Blog Burajiru e kaerou por Adriana Nakamura
Dez entrevistas em uma semana
E lá vou eu começar uma bateria infinita de decupagens!
Semana passada eu gravei todos os dias. Terça e quinta, até duas vezes no
mesmo dia! E teria gravado no domingo, se eu não tivesse chegado à casa da
minha entrevistada e levado um bolo…
Com todas essas gravações e ainda reservando um tempo para ficar doente
(uma virose que me derrubou na terça à noite, depois da gravação, e me fez
passar a quarta-feira, depois de gravar de manhã, na sala de espera do Pronto
Socorro do Hospital Metropolitano), eu não tive como continuar o esquema
“grava e decupa”, que eu vinha seguindo. Além disso, ainda tive de correr atrás
de um HD externo essa semana, porque meu computador tinha não mais do
que 1Gb de espaço na memória. Pois é, gravar em High Definition ocupa muita
memória, meu computador não deu conta. Fui à ECA e consegui um HD de
2Tb emprestado, mas a data limite para devolução é quarta-feira. Não tive
muito tempo para fazer pesquisas de preço. Então, com a ajuda do meu
namorado, Marcelo, fizemos um rastreamento pela internet e demos uma
rápida olhada em algumas lojas no sábado. O que me pareceu o melhor custo
benefício foi um modelo da Seagate, de 750Gb. Comprei pelo site das Lojas
Americanas, pois esse aparelho só é vendido pela Americanas.com. Espero
que ele chegue à minha casa até quarta.
Segue um resumo das entrevistas da semana passada, que eu começarei a
decupar assim que finalizar este post:
SEGUNDA-feira (9 de abril)
Voltando de São José dos Campos, onde passei o final de semana de Páscoa
com meus pais e familiares, fui direto para a Nicom para tentar falar novamente
com o Maeda e com o Yida. Precisava regravar o trecho do Maeda que ficara
sem áudio e pedir fotos da época que eles moravam no Japão. Pois é, eu tinha
esquecido desse detalhe importantíssimo quando os entrevistei no dia 30 de
março.
No final das contas, nem sei se valeu muito à pena eu ter voltado lá para isso,
porque os dois disseram não ter fotos da época. De qualquer forma, se eu
decidir usar a entrevista do Maeda no vídeo, já tenho a parte que ficara sem
áudio.
TERÇA-feira (10 de abril)
Pela manhã, entrevistei a Célia Abe Oi,
Coordenadora
de
Comunicação
da
Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e
de Assistência Social, e ex-Diretora do
Museu da Imigração Japonesa. Gravei com
ela no jardinzinho do Bunkyô, no bairro da
Liberdade. Foi bastante produtivo, pois ela
traçou
uma
linha
histórica
de
acontecimentos que guiaram os movimentos
migratórios entre o Brasil e o Japão.
Às 18h do mesmo dia, eu tinha marcada
uma entrevista com o Fábio Bunji
Kuramoto. O Fábio, eu encontrei por uma
indicação do Maeda, da Nicom. Essa foi
uma entrevista um tanto custosa para mim,
pois a casa dele fica em uma região bem
distante em São Paulo, em relação aos
lugares que eu conheço. Então acabei me
perdendo de carro, o GPS do meu celular
parou de funcionar e passei sozinha por
alguns lugares que, se minha mãe visse, teria tido um ataque do coração de
tanta preocupação! rs Mas no final deu tudo certo.
QUARTA-feira (11 de abril)
Fui à Vila Mariana para conhecer
o empresário Marcos Haniu.
Dono de uma empresa de
headhunting, Haniu me recebeu
em sua sala de reuniões e me
concedeu
uma
entrevista
bastante esclarecedora. Ele deu
dicas para arrumar um emprego
aqui no Brasil aos brasileiros que
voltam do Japão, o que me
pareceu bastante interessante
colocar no documentário. Ao final
da conversa, Haniu já estava querendo até arrumar um novo trabalho para o
meu pai! rs
A entrevista com o Marcos foi antes do almoço. Logo depois, fui a um
restaurante com duas de suas funcionárias, Andréia e Sueli. As duas já
moraram no Japão. Infelizmente, a Andréia não se encaixa no tema do meu
filme. Mas a Sueli era tantosha (funcionária de empreiteira que fazia a ponte
entre os dekasseguis e a empresa) no Japão. Achei que pudesse ser
interessante ouvir também o lado das empreiteiras, que quase sempre saem da
história como vilãs, mas que também sofreram as consequências da crise,
tendo de lidar com uma massa de desempregados e empregadores que já não
queriam mais contratar nenhum funcionário. Trocamos emails e ficamos de
marcar uma entrevista.
QUINTA-feira (12 de abril)
Reimei Yoshioka, Presidente do Núcleo de
Trabalhadores Retornados do Exterior – Niatre
Informação
e
Apoio
a
Quinta eu passei a tarde inteira no
Bunkyô. Entrevistei o presidente do
Niatre, Sr. Reimei Yoshioka,
assisti a uma reunião do Projeto
Kaeru e entrevistei a coordenadora
do projeto, Kyoko Nakagawa.
Além de produtivo, foi um dia muito
gostoso. Durante a reunião, tive
oportunidade de entrar em contato
com uma professora japonesa, que
estava em visita ao Brasil para conhecer a cultura e estudar a educação daqui,
afim de ajudar os alunos dekasseguis em escolas japonesas no Japão. Depois
fomos a um restaurante na Liberdade, onde tivemos uma conversa mais
descontraída. Foi o lugar que eu aproveitei para gravar com a Kyoko.
Kyoko Nakagawa, psicóloga e coordenadora do Projeto Kaeru
À noite, ao voltar para casa, consegui entrar em contato por telefone com o
professor Masato Ninomiya. Ele é advogado e professor da Faculdade de
Direito da USP. Cheguei até ele através de uma indicação do professor Wataru
Kikuti, da Faculdade de Letras Orientais da USP. O professor Wataru é uma
figura excepcional! Fiz uma optativa com ele no primeiro semestre de 2011 e
fiquei abismada com a capacidade que ele tem de decorar os nomes dos
alunos. Apesar de um ano ter se passado sem que fizéssemos mais nenhum
contato, mandei um email para ele perguntando se ele conhecia alguém que
pudesse me ajudar em minhas pesquisas e ele ainda lembrou de mim. Então
me passou o contato do professor Ninomiya, afirmando ser a pessoa mais
indicada para falar dos aspectos histórico-econômicos que guiaram os
movimentos migratórios entre Brasil e Japão. Embora eu já tenha um bom
material sobre o assunto na entrevista com a Célia Oi, não descartarei essa
fonte. Marquei entrevista com o professor Ninomiya para o dia 29 de abril,
domingo, no escritório de advocacia dele, localizado na Avenida Dr. Arnaldo,
bairro de Perdizes.
SEXTA-feira (13 de abril)
Não foi fácil acordar cedo nessa sextafeira 13, mas valeu à pena! Os
resultados mostraram que a má sorte
atribuída ao dia, não se confirmou,
pelo menos para mim! Às 8h30 de
sexta eu estava no supermercado
Pastorinho da Vila Mariana. Assim
como a Nicom, o Pastorinho tem um
cadastro no Niatre, para receber
currículos de ex-dekasseguis.
Conversei com a Jucileide (foto à direita), uma moça linda e simpatissíssima,
responsável pelo setor de seleção do supermercado. Após nossa entrevista,
ela me levou para conhecer o supermercado e me apresentar aos nikkeis que
trabalham lá. A primeira pessoa a quem ela me apresentou foi uma dessas
surpresas que fazem a profissão de jornalista valer à pena. Jamais pensei em
colocar no roteiro alguém como a Dorian Rosatazo Shibata. Funcionária do
supermercado, ela é filipina e morou no Japão por 25 anos. De longe, a Dorian
foi uma das pessoas mais bacanas com quem eu já conversei na minha vida.
Dorian Rosatazo Shibata, ex-dekassegui
É bastante subjetivo o que eu vou dizer, mas não vejo descrição melhor.
Conversei com a Dorian por não mais do que meia hora e ela me fez sentir
bem, porque ela é uma pessoa de energia muito boa e coração enorme! Assim
como a Sueli, com quem almocei na quarta-feira, a Dorian era tantosha no
Japão. Ela me contou histórias incríveis e muito tristes, chegando a relatar a
morte de uma criança. Segundo ela, várias famílias ficaram sem casa no Japão
na época da crise, tendo de morar dentro dos próprios carros ou em embaixo
de pontes, dependendo da ajuda de voluntários, como a Dorian, para ganhar
comida. O filho de uma dessas famílias que moravam nos carros faleceu por
causa do frio. Dorian me contou tudo isso com muito pesar. Mas agora ela está
feliz no Brasil e no emprego no Pastorinho. Apresentou-me suas colegas de
trabalho, falou sobre o seu filho e me pediu que a adicionasse no Facebook.
Depois, fomos aos bastidores da padaria do
supermercado, onde conheci o Sr. Jorge Yoiti
Yamassaki (foto à direita), que relatou ter ficado
seis meses desempregado no Japão na época da
crise, tendo de ir todos os dias à fila gigante do
Hello Work, agência pública de emprego. Devo
voltar ao Pastorinho nesta semana para pegar
fotos com o Sr. Jorge.
Descendo para o setor de abastecimento do Pastorinho, conheci um xará de
sobrenome, o Cláudio Nakamura (foto à esquerda). Ele agora está muito bem
no Brasil, aguardando o nascimento do primeiro filho. Mas também passou
algumas dificuldades no Japão nos tempos de crise. Nele, pude observar uma
característica certamente adquirida no Japão, a agilidade. Os trabalhos no
Japão exigem muita rapidez na execução e isso o Cláudio trouxe, como
experiência, para o supermercado brasileiro.
“Aqui no Brasil a gente
acostuma no sistema do
Nihon [Japão, no idioma
japonês] ainda, que seria o
sistema rápido, de usar as
duas mãos. A maioria do
pessoal usa uma, né!?”,
comenta Cláudio enquanto
reabastece a prateleira de
amaciantes para roupas do
supermercado.
SÁBADO (14 de abril)
Descansei, porque também sou filha de Deus!
Mas, apesar de não ter gravado no sábado, fui correr atrás de comprar um HD
externo com o Marcelo, meu namorado. Tão fofo! Ajudou-me bastante nessa
compra, porque eu não entendia NADA de HDs externos.
DOMINGO (15 de abril)
Havia marcado uma entrevista com a Yasmin, funcionária na secretaria do
Bunkyo. Ela é bem jovem, esperava que me desse uma visão um pouco
diferente dos outros entrevistados, que são todos um pouco mais velhos. O
mais novo até agora foi o Fábio, de 38 anos.
Infelizmente, quando cheguei à casa dela, ela não pode me receber, porque
estava com visitas. Tentei convencê-la a gravar assim mesmo, para que eu
tentasse uma oportunidade de conhecer também os familiares e amigos dela.
Mas não teve jeito. Ela não se sentiu à vontade e tivemos de cancelar a
entrevista.
Fiquei então bastante preocupada com a questão de não ter nenhum jovem no
meu filme. Até porque eu pretendo abordar a questão da educação no Japão,
escolas brasileiras de lá e escolas japonesas, e não tenho nenhum depoimento
de quem vivenciou isso. De madrugada eu joguei o seguinte post no Facebook:
“PESSOAL DO NIHON! Alguém conhece brasileiros(as) que estudaram no
Japão em escola brasileira e/ou japonesa e tiveram que voltar para o Brasil
com os pais por causa de dificuldades na época da crise financeira de
2008/2009? Ah! E que morem perto ou na cidade de São Paulo! Por favor, me
ajudem! Obrigada!”. Marquei todos os nikkeis do meu Facebook e já consegui
uma resposta.
A Taila é uma menina que estudou na mesma escola brasileira que eu estudei
no Japão, a Escola Brasileira de Yaizu. Foi lá que eu a conheci. Ela me disse
que voltou do Japão por causa da crise, que a família dela ainda aguentou um
pouco as pontas para que o pai dela pudesse se aposentar no Japão, mas que
logo depois disso eles voltaram. Ela não chegou a frequentar escola japonesa,
mas acho que seu depoimento será bastante válido. Marcamos entrevista para
amanhã (terça-feira), na casa dela, às 18h.
Agora, vou continuar aguardando respostas para o meu post, para ver se
encontro alguém que tenha estudado em escola japonesa.
Pretendo terminar de gravar até o final deste mês, pois a data limite de entrega
do trabalho finalizado é o dia 13 de junho. Boa sorte para mim!
Fonte: http://burajiruekaerou.wordpress.com/tag/marcos-haniu/
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