XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
DIAGNÓSTICO DA GERAÇÃO DE RESIDUOS
PNEUMÁTICOS INSERVÍVEIS DO MUNICÍPIO
DE VITÓRIA DA CONQUISTA
Andressa Caroline De Battisti (FAINOR)
[email protected]
Euclides Santos Bittencourt (UNEB)
[email protected]
Os impactos ambientais causados pelos resíduos das cadeias de produção é
um tema a ser considerado pela academia. Os impactos ambientais são
inevitáveis nas cidades. Para minimizar as dimensões desse comportamento
de consumo, alguns interessados, sobretudo as universidades estão
pesquisando alternativas para reaproveitamento dos resíduos. Com o
aumento populacional dado a melhor qualidade de vida, os problemas se
avolumam. Segundo (ANIP, 2014), no Brasil são colocados no mercado
aproximadamente 61 milhões de pneus por ano e depois são abandonados
em aterros, lixões, córregos, lagoas e rios. Nesse sentido, o artigo tem o
objetivo de contribuir cientificamente para o conhecimento da geração de
resíduos pneumáticos no município de Vitória da Conquista, apresentando
uma proposta de um modelo operacional de Gerenciamento Integrado dos
Resíduos Pneumáticos “pneus” - PGIRP para aplicação direta em ambientes
reais, a exemplo na pavimentação urbana, tal como uma logística reversa. A
pesquisa foi realizada no aterro sanitário e nas fontes geradoras,
borracharia, etc. Os resultados serviram de subsídio para mensurar o
reaproveitamento do resíduo pneumático e sugestões para política públicas.
Palavras-chave: Logistica Reversa, Pneus; Resíduos
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1. Introdução
A geração de resíduos sólidos é um problema que vem se agravando com o crescimento da
população dos países emergentes. Segundo a Associação Nacional de Indústria de Pneumáticos
(ANIP), no Brasil são colocados no mercado aproximadamente 61 milhões de pneus por ano, e
cerca de 100 milhões de pneus estão abandonados em aterros, lixões, córregos, lagoas e rios do
Brasil, acarretando impactos ambientais e sérios problemas de saúde pública. O presente artigo
tem o objetivo de contribuir cientificamente para o município de Vitória da Conquista,
apresentando uma proposta “piloto” de um Plano de Gerenciamento Integrado dos Resíduos
Pneumáticos “pneus” – PGIRP e formulação para aplicação em asfalto emborrachado.
A problemática desta pesquisa focasse em três problemas, devido à produção, uso e descarte
indiscriminado no meio-ambiente: (i) o impacto gerado meio ambiente, (ii) à saúde pública e a
(iii) coleta de resíduos. Apesar da sua importância fundamental na locomoção de usuários, como
gerenciar os resíduos “pneus inservíveis” , especificamente, no caso do município de Vitória da
Conquista?
1.1 Objetivo geral
Investigar o comportamento dos resíduos pneumáticos (pneus) no município de Vitória da
Conquista, objetivando minimizar pressões no aterro sanitário e impacto ambiental.
1.2 Objetivos específicos
O estudo dos resíduos de modo geral se trata de uma condição sine qua nom para as próximas
gerações devido ao consumo conspícuo da sociedade, sobretudo nas
questões ambientais.
Notadamente, a realidade é atroz e não nos permite se quer avaliar os impactos gerados com o
comportamento voltado a ter por ter as coisas. O resíduo pneumático inservível é um grande
problema para o meio ambiente. A destruição do ecossistema é eminente, porém, à medida que,
se fazem previsões sobre a quantidade que será lançada pela sociedade, será possível inferir
sobre o futuro e as possíveis alternativas de reaproveitamento que a sociedade enfrentará.
Desse modo, em princípio, com os “pés no chão”, o artigo reúne alguns objetivos operacionais
para dar um ponto de partida para o estudo. Eles seguem para melhor ordenação dos achados
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(descobertas):
a) Realizar um estudo sobre o consumo dos pneus nos dias atuais, mostrando a geração, o
impacto e a cadeia de suprimento, ou logística reversa.
b) Elaborar uma estimativa por meio do volume de pneus gerados na comercialização e
descarte no município de Vitória da Conquista, a partir dos controles do aterro do
sanitário.
c) Inferir sobre o reuso ou reaproveitamento energético dos resíduos pneumáticos
inservíveis na cadeia logística de suprimento da sociedade.
Segundo a Associação Nacional das Indústrias de Pneumáticos - Anip, em 2008, foram
produzidos aproximadamente 59 milhões de novas unidades de pneus. Estima-se que, desse
total, apenas 10% foram utilizados em processos de reciclagem ou reaproveitamento,
evidenciando, assim, que a maioria pode estar sendo disposta de forma inadequada.
Contudo, o reaproveitamento e a reutilização desses materiais são vistos como uma alternativa
na transformação destes resíduos, contribuindo para a geração de novos empregos, economia de
energia no processo industrial e preservação do meio ambiente, melhorando assim, a qualidade
de vida das pessoas.
Dessa forma, a motivação para esta pesquisa e elaboração deste artigo fundamentou-se na
relevância que o mesmo trás de desconforto para sociedade e na importância que a
transformação desses resíduos tem para formulação em novos produtos utilizáveis e a
manutenção da saúde do planeta. Alguns estudos desenvolvidos evidenciam que é
imprescindível buscar soluções para reduzir o volume destes artefatos no ambiente. Sendo assim,
espera-se com o desenvolvimento deste estudo ampliar o debate sobre sustentabilidade nos
espaços de conhecimentos teóricos dos docentes e discentes envolvidos na teia das discussões
ambientais. Na formação de engenharia de produção e áreas afins, existem espaços para dialogar
e agregar informações/contribuições para portfólio dos projetos de pesquisa e extensão.
2. Referencial teórico
Segundo o Portal G1, o volume de lixo cresce em proporção maior que a população brasileira.
Na última década, 40 milhões de brasileiros ascenderam socialmente. Essa nova classe média
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passou a consumir mais, e quem consome mais gera mais lixo. Nos últimos dez anos, a
população do Brasil aumentou 9,65%. No mesmo período, o volume de lixo cresceu mais do
que o dobro disso, 21%. É mais consumo, gerando mais lixo, que nem sempre vai para o lugar
certo.
De acordo com estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada- IPEA, no Brasil ainda
existem 2.906 lixões distribuídos por 2.810 municípios. A região Nordeste abriga o maior
número de municípios com lixões: são 1.598, o equivalente a 89% do total de cidades da
região.
A geração de resíduos sólidos é um problema que vem se agravando com o crescimento da
população dos países emergentes. Segundo a Associação Nacional de Indústria de
Pneumáticos (ANIP), no Brasil são colocados no mercado aproximadamente 61 milhões de
pneus por ano, e cerca de 100 milhões de pneus estão abandonados em aterros, lixões,
córregos, lagoas e rios do Brasil, acarretando impactos ambientais e sérios problemas de
saúde pública. Além disso, o descarte indevido de pneus em rios e lagos contribuem para o
assoreamento e enchentes.
Oliveira e Castro (2007) ressaltam que na Constituição Federal Brasileira de 1988 (2007), as
questões ambientais são consideradas como patrimônio nacional e das futuras gerações. Prevê
obrigações, principalmente com relação aos resíduos sólidos que são produzidos em grandes
quantidades diárias e determina que a manutenção da qualidade ambiental é de competência
conjunta do Governo Federal, dos Estados e dos Municípios. Contudo, apesar das
responsabilidades estarem definidas na legislação, efetivamente muito pouco se vê por parte
dos organismos públicos a respeito da preservação do meio ambiente.
Conforme Araújo (2011), embora o pneu seja considerado um produto essencial, devido à
importante função que desempenha na locomoção dos veículos, este tem gerado profundas
mudanças no modo de vida contemporâneo, bem como provocado uma constante discussão
quanto à sua destinação. Ainda segundo a autora, o tempo de decomposição de um pneu pode
demorar até 600 anos e a sua composição química que contém substâncias tóxicas podem ser
liberadas na atmosfera e provocar contaminação. Ao final de sua vida útil, o pneu pode ser
classificado em servível (podem ser reformados) ou inservível (não podem ser reformados).
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Os resíduos pneumáticos apresentam, em sua maioria, uma estrutura formada por diversos
materiais como borracha, aço, nylon ou poliéster.
No Brasil, as exigências de destinação de resíduos de pneus existem desde 1999, quando o
Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA promulgou a Resolução 258, onde se
instituiu a responsabilidade ao produtor e importador pelo ciclo total da mercadoria, em vigor
desde janeiro de 2002. Dessa forma, para que produtores e importadores obtenham licença
ambiental, devem comprovar o recolhimento e destinação dos inservíveis junto ao IBAMA
(órgão responsável pela fiscalização). No entanto, existem grandes dificuldades para que a
fiscalização possa ser feita, e consequentemente ainda existirão materiais descartados
inadequadamente.
Conforme Silva e Okimoto (2009), à frente do desenvolvimento de incentivos econômicos e
governamentais brasileiros, estão às pesquisas e tecnologias que envolvem os pneus
inservíveis. Existem aplicações em sua forma inteira ou cortados e triturados. Inteiros podem
ser aplicados em obras de contenções, nas margens de rios para evitar desmoronamentos;
podem ser utilizados como recifes artificiais; na construção de quebra-mares; equipamentos
para parques infantis; no controle de erosão; podem, ainda, ser utilizados como combustível
em fábricas; em fornos de cimento; na drenagem de gases em aterros sanitários e em usinas
termelétricas. Os que são cortados e triturados são submetidos a operações de separação dos
diferentes materiais que o compõe. A borracha que se obtém através destes processos, ou seja,
triturada ou granulada, irá ter diversas aplicações, como: em misturas asfálticas, agregado em
concretos ou argamassas, em revestimentos de quadras e pistas de esportes, na fabricação de
tapetes automotivos, adesivos, também pode se tornar solas de sapato, mantas e tantos outros
materiais . Contudo, de acordo com Oda e Fernandes (2001) apenas 10% das 300 mil
toneladas de sucata de pneus disponíveis no Brasil para obtenção de borracha regenerada são
de fato recicladas.
Deste modo, Silva e Okimoto (2009), afirmam que grande parte das tecnologias
desenvolvidas para o reaproveitamento de pneus, está ligada à construção civil. Portanto,
atualmente, a construção civil é o meio que mais consome os pneus inservíveis, tanto inteiros,
quanto cortados, triturados ou fibras restantes do processo de recauchutagem. E esse fato, se
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deve à grande disponibilidade desse material no meio ambiente somado ao conflito
populacional. O que requer um gerenciamento inteligente e especialista, o PRM.
O gerenciamento das operações que compõem o fluxo reverso faz parte da Administração da
Recuperação de Produtos – Product Recovery Management (PRM). PRM é definida como “o
gerenciamento de todos os produtos, componentes e materiais usados e descartados pelos
quais uma empresa fabricante é responsável legalmente, contratualmente ou por qualquer
outra maneira”. O objetivo da PRM é a recuperação, tanto quanto possível, de valor,
econômico e ecológico, dos produtos, componentes e materiais. A Figura 1 abaixo descreve as
opções de recuperação:
Figura 1- Resumo de opções de recuperação de produtos
(Krikke, 1998, p. 35)
Opções de PRM
Nível de
Exigências de Qualidade
Produto Resultante
Restaurar o produto para
Algumas partes reparadas ou
Desmontagem
Reparo
Produto
pleno funcionamento
Renovação
Módulo
Inspecionar e atualizar
módulos críticos
Remanufatura
Parte
Inspecionar todos os
módulos/partes e atualizar
Canibalização
Recuperação
seletiva de partes
Depende do uso em outras
opções de PRM
substituídas
Alguns módulos reparados ou
substituídos
Módulos/partes usados e
novos em novo produto
Algumas partes reutilizadas,
outras descartadas ou para
reciclagem.
Reciclagem
Material
Depende do uso em
remanufatura
Materiais utilizados em novos
produtos
Fonte: Adaptado de Cecílio Elias Daher et al (2006), 2015
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No sentido amplo, a logística reversa significa todas as operações relacionadas com a
reutilização de produtos e materiais. Logística Reversa se refere a todas as atividades
logísticas de coletar, desmontar e processar produtos e/ou materiais e peças usados a fim de
assegurar uma recuperação sustentável (amigável ao meio ambiente). DAHER, et al (2006).
Em especial, para os propósitos deste artigo, o procedimento logístico reverso trata do fluxo
de materiais que voltam à cadeia de suprimento da empresa por algum motivo de
descarte/consumo/coleta de resíduos pneumáticos inservíveis. O tema será tratado com maior
profundidade em outro momento da pesquisa.
3. Metodologia
O trabalho de pesquisa adotou o paradigma científico dedutivo, o que permitiu explorar o
tema de maneira descritiva. Notadamente, por se tratar de um levantamento de informações de
fonte primária, validado por informações de fonte secundária, caberá uma análise estatística
preliminar em modelo menos robusto, no caso adotamos as ferramentas do EXCEL e para
futuro, na formulação uma proposta teórica de plano de gestão de resíduos pneumáticos, o
estudo aponta para modelos mais robustos, tal como a adoção de séries temporais.
Em princípio, adotaram-se as etapas a seguir para atingimento dos objetivos da pesquisa.
a) Levantamentos bibliográficos nos principais bancos de teses e dissertações, nas
bibliotecas do sistema CAPES e universidades, tais como no sistema de bibliotecas
USP, nos principais periódicos da construção civil, destacando os das editoras PINI e
ARCO.
b) Após estudo geral, os materiais, ou resíduos pneumáticos, especificamente, o pneu,
“in loco”, no aterro sanitário de Vitória da Conquista foi levantado os dados de
campo, pelos registros contínuos do peso de pneus descartados existentes no aterro
sanitário e na visita de campo, as formas, ou atenção, que são dirigidas ao resíduo.
c) Os resultados obtidos na consulta ao aterro sanitário foram compilados/tratados para
formatação de artigos científicos e abrir o debate sobre o reaproveitamento energético
do resíduo pneumático na cadeia de suprimento, para os mesmos fins ou outros fins
específicos a definir pela sociedade e apoio dos centros de pesquisas.
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d) Participar de eventos científicos para expor os resultados da pesquisa. Para uma
avaliação embrionária, o estudo foi apresentado no seminário das engenharias da
Fainor (Faculdade Independente do Nordeste), onde teve destaque e notoriedade
apurada para a continuidade do estudo.
4. Resultados
De modo geral, a partir da análise descritiva, o que foi possível realizar com os dados obtidos,
porque as informações do ano de 2014, ainda não tinham sido computadas. O estudo seguiu
na perspectiva de reunir uma série histórica de dados desse insumo logístico reverso de maior
amplitude.
Para o estudo usou-se a série histórica de três exercícios fiscais, de 2011 a 2014, onde segue
uma detalhada abordagem descritiva do uso e descarte dos pneus, de forma que os pneus são
inservíveis para fins iniciais, mas, muito embora, o resíduo tem valor conforme se observou o
manejo de empresas interessadas de regiões economicamente polarizadas. O insumo no
aterro é acondicionado em um setor que a medida que forma lotes de 4000 unidades, esses
lotes são transportados a custo zero do aterro até a unidade de beneficiamento. Na quantidade
captada, Figura 2, alguns vão para empresas de remodelagem, outros são encaminhados para
trituração e aplicação em pavimentação ou materiais suplementares da indústria da construção
civil.
Figura 2 – Tabela de captação de pneus inservíveis
CAPTAÇÃO DE PNEUS NO ATERRO VITÓRIA DA CONQUISTA 2014
2011
2012
2013
2014
MÊS
ABSOLUTO
ABSOLUTO
ABSOLUTO
ABSOLUTO
Janeiro
17.920
17.860
56.740
25.520
Fevereiro
7.820
6.370
24.750
22.980
Março
17.410
24.130
16.050
15.050
Abril
2.650
9.320
31.650
13.800
Maio
9.100
19.340
23.850
35.690
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Junho
7.739
12.630
20.280
10.510
Julho
7.710
28.850
24.340
20.470
Agosto
13.350
23.890
23.050
22.400
Setembro
7.380
20.240
30.050
17.560
Outubro
18.550
17.460
16.560
21.440
Novembro
10.480
21.020
18.350
20.410
Dezembro
69.890
32.250
39.010
32.360
Total
189.999
233.360
324.680
258.190
Média
15.833
19.447
27.057
21.516
Desvio Médio
9298
5185
7573
4826
Fonte: Aterro sanitário, elaborada pelos autores, 2015
A Figura 2 exibe o quantitativo de pneus captados no aterro sanitário no período de quatros
anos, correspondente ao exercício fiscal de 2011 a 2014. As médias mostram uma tendência
crescente, apesar no ano de 2014 o consumo regredir em relação em 2013, quando na série
apresentou o maior consumo/descarte. O nosso olhar é específico ao aterro sanitário, pois
existem outras fontes menores de captação que a priori não é possível mensurar, mas para o
propósito do projeto os valores são discretos.
Na Figura 3, é possível observar o comportamento, ao longo do exercício. O gráfico ratifica a
informação da tabela.
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Figura 3 – Comportamento do descarte de pneus no aterro sanitário em 4
anos
Fonte: Aterro sanitário, elaborada pelos autores, 2015
Acima observa-se, mesmo usando uma escala menos precisa, que a rigor o aumento do
consumo deve-se ao próprio empoderamento da sociedade em termos da política econômica,
porém, cabe uma análise mais precisa, mensalmente, sobre as tendências. Nos meses de
janeiro e dezembro pode-se observar nos extremos da figura o consumo aumenta
significativamente.
Na Figura 4, um desdobramento da Figura 2 e 3, onde estão os
parâmetros levantados dos dados, em termo de média global, em relação o consumo de um
ano em relação ao outro.
Figura 4 – Tabela consolidada mostrando a variação média do consumo anual
ANO
QUANTIDADE DE PNEUS (KG)
%
Variação %
2011
189.650
19
0
2012
233.360
23
23
2013
324.680
32
39
2014
258.190
26
-20
∑
1.005.880
74
21
Fonte: Aterro sanitário, elaborada pelos autores, 2015
A tabela explicita que o consumo anual médio varia cerca de 20%, ou seja, o consumo vem
aumentando a 20% / ano. Isto é possível perceber na Figura 5, no gráfico onde mostrar a
relativo aumento de consumo e as variações. Apesar da inflexão em 2014.
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Figura 5 – Variação percentual de consumo de pneus/ano, dados do aterro
sanitário
Fonte: Aterro sanitário, elaborada pelos autores, 2015
No gráfico, Figura 5, tanto as relações percentuais, tal como as variações mostra uma inflexão
no ano de 2014. Um ponto importante para análise mais minuciosa do consumo, ou geração
do resíduo. No texto, o trabalho aponta o consumo como a causa, mas sabe-se, pela teoria das
restrições que o elo da cadeia é dado pela relação “Efeito – Causa – Efeito”. A sociedade gera
motivações para outras situações descompensatórias, como pressão no aterro, doenças
endêmicas como dengue, etc. Nesse sentido, os efeitos resultantes são catastrófico o que
justifica em linhas gerais um reaproveitamento na perspectiva da sustentabilidade ambiental.
De modo a verificar o comportamento, com mais sensibilidade neste nível de análise
descritiva, os pesquisadores se dedicaram em verificar as variações mês a mês, no período de
4 anos da séries históricas. O aterro sanitário iniciou esse trabalho de acondicionamento de
pneus em 2011, a partir das políticas sanitárias de erradicação do mosquito da dengue. A
secretaria de saúde e de serviço público em parceria intensificaram ações para coleta do
resíduo pneumático inservível na cidade de Vitória da Conquista.
Na Figura 6, estão dispostas na tabela, as informações variação mês a mês, entre os períodos
das séries históricas.
Figura 6 – Tabela das variações mensais de coleta/consumo de pneus em Vitória da Conquista
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VARIAÇÃO %
MÊS
2011/2012
2012/2013
2013/2014
Janeiro
-19
128
-55
Fevereiro
-34
179
-7
Março
13
-52
-6
Abril
186
144
-56
Maio
73
-11
50
Junho
33
15
-48
Julho
205
-39
-16
Agosto
46
-31
-3
Setembro
123
7
-42
Outubro
-23
-32
29
Novembro
63
-37
11
Dezembro
-62
-13
-17
Total
23
39
-20
Fonte: Aterro sanitário, elaborada pelos autores, 2015
As variações da tabela acima exibem que em determinados meses, o consumo/descarte/coleta
tem variações extremamente positiva, ao passo que em outros meses, comparando dentro do
período e fora do período às variações são extremamente negativas. O Exemplo, o mês de
julho as variações entre 2011/2012 foi extremamente positiva, mas nos períodos
subsequentes, entre 2012/2013 e 2013/2014, as variações foram negativas. A Figura 7, o
gráfico mostra a sazonalidades entres os meses, períodos... Notadamente, ou a coleta nos
pontos de apanha são irregulares, isso pode acontecer, ou de fato, existe uma variação que
precisa ser investigada como modelos mais robustos.
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Figura 7 – Sazonalidade mensal, comparada ano/ano nas series históricas de 4
anos
Fonte: Aterro sanitário, elaborada pelos autores, 2015
Esta análise tem a finalidade de verificar a relação evolutiva da formação do lixo urbano,
especificamente, o resíduo pneumático inservível (pneus). Considerando o período de
avaliação, externa-se que mensalmente, a cidade de vitória da conquista gera cerca de 20
toneladas de resíduo pneumático "pneus". Também, a outra hipótese é que a coleta é feita
irregularmente, principalmente na transição entre os períodos, entre o mês de dezembro e
janeiro.
A discrepância de variação (%) dos períodos 2011/2012 e 2012/2013, de fato o crescimento
do lixo (pneus) no início do ano cresceu, todavia entre os meses de abril a outubro a geração
de lixo (pneus) segue uma tendência, ou regularidade. Reforçasse que o no final do ano, entre
os meses de outubro e dezembro, a coleta de lixo é irregular, ou o serviço público torna-se
mais moroso. Reitera-se, se faz necessário ter uma análise mais consistente utilizando
modelos econométricos mais robustos, sobretudo períodos, ou séries, maiores para avaliação.
Por fim, para contribuir para um debate a partir de uma análise de tendência, algumas
simulações foram realizadas, apostando nas inferências, ou do maior pico do
descarte/consumo/coleta, ou por meio das próprias séries agrupadas na forma cronológica, ou
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por meio de avaliação de ajuste do comportamento das séries em quatro anos, que de fato não
segue uma tendência linear, mostrando que existe sazonalidade para o caso do estudo. As
Figuras de 8 a 10, a seguir foram plotadas para que outras contribuições sejam dirimidas ou
provocadas para o sucesso da pesquisa que ainda não se encerra com este artigo.
Figura 8 - Série histórica de 4 anos do descarte/consumo/coleta para o aterro
sanitário
Fonte: Aterro sanitário, elaborada pelos autores, 2015
O gráfico, Figura 8, mostrar que na transição entre os anos de dezembro e janeiro existe um
pico, ou por conta do consumo do final do ano, ou devido à secretaria de serviço público
adotar alguma estratégia de coleta. O que fica retratado no gráfico é o comportamento de
coleta de resíduos pneumáticos para o aterro sanitário. A outra informação é que n ano de
2014 o descarte/consumo/coleta sofreu um sofreu uma inflexão, esse efeito já exibido na
figura 1, tabela bruta de dados. A curva de tendência define claramente a mudança de
comportamento.
Agora segue uma discussão da verdadeira tendência. Na Figura 9 mostra uma tendência
crescente, tomando como base os picos dos meses dezembro. Já na Figura 10, a função guarda
uma tendência decrescente, uma vez foram avaliados pelo consumo total, ambos comparados
pela média.
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Figura 9 – Tendência do descarte/consumo/coleta comparado pelo pico do mês de dezembro das
séries
Fonte: Aterro sanitário, elaborada pelos autores, 2015
A média mostra uma tendência crescente do consumo, ou seja, do descarte para o aterro
sanitário. Na Figura 10, a função se inverte, de modo que nasce um problema para discutir.
Figura 10 – Tendência do descarte/consumo/coleta comparado pelo
descarte/consumo/coleta
Fonte: Aterro sanitário, elaborada pelos autores em 2015
Entende-se que as séries de dados do aterro ainda são exíguas para determinar uma tendência,
mais avaliações e simulações em ambientes robustos se faz necessário.
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5. Considerações finais
As expectativas são diversas quando se tratar de meio ambiente. A sustentabilidade de um
sistema, ou um conjunto de sistemas depende da compreensão que a sociedade tem com esse
ato.
No caso particular do artigo há varias formas de aplicação (reutilização, reaproveitamento,
recomposição e reclicagem) do pneu inservível levando em consideração as soluções
ambientais conforme seguem:
a) a “discreta” diminuição da retirada de recursos naturais para a produção de insumos na
construção civil, ou na engenharia de estradas e rodovias;
b) a “discreta” extinção da deposição inadequada no meio ambiente e;
c) aliado à eliminação de um problema de saúde pública, retirando os focos de insetos
transmissores de doenças no município de Vitória da Conquista.
A inserção de insumos de descarte na cadeia reversa, ou logística reserva, a partir de um novo
pensamento ambiental de reaproveitamento de resíduos sólidos, seja da construção civil, ou
do descarte de resíduos pneumáticos “pneus” se tratam de uma maneira inteligente de
refabricação e comercialização de produtos acrescidos com borracha de pneus inertes.
Portanto também se espera aproveitar as habilidades e competências dos recursos acadêmicos,
o trabalho “vivo” discentes e docentes e o trabalho “morto” instalações e equipamentos para
subjacente ao esperado politicamente pela universidade propor intervenções de melhoria na
sociedade.
Em outra perspectiva de longo prazo espera-se formar parcerias com o setor produtivo e
outros centros de pesquisa de Vitória da Conquista para a construção física de um projeto
ambiental “piloto” de uma usina integrada de reaproveitamento e reinserção de produtos para
aplicação na indústria da construção civil e na construção de estradas, especificamente,
produtos triturados.
Além de levantamentos bibliográficos e informações do aterro, pretende-se realizar uma
pesquisa amostral mais robusta no mercado, para cruzar informações em quatro estratos
diferenciados de comerciantes de pneus no âmbito do município de Vitória da Conquista.
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XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
Simular um Plano “piloto” de Gerenciamento Integrado dos Resíduos Pneumáticos conforme
interação com os stakeholders, compreendendo as dados descritivos levantados no aterro
sanitário, para validar a tendência do descarte/consumo/coleta será de grande valor na
elucidação ou ratificação das análises realizadas no ambiente Excel. No entanto uma
abordagem econométrica poderá melhorar acurácia das simulações, sobretudo no que tange ao
comportamento de utilização e reaproveitamento dos resíduos pneumáticos inservíveis.
Referências
ARAÚJO, Suelene Silva. Estudo das Alternativas Tecnológicas de Reaproveitamento e Reutilização de
Pneus Proveniente de Descarte. 2011. Acessado em: 07.06.2013. Disponível em < www.dema.ufcg.edu.br>
DAHER, Cecílio Elias; SILVA, Edwin Pinto de La Sota; FONSECA, Adelaida Pallavicini. Logística reversa:
oportunidade para redução de custos através do gerenciamento da cadeia integrada de valor. BBR
Brazilian
Business
Review,
Vitória,
v.3,
n.1,
jan./jun.
2006.
Disponível
em:
<http://www.bbronline.com.br/artigos.asp?sessao=ready&cod_artigo=281>. Acesso em: 15 abril. 2015.
ODA, Sandra; FERNANDES, José Leomar Júnior. Borracha de pneus como modificador de cimentos
asfálticos para uso em obras de pavimentação. Rev.Acta Scientiarum Maringá, v. 23, n. 6, p. 1589-1599,
2001. Acessado em: 07.06.2013.
Disponível em <periodicos. uem.br/ojs/index.php/ActaSciTechnol/article/view/2804>
OLIVEIRA, Otávio José de. Estudo da Destinação e da Reciclagem de Pneus Inservíveis no Brasil. 2007.
Acessado em: 07.06.2013. Disponível em <www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2007_tr650481_0291.pdf>
SILVA, Tássia Duarte Romanne da; OKIMOTO, Fernando Sérgio. Resíduos de Pneu Inservível na Construção
Civil. 2009. Acessado em: 07.06.2013.
Disponível em
< www.elecs2013.ufpr.br/wp-content/uploads/anais/2009/2009_artigo_178.PDF>
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diagnóstico da geração de residuos pneumáticos