EDUCAÇÃO INFANTIL:
UMA SEMANA DE AVENTURAS COM DINOSSAUROS
BELING, Vívian Jamile – UFSM
[email protected]
RIBEIRO, Amanda de Cassia Borges – UFSM
[email protected]
Eixo Temático: Práticas e Estágios nas Licenciaturas
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
Este trabalho consiste em um relato da vivencia realizado durante o 7º semestre do curso de
Pedagogia Licenciatura Plena, da Universidade Federal de Santa Maria, que proporcionou
contato direto com uma escola de Educação Infantil, durante o 1º semestre deste ano (2011).
Bem como, a construção de novos conhecimentos, a partir das peculiaridades da organização
da escola, que prioriza o respeito pela dignidade na infância e pela liberdade na
aprendizagem, como exercício de democracia na educação. Apresentamos aqui a proposta do
trabalho, contextualização do campo e atividades desenvolvidos com uma turma multi-idades
de Educação Infantil, embasada em uma proposta metodológica de projetos pedagógicos.
Essa forma de trabalho possibilita uma aprendizagem significativa e prazerosa, promovendo
de forma interdisciplinar uma articulação entre conhecimentos científicos, e a realidade
espontânea oriundas dos interesses das crianças. O título “Educação Infantil: uma semana de
aventuras com dinossauros”, se deve à temática do projeto que foi desenvolvido com a turma.
Estas criaturas gigantescas que habitaram o planeta a milhões de anos atrás chamam atenção
não só das crianças, mas povoam um imaginário que inspira filmes e animações que
reconstroem habitats e dão vida ao que já se extinguiu. Nossa proposta neste projeto foi a de
proporcionar vivencias lúdicas de ambientes, sons, e imagens que possibilitem
questionamentos e alimentem a curiosidade sobre a existência e extinção desses animais, com
o objetivo de agregar novos conhecimentos sobre o tema proposto através da observação, da
investigação, de questionamentos, e discussões. Foi possível observar que são nos momentos
lúdicos recheados de brincadeiras que os conhecimentos são adquiridos durante o processo de
crescimento intelectual dessas crianças. Neste sentido procuramos apresentar uma breve
reflexão sobre as intervenções realizadas reconhecendo a oportunidade que tivemos de estar
durante este período em espaço diferenciado e privilegiado de Educação Infantil.
Palavras-chave: Pedagogia. Educação Infantil. Projetos pedagógicos. Turma multi-idades.
Prática pedagógica.
Considerações Iniciais
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Há fim de proporcionar um conhecimento teórico-prático acerca da formação
pedagógica, o curso de Pedagogia Licenciatura Plena Diurno - da Universidade Federal de
Santa Maria (UFSM) - oferece em seu currículo, no sétimo semestre, as disciplinas MEN
1175 – Prática de Ensino na Educação Básica: Inserção e Monitoria, e MEN 1169 Organização da Ação Pedagógica.
Da proposta destas disciplinas decorrem atividades de observação e intervenção em
escolas de Educação Infantil, e de Anos Iniciais. Neste trabalho relatamos a experiência que
tivemos em uma escola de Educação Infantil localizada na região de Camobi, bairro de Santa
Maria, apresentando algumas reflexões com base nestas atividades que permitiram um contato
direto com a realidade da escola - sua estrutura, funcionamento, ações pedagógicas, o trabalho
realizado pelos professores e alunos - e a vivencia de uma prática, que proporcionou a
construção de novos conhecimentos, a partir das peculiaridades de sua organização, que
prioriza o respeito pela dignidade na infância e pela liberdade na aprendizagem, como
exercício de democracia na educação.
Destacamos ainda na realização deste trabalho a descentralização da posição de
observadora de uma determinada realidade, seja ela de escola ou de turma, para “atuante”. Do
papel de aluno observador, para o papel de professor, responsável por além de observar,
pensar, planejar e fazer com que as coisas aconteçam com uma turma de crianças.
Caracterização do campo
Com base em uma observação exploratória apresentamos brevemente a escola que se
mostrou como um espaço diferenciado e instigante dentro da Educação Infantil, para
professores em formação, frente ao descaso vivenciado em experiências anteriores nesta etapa
de ensino.
Esta escola é destinada há filhos de servidores técnico administrativos, professores e
alunos da UFSM. Atende em turno parcial e integral - das 7 horas às 13 horas (turno da
manhã) e das 13 horas às 19 horas (turno da tarde). As crianças são divididas em seis turmas,
sendo quatro delas de Integração, agregando crianças de diferentes idades entre 1 e 6 anos;
uma turma de Maternal III, com crianças de 4 a 5 anos e ainda uma turma de Pré-escola
atendendo crianças dos 5 aos 6 anos. As quatro turmas de integração contam com o trabalho
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de uma professora referência e duas bolsistas auxiliares, a turma maternal III e pré escola
atuam 1 professor referência e um professor bolsista, os professores e auxiliares do turno da
manhã não são as mesmas que atendem no turno da tarde.
As turmas de Integração são o diferencial desta escola, fugindo na normal segregação
por idades elas se constituem em turmas que agregam crianças de diferentes idades em uma
mesma sala. Esta proposta se embasa nos pressupostos da teoria vigostkyana no que tange a
zona de desenvolvimento proximal. Vygotsky (1979, p. 133 apud Coll 1994, p.103) explica
que:
(a zona de desenvolvimento proximal é)... a distância entre o nível real de
desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver independentemente um
problema, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da
resolução de um problema sob a guia de um adulto ou em colaboração com outro
companheiro mais capaz.
Vale ressaltar que a segregação de turmas por idades é uma cultura escolar que se
constituiu, mas não é uma regra. Coll (1994, p. 103) ao falar nos avanços dos estudos
psicológicos sobre o desenvolvimento diz que: A atividade auto-estruturante do aluno, toma
corpo e transcorre não como uma atividade individual, mas como parte integrante de uma
atividade interpessoal que a inclui. E que:
O princípio vygotskiano de que todas as funções psicológicas superiores têm sua
origem nas relações entre as pessoas exige logicamente uma maneira original de
entender o desenvolvimento e a sua vinculação com a aprendizagem. (COLL, 1994,
p. 105)
A escola dispõe de infra-estrutura e mobiliário adequado ao público que atende.
Segundo Bassedas; Huguet e Solé (1999 apud RIBAS, 2008),
(...) ainda que não seja uma condição determinante, o espaço e a sua organização
têm grande influência no bem estar dos profissionais e, principalmente das crianças
pequenas, uma vez que atende as necessidades - jogar, brincar, aprender, dormir,
comer, chegar, brincar ao ar livre, lavar se e fazer suas necessidades fisiológicas.
Assim, o ambiente de aprendizagem deve proporcionar a criança todas as
oportunidades de desenvolver-se no aspecto motor, psicológico, social.
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Observamos que na escola existem momentos de brincadeiras em que é respeitada a
liberdade da criança e valorizado o brincar como uma forma da criança se constituir na cultura
infantil.
(...) a singularidade da criança nas suas formas próprias de ser e de se relacionar
com o mundo; a função humanizadora do brincar e o papel do diálogo entre adultos
e crianças; e a compreensão de que a escola não se constitui apenas de alunos e
professores, mas de sujeitos plenos, crianças e adultos, autores de seus processos de
constituição de conhecimentos, culturas e subjetividades. (BORBA, 2006, p. 34)
Outros momentos as atividades são dirigidas pelas professoras, com objetivos comuns
entre o grupo de crianças. Os trabalhos são organizados a partir da metodologia de projetos
pedagógicos, nos quais se leva em conta não apenas aspectos cognitivos, mas também os
afetivos, permitindo o envolvimento da criança em sua totalidade. Os planejamentos são
feitos sempre levando em conta a realidade sócio-cultural das crianças e partindo de seus
interesses. Barbosa e Horn (2008) corroboram ao explicar que:
A pedagogia de projetos é uma possibilidade interessante em termos de organização
pedagógica porque, entre outros fatores, contempla uma visão multifacetada dos
conhecimentos e das informações. Todo projeto é um processo criativo para alunos
e professores, possibilitando o estabelecimento de ricas relações entre ensino e
aprendizagem, que certamente não passa por superposição de atividades. (p. 53)
Essa forma de trabalho possibilita uma aprendizagem significativa e prazerosa,
promovendo de forma interdisciplinar, articulação entre conhecimentos científicos, e a
realidade espontânea. Nas palavras de Dewey que pode ser considerado um dos precursores
na pedagogia de projetos: mais do que uma preparação para a vida, a educação é a própria
vida!
Proposta e planejamento
A turma que observamos foi a Integração 4, uma turma mista composta por 17
crianças, com idades entre um ano e nove meses e cinco anos e seis messes, e uma aluna
inclusa com oito anos de idade A turma possui uma rotina sem horários rígidos, pensada a
partir das necessidades das crianças e delimitada no planejamento da professora referência em
vários momentos. Por conta da organização do espaço físico da escola, apenas as refeições
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possuem horários delimitados para cada turma, o lanche acontece às nove horas e quinze
minutos, e o almoço às onze e meia.
O espaço jamais é neutro. A sua estruturação, os elementos que o formam,
comunicam ao indivíduo uma mensagem, que pode se coerente ou contraditória
com aquilo que o educador(a) quer fazer chegar a criança. O educador(a) não pode
conformar-se com o meio tal como ele é, deve incidir, transformar, personalizar o
espaço onde desenvolve a sua tarefa, torná-lo seu, projetar-se fazendo deste espaço
um lugar onde a criança encontre o ambiente necessário para desenvolver-se (POL;
MORALES, 1982 p.5 apud MELO, 2007).
A partir das observações realizadas na turma em diversos momentos, pode-se perceber
que o faz de conta é presença constante em diversas brincadeiras, e uma grande diversidade
de interesses e formas de interação com o meio e os colegas devido à diversidade de idades.
Atualmente o projeto que vem sendo desenvolvido com a turma traz como tema
central os dinossauros. Tivemos o privilégio de acompanhar as várias atividades e estudos que
resultaram neste sub-projeto. Tudo começou com a turma elegendo e registrando assuntos e
questionamentos, a partir das investigações realizadas em um projeto “guarda-chuva”, onde
todas as crianças são investigadoras. O tema inicial escolhido foi: “Animais selvagens”.
Depois de realizarem algumas discussões, foi sugerida uma pesquisa com os pais sobre a
diferenciação entre animais selvagens e animais domésticos. Duas irmãs que fazem parte da
turma tinham uma tartaruga de estimação, e a levaram na escola para mostrar aos colegas.
Depois de observarem, tocarem e fazer um várias de perguntas sobre as tartarugas, foram na
sala de informática pesquisar sobre a vida destes animais, foi quando descobriram que um de
seus ancestrais era um dinossauro. A partir do espanto das crianças frente a está informação se
encaminhou um sub-projeto relacionado a temática dinossauros.
Após as observações realizamos com auxilio da professora referencia, supervisão da
coordenação da escola e da professora responsável pelas disciplinas já citadas no inicio do
texto, elaboramos um planejamento para uma semana de intervenção. Ao elaborar o
planejamento nossa intenção foi a de dar continuidade ao trabalho que vinha sendo
desenvolvido na turma. Em decorrência o planejamento se inseriu no sub-projeto que tinha
como tema central DINOSSOUROS. Estas criaturas gigantescas que habitaram o planeta a
milhões de anos atrás chamam atenção não só das crianças, mais povoam um imaginário que
inspira filmes e animações que reconstroem habitats e dão vida ao que já se extinguiu. Em
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decorrência a isso as crianças já trazem de suas vivencias informações e histórias, algumas
vezes bem fantasiosas, sobre os dinossauros.
Como já dito, esta escola possui um metodologia pautada no desenvolvimento de
projetos pedagógicos, com o diferencial de turmas de multi-idades. Desta última característica
decore uma variação múltipla de interesses dentro de uma sala, que devem ser considerados
na hora de planejar. Cada momento foi pensado na perspectiva do desenvolvimento da
autonomia, através da possibilidade de escolhas, e de negociação.
Nossa proposta foi a de proporcionar vivencias lúdicas de ambientes, sons, e imagens
que possibilitem questionamentos e alimentem a curiosidade sobre a existência e extinção
desses animais. O projeto tem a intenção de agregar novos conhecimentos sobre o tema
proposto através da observação, da investigação, de questionamentos, e discussões... Afinal,
os dinossauros existem? Esta é uma das questões geradoras deste projeto, mas cabe lembrar
que este planejamento é apenas um recorte do trabalho desenvolvido, e se torna relevante à
medida que possibilitou vivencias a cerca da temática proposta, não direcionadas apenas aos
aspectos cognitivos, mas também afetivos, permitindo o envolvimento da criança em sua
totalidade.
Relatando a experiência
Cada dia as crianças eram recepcionadas de forma diferente, com jogos, massinha de
modelar, organização diferente dos espaços dentro da sala, livros, ilustrações, bonecos,
sempre relacionados ao tema, dinossauros. Este momento era um momento de acolhida,
procurávamos sempre deixar mais de uma opção de coisas para fazer, além dos materiais
comuns já disponíveis na sala como brinquedos e livros de histórias. Também foram
agregados a este momento brinquedos, livros e músicas trazidas pelas crianças.
As idas da sala até o refeitório para o lanche e para o almoço seguiam as sugestões das
crianças, como por exemplo, imitando “motinhos’ ou
trem, outras vezes seguiam as
sugestões das professoras e aceitas pelas crianças , como ir imitando passos gigantescos de
dinossauros.
As atividades principais aconteciam geralmente depois do lanche nas quais
destacamos primeiramente a atividade de Educação Física com o circuito de atividades.
Realizamos um alongamento com música ambiente e a sala escura. Ainda no tatame
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explicamos como aconteceria o circuito. A história começou a ser narrada, e as crianças foram
envolvidas de forma lúdica nos espaços do circuito. Todos estavam atentos e percorrendo o
circuito de acordo com as orientações. A segunda vez as crianças percorreram o circuito sem
narração de história, um chamava atenção do outro para tomar cuidado com os perigos, como
o lago, a lava do vulcão que foi feita com corda. As crianças começaram a imitar dinossauros,
e dizer, “eu sou o Rex”, nessas horas íamos interferindo para lembrar que éramos um grupo
de dinossauros amigos que devíamos nos respeitar.
Quando as crianças exploraram o circuito, voltamos para o tatame para conversar
sobre a atividade. Então, propomos que reorganizassem o circuito, mas primeiro pedimos que
explicassem oralmente o que mudariam no circuito. Começamos a anotar por escritos as
idéias, tais como: “colocar a corda em L para a gente passar por cima”; “colocar o túnel bem
na frente das mochilas”; o “escorregador podia ser o vulcão”... Eram muitas idéias, todos
queriam participar fazendo alguma coisa diferente, então decidimos começar a organizar o
circuito com as sugestões das crianças, o que demorou bastante tempo, pois uma criança
organizava uma parte do circuito, minutos depois outra criança ia lá e reorganizava. Durante
este momento íamos aconselhando que fossem conversando com os colegas para decidirem
qual seria a melhor forma de organização. Em geral quem reorganizou o circuito foram às
crianças mais velhas, enquanto os menores ficavam na volta explorando os materiais e
querendo já realizar as atividades.
No fim, acabaram sendo agregados ao circuito outros materiais que haviam na sala
como cadeiras que viraram árvores, garrafas pet’s se transformavam em espinhos foi
construída uma enorme ponte em um lago que tinha jacarés, a corda ficou em L bem no
começo do circuito. Os matérias forma de um lado para o outro até chegarem nos lugares em
que ficaram. A sala era um pouco pequena, porém a vivencia foi muito interessante e
significativa tanto para nós professoras, como para as crianças que puderam usar a
imaginação, brincar, negociar a organização do material e vivenciar momentos lúdicos em
que exploraram diversos movimentos como saltar, rastejar, escorregar...
No inicio do segundo dia de intervenção as crianças foram chegando e se envolvendo
na brincadeira com os bonecos de dinossauros, começaram a construir casas para os
dinossauros com os livros.
Foi apresentado para as crianças imagens de animais, estas imagens estavam a
disposição para que as crianças pegassem, olhassem... Foi questionado a elas se havia
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semelhanças entre aqueles animais e quais eles pensavam que ainda existiam. Encontramos
muita dificuldade para classificar as imagens, uns afirmavam “os dinossauros não existem”,
outros “eles existem sim, porque eu já vi.” Um menino, com 4 anos de idade, demorou para se
convencer de que a cobra é uma animal que ainda existe. As crianças maiores participaram da
atividade, enquanto as menores ficaram brincando no outro canto da sala,
Conversamos a partir da pergunta, “se os dinossauros não existem como a gente pode
saber tantas coisas sobre eles?” Foi apresentado a eles um livro de paleontologia, e
aproveitamos para conversar sobre esta palavra, perguntando se eles já tinham escutado, e se
sabiam o que era a paleontologia. Observamos imagens de escavações, fosseis, materiais
utilizados para encontrar diferentes tipos de fosseis que haviam no livro. Sentamos em uma
mesa para assistir dois pequenos vídeos sobre paleontologia, o primeiro da Revista Ciências
Hoje para Crianças on-line1, com animação de dois dinossauros e a explicação sobre o que
são fosseis. O segundo, mais específico, mostrava o trabalho de escavação dos
paleontólogos2, os tipos de fosseis e as formas que são encontrados. Interrompíamos os vídeos
algumas vezes para conversar com as crianças sobre as coisas que apareciam, destacar
imagens de fosseis, e quando pediam para ver alguma coisa melhor.
Propomos a construção do painel com o que já sabiam sobre os dinossauros, porém as
crianças não demonstraram interesse, queriam continuar brincando. Então fizemos um acordo,
de que eles poderiam brincar um pouco e depois realizaríamos o registro no painel. Passado
algum tempo tornou-se inviável retomar o trabalho sem que ele se tornasse desagradável pelo
fato de ter que interromper um momento de brincadeira em que estavam envolvidos.
O terceiro dia de intervenção foi um dia muito legal. As crianças foram recepcionadas
com três espaços. Um dos espaços era composto por uma toca feita de barraca forrada com
papel pardo que imitavam as rochas e o solo, e ovos de dinossauro feitos de balão cobertos
com camadas de papel para ficarem firmes. Outro espaço era uma caverna feita também de
papel pardo amassado, tinhas galhos, folhas, e dentro dela bonecos de dinossauros. O terceiro
espaço imitava o mar, com tiras de TNT azul pendurados no teto, colchonetes azuis no chão, e
imagens de tartaruga e tubarão. Fora dos espaços também haviam imagens de dinossauros,
como o triceratops e pterodactilo.
1
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Disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=hsrhe2xb6aQ>. Acesso em: 06 abr. 2011.
Disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=an0uErs72P8>. Acesso em: 06 abr. 2011.
14480
As crianças exploraram os três espaços, fizeram uma gritaria quando viram o tubarão
no espaço mar, entravam e saiam correndo.
A professora Amanda levou um dinossauro Rex de brinquedo, a pilha que se
movimentava, emitia som, e ligava uma luz vermelha na língua e olhos. Ele foi colocado
primeiro na toca depois na caverna, a luz foi da sala apagada e o brinquedo e ligado, as
crianças adoraram, as menores sentiram medo, então explicávamos que era só um brinquedo,
que podiam tocar, olhar, e que podia ser ligado e desligado.
Também ouvimos os sons que emitiam algumas espécies de dinossauros em uma
gravação no rádio, de mesma forma as crianças menores sentiram medo, alguns ficavam no
colo, e vinham bem perto da gente, mas sempre explicávamos que era só um som que vinha
do rádio, não havia o que temer. Neste dia o lanche foi feito na caverna.
Foi proposto para as crianças a criação de fantasias de dinossauros, com nosso
auxilio, utilizando papel, cola tesoura retalhos de tecido coloridos, TNT, e canetinhas,. A
maioria amarrou uma tira de TNT de um punho até o outro, passando a tira pelas costas, para
imitar asas e se transformarem em pterodátilos. Os furos no lugar dos olhos nas mascaras e a
corda para prende-la na cabeça foi feita pelas professoras.
As crianças continuaram brincando com suas fantasias, brinquedos da sala e
brinquedos que tinham trazido de casa.
Podemos afirmar, a partir destas reflexões, que o brincar é um espaço de
apropriação e constituição pelas crianças de conhecimentos e hábitos no âmbito da
linguagem, da cognição, dos valores e da sociabilidade. E que esses conhecimentos
se tecem nas narrativas do dia-a-dia, constituindo os sujeitos e a base para muitas
aprendizagens e situações em que são necessárias o distanciamento da realidade
cotidiana, o pensar sobre o mundo e o interpreta-lo de novas formas, bem como o
desenvolvimento conjunto de ações coordenadas em torno de um fio condutor
comum. (BORBA, 2006, p.39)
Considerações finais
Estávamos em um espaço privilegiado, que nos permitiu o gosto de perceber como é
possível uma Educação Infantil de qualidade.
Podemos observar também que em momentos lúdicos recheados de brincadeiras que
os conhecimentos são adquiridos e se fazem presentes durante o processo de crescimento
intelectual dessas crianças. Barbosa e Horn ainda afirmam:
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O trabalho de projetos reage contra o verbalismo, os exercícios de memória, os
conhecimentos acabados, colocando os alunos em condições de adquirir, investigar,
refletir, estabelecer um propósito ou um objetivo. (BARBOSA e HORN, 2008 p.
54)
Os objetivos propostos relacionados ao desenvolvimento da motricidade ampla,
estímulo da criatividade, autonomia e respeito com os colegas, respectivamente, foram
alcançados. Obviamente que é necessário considerar a diferença entre as crianças, e perceber
mais claramente que possuem interesses diferentes, e aprendem convivendo uns com os
outros.
Tivemos dias em que foi possível desenvolver todas as atividades previstas, em outros
não , por isso alguns dos objetivos foram atingidos parcialmente, o que não é algo ruim, mas
demonstra o quanto ainda devemos observar e refletir para aproximar o nosso pensar e fazer
pedagógico em relação às crianças. Um exemplo disso foi a atividade de classificação dos
animais que existem e os que não existem, mesmo assim em parte o objetivo foi alcançado, à
medida que permitiu discussões tais como sobre a existência ou não dos dinossauros. Em sala
com multi-idades é necessário considerar a diversidade de interesses e ter sempre uma “carta
na manga”, fazer um jogo para que todas as crianças possam se interessar pelo trabalho que
está sendo proposto. Pautada na proposta de permitir a autonomia das crianças através de
escolhas e a flexibilidade do planejamento, acreditamos que, permitir que as crianças
brincassem em vez de realizar registros, como havia no planejamento foi uma forma de
respeitar suas escolhas e vontades. Obrigar a criança a fazer algo que não quer é apenas uma
forma de tornar aquele momento em algo desagradável, maçante, o que acaba se tornando um
trabalho sem significado. Quando o planejamento é voltado para a criança, e se entende que
ela é agente na construção do conhecimento ele se torna uma ferramenta de extrema
flexibilidade, que respeita as escolhas e vontades das crianças.
O brincar não é sem intencionalidade, é um espaço privilegiado desta fase da vida que
deve ser respeitado.
Os estudos da psicologia baseados em uma visão histórica e social dos processos de
desenvolvimento infantil apontam que o brincar é um importante processo
psicológico, fonte de desenvolvimento e aprendizagem. (BORBA, 2006, p.35)
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Nesses momentos as crianças tomam decisões, expressam sentimentos e valores,
exploraram a natureza de sua cultura, do mundo, dos objetos, das pessoas, do espaço onde se
encontram, da linguagem, da experimentação, da resolução de conflitos, da compreensão do
movimento e reconhecimento do eu e do outro.
É importante demarcar que no brincar as crianças vão se constituindo como agentes
de suas experiências sociais, organizando com autonomia suas ações e interações,
elaborando planos e formas de ações conjuntas, criando regras de convivência social
e de participação nas brincadeiras. Neste processo instituem coletivamente uma
ordem social que rege as relações entre pares e se afirmam como autoras de suas
práticas sociais e culturais. (BORBA, 2006, p.41)
Quando a modificação do espaço, percebemos resultados muito positivos com a
organização dos cantos, ou seja, de espaços diferenciados na sala. Eles possibilitam vivencias
significativas e instigantes, que motivam, incentivam a criatividade e permitem as crianças
imaginar. O professor interage nestes espaços como um mediador, um problematizador
através da organização do espaço, de algo concreto. Neste dia todos se envolveram nas
atividades, tanto os menores quanto os maiores, nem sempre isso é possível, mas observa-se
que a intervenção e organização do espaço é uma forma de aproximação dos interesses.
REFERÊNCIAS
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Alegre: Artmed, 2008.
BORBA, A.M. O brincar como um modo de ser e estar no mundo: IN BRASIL.
MEC.SEB.Ensino Fundamental de 9 anos: Orientações para a inclusão da criança de seis anos
de idade. MEC: Brasília, 2006.
COLL, C.; SOLÉ, I. 1. Os professores e a concepção construtivista. IN: COLL; [et. al.]
tradução de: El constructivismo en el aula. Editora Ática: São Paulo, 1998.
DALMOLIN, I.S.; TOMAZETI, C.M. Turma integração: o novo que assusta surpreende e
apaixona. In: 25ª JORNADA ACADÊMICA INTEGRADA DA UFSM, 2010. Santa Maria.
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Disponível
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MELO, R.M. de. A rotina e a organização espacial na instituição de Educação Infantil como
meio auxiliar do processo de desenvolvimento da primeira infância. Revista Científica
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MOURA, M. C. Organização do espaço: contribuições para uma educação infantil de
qualidade. 2009. 121 f. Dissertação (Mestrado em Educação)-Universidade de Brasília,
Brasília, 2009.
RIBAS, A.J.; VOLINO, D.C.R. Ambiente de aprendizagem do movimento na educação
infantil. Universidade Federal do Paraná. Educação em Destaque, Juiz de Fora, v. 1, n. 2, p.
15-29, 2. sem. 2008.
SALVADOR, C.C. Aprendizagem escolar e construção do conhecimento. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1994.
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