Biologia, ecologia e pesca desportiva da truta, Salmo
trutta morpha fario L., no rio Vez
Diogo Sottomayor Pires de Abreu Novais
Dissertação de Mestrado em Ciências do Mar – Recursos Marinhos
Especialização em Aquacultura e Pescas
2012
Diogo Sottomayor Pires de Abreu Novais
Biologia, ecologia e pesca desportiva da truta, Salmo trutta
morpha fario L., no rio Vez
Dissertação de Candidatura ao grau de Mestre
em Ciências do Mar – Recursos Marinhos
submetida ao Instituto de Ciências Biomédicas
de Abel Salazar da Universidade do Porto
Orientador – Professor Doutor José Carlos
Fernandes Antunes
Categoria – Professor Auxiliar
Afiliação – Escola Superior Gallaecia
Co-orientador – Professor Doutor António
Manuel dos Santos Afonso
Categoria – Professor Associado
Afiliação – Instituto de Ciências Biomédicas
Abel Salazar da Universidade do Porto
Agradecimentos
Ao Prof. Dr. Carlos Antunes por ter aceite ser orientador desta tese, por todo o
acompanhamento e indicações essenciais e por me ter proporcionado todas as
condições para a realização da mesma.
Ao Prof. Dr. António Afonso por ter aceite ser meu co-orientador, pelas observações e
conselhos fundamentais.
Ao Jorge Araújo pela disponibilidade para ajudar, em especial pelas respostas prontas às
minhas constantes perguntas e também pela colaboração na pesca eléctrica
À Catarina Braga por todo apoio essencial na estruturação da tese, na identificação de
conteúdos estomacais e também pela grande ajuda na pesca eléctrica.
À Micaela Mota pela grande ajuda na parte laboratorial.
Ao Rodrigo Lopez pelos mapas excelentes.
Ao Patrício Bouça pela ajuda nas pesquisas mais difíceis.
À Sílvia Marinho e à Catarina Antunes pela colaboração na pesca eléctrica.
À Cláudia Ferreira pela ajuda na estruturação da tese.
A todos os colaboradores do Aquamuseu pela forma como me acolheram e pelo
excelente ambiente de trabalho.
A todos os pescadores desportivos que gentilmente me forneceram informações e dados
relevantes, nomeadamente aos meus amigos Paulo Sampaio, José Carmo, Jorge
Gonzalez, Horácio Araújo e José Marinho.
Ao meu amigo Miguel Calhau que me acompanhou nestas e em muitas outras jornadas
de pesca.
À instituição Aquamuseu do rio Minho por todas as condições proporcionadas.
Aos pescadores dos Arcos de Valdevez, que me ensinaram a pescar.
i
ii
Resumo
A truta fário (Salmo trutta morpha fario) é frequentemente usada como atracção turística
e é o alvo mais importante e popular da pesca desportiva na Europa.
Em Portugal o número de licenças de pesca desportiva emitidas nos últimos anos, para
pesca nas águas interiores, tem ultrapassado as 200 mil por ano. A pesca têm assim uma
elevada importância socio-económica e normalmente o benefício económico para as
regiões aumenta com o número de pescadores.
O rio Vez (rio da região norte de portugal) tem sido palco de alguns campeonatos do
mundo de pesca à truta e de várias provas de âmbito nacional. No rio existe uma zona de
pesca reservada (ZPR) com um regime de pesca específico e uma zona livre sujeita ao
regime geral da pesca.
Em cinco dias de seis meses diferentes, o rio apresentou parâmetros da água, na
generalidade, dentro dos limites recomendáveis apesar de algumas amostras mais a
jusante ultrapassarem os valores máximos admissíveis.
Em relação à truta, o período de postura numa zona do rio Vez parece ter ocorrido entre
5 de Dezembro de 2011 e pelo menos 16 de Janeiro de 2012, com temperaturas da água
a variar entre 7 e os 11,4 ºC. O aumento do número de trutas no local de postura ocorreu
em dias de precipitação em que o caudal do rio aumentou. Durante a migração para a
postura, a percentagem de saltos de trutas que tiveram sucesso, conseguindo as trutas
transpor uma represa que existe no troço do rio Vez que atravessa a vila de Arcos de
Valdevez, foi de apenas 0,6 %.
Este estudo aborda fundamentalmente a pesca com isco artificial especificamente com
colher nº2 dourada. Nas jornadas de pesca desportiva capturou-se em média uma truta
por hora e em média a cada dois ataques ao isco apenas uma truta foi capturada.
A truta aparenta ser um peixe crepuscular com máxima actividade ao amanhecer e ao
anoitecer.
Nas jornadas de pesca com isco artificial existiu uma diferença significativa entre as
capturas por unidade de esforço (CPUE - truta/hora) na zona livre e as CPUE na zona de
pesca reservada do rio Vez. Igualmente foram significativas as diferenças entre as
capturas por unidade de esforço em dias de aguaceiros e em dias sem precipitação.
Pela análise dos resultados da pesca eléctrica, é significativa a diferença entre os pesos
e comprimentos entre as trutas da ZPR e da zona livre verificando-se um aumento do
comprimento e do peso médio das trutas de jusante para montante.
iii
O número de trutas nos locais amostrados por pesca eléctrica aumentou de jusante para
montante. O comprimento mínimo de captura parece determinar a estrutura da população
de trutas do rio Vez.
Palavras- chave: Truta, Salmo trutta, rio Vez, pesca desportiva
iv
Abstract
The brown trout (Salmo trutta morpha fario) is often used as tourist attraction and is the
most important and popular target of recreational fishing in Europe.
In Portugal the number of licenses issued for fishing in recent years, for inland fishing has
exceed the 200.000 per year. Thus fishing has a high socio-economic importance and
generally the economic benefit to the regions increases with the number of fishermen.
The River Vez (River in Northern Portugal) has been the scene of some world and
national trout fishing championships. In the river there is a reserved fishing zone with
particular fishing rules and a free zone, subject to the general rules of fishing.
In five days of six months, the river had water parameters, in general, within the limits
recommended, although some samples further downstream exceed the maximum
permissible values.
The period of trout posture in an area of the River Vez seems to have occurred between
5 December 2011 and at least 16 January 2012, with water temperatures range between
7 and 11,4°C. The Increasing number of trout in the site of posture occurred in days of
precipitation when flow increased. During migration to posture the percentage of jumps of
trout that managed to cross a dam that exists in the stretch of the river that runs through
village of Arcos de Valdevez was only 0,6%.
This study is essentially about fishing with artificial bait. In the days of sport fishing, trouts
were caught at an average of one trout per hour and, in average, in two attacks to the bait
just one trout was caught.
The trout seems to be a crepuscular fish with maximum activity at dawn and dusk.
In days of fishing with artificial bait, there was significant difference between the catch per
unit effort (trout/hour) in the free zone and in the reserved fishing zone of river Vez.
Equally significant were the differences between the catch per unit effort in days of
downpours and days without precipitation.
By analysis of the results of electric fishing there was a significant difference between the
weights and lengths between trout caught in the reserved fishing zone and in the free
zone, an increase in the length and weight of trout from downstream to upstream was
verify. The number of trout sampled clearly increased from downstream to upstream.
The minimum length of capture seems to determine the population structure of trout in
River Vez.
Keywords: Trout, Salmo trutta, River Vez, fishing
v
vi
Índice
Agradecimentos .................................................................................................................. i
Resumo ............................................................................................................................ iii
Abstract ............................................................................................................................. v
Índice ............................................................................................................................... vii
Índice de Abreviaturas ....................................................................................................... x
Índice de Tabelas ............................................................................................................. xi
Índice de Figuras ............................................................................................................. xii
1. Introdução geral ............................................................................................................ 1
1.1. Caracterização da área de estudo .......................................................................... 1
1.2. A truta .................................................................................................................... 3
1.2.1. Posição sistemática ......................................................................................... 3
1.2.2. Características gerais ...................................................................................... 3
1.2.3. Distribuição e habitat ....................................................................................... 5
1.2.4. Dinâmica populacional ..................................................................................... 6
1.2.5. Ecologia alimentar ..........................................................................................11
1.2.6. Crescimento....................................................................................................14
1.2.7. Estatuto e conservação da espécie.................................................................15
1.2.8. Determinação da idade de peixes em populações selvagens .........................16
1.2.9. Outros estudos................................................................................................17
1.3. Pesca desportiva/lúdica .........................................................................................19
1.3.1. Potencialidades da pesca desportiva em Portugal ..........................................20
1.3.2. Caracterização da pesca desportiva dirigida à truta ........................................21
1.3.3. Legislação.......................................................................................................23
1.3.4. Evolução da emissão de licenças em Portugal de 2007 a 2011 ......................24
1.3.5. Campeonatos .................................................................................................25
vii
1.4. Objectivo ...............................................................................................................25
2. Material e Métodos ......................................................................................................26
2.1. Área de estudo ......................................................................................................26
2.1.2. Divisão dos troços...........................................................................................27
2.2. Recolha de amostras e trabalho laboratorial .........................................................27
2.2.1. Temperaturas .................................................................................................27
2.2.2. Migração para montante - saltos .....................................................................28
2.2.3. Análises da água do rio Vez ...........................................................................29
2.2.4. Pesca desportiva ............................................................................................30
2.2.5. Pesca eléctrica................................................................................................32
2.2.6. Escamas e otólitos ..........................................................................................33
2.2.7. Conteúdo estomacal .......................................................................................33
2.2.8. Factor de condição K ......................................................................................34
2.2.9. Inquérito ..........................................................................................................35
2.3. Análise e tratamento de resultados .......................................................................35
3. Resultados e discussão ...............................................................................................36
3.1. Parâmetros fisico-químicos da água......................................................................36
3.2. Análise de um local de postura (lp1)......................................................................38
3.3. Análise da migração (saltos) numa represa do rio Vez ..........................................41
3.4. Pesca desportiva ...................................................................................................44
3.4.1. Jornadas de pesca..........................................................................................44
3.4.2. Dados das trutas capturadas nas jornadas de pesca e das trutas capturadas
por vários pescadores desportivos no rio Vez ...........................................................63
3.4.3. Pescadores desportivos ..................................................................................67
3.4.4. Análise de conteúdos estomacais ...................................................................68
3.4.5. Análise de idade .............................................................................................70
3.4.6. Otólitos ...........................................................................................................72
3.5. Pesca eléctrica ......................................................................................................72
3.5.1. Análise da idade .............................................................................................74
viii
3.6. Pesca eléctrica e pesca desportiva .......................................................................74
3.6.1. Capturas por unidade de esforço ....................................................................74
3.6.2. Comprimento médio ........................................................................................76
3.6.3. Peso médio .....................................................................................................81
3.6.4. Coeficiente de condição K ..............................................................................82
3.7. Relações peso vs comprimento .............................................................................84
3.8. Inquérito ................................................................................................................85
4. Considerações finais....................................................................................................86
5. Conclusão ....................................................................................................................88
6. Bibliografia ...................................................................................................................91
Anexos ..........................................................................................................................113
Anexo I ..........................................................................................................................114
Anexo II .........................................................................................................................115
Anexo III ........................................................................................................................116
Anexo IV ........................................................................................................................117
Anexo V .........................................................................................................................123
Anexo VI ........................................................................................................................124
Anexo VII .......................................................................................................................127
ix
Índice de Abreviaturas
LBE – Limite para consideração de um Bom Estado
VMR – Valor máximo recomendado
VMA – Valor máximo admissível
ZPR - Zona de pesca reservada
CPUE - Capturas por unidade de esforço
CMLC - Comprimento mínimo legal de captura
Comp – Comprimento
Lp1 – Local de postura
x
Índice de Tabelas
Tabela 1 - Qualidade de águas doces para fins aquícolas – águas piscícolas (águas de
salmonídeos). ..................................................................................................................29
Tabela 2 - Limiares máximos para os parâmetros físico-químicos gerais para o
estabelecimento do Bom Estado Ecológico em Rios. ......................................................30
Tabela 3 - Comparação entre dados de pesca da zona reservada (lotes) e da zona livre.
........................................................................................................................................50
Tabela 4 - Descrição geral do estado do rio e do tempo, apresentação do número de
horas de pesca, de trutas capturadas e CPUE (truta/hora) de 1 de Março até 21 de Julho
de 2012............................................................................................................................56
Tabela 5 - Percentagens de sucesso nas quatro zonas de pesca....................................57
Tabela 6 - Número de trutas, percentagem do total de capturas com CMLC e número de
trutas que, nestas jornadas, poderiam ser retidas ou que teriam de ser obrigatoriamente
libertadas, caso o comprimento mínimo legal de captura (CMLC) aumentasse ou
diminuísse. ......................................................................................................................61
Tabela 7 - Média do comprimento furcal e do peso de trutas do rio Vez e respectivo
desvio padrão, nos lotes e na zona livre. .........................................................................66
Tabela 8 - Pescadores observados em acção de pesca no rio Vez (50 dias). .................68
Tabela 9 - Abundância relativa e frequência de ocorrência de várias ordens e classes de
artrópodes e moluscos.....................................................................................................69
Tabela 10 – Dados da pesca eléctrica .............................................................................73
Tabela 11 – Comprimento e peso médios das trutas, perante os tipos pesca. .................77
Tabela 12 - Quantidades e percentagens de trutas capturadas com recurso à pesca
eléctrica e nas jornadas de pesca desportiva. .................................................................78
Tabela 13 - Comprimento de amostragem e tempo de amostragem da pesca eléctrica e
desportiva. .......................................................................................................................80
Tabela 14 - Média e desvio padrão do coeficiente de condição K na pesca eléctrica e
desportiva. .......................................................................................................................83
Tabela 15- Comprimento e peso minimos e máximos da maior truta que capturada ....118
xi
Índice de Figuras
Figura 1 - Troço do rio Vez que atravessa a vila de Arcos de Valdevez ............................ 1
Figura 2 - Localização do rio Vez. ..................................................................................... 2
Figura 3 - Diferença de cor entre truta juvenil e adulta, trutas capturadas no rio Vez. ....... 4
Figura 4 - Exemplo de coloração do flanco de uma truta fário. Truta nº 118, comp: 20,1
cm, peso: 98 g. ................................................................................................................. 4
Figura 5 - Número total de licenças (Nacionais + regionais + concelhias) e regionais para
a zona Norte emitidas por ano (Fonte: ICNF)...................................................................24
Figura 6 - Número de licenças nacionais, regionais e concelhias emitidas por ano (Fonte:
ICNF). ..............................................................................................................................24
Figura 7 - Número de licenças especias diárias emitidas para a zona reservada do rio Vez
(lotes) por ano (Fonte: ICNF). ..........................................................................................25
Figura 8 - Lote 8, local mais a montante atingido nas jornadas de pesca. .......................26
Figura 9 - Local de postura (lp1) (zona e/vila). .................................................................28
Figura 10 - Represa que existe na zona e/vila. ................................................................29
Figura 11 - Perfil da represa ............................................................................................29
Figura 12 - Amostras ou colheres utilizadas (marca mepps e mosca) .............................30
Figura 13 - Divisão das 20 zonas definidas para a pesca desportiva e eléctrica. .............32
Figura 14 - Valores de temperatura da água em 5 dias de 5 meses diferentes, em 3
locais, um na parte alta do rio (lote 6), outro na zona média (zona m) e outro perto de foz
(zona a). ..........................................................................................................................36
Figura 15 – Concentração de cloro livre...........................................................................37
Figura 16 – Concentração de amoníaco. .........................................................................37
Figura 17 - Concentração de nitritos. ...............................................................................37
Figura 18 - Concentração de nitrato.................................................................................37
Figura 19 - Concentração de fosfatos. .............................................................................37
Figura 20 - Variação da temperatura do ar e da água no local de postura lp1 no rio Vez e
variação do número de trutas observadas no local lp1. ...................................................38
Figura 21 - Nivel hidrométrico instantâneo no pontilhão de celeiros (INAG 2012) (estação
de medição 3000 m a montante da zona de postura situada no limite entre a zona f e a
zona g: 41º52’06’’ N 8º25’13’’) e número de trutas observadas na zona de postura. .......39
Figura 22 - Truta a escavar o “ninho” no local de postura lp1, ano 2007. ........................40
Figura 23 - Trutas num "ninho" no local lp1, ano 2011. ...................................................41
xii
Figura 24 - Trutas no local lp1, ano 2007. ........................................................................40
Figura 25 - Número de trutas presentes no local de postura e número de saltos, durante
15 minutos, numa represa 500 m a montante do local lp1. ..............................................41
Figura 26 - Número de saltos, sem sucesso, a cada meia hora ao longo de 4 dias. ........42
Figura 27 - Cardume de trutas em migração na base da represa (2011). ........................43
Figura 28 - Esquema da represa existente no troço do rio Vez que atravessa a vila de
Arcos de Valdevez. ..........................................................................................................43
Figura 29 - Locais onde foram capturadas trutas (n=209) no rio Vez, nas jornadas de
pesca e respectivo comprimento furcal (CF). ...................................................................45
Figura 30 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas, e capturas por
unidade de esforço (CPUE) (± desvio padrão), por zona do rio Vez. ...............................46
Figura 31 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por
unidade de esforço (±desvio padrão), nos 4 troços. .........................................................47
Figura 32 - Truta nº 57, CF: 46 cm, peso: 820 g, local: zona j. .........................................48
Figura 33 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas, capturas por
unidade de esforço, por mês, em todo o curso do rio Vez. ..............................................48
Figura 34 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas, e capturas por
unidade de esforço, por mês, para todos lotes.................................................................49
Figura 35 – Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por
unidade de esforço, por mês, para a zona livre................................................................49
Figura 36 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por
unidade de esforço (±erro padrão), de hora em hora, para todo o curso do rio Vez. ........51
Figura 37 – Dendrograma da percentagem de similaridade de CPUE entre intervalos de
tempo (hora) (nº de horas de pesca = 192)......................................................................52
Figura 38 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por
unidade de esforço, de hora em hora, para o troço dos lotes...........................................52
Figura 39 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por
unidade de esforço, de hora em hora, para o troço a montante da vila. ...........................53
Figura 40 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por
unidade de esforço, de hora em hora, para a zona e/ vila. ...............................................54
Figura 41 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por
unidade de esforço, de hora em hora, para o troço a jusante da vila. ..............................54
Figura 42 - Número de horas de pesca, número de capturas e capturas por unidade de
esforço face a diferentes intervalos de temperatura do rio. ..............................................55
Figura 43 - Número de horas de pesca e número de capturas em cada troço face a
diferentes intervalos de temperatura. ...............................................................................56
xiii
Figura 44 - Número de ataques ao isco, com captura de truta e número de ataques ao
isco, sem captura de truta. ...............................................................................................57
Figura 45 - Número de capturas de truta em água parada e água corrente. ....................58
Figura 46 - Número de ataques ao isco, sem captura de truta, em águas paradas e
correntes..........................................................................................................................59
Figura 47 - Percentagens de trutas capturadas com 1, 2 ou 3 anzois cravados, na zona
dos lotes (n=97). ..............................................................................................................59
Figura 48 - Percentagens de trutas capturadas com 1, 2 ou 3 anzois cravados, na zona
livre (n=112).....................................................................................................................60
Figura 49 - Classes de comprimentos das trutas capturadas nos 4 troços amostrados por
pesca desportiva (n=209). ...............................................................................................60
Figura 50 - Média (± erro padrão) dos comprimentos das trutas nas várias zonas. .........63
Figura 51 - Média dos comprimentos (± erro padrão) das trutas nos quatro troços. .........64
Figura 52 – Média (± erro padrão) dos pesos das trutas capturadas nas várias zonas. ...65
Figura 53 – Média (± erro padrão) dos pesos das trutas nos quatro troços. ....................65
Figura 54 – Média do coeficientes de condição K (± desvio padrão) em cada zona. .......66
Figura 55 - Coeficientes k médios (± desvio padrão) em cada troço. ...............................67
Figura 56 - Conteúdo estomacal regurgitado por uma truta do lote 3, truta nº116, comp:
23 cm, peso: 132 g. .........................................................................................................68
Figura 57 - Número de trutas com idades 0+, 1+, 2+, 3+, 4+ e 5+ em cada classe de
comprimento (n=163), determinada pela análise de escamas. ........................................70
Figura 58 - Escama da truta nº 216, idade 1+, CF: 12,4 cm, peso: 22 g, local de captura:
lote1.................................................................................................................................71
Figura 59 - Escama da truta nº 111, idade: 2+, CF: 18 cm, Peso: 73 g, local de captura:
lote 3................................................................................................................................71
Figura 60 - Escama nº 129, idade 3+, CF: 18 cm, peso: 68 g, local de captura: lote 1. ....71
Figura 61– Escama da truta nº 150, idade 5+, CF: 26 cm, peso: 212 g, local de captura:
lote 2................................................................................................................................71
Figura 62 -Otólito da truta nº90, idade 2+, CF: 19 cm, peso: 77 g, local de captura: zona
L.(Luz transmitida). ..........................................................................................................72
Figura 63 - Otólito da truta nº46, idade 3+, CF: 22,2 cm, peso: 114 g, local de captura:
zona d (Luz transmitida). .................................................................................................72
Figura 64 - Número de trutas capturadas por pesca eléctrica com idades de 0+, 1+, 2+,
3+, determinadas por leitura de escamas, para cada classe de comprimento (n= 25). ....74
Figura 65 - Número de capturas por unidade de esforço (truta/hora) da pesca eléctrica
(n=108) e nas jornadas de pesca desportiva (n=209), em 4 zonas. .................................75
xiv
Figura 66 - Lote 6 (41º58’28’’N, 8º22´93’’ W). ..................................................................76
Figura 67 - Zona i (41º5’ 87’’N, 8º25’61’’ W). ...................................................................76
Figura 68 - Zona a (41º48’93’’ 8º24’57’’). .........................................................................76
Figura 69 - Comprimento médio (± erro padrão) das trutas capturadas por pesca eléctrica
(108) e por pesca desportiva (n=249), por zona. .............................................................77
Figura 70 - Classes de comprimento das trutas capturadas por pesca eléctrica em 4
zonas, de 3 troços. ..........................................................................................................78
Figura 71 - Percentagens de trutas de cada classe, capturadas nas jornadas de pesca
desportiva (n=209) e por pesca eléctrica (n=108). ...........................................................79
Figura 72 - Classes de comprimento das trutas capturadas pela pesca desportiva (249) e
na pesca eléctrica (108). ..................................................................................................81
Figura 73 - Média (± erro padrão) dos pesos das trutas capturadas por pesca eléctrica
(n=108) e por pesca desportiva (n=249), por zona. .........................................................82
Figura 74 - Coeficiente de condição K médio (± desvio padrão) das trutas capturadas por
pesca eléctrica e por pesca desportiva, por zona. ...........................................................83
Figura 75 - Relação comprimento furcal vs peso de 249 trutas capturadas por pesca
desportiva e 108 trutas capturadas com recurso a pesca eléctrica, no rio Vez. ...............84
Figura 76 - Relação comprimento total vs peso de 207 trutas capturadas por pesca
desportiva e 108 trutas capturadas com recurso a pesca eléctrica, no rio Vez. ...............85
Figura 77 - Juvenil de truta de pequenas dimensões capturado na zona e (2008) ...........87
Figura 78 - Truta nº 40, CF: 22,8 cm, peso: 124g ............................................................90
Figura 79 - Truta atacada (truta nº 42) comp: 17,4 cm, peso: 57 g, local: zona j. ...........114
Figura 80 - Truta nº 162 comp: 22,4 peso:122 g local: lote 3. .......................................115
Figura 81 - Truta nº 123 comp: 20,9 peso 105 g local: lote 4. ........................................115
Figura 82 - Truta nº 73 comp:17,5 peso: 54 g local: zona a. ..........................................115
Figura 83 - Truta nº 84 comp: 34,5 peso: 342 g local: zona i. ........................................115
Figura 84 - Troço do rio Vez que atravessa a vila de Arcos de Valdevez (zona e), local de
captura 41º50’91’’ N 8º25’16’’ W - Fotografia aérea da zona (Google Earth). ................116
Figura 85 - Salmão (Salmo salar) capturado no rio Vez no ano 2010. ...........................116
Figura 86 - Categoria de idades dos pescadores inquiridos. ..........................................117
Figura 87 - Residência dos pescadores inquiridos (percentagem). ................................117
Figura 88 - Técnicas de pesca praticadas pelos pescadores no rio Vez (percentagem).
......................................................................................................................................118
Figura 89 - Ano da maior captura de cada pescador (percentagem)..............................118
Figura 90 - Ano com maior número de capturas num dia (percentagem). ......................119
Figura 91 - Destino do peixe capturado (percentagem). ................................................119
xv
Figura 92 - Concorda com o repovoamento do rio? ......................................................120
Figura 93 - Estaria disposto a pagar mais para ter melhores condições de pesca? .......120
Figura 94 - Que condições gostaria de ver melhoradas? ...............................................121
Figura 95 - O que mudaria na Gestão do rio Vez? .........................................................122
Figura 96 - Costuma pescar nos lotes do rio Vez? .........................................................122
Figura 97 - Licença de pesca diária, notar que no verso existe uma declaração de
capturas por espécie de entrega obrigatória. .................................................................123
xvi
1. Introdução geral
A truta é um recurso importante das massas de água interiores do Centro-Norte do País,
alvo de pesca desportiva pela, qualidade da sua carne, combatividade, dificuldade de
captura e beleza. É um peixe que necessita de níveis de qualidade da água elevados.
Perante a crescente pressão de pesca, degradação da qualidade das águas dos rios e
possíveis alterações climáticas, o futuro da espécie pode ficar em risco. Torna-se assim
crucial a tomada de medidas que salvaguardem a espécie e que ao mesmo tempo vão de
encontro ao desejo dos pescadores desportivos que, têm um papel importante a
desempenhar e que cada vez mais se preocupam com a sua conservação.
1.1. Caracterização da área de estudo
O rio Vez é um afluente do rio Lima, é um rio amplo, destino de pesca de muitos
pescadores desportivos. Na freguesia de Vilela é atravessado por uma ponte medieval
que marca o limite jusante da zona de pesca reservada (ZPR), mais para jusante o rio
atravessa a vila de Arcos de Valdevez (figura 1).
Figura 1 - Troço do rio Vez que atravessa a vila de Arcos de Valdevez
1
Figura 2 - Localização do rio Vez.
Comprimento do rio Vez – 36 km
Nascente – Lamas do Vez, Serra do Soajo, nas proximidades do Santuário de N.
Senhora da Peneda.
Altitude da nascente – 1250 m
Foz – Milhundos - Souto (rio Lima)
Principais afluentes – Rio Ázere, rio Cabreiro, rio Frio, ribeira de S. Mamede e ribeira de
Frades
Área da bacia - 263,3 km2
2
1.2. A truta
1.2.1. Posição sistemática
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Subfilo: Vertebrata
Classe: Osteichthyes
Subclasse: Actinopterygii
Ordem: Salmoniformes
Subordem: Salmonoidei
Familia: Salmonidae
Género: Salmo
Espécie: Salmo trutta morpha fario L. 1758
Nomes vulgares: Truta fário, truta comum, truta-de-rio, truta dos regatos, truta sapeira,
truta pinta (Portugal)
Brown trout (Inglaterra)
Truite de rivière (França)
Trota fario ou trota di fiume (Itália)
1.2.2. Características gerais
A boca está armada com dentes cónicos e fortes, havendo dentes nos maxilares, sobre
os palatinos e no vómer. Os olhos são grandes e situados por cima do maxilar superior, a
íris é amarelada.
Barbatana: Dorsal - 12 a 14 raios ramificados.
Caudal - 18 a 21 raios.
Anal - 10 a 12 raios.
Ventrais - 9 raios.
Peitorais - 13 a 15 raios.
Adiposa – sem raios.
A barbatana caudal homocerca é chanfrada nos jovens, mas à medida que a idade
avança, a concavidade do bordo posterior da barbatana atenua-se, até se converter
3
numa linha recta ou mesmo arredondada. A barbatana adiposa é avermelhada ou
alaranjada e apresenta manchas negras.
A cor das trutas altera-se com a idade, qualidade da água, habitat e com a estação do
ano. O tipo de coloração mais usual das trutas adultas é o dorso castanho a cinzento
esverdeado, flancos acastanhados ou acinzentados (com manchas negras e vermelhas)
e ventre amarelado ou esbranquiçado (figura 3 e 4) (anexo II). As trutas pequenas jovens
são sempre mais escuras que as adultas (figura 3) (Pereira 1994).
Figura 3 - Diferença de cor entre truta juvenil e adulta, trutas capturadas no rio Vez.
Dependendo do seu habitat a truta de montanha pode atingir tamanhos de 20 cm, a de
rio 70 cm e a de lago 100 cm com pesos respectivamente de 200 g, 4 a 5 kg e 15 kg. Nas
nossas águas as dimensões mais frequentes situam-se entre os 20 e os 40 cm.
Embora já tenham sido capturadas trutas com 20 anos de idade a maioria vive menos
tempo. Em populações anádromas poucos peixes vivem mais que 10 anos (Jonsson
1991).
Figura 4 - Exemplo de coloração do flanco de uma truta fário. Truta nº 118, comp: 20,1 cm, peso: 98 g.
4
1.2.3. Distribuição e habitat
A truta fário (Salmo trutta morpha fario L. 1758) é indígena da Eurásia, sendo a sua
distribuição essencialmente restrita à Europa. A Este, estende-se até à Asia enquanto o
limite Sul são os Montes Atlas no Norte de Africa (Elliott 1994). O seu interesse social e
económico está no seu valor como alvo de pesca desportiva que incentivou a sua cultura
extensiva em muitos países europeus (Laikre et al. 1999). Consequentemente, a truta
fário também foi introduzida em pelo menos 24 paises fora da Europa, incluindo EUA,
Canadá e Austrália, bem como em vários países da América do Sul, Africa e Asia. A
maior parte destas introduções foram feitas no final no séc. XIX e primeira metade do
séc. XX, antes do conhecimento dos riscos biológicos da introdução de espécies exóticas
(MacCrimmon e Marshall 1968; MacCrimmon et al. 1970; Laikre et al. 1999). A truta fário
é exigente em termos de habitat e qualidade da água, como resultado este peixe é um
relevante bioindicador da qualidade das massas de água doce mundiais (Lagadic et al.
1998; Wood 2007).
Este salmonídeo está actualmente dividido em morfotipos de acordo com a sua presença
em diferentes ambientes. Assim, pode crescer, no mar e migrar para água doce para
reprodução (S. trutta morpha trutta – truta marisca), viver em lagos (S. trutta morpha
lacustris) ou viver exclusivamente em água doce (S. trutta Morpha fario – truta fário)
(Laikre et al. 1999). Como resultado dessas capacidades de adaptação, a truta fário tem
colonizado com sucesso diversas massas de água (Elliott 1994; Klemetsen et al. 2003).
Existe controvérsia quanto à classificação taxonómica da espécie Salmo trutta tendo em
atenção os diferentes grupos morfológicos e genéticos identificados.
A truta é selectiva relativamente ao habitat que escolhe, essa preferência é
particularmente determinada pelas condições hidrodinâmicas. A ocupação do habitat
pelos peixes depende da sua espécie e tamanho. A truta prefere zonas com corrente e
profundas, áreas com corrente moderada a fraca e substratos rochosos. A profundidade
da água é considerada a variável de habitat mais importante para a truta (Heggenes
1996, 1999).
Com o aumento do tamanho a truta habita sucessivamente zonas de correntes mais
profundas que proporcionam áreas de melhor abrigo e espaço (Wesche et al. 1987)
existindo um forte correlação entre o tamanho da truta e o uso dessas zonas mas
profundas.
Trutas maiores em pequenas correntes evitam águas pouco profundas, grandes
gradientes de temperatura e correntes fortes (Heggenes 1996). Numa zona do rio mais
larga, é reportado que as trutas também são encontradas em zonas de corrente mais
5
forte (Kalstrõm 1977) este facto pode ser explicado por uma tendência de optimizar a
relação entre a profundidade e a velocidade da corrente (Shirvell e Dungey 1983).
A truta como peixe de águas vivas cansa-se por vezes da sua luta contínua contra a
corrente necessitando de um refúgio para se esconder, descansar ou escapar dos
predadores. O seu comportamento territorial predispõe-a a estabelecer um perímetro de
caça em redor do seu refúgio. Portanto o número de trutas num determinado trajecto será
proporcional à quantidade de alimento disponível e sobretudo à presença de refúgios
individuais.
1.2.4. Dinâmica populacional
O comportamento territorial é muitas vezes considerado como o principal mecanismo
que regula as populações de salmonídeos (Keeley 2001) sendo o tamanho do território o
factor que limita a sua abundância (Grant et al. 1998). Apesar de muitos factores como a
pressão de intrusos (Imre et al., 2004), abundância de alimento (Keeley 2000) ou o
isolamento visual (Imre et al. 2002), poderem afectar o tamanho do território dos
salmonídeos, estudos anteriores têm evidenciado que o tamanho é o melhor previsor
(Grant et al. 1989; Elliot 1990; Keeley e Grant 1995; Keeley e McPhail 1998).
As tácticas de vida da truta fário no rio Oir (Normandia, França) foram estudadas durante
5 gerações seguidas, 5900 indivíduos monitorizados entre 1995 e 2002. Os resultados
demonstraram que os traços dos ciclos de vida variam entre gerações, influenciados
principalmente pela variabilidade ambiental e pelo crescimento juvenil. Particularmente o
crescimento no segundo ano desempenha um importante papel na determinação do
ambiente de crescimento e as trutas apresentam um comportamento variável de
migração relacionado com a sua taxa de crescimento juvenil (Cucherousset et al. 2005).
1.2.4.1. Migrações
À semelhança de outras espécies de salmonídeos, a truta fário efectua migrações para
montante para a postura durante os seus ciclos reprodutivos, migrando para pequenos
afluentes ou para zonas mais a montante do rio principal (Libosvárský 1967, 1976; Ovidio
et al. 1998; Aarestrup e Jepsen 1998; Meyer 2001; Ovidio et al. 2004). O caudal do rio, a
temperatura, a luminosidade, a precipitação, em conjunto com as suas inter-relações, são
frequentemente
citados
como
factores
que
actuam
como
mecanismos
de
desencadeamento para ciclos de reprodução e que influenciam a duração das migrações
6
para a postura (Libosvárský 1974; Arnekleiv e Kraabol 1996; Jonsson 1991; Jonsson e
Jonsson 2002; Rustadbakken et al. 2004).
Na Finlândia as migrações para reprodução podem-se estender por centenas de
quilómetros. Muitos autores estudaram estas migrações usando radiotelemetria (Gerlier e
Roche 1998; Ovidio et al. 2002; Ovidio e Philippart 2002; Monet e Soares 2001; Aarestrup
et al. 2002; Knouft e Spolita 2002).
Nos rios a truta pode modificar as suas estratégias de movimento dependendo do
desenvolvimento ontogénico (Solomon e Templeton 1976; Elliott 1994) e como resposta
ao ambiente externo (Ovidio et al. 1998; Young 1999; Burrell et al. 2000). Movimentos
maiores (>200m) podem ser comuns em mudanças de zona de vida entre a Primavera e
o Outono (Clapp 1990) e é comum na reprodução (Solomon e Templeton 1976; Ovidio et
al. 1998; Burrell et al. 2000).
Na Noruega a migração para postura e o retorno ao local postura foi analisado usando
telemetria.Vinte e oito trutas grandes entre os 37 e 64 cm foram marcadas durante e após
a postura no rio Nea. Foram observados dois comportamentos de migração, cerca de
metade (57 %) das trutas deslocaram-se muito pouco e permaneceram nas zonas mais
profundas do rio, a outra metade (43 %) das trutas migraram maiores distâncias (12,5-28
km) pelo rio acima antes de postura. Sendo presumido que estas últimas trutas
pertencem a uma população de trutas migrantes que usam a parte superior do rio para
postura. Neste estudo não foi detectada nenhuma diferença significativa entre o tamanho
das trutas que migram e as que permanecem no mesmo local e entre os machos e as
fêmeas das trutas que migram. Entre as trutas que migram não foi encontrada correlação
entre o tamanho e a distância percorrida (Arnekleiv et al. 2004). Pelo contrário noutros
estudos de salmonídeos a distância de migração está muitas vezes correlacionada com o
tamanho do peixe sendo que a distância percorrida aumenta com o tamanho (Shaffer e
Elson 1975; Scarnecchia 1983; L´Abée-Lund 1991).
Em 2003, 20 trutas fário foram rádio etiquetadas no rio Oulankajki na Finlândia na sua
migração para as zonas de postura para examinar os seus movimentos, habitat e a sua
zona de repouso no Inverno. A distância média mínima diária estimada antes da postura
foi de 348 m, durante a postura, em Setembro, foi de 208 m. No Inverno os peixes
estiveram menos moveis, a média mínima diária foi de 53 m. Durante a postura os peixes
eram frequentemente encontrados em zonas rápidas e em zonas de transição rápidas
dos poços. No Inverno as trutas encontravam-se quase totalmente em zonas mais fundas
das poças. Na Primavera os peixes migraram para jusante durante duas semanas,
deslocando-se uma média de 2062 m por dia (Saraniemi 2008).
7
Os custos energéticos da migração, postura e construção de ninhos são altos (Jonsson
et al. 1997; Hendry e Berg, 1999) e as actividades de postura aumentam a suscetibilidade
à predação (Carss et al., 1990).
Das espécies da família Salmonidae, S. trutta caracteriza-se por ser a que apresenta
maior diversidade ecológica, quer entre diferentes populações quer entre indivíduos da
mesma população (Elliot 1994).
1.2.4.2. Postura
A truta atinge a maturidade sexual entre 1 e os 10 anos (Klemetsen et al. 2003). Os
machos podem atingir a maturidade com menos de 10 cm e um ano de idade (Dellefors e
Faremo 1988). Em 17 rios da Noruega os comprimentos médios de machos (residentes)
maduros situaram-se entre os 16 e os 24 cm (Jonsson et al. 2001).
A diferença nas idades de maturação entre sexos parece ser genética e independente
da taxa de crescimento. Perante as mesmas condições artificiais machos e fêmeas
imaturos crescem á mesma taxa, mas as fêmeas maturam mais tarde (Jonsson 1989).
Para as mesmas condições ecológicas, o crescimento somático é maior normalmente
em pequenas densidades, o que pode influenciar tanto a mortalidade como a
fecundidade (Jenkins et al. 1999; Nordwall 2001).
Os factores que podem influenciar o sucesso reproductivo e a sobrevivência dos
salmonídeos são as características físicas dos habitats (substrato e temperatura), as
características hidrológicas (fluxo e velocidade), a competição intra e interespecífica e as
oportunidades de postura (Wootton 1990; Diana 2003; Klemetsen et al. 2003). Quando
existe competição pelos locais de postura esta pode impedir os indivíduos de
selecionarem os melhores locais e forçar alguns a utilizar áreas menos adequadas (Curry
e Noakes 1995). Na postura, as populações de truta de rio escolhem locais com
profundidades entre 6 e 82 cm, velocidades de corrente entre 6 e 80 cm.s-1, temperaturas
entre os 3 e os 11ºC e granulosidade do substrato entre 2 e 256 mm (Ottaway et al. 1981;
Shirvell e Dungey 1983; Witzel e MacCrimmon 1983; Crisp e Carling, 1989; Grost et al.
1990; Essington et al. 1998). De acordo com alguma literatura a truta efectua a postura
geralmente com a temperatura da água entre os 2 e os 6ºC (Elliot 1994), num estudo da
Finlândia a postura ocorreu entre os 9 e os 12ºC e num estudo em Portugal no rio
Estorãos (afluente do rio Lima) o período da postura ocorreu entre valores de
temperatura de 9 e 13ºC (Pires 2003). Nas trutas a fêmea efectua a postura durante 1 a 3
dias (Evans 1994). Cada fêmea constrói um ninho na gravilha contendo 2 a 5 lotes de
postura que são fertilizados pelo macho (Elliot 1984).
8
É largamente reconhecido que os salmonídeos modificam a composição da zona de
postura retirando sedimento fino do ninho durante a postura (Kondolf et al. 1993),
preferindo pequena gravilha para a reprodução (Kondolf e Wolman 1993). A truta enterra
os seus ovos numa depressão no leito do rio (Ottaway et al. 1981; Crisp e Carling 1989;
Grost et al. 1991). As cheias podem causar grandes perdas durante o período de
incubação arrastando os ovos da gravilha (McNeil 1966; Elliott 1976) ou impedindo a
sobrevivência dos alevins através do deslocamento corrente abaixo ou por mortalidade
directa (Heggenes e Traaen 1988). Quando a temperatura subitamente decresce o
número de peixes migrantes normalmente diminui estes migram outra vez após um
aumento rápido da temperatura (Libosvársky 1967, 1976).
Muitos rios no Sul da Inglaterra são importantes zonas de pesca aos salmonídeos, em
particular da truta fário. Vários laboratórios e experiências de campo têm demonstrado
que a presença de grandes quantidades de sedimentos finos nas gravilhas onde as trutas
desovam tem um efeito negativo na sobrevivência dos embriões incubados (Turnpenny e
Williams 1980; Olsson e Person 1988). A deposição destas pequenas partículas nas
zonas de postura como resultado das descargas provenientes de terras agrícolas é
apontada como uma das principais razões para o declínio dos salmonídeos no Reino
Unido (Acornley 1999).
Num estudo sobre a migração para postura da truta fário de uma barragem na Republica
Checa para o rio Moravka no Outono (Outubro-Novembro), mostrou as seguintes
características: demorou 22, 24 e 27 dias respectivamente nos anos 2002, 2003 e 2004.
Em 2002 foram capturadas 187 trutas enquanto em 2003 foram capturadas 447
espécimes e em 2004, 2230 trutas. Na postura, os machos eram significativamente
maiores que as fêmeas. Em 2002 migraram mais fêmeas que machos, a diferença de
sexos nas épocas seguintes não variou significativamente da proporção 1:1. A migração
começou nas condições de aumento do nível da água e de diminuição da temperatura
abaixo dos 8ºC na lagoa. O pico da postura, nas 3 épocas ocorreu entre 28 de Outubro e
3 de Novembro e a temperatura da água do rio variou entre 6 e os 8ºC. A postura em
2002 foi mais nocturna (entre 8:00 p.m. até 6:00 a.m.) do que diurna. Não se notou uma
diferença significativa entre a migração diurna e a migração nocturna em 2003, 2004
(Piecuch 2007).
Libosvársky (1967, 1974) monitorizou durante 3 anos a duração da postura da truta entre
Setembro e Dezembro, notando que o pico de postura ocorreu entre 20 de Outubro e 10
de Novembro.
Noutro estudo na Noruega o movimento de 34 trutas grandes (39-73 cm) foi
monitorizado usando telemetria durante 74 dias num pequeno rio Norueguês (Brumunda)
9
que desagua no lago Mjosa. A distância máxima percorrida no rio foi de 20 km. Nesse
estudo não foi encontrada nenhuma relação entre o movimento individual e o fluxo de
água. A postura ocorreu entre Setembro e Outubro e os indivíduos marcados estiveram
entre 2 e 51 dias nas zonas de postura (Rustadbakken 2004).
Tem sido demonstrado que a latitude está relacionada com diversos traços dos ciclos de
vida como o crescimento, a idade de maturação e a longevidade (Jonsson e L’Abée-Lund
1993). O factor mais importante, responsável por essas variações é provavelmente a
temperatura da água (Elliott 1982). Assim a latitude influencia o período de postura,
verificando-se mais cedo nas altas latitudes devido à temperatura mais baixa, seguindose um período de incubação mais longo (Klemetsen et al. 2003).
O potencial reprodutivo das fêmeas é determinado pelo número e qualidade dos seus
ovos, ovos maiores produzem descendentes maiores, que crescem e competem melhor
pelos recursos alimentares (Elliot 1994). De entre os factores que influenciam o tamanho
dos ovos, o tamanho da fêmea é o mais importante, pois a quantidade de energia
disponível para a produção de ovos e a capacidade de acomodação da cavidade
abdominal aumentam (Jonsson e Jonsson 1997,1999).
1.2.4.2.1. Comportamento reprodutivo no local de postura
Descrição de uma sequência típica de acasalamento (Jones e Ball 1954):
A fêmea explora o sedimento, efectuando algumas escavações.
Alguns machos lutam, assumindo um a dominância, a fêmea é cortejada.
O macho repele outros machos ou fêmeas que se tentam introduzir no local,
enquanto a fêmea avalia o estado da depressão através da barbatana anal e das
barbatanas pélvicas.
Quando a depressão atinge aproximadamente 7 a 8 cm a fêmea coloca-se dentro
dela, o macho junta-se e ambos vibram para que os ovos e o esperma sejam
expulsos.
Em seguida a fêmea move-se para montante e executa rápidas escavações
deslocando o cascalho, que assim cobre os ovos.
O processo pode ser repetido várias vezes e cada ninho pode conter várias
posturas.
Os casais de salmonídeos raramente estão sozinhos nos locais de postura pelo que a
competição é intensa. Os machos disputam intensamente a possibilidade de fecundarem
uma postura e defendem o território de reprodução. Por outro lado as fêmeas competem
pelas áreas postura (Beall 1994, Petersson et al. 1999).
10
As fêmeas têm o tempo de reprodução limitado pela viabilidade dos ovos, enquanto que
os machos têm um período de reprodução mais prolongado. Este facto aliado à
dessincronização do tempo de maturação das fêmeas, origina muitas vezes uma
proporção desequilibrada entre géneros, existindo assim um grande número de machos
(Beal 1994). Os machos apresentam assim dois tipos de estratégia ou lutam pela
dominância ou tentam reproduzir-se sem ou outros darem por isso. Podemos distinguir
assim três tipos de machos (Beall 1994, Beall e de Gaudemar 1999):
Os machos dominantes – Estabelecem um território em redor da fêmea e
protegem-no.
Os machos satélites – Posicionam-se atrás do macho dominante, pondo por
vezes em causa a sua dominância, cortejando a fêmea e partilhando a postura
com o macho dominante (Jones e Ball 1954, Beall 1994).
Os machos furtivos – Geralmente de tamanho inferior, posicionam-se atrás dos
machos satélites, raramente participam na corte, mas podem participar na
fecundação, intrometendo-se dissimuladamente no ninho (Beall e de Gaudemar
1999).
O peso de uma truta residente que atingiu a maturidade pode variar entre os 75 a 100 g
enquanto que uma truta anádroma que regressa para a postura pode atingir os 5 kg
(Elliott 1994).
1.2.5. Ecologia alimentar
A truta é um excelente organismo modelo para analisar factores que explicam hábitos
alimentares pois a sua ecologia foi extensivamente estudada em muitos locais. Estes
estudos reportam uma grande variação na composição da dieta entre populações (García
de Jalón e Barceló 1987; Kara e Alp 2005). Alguns estudos salientam a importância dos
organismos arrastados pela corrente na dieta da truta (Elliott 1967, 1970), enquanto
outros reportam a grande contribuição do macrobentos (Neveu 1980; García de Jalón e
Barceló 1987). Outra fonte de variação na dieta da truta está relacionada com o seu peso
individual (Neveu e Thibault 1977; López-Álvarez 1984). É usualmente aceite que a dieta
varia de acordo com o tamanho (Elliott 1967; López-Álvarez 1984; Steingrímsson e
Gíslason 2002; Kara e Alp 2005) embora alguns estudos defendam que a partir do
segundo ano de idade as diferenças na dieta sejam mínimas (Vollestad e Andersen
1985). A dieta da truta também varia sazonalmente (López-Álvarez 1984; Fochetti et al.
2003).
11
A alimentação oportunistica sobre um leque variado de invertebrados de vários
tamanhos e taxa é considerada a norma para a truta adulta em rios de corrente livre
(Elliott 1973; Ringler 1979; Bachman 1984). A truta em muitos sistemas aquáticos
necessita de ”inputs” externos de invertebrados terrestres, particularmente durante o
verão, para satisfazer as suas necessidades energéticas (Nakano et al. 1999; Kawaguchi
e Nakano 2001). Foi demonstrado que a truta fário piscívora tem um crescimento maior
que a truta não piscívora tanto em laboratório (Elliott e Hurley 2000) como em estudos de
campo (Grey 2001).
Os regimes de temperatura e fluxo dos rios exercem um grande controlo sobre a
distribuição e abundância dos invertebrados disponíveis para os salmonídeos (Waters
1969; Benke et al. 1988; Richardson 1993) bem como sobre o balanço energético dos
salmonídeos (Smith e Li 1983).
Pequenas trutas alimentam-se principalmente de larvas de insectos, quironomídeos
(Díptera) em particular mas também podem alimentar-se de outros artrópodes. Com o
aumento de peso estas alimentam-se gradualmente de presas maiores como larvas de
insectos pertencentes aos grupos Ephemeroptera, Plecoptera, Simuliidae e Trichoptera
(Jonsson e Gravem 1985; Haraldstad et al. 1987; Neveu 1999; Rincón e Lobón-Cerviá
1999; Steingrimsson e Gislason 2002).
Num estudo em dois rios do Nordeste de Portugal, durante o Verão, nos anos 2000,
2001 e 2002 as trutas do ano alimentaram-se predominantemente das presas aquáticas
mais disponíveis pertencentes às ordens Díptera e Ephemeroptera não sendo
encontrados insectos da ordem Trichoptera nos conteúdos estomacais (Teixeira 2006).
Num estudo em Espanha no rio Tormes as presas aquáticas constituíram 87,99 % do
total do conteúdo estomacal sendo 56,01 % da família Baetidae, 9,09 % Simuliidae, e
6,17 % Ephemeroptera. Por outro lado a selecção do alimento esteve mais relacionada
com a acessibilidade às presas do que com a abundância e tamanho do alimento no
meio (Hernández 2010).
Os hábitos alimentares e composição nutricional da dieta da truta fário nas zonas mais
altas dos rios Ceyhan e Euphrates na Turquia foram investigados durante um ano, pela
análise dos conteúdos estomacais de 611 espécimes. A análise das variações mensais
do conteúdo estomacal indicou que a actividade alimentar foi mais alta entre Fevereiro e
Junho do que entre a época de postura de Novembro a Janeiro. Um total de 42 taxa
foram identificados na dieta, sendo organismos representativos dos grupos de
Coleoptera, Trichoptera, Ephemeroptera, Plecoptera, Malacostraca, Díptera, Araneidae,
Odonata, Gastropoda, Acridae, Acarii, Heteroptera, peixes e ovos de peixe. O índice de
importância relativa revelou que 5 tipos de alimento em conjunto constituíram mais de 90
12
% da dieta, sendo as mais importantes Gammarus sp. (49,72%), Hydropsychidae
(14,61%), uma espécie não identificada de Díptera (9,21%), Nemoura sp. (8,98%) e
Isoperla sp. (6,90%) (Kara e Alp 2005).
Outros estudos sobre a dieta dos salmonídeos demonstraram que durante o Verão os
invertebrados terrestres podem constituir mais que 50% do total da biomassa da dieta
(Zadorina 1988; Bridcut e Giller 1995; Wipfli 1997; Nakano et al. 1999 a,b; Webster &
Hartman 2005).
Segundo alguns estudos,
devido aos salmonídeos serem
predominantemente
predadores visuais, estes detectam as presas melhor e têm taxas de consumo maiores
durante o dia do que durante a noite (Mcintosh e Townsend 1995; Fraser e Metcalfe
1997), assim espera-se que os salmonídeos sejam predominantemente activos durante o
dia no Verão (Bisson 1978; Allan 1981; Walsh et al. 1988; Angradi e Griffith 1990; Young
et al. 1997). Outros estudos têm demonstrado que os salmonídeos são crepusculares
(Eriksson 1978; Sagar e Glova 1988; Riehle e Griffith 1993) ou mesmo nocturnos no
Verão (Elliott 1973; Adams et al. 1988; Gries et al. 1997). Segundo Eriksson (1978) a
truta é um peixe crepuscular, com a máxima actividade ocorrendo ao amanhecer e ao
anoitecer. A atividade no crepúsculo é provavelmente benéfica em termos de
recompensa alimentar pois a densidade de deriva de insectos tipicamente aumenta neste
período do dia mantendo-se elevada durante a noite (Waters 1972; Brittain e Eikeland
1988).
A alimentação de trutas de idade 1+ num rio de terceira ordem no norte da Finlândia foi
geralmente maior no crepúsculo e nas horas à volta do meio-dia (Kreivi et al. 1999).
1.2.5.1. Tamanho das presas
Para peixes predadores de qualquer tamanho, uma tamanho óptimo de captura é
assumido existir, acima do qual as presas se tornam mais difíceis de capturar e abaixo do
qual a captura se torna menos rentável (Hart e Connelan 1984; Nilsson e Bronmark 2000;
Turesson et al., 2002; Dorner e Wagner 2003). O tamanho do peixe predador e o
tamanho da sua boca aberta estabelece o limite para o tamanho máximo das presas
(Wankowski 1979; Hambright et al. 1991), mas muitos predadores preferem presas
menores do que o tamanho máximo estabelecido pela abertura da boca (Damsgard 1995;
Olson 1996; Nilsson e Bronmark 2000) para maximizar a energia ingerida por unidade de
tempo (Wankowski e Thorpe 1979; Townsend e Winfield 1985; Turesson et al. 2002).
Keeley e Grant (2001) concluíram que 30 cm é tamanho a partir do qual as trutas se
tornam predominantemente piscívoras, e este facto não difere significativamente entre
13
habitats. Em pequenos rios e lagos (áreas<10 km2) a truta raramente atinge
comprimentos totais de 30 cm e são principalmente insectívoras (Hunt e Jones 1972;
Campbell 1979; L’Abee-Lund et al. 1992; Kreivi et al. 1999). Ao contrário, em grandes
áreas (500-1500 km2) na Escandinávia e na Russia as trutas podem atingir tamanhos
entre os 50 e os 90 cm (Toivonen 1972; Huusko et al. 1990; Vehanen 1995). Como a
truta piscivora é capaz de se alimentar de uma grande variedade de espécies de peixe
(Campbell et al. 1979; L’Abee-Lund 1992; Naesje et al. 1998) pode provavelmente mudar
a espécie alvo, quando a disponibilidade e estrutura de tamanhos das populações de
peixes alvo flutua.
1.2.6. Crescimento
Os salmonídeos demonstram uma grande variabilidade de crescimento e tamanhos
entre as populações, principalmente como resposta a diferentes condições ambientais
(L’Abée-Lund et al. 1989; Elliott 1994; Lobón-Cerviá 2000; Nislow 2001; Jonsson et al.
2001; Klemetsen et al. 2003; Nicola e Almodóvar 2004).
As condições de alimentação em rios podem mudar rapidamente devido a flutuações em
factores abióticos como o caudal, turbulência e luz, bem como devido a factores bióticos
como por exemplo a eclosão de invertebrados aquáticos ou terrestres (Sweeney e
Vannote 1982).
O crescimento de trutas pequenas é influenciado por muitos factores ambientais
incluindo o estatuto social (Elliott 1994). Estudos em laboratório sugerem que as
pequenas trutas dominantes têm acesso prioritário a recursos limitados (Johnsson et al.
2006). Na natureza estas pequenas trutas dominantes também demonstram crescer mais
que as subordinadas (Höjesjö et al. 2002).
A variação espacial de crescimento em trutas fário foi estudada em 13 populações de
1993 a 2004 em rios da baia do Golfo da Biscaia. A grande variabilidade no comprimento
furcal (CF) na área de estudo foi semelhante ao intervalo de tamanho encontrado em
toda a distribuição Europeia. O CF variou: para 0+ entre 57,4-100,7 mm; para 1+ entre
111,6-176,0 mm; para 2+ entre 155,6-248,4 mm e para 3+ entre 194,3-290,9 mm. A
média do CF por idade foi maior nos cursos principais e ribeiros mais a montante quando
comparado com pequenos afluentes e ribeiros mais a jusante. Modelos de regressão
mostraram que a temperatura da água e a altitude foram os factores mais determinantes
do CF por idade na área de estudo (Parra 2009).
A idade e o crescimento de 509 trutas fário foram analisados no rio Çoruh, na Turquia
entre Janeiro de 2001 e Dezembro 2001. A idade variou entre os 0 e os 7 anos e o ratio
14
macho:fêmea foi 1:1,05. O comprimento furcal e o peso das trutas variou entre 6,9 e 22,1
cm e entre 4,9 e 158,5 g para os machos, e entre 6,8 e 26,1 cm e entre 4,3 e 211,9 g
para as fêmeas, respectivamente. A maior taxa de crescimento específico ocorreu entre a
idade de 1 e 2 anos para ambos os sexos (Yilririm e Arslan 2007).
1.2.6.1.Temperatura
Uma variável fundamental do ciclo de vida da truta é a temperatura (Jonsson e Jonsson
2009) sendo consequentemente a truta um bioindicador das alterações climáticas. A
temperatura da água é considerada o factor ambiental mais relevante no crescimento da
truta (Elliott 1994) afectando tanto o crescimento como o período de tempo de cada fase
de vida (Webb e Mclay 1996).
Embora tenham sido feitas varias tentativas para estabelecer a temperatura óptima de
crescimento, os autores têm encontrado diversos valores para diversas latitudes (Elliott
1975a,b; Jensen 1990; Forseth e Jonsson 1994; Elliott et al. 1995). Igualmente a
amplitude térmica que permite o crescimento parece variar entre populações (Elliott et al.
1995; Ojanguren et al. 2001; Vøllestad et al. 2002). Para o crescimento a temperatura
mínima crítica situa-se entre os 3-6ºC e a temperatura máxima crítica está entre os 2526ºC. A temperatura óptima para crescimento está entre os 13 e os 18ºC aumentando
com o aumento da ingestão de alimento (Elliott e Hurley 2000; Ojanguren et al. 2001)
1.2.7. Estatuto e conservação da espécie
Barragens hidroelétricas e represas reduzem os fluxos de água nos rios, interrompendo
os movimentos longitudinais, verticais e transversais dos peixes e afectando
consequentemente a reprodução natural e as deslocações entre habitats (Jungwirth et al.
1998; Peter 1996; Kubecka et al. 1997; Rivinojaa et al. 2001). Nas trutas fário as
populações muitas vezes consistem em pequenas trutas residentes e indivíduos
migrantes maiores (Jonsson 1989; Hindar et al. 1991; Northcote 1992; Jonsson and
Jonsson 1993b). Se as áreas críticas (habitat de postura, habitat de Inverno, habitat de
alimentação) ficarem separadas por barreiras artificiais, as populações de peixe locais
podem diminuir rapidamente (Hauser et al. 1991; Hindar et al. 1991; Northcote 1992;
Peter 1996).
15
A decisão entre anadromismo e sedentarismo em água doce é um exemplo da
plasticidade fenotípica e comportamental e é influenciada por factores genéticos e
ambientais (Jonsson e Jonsson 1993b; Klemetsen et al. 2003).
Esta espécie é importante para a pesca desportiva em Espanha, e está atualmente
ameaçada pela poluição, destruição de habitats, introdução de espécies exóticas,
sobrepesca e introdução de genes não autóctones causada por repovoamentos (Elvira
1995; Almodóvar e Nicola 1998, 1999, 2004; Machordom et al. 1999; Almodóvar et al.
2001, 2002, 2006; Elvira e Almodóvar 2001).
A preocupação com a conservação e reabilitação de populações de salmonídeos está a
crescer (Dodoson et al 1998; Crivelli 2000; Hallerman 2003; Caudron 2006).
Truta marisca - Forma migradora anádroma, considerada em Portugal como
rara e pouco abundante apresentando um estatuto de conservação de
criticamente em perigo. Encontra-se em Portugal nas bacias hidrográficas do
Minho, Âncora e Lima.
Truta fário - É frequente em Portugal nas bacias hidrográficas dos Rios
Minho, Lima, Cávado, Ave, Douro, Vouga e Mondego e na região Noroeste
da bacia do rio Tejo. Apresenta um estatuto de conservação de pouco
preocupante (Cabral et al 2006, Aquariport 2007, AFN 2012).
1.2.8. Determinação da idade de peixes em populações selvagens
1.2.8.1. Escamas
As escamas são frequentemente usadas para estimar a idade de peixes (Jearld 1983;
Baglinière e Le Louarn 1987). Em espécies de salmão e truta, a leitura de escamas é
considerada um método fiável e útil para estimar a idade (Baglinière 1985; Richard e
Baglinière 1990). Num estudo em França a idade estimada através da análise das
escamas foi comparada com a idade real de peixes recapturados e etiquetados na idade
0+. Um total de 375 peixes foram analisados e a percentagem média de erro na análise
das escamas foi de 6,4 %. A taxa de erro subiu com o aumento da idade. Não foi
encontrada diferença estatística entre a idade real e a idade estimada através das
escamas, confirmando a fiabilidade da leitura de escamas para estimar a idade (Rifflart
2006).
As escamas são elementos de fácil obtenção, basta uma ligeira raspagem com um
bisturi e é possível retirarem-se escamas sem causar lesões no peixe. É conveniente a
colheita de um número suficiente destas estruturas porque, por vezes, muitas são de
16
regeneração. Estas últimas apresentam um núcleo amorfo, resultante dum rápido
crescimento pois vieram ocupar o lugar de outras escamas que por razões diversas
acabaram por soltar-se. As escamas devem ser obtidas ligeiramente acima da linha
lateral e próximo da região média do corpo.
A identificação da idade é feita através da observação de alguns aspectos:
1 - O método mais utilizado é o distinguir as zonas formadas por um conjunto de
estrias (circuli) mais próximas entre si, formando um anel de Inverno ou anel de
abrandamento de crescimento das zonas com círculos mais afastados devido a um
crescimento mais rápido (anel de Verão). No caso da truta, é importante ter em conta a
ocorrência dum erro frequente devido à pouca evidência do primeiro “annulus” que é
delimitado pelos primeiros 7 “circuli” (Abad 1982).
2 - Por vezes os “circuli” tornam-se descontínuos, fundem-se entre si ou
encontram-se erodidos. Como este tipo de “annulus” ocorre todos os anos, e é evidente
quando se observam as escamas, é pois um indicador da idade do peixe.
3 – A existência de um “annulus” pode ser evidenciada por deformações
específicas, como curvaturas, com características próprias de cada espécie, de algum ou
alguns “circuli” (Cortes e Ferreira 1993).
1.2.8.2. Otólitos
Os otólitos são estruturas calcificadas localizadas na cabeça, no interior do ouvido
interno que, embora envolvendo técnicas de preparação mais elaboradas, são também
utilizados para a determinação da idade. Dos três otólitos existentes em cada lado,
apenas o maior (geralmente o sagitta) é usado. Estas estruturas permitem a
determinação da idade por serem constituídas por sucessivas camadas de material
opaco (anéis), formados durante a época em que a temperatura é mais elevada,
separados por outras de material translúcido correspondente ao período do Inverno,
quando vistas com luz transmitida (Cortes e Ferreira 2003).
1.2.9. Outros estudos
1.2.9.1. Rio Lima
Todos os afluentes do rio Lima são considerados rios de salmonídeos. Como resultado
de pesca intensiva alguns dos afluentes estão sujeitos a regulamentação especial. Num
estudo as populações de 6 afluentes (Vade, Estorãos, Trovela, Labruja Tamente e
17
Froufe) foram caracterizadas. A partir Setembro de 1995 foram realizadas pescas
elétricas todos os 3 meses no rio Vade (4 locais), Estorãos (2 locais) e Trovela (1 local) e
uma amostra anual dos rios Labruja, Tamente e Froufe. A truta fário foi a única espécie
de peixe presente em todos os pontos de amostragem, representando mais de 50% do
total de capturas. As densidades de trutas variaram ao longo dos rios e entre os rios
amostrados. Os valores médios foram sempre superiores a 10 ind/100 m2 mas em alguns
locais densidades de 20 ind/100 m2 foram encontradas. A média da biomassa foi 285,5
gFW/100 m2 sendo a sua amplitude de 23,04 a 727,04 gFW/100 m2. A estrutura da
população encontrada foi na sua maioria de trutas 0+ e 1+, embora trutas 5+ a 7+ fossem
capturadas (Maia 1999).
A população de truta do rio Estorãos caracteriza-se por apresentar densidades variáveis
(Maia e Valente 2002), elevadas nas zonas a montante e muito baixas nas zonas a
jusante, e exibindo um crescimento geralmente fraco, principalmente constituída por
indivíduos de idades 0+, 1+, 2+ e 3+, sendo as duas primeiras classes de idade mais
representativas (Valente 1993, Maia e Valente 2002).
Noutro estudo sobre o rio Lima em 2001 e 2002 foi analisado o comportamento
reprodutor de trutas no rio Estorãos. O período reprodutor iniciou-se a 4 de Janeiro de
2002 e prolongou-se até 3 de Fevereiro. O aumento de caudal nos dias anteriores a 4 de
Janeiro parece ter sido o factor desencadeador das actividades reprodutoras (Pires
2003).
1.2.9.2. Rio Vez
O leito do rio Vez é constituído por substratos predominantemente grosseiros e nas
margens são comuns os amieiros, freixos e salgueiros.
Num estudo realizado em duas fases (Março e Abril, e Junho) no rio Vez foram
amostrados 16 troços do rio sendo feita pesca eléctrica para caracterização das
populações piscícolas. A truta fário (33,7 %), boga (20,6 %) e a enguia (18,6 %) foram as
espécies mais encontradas nos vários troços amostrados. Em relação ao factor de
condição K (médio), este valor aumentou em média da nascente até à foz. O índice K
médio calculado foi 0,845 (0.65/1,20), o valor do comprimento médio das trutas foi de
12,3 cm e o valor do peso médio foi 22,4 g. A truta apresentou uma ligeira falta de
robustez.
Das 253 trutas amostradas, 98 trutas tinham a idade 0+ (7,52 cm), 62 a idade 1+ (12,75
cm), 82 a idade 2+ (16,59 cm) e 9 trutas a idade 3+ (20,81 cm) (Vieira 2011)
18
1.3. Pesca desportiva/lúdica
A pesca de caracter recreativo constitui uma área importante de utilização de recursos
biológicos naturais e da gestão dos recursos aquáticos. Como utilizadores esclarecidos
destes recursos, os pescadores recreativos têm um papel preponderante na sua defesa e
conservação, desempenhando uma função importante na sensibilização de toda a
comunidade para a necessidade de protecção e utilização racional do património
aquícola. Como tal, devem adoptar códigos de conduta consistentes com uma ética de
conservação dos recursos, assumindo a educação um papel de grande importância, pois
actua como motor para mudança de atitudes (Ferreira 2010).
A importância socio-económica da pesca desportiva está bem documentada (Linlokken
1995; Peirson et al. 2001; Ross e Loomis 2001; Wedekind 2001; Arlinghaus e Mehner
2002; Cooke e Cowx 2006) e normalmente o benefício económico para as regiões locais
aumenta com o aumento do número de pescadores (Wedekind et al. 2001), mas este
aumento do esforço de pesca pode causar uma menor densidade de peixes ou
alterações na sua abundância. Nestas áreas sujeitas a pesca intensiva, a gestão da
pesca, especialmente o repovoamento tem um importante papel a desempenhar
(Arlinghaus et al. 2002). Contudo, o repovoamento também tem impacto em stocks
selvagens (Cowx 1994; Ham e Pearsons 2001).
A truta fário tem uma grande importância socio-económica, tanto na pesca comercial
como na desportiva e é frequentemente usada como atracção turística (Aas et al. 2000;
Butler et al. 2009), sendo o alvo mais importante e popular da pesca desportiva na
Europa (Almodóvar e Nicola 1998).
Num estudo na Alemanha verificou-se que o esforço de pesca aumentou após o
repovoamento, aumentando assim o impacto da pesca desportiva nos stocks selvagens.
O repovoamento com trutas fário adultas só diminui o impacto da pesca sobre trutas
selvagens se o tempo despendido na pesca por todos os pescadores se mantiver estável
(Baer et al. 2007).
Em Espanha o número de licenças tem vindo gradualmente a aumentar de 27.000 em
1950 para 850.000 em 2004, aumentando cada vez mais a procura por mais peixe.
(Almodóvar e Nicola 1998; Almodóvar et al. 2002).
As populações de truta estudadas num estudo em Espanha apresentaram uma
dominância das idades entre os 0+ e o 2+ e um máximo de longevidade entre 4 e 5 anos.
As populações da truta fário estão sobre exploradas como resultado de actividades de
gestão ineficazes e a sua singularidade genética está ameaçada pela intromissão de
genes não autóctones devido ao repovoamento. A pesca desportiva intensa tem
19
diminuído a idade média, a diversidade de idades e o número de trutas que excedem o
tamanho mínimo de captura. Muitas áreas exploradas demonstram um decréscimo geral
na abundância e na produção bem como uma diminuição no stock produtivo e
fecundidade da população. O tamanho mínimo de captura reduz as hipóteses de sucesso
na postura de populações de crescimento rápido devido à suscetibilidade à pesca
desportiva. Os efeitos da gestão da pesca desportiva na dinâmica da população,
produção e características dos ciclos de vida exibem diferentes efeitos nos rios em
Espanha e parecem depender das características ambientais e biológicas das
populações. O actual declínio da truta fário pode ser reduzido com um regulamento
específico para cada rio e por normas de pesca alternativas (Almodóvar e Nicola 2004).
Muitos indícios têm sugerido que as populações de truta fário na Suíça estão em risco.
Os registos dos pescadores indicam uma diminuição das capturas em cerca de 50%
desde 1980 (Friedl 1999).
Estudos na Galiza apresentaram dados de densidade, biomassa e produtividade de
1182 trutas/ha; 68,3 kg/ha e 37,2 kg/ha.ano para zonas de pesca desportiva com
extracção e 3135,1 trutas/ha; 208,2 kg/ha; 144,2 kg/ha.ano para zonas vedadas à pesca
(Almodôvar 2001). Contudo estudos realizados noutros rios do Norte de Espanha não
detectaram uma redução na abundância nas populações devido ao efeito da pesca
desportiva (Brana et al 1992).
A pesca é designada desportiva ou lúdica quando é praticada como distração e
profissional quando é praticada com fins lucrativos (ARH 2012)
1.3.1. Potencialidades da pesca desportiva em Portugal
- Boas condições de pesca na maioria dos rios.
- Grande percentagem de rios salmonídeos ainda pouco poluídos.
- Existência de um grande número de Associações e Clubes.
- Crescente apetência dos agentes locais e regionais (públicos e privados) para um
melhor desenvolvimento do sector.
- Grande número de sucessos desportivos a nível de clubes e nações em provas
internacionais.
- Investimento económico em materiais de pesca desenvolvidos com recurso a novas
tecnologias.
- Integração de uma percentagem significativa de pescadores oriundos das zonas mais
urbanas da região em modelos de ordenamento piscícola.
- Aproveitamento de incentivos financeiros para investimento no sector.
20
- Progressiva formação e profissionalização de pescadores e agentes do sector.
- Maior participação na organização de eventos desportivos de alta competição nacionais
e internacionais estabelecendo ligações com outros sectores económicos.
1.3.2. Caracterização da pesca desportiva dirigida à truta
1.3.2.1. Pesca com iscos naturais
A utilização de iscos naturais na pesca aos salmonídeos é a mais praticada pelos
pescadores desportivos, apesar de nos últimos anos ter sido progressivamente
abandonada. Hoje em dia é principalmente utilizada por pescadores ribeirinhos. Nesta
técnica o isco mais utilizado é a minhoca de terra, nos meses mais frios, e os insectos
terrestres nos meses de maior calor. A pesca com minhocas tem maior eficácia no início
da temporada de pesca (Março a Junho) quando os rios estão turvos, logo após as
chuvas.
A legislação portuguesa proíbe a utilização de larvas naturais nas águas salmonídeas,
pois esta prática impede muitas vezes que as trutas pequenas sejam devolvidas à água
em boas condições de sobrevivência.
Os pescadores utilizam normalmente canas de dimensão variável que muitas vezes
chegam aos 4 ou 5 metros, utilizam uma ou mais minhocas no anzol e lastram a linha
com pequenos chumbos, em função da profundidade e velocidade da água. Deve-se
pescar perto do fundo com uma linha de 24/100, uma base de linha 16/100 e um anzol
nº5. Não se deve ferrar bruscamente, para não partir a base da linha, bem útil dada a
desconfiança da truta. Esta por vezes não atacará imediatamente mesmo se tiver visto
bem o isco: deve-se recomeçar a manobra, que consiste em deixar a minhoca descer a
corrente tantas vezes quantas as necessárias para a decidir.
1.3.2.2. Pesca com iscos artificiais
Um grande número de pescadores desportivos utiliza a técnica de pesca com iscos
artificiais. Esta forma de capturar trutas, pela sua aparente simplicidade, tem um grande
número de adeptos.
Nesta pesca são utilizadas colheres rotativas (amostras) ou imitações de pequenos
peixes (vulgarmente designadas por rapalas) nas quais são incorporadas uma ou duas
fateixas com o máximo de três anzóis. As colheres rotativas, com várias cores e brilhos,
ao serem recuperadas têm um movimento giratório bastante atractivo para as trutas.
21
Estas confundem a amostra com um peixe ou atacam-na simplesmente devido ao seu
instinto predador. A forma das colheres varia com o objectivo de produzir vibrações e
visualizações diferentes. As rapalas (imitações de peixes) são normalmente utilizadas
para capturar exemplares de maior dimensão.
As técnicas de pesca variam consoante o pescador, este tanto pode pescar a subir o rio
(mais comum) ou a descer o rio. Em locais com fraca corrente, pouco profundos ou em
pequenos rios, são utilizadas pequenas colheres. As canas são normalmente pequenas
(< 2,7 m) e leves, permitindo lançamentos precisos. Na linha, normalmente não é
colocado qualquer chumbo.
1.3.2.3. Pesca à pluma
Esta modalidade praticada em todo o mundo, tem vindo a ser praticada mais
regularmente em Portugal desde os anos 90. Considerada por muitos como a mais difícil
de praticar, visa sobretudo a captura de salmonídeos com imitações do seu alimento
natural. Para a montagem destas imitações utilizam-se vários materiais, como é o caso
de plumas de aves, pelos de mamíferos, materiais sintéticos e fios de todas as cores.
Muitas vezes é necessário ter conhecimentos de entomologia para obter bons resultados.
Muitos pescadores pensam que a pesca à pluma apenas pode ser praticada em rios
amplos e limpos de vegetação, mas esta pode ser aplicada em todos os locais
dependendo da técnica de lançamento utilizada.
As canas utilizadas são especiais (diferentes das convencionais) de modo a que se
consiga projectar a linha até à distância pretendida. As linhas utilizadas são feitas em
plástico ou seda, têm vários números em função do seu peso e podem ser flutuantes ou
afundantes. Na pesca à pluma não se coloca chumbo na linha.
A maioria das imitações utilizadas são de invertebrados aquáticos como é o caso dos
tricópteros, efemeropteros e plecópteros. As ninfas correspondem à primeira fase de
desenvolvimento do insecto aquático e as moscas secas ou afogadas imitam a fase
adulta do insecto. Os streamers, por outro lado, tem por objectivo a imitação de pequenos
peixes. Para além dos aspectos de protecção ambiental, em países ricos com rios
truteiros, esta actividade desportiva movimenta anualmente milhões de euros em viagens
para essas regiões.
Alguns records de pesca para a truta fário:
Francês: 10,3 kg
Inglês: 11,5 kg
Americano: 17,7 kg
Mundial: 18,8 kg
22
1.3.3. Legislação
Para efeitos de aplicação de diplomas legais consideram-se:
Água de salmonídeos – as águas onde existem, ou com potencial ecológico para
suportar, espécies da família Salmonidae, nomeadamente truta fário.
Águas de ciprinídeos – as águas onde vivem ou poderão viver espécies piscícolas
da família Cyprinidae, como o barbo, a boga e o escalo, bem como outras
espécies não pertencentes à família Salmonidae.
Águas de transição – águas onde ocorrem simultaneamente salmonídeos e
ciprinídeos; para efeitos de fixação das normas de qualidade são consideradas
águas de salmonídeos.
Nas águas classificadas de salmonídeos, aplica-se o período de defeso da truta a todas
as espécies piscícolas. Durante a época em que é livre a pesca da truta, é também livre a
pesca de quaisquer outras espécies piscícolas nessas massas de água (Portaria nº
462/2001, de 8 de Maio).
A lei nº 2097, de 6 de junho de 1959, estabelece o regime para o exercício da pesca, nas
águas públicas interiores, classificando as águas em:
a) Águas livres – nestas zonas podem praticar-se as duas modalidades de pesca
(profissional e desportiva)
b) Zonas de pesca reservada (ZPR) – estas zonas estão sujeitas a regulamento
próprio, sendo apenas permitida a pesca desportiva. As condições para o
exercício da pesca são definidas por edital, nomeadamente o número diário de
pescadores, os períodos, processos e meios de pesca, as dimensões mínimas e o
número máximo de exemplares a capturar, bem como o tipo de licenças especiais
obrigatórias. Para estas zonas além da licença geral de pesca desportiva é ainda
necessária uma licença especial, cujos tipos e custos são definidos no respectivo
edital da zona (anexo V)
c) Concessões de pesca - correspondem a zonas geridas por uma entidade
concessionária (clubes, Câmaras Municipais), sujeitas a regulamento próprio,
onde apenas é permitida a pesca desportiva.
A zona de pesca reservada do rio Vez – Monção/Arcos de Valdevez, fica compreendida
entre a Capela de Santo António de Vale de Poldras, freguesia de Riba de Mouro,
concelho de Monção, a montante, e a Ponte de Aspra, freguesia de Vilela, concelho de
Arcos de Valdevez, a jusante. Neste troço o período de pesca fica compreendido entre
dia 15 de Abril e dia 31 de julho (anexo VI).
23
Para o rio Vez (zona livre) o período de pesca para a truta fário fica compreendido entre
o dia 1 de Março e 31 de Agosto inclusive (excepção ao calendário, Portaria nº 151/79,
de 5 de Abril). Comprimento mínimo legal de captura: 19 cm (ICNF).
1.3.4. Evolução da emissão de licenças em Portugal de 2007 a 2011
Nos últimos 3 anos o número total de licenças emitidas foi sempre superior a 200 mil
(figura 5).
250.000
Nº licenças
200.000
150.000
Total
100.000
50.000
Regionais
(Zona Norte)
0
2007
2008
2009
Ano
2010
2011
Figura 5 - Número total de licenças (Nacionais + regionais + concelhias) e regionais para a zona Norte
emitidas por ano (Fonte: ICNF).
A partir de 2009 o número de licenças regionais emitidas aumentou substancialmente
enquanto que o número de licenças concelhias emitidas diminuiu, mantendo-se esta
Nº licenças
têndencia até 2011 (figura 6).
140.000
120.000
100.000
80.000
60.000
40.000
20.000
0
Nacionais
Regionais
Concelhias
2007
2008
2009
Ano
2010
2011
Figura 6 - Número de licenças nacionais, regionais e concelhias emitidas por ano (Fonte: ICNF).
Para a ZPR do rio Vez podem ser emitidas no máximo 120 licenças para cada lote, por
ano (anexo VI). Como a ZPR é constituída por 8 lotes podem no máximo ser emitidas 960
licenças mas nos últimos 5 anos o valor nunca foi superior a 283 (2008) correspondendo
este valor a 29 % de ocupação máxima (figura 7). Em cada dia de pesca podem ser
24
retidos até 6 exemplares de truta com um comprimento superior a 19 cm exceptuando no
lote 3 onde só é permitida a pesca sem morte.
300
Nº licenças
250
200
150
Especiais diárias
emitidas para o rio
Vez
100
50
0
2007
2008
2009
2010
2011
Ano
Figura 7 - Número de licenças especias diárias emitidas para a zona reservada do rio Vez (lotes) por ano
(Fonte: ICNF).
1.3.5. Campeonatos
Portugal tem acolhido diversos Campeonatos do Mundo de Pesca ao longo dos últimos
anos, tendo em 2006 acolhido os II Jogos Mundiais de Pesca Desportiva (21
campeonatos do mundo, 5000 atletas de 50 países anexo). No rio Vez foram realizados
nesse ano dois Campeonatos do Mundo de pesca à truta, um com iscos naturais e outro
com iscos artificiais. No ano anterior já se tinha disputado um Campeonato do Mundo de
iscos artificiais (anexo – VII). Desde 2006 realizam-se neste rio provas do Campeonato
Nacional de Pesca à truta com iscos artificiais e com menos regularidade provas dos
Campeonatos de Pesca à truta com pluma, 1ª e 2ª divisões.
1.4. Objectivo
O objectivo deste trabalho foi analisar aspectos da biologia e ecologia da truta presente
no rio Vez. Dada a importância desta espécie no âmbito da pesca desportiva e lúdica
pretendeu-se relacionar aspectos ecológicos com esta prática e contribuir para a gestão
desta massa de água em termos piscícolas.
25
2. Material e Métodos
2.1. Área de estudo
O rio Vez pertence à bacia hidrográfica do rio Lima e apresenta uma orientação NorteSul (Vieira 2011). Este estudo desenvolveu-se em toda a extensão do rio desde a sua foz
até ao lote 8, mais concretamente até ao ponto 41º59’54’’ N 8º19’78’’ W (figura 8 e 29).
Figura 8 - Lote 8, local mais a montante atingido nas jornadas de pesca.
A divisão do rio adoptada para este trabalho, na ZPR, foi igual à divisão legal dos lotes.
Para o resto do rio a divisão por zonas (letras) foi estabelecida com base em vários
critérios, como a fácil identificação dos limites, o tamanho equivalente e o fácil acesso ao
início e final das zonas.
Comprimento de cada zona:
Lote 8 – 7800 m*
Zona j - 1400 m
Lote 7 – 1900 m
Zona i – 2000 m
Lote 6 – 2500 m
Zona h – 600 m
Lote 5 – 1800 m
Zona g – 1000 m
Lote 4 – 2600 m
Zona f – 2000 m
Lote 3 – 2300 m
Zona e – 2000 m
Lote 2 – 1100 m
Zona d – 1100 m
Lote 1 – 1000 m
Zona c – 1000 m
Zona m – 1000 m
Zona b – 1200 m
Zona L – 1200 m
Zona a - 1100 m
(Total 36,6 km) (figura 13)
26
*não foi possível calcular a dimensão do lote, apresentou-se em alternativa a distância entre o
ínicio do lote 8 e a nascente do rio Vez.
Da zona “a” até ao lote 3 existem vários acessos ao rio e é relativamente simples
caminhar pelo rio ou pelas margens apesar da existência de muitos obstáculos à
passagem (vedações e vegetação densa). Do lote 3 ao lote 6, os caminhos de acesso ao
rio são poucos, o vale é muito pronunciado e é complicado andar pelas margens contudo
é possível caminhar pelo leito do rio devido à pouca profundidade.
Os lotes 7 e 8 situam-se em zonas mais montanhosas e isoladas, de difícil acesso, mas
que permitem a pesca se o pescador se deslocar pelo leito do rio.
2.1.2. Divisão dos troços
Troço dos lotes (ZPR) - lotes 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 (21 Km : 13,2 km sem contabilizar o
lote 8)
Troço a montante da vila – zonas f, g, h, i, j, l, m (7,2 km)
Vila – zona “e” (2 Km)
Troço a jusante da vila – zonas a, b, c, d (6,4 Km)
2.2. Recolha de amostras e trabalho laboratorial
2.2.1. Temperaturas
Entre os dias 21 de Outubro de 2011 e 16 de Janeiro de 2012 foram efectuadas 71
medições da temperatura da água e do ar num local do rio Vez, que é artificializado, mas
onde é frequente a postura de trutas (Centro da vila de Arcos de Valdevez (vila),
lavadouros – lp1: 41º50’77’’ N, 8º24’99’’ W) (figura 9).
27
Figura 9 - Local de postura (lp1) (zona e/vila).
Estas medições foram realizadas diariamente entre as 11:15 e as 15:45 de cada dia
(cerca de metade das medições entre as 14:00 e as 15:00) com um termómetro digital.
Nesse troço de rio de aproximadamente 200 m de comprimento e 6 m de largura (1200
m2), também foram contabilizadas as trutas avistadas em cada dia. A partir do dia 9 de
Dezembro de 2011 as trutas visualizadas foram discriminadas por tamanhos em
pequenas (aproximadamente 25 cm), médias (aproximadamente 35 cm) e grandes
(aproximadamente 45 cm), esta avaliação embora tenha pouco rigor científico, dado o
valor ser calculado apenas com base na avaliação visual, pretendeu dar uma ideia geral
dos tamanhos das trutas observadas. O número de casais também foi contabilizado.
2.2.2. Migração para montante - saltos
Desde o dia 10 de Novembro de 2011 até ao dia 13 de Janeiro de 2012, entre as 11:25 e
as 15:45, foi contabilizado em 47 dias, durante 15 minutos diários, o número de saltos de
trutas que tentaram ultrapassar uma represa que existe no troço do rio Vez que atravessa
a vila de Arcos de Valdevez e que fica cerca de 500 m a montante da zona de postura
Foi anotada a hora de cada salto. Em três dias de três semanas consecutivas o tempo
de contagem, por dia, foi de 6 horas. A represa construída em betão de perfil côncavo de
60 m de comprimento e 1,2 m altura, tem três pilares que a dividem em quatro zonas
iguais, foi também anotada a zona onde cada truta saltou. Em cada salto as trutas além
de terem de transpor a altura da represa, tiveram de ultrapassar 3,5 m de represa
nadando por uma lâmina de água que escoava pelo obstáculo (figura 10 e 11).
28
Figura 10 - Represa que existe na zona e/vila.
Figura 11 - Perfil da represa
2.2.3. Análises da água do rio Vez
Uma vez por mês, entre Fevereiro e Julho foram feitas recolhas de amostras de água em
três locais do rio Vez:
Ponto 1 - Sistelo – Latitude 41º58’53’’N Longitude 8º22’41’’W (ponto mais a
montante).
Ponto 2 - Vilela – Latitude 41º55’03’’N Longitude 8º26’82’’W (ponto médio).
Ponto 3 - Ponte de Santar – Latitude 41º48’93’’N Longitude 8º24’57’’W (ponto
mais a jusante) (figura 13).
Através de um fotómetro (HANNA c200 Multiparameter Ion Specific Meter) foram
medidos os valores de pH, amoníaco, cloro livre, nitrato, nitrito e fosfato. Para calcular o
peso dos sólidos em suspensão foi também filtrado 1 litro de amostra de cada zona e
pesado o precipitado. A temperatura da água também foi medida.
Tabela 1 - Qualidade de águas doces para fins aquícolas – águas piscícolas (águas de salmonídeos).
Parâmetros
VMR
VMA
Expressão de
resultados
Amoníaco
0,005
Nitritos
0,01
Cloro residual disponível
Sólidos suspensos totais
0,025
mg/ NO2
0,005
25
mg/l NH3
mg/l HOCl
mg/l
VMR – Valor máximo recomendado
VMA – Valor máximo admissível
(Decreto-Lei nº 236/98)
29
Tabela 2 - Limiares máximos para os parâmetros físico-químicos gerais para o estabelecimento do Bom
Estado Ecológico em Rios.
Parâmetros
Limite para o Bom Estado
Agrupamento Norte
Oxigénio dissolvido
> 5 mg O2/l
Taxa de saturação em oxigénio
Entre 60 e 120 %
pH
Entre 6 e 9
Azoto amoniacal
< 1 mg NH4/l
Nitratos
< 24 mg NO3/l
Fosforo total
< 0,1 mg P/l
(INAG 2009)
2.2.4. Pesca desportiva
Entre os dias 1 de Março de 2012 e 21 de julho de 2012 foram realizadas 56 jornadas de
pesca (50 dias), a pesca foi mais intensa nos meses de Março, Abril e Maio (90 %),
desde a foz do rio Vez até ao lote 8, abrangendo a quase totalidade do comprimento do
rio Vez (3 passagens). A pesca foi efectuada tanto na zona livre como na zona de pesca
reservada quase sempre de jusante para montante. Foi utilizada uma cana de 2,70 m
(Michell Spin Premium 15-45g), um carreto (Shimano Exage 3000 MRB 6:2:1) duas linhas
de nylon (Spro Math) de espessura 0,14 mm e resistência até 2,8 Kg e 70 amostras nº 2
douradas com pintas pretas, das marcas mapso, mepps e mosca (5,6 × 1,5 cm e 5 × 1,3
cm) (figura 12).
Figura 12 - Amostras ou colheres utilizadas (marca mepps e mosca)
Em cada dia de pesca foi anotado: o número de pescadores observados; a hora de início
e fim da actividade; a temperatura da água; a transparência do rio (limpo, ligeiramente
30
turvo, turvo – observação visual); o estado do tempo (limpo, pouco nublado, nublado) e a
ocorrência de aguaceiros ou chuva. Foi anotado o comprimento de cada truta capturada
(comprimento furcal (CF) e total (CT)), o seu peso (balança digital Soehnle e=1g), a hora
da captura, o isco utilizado, as coordenadas GPS do local de captura, o número de
anzois cravados e apontado se o rio tinha corrente no local de captura (observação
visual). Quando no texto é referido comprimento este refere-se ao comprimento furcal.
Foi fotografado cada exemplar capturado e foram retiradas várias escamas para posterior
análise da idade. Ao longo de cada dia de pesca foram também registadas as horas em
que ocorriam ataques ao isco, se os ataques eram simples “toques” ou se a truta
chegava a ficar cravada num dos anzois por alguns segundos e se estes ataques
ocorriam em zonas de corrente ou em águas paradas (observação visual).
Para as jornadas de pesca desportiva o rio foi dividido em 20 zonas de pesca contiguas,
agrupadas em 4 troços (lotes, troço a montante da vila, vila e troço a jusante da vila). O
troço do rio mais a montante está sujeito a um regime especial, sendo uma zona de
pesca reservada (ZPR) que é constituída por 8 lotes. Adoptou-se as delimitações dos
lotes existentes e denominou-se este troço de “lotes”. Entre o lote 1 (último a contar de
montante) e a vila de Arcos de Valdevez foram consideradas 7 zonas (f, g, h, i, j, L, m),
troço denominado “troço a montante da vila”. Na vila foi considerada uma zona de pesca
que foi alvo de um grande esforço de pesca e que foi denominada “zona e/vila”. O troço
constituído pelas zonas mais a jusante (a,b,c,d) foi denominado “troço a jusante da vila”
(figura 13).
Na zona livre (zona “a” a “m”) foram dispendidos 3 dias de pesca em cada secção (zona)
à excepção da zona e/vila onde se pescou durante treze dias e da zona L onde só se
pescou durante 2 dias. Nos lotes os dias de pesca variaram entre 1 e 3 dias em cada
lote.
Nos lotes 5 a 8 devido ao seu isolamento, à perigosidade das suas margens e à
impossibilidade de comunicações móveis (risco em caso de emergência) apenas foi
possível pescar na companhia de outro pescador podendo este facto ser potenciador de
um menor número de capturas devido à pesca partilhada. Face a estas dificuldades o
número de horas de pesca foi menor nestes lotes.
Em relação à zona e/vila devido à facilidade de deslocação e ao maior número de
pescadores que frequentam o local, foi dispendido um maior esforço de pesca nesta zona
por forma a obter dados do número de capturas e dados dos espécimes capturados pelos
pescadores. O termo jornadas de pesca é referido quando a pesca foi efectuada por um
pescador utilizando a técnica de pesca com amostra artificial.
31
2.2.5. Pesca eléctrica
No dia 6 de Outubro foram feitas 4 amostragens com recurso a aparelhos de pesca
eléctrica nas zonas a, i, m e no lote 6. Foram utilizados 2 aparelhos um (EL62ll GI 400750 V Hans Grassel Gmbh) manuseado por dois operadores (zonas a, i e lote 6) e outro
aparelho individual portátil a bateria (corrente contínua [DC], 200-400 V; 1-3 A;
Electracatch International), utilizado na zona m devido à dificuldade de aproximação ao
rio. Nas 4 zonas o comprimento de amostragem foi de cerca de 50 m.
Foi utilizada uma balança digital AND EK 610 i (e=0,1g) para pesar as trutas e uma
sonda (YSI 6920 v2) para medir a temperatura, o oxigénio dissolvido e a condutividade.
Figura 13 - Divisão das 20 zonas definidas para a pesca desportiva e eléctrica.
32
2.2.6. Escamas e otólitos
Em laboratório as escamas das trutas obtidas, nas jornadas de pesca (209 amostras), de
exemplares capturados por outros pescadores desportivos (40 amostras) e de
exemplares capturados com recurso a pesca eléctrica (40 amostras), foram introduzidas
num frasco com hidróxido de potássio colocado de seguida num aparelho de ultrassons
(Elma Transsonic 700) durante cerca de 1 minuto, para limpeza. As escamas foram de
seguida lavadas em água destilada e as que apresentavam um melhor estado de
conservação e leitura foram colocadas entre duas lamelas para posterior análise.
As 289 preparações de escamas foram analisadas por dois observadores. Quando as
leituras do primeiro e do segundo observadores foram coincidentes adoptou-se essa
leitura como válida, quando as leituras não foram coincidentes ou existiu alguma dúvida
por parte de um dos observadores um terceiro observador fez outra leitura. Finalmente
estabeleceu-se como válidas as escamas com 2 ou 3 leituras coincidentes.
Os otólitos recolhidos de 15 exemplares de truta foram colados numa lâmina e depois
polidos com uma folha abrasiva (lixa). A mesma metodologia de leitura das escamas foi
aplicada na leitura da idade dos otólitos.
2.2.7. Conteúdo estomacal
De entre as trutas pescadas, 15 foram guardadas, uma de cada uma das 20 zonas do rio
Vez previamente estabelecidas (Não foi possível obter trutas de todas as zonas devido
ao tamanho mínimo de captura ser de 19 cm). O conteúdo estomacal e as gónadas
destas trutas foram analisados e o fígado foi pesado.
- A frequência de ocorrência (F) é a percentagem de ocorrência de uma presa na dieta
de uma espécie, calcula-se através do número de estômagos que contêm um ou mais
indivíduos da espécie presa em relação com o total de estômagos estudados ou em
relação ao total de estômagos cheios.
- A abundância relativa (Pi) é a percentagem do quociente entre o número de
determinadas presas (i) sobre o número de presas totais.
- O índice de enchimento do estomago é igual ao peso do conteúdo estomacal a dividir
pelo peso total do peixe*10000 (Kara e Alp 2005).
33
2.2.8. Factor de condição K
Em 1902, Fulton propôs o uso de uma fórmula matemática que quantifica a condição
física de um peixe:
K = (100 × W)/ L3
K – Factor de condição ou coeficiente de condição
W - Peso do peixe em gramas (g)
L - Comprimento do peixe em centimetros (cm), comprimento furcal
Para os salmonídeos os valores de K variam usualmente entre 0,8 e 2. O factor K é
influenciado pela idade do peixe, sexo, estação do ano, grau de maturação da gónada,
estado de replecção do estômago/intestino, tipo de alimento consumido, quantidade de
reservas de gordura e grau de desenvolvimento muscular (Froese 2006).
Com base na comparação dos valores de K com a aparência geral e reservas de gordura
as seguintes avaliações podem ser feitas:
Valor de K
Observação
1.60
Excelente condição
1.40
Bom, peixe bem proporcionado
1.20
Normal
1,00
Peixe magro
0.80
Peixe muito magro
(Barman e Baxter 1998)
34
2.2.9. Inquérito
Entre o dia 19 de Maio de 2012 e o dia 17 de Junho de 2012 foi realizado um inquérito a
38 pescadores desportivos que se encontravam na zona do rio Vez que atravessa a vila
de Arcos de Valdevez (zona e).
Inquérito efectuado a pescadores desportivos:
Sexo, idade, residência
1 - Há quantos anos é pescador desportivo?
2 - Que técnica de pesca mais utiliza?
3 - Quantos dias pesca por ano?
3.1 – Quantos dias pesca por ano no rio Vez?
4 - Quantas trutas pesca por ano?
4.1 - Quantas trutas pesca por ano no rio Vez?
5 - Quantas trutas pescou este ano?
5.1 – Quantas trutas pescou no rio Vez?
6 – Que comprimento ou peso tinha a maior truta que capturou no rio Vez?
6.1 - Quando?
7 - Qual o número máximo de trutas capturadas num dia no rio Vez?
7.1 - Quando?
8 - Leva o peixe para casa ou devolve-o?
9 – Concorda com o repovoamento do rio?
10 - Estaria disposto a pagar mais para ter melhores condições de pesca?
10.1 - Se sim, Que condições gostaria de ver melhoradas?
11 - O que mudaria na Gestão do rio Vez?
12 - Costuma pescar nos lotes do rio Vez?
13 – Comentários
2.3. Análise e tratamento de resultados
A análise estatistica foi feita com o software Minitab Release 14 12 (Minitab Inc.
Pennsylvania State University, PA, USA) e software PRIMER 6. Foram efectuados os
testes Mann-Whitney e Kruskall-Wallis para dados não paramétricos e os testes t-test e
ANOVA para dados de distribuição normal. Consideraram-se diferenças significativas
quando p<0,05.
35
3. Resultados e discussão
3.1. Parâmetros fisico-químicos da água
O pH nos 3 locais de amostragem em todas as medições apresentou sempre valores
entre 6,5 e 6,6 apresentando valores dentro do intervalo de referência para a água doce
não indiciando perturbação a este nível.
Em geral a temperatura da água aumentou, nas três zonas, de Fevereiro até Julho
apesar de se ter verificado uma descida (que pode ser pontual) da temperatura de Março
a Maio. Em todas as zonas a subida da temperatura foi semelhante e em seis meses a
temperatura subiu mais de 11 ºC em todos os locais (figura 14).
Temperatura (ºC)
25
20
15
Lote 6
10
Zona m
5
Zona a
0
Data
Figura 14 - Valores de temperatura da água em 5 dias de 5 meses diferentes, em 3 locais, um na parte alta
do rio (lote 6), outro na zona média (zona m) e outro perto de foz (zona a).
Em relação à concentração de amoníaco nas 15 amostras de água, 11 amostras
apresentaram valores abaixo do valor máximo recomendado (0,005 mg/l NH3), 3
amostras apresentavam valores abaixo do máximo admissível (0,025 mg/l NH3) enquanto
que uma das amostras na zona “a”, em Junho, apresentou um valor (0,146 mg/l NH3)
muito acima do máximo admissível (figura 16).
No que se refere à concentração de nitritos, em 14 amostras não se verificou a sua
presença mas uma amostra também da zona “a” revelou um nível muito acima do VMR
(figura 17).
A concentração de nitratos esteve sempre abaixo do valor máximo (24 mg/l) para
consideração de um bom estado do rio (figura 18).
Em todos os dias de análise da água do rio Vez esta apresentou poucos sólidos em
suspensão sendo o valor mais elevado de 1,5 mg/l, muito abaixo dos 25 mg/l (VMR).
36
Nitrato
Cloro livre
[NO3-] (mg/l)
2
[Cl] (mg/l)
1,5
1
0,5
0
30
25
20
15
10
5
0
Lote 6
Zona m
Zona a
LBE
Lote 6
Zona m
Data
Zona a
Data
Figura 15 – Concentração de cloro livre.
Figura 18 - Concentração de nitrato.
Fosfato
Amoníaco
0,15
Lote 6
0,1
Zona m
0,05
Zona a
0
[PO43-] (mg/l)
[ NH3] (mg/l)
0,2
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
VMA
Lote 6
VMR
Zona m
Data
Data
Figura 16 – Concentração de amoníaco.
Zona a
Figura 19 - Concentração de fosfatos.
[NO2-] (mg/l)
Nitrito
0,035
0,03
0,025
0,02
0,015
0,01
0,005
0
LBE – Limite para consideração de um Bom
Lote 6
Zona m
Estado
VMR – Valor máximo recomendado
VMA – Valor máximo admissível
Zona a
VMR
Data
Figura 17 - Concentração de nitritos.
37
3.2. Análise de um local de postura (lp1)
Do dia 2 ao dia 12 de Dezembro é visível na figura 20 um grande aumento no número de
trutas observadas no local de postura (lp1), esse aumento ocorreu durante um período
em que ocorreu precipitação durante alguns dias, é também visível que só a partir de dia
12 de Dezembro é que as temperaturas apresentaram valores abaixo dos 10ºC. Nos dias
de precipitação não foi possivel contabilizar as trutas presentes no local (lp1) devido ao
10
5
5
0
0
Data
N
10
13-01-2012
15
06-01-2012
15
30-12-2011
20
23-12-2011
20
16-12-2011
25
09-12-2011
25
02-12-2011
30
25-11-2011
30
18-11-2011
35
11-11-2011
35
04-11-2011
40
28-10-2011
40
21-10-2011
Temperatura (ºC)
aumento de caudal e à consequente turbidez da água.
Nº de trutas
Temperatura
água
Tempertura ar
Dias de
precipitação
Figura 20 - Variação da temperatura do ar e da água no local de postura lp1 no rio Vez e variação do número
de trutas observadas no local lp1.
Na área assinalada na figura 21 foram geralmente observadas mais trutas no periodo em
que se verificou um aumento de caudal no rio Vez. No entanto o aumento progressivo do
cauda impossibilitou a observação de trutas dificultando o estabelecimento de uma
relação.
38
40
4,2
30
25
3,2
20
N
Nivel hidrométrico (m)
35
15
2,2
10
5
14-01-2012 00:00
09-01-2012 00:00
04-01-2012 00:00
30-12-2011 00:00
25-12-2011 00:00
20-12-2011 00:00
15-12-2011 00:00
10-12-2011 00:00
05-12-2011 00:00
30-11-2011 00:00
25-11-2011 00:00
20-11-2011 00:00
15-11-2011 00:00
10-11-2011 00:00
05-11-2011 00:00
31-10-2011 00:00
26-10-2011 00:00
0
21-10-2011 00:00
1,2
Trutas na zona
de postura
Nivel
hidrométrico
instantâneo
Data
Figura 21 - Nivel hidrométrico instantâneo no pontilhão de celeiros (INAG 2012) (estação de medição 3000 m
a montante da zona de postura situada no limite entre a zona f e a zona g: 41º52’06’’ N 8º25’13’’) e número
de trutas observadas na zona de postura.
É difícil estabelecer uma ligação directa individual de cada parametro físico que parece
desencadear as actividades de reprodução, pois esta é provavelmente desenqueada pela
conjugação de vários factores.
Em trabalhos de vários autores Libosvárský (1974), Trepanier (1996) Arnekleiv e Kraabol
(1996), Jonsson (1991), Jonsson e Jonsson (2002), Rustadbakken (2004), Piecuch
(2007) o caudal do rio, a temperatura e a precipitação foram factores apontados para o
desencadeamento do ciclo de reprodução. No trabalho de Pires (2003) no rio Estorãos é
referido que o aumento de caudal parece ter sido o factor desencadeador das actividades
reprodutoras.
Entre o dia 5 de Dezembro e o dia 25 de Dezembro o número de trutas presentes no
local de postura foi sempre elevado e superior a 14 trutas podendo este período
corresponder ao período de postura.
No dia 16 de Dezembro a chuva foi intensa, o nível da água aumentou inundando as
margens e a corrente ficou muito forte.
A partir do dia 9 de Dezembro as temperaturas do ar e da água apresentaram uma
tendência de descida mas não foi encontrada nenhuma relação entre o aumento do
número de trutas avistadas e a temperatura.
Desde o dia 13 de Novembro de 2011 até dia 16 de Janeiro de 2012 (48 dias de
contagem) foi contabilizado o número de trutas presentes no local de postura (n = 546,
39
contagem cumulativa). Em relação a este número apenas podemos afirmar, com certeza,
que no local estiveram pelo menos 35 trutas, valor máximo de avistamentos num dia
(12/12/2011). O número médio de trutas presentes no local por dia foi de 11 trutas.
No dia 14 de Novembro de 2011 foi avistada a primeira truta a escavar o “ninho” (truta
grande), no dia seguinte uma truta com as mesmas dimensões e mesma aparência foi
avistada a escavar o “ninho” noutro local, e no dia seguinte verificou-se o mesmo
fenómeno. Aparentemente a mesma truta escavou um “ninho” em três locais diferentes.
Entre os dias 9 de Dezembro de 2011 e 16 de Janeiro de 2012, em 24 dias, foram
contabilizadas 370 trutas das quais 83,5 % eram pequenas; 11,6 % eram médias e 4,9 %
grandes. Nesse mesmo período o número de casais contabilizados variou entre 0 e 4
casais sendo o número total de casais avistados de 34. Do número total de casais, 68 %
eram constituídos por trutas com sensivelmente o mesmo tamanho (com 65% casais
formados por trutas pequenas e 3% dos casais formados por trutas médias) por outro
lado 32 % dos casais eram formados por trutas com tamanhos substancialmente
diferentes, trutas de tamanho pequeno com trutas médias (24 %), trutas médias com
trutas grandes (3 %) e trutas pequenas e com trutas grandes (6%) (figura 24).
Num estudo no rio Estorãos, afluente do rio Lima (Pires 2003), o período de postura
situou-se entre dia 4 de Janeiro e dia 3 de Fevereiro de 2002 com os valores de
temperatura do rio a variar entre 9 a 13ºC. Se para o rio Vez analisarmos só o número de
trutas presentes no local, o período de postura parece ter decorrido entre 5 de Dezembro
e o dia 25 de Dezembro com temperaturas da água, às horas de medição, a variar entre
os 9,4 e os 11,8ºC. Se analisarmos o número de casais o período de postura parece ter
ocorrido entre dia 9 de Dezembro de 2011 e dia 16 de janeiro 2012 com temperaturas da
água a variar entre 7 e 11,4ºC, existindo apenas diferença substancial no dia do final da
época de postura.
Figura 22 - Truta a escavar o “ninho” no local de
Figura 24 - Trutas no local lp1, ano 2007.
postura lp1, ano 2007.
40
Figura 23 - Trutas num "ninho" no local lp1, ano
2011.
3.3. Análise da migração (saltos) numa represa do rio Vez
Há cerca de uma década foi construída uma represa no rio Vez que parece dificultar a
migração das trutas e de outras espécies de peixe. Apesar de existir uma passagem para
peixes (visível no canto esquerdo da figura 10), durante o final de 2011 e 2012 esta
esteve sempre semi-aberta não permitindo a passagem de peixes. A única forma de as
trutas ultrapassarem esta barreira foi saltando por cima da represa.
A contagem dos saltos foi feita dentro do possível o mais próximo das 14:00. Existiu uma
maior frequência de saltos entre dia 23 de Novembro e 12 de Dezembro, sendo que dia
40
35
35
30
30
25
25
20
20
15
15
10
10
5
5
0
0
Data
Nº de saltos
Nº de trutas
30 de Novembro existiu um pico de saltos (30 saltos em 15 minutos) (figura 25).
Trutas presentes na
zona de postura
Saltos observados
numa represa - 15
minutos diários
Figura 25 - Número de trutas presentes no local de postura e número de saltos, durante 15 minutos, numa
represa 500 m a montante do local lp1.
41
Durante os 47 dias de observações (32 horas) foram contabilizados 818 saltos (25
saltos/hora), dos quais apenas cinco (0,6 %) é que tiveram sucesso conseguindo as
trutas ultrapassar a barreira. Destas trutas, três eram pequenas, uma era média e outra
era grande.
Em relação ao tamanho das trutas que tentaram ultrapassar a barreira: 97,4 % dos
saltos foram de trutas pequenas; 2,1 % de trutas médias e 0,5 % de trutas grandes. Estes
factos poderão ser indício que as trutas médias e grandes têm maior facilidade em
transpor a represa logo não são vistas a saltar com tanta frequência, apesar da sua
aparente menor frequência na população. Por seu lado as trutas pequenas como na sua
grande maioria não conseguem ultrapassar a represa são mais contabilizadas nas suas
sucessivas tentativas. No que respeita ao número de saltos é necessário ter em atenção
que não foi possivel saber a quantas trutas correspondem exactamente esses saltos.
No dia 30 de Novembro o número de saltos na represa foi máximo e o número de trutas
observadas na zona de postura foi mínimo, nos dias em que os números de trutas
presentes na zona de postura foram mais elevados os números de saltos na represa
foram mínimos (figura 25). Pela análise dos dados podemos deduzir, embora com
reservas, que quando mais as trutas estão em migração menos se encontram nas zonas
de postura e quanto mais trutas estão na zona de postura menos trutas estão em
migração.
Para se saber se o número de saltos era constante ao longo do dia foi analisado o
número de saltos ao longo de 4 dias (figura 26).
50
45
40
10-11-2011
Nº saltos
35
24-11-2011
30
25
01-12-2011
20
08-12-2011
15
10
5
0
Intervalo de tempo
Figura 26 - Número de saltos, sem sucesso, a cada meia hora ao longo de 4 dias.
42
No dia 10 de Novembro e dia 8 de Dezembro o número de saltos foi mais ou menos
constante ao longo do dia. No dia 1 de Dezembro o número de saltos manteve-se
sensivelmente constante de manhã e diminuiu à tarde e no dia 24 de Novembro não
ocorreram saltos de manhã e o número de saltos aumentou gradualmente à tarde. Não
existiu um padrão na frequência de saltos ao longo do dia apesar de os valores serem
mais constantes da parte da manhã. Perante estes resultados os dados do gráfico
anterior (figura 25) são menos fiáveis devido à variação diária. Os 15 minutos de
contagem podem assim não ser representativos da frequência de saltos do dia, contudo
devido ao número de dias de contagem (47) podem apresentar uma linha de tendência
verdadeira. No dia 24 de Novembro às 10:00 foram observadas cerca de 25 trutas na
base da represa.
Figura 27 - Cardume de trutas em migração na base da represa (2011).
Os pilares de uma ponte que existe sobre a represa, dividem-na em quatro zonas que
são aparentemente iguais, apenas parece existir uma pequena variação no fluxo de
água, entre elas. A zona 2 foi o local onde as trutas mais saltaram (61,8 %) seguida pela
zona 4 (27,4 %) pela zona 1 (6,2 %) e finalmente pela zona 3 (4,6 %) (figura 28). O leito
do rio na zona imediatamente abaixo da represa é artificializado e igual durante cerca de
5 metros.
Figura 28 - Esquema da represa existente no troço do rio Vez que atravessa a vila de Arcos de Valdevez.
43
Este local, durante o período de pesca, foi o local de todo o rio Vez onde foram
observados mais pescadores desportivos em acção de pesca, sendo relatados dias com
a presença de mais de 15 pescadores.
Como referem Jungwirth (1998), Peter (1996) Kubecka (1997) e Rivinojaa (2001) as
represas reduzem os fluxos de água nos rios, interrompendo os movimentos
longitudinais, verticais e transversais dos peixes e afectando consequentemente a
reprodução natural e as deslocações entre habitats.
A represa que pode ter influência no número de trutas que aparece todos os anos na
zona de postura situada 500 m a jusante.
3.4. Pesca desportiva
3.4.1. Jornadas de pesca
As capturas de trutas com comprimentos (CF) entre os 10 e os 20 cm ocorreram em todo
o percurso do rio Vez. Na zona mais a montante, a partir do lote 5, foi difícil a captura de
exemplares com mais de 20 cm, na zona média do rio foi onde se capturaram as trutas
de maior dimensão (> 30 cm) (figura 29).
44
Figura 29 - Locais onde foram capturadas trutas (n=209) no rio Vez, nas jornadas de pesca e respectivo
comprimento furcal (CF).
3.4.1.1. Análise de captura por zonas
Das trutas capturadas nas jornadas de pesca desportiva, 206 foram capturadas com o
mesmo tipo de colher (tamanho nº2, cor dourada com pintas pretas) duas foram
capturadas com anzol iscado com pão e uma com asticot.
45
Os resultados das capturas são apresentados em:
Capturas por unidade de esforço (CPUE) = número de indivíduos capturados / total de
horas de pesca.
Os lotes 1, 2 e 4 foram as zonas com mais capturas por unidade de esforço (truta/hora)
com valores acima de 2 trutas por hora. Para trutas com mais de 19 cm (tamanho mínimo
de captura) a captura por unidade de esforço foi maior no lote 2 (superior a 1,5
trutas/hora) e no lote 3 e nas zonas j e L (superior a 0,5 truta/hora) (figura 30). Contudo
as capturas no lote 2 têm menor valor estatístico pois correspondem apenas a um dia de
pesca. Do lote 5 ao lote 8 não foi capturada nenhuma truta com mais de 19 cm de
comprimento, mas também foram dispendidas poucas horas de pesca nestas zonas e a
pesca foi partilhada.
60
4,5
4
50
3,5
2,5
2
N
30
1,5
20
1
0,5
10
0
-0,5
Lote 8
Lote 7
Lote 6
Lote 5
Lote 4
Lote 3
Lote 2
Lote 1
Zona m
Zona L
Zona J
Zona i
Zona h
Zona g
Zona f
Zona e/ vila
Zona d
Zona c
Zona b
Zona a
0
Lotes
Troço a montante
Truta/hora
3
40
Horas de pesca
Trutas
capturadas
CPUE
CPUE Truta>19cm
Troço a jusante da vila
Figura 30 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas, e capturas por unidade de esforço
(CPUE) (± desvio padrão), por zona do rio Vez.
A diferença entre as CPUE no troço dos lotes e na zona livre (troço a montante da vila +
zona e + troço a jusante) é muito significativa (ANOVA F[1,18] = 12,7; p = 0,003). Estes
resultados determinam que compensa pescar nos lotes pois capturam-se mais trutas por
unidade de esforço. Contudo não existiu diferença significativa entre as capturas com
mais de 19 cm nos lotes e na zona livre (ANOVA F[1,18] = 0,08; p = 0,782). Assim em
relação a trutas com o comprimento mínimo legal de captura (CMLC) a diferença já não é
significativa não compensando para este caso a pesca nos lotes.
46
Os melhores locais para praticar pesca desportiva são então os lotes se o interesse for a
captura do maior número de exemplares de truta (2 trutas/hora). Se o interesse do
pescador for a pesca de exemplares com comprimentos superiores ao CMLC então os
lotes, podem não justificar a opção, devido ao pagamento da licença diária (3 ou 6 €) e à
não existência de diferenças significativas entre as CPUE para trutas com mais de 19 cm.
As duas CPUE (figura 31) diminuem de montante para jusante, o principal motivo das
diferenças pode ser a presença de mais trutas nas zonas mais a montante ou a melhor
eficiência do método de pesca (amostra) nestas zonas (zonas de maior corrente).
120
3
100
2,5
N
1,5
60
1
40
0,5
Trutas/hora
2
80
Horas de pesca
Trutas capturadas
CPUE
CPUE - truta>19cm
20
0
0
-0,5
Lotes
Troço a
montante da
vila
Zona e/ vila
Troço a
jusante da vila
Local
Figura 31 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por unidade de esforço
(±desvio padrão), nos 4 troços.
Quando avaliadas as CPUE nos 4 troços, existem diferenças significativas (ANOVA F[3,16]
= 5,58 p = 0,008) nomeadamente entre as CPUE do troço dos lotes e do troço a jusante
da vila (Comparações emparelhadas de Tukey). Contudo não existiram diferenças
significativas entre as CPUE de trutas com mais de 19 cm, nos quatro troços (ANOVA
F[3,16] = 0,06 p = 0,981)(Comparações emparelhadas de Tukey).
Estes dados são o reflexo da pesca de um pescador, assim embora os resultados sejam
significativos matemáticamente podem eventualmente não se verifivar com outros
pescadores e outras técnicas.
47
Figura 32 - Truta nº 57, CF: 46 cm, peso: 820 g, local: zona j.
3.4.1.2. Análise das capturas ao longo dos meses
Nos meses de Junho e Julho, além do esforço de pesca ter sido baixo, a pesca foi
realizada quase na totalidade em lotes, pelo que o seu valor não foi considerado para
cálculo do melhor mês de pesca. Em termos gerais o melhor mês de pesca foi Abril
influenciado pela abertura dos lotes e diferenciando-se um pouco de Maio pelo número
de trutas, com mais de 19 cm, capturadas por hora (figura 33). Em termos de CPUE o
pior mês foi Março, salientando-se o facto de grande parte das jornadas de pesca ter-se
realizado na zona “e” /vila (zona com baixo valor de CPUE). A partir de Abril embora a
pesca tenha apresentado valores de CPUE sempre acima de uma truta por hora, a
1,8
80
1,6
70
1,4
60
1,2
50
1
40
0,8
30
0,6
20
0,4
10
0,2
N
90
0
0
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Truta/hora
captura de trutas com tamanhos superiores a 19 cm foi mais difícil.
Horas de pesca
Trutas pescadas
CPUE
CPUE truta>19cm
Mês
Figura 33 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas, capturas por unidade de esforço, por
mês, em todo o curso do rio Vez.
48
Para analisar melhor os dados analisou-se em separado a evolução da pesca ao longo
dos meses para o troço dos lotes e para a zona livre (troço a montante da vila + vila +
troço a jusante da vila).
No troço dos lotes nos meses de Abril, Maio e Junho obtiveram-se níveis de captura
bastante idênticos, acima de duas trutas por hora. No que respeita à pesca de
exemplares com mais de 19 cm ao longo dos meses foi cada vez mais difícil a sua
60
2,5
50
2,0
N
40
1,5
30
1,0
20
Truta/hora
captura (figura 34).
0,5
10
0
Horas de pesca
Trutas capturadas
CPUE
CPUE - truta>19cm
0,0
Abril
Maio
Junho
Julho
Mês
Figura 34 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas, e capturas por unidade de esforço, por
mês, para todos lotes.
Os melhores meses de pesca para a zona livre foram Abril e Maio com capturas acima
de um exemplar por hora. Para o mesmo número de horas, em Maio capturaram-se mais
trutas mas em Abril o número de capturas de trutas com mais de 19 cm foi maior (figura
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
1,4
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
Truta/hora
N
35).
Horas de pesca
Trutas capturadas
CPUE
CPUE - truta>19 cm
0
Mar
Abril
Maio
Junho
Mês
Figura 35 – Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por unidade de esforço, por
mês, para a zona livre.
49
Tabela 3 - Comparação entre dados de pesca da zona reservada (lotes) e da zona livre.
CPUE
CPUE
Comprimento
Desvio padrão
trutas/hora
trutas com > 19 cm/hora
médio (cm)
(cm)
24
2
0,49
17,45
5,24
112
43
0,78
0,23
17,8
5,39
209
67
1,09
0,35
17,64
5,31
Nº horas
Nº trutas
Nº trutas >19 cm
Lotes
48,5
97
Zona livre
143,5
Total
192
No total, nas jornadas de pesca capturaram-se 209 trutas com uma média de comprimentos de 17,6 cm, tendo-se capturado cerca de uma
truta por hora. A CPUE para os lotes foi aproximadamente o dobro da CPUE para a zona livre, tanto para as capturas totais como para trutas
com mais de 19 cm.
50
3.4.1.3. Análise das capturas ao longo do dia
Os intervalos de horas mais "produtivas” para pesca pareceram ser os intervalos das
[9:00-10:00[, das [10:00-11:00[ e das [19:00-20:00[ com CPUE de 1,5; 1,4 e 1,9
trutas/hora respectivamente. Para trutas com mais de 19 cm as CPUE mais elevadas
registaram-se aparentemente no intervalo de horas [8:00-11:00[ com valores acima de
0,5 trutas/hora (figura 36).
40
2,5
35
N
25
1,5
20
1
15
10
Truta/hora
2
30
0,5
Horas de pesca
0
Trutas
capturadas
CPUE
5
0
Intervalos de horas
CPUE trutas>19 cm
Figura 36 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por unidade de esforço
(±erro padrão), de hora em hora, para todo o curso do rio Vez.
Contudo quanto efectuada a similaridade de Bray Curtis (transformação raiz quadrada),
no que respeita aos intervalos com maior CPUE, apenas se verificou uma semelhança
elevada (cerca de 90%) entre os intervalos [9:00-10:00[ e das [10:00-11:00[. Das 15:00
às 19:00 a similaridade também foi elevada (figura 37).
Estes dados apresentam algum paralelismo com a observação de Eriksson (1978) que
refere que a truta é um peixe crepuscular, com a máxima actividade ocorrendo ao
amanhecer e ao anoitecer. Em outros estudos Sagar (1988) e Riehle (1993) também
salientaram que os salmonideos são crepusculares.
51
Figura 37 – Dendrograma da percentagem de similaridade de CPUE entre intervalos de tempo (hora) (nº de
horas de pesca = 192).
Nos lotes, nos intervalos das [14:00-15:00[ e das [18:00-19:00[ registaram-se capturas
médias de 3 trutas/hora. Para trutas com mais de 19 cm verificaram-se mais capturas
entre no intervalo [8:00-9:00[ e no das [19:00-20:00[ com valores de 1,5 e 1 truta/hora
respectivamente (figura 38). Existe alguma semelhança com o estudo de Kreivi (1999)
que refere que a alimentação de trutas com idade 1+, num rio na Finlândia, foi
14
3,5
12
3
10
2,5
2
6
1,5
4
1
2
0,5
0
0
N
8
Truta/hora
geralmente maior no crepúsculo e nas horas à volta do meio-dia.
Horas de pesca
Trutas capturadas
CPUE
CPUE - truta >19 cm
Intervalos de horas
Figura 38 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por unidade de esforço, de
hora em hora, para o troço dos lotes.
52
No troço a montante da vila capturaram-se mais trutas no intervalo das [9:00-10:00[ e no
intervalo das [19:00-20.00[, cerca de 2,5 trutas/hora. Para trutas maiores que o tamanho
mínimo de captura os melhores intervalos foram os das [9:00-10:00[ e das [18:00-19:00[
14
3
12
2,5
10
2
8
N
1,5
6
1
4
Truta/hora
com capturas de 0,75 trutas/hora e 1 truta/hora respectivamente (figura 39).
Horas de pesca
2
0,5
0
0
Trutas capturadas
CPUE
CPUE - truta >19
cm
Intervalos dehoras
Figura 39 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por unidade de esforço, de
hora em hora, para o troço a montante da vila.
Na zona “e”/vila as CPUE apresentaram valores mais elevados nos intervalos [9:0010:00[ e [19:00-20:00[ com 1 truta/hora e 2 truta/hora respectivamente. O periodo das
[9:00-10:00[ revelou-se também um bom momento para captura de trutas com mais de 19
cm bem como o intervalo das [16:00-17:00[ com CPUE de 1 truta/hora e 0,5 truta/hora
respectivamente (figura 40).
53
12
2,5
10
8
N
1,5
6
1
4
Truta/hora
2
0,5
2
Horas de pesca
Trutas capturadas
0
0
CPUE
CPUE - truta >19 cm
Intervalos horas
Figura 40 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por unidade de esforço, de
hora em hora, para a zona e/ vila.
Para o troço do rio Vez a jusante da vila, os melhores intervalos de pesca tanto para o
total de trutas como para as trutas com comprimentos superiores a 19 cm, foram os
intervalos das [16:00-17:00[ e das [19:00-20:00[ com CPUE de cerca de 0,6 e 1 truta/hora
respectivamente e para trutas com mais de 19 cm de cerca de 0,4 e 0,3 trutas/hora
respectivamente (figura 41).
9
1,2
8
N
6
0,8
5
0,6
4
3
0,4
2
Truta/hora
1
7
0,2
1
0
0
Horas de pesca
Trutas capturadas
CPUE
CPUE - truta >19 cm
Intervalos de horas
Figura 41 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por unidade de esforço, de
hora em hora, para o troço a jusante da vila.
54
Em geral, nos 4 troços as CPUE foram mais elevadas ao crepúsculo, nos lotes os
valores de CPUE também foram elevados durante o dia. Como referem Waters (1972),
Brittain e Eikeland (1988) a atividade no crepúsculo é provavelmente benéfica em termos
de recompensa alimentar pois a densidade de deriva de insectos tipicamente aumenta
neste período do dia.
3.4.1.4. Análise de capturas em relação à temperatura da água
A temperatura da água do rio está intimamente ligada tanto à divisão dos troços, ou seja,
quanto mais para montante menor foi a temperatura, como ao mês, ou seja, de Março a
Julho a temperatura média da água do rio aumentou (figura 14). Tendo em atenção este
aspecto é difícil estabelecer a temperatura óptima de captura pois esta depende de duas
variáveis zona e mês. Apesar deste facto o intervalo de temperatura da água do dos 8
aos 10ºC foi aquele que apresentou aparentemente mais capturas por unidade de
60
2
1,8
1,6
1,4
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
50
N
40
30
20
10
0
Truta/hora
esforço, embora influenciado em grande parte pela pesca nos lotes (figura 42 e 43).
Horas de pesca
Trutas capturadas
CPUE
Intervalos de temperatura (ºC)
Figura 42 - Número de horas de pesca, número de capturas e capturas por unidade de esforço face a
diferentes intervalos de temperatura do rio.
55
60
45
40
Trutas capturadas nos
lotes
35
40
30
25
30
20
20
15
Nº horas
Nº trutas
50
Trutas capturadas no troço
a montante da vila
Trutas capturadas na zona
da vila
10
10
5
0
Trutas capturadas no troço
a jusante da vila
0
Horas de pesca
Intervalos de temperatura (ºC)
Figura 43 - Número de horas de pesca e número de capturas em cada troço face a diferentes intervalos de
temperatura.
3.4.1.5. Análise das capturas perante as condições climáticas
Tabela 4 - Descrição geral do estado do rio e do tempo, apresentação do número de horas de pesca, de
trutas capturadas e CPUE (truta/hora) de 1 de Março até 21 de Julho de 2012.
Estado do Rio
Estado do tempo
Nº Horas
Nº Trutas
CPUE
Limpo (cor amarelada)
Pouco nublado/aguaceiros
12
29
2,4
Limpo
Pouco nublado/aguaceiros
7,5
14
1,9
Limpo
Nublado/aguaceiros
16
23
1,4
Turvo
Nublado/chuva
2,5
3
1,2
Limpo
Nublado
18,5
21
1,1
Limpo (cor amarelada)
Pouco nublado
6,5
7
1,1
Limpo
Limpo
6
6
1
Limpo
Limpo
89,5
84
0,9
Limpo (cor amarelada)
Nublado
9,5
8
0,8
Limpo (cor amarelada)
Limpo
2,5
2
0,8
Limpo
Pouco nublado
17,5
12
0,7
É significativa a diferença entre as CPUE em dias de aguaceiros/chuva e as CPUE em
dias sem precipitação (t-test t=3,85 p=0,0039). A pouca precipitação (aguaceiros)
influência positivamente a captura de trutas, contudo deve-se ressalvar que não foi
efectuada pesca em condições de elevada precipitação.
56
3.4.1.6. Ataques ao isco (colher)
Nas jornadas de pesca ocorreram 391 ataques ao isco, 53,5 % das trutas que atacaram
o isco foram capturadas (percentagem de sucesso igual à percentagem do quociente
entre o nº de capturas e o nº total de ataques); 8,4 % das trutas foram cravadas mas
fugiram em algum momento da recuperação e 38,1 % apenas atacaram o isco não
chegando a ficar cravadas em nenhum dos 3 anzois (figura 44).
Nº de ataques ao isco,
com captura de truta
33
149
Nº de ataques ao isco,
sem captura
209
Nº de ataques ao isco com
truta cravada, sem captura
Figura 44 - Número de ataques ao isco, com captura de truta e número de ataques ao isco, sem captura de
truta.
Extrapolando um pouco sobre a eficácia da colher, esta poderá estar relacionada com a
forma de ataque das trutas, com a sua desconfiança, com o tamanho das trutas (trutas
pequenas serão mais dificilmente cravadas devido ao tamanho proporcionalmente maior
dos anzois) ou com a forma de pescar do pescador (velocidade de recuperação da colher
e ângulo da cana em relação à linha no momento do ataque). Dada esta percentagem de
sucesso, existe uma margem substancial para o melhoramento técnico da amostra por
forma a maximizar as capturas por unidade de esforço.
Tabela 5 - Percentagens de sucesso nas quatro zonas de pesca.
Troço
% sucesso
Lotes
61,0
Troço a montante da vila
54,4
Zona e/vila
37,3
Troço a jusante da vila
42,9
Total
53,5
Nos lotes, 61 % dos ataques resultaram na captura de uma truta enquanto que no troço
abaixo da vila apenas 43 % dos ataques deram origem à captura de uma truta. A zona
57
livre (troço a montante da vila + vila + troço a jusante da vila) teve uma percentagem de
sucesso de 48 %.
A razão para a percentagem de sucesso nos lotes ser maior poderá estar relacionada
com: as trutas serem menos “desconfiadas” devido ao menor número de pescadores
diários (apenas 1 ou 2) e consequentemente ao menor esforço de pesca; à maior
voracidade devido à competição existente (muitas trutas) ou à melhor eficiência do isco
em zonas de corrente.
A percentagem de sucesso total revelou que cerca de metade dos ataques ao isco
resultou na captura de um exemplar, mas das trutas capturadas apenas 32 % (67 trutas)
é que podiam ter sido retidas pelo pescador pois superavam o comprimento mínimo de
captura.
Nos lotes e no troço a montante da vila a maior parte das capturas 67,7 % e 73,3 %
respectivamente, ocorreu em água corrente enquanto na vila e a jusante da vila o número
de capturas foi semelhante em águas paradas e em águas correntes. Em todo o curso do
rio 65,5 % das capturas ocorreu em locais de corrente enquanto 34,5 % das capturas
ocorreu em locais de água parada (figura 45).
Nº trutas
120
100
80
60
40
20
0
Lotes
Troço a
montante
da vila
Zona
e/vila
Troço a
jusante
da vila
Capturas em
água corrente
Capturas em
água parada
Figura 45 - Número de capturas de truta em água parada e água corrente.
Nos dois troços mais a montante os ataques sem captura ocorreram mais em zonas de
corrente 75,9 e 60,5 % respectivamente, enquanto que nos dois troços mas a jusante os
ataques ocorreram mais em águas paradas 53,8 % e 66,7 %. Do total de ataques sem
capturas 63,2 % ocorreu em zonas de corrente e 36,8 % em locais de água parada
(figura 46).
58
Nº trutas
70
60
50
40
30
20
10
0
Ataques ao isco, sem
captura, em água
corrente
Lotes
Troço a
montante
da vila
Zona
e/vila
Ataques ao isco, sem
captura, em água
parada
Troço a
jusante
da vila
Figura 46 - Número de ataques ao isco, sem captura de truta, em águas paradas e correntes.
Verifica-se assim um paralelismo entre valores e percentagens de captura de trutas e
entre valores e percentagens de ataques ao isco sem captura em águas paradas e
correntes. Estes resultados mostram que as trutas descravam-se igualmente da colher
em cada troço seja o local de corrente ou de água parada.
3.4.1.7. Número de anzois cravados
Nos lotes 40,7 % das trutas foram capturadas com somente um anzol cravado. A
percentagem de trutas capturadas com 3 anzois cravados foi de 25,9 % (figura 47).
25,9
33,3
40,7
% 1 anzol
cravado
% 2 anzois
cravados
% 3 anzois
cravados
Figura 47 - Percentagens de trutas capturadas com 1, 2 ou 3 anzois cravados, na zona dos lotes (n=97).
Contrariamente, na zona livre 28,1 % das trutas foi capturada com 1 anzol cravado
enquanto que 38,6 % das trutas foram capturadas com 3 anzois cravados (figura 48).
59
38,6
28,1
33,3
% 1 anzol
cravado
% 2 anzois
cravados
% 3 anzois
cravados
Figura 48 - Percentagens de trutas capturadas com 1, 2 ou 3 anzois cravados, na zona livre (n=112).
Analisando os dados de anzois cravados de todas as trutas em ambas as zonas as
percentagens são muito semelhantes: 35,5 % para um anzol cravado; 33,3 % para dois
anzois cravados e 31,2 % para três anzois cravados.
3.4.1.8. Classes de comprimento das trutas capturadas nas jornadas de pesca
A classe de comprimentos com maior número de capturas foi a dos 10 aos 15 cm. Cerca
de 94 % das trutas pescadas apresentaram comprimentos entre os 10 e os 25 cm
enquanto que apenas 6 % apresentava comprimentos entre os 25 e os 50 cm. Como se
pode ver na figura 49 a maior parte das capturas foi feita no troço dos lotes e no troço a
montante da vila (82%) o que pode ser justificado pelo maior comprimento da soma
destes dois troços e pelo possivel maior número de trutas.
90
80
70
60
Trutas capturadas nos lotes
N
50
Trutas capturadas no troço a
montante da vila
40
30
Trutas capturadas na zona da
vila
20
Trutas capturadas no troço a
jusante da vila
10
0
Classe de comprimento (cm)
Figura 49 - Classes de comprimentos das trutas capturadas nos 4 troços amostrados por pesca desportiva
(n=209).
60
O facto de se capturarem poucas trutas com comprimentos superiores a 25 cm poderá
estar relacionado com a estrutura real da população, com a eficácia da colher para trutas
maiores ou com o comprimento mínimo legal de captura (CMLC). Como referem Keeley e
Grant (2001) o tamanho a partir do qual as trutas se tornam predominantemente
piscívoras é 30 cm (ver anexo I), logo a colher pode não ser uma boa imitação de um
peixe, sendo apenas um estimulador do instinto predatório da truta ou uma imitação de
um insecto. Quanto maior for o CMLC, em principio, mais protegida será a truta pois mais
exemplares terão mais oportunidades de reprodução. O CMLC parece determinar a
estrutura da população. Se visualizarmos a figura 49 foram capturadas cerca de 40 trutas
da classe [20-25[ mas o número decresceu muito para a classe seguinte (5 trutas). O
facto de existir um número relevante de trutas da classe [20-25[ poderá dever-se ao facto
de terem sido protegidas pelo CMLC no ano anterior, mas como a pesca desportiva
extrativa parece incidir predominantemente sobre esta classe no ano seguinte a classe
[25-30[ apresenta poucos indivíduos. Esta hipótese explicaria os poucos indivíduos
capturados das classes de comprimentos mais altas.
Como referem Almodóvar e Nicola (2004) a pesca desportiva intensa tem diminuído a
idade média, a diversidade de idades e o número de trutas que excedem o tamanho
mínimo de captura. O tamanho mínimo de captura reduz as hipóteses de sucesso na
postura de populações de crescimento rápido devido à suscetibilidade à pesca
desportiva. O actual declínio da truta fário pode ser reduzido com um regulamento
específico para cada rio e por normas de pesca alternativas.
Tabela 6 - Número de trutas, percentagem do total de capturas com CMLC e número de trutas que, nestas
jornadas, poderiam ser retidas ou que teriam de ser obrigatoriamente libertadas, caso o comprimento mínimo
legal de captura (CMLC) aumentasse ou diminuísse.
Nº de trutas que poderiam ser
Nº trutas
% de
com
capturas
CMLC
com CMLC
21 cm
38
18,2
- 27
20 cm
54
25,8
- 11
19 cm*
67
32,1
0
18 cm
83
39,7
+ 18
17 cm
96
45,9
+ 31
CMLC
retidas (+) ou nº que teriam que
teriam de ser libertadas (-) caso
o CMLC fosse diferente
*CMLC em vigor
61
Com um do comprimento mínimo de captura maior ou com zonas de pesca sem morte o
número de trutas de classes de comprimento mais altas poderia teoricamente aumentar
apesar da maior predação e competição que existiria.
Estudos de Almodôvar (2001) na Galiza apresentaram dados de densidade, biomassa e
produtividade nas zonas de pesca desportiva inferiores aos valores das zonas vedadas à
pesca. Contudo estudos realizados por Braña (1992) noutros rios do Norte de Espanha
não detectaram uma redução na abundância nas populações devido ao efeito da pesca
desportiva.
Jonsson (2001) verificou em 17 rios da Noruega que os comprimentos médios de
machos (residentes) maduros situaram-se entre os 16 e os 24 cm, se em Portugal se
verificar um intervalo de maturidade semelhante quer dizer que algumas trutas podem ser
retidas sem terem efectuado a reprodução pelo menos uma vez, o que coloca a espécie
em risco.
3.4.1.9. Melhor zona de pesca
Para avaliar a melhor zona de pesca estabeleceram-se como 4 critérios de avaliação o
valor das CPUE (truta/hora e truta>19 cm/hora) e as médias dos comprimentos e pesos
das trutas capturadas. A cada critério atribuiu-se o peso de 25 pontos sendo assim a
pontuação máxima de 100 pontos. As melhores zonas para pesca foram o lote 2 (90,9
pontos), o lote 3 (75,8 pontos) e a zona j (64 pontos). Como já foi referido anteriormente,
no lote 2 só se pescou num dia, sendo este valor menos consistente.
3.4.1.10. Melhor troço de pesca
Para calcular o melhor troço de pesca, aplicaram-se os mesmos critérios do cálculo da
melhor zona. O melhor troço de pesca foi o troço dos lotes (95 pontos) seguido pelo troço
acima da vila (82 pontos) e pela zona da vila e troço abaixo da vila, ambos com 67
pontos.
62
3.4.2. Dados das trutas capturadas nas jornadas de pesca e das trutas
capturadas por vários pescadores desportivos no rio Vez
3.4.2.1. Comprimento médio das trutas capturadas
(n=209 + 40)
Tendo em atenção que a pesca desportiva é uma pesca selectiva a média dos
comprimentos para as várias zonas situou-se entre os 12,9 cm e os 20,9 cm. Em cinco
zonas as trutas apresentaram comprimentos médios de cerca de 20 cm (Zona c, d, g, lote
2 e lote 3) (figura 50). Em relação ao comprimento individual de cada truta os valores
variaram entre 10,5 e 46 cm.
Comprimento médio (cm)
26
24
22
20
18
16
14
12
Zona a
Zona b
Zona c
Zona d
Zona f
Zona g
Zona h
Zona e/vila
Zona
Zona i
Zona j
Zona l
Lote 1
Zona m
Lote 2
Lote 3
Lote 4
Lote 5
Lote 6
Lote 7
Lote 8
10
Figura 50 - Média (± erro padrão) dos comprimentos das trutas nas várias zonas.
Nota: no lote 7 e 8 apenas foi capturada uma truta.
No troço dos lotes a média dos comprimentos foi de 17,5 cm (n=104), no troço a
montante da vila a média foi de 18 cm (n=78), na zona da vila a média foi de 19,1 cm
(n=48) e no troço a jusante da vila a média dos comprimentos foi de 19 cm (n=19) (figura
51).
63
Comprimento médio (cm)
22
20
18
16
14
12
10
Lotes
Troço a
montante da vila
Zona e/ vila
Troço a jusante
da vila
Figura 51 - Média dos comprimentos (± erro padrão) das trutas nos quatro troços.
Não existiram diferenças significativas entre os comprimentos das trutas capturadas nos
4 troços (Kruskal-Wallis H (3, N=249) = 7,63 p=0,054) e também não existiram diferenças
significativas entre comprimentos das trutas nos lotes e na zona livre.
3.4.2.2. Peso médio das trutas capturadas
(n=249)
A média dos pesos em cada zona variou entre os 25 g (lote 6) e os 149 g (lote 3). O lote
3 (lote de pesca sem morte) apresentou uma média de pesos elevada influenciado pelo
dia de pesca na abertura do lote, em que se capturaram três trutas com pesos de 440 g,
721 g e 910 g. O lote 6 apresentou um valor de peso médio bastante baixo mas assente
apenas na média de pesos de 3 trutas. Em relação ao peso individual de cada truta os
valores variaram entre 12 e 910 g (figura 52).
64
225
200
Peso médio (g)
175
150
125
100
75
50
25
0
Zona
Figura 52 – Média (± erro padrão) dos pesos das trutas capturadas nas várias zonas.
A média do peso das trutas nos lotes foi de 80,2 g, na vila foi de 90 g e no troço a
jusante da vila a média so peso das trutas capturadas foi de 80,5g. Contudo não
existiram diferenças significativas entre os pesos das trutas nos 4 troços (Kruskal-Wallis
H (3, N=248) = 6,11 p = 0,106) e também não existiram diferenças significativas entre o
Peso médio (g)
peso das trutas dos lotes e da zona livre (figura 53).
110
105
100
95
90
85
80
75
70
65
60
Lotes
Troço a
montante da vila
Zona e/ vila
Troço a jusante
da vila
Figura 53 – Média (± erro padrão) dos pesos das trutas nos quatro troços.
65
3.4.2.3. Comprimento e peso médios das trutas capturadas
(n=249)
Tabela 7 - Média do comprimento furcal e do peso de trutas do rio Vez e respectivo desvio padrão, nos lotes
e na zona livre.
Comprimento (cm)
Peso (g)
Média
Desvio padrão
Média
Desvio padrão
Lotes
17,45
5,244
80,23
118,13
Zona livre
18,46
5,80
85,11
95,9
Total
18,04
5,59
83,08
105,5
Existiu uma diferença de 1 cm entre a média dos comprimentos das trutas nas duas
zonas e uma diferença de cerca 5 g entre a média dos pesos.
3.4.2.4. Coeficientes de condição K médios das trutas capturadas
(n=249)
A média dos coeficientes de condição K para cada zona situou-se entre o valor 1,03
(zona g) e 1,19 (lote 5) (figura 54). Analisando os coeficientes individuais de todas as
trutas capturadas o coeficiente menor foi de 0,75 (peixe muito magro) e o coeficiente
maior foi de 1,41 (peixe bem proporcionado).
Coeficiente de condição K médio
1,3
1,25
1,2
1,15
1,1
1,05
1
0,95
0,9
0,85
0,8
Zona
Figura 54 – Média do coeficientes de condição K (± desvio padrão) em cada zona.
66
O troço dos lotes foi aquele que apresentou um coeficiente de condição K médio maior
(1,16) enquanto que o troço mais a jusante da vila apresentou um coeficiente K médio
menor (1,07). A zona livre apresentou uma média do coeficiente K de 1,09.
A diferença entre os coeficientes de condição K entre os lotes e zona livre não foi
significativa (t-test t=1,46 p=0,12). Contudo pela análise ANOVA F[3,244] = 10,33 p<0,01 é
muito significativa a diferença entre o coeficiente de condição K médio nos lotes e cada
coeficiente de condição K médio
uma das outras 3 zonas (figura 55).
1,3
1,25
1,2
1,15
1,1
1,05
1
0,95
0,9
0,85
0,8
Lotes
Troço a montante
da vila
Zona e/vila
Troço a jusante da
vila
Lotes
Troço a
montante da
vila
Zona e/vila
Troço a jusante
da vila
Figura 55 - Coeficientes k médios (± desvio padrão) em cada troço.
3.4.3. Pescadores desportivos
Durante as jornadas de pesca no rio Vez foram avistados 122 pescadores em açcão de
pesca, tendo em atenção que alguns pescadores foram vistos mais de que uma vez o
número total real de pescadores foi mais baixo. Desses pescadores, 57 foram inquiridos
(alguns mais de que uma vez) sobre o número de trutas capturadas no dia. Não foi
possível inquirir todos os pescadores porque alguns encontravam-se na margem
contrária ao observador. As respostas para o número de trutas capturadas por dia
variaram entre 0 e 15 trutas (n=125) sendo a média de 2,2 trutas/pescador.dia. De uma
amostra de 40 trutas pescadas pelos pescadores desportivos e cujos dados foram
analisados (Comprimento furcal e total, peso e isco utilizado) 17 foram capturadas com
colher, 15 com “asticot” e 8 com minhoca.
67
Tabela 8 - Pescadores observados em acção de pesca no rio Vez (50 dias).
Zona
Nº pescadores
Nº horas de observação
Lotes
6*
48,5
Troço a montante da vila
8
60
Zona e/vila
92
50,5
Troço a jusante da vila
16
33
Total
122
192
*Pescador que acompanhou as jornadas de pesca (6 vezes)
3.4.4. Análise de conteúdos estomacais
As trutas analisadas, pescadas em 15 zonas diferentes, foram capturadas entre Março e
Maio e apresentaram comprimentos entre os 12,5 (truta que morreu) e 26,5 cm e pesos
entre os 20 e os 172 g. Embora a amostra seja pequena, nestas trutas a proporção de
sexos encontrada foi de 1:1,3 (fêmea:macho)
As ordens mais abundantes nos conteúdos estomacais foram a Ephemeroptera e
Díptera tendo esta última uma frequência de ocorrência bastante mais elevada. A ordem
Trichoptera embora tenha apresentado uma abundância relativa baixa apresentou uma
frequência de ocorrência muito elevada (tabela 9). O índice de replecção dos estômagos
variou entre 36 e 327.
Figura 56 - Conteúdo estomacal regurgitado por uma truta do lote 3, truta nº116, comp: 23 cm, peso: 132 g.
68
Tabela 9 - Abundância relativa e frequência de ocorrência de várias ordens e classes de artrópodes e
moluscos.
Ordem
Pi
F
Ephemeroptera
67,6
64,3
Pi ≡ Abundância relativa (%)
Díptera
20,4
92,9
F ≡ Frequência de ocorrência (%)
Trichoptera
6,9
85,7
Coleoptera
2,2
35,7
Plecoptera
1,4
35,7
Hemiptera
0,2
14,3
Odonata
0,1
7,1
Lepidoptera
0,1
7,1
Isopoda
0,1
7,1
Arachnida
0,6
21,4
Gastropoda
0,1
7,1
Classe
O número de identificações de organismos variou com o grau de digestão dos conteúdos
estomacais, podendo ser um factor de erro na análise das abundâncias e ocorrências.
Não foram encontrados estômagos vazios contudo numa das trutas não foi identificada
nenhuma ordem.
A partir de uma observação inicial considerou-se que cerca de metade das trutas
apresentava o estômago cheio e a outra metade apresentava o estômago pouco cheio,
posteriormente através do índice de replecção dos estômagos verificou-se que os
estômagos considerados cheios apresentavam os valores do índice mais elevados com
valores quase sempre acima de 100.
Estes dados sugerem que o ataque ao isco poderá não estar directamente ligado com a
necessidade alimentar das trutas.
No estudo de Teixeira (2006) nos rios Baceiro e Sabor as trutas do ano alimentaram-se
predominantemente das presas aquáticas mais disponíveis pertencentes às ordens
Díptera e Ephemeroptera não sendo encontrados insectos da ordem Trichoptera nos
conteúdos estomacais.
69
3.4.5. Análise de idade
Para análise da idade, foram observadas 249 amostras de escamas de truta. Em 86
amostras não foi possível estimar a idade: por impossibilidade de leitura, por não existir
concordância entre as observações ou por existir dúvida numa ou em duas observações.
Para as restantes 163 amostras a idade das trutas foi estabelecida por maioria de
observações coincidentes. Como a análise dos otólitos estabelece mais fielmente a idade
das trutas, a idade estimada por observação de otólitos de 13 trutas foi comparada com a
idade estimada a partir da observação de escamas dos mesmos exemplares. Como a
concordância foi de apenas 38 % os dados obtidos são pouco esclarecedores e
afectados por um erro elevado.
Como refere Abad (1982) para a truta, é importante ter em conta a ocorrência dum erro
frequente devido à pouca evidência do primeiro “annulus” que é delimitado pelos
primeiros 7 “circuli”.
18
16
Idade 0+
14
Idade 1+
12
Idade 2+
N
10
8
Idade 3+
6
Idade 4+
4
Idade 5+
2
[10-11[
[11-12[
[12-13[
[13-14[
[14-15[
[15-16[
[16-17[
[17-18[
[18-19[
[19-20[
[20-21[
[21-22[
[22-23[
[23-24[
[24-25[
[25-26[
[26-27[
[27-28[
[28-29[
[29-30[
[30-31[
[31-32[
[32-33[
[33-34[
[34-35[
[35-36[
[36-37[
[37-38[
[38-39[
[39-40[
[41-42[
[42-43[
[43-44[
[44-45[
[45-46[
[46-47[
0
Classe de comprimento
Figura 57 - Número de trutas com idades 0+, 1+, 2+, 3+, 4+ e 5+ em cada classe de comprimento (n=163),
determinada pela análise de escamas.
O facto de a pesca ter sido praticada durante 5 meses também pode ser um factor que
dificulta a atribuição de um intervalo de comprimentos para a idade, devido ao
crescimento de cada truta em cada mês.
70
2anos
1 ano
1 ano
Figura 58 - Escama da truta nº 216, idade 1+, CF:
Figura 59 - Escama da truta nº 111, idade: 2+, CF:
12,4 cm, peso: 22 g, local de captura: lote1.
18 cm, Peso: 73 g, local de captura: lote 3.
Figura 60 - Escama nº 129, idade 3+, CF: 18 cm,
Figura 61– Escama da truta nº 150, idade 5+, CF:
peso: 68 g, local de captura: lote 1.
26 cm, peso: 212 g, local de captura: lote 2.
Á medida que a idade dos peixes aumentou foi mais difícil a leitura das escamas, como
refere Rifflart (2006) a taxa de erro sobe com o aumento da idade, assim para cálculo de
idades mais elevadas existirá um maior erro associado.
Muitas das escamas recolhidas apresentavam o núcleo amorfo (escamas de
regeneração)
e
outras
apresentavam-se
um
pouco
degradadas.
71
3.4.6. Otólitos
Figura 62 - Otólito da truta nº90, idade 2+, CF:
Figura 63 - Otólito da truta nº46, idade 3+, CF: 22,2 cm,
19 cm, peso: 77 g, local de captura: zona
peso: 114 g, local de captura: zona d (Luz transmitida).
L.(Luz transmitida).
Nas figuras 62 e 63 são visíveis as bandas de crescimento para a idade 2+ e para a
idade 3+.
3.5. Pesca eléctrica
Este é o processo de captura mais usado em ribeiros para fins científicos, pois permite
frequentemente a obtenção de amostras da população estatisticamente significativas
num espaço de tempo limitado. A reacção dum peixe à corrente eléctrica deve-se ao
estímulo do seu sistema nervoso, e é traduzida por uma série de movimentos musculares
involuntários. Estes podem conduzir à saída do peixe de um abrigo e ao seu movimento
na direcção do eléctrodo transportado pelo operador, permitindo assim a sua fácil
captura.
Factores que afectam a eficiência da corrente eléctrica:
a) Tamanho do peixe – os indivíduos de dimensões superiores são mais
susceptíveis à corrente eléctrica.
b) Espécie – cada espécie possui para cada tipo de corrente um determinado tipo de
reacção.
c) Propriedades físicas da água e do habitat – as reacções do peixe à corrente
eléctrica dependem essencialmente da diferença de potencial entre a cabeça e a
barbatana caudal, sendo tanto maior quanto mais elevada for acondutividade
(Cortes e Ferreira 2003).
A abundância das espécies de peixe dos rios é calculada através de amostragens: uma
secção do rio é espacialmente delimitada, grupos de peixes são sucessivamente
72
removidos da secção por pesca elétrica e contados, e finalmente os peixes são libertados
todos juntos (Lobón-Cerviá 1991).
Neste trabalho, nas zonas mais a jusante devido à largura do rio foi mais dificil amostrar e
delimitar toda a área originando assim uma menor eficiência do método.
Tabela 10 – Dados da pesca eléctrica
Lote 6
Zona m
Zona i
Zona a
Condutividade (S/m)
0,021
0,048
0,033
0,046
Temperatura (ºC)
14,9
16,5
15,6
16
Oxigénio dissolvido (%)
95,5
81,6
95,2
90,9
Oxigénio (mg/l)
9,65
7,85
9,48
8,99
Comprimento de amostragem (m)
50
50
50
70
Largura (m)
20
15
30
30
Tempo de amostragem (min)
60
60
45
45
Trutas (n)
59
25
19
5
Barbos (n)
0
0
2
27
Panjorca (n)
10
2
23
26
Enguias (n)
7
6
6
7
Lampreias* (n)
0
0
0
2
*amocetes
Com a pesca eléctrica capturaram-se 307 peixes: 35,2 % trutas (salmo trutta); 26,4 %
bogas (Chondrostoma polylepis); 19,9 % panjorcas (Chondrostoma arcasii); 9,4 % barbos
(Barbus bocagei); 8,5 % enguias (Anguilla anguilla) e 0,7 % lampreias (Petromyzon
marinus). Estranhamente não se capturaram escalos. Estes dados apresentam
semelhanças com o estudo de Vieira (2011), especialmente na percentagem de trutas,
que obteve, para as três espécies mais representativas, percentagens de abundância
para a truta fário de 33,7 %, para a boga de 20,6 % e para a enguia de 18,6 %. No estudo
de Maia (1999) em 6 afluentes do rio Lima (Vade, Estorãos, Trovela, Labruja, Tamente e
Froufe) a truta fário representou mais de 50 % das capturas.
73
3.5.1. Análise da idade
6
5
N
4
Idade 0+
3
Idade 1+
2
Idade 2+
1
Idade 3+
[27-28[
[26-27[
[25-26[
[24-25[
[23-24[
[22-23[
[21-22[
[20-21[
[19-20[
[18-19[
[17-18[
[16-17[
[15-16[
[14-15[
[13-14[
[12-13[
[11-12[
[10-11[
[9-10[
[8-9[
[7-8[
[6-7[
0
Classe de comprimentos
Figura 64 - Número de trutas capturadas por pesca eléctrica com idades de 0+, 1+, 2+, 3+, determinadas por
leitura de escamas, para cada classe de comprimento (n= 25).
Apesar do número de escamas analisadas ser pequeno (n=25) as trutas entre 7 e 9 cm
de comprimento apresentaram uma leitura de idade de 0+ e trutas entre os 13 e os 19 cm
apresentaram uma idade de 2+.
3.6. Pesca eléctrica e pesca desportiva
3.6.1. Capturas por unidade de esforço
Existiu uma grande diferença, na pesca eléctrica, entre o número de total de trutas
capturadas e o número de trutas com mais de 19 cm capturadas, por hora. Essa
diferença diminuiu de montante para jusante. Nas jornadas de pesca desportiva essa
diferença é muito menor. Pela análise das linhas de capturas por unidade de esforço, a
linha de CPUE por pesca eléctrica (verde claro) apresenta valores muito superiores às
outras linhas, demonstrando a eficiência do método pelo menos para trutas mais
pequenas e consequentemente a maior densidade de trutas no local (figura 65).
74
70
Truta/hora
60
50
CPUE - pesca eléctrica
40
CPUE - pesca eléctrica truta > 19 cm
30
CPUE - pesca desportiva
20
CPUE - pesca desportiva truta > 19 cm
10
0
Lote 6
Zona m
Zona i
Zona a
Zona
Figura 65 - Número de capturas por unidade de esforço (truta/hora) da pesca eléctrica (n=108) e nas
jornadas de pesca desportiva (n=209), em 4 zonas.
Pela amostragem por pesca eléctrica o lote 6 demonstra ser o habitat de muito mais
trutas do que as zonas mais a jusante. As zonas m e i, que pertencem ao troço a
montante da vila, apresentaram valores de CPUE semelhantes para o total de trutas,
embora apresentem um valor aparentemente diferente no que se refere à captura de
trutas com mais de 19 cm. O número de trutas nos locais amostrados diminuiu
claramente de montante para jusante (figura 65).
Num estudo de Maia e Valente (2002) num afluente do rio Lima (rio Estorãos) a
população de trutas também apresentou uma densidade elevada nas zonas a montante e
muito baixa nas zonas a jusante.
O facto de a pesca eléctrica ter-se realizado em Outubro, após o período legal de pesca
desportiva, pode ter influenciado o número baixo de capturas de trutas com tamanhos
superiores ao comprimento mínimo de captura.
Dos quatro locais amostrados, um pertence ao troço dos lotes (6), dois pertencem ao
troço acima da vila (m e i) e o outro ao troço abaixo da vila (a).
75
Locais onde foram realizadas as pescas eléctricas:
Figura 66 - Lote 6 (41º58’28’’N, 8º22´93’’ W).
Figura 67 - Zona i (41º5’ 87’’N, 8º25’61’’ W).
Figura 68 - Zona a (41º48’93’’ 8º24’57’’).
3.6.2. Comprimento médio
Exceptuando o lote 6, o comprimento médio das trutas capturadas por pesca desportiva
foi superior ao comprimento médio das trutas capturadas por pesca eléctrica confirmando
a selectividade do método. As capturas por pesca desportiva no lote 6 foram apenas 3,
facto que influencia a proximidade dos comprimentos médios de captura pelos dois tipos
de pesca (figura 69).
76
Comprimento médio (cm)
22
20
18
16
14
Amostragem por pesca
eléctrica
12
10
Amostragem por pesca
desportiva
8
6
Amostragem por pesca
desportiva em todo o troço
Figura 69 - Comprimento médio (± erro padrão) das trutas capturadas por pesca eléctrica (108) e por pesca
desportiva (n=249), por zona.
Existem diferenças significativas entre os comprimentos das trutas capturadas por
pesca eléctrica nos 3 troços (Kruskal-Wallis H (2, n=108) = 8,43 p=0,0148). A média dos
comprimentos das trutas no troço dos lotes foi de 13,6 (±3,7) cm, no troço a montante da
vila a média foi de 11,7(± 5,3) cm e no troço a jusante da vila a média foi de 10,2 (±2,4)
cm. Verificou-se assim um aumento do comprimento médio das trutas de jusante para
montante.
Existem também diferenças significativas entre os comprimentos das trutas capturadas
por pesca eléctrica nos lotes e na zona livre (Mann-Whitney U = 978 p = 0,0039). Como
já foi referido o comprimento médio das trutas capturadas nos lotes foi de 13,6 cm
enquanto que na zona livre o comprimento médio foi de 11,5 (±5,1) cm.
Tabela 11 – Comprimento e peso médios das trutas, perante os tipos pesca.
Média comprimento
(cm)
Desvio
padrão
(cm)
Média peso
Desvio
(g)
padrão (g)
Pesca eléctrica
12,66
4,46
33,33
40,19
Pesca desportiva (n=249)
18,04
5,59
83,08
105,5
Pesca pescadores (n=40)
20,78
2
6,07
113,4
95,34
Jornadas de pesca (n=209)
17,64
5,31
77,1
106,61
2
24 trutas com mais de 19 cm restantes trutas libertadas
Em relação à média do comprimento das trutas amostradas por pesca eléctrica o valor
foi semelhante ao valor do estudo de Vieira (12,3 cm) (2011), em relação ao peso médio
77
(22,4 g) os valores foram um pouco diferentes, facto que poderá estar relacionado com a
diferença dos meses em que foram feitas as amostragens nesse estudo (Março, Abril e
Junho) e Outubro para este estudo (tabela 10).
À medida que a classe de comprimentos aumentou o número de exemplares capturados
foi diminuindo. A grande parte das capturas da classe [10-15] ocorreu no lote 6,
capturando-se poucas trutas desta classe nas outras zonas, facto que é um pouco
estranho. É de salientar que, em Outubro, não foi capturada nenhuma truta com menos
de 5 cm, dado o grande número de indivíduos de classes mais baixas, este facto aponta,
com grande probabilidade, para o comprimento de indivíduos de idade 0+ começar, para
este mês, por volta dos 5 cm (figura 70).
50
45
40
Lote 6
Nº trutas
35
30
Zona m
25
20
Zona i
15
10
Zona a
5
0
[5-10[
[10-15[
[15-20[
[20-25[
[25-30[
Classe de comprimento (cm)
Figura 70 - Classes de comprimento das trutas capturadas por pesca eléctrica em 4 zonas, de 3 troços.
A pesca eléctrica é muito mais eficaz como método de captura, tendo-se neste trabalho
capturado cerca de 31 trutas/hora. No que se refere à captura de espécimes com mais de
19 cm a pesca elétrica também apresentou melhores resultados, embora a diferença seja
menor, 2 trutas/hora contra 0,35 trutas/hora de pesca desportiva (tabela 11).
Tabela 12 - Quantidades e percentagens de trutas capturadas com recurso à pesca eléctrica e nas jornadas
de pesca desportiva.
Nº
N º Trutas
% trutas > 19
CPUE
Truta > 19
trutas
> 19 cm
cm
(trutas/hora)
cm/hora
Pesca eléctrica
108
7
6,5
30,9
2
Jornadas de pesca
209
65
31,1
1,1
0,35
78
Como a pesca eléctrica foi realizada em Outubro, a pequena percentagem de captura de
espécimes com mais de 19 cm (6,5 %) poderá estar relacionada com: a estrutura real da
população; a menor quantidade de trutas com tamanho mínimo legal presentes no rio,
face ao grande esforço de pesca que tem lugar de Março a Agosto; as poucas
amostragens efectuadas; a dificuldade de aproximar o campo eléctrico às trutas de maior
dimensão que se encontram em zonas mais profundas ou mesmo devido ao
comportamento territorial das trutas, estas estarão mais distribuídas pelo rio não sendo
capturadas com comprimentos de amostragem tão curtos e não limitados por redes.
Wesche (1987) refere que com o aumento do tamanho a truta habita sucessivamente
zonas de correntes mais profundas e Keeley (2001) afirma que o comportamento
territorial é muitas vezes considerado como o principal mecanismo que regula as
populações de salmonídeos.
60
Percentagem (%)
50
40
30
Pesca eléctrica sem a classe
[5-10[
20
Jornadas de pesca desportiva
10
0
Classe de comprimento (cm)
Figura 71 - Percentagens de trutas de cada classe, capturadas nas jornadas de pesca desportiva (n=209) e
por pesca eléctrica (n=108).
A figura 71 visa fornecer informação de modo a se poder compreender de que forma é
que a pesca eléctrica e a pesca desportiva com colher fazem a amostragem da
população e de como será a estrutura da população real. Na classe de comprimentos
[10-15[ a percentagem de trutas capturadas por pesca desportiva foi menor do que a
percentagem de trutas capturadas por pesca eléctrica. O tamanho do isco poderá ter
influenciado esta diferença pois trutas pequenas embora existam em maior quantidade
como têm uma boca pequena mais dificilmente são cravadas pelos anzóis.
79
Existe uma diferença elevada, para a classe [20-25[, entre as duas percentagens, este
facto pode ter duas explicações: a classe foi sub-amostrada pela pesca eléctrica pelas
razões descritas anteriormente ou a pesca desportiva é muito eficaz para trutas dentro
desta classe de comprimentos limitando a população real nesta classe. A hipótese
abordada do capitulo 3.4.1.8 de o CMLC determinar a estrutura da população, parece ser
válida dado o decréscimo acentuado do número de indivíduos capturados a partir dos 20
cm.
Neste estudo, nas jornadas de pesca desportiva com amostra não se capturam trutas
com menos de 10 cm enquanto na pesca eléctrica foi possível capturar muitos
exemplares da classe [5-10[ (classe com mais capturas). No que se refere a trutas com
comprimentos superiores a 30 cm só foram capturadas trutas com estas dimensões com
recurso à pesca desportiva mas esta última também teve um comprimento de
amostragem e número de horas de pesca muito superiores (tabela 12).
Tabela 13 - Comprimento de amostragem e tempo de amostragem da pesca eléctrica e desportiva.
Comprimento de amostragem (km)
Tempo de amostragem (h)
Pesca eléctrica
≈ 0,22
3,5
Pesca desportiva
≈30 (3 passagens)
192
O recurso à pesca eléctrica para definição da estrutura populacional das trutas parece
ser uma boa opção, mas é necessário ter em atenção que pode subestimar classes de
comprimentos maiores, quando os comprimentos de amostragem são curtos ou quando
as amostragens são poucas. Como a frequência de trutas maiores nesta população no rio
Vez parece ser baixa a probabilidade de em poucos metros capturar um destes
exemplares também é baixa (figura 72)
80
35
30
Nº trutas
25
20
Pesca eléctrica
15
Pesca desportiva
10
5
0
Classe de comprimento
Figura 72 - Classes de comprimento das trutas capturadas pela pesca desportiva (n=249) e na pesca
eléctrica (n=108).
No trabalho de Vieira (2011) em Março, Abril e Junho, em 16 pontos de amostragem ao
longo de todo o troço do rio Vez com utilização de pesca eléctrica não foram capturadas
trutas com mais de 25 cm de comprimento.
3.6.3. Peso médio
Na pesca eléctrica a média dos pesos variou ao longo das zonas, existindo diferença
significativa entre os pesos das capturas nos 3 troços (Kruskal-Wallis H (2, N=107) = 9,77
p=0,0148). A média dos pesos das trutas capturadas por pesca eléctrica nos lotes foi de
36,2 (±29) g, a média dos pesos no troço a montante da vila foi de 31,6 (±53,3) g, a
média dos pesos no troço a jusante da vila foi 14,4 (±11,9) g, enquanto que a média dos
pesos na zona livre foi de 29,8 (±50,8) g.
Existiram também diferenças significativas entre os pesos das trutas capturadas nos
lotes e na zona livre (Mann-Whitney U = 918,5 p = 0,0019). Pela análise dos dados de
pesca eléctica o peso médio das trutas aumentou signifivativamente de jusante para
montante (figura 73).
81
120
Peso médio (g)
100
80
60
Amostragem por pesca
eléctrica
40
Amostragem por pesca
desportiva
20
Amostragem por pesca
desportiva em todo o troço
0
Figura 73 - Média (± erro padrão) dos pesos das trutas capturadas por pesca eléctrica (n=108) e por pesca
desportiva (n=249), por zona.
3.6.4. Coeficiente de condição K
A diferença entre a média do factor de condição das trutas capturadas por pesca eléctica
nos lotes e na zona livre não foi significativa Kruskal-Wallis H (2, N=107) = 2,37 p=0,306).
Também não foi significativa a diferença entre a média do factor de condição nos 3 troços
(Mann-Whitney U=1170.5 p=0,12).
82
Coeficiente de condição K
1,4
1,3
1,2
1,1
Amostragem por pesca
eléctrica
1
Amostragem por pesca
desportiva
0,9
Amostragem por pesca
desportiva em todo o troço
0,8
Figura 74 - Coeficiente de condição K médio (± desvio padrão) das trutas capturadas por pesca eléctrica e
por pesca desportiva, por zona.
O coeficiente de condição K médio amostrado (Outubro) foi de 1,18 o que corresponde,
em média, a peixes com uma condição normal, este valor difere do estudo de Vieira
(2011) em que o valor referido foi de 0,85 esta diferença, como já foi referido, é
provávelmente resultado da diferença entre os meses em que foram realizadas as
amostragens por pesca eléctrica (tabela 13).
Tabela 14 - Média e desvio padrão do coeficiente de condição K na pesca eléctrica e desportiva.
Média do Coeficiente de condição K
Desvio padrão
Pesca eléctrica
1,18
0,09
Pesca desportiva
1,12
0,1
83
3.7. Relações peso vs comprimento
Com base em dados de 357 trutas, foram feitas duas relações entre o comprimento furcal
e o peso (figura 75).
1000
900
y = 0,0183x2,8264
R² = 0,9886
800
700
Peso (g)
600
500
Pesca desportiva
400
Pesca eléctrica
300
y = 0,011x3,0266
R² = 0,995
200
Potencial (Pesca
desportiva)
100
Potencial (Pesca
eléctrica)
0
0
5
10
15
20
25
30
35
Comprimento (cm)
40
45
50
Figura 75 - Relação comprimento furcal vs peso de 249 trutas capturadas por pesca desportiva e 108 trutas
capturadas com recurso a pesca eléctrica, no rio Vez.
As trutas capturadas por pesca desportiva apresentaram comprimentos (CF) entre os
10,5 e os 46 cm e pesos entre os 12 e os 910 g. A pesca eléctrica capturou trutas com
comprimentos entre os 6,3 e os 27,3 cm e pesos entre os 2,5 e os 260 g (figura 73)
Como na pesca desportiva para as primeiras 42 trutas pescadas não foi medido o
comprimento total, para a seguinte relação a amostra de trutas da pesca desportiva é de
207 trutas (figura 76)
84
1000
y = 0,0132x2,8915
R² = 0,987
900
800
700
Peso (g)
600
500
Pesca desportiva
400
Pesca eléctrica
300
y = 0,0085x3,0497
R² = 0,9938
200
Potencial (Pesca
desportiva)
100
Potencial (Pesca
eléctrica)
0
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Comprimento (cm)
Figura 76 - Relação comprimento total vs peso de 207 trutas capturadas por pesca desportiva e 108 trutas
capturadas com recurso a pesca eléctrica, no rio Vez.
Na pesca elétrica, realizada em Outubro, as trutas como já foi referido anteriormente
apresentavam maior peso para o mesmo comprimento embora a diferença seja ligeira.
3.8. Inquérito
No que respeita ao inquérito efectuado na zona da vila dos Arcos de Valdevez a 38
pescadores desportivos, todos os inquiridos eram do sexo masculino.
A idade média dos pescadores abordados foi de 45 anos e em média estes praticavam
pesca desportiva há mais de 26 anos.
Dos inquiridos 71 % era residente no concelho de Arcos de Valdevez.
Em média cada pescador pratica este desporto cerca de 45 dias por ano em vários rios,
cerca de metade dos dias (22) pratica a pesca no rio Vez. O número médio de trutas
capturadas pelos pescadores, por ano, em todos os rios é de cerca de 100 exemplares,
no rio Vez é de cerca de 28 trutas. Estes dados resultam numa captura média geral de
2,2 trutas capturadas por dia em vários rios e de 1,3 trutas capturadas por dia no rio Vez.
À data do inquérito (Maio e Junho) o número médio de capturas, por pescador, no ano
corrente (2012) era de cerca de 28 exemplares para vários rios e 9 trutas para o rio Vez.
85
As maiores trutas capturadas pelos pescadores tinham em média 35 cm quando o
tamanho era o factor revelado e 1,6 kg de peso médio quando o peso era o factor
referenciado (aparentemente quando a truta é maior o pescador tem mais tendência a
revelar o seu peso) 36,4 % destas trutas maiores foram capturadas em 2012.
A média para o maior número de exemplares capturados num dia foi de 10 espécimes,
sendo que 50% desses dias com mais capturas ocorreram em 2012.
50 % dos pescadores pratica a técnica de pesca à boia.
58 % leva todo o peixe para casa.
82 % concorda com o repovoamento do rio.
66 % dos pescadores estaria disposto a pagar um valor de licença mais
elevado para ter melhores condições de pesca.
47 % dos pescadores elege as margens limpas como a condição que mais
queriam ver melhorada.
43% dos pescadores acabava com a zona de pesca reservada e cerca de 20
% não mudaria nada na gestão do rio Vez.
87 % dos pescadores não frequenta os lotes do rio Vez.
(ver resultados no anexo IV)
4. Considerações finais
Os dados das jornadas de pesca são resultado das capturas de uma pessoa, dado a
dificuldade de obter dados de pesca de outros pescadores desportivos só foi possível
acrescentar dados de 40 capturas de outros pescadores.
A pesca com asticot é proibida em águas salmonídeas, mas é utilizada por alguns
pescadores no rio Vez.
Um facto interessante, mas de certa maneira não surpreendente, foi que nas jornadas de
pesca embora só 32 % das trutas capturadas superavam o CMLC, estas representaram
64 % do peso total das capturas. No total capturaram-se 16 kg de trutas fário, subtraindo
o peso das trutas sem CMLC, podia-se ter retido 10,3 Kg de trutas. Somando os gastos
da licença concelhia (3€), das várias licenças diárias para os lotes (33€), das colheres
(120€), dos fios de pesca (12€) e das deslocações (70€) dá um preço de cerca 23€ por
kg de truta.
Uma truta com 18,9 cm capturada em Março terá obrigatoriamente de ser libertada mas
a mesma truta se for capturada em Julho terá provavelmente ultrapassado os 19 cm e
86
poderá ser retida, a protecção na primeira captura não a protegeu de modo a passar por
outra época de reprodução.
No rio Vez existe pontualmente alguma furtividade com artes ilegais e algum desrespeito
pelos tamanhos mínimos de captura. Embora cada vez mais pescadores desportivos
estejam mais dispertos para a questão da conservação e preservação da espécie.
Na zona de pesca reservada do rio Vez é possível capturar até 6 trutas por dia, mas é
virtualmente impossível a fiscalização de um pescador que capture 6 trutas de manhã e 6
trutas à tarde.
Em relação aos possíveis predadores naturais das trutas, durante as jornadas de pesca
desportiva foram avistadas duas lontras, uma na zona “a” na confluência do rio Vez com
o rio Lima e outra no lote 2. Foram também avistadas garças reais e corvos marinhos.
No que respeita ao possível ordenamento do rio Vez para implementa-lo é necessário
recompensar o pescador do valor investido na licença, por exemplo, na limpeza das
margens, no repovoamento e na fiscalização. Se as verbas não beneficiarem o rio, a truta
e indirectamente o pescador, parece pouco provável que a comunidade de pescadores
desportivos esteja receptiva a novas normas.
As regras do ordenamento do rio devem ser estabelecidas por instituições ou pessoas
que não sejam elas próprias partes interessadas no processo. Como parte interessada,
tentei apenas dar um contributo técnico/cientifico de apoio à decisão mostrando a
realidade menos conhecida, a pesca desportiva e o pescador. Parece-me essencial que o
legislador tenha em conta o balanço entre a importância da preservação da espécie e a
importância que a pesca tem na vida e no lazer de uma parte significativa da comunidade
local.
Figura 77 - Juvenil de truta de pequenas dimensões capturado na zona e (2008)
87
5. Conclusão
Em geral, nos cinco dias de análise, os parâmetros da água do rio Vez, em três locais
apresentaram valores dentro dos limites recomendáveis mas na zona mais a jusante os
valores medidos ultrapassaram pontualmente os valores máximos admissíveis.
Em relação ao início do período de postura da truta (S. trutta) este parece ter–se iniciado
por volta do dia 5 de Dezembro prolongado-se pelo menos até dia 16 de Janeiro, pois
nesse período foram observados casais de trutas e um número elevado de espécimes
numa zona de postura situada no troço do rio vez que atravessa a vila de Arcos de
Valdevez. Durante esses dias a temperaturas na água do rio apresentou valores entre os
7 e 11,4ºC. O aumento do número de trutas presentes no local de postura teve lugar
durante um período em que ocorreu precipitação e consequente aumento de caudal.
Na migração das trutas para montante, numa represa situada cerca de 500 m a
montante da zona de postura ocorreu uma média de 25 saltos/hora mas apenas 0,6 %
dos saltos tiveram sucesso conseguindo os peixes ultrapassar o obstáculo. Esta barreira
influencia assim negativamente a migração das trutas e pode ter influência no número de
trutas que aparece todos os anos na zona de postura.
Nas jornadas de pesca desportiva, realizadas no rio Vez, com a utilização quase sempre
do mesmo isco artificial, colher dourada nº2 (99%), capturaram-se 209 trutas, à média de
cerca de uma truta por hora. Em relação a trutas com comprimento mínimo legal de
captura (CMLC) estas foram capturadas à média uma truta a cada três horas. Estes
valores são semelhantes à média de trutas capturadas por dia por pescadores
desportivos, no rio Vez, e confirmada no local (cerca de 2 capturas/dia) e relatada no
inquérito (cerca de 2 trutas/dia para vários os rios da região e de 1 truta/dia para o rio
Vez). A percentagem de sucesso foi de 54 % ou seja capturou-se em média uma truta em
cada dois ataques ao isco, existindo assim margem para melhoramento técnico da
colher. As trutas capturadas com colher, apresentaram uma média de comprimentos de
17,6 cm, cerca de mais 5 cm que a média das trutas capturadas por pesca eléctrica (12,6
cm). Devolveram-se ao rio 192 trutas em boas condições de sobrevivência.
Nas jornadas de pesca existiu uma diferença significativa entre as capturas por unidade
de esforço (CPUE - truta/hora) na zona livre do rio Vez e na zona de pesca reservada.
Capturou-se em média duas trutas por hora nos lotes e cerca de uma truta por hora na
zona livre. Em relação à CPUE para trutas que superavam CMLC não existiram
diferenças significativas entre as duas zonas. Nas trutas capturadas por pesca desportiva
existiram diferenças significativas entre a média do coeficiente de condição K nos lotes
88
(superior) e em de cada uma das outras 3 zonas contudo na pesca electrica essa
tendência não se verificou.
Na pesca desportiva com isco artificial os intervalos de horas do dia com mais capturas
por unidade de esforço foram os intervalos das [9:00-10:00[ e das [10:00-11:00[ estando
estes resultados de acordo com os estudos de outros autores que afirmam que a truta é
um peixe crepuscular com a máxima actividade ocorrendo ao amanhecer e anoitecer.
Quando ocorreram aguaceiros ou chuva os valores de capturas de trutas por unidade de
esforço foram significativamente superiores.
Foram capturadas mais trutas em zonas onde o rio tem corrente do que em zonas de
água parada.
Na pesca desportiva (16 % de dados de capturas de outros pescadores) não existiram
diferenças significativas entre o peso e o comprimento médio das trutas capturadas entre
a zona de pesca reservada (lotes) e a zona livre. Porém pela análise dos resultados da
pesca eléctrica é significativa a diferença entre os pesos e comprimentos nestas duas
zonas verificando-se um aumento do comprimento e do peso médio das trutas de jusante
para montante. O coeficiente de condição K médio amostrado pela pesca elétrica
(Outubro) foi de 1,18 o que corresponde a peixes com uma condição normal enquanto o
coefieciente de condição das trutas capturadas por pesca desportiva (Março a Julho) foi
de 1,12 (peixes magros a normais) esta diferença deve-se provavelmente à diferença
entre os meses de amostragem.
Com a pesca eléctrica verificou-se que o número de trutas nos locais amostrados
aumentou de jusante para montante.
Estes dados tornam a zona de pesca reservada do rio Vez num local aparentemente
interessante para a prática de pesca desportiva com isco artificial. Apesar deste facto as
taxas de ocupação nos últimos 5 anos têm rondado os 25 %. Para um pescador residente
no concelho o preço da licença diária para a ZPR é de 3 €, para um pescador de fora do
concelho o valor da licença é de 6 €. Comparando com o custo médio de uma colher (2 €)
o preço parece acessível mas comparando com o custo da licença para pescar, durante
um ano inteiro, em toda a zona Norte (3 €) ou em todo o território Nacional (6 €), o valor
parece muito elevado. Pela análise do inquérito efectuado, 87 % dos inquiridos não
frequenta os lotes do rio Vez e cerca de 43 % gostaria que a ZPR se tornasse numa zona
livre, contudo cerca de 66 % estaria disposto a pagar um valor de licença mais elevado
para ter melhores condições de pesca.
Com este trabalho foi possível verificar que nas jornadas de pesca desportiva com a
utilização de isco artificial (colher nº2) se podem capturar trutas com comprimentos entre
os 10,5 e os 46 cm. Dado o CMLC ser de 19 cm, e este isco ser selectivo em relação à
89
espécie e em relação ao tamanho (>10 cm) a utilização de colheres mais pequenas nº0 e
nº1 com anzois com barbela pode não se justificar. Mesmo com uma colher média (nº2) a
percentagem de trutas com tamanhos inferiores ao CMLC foi de 68 %. Assim, só deveria
ser permitida a utilização destas colheres mais pequenas ou mesmo de colheres médias
com anzois sem morte (sem barbela) de modo às trutas com comprimentos abaixo do
CMLC serem libertadas em boas condições de sobrevivência.
As ordens mais abundantes nos conteúdos estomacais de uma pequena amostra de
trutas do rio Vez, foram a Ephemeroptera e Díptera apresentando também estas ordens
uma frequência de ocorrência elevada. A ordem Trichoptera embora tenha apresentado
uma abundância relativa baixa apresentou uma frequência de ocorrência muito elevada.
O recurso à pesca eléctrica para determinação da estrutura populacional de trutas é um
método rápido e eficaz, mas é necessário ter em atenção que pode subestimar classes
de comprimentos maiores, quando os comprimentos de amostragem são curtos, quando
as amostragens são poucas ou quando os troços não são delimitados com redes.
O comprimento mínimo de captura parece determinar a estrutura da população de trutas
do rio Vez, trutas a partir dos 20 cm de comprimento e especialmente a partir dos 25 cm
são menos frequentes.
Se um pescador escolher para isco uma colher nº2, for pescar para a ZPR, em zonas de
corrente, em Abril, no crepúsculo, num dia de aguaceiros, provavelmente terá um bom
dia de pesca.
Vale a pena pescar nos lotes? Neste estudo não existiu diferença significatica para
captura de trutas com mais de 19 cm contudo a ZPR foi uma zona de pesca
significativamente melhor que a zona livre no que respeita ao total de trutas capturadas,
a decisão depende do valor teórico que cada pescador dá a esse acréscimo, se esse
valor teórico for superior ao valor monetário da licença diária, então vale a pena.
Figura 78 - Truta nº 40, CF: 22,8 cm, peso: 124g
90
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111
112
Anexos
113
Anexo I
Num dos dias de pesca ao recolher uma truta de 17,4 cm cravada na colher, ocorreu um
ataque ao isco/truta de uma truta de grandes dimensões. A truta maior ofereceu muita
resistência e acabou por largar a truta mais pequena ou simplesmente soltou-se do anzol.
Este comportamento é demonstrativo da voracidade deste peixe mesmo para com
indivíduos da mesma espécie.
Figura 79 - Truta atacada (truta nº 42) comp: 17,4 cm, peso: 57 g, local: zona j.
114
Anexo II
Figura 80 - Truta nº 162 comp: 22,4 peso:122 g local: lote 3.
Figura 81 - Truta nº 123 comp: 20,9 peso 105 g local: lote 4.
Figura 82 - Truta nº 73 comp:17,5 peso: 54 g local: zona a.
Figura 83 - Truta nº 84 comp: 34,5 peso: 342 g local: zona i.
Como é possivel constactar pela figuras 80 a 83 a Salmo trutta no rio Vez apresenta
diferente morfologias sendo dificil quer para os pescadores desportivos quer para um
investigador a distinção entre truta fário e truta marisca. Enquanto as figuras 80 e 81 são
claramente de Salmo trutta morpho fário as figuras 82 e 83 levantam algumas dúvidas.
115
Anexo III
Salmão (Salmo salar)
No rio Lima é consensual a existência de salmões e quase todos os anos são relatadas
capturas à linha. Este ano observei dois salmões provenientes do rio Lima, um de 91 cm
de comprimento e 4,6 kg de peso que um pescador desportivo encontrou morto na
margem do rio, no dia 22/1/2012 e outro de 81 cm de comprimento que foi capturado por
um pescador desportivo no dia 1/3/2012. Dado que não foi encontrada pelo autor
nenhuma referência científica à sua existência no rio Vez, embora tenham ocorrido
repovoamentos neste rio e apesar deste trabalho ser sobre a truta, achei relevante
apresentar uma prova do aparecimento de um exemplar no rio Vez capturado por um
pescador do concelho.
Represa
Local de captura
41 50,91
Zona de postura
Figura 84 - Troço do rio Vez que atravessa a vila de Arcos de Valdevez (zona e), local de41
captura 41º50’91’’
N 8º25’16’’ W - Fotografia aérea da zona (Google Earth).
Data e hora da captura: 2/3/2010 cerca das 10:00 horas
50,91
41
50,91
8 25,16
8 25,16
Isco: Minhoca
Comprimento furcal: 59 cm
Peso: 1.3 Kg (Medido pelo pescador)
Figura 85 - Salmão (Salmo salar) capturado no rio Vez no ano 2010.
116
Anexo IV
Dados do inquérito:
Numero de individuos (n)
16
14
12
10
8
6
4
2
0
[20-30[ [30-40[ [40-50[ [50-60[ [60-70[ [70-80[
Categoria de idades
Figura 86 - Categoria de idades dos pescadores inquiridos.
2,6
2,6 2,6
2,6
Arcos de Valdevez
Vila Verde
5,3
Prado
5,3
Ponte da Barca
7,9
Guimarães
Lisboa
71,1
Braga
Pico dos Regalados
Figura 87 - Residência dos pescadores inquiridos (percentagem).
117
2)
2,6
2,6 2,6
Boia
Boia e fundo
5,3
28,9
5,3
Fundo
5,3
Minhoca
5,3
Tudo
5,3
Minhoca, pluma,
gafanhoto
Amostra
13,1
5,3
5,3
13,1
Boia e minhoca
Boia e s/ boia
Figura 88 - Técnicas de pesca praticadas pelos pescadores no rio Vez (percentagem).
6)
Tabela 15- Comprimento e peso minimos e máximos da maior truta capturada
Mínimo Máximo
Comprimento (cm)
Peso (g)
12
73
200
3000
6.1)
3 3
3
3
3
3
3
37
3
6
3
9
9
3
6
3
1970
1977
1980
1990
1992
1995
2000
2001
2002
2004
2005
2006
2007
2010
2011
2012
Figura 89 - Ano da maior captura de cada pescador (percentagem).
118
7.1)
1977
5
5
1980
5
1987
5
5
50
5
5
5
1992
2005
2006
2008
2009
10
2011
2012
Figura 90 - Ano com maior número de capturas num dia (percentagem).
8)
2,6
2,6 2,6
Leva
7,9
Devolve
Leva e devolve
7,9
Leva para dar
18,4
57,9
Devolve ou dá
Leva as trutas
Leva trutas e enguias
Figura 91 - Destino do peixe capturado (percentagem).
119
9)
2,6
2,6 2,6
5,3
Sim
5,3
Não
Não sabe
Mais ou menos
Mais com preservação
81,6
Sim, com truta do rio
Figura 92 - Concorda com o repovoamento do rio?
10)
2,6
7,9
Sim
Não
23,7
Sim, se pouco
65,8
Talvez
Figura 93 - Estaria disposto a pagar mais para ter melhores condições de pesca?
120
10.1)
Margens limpas
Mais peixe
3,6
3,6
3,6
Margens limpas e árvores podadas
3,6
Melhor qualidade da água
3,6
39,3
3,6
Repovoamentos/mais fiscalização/ zonas de
pesca sem morte
Poda das arvores
3,6
3,6
3,6
3,6
Repovoamentos
Mais fiscalização/ número limite de capturas
dia
Margens limpas e repovoamentos
7
7
10,7
Mais fiscalização
Repovoamento, mais ordenamento, pesca
sem morte
Margens e acessos ao rio
Maior facilidade de aquisição da licença
Figura 94 - Que condições gostaria de ver melhoradas?
121
11)
Rio livre
Nada
Não conhece
Regulamento de águas ciprinideas
3,3
3,3
Parte do rio fechada durante x anos
3,3
3,3
Pesca sem morte entre as duas pontes da Vila
3,3
30
3,3
Pagar 5 ou 6 euros e ter todo o rio livre
Mais vigilância
3,3
3,3
3,3
Pesca todo o ano
Controlo da poluição
3,3
3,3
Mais fiscalização, entregar a parte da gestão a um
clube, lotes não
Proibia a pesca de Santar até uma zona acima da
vila
Regulamento de águas ciprinideas, mais fiscalização
16,7
3,3
6,7
6,7
Tirar o canoismo do rio, rio livre
Mais fiscalização, rio livre
Mais fiscalização, legislação mais apertada, nº
limite de capturas por dia, pesca sem morte
Figura 95 - O que mudaria na Gestão do rio Vez?
12)
5,4
8,1
Não
Sim
Pouco
86,5
Figura 96 - Costuma pescar nos lotes do rio Vez?
122
Anexo V
Figura 97 - Licença de pesca diária, notar que no verso existe uma declaração de capturas por espécie de
entrega obrigatória.
123
Anexo VI
124
125
126
Anexo VII
127
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Estudo sobre pesca à truta