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FACULDADE DE PARÁ DE MINAS
Curso de Letras
Vânia Maria Duarte Gonçalves
AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO E O ENSINO DE
LÍNGUA PORTUGUESA EM ESCOLAS PÚBLICAS DE PARÁ DE MINAS
Pará de Minas
2013
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Vânia Maria Duarte Gonçalves
AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO E O ENSINO DE
LÍNGUA PORTUGUESA EM ESCOLAS PÚBLICAS DE PARÁ DE MINAS
Monografia Apresentada à Coordenação do Curso
de Letras da Faculdade de Pará de
Minas - como
requisito parcial para conclusão do Curso de
Letras.
Orientador: Esp. Rafael Henriques Nogueira Diniz
Pará de Minas
2013
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Vânia Maria Duarte Gonçalves
AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO E O ENSINO DE
LÍNGUA PORTUGUESA EM ESCOLAS PÚBLICAS DE PARÁ DE MINAS
Monografia Apresentada à Coordenação do Curso
de Letras da Faculdade de Pará de
Minas
requisito parcial para conclusão do Curso de
APROVADA EM ________/________/_______________
_______________________________________________
Orientador: Esp. Rafael Henriques Nogueira Diniz
_______________________________________________
Examinador: MBA - César Augusto de Oliveira Soares
como
Letras.
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Dedico este trabalho a meus familiares que me acompanharam
nessa caminhada, apoiando-me, incentivando-me e acreditando no
meu sucesso: meus pais, Raimundo e Maria, meu esposo Oraldo e
meus filhos Oraldo Neto, Victor e Ana Luísa.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela proteção ao longo de toda a caminhada.
Aos meus pais, Raimundo e Maria, e aos meus irmãos pela torcida e orações.
Meu esposo, Oraldo e meus filhos Oraldo Neto, Victor e Ana Luísa, pelo apoio e
companheirismo. Amo muito a todos vocês!
Aos meus colegas de turma, com os quais partilhei momentos bons e ruins, de alegria
e de tristeza, de esperança e de desespero. Essa convivência certamente me fez uma pessoa
melhor!
Ao meu orientador, Rafael, pelos ensinamentos, atenção e dedicação ao longo desse
período.
A todos os meus professores que muito contribuíram para a conclusão dessa etapa da
minha vida!
Agradeço ainda aos demais amigos e familiares que de alguma forma colaboraram
para a realização dessa conquista!
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“As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs)
fazem parte da nossa vida de forma irreversível e devem
ser inseridas na escola de maneira que possa contribuir
para a melhoria do processo educacional”.
Eliana Gonçalves Ulhôa Godoy
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RESUMO
No cenário da atualidade, no qual as tecnologias dominam todas as áreas e as informações
circulam cada vez mais rapidamente em todos os âmbitos da sociedade, é preciso que a
educação também faça parte dessas inovações. Faz-se necessária uma reflexão sobre o papel
que cabe ao professor dentro desse contexto, bem como entender os aspectos que possam
interferir nesse processo. A partir de observações da atuação de professores em escolas
públicas quanto ao uso das tecnologias, surgiram vários questionamentos: As escolas
incorporam as Tecnologias da Informação e Comunicação a seu Projeto Político Pedagógico?
Os professores, em especial os de Língua Portuguesa estão capacitados a aplicar tais
tecnologias em suas aulas? Neste trabalho, será analisada a tecnologia na sociedade atual,
apresentada a informática como recurso educacional, investigadas as tecnologias disponíveis
para os professores de Língua Portuguesa e os obstáculos que impedem o uso dessas
tecnologias, buscando contribuições para melhorias na prática docente. Foi realizada revisão
bibliográfica com enfoques nas discussões de Carla Viana Coscarelli, Sanmya Feitosa Tajra,
José Armando Valente, Luis Carlos Pais e em seguida, procedeu-se, a pesquisa de caráter
qualitativo. Para fim de coleta de dados, foram aplicados questionários aos diretores e
professores de Língua Portuguesa de três escolas públicas de Pará de Minas. Os dados
coletados apontam para a necessidade de maiores discussões sobre a inserção das novas
tecnologias na prática educativa e melhor capacitação docente.
Palavras-chaves: Educação: Professor; Tecnologia de Informação e Comunicação.
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Professores por sexo.................................................................................
38
Gráfico 2 – Nível de Formação....................................................................................
39
Gráfico 3 – Tempo de Atuação....................................................................................
39
Gráfico 4 – Cursos de Informática e Tecnologia na Educação....................................
40
Gráfico 5 – Recursos/Equipamentos Utilizados no Auxílio às Aulas.........................
41
Gráfico 6 – Uso dos Computadores e Internet para Realizar Atividades....................
42
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Perfil das Escolas.......................................................................................
34
Tabela 2 – Infraestrutura Disponível...........................................................................
35
Tabela 3 – Localização dos Computadores..................................................................
36
Tabela 4 – Número de Computadores do Laboratório de Informática........................
36
Tabela 5 – Profissional para Apoio e Manutenção Técnica.........................................
37
Tabela 6 – Obstáculos para Integração das TICs.........................................................
37
Tabela 7 – Dificuldades para uso dos Computadores na Escola..................................
42
Tabela 8 – Obstáculos Pessoais...................................................................................
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................
10
2 PERSPECTIVAS TEÓRICAS...................................................................................
12
2.1 O papel da tecnologia na sociedade atual...............................................................
12
2.2 O papel da tecnologia na educação atualmente.....................................................
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2.2.1 As Tecnologias como recursos educacionais.........................................................
18
2.2.2 O Programa Nacional de Informática na Educação – PROINFO.........................
23
2.3 A preparação dos professores diante das novas tecnologias educacionais..........
25
2.4 As tecnologias disponíveis para os professores de línguas....................................
28
3 METODOLOGIA........................................................................................................
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4 RESULTADOS............................................................................................................
34
4.1 Análise dos Questionários dos Diretores................................................................
34
4.2 Análise dos Questionários dos Professores.............................................................
38
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................
45
REFERÊNCIAS.............................................................................................................
46
APÊNDICES...................................................................................................................
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1 INTRODUÇÃO
Atualmente, a tecnologia que domina a comunicação, a informática, os serviços, a
produção industrial e o conhecimento científico, atinge também a educação, e não adaptar a
educação à tecnologia é parar no tempo, estagnar-se.
Nesse cenário ganha destaque a rapidez com que chegam e a quantidade de
informações disponíveis, constituindo um desafio para os educadores que precisam
desenvolver competências para exercerem uma prática educativa condizente com essa
realidade. É preciso saber utilizar as tecnologias a favor da produção do conhecimento e o
professor é o grande responsável pela inserção das TICs na educação. Recursos tecnológicos
como computadores, tablets e celulares, devem ser usados para impulsionar o potencial
criativo e proporcionar um aprendizado mais autônomo aos alunos.
O que se vê, no entanto, é uma realidade totalmente diferente, muitas escolas possuem
laboratórios de informática e outros equipamentos tecnológicos que não estão sendo utilizados
pelos professores. É claro que a inserção dessas tecnologias não pode ser feita de qualquer
forma, ou seja, exige certa preparação, principalmente dos professores de Língua Portuguesa,
por ser esse conteúdo base para os demais.
Diante dessas considerações surgem vários questionamentos: As escolas incorporam
as Tecnologias da Informação e Comunicação a seu Projeto Político Pedagógico? Os
professores, em especial os de Língua Portuguesa, estão capacitados a aplicar tais tecnologias
em suas aulas? As práticas pedagógicas atuais ainda privilegiam o ensino transmissivo à custa
de uma ênfase na aprendizagem mediada pelo professor e suas escolhas de recursos
educacionais?
Através dessa pesquisa serão levantados esses e outros questionamentos e apontados
possíveis direcionamentos que poderão contribuir para a incorporação do uso das tecnologias
no ensino da Língua Portuguesa. Pretende-se investigar quais são as ferramentas disponíveis a
serem utilizadas para alcançar os objetivos de ensino, motivando os alunos a adquirirem
novos conhecimentos. Também serão avaliados os obstáculos que impedem a utilização
dessas tecnologias de informação e comunicação para a criação de novas estratégias de ensino
que possibilitem a formação humana e a inclusão social.
É importante ressaltar que as TICs, principalmente os computadores, podem ser fortes
aliados dos professores, ampliando as possibilidades de exploração dos conteúdos. Assim o
computador deve ser uma ferramenta importante para auxiliar o processo de inovação
pedagógica, criando ambientes de aprendizagem que proporcionem a construção do
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conhecimento. Isso implica em utilizar o computador como uma nova maneira de representar
o conhecimento provocando uma reavaliação dos conceitos já estabelecidos e possibilitando a
descoberta e compreensão de outras ideias e valores.
Contudo, usar o computador com essa finalidade demanda uma análise criteriosa do
significado de ensinar e aprender bem como requer uma revisão do papel do professor nesse
contexto. Isso porque existem muitas barreiras, tanto administrativas quanto pedagógicas que
devem ser superadas para garantir a integração das novas tecnologias ao processo de ensinoaprendizagem. Não há como enfrentar tais barreiras sem que o profissional domine técnicas
computacionais e aprenda como integrá-las à sua prática pedagógica.
Por isso é fundamental a conscientização de todos os envolvidos no processo ensinoaprendizagem de que não basta à escola possuir os equipamentos, é preciso incorporar as
tecnologias como ferramentas de ensino e fazer com que os professores atualizem suas
práticas pedagógicas, deixando para trás as tradicionais aulas que não são nada atrativas para
uma geração nascida em meio à tecnologia.
Com base nessas considerações, delimitou-se o tema do presente trabalho, que é “As
Tecnologias da Informação e da Comunicação e o Ensino de Língua Portuguesa em Escolas
Públicas de Pará de Minas”.
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2 PERSPECTIVAS TEÓRICAS
O desenvolvimento desta pesquisa fundamenta-se nos estudos sobre um dos maiores
desafios da educação e da escola no momento atual: a evolução tecnológica, especialmente as
tecnologias voltadas à área da informática.
O principal fruto do uso dessas tecnologias é a informação que nunca esteve tão
acessível quanto agora, principalmente após a popularização da internet. Computadores,
notebooks, tablets, celulares, dentre outros equipamentos, funcionam como transportadores de
informações e como meios de comunicação entre as pessoas. Toda essa tecnologia certamente
afeta a Educação e consequentemente a escola.
2.1 O papel da tecnologia na sociedade atual
O maior símbolo da tecnologia na sociedade atual é, sem dúvida, o computador, que
possui diferentes utilidades para atender ao contexto que caracteriza a sociedade: um contexto
em constante mutação e interativo. Através do computador é possível, como afirma Tajra
(2008, p. 19), “[...] desenvolver simultaneamente várias habilidades, facilitando a formação
de indivíduos polivalentes e multifuncionais, diferentemente, por exemplo, de uma máquina
de escrever [...]”.
A tecnologia atualmente tem um papel tão relevante na sociedade que está definindo
até mesmo o mercado de trabalho do futuro. De acordo com Tajra (2008), a maior parte dos
empregos do próximo século ainda nem foi formada, pois dependerá de tecnologias que ainda
estão por vir, sobretudo tecnologias da informação e da comunicação.
Para Pais (2002, p. 13), a sociedade nos dias atuais, está sendo regida por
“[...]uma técnica de registro e de tratamento de informações através de uma sequência
lógica de dígitos, tendo como suporte o sistema binário de numeração e os recursos
disponibilizados pela informática”, de modo que obras de arte, textos, sons e movimentos são
transformados em números e informações. Para o autor, esse advento da tecnologia pode ser
comparado à invenção da imprensa no Renascimento.
A facilidade de manipulação e a eficiência possibilitada pela técnica da digitalização
trazem transformações significativas em diversos setores da vida social, incluindo a
cultura, a ciência e a educação. Nesse sentido, o uso da informática tende a ser uma
das características principais do período contemporâneo, tal como a invenção da
imprensa ampliou a comunicação a partir do Renascimento. (PAIS, 2002, p. 13).
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Porém, as mudanças tecnológicas vão além dos computadores e das inovações na área
de telecomunicações, interferindo em todas as esferas da sociedade: economia, cultura,
política, religião, instituições e até mesmo filosofia de vida e pensamento. Em outras palavras,
uma nova forma de viver começa a ser definida, baseada nas facilidades oferecidas pelas
novas tecnologias.
A interferência da tecnologia na economia merece destaque, pois envolve também a
questão do poder conforme Tajra (2008, p. 42), “[...] quem detém tecnologia detém poder”.
Para confirmar essa afirmação, basta comparar o poder aquisitivo de pessoas que possuem
notebooks, tablets, Iphones, blu-ray, TV a cabo, e outros aparelhos tecnológicos modernos, e
o poder aquisitivo de pessoas que não os possuem. Obviamente o acesso aos meios
tecnológicos atualmente está maior, mas ainda há uma grande disparidade entre ricos e
pobres, e quem tem maior poder aquisitivo é justamente quem tem maior acesso à tecnologia.
Coscarelli (2002), além de comungar da ideia de Tajra (2008), afirmando que a
tecnologia aprofunda as desigualdades sociais, vai além: para a autora, a tecnologia está
criando um verdadeiro determinismo tecnológico, onde a máquina é supervalorizada pelo
homem.
Esse determinismo tecnológico restringe a compreensão da tecnologia à máquina, ao
artefato, ao consumo de novas possibilidades, e desconsidera a tecnologia como uma
extensão da percepção humana, como detentora de processos cognitivos, sociais,
simbólicos. (COSCARELLI, 2002, p. 45).
Para Coscarelli (2002), o determinismo tecnológico gera duas visões: tecnofóbica e
tecnofílica. A primeira pode ser definida como uma total aversão ao uso das tecnologias da
informação e da comunicação, pois considera que a máquina irá substituir o homem; e a
segunda visão considera o contrário: vê a máquina como algo que irá resolver todos os
problemas do homem, inclusive os educacionais.
Vale destacar que, segundo Coscarelli (2002), todas as desvantagens causadas pela
tecnologia foram provocadas pelo próprio homem, uma vez que é ele quem lhe atribui uso.
Em suas palavras, “infelizmente, não é a máquina que oprime o homem, mas o homem que
usa a máquina para oprimir o homem, ou seja, o bem ou o mal dependem do uso que faremos
dela”. (COSCARELLI, 2002, p. 45).
Além de interferir na economia, a tecnologia também interfere no cotidiano das
pessoas, chegando a provocar, de acordo com Tajra (2008), uma verdadeira série de
„inércias‟: as pessoas não precisam sair de casa para ir ao supermercado, pois podem fazer
compras usando a internet ou o telefone; não precisam ir ao banco, pois podem fazer todas as
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operações via internet banking, o que é muito mais cômodo e fácil, evitando trânsito, filas e
assaltos. Sem falar na questão das compras e pagamentos feitos pela internet.
Costa e Fernandes (2013, p. 5) também comentam como a tecnologia está presente na
vida das pessoas, afirmando que “[...] no trabalho e em casa, os computadores já foram
batizados de janelas para o mundo por facilitar o acesso à informação e ampliar as
possibilidades de comunicação”.
Esse é o aspecto positivo da interferência da tecnologia na vida cotidiana, mas tal
interferência também provoca aspectos negativos, uma vez que as pessoas acabam se
distanciando umas das outras e/ou até mesmo tornando-se viciadas.
Podemos fazer praticamente tudo, sentados na frente do micro e dentro de casa, não
necessitamos gastar com transporte e roupas para trabalhos diários, pegar trânsito,
correr o risco de sermos assaltados e conviver com muitos dos problemas cotidianos.
Não é à toa que, com tantas facilidades, temos sempre visto noticiários falando de
pessoas que, tornando-se viciadas com o uso da Internet, têm causado brigas
familiares, separações e até mesmo perdido a guarda dos filhos. (TAJRA, 2008, p.
42).
O fato é que a tecnologia está se tornando cada vez mais presente no cotidiano do
homem, seja através de produtos ou de serviços, facilitando sua vida e sua comunicação. O
computador ganha cada vez mais espaço nos ambientes frequentados pelas pessoas, no
entanto, conforme Caminha (2008), um lugar ainda deixa a desejar com relação à presença da
tecnologia: as escolas, justamente o local onde a tecnologia deveria fazer-se mais presente.
2.2 O papel da tecnologia na educação atualmente
Ao utilizar o termo tecnologia educacional, a maioria dos educadores associa esse
conceito a um paradigma do futuro, de acordo com Tajra (2008), como se o único instrumento
tecnológico utilizado na educação fosse o computador. Na verdade, os antigos instrumentos
utilizados no processo educacional também se classificam como instrumentos tecnológicos,
como o giz, a lousa, o retroprojetor, o vídeo, a televisão, o jornal impresso, o aparelho de som,
o gravador de fitas cassete, o rádio e o livro (Tajra, 2008).
Até mesmo o uso de computador na educação, ao contrário do que possa parecer, não
é recente. Valente (1999) explica que em meados da década de 50, quando os primeiros
computadores começaram a ser comercializados, seu uso já foi cogitado na educação, como
de fato já começavam as primeiras experiências na área educacional. A diferença para os dias
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de hoje é que, naquela época, o objetivo principal do uso do computador na educação era
somente armazenar informação em uma determinada sequência e transmiti-la ao aluno.
Na verdade, era a tentativa de implementar a máquina de ensinar idealizada por
Skinner. Hoje, a utilização de computadores na educação é muito mais diversificada,
interessante e desafiadora, do que simplesmente a de transmitir informação ao
aprendiz. O computador pode ser também utilizado para enriquecer ambientes de
aprendizagem e auxiliar o aprendiz no processo de construção do seu conhecimento.
(VALENTE, 1999, p. 01).
No contexto da atualidade, a tecnologia se impõe de uma forma que para se viver em
sociedade as pessoas precisam estar inseridas na informatização, pelo menos em seus níveis
mais básicos e no aspecto educacional não pode ser diferente. Segundo Godoy (2008, p. 6),
“as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) fazem parte da nossa vida de forma
irreversível e devem ser inseridas na escola de maneira que possa contribuir para a melhoria
do processo educacional”. Porém, uma vez que as TICs se fazem praticamente obrigatórias
no processo educacional, é preciso analisar e refletir sobre seu uso, seus pontos positivos e
também negativos.
Para Coscarelli (2002), o atual avanço e a disseminação das TICs vêm criando novas
formas de convivência, novos textos, novas leituras, novas escritas e novas maneiras se agir, e
tudo isso é influenciado por cada percurso realizado no meio virtual. “Com isso, ampliam-se e
modificam-se as formas de interação, em tempos e espaços nunca imaginados”
(COSCARELLI, 2002, p. 23).
Com relação ao emprego da tecnologia na educação, Coscarelli (2002) considera que é
preciso que a educação ofereça múltiplos caminhos e alternativas, aceitando a possibilidade
enorme de respostas e conteúdos, e não somente aquelas soluções rígidas, sem discussão; é
preciso agir de forma comprometida “[...] em relação à flexibilidade, à interconectividade, à
diversidade e à variedade, além da contextualização no mundo das relações sociais e de
interesses dos envolvidos no processo de aprendizagem” (COSCARELLI, 2002, p. 23).
Barbosa et al (2004 apud Godoy, 2008) afirma que as TICs, para gerarem resultados
positivos, devem estar inseridas em projetos pedagógicos que tenham como objetivo ampliar
as possibilidades de conhecimentos dos alunos, destacando a importância da Metodologia de
Projetos.
De acordo com essa percepção, a Metodologia de Projetos é uma forma de integrar
essas tecnologias nas escolas, favorecendo as mudanças que são necessárias na
educação, propiciando o desenvolvimento de competências e habilidades e o
equilíbrio entre a abstração e o desenvolvimento sensível e sensório-motor,
contrabalançando a tendência de valorizar de forma exagerada a informação e a
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chamada dimensão virtual, atraindo o aluno para a sua realidade. (GODOY, 2008, p.
8).
Assim como Godoy (2008), Costa e Fernandes (2013) também defendem a inserção
do uso das tecnologias no projeto pedagógico das escolas, mas o uso dessas tecnologias deve
ser feito através de um planejamento adotado por toda rede de ensino, adaptando as
necessidades de cada instituição. “Incluir a tecnologia no projeto pedagógico é a única forma
de garantir que as máquinas se tornem, de fato, ferramentas a serviço da aprendizagem dos
conteúdos curriculares – e não um fim em si mesmas” (COSTA; FERNANDES, 2013, p. 11).
O que comumente vem acontecendo nas salas de aula é que os alunos estão
demonstrando um grande desinteresse pelos conteúdos estudados, pois têm um contato
constante com a internet, e assim se tornam mais atualizados que os livros didáticos e até
mesmo que o próprio professor. Para evitar essa situação tão crescente, Gadotti (2000 apud
Godoy, 2008) aponta que é preciso que a escola se torne “o centro de inovações”, isto é, a
escola deve se adaptar às novas tecnologias e orientar os alunos a buscarem informações úteis,
que os façam construir seu conhecimento.
Conforme Tajra (2008), o sistema educacional precisa se apropriar das produções
tecnológicas não apenas do ponto de vista pedagógico, mas também nos pontos éticos,
políticos e ideológicos. Além disso, as instituições educacionais estão produzindo tecnologia.
“Essa produção não se limita apenas a novas invenções, mas, inclusive, a elaborar críticas
sobre as produções tecnológicas, vinculando a tecnologia à didática e à cultura” (TAJRA,
2008, p. 43). A autora apresenta ainda três medidas essenciais que a escola deve tomar para
incorporar a tecnologia no contexto educacional, sendo:
- Verificar quais são os pontos de vista dos docentes em relação aos impactos das
tecnologias na educação.
- Discutir com os alunos quais são os impactos que as tecnologias provocam em suas
vidas cotidianas. Como eles se dão com os diversos instrumentos tecnológicos.
- Integrar os recursos tecnológicos de forma significativa com o cotidiano
educacional. (TAJRA, 2008, p. 43)
O importante, ao utilizar um dos recursos tecnológicos à disposição das práticas
pedagógicas, é questionar o objetivo que se quer atingir, avaliando sempre as virtudes e
limitações de tais recursos.
Lévy (apud Godoy, 2008) afirma que os sistemas de educação e formação devem se
inserir na cybercultura, associando a aprendizagem e a produção de conhecimentos às
tecnologias intelectuais, que envolvem velocidade dos saberes e do know-how.
17
Para ele [Lévy] o ciberespaço será o „carregador direto do saber‟ e não mais os seres
humanos e suas memórias. O ciberespaço é o local onde as „comunidades
descobrem e constroem seus objetos e se conhecem como coletivos inteligentes.
(GODOY, 2008, p. 07).
Vale destacar que o uso da tecnologia na educação não é sinônimo de extinção das
fontes tradicionais de informação, como o texto impresso, a comunicação verbal ou a coleta
de dados empíricos, que normalmente se dá pessoalmente. Segundo Pais (2002), o papel dos
recursos tecnológicos é justamente redimensionar o acesso às informações, juntamente com as
fontes tradicionais, e ampliar as situações de aprendizagem. Em outras palavras, os recursos
tecnológicos não vieram para extinguir as formas tracionais de aprendizagem, mas sim para
“multiplicar as condições potenciais de acesso à educação escolar” (PAIS, 2002, p. 21).
A construção do conhecimento ainda depende das fontes vivenciadas pelo sujeito, das
experiências empíricas, da leitura e da escrita, da oralidade, da reflexão individual e do debate
coletivo, ou seja, daquilo que é possível fazer sem a presença do computador e da tecnologia.
O fato é que o computador proporciona maior acesso às informações e torna essa construção
do conhecimento mais rica e ampla, como explica Pais (2002).
Entretanto, com a atual expansão do uso do computador, esta lista fica enriquecida
pela rede mundial de informações, cuja extensão serve de interface para mediar
várias das fontes tradicionais, pois nela se encontram textos, espaços para
comunicação direta, reflexões com os mais variados níveis de racionalidade e
empirismo. Por esse motivo, as condições de acesso às informações não são as
mesmas do tempo em que não existia computador. (PAIS, 2002, p. 22).
Atualmente, a sociedade exige das pessoas habilidades que tempos atrás não exigia,
como autonomia, adaptabilidade, iniciativa, criatividade e rapidez, e as práticas educativas
devem estar em consonância com tais habilidades. Pais (2002) afirma que a escola deve levar
em consideração essa realidade, pois “A relação entre o aluno e o saber distante do seu
mundo não é suficiente para uma aprendizagem significativa” (PAIS, 2002, p. 25).
Porém, apenas implantar o uso dos computadores nas escolas não é garantia de
melhoria na educação. Para Oppenheimer (1997 apud Godoy, 2008), mais urgente se faz
investir na formação dos professores e em aulas práticas, colocar menos alunos em cada sala
de aula, promover excursões e experiências com os alunos.
O mesmo autor ainda afirma que as pesquisas na internet nem sempre têm fonte
confiável, e como o uso do computador na educação é recente, não se pode comprovar sua
eficácia, além de prejudicar a própria comunicação e a criatividade. “[...] explorar as telas,
18
além de não propiciar a conversa, o cuidado de ouvir e de expressar-se, pode limitar o
desenvolvimento da imaginação” (GODOY, 2008, p. 8).
Pais (2002) também comenta que apenas a presença dos recursos tecnológicos nas
escolas não é garantia de melhorias na educação, e de maneira alguma reduzem a importância
do trabalho docente. O que deve ser feito é considerar o computador como um potencial
educacional a ser explorado, uma possibilidade de melhoria, mas como tal seu uso deve ser
muito trabalhado e analisado.
A possibilidade de uso desses recursos na educação escolar é vista como uma
condição necessária para atingir exigências da sociedade da informação, mas está
longe de ser suficiente para garantir transformações qualitativas na prática
pedagógica. (PAIS, 2002, p. 10-11).
2.2.1 As Tecnologias como recursos educacionais
Apesar dos grandes avanços que vêm caracterizando o sistema educacional brasileiro,
a sala de aula continua sendo o principal ambiente de aprendizagem. Conforme Coscarelli
(2002, p. 24), “grande parte das práticas pedagógicas atuais ainda privilegia o ensino
transmissivo, às custas de uma ênfase na aprendizagem mediada pelo professor e suas
escolhas de recursos educacionais”.
O fato é que a maioria das escolas brasileiras ainda está naquela situação em que o
aluno absorve o conteúdo passivamente, sem questionar, pensar ou interagir, com o objetivo
único de acumular informações sem a real produção do conhecimento. Para Coscarelli (2002),
o ideal na educação não é esse quadro, e sim a noção do aluno como agente do processo de
reconstrução de conhecimentos e saberes, um aluno que produza, e não apenas reproduza. O
professor deve buscar recursos educacionais que tenham sentido pedagógico para o aluno,
enfatizando a instrução e o processo de aprendizagem. E atualmente, o melhor recurso
educacional disponível é a informática.
Torna-se também imperativo fazer uso do potencial educativo das tecnologias da
informação e da comunicação, pois acreditamos que, sem o suporte tecnológico,
ficam comprometidas as chances de aumentar a variedade e a diversidade
necessárias à sala de aula contemporânea. (COSCARELLI, 2002, p. 27).
Em outras palavras, para que a educação se ajuste à tecnologia que domina a sociedade
atual é necessário utilizar a informática e a internet como recursos educacionais, mas, para
isso, Pais (2002) sugere que o ideário pedagógico seja adaptado às exigências da educação
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contemporânea, ou seja, é preciso adaptar a educação tradicional à informática sem
menosprezar os principais conteúdos e conhecimentos.
Um ponto que merece destaque ao se abordar a informática na educação é a
diferenciação entre o aprender informática e o utilizar a informática no processo de ensinoaprendizagem. Como explica Valente (1999), o termo informática na educação deve se referir
à inserção do computador no processo de ensino-aprendizagem dos conteúdos curriculares, e
não à visão do computador para ensinar conteúdos relacionados à ciência da computação.
“Nesse caso, o aluno usa a máquina para adquirir conceitos computacionais, como
princípios de funcionamento do computador, noções de programação e implicações do
computador na sociedade” (VALENTE, 1999, p. 01).
Obviamente é importante que o aluno conheça sim o computador, mas esse
conhecimento mais aprofundado e específico deve ser realizado fora da escola, em cursos de
informática. Na escola o computador e a informática devem ter como objetivo modificar o
tradicional esquema de ensino, sem priorizar um ensino vazio e sem sentido, como acontece
muitas vezes com as atividades extraclasse.
Em geral, essa atividade extraclasse é desenvolvida por um especialista em
informática [...]. Essa abordagem tem sido adotada, em geral, por escolas que
desejam ter o computador implantado nas atividades educacionais, mas não estão
interessados em resolver as dificuldades que a inserção do computador na disciplina
normalmente acarreta, como a alteração do esquema de aulas, ou o investimento na
formação dos professores das disciplinas. (VALENTE, 1999, p. 01).
Várias são as vantagens da inserção dos recursos tecnológicos na educação quando
utilizados devidamente, e Pais (2002) destaca os seguintes: melhoria das condições de acesso
à informação, minimização das restrições limitadas ao tempo e espaço e maior agilidade na
comunicação entre professores, alunos e instituições, além de permitir o trabalho com
softwares específicos para cada disciplina. Também vale citar que a informática atualmente é
um dos recursos que mais desperta o interesse dos alunos, e ao utilizá-la a escola está trazendo
o aluno para seu lado, e não o afastando, tornando-o desinteressado.
Coscarelli (2002) destaca que o termo „tecnologia da informação‟ não é sinônimo de
computador (hardware e software), mas o computador é sim o principal representante dessa
tecnologia, principalmente devido à sua capacidade de solucionar diversos problemas
relacionados à recuperação, armazenamento, organização, tratamento, processamento,
produção e disseminação da informação pertinente às várias áreas do conhecimento.
20
Além de influenciar algumas atividades elementares do cotidiano do sujeito
contemporâneo, a informática também interfere na forma como ele lida com a
informação necessária à sobrevivência. Por meio dos recursos dessa tecnologia, a
recuperação, o armazenamento, a organização, o tratamento, a produção e a
disseminação da informação tornam-se cada vez mais incorporados à realidade desse
sujeito. (COSCARELLI, 2002, p. 52).
O fato é que o homem tem criado cada vez mais sistemas computacionais com fins
educacionais, e com o passar do tempo tais sistemas vêm se modernizando para atender às
necessidades de cada época. Conforme Valente (1999), na década de cinquenta, por exemplo,
o uso do computador representava as possibilidades de tecnologia existentes na época, e o
ensino-aprendizagem com certeza era muito diferente do que é hoje, bem como seus
objetivos. “A chamada instrução programada foi a base para os primeiros sistemas e
representava uma automatização do processo de ensino/aprendizado consistente com as
possibilidades tecnológicas vigentes” (VALENTE, 1999, p. 49).
Tajra (2008) exemplifica as correlações entre o computador e as abordagens
educacionais atualmente (os conteúdos propriamente ditos), citando algumas exemplificações
do uso de softwares, tais como:
- Softwares abertos: auxiliam principalmente os conteúdos relacionados ao Português e
demais línguas, e os mais utilizados são os editores de textos, que permitem o
desenvolvimento de diversas atividades que estimulam as habilidades linguísticas, tais como a
leitura e a escrita.
- Softwares de simulações e de programação: auxiliam os conteúdos relacionados à
Matemática, pois permitem o aprimoramento das habilidades de lógica, matemática e
resolução de problemas.
- Softwares gráficos: estimulam o desenvolvimento das habilidades pictóricas, ou seja,
permitem a criação de desenhos e representações artísticas, estimulando a criatividade e a
imaginação.
Nas palavras de Valente (1999, p. 01), ao utilizar a informática na educação o
professor precisa “[...] ter conhecimento sobre os potenciais educacionais do computador e
ser capaz de alternar adequadamente atividades tradicionais de ensino-aprendizagem [...]”,
mas também deve estar atento para não permitir que o uso do computador seja feito apenas
para transmitir informação ao aluno, reforçando assim o processo instrucionista, que não
permite ao aluno produzir seu próprio conhecimento.
O que se percebe, dessa maneira, é que somente o uso da informática e da internet não
é garantia de sucesso. Pais (2002) lembra que no plano didático o uso da informática deve ser
21
muito bem canalizado, caso contrário, aprofundará as desigualdades sociais dentro da escola e
não atenderá devidamente às exigências curriculares.
Por outro lado, é pura ilusão pensar que tais vantagens são apenas graciosidades do
mundo globalizado para amenizar conflitos ou corrigir injustiças impostas pelas
diversas correlações de poder. No plano didático, o uso da informática traz também
desafios de diferentes ordens, envolvendo a necessidade de rever princípios,
conteúdos, metodologias e práticas compatíveis com a potência dos instrumentos
digitais. (PAIS, 2002, p. 29).
Tajra (2008) também chama atenção para o cuidado que se deve tomar com o uso da
informática, uma vez que as inovações ocorrem em uma velocidade muito rápida, deixando o
ser humano sempre em defasagem. Segundo a autora, “é impossível acompanhar todas elas.
Estamos em constante estágio de ignorância tecnológica. Se não nos lançarmos a essas
inovações, com certeza, ficaremos cada vez mais atrasados” (TAJRA, 2008, p. 119). Dessa
forma, a escola deve estar atenta às mudanças, procurar acompanhá-las, mas também
questionar e analisar o que é melhor, o que deve ou não deve ser utilizado.
Segundo Valente (1999), a informática deve assumir um papel duplo na escola: tanto
como ferramenta para permitir a comunicação de profissionais da escola e consultores, quanto
para apoiar a realização de uma pedagogia que possibilite o desenvolvimento de habilidades
que serão fundamentais na sociedade do conhecimento. Em outras palavras, a informática
deve atender tanto aos alunos quanto aos professores e demais profissionais da escola.
E ao comentar sobre informática é praticamente impossível não falar sobre outro
recurso educacional: a Internet, que, de acordo com Pais (2002, p. 16), “é uma das mais
importantes criações dos últimos tempos para a melhoria dos sistemas de informação e de
comunicação e, consequentemente, para ampliar as formas de aprender e de ensinar”.
Para Tajra (2008) a internet traz muitos benefícios para a educação, pois permite a
realização de pesquisas de maneira mais rápida e com dados mais atualizados; permite o
intercâmbio e a troca de informações e experiências entre professores e alunos; possibilita ao
professor planejar aulas mais dinâmicas e interessantes.
A Internet é mais um dos motivos da necessidade de mudança do papel do professor.
Ela é uma oportunidade para que professores inovadores e abertos realizem as
mudanças de paradigma. A Internet é ilimitada; a cada momento são inseridas,
excluídas e alteradas suas páginas. (TAJRA, 2008, p. 135).
Além dessas vantagens, Tajra (2008, p. 183) ainda lista as seguintes:
- Acessibilidade a fontes inesgotáveis de assuntos para pesquisas;
- Páginas educacionais específicas para a pesquisa escolar;
22
- Páginas para busca de softwares;
- Comunicação e interação com outras escolas;
- Estímulo para pesquisar a partir de temas previamente definidos ou a partir da
curiosidade dos próprios alunos;
- Desenvolvimento de uma nova forma de comunicação e socialização;
- Estímulo à escrita e à leitura;
- Estímulo à curiosidade;
- Estímulo ao raciocínio lógico;
- Desenvolvimento da autonomia;
- Permite o aprendizado individualizado;
- Troca de experiências entre professores/professores, aluno/aluno e professor/aluno.
Uma das maiores vantagens de se utilizar a internet é que esse recurso permite a
interatividade, o que recursos como a televisão, o rádio, o DVD e outros não oferecem. E é
justamente a interatividade que permite ao aluno realizar simulações digitais através de
programas específicos e assim desenvolver o processo cognitivo.
Mesmo que essa interatividade nem sempre envolva interlocutores humanos, trata-se
de uma característica ampliadora das condições para ocorrer a aprendizagem. Dessa
forma, em conexão com outras interfaces, a rede contribui para a melhoria das
condições de elaboração do conhecimento. (PAIS, 2002, p. 16).
Tajra (2008, p. 18) concorda com Pais (2002), afirmando que “o grande „trunfo‟ do
computador é sua característica interativa com o meio”. Para a autora, com o computador e a
internet é possível integrar diversas mídias, como o rádio, a televisão, os vídeos, as
filmadoras, e trabalhar sons e imagens ao mesmo tempo.
Mas mesmo se tratando da interatividade alguns cuidados devem ser tomados, como
explica Valente (1999) ao afirmar que mais vale a qualidade da interação do que a interação
em si, isto é, o aluno usar o computador e interagir com seus programas não significa
necessariamente que ele compreendeu o que fez.
Do mesmo modo que não é o objeto que leva à compreensão, não é o computador
que permite ao aluno entender ou não um determinado conceito. A compreensão é
fruto de como o computador é utilizado e de como o aluno está sendo desafiado na
atividade de uso desse recurso. (VALENTE, 1999, p. 37).
Apesar de ser um recurso inquestionável para despertar o interesse dos alunos, o uso
da internet deve ser monitorado constantemente, pois, segundo Tajra (2008, p. 183), a internet
também apresenta uma série de problemáticas, como:
- Muitas informações sem fidedignidade;
- Facilidade na dispersão durante a navegação;
- Lentidão de acesso nos sites em função da baixa qualidade das linhas telefônicas;
- Facilidade no acesso a sites inadequados para público infanto-juvenil.
23
Para verificar a real utilização do computador e da internet nas redes públicas de
ensino Fundamental e Médio no Brasil, o Centro de Estudos da Fundação Victor Civita
(FVC), junto com o Ibope e o Laboratório de Sistemas Integráveis da Universidade de São
Paulo (LSI-USP), fez uma pesquisa com 400 escolas de 13 capitais. Costa e Fernandes (2013)
apresentam os resultados dessa pesquisa, que revelou que:
- há cada vez mais infraestrutura nas escolas, mas falta formação para professores e gestores;
- 98% dos entrevistados afirmam que há computadores funcionando nas escolas, mas 18%
admitem que o laboratório de informática nunca é utilizado;
- os funcionários administrativos acessam as máquinas 4,7 vezes por semana, em média –
enquanto os professores só fazem isso 3,2 vezes por semana e os alunos ainda menos: 2,6
vezes por semana, em média;
- as escolas que têm apenas conexão discada acabam utilizando as máquinas apenas para
atividades administrativas ou para tarefas muito básicas, como ler notícias, copiar conteúdos,
consultar mapas, usar calculadora ou planilha eletrônica;
- nas escolas que têm conexão via banda larga os professores fazem um uso mais avançado da
tecnologia em atividades com os alunos (como criar blogs e páginas na web, programar ou
desenvolver projetos de iniciação científica ou usar robótica educacional e programas de
modelagem 3D).
2.2.2 O Programa Nacional de Informática na Educação – PROINFO
Segundo Tajra (2008), o Proinfo – Programa Nacional de Informática na Educação – é
o mais ambicioso e atuante projeto de informática nas escolas.
Esse programa foi elaborado pelo governo federal e está sendo desenvolvido pela
Secretaria de Educação a Distância (SEED/MEC), com o objetivo de introduzir a tecnologia
de informática na rede pública de ensino. Para tal, serão distribuídos cerca de 100 mil
computadores para as escolas públicas de todo o país. De acordo com Tajra (2008, p. 31),
“a proposta da informática educativa é uma forma de aproximar a cultura escolar dos
avanços que a sociedade já vem desfrutando com a utilização das redes técnicas de
armazenamento, transformação, produção e transmissão de informações”.
Segundo o Portal do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação)
(2013), o Proinfo é um programa educacional criado pela Portaria nº 522/MEC de 9 de abril
de 1997 e regulamentado pelo Decreto 6.300, de 12 de dezembro de 2007, para promover o
24
uso pedagógico de Tecnologias de Informática e Comunicações (TICs) na rede pública de
ensino fundamental e médio.
A distribuição dos laboratórios de informática nas escolas funciona da seguinte forma:
o MEC/FNDE compra, distribui e instala laboratórios de informática nas escolas públicas de
educação básica. Em contrapartida, os governos locais (prefeituras e governos estaduais)
devem providenciar a infraestrutura das escolas, indispensável para que elas recebam os
computadores. (Portal FNDE, 2013).
O Proinfo atua nos ensinos fundamental e médio, e cada unidade da federação possui
um Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE). Esses núcleos apoiam o processo de
informatização das escolas, auxiliando tanto no processo de incorporação e planejamento da
nova tecnologia, quanto no suporte técnico e capacitação dos professores e das equipes
administrativas das escolas (Tajra, 2008).
Apesar de representar um grande avanço na área educacional, somente o Proinfo em si
não é garantia de sucesso, pois se os computadores e os softwares não forem utilizados de
forma correta, o ensino continuará sem sentido, mesmo em um ambiente diferente.
Um aparato que as escolas não têm utilizado corretamente são os softwares
educacionais, que tanto podem contribuir para um ensino-aprendizado de qualidade. Como
explica Tajra (2008), na maioria das escolas os computadores já ficam ligados e com os
programas acessados, de modo que os alunos chegam ao laboratório de informática e
encontram tudo pronto. Desse modo, eles agem de forma mecânica, não efetuando nenhuma
prática, nem sequer ligar o computador.
Desta forma, o aluno não efetua nenhuma prática de ligar o computador, abrir os
programas, portanto não percebe o conjunto das relações existentes entre as
utilidades reais do computador e a técnica em si. O professor deve ficar atento para
uma real adequação dos softwares às suas ações na sala de aula. Muitos acham que
só por estarem utilizando softwares educacionais já estão efetuando a prática da
informática na educação. (TAJRA, 2008, p. 49).
Segundo Valente (1999), utilizar o computador para produzir o conhecimento é muito
mais difícil do que simplesmente usá-lo para passar informações. Quando o aluno usa o
computador para construir o seu conhecimento, o computador passa a ser uma máquina que
lhe permite resolver problemas, usando linguagens de programação; refletir sobre os
resultados obtidos e depurar suas ideias por intermédio da busca de novos conteúdos e novas
estratégias. “Nesse caso, o software utilizado pode ser os software abertos de uso geral, como
as linguagens de programação, sistemas de autoria de multimídia, ou aplicativos como
25
processadores de texto, software para criação e manutenção de banco de dados”
(VALENTE, 1999, p. 02).
Porém, essa não é prática que está sendo efetivamente disseminada na maioria das
escolas. “A abordagem que usa o computador como meio para transmitir a informação ao
aluno mantém a prática pedagógica vigente. Na verdade, a máquina está sendo usada para
informatizar os processos de ensino existentes” (VALENTE, 1999, p. 02). Ou seja, as escolas
estão utilizando os computadores com os alunos apenas para manter a dinâmica tradicional,
manter o ensino tradicional de forma implícita (disfarçado com o uso do computador), ao
invés de propiciar experiências que permitam ao aluno construir seu próprio conhecimento.
Isso tem facilitado a implantação do computador nas escolas, pois não quebra a
dinâmica tradicional já adotada. Além disso, não exige muito investimento na
formação do professor. Para ser capaz de usar o computador nessa abordagem, basta
ser capaz de inserir o disquete ou, quando muito, ser treinado nas técnicas de uso de
cada software. No entanto, os resultados em termos da adequação dessa abordagem
no preparo de cidadãos capazes de enfrentar as mudanças que a sociedade está
passando, são questionáveis. Tanto o ensino tradicional, quanto sua informatização,
preparam um profissional obsoleto. (VALENTE, 1999, p. 02).
Desse modo, o professor deve estar atento porque somente o fato de usar o
computador e mesmo softwares não significa que está dando uma aula diferente, inovadora.
“Muitas vezes essa aula é tão tradicional quanto uma aula expositiva com a utilização do
giz” (TAJRA, 2008, p. 49). O ideal é que os alunos sejam envolvidos em aulas mais criativas,
dinâmicas, e que desenvolvam novas descobertas através da aprendizagem.
Nesse contexto, um problema que surge é a falta de preparação dos professores para
lidarem com a informática, para preparem suas aulas utilizando recursos tecnológicos
avançados e permitirem aos alunos produzirem seu conhecimento. Assim, o próximo tópico
abordará a preparação dos professores diante das novas tecnologias.
2.3 A preparação dos professores diante das novas tecnologias educacionais
O papel do professor nesse contexto caracterizado pela necessidade do uso das novas
tecnologias deve ter novas significações, pois quando se muda o método de ensinar, a
metodologia utilizada também deve ser alterada. De acordo com Valente (1999, p. 08), “o
papel do professor deixará de ser o de total entregador da informação para ser o de
facilitador, supervisor, consultor do aluno no processo de resolver o seu problema”.
26
Em outras palavras, o professor será um mediador do ensino-aprendizagem, guiando o
aluno para a construção do seu conhecimento através das novas tecnologias. Obviamente os
momentos de transmissão de informação ao aluno continuarão, o que é indissociável ao
processo de ensino-aprendizagem, mas essa transmissão deverá permitir ao aluno a conversão
da informação em conhecimento aplicável na solução de seu problema.
O professor deverá incentivar o processo de melhorias contínuas e ter consciência de
que a construção do conhecimento se dá por meio do processo de depurar o
conhecimento que o aluno já dispõe. Para tanto, o professor deverá conhecer os seus
alunos, incentivando a reflexão e a crítica e permitindo que eles passem a identificar
os próprios problemas na sua formação, buscando soluções para o mesmo. Além
disso, o professor deverá servir como modelo de aprendiz e ter um profundo
conhecimento dos pressupostos teóricos que embasam os processos de construção de
conhecimento e das tecnologias que podem facilitar esses processos. (VALENTE,
1999, p. 35).
Somente adotar o uso das novas tecnologias não basta; é preciso saber utilizar tais
tecnologias e estabelecer de forma clara seus objetivos.
Dessa forma, o uso dos computadores implantados pelo Proinfo nas escolas exige
certa preparação dos professores, pois por mais que já estejam habituados a utilizar o
computador e seus recursos em casa (ainda assim não são todos os professores que sabem
utilizar ou que têm prática), utilizar a informática voltada para a educação requer certos
cuidados e conhecimentos.
Um dos fatores primordiais para a obtenção do sucesso na utilização da informática
na educação é a capacitação do professor perante essa nova realidade educacional. O
professor deve estar capacitado de tal forma que perceba como deve atuar a
integração da tecnologia com a sua proposta de ensino. Cabe a cada professor
descobrir a sua própria forma de utilizá-la conforme o seu interesse educacional,
pois, como já sabemos, não existe uma forma universal para a utilização dos
computadores na sala de aula. (TAJRA, 2008, p. 105).
O professor deve estar ciente que seu papel em uma aula que utilize o computador não
é somente orientar os alunos sobre como usar o computador, mas sim coordenar o processo de
ensino aprendizagem, considerando que houve uma mudança no recurso didático, mas a
aprendizagem deve continuar a ser priorizada. O computador não pode ser visto somente
como um momento de realizar uma aula diferente, sem nenhum sentido para o aluno.
No entanto, as mudanças são muito recentes, e é preciso que os professores estejam
abertos a essas mudanças, caso contrário não conseguirão obter o interesse de seus alunos.
“Entre o momento da percepção da necessidade de mudar e ter resultados com as mudanças
27
adotadas existe um “espaço/intervalo” em que estamos processando as mudanças de
paradigmas” (TAJRA, 2008, p. 118).
O processo de mudança nem sempre é fácil, principalmente quando se trata de um
processo de mudança de aprendizagem, que requer certo tempo de adaptação até que o
professor se sinta mais seguro e atinja uma nova etapa no desenvolvimento pessoal e
profissional. Além disso, como afirma Tajra (2008), a incorporação das novas tecnologias de
comunicação e informação é um processo contínuo, que tende a evoluir cada vez mais, o que
só aprofunda a necessidade de adaptação dos professores.
Costa e Fernandes (2013) apresentam algumas ações que podem fazer a diferença na
preparação dos professores para lidarem com as novas tecnologias. A primeira dessas ações é
a mudança de foco dos programas de formação continuada. “Como os cursos de graduação
são deficientes no que diz respeito ao uso das tecnologias, cabe às Secretarias de Educação
investir mais tempo e recursos nisso” (COSTA; FERNANDES, 2013, p. 15).
No entanto investir na capacitação dos professores não significa apenas apresentarlhes os softwares a serem utilizados, mas principalmente apresentar os recursos como
facilitadores do processo de ensino-aprendizagem e incluir a tecnologia nas capacitações
específicas sobre os conteúdos de cada disciplina.
A segunda ação apresentada por Costa e Fernandes (2013) é disseminar a cultura
digital em toda a rede, o que pode ser feito através de campanhas informativas realizadas
pelas Secretarias de Educação. “As Secretarias de Educação podem promover campanhas
informativas sobre a importância de dominar as novas tecnologias para ajudar os
professores a superar medos e resistências” (COSTA; FERNANDES, 2013, p. 15).
Outra ação que pode ser realizada para capacitar os professores é facilitar a
comunicação entre eles, seja dentro da própria escola ou em escolas diferentes. Essa interação
permite a troca de experiências, o desenvolvimento de projetos em conjunto e a criação de
ferramentas como blog, MSN e Skype. Segundo Costa e Fernandes (2013), essas ferramentas
devem não apenas ser liberadas como incentivadas.
A quarta ação é ampliar as atividades em conjunto pelas escolas, realizando projetos
interdisciplinares com o uso da tecnologia, que pode facilitar a pesquisa e a publicação dos
resultados obtidos.
A questão do incentivo também é importante, e aqui entra a quinta ação proposta por
Costa e Fernandes (2013): valorizar os professores que utilizam bem as tecnologias,
oferecendo prêmios ou oportunidades para aqueles que aplicam de forma inteligente as
tecnologias ao ensino dos conteúdos.
28
Ao implantar o laboratório de informática nas escolas, o governo também definiu que
cada laboratório tivesse um especialista em informática. Segundo Costa e Fernandes (2013), o
papel desse especialista deve ser redefinido, sendo esta a sexta ação de capacitação dos
professores: “é fundamental fazer com que esse profissional atue como um formador dos
colegas, ajudando-os a se familiarizar com as ferramentas tecnológicas” (COSTA;
FERNANDES, 2013, p. 15).
Mais duas ações são propostas pelas autoras: investir nos melhores alunos, transformálos em monitores e auxiliares dos professores, e envolver a equipe gestora nas decisões.
O fato é que o laboratório de informática consistiu um verdadeiro ambiente de
aprendizagem, e esse ambiente é muito novo, o que gera vários desafios para o professor.
Como afirma Valente (1999, p. 36), “para a intervenção efetiva, não existe uma receita e o
que é ser efetivo é polêmico, pois depende de um contexto teórico, do estilo do professor e
das limitações culturais e sociais que se apresentam em uma determinada situação”.
Desse modo, torna-se essencial que o professor desenvolva mecanismos como o
constante questionamento e a reflexão sobre os resultados do trabalho com o aluno, pois
somente assim poderá aprimorar sua atuação e garantir o sucesso do uso das novas
tecnologias no ensino-aprendizagem.
2.4 As tecnologias disponíveis para os professores de línguas
O ensino de línguas é voltado, basicamente, para o desenvolvimento de atividades que
estimulem as habilidades linguísticas, tais como a leitura e a escrita. Para desenvolver tais
atividades é necessário trabalhar com os alunos os diversos tipos de textos. Existem,
atualmente, várias tecnologias disponíveis para os professores de línguas utilizarem em suas
aulas, dentre elas os processadores e editores de texto.
O editor de texto proporciona certas facilidades, como o fato de o texto não precisar
ser reescrito todas as vezes que se erra. Segundo Valente (1999), ao usar o processador de
texto um ciclo é criado no aluno, que é o ciclo descrição-execução-reflexão-depuraçãodescrição. Ao escrever usando um processador de texto, a interação com o computador é
mediada pelo idioma natural (materno) e pelos comandos do processador de texto para
formatá-lo (centrar o texto, grifar palavras, etc.).
Muitos processadores de texto são simples de usar e facilitam a expressão escrita de
nossos pensamentos. Porém, a parte da execução é muito desvantajosa. O
processador de texto só pode executar o aspecto de formato do texto ou alguns
29
aspectos de estilo da escrita, mas ainda não pode executar o conteúdo do mesmo e
apresentar feedback em termos do significado ou do conteúdo do que queremos
dizer. (VALENTE, 1999, p. 93).
Desse modo, o computador só apresenta o resultado da execução do formato, e o aluno
só pode refletir em torno das ideias originais do formato do texto, como tamanho e formato da
linha, espaçamento, posição do texto, e assim por diante. Sobre o conteúdo, a comparação
entre o que está escrito e as ideias originais não ocorre. “O aprendiz pode ler o texto, mas se o
computador não pode executar o conteúdo do texto, não há resultados sobre conteúdo que
possam ser comparados com a ideia original” (VALENTE, 1999, p. 93).
Valente (1999) apresenta então uma desvantagem no uso do processador de texto: a
reflexão e a depuração do conteúdo não são facilitadas pela execução do computador. O
computador fornece a informação para o aluno entender o seu nível de conhecimento, mas
“[...] o processador de texto não dispõe de características que auxiliam o processo de
construção do conhecimento e a compreensão das ideias” (VALENTE, 1999, p. 93). Em
outras palavras, a compreensão do texto só acontece quando outra pessoa lê o texto e fornece
um feedback para o aluno.
Porém, o fato de que o computador não pode executar o conteúdo do texto é uma
limitação considerável. Com isso, o aprendiz não tem um feedback fiel, como no
caso da programação. O feedback sobre o conteúdo do texto deve ser propiciado por
um outro leitor e pode ou não corresponder à real qualidade do texto. Sem
informação fiel é muito mais difícil alcançar níveis mais complexos de compreensão
e de conceituação. (VALENTE, 1999, p. 93).
Um recurso que pode minimizar essa desvantagem é apresentado por Coscarelli
(2002) ao afirmar que alguns softwares criam possibilidades para que os alunos produzam
textos em conjunto ou cooperativamente com outro(s) usuário(s) localizados em qualquer
parte do mundo, por meio do compartilhamento do editor de textos com o grupo. Dessa
forma, o aluno terá um feedback sobre o texto criado.
Valadares (2012) acredita que é preciso significar a produção de textos dos alunos,
publicando esses textos para que sejam lidos por um público autêntico e que a internet é o
espaço ideal para isso. Ao proporcionar um destinatário real para as produções escolares, os
professores tornam o ensino da Língua Portuguesa mais atrativo para os alunos.
Dessa maneira, na tentativa de “significar” a produção de textos para os escritores
em formação, o professor pode considerar a importância de um suporte em que se
publica, normalmente, sem intermediação, no qual o aluno pode ver seu texto lido
por um público autêntico, algo muito mais efetivo do que produzir textos apenas
para o professor. (VALADARES, 2012, p.73)
30
O mesmo autor afirma, ainda, que a internet não pode ser vista simplesmente como um
espaço para diversão, pois é um recurso que possibilita a escrita, leitura e publicação de textos
e precisa ser valorizada como tal, “[...] até mesmo dado à emergência de novos gêneros
textuais (e-mail, chat), bem como de novas formas de interação (listas de discussão, fóruns,
orkut, facebook, twitter,blogs)” (VALADARES, 2012, p.73).
Os recursos que a internet disponibiliza, possibilitam aos professores de Língua
Portuguesa a criação de várias atividades envolvendo a leitura e produção de textos,
utilizando variados formatos e gêneros textuais. Valadares (2012) destaca o uso dos blogs
como ferramenta para o desenvolvimento de diferentes tarefas.
Em um ambiente de utilização da internet, as aulas de língua portuguesa podem
conter atividades as mais diversas, desde a pesquisa de autores renomados da nossa
literatura até a observação de fenômenos linguísticos de determinada região, com
produções textuais que relacionem ensino e uso de novas tecnologias. O blog, por
exemplo, cumpre com eficiência essa relação, já que prevê leituras variadas e
possibilidades de desenvolvimento da escrita, tanto para comentar o que lê quanto
para produzir relatos naquele suporte textual, ou seja, nesse caso, pode-se usar o
relato pessoal como prática no trabalho com tipos e gêneros textuais.
(VALADARES, 2012, p. 74)
Outro recurso que pode ser utilizado via internet é o correio eletrônico, através do qual
são trocadas mensagens e textos. Coscarelli (2002) afirma que essa ferramenta possibilita a
produção de textos cooperativos entre os interlocutores, sem a necessidade de que estejam
conectados sincronicamente.
Por meio da troca de mensagens e textos anexados, os componentes de uma equipe
de trabalho podem produzir textos cooperativamente. Esse tipo de produção
cooperativa de textos requer a manutenção assídua da correspondência eletrônica.
Por outro lado, não exige a sincronização do tempo entre os interlocutores, o que é
necessário quando se está utilizando programas que estabelecem uma comunicação
sincrônica. (COSCARELLI, 2002, p. 60).
Passando a abordar o aspecto da leitura, é preciso ressaltar a presença dos hipertextos,
que têm ganhado destaque no ensino de línguas e caracterizam-se pela não-linearidade, ou
seja, o leitor tem a possibilidade de escolher diferentes caminhos, viabilizados pelos
hiperlinks contidos no hipertexto.
Por isso mesmo, a linguística textual pode auxiliar eficazmente na compreensão do
funcionamento do hipertexto, que deve, assim, ser submetido às mesmas condições
básicas da textualidade. Entre os seus princípios de acesso, destacam-se a
informatividade e a relevância, pois os hiperlinks devem contribuir para fazer
convergir, em torno de um texto eletrônico, dados e informações complementares e
ampliadoras e acrescentar aspectos que não tenha sido possível acondicionar na
mesma superfície virtual pela falta de espaço na janela do cristal líquido. (SANTOS;
SIMÕES, 2009, p. 29).
31
O hipertexto pode ser trabalhado via internet, e, de acordo com Santos e Simões
(2009), refere-se a qualquer hiperdocumento ou coleção de informações interconectadas.
Outro termo utilizado nesse contexto é hipermídia, que é o hipertexto que contém, além do
texto, imagem, som, vídeo, gráfico, animação e realidade virtual. “Os aplicativos dos
hipertextos são projetados para que se possa navegar através de um espaço de informações.
A estrutura navegacional se dá sobre nós e links” (SANTOS; SIMÕES, 2009, p. 30).
Entretanto, os professores devem estar atentos ao trabalhar com hipermídias, pois,
segundo Pansanato e Nunes (1999 apud Santos; Simões, 2009), essa modalidade não foi
criada para fins pedagógicos, mas sim para a recuperação de informações e entretenimento.
Consequentemente, o professor deve distinguir as aplicações destinadas à pesquisa das
aplicações destinadas a tarefas que envolvem compreensão e aprendizagem.
Já Spiro e seus colegas (apud Santos; Simões, 2009) consideram os hipertextos como
instrumentos adequados para a reestruturação de informações, e apresentam cinco condições
pedagógicas que favorecem a aprendizagem a partir do hipertexto, sendo:
a. utilização de representações múltiplas dos conhecimentos;
b. relacionamento entre conceitos abstratos e casos concretos;
c. respeito à complexidade dos conceitos em todos os níveis de ensino;
d. percepção das relações semânticas entre conceitos;
e. aplicação dos conhecimentos elementares em situações-problema reais.
Assim, o professor que utiliza o trabalho com hipertextos, tendo como suporte as
novas tecnologias, possui um importante aliado no ensino da Língua Portuguesa, pois esse
recurso “[...] amplia seja na escrita seja na leitura, o processo de aprendizagem do aluno,
assim como o gabarita a produzir uma autonomia que não se encontra nos suportes
tradicionais” (VALADARES, 2012, p.74).
Portanto, o uso de ferramentas tecnológicas, especialmente da internet, é
imprescindível para as aulas de Língua Portuguesa, pois nela circulam inúmeros textos, em
variadas formas/configurações. Cabe ao professor propiciar atividades aos alunos, utilizando
o ambiente informatizado, para que aprimorem a leitura e a escrita, desenvolvendo suas
habilidades linguísticas e capacitando-os a fazer uso competente da língua nos mais variados
contextos.
32
3. METODOLOGIA
Este capítulo aborda os aspectos metodológicos da pesquisa, apresentando os métodos,
as técnicas, as definições constitutivas e operacionais, os instrumentos utilizados para a
produção dos dados e a forma de análise. Apresenta também o contexto no qual esteve
inserida a pesquisa cujo objetivo foi investigar e analisar o uso das tecnologias da informação
e da comunicação pelos professores de Língua Portuguesa em escolas públicas de Pará de
Minas, buscando direcionamentos para a incorporação dessas tecnologias ao ambiente
educacional.
Com base no objetivo geral, a presente pesquisa pode ser classificada como descritiva,
pois propõe a identificação, registro e análise de dados. Para Gil (2002), esse tipo de pesquisa
tem como objetivo primordial:
“[...] a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou,
então, o estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que
podem ser classificados sob este título e uma de suas características mais
significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais
como o questionário e a observação sistemática. (GIL, 2002, p. 42)
Utilizou-se como método de abordagem o indutivo, uma vez que se partiu de dados
particulares para chegar-se a uma questão mais ampla. Esse tipo de método é definido por
Lakatos e Marconi (2003):
Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados
particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal,
não contida nas partes examinadas. Portanto, o objeto dos argumentos indutivos é
levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas
quais se basearam. (LAKATOS, MARCONI, 2003, p.86)
A primeira parte desse estudo refere-se ao levantamento bibliográfico que foi
extremamente importante para o desenvolvimento do tema abordado. Ao conceituar a
pesquisa bibliográfica, Lakatos e Marconi (2003) explicam:
A pesquisa bibliográfica é um apanhado geral sobre os principais trabalhos já
realizados, revestidos de importância, por serem capazes de fornecer dados atuais e
relevantes relacionados com o tema. O estudo da literatura pertinente pode ajudar a
planificação do trabalho, evitar publicações e certos erros, e representa uma fonte
indispensável de informações, podendo até orientar as indagações. (LAKATOS,
MARCONI, 2003, p. 158)
33
O levantamento bibliográfico possibilitou o conhecimento de outros trabalhos
desenvolvidos na mesma linha de estudo, através da consulta de livros, artigos, dentre outros.
O embasamento textual, por meio de pesquisas realizadas anteriormente, proporcionou
melhor entendimento do tema a ser investigado. Segundo as autoras Lakatos e Marconi
(2003) “A citação das principais conclusões a que outros autores chegaram permite salientar
a contribuição da pesquisa realizada, demonstrar contradições ou reafirmar comportamentos
e atitudes”. (LAKATOS, MARCONI, 2003, p. 225)
Constata-se, portanto, que um levantamento bibliográfico é fundamental para o
desenvolvimento de um trabalho investigativo, pois fundamenta cientificamente a pesquisa.
Porém, o desenvolvimento desse trabalho não se limitou ao estudo bibliográfico e para
ampliação desse conhecimento científico, foi realizada uma coleta de dados por meio de
questionários, direcionados aos Diretores e aos professores de Língua Portuguesa de escolas
públicas de Pará de Minas.
Questionário é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série
ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do
entrevistador. Em geral, o pesquisador envia o questionário ao informante, pelo
correio ou por um portador; depois de preenchido, o pesquisado devolve-o do
mesmo modo. (LAKATOS, MARCONI, 2003, p. 201)
Para aplicar os questionários, foram visitadas três escolas da rede pública de Pará de
Minas, sendo duas estaduais e uma municipal. As escolas participantes dessa pesquisa não
foram identificadas, recebendo como denominação as letras de X, Y e Z. Também foi
permitido aos diretores e professores, valerem-se do anonimato ao responder aos
questionários.
Ao serem informados sobre o trabalho que seria desenvolvido, os diretores e
professores disponibilizaram-se prontamente a participar da pesquisa, sendo que nas duas
escolas estaduais responderam imediatamente aos questionários e na escola municipal foi
solicitado, pela diretora, que os questionários fossem buscados posteriormente.
Os resultados obtidos através dos dados coletados foram descritos e analisados, o que
demonstra a aplicação da abordagem qualitativa nessa pesquisa. A seguir serão apresentados
os resultados obtidos e espera-se, através deles, contribuir para outros estudos que envolvam o
uso das tecnologias da informação e da comunicação no ensino da Língua Portuguesa.
34
4 RESULTADOS
Para atender ao objetivo da pesquisa, que foi investigar e analisar o uso das tecnologias
da informação e da comunicação pelos professores de Língua Portuguesa em escolas públicas
de Pará de Minas, foram aplicados dois questionários, sendo o primeiro, direcionado aos
Diretores das Escolas e o segundo aos professores de Língua Portuguesa.
O questionário direcionado aos Diretores foi composto por dezoito perguntas que
visaram a uma identificação:
Do perfil da escola – número de alunos, nível de ensino que atende, a qual sistema
educacional pertence, quantidade de professores de Língua Portuguesa, incorporação das
TICs ao Projeto Político Pedagógico;
Infraestrutura disponível – quais equipamentos tecnológicos a escola possui para
serem utilizados como recursos pedagógicos, se há laboratório de informática, acesso à
internet, locais da escola em que os computadores estão disponíveis para os professores.
Profissional para apoio e manutenção técnica – frequência e responsabilidade pela
manutenção.
Obstáculos que interferem na real integração das tecnologias ao ensino-aprendizagem.
Já o questionário direcionado aos professores possui sete perguntas voltadas para a
identificação:
Perfil do Professor – nível de formação, tempo de atuação, formação em TICs.
Fluência Digital – quais atividades os professores executam com os computadores,
como utilizam os recursos tecnológicos em sua prática docente.
Dificuldades no uso das TICs – obstáculos pessoais ou existentes na escola que
dificultam o uso dos recursos tecnológicos.
4.1 Análise dos Questionários dos Diretores
A) Tabela 1 - Perfil das Escolas
ITENS
ESCOLA X
ESCOLA Y
ESCOLA Z
950
950
548
Educação Infantil
Não
Não
Sim
Fundamental I
Sim
Não
Sim
NÚMERO DE ALUNOS
NÍVEIS DE ENSINO
35
Fundamental II
Sim
Sim
Sim
Médio
Sim
Sim
Não
Estadual
Estadual
Municipal
08
06
03
Sim
Sim
Sim
SISTEMA EDUCACIONAL
NÚMERO DE
PROFESSORES DE
LÍNGUA PORTUGUESA
USO DAS TICs FAZ
PARTE DO PPP
Fonte: dados da pesquisa, 2013.
A partir dos dados demonstrados na tabela 1, verificou-se que as escolas estaduais
atendem a um número maior de alunos do que a municipal, os níveis de ensino diferem entre
as três escolas, porém todas apresentam o uso das tecnologias incorporado ao Projeto Político
Pedagógico.
B) Tabela 2 - Infraestrutura disponível
EQUIPAMENTOS
ESCOLA X
ESCOLA Y
ESCOLA Z
Televisão
X
X
X
DVD Player
X
X
X
Retroprojetor
X
X
X
Datashow
X
X
X
Notebook
X
X
X
Máquina Fotográfica Digital
X
X
X
Lousa Digital
X
Filmadora
Laboratório de Informática
X
X
X
Acesso à Internet
X
X
X
Fonte: dados da pesquisa, 2013.
Quanto à infraestrutura disponível, foi possível comprovar nos resultados descritos na
tabela 2, que todas as escolas possuem equipamentos tecnológicos disponíveis, inclusive
laboratório de informática com acesso à internet.
36
Tabela 3 – Localização dos Computadores
LOCAIS
EM
QUE
HÁ
COMPUTADORES
ESCOLA X
ESCOLA Y
Sala dos Professores
X
X
Secretaria
X
X
Diretoria
X
X
X
X
ESCOLA Z
Sala de Aula
Biblioteca
Laboratório de Informática
X
Fonte: dados da pesquisa, 2013.
Nas instituições estaduais pesquisadas, conforme dados da tabela 3, os computadores
encontram-se disponíveis aos professores em diversos locais das escolas, enquanto na escola
municipal estão localizados somente no laboratório de informática. Além disso, a tabela 4
demonstra que o número de computadores é maior nas escolas estaduais do que na municipal.
Tabela 4 – Computadores do Laboratório de Informática
QUANTIDADE
DE
ESCOLA X
ESCOLA Y
ESCOLA Z
32
28
18
COMPUTADORES
NO
LABORATÓRIO
DE INFORMÁTICA
Fonte: dados da pesquisa, 2013.
Os dados apresentados confirmam que o MEC/FNDE, cumpriu com sua parte
correspondente ao programa PROINFO, distribuindo computadores e instalando laboratórios
de informática nas escolas públicas. Porém, a tabela 5, apresentada abaixo, demonstra uma
falha no programa quanto à contratação de profissionais especializados em informática para
prestarem apoio aos professores, parte que caberia aos governos locais e que não está sendo
cumprida, pelo menos no âmbito estadual, uma vez que somente a escola municipal possui
esse profissional. Portanto, não há possibilidade de implantação da ação proposta por Costa e
Fernandes (2013), quanto à atuação do profissional especializado em informática como
formador dos colegas.
37
C) Tabela 5 - Profissional para apoio e manutenção técnica
ITENS
Possui
ESCOLA X
ESCOLA Y
ESCOLA Z
Não
Não
Sim
Quando estragam
Quando estragam
Quando estragam
Funcionário da
Funcionário da
Funcionário da
Secretaria de
Secretaria de
Secretaria de
Educação ou outro
Educação ou outro
Educação ou outro
órgão do governo.
órgão do governo.
órgão do governo.
Profissional
Responsável
pelo
Laboratório
de
Informática
Manutenção
dos
Equipamentos
Profissional que faz
a manutenção
Fonte: dados da pesquisa, 2013.
Outro dado apresentado na Tabela 5 refere-se à manutenção dos equipamentos que nas
três escolas, é realizada apenas quando os equipamentos estragam e o profissional responsável
pela manutenção é um funcionário da secretaria de educação ou outro órgão do governo.
D) Tabela 6 - Obstáculos para integração das TICs:
ITENS
ESCOLA X
ESCOLA Y
ESCOLA Z
Opinião do Diretor
Falta de recursos
Falta de recursos
Falta de motivação
maior
humanos para apoio
humanos para apoio
dos professores.
na
ao professor em suas
ao professor em suas
dificuldades.
dificuldades.
quanto
obstáculo
ao
integração das TICs.
Fonte: dados da pesquisa, 2013.
Os diretores foram questionados quanto ao maior obstáculo que precisa ser
ultrapassado para que haja uma real integração das tecnologias no ensino aprendizagem. Nas
duas escolas estaduais, que não possuem funcionário responsável pelo laboratório de
informática, os diretores indicaram a falta de recursos humanos para apoio ao professor em
suas dificuldades. Porém na escola municipal, na qual há esse profissional, o diretor
considerou a falta de motivação dos professores como maior obstáculo.
38
Com base nos dados levantados através dos questionários respondidos pelos diretores
é possível concluir que tanto as escolas estaduais quanto municipais possuem equipamentos
tecnológicos disponíveis para serem utilizados pelos professores em suas práticas pedagógicas
e o uso das tecnologias faz parte do Projeto Político Pedagógico dessas instituições. No
entanto, essas constatações não significam que o uso das tecnologias está contribuindo para a
melhoria do processo educacional.
4.2 Análise dos Questionários dos Professores
A)
A primeira parte dos questionários destinados aos professores objetivou a identificação
do perfil dos treze entrevistados que conforme demonstrado no gráfico 1 correspondem em
sua totalidade ao sexo feminino.
Gráfico 1 – Professores por sexo:
Fonte: dados da pesquisa, 2013.
O gráfico 2 apresenta o nível de formação das entrevistadas que em sua maioria são
graduadas e possuem especialização. Apenas uma das professoras questionadas ainda está
cursando graduação.
39
Gráfico 2 – Nível de Formação:
Fonte: dados da pesquisa, 2013.
Os dados do gráfico 3 referem-se ao tempo de atuação das professoras e comprova que
somente três delas atuam há menos de cinco anos, cinco atuam entre cinco e vinte anos e as
outras cinco estão atuando há mais de vinte anos.
Gráfico 3 – Tempo de Atuação:
Fonte: dados da pesquisa, 2013.
40
O gráfico 4 apresenta os dados referentes à formação específica em cursos de
informática e tecnologia na educação.
Gráfico 4 - Cursos de Informática e Tecnologia na Educação:
Fonte: dados da pesquisa, 2013.
Ao analisar os resultados obtidos na pesquisa, quanto à capacitação das docentes para
uso das tecnologias, verifica-se que a maioria das professoras possui apenas cursos de
informática que, segundo Valente (1999), não é suficiente para se obter bons resultados nas
práticas pedagógicas aliadas ao uso das tecnologias.
[...] a formação desse professor envolve muito mais do que provê-lo com
conhecimento sobre computadores. O seu preparo não pode ser uma simples
oportunidade para passar informações, mas deve propiciar a vivência de uma
experiência que contextualiza o conhecimento que ele constrói. (VALENTE, 1999,
p. 02)
Para Tajra (2008), a capacitação do professor também é fundamental para que haja
sucesso na aplicação da tecnologia na educação.
Um dos fatores primordiais para a obtenção do sucesso na utilização da informática
na educação é a capacitação do professor perante essa nova realidade educacional. O
professor deve estar capacitado de tal forma que perceba como deve atuar a
integração da tecnologia com a sua proposta de ensino. (TAJRA, 2008, p. 105).
41
B)
A segunda parte do questionário visou diagnostigar a fluência digital das docentes,
identificando quais atividades são desenvolvidas usando os computadores e como os recursos
tecnológicos são utilizados.
Gráfico 5 - Recursos/equipamentos utilizados no auxílio às aulas:
Fonte: dados da pesquisa, 2013.
A partir dos dados apresentados no Gráfico 5 foi possível comprovar que
equipamentos como televisão, DVD, Datashow e notebook são utilizados por grande parte das
entrevistadas, no entanto, o laboratório de informática somente é utilizado por três delas.
Ao deixar de utilizar o laboratório de informática, o professor também deixa de
enriquecer suas aulas através de um dos maiores recursos tecnológicos disponíveis na
atualidade: a internet, que para Tajra (2008) traz muitos benefícios para a educação,
permitindo além da realização de pesquisas de maneira mais rápida e com dados mais
atualizados o intercâmbio e a troca de informações e experiências entre professores e alunos.
A Internet é mais um dos motivos da necessidade de mudança do papel do professor.
Ela é uma oportunidade para que professores inovadores e abertos realizem as
mudanças de paradigma. A Internet é ilimitada; a cada momento são inseridas,
excluídas e alteradas suas páginas. (TAJRA, 2008, p. 135).
A internet é também, de acordo com Pais (2002, p. 16), “[...] uma das mais
importantes criações dos últimos tempos para a melhoria dos sistemas de informação e de
comunicação e, consequentemente, para ampliar as formas de aprender e de ensinar”.
42
Em seguida foi questionado se os computadores são utilizados pelas docentes para
executar tarefas realizadas extra-classe. O gráfico 6 demonstra que apesar da maioria das
professoras não utilizar o laboratório de informática com seus alunos,
o uso dos
computadores para planejamento de aulas, pesquisas, elaboração de atividades e
compartilhamento de informações, faz parte das suas rotinas pedagógicas.
Gráfico 6 - Uso dos computadores e internet para realizar atividades:
Fonte: dados da pesquisa, 2013.
C) Na terceira e última parte do questionário investigou-se os obstáculos pessoais ou
existentes na escola que dificultam o uso dos recursos tecnológicos.
Tabela 7 – Dificuldades para o uso de computadores na escola:
Quanto ao uso dos recursos
ESCOLA X
ESCOLA Y
ESCOLA Z
Espaço físico inadequado.
0
2
2
Indisciplina dos alunos.
2
3
1
2
2
1
tecnológicos na escola:
Número
insuficiente
computadores.
de
43
Falta de softwares ou materiais
didáticos.
Falta
de
0
1
2
5
5
0
3
4
2
1
3
0
1
2
0
0
2
2
3
2
1
profissional
especializado em informática.
Número elevado de alunos por
turma.
Falta de familiaridade com o uso
dos recursos da informática.
Limitação
do
acesso
aos
computadores por problemas de
segurança.
Falta de acesso à internet ou
acesso lento.
Dificuldade
em
trabalhar
os
conteúdos usando os recursos da
informática.
Fonte: dados da pesquisa, 2013.
A tabela 7 comprova que nas escolas estaduais, a falta de profissional especializado
para apoio às atividades utilizando recursos da informática, foi apontada como maior
obstáculo para o uso dos computadores, em seguida está o número elevado de alunos por
turma e a indisciplina dos alunos. Na escola municipal, que possui o profissional que presta
apoio aos professores, os maiores obstáculos apontados foram: o espaço físico inadequado,
falta de materiais didáticos, número elevado de alunos por turma e acesso lento à internet.
Os dados relativos ao profissional responsável pelo laboratório de informática vão
contra a definição do governo sobre a presença de um especialista em cada escola. Presença
que segundo Costa e Fernandes (2013), poderia contribuir até mesmo para a capacitação dos
professores “é fundamental fazer com que esse profissional atue como um formador dos
colegas, ajudando-os a se familiarizar com as ferramentas tecnológicas” (COSTA;
FERNANDES, 2013, p. 15).
44
Tabela 8 – Obstáculos Pessoais:
Quanto ao uso dos recursos
tecnológico nas aulas:
ESCOLA X
ESCOLA Y
ESCOLA Z
Têm dificuldades em usar.
4
3
0
Não sabe como utilizá-los em
0
2
0
0
1
0
3
2
1
0
0
1
0
0
0
0
1
0
3
2
3
1
2
3
suas aulas.
Nunca recebeu orientações sobre
como utilizar.
Os alunos dominam melhor as
tecnologias.
Não se sente motivado a usar.
Não
conhece
pedagógicas
do
vantagens
uso
das
tecnologias em suas aulas.
Não utiliza porque a escola não
possui recursos apropriados e/ou
suficientes.
Usa os recursos tecnológicos para
tornar as aulas mais atrativas.
As tecnologias facilitam suas
rotinas pedagógicas.
Fonte: dados da pesquisa, 2013.
Os dados da tabela 08 demonstram que: nas escolas estaduais, as docentes têm
dificuldades em usar os recursos tecnológicos, consideram que os alunos dominam melhor as
tecnologias do que elas e somente a metade afirma utilizar esses recursos para tornar suas
aulas mais atrativas. Na escola municipal, todas afirmam utilizar os recursos tecnológicos
para tornar suas aulas mais atrativas e que esses recursos facilitam suas rotinas pedagógicas.
Esses resultados comprovam que apenas implantar o uso dos computadores nas
escolas não garante melhorias e que conforme Oppenheimer (1997 apud Godoy, 2008), mais
urgente se faz investir na formação dos professores e em aulas práticas, colocar menos alunos
em cada sala de aula, promover excursões e experiências com os alunos.
45
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo foi realizado a partir de questionamentos sobre a incorporação dos
recursos tecnológicos aos projetos pedagógicos das escolas e à prática pedagógica dos
professores de Língua Portuguesa. Objetivou-se, portanto, investigar e analisar o uso das
tecnologias da informação e da comunicação pelos professores de Língua Portuguesa em
escolas públicas de Pará de Minas, buscando direcionamentos para a incorporação dessas
tecnologias ao ambiente educacional.
Após realizar o levantamento bibliográfico, foram estudados vários trabalhos
desenvolvidos na mesma linha de estudo, através de livros, artigos, dentre outros e foi
possível adquirir um melhor entendimento do tema a ser investigado. Em seguida partiu-se
para a pesquisa de campo e os dados coletados foram descritos e analisados.
Os resultados obtidos demonstram que houve um investimento do governo em
recursos tecnológicos e todas as escolas investigadas possuem, além de outros equipamentos,
laboratório de informática com acesso à internet. No entanto, a maioria dos professores dessas
escolas não possui formação específica em tecnologia educacional e sentem-se despreparados
para aplicar tais recursos em suas práticas pedagógicas.
Dentre os dados apurados outro fator que não contribui para a incorporação das
tecnologias na educação é a falta de profissional especializado em informática para prestar
apoio e até mesmo contribuir para a formação dos professores.
Portanto, é fundamental a realização de outras pesquisas mais aprofundadas sobre o
tema, levando a maiores discussões sobre a inserção das tecnologias na prática pedagógica.
Esses estudos e debates precisam proporcionar a criação de estratégias de ensino voltadas para
a incorporação das ferramentas tecnológicas visando à melhoria do processo ensinoaprendizagem.
46
REFERÊNCIAS
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conhecimento. 2008. Disponível em <http://www.artigonal.com/educacao-artigos/tema-asnovas-tecnologias-da-educacao-o-computador-como-transmissor-do-conhecimento-o-projeto656447.html>. Acesso em 05 mar. 2013.
COSCARELLI, Carla Viana. Novas tecnologias, novos textos, novas formas de pensar.
Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
COSTA, Renata, FERNANDES, Elisangela. Computador na Educação: modo de usar.
Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/pdf/especial-computador-internet.pdf>,
Acesso em 07 mar. 2013.
GIL, Antônio Carlos.Como elaborar projetos de pesquisa. - 4. ed. - São Paulo: Atlas, 2002.
GODOY, Eliana Gonçalves Ulhôa. Contribuições da Metodologia de Projetos na
integração das Tecnologias de Informação e Comunicação - TIC nos Processos
educativos na Educação Básica. Belo Horizonte: 2008. Disponível em:
<http://www.tecnologiadeprojetos.com.br/banco_objetos/%7B2709471B-0A69-4BC7-8C28FACC0DD639F7%7D_Projeto%20de%20Pesquisa%20Eliana%20Ulhoa.pdf>. Acesso em:
05 mar. 2013
LAKATOS, Eva Maria. MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia
científica. - 5. ed. - São Paulo : Atlas 2003.
PAIS, Luiz Carlos. Educação Escolar e as Tecnologias da Informática. Belo Horizonte:
Autêntica, 2002.
PROINFO. Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/programas/programa-nacional-detecnologia-educacional-proinfo/proinfo-perguntas-frequentes>. Acesso em 26 ago. 2013.
SANTOS, Liliane; SIMÕES, Darcilia (orgs.). Ensino de Português e Novas Tecnologias.
Coletânea de textos apresentados no I SIMELP. Rio de Janeiro: Dialogarts, 2009. 160 p.
Disponível em: <http://www.dialogarts.uerj.br/arquivos/livro_simelp_1.pdf>. Acesso em 27
ago. 2013.
TAJRA, Sanmya Feitosa. Informática na Educação: novas ferramentas pedagógicas para o
professor na atualidade. 8 ed. São Paulo: Érica, 2008.
VALADARES, Flavio Biasutti. Ensino de Língua Portuguesa, Hipertexto e Uso de Novas
Tecnologias. Sinergia, São Paulo, v. 13, n. 1, p. 71-76, jan./abr. 2012. Disponível em
<http://www2.ifsp.edu.br/edu/prp/sinergia/complemento/sinergia_2012_n1/pdf_s/segmentos/
artigo_08_v13_n1.pdf>. Acesso em 08 set. 2013.
VALENTE, José Armando. O computador na sociedade do conhecimento. Campinas, SP:
1999. Disponível em:
<http://www.fe.unb.br/catedraunescoead/areas/menu/publicacoes/livros-de-interesse-na-areade-tics-na-educacao/o-computador-na-sociedade-do-conhecimento>. Acesso em: 06 abr.
2013.
47
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO PARA OS DIRETORES
ESCOLA:____________________________________________________________
Quantos alunos a escola atende em média?_________________________________
Quais os níveis de ensino? ______________________________________________
O uso das novas tecnologias faz parte do Projeto Pedagógico da escola?
_____________________________________________________________________
Quantos professores de Língua Portuguesa a escola possui? ___________________
Foi oferecido algum curso de formação em tecnologia da informação aos professores
da escola recentemente? ________________________________________________
Marque um X nos equipamentos abaixo que a escola possui:
(
) Televisão
(
) DVD Player
(
) Retroprojetor
(
) Datashow
(
) Notebook
(
) Máquina fotográfica Digital
(
) Lousa digital
(
) Filmadora
(
) Não possui
A escola possui laboratório de informática?__________________________________
Quantos computadores há no laboratório?___________________________________
Os professores de Língua Portuguesa utilizam o laboratório para desenvolver atividades com seus
alunos? ________________________________________________________
Existe um funcionário responsável pelo laboratório de informática?
_____________________________________________________________________
48
Quanto à manutenção dos equipamentos:
( ) Não há manutenção
( ) Só há manutenção quando quebra
( ) Há manutenção preventiva
Quem faz a manutenção dos equipamentos?
( ) Funcionário da escola
( ) Funcionário da secretaria de educação ou outro órgão do governo.
( ) Empresa contratada pela escola
( ) Outros
A escola possui acesso à internet? ___________________________
A escola possui um site ou blog na internet? ___________________
Caso possua quem elaborou?
( ) Professor ou técnico responsável pelo laboratório de informática
( ) Professores
( ) Alunos
( ) Diretoria
( ) Secretaria
( ) Empresa privada
Em que locais há computadores disponíveis para os professores utilizarem?
( ) Sala dos professores
( ) Sala de aula
( ) Secretaria
( ) Diretoria
( ) Biblioteca
( ) Laboratório de Informática
( ) Outros
O número de computadores disponíveis aos professores é suficiente? ____________
Em sua opinião qual é, para a escola, o maior obstáculo a ser ultrapassado para que haja uma real
integração das tecnologias no ensino aprendizagem?
( Indique somente uma opção)
(
(
) Falta de equipamentos e instalações apropriadas.
) Falta de recursos humanos para apoio ao professor em suas dúvidas e dificuldades.
(Existência de um técnico em informática para atender aos professores)
(
) Falta de formação específica para operar os equipamentos tecnológicos.
(
) Falta de softwares (programas) e recursos digitais apropriados.
(
) Falta de motivação dos professores.
(
) Outro.
Especificar _______________________________________________________
49
APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO PARA OS PROFESSORES
Idade: _________
Sexo: (
Escola: (
(
) Estadual
) Feminino
( ) Masculino
) Municipal
Nível de Formação:_____________________________________________________
Há quanto tempo atua como professor de Língua Portuguesa?__________________
Você considera que sua formação contribuiu para o uso das tecnologias na educação?
(
) Nada
(
) Pouco
(
) Razoavelmente bem
(
) Bem
(
) Muito bem
Você possui cursos de informática?
(
) Sim
(
) Não
Você possui formação específica em tecnologia na educação?
(
) Sim
(
) Não
Nas próximas perguntas, assinale quantas alternativas julgar necessárias.
Quais recursos/equipamentos você utiliza como auxílio à suas aulas?
(
) Televisão
(
) DVD Player
(
) Retroprojetor
(
) Datashow
(
) Notebook
(
) Máquina fotográfica Digital
(
) Lousa digital
(
) Filmadora
50
(
) Laboratório de Informática
(
) Não utilizo
Utiliza computadores e internet para realizar as seguintes atividades:
(
) Planejar aulas.
(
) Pesquisar/elaborar materiais, atividades e/ou conteúdos para as aulas.
(
) Preparar atividades para os alunos.
(
) Trocar e/ou compartilhar informações com outros professores.
(
) Não utilizo.
Dificuldades para o uso de computadores na sua escola:
(
) Espaço físico inadequado.
(
) Indisciplina dos alunos.
(
) Número insuficiente de computadores ou computadores defeituosos.
(
) Falta de softwares ou materiais didáticos.
(
) Falta de profissional especializado em informática para fornecer suporte ao uso dos
recursos da informática.
(
) Número elevado de alunos por turma.
(
) Falta de familiaridade com o uso dos recursos da informática ou receio de usá-los.
(
) Limitação do acesso aos computadores por problemas de segurança.
(
) Falta de acesso à internet ou acesso lento.
(
) Dificuldade em trabalhar os conteúdos usando os recursos da informática.
Quanto ao uso dos recursos tecnológicos em suas aulas:
(
) Tenho dificuldades em usar os recursos tecnológicos em minhas aulas.
(
) Uso os recursos tecnológicos somente em meu benefício, pois não sei como utilizá-los
em minhas aulas.
(
) Nunca recebi orientações de como utilizar as tecnologias como recurso pedagógico.
(
) Os meus alunos, em muitos casos, dominam as tecnologias melhor do que eu.
(
) Não me sinto motivado para usar as tecnologias com meus alunos.
51
(
) Não conheço as vantagens pedagógicas do uso das tecnologias em minhas aulas.
(
) Não utilizo porque a escola não dispõe de recursos apropriados e/ou suficientes.
(
) Uso os recursos tecnológicos para tornar minhas aulas mais atrativas.
(
) As tecnologias facilitam minhas rotinas pedagógicas.
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