XIX Exposição de Experiências Municipais em Saneamento
De 24 a 29 de maio de 2015 – Poços de Caldas - MG
GESTÃO DO ÓLEO LUBRIFICANTE USADO E SUAS EMBALAGENS
NA CIDADE DE INHUMAS – GO, BRASIL
Douglas Vila Verde(1)
Engenheiro Agrônomo. Especialista em Planejamento e Gestão Ambiental pela Universidade
Federal de Goiás.
Paulo Sérgio Scalize
Engenheiro Civil. Mestre e Doutor em Engenharia Civil – Hidráulica e Saneamento, pela
EESC/USP. Professor Adjunto da EEC/UFG.
Poliana Nascimento Arruda
Tecnóloga em Saneamento Ambiental. Especialista em Tratamento e Disposição Final de
Resíduos Sólidos e Líquidos. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Engenharia do Meio
Ambiente (PPGEMA) da Universidade Federal de Goiás
Endereço(1): Rua 05, 116 Vila Santa Terezinha – Inhumas – GO – CEP: 75.400-000 – Brasil – Tel:
55 62 8175-4338 E-mail: [email protected].
RESUMO
Os postos de combustíveis e oficinas mecânicas desenvolvem atividades que geram diversos
resíduos que necessitam de cuidados especiais em sua destinação final, dentre eles o óleo
lubrificante usado, suas embalagens, assim como filtros de óleos. Conforme a norma brasileira
são classificados como resíduos perigosos, devendo ser obedecidas às exigências feitas por
resoluções específicas quanto a sua coleta, tratamento e disposição final. Essa pesquisa objetivou
avaliar a gestão do descarte do óleo lubrificante usado, suas embalagens e filtros de óleo em
postos de combustíveis e oficinas mecânicas do município de Inhumas – GO. Foram utilizados
formulários estruturados para entrevistas com os responsáveis pelo gerenciamento desses
resíduos, sendo constatado que apenas 40% dos 10 estabelecimentos visitados destinam, o óleo
lubrificante usado, a empresas contratadas para reciclagem. As embalagens do óleo são
destinadas ao lixão ou são coletadas por catadores, sendo tratadas como resíduo comum. Foi
evidente que os estabelecimentos não cumprem a legislação em sua totalidade, necessitando de
fiscalizações e de discussão sobre a importância do tratamento adequado desses resíduos.
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Palavras-chave:
Gerenciamento,
resíduos
perigosos,
postos
de combustíveis,
oficinas
mecânicas, OLUC
INTRODUÇÃO/OBJETIVOS
A problemática ambiental, relacionada à geração desenfreada de resíduos sólidos e sua
destinação inadequada, tem chamado cada vez mais atenção do poder público, refletindo em
normas que visam o controle e o tratamento adequado desses resíduos, os quais resíduos são
classificados de acordo com sua periculosidade e dividos em 2 classes, sendo a classe I os que
apresentam riscos a saúde pública e ambiental, apresentando uma das seguintes características:
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade (ABNT, 2004).
Classificados como resíduos perigosos estão o OLUC (Óleo lubrificante usado ou contaminado) e
sua embalagem que são originados durante o serviço de troca de óleo. O gerenciamento dos
resíduos gerados é tratado de maneira inadequada, resultando em problemáticas ambientais,
agravado pelo fato de que poucos sabem dos riscos que esses resíduos representam para o
ambiente e para a saúde humana (GOMES; OLIVEIRA; NASCIMENTO, 2008).Alguns riscos são
devido a presença de compostos aromáticos polinucleares potencialmente carcinogênicos
produzidos a partir do seu uso, portanto seu gerenciamento correto é fundamental para a proteção
do meio ambiente (CONAMA, 2005).
Segundo a APROMAC (2013), após utilização normal do óleo librificante em veículo autormotores,
ou em consequência de problemas, o óleo lubrificante sofre deterioração ou contaminação,
perdendo suas propriedades e precisa ser substituído para garantir a integridade e o bom
funcionamento dos equipamentos. Dessa forma, com o crescimento do número de veículos
aumenta a demanda por serviços das oficinas que geram resíduos sólidos e líquidos, sendo
potenciais fontes de poluição e contaminação do ambiente (PAULINO, 2009). As oficinas e postos
de combustível são as principais fontes de lançamento de derivados de petróleo no meio
ambiente, o que pode ser suficiente para inviabilizar o consumo de água potável (OLIVEIRA;
LOUREIRO, 2011). Além do OLUC e de sua embalagem esses estabelecimentos geram outros
resíduos potencialmente poluidores como o filtro de óleo usado e as estopas contaminadas que
também necessitam de tratamento e destinação adequada.
No intuito de orientar e definir as ações para os geradores desses resíduos foi criada a Resolução
362 (CONAMA, 2005), alterada pela 450 (CONAMA, 2012) na qual dispõe sobre recolhimento,
coleta e destinação final de óleo lubrificante usado ou contaminado, seguindo as exigências feitas
pela lei 12.305 (Brasil, 2010) que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Essa lei enfatiza
que comerciantes e/ou fabricantes de óleos lubrificantes usados, seus resíduos e embalagens
devem estruturar a logística reversa de seus produtos. Devem também implementar o Plano de
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Gerenciamento de Resíduos Perigosos e submeter ao órgão responsável a fim de garantir a
melhor gestão dos resíduos (BRASIL, 2010).
Diante do cenário brasileiro e baseado no mercado de óleo lubrificante do país, o Ministério do
Meio Ambiente por meio da Portaria MMA/MME nº 59/2012, obedecendo às exigências do artigo
9º do CONAMA nº 362 estabeleceu o percentual de coleta mínimo de OLUC até o ano de 2015.
Segundo o relatório referente ao ano de 2013 o Brasil ficou em média acima da meta estipulada
em 37,4%, sendo que a região Centro-oeste ficou ligeiramente da sua meta. Já em 2014 a meta
se encontra abaixo do estipulado, explicitando a necessidade da identificação dos problemas que
interferem na estruturação da coleta e tratamento do OLUC no país (Tabela 1).
Tabela 1 – Percentual de OLUC coletado por região e a meta estipulada para o ano de 2013.
Fonte: (MMA, 2013; ANP, 2014).
Região
Norte
Nordeste
Centro-oeste
Sudeste
Sul
Brasil
Coletado (%)
2013
2014
28,27
30,7
28,51
28,3
32,48
34,1
42,25
42,3
41,56
39,5
40
37,7
Meta (%)
2013
28
28
33
42
36
37,4
2014
30
30
34
42
37
38,1
Apesar da meta ser baseada em critérios como o mercado de óleo lubrificantes, tendência da frota
brasileira, capacidade instalada de rerrefino, características regionais entre outras, o percentual de
coleta é baixo. Segundo o Relatório: Coleta de óleo lubrificante usado ou contaminado (MMA,
2013) há uma gradativa evolução dessa atividade, porém ainda um volume significativo de OLUC
é destinado clandestinamente como combustível, necessitando de uma maior conscientização da
população quanto a importância da gestão desse resíduo (MMA, 2013).
Sabendo-se que o descarte tanto de óleos lubrificantes automotivos usados quanto de
embalagens plásticas é uma realidade na rotina de trabalho dos funcionários de postos de
combustíveis e oficinas, surge a necessidade de identificar os pontos negativos a fim de tornar o
sistema de coleta adequado e seu tratamento mais solido (SILVA e OLIVEIRA, 2011).
No município de Inhumas, área de estudo da pesquisa, a própria legislação municipal através da
Lei 2.561 que dispõe sobre o Código Ambiental do município de Inhumas – GO, no capitulo I, art.
12, parágrafos V e VII, estabelece o tratamento e a disposição final de resíduos e efluentes de
qualquer natureza e a edição de normas de segurança para armazenamento, transporte e
manipulação de produtos, materiais ou resíduos perigosos. No entanto, mesmo com essa
legislação, ocorre a ausência de informações a respeito dos resíduos produzidos pelo serviço de
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troca de óleo lubrificante, assim como suas embalagens em postos de combustível e oficinas
mecânicas, gerando uma lacuna e podendo prejudicar ou
inviabilizar ações nesse sentido.
Portanto esse estudo objetiva avaliar a gestão do descarte do óleo lubrificante usado e suas
embalagens, assim como os resíduos provenientes desses serviços, confrontando com a
legislação específica afim de obter um panorama para subsidiar práticas voltadas a esse
problema.
METODOLOGIA
O município de Inhumas esta localizado na mesorregião Centro Goiano, microrregião de Anápolis
e esta inserido na região metropolitana de Goiânia, fazendo divisa com os municípios de Araçu,
Brazabrantes, Caturaí, Damolândia, Goianira e Itauçu (Figura 1). Foi criado no dia 19/01/1931
através do Decreto Estadual nº 602. Possui uma população estimada em 51.144 habitantes com
uma área de 613,226 km² (IBGE, 2014).
Foram escolhidos e visitados 10 estabelecimentos entre postos de combustíveis e oficinas
mecânicas que realizavam o serviço de troca de óleo, gerando o resíduo óleo lubrificante e filtros
de óleo usados e suas embalagens.
A escolha desse locais foi baseada nos dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP) e da Prefeitura local. Segundo a ANP, em Janeiro de 2015, existiam 30
estabelecimentos cadastrados como revendedor de combustível automotivo no município de
Inhumas, sendo que 13 deles, estavam aptos/autorizados pela ANP no momento da consulta e,
de acordo com dados obtidos diretamente na prefeitura da cidade de Inhumas, existiam cerca de
30 oficinas mecânicas que realizavam o serviço de troca de óleo automotivo. Outro critério
utilizado foi a disponibilidade dos responsáveis em participar da pesquisa no momento da visita ou
em um retorno posterior.
Dessa forma, foram visitadas 4 das principais oficinas mecânicas da cidade além de 6 postos de
combustível, entre os meses de novembro de 2014 e janeiro de 2015. A coleta de dados foi feita
por meio de visitas in loco, que segundo Martins (2006), ao mesmo tempo que permite a coleta de
dados, envolve a percepção sensorial do observador, distinguindo-se, enquanto prática cientifica,
da observação da rotina diária, constituindo-se, assim, num procedimento empírico sensorial.
Foi realizada uma entrevista estruturada, que segundo Cervo e Bervian (2007), é uma conversa
orientada com um objetivo definido, que é recolher junto ao participante do estudo, por meio da
aplicação de um questionário, dados relacionados com a pesquisa. O formulário (em anexo) é
composto por 19 questões que consideraram grandezas como gestão de resíduos, aspectos
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ambientais, operacionalização de atividades, conhecimento da legislação que regulamentavam a
atividade, treinamentos e conscientização ambiental (Lorenzett e Rossato, 2010).
Após o preenchimento do questionário foi feito levantamento fotográfico dos estabelecimentos,
com objetivo de comprovar as informações coletadas nos locais.
Figura 1- Localização do município de Inhumas em relação ao Estado de Goiás
RESULTADOS
As respostas obtidas foram planilhadas e os resultados obtidos encontram-se de forma resumida
na Tabela 1. Além desses resultados foi obtido o quantidadtivo de óleo lubrificante usado gerado
bem como a quantidade de embalagens , ...
Primeiramente os entrevistados foram questionados sobre qual a quantidade de óleo lubrificante
usado e suas embalagens gerados mensalmente nos respectivos estabelecimentos. Observou-se
que os 10 estabelecimentos estudados geraram 3.830 L de óleo lubrificante usado em janeiro de
2015, bem como 3.565 embalagens. Na Figura 2 estão distribuídas as quantidades por cada
estabelecimento pesquisado.
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Figura 2 – Quantidade de OLUC e de embalagens geradas em cada estabelecimento.
Tabela 1 – Resumo dos resultados obtidos no estudo.
Embalagens
vazias
Conhecimento
dos Geradores
Outros
resíduos
Itens estudados
OLUC
Forma de
armazenamento
Recipiente de armazento OLUC para reciclagem
cedido por empresa
coletora
Frequencia de coleta
(3) Bombona de plástico ( ) Sim
(7) Tambor Metálico
(10) Não
( ) Tanque subterrâneo
( ) Outra
(4) Sim
(6) Não
(3) Semanal
( ) Quinzenal
(3) MensaL
(2) Bimensal
(2) Outra
Forma de
armazenamento
Empresa coletora
Embalagens para
reciclagem
Embalagens deixadas
em repouso
(3) Tambor de plástico
( ) Caixa de madeira
( ) Caixa de papelão
( ) A granel
(7) Outra
(3) Prefeitura
( ) Empresa contratada
(7) Outra
(7) Sim
(3) Não
(5) Sim
(5) Não
Caixa de separação
para água e óleo
Destinação final do
resíduos (caixa sep.)
Destinação final material Destinação final do filtro
contaminado (pano,
de óleo usado
serragem, areia)
(2) Sim
(7) Não
(1) Não soube
(9) Lixo comum
(9) Lixo comum
(3) Lixo comum
( ) Empresa especializada ( ) Empresa especializada ( ) Empresa especializada
(1) Outra
(1) Outra
(7) Outra
Treinamento formal de
descarte desses
materiais
Conhecimento sobre a
legislação
Empresa fiscalizada por
órgãos ambientais
Conhecimento sobre
impactos causados pelo
descarte inadequado
(1) Sim
(9) Não
(4) Sim
(6) Não
(4) Sim
(5) Não
(1) Não soube
(8) Sim
(2) Não
Interesse em receber mais informações sobre práticas adequadas de descarte dos resíduos
(10) Sim
( ) Não
OLUC (Óleo lubrificante usado ou contaminado)
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Analisando a questão do OLUC, quanto ao seu tratamento e destinação, 40%, (1 oficina mecânica
e 3 postos) dos estabelecimentos o encaminham para a reciclagem e 60% comercializam o
resíduo (Figura 2), para ser utilizado como combustível nos fornos de fundição de alumínio e para
motosserras ou vendido para produtores rurais, que o utilizam no tratamento de madeiras para
construção de cercas. O mesmo foi constatado por Miranda Filho et al. (2013), em que 60% das
oficinas mecânicas vendiam o óleo lubrificante usado para utilização em motosserras ou como
combustível para caldeiras, que também corrobora com a análise do Projeto Piloto para
Minimização dos Impactos Gerados por Resíduos Perigosos, onde entidades reconhecidas
internacionalmente, como Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial
(UNIDO), Centro Nacional de Tecnologias Limpas do SENAI, Programa das Nações Unidas para
o Meio Ambiente (UNEP), afirmam que embora proibida no Brasil, através da CONAMA 362, a
queima é uma forma comum de desvio dos óleos lubrificantes usados, coletados por empresas
não licenciadas, trazendo inúmeros riscos à saúde humana e ao meio ambiente. Essa prática
diverge do que é estabelecido na resolução 362 (CONAMA, 2005) no artigo 3º, onde o rerrefino
deve ser o tratamento adequado do OLUC.
A queima de óleos lubrificantes usados como combustível, ocasiona o lançamento de gases
carcinogênicos no ar. Segundo o CEMPRE (2009), a cada 5 L de OLUC queimado, podem ser
lançados na atmosfera até 25 g de substâncias como chumbo, cádmio, níquel, cromo, zinco e
outras composições químicas.
Verificou-se que todos os estabelecimentos estudados devem providenciar os recipientes para
armazenamento do óleo usado, pois a empresa coletora não os fornecem (Figura 3), sendo que
30% dos estabelecimentos visitados utilizam bombonas de plástico e 70% utilizam tambores
metálicos (Figura 2).
A frequência de coleta verificada nos estabelecimentos foi de 30% semanal, 30% mensal, 20%
bimensal e 20% outra (10% era diária e 10% semestral).
Figura 2 – Tambores metálicos utilizados para armazenamento de óleo lubrificante usado.
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Figura 3 – Distribuição das questões relacionadas com o óleo lubrificante usado ou
contaminado (OLUC).
Com relação as embalagens vazias, observou-se que em 70% dos locais visitados é existente o
armazenamento para reciclagem, sendo que 40% (3 postos e 1 oficina) as deixam em repouso
para melhor remoção do óleo, considerando que os demais não realizam este procedimento. Dos
30% restantes, 10% (1 posto) deixa as embalagens em repouso e 20% não, totalizando 50% (4
postos e 1 oficina) dos locais que deixam as embalagens em repouso (Figuras 4a e 5).
Em 30% dos estabelecimentos visitados a coleta e destinação final desse resíduo são realizadas
pela prefeitura municipal (Figura 5), sendo destinados juntamente como os resíduos sólidos
urbanos do município, para o lixão da cidade, sem que haja nenhum tipo de tratamento desse
material, podendo ocasionar a contaminação do ambiente devido ao óleo remanescente nos
frascos. Nos outros 70%, as embalagens são coletadas por pessoas que vendem as mesmas
para reciclagem (Figura 5). Resultado semelhante foi encontrado por Silva et al. (2014) na cidade
de Pombal-PB onde 70% das embalagens produzidas eram coletadas pelo serviço municipal,
município também deficiente no que se refere a logística reversa desses resíduos.
Em 70% das situações as embalagens são armazenadas em outros recipientes como, sacos de
plásticos e tambores de metal, e nos outros 30% elas ficam acondicionadas em tambores de
plástico (Figuras 4b e 5).
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(a)
(b)
Figura 4 – Embalagem em repouso (a); exemplo do armazenamento das embalagens (b).
Figura 5 - Distribuição das questões relacionadas com as embalagens vazias.
Em relação aos demais resíduos gerados durantes às atividades de cada empresa, tais como
pano, serragem, estopa e filtros de óleo, mas precisamente em relação a existência no
estabelecimento de caixa de separação de água e óleo, 10% dos entrevistados afirmou não saber
se existia, 10% afirmou não ter e 80% disseram que os estabelecimentos possuíam o sistema de
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coleta, sendo que 10% afirmou que esse tipo de resíduo era misturado com areia e jogado no lote
vago ao lado do estabelecimento e, os outros 70% disseram que o resíduo era coletado por
empresa especializada (Figura 6). Em relação ao material contaminado na limpeza, durante a
troca de óleo, apenas 1 dos estabelecimentos os encaminha para as empresas de fundição de
alumínio, juntamente com o óleo usado, os demais destinam esse material para o lixo comum, que
consequentemente é destinado ao lixão, pois os mesmo são coletados pela prefeitura.
Foi verificado que o destino dos filtros de óleo usados (Figura 7), em 30% dos estabelecimentos
são jogados no lixo comum, em 10% é entregue junto com as embalagens para pessoas que
encaminham as mesmas para reciclagem e 60% afirmaram que os filtros de óleo usados são
coletados por sucateiros (Figura 6). Em 50% dos postos de combustível os filtros de óleo são
coletados por sucateiros, em 33,33% são colocados no lixo comum e em 16,66% são entregues
juntamente com as embalagens de óleo para reciclagem. Em 75% das oficinas os filtros de óleo
são coletados por sucateiros e, em 25% é descartado no lixo comum.
Figura 6 – Distribuição das questões relacionadas com os outros resíduos gerados.
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Figura 7 – Filtros de óleo usados
Com vistas ao conhecimento dos geradores, em 10% deles o responsável afirmou ter tido algum
treinamento formal a respeito do descarte dos materiais descritos anteriormente, sendo que em
90% dos locais nenhum treinamento foi realizado, 40% tinha conhecimento a respeito da
legislação quanto ao descarte de embalagens usadas de óleo lubrificante e todos disseram que se
interessariam em obter mais informações sobre praticas mais adequadas sobre descarte dos
resíduos (Figura 8). Vale destacar que em 100% das oficinas os responsáveis não receberam
treinamento para descarte dos materiais e não tinham conhecimento sobre a legislação. Somente
em 16,66% dos postos o responsável já passou por treinamento para descarte dos materiais,
sendo que 66,66% deles tinham conhecimento a respeito da legislação.
Figura 8 - Distribuição das questões relacionadas com o conhecimento dos geradores.
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CONCLUSÃO
Através do presente trabalho foi possível concluir que os estabelecimentos visitados na cidade de
Inhumas – GO não descartam adequadamente todos os resíduos gerados durante a troca de óleo
lubrificante usado de veículos. Foi possível identificar problemas de gestão nos estabelecimentos,
sendo que na maioria dos locais visitados, os funcionários não estavam preparados para
descartar adequadamente os resíduos, e a minoria possuía algum tipo de conhecimento da
legislação aplicável a atividade, principalmente nas oficinas mecânicas, problemas em relação ao
poder público principalmente em relação a fiscalização de estabelecimentos que geram resíduos
classificados como perigosos.
Outro fator é a falta de conscientização ambiental, pois a maioria dos entrevistados afirmaram ter
conhecimento dos impactos provocados ao ambiente pelo descarte inadequado de tais resíduos.
A destinação de OLUC para indústrias de fundição de alumínio constitui uma grande problemática,
uma vez que não é possível identificar como ocorre o manejo desse resíduo, ocasionando riscos
ao meio ambiente. Isso ocorre também com os resíduos perigosos que são gerados a partir do
serviço de troca de óleo, que são encaminhados para o lixo comum na maioria dos locais e
também para sucateiros. Portanto observa-se a grande necessidade de fiscalização e a inserção
de uma consciência ambiental sobre a periculosidade do OLUC e os resíduos perigosos
produzidos nos postos de combustíveis e oficinas mecânicas que realizam a troca de óleo.
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UNIDO; SENAI; UNEP; Rede de Centros Regionais do Convenio de Basileia para América Latina
e Caribe. Projeto Programa Piloto Para A Minimização Dos Impactos Gerados Por Resíduos
Perigosos: Documento 3 – Gestão de Óleo Lubrificante Automotivo Usado em Oficinas
Automotivas
Pernambuco,
2006.
Disponível
em:
<http://wwwapp.sistemafiergs.org.br/portal/page/portal/sfiergs_senai_uos/senairs_uo697/proxi
mos_cursos/Oleo%20lubrificante%20automotivo_PE.pdf>. Acesso em: 22 de fevereiro de
2015.
APÊNDICE
(
) Posto de Combustível
Razão Social
Nome Fantasia
Endereço
Munícipio/data
Nome do Responsável
Função
(
) Oficina Mecânica
IDENTIFICAÇÃO DO ESTABELECIMENTO
1. Óleo Lubrificante usado
1.1 Qual a quantidade do resíduo gerado do óleo lubrificante usado?
1.2 Qual é a forma de armazenamento do óleo lubrificante usado no
estabelecimento?
________ L/mês
( ) Bombona de plástico
( ) Tambor
( ) Tanque subterrâneo
( ) Outra, qual? _______
1.3 Os recipientes para armazenamento do óleo usado foram cedidos pela
( ) Sim
empresa coletora?
( ) Não
1.4 O óleo lubrificante automotivo usado é coletado e destinado à reciclagem? ( ) Sim
( ) Não
1.5 A coleta é feita com qual frequência?
(
(
(
(
(
) Semanal
) Quinzenal
) Mensal
) Bimensal
) Outra/ Qual? _______
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XIX Exposição de Experiências Municipais em Saneamento
De 24 a 29 de maio de 2015 – Poços de Caldas - MG
2. Embalagens vazias
2.1 Qual a quantidade de embalagens de óleo lubrificante gerada?
2.2 As embalagens dos óleos lubrificantes automotivos são armazenadas para a
reciclagem?
2.3 As embalagens são deixadas em repouso, para remoção total do óleo?
2.4 Qual empresa realiza a coleta e destinação final das embalagens?
2.5 Como é o recipiente para armazenamento das embalagens?
3. Outros resíduos
3.1 O estabelecimento possui caixa de separação para água e óleo?
3.2 Qual é a destinação final desse resíduo?
________ Unidades/mês
( ) Sim
( ) Não
( ) Sim
( ) Não
( ) Prefeitura
( ) Empresa contratada
( ) Tambor de plástico
( ) Caixa de madeira
( ) Caixa de papelão
( ) A granel
( ) Outra, qual? _______
( ) Sim
( ) Não
(
(
(
(
(
(
(
(
(
(
) Lixo comum
) Empresa especializada
) Outra. Qual?________
) Lixo comum
) Empresa especializada
) Outra. Qual?________
) Lixo comum
) Empresa especializada
) Sucateiros
) Outra. Qual? _______
(
(
(
(
(
) Sim
) Sim
) Não
) Sim
) Não
( ) Não
4.4 A empresa já foi fiscalizada por algum órgão ambiental?
( ) Sim
4.5 Você tem conhecimento dos impactos provocados ao meio ambiente pelo ( ) Sim
descarte inadequado do óleo lubrificante usado e das embalagens?
( ) Não
( ) Não
3.3 Qual é a destinação final do material contaminado utilizado na limpeza
(pano, serragem, areia) é encaminhado para o lixo comum?
3.4 Qual é o destino do filtro de óleo usado?
4. Conhecimento dos geradores
4.1 Já houve algum treinamento formal sobre o descarte destes materiais?
4.2 Você tem conhecimento sobre a legislação quanto ao descarte de
embalagens usadas de óleo lubrificante?
4.3 Você se interessaria em obter mais informações sobre práticas mais
adequadas em seu trabalho, em relação ao descarte dos resíduos gerados?
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gestão do óleo lubrificante usado e suas embalagens na cidade de