Informativo nº 9 / agosto de 2011
www.caramujoafricano.com / [email protected]
“MOLUSCOS SÃO USADOS
PARA MEDIR A POLUIÇÃO DE
INCINERADOR NA RÚSSIA
Cientistas estudaram a carapaça que protege o
molusco da espécie Crysomallon squamiferum,
descoberto recentemente nas profundezas do
Oceano Índico, e descobriram que, além de
ser rica em ferro, ela é disposta em nada meCientistas ligaram sensores de movimento e nos que três camadas. Os dados obtidos foram
cardíacos aos moluscos. Foram usados indiví- usados para desenvolver um modelo computaduos da espécie da África Subsaariana.
cional do exoesqueleto do
caramujo.
Fonte: G1 28/01/2011
A companhia de saneamento Vodokanal utilizou seis moluscos do gênero Achatina, ligados
a sensores de movimento e cardíacos, para
medir o impacto da poluição gerada por incine- Nesta edição:
radores de resíduos de esgoto na Rússia. O Atualidades
1
objetivo é simular o efeito gerado pela queima
2
Angiostrongylus cantonensis no Espírito Santo
em humanos.
A espécie utilizada é originária da Africa Subsa- Almoço de Domingo: Não é para a sogra não!
3
ariana e chega a 20 centímetros de comprimen4
to. Segundo os cientistas, a escolha pelos mo- Caracóis minúsculos sobrevivem ao trato
digestivo
de
pássaros.
luscos aconteceu pelo fato deles contarem com
pulmões e respirarem como humanos. Os tes- Caracóis africanos podem virar etanol de
5
tes foram feitos nas redondezas de São Peters- segunda geração.
burgo. Para incentivar os animais, os responsá6
Caracóis gigantes ameaçam conquistar mais
veis pelo monitoramento utilizam alfaces.”
áreas em Kerala
CONCHA DE MOLUSCO RECÉMDESCOBERTO É MODELO PARA
SUPERESCUDO PROTETOR
Informativo AchatinafulicaNEWS nº 9 / Agosto de 2011
I Workshop Binacional Brasil-Argentina
7
E agora IBAMA?
8/11
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pag.01
Angiostrongylus cantonensis no Espírito Santo
Mauricio Aquino, MV Mestrando em Ciências da Saúde
Sarasinula marginata
Essa semana li um trabalho no Boletim eletrônico
Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em
Saúde (SVS) intitulado: Investigação de Casos
de Meningite Eosinofílica causada pela infecção
por Angiostrongylus cantonensis no Espírito Santo, Brasil.
Este artigo assinado por uma competente equipe
esclarece alguns pontos importantes. Primeiro
que o Angiostrongylus cantonensis, parasita de
roedores e um dos responsáveis pela Meningite
Eosinofílica (ME), não tem o Achatina fulica como seu único hospedeiro intermediário no país,
isso já é, por si só, uma declaração reveladora.
O artigo cita ainda, claramente, que outras espécies de lesmas e caracóis, dentre eles o Bradybaena similares e Subulina octona, também são
hospedeiros intermediários deste parasito no Brasil.
De acordo com a SVS dois casos de Meningite
Eosinofílica foram diagnosticados no município
de Cariacica, a 15 km de Vitória (ES) em janeiro
de 2007. As principais queixas foram dor de cabeça, rigidez da nuca e distúrbios visuais.
E por incrível que pareça, estes dois casos não
estão relacionados ao Achatina fulica, mas as
“lesmas de jardim” que foram, acreditem, ingeridas cruas numa disputa de “coragem” entre dois
indivíduos alcoolizados num churrasco de domingo. Cada um ingeriu meia lesma em 31 de dezembro de 2006 e, em 23 de janeiro de 2007, a
SVS foi notificada.
No informativo AchatinafulicaNews n° 8
(http://smtpilimitado.com/kennel/caracol8.pdf) publiquei uma matéria comentada sobre um recente
artigo chinês que fez um importantíssimo alerta
sobre o Pomacea canaliculata, uma espécie natiInformativo AchatinafulicaNEWS nº 9 / Agosto de 2011
va brasileira que foi introduzida como alimento
em
Taiwan em 1979 e depois, na China em
1981, tendo adaptado-se bem ao meio ambiente,
particularmente ao sul da China, onde espalhouse, rapidamente, para mais de 10 províncias, onde hoje, vem causando mais problemas que o
próprio Caracol Africano.
Nesse mesmo trabalho (SVS) foram coletados
320 moluscos no bairro de São Conrado, em Cariacica e 100 moluscos no bairro de Nova América, em Vila Velha onde se diagnosticou, respectivamente, a presença de larvas com perfis moleculares correspondente ao perfil do A. cantonensis em Sarasinula marginata e Achatina fulica, na
primeira e em Subulina octona e Bradybaena similares, na segunda. No entanto, o artigo esqueceu de informar o percentual dos animais positivos em cada espécie, não nos permitindo, infelizmente, ter uma visão global de infestação.
O mais importante é que a “investigação
amambientall/laboratorial demonstrou diferentes
espécies de moluscos terrestres infectados com
larvas de A. cantonensis”, demonstrando que para o controle desta enfermidade, medidas sócioeducativas devem ser priorizadas em toda a área
de ocorrência, além de um maior controle sobre
portos e aeroportos, por onde o A. cantonensis,
provavelmente, ingressou no estado do Espírito
Santo através de ratos parasitados.
“Após a oficialização dos resultados, a Secretaria
de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde
desencadeou uma ação rápida e integrada de
saúde pública envolvendo as secretarias do Espírito Santo e de Cariacica no sentido de prevenir e
controlar a infecção. Carvalho destaca, entretanto, que “estas ocorrências não devem alarmar a
população, uma vez que as medidas de controle
e prevenção envolvem ações corriqueiras de higiene que também são úteis na prevenção de outras doenças”.
Referências:
AQUINO, Mauricio. O esclarecedor surto de meningite eosinofílica na
China. Disponível em: <http://smtpilimitado.com/kennel/caracol8.pdf>
Acesso em: 02/07/2011
SANTOS, Ailson. Pesquisadores identificam novo parasito em dois
municípios do Espírito Santo. Disponível em: <http://www.fiocruz.br/
ccs/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?
from_info_index=841&infoid=866&sid=9&tpl=printerview> Acesso em:
02/07/2011
GARCIA, M. et. al. Investigação de casos de miningite eosinofílica causada pela infecção por Angiostrongylus cantonensis no Espírito Santo,
Brasil. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/
ano08_n18_men_eosinofilica_es.pdf > Acesso em: 02/07/2011
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Almoço de Domingo: não é para a sogra não!!!
Em julho, após constatar que, para uma maior produção
de muco, os melhores caracóis (Achatina fulica) devem
ter entre 25 e 70 gramas de peso, padronizei o plantel
utilizado na minha pesquisa na Universidade (UFAL) e os
caracóis fora desta faixa de peso viraram o meu almoço
do domingo.
O que me causa muita estranheza é que num país como
o Brasil, ainda, com tanta carência alimentar, o hábito de
comer caracóis, atualmente uma praga abundante, ainda
não tenha despertado o interesse do público em geral.
Foto 1
Como preparar o Achatina?
Informativo AchatinafulicaNEWS nº 9 / Agosto de 2011
Talharim caseiro ao Escargot no alho e óleo, alcaparras e ervas finas.
mana comendo hortelã, seguida da semana da purga
(jejum), os Achatinas estarão
prontos para o abate, quando
serão jogados numa panela
com água quente. A cada 5 ou
Fig. 1
10 minutos tente retirá-los da
concha com a ajuda de um
pequeno garfo. Quando começam a se soltar com facilidade,
desligue o fogo, mas mantenha
os caracóis na água e aos poucos, vá realizando esta tarefa,
colocando os animais sem
concha num escorredor. Depois lave os animais em água corrente, suco de limão ou
vinagre para ajudar a tirar o muco e em seguida coloque
os caracóis numa panela de pressão, com água e temperos à gosto (folhas de louro, cebola, alecrim, alho, cebolinha, etc) onde serão cozidos por 20 minutos, após iniciada a fervura (importante).
Este procedimento deve ser usado para qualquer espécie de caracol comestível, pois é fundamental para
eliminar-se qualquer eventual parasita e a grande
maioria dos microorganismos. ☼
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OBS:. Use luvas durante antes de abatê-los.
A matéria-prima da receita ao lado (Foto 1) é o famoso
Caracol Africano (Achatina fulica). Algumas recomendações são importantes, primeiramente, nunca colete
animais próximo a bueiros, esgotos à céu aberto, lixões ou no meio da rua, enfim, qualquer local de possa comprometer a sua integridade com contaminantes
de qualquer natureza. O ideal é capturá-los em casa ou
em sítios de amigos, ou seja, de procedência conhecida!!! Depois de reunir uma boa quantidade, você deve
alimentá-los exclusivamente com hortelã e água por
uma semana; excelente para eliminar vermes e protozoários (etapa opcional) e só depois fazer a purga, um
período de jejum alimentar que dura, aproximadamente, 5
dias, quando os caracóis ficam sem comida e são submetidos a lavagens, diárias, com água, para a retirada de
seus dejetos (fezes e urina).
Esse jejum é fundamental para que ele elimine o seu
conteúdo intestinal. O ideal é utilizar baldes ou latões
com tampa, mas sem fundo, para escoar a água das
lavagens. (Fig.1)
Toda manhã você deve aproveitar para
descartar os caracóis que estão no
chão ou muito próximo dele,
pois demonstram menos
vigor e correm o risco
de estarem enfermos ou mortos.
Depois da primeira se-
CARACÓIS MINÚSCULOS SOBREVIVEM
AO TRATO DIGESTIVO DE PÁSSAROS
Tornatellides boeningi
Fezes de Mejiro contendo caracóis da espécie Tornatellides boeningi
cóis terrestres. Estudos das dietas de aves na ilha de
Hahajima, especialmente do pássaro Mejiro, permitiu-se identificar caracóis da espécie Tornatellides boeningi em suas
fezes. No laboratório os cientistas alimentaram essas aves
com os caracóis e confirmaram que alguns sobreviveram ao
processo digestivo.
Foto do Mejiro do Japão
"Ficamos surpresos de que uma taxa elevada, cerca de 20
por cento de caracóis ainda estavam vivos após a passagem
pelo intestino das aves", explicou o pesquisador Shinichiro
Wada. [...] Este é o primeiro estudo que demostra que as
aves podem transportar micro caracóis terrestres em seu
intestino ainda vivo “disse Shinichiro Wada, da Universidade
de Tohoku. "Um dos caracóis alimentados pelo pássaro teve
filhotes poucos dias após passar através do intestino do
Mejiro", disse o Dr. Wada à BBC.
Uma descoberta impressionante; caracóis minúsculos são
capazes de sobreviver após serem comidos pelo Mejiro, um O principal fator que permitiu aos caracóis sobreviverem à
pássaro da ilha de Hahajima, no Japão, que possui uma pre- ingestão é seu pequeno tamanho (2.5 mm), de acordo com
os cientistas. Caracóis maiores são severamente danificados
dileção por micro caracóis.
quando ingeridos. Dr. Wada e seus colegas disseram que
Os pesquisadores descobriram que 15% dos caracóis ingeri- outros estudos serão necessários para descobrir se os midos sobreviveram a digestão do trato digestivo do Mejiro e núsculos caracóis têm outras adaptações que lhes permitem
foram encontrados vivos nas fezes dessa ave. Esta evidência sobreviver. Outro fator favorável é que as aves tem, em geral,
sugere que a predação de aves pode ser um fator fundamen- o trato digestivo muito curto e portanto, uma digestão muito
rápida.
tal na dispersão da população de caracóis.
A dispersão de semente por aves frugívoras já é bem conhecida, mas a capacidade de disseminar invertebrados é uma
novidade, descoberta, recentemente, por pesquisadores da
Universidade de Tohoku, no Japão e publicada no Journal of
Biogeografhy. Pesquisas demostraram anteriormente que os
caracóis aquáticos podiam sobreviver a ingestão por peixes,
mas até então, não se conhecia esta capacidade dos caraInformativo AchatinafulicaNEWS nº 9 / Agosto de 2011
As ilhas foram recentemente adicionados à Lista do Patrimônio Mundial da UNESCO "pela riqueza dos seus ecossistemas, que refletem uma ampla gama de processos evolutivos". Aí está uma novidade original.
Fonte: DAVIES, Ella. Tiny snails survive digestion by bird. Disponível
em: < http://www.bbc.co.uk/nature/14048754> Acesso em: 12/07/2011
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“CARACÓIS AFRICANOS PODEM VIRAR
ETANOL DE SEGUNDA GERAÇÃO
Em Feira de Santana, na Bahia, eles se transformaram no pesadelo dos produtores rurais. No Oeste de São Paulo, viraram
peste de lavoura e até de ruas, e em Minas Gerais, tornaramse pragas da pior espécie para diversas culturas. Os caramujos
africanos invadiram quase todas as áreas agrícolas brasileiras,
em todas as regiões, e transformaram-se em uma verdadeira
enxaqueca para o agronegócio. Antes de ser um mal para a
saúde pública, estes molucos possuem grande poder de provocar desequilíbrio ecológico.
Mas agora, pesquisadores concluíram que esta praga rastejante pode ser benéfica e ter grande utilidade como coadjuvante
na produção de etanol de segunda geração, como é chamado
o álcool obtido a partir de celulose.
Os estudos com o caramujo africano foram concluídos recentemente pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial (Inmetro) e apontam que o aparelho digestivo do bicho, que é um devorador voraz de plantas (este é exatamente o estrago que ele faz nas lavouras e consequentemente, para o meio ambiente), tem enzimas, bactérias e fungos
capazes de quebrar moléculas de celulose, resultando na produção de açúcares. Segundo os pesquisadores, várias outras
pragas devoradoras de vegetais foram estudadas, mas só o
caramujo africano apresentou esta capacidade.
O processo de transformação de plantas em açúcares dentro
do organismo do caramujo seria semelhante ao processo realizado na usina. Depois de ingerir o alimento, as bactérias e os
fungos que vivem no seu intestino agem conjuntamente com as
enzimas e transformam a celulose, rica em lignina, em açúcares. O trato digestivo destes animais (biomassa de molusco)
seria comparado ao bagaço que sobra nas usinas, mas com
qualidade superior ao fungo trichoderma reesei (organismo
atualmente utilizado para fermentar a celulose do bagaço no
processo convencional). De acordo com o Inmetro, a biomassa
do caramujo poderia passar pelo processo convencional de
Informativo AchatinafulicaNEWS nº 9 / Agosto de 2011
fermentação para ser transformada em etanol de segunda geração.
Mas as pesquisas e o uso comercial dos caramujos ainda podem estar longe de serem efetivados. De acordo com o pesquisador Wanderley de Souza, professor da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ), ainda seria necessário encontrar um
meio de isolar estes fungos, bactérias e enzimas e fazê-los
crescer fora do organismo do caramujo. Segundo Souza, se
esta alternativa for logo encontrada e tornar-se economicamente viável, seria possível dobrar a quantidade de etanol de segunda geração produzida no Brasil em um prazo de dois anos,
com a mesma área plantada.
Por ser um processo moroso, as usinas queimam o bagaço que
sobra da moagem da cana para gerar bioeletricidade e alimentar as instalações internas e exportar o excedente para as redes públicas, através de leilões.
A fabricação do etanol de segunda geração ainda é um gargalo
para o setor, já que transformar o bagaço em monossacarídeo
é difícil e exige grandes quantidades de tratamentos enzimáticos e ácidos. "A lignina presente nas paredes celulósicas da
biomassa são quebradas com dificuldade, o que não aconteceu
no intestino do caramujo", explica Souza.
Agora, o Inmetro vai testar e dar continuidade aos testes no
Centro de Pesquisas Leopoldo Américo Migues de Mello, o
Cenpes, órgão da Petrobras. Isso inclui gerar um fungo modificado geneticamente para acelerar o crescimento das enzimas
do intestino dos caramujos fora do organismo deles. " (CRMV,
2011)
Fonte:
PORTAL DO CFMV. Caracóis africanos podem virar etanol de
segunda
geração.
Disponível
em:
http://
projetocaramujoafricano.blogspot.com/2011/07/caracois-africanospodem-virar-etanol.html. Acesso em:08/07/2011
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pag.05
CARACÓIS GIGANTES AMEAÇAM
CONQUISTAR MAIS ÁREAS EM KERALA
Estado de
Kerala,
Índia.
No último dia 28/07, a edição online do jornal nacional indiano, o The Hindu, publicou que cientistas do
Instituto de Pesquisa Florestal de Kerala (KFRI), um
estado situado no extremo sudoeste da Índia, estão fazendo previsões com um mínimo de 70% de
acertos, sobre a possibilidade do Caracol Africano
(Achatina fulica) ocupar e se estabelecer em novos
territórios, anteriormente, livres da espécie.
De acordo com o especialista T.V. Sajeev, que lidera a equipe do KFRI, este modelo foi elaborado a
partir de 20 parâmetros pesquisados, que vão desde a análise das marés e temperaturas médias, até
as precipitações pluviométrica anuais regionais. A
espécie exótica já foi listada como uma das "100
piores invasoras do Mundo".
Os caracóis africanos que vivem até seis anos em
condições favoráveis, alimentam-se mais de 500
diferentes espécies vegetais, incluindo plantas economicamente importantes, como o cacau, mamão,
amendoim, borracha e diversas variedades de feijões, ervilhas, pepinos, melões, liquens, algas e fungos.
“As atuais infestações na Índia vêm ocorrendo em
áreas de intensa ocupação humana, especialmente
em lixões e terrenos alagadiços, que são os seus
locais favoritos”, comenta o Dr. Sajeev.
Especialistas vêm recomendando a utilização de
venenos, entre eles, o Arseniato de Cálcio e o
Metaldeído, sob a supervisão de especialistas em
Informativo AchatinafulicaNEWS nº 9 / Agosto de 2011
áreas de alta infestação. No entanto, curiosamente,
eles desestimulam o uso do sal, devido as alterações o pH do solo. De acordo com os pesquisadores, a carne do molusco, morto com o sal, exala um
cheio intenso e desagradável.
Em minha opinião, o uso de venenos deve ser abolido, pois além de constituir num grande risco para a
flora e fauna, para o lençol freático e o meio ambiente como um todo, constitui-se num enorme risco
para crianças, especialmente, em áreas de grande
densidade populacional, como é o caso.
O desenvolvimento de pesquisas visando a exploração do enorme potencial zootécnico desta espécie
para fins nutricionais e farmacológicos, deve ser o
principal enfoque para a promoção do desequilíbrio
de sua população no ambiente já tão desequilibrado. ☼
Caracóis em bananeira. Foto do artigo.
SUDHI, K.S.. Giant snails threaten to conquer more areas
in
Ker ala.
Dis ponível
em :
<http://
www.thehindu.com/news/national/article2300106.ece>
Acesso em: 03/08/2011
www.Achatinafulica.com
pag.06
“I Workshop
ações de
Gigante
binacional Brasil-Argentina sobre
manejo e controle do Caramujo
Africano (Achatina fulica)”
“ N o
dia 27 de julho de
2011
ocorreu na Pontifícia
Universidade Católica do Paraná o “I
Workshop binacional BrasilArgentina sobre
ações
de
manejo e controle do Caramujo
Gigante Africano
Achatina fulica” sob
a
o r g a n i za ç ã o
de
Eduardo Colley
(UFPR),
Marta
Fischer
(PUCPR) e Guillermo
Gaudio
(SENASA – ARG).
O objetivo do encontro foi realizar um debate técnico-científico
envolvendo as perspectivas dos três setores da
sociedade reunidos no encontro para que ao final sejam
estabelecidas as diretrizes que
devem orientar as ações futuras e as
metas a serem cumpridas e que contemplam a
responsabilidade de todos os órgãos representados no
encontro.
O encontro evidenciou que no Estado do Paraná, Brasil
na Província de Misiones, Argentina Achatina fulica é
reconhecida uma espécie invasora que vem causando
danos ambientais e sobre a malacofauna nativa e prejuízos eventuais sobre pequenos e médios produtores
agrícolas. Quanto às questões de saúde, o molusco
representa um risco potencial de transmissão de distintas enfermidades a saúde humana e animal.
Portanto ficou estabelecido que é necessário o desenvolvimento de um trabalho de manejo do molusco terrestre invasor que envolva todos os setores da sociedade descritos nos seguintes tópicos:
Compartilhar informações sobre as ações distintas e
pesquisas relacionadas ao monitoramento e controle de
Achatina fulica – Guillermo Gaudio (SENASA – ARG).
Ênfase no controle entre fronteiras internacionais na
América do Sul, principalmente entre Argentina, Brasil e
Paraguai – Carlos Benzo (SENASA – ARG).
Analisar as medidas legais vigentes sobre espécies invasoras que possam ser aplicadas na Argentina –
Carlos Avalos(SENASA – ARG).
Desenvolver um trabalho contínuo de monitoramento
entre os distintos países e que possam envolver todos
os países que apresentam o problema – Pedro Mendez (SENASA – ARG).
Contar com a colaboração de pesquisadores de distinInformativo AchatinafulicaNEWS nº 9 / Agosto de 2011
tas áreas para monitorar a distribuição de Achatina fulica em todos os municípios do Estado do Paraná – Otto
Mader Netto (LACTEC – BRA).
Considerar a utilização racional de Achatina fulica tendo
em vista a resolução do problema provocado pela invasão do caramujo gigante africano – Roberto Lamego (SALVEASERRA ONG – BRA).
União das secretarias estaduais no Paraná (Meio Ambiente, Saúde e Agricultura) no Brasil, bem como na Argentina em prol do desenvolvimento de propostas para
o controle do caramujo africano – Mauro Britto (IAP –
BRA).
Atualização dos dados com base na revisão da proposta inicial de manejo do caramujo africano para o Estado do Paraná e aplicação piloto – Gisélia Rubio (SESA – BRA).
O desenvolvimento de pesquisa inter-disciplinares
em busca de alternativas adequadas de manejo e
utilização do caramujo como recurso biológico –
Adam Coelho (NECPUCPR – BRA).
Realização do diagnóstico da população de Achatina fulica para adaptação do manejo a realidade de cada município e área invadida; e que
toda a ação esteja relacionada diretamente a
uma ação social, na qual o caramujo sirva de
termômetro em relação à qualidade de vida e meio
ambiente – Marta Fischer (NECPUCPR – BRA).
O envolvimento de uma ação social ambiental – Maria
Fernanda Caneparo (NECPUCPR – BRA).
Aprimorar a legislação tornando-a mais clara e aplicável
em relação – Carolina Kostrzepa (NECPUCPR – BRA).
Reforçar a necessidade do envolvimento acadêmico, de
gestão pública e social em busca do manejo do caramujo invasor e melhoramento da qualidade de vida –
Eduardo Colley (UFPR – BRA).
Necessidade de um aperfeiçoamento da divulgação das
informações dos impactos ambientais, de saúde e econômicos causados pela espécie invasora; os casos de
sucesso e fracasso em relação ao manejo do caramujo
em diferentes países com realidades de invasão semelhantes e distintas; destacar a aplicação de medidas de
controle por parte das autoridades evitando impactos
maiores; ampliar o controle entre fronteiras e de exportação de produtos que potencialmente sirvam como vetores de disseminação do caramujo; ampliar a capacidade de avaliação relacionada a impacto de saúde tendo em vista os casos possivelmente sub-notificados –
Enrique Martínez (UCV – VENEZUELA).”
Referência:
ECOLOGIA URBANA. Construindo a Cidade Sustentávelàs.Disponível em: <http://
ecologiaurbanacwb.blogspot.com/2011/08/i-workshopbinacional-brasil-argentina.html> Acesso em: 07/08/11
www.Achatinafulica.com
pag.07
E agora IBAMA?
Brasil a questão ambiental,
com maturidade.
Nos anos 80 houde preocupapelo teMeio
ve uma granção
ma
Ambiente no Brasil e,
até o final da década, já
havia centenas de associações ecológicas espalhadas por todo o país. Tudo era motivo para passeatas com cartazes, faixas e
muita gritaria, então, convencionou-se chamar o movimento
ecológico daquela época de
Informativo AchatinafulicaNEWS nº 9 / Agosto de 2011
raramente,
Achatina fulica
Orthalicus prototypus Pilsbry, 1899
Ecologia:
Ecologia no
é tratada
“festivo”.
Muito embora essa expressão tivesse um caráter pejorativo, o movimento daquela
época foi importantíssimo,
pois ele foi espontâneo!
Em 1982, depois de conversar sobre uma idéia com o
Alm. Ibsen de Gusmão Câmara, presidente da Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza (FBCN), fundei a
Associação de Proteção da Flora e
www.Achatinafulica.com
pag.08
Fauna e Extensionismo Rural (APFFER), uma
entidade que destinou-se a levar a consciência
ecologia ao meio rural: a primeira do gênero em
todo o planeta.
A entidade realizou, de 1982 a 1984, 4 projetos
de extensão rural de caráter conservacionista,
3 em Sergipe e 1 no Rio de Janeiro, totalizando
mais de 4 meses de trabalho no campo, inteiramente voluntário e realizado, exclusivamente,
por acadêmicos. Um dos frutos palpáveis mais
significativas foi ver o nascimento da primeira
entidade ecológica no estado sergipano, a
Associação Sergipana de Proteção Ambiental
(ASPAM).
De lá para cá, o conceito de conservação ambiental evoluiu junto com as entidades. As associações evoluíram para ONG e estas para
OSCIP.
“Existe uma certa confusão no que diz respeito
ao termo OSCIP, de modo geral, a OSCIP é
entendida como uma instituição em si mesma,
porém, OSCIP é uma qualificação decorrente
da lei 9.790 de 23/03/99. [...] A Lei 9.790 de
23/03/99, também conhecida como Lei do Terceiro Setor, é um marco na organização desse
setor. Promulgada a partir de discussões promovidas entre governo e lideranças de organizações não governamentais, esta lei é o reconhecimento legal e oficial das ONGS, principalmente pela transparência administrativa
que a legislação exige. [...] Como qualificação,
a OSCIP é
opcional, significa dizer que as
ONGS já constituídas podem optar por obter a
qualificação e as novas, podem optar por começar já se qualificando como OSCIP.” (SEBRAE, 2011)
Depois disso trabalhei com assessor tecnocientífico da FBCN-RJ, como diretor de ecodesenvolvimento do Instituto de Ecologia Tropical (ECOTROPIC – RJ), presidi a Comissão
Nacional de Meio Ambiente da Confederação
Brasileira de Apicultura (CBA – SC), introduzi a
educação ambiental em Alagoas como professor de biologia da rede educacional OBJETIVO,
fui diretor de Desenvolvimento Sustentado da
OIKOS MUNDI (SP), entre outras atividades,
todas ligadas à área ambiental, minha principal
vocação.
Portanto, em minha opinião, a conservação
ambiental não pode e nem deve ser abordada
apenas com proibições, leis e ações políticas
de repercussões jornalísticas duvidosas, como
vêm ocorrendo com o Caracol Africano no Brasil, há anos. Atitudes como essas, nos arremetem a década de 80, quando não tínhamos maInformativo AchatinafulicaNEWS nº 9 / Agosto de 2011
turidade para debater os problemas com a necessária profundidade.
Eu não sou a favor da preservação da introdução de espécies exóticas no país; no caso
Achatina, o que defendo é o seu uso racional
para manter sua população em níveis aceitáveis, pois está claro que não será possível mais
erradicá-lo.
Hoje, o Caracol Africano está presente em 25
dos 26 estados brasileiros e ao que parece, nenhuma das medidas adotadas até o momento,
envolvendo valorosos funcionários públicos dos
centros de zoonoses e até valentes soldados
do exército brasileiro, vem sendo eficientes.
Esclarecendo a população sobre a potencialidade desta espécie, sugerindo formas de aproveitamento racional que pode refletir-se em ganho financeiro ou simplesmente em alimento,
com certeza iremos transformá-la no melhor
aliado da conservação ambiental. E a única forma que temos para isso é através da educação. O problema é que, estimular os políticos a
priorizar a educação no Brasil é uma tarefa
mais difícil do que acabar com o próprio Caracol Africano que, diga-se de passagem, não é a
primeira espécie exótica invasora presente no
Brasil.
“Algo semelhante ocorreu com as abelhas.
[...] Em meados de 1950, a apicultura sofreu
um grande baque em razão [...] do surgimento de doenças e pragas, o que dizimou
80% das colméias do país e diminuiu a produção apícola drasticamente. [...] Em 1956,
o professor Warwick Estevan Kerr dirigiu-se
à África, com apoio do Ministério da Agricultura, com a incumbência de selecionar rainhas de colméias africanas produtivas e resistentes a doenças. A intenção era realizar
pesquisas comparando a produtividade, rusticidade e agressividade entre as abelhas
européias, africanas e seus híbridos e, após
os resultados conclusivos, recomendar a
abelha mais apropriada às nossas condições. [...] Em 1957, 49 rainhas foram levadas ao apiário experimental de Rio Claro
para serem testadas e comparadas com as
abelhas italianas e pretas. Entretanto, nada
se concluiu desse experimento, pois, em
virtude de um acidente, 26 das colméias africanas enxamearam 45 dias após a introdução”. (EMBRAPA, 2010)
De acordo com o Ministério da Saúde, em apenas 10 anos (1998-2008) as abelhas e vespas
foram responsáveis por 466 óbitos e, é claro,
estes números são subestimados. Estima-se
www.Achatinafulica.com
pag.09
que as abelhas no Brasil tenham contribuído
para a morte de mais de 1000 pessoas e, um
número muito maior de animais, desde sua introdução “acidental” e nem por isso o IBAMA
proibiu sua criação ou estimulou um programa
para sua erradicação ou, muito menos, indenizou as famílias das vítimas dos acidentes fatais
e por que não? Afinal, o projeto teve o apoio do
Ministério da Agricultura, não é mesmo? Com o
tempo, as abelhas africanas se miscigenaram
com as européias, produzindo um híbrido, que
reuniu as melhores qualidades de todas as subespécies existentes na época.
Mas na verdade foi a perseverança de poucos
criadores o grande responsável pela retomada
da atividade apícola no país, abandonada pela
grande maioria dos apicultores devido a agressividades da nova espécie.
“Esses apicultores foram os responsáveis pelo
grande desenvolvimento apícola do Brasil que,
de 28º produtor mundial de mel (5 mil t/ano),
passou para o 6º (20 mil t em 2001).
Da mesma forma que foi impossível exterminar
as abelhas africanas, será impossível erradicar
o caracol africano, portanto, a apicultura nos
mostra o caminho que devemos adotar para
conviver com esta espécie e, até mesmo, auferir lucro com ela, pois o caracol africano tem
um enorme potencial zootécnico, nutricional e
farmacológico e desprezá-lo por ignorância ou
preconceito é um luxo que, simplesmente, não
podemos aceitar num país com tantas desigualdades e necessidades sociais como o nosso.
O caracol africano é largamente consumido na
África, Ásia e até na França onde constitui um
importante recurso alimentar, no entanto, no
Brasil, onde se tem um enorme potencial para
ser produzido, a um custo baixíssimo, os meios de comunicação, os principais formadores
de opinião do país, difundem que o seu consumo é impróprio, que ele danoso a saúde humana, a agricultura e as espécies nativas, afirmando que o caracol deve ser crucificado,
morto e sepultado.
Há pelo menos 20 anos a imprensa brasileira
vem difundindo o conceito de que o Achatina
fulica deflagraria epidemias com grande mortalidade entre a população, dizimaria plantações
e extinguiria espécies nativas. Uma visão pessimista que não se concretizou, mas que, infelizmente, gerou muita
histeria. Felizmente
não têm sido reportado casos de Achatina fulica causando prejuízos significativos à agricultura exceto a pequenas hortas, ou contribuindo
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para a extinção de nenhuma espécie nativa; e
até onde se sabe, houveram apenas dois óbitos associados a ele em 23 anos, ou seja, é
muito mais fácil ganhar sozinho na loteria do
que morrer de alguma doença transmitida pelo
caracol africano.
Como principal consequência desse fantasioso
drama “o que se tem visto é uma verdadeira
carnificina criminosa aos Moluscos Gastrópodes [...] pois a moda agora é matar lesmas e
caramujos sem nenhum critério, por conta de
uma série de informações [...] sem nenhuma
veracidade científica sobre os possíveis
“perigos” que o caramujo africano poderia estar causando às populações e ao ambiente.
[...] A grande maioria das pessoas [...] relacionaram a palavra caramujo com a “Doença do
Caramujo” (Esquistossomose) e acham que
todos os caramujos são vetores de doenças
para o homem e imaginam que quanto maior o
caramujo, maior será o perigo”. (LIMA, p.1,
2010)
De uma maneira geral, o desrespeito as lesmas e aos caracóis ficou patente, mas entre
todos os caracóis nativos, os do gênero Megabolobullimus, os maiores caracóis do Brasil,
são os que mais sofrem pela desinformação
gerada pela imprensa, que elevou o seu status
a de espécie ameaçada, no entanto, a realidade é que desde a sua introdução no país, a
pouco mais de 22 anos, o caracol africano vem
sendo responsabilizado por dois casos clínicos
de meningoencefalite eosinofílica produzidos
pelo A. cantonensis, um nematódeo que pode
ser hospedado por ele. O primeiro caso foi divulgado em um encontro em 2006, de acordo
com Caldeira (2007, pag. 887) ocorrido em
Vitória (ES) e o segundo em Recife (PE), de
acordo com Lima et.al. (2009, pag. 3), com
uma média de um caso a cada 10 anos. Ambas são cidades portuárias. Só para se ter uma idéia, o percentual de óbitos humanos no
mesmo período de tempo, 23 anos (1980 a
2003), produzidos pela esquistossomose, uma
doença grave, transmitida por caramujos do
gênero Biomphalaria, nativos do Brasil, de acordo com Ferreira (2010, pg. 69) foi de
“14.463 óbitos”, 628 mortes por ano ou 7231
óbitos por “barriga d’água” para cada diagnóstico de meningite eoninofílica atribuído ao caracol africano. “ (AQUINO, 2010)
Para se avaliar a seriedade da situação, se não
fosse pelo geógrafo e conceituado malacologista Ignacio Agudo eu teria cometido o grave erro
de publicar neste informativo, uma foto de um
Orthalicus prototypus Pilsbry, 1899, uma espécie florestal arborícola nativa, que coletei este
ano em Alagoas, no município de Capela, intewww.Achatinafulica.com
pag.10
rior do estado, como se fosse um Achatina,
devido a sua grande semelhança.
Esta espécie rara, muito pouco conhecida da
ciência, é representante da Família Bulimulidae
e de nada adianta eu me justificar, dizendo que
os coletei a noite, o que é um fato, pois pude
conviver com ele por vários dias, antes de saber da sua real identidade. Agora imagine, se
eu que trabalho, intensivamente com o Achatina (Lissachatina) fulica me confundi, o que esperar da população em geral que confunde caramujo com caracol e lesma com caramujo?
Contemporaneamente, maioria dos gastrópodes nativos gigantes das famílias MEGALOBULIMIDAE e
STROPHOCHEILIDAE,
(envolvendo 5 gêneros e pelo
menos umas 82 espécies)
são os caracóis nativos mais
parecidos,
fenotipicamente,
com o exótico invasor africano.
São espécies florestais na sua maioria pertencentes à Família BULIMULIDAE e Subfamília ORTHALICINAE somando na América do Sul um total, aproximado, de 21 formas reconhecidas,
incluídas nos gêneros “Orthalicus” (10 espécies), “Sultana” (2 espécies) e “Corona” (9 espécies).
O meu equívoco, hilário até, levanta, novamente, uma séria preocupação: a devastação e a
extinção indiscriminada de nossa malacofauna.
Se eu tivesse que apontar entre os prejuízos
causados pelo caracol africano, que pode ser
transformado num aliado da conservação se
devidamente aproveitado; ou a vaidade de alguns poucos pesquisadores que, por trás de
um estereótipo heróico, continuam defendendo
sua “erradicação” em prol da conservação na
natureza e da saúde da população, (como se
isso fosse possível); ou ainda a imprensa, que
na ânsia de audiência, divulga notícias potencialmente chocantes apenas para aumentar a
audiência, levando mais preocupações para
uma população já tão sofrida eu, sem dúvida
alguma, apontaria a imprensa como a pior das
ameaças.
Felizmente, essa preocupação não é apenas
minha; inúmeros pesquisadores vocacionados,
já tentaram alertar para esse problema; timidamente é verdade. Mas o problema é que, falar
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com propriedade sobre um assunto polêmico,
especialmente, quando se é minoria, normalmente atrai críticas e perseguições.
Eu tenho recebido críticas sobre minhas propostas; até de louco já fui classificado, mas prefiro assim, pois estou em paz com a minha
consciência, defendendo o desenvolvimento de
metodologias para aproveitamento racional da
espécie invasora para desta forma, controlá-la,
eficientemente, na natureza. Mas o que me
consola é saber que toda a idéia nova encontra
oposição. Nenhuma é implantada sem discussões e debates acirrados e, como demonstra a
história, algumas vezes, até
alguns mártires. Mas a resistência as novas idéias é proporcional a sua importância,
porque, quanto maior ela é,
tanto mais numerosos serão os
interesses que fere.
Mas me pergunto, frequentemente, onde anda o bom senso, a ética profissional e a humildade de pesquisadores que
não aceitam discutir pontos de
vista conflitantes em pleno século XXI?
“Vai dar trabalho reverter esta realidade. A
imprensa terá que assumir sua parcela de
responsabilidade e participar nesse processo de reeducação hercúlea. Só que agora,
os jornalistas terão que estudar e consultar
diversos pesquisadores pois o caracol africano, ainda hoje, instiga diferentes opiniões
no meio científico. Não sou partidário da introdução de espécies exóticas no país, mas
considero que a exploração do potencial do
A. fulica será a única forma de controlar a
sua população, a exemplo da China, tendo
convicção que esta espécie poderá contribuir para minimizar a fome e as morte por desnutrição no Brasil pois detém todas as qualidades necessárias para esta empreitada,
mas para isso, o IBAMA deverá reavaliar,
corajosamente, a sua posição e discutir a
questão com a necessária maturidade.
“ (AQUINO, 2010)
Agora, eu tenho uma idéia real, do quanto nossa malacofauna está realmente ameaçada pela
histeria coletiva. Mas como o abate da fauna
nativa é crime, eu pergunto: e agora IBAMA?
*Mauricio Aquino é Médico Veterinário e Mestrando
do curso de Ciências da Saúde da UFAL
[email protected]
www.Achatinafulica.com
pag.11
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