História do vidro no Brasil A fabricação do vidro brasileiro teve seu início após a Revolução de 30, liderada por Getúlio Vargas, e foi intensificada pela conjuntura mundial da época centralizada nos problemas deflagrados pela 2ª Guerra Mundial. Devido seu nacionalismo ufanista, Getúlio Vargas sempre buscou a auto­suficiência do Brasil em setores básicos (transporte, energia, alimentos,...) através da industrialização nacional apoiada pela ação centralizadora e intervencionista do Estado no âmbito econômico. Inicialmente o vidro não era considerado um insumo essencial para o país, muito pelo contrário, ele era classificado como um artigo supérfluo, pagando taxas de até 40% na importação, mesmo sem uma produção interna suficiente, mas o mercado possuía um grande interesse me explorar tal negócio, visto que pelo seu potencial de consumo, parecia ter um futuro promissor. Quando houve então a intensificação da 2ª Guerra Mundial, a conjuntura do mercado tornou­se favorável para a produção do vidro nacional, visto que a Europa, principal exportadora de vidro para o Brasil, não conseguia manter sua produção e de certa forma passou a ser importadora de vários produtos, não só do vidro. Foi então que o empresário Lúcio Tomé Feiteira, de origem portuguesa, fundou em 1942 a Companhia Vidreira Nacional ­Covibra­ instalada em São Gonçalo, na época distrito de Niterói, no estado do Rio de Janeiro, cujo objetivo principal era aproveitar a disponibilidade de areias de boa qualidade no local para fornecer vidro plano para o mercado formado pela Capital Federal, na época a cidade do Rio de Janeiro, e toda a baixada fluminense. Quase ao final da guerra, em São Paulo, mais especificamente Barra Funda, os proprietários da Vidraria Santa Marina criavam a Companhia Paulista de Vidro Plano, CPVP, com o objetivo inicial de produzir garrafas, a nova fábrica produziria vidro para o mercado da capital paulista, para o interior do estado e regiões vizinhas. No início da década de 1950 foi acertada a criação das Indústrias Reunidas Vidrobrás Ltda., resultado da fusão entre a Covibra e a CPVP almejado a produção de vidro para todo o mercado nacional. Atualmente no Brasil a Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro (ABIVIDRO) é o órgão que congrega as empresas que se dedicam à indústria automática de vidro no país, com o objetivo de estimular o contínuo aprimoramento da técnica dessa atividade industrial, promovendo seu uso e suas qualidades e representá­la em tudo que for de seu interesse. Mas o que é o vidro? O vidro é um composto formado por óxidos de sílica (74%) e de sódio (12%) e muitos outros elementos tais como cálcio, magnésio, alumínio e potássio façam parte da composição final. O vidro é um produto inorgânico de fusão, que foi resfriado até atingir condição de rigidez, sem sofrer cristalização. O vidro possui uma série de propriedades físico­químicas que o tornam um produto muito apreciado, algumas delas estão listadas na tabela abaixo. Tipos de vidro Existem vários tipos de vidro, com diversas características, os mais comuns são tabelados abaixo com suas principais aplicações. Produção de vidros no Brasil Segundo a ABIVIDRO (2009), existem atualmente mais de duzentos fabricantes de vidro no Brasil que atendem tanto ao mercado interno quanto ao mercado externo. O universo das empresas que fabricam vidros no Brasil emprega cerca de 11.500 trabalhadores e a comercialização dessa produção alcançou um faturamento anual (2007) em torno de R$ 3,8 bilhões. Os segmentos dos vidros empregados em embalagens e vidros planos atingiram, juntos, uma participação de 65,8% do mercado de vidros. A produção de vidros vem mantendo patamares estáveis ao longo dos últimos anos. Houve, no entanto, uma sensível queda tanto na produção quanto no faturamento dos vidros domésticos talvez em decorrência do aumento do uso dos plásticos no ambiente doméstico Consumo de vidros no Brasil O consumo de embalagens de vidro entre os brasileiros é de 12 kg por habitante por ano. Nos países europeus, tais como na França, o consumo per capita chega pode chegar 65 quilos. Como já visto anteriormente, a maior demanda do setor está concentrada na construção civil. O setor de vidros planos é um dos setores que maior expansão apresenta dentro desse segmento, principalmente em decorrência da forte aceleração da atividade de construção civil observada nos anos de 2007 e 2008. A produção de vidros planos no Brasil é dominada por três grandes fabricantes de vidros: Cebrace, Guardian e UBV (CBIC, 2009). Vidro eliminado na cidade do Rio de Janeiro Os dados que serão apresentados a seguir são referentes a um estudo feito pela Companhia Municipal de Limpeza Urbana (COMLURB) compreendido no período de 14 de janeiro a 17 de abril de 2009, através de uma análise gravimétrica do material, que é a determinação da porcentagem de cada um dos componentes do lixo a partir da relação entre o peso do componente analisado e o peso total da amostra considerada. A análise foi feita considerando as Regiões Administrativas definidas pela COMLURB,respeitando­se os valores de lixo domiciliar obtido em cada uma delas.
Foram coletadas cerca de 15 toneladas de resíduos durante a realização do estudo. As disposições gerais são apresentadas a seguir com o detalhamento das porcentagens dos materiais estimados para cada Área de Planejamento (AP) (Em anexo você poderá conferir a que localidades se referem as AP’s). Destacamos a porcentagem do vidro emitido por cada AP. Obs.: Vemos que a AP2.1 é a que mais descarta vidro relativamente na cidade do Rio de Janeiro, e corresponde aos bairros que formam a zona sul. O grande descarte de vidro está provavelmente associado a grande especulação imobiliária dessa área. Reciclagem do vidro O vidro pode ser reciclado ilimitadamente. No entanto, o processo da reciclagem do vidro implica em custos elevados seja pelo emprego intensivo de mão de obra ou ainda pelo aporte de grande quantidade de água ou de energia necessários para que o processo da reciclagem se complete. O processo inicia­se com a coleta e deposição do vidro em um depósito de uma instituição recicladora. O processo da coleta de vidros usado no Brasil ainda é muito rudimentar. No entanto, não é isso o que ocorre em países mais desenvolvidos. Esse processo deve envolver a própria indústria do vidro, deve estar associado a programas muito bem estruturados de coleta seletiva gerenciados pelas prefeituras. Nada disso irá funcionar se não houver o envolvimento da comunidade­alvo. Uma coleta moderna de vidro bem como de outros resíduos potencialmente reaproveitáveis e recicláveis exige uma boa logística de transporte, uma boa campanha de marketing e, sobretudo, um suporte de ações de educação ambiental especificamente desenhadas para motivar todos setores da comunidade que podem atuar nessa cadeia: associações de bairro, supermercados, igrejas, clubes, postos de gasolina, administrações regionais, imprensa local, etc. A reciclagem dos vidros continua com a remoção de tampas e tampas e rótulos. A seguir, é feita uma triagem com separação de garrafas de bebidas, frascos de remédios e cosméticos e potes de conservas. Os vidros são nessa fase também separados em cores ou transparentes. Espelhos, lâmpadas, Pyrex ou similares e cristais não se prestam para a reciclagem tradicional do vidro. Na próxima fase, os recipientes devem ser lavados para a completa remoção dos resíduos. Até hoje, não existe uma clara orientação aos consumidores sobre o fato se eles devem ou não lavar os recipientes de vidro antes de jogá­los no lixo. Sugerimos aos consumidores finais que eliminem os restos de alimentos e líquidos dos recipientes antes de jogarem os frascos no lixo. Um leve enxágue pode deixar o vidro praticamente limpo o que implicará em um ganho de economia de água e energia na lavagem final a ser feita pela recicladora. Uma das etapas finais do processo de reciclagem consiste na moagem dos vidros. O material previamente triado e limpo é levado para esteiras rolantes que estão acopladas a um moinho industrial. Essa fase implica em gastos com energia e constante manutenção dos equipamentos bem como em gastos com o treinamento em segurança dos funcionários. A última etapa da reciclagem é a refundição do vidro. A reciclagem completa do vidro propicia uma enorme economia de energia que seria necessária para a fabricação do vidro novo. Na fabricação do vidro novo, as temperaturas giram em torno de 1500°C e 1600°C. Já na reciclagem, há necessidade apenas de uma nova refusão do material o que implica em temperaturas bem menos elevadas, na faixa de 1000°C e 1200°C. Considerando o acima exposto, uma importante medida de economia e que contribui para a melhoria do meio ambiente é a agregação de cacos de vidros no processo convencional da produção de vidros. A agregação a uma taxa de 10% de cacos, por exemplo, pode gerar um ganho energético de cerca de 4% e uma redução de 5% na emissão de CO 2 . Assim, a agregação de uma tonelada de cacos pode gerar uma economia de cerca de 1,2 toneladas de matérias primas. Hoje, se sabe que para cada tonelada de vidro reciclado, evitamos a extração de 1.300 Kg de areia. Isso significa que se a totalidade dos 2,95 x 10⁹ Kg de vidro produzidos no Brasil em 2007 fosse reciclada seria evitada a extração de 3,83 x 10⁹Kg de areia. A extração de areia é uma das principais causas da rápida degradação dos rios em diversas partes do Brasil. A extração de areia na várzea do rio Paraíba do Sul, nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro é um bom exemplo disso. A produção de areia dessa região corresponde a 10% de toda a produção nacional. Isso equivale a uma taxa mensal de retirada de areia igual a 1,02 x 10⁶ m³/mês. Deve ser ressaltado, contudo, que a rentabilidade da reciclagem do vidro está muito aquém da rentabilidade obtida na reciclagem do alumínio, por exemplo. A rentabilidade da reciclagem do vidro está hoje na casa de R$ 0,21 por kg de vidro enquanto que no caso do alumínio esse valor pode chegar a R$ 3,70 por kg de latas de alumínio. Esses contrastes de rentabilidade ressaltam a complexidade logística e operacional da reciclagem já que ela implica não somente em uma grande diversidade de metodologias dependendo do material considerado, mas também deve ser levada em conta a grande diferença nos custos finais envolvidos. Dados da reciclagem de vidro no Brasil Em 2001, o Brasil reciclava apenas 42% do consumo interno um valor que estava bem próximo dos EUA, por exemplo. Nesse mesmo ano, vários países europeus apresentaram taxas de reciclagem acima de 80% com destaque para a Suíça, Finlândia ambos com percentuais superiores a 90% do consumo interno. O Brasil tem experimentado um grande avanço na reciclagem do vidro. Basta mencionar que em 1991, apenas 15 % do vidro era reciclado no país. Em 2007, os índices nacionais de reciclagem se aproximavam de 50% do total de vidro comercializado no país. No entanto, fica evidente que há um grande caminho a ser percorrido para a reciclagem do vidro especialmente se as estatísticas nacionais forem comparadas àquelas dos países europeus mais desenvolvidos. Em termos de origem do vidro reciclado, a maior parte (80%) vem de embalagens e do mercado difuso que é constituído pelo universo dos catadores, associações de catadores e pequenas empresas de reciclagem. O “canal frio” é representado pelos bares e restaurantes. Ao contrário da indústria de matéria plástica, o refugo industrial tem um papel apenas secundário na reciclagem do vidro. Anexo Áreas de Planejamento Abaixo você poderá conferir os detalhes de cada AP Referências Bibliográficas http://ecologia.icb.ufmg.br/~rpcoelho/Livro_Reciclagem/website/ Relatório da COMLURB: Gerência de Pesquisas aplicadas ­ Caracterização Gravimétrica e Microbiológica dos Resíduos Sólidos­2009 
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História do vidro no Brasil A fabricação do vidro