2010
COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DAS VERTENTES NORTE E SUL,
NA FAZENDA CAMPESTRE, NOVA FRIBURGO-RJ.
Pereira, A.L. 1; Rodrigues, P.1; Santos, G.L.1; Chagas, M.C.1; Cortines, E.2 &
Valcarcel, R.3
1 – Discentes de Graduação da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro;
2 – Prof. Assistente da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro;
3 – Prof. Associado II da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro;
Palavra chave: Biodiversidade
INTRODUÇÃO
Os ecossistemas florestais vem sofrendo modificações provocadas principalmente pela
ação antrópica devido ao avanço da fronteira agropecuária, da indústria e da
especulação imobiliária. Os fragmentos florestais da área de estudo estão na região
conhecida como Três Picos inserida no Mosaico da Mata Atlântica Central Fluminense
(DIAS 2007). Estes fragmentos são extensos, biodiversos e representam a complexidade
ambiental típica dos ecossistemas de mata atlântica. Estudos florísticos são importantes
para determinar as espécies que compõe a vegetação local e os seus papéis
diferenciados dentro do ecossistema. As espécies florestais geralmente interagem entre
si caracterizando ambientes sistêmicos, com importância ecológica considerável.
Variações das condições topográficas podem causar diferenças ecológicas na
composição florística por causa de condições microclimáticas diferenciadas e
conseqüente modificação adaptativa das plantas a estas condições. O presente estudo
buscou comparar a composição das espécies arbóreas entre as vertentes Norte e Sul em
seis morros distintos.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram encontradas 114 espécies de 38 famílias botânicas, sendo que 17 famílias
apresentaram mais de uma espécie e 21 apenas uma espécie. O numero de espécies por
família foi: Myrtaceae com 22 espécies, Lauraceae (16), Melastomataceae (8),
Rubiaceae (6), Fabaceae e Meliaceae (5 cada), Euphorbiaceae (4), Sapindaceae,
Salicaceae, Annonaceae, Clusiaceae e Asteraceae (3 cada), Araliaceae, Monimiaceae,
Solanaceae, Styracaceae e Verbenaceae (2 cada) e o restante das famílias
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MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo foi realizado na Fazenda Campestre, no Município de Nova Friburgo no
Estado do Rio de Janeiro. A área de estudo encontra-se a altitudes que variam de 1050
até 1200 m.s.n.m. em uma mesma faixa de classificação da vegetação, Floresta
Ombrófila Densa Montana segundo VELOSO 1991. A precipitação anual na Fazenda
Campestre é de 3.000mm sendo o dobro das médias anuais para a região. O clima
segundo Köppen é tropical de altitude (Cf) e subtropical (Cw). As amostragens foram
feitas em 12 linhas de 50 m (seis na vertente norte e seis na vertente sul) utilizando o
método de ponto quadrante (COTTAN & CURTIS 1956). Em cada transecto foram
amostradas 40 árvores com DAP> 5 cm, totalizando 480 indivíduos. As espécies foram
coletadas, prensadas e secas em estufa para posterior identificação. As espécies foram
avaliadas de acordo com a seguinte classificação: espécie comum entre as vertentes;
exclusiva de uma vertente; mais frequente em cada vertente e no total.
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(Anacardiaceae, Aquifoliaceae, Arecaceae, Bignoniaceae, Clethraceae, Chloranthaceae,
Cyatheaceae, Ebenaceae, Erytrhoxilaceae, Moraceae, Nyctaginaceae, Phylantaceae,
Phytolacaceae, Peraceae, Picramniaceae, Rosaceae, Rutaceae, Styracaceae, Theaceae,
Thymeleaceae, Urticaceae, Winteraceae) apresentaram apenas uma espécie. Na vertente
norte foram encontradas 85 espécies em enquanto que na vertente sul foram 84
espécies, não apresentando, portanto, diferenças significativas entre as vertentes. A
diferença maior foi em relação a riqueza de famílias botânicas onde a vertente Sul teve
suas espécies distribuídas em 38 famílias e a vertente Norte em 35. Das espécies
encontradas 43 são comuns às duas vertentes, 36 exclusivas da vertente Sul, 40
exclusivas da norte. O “palmito-jussara” (Euterpe edulis L.) foi espécie mais freqüente
em ambas as vertentes com um total de 79 indivíduos amostrados, sendo 29 na norte e
50 na sul. Estes resultados concordam com estudos realizados na mesma região
analisando efeito de borda onde o E. edulis também foi a espécie mais representativa
(BOHRER & BARROS 2006).
Algumas famílias (6) foram exclusivas da vertente norte, porém com mais de
uma espécie representada. São elas: Meliaceae (Cabralea canjerana (Vell.) Mart.,
Trichilia hirta L. e Trichilia sp.), Phylantaceae (Hyeronima alchorneoides Allemao),
Picramniaceae (Picramnia glazioviana Eng.), Rosaceae (Prunus sellowii Koehne),
Styracaceae (Styrax pohli e Styrax camporum Pohl) e Verbenaceae (Citharexylum aff.
myrianthum Sham. e Vitex montevidensis Cham.). Cinco famílias foram exclusivas da
vertente sul e representadas por apenas uma espécie. São elas: Anacardiaceae (Tapirira
guianensis Aubl.), Bignoniaceae (Handroanthus chrysotrichus (Mart. Ex. D.C.)
Mattos), Fabaceae – Caesalpinoideae (Tachigali multijuga Benth.), Chloranthaceae
(Hedyosmum brasiliense Mart. ex Miq.) e Winteraceae (Drymis brasiliensis Miers.).
VELOSO, H.P.; RANGEL FILHO, A.L.R.; LIMA, J.C.A. Classificação da vegetação
brasileira, adaptada a um sistema universal. 1991. 123 p., il.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOHRER, C.B.A. & BARROS, F.A. Proteção e Restauração da Área do Entorno do
Parque Estadual dos Três Picos. Relatório Final – Projeto CEPF-REBRAF. 2006.45
p. il.
BROKAW, N.; THOMPSON, J. THE H FOR DBH. Forest Ecology and Management
v.129: 89-91. 2000.
COTTAN, G.; CURTIS, J. T. The use of distance measures in phytosociological
sampling. Ecology, New York, v. 37, n. 3, p. 451-460, 1956.
DIAS, H. (Coord.); LINO, C.F.; ALBUQUERQUE, J.L. (Org.):Mosaicos de unidades de
conservação no corredor da Serra do Mar. Cadernos da Reserva da Biosfera da Mata
Atlântica. Série 1 Conservação e Áreas Protegidas 32; 96 p. : il. São Paulo: Conselho
Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, 2007.
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CONCLUSÕES
A exclusividade das espécies em relação às vertentes pode estar relacionada com as
condições ambientais diferenciadas entre as vertentes, principalmente no que se refere a
radiação solar e interceptação de umidade, criando condições ecológicas distintas e
conseqüente preferência ecológica das espécies em cada vertente.
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