Leitura e interpretação de
texto
Professor Ms. Miguel Angelo Manasses
Aula 7
Resumo, resenha, síntese e paráfrase
• Como definição, pode-se dizer que resumo, resenha,
síntese e paráfrase são modalidades de textos
utilizados em trabalhos acadêmicos tendo, portanto,
um caráter de cientificidade.
Resumo, resenha, síntese e paráfrase
• De acordo com Chemin (2009), trabalho acadêmico,
para a Norma Brasileira (NBR) 14724/2005, da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), é
o documento que representa o resultado de estudo,
devendo expressar conhecimento do assunto
escolhido, que deve ser obrigatoriamente emanado de
disciplina, módulo, estudo independente, curso,
programa e outros ministrados em cursos de
graduação e pós-graduação, que pode se valer, pelo
menos, de algumas regras mínimas na sua elaboração.
Resumo, resenha, síntese e paráfrase
• Resumo: É uma condensação fiel e exata das ideias
ou dos fatos que estão contidos no texto.
• Sendo assim, para se elaborar um bom resumo é
necessário reduzir o texto original ao seu esqueleto
essencial, sem perder de vista três características que
são indispensáveis: a) cada uma das partes essenciais
do texto; b) a progressão em que elas se sucedem; c) a
correlação que o texto estabelece entre cada uma
dessas partes.
Resumo, resenha, síntese e paráfrase
• Sendo assim, quem resume deve externar, de forma
objetiva, os elementos essenciais do texto, não
cabendo, portanto, nenhum tipo de comentário ou
julgamento do que se está sendo resumido.
• Outra questão fundamental que deve ser considerada
é que resumir não é reproduzir frases ou parte de
frases do texto original, elaborando o que Platão e
Fiorin (2007), chamam de “colagem”. Para ambos os
autores, a “colagem” de partes do texto original não é
resumo.
Resumo, resenha, síntese e paráfrase
• Resumir, portanto, é apresentar com as próprias
palavras, os pontos relevantes de um texto, pois,
como afirmam Platão e Fiorin (2007), “a reprodução
de frases do texto, em geral, atesta que ele não foi
compreendido”.
• Evidentemente, para se elaborar um bom resumo
primeiramente é preciso compreender o conteúdo
global do texto que se quer resumir, o texto original.
Resumo, resenha, síntese e paráfrase
• Tal afirmação deixa claro a necessidade de se fazer
mais do que uma leitura do texto original antes de
resumi-lo, não sendo possível, portanto, ir resumindo
o texto à medida que vai se fazendo a primeira leitura.
• Via de regra, o grau de dificuldade para se resumir
um texto depende basicamente de dois fatores: a) da
complexidade do próprio texto; b) da competência de
quem está resumindo.
Resumo, resenha, síntese e paráfrase
• Quando a questão é a complexidade do próprio texto,
as principais dificuldades se encontram no
vocabulário, na estrutura semântica, no tipo de
assunto tratado, entre outras.
• Por sua vez, quando a questão envolve a competência
de quem está resumindo o texto, as principais
dificuldades
se
encontram
no
grau
de
amadurecimento do leitor, o repertório de
informações que possui e a familiaridade com os
textos explorados.
Resumo, resenha, síntese e paráfrase
• De acordo com Platão e Fiorin (2007), o uso de um
procedimento apropriado pode diminuir as
dificuldades de elaboração de um resumo e os autores
apresentam quatro passos básicos que devem ser
seguidos para facilitar esta tarefa. Então, vejamos:
Resumo, resenha, síntese e paráfrase
• 1 – Ler uma vez o texto ininterruptamente, do
começo ao fim. Tal sugestão é importante na medida
em que um texto, como já foi dito, não é um
aglomerado de frases, e sem ter noção do conjunto é
muito mais difícil entender o significado exato de
cada uma das partes. Esta primeira leitura deve ser
feita com a preocupação de responder genericamente
à seguinte pergunta: do que trata o texto?
Resumo, resenha, síntese e paráfrase
• 2 – Como já foi dito, uma segunda leitura é sempre
necessária. Contudo, desta vez, lança-se mão de
interrupções, fazendo anotações (com lápis de
preferência, para compreender melhor o significado
das palavras difíceis (caso não saiba o significado,
use um dicionário) e para captar o sentido de frases
mais complexas (longas, com inversões ou elementos
ocultos). Nesta leitura é fundamental compreender
bem o sentido das palavras responsáveis pelo
estabelecimento das conexões (assim, isso, aquilo,
daí, lá, seu, sua, ele, ela, etc).
Resumo, resenha, síntese e paráfrase
• 3 – O terceiro passo é tentar fazer uma segmentação
do texto em blocos de ideias que tenham alguma
unidade de significação. Por exemplo, ao se resumir
um texto pequeno, pode-se adotar como primeiro
critério de segmentação a divisão em parágrafos.
Pode ser encontrada uma segmentação mais ajustada
que a dos parágrafos, mas como início de trabalho, o
parágrafo pode ser um bom indicador.
Resumo, resenha, síntese e paráfrase
• 3 – Quando se trata de um texto maior (o capítulo de
um livro, por exemplo), é conveniente adotar um
critério de segmentação mais funcional, o que vai
depender de cada texto (as oposições entre os
personagens, as oposições de espaço, de tempo, etc).
Em seguida, com palavras abstratas e mais
abrangentes, tenta-se resumir a ideia ou as ideias
centrais de cada fragmento.
Resumo, resenha, síntese e paráfrase
• 4 – Dar a redação final com as suas palavras,
procurando não só condensar os segmentos mas
encadeá-los na progressão em que se sucedem no
texto e estabelecer as relações entre eles.
Resumo, resenha, síntese e paráfrase
• Resenha: Resenhar, de acordo com Platão e Fiorin
(2007), “significa fazer uma relação das propriedades
de um objeto, enumerar cuidadosamente seus
aspectos relevantes, descrever as circunstâncias que o
envolvem”. O objeto resenhado pode ser um
acontecimento qualquer da realidade (uma partida de
futebol, uma comemoração solene, uma feira de
livros) ou textos e obras culturais (um romance, uma
peça de teatro, um filme).
Resumo, resenha, síntese e paráfrase
• Resenha: Como qualquer modalidade de discurso
descritivo, a resenha nunca pode ser completa ou
exaustiva, já que são infinitas as propriedades e
circunstâncias que envolvem o objeto descrito. Quem
elabora uma resenha deve ser seletivo, filtrando
somente os aspectos pertinentes do objeto, ou seja,
somente aquilo que é funcional em vista de uma
intenção previamente definida.
Resumo, resenha, síntese e paráfrase
• Resenha: Imaginemos duas resenhas distintas sobre
um mesmo objeto, o treinamento dos atletas para uma
copa do mundo de futebol: uma resenha destina-se aos
leitores de uma coluna esportiva de um jornal; outra, ao
departamento médico que integra a comissão de
treinamento. O jornalista, na sua resenha, vai relatar
que um certo atleta marcou, durante o treino, um gol
olímpico, fez duas coloridas jogadas de calcanhar,
encantou a plateia presente e deu vários autógrafos.
Esses dados, na resenha destinada ao departamento
médico, são totalmente desprezíveis.
Resumo, resenha, síntese e paráfrase
• Resenha: Tal exemplo deixa claro que a importância
do que se vai relatar numa resenha depende da
finalidade a que ela se presta. Numa resenha de livros
para o grande público leitor do jornal, não tem o
menor sentido descrever com pormenores os custos
de cada etapa de produção do livro, o percentual de
direito autoral que caberá ao escritor e coisas desse
tipo.
Resumo, resenha, síntese e paráfrase
• Resenha: A resenha pode ser puramente descritiva,
isto é, sem nenhum julgamento ou apreciação do
resenhador, ou crítica, pontuada de apreciações, notas
e correlações estabelecidas pelo juízo crítico de quem
a elaborou. Para efeito de elaboração, a resenha
descritiva consta de duas partes:
Resumo, resenha, síntese e paráfrase
• Resenha: a) uma parte descritiva em que se dão
informações sobre o texto: nome do autor ou dos
autores; título completo e exato da obra ou do artigo;
nome da editora e, se for o caso, da coleção de que
faz parte a obra; lugar e data da publicação; número
de volumes e páginas. Pode-se fazer, nessa parte, uma
descrição sumária da estrutura da obra (divisão em
capítulos, assunto dos capítulos, índices, etc). No caso
de uma obra estrangeira, é útil informar também a
língua da versão original e o nome do tradutor (caso
seja uma tradução de fato).
Resumo, resenha, síntese e paráfrase
• Resenha: b) uma parte com o resumo do conteúdo da
obra, contendo: uma indicação sucinta do assunto
global da obra (assunto tratado) e do ponto de vista
adotado pelo autor (perspectiva teórica, gênero,
método, tom, etc); resumo que apresenta os pontos
essenciais do texto e de seu plano geral.
Resumo, resenha, síntese e paráfrase
• Resenha: Na resenha crítica, além dos elementos já
mencionados, entram também comentários e
julgamentos do resenhador sobre as ideias do autor, o
valor da obra, etc.
Exercício
• Escreva no caderno o texto abaixo:
• Na verdade, por que desejamos, quase todos nós,
aumentar nossa renda? À primeira vista, pode
parecer que desejamos bens materiais. Mas, na
verdade, os desejamos principalmente para
impressionar o próximo. Quando um homem mudase para uma casa maior num bairro melhor, reflete
que gente "de mais classe" visitará sua esposa, e que
alguns pobretões deixarão de frequentar seu lar.
Exercício
• Quando manda o filho a um bom colégio ou a uma
universidade cara, consola-se das pesadas
mensalidades e taxas pensando nas distinções sociais
que tais escolas conferem a pais e filhos. Em toda
cidade grande, seja na América ou na Europa, casas
iguaizinhas a outras são mais caras num bairro que
noutro, simplesmente porque o bairro é mais chique.
Uma das nossas paixões mais potentes é o desejo de
ser admirado e respeitado. No pé em que estão as
coisas, a admiração e o respeito são conferidos aos
que parecem ricos.
Exercício
• Esta é a razão principal de as pessoas quererem ser
ricas. Efetivamente, os bens adquiridos pelo dinheiro
desempenham papel secundário. Vejamos, por
exemplo, um milionário, que não consegue distinguir
um quadro do outro, mas adquiriu uma galeria de
antigos mestres com auxilio de peritos. O único
prazer que lhe dão os quadros é pensar que se sabe
quanto pagou por eles; pessoalmente, ele gozaria
mais, pelo sentimento, se comprasse cromos de
Natal, dos mais piegas, que, porém, não lhe
satisfazem tanto a vaidade.
•
Exercício
• Tudo isso pode ser diferente, e o tem sido em muitas
sociedades. Em épocas aristocráticas, os homens
eram admirados pelo nascimento. Em alguns círculos
de Paris, os homens são admirados pelo seu talento
artístico ou literário, por estranho que pareça. Numa
universidade teuta é possível que um homem seja
admirado pelo seu saber. Na Índia os santos são
admirados; na China os sábios.
Exercício
• O estudo dessas sociedades divergentes demonstra a
correção de nossa análise, pois em todas
encontramos grande percentagem de homens
indiferentes ao dinheiro, contanto que tenham o
suficiente para se sustentar; mas que desejam
ardentemente a posse dos méritos pelos quais, no
seu meio, se conquista o mérito. (Russel, Bertrand.
Ensaios céticos. 2ª ed, São Paulo, 1957, p:67-8.)
Download

Aula 7 - Comentários sobre