estágio; do Desligamento;
da Avaliação e Disposições Finais.
O art. 2º do Regulamento do Estágio do IFRJ, aponta que:
O Estágio Curricular Supervisionado, de caráter obrigatório para os Cursos de
Licenciatura, visa propiciar a complementação do ensino e da aprendizagem do
licenciando, devendo ser planejado, executado, acompanhado e avaliado em
conformidade com a Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008, com este
Regulamento e com o Projeto Pedagógico de Curso. (IFRJ, REGULAMENTO DO
ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO DOS CURSOS DE
LICENCIATURA, 2011, p.2)
A carga horária do estágio curricular é de, no mínimo, 405 horas distribuídas da
seguinte forma: 81 (oitenta e uma) horas para Encontros Semanais de Supervisão de Estágio;
e 324 (trezentas e vinte e quatro) horas para Atividades de Estágio, baseados no seguinte
direcionamento metodológico: I – Conhecimento do contexto escolar; II – Reflexão sobre a
realidade da escola; III – Identificação das situações que possam tornar-se objeto do Plano de
Estágio a ser desenvolvido; IV – Elaboração do Plano de Estágio; V – Aplicação do Plano de
Estágio; VI – Avaliação.
O Estágio Curricular Supervisionado é desenvolvido a partir do quinto período letivo
do licenciando. No entanto, o regulamento exige, para que o licenciando dê início ao Estágio,
que ele tenha cumprido todas as disciplinas pedagógicas obrigatórias e, pelo menos, 75%
(setenta e cinco por cento) dos créditos referentes aos demais componentes curriculares
previstos na matriz curricular sugerida até o quarto período, inclusive .
Para que os alunos das Licenciaturas possam realizar seus estágios o IFRJ possui
diversos convênios firmados em escolas da rede pública e particular, onde serão
desenvolvidas as atividades de Estágio Curricular, sendo responsável pela formalização do
Estágio. De acordo com o regulamento (Artigo 9º) o Estágio deve ocorrer no IFRJ e em
instituições de ensino públicas ou privadas devidamente regularizadas, após a assinatura de
um Convênio firmado entre o IFRJ e as escolas campo de Estágio. Assim, desde o início de
seu estágio o licenciando tem a oportunidade de experimentar realidades diversas.
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Os licenciandos matriculados nas disciplinas de Estágio Curricular Supervisionado I,
II e III são acompanhados pelo professor-orientador que ministra estas disciplinas durante o
desenvolvimento de suas práticas pedagógicas. Segundo o regulamento em seu Artigo 6º, são
atribuições do professor-orientador de Estágio:
I – Proporcionar momentos de reflexão-ação-reflexão, individuais ou coletivos,
sobre as atividades programadas no Estágio Curricular Supervisionado, estimulando
a formação de professores reflexivos, pesquisadores e autocríticos;
II – Indicar ao aluno-estagiário as fontes de pesquisa necessárias ao aprimoramento
da prática pedagógica e incentivar a busca de solução para as dificuldades
encontradas;
III – Orientar o aluno-estagiário nas atividades previstas e na elaboração dos
relatórios;
IV – Realizar visitas para acompanhar a prática do aluno-estagiário nas unidades
escolares concedentes;
V – Avaliar os relatórios de estágio, divulgando e justificando os resultados obtidos;
VI – Validar o aproveitamento de carga horária em atividade docente em regência
de turma para redução do tempo de atividade de Estágio Curricular Supervisionado,
conforme o disposto no Art. 20 deste Regulamento. (IFRJ, REGULAMENTO DO
ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO DOS CURSOS DE
LICENCIATURA, 2011, p.2)
Assim,
como professoras-orientadoras cumprimos as determinações oficiais
normatizadas pelo regulamento. O que consideramos importante ressaltar é o “como”
promovemos as atividades junto aos licenciandos. Essas atividades são concretizadas com
oficinas pedagógicas, estudo de casos e seminários temáticos.
As disciplinas de ECS I, II e III, são organizadas de forma que, em cada momento, o
licenciando realize atividades diferenciadas. Em ECS I as atividades são de observaçãoparticipante na escola e na sala de aula, em ECS II, as atividades são de coparticipação e, em
ECS III, as atividades são de regência e execução de um Projeto de Intervenção PedagógicaPIP. Aos licenciandos cabe, necessariamente, ministrar aulas. Contudo, as ações dos
licenciandos vão além de ministrar e assistir aulas, pois têm a oportunidade de levantar
questões, apresentar ideias e propostas, elaborar projetos e desenvolvê-los. Nesse sentido, as
orientações indicam a importância de socializar práticas onde circulam imbricados conteúdos
e metodologias que tomam lugar na escola básica. São valorizados, especialmente, os
conhecimentos relacionados com a prática.
Apresentamos a partir deste momento a metodologia que utilizamos para o
desenvolvimento de nossos encontros de aulas semanais.
O Estágio Curricular Supervisionado I tem como objetivo central a pesquisa do
cotidiano escolar, por isso, nos primeiros encontros com os alunos realizamos a leitura e
análise de todo material disponibilizado a eles. Entregamos a cada aluno um Kit Estágio, que
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é composto por uma série de documentos: Plano de Curso e Cronograma da Disciplina;
Regulamento do Estágio; Ficha com as atividades a serem realizadas no Estágio; Orientações
para a realização das atividades do Estágio; Orientação para a realização da Oficina
Pedagógica, para a Construção do Recurso Didático e Apresentação do Seminário; Carta de
Apresentação à escola-campo; Orientação quanto ao trâmite da entrega da Ficha Cadastro de
Identificação do Aluno para gerar o Termo de Compromisso; Ficha de Frequência; Roteiro
para Elaboração do Relatório e Orientação para Formatação e Encadernação do Relatório.
Apresentados os documentos que deverão ser entregues nas escolas, orientamos aos
licenciandos que procurem a escola-campo (além do IFRJ) para que possam iniciar o estágio
o mais breve possível para não haver atraso na entrega do relatório (parcial no ECSI) no final
do período.
Ao longo do período do curso três atividades realizadas em ECSI contam com a
presença dos licenciandos que estão cursando ECS II e III. Realizamos Oficinas Pedagógicas,
nas quais os licenciandos escolhem e apresentam temas relacionados aos seus cursos de
atuação. A Construção de Recursos Didáticos, que tem como objetivo que o licenciando
apresente a elaboração, de forma criativa e contextualizada, de materiais didáticos que possam
ser utilizados nas aulas de Física e Matemática nos Anos Finais do Ensino Fundamental e
Ensino Médio. E a Apresentação de Seminários, nos quais os licenciandos
importância do estágio na formação docente e realizam
abordam a
um retrospecto do ECS I,
apresentando os objetivos do mesmo, as atividades, os pontos positivos e negativos. É muito
interessante perceber o envolvimento dos alunos na elaboração e participação dessas
atividades.
A cada encontro semanal reservamos uma parte para esclarecimento de dúvidas
quanto ao encaminhamento dos documentos, leitura e análise das orientações para a
realização das atividades e orientações para a realização do relatório e a outra parte para troca
de impressões do que ocorreu durante a semana. Neste momento, os licenciandos têm a
oportunidade de relatar o que ocorreu de mais significativo ao longo das observações do
cotidiano escolar. Para ilustrar, eis os depoimentos de alguns deles sobre suas observações:
As atividades do estágio têm proporcionado diferentes oportunidades de interagir
com os alunos e o ambiente escolar.
O estágio me aproxima e prepara para a realidade, ao observar as aulas e
participar das atividades.
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O estágio nos aproxima da realidade escolar pois, através dele, observamos e
lidamos com os acontecimentos do ambiente escolar como um todo .
As atividades do Estágio são essenciais para uma melhor formação docente. Agora
me sinto mais segura em entrar em uma sala de aula.
É muito importante observar as aulas percebendo a postura que os professores
tomam frente a desafios. O apoio ao aluno também me ajudou bastante, já estou
encontrando minhas características como professora.
Estar em sala somente observando, já é importante, estar em contato direto com os
alunos, professores e ambiente escolar, ai sim realmente adquirimos experiências
diretas com a realidade escolar.
As atividades de coparticipação e regência de aula, ocorrem no Estágio Curricular
Supervisionado II. A coparticipação engloba atividades em que o estagiário vai atuar em sala
de aula, interagindo com os alunos e compartilhando responsabilidades com o professor da
turma que está acompanhando. Ao coparticipar, estará se preparando para assumir mais
integralmente as tarefas docentes em breve, quando passará a se responsabilizar, por exemplo,
por uma aula completa, ou ainda por toda uma unidade de ensino.
Dentre as atividades de coparticipação, podemos citar a correção e avaliação de
atividades, preparação de aulas com o professor da turma, aplicação e acompanhamento de
atividades pedagógicas, auxílio aos alunos com dificuldades nos conteúdos, enfim, o
estagiário estará sob a supervisão do professor da turma realizando propostas que irão
contribuir no aprendizado de todos.
Em relação à regência, os licenciandos têm sob sua inteira responsabilidade a
condução da aula, com a supervisão do professor da turma onde realiza o estágio.
No Estágio Curricular Supervisionado III, o licenciando será responsável pelo
planejamento e execução de um Projeto de Intervenção Pedagógica – PIP. Os licenciandos
têm a responsabilidade de intervir ante uma problemática encontrada na escola-campo,
desenvolvendo e conduzindo da melhor forma possível as devidas metodologias e estratégias
para que a problemática seja de fato resolvida, podendo ser na forma de atividades lúdicas,
workshops, palestras, seminários, etc. desde que o licenciando contribua para a solução da
problemática encontrada. Os projetos implementados pelos licenciandos durante o estágio
objetivam a melhoria do ensino nas escolas-campo, devem estar relacionados com conteúdos
específicos e com o equacionamento de problemas vividos pelas escolas. Cabe a cada
licenciando, com orientação e supervisão contínua dos professores que os recebem na escola e
com o apoio do professor-orientador , elaborar sua proposta de ação pedagógica, detalhando
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ações, recursos e cronograma previstos, mobilizando apoios e desenvolvendo as iniciativas
necessárias à implantação da proposta .
Realizamos um Seminário para a apresentação dos PIP elaborados e executados. Os
licenciandos que cursam ECS I são convidados a assistir, podendo contar para eles como
participação em eventos.
Durante o ECS II e III também temos encontros semanais de orientações e troca de
experiências da escola-campo. Esses momentos são importantes para o crescimento de todos
do grupo. Apresentamos a seguir, depoimentos dos licenciandos sobre suas vivências na
escola-campo:
Um dos momentos mais marcantes foi o confronto de uma aluna com o professor.
Ela não concordava com a correção de sua prova. A maturidade da professora e
sua maneira de lidar com a situação, fez com que o problema fosse resolvido da
melhor forma. São através de experiências como esta que vamos aprendendo como
lidar com certas situações de sala de aula que vão além do conteúdo.
Sanar algumas dúvidas dos alunos através do apoio escolar no contra turno foi uma
das atividades que me fez perceber um pouco sobre o que é dar aula de verdade.
Uma das experiências mais marcantes foi o momento em que um aluno após a aula
de apoio escolar e ter realizado a prova de matemática, veio me agradecer por ter
esclarecido suas dúvidas e devido a isso ter conseguido tirar uma boa nota na
prova.
Na aplicação do PIP tive uma resposta positiva dos alunos, que interagiram e senti
que se engajaram na atividade.
Na escola-campo que faço estágio, os alunos são muito carentes. Por esse motivo,
procuro oferecer experiências de incentivo para todos. Por se acharem pobres,
acham que não terão chance na vida. Converso com eles dizendo que todos nós
temos as mesmas chances através dos estudos. E com isso tento fazer a parte da
matemática ser mais atrativa para esse público para que os mesmos se motivem.
Acredito que o estágio tem me feito crescer como futuro professor e começar a
colocar em prática as teorias que aprendo durante o curso. É a partir dele que
começo a me "descobrir" como professor e a aprender a escolher certas práticas
dependendo dos alunos que estou trabalhando.
Ao final do semestre, os licenciandos produzem relatórios sobre suas atividades
relatando e expressando as impressões de suas vivências.
Destacamos que, durante o Estágio Supervisionado, o licenciando pode vivenciar
experiências que auxiliem na superação de barreiras e medos suscitados pela atividade de
ensino, e introduzir inovações com todos os componentes do relacionamento humano.
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Podemos afirmar ainda, que cada licenciando terá percepções da prática e construirá
sua própria trajetória como professor, tanto pelas suas aprendizagens e experiências pessoais,
quanto pelas suas escolhas e oportunidades de trabalho.
Nessas disciplinas estão criadas as oportunidades de vivenciar, elaborar e propor ações
na escola, sempre respeitando os professores e estudantes, mas buscando aprimorar sua
experiência em atendimento aos desafios da escola.
Considerações Finais
O IFRJ – Câmpus Volta Redonda foi inaugurado em 27 de agosto de 2008, portanto,
completará 7 anos em agosto deste ano de 2015. Os cursos de Licenciatura em Física e
Matemática iniciaram suas atividades no primeiro semestre do ano de 2009 e, como vimos, de
acordo com o Regulamento do Estágio, os alunos podem se inscrever em Estágio Curricular I
somente a partir do quinto período, ou seja, somente no primeiro semestre de 2011 foi que os
primeiros licenciandos começaram a cursar as disciplinas de Estágio. Temos, portanto,
oferecido as disciplinas, no câmpus, há apenas quatro anos.
Ao longo desses anos as disciplinas já passaram por avaliações, pois o processo de
reflexão-ação-reflexão das/nas disciplinas é contínuo.
Como professoras-orientadoras procuramos oferecer as disciplinas de Estágio de
maneira que os licenciandos obtenham o maior e melhor aproveitamento possível do estágio.
Consideramos este componente curricular de suma importância para a formação do
futuro docente, pois através das atividades do Estágio o licenciando é instigado à percepção
crítica do funcionamento do cotidiano escolar.
A partir das observações e vivências realizadas ao longo das fases do Estágio, o
licenciando poderá realizar a sua própria leitura de como são estabelecidas as relações, não
somente no interior da escola, mas fora dela, também, no que se refere ao atendimento ou à
demanda da comunidade escolar.
Finalmente, queremos deixar claro que reconhecemos no Estágio Supervisionado um
espaço de interação, de assimilação e de aprendizagem do fazer pedagógico para consolidação
da identidade profissional do licenciando através de referencial teórico capaz de sustentar a
práxis educativa.
Pretendemos, como professoras-orientadoras contribuir ao máximo para que este
componente curricular oportunize, aos licenciandos, o desenvolvimento da consciência da
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importância da competência técnica e do comprometimento político e social, necessários à
compreensão, ampliação e enriquecimento de sua vivência no mundo do trabalho.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, A. M. de A. O estágio práxis docente. In: SILVA, M. L. S. F. da (Org.). Estágio
curricular: contribuições para o redimensionamento de sua prática. Natal: Ed UFRN,
2005.Disponível em: <www.educ.ufrn.br/arnon/estagio.pdf>. Acesso em: 28 jul. 2015.
BIACHI, Anna Cecília de Moraes; ALVARENGA, Marina; BIANCHI, Roberto. Manual de
Orientação: estágio supervisionado. São Paulo: Pioneira Thomson Learnig, 2002.
BRASIL. Governo Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n. 9.394.
Brasília: MEC, 1996. de 20 de dezembro de 1996. Brasília: 1996.
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO DE
JANEIRO. Regulamento do Estágio Curricular Supervisionado dos Cursos de
Licenciatura. Anexo à Resolução nº 06 de 16 de maio de 2011.
KULCSAR, R.O Estágio Supervisionado como prática integradora. In: A prática de Ensino
e o Estágio Supervisionado. FAZENDA, I.C et all. Campinas, SP: Papirus, 1991.
PASSERINI, Gislaine Alexandre. O estágio supervisionado na formação inicial de
professores de matemática na ótica de estudantes do curso de licenciatura em
matemática da UEL. 121 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Educação
Matemática) – Universidade Estadual de Londrina. Londrina: UEL, 2007.
PIMENTA, S. G. O Estágio na formação de professores: unidade, teoria e prática? 4. ed.
São Paulo: Cortez, 2001.
__________ ; LIMA, M. S. L. Estágio e docência. São Paulo: Cortez, 2004.
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