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Marcas do Humano em A vida como ela é..., de Nelson Rodrigues1
Jerzuí Tomaz2
Mírian Tenório Maranhão3
Minha temática é baseada na observação pessoal, em certa
visão do homem e no que eu próprio sei de mim mesmo. Eu
começava a escrever e de repente parava e me perguntava: eu
vou pôr isso? – me fazia sofrer que os personagens fizessem
isso ou aquilo. Mas como ao escrever sou o sujeito mais puro
do mundo e faço o que devo fazer, e não o que acho que devo
fazer, eu escrevia tudo.
Nelson Rodrigues
A partir da exposição intitulada “Nelson Brasil Rodrigues 100 Anos do Anjo
Pornográfico”, inaugurada em 31 de janeiro de 2012, no Teatro Glauce Rocha/Sala Aloísio
Magalhães, no centro do Rio de Janeiro, com curadoria de Crica Rodrigues e Nelson
Rodrigues, filho, pode-se pensar que a escrita do jornalista, contista, cronista, romancista e
dramaturgo acima destacado delineou a urdidura de uma possível auto-imagem do Brasil.
Na sociedade conservadora carioca/brasileira dos anos 40 e 50 o autor em questão
soube devassar a intimidade do humano, do mais recôndito recalcado, como diria Sigmund
Freud, e, conseqüentemente, afrontar o proibido. Não é preciso que se diga que a obra deste
“escritor maldito” foi recebida com desconfiança e hostilidade por grande parte da crítica e do
público. Sabe-se do reiterado embate de Nelson Rodrigues com críticos de arte, intelectuais,
moralistas e platéias em estado de revolta. No dizer de Ana de Holanda, Ministra de Estado da
Cultura do Governo Dilma Rousseff, este autor multifacetado assumiu para si a missão de ser
o espelho de nós mesmos (2012).
1
Artigo integrante da coletânea “O legado de Nelson Rodrigues: reflexões”, publicado em 2012 pela Editora da
Universidade Federal de Alagoas (EDUFAL) em associação com a Editora da Universidade Federal da Bahia
(EDUFBA).
2
Profa. Adjunta da Universidade Federal de Alagoas-UFAL e Analista Membro do Centro de Estudos Freudianos
do Recife-CEF.
3
Psicanalista, membro da Intersecção Psicanalítica do Brasil, psicóloga pela Universidade Federal de Alagoas
(UFAL) e mestra em Psicologia Clínica pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS-RS). E-mail:
[email protected]
2
Seja nos jornais, no palco, na literatura ou no futebol, tem-se o traço nelson
rodriguiano de irreverência, ousadia, polêmica. Com uma produção marcadamente
provocante, criativa e visceral, delineou o inconsciente da classe média brasileira,
principalmente através de suas crônicas.
O adolescente que aos 16 anos já dividia páginas de jornal com figuras como Monteiro
Lobato e Agripino Grieco parecia estar predestinado a revolucionar a dramaturgia moderna
brasileira com peças como “A mulher sem pecado” (1941) e “Vestido de Noiva” (1943), esta
última considerada por demais inovadora, uma vez que a história apresenta-se sem levar em
conta uma ordem cronológica e envolve três planos distintos: realidade, memória e
alucinação.
Assim, é sobre as crônicas deste autor polêmico, incompreendido e muitas vezes
censurado que se pretende discorrer, elegendo como corpus elementos da coletânea A vida
como ela é... (2006), a saber: “Uma senhora honesta” e “O decote”.
Vale mencionar como se originou A vida como ela é..., título sugerido pelo próprio
Nelson que, segundo o cronista, apresentava um traço de fatalidade, um “aviso” que o
humano não escapa ao fado/destino. O ocorrido é que o nome inicialmente idealizado para
intitular a coluna a ser publicada diariamente no jornal “Última Hora”, de Samuel Wainer, era
“Atire a primeira pedra” e deveria ter por base fatos reais, temas políticos ou questões ligadas
ao comportamento das pessoas (CASTRO, 1992, p. 236).
Sabe-se que o “narrador-repórter” (SÁ, 2005, p. 7) obedeceu à orientação daqueles que
o contrataram por apenas três dias e, depois, começou a inventar suas próprias histórias. Em
apenas uma semana, A vida como ela é... já era lida em toda a cidade do Rio de Janeiro “[...]
com um fascinante elenco de desempregados, comerciários e ‘barnabés’, tendo como cenários
a Zona Norte, onde eles viviam; o Centro, onde trabalhavam; e, esporadicamente, a Zona Sul,
aonde só iam para prevaricar” (CASTRO, 1992, p. 237).
A perspicácia de Nelson Rodrigues, genial conhecedor da psique humana, do desejo
que enreda homens e mulheres, logo se revela na percepção de que, na forma de pensar de
seus personagens masculinos, uma vez mantida a virgindade/fidelidade de suas esposas ou
namoradas, as “outras” poderiam ser objeto de puro prazer. O que os homens que povoavam
as crônicas nelsonrodriguianas não contavam é que as mulheres, embora sufocadas pelo
manto da repressão sexual, também se sentiam atraídas por sujeitos socialmente interditados e
3
eram induzidas a usar a dissimulação para escapar do julgamento da cultura e fazer valer suas
vontades.
Deste modo, o escritor que denuncia que homens e mulheres viviam em um estado
permanente de excitação é taxado de “tarado”, quando, na verdade, mostrava-se
extremamente realista e conhecedor das regras sócias de sua época as quais vêm dialogar com
os mecanismos psíquicos que o sujeito utiliza para driblar a interdição do desejo, aqui
entendido no sentido psicanalítico, isto é, como aquilo que põe em movimento o aparelho
psíquico, marca indelével do humano e condutor do seu “destino”.
Deve-se mencionar que, no Rio de Janeiro dos anos 50, no qual se passam as histórias
de A vida como ela é..., não existiam motéis, contraceptivos e liberdade sexual entre os jovens
(CASTRO, 1992, p. 237). Assim, percebe-se que não escapa a Nelson a constatação de que
“Maridos, cunhadas, sogras, tias e primas cruzavam-se dia e noite nos corredores dos
casarões, sob uma capa de máximo respeito. Nessa convivência compulsória e sufocante, o
desejo era apenas uma faísca inevitável” (CASTRO, 1992, p. 237-grifos meus).
A partir disso, pode-se pensar que o cronista radicado na ambiência carioca e
construtor da história cultural e jornalística do Brasil do Século XX, por meio dos dramas que
envolvem pessoas comuns, traça um fiel retrato do “humano, demasiado humano”, daquilo
que Freud vem chamar de O mal-estar na civilização (1976). Dizendo-se de outro modo, as
crônicas nelsonrodriguianas põem em cena a irrealização do desejo (que, para a psicanálise, é
sempre da ordem do inconsciente), a im-possibilidade de se “amar” o próximo, a ambigüidade
das relações afetivas, o desencontro homem/mulher, o jogo das aparências, a inversão dos
papéis sexuais culturalmente determinados, entre outras questões.
Sobre o sucesso de A vida como ela é..., Nelson pondera
Na minha opinião, ‘A vida como ela é...’ se tornou útil pela sua tristeza ininterrupta
e vital. Uma pessoa que só tenha do mundo uma visão unilateral e rósea, e que
ignore a face negra da vida, é uma pessoa mutilada. Por outro lado, nego a
qualquer um o direito de virar as costas à dor alheia. Precisamos ter continuamente
a consciência, o sentimento, a constatação dessa dor. Mais importante, porém, que
o nosso frívolo conforto, que o nosso alvar egoísmo – é o dever de participar do
sofrimento dos outros. Há uma leviandade atroz na alegria! (RODRIGUES apud
CASTRO, 1992, p. 239 – grifos do autor).
Vale a pena tecer breves comentários sobre o gênero literário denominado crônica
que, em sua etimologia, aponta para o mitológico Crono, sinônimo de um passado
incomensurável; filho mais jovem de Urano e Géia, na linhagem dos Titãs, anterior a Zeus e
4
as demais entidades do Olimpo Grego e que significa “tempo personificado” (BRANDÃO,
1991, p. 252).
A crônica, considerada um gênero híbrido, fronteiriço, não se desvincula de uma
“estética do cotidiano” 4, uma vez que se alimenta de flashes do dia-a-dia e se configura como
um relato em permanente relação com o tempo. Os questionamentos sobre esta forma de
escrita têm início no que se refere ao seu suporte material: livro ou jornal? Ora, sabe-se que o
jornal representa o espaço do efêmero, onde prevalece um cunho circunstancial, enquanto o
livro garante um fator de perenidade, a consolidação do caráter literário, mesmo com a
presença das chamadas novas mídias.
No que se refere à forma, a crônica apresenta uma percepção subjetiva dos fatos
(atuais e memorialísticos), linguagem literária e predominância da função poética. No dizer de
Jorge de Sá, o cronista é o “escrivão do cotidiano” que nos oferece “Brevíssimo instante, onde
se oculta a complexidade de nossas dores e alegrias, protegidas pela máscara da banalidade.
Em nome dessa aparência amena é que nos desobrigamos de pensar a vida” (SÁ, 2005, p. 12).
Entremos em contato, então, com a escrita de Nelson Rodrigues em “Uma senhora
honesta” 5. Utilizando-se do traço de humor e ironia para fazer uma reflexão sobre a
inarredável condição humana, o narrador nos apresenta o casal Luci e Valverde.
Luci, a protagonista,
Era muito virtuosa e, mais do que isso, tinha orgulho, tinha vaidade dessa virtude.
Casada há seis meses [...] ouvia muita novela de rádio. E se, por coincidência, a
heroína da novela prevaricava, ela não podia conter sua indignação. Dizia logo: –
Esse negócio de trair marido não é comigo (USH, p . 131).
Valverde, por sua vez, “[...] metido num pijama listrado, tremia diante dessa virtude
agressiva e esbravejante. Refugiava-se atrás da última edição, como se fosse uma barricada;
ciciava: – Fala baixo, Luci! Fala baixo!” (USH, p. 131 – grifos meus).
Interessante destacar que o significante virtude, de origem latina, tem por raiz (forma
reta) vir que significa homem, varão; assim virtus vem a significar força, primitivamente
física que se converte em força moral, própria aos homens6.
4
Devo este argumento e muitos outros relativos ao gênero crônica à Profa. Dra. Maria Heloísa Melo-Al,
presentes no texto inédito “Crônica: a estética do cotidiano”.
5
A partir de agora, os trechos relativos às crônicas analisadas serão identificadas somente pelo número da
página, antecedidas das siglas USH (Uma senhora honesta), e OD (O decote). As referências completas
encontram-se no final do texto.
5
Observa-se que o texto de Nelson Rodrigues apresenta, em “Uma senhora honesta”,
uma clara inversão dos papéis masculinos e femininos culturalmente estabelecidos, uma vez
que:
Valverde sofria de asma. Bastava o tempo esfriar um pouquinho; a umidade era um
veneno para ele. E, então, passava mal, tudo quanto era brônquio chiando e o
acometia o pavor da asfixia iminente. Sendo tímido, talvez a timidez decorresse de
sua condição melancólica de asmático. Mirrado, como um peito de criança, uns
bracinhos finos e longos de Olívia Palito – o pobre-diabo não tinha a base física da
coragem” (USH, p. 132 - grifos meus).
Ora, a psicanálise sustenta que as posições masculinas e femininas são construções
psíquicas e sócio-históricas, ou seja, masculinidade e feminilidade perfilam-se como posições
discursivas, constructos oriundos do desejo e da linguagem (TOMAZ, 2009, p. 162). Freud,
ao longo de toda a sua obra, foi capaz de antevê que não há referências seguras sobre o que
vem a ser um homem e uma mulher. Dizendo-se de outro modo, ao humano impõe-se o
enigma da diferença sexual.
Não por acaso, a protagonista da crônica em destaque “Embora mulher, [...] era bem
mais alentada. E não há dúvida de que levaria vantagem esmagadora. A superioridade da
moça, porém, não era apenas física. Não. O que a tornava intolerável e agressiva era
justamente a virtude que a encouraçava” (USH, p. 132 - grifo meu).
Vê-se que a armadura da qual Luci se reveste para humilhar o marido, mero falo
decaído, e se sentir superior às outras mulheres – “Mulher igual a mim pode haver! Mais séria
não! E duvido” (USH, p. 132) não a protege, porém, da armadilha do desejo, do apelo do
desconhecido que se materializa na figura de uma voz masculina, que chega até ela por meio
do telefone da vizinha:
– Aqui fala seu admirador. Antes da indignação veio o pasmo: – Como? – Tenho
pela senhora uma grande simpatia. [...] – Olha aqui seu cachorro, seu sem vergonha!
Eu não sou, ouviu? quem você está pensando! E fique sabendo que meu marido é
bastante homem para lhe quebrar a cara! O anônimo, do outro lado, não perdeu a
calma. Eliminou o tratamento de senhora e declarou simplesmente o seguinte,
fazendo uso de expressões, as mais desagradáveis e chulas. – Tu deixa de ser besta,
porque tudo isso é conversa fiada, etc., etc., etc” (USH, p. 133 ).
É fácil constatar que Luci torna-se presa da sideração, da captura imaginária que o
desconhecimento do objeto do desejo provoca, mesmo sabendo-se que a falha, o equívoco é a
única forma de realização da relação sexual. A mulher que utilizava a virtude como uma
6
Devo este argumento ao Pe. Osvaldo Carneiro Chaves – Arquidiocese de Sobral-CE.
6
arma, agora, depara-se com o inevitável enfrentamento da alteridade, o engodo das
aparências, a dificuldade de comunicação entre os casais, corroborando o pensamento de
Lacan, no seminário Mais, ainda (1985), de que o amor/paixão é um acontecimento que
sempre porta uma marca de tragicidade, uma vez que o outro me espera de um lugar ao qual
não me é possível alcançar.
Dessa forma, Luci conta ao marido o estranho caso do telefonema anônimo, identifica
um suspeito e colhe informações sobre ele: “Soube de coisas incríveis, inclusive uma que a
arrepiou: embora moço (teria seus trinta e poucos anos) vivia às custas de uma mulher rica.
Sofria desfeitas, humilhações da megera que chorava cada tostão” (USH, p. 134).
Vê-se que o cronista lança mão de um fato banal como pretexto para pôr em ato seu
estilo e criatividade, bem como para ilustrar a feição imprevisível que ronda os
comportamentos humanos, urdindo, assim, uma elaborada crítica sobre a vida e seus descaminhos.
– Hoje em dia os homens não respeitam nem mulher casada! Dizia isso diante do
espelho, repassando no rosto um remédio para espinha, que lhe tinham
recomendado. O marido, quieto e esquálido na cama, no pavor permanente da asma,
olhava de esguelha para a mulher. E calado fazia suas reflexões. Tinha um amigo
que era traído da maneira mais miserável. Apesar disso ou por isso mesmo a mulher
o tratava como a um príncipe. E sempre que voltava de uma entrevista com o outro,
trazia para o esposo uma lembrancinha. Valverde quase invejava o colega (USH, p.
134 - grifos meus).
Ora, sabe-se que o amor/paixão, insensata aposta, é tributário da fugacidade do desejo
e de seus objetos metonímicos (TOMAZ, 2009, p. 149). Constata-se que o sujeito está
condenado ao enamoramento, embora permaneça privado da proteção imaginária do amor.
No fantasia de Luci, “o conquistador de velhas” abandonava uma admiração
respeitosa, tentava um contato mais próximo, o que a fez perceber que ele “[...] tinha braços
fortes e bonitos, o que não era de admirar, dado que, aos domingos, o cínico jogava voleibol
de praia. Esta exibição deslavada de braços tornava mais patentes do que nunca as intenções
da conquista” (USH, p. 134 - grifo meu).
Diante da efração do desejo, do descentramento que a paixão provoca, subtraindo o
sujeito de seus atributos simbólicos, Luci encena no corpo os conflitos psíquicos uma vez que
“[...] apanhou uma gripe e resolveu ficar em casa” (USH, p. 134).
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Mais do que isto:
[...] ela ficou cultivando as piores hipóteses, sobretudo uma particularmente
eletrizante: de que o vizinho, aproveitando a ausência de Valverde, invadisse a casa.
Podia ter passado a tranca na porta, mas não ousou. Às quatro da tarde, explodiu o
inconcebível: um mensageiro veio trazer uma caixa de orquídeas. Nenhuma
indicação de remetente. Luci tremeu. Pela primeira vez, em sua vida, compreendia
toda a patética fragilidade do sexo feminino, todo o imenso desamparo da mulher”
(USH, p. 135 - grifos meus).
No que se refere à virtude feminina, Nelson Rodrigues se posiciona:
Discordo desse ideal de [mulher] cega, surda e muda diante da vida. Acho que uma
moça só deve ser esposa quando está em condições de resistir aos maus exemplos.
Considero monstruosa, ou inexistente, a virtude que se baseia pura e simplesmente
na ignorância do mal. Cada mulher deve ter um minucioso conhecimento teórico do
bem e do mal. Afinal de contas, a virtude é, acima de tudo, opção (CASTRO, 1992,
p. 238 – grifos meus).
A sensibilidade do cronista no contato com a realidade, muitas vezes apresentando a
falsa impressão de permanecer na superficialidade dos fatos, mostra-nos, agora, uma Luci
dividida entre o lugar de mulher honesta e a possibilidade de ser invadida por um pensamento
cheio de orquídeas. Ora, a orquídea, por sua forma e beleza, é símbolo de fecundação, de
perfeição e de pureza espirituais (CHEVALIER & GHEERBRANT, 1997, p. 664), além de se
constituir, como toda flor, no órgão sexual das plantas.
Seguindo a tradição do gênero crônica, a escrita nelsonrodriguiana, em “Uma senhora
honesta” oferece ao leitor momentos alegres ou tristes, lances curiosos, como se vê no diálogo
entre Valverde e Luci:
– Recebeste as flores? – Que flores? – Que eu mandei? Empalideceu: – Ah, foi
você? E ele: – Claro! Ganhei no bicho e já sabe! A alma de Luci caiu-lhe aos pés,
rolou no chão. Fora de si, não queria se convencer: – Foi então você? Mas não é
possível, onde se viu marido mandar flores! [...] Quando se convenceu por fim,
deixou-se tomar de fúria. Cresceu para o marido, já acovardado, e o descompôs: –
Seu idiota! Seu cretino! Espirro de gente! Acabou numa tremenda crise de pranto
(USH, p. 135 - grifos meus).
Valverde, sem nada entender, “[...] pensou na esposa do colega, que era infiel e, ao
mesmo tempo, tão cordial com o marido” (USH, p. 135). Assim, vê-se que o cronista,
“contador de histórias muídas”, põe em cena, com um matiz tragicômico, a inexistência de
rapport sexual, o inarredável desencontro entre um homem e uma mulher, o enigmático
desejo do outro e oferece ao leitor um final aberto, de modo que este junte os fragmentos de
escrita e elabore suas próprias conclusões.
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O que o desfecho de “Uma senhora honesta” pode nos ensinar? Talvez se possa
presumir que o engano/decepção de Luci, no que se refere ao remetente das orquídeas, e o
desejo de Valverde de ser bem tratado, mesmo que o preço seja a infidelidade da esposa,
apontam para o pensamento de Renato Janine Ribeiro quanto este sustenta que “A chance de
se transformar a paixão em casamento e de se ser feliz para sempre é mínima, por sua
incompatibilidade com o cotidiano [a vida como ela é...], que é feito de prosa e banalidade”
(RIBEIRO, 1996, p. 51). Resta ao sujeito criar fabulação, reescrever enredos de vida como
forma de enfrentar um mundo desencantado, no qual reina, o mais das vezes, uma
cristalização de papéis sexuais culturalmente determinados. Tal inquirição do funcionamento
psíquico coloca, pois, Nelson Rodrigues como um respeitável intérprete dos mistérios
humanos e reafirma a potência simbólica da literatura, capaz de fazer frente à hipocrisia, à
ignorância e ao medo, sinalizando para o mal-estar que sempre acompanha os seres de desejo.
Em “O Decote”, o escritor em foco não foge às características que o tornam conhecido
pelo seu entendimento acerca da subjetividade humana: tem-se o viés tragicômico e desfechos
surpreendentes que apontam para soluções não convencionais, já que escapam aos
imperativos da sociedade carioca que se vê espelhada em A vida como ela é....
A personagem de Clara de “O decote”, soma-se à galeria de mulheres adúlteras,
representantes do universo ficcional nelsonrodriguiano: < citar características de Clara>. De
acordo Ruy Castro, “[ A vida como ela é...] era sempre a história de uma adúltera, como o
próprio Nelson confessava” (CASTRO, 1992, p.237).
Em “O decote”, Clara não se sujeita à função que lhe é atribuído socialmente: o
cuidado da casa e dos filhos. Pode-se pensar que os limites do lar deveriam ser, inibidores do
desejo. No entanto, a estas demarcações Clara não se dispõe a respeitar. Isto é percebido por
Aderbal, seu marido, na seguinte ocasião:
Quando Mirna fez 8 anos, ele recebeu uma carta anônima em termos jocosos
‘Abre o olho, rapaz!’. Pela primeira vez caiu em si. Começou a observar a
mulher. Mãe displicente, vivia em tudo que era festa, exibindo seus vestidos,
seus decotes, seus belos ombros nus. (OD, p.527).
Tal como o telefonema e a voz misteriosa do outro lado da linha que intriga Luci em
“Uma senhora honesta”, a carta anônima em “O decote” parece cumprir a função de anunciar
uma “verdade” até então ignorada por Aderbal. Sabe-se que somente a carta anônima
possibilita a necessária desimplicação ou descompromisso do remetente com o conteúdo que
veicula. Curiosamente, o interesse pela carta sem assinatura aparece na vida do cronista
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Nelson Rodrigues ainda muito cedo, como revela sua mais recente biografia “Nelson
Rodrigues por ele mesmo”:
Em Aldeia Campista, me lembro que uma vizinha, santa mulher, traía seu marido.
O marido recebeu uma carta anônima contando tudo com a máxima fidelidade de
detalhes. Você sabe que a carta anônima é a mais honesta das cartas, porque o
sujeito diz exatamente o que quer. Não é obrigado a achar o outro ilustríssimo
senhor. ( RODRIGUES, 2012, p.98 – grifos meus).
A carta endereçada a Aderbal não portava nenhuma verdade absoluta, no máximo
incitava a curiosidade do marido que duvidara da esposa, em algum momento. Assim, nem
mesmo na estrutura podemos considerá-la uma carta; pela brevidade assemelha-se mais a um
bilhete, um alerta sobre uma possível inadequação de Clara aos padrões que a sociedade
estabelece como condizentes a uma mulher casada. Conforme nos adverte Nunes, à mulher
caberia ser “[...] dotada de características físicas e morais específicas de seu sexo, condizentes
com a função materna e a vida doméstica”. (NUNES, 2002, p.39).
Ao se tratar especificamente do episódio da carta, poderíamos nos indagar : o que a
carta denuncia? A infidelidade de Clara, a suspeita de infidelidade, ou mesmo algo mais
profundamente arraigado às peculiaridades de toda relação sexual? Esta pergunta encontra
resposta nos desenvolvimentos lacanianos acerca do desencontro amoroso. Em “De um
discurso que não seria semblante”, Lacan nos adverte que “[...]a relação sexual falta no campo
da verdade, posto que o discurso que a instaura provém apenas do semblante, por só abrir
caminho para gozos que parodiam [...] (LACAN, 1996, p.139) . – checar Sendo assim a carta, em seu indissolúvel anonimato, abstém o seu autor de qualquer
compromisso com a verdade, permitindo, desse modo, ao destinatário, construir sua versão do
que aconteceu: descortina-se, a partir disso o campo do inconsciente, o qual mobiliza e
constrói versões de verdade, apoiadas num saber, saber do inconsciente.
Pelo que se percebe em “O decote”, a simples frase “Abre o olho, rapaz” não confirma
a infidelidade de Clara, mas cumpre a função de mobilizar uma suspeita; de pôr em ação a
verdade do inconsciente de Aderbal, que identifica a esposa a uma adúltera, Com isto,
crescem as suspeitas do marido e a esposa, aos poucos, é revelada ao leitor pela lente do
narrador: Clara é apresentada como uma mulher vaidosa, que se utiliza do coquetismo como
arma de sedução.
De acordo com Joan Rivière em “A feminilidade como máscara” (1929), e os
posteriores desenvolvimentos de Lacan em torno deste estudo, o feminino encontra na
máscara a possibilidade de criação de uma identidade própria. Segundo a autora, a mascarada
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seria o modo peculiar através do qual a mulher forja uma identidade para si, ao mesmo tempo
em que se protege contra uma possível represália paterna que giraria em torno da possessão
do falo – atributo sociamente associado ao masculino. Sendo assim, caberia à mulher criar a
máscara que lhe tornaria feminina, ascendendo ao lugar de sujeito (MARANHÃO, 2011, p.).
Um dos artifícios utilizados pela mulher, neste jogo da mascarada lacaniana, é o
coquetismo, isto é o cuidado excessivo da imagem, a preocupação excessiva com os padrões
estéticos. A sedução e a maquiagem também se tornariam meios através dos quais a mulher
busca seu lugar do sujeito, forjando-lhe a própria identidade.
Ao se falar em sedução como artifício da mascarada, percebemos que ao revisitar “O
decote”, vemos um traço interessante em Clara: a mulher adúltera é sedutora e lança mão de
maquiagem e do coquetismo para atingir seu objetivo. As outras mulheres, que não são
adúlteras e que figuram nas crônicas de A vida como ela é... não apresentam o traço do
coquetismo; não são mulheres sedutoras e nem são consideradas atraentes ao olhar masculino.
Ao contrário, são figuras masculinizadas a quem a sedução da adúltera parece causar inveja.
Como representante destas personagens desprovidas da sensualidade e dos atributos
utilizados na encenação da feminilidade, encontramos a figura de Dona Margarida, sogra de
Clara, que, antes mesmo da carta anônima, chama atenção de Aderbal sobre o comportamento
da nora, como se pode ver:
- Vim lhe perguntar o seguinte: você é cego ou perdeu a vergonha?
[...]
- Sua mulher anda fazendo os piores papéis. Ou você ignora? – e, já,
com os olhos turvos, uma vontade doida de chorar, interpelava-o:
– Você é ou não é homem? (OD, p.527).
Vale destacar que a figura da sogra é desprovida de qualquer traço que lhe confira
sedução: é a sexualidade de Clara, que lhe anuncia a exclusão do jogo erótico entre um
homem e uma mulher. Podemos dizer que é a máscara de feminilidade que Clara cria em seu
teatro da mulher que deseja, que se enfeita e que sai para trair que se configura como afronta
para a mãe de Aderbal.
Como se pode ver, encontramo-nos, segundo a psicanálise, enredados no escorregadio
campo da verdade: a verdade da histérica, a verdade de Clara que, ao anunciar que seu desejo
não cabe nos domínios do lar e o papel de “mulher honesta”, prepara uma armadilha, tanto
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para aquele que se entrega a ela, na intenção de desvendar o enigma do desejo do Outro7 –
Aderbal – como para Dona Margarida, a mulher ofendida pela teatralização da feminilidade
de outra mulher.
Não podemos deixar de perceber que, antes mesmo de ler a carta, é por intermédio do
discurso da sogra, que Clara é apresentada ao leitor: Esta sugere que a nora está “fazendo os
piores papéis”. Com isto, inicia-se a crônica e nos deparamos com Clara em meio a seus
pentes, escovas, perfumes e batons8. Ora, pode-se pensar que o teatro da mascarada aparece
em “O decote” como criação de uma feminilidade que não prescinde dos recursos da sedução,
mesmo que seja para revelar a impossibilidade de captura do desejo do Outro.
Podemos dizer que, se o leitor é apresentado a Clara pelo discurso de sua sogra, é
através do narrador onipresente que figura em todas as crônicas de A vida como ela é...como
uma espécie de observador secreto, um voyeur, que induz o leitor a assumir o papel de
cúmplice de Clara, compreendendo-a desde o momento em que esta se despede do papel de
esposa fiel para revelar sua insatisfação com Aderbal, homem que assume fundamentalmente
papel de pai, na ocasião do nascimento da filha, pois, “ [...] desde o primeiro momento, ele
foi, na vida, acima de tudo, o pai. Esquecia-se da mulher ou negligenciava seus deveres de
esposo” (OD, p. 526).
O trecho de “O decote” demonstra que, culturalmente, também ao masculino é
esperado que se cumpra um determinado papel, ou seja, que os homens sejam “[...] mais aptos
à vida pública, ao trabalho e às atividades intelectuais” (BIRMAN, 2002, p.39), mas também,
que sejam esposos, devotados ao lar, e, sobretudo, provedores. Sendo assim, pode-se refletir:
se Clara exime-se de exercer o papel de mulher devotada à filha e ao lar, também Aderbal, ao
assumir exclusivamente o papel de pai, renuncia ao lugar de marido, dessexualiza-se então,
aos olhos de Clara, que parece encontrar no adultério uma saída para sua condição incômoda
de mulher também dessexualizada, aos olhos do marido:
7
O conceito de Outro nos desenvolvimentos psicanalíticos aparece nos textos de Jacques Lacan com variadas
definições, porém, a definição que nos interessa aqui é a de um Outro que possui a função de ser “[...] uma
instância anterior e exterior ao sujeito e que, no entanto, o determina” (TOMAZ, 2009, p.34).
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Em 1997, as crônicas de “A vida como ela é...” foram transformadas em séries de curta duração, dirigidas por
Daniel Filho para a Rede Globo de televisão. No capítulo “O decote”, podemos observar a ênfase no
coquetismo da personagem de Clara, sempre aparecendo por entre adereços tipicamente associados ao
feminino, como espelhos e maquiagem. O figurino utilizado pela personagem da série de televisão também é
marcado por roupas decotadas e pelo batom exageradamente vermelho.
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Um dia, chamou a mulher: ‘Você precisa selecionar melhor suas amizades...’ Clara,
limando as unhas, respondeu: “Vê se não dá palpite, sim? Sou dona do meu nariz!”
Desconcertado, quis insistir. E ela, porém, gritou: “Você nunca me ligou! Nunca me
deu a menor pelota! Aderbal teve que dar a mão à palmatória!
- Bem, eu não me meto mais. Mas quero lhe dizer uma coisa: nunca se esqueça que
você tem de prestar contas à sua filha (OD, p.527).
É a partir de Lacan que as relações amorosas entre homens e mulheres passam a ser
entendidas a partir de um viés teatralizante (MARANHÃO, 2011, p.38). A vida amorosa, ou o
jogo de papéis em que Clara e Aderbal se fixam assemelha-se a um espetáculo marcado pelo
engodo, pois, “ [...] os atores são capazes dos mais elevados feitos, como se sabe pelo teatro.
O nobre, o trágico, o cômico, o bufão [...]” (LACAN, [1974]1993, p.67).
O adultério, compreende-se agora, é o feito mais elevado que cabe à Clara, sedenta da
representação da verdade do desejo inconsciente, e que funciona como uma possível saída
para a posição feminino, quase sempre tolhida pela sociedade moralizadora. A crônica chega
ao seu ápice quando a verdade sobre a infidelidade de Clara vem à cena: é o momento em que
o teatro da mascarada assume seu ponto mais alto, revelando assim se a carta ou a mãe de
Aderbal são portadoras de uma verdade incontestável.
É a partir da revelação de Clara, o que entendemos como o ápice de sua encenação
histérica, que o segredo da infidelidade é então desvelado. A protagonista já estava “[...] tão
saturada daquele homem, que não resistiu” (OD, p.528) e, corajosamente afronta o marido:
[...] Clara se colocou na sua frente, resoluta, barrando-lhe o caminho. Voltara, há
pouco, de uma festa. Estava de vestido de baile, num decote muito ousado, os
ombros morenos e nus, perfumadíssima. E, então, com as duas mãos nos quadris, fez
a desfeita:
- Não vá saindo, não – e perguntava: – você não me provocou? Agora, aguente!
[...] Falou baixo, mas, pela primeira vez, disse tudo. Assombrado, diante dessa
maldade que rompia, sem pretexto, gratuita e terrível, ele se limitava: ‘Por que você
diz isso? Por quê? Queria interrompê-la: ‘Cale-se!Cale-se! Eu não lhe perguntei
nada! Eu não quero saber! Mas a própria Clara não se continha mais:
- Você conhece o fulano?Seu amigo, deve favores a você, o diabo. Pois ele foi o
primeiro! (OD, p.)
A partir daí, Clara, tomada pela ânsia de assumir uma fala plena, passa a revelar a
identidade de todos os amigos de Aderbal com quem se relacionara, movida por uma
incontrolável necessidade de dizer a sua verdade, continua: “Quero que Deus me cegue se
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minto! Sabem quem foi o segundo? Cicrano!Queres outro?Beltrano. Ao todo, 17!
Compreendeu? Dezessete!” (OD, p.528).
O súbito interesse em não mais omitir os fatos para Aderbal, transforma-se no último
ato de Clara. A Aderbal, por sua vez, cabe-se confrontar com o que sempre soubera: sua
esposa lhe era infiel. A partir de agora, o marido traído encaminha-se para a encenação do
trágico, daquilo do qual o sujeito do desejo não pode escapar:
Levantou-se, então. Foi a um móvel e apanhou o revólver na gaveta. Subiu sem
pressa. Diante do espelho, Clara espremia espinhas. Ao ver o marido, pôs-se a rir.
[...] Seu riso, esganiçado e terrível, foi outra maldade desnecessária. Então, Aderbal
aproximou-se. Atirou duas vezes no meio do decote (OD, p.529).
Assim, aparentemente com o aval da filha, que afirmar não gostar da mãe, Aderbal,
que sempre fora mais pai do que esposo, esboça o último gesto: a tragédia aparece como
único desfecho possível àquela relação, que, marcada pelo engodo, não teria outra
possibilidade de desenlace, agora que a verdade tinha sido dita, não mais insinuada.
A questão que encerra, por ora, nossas discussões sobre “O decote” diz respeito
especificamente ao desfecho da crônica. A partir da visão do humano de Nelson Rodrigues,
inexiste a possibilidade de um final feliz, uma vez que, a relação amorosa, como já se disse, é
delineada pelo desejo e marcada pelo desencontro e, e é isto que permite a encenação e os
feitos extremados de cada um dos seres ficcionais do autor em destaque.
O problema da verdade que ronda e espreita as personagens nelsonrodriguianas é o
que aqui se destaca e nos faz pensar sobre o desfecho de “O decote”: foi por ser adúltera ou
por dizer a verdade que Clara morreu?
Neste recorte sobre a rica obra de Nelson Rodrigues, constata-se que a matéria prima
de suas crônicas não se desvinculam da chamada realidade, que, transfigurada pela pena deste
autor ímpar, disseca o humano e suas marcas, pois a literatura, de uma forma geral, discorre
sobre o sujeito em suas feições sublime e abjeta. Tal como Freud, este escritor expôs, com
mestria, o mal-estar de uma época, corroborando o pensamento freudiano que sustenta a
antecipação dos literatos no entendimento da psique humana.
A atualidade da produção literária nelsonrodriguiana vem nos ensinar que a vida em
sociedade impõe uma boa porção de repressão e renúncia, uma vez que o desejo se situa,
quase sempre, como algo do qual devemos fugir, ou desistir – embora se saiba que esta
alternativa é inalcançável.
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O “único escritor obsceno do Brasil”, como ele se auto-proclamava, explora como
poucos a impossibilidade do encontro entre seres de linguagem e nos deixa a certeza de que “
O sexo é a satisfação impossível. O amor é que justifica o fato de o homem ter nascido”
(RODRIGUES apud CASTRO, 1992, p. 241).
Vida longa ao Anjo Pornográfico!
REFERÊNCIAS
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Rio de Janeiro: Vozes, 1991, v. 1.
CASTRO, Ruy. O anjo pornográfico: a vida de Nelson Rodrigues. São Paulo: Companhia das
Letras, 1992.
CHEVALIER, Jean & GHEERBRANT, Alain. Dicionário de símbolos: mitos, sonhos,
costumes, gestos, formas, figuras, cores, números. Tradução de Vera da Costa e Silva et al.
11. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1997.
DE HOLLANDA, Ana. In: Catálogo da Exposição Nelson Brasil Rodrigues 100 Anos do
Anjo Pornográfico.
FREUD, Sigmund. O mal-estar na civilização (1930). In: Obras completas de Sigmund
Freud. Tradução de José O. de Aguiar Abreu. Rio de Janeiro: Imago, ESB, 1976, v. 21.
LACAN, Jacques. Mais, ainda. Tradução de M. D. Magno. 2. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
1985.
_______. Televisão. Tradução de Antônio Quinet. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.
_______. De um discurso que não fosse semblante. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2009.
MARANHÃO, Mírian Tenório. Feminino, arte e revolução: vertentes possíveis à
feminilidade. Maceió: EDUFAL, 2011.
MORAES, Maria Heloísa Melo de. Crônica: a estética do cotidiano. Texto inédito.
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NUNES, Silvia Alexim. O feminino e seus destinos: maternidade, enigma e feminilidade. In:
BIRMAN, Joel (Org.) Feminilidades. Rio de Janeiro: Contracapa, 2002.
RIBEIRO, Renato Janine. Sedução e enamoramento. In: FORBES, Jorge (Org.). Psicanálise:
problemas ao feminino. Campinas: Papirus, 1996, p. 37 - 53.
RODRIGUES, Nelson. A vida como ela é... Rio de Janeiro: Agir, 2007.
RODRIGUES, Sônia (Org.). Nelson Rodrigues por ele mesmo. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2012.
SÁ, Jorge de. A crônica. 6. ed. São Paulo: Ática, 2005.
TOMAZ, Jerzuí. Corpo e afeto na escrita de Lya Luft. Maceió: EDUFAL, 2009.
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Marcas do Humano em A vida como ela é..., de Nelson Rodrigues