FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - FATECS
CURSO: ADMINISTRAÇÃO
LINHA DE PESQUISA: INTERNACIONALIZAÇÂO
ÁREA: MARKETING INTERNACIONAL
GLAUCO LIMA AGUIAR
RA 20909875
INTERNACIONALIZAÇÂO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS, UM ESTUDO DE
CASO DAS EMPRESAS WEG E MARCOPOLO
Brasília
2012
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GLAUCO LIMA AGUIAR
INTERNACIONALIZAÇÂO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS, UM ESTUDO DE
CASO DAS EMPRESAS WEG E MARCOPOLO
Trabalho apresentado como pré-requisito para
aprovação no curso de Bacharel em
Administração, Faculdade de Tecnologia e
Ciências Sociais Aplicadas – FATECS, do Centro
Universitário de Brasília – UniCEUB.
Orientador: Prof. Carlos Augusto de Souza
Brasília
2012
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GLAUCO LIMA AGUIAR
INTERNACIONALIZAÇÂO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS, UM ESTUDO DE
CASO DAS EMPRESAS WEG E MARCOPOLO
Trabalho apresentado como pré-requisito
para aprovação no curso de Bacharel em
Administração, Faculdade de Tecnologia e
Ciências Sociais Aplicadas – FATECS, do
Centro Universitário de Brasília – UniCEUB.
Orientador: Prof. Carlos Augusto de Souza
Brasília-DF,
de
de 2012.
BANCA EXAMINADORA:
___________________________________
Prof. Carlos Augusto de Souza
Orientador
___________________________________
Prof. (a):
Examinador (a)
___________________________________
Prof. (a):
Examinador (a)
3
Resumo
Este artigo tem como objetivo analisar o processo de internacionalização das empresas brasileiras e
quais são as vantagens e as desvantagens desse processo para a empresa através do seu crescimento ao
longo dos anos.
Para atingir esse objetivo o artigo buscou caracterizar a internacionalização e os meios de
implementá-la, fazendo um estudo de caso de duas empresas brasileiras, a WEG e a Marcopolo, que
são bem sucedidas no processo de internacionalização.
As informações encontradas nesse artigo demonstram como a internacionalização afetou as empresas
em seu crescimento e como elas tiveram um grande desenvolvimento por conta das constantes
inserções no mercado externo.
Palavras-Chave: Internacionalização, Estudo de caso, Empresa brasileira, WEG, Marcopolo.
Abstract
This article aims to analyze the process of internationalization of Brazilian companies and what are
the advantages and disadvantages of this process for the company through its growth over the years.
To achieve this goal, the article sought to characterize the internationalization and the means to
implement it, making a case study of two Brazilian companies, WEG and Marcopolo, which are
successful in the internationalization process.
The information found in this article demonstrates how internationalization has affected the
companies in their growth and how they had a great development because of the constant inserts
contained in the external market.
Keywords: Internationalization, Case Study, Brazilian company, WEG, Marcopolo.
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Sumário
1.
INTRODUÇÃO .......................................................................................... 6
2. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................ 8
2.1 Internacionalização ......................................................................................... 8
2.2 Conceito de internacionalização .................................................................... 8
2.3 Processos de Internacionalização .................................................................... 9
2.3.1 Exportação Indireta ...................................................................................... 9
2.3.2 Exportação Direta ...................................................................................... 10
2.3.3 Licenciamento ............................................................................................ 11
2.3.4 Joint-Venture .............................................................................................. 12
2.3.5 Investimento direto .................................................................................... 12
3. METODOLOGIA ........................................................................................... 13
4. RESULTADOS ............................................................................................... 15
4.1 Estudo de Caso: Empresa WEG................................................................... 15
4.1.1 A empresa .................................................................................................. 15
4.1.2 Internacionalização .................................................................................... 19
4.1.3 Breve análise do modelo ............................................................................ 22
4.2 Estudo de Caso: Empresa Marcopolo ........................................................... 23
4.2.1 A empresa .................................................................................................. 23
4.2.2 A Internacionalização ................................................................................ 26
4.2.3 Breve análise do modelo ............................................................................ 30
5. CONCLUSÃO ................................................................................................ 31
6. REFERENCIAS .............................................................................................. 34
5
1. INTRODUÇÃO
No cenário mundial atual a internacionalização nunca esteve tão requisitada, com as
criações de mercados de livre comércio entre países nos últimos anos. Esse movimento vem
sendo gerado pelo avanço na globalização e a integração dessa mesma com a internet,
criando assim uma necessidade de se investir mais e mais no comércio internacional. Com a
abertura e alargamento dos mercados, com o aumento da concorrência e do ritmo de
inovação, as empresas não se podem limitar a “estar” no mercado. Cada vez mais as
empresas têm de estar aptas a reagir aos desafios que se lhes colocam e lhes ameaçam a
sobrevivência. A internacionalização é uma das respostas empresariais ao desafio da
globalização (DIAS, 2007). O processo de internacionalização gera muitos benefícios para
um país e suas empresas. Para as empresas eles ajudam no seu processo de crescimento e de
melhores condições de concorrência, já para o país, o cenário se torna favorável criando
empresas mais estáveis e com melhores rendimentos, aumentando assim o PIB e gerando
maior desenvolvimento.
Existem várias maneiras de inserir em mercados externos, segundo Kotler (2002),
existem cinco estratégias de internacionalização dos produtos, a exportação indireta,
exportação direta, licenciamento, joint venture e investimento direto. Na sua totalidade as
empresas utilizam a exportação para começar essa prática, contudo alguns mercados exigem
que as empresas façam joint-ventures ou investimentos diretos como meio de proteção do
mercado interno.
O meio por qual a empresa utilizara para fazer essa internacionalização depende do nível
de comprometimento que ela estiver disposta a manter. O comprometimento tem por base, o
grau de investimento, dedicação, riscos, lucros esperados e o controle de produção que a
empresa utilizara.
No Brasil, a maioria das empresas inicia seu processo de internacionalização com a
exportação, que é um meio de se fazer internacionalização com baixo custo. Contudo nos
últimos anos as empresas brasileiras têm analisado as possibilidades de se investir mais em
sua internacionalização. Essa analise consiste em visualizar as dificuldades e as vantagens de
se entrar no mercado desejado como, diferenças culturais, monetárias, políticas, legislativas
entre outras, em contrapartida a inserção no mercado internacional oferece as possibilidades
6
de diluir seus riscos, obter mais lucro aumentando o numero de consumidores, diversificar
seus mercados e de alcançar uma economia de escala.
Partindo desse contexto esse artigo busca compreender o processo de internacionalização
das empresas WEG e Marcopolo respondendo a seguinte questão: em que medida o processo
de internacionalização da Weg e Marcopolo modificou o seu modelo de gestão e os seus
desempenhos econômicos e Financeiros? De modo a responder essa pergunta foram traçados
os seguintes objetivos:
Principal: Identificar, descrever e analisar o processo de internacionalização das empresas
WEG e Marcopolo.
Específicos: (1) Analisar aos efeitos da internacionalização nas empresas Marcopolo e
WEG entre 2005 e 2011; (2) Demonstrar os conceitos de internacionalização, os seus
benefícios, objetivos e importância; (3) Averiguar através de um estudo de caso, as
estratégias aplicadas pelas
empresas
WEG
e
Marcopolo no seu
processo de
internacionalização utilizando os seguintes aspectos: histórico da empresa, missão, modelo de
gestão, desempenho econômico-financeiro, processo de internacionalização, mercados de
atuação e as estratégias de inserção em outros mercados externos.
Neste artigo foram utilizadas as pesquisas explicativa, descritiva, qualitativa, bibliográfica
e estudo de caso.
7
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Internacionalização
Segundo Dias (2007) a internacionalização “não pode ser considerada um fenómeno
dos nossos dias, se tivermos em atenção que as trocas entre nações se perdem no tempo.
Contudo, a dimensão, crescimento e características que a internacionalização atingiu nas
últimas décadas é que tornam este fenómeno relevante, dando-lhe um novo fôlego e
justificando um interesse renovado no seu conhecimento.” Colocando a internacionalização
por esse ponto deflagra que ela sempre existiu no mercado, porém que a globalização criou
esse grande estimulo nesse movimento tornando o mais frequente e aumentando os meios de
se utiliza-la.
Já Johanson (apud KOTLER, 2002, p.400) defende que as empresas passam por
quatro estágios de maturação no seu processo de internacionalização.
1- Pouca ou quase nula atividade de exportação;
2- Exportação via intermédio de terceiros (agentes);
3- Estabelecimento de uma ou mais centrais de venda;
4- Estabelecimento de estrutura para fabricação do produto no exterior;
Através desse processo, o desafio inicial é estimular as empresas a quererem explorar
o mercado exterior. Isso geralmente ocorre pela falta de conhecimento da empresa em relação
a esse novo mercado, gerando insegurança principalmente dentro dos lados
culturais,
monetários, políticos e de aceitação que existem nesse mercado. Portanto a empresa acha
mais fácil lidar e se sente segura quando trabalha no mercado interno (KOTLER, 2002).
2.2 Conceito de internacionalização
Muitos autores conceituam a internacionalização de maneiras distintas. Para Meyer
(apud DIAS, 2007, p.7) a internacionalização é um meio de atribuir crescimento no nível de
atividades de valor acrescido de países estrangeiros.
Já Calof e Beamish (apud DIAS, 2007, p.7), defendem que a internacionalização é um
estágio de adaptação nas operações da empresa, tais como estratégia, estrutura, recursos entre
outras aos mercados externos.
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De acordo com Freire (1997), a internacionalização da empresa consiste em estender
as estratégias de produtos-mercados e da implementação de uma integração vertical para
outros países, criando assim uma réplica total ou parcial da cadeia operacional.
Pode-se entender por esses pensamentos que a internacionalização tem por objetivo
criar a valorização da empresa em seu âmbito geral, assim como se adaptar aos outros
mercados e de buscar estratégias para suceder na sua transição para outros países sem perder
seu foco.
2.3 Processos de Internacionalização
Existem vários meios de internacionalização, segundo Kotler (2002) os processos são:
Exportação indireta, exportação direta, licenciamento, joint venture e investimento direto. De
acordo com o autor as estratégias envolvem maior comprometimento das empresas, e maior
potencial sucessivamente.
Figura 1 – Cinco maneiras de entrar em mercados externos
Exportação
Exportação
Licenciamento
indireta
direta
Joint
Ventures
Investimentos
diretos
Montante de Compromisso, risco, controle e potencial de lucro
Fonte: Kotler, 2002, p. 396.
2.3.1 Exportação Indireta
Dentre as possibilidades de internacionalização, a exportação indireta é o meio mais
utilizado para se iniciar esse processo, sua utilização está vinculada ao fator de suas
vantagens. A primeira de suas vantagens é o fator de envolver menor investimento que os
outros processos, o produto continua sendo produzido onde estava sem ter despesas
9
excessivas, já sua segunda vantagem é que com menores investimentos a empresa corre
menos riscos, além de agregar o fator de que terceiros já acostumados com esses mercados
tomarão conta das transações.
Segundo Kotler, a exportação indireta é feita através de intermediários e pode ser feita
de duas maneiras, a primeira é a ocasional quando a empresa decide de vez em quando
exportar seus produtos, seja por vontade própria ou por demanda do mercado externo. A
segunda é a exportação ativa na qual quando a empresa se propõe a aumentar suas
exportações para um mercado específico. Não importando qual das maneiras seja escolhida,
existem quatro tipos de intermediários que atuam nesse processo.
- O exportador estabelecido no próprio país que é a pessoa que compra os produtos da
empresa e os revende.
- O agente de exportação que procura e negocia acordos para as empresas para faturar
com comissões sobre esses negócios.
- As cooperativas que fazem o processo de exportação representando várias empresas
e ficam no comando administrativo parcial deles.
- As empresas de gestão de exportação que são contratadas para gerenciar o processo
de exportação de outras empresas.
2.3.2 Exportação Direta
A exportação direta tem como exportador a própria empresa que busca aumentar seus
lucros sem intermediários, porém também corre mais riscos de ter problemas. Essa
exportação pode ocorrer de quatro maneiras diferentes, sendo elas:
- Um departamento interno de exportação que opera como centro de lucros.
- Filial ou Subsidiária de vendas no exterior que é responsável pelas vendas e
distribuição, e podendo também administrar a armazenagem dos produtos e suas futuras
promoções.
- Representante de vendas de exportação são pessoas que viajam a outros países em
busca de oportunidades de negócios para empresa.
- Agentes ou distribuidores são empresas que podem receber exclusividade nos
produtos, ou exclusividade local para representar a empresa no novo mercado.
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Uma das grandes vantagens que as exportações trazem é o fator de poder avaliar ao
mercado antes de fazer maiores investimentos nele, e se levando em conta a popularização da
internet também pode se dizer que a exportação foi facilitada por essa integração.
2.3.3 Licenciamento
O licenciamento é um dos meios mais simples para se investir no mercado externo,
ele funciona através de concessões de produtos, processo de fabricação, marca, de segredos
comerciais ou de patente e em contrapartida a empresa que assume paga royalties ou uma
taxa para a empresa dona dos direitos. Tendo em vista esse processo a empresa que paga tem
um produto ou uma marca conhecida que pode negociar, gerando assim vantagens para
ambos os lados. No entanto, o licenciamento também tem suas possíveis desvantagens, nas
quais a empresa que faz utilização dos produtos pode ao final do contrato virar um
concorrente direto.
Existem vários tipos de contratos de licenciamento sendo os mais comuns:
- O contrato normal no qual a empresa cede seus produtos, processos ou marca para
ser utilizado por outras empresas. Existem alguns meios de se resguardar quando se utiliza
esse método, sendo eles através de constantes inovações em seus produtos, ou de
fornecimento de alguns produtos produzidos pela sua própria empresa e necessários na
produção.
- O contrato de gestão é quando a empresa entra em contato com outras empresas para
gerenciar seus negócios em troca de honorários. Em alguns casos a empresa gestora em
determinado momento possibilita a compra de ações da empresa gerida.
- O contrato de fabricação utiliza empresas locais para realizar a produção de seus
produtos. Esse método oferece a chance de agilizar o começo, tornando-o mais rápido,
também envolve menos riscos e a possibilidade futura de adquirir a empresa fabricante ou de
manter uma parceria com ela. Entretanto ele também tem suas desvantagens, a empresa tem
menor controle sobre a fabricação, e de perder a possibilidade de lucros no processo de
produção.
- Franquia é o método mais sólido e completo de licenciamento, a empresa que entra
através desse meio fornece seu modo operacional e orientações quanto à marca. Já o
franqueado paga uma determinada quantia pela utilização da marca e tem que arcar com o
investimento inicial do processo.
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2.3.4 Joint-Venture
A joint-venture tem como base o investimento de empresas estrangeiras com
empresas locais visando atuar no mercado local para controla-lo. Esse método tem vários
motivos para ser usado, sendo eles necessidade, razões econômicas ou razões políticas, já que
ele é utilizado como exigência por alguns governos estrangeiros para atuar em seus
territórios. Sua grande desvantagem é que deve sempre deve haver entendimento entre ambas
as partes sobre as ações a serem tomadas pela empresa, o que nem sempre pode ser atingido
causando rompimentos entre os investidores.
2.3.5 Investimento direto
O investimento direto é o meio que mais pode trazer benefícios para a empresa que o
escolher, contudo é também o método mais arriscado de internacionalização. Ele pode
ocorrer de três maneiras, quando a empresa adquiri , ou quando a empresa se torna acionista
de uma empresa local e quando constrói instalações próprias. Os benefícios que o
investimento direto pode fornecer são:
- Economia em custos, através de incentivos do governo, de mão de obra e matéria
prima mais barata e de economia em frete.
- Visibilidade da Imagem da empresa, que com as instalações gera emprego
melhorando sua imagem perante a população.
- Melhor relacionamento com fornecedores locais, distribuidores, governo e clientes
tornando mais fácil a adaptação de produtos.
- Total controle sobre seus investimentos, possibilitando uma melhor estratégia de
marketing e produção por parte da empresa.
- Quebra de barreiras em países que exigem estabelecimento no mesmo para a
inserção no mercado.
Porém esse investimento como falado anteriormente é de alto risco, isso acontece
porque esse meio de internacionalização é exigido um massivo investimento sendo assim
muitas coisas influenciam nesse método como, mercados desfavoráveis, moedas bloqueadas
ou desvalorizadas e expropriações.
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3.METODOLOGIA
Para alcançar os objetivos deste artigo, utilizou-se a classificação de pesquisa proposta
por Vergara (2005), que se define em dois critérios: quanto aos meios e quanto aos fins.
Quanto aos fins esse trabalho se define por ser uma pesquisa descritiva e explicativa. Ainda
tendo por base a autora, a pesquisa descritiva demonstra características de determinada
população ou fenômeno, tendo a capacidade de estabelecer correlações entre variáveis,
definir sua natureza, e de servir como base explicativa para os fenômenos descritos. A
pesquisa explicativa “[...] tem como principal objetivo tornar algo inteligível justificar-lhe os
motivos. Visa, portanto, esclarecer quais fatores contribuem, de alguma forma, para a
ocorrência de determinado fenômeno”. (Vergara, 2005, p.47)
A pesquisa descritiva teve como função descrever características, conceitos,
benefícios, importância das estratégias e quais foram utilizadas pelas empresas WEG e
Marcopolo em sua internacionalização. Agora, a pesquisa explicativa foi utilizada para
entender os motivos que geraram a internacionalização das empresas selecionadas e as
vantagens adquiridas por esse processo.
Quanto aos meios o trabalho utiliza as pesquisas bibliográfica e documental, assim
como o estudo de caso. Segundo Lakatos e Marconi:
A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia já
tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins,
jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc. Sua
finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo que foi escrito, dito ou
filmado sobre determinado assunto. (2008, p.57).
A coleta de dados foi realizada através de pesquisa documental, que se categoriza
como, uma investigação feita através de “documentos conservados no interior de órgãos
públicos e privados de qualquer natureza, ou com pessoas: registros, anais, regulamentos,
circulares, ofícios, memorandos, balancetes, comunicações informais, filmes, microfilmes,
fotografias, videoteipe, informações em disquete, diários, cartas pessoais e outros”. (Vergara,
2005, p.48) Como objetos da pesquisa documental foram utilizados os relatórios
administrativos e anuais das empresas WEG e Marcopolo entre os anos de 2006 a 2011
fornecidos pelas empresas.
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Para Yin (2005), o estudo de caso é uma das formas de fazer pesquisas investigativas
sobre fenômenos contemporâneos reais, principalmente em situações onde os limites entre
esse fenômeno e o contexto não são muito bem definidos.
Em relação ao estudo de caso das empresas WEG e Marcopolo, foram estudados os
seguintes aspectos: histórico da empresa, missão, modelo de gestão, desempenho econômicofinanceiro, processo de internacionalização, mercados de atuação e as estratégias de inserção
em outros mercados externos. Sendo que os dados utilizados na pesquisa foram
preferencialmente fornecidos pelas empresas, dando a possibilidade de se fazer com maior
verossimidade possível.
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4. RESULTADOS
4.1 Estudo de Caso: Empresa WEG
4.1.1
A empresa
a)Resumo executivo
A WEG é uma fabricante de motores elétricos, dentre as quais é reconhecida
com uma das maiores do mercado. A empresa atua em vários segmentos de mercado como,
motores, automação, máquinas, energia, transmissão e distribuição e tintas sendo que cada
uma delas apresenta grande sinergia entre si. Possui atualmente várias fábricas tanto no Brasil
quanto em outros sete países, sendo que dentre elas possui uma das maiores plantas
industriais do mundo para a produção de motores elétricos. A WEG possui um quadro de
funcionários de 24.580 colaboradores.
No ano de 2011, a WEG demonstrou um patrimônio líquido superior a 3,8 bilhões de
reais, com o aumento em sua produção e a aquisição de novos segmentos de mercado. As
ações de mercado voltadas para o exterior representam 36% da receita líquida, sendo que a
empresa atende aos cinco continentes e em dento e dez países. No mercado interno detém a
liderança de seu segmento. Já sua atuação no mercado externo no segmento de motores
elétricos, corresponde a 44% da receita liquida operacional da empresa.
b) História
A empresa foi criada em 16 de setembro de 1961 com a razão social Eletromotores
Jaraguá Ltda, tendo sua sede em Jaraguá do Sul, Santa Catarina. Após dois meses de
funcionamento a empresa alterou o nome para WEG, sendo ela as iniciais dos sócios; W
(Werner), E (Eggon) e G (Geraldo).
No início, a empresa enfrentou grandes dificuldades para se firmar no mercado
principalmente pela existência de empresas já consolidadas no mercado nacional como Arno,
GE, Paulista, etc. Contudo, ela conseguiu passar por esses obstáculos, pouco depois se viu na
necessidade de criar um parque fabril próprio para atender o aumento de vendas.
Com o passar dos anos também foi se exigindo cada vez mais da capacidade dos
motores, para suprir essa pedida do mercado a empresa buscou parcerias e tecnologias na
Alemanha através da ajuda do BNDES. Com esse intercambio de informações a empresa
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conseguiu aumentar sua fatia de mercado, de modo que ao final de sua primeira década já
figurava entre as principais empresas no mercado interno.
No ano de 1970 a WEG começou suas primeiras incursões de internacionalização com
a venda de seus produtos para os países da América Latina através das exportações, e também
firmou seus primeiros contatos de representação e distribuição. Já no ano de 1971 a empresa
fez a abertura de seu capital.
Buscando tomar um passo maior em relação ao mercado exterior, a empresa começou
participar das maiores feiras eletroeletrônicas internacionais e fundou uma empresa na
Alemanha chamada Jara por seu nome já ser existente no mercado europeu. Por suas ações a
empresa atingiu os marcos de maior fabricante de motores na américa latina, de líder de
exportações no Brasil e já atuava exportando para 32 países.
Em 1981, foi criada a WEG Acionamentos uma empresa feita para atuar no segmento
de componentes eletroeletrônicos. No mesmo ano em junho, através da aquisição da empresa
Ecemic, foi fundada a WEG Transformadores uma empresa que deu sinergia ao grupo, que
agora atuava na geração, na distribuição e na transmissão da energia elétrica. Ainda naquele
ano no mês de agosto, foi fundada a WEG Máquinas, que trabalhava no segmento de
maquinas girantes de grande porte.
A empresa WEG Química foi fundada a partir da aquisição da empresa Tintas
Michigan em novembro de 1983 para suprir a necessidade de tintas e vernizes industriais,
sendo hoje a líder de mercado do segmento. Ainda na década de 80 a WEG cria a WEG
Automação.
Durante a década de 90, a WEG buscou continuar sua proposta de sempre melhorar
seu produto, sendo assim lançou um motor revolucionário que reduzia em 30% a perda com
energia elétrica, e em 93 lançou uma tinta industrial em pó que em um ano fez a fábrica ter
que dobrar de tamanho para atender a demanda, transformando a WEG em uma das maiores
tinturarias do país e que a WEG Química começasse a atuar também no Mercosul.
Com os bons desempenhos da empresa, a imagem da empresa ganhava força nos
mercados interno e externo, se destacando principalmente no mercado externo onde
conquistava novos mercados e fortalecia o nome da marca WEG neles.
16
Desde 1995 com a proposta de estratégia de desenvolvimento, a empresa fez os
centros de negócios que procuram fazer usufruto da sinergia gerada por seus produtos na
produção e na melhoria dos mesmos. Os centros de negócios englobam todos os processos da
empresa o que possibilita um melhor atendimento em escala global, além de gerar um
aumento de credibilidade da marca no mercado exterior.
No ano de 2000 a empresa começa a fazer investimentos diretos em outros países,
adquirindo 3 fábricas nesse ano, na Argentina, na Colômbia, e no México. Na busca por
mercados emergentes e por manutenção dos mercados existentes a WEG compra uma fábrica
em Portugal em 2002, compra uma fábrica na china e estabelece uma filial na índia em 2004.
Visando maior valorização da empresa a WEG é considerada categoria especial de
governança corporativa na Bovespa em 2007, e no mesmo ano começa a construir sua fábrica
na Índia. Terminando a fábrica em 2011, mesmo ano que a empresa começa a trabalhar no
mercado de eólicas e passa a fabricar aerogeradores.
c) Missão
A empresa tem como valores: Ser uma companhia humana que valoriza o trabalho de
todos seus colaboradores; O trabalho em equipe no qual explora os melhores pontos de seus
colaboradores; Eficiência buscando sempre melhores condições na produção; Flexibilidade
de conseguir se adaptar e responder as necessidades do mercado; Inovação de buscar sempre
estar buscando novas ideias e tecnologias para melhorar a empresa; Liderança no
relacionamento com seus clientes. Tendo na base desses valores sua missão.
d) Modelo de Gestão
A WEG faz utilização do modelo de gestão corporativa, sendo administrada por um
Conselho de Administração, um Conselho Fiscal, uma Presidência Executiva e uma Diretoria
Operacional.
"governança é a estrutura de controle de alto nível, consistindo dos direitos de decisão do
Conselho de Administração e do diretor executivo, dos procedimentos para alterá-los, do
tamanho e composição do Conselho de Administração e da compensação e posse de ações
dos gestores e conselheiros" Jensen (2001, p.2)
Essa prática de gestão tem por base ser transparente aos seus acionistas, a empresa busca todo
ano fazer um relatório anual na qual divulga os acontecimentos e seus balancetes anuais,
desse modo demonstrando zelar as crenças, os valores e as propostas aplicadas pela empresa.
17
A WEG “ tem suas ações negociadas na BM&FBovespa sob o código “WEGE3” e está
listada, desde junho de 2007, no segmento especial de governança corporativa denominado
Novo Mercado.” (Relatório anual WEG 2011, p.16)
e) Desempenho Econômico-Financeiro
No ano de 2011, a empresa teve uma maior estabilidade em relação ao ano
anterior no mercado nacional porém com crescimento menor. Segundo o Relatório Anual da
WEG (2011), o Brasil teve um crescimento no PIB de 3,6%.
Tendo em vistas essa estatística a empresa, teve um crescimento de 18,2% em relação
ao ano anterior na sua receita operacional liquida, sendo que desse crescimento 9% foi do
mercado interno e 44% foi do mercado externo atingindo a quantia de R$ 5.189,4 milhões.
Uma receita que apesar do crescimento foi abaixo da receita do ano anterior, como pode ser
visualizado no gráfico abaixo.
Gráfico 1 – Evolução da Receita Líquida
(em milhões de reais)
3.011
2.359
2.944
2.580
2.528
2009
2010
1.622
1.231
2005
2006
2007
2008
2011
Receita Liquida
Fonte: Adaptado Relatório Anual WEG de 2011.
O gráfico evidencia o considerável crescimento na receita liquida da empresa que
aproveitou a devida desvalorização da moeda brasileira em relação ao dólar médio de 2011,
impactando nas exportações. Contudo, apesar de ter tido um ano favorável à empresa, o lucro
liquido foi 7% abaixo do lucro do ano anterior.
18
4.1.2 Internacionalização
a) Processo de internacionalização
O processo de internacionalização da Weg pode ser definido em 4 fases, sendo a
primeira fase em 1970 com o começo das exportações pela empresa, os primeiros contratos
de representação e distribuição e também com a abertura de capital que a empresa definiu em
1971. As exportações tiveram seu começo pela América latina onde se tinha uma maior
proximidade cultural e maior facilidade no idioma. A empresa também buscou participar em
feiras no exterior para buscar aprimoramento de seus produtos e para que eles tivessem uma
maior aceitação nos mercados externos.
A segunda fase da empresa ocorreu na década de 80, a empresa se via na necessidade
de conquistar os mercados e se adaptar melhor as culturas estrangeiras, com esse intuito ela
buscou criar extensões de representantes e distribuidores, criar um departamento de comércio
exterior, aumentar suas participações em feiras internacionais, certificar seus produtos e
incentivar os seus funcionários aprender outras línguas. O incentivo foi realizado através de
um auxilio da WEG para ensinar inglês e espanhol aos funcionários, além de também
promover o intercambio de funcionários entre filiais no exterior para treinamentos. A WEG
também adotou uma filosofia de que exportar faz parte do negócio, contrariando a filosofia
da época que era de exporta somente o excedente.
Na década de 90 a Weg começou sua terceira fase de internacionalização onde ela
definiu suas estratégias em relação ao mercado externo, transformou seu departamento de
comércio exterior na empresa WEG exportadora. A WEG se sentindo muito dependente de
distribuidores resolveu substituir esses distribuidores por filiais comerciais criando assim suas
primeiras filiais, e como meio para abrir suas filiais a empresa associou-se a distribuidores
locais e contratou especialistas locais em cada país. Segue uma figura com suas primeiras
filiais:
19
Fonte: Processo de Internacionalização da WEG, 2011.
Já a quarta fase teve início em 2000 e se mantém até hoje, a empresa resolveu criar
uma cobertura para atender mundialmente, buscou tentar conquistar o mercado asiático, e
além disso procurou criar suas fábricas no mundo através da compra de fabricas concorrentes
já existentes tendo menos gastos em sua instalação. Através disso a empresa foi ganhando
mais ainda o mercado internacional como pode se ver na figura abaixo:
Fonte: Processo de Internacionalização da WEG, 2011.
20
b) Mercado de atuação
O Grupo WEG atua em 27 países, desde áreas voltadas para energia, transmissão e
distribuição até automação e tintas. Sendo deste grupo de países, apenas 3 países; África do
Sul, Índia e Argentina; possuem fábricas e filiais.
Fonte: Processo de Internacionalização da WEG, 2011.
c)Estratégias utilizadas
A empresa se utilizou de várias estratégias de internacionalização. Dentre elas o grupo
WEG faz utilização principalmente de joint ventures, alianças estratégicas, exportações e
investimento direto como seus principais métodos de abordar outros mercados, contudo a
empresa também faz utilizações de estratégias como a brand label e o global sourcing.
Brand label é uma estratégia que se categoriza dentro do licenciamento, no qual um
projeto próprio é levado para o país onde será negociado apenas para sua fabricação,
recebendo depois sua marca original. A WEG utilizou por um tempo essa estratégia hoje ela
não é mais utilizada. O global sourcing, ou fornecimento global é segundo Kotabe (1992) a
busca das melhores combinações existentes nas operações de vendas, pesquisas, produções e
desenvolvimento visando a ceia de valor da empresa com atuações no mundo todo.
Além dessas a WEG se utiliza das legislações em vigor nos países no qual atua,
gerando receitas tributáveis, com os impostos correntes e diferidos.
21
Fonte: Revista Faculdade Cenecista de Joinville, 2002.
d)Desempenho Econômico-Financeiro no mercado externo
O Grupo Weg obteve, em 2011, uma receita líquida que atingiu R$ 2.286,4 milhões,
sendo 44% desta receita operacional líquida total. Foi um grande crescimento (33%) se
comparado ao ano de 2010. Tudo isso deve se ao aumento do mercado tradicional e de novos
mercados, auxiliando no crescimento de mercados subdesenvolvidos que foram adquiridos no
ano de 2010.
4.1.2
Breve análise do modelo
Como visto através das informações anteriores, o grupo WEG fez seu processo
no padrão do que seria internacionalização aos poucos e de modo a procurar sempre uma
menor quantidade de risco. A empresa começou cedo com as exportações, partindo aos
poucos para novos investimentos e aumentado seus riscos na internacionalização. Ela partiu
da exportação, depois aplicou os preceitos de joint ventures onde ela substituiu suas
distribuidoras por parcerias com distribuidoras locais criando assim suas filiais. Tendo por
fim optado ao inicio do ano 2000, fazer investimento direto com criação de fabricas em
outros países no qual ela teve uma atitude de reduzir os custos com esse investimento
comprando fabricas concorrentes para se instalar no mercado
22
O grupo WEG é uma das grandes empresas de mercado de motores e automação. Em
se analisando os dados, ela teve um grande aumento em sua capacidade de produção, no
numero de colaboradores e também em suas vendas através dessa internacionalização, outro
ponto positivo para a empresa foi o desenvolvimento de novas tecnologias, com o contato
com outros mercados. Mostrando de forma clara e sucinta o quão esse processo a fez crescer.
Contudo o Grupo WEG também teve a necessidade de criar equipes especializadas para lidar
com esse processo, tendo uma despesa maior com a organização desses setores e o
treinamento de seus colaboradores. Abaixo segue um gráfico do desempenho de vendas da
WEG.
Gráfico 3 – Evolução das vendas
(em milhões de doláres)
1.231
1.622
2005
2006
2.359
2007
3.011
2.580
2.528
2.944
2008
2009
2010
2011
vendas
Fonte: Processo de Internacionalização da WEG, 2011.
4.2 Estudo de Caso: Empresa Marcopolo
4.2.1 A empresa
a) Resumo Executivo
A Marcopolo S.A. é uma das principais fabricantes de carrocerias de ônibus do
mundo, suas atividades são voltadas para o desenvolvimento de soluções para o transporte
coletivo de passageiros. A empresa oferece uma linha diversificada de produtos que abrange
os modelos de ônibus rodoviários; urbanos; micros e miniônibus. A empresa mantém suas
atividades de forma ininterrupta [há 63 anos] e produziu nesse período mais de 285 mil
ônibus
até
os
dias
de
hoje.
Em 2011, a Marcopolo registrou receita líquida consolidada de R$ 3,368 bilhão com a
produção de 31.761 unidades, crescimento de 14.3% em relação ao ano de 2010. Aonde deste
total, 67.2% foram produzidas no Brasil 32.8% no exterior. As exportações e os negócios no
exterior representaram 72.9% da receita líquida. No mercado brasileiro, é a maior fabricante e
detém cerca de 45.7% de participação. Internacionalmente, é uma das principais fabricantes,
23
contribuindo com cerca de 7% da produção mundial. A empresa está presente em mais de
100 países pelo mundo.
b) História
Em seis de agosto de 1949, foi fundada a Nicola & Cia. Ltda. Formada por oito sócios
e quinze funcionários, a produção da empresa consistia na fabricação de carrocerias, pintura e
chapeação de automóveis, tudo isso de forma artesanal, pois na época não existiam chassis de
ônibus e caminhões, as carrocerias eram feitas de madeira no tamanho que o cliente
necessitasse.
Em 1953, a empresa inovou na indústria de carrocerias de ônibus no Brasil, pois
começou a produzir estruturas de aço, o que reduziu o tempo de fabricação, pois passaram a
existir chassis especiais para ônibus.
Entre 1954 e 1957, ocorreu a construção da nova fábrica no bairro Planalto, em
Caxias do Sul. Essa fábrica iniciou a produção de chassis brasileiros, que são então utilizados
na fabricação dos ônibus da empresa.
Em 1961, a empresa assinou com a Compañia Omnibus Pando do Uruguai o primeiro
contrato de exportação, que implicou na atualização dos processos produtivos e na
implantação de programas de treinamento. Dois anos depois, foi inaugurada a Filial de São
Paulo, e, no ano seguinte, a de Curitiba, proporcionando o suporte que a empresa necessitava
para seu crescimento.
Em 1968, lançaram o ônibus Marcopolo, cujo sucesso foi tão grande que levou a
empresa a adotar o seu nome. Assim, em 1971, a empresa mudou a razão social para
Marcopolo S.A. Carrocerias e Ônibus e neste mesmo ano, a empresa iniciou a exportação de
tecnologia e de unidades desmontadas.
A empresa abre seu capital e começa a negociar suas ações na Bovespa no ano de
1977. Quatro anos depois, em 1981, a Marcopolo inauguraria uma unidade que centralizaria
sua produção de ônibus.
Em 1984, Marcopolo Distribuidora de Peças Ltda. foi constituída. Dois anos depois,
em 1986, começaram a implantação de técnicas japonesas de produção e administração em
24
suas fábricas, uma delas foi o Just in time, o qual foi adaptado à realidade brasileira, gerando
o Simps - Sistema Integrado Marcopolo de Produção, que tem foco no trabalho em equipe.
A Marcopolo iniciou seu processo de exportação em 1961 com pequenas exportações
para o Uruguai. No inicio da década de 1980 a empresa obteve grandes valores de
exportação, que foram freados pela crise nacional reduzindo o lucro, todavia não
impossibilitou o crescimento internacional da empresa.
No ano de 1991 a empresa tomou outro grande passo em relação a sua
internacionalização, quando ela inaugura sua indústria de carrocerias em Portugal. Sendo que
os próximos investimentos desse porte só voltam a ocorrer no ano de 2001 quando a
Marcopolo cria a Superpolo S.A. na Colômbia e a Marcopolo South África na África do Sul.
Em 2002 a Bovespa aderi a empresa no nível 2 de governança coorporativa,
melhorando a visibilidade de sua marca no mercado exterior.
Como necessidade para aumentar seu crescimento a Marcopolo no ano de 2005
aprova um novo modelo de gestão, através da criação de Comitês e do Conselho de
Herdeiros, e aprova também um novo código de conduta da empresa.
Entre os anos de 2006 e 2008 a Marcopolo começou uma série de Joint Ventures com
empresas da Indía, Rússia, China e Egito. Sendo que, desde 2009, a empresa atua em 3
plantas no brasil e 12 no exterior – Argentina, Colômbia, México, China, Índia, Portugal,
Rússia, África do Sul e Egito e tem sua marca presente em mais de 100 países.
c) Missão
Os valores organizacionais da empresa são: o respeito e valorização das pessoas, a
satisfação dos clientes, a excelência no resultado, solidez econômico-financeiras, o respeito
ao meio-ambiente e as comunidades, a ética e o respeito as parcerias.
A missão da empresa é de oferecer soluções, bens e serviços para satisfazer clientes e
usuários, com tecnologia e performance; remunerar adequadamente o investimento, atuando
para que seja priorizado o transporte coletivo de passageiros, contribuindo assim, para
melhoria da qualidade de vida dos colaboradores e da sociedade.
Já a visão da empresa é de ser reconheciada como a empresa brasileira mais
competitiva nos segmentos de negócios que estiver atuandoe de sólida imagem econômica e
social.
25
d) Modelo de Gestão
A Companhia é composta por um Conselho de Administração que possui seis
membros: dois internos, um externo e três independentes. O Conselho Fiscal é composto de
três membros, com sua maioria representando os acionistas minoritários e detentores de ações
preferenciais.
A Marcopolo foi à primeira empresa do setor industrial brasileiro a aderir aos padrões
e regras de Governança Corporativa Nível II da Bovespa, que prevê, além da aceitação das
obrigações contidas no nível I, adoção de um conjunto de práticas bem mais amplos. Além
disso, tem como princípios a justiça e o respeito aos direitos dos acionistas minoritários.
Dentre os compromissos assumidos com o programa, a empresa adotou o tag along de
100,0% aos acionistas minoritários detentores de ações ordinárias e de 80,0% aos acionistas
detentores de ações preferenciais. A empresa comprometeu-se, para estimular a liquidez de
seus papéis, a manter em circulação no mercado pelo menos 25,0% das ações, bem como dar
transparência nas negociações de ações por parte dos administradores e controladores.
g) Desempenho Econômico-Financeiro
A expansão da economia mundial favoreceu os negócios da empresa, contudo é
preciso observar algumas variáveis que influem decisivamente no desempenho da empresa,
como os aumentos nos preços das matérias-primas, valorização do real e os aumentos na
taxas de juros.
Apesar desses fatores, a empresa apresentou ótimos resultados. A receita líquida foi
positiva em R$ 65.7 milhões em 2011, contra resultado positivo de R$ 78.2 milhões em 2010.
A receita no ano de 2011 foi de R$ 249.8 milhões, 19% maior que no ano anterior.
As atividades operacionais, de 2011, geraram recursos de R$ 381.8 milhões/ as
atividades de investimento demandaram R$ 74.7 milhões, enquanto as atividades de
financiamento consumiram R$ 76 milhões.
4.2.2 A Internacionalização
a) O processo de internacionalização
O processo de internacionalização da Marcopolo aconteceu de maneira progressiva,
em que aos poucos a empresa foi aperfeiçoando suas estratégias. Atualmente, a empresa tem
dedicado esforços aos investimentos na produção no Brasil e no exterior, às exportações e à
26
continuidade da internacionalização, essas são estratégias da empresa para consolidação de
seu crescimento, além disso, continua pesquisando novos mercados para seus produtos em
importantes regiões no mundo.
O primeiro contato com o mercado externo foi em 1961, quando ocorreu a primeira
atividade de exportação, com uma remessa para o Uruguai, por meio do contrato com a
Compañia Omnibus Pando. Em 1988, a empresa chegou ao mercado norte-americano,
exportando o microônibus.
Em 1991 foi inaugurada a fábrica de Coimbra em Portugal, a empresa foi inserida na
União Européia, com todas as operações da Marcopolo e foi à porta de entrada para os
produtos da Marcopolo na Europa.
As atividades no mercado mexicano iniciaram em 1992, por meio de uma aliança
estratégica com uma empresa local, a Dyna, em que a Marcopolo vendeu tecnologia. Em
1999 foi constituída a fábrica em Águas Calientes, a Polomex S.A, que mais tarde foi
transferida para Monterrey.
Em 1998 foi inaugurada a Marcopolo Latinoamérica, com sede na província de
Córdoba, Argentina, onde a empresa atingiu grande presença de mercado, com 35% de
market share. Porém, com a crise econômica no país em 2001, a fábrica da Argentina teve
que
ser
fechada.
Em 2000, a Marcopolo chegou à Colômbia, com uma fabrica em Bogotá. Esse
empreendimento foi uma associação 50/50 com a Superbus, fabrica de ônibus do grupo
Fanalca. Ainda em 2000, a empresa chegou à África do Sul, com a empresa Marcopolo
South Africa, em Pietesburg, que em 2001 transferiu as instalações para Johanesburgo, onde
adquiriu a fábrica da Volvo.
Em 2002, instalou-se na China por meio de aliança estratégica, em que a Marcopolo
vende tecnologia para a Iveco. No ano de 2005, a empresa criou o banco moneo s.a. e renovou seu
modelo de gestão e seu código de conduta de modo a beneficiar seu crescimento.
Procurando melhorar seus investimentos em mercados emergentes, a Marcopolo firma duas
joint ventures em 2006, uma com a Tata motors da Índia, e outra com a Ruspromauto da Rússia. No
ano seguinte a empresa, adquiri ações da Metalpar na Argentina e articula uma joint venture com a
GB auto do Egito que só é efetivada em 2008.
No ano de 2011, a empresa continuou sua politica de internacionalização e anunciou uma a
joint venture com o grupo OJSC KAMAZ, maior empresa automobilística da Rússia e anunciou
també a aquisição de 75% na participação da empresa Volgren Australia PTY. Limited sediada em
Melbourne, na Austrália.
27
b) Mercados de Atuação
A Companhia opera com 12 grandes fábricas no exterior, sendo três nas Américas:
México, Colômbia e Argentina; na Europa: Portugal e Rússia; na África: África do Sul e
Egito; na Ásia: China e Índia. Apesar de estar com as atividades paralisadas na Argentina, a
Marcopolo retomou as exportações diretas para empresas daquele país, que efetuam suas
compras
com
pagamentos
antecipados.
A empresa ainda está presente em mais de 100 países ao redor do mundo. Atualmente
a empresa tem concentrado esforços em mercados como a América Latina, Oriente Médio,
África e principalmente na Ásia.
A Marcopolo possui mais de trinta representantes espalhados em todo o mundo, estes
representantes são, em sua grande maioria, ex-funcionários da empresa, o que assegura um
grande conhecimento em relação aos produtos, o que aumenta a capacidade de
comercialização da Marcopolo.
A presença da empresa no mercado mundial, bem como a participação de cada
mercado na receita bruta pode ser verificada na figura abaixo:
Fonte:http://www.marcopolo.com.br/website/2011/marcopolo/pt/a_marcopolo/atuacao.
A empresa tem marcado presença mundial por meio do posicionamento nos mercados
comuns, no Mercosul ; União Européia; Cone Sul África; Far East (China) ; Caricom
(México e Colombia); Magreb (Norte da África) via Portugal e Marrocos; Cafta (Centro
28
América). Na Marcopolo, o foco nas exportações e unidades fabris em blocos econômicos
importantes faz parte da estratégia da empresa em minimizar riscos da dependência a
determinados clientes.
c) Estratégias utilizadas
A Marcopolo utiliza várias estratégias de inserção em mercados externos, sendo elas:
a exportação; instalação de fábricas no exterior; joint ventures e global sourcing. Cada uma
delas é utilizada com um objetivo e todas contribuem para o excelente desempenho da
empresa.
Exportação
A exportação é a forma tradicional das empresas ingressarem no mercado externo.
De acordo com dados da ADVB/RS, a Marcopolo exportou em 2011 R$ 15,4 bilhões.
Atividades de exportação estão sujeitas as oscilações cambiais, que influenciam
diretamente nos resultados da operação. Sendo que a matriz da empresa é brasileira e fabrica
no país muitas peças que são utilizadas no exterior. Sendo assim, não há como neutralizar
100% o efeito das oscilações cambiais. A empresa adota como prática a garantia das
operações por meio de cartas de crédito ou outras garantias que assegurem a liquidez das
operações para fazer uma cambial e diminuir os riscos de mercado.
As barreiras comercias impostas pelos outros países, que às vezes podem dificultar a
entrada do produto em determinados países, sendo assim, a empresa trabalha com o foco nos
blocos econômicos organizados em várias regiões do mundo, sendo um jeito de evitar
algumas barreiras.
No mercado, a Marcopolo, fixou-se como uma grande empresa exportadora e
atualmente exporta para mais de cem países, possuindo uma variedade de clientes, e assim,
diluindo assim seus riscos nas vendas.
d) Desempenho econômico-financeiro no mercado externo
No ano de 2011, as unidades no exterior produziram cerca de 10,3 mil unidades,
19,1% a mais que no ano anterior, representando 32,8% da produção consolidada da empresa.
A Marcopolo teve em sua receita liquida um aumento de 3,1% em receita liquida que subiu
de 884,8 milhões de reais para 912,3 milhões de reais
29
Fonte: Relatório Administrativo Marcopolo, 2011
4.2.3 Breve análise do modelo
A empresa Marcopolo também começou sua internacionalização através da
exportação, e depois ela foi feita de modo progressivo ao começar pela exportação ela pode
testar a fluidez do mercado antes de tentar qualquer outra abordagem. A medida que ia
progredindo ela começou a fazer acordos comerciais e a investir em outros países com um
plano de internacionalização já predeterminado de quanto seria gasto no processo e de quais
eram as metas com isso. A sua grande diferenciação quanto a seu processo é que ele foi muito
bem construído através de estudos e expectativas. Através desse método a Marcopolo teve
um aumento em sua capacidade de produção, em sua lucratividade, diminuiu sua dependência
inicial do mercado interno e diluiu seus riscos com entrada em outros mercados, além de ter
melhorado sua tecnologia. Uma outra vantagem foi a grande visibilidade da marca, hoje em
dia uma das empresas com quantidade representativa de market share.
Entretanto, a empresa Marcopolo teve que buscar a adaptação de seus produtos para
inserção de novos mercados criando maiores despesas com isso, e também tem em seu plano
de internacionalização de que o retorno esperado deste investimento em de longo prazo. Ao
investir em mercados ascendentes a empresa sabe que sua margem de lucro será maior
quando o mercado nesses locais se estabilizar.
30
5. CONCLUSÃO
Este artigo demonstrou os processos envolvidos na internacionalização, quais
estratégias podem ser aplicadas para que ela aconteça, assim como os seus efeitos, vantagens
e desvantagens por sua implementação. O artigo conseguiu alcançar seus objetivos,
demonstrando como ocorreu o processo de internacionalização de ambas as empresas e
fazendo uma analise de como o processo ocorreu.
No estudo de caso da WEG foi possível observar o processo de internacionalização da
empresa e as variáveis internas e externas que contribuíram para o sucesso do modelo
adotado pela empresa. As variáveis internas se mostraram determinantes na composição do
modelo adotado, na medida em que funcionários motivados, adoção de políticas corretas de
responsabilidade social e ambiental, a detenção de tecnologia própria compõem um conjunto
de vantagens que possibilitam a empresa obter competitividade internacional. Além disso, a
utilização de um modelo diversificado de estratégias contribuiu para o bom desempenho da
empresa. Em relação às estratégias utilizadas, foi observado que somente a atividade e
exportadora não se sustenta, pois a empresa ficaria a mercê de políticas macroeconômicas
que influenciam no desempenho de suas atividades. Dessa forma, a diversificação torna-se a
opção mais viável, uma vez que a empresa tem a possibilidade de compensar possíveis
perdas. Entretanto, é preciso salientar que diversificação não significa que a empresa deverá
utilizar todas as estratégias possíveis, no caso da WEG, a empresa não possui muitas
experiências positivas com joint venture, logo utiliza outras formas para compensar. Por
outro lado, a atividade exportadora e as fábricas no exterior são empreendimentos muito
lucrativos. A adoção do global sourcing, mostra a ampla visão da empresa, na medida em que
ela está disposta a buscar fornecedores globais, a fim de oferecer produtos competitivos
mundialmente. Além disso, a empresa continua adotando a tendência global de
internacionalização da produção e vem buscando novos mercados para instalar suas fabricas,
e consequentemente, tornar-se competitiva para atender os clientes espalhados em todo o
mundo.
Com o estudo de caso da empresa Marcopolo pode-se perceber que seu processo de
internacionalização não foi planejado, foi acontecendo aos poucos, de acordo com as
demandas do mercado. Entretanto, hoje a empresa encontra-se entre as maiores fabricantes de
carrocerias de ônibus do mundo. O sucesso da empresa está diretamente relacionado às suas
31
políticas internas, tendo em vista a necessidade de deter tecnologia própria, trabalhar com
colaboradores motivados, preservar o meio ambiente, agir com responsabilidade social. Em
relação ao seu envolvimento com o mercado externo, a Marcopolo iniciou seu processo de
internacionalização com as exportações, devido às suas facilidades comparadas com as
demais estratégias. Porém, com o passar do tempo a empresa percebeu que poderia ser
vantajoso, ou mesmo necessário, fazer alianças, estabelecer joint ventures ou instalar fábricas
no exterior. Isto se deve à busca de competitividade que as empresas tanto necessitam no
mundo globalizado no qual estão inseridas. Assim, a atual estratégia de internacionalização
da Marcopolo tem como foco o aperfeiçoamento das suas políticas internas, formação de
alianças com grandes montadoras de chassi, diversificação de mercado, consolidação e
ampliação das operações existentes.
No presente estudo foi possível mostrar a internacionalização sob vários ângulos,
desde uma exportação, passando pela formação de alianças até a instalação de fábricas no
exterior. De fato a internacionalização consiste num processo, composto de varias etapas, que
deve ser buscado pelas empresas a fim de serem competitivas no mundo globalizado no qual
estão inseridas. Assim, adoção de estratégias diversificadas de inserção em mercados
externos aliada a uma política interna consistente fez com as empresas WEG e Marcopolo
tivesse sucesso no seu processo de internacionalização. Dessa forma, a hipótese desse estudo
pode ser comprovada, uma vez que o modelo de internacionalização adotado pelas empresas
brasileiras WEG e Marcopolo contribuiu de forma efetiva para sua inserção no mercado
global.
Pode se constatar, também, que a internacionalização das duas empresas gerou um
grande aumento nas vendas, no numero de colaboradores, na capacidade de produção, nos
lucros das empresas, no desenvolvimento de tecnologias melhores, e em como elas são vistas
no mercado nacional e mundial.
O estudo realizado foi muito gratificante e proveitoso, pois com ele, foi possível
entender como diversos fatores no ambiente interno, como modelo de gestão, política de
recursos humanos, tecnologia aplicada, e fatores externos como política monetária, fiscal,
acordos comerciais podem influenciar no processo de internacionalização das empresas.
Além disso, pode-se perceber que a internacionalização tornou-se uma exigência do mercado
globalizado e que as empresas devem acompanhar essa tendência a fim de serem
32
competitivas no mercado global. Entretanto, sabe-se que ainda há muito para ser estudado e
outras contribuições deverão ser feitas a fim de aprofundar e enriquecer o tema proposto
Como recomendação para estudos futuros, sugere-se que sejam feitos estudos com
empresas de ramos diferentes, e também que sejam feito estudos de internacionalização de
empresas internacionais no mercado brasileiro.
33
6. REFERENCIAS
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Adira. Porto,2007. Dissertação (Mestrado em Economia). Faculdade de Economia,
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34
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VERGARA, Sylvia Constant. Métodos de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas,
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35
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