MOMENTOS HISTÓRICOS. CRIANDO ELOS A PARTIR DA VIVÊNCIA DA
AUTORA
Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.
José Saramago
Rosa M. Prista – Laboratório de Psicologia Escolar
Sociedade Educacional Fluminense
[email protected]
Introdução
São três momentos históricos que foram entrelaçados para discutir a Psicologia
Escolar e Educacional no Rio de Janeiro a partir da vivência da autora.
1979 – Rede Oficial de Ensino da Prefeitura do Rio de Janeiro;
1991 – I Congresso Brasileiro de Psicologia Escolar e Educacional Valinhos, São Paulo;
2011 – Sociedade Educacional Fluminense, Nilópolis, Rio de Janeiro – Laboratório de
Psicologia Escolar;
O início da vivência no espaço escolar está centrado nas escolas públicas do Rio de
Janeiro na prática de professora e estudante de Psicologia; o segundo momento referese ao movimento forte da Psicologia Escolar e Educacional expresso na organização do
I Congresso que reuniu grande parte dos psicólogos brasileiros voltados a este campo de
trabalho; o terceiro momento situa um espaço de construção de aprendizagem em
Psicologia Escolar e Educacional que está concentrado na Baixada Fluminense do Rio
de Janeiro há vinte e um anos.
A relevância deste artigo é mostrar através de discussões vivenciais e em pesquisa
de campo o decréscimo de psicólogos atuantes em educação nas escolas públicas da
Baixada Fluminense decorrente do empobrecimento da formação do psicólogo, da
ausência de articulação entre os órgãos representativos e as faculdades de Psicologia, do
descaso político à educação. Por outro lado há o aumento da demanda social e de
3
situações conflituosas no ambiente escolar que marcam a urgência de se (re)discutir a
necessidade deste profissional no campo educacional .
ANOS 70- REGISTRO HISTÓRICO
A experiência nas escolas públicas do Rio de Janeiro nos anos 70 formatou grandes
experiências ligadas as idéias iniciais da Psicologia: as teorias de aprendizagem, as
teorias do desenvolvimento, a medida das diferenças individuais com enormes
expectativas de solucionar os problemas da educação. Foi um período intenso, rico,
diversificado onde
a sensação era de que novos horizontes estariam colorindo a
Educação Brasileira. Se por um lado a aprendizagem sobre estes temas formou a visão
desenvolvimentista, por outro trazia o “milagre brasileiro” que se caracterizou pela
crescente
internacionalização
da
economia
brasileira
através
de
produtos
industrializados.De um lado os educadores e professores com diferentes métodos –
antigos e novos buscando uma unificação da prática educacional.
De outro os
capitalistas vendo na Educação o meio de formação de mão de obra qualificada e
formatando no imaginário social de que a educação universitária era o único caminho
de ascensão social.
Numa de suas descrições a grande educadora brasileira Heloisa Marinho apresenta
um poema para marcar a magia da palavra escrita que muito bem pode ser usada para
ilustrar o momento educacional entre os educadores dos anos 70.
...A aurora vem, surges no horizonte. Deante das lanças de teus raios as
trevas se dissipam. As Duas Terras ( Alto e Baixo Egito) estão em festa; os
homens acordam, ficam em pé levantados por ti, lavam o seu corpo, vestemse, elevam as mãos para tua aurora; a terra inteira começa a trabalhar.
Os animais se alimentam, árvores e plantas crescem, os pássaros saem dos
seus ninhos estendendo as, asas em adoração a ti...Os animais selvagens
saltam, tudo que voa, tudo que esvoaça
revive com a tua aurora. As
embarcações sobem e descem o rio...todos os caminhos se abrem com o teu
levantar...
4
Iknaton
(1926)
Este poema traz a relação íntima do Homem com a natureza, compromissada com os
valores do Ser. Infelizmente a educação brasileira foi cedendo lugar a técnicas, métodos
e perdeu o que é mais importante: a relação mediada por seres humanos.
E porquê estas questões eram fundamentais naquela época? Em primeiro lugar
porque o universo educacional primava por compreender como o aluno aprendia e nas
esteiras de educadores como Heloisa Marinho, Célestin Freinet, Paulo Freire os
educadores iam se enriquecendo. Conceitos como: o aluno só aprende o que tem
sentido; as formas, as letras ou qualquer outra coisa que venha pronta só terá o efeito de
disciplinar; o aluno expressa pela linguagem oral e pelo desenho a aprendizagem natural
da leitura e da escrita; a criança aprende pela livre expressão pois só desta forma pode
organizar suas idéias e pensamentos; o aluno só se torna independente na leitura quando
compreende a estrutura fonética das palavras; a livre expressão é a única forma de
aprendizagem da cooperação, do respeito mútuo, do uso construtivo da liberdade para o
bem comum ; Se aprende a viver, vivendo. A criança vive, brincando e neste brincar
descobre a atividade social do nós. Todo este horizonte fazia parte de estudos
desenvolvidos por educadores no Instituto de Educação do Rio de Janeiro. Exatamente
pelo exercício de pesquisas educacionais e não por idéias apenas ideológicas era um
lema compreender que reprimir movimentos, idéias, pensamentos, discussões eram atos
autoritários dos professores. Permitir a criança movimentar-se de forma construtiva era
o caminho de um processo de auto-direção, de auto-organização e de autodisciplina.Eram estudos que atendiam a um paradigma sistêmico onde a criança era
vista de forma globalizada. Estas idéias estavam restritas a um grupo de educadores.
Os anos 80 foram anos de inúmeros trabalhos na área de superdotação que tomavam
dois rumos: um grupo trabalhava na formação da liderança brasileira e as vezes agiam
de forma autoritária no controle destes potenciais e o outro grupo estava preocupado
com a dimensão humana do superdotado e de desenvolver um sujeito que soubesse lidar
com os desafios da vida. Pesquisadores como Novaes (1979), Landau ( 1982 ), Prista
(1993, 2004), Soriano ( 2001) tomaram o universo brasileiro. Estes estudos permitiram
5
abertura para uma educação criativa e inteligente a todos os alunos independente do
código superdotado.
Era momento crítico para a Psicologia Educacional que até então fechada para a
idéia de um homem como objeto da natureza passa a estudá-lo como um homem de
natureza cultural. As portas se abrem para a complexidade do Homem como ser de
infinitas possibilidades.
ANOS 90- O I CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOLOGIA ESCOLAR E
EDUCACIONAL – UM COMPROMISSO FRENTE A EDUCAÇÃO
BRASILEIRA
Neste momento da história da Psicologia Escolar encontramos alguns aspectos
relevantes: a predominância
do aspecto psicométrico e clínico nas atividades do
psicólogo junto às escolas; visão descontextualizada e não crítica das classes especiais;
atuação bancária e limitada de estagiários nos cursos de Psicologia ; Insatisfação com
os cursos de Psicologia na época que mantinham o alvo psicométrico e clínico. Witter (
1992)
Embora vários autores introduzam a noção de atuação preventiva como
forma de superar a atuação meramente remediativa, tal noção não parece
ser suficiente para ultrapassar a adoção do modelo clínico na prática do
psicólogo escolar, com toda a carga de patologização dos fenômenos
educacionais que tal modelo acarreta .O ônus maior de tal condição
continua a recair sobre os alunos provenientes das classes populares, onde
se observa a reprodução perversa do fracasso escolar e a exclusão do
sistema educacional. Maluf (1994)
A história da Psicologia Escolar teve reconhecimento no Brasil em 1962 trazendo
um histórico de pesquisas realizadas por médicos nos anos 20 e 30. Neste início de
organização o psicólogo atendia a demanda de alunos com dificuldades de
aprendizagem encaminhados pelos professores com a intenção de ajustá-los às normas
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escolares. Sua prática estava voltada ao ideário econômico da época e sua prática era
votada a atos autoritários, punitivos e excludentes.
As teorias utilizadas voltavam-se a individualidade do ser humano com explicações (
e não compreensões!) sobre processos psicopatológicos que atendiam aos grupos
dominantes da época. Pesquisas sobre o assunto estão relatadas em Maluf (2007),Guzzo
(2001) e Patto(1990-1997).É nesta vertente – psicologização das questões educacionais
- que surge o psicólogo escolar com uma identidade pouco definida.
É no final dos anos 70 e início dos anos 80 que novas concepções marcam o cenário
da Psicologia escolar fundamentalmente na superação de posições lineares e explicações
parciais sem levar em conta o contexto sócio-cultural das questões educacionais. As
relações entre ciência e ideologia, causas do fracasso escolar sob uma vertente social
tomam forma nos estudos da Psicologia Escolar com destaque aos estudos de Maria
Helena Souza Patto que também levantou questões éticas e de preconceitos presentes
nas unidades escolares do Brasil.
Se dei alguma contribuição, foi ter posto em questão as explicações oficiais
das dificuldades de escolarização que assolam a maioria das crianças das
classes populares, em um país tão desigual e que sempre tratou a educação
pública com enorme descaso. Souza Patto (1982)
As relações entre Psicologia e Educação tomam novos formatos criando
interdependências entre a Educação e a Psicologia priorizando a concepção sóciohistórico-cultural do desenvolvimento humano. Os psicólogos e educadores aguardavam
ansiosos a tramitação da Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional pois nela
não constava a inclusão da Psicologia Escolar, a não ser em termos genéricos. Era
desejo de todos que emendas ao projeto da nova L.D.B. contemplasse a inclusão deste
profissional.
O I Congresso Brasileiro de Psicologia Escolar e Educacional foi marco histórico
deste processo que aconteceu em Valinhos no ano de 1991. O tema: “O psicólogo
escolar: identidade e perspectivas. Quem somos e para onde vamos?” representa bem o
imaginário daquele momento.
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Nos anais deste congresso encontramos as autoras Witter,Guzzo e Oliveira (1992)
que realizaram uma pesquisa intitulada “A formação do psicólogo escolar no Brasil:
relato da situação nacional” e concluíram que a disciplina Psicologia Escolar e
Problemas de aprendizagem foi a de maior concordância entre as Universidades
Brasileiras. É importante sinalizar que a disciplina é reducionista na visão de atuação do
psicólogo educacional mas marca a direção que a formação tomava nas
universidades.Também registram que era necessário uma melhor definição do perfil do
formando em Psicologia Escolar situando a distância entre o currículo e o que é
vivenciado no campo educacional.
Na virada para o ano de 2000 novas construções efetivam-se na área do psicólogo
escolar principalmente com o olhar sobre a capacitação do corpo docente, consultorias
são criadas para atuar no âmbito educacional. Nestas consultorias, análises institucionais
tomaram consistência; grupos de estudo e operativos tomaram espaço para resolução de
conflitos entre os membros da instituição escolar. A pesquisa passa a ser o desafio e o
investimento na formação a nível pessoal e profissional configura a nova identidade
profissional do psicólogo.
O ano de 2010 traz uma ambigüidade no imaginário social. De uma lado assistimos o
empobrecimento da Educação Brasileira que deixou de lado a construção de uma prática
construtiva, criativa e empreendedora para uma prática sem sentido, sem contexto e
regredida em seus propósitos fundamentais. Não podemos destituir que este fenômeno
social que é denominado pela autora de “empobrecimento simbólico” tem um fundo
político explícito de impedir a formação da subjetividade humana, condição para
Homens empreendedores, críticos e construtores de novas configurações sociais. Na
sociedade atual tudo pode acontecer. Regras são estabelecidas mas não cumpridas. Nas
ruas estão os registros da sujeira, da cidade não conservada, das invasões de prédios,
dos estacionamentos não autorizados...Aprendemos que não podemos roubar o que é do
outro mas cotidianamente algum político, eleito pelo povo brasileiro invade espaços do
povo. Não pode pagar ao professor um salário justo mas assistimos as tentativas de
aumentos enormes para políticos que nada desenvolvem.Aprendemos a valorizar o
jogador de futebol e o sujeito – transgressor pela facilidade de dinheiro que ganha.
Aprendemos que estudar engrandece o Homem mas analfabetos circulam nos espaços
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de decisões políticas sem a mínima capacidade de compreensão de um texto. NÀO
PODE! Mas PODE! Atos de negligência política, atos que recebem a autorização do
povo brasileiro.Atos que marcam o descaso com a população que habita as escolas
brasileiras. Esta população refere-se não só ao corpo discente mas fundamentalmente ao
corpo docente e funcionários. A escola pública atual é uma escola pobre de valores, de
metas, de conteúdos científicos como se toda a História da Psicologia e da Educação
nunca tivessem trilhados em seus palcos. Temos atos heróicos de gestores, de alguns
professores
que
continuaram
suas
travessias
para
educadores,
funcionários
comprometidos mas isto não é uma regra geral.
Há pouco tempo assistimos a morte de doze crianças no bairro de Realengo no Rio
de Janeiro e após toda uma dor nacional o fato foi sendo esquecido. Na televisão
apareceram psicólogos inexistentes no circuito das escolas do Rio de Janeiro. O pior é a
montagem criada para a população visualizar a suposta preocupação das autoridades
políticas sobre a preservação das vidas que habitam as escolas públicas.
Depois que a mídia foi embora, os assistentes sociais e psicólogos sumiram.
Os pais que não podem pedir transferência já aceitam que o ano letivo foi
perdido, pois a escola entrou em obras e até agora nada de aulas", disse
Eliane Ferreira, de 26 anos, cujos dois filhos adolescentes presenciaram o
massacre, mas não obtiveram o atendimento psicológico prometido pela
Secretaria Municipal de Educação.
Temos um profissional – o professor que levando em conta sua importância – é o que
menos recebe em respeito, em apoio, em salário, em alimentação, em
saúde,
formatando uma péssima qualidade de vida. São estes professores esgotados que
trabalham com um corpo discente que as vezes está totalmente distorcido em seus
valores, outras vezes sedento de informações, de construções criativas, de movimento
intencional que infelizmente vem sendo cancelado por uma prática educacional
autoritária, pronta e fácil de ser reproduzida. A escola pública hoje vive para a
realização de provas, de um décimo quarto salário....estamos dando adeus ao trabalho
9
construtivo e alegre das salas de aula onde havia um professor – educador que gostava
de diferenciar-se a partir de um trabalho ético, comprometido e formador de Homens!
A área de psicologia escolar e educacional é um campo de intervenção teórica, de
pesquisa e de intervenção profissional.É um campo de atuação rico, complexo e
necessário na formação de equipes interdisciplinares. Os problemas sociais são
enormes, os fenômenos de violência entre alunos e entre alunos e professores são
muitos e a precariedade de profissionais em quantidade e qualidade já foi constatado.
Importante ainda registrar que há uma total indefinição do que chamamos violência,
sendo este conceito restrito a agressões. Toda a gama de ameaças e atos simbólicos nas
relações entre professores e alunos não é identificado no meio escolar como violência.
Então resta a pergunta do porque a Psicologia Escolar foi a “rainha”da Psicologia
está com seu espaço cada vez mais reduzido e portanto sem consolidação profissional?
Del Prette
(1999) lança que uma das impossibilidades de se conceder a inserção do
psicólogo no quadro funcional da escola parte da própria LDB. O parecer para
aprovação está parado desde 2007 . A emenda garante ao educando, nos ensino
fundamental e médio, por meio de avaliação formada por psicólogos e assistentes
sociais, em parceria com os professores.
Refletindo sobre os avanços nas pesquisas sobre a Psicologia escolar e Educacional e
a discrepância na realidade das unidades escolares o Serviço de Psicologia Escolar e
Educacional da SEFLU realizou
um levantamento de dados
nas Secretarias de
educação. O serviço de Psicologia iniciou suas atividades em 1989 com o nome de
Coordenação de Psicologia Escolar e Educacional. Tinha como tarefa primordial a
assistência às escolas da Baixada Fluminense. Na época a SEFLU mantinha um plano
de horário de 8 horas semanais para o supervisor poder estar nas unidades escolares. Os
estagiários eram convidados a vivenciar quatro etapas de trabalho: a observação do
cotidiano escolar, a formatação de um diagnóstico institucional com possíveis metas a
realizar. Discussão com a equipe da escola e realização do projeto formatado e coerente
ao projeto político pedagógico da unidade escolar. As experiências foram muito
diversificadas e tinham como base uma leitura crítico social. Leituras de Paulo Freire e
Célestin Freinet eram constantes além de toda a trajetória de Maria Helena Novaes e
Maria Helena Souza Patto. A repercussão na região da Baixada Fluminense foi imediata
10
com vários contatos de escolas particulares e públicas solicitando o acadêmico de
Psicologia Escolar. De início a busca era para o atendimento de crianças com
dificuldades na aprendizagem mas os acadêmicos tinham claro a visão sócioantropológica discutida em supervisão e gradativamente contextualizavam o problema
em redes maiores formadas no contexto sócio-cultural. O rompimento da visão
cartesiana era evidente e aos poucos novas práticas iam se estabelecendo e novas
articulações teóricas eram tentadas com sucesso.
No ano de 2011 os próprios alunos questionaram a existência do psicólogo escolar na
Baixada Fluminense e decidiram buscar as informações necessárias. Assim o campo
estudado foi a região da Baixada Fluminense que é composta pelos municípios de
Belford Roxo, Itaguaí, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu, Queimados, São João de
Meriti e Paracambi. A escolha por pesquisar todas as regiões foi portanto intencional em
função da SEFLU – única faculdade, até o ano de 2009, a formar psicólogos na Baixada
Fluminense. Foi realizado um contato com cada região por telefone, e-mail ou
pessoalmente, variando a forma de acordo com as dificuldades encontradas. Os
entrevistados foram os secretários de educação, em sua ausência ou impossibilidade de
atender ao grupo de pesquisadores, os assistentes de gabinete; na ausência destes os
prefeitos e da mesma forma seus assistentes. Quando encontrado psicólogos estes
também foram entrevistados para descrição de suas atividades profissionais.
A análise foi feita através de um quadro descritivo da quantidade de profissionais
psicólogos atuando nas escolas da Baixada Fluminense, assim como da descrição de
suas atividades em categorias temáticas.
QUADRO DESCRITIVO POR MUNICÍPIO
CIDADE
ESCOLAS
PSICÓLOGOS
CONCURSADOS
PRÁTICA
QUANTITATIVO
SIM OU NÃO
CODIGO 1
DESENVOLVIDA
SALÁRIO
CONTRATADOS
opcional
CODIGO 2
OUTRAS ÁREAS
CODIGO 3
PROFESSOR
EM
DESVIO DE FUNÇÃO
CODIGO 4
11
1-BELFORD ROXO
57 escolas
Sim – 4 psicólogas
Atuam na área de terapia Não informado
Código 2
Atendem 20h
ocupacional.
pacientes
da
rede
municipal portadores de
dificuldades
na
aprendizagem.
2-ITAGUAI
Sim – 7 psicólogos
Código 1 – 3
Atuam em duas direções:
Código 2 - 4
Atendimento
as
solicitações
e
encaminhamentos
de
alunos;
Atendimento ao professor
através
dos
projetos:
“Qualidade de Vida na
Escola” e “A vez do
professor”
3-MESQUITA
30
escolas
unidades
de
e
8
não
-
-
-
ed.
infantil
4-NILOPOLIS
Sim - 3
Código 2 – 2
Atuação na SEMED – sem Não
Código 4 - 1
especificar
Atuação
desejou
informar
em
escola
de
educação especial – sem
especificar
5-NOVA IGUAÇU
124 escolas
Não
6- QUEIMADOS
28 escolas
não
-
-
-
3 Atuando em NIFE Núcleo 2 a 3 salários
Código
Psicopedagogo
de Interação Familiar e mínimo
como
NAE
coordenador
Núcleo
para 40h
de
atenção
ao
estudante na área de saúde
3 psicólogos da área de e prestam serviços aos
saúde
serviços
7- SÃO JOAO DE 61 escolas
Não
-
não
-
que
prestam alunos encaminhados pelas
escolas.
-
-
MERITI
8- PARACAMBI
21 escolas
Psicólogos da secretaria de 16 horas
saúde atendem nas escolas “muito pouco”
de educação especial e
12
atendem
as
demandas
quando necessário das 21
escolas.
O QUE PODEMOS DISCUTIR A PARTIR DOS DADOS E REFLEXÕES?
Quanto ao quadro apresentado fica muito claro que apenas uma região conseguiu
ultrapassar o modelo remediativo da Psicologia Escolar e Educacional. A região de
Itaguaí busca um outro olhar, um olhar que inclui a constituição de outros ciclos além
do aluno. As demais regiões marcam o descaso com a formação profissional de um
psicólogo escolar.
Os contratados pelas secretarias muitas das vezes seduzidos pelo acréscimo de salário
por trabalhar na Secretaria de Saúde migram para esta secretaria e prestam serviços
fragmentados a Educação.
Ainda está muito presente que a atuação do psicólogo está vinculado ao trabalho em
Educação Especial sendo preferência nas secretarias de educação o deslocamento deste
profissional para instituições que atuam nesta área. Ainda não foi superada a visão
unilateral de adaptação da criança no contexto escolar.
O quadro foi recebido com muito pesar pelos pesquisadores que conseguiram os
dados após várias tentativas de conversar com as autoridades locais. O tema Psicologia
Escolar nas secretarias de Educação neste momento é quase inexistente assim como está
inexistente a compreensão e diferenciação entre a atuação do psicólogo que atua na
clínica para o psicólogo que atua na educação. O panorama nas redes oficiais marcam a
impossibilidade de se pensar na dimensão subjetiva e intersubjetiva como essenciais nos
fenômenos de violência escolar, nos fenômenos de capacitação docente, nos fenômenos
de aprendizagem e desenvolvimento da Unidade Escolar, nos fenômenos de informação
profissional, nos elos entre a família, os profissionais de educação e o aluno, nas
formações de políticas públicas, na construção de projetos de qualidade de vida e muito
menos de como estas dimensões podem e devem constituir elos no Projeto político
pedagógico institucional.
E a formação? A formação precisa ser repensada. O fenômeno de empobrecimento
simbólico está presente nos bancos escolares. O aluno de Psicologia está cada vez mais
13
distante das obras originais daqueles que constituíram o campo da Psicologia. Estão
também distantes das leituras dos grandes educadores. A oferta de vagas além da
quantidade necessária criou uma facilidade de estudo que vulgarizou a formação de uma
área que imprime a necessidade de pessoas com ótima habilidade intrapessoal e
interpessoal. Facilidades não promovem a busca intencionalizada e sem o movimento de
buscar não há novas construções, apenas reproduções, cópias e materiais superficiais.A
construção subjetiva impressa em textos originais, profundos e conectados estão raros.
Para atuar nesta área é preciso investimento interno, ser um Homem em Movimento
que suporta as transformações eminentes de um mundo globalizado, um sujeito rápido
em idéias e realizações, capaz de captar a linguagem simbólica dos fenômenos
educacionais.
A formação de estagiários deve estar contemplada nas unidades escolares mas até
esta vivência está prejudicada pelo número cada vez maior de alunos trabalhadores que
não dispõem de horários durante o período escolar. A ausência desta vivência
empobrece a visão educacional e a falta de compreender os processos históricos e
constitutivos levam a práticas imediatistas . Não só na Educação mas também no que se
refere aos conceitos, a história da Psicologia e suas abordagens a situação não é
diferente. As leituras tornam –se desnecessárias no mundo virtual. A facilidade de
localizar uma informação simplifica o processo e a busca por conexões se torna
desnecessária. Está tudo pronto!
A forma como o currículo é desenvolvido é outra questão pois no mundo atual, a
virtualidade simplifica e desloca formas. A maneira com a prática pedagógica é
desenvolvida torna-se relevante para garantir um aluno em condições de lidar com o
universo escolar. É preciso aprender a aprender. Aprender a conectar, a fazer releituras e
criar novas configurações. Esta aprendizagem não se constrói sentado em uma sala de
aula reproduzindo o que o professor informa. Se constrói numa prática teorizada pois só
esta permite a construção de um sujeito compromissado socialmente.
O real não é nunca aquilo em que se poderia acreditar, mas é sempre aquilo em
que deveríamos ter pensado. Bachelard
14
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http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=1122522&ti
t=Em-Realengo-pais-reclamam-de-falta-de-assistencia
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