Renascimento
O Homem Vitruviano – Leonardo Da Vinci
O Homem Vitruviano – Cesare Cesariano
Curiosidades sobre o Homem Vitruviano
A razão de tê-lo chamado de Homem Vitruviano baseia-se no fato de que o arquiteto romano
Marcus Vitruvius Pollio (I a.C.) apresenta no seu tratado sobre arquitetura, composto por uma
série de dez livros, uma descrição sobre as proporções do corpo humano, usando como
unidade de medida o dedo, o palmo e o antebraço, o que o levou a acreditar que um homem
com as pernas e os braços abertos encaixaria perfeitamente dentro de um quadrado e de um
círculo – figuras geométricas perfeitas. E, se o corpo humano fosse representado, ao mesmo
tempo, dentro das duas figuras, o umbigo centro gravitacional da figura humana, coincidiria
com o centro das duas figuras geométricas.
Vitrúvio tanto fez a sua apresentação em forma textual, como através de desenhos. Mas, com
o passar dos anos, a descrição gráfica se perdeu, enquanto a obra passou a ser copiada. O
homem descrito por Vitrúvio apresenta-se como um modelo ideal para o ser humano, cujas
proporções são perfeitas, segundo o ideal clássico de beleza. Ele já havia tentado encaixar as
proporções do corpo humano dentro da figura de um quadrado e um círculo, mas suas
tentativas ficaram imperfeitas.
O arquiteto teórico Cesare Cesariano (Milão), entendeu a geometria descrita por Vitrúvio.
Contudo, cometeu um erro ao relacionar as duas figuras (círculo e quadrado), de modo que a
figura humana ficasse inserida no centro das duas. Para que essa coubesse em sua
construção, tendo como centro o umbigo, foi necessário que mãos e pés ficassem muito
esticados (ver gravura), tirando assim a proporcionalidade descrita.
Leonardo da Vinci, por sua vez, não se prendeu à relação geométrica entre o círculo e o
quadrado. Contando com os seus próprios conhecimentos, corrigiu o que achava estar errado
nas medidas, dando a mãos e pés um tamanho proporcional. De forma que o centro do círculo
à volta do “homo ad circulum” coincide com o umbigo. E o centro do quadrado à volta do “homo
ad quadratum” encontra-se mais abaixo, à altura dos genitais. Com medidas tão precisas,
Leonardo conseguiu pôr-se adiante do cânone da Antiguidade, ficando o seu Homem
Vitruviano aceito como a real representação das descobertas feitas por Vitrúvio. O desenho do
Homem Vitruviano reafirma o grande interesse de Leonardo da Vinci pela arte e ciência. No
conceito da Divina Proporção, tão procuradas nas obras do Renascimento, dá-se a busca e
definição das partes corporais do ser humano.
Marcus Vitruvius Pollio descreve no terceiro livro de sua série de dez livros intitulados De
Architectura as proporções do corpo humano masculino. Eis algumas:
 O comprimento dos braços abertos de um homem (envergadura dos braços) é igual à sua
altura.
 A distância entre a linha de cabelo na testa e o fundo do queixo é um décimo da altura de
um homem.
 A distância entre o topo da cabeça e o fundo do queixo é um oitavo da altura de um
homem.
 A distância entre o fundo do pescoço e a linha de cabelo na testa é um sexto da altura de
um homem.
 O comprimento máximo nos ombros é um quarto da altura de um homem.
 A distância entre a o meio do peito e o topo da cabeça é um quarto da altura de um
homem.
 A distância entre o cotovelo e a ponta da mão é um quarto da altura de um homem.
 A distância entre o cotovelo e a axila é um oitavo da altura de um homem.
 O comprimento da mão é um décimo da altura de um homem.
 A distância entre o fundo do queixo e o nariz é um terço do comprimento do rosto.
 A distância entre a linha de cabelo na testa e as sobrancelhas é um terço do comprimento
do rosto.
 O comprimento da orelha é um terço do da face.
 O comprimento do pé é um sexto da altura.
Leonardo foi o responsável pelo encaixe perfeito do corpo humano, dentro dos padrões
matemáticos esperados. O seu desenho faz parte da coleção da Gallerie dell‟Accademia em
Veneza (Itália). O redescobrimento das proporções matemáticas do corpo humano, no século
XV, por Leonardo e os outros, é considerado como uma das grandes realizações que levam ao
Renascimento italiano.
O Homem Vitruviano de Leonardo Da Vinci é usado como referência estética de simetria e
proporção no mundo todo. Mas não pode ser qualquer homem, ele deverá ter proporções bem
específicas:
 Face -> do queixo ao topo da testa = 1/10 da altura do corpo.
 Palma da mão -> do pulso ao topo do dedo médio = 1/10 da altura do corpo.
 Cabeça -> do queixo ao topo = 1/8 da altura do corpo.
 Base do pescoço às raízes do cabelo = 1/6 da altura do corpo.
 Meio do peito ao topo da cabeça = 1/4 da altura do corpo.
 Pé = 1/6 da altura do corpo.
 Largura do peito = 1/4 da altura do corpo.
 Largura da palma da mão = quatro dedos.
 Largura dos braços abertos = altura do corpo.
 Umbigo = centro exato do corpo.
 Base do queixo à base das narinas = 1/3 da face.
 Nariz -> da base às sobrancelhas = 1/3 da face.
 Orelha = 1/3 da face.
 Testa = 1/3 da face.
Fonte de pesquisa:
Grandes Mestres da Pintura/ Abril Coleções
Grandes Mestres da Pintura/ Folha de São Paulo
Contexto Histórico
As conquistas marítimas e o contato mercantil com a Ásia ampliaram o
comércio e a diversificação dos produtos de consumo na Europa a partir do
século XV. Com o aumento do comércio, principalmente com o Oriente, muitos
comerciantes europeus fizeram riquezas e acumularam fortunas. Com isso,
eles dispunham de condições financeiras para investir na produção artística de
escultores, pintores, músicos, arquitetos, escritores, etc.
Os governantes europeus e o clero passaram a dar proteção e ajuda financeira
aos artistas e intelectuais da época. Essa ajuda, conhecida como mecenato,
tinha por objetivo fazer com que esses mecenas (governantes e burgueses) se
tornassem mais populares entre as populações das regiões onde atuavam.
Neste período, era muito comum as famílias nobres encomendarem pinturas
(retratos) e esculturas junto aos artistas. Foi na Península Itálica que o
comércio mais se desenvolveu neste período, dando origem a uma grande
quantidade de locais de produção artística. Cidades como, por exemplo,
Veneza, Florença e Gênova tiveram um expressivo movimento artístico e
intelectual. Por este motivo, a Itália passou a ser conhecida como o berço do
Renascimento.
Contexto Cultural
Chamou-se "Renascimento" em
virtude
da
redescoberta
e
revalorização das referências
culturais da antiguidade clássica,
que nortearam as mudanças
deste período em direção a um
ideal humanista e naturalista. O
termo foi registrado pela primeira
vez por Giorgio Vasari já no
século XVI. Apesar do grande
prestígio que o Renascimento
ainda guarda entre os críticos e o
público, historiadores modernos
têm começado a questionar se os
tão divulgados avanços merecem
ser tomados desta forma.
O Renascimento cultural manifestou-se primeiro na região italiana da Toscana,
tendo como principais centros as cidades de Florença e Siena, de onde se
difundiu para o resto da Itália e depois para praticamente todos os países da
Europa Ocidental. A Itália permaneceu sempre como o local onde o movimento
apresentou maior expressão, porém manifestações renascentistas de grande
importância também ocorreram na Inglaterra, Alemanha, Países Baixos e,
menos intensamente, em Portugal e Espanha.
Características do período artístico
- Valorização da cultura greco-romana. Para os artistas da época renascentista,
os gregos e romanos possuíam uma visão completa e humana da natureza, ao
contrário dos homens medievais;
- As qualidades mais valorizadas no ser humano passaram a ser a inteligência,
o conhecimento e o dom artístico;
- Enquanto na Idade Média a vida do homem devia estar centrada em Deus
(teocentrismo), nos séculos XV e XVI o homem passa a ser o principal
personagem (antropocentrismo);
- A razão e a natureza passam a ser valorizadas com grande intensidade. O
homem renascentista, principalmente os cientistas, passa a utilizar métodos
experimentais e de observação da natureza e universo.
Durante os séculos XIV e XV, as cidades italianas como, por exemplo, Gênova,
Veneza e Florença, passaram a acumular grandes riquezas provenientes do
comércio. Estes ricos comerciantes, conhecidos como mecenas, começaram a
investir nas artes, aumentando assim o desenvolvimento artístico e cultural. Por
isso, a Itália é conhecida como o berço do Renascentismo.
ARQUITETURA
No período românico construíram-se templos fechados. A arquitetura gótica
buscou a verticalidade. Já o arquiteto do Renascimento buscou espaços em
que as partes do edifício parecessem proporcionais entre si. Procurou ainda
uma ordem que superasse a busco do infinito das catedrais góticas.
Um dos primeiros arquitetos a expressar esses ideais foi Filippo Brunelleschi
(1377-1446). Exemplo de artista completo, foi pintor, escultor e arquiteto, além
de dominar conhecimento de matemática e geometria. Destacou-se como
construtor e teve participação decisiva na construção da catedral de Florença –
igreja de Santa Maria Del Fiore. A construção dessa catedral iniciou em 1296;
em 1369 as obras haviam terminado, mas o espaço a ser ocupado por uma
cúpula continuava aberto. Em 1420, coube a Brunelleschi projetá-la.
A PINTURA
No fim da Idade Média e no Renascimento, predominava uma interpretação
científica do mundo. Sobretudo na pintura, isso se traduz nos estudos de
perspectiva segundo os princípios da matemática e da geometria. O uso da
perspectiva conduz a outra tendência do período: o uso do claro-escuro, que
consiste em pintar algumas áreas iluminadas e outras na sombra. Esse jogo de
contrastes dá aos corpos uma aparência de volume. A combinação da
perspectiva e do claro-escuro, por sua vez, contribui para dar maior realismo às
pinturas.
Outro aspecto da arte do Renascimento, em especial a pintura, é a formação
de um estilo pessoal. Mais livre em relação ao rei e a Igreja, o artista é como o
vemos hoje: um criador independente, que se expressa contando apenas com
sua capacidade de criação. Daí haver, no Renascimento, inúmeros artistas de
prestígio, com características próprias.
Em um período de ascensão da burguesia e de valorização do homem no
sentido individualista, surgem os retratos ou mesmo cenas de família, fato que
não elimina a produção de caráter religioso, particularmente na Itália. Nos
Países Baixos destacou-se a reprodução do natural de rostos, paisagens,
fauna e flora, com um cuidado e uma exatidão assombrosos, o que acabou
resultando naquilo a que se deu o nome de Janela para a Realidade.
ESCULTURA
Pode-se dizer que a escultura é a forma de expressão artística que melhor
representa o renascimento, no sentido humanista. Utilizando-se da perspectiva
e da proporção geométrica, destacam-se as figuras humanas, que até então
estavam relegadas a segundo plano, acopladas às paredes ou capitéis. No
renascimento a escultura ganha independência e a obra, colocada acima de
uma
base,
pode
ser
apreciada
de
todos
os
ângulos.
Dois elementos se destacam: a expressão corporal que garante o equilíbrio,
revelando uma figura humana de músculos levemente torneados e de
proporções perfeitas; e as expressões das figuras, refletindo seus sentimentos.
Mesmo contrariando a moral cristã da época, o nu volta a ser utilizado
refletindo o naturalismo.
Encontramos várias obras retratando elementos mitológicos, como o Baco, de
Michelangelo, assim como o busto ou as tumbas de mecenas, reis e papas.
ATIVIDADES
1- O Renascimento caracterizou-se pelo Humanismo. Nesse contexto, quais os
principais valores que os artistas da época procuraram expressar?
2- Na arquitetura românica prevaleceu a idéia de solidez, com as chamadas
“fortalezas de Deus. Na gótica, a verticalidade, a busca dos espaços infinitos.
Responda:
a) quais foram as idéias predominantes na arquitetura renascentista?
b) de que modo essa visão essa visão traduz o espírito da época?
3- Na pintura renascentista, um traço marcante é o realismo. Que recursos
técnicos, aperfeiçoados e utilizados pelos artistas da época, contribuem para
esse resultado?
Referências Bibliográficas
PROENÇA, Graça. Descobrindo a História da Arte. 1.ed., São Paulo: Ática,
2008. p.64 a 72.
MICHELANGELO BUONAROTTI
Michelangelo nasceu a 6 de março de 1475, em Caprese, província florentina.
Se pai Ludovico di Lionardo Buonarroti Simoni era um homem violento,
"temente de Deus", sua mãe, Francesca morreu quando Michelangelo tinha
seis anos. Michelangelo foi entregue aos cuidados de uma ama-de-leite cujo
marido era cortador de mármore na aldeia de Settignano. Mais tarde,
brincando, Michelangelo atribuirá a este fato sua vocação de escultor.
Brincadeira ou não, o certo é que na escola enchia os cadernos de exercícios
com desenhos, totalmente desinteressados das lições sobre outras matérias.
Por isso, mais de uma vez foi espancado pelo pai e pelos irmão de seu pai, a
quem parecia vergonhoso ter um artista na família, justamente uma família de
velha e aristocrática linhagem florentina, mencionada nas crônicas locais desde
o século XII. E o orgulho familiar jamais abandonará Michelangelo. Ele preferirá
a qualquer titulo, mesmo o mais honroso, a simplicidade altiva de seu nome:
"Não sou o escultor Michelangelo. Sou Michelangelo Buonarroti".
Aos 13 anos, sua obstinação vence a do pai: ingressa, como aprendiz, no
estúdio de Domenico Ghirlandaio, já então considerado mestre da pintura de
Florença. Mas o aprendizado é breve - cerca de um ano -, pois Michelangelo
irrita-se com o ritmo do ensino, que lhe parece moroso, e, além disso,
considera a pintura uma arte limitada: o que busca é uma expressão mais
ampla e monumental. Diz-se também que o motivo da saída do jovem foi outro:
seus primeiros trabalhos revelaram-se tão bons que o professor, enciumado,
preferiu afastar o aluno. Entretanto, nenhuma prova confirma essa versão.
Deixando Ghirlandaio, Michelangelo entra para a escola de escultura que o
mecenas Lourenço, o Magnífico - riquíssimo banqueiro e protetor das artes
mantinha em Florença. Lourenço interessa-se pelo novo estudante: aloja-o no
palácio, faz com que sente à mesa de seus filhos. Michelangelo está em pleno
ambiente físico e cultural do Renascimento italiano.
Baco
Michelangelo adere plenamente a esse mundo. Ao
produzir O Combate dos Centauros, baixo-relevo de
tema mitológico sente-se não um artista italiano
inspirado nos padrões clássicos helênicos, mas um
escultor grego de verdade. Em seu primeiro trabalho
na pedra, com seus frisos de adolescentes atléticos
reinam a força e a beleza impassíveis, como
divindades do Olimpo.
Na Igreja del Carmine, Michelangelo copia os
afrescos de Masaccio. Nos jardins de Lourenço,
participa de requintadas palestras sobre filosofia e
estética. Mas seu temperamento irônico, sua
impaciência com a mediocridade e com a lentidão dos
colegas lhe valem o primeiro - e irreparável - choque
com a hostilidade dos invejosos. Ao ridicularizar o
trabalho de um companheiro, Torrigiano dei Torrigiani
- vaidoso e agressivo -, este desfechou-lhe um golpe tão violento no rosto que
lhe desfigurou para sempre o nariz. Mancha que nunca mais se apagará da
sua sensibilidade e da sua retina, a pequena deformação lhe parecerá dai por
diante um estigma - o de um mundo que o escorraça por não aceitar a
grandeza do seu gênio - e também uma mutilação ainda mais dolorosa para
quem, como ele, considerava a beleza do corpo uma legitima encarnação
divina
na
forma
passageira
do
ser
humano.
Em 1490, Michelangelo tem 15 anos. É o ano em que, o monge Savonarola
começa a inflamada pregação mística que o levará ao governo de Florença. O
anuncio de que a ira de Deus em breve desceria sobre a cidade atemoriza o
jovem artista: sonhos e terrores apocalípticos povoam suas noites. Lourenço, o
Magnífico, morre em 1492. Michelangelo deixa o palácio. A revolução estoura
em 1494. Michelangelo, um mês antes, fugira para Veneza.
Longe do caos em que se convertera a aristocrática cidade dos Médici,
Michelangelo se acalma. Passa o inverno em Bolonha, esquece Savonarola e
suas profecias, redescobre a beleza do mundo. Lê Petrarca, Boccaccio e
Dante. Na primavera do ano seguinte, passa novamente por Florença. Esculpe
o Cupido Adormecido - obra "pagã" num ambiente tomado de fervor religioso vai a Roma, onde esculpe Baco Bêbado, Adônis Morrendo. Enquanto isso, em
Florença, Savonarola faz queimar livros e quadros.
Logo, porém, a situação se inverte. Os partidários do monge começam a ser
perseguidos. Entre eles, está um irmão de Michelangelo, Leonardo - que
também se fizera monge durante as
prédicas de Savonarola. Michelangelo
não volta. Em 1498, Savonarola é
queimado.
Michelangelo
se
cala.
Nenhuma de suas cartas faz menção a
esses fatos. Mas esculpe a Pietá, onde
uma melancolia indescritível envolve as
figuras belas e clássicas. A tristeza
instalara-se em Michelangelo.
Na primavera de 1501, ei-lo por fim em
Florença. Nesse mesmo ano, surgirá de
suas mãos a primeira obra madura.
Pietá
Um gigantesco bloco de mármore jazia abandonado havia 40 anos no local
pertencente à catedral da cidade. Tinha sido entregue ao escultor Duccio, que
nele deveria talhar a figura de um profeta. Duccio, porém, faleceu
repentinamente e o mármore ficou á espera. Michelangelo decidiu trabalha-lo.
O resultado foi o colossal Davi, símbolo de sua luta contra o Destino, como
Davi
ante
Golias.
Uma comissão de artistas, entre os quais estavam
nada menos que Leonardo da Vinci, Botticelli,
Filippino Lippi e Perugino, interroga Michelangelo
sobre o lugar onde deveria ficar a estátua que
deslumbra a todos que a contemplam. A resposta
do mestre é segura: na praça central de Florença,
defronte ao Palácio da Senhoria. E para esse local
a obra foi transportada. Entretanto, o povo da
cidade se choca com a nudez da figura, obrigando
a colocação de um arranjo de folhas lapidado
tampando o sexo da escultura, em nome da moral.
Da mesma época data a primeira pintura (que se
conhece) de Michelangelo. Trata-se de um tondo pintura circular - cujas formas e cores fariam com
que, posteriormente, os críticos o definissem como
obra precursora da escola "maneirista". É A
Sagrada Família. Pode-se ver que, mesmo com o
pincel, Michelangelo não deixa de ser escultor. Ou,
como ele próprio dizia: "Uma pintura é tanto
melhor quanto mais se aproxime do relevo".
Em março de 1505, Michelangelo é chamado a
Roma pelo Papa Júlio lI. Começa então o período
heróico de sua vida. A idéia de Júlio II era a de mandar construir para si uma
tumba monumental que recordasse a magnificência da Roma Antiga com seus
mausoléus suntuosos e solenes. Michelangelo aceita a incumbência com
entusiasmo e durante oito meses fica
em Carrara, meditando sobre o
esquema da obra e selecionando os
mármores
que
nela
seriam
empregados. Enormes blocos de
pedra começam a chegar a Roma e
se acumulam na Praça de São
Pedro, no Vaticano. O assombro do
povo mistura-se à vaidade do papa e
à inveja de outros artistas. Bramante
de Urbino, arquiteto de Júlio II, que
fora freqüentes vezes criticado com
palavras
sarcásticas
por
Michelangelo, consegue persuadir o
papa a que desista do projeto e o
substitua por outro: a reconstrução
da Praça de São Pedro. Em janeiro de 1506, Sua Santidade aceita os
conselhos de Bramante. Sem sequer consultar Michelangelo, decide suspender
tudo: o artista está humilhado e cheio de dividas.
Michelangelo parte de Roma. No dia seguinte, Bramante, vitorioso, começa a
edificação da praça. No entanto, Júlio II quer o mestre de volta. Este recusa,
Finalmente, encontra-se com o papa em Bolonha e pede-lhe perdão e uma
nova incumbência aguarda Michelangelo: executar uma colossal estátua de
bronze para ser erguida em Bolonha. São inúteis os protestos do artista de que
nada entende da fundição desse metal. Que aprenda, responde-lhe o
caprichoso papa. Durante 15 meses, Michelangelo vive mil acidentes na
criação da obra. Escreve ao irmão: "Mal tenho tempo de comer. Dia e noite, só
penso no trabalho. Já passei por tais sofrimentos e ainda passo por outros que,
acredito se tivesse de fazer a estátua mais uma vez, minha vida não seria
suficiente: é trabalho para um gigante”
O resultado não compensou. A estátua de Júlio II, erguida em fevereiro de
1508 diante da lgreja de São Petrônio, teria apenas quatro anos de vida. Em
dezembro de 1511, foi destruída por uma facção política inimiga do papa e
seus escombros vendidos a
certo Alfonso d'Este, que
deles fez um canhão.
Criação do Homem – Capela Sistina
De regresso a Roma,
Michelangelo
deve
responder a novo capricho
de Júlio II : decorar a
Capela Sistina. O fato de o
mestre ser antes de tudo
um
escultor
não
familiarizado com as técnicas do afresco não entrava nas cogitações do papa.
Todas as tentativas de fugir á encomenda são inúteis. O Santo Padre insiste segundo alguns críticos, manejado habilmente por Bramante que, dessa forma,
desejaria arruinar para sempre a carreira de Michelangelo - e o artista cede
mais uma vez. A incumbência - insólita e extravagante - é aceita.
Dia 10 de maio de 1508, começa o gigantesco trabalho. A primeira atitude do
artista é recusar o andaime construído especialmente para a obra por
Bramante. Determina que se faça outro, segundo suas próprias idéias. Em
segundo lugar, manda embora os pintores que lhe haviam sido dados como
ajudantes e instrutores na técnica do afresco. Terceiro, resolve pintar não só a
cúpula da capela, mas também suas paredes.
É a fase de Michelangelo herói. Herói trágico. O trabalho avança muito
lentamente. Por mais de um ano, o papa não lhe paga um cêntimo sequer. Sua
família o atormenta com constantes pedidos de dinheiro. A substância frágil
das paredes faz logo derreter as primeiras figuras que esboçara. Impaciente
com a demora da obra, o papa constantemente vem perturbar-lhe a
concentração para saber se o projeto frutificava. Chega a agredir o artista a
golpes de bengala, que tenta fugir de Roma. O papa pede desculpas e faz com
que lhe seja entregue - por fim - a soma de 500 ducados. O artista retoma a
tarefa.
Criação do sol e da lua -- Capela Sistina
No dia de Finados de 1512, Michelangelo retira os andaimes que encobriam a
perspectiva total da obra e admite o papa à capela. A decoração estava pronta.
A data dedicada aos mortos convinha bem á inauguração dessa pintura
terrível, plena do Espírito do Deus que cria e que mata. Todo o Antigo
Testamento está ai retratado em centenas de figuras e imagens dramáticas, de
incomparável vigor e originalidade de concepção: o corpo vigoroso de Deus
retorcido e retesado no ato da criação do Universo; Adão que recebe do
Senhor o toque vivificador de Sua mão estendida, tocando os dedos ainda
inertes do primeiro homem; Adão e Eva expulsos do Paraíso; a embriaguez de
Noé e o Dilúvio Universal; os episódios bíblicos da história do povo hebreu e os
profetas anunciando o Messias.
São visões de um esplendor nunca dantes sonhado, imagens de beleza e
genialidade, momentos supremos do poder criador do homem.
Vencedor e vencido, Michelangelo regressa a Florença. Vivendo em retiro,
dedica-se a recobrar as forças minadas pelo prolongado trabalho; a vista fora
especialmente afetada e o mestre cuidam de repousá-la. Mas o repouso é
breve: sempre inquieto Michelangelo volta a entregar-se ao projeto que jamais
deixara de amar: o túmulo monumental de Júlio II. Morto o papa em fevereiro
de 1513, no mês seguinte o artista assina um contrato comprometendo-se a
executar a obra em sete anos. Dela fariam parte 32 grandes estátuas. Uma
logo fica pronta. É o Moisés - considerada a sua mais perfeita obra de
escultura. Segue-se outra, Os Escravos, que se acha no Museu do Louvre,
doada ao soberano Francisco I pelo florentino Roberto Strozzi, exilado na
França, que por sua vez a recebera diretamente do mestre em 1546.
Como breve foi o repouso, breve foi a paz. O novo papa, Leão X, decide
chamar Michelangelo e oferece-lhe a edificação da fachada da Igreja de São
Lourenço, em Florença. E o artista, estimulado por sua rivalidade com Rafael que se aproveitara de sua ausência e da morte de Bramante para tornar-se o
soberano da arte em Roma -, aceita o convite, sabendo que precisaria
suspender os trabalhos relacionados com a tumba de Júlio II. O pior, porém, é
que após anos de esforços, após mil dificuldades, vê o contrato anulado pelo
papa Leão X.
Moisés
Só com o sucessor de Leão X, o Papa Clemente
VII, Michelangelo encontra novamente um
mecenas que o incita a trabalhar arduamente:
deverá construir a capela e a tumba dos Médici,
sendo-lhe paga uma pensão mensal três vezes
superior á que o artista exigira. Mas o destino
insiste em turvar seus raros momentos de
tranqüilidade: em 1527, a guerra eclode em
Florença e Michelangelo, depois de ajudar a
projetar as defesas da cidade, prefere fugir,
exilando-se por algum tempo em Veneza.
Restabelecida a paz, o Papa Clemente, fiel a seu
nome, perdoa-lhe os "desvarios" políticos e o
estimula a retornar o trabalho da Capela dos
Médici. Com furor e desespero, Michelangelo
dedica-se á obra. Quando o interrogam sobre a
escassa semelhança das estátuas com os membros da poderosa família, ele
dá de ombros: "Quem perceberá este detalhe daqui a dez séculos?
A esquerda Túmulo de Lorenzo Médici e a direita Túmulo de Giuliano de Médici
Uma a uma emergem de suas mãos miraculosas as alegorias da Ação, do
Pensamento e as quatro estátuas de base: O Dia, A Noite, A Aurora e O
Crepúsculo terminados em 1531. Toda a amargura de suas desilusões, a
angústia dos dias perdidos e das esperanças arruinadas, toda a melancolia e
todo o pessimismo refletem-se nessas obras magníficas e sombrias.
Com a morte de Clemente VII em 1534, Michelangelo - odiado pelo Duque
Alexandre de Médici - abandona mais uma vez Florença. Agora, porém, seu
exílio em Roma será definitivo. Nunca mais seus olhos contemplarão a cidade
que tanto amou. Vinte e um anos haviam passado desde sua última estada em
Roma: nesse período, produzira três estátuas do monumento inacabado de
Júlio II, sete estátuas inacabadas do monumento inacabado dos Médici, a
fachada inacabada da lgreja de São Lourenço, o Cristo inacabado da lgreja de
Santa Maria della Minerva e um Apolo inacabado para Baccio Valori.
Nesses vinte e um anos, perdeu a saúde, a energia, a fé na arte e na pátria.
Nada parecia mantê-lo vivo: nem a criação, nem a ambição, nem a esperança.
Michelangelo tem 60 anos e um desejo: morrer.
Roma, entretanto, lhe trará novo alento: a amizade com Tommaso dei Cavalieri
e com a Marquesa Vittoria Colonna, afastando-o do tormento e da solidão,
permite-lhe aceitar a oferta de Paulo III, que o nomeia arquiteto-chefe, escultor
e pintor do palácio apostólico. De 1536 a 1541, Michelangelo pinta os afrescos
do Juízo Final na Capela Sistina. Nada melhor que suas próprias idéias sobre
pintura para definir essa obra e o homem que a criou: "A boa pintura aproximase de Deus e une-se a Ele... Não é mais do que uma cópia das suas
perfeições, uma sombra do seu pincel, sua música, sua melodia... Por isso não
basta que o pintor seja um grande e hábil mestre de seu oficio. Penso ser mais
importante a pureza e a santidade de sua vida, tanto quanto possível, a fim de
que
o
Espírito
Santo
guie
seus
pensamentos..."
Terminados os afrescos da Sistina,
Michelangelo crê enfim poder acabar o
monumento de Júlio II. Mas o papa,
insaciável, exige que o ancião de 70 anos
pinte os afrescos da Capela Paulina.
Concluídos em 1550, foram suas últimas
pinturas. Durante todo esse tempo, os
herdeiros do Papa Júlio II não cessaram de
perseguir o artista pelo não cumprimento
dos vários contratos por ele assinados para
o término da obra. O quinto contrato seria
cumprido. Em janeiro de 1545, inauguravase o monumento. O que restara do plano
primitivo? Apenas o Moisés, no inicio um
detalhe do projeto, agora o centro do
monumento executado. Mas Michelangelo
estava livre do pesadelo de toda a sua vida.
Os últimos anos do mestre ainda foram fecundos, embora numa atividade
diferente: a arquitetura. Dedicou-se ao projeto de São Pedro, tarefa que lhe
custou exaustivos esforços devido às intrigas que lhe tramaram seus acirrados
inimigos. Projetou também o Capitólio - onde se reúne o Senado italiano - e a
Igreja de São João dos Florentinos (cujos planos se perderam).
Ainda encontra energias para esculpir. Renegando cada vez mais o mundo,
Michelangelo busca uma união mística com o Cristo. Sua criação, como a de
Botticelli no final da vida, é toda voltada para as cenas da Paixão. De pé, aos
88 anos de idade, ele elabora penosa e amorosamente uma Pietá, até que a
doença o acorrente em definitivo ao leito, onde - com absoluta lucidez - dita um
testamento comovente, pedindo "regressar pelo menos já morto" à sua
adorada e inesquecível Florença, doando sua alma a Deus e seu corpo á terra.
O seu gênio, ele já o tinha legado a humanidade.
Esta Biografia foi retirada de "Gênios da Pintura" do Círculo do Livro
Leonardo da Vinci
Leonardo nasceu numa aldeia perto de Florença, Itália, em 1452. Seu pai, o
tabelião Piero não se casou com a jovem Catarina e recusou-se a dar ao
menino um nome, o que veio a tornar famosa a aldeia de Vinci.
Um dos maiores gênios de todos os tempos, principal figura da renascença
Leonardo consegue ser um mestre da pintura com apenas meia dúzia de
quadros - os únicos que lhe podem ser atribuídos com toda certeza e
exclusividade - entre os quais estão o mais famoso do mundo, a Mona Lisa, e o
mais reproduzido na história da arte, A Ceia.
Leonardo passou a infância na casa do avô, longe do pai, mimado pela mãe.
Jovem, não foi um exemplo de força de vontade ou rigidez de caráter. Em
1476, por exemplo, os arquivos locais registram duas denúncias contra ele, por
maus costumes (sem revelar o que seriam
estes
atentados
ao
pudor
público).
Aos 16 anos já desenhava e pintava, e o pai
mandou-o a Florença para trabalhar no ateliê de
Verrocchio. Florença era naquela época, cidade
de grande prestígio e de muitas glorias. Seu
governador, Lourenço de Médicis, chamado "o
magnífico", a transformara num centro de
cultura, dera-lhe paz e prosperidade. A arte
florentina estava no apogeu: Verrocchio,
Botticelli, Filippino Lippi e Ghirlandaio - entre
outros
ali
trabalham
protegidos
pelo
regente.
A
extraordinária beleza física de Leonardo abre-lhe
as portas: louro, olhos azuis teria sido o modelo
para o Davi, de Verrocchio. Mas é a sua
inteligência e o espírito brilhante que lhe mantêm
essas portas abertas.
O Batismo de Cristo, de Verrocchio, é o seu
primeiro trabalho importante de aprendiz: o anjo
à esquerda segundo consta, é totalmente seu.
Giorgio Vasari, pintor menor, mas o maior
historiador da arte do Renascimento e
contemporâneo de Leonardo, afirma que Verrocchio acabou desgostoso com a
pintura, ao ver-se ultrapassado pelo próprio aluno. O certo, porém, é que
Verrocchio exerceu sobre Leonardo profunda influência, a qual, embora
pequena no campo artístico, foi bastante marcante no campo intelectual.
Diz Vasari, a propósito de Leonardo: "Se não tivesse sido tão volúvel e
inconstante, teria feito um grande proveito na erudição e nas letras". Ou em
qualquer campo que escolhesse. O problema é que não se fixava e, ainda
muito moço, já se dedicava aos desenhos arquitetônicos e aos inventos
mecânicos.
Num ensaio famoso, Freud - o pai da psicanálise - atribui uma causa infantil a
esta inconstância de Leonardo: viveu com a mãe somente até os 4 anos,
quando ela se casou com um certo Accattabriga del Vacca. Indo morar com o
avô paterno, Antonio, assistiu ao casamento do pai com Albiera Amadori. O
casal não teve filhos e Leonardo chamava a madrasta de madrinha, ligando-se
muito a ela. Mas ainda não tinha 13 anos no dia em que ela morreu, e viu o pai
casar-se mais três vezes. E não tinha 14 anos quando morreu o avô, seu
grande amigo.
Em 1482, aos 30 anos, oferece seus serviços ao Conde Sforza, Ludovico, o
Mouro, e segue para Milão, deixando em Florença, inacabadas, duas obras de
pintura: Adoração dos Magos e São Jerônimo. Um dos pastores da Adoração,
ao que tudo indica, é o seu auto-retrato aos 22 anos. O que encanta os críticos
nas suas pinturas inacabadas é exatamente a possibilidade de verem a obra de
arte no ato da sua criação.
Fica em Milão até 1499 para projetar a catedral da cidade, mas acaba
esboçando e construindo a rede de canais e um vasto sistema de irrigação e
abastecimento de água. Além disso, planeja e organiza a defesa de Milão,
pondo em prática sua "inventiva" na construção de máquinas para a guerra: o
carro de assalto que imaginou coberto de toras de madeira movia-se à força de
homens ou animais protegidos no seu interior, disparando sobre o inimigo com
armas que se deslocavam sobre a abertura superior; o canhão de canos
múltiplos disparava rajadas, como as metralhadoras inventadas séculos depois.
Urbanista, fez um projeto completo para a cidade de Milão, eliminando muros,
alinhando ruas, prevendo esgotos, vias de dois pavimentos em que os
pedestres andariam por cima, deixando a pista embaixo livre para veículos. As
casas seriam amplas e ventiladas, e haveria enormes praças e jardins públicos.
Ainda encontrava tempo para superintender as representações teatrais,
organizar as sessões de música no palácio e dirigir as grandes festas,
enquanto trabalhava numa gigantesca estátua eqüestre de Francesco Sforza.
Só o cavalo estava completo, quando os franceses, invadindo a cidade,
destruíram o modelo em gesso em 1500. Também datam dessa época seus
estudos de Anatomia e Proporções, de Perspectiva e de Óptica.
Também é dessa época o quadro A Virgem dos Rochedos, primeiro daquele
período que chegou até nós acabado, embora esteja bastante danificado. É a
primeira obra de Leonardo terminada que conhecemos e dela existem duas
versões, uma no Museu do Louvre e a outra, provavelmente posterior, na
Galeria Nacional de Londres. Um contrato assinado a 25 de abril de l483
obrigava-o a entregar, até o dia 8 de dezembro do mesmo ano, um mural para
o altar da Virgem, na Igreja de São Francisco, em Milão. Leonardo contratou os
irmãos De Predis para participar da execução, mas antes de terminada a obra
romperam o contrato. No dia marcado, Leonardo não entregou o trabalho;
começou aí uma questão judicial que durou 25 anos.
A esquerda Virgem dos Rochedos – óleo sobre madeira – 199 cm x 122 cm – Museu do Louvre - Paris
A direita Virgem dos Rochedos – óleo sobre madeira – 189,5 cm x 120 cm – National Gallery - Londres
Ao que tudo indica, enquanto procurava cumprir a tarefa, com a colaboração
dos irmãos De Predis e segundo exigências que determinavam uma série de
pormenores na maneira de retratar os personagens, Leonardo trabalhava
sozinho em outra versão, pessoal. É esta versão que está no Louvre. Inspira-se
no animismo. Segundo esta doutrina, comum no Renascimento, a natureza
inteira é animada por almas diversas, todas com caráter espiritual. Assim, a
rocha, as flores, os animais e os homens constituem expressões diversificadas
de uma mesma força vital e assim devem ser representados. Leonardo afirma,
nos seus manuscritos, que a Terra vive e tem uma alma. A Virgem dos
Rochedos emerge de uma atmosfera vibrátil, densa, os objetos perdem os
contornos rígidos para respirarem livremente, irradiando uma luz interna,
nascida do íntimo, como se viesse mesmo da própria vida contida em cada um.
Na mesma época pintou A Ceia ou O Cenáculo, no qual retrata o momento em
que Cristo anuncia haver um traidor entre os presentes. A intenção dramática é
evidente na própria escolha da distribuição dos personagens, na fixação da
atitude de cada um: espanto suspeita indiferença, dúvida, indignação, amor.
A Ceia custou três anos de trabalho, de 1495 a 1497. Pintou-a numa parede do
Convento de Santa Maria delle Grazie, em Milão, com mais de 9 metros de
comprimento e 4 metros e 20 centímetros de altura. Leonardo começa
trabalhando com rapidez, dias inteiros, esquecido de tudo. Mas atravessa uma
época difícil. A guerra contra Carlos VIII desvia o bronze necessário para fundir
o monumento a Francesco Sforza, que custara tantos anos de trabalho.
Por essa época, vive modestamente, como um monge. Às vezes, passa vários
dias sem pegar um pincel, desenhando e redesenhando as figuras da Ceia. Há
uma enorme série de estudos não só do conjunto como de cada um dos
apóstolos, inclusive despidos - para melhor estudar o movimento e a atitude de
cada um. Esses desenhos estão em Milão, no Louvre, em Windsor, na
Academia de Veneza e na Albertina de Viena. As duas figuras centrais, Cristo e
Judas, merecem um longo estudo e uma incansável busca por modelos dignos.
Judas acaba ficando muito parecido com Savonarola - que então domina a vida
de Florença, até ser queimado.
Os críticos discutem até hoje se Leonardo terminou ou não sua obra. Sem
muita sorte, apesar dos novos processos que ensaiou, em pouco tempo as
cores começaram a desbotar, as paredes a descascar, a umidade atacando a
têmpera aplicada diretamente sobre o muro.
É até possível que Leonardo tenha abandonado o trabalho, por causa das más
condições do local. Luca Pacioli, amigo de Leonardo, escreve em 1498 que "o
maravilhoso trabalho não está acabado, mas é uma obra-prima, numa
localização infeliz".
Os padres de Santa Maria chegam a abrir uma porta no mural. Sucessivas
tentativas de restauração comprometem ainda mais a Ceia, que tendo
escapado por um triz ao bombardeio aéreo na II Guerra Mundial, ficou sujeita
depois a nova tentativa de restauração.
De qualquer forma, a Ceia devolve Leonardo às boas graças de Ludovico, que
o presenteia com uma vinha em São Vitório. Mas desde a morte da mulher, em
1496, que Ludovico não é o mesmo homem, a corte não tem para ele o mesmo
brilho. E quando os franceses invadem a cidade, em 1500, Leonardo, abalado
pela derrota de Ludovico - de quem era conselheiro militar -, põe-se a serviço
de César Bórgia. Em Florença ele é o Consultor para Questões de Arquitetura.
Em Veneza estuda o sistema defensivo da cidade, ameaçada pelos turcos,
projeta gigantescas catapultas, preocupa-se com o domínio dos ares. Depois
de estudar a fundo o vôo das aves conclui que o homem jamais voará batendo
asas, mas está certo de que, resolvido o problema da propulsão, o homem
voará, porque a estabilidade e o pouso não serão problemas. Cria um páraquedas e começa a estudar um engenho voador mecânico. Chega, inclusive, a
criar o parafuso aéreo, uma antevisão do helicóptero, de propulsão mecânica.
Baseado no princípio de Arquimedes inventa uma bomba hidráulica, para
elevar água, a primeira do gênero. Imagina ainda uma bomba de poço e uma
roda hidráulica. Estuda os peixes e, para vencer a resistência da água,
aconselha novos perfis para as embarcações. Projeta vários modelos de barco,
inclusive um movido a rodas de pás - como os navios a vapor de trezentos
anos depois.
Em Veneza é acusado de desrespeito aos mortos, por dissecar cadáveres, o
que constituía crime, além de ser um terrível pecado contra a Igreja. O
escândalo é abafado.
Nomeado engenheiro militar acompanha César Bórgia nos seus
empreendimentos guerreiros e encontra tempo para mais alguns inventos
como, por exemplo, o isqueiro para acender canhões e também para pintar:
começa Gioconda em 1503.
Segundo Vasari, Francesco del Giocondo, um
rico florentino, encomendou a Leonardo - e
pagou-lhe muito bem por isso - um retrato de
sua
mulher,
Mona
Lisa.
Quatro anos depois o quadro não está pronto.
Aqui começa o grande debate: quem é a dama
do quadro? A mulher de Giocondo? É este o
retrato de uma jovem de 26 anos? Ou é o
retrato de Constança dáAvalos, Duquesa de
Francavilla, "inclusive com o véu negro de
viúva?" Há quem afirme - e a sério - que o
encantador sorriso é de um jovem, travestido.
Diz a lenda que Leonardo tocava, para distrair
seu modelo, música composta por ele em
instrumentos inventados por ele, como um
órgão a água e uma lira de prata (que daria de
presente a Ludovico). O certo é que a Mona
Lisa del Giocondo se tornou o quadro mais
célebre da pintura ocidental. Hoje está no Louvre, como principal atração
turística, numa sala em que um Rafael e um Correggio passam despercebidos,
ofuscados pela fama da Gioconda. Aqui também Leonardo foi copiado. A
mesma pose foi repetida por dezenas de artistas que retrataram mulheres
vestidas e despidas na mesma posição, à procura
do mesmo sorriso inimitável, durante mais de cem
anos. Também data de 1503 Santana, a Virgem e
o Menino, cuja exposição é um sucesso. Filipino
Lippi, convidado a fazer o quadro para os padres
da Annunziata, que queriam a Virgem, o Filho e a
Mãe num mesmo altar, recusou-se modestamente,
indicando Leonardo, em 1500. Ele recebe dinheiro
por conta e não dá andamento ao trabalho, nem
apresenta um projeto. Está preocupado com a
Geometria, depois com a Hidráulica, em seguida
com a Geometria dos Sólidos, e logo com a
Anatomia.
Santana, a Virgem e o Menino
Leonardo também não completa o afresco que a República Florentina
encomenda para a Sala do Conselho do Palácio da Senhoria. Nesta enorme
sala, Leonardo deveria pintar a Batalha de Anghiari, que ficaria de frente para
outra pintura comemorativa, a da Batalha de Cascina, a cargo de um jovem
que iniciava brilhantemente a carreira: Michelangelo Buonarroti. Certo de
superar seu concorrente, Leonardo trabalha com rapidez e segurança. Mas,
assim que o afresco começa a deteriorar-se, pois as novas técnicas de
Leonardo não aprovam, perde o interesse, faz um depósito de 150 florins e
segue para Milão.
Em Milão tenta recuperar a vinha que Ludovico lhe dera, procura acalmar os
padres a quem ainda deve A Virgem dos Rochedos e aceita a incumbência de
fazer uma estátua eqüestre, um monumento a Trivulce. Mas Ludovico
reconquista o poder, os franceses fogem e Leonardo é obrigado a sair às
pressas, acusado de colaborar com o inimigo.
Foge para Roma, coloca-se a serviço de Juliano de Medici. Roma não lhe é
simpática, prefere Rafael e Michelangelo, artistas mais jovens. Nesta época
quase não pinta, aprofunda seus estudos de Matemática, dedica-se
decididamente aos projetos de Arquitetura e de Engenharia, aos estudos de
Anatomia, à redação do seu tratado sobre pintura (que só será editado
posteriormente em Paris para comemorar o seu centenário, em 1551, com o
título de Tratado da Pintura).
E só em 1510 acaba por fim Santana, a Virgem e o Menino, ainda assim sem
alguns detalhes.
A morte de Juliano precipita sua partida de Roma. Aceita o convite de amigos
franceses e deixa definitivamente a Itália em 1516. Leva seus manuscritos,
centenas de desenhos, três quadros - todos os três feitos por encomenda e
nenhum deles entregue.
Doente, com um problema de articulação na mão esquerda, não pinta mais, vai
aos poucos perdendo as forças. Mora no Castelo de Cloux, uma residência de
Francisco I. O rei é uma das suas visitas constantes. Outra é De Beatis,
secretário do Cardeal de Aragon, a quem confessa que dissecara trinta
cadáveres, corpos que precisou comprar ou roubar para arrancar a pele, seguir
o caminho das veias, estudar a junção
dos ossos, aprender a disposição dos
músculos, á procura dos segredos do
movimento do homem. Mostra suas
pesquisas, as conclusões a que
chegou, as questões que formulou,
tudo anotado numa escrita peculiar,
intraduzível, indecifrável durante anos
(até que se descobriu que ele escrevia
para ser lido diante de um espelho).
Esses cadernos, se revelados e
aceitos na época, certamente teriam
feito a medicina avançar cem anos, no
mínimo.
São João Batista
O mês de abril de 1519 ele o passa na
cama, cercado por três quadros: a
Mona Lisa del Giocondo; Santana, a
Virgem e o Menino e o São João
Batista, que provavelmente pintou em
Roma como sua última obra.
No dia 2 de maio o Rei Francisco I visita mais uma vez Mestre Leonardo. Para
aliviar-lhe a dor, sustenta sua cabeça nos braços. "Reconhecendo que não
podia ter honra maior" (segundo Vasari), Leonardo da Vinci morre nos braços
do rei. Está morto o homem que inventou o salva-vidas, que inventou o
compasso parabólico, que inventou máquinas capazes de fazer lentes
telescópicas de 6 metros e lentes côncavas, que demonstrou a impossibilidade
do moto-contínuo, que descobriu a mecânica dos músculos, que mediu a
distância do Sol a Terra e o tamanho da Lua. Está morto o homem que pintou o
quadro mais reproduzido do mundo, além de pintar o quadro mais célebre, mas
que entre todas suas obras só gostava verdadeiramente de Santana, a Virgem
e o Menino.
A Morte de Leonardo Da Vinci por Ingres, em 1818
©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
RAFAEL SANZIO
Raffaello Sanzio, conhecido em português como Rafael, nasceu em Urbino, na
Itália, em 6 de abril de 1483. Seu pai, Giovanni Santi, era pintor de poucos
méritos mas homem culto e bem relacionado na corte do duque Federico de
Montefeltro. Transmitiu ao filho, de precoce talento, o amor pela pintura e as
primeiras lições do ofício. O duque, personificação
do ideal renascentista do príncipe culto, encorajara
todas as formas artísticas e transformara Urbino em
centro cultural.
Após a morte do pai, em 1494, Rafael foi para
Perugia, onde aprendeu com Pietro Perugino a
técnica do afresco ou pintura mural. Em sua primeira
obra de realce, "O casamento da Virgem" (1504), a
influência de Perugino evidencia-se na perspectiva e
na relação proporcional entre as figuras, de um doce
lirismo, e a arquitetura. A disposição das figuras é,
no entanto, mais informal e animada que a do
mestre.
O casamento da Virgem
No outono de 1504, Rafael foi a Florença, atraído pelos trabalhos que estavam
sendo realizados, no Palazzo della Signoria, por Leonardo da Vinci e
Michelangelo. Sob a influência sobretudo da obra de Da Vinci, absorveu a
estética renascentista e executou diversas madonas, entre as quais a "Madona
Esterházy" e "A bela jardineira". Fez uso das grandes inovações introduzidas
na pintura por Da Vinci a partir de 1480: o claro-escuro, contraste de luz e
sombra que empregou com moderação, e o esfumado, sombreado levemente
esbatido, ao invés de traços, para delinear as formas.
A esquera “Madonna Estherházy”
A direita “A Bela Jardineira”
A influência de Michelangelo, patente na "Pietà" e consistiu sobretudo na
exploração das possibilidades expressivas da anatomia humana.
Por sugestão de Bramante, seu amigo e arquiteto do Vaticano, Rafael foi
chamado a Roma pelo papa Júlio II em 1508. Nos 12 anos em que
permaneceu nessa cidade incumbiu-se de numerosos projetos de envergadura,
nos quais deu mostras de uma imaginação variada e fértil. Dos afrescos do
Vaticano, os mais importantes são a "Disputa" (ou "Discussão do Santíssimo
Sacramento") e a "Escola de Atenas", ambos pintados na Stanza della
Segnatura. O primeiro, que mostra uma visão celestial de Deus, seus profetas
e apóstolos a encimar um conjunto de representantes da igreja, equipara a
vitória do catolicismo à afirmação da verdade. Já a "Escola de Atenas" é uma
alegoria complexa do conhecimento filosófico profano. Mostra um grupo de
filósofos de várias épocas históricas ao redor de Aristóteles e Platão, ilustrando
a continuidade histórica do pensamento platônico.
A esquerda “Disputa” e a direita “Escola de Atenas”
Após a morte de Júlio II, em 1513, a decoração dos aposentos pontifícios
prosseguiu sob o novo papa, Leão X, até 1517. Apesar da grandiosidade do
empreendimento, cujas últimas partes foram deixadas principalmente por conta
de seus discípulos, Rafael, que então se tornara o pintor da moda, assumiu ao
mesmo tempo numerosas outras tarefas: criou retratos, altares, cartões para
tapeçarias, cenários teatrais e projetos arquitetônicos de construções profanas
e igrejas. Tamanho era seu prestígio que, segundo o biógrafo Giorgio Vasari,
Leão X chegou a pensar em fazê-lo cardeal.
Em 1514, com a morte de Bramante, Rafael foi nomeado para suceder-lhe
como arquiteto do Vaticano e assumiu as obras em curso na basílica de São
Pedro. Sucedeu também a Bramante na decoração das galerias do Vaticano,
aí realizando composições de lírica simplicidade que pareciam contrabalançar
a aterradora grandeza da capela Sistina pintada por Michelangelo.
Competente pesquisador interessado na antiguidade clássica, Rafael foi
designado, em 1515, para supervisionar a preservação de preciosas inscrições
latinas em mármore. Dois anos depois, foi nomeado encarregado geral de
todas as antiguidades romanas, para o que executou um mapa arqueológico da
cidade. Sua última obra, a "Transfiguração", encomendada em 1517, desvia-se
da serenidade típica de seu estilo para prefigurar coordenadas de um novo
mundo turbulento - o da expressão barroca.
Em conseqüência da profundidade filosófica de muitos de seus trabalhos, a
reputação de humanista de Rafael implantou-se em Roma. Coberto de
honrarias, Rafael morreu em Roma em 6 de abril de 1520.
Ninfa Galatéia
©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
Madonna Sistina
SANDRO BOTTICELLI
Alessandro di Mariano Filipepi, conhecido como
Sandro Botticelli, nasceu em Florença em 1445.
Pouco se sabe dos primeiros anos de sua vida.
Por volta de 1465 entrou para o ateliê de Filippo
Lippi, cujo estilo elegante marcou claramente
suas primeiras obras. Mais tarde trabalhou como
ajudante de Andrea Verrocchio e conheceu Piero
Pollaiuolo, criadores que o influenciaram.
Auto retrato
Aos 25 anos, Botticelli já possuía ateliê próprio.
Entre as primeiras peças ali produzidas
destacam-se a alegoria de "A fortaleza" e o "São
Sebastião", que refletia a mestria de Pollaiuolo na
anatomia e no movimento da figura. Por volta de
1477 pintou uma de suas obras mais conhecidas,
"A primavera", em que apresentou Vênus, diante de uma paisagem arborizada,
em companhia das Três Graças, Mercúrio e Flora, entre outras personagens
mitológicas. O quadro era uma alegoria do reino de Vênus e a deusa
representava a humanitas, isto é, a cultura florentina da época.
A esquerda “A Fortaleza”
A direita “São Sebastião”
Em 1481 Botticelli foi chamado a Roma pelo Papa Sisto IV para trabalhar, junto
com Ghirlandaio, Luca Signorelli, Cosimo Rosselli e Perugino, na decoração da
capela Sistina, onde realizou "A tentação de Cristo" e dois episódios da vida de
Moisés, obras que lhe deram fama. De regresso a Florença, trabalhou
principalmente para a família Medici
A tentação de Cristo
Nesses anos realizou suas obras mais célebres, de caráter profano e
mitológico, como "Marte e Vênus", "Palas e o centauro", "O nascimento de
Vênus".
Marte e Vênus
Palas e Centauro
Na última delas, executada por volta de
1485, pintou Vênus sobre uma concha,
emergindo da espuma do mar, para
simbolizar o nascimento da beleza através
do nu feminino. O desenho, delicado e
rítmico, e o refinado emprego da cor,
característicos de Botticelli, alcançaram aí
perfeita expressão.
Entre os quadros religiosos que realizou
nessa época destacou-se a "Virgem do
Magnificat", circular, em que os ideais de
beleza apareciam plasmados no rosto da
Virgem.
No princípio da década de 1490, a obra de
Botticelli viu-se afetada pelo dominicano
Girolamo Savonarola, influente em Florença entre 1491 e 1498, após a morte
de Lourenço o Magnífico. Desaparece a temática mitológica, substituída por
outra, devota e atormentada, cujos melhores exemplos foram a "Pietà" de
Munique e "A calúnia de Apeles", baseada nas descrições de um quadro do
grego Apeles.
Nascimento de Vênus
A esquerda “A Virgem do Magnificat” e a esquerda “A calúnia de Apeles”
Pietá e detalhe
Botticelli morreu em Florença em 17 de maio de 1510, quando triunfava na
Itália a estética do alto Renascimento.
Primavera e detalhes
©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
DONATO DI NICCOLÓ DI BETTO BARDI - DONATELLO
Voltado para a representação da figura humana, Donatello levou a escultura
renascentista à máxima expressividade e plasmou em suas obras os ideais de
beleza então em voga. Foi o mais importante escultor florentino do século XV e
um dos grandes mestres do Renascimento na Itália.
Donato di Niccoló di Betto Bardi, dito Donatello, nasceu em Florença por volta
de 1386. Iniciou-se como assistente do escultor
Lorenzo Ghiberti nas portas de bronze do
batistério de Florença (1404-1407), para cuja
catedral fez diversas esculturas de mármore,
entre as quais um "Davi".
Davi
Executou, também em mármore, um "São
Marcos" e um "São Jorge". As formas modeladas
em relevo plano mais pareciam uma pintura
gravada na pedra, devido ao fraco ressalto dos
sulcos.
Entre 1425 e 1433, Donatello manteve um ateliê
com o arquiteto Michelozzo, onde criou, também
para o Or San Michele, a estátua de bronze de
“São Luís” e o “tabernáculo” de mármore.
A esquerda “São Marcos” e a direita “São Jorge”
No princípio da década de 1430, uma viagem a Roma talvez lhe tenha
inspirado a idéia de fazer o "Davi" de bronze, primeira estátua nua de grande
porte do Renascimento.
Outras reminiscências clássicas são o "Coro", relevo de mármore na catedral
de Florença, e a estátua eqüestre, em bronze, de Erasmo de Narmi, chamado
popularmente Gattamelata (1447-1453), que se ergue na Piazza del Santo, em
Pádua.
A esquerda o “Coro” e a direita “Gattamelata”. Abaixo detalhe “Gattamelata”
Ainda em Pádua executou o crucifixo de bronze e o altar da igreja de San
Antonio, relevos magistrais em que atingiu o equilíbrio entre realismo e
idealismo.
A "Madalena" de madeira, no batistério de Florença é uma de suas últimas
obras, Donatello morreu em Florença, em 13 de dezembro de 1466. Dedicou
seus últimos anos aos dois relevos em bronze para o púlpito da igreja de São
Lourenço. Representam cenas de paixão de Cristo e são obras de fantástica
profundidade espiritual, embora algumas partes tenham sido terminadas por
artistas menos talentosos.
A esquerda “Crucifixo”, a direita “Madalena” e abaixo detalhe de “Madalena”.
©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
ARQUITETURA
Na arquitetura renascentista, a ocupação do espaço pelo edifício baseia-se em
relações matemáticas estabelecidas de tal forma que o observador possa
compreender a lei que o organiza, de qualquer ponto em que se coloque.
“Já não é o edifício que possui o homem, mas este que, aprendendo a lei
simples do espaço, possui o segredo do edifício” (Bruno Zevi, Saber Ver a
Arquitetura)
Principais características:
 Ordens Arquitetônicas
 Arcos de Volta-Perfeita
 Simplicidade na construção
 A escultura e a pintura se desprendem da arquitetura e passam a ser
autônomas
 Construções; palácios, igrejas, vilas (casa de descanso fora da cidade),
fortalezas (funções militares)
O principal arquiteto renascentista foi Brunelleschi.
FILIPPO BRUNELESCHI
Bruneleschi não era pintor; era escultor e arquiteto, com a atenção mais
voltada para a arquitetura, atividade em que demonstrou uma criatividade
ímpar, sendo até hoje, mais de 600 anos após, um referencial importante para
estudantes, professores e profissionais.
Embora tenha se destacado em uma série de obras importantes, o trabalho
que lhe deu maior projeção foi a cúpula da Catedral de Santa Maria del Fiori
(Santa Maria das Flores), em Florença. Não se conhece Florença sem visitar a
Catedral, e não se conhece a Catedral antes de contemplar, maravilhado, a
abóbada que se destaca do conjunto, roubando a cena.
Catedral de Santa Maria del Fiori
Seu prestígio tornou-se tão grande que, ao falecer, em 1446, teve a honra só
concedida a nobres e ao alto clero: seu corpo foi enterrado na própria Catedral.
As bases da estética renascentista foram lançadas por dois artistas florentinos:
Masaccio, na pintura, e Brunelleschi, na
arquitetura, considerados os pioneiros da
nova linguagem.
Filippo Brunelleschi nasceu em Florença
em 1377 e iniciou a carreira artística como
ourives e escultor.
Em 1401 participou, com o painel "O
sacrifício de Abraão", ponto alto de sua
carreira de escultor, do concurso para a
realização dos relevos em bronze da porta
do batistério de Florença.
O sacrifício de Abraão
Decepcionado com o resultado do
concurso, ganho por Lorenzo Ghiberti,
decidiu dedicar-se à arquitetura. Acreditase que nesse mesmo ano tenha viajado com o escultor Donatello para Roma,
onde estudaram os princípios da escultura e arquitetura clássicas.
Na primeira fase de sua carreira de arquiteto, Brunelleschi redescobriu os
princípios da perspectiva, que, conhecidos por gregos e romanos, ficaram
esquecidos durante toda a Idade Média. Restabeleceu na prática o conceito de
ponto de fuga, e a relação entre a distância e a redução no tamanho dos
objetos.
Seguindo os princípios ópticos e geométricos enunciados por Brunelleschi, os
artistas da época puderam reproduzir objetos tridimensionais no plano com
surpreendente verossimilhança.
Em 1418 ganhou o concurso para a finalização da Catedral de Santa Maria del
Fiore, em Florença. As dificuldades para a construção da abóbada sobre uma
enorme base octogonal tinham desafiado várias gerações de arquitetos.
Brunelleschi pôs em prática um método original para a sustentação da cúpula,
inventou as máquinas necessárias à construção e executou o projeto sem
utilizar o cimbre, armação de madeira que servia de molde e suporte a arcos e
abóbadas e era retirada depois de completada a obra.
Entre
outros
trabalhos
importantes de Brunelleschi
está o pórtico do hospital
dos
Inocentes,
cujas
características
mais
notáveis são a proporção, o
emprego da coluna como
elemento sustentador e a
sucessão
rítmica
de
elementos modulares para
criar perspectiva.
pórtico do hospital dos Inocentes
Construiu ainda as igrejas de San Lorenzo e Santo Spirito, esta última
concebida segundo o modelo de planta basilical, com cúpula em cruzeiro, e
desenho de proporções estritamente matemáticas.
A última de suas grandes obras foi a capela Pazzi, na igreja de Santa Croce,
em Florença. Brunelleschi morreu em 15 de abril de 1446 em Florença.
Igreja Santo Spirito
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O Renascimento na Alemanha e nos Países Baixos.
Com o tempo, as idéias dos artistas italianos que valorizavam a cultura grecoromana começaram a se expandir. Artista como Dürer, na Alemanha, e
Holbein, Bosch e Bruegel, nos Países Baixos, renovaram a pintura de seus
países inspirados pela pintura italiana renascentista.
DÜRER: A ARTE E A REALIDADE
Albrecht Dürer (1471-1528) foi um dos primeiros artistas alemães a representar
o corpo humano com uma beleza ideal, como imaginaram os artistas clássicos
gregos e romanos. Como se dedicou à geometria e à perspectiva valorizou
também a observação da natureza e a reproduziu fielmente em muitos de seus
trabalhos.
Dürer foi famoso também como hábil gravador – artista que produz gravuras
usando matriz a madeira ou o metal.
Autorretrato
A virgem da Festa da Rosa
Como era costume de muitos pintores, Dürer também se retratou dentro de
uma obra sua.
Detalhe da Obra A virgem da Festa da Rosa.
HANS HOLBEIN: A DIGNIDADE HUMANA
Hans Holbein (1498-1543) ficou conhecido como retratista de personalidades
políticas, financeiras e intelectuais da Inglaterra e dos Países Baixos. Seus
retratos destacam-se pelo realismo e pela aparência de tranqüilidade das
pessoas retratadas. Ele procurou também dominar a técnica da pintura para
expressar um dos ideais renascentistas de beleza: a dignidade do ser humano.
Essa é uma das obras mais conhecidas de
Holbein. Observe como o artista retratou o
filósofo Erasmo com simplicidade e realismo, em
sua mesa de trabalho, e não numa pose especial
para a pintura.
Erasmo de Roterdã
BOSCH: A FORÇA DA IMAGINAÇÃO
Hieronymus Bosch (1450-1516) criou uma obra inconfundível, rica em símbolos
da astrologia, da alquimia e da magia do final da Idade Média. Nem todos os
elementos presentes em suas telas, porém, podem ser decifrados, pois muitas
vezes ele combina aspectos de diversos seres – animais ou vegetais – e cria
estranhas formas sem motivo aparente. O que pretendia ele? Alguns
estudiosos vêem em sua obra a representação do conflito que inquietava o
espírito humano no final da Idade Média: de um lado, o sentimento do pecado
ligado aos prazeres materiais; do outro, a busca de virtudes na vida ligada à
espiritualidade. Além disso, muitas crenças religiosas espalharam-se pela
Europa entre as pessoas mais simples e fortaleceram superstições, talvez
representadas na pintura de Bosch.
Jardim das Delícias - Bosch
BRUEGEL: UM RETRATO DAS ALDEIAS MEDIEVAIS
Pieter Bruegel, o Velho (1525-1569), viveu nas grandes cidades da região de
Flandres, já sob a influência dos ideais renascentistas, mas retratou a realidade
das pequenas aldeias que ainda conservavam a cultura medieval. É o caso,
por exemplo, da pintura Jogos Infantis.
Jogos Infantis - Bruegel
Referências Bibliográficas
PROENÇA, Graça. Descobrindo a História da Arte. 1.ed., São Paulo: Ática,
2008. p.76 a 80.
MANEIRISMO
Paralelamente ao renascimento clássico, desenvolve-se em Roma, do ano de
1520 até por volta de 1610, um movimento artístico afastado conscientemente
do modelo da antiguidade clássica: o maneirismo (maniera, em italiano,
significa maneira). Uma evidente tendência para a estilização exagerada e um
capricho nos detalhes começa a ser sua marca, extrapolando assim as rígidas
linhas dos cânones clássicos.
Alguns historiadores o consideram uma transição entre o renascimento e o
barroco, enquanto outros preferem vê-lo como um estilo, propriamente dito. O
certo, porém, é que o maneirismo é uma conseqüência de um renascimento
clássico que entra em decadência. Os artistas se vêem obrigados a partir em
busca de elementos que lhes permitam renovar e desenvolver todas as
habilidades e técnicas adquiridas durante o renascimento.
Uma de suas fontes principais de inspiração é o espírito religioso reinante na
Europa nesse momento. Não só a Igreja, mas toda a Europa estava dividida
após a Reforma de Lutero. Carlos V, depois de derrotar as tropas do sumo
pontífice, saqueia e destrói Roma. Reinam a desolação e a incerteza. Os
grandes impérios começam a se formar, e o homem já não é a principal e única
medida do universo.
Pintores, arquitetos e escultores são impelidos a deixar Roma com destino a
outras cidades. Valendo-se dos mesmos elementos do renascimento, mas
agora com um espírito totalmente diferente, criam uma arte de labirintos,
espirais e proporções estranhas, que são, sem dúvida, a marca inconfundível
do estilo maneirista. Mais adiante, essa arte acabaria cultivada em todas as
grandes cidades européias.
ARQUITETURA
A arquitetura maneirista dá prioridade à construção de igrejas de plano
longitudinal, com espaços mais longos do que largos, com a cúpula principal
sobre o transepto, deixando de lado as de plano centralizado, típicas do
renascimento clássico. Distribuição da luz e na decoração.
Genericamente, a arquitetura do exterior apresenta sobriedade, contrapondose a um interior extravagante decorado com azulejos, talha dourada em
escultóricos altares, no caso das igrejas, nos palácios por baixelas, faianças
porcelanas e mobiliário.
Nas igrejas:
· Guirlandas de frutas e flores, balaustradas povoadas de figuras caprichosas
são a decoração mais característica desse estilo.
Caracóis, conchas e volutas
cobrem muros e altares,
lembrando uma exuberante
selva de pedra que confunde a
vista.
Nos ricos palácios e casas de campo:
· Formas convexas que permitem o contraste entre luz e sombra prevalecem
sobre o quadrado disciplinado do renascimento.
· A decoração de interiores ricamente adornada e os afrescos das abóbadas
coroam esse caprichoso e refinado estilo, que, mais do que marcar a transição
entre duas épocas, expressa a necessidade de renovação.
Principais Artistas:
BARTOLOMEO AMMANATI , (1511-1592), Autor de vários projetos
arquitetônicos por toda a Itália, tais como: a construção do túmulo do conde de
Montefeltro, o palácio dos Mantova, a villa na Porta del Popolo. a fonte da
Piazza della Signoria. Seu interesse pela arquitetura o levou a estudar os
tratados de Alberti e Brunelleschi, com base nos quais planejou uma cidade
ideal. De acordo com os preceitos dos jesuítas, que proibiam o nu nas obras de
arte, legou a eles todos os seus bens.
GIORGIO VASARI, (1511-1574), Vasari é conhecido por sua obra literária Le
Vite (As Vidas), na qual, além de fazer um resumo da arte renascentista,
apresenta um relato às vezes pouco fiel, mas muito interessante sobre os
grandes artistas da época, sem deixar de fazer comentários mal-intencionados
e elogios exagerados.
Sob a proteção de Aretino, conseguiu realizar uma de suas únicas obras
significativas: os afrescos do palácio Cornaro. Vasari também trabalhou em
colaboração com Michelangelo em Roma, na década de 30. Suas biografias,
publicadas em 1550, fizeram tanto sucesso que se seguiram várias edições.
Passou os últimos dias de sua vida em Florença, dedicado à arquitetura.
PALLADIO, (1508-1580), O interesse que tinha pelas teorias de Vitrúvio se
reflete na totalidade de sua obra arquitetônica, cujo caráter é rigorosamente
clássico e no qual a clareza de linhas e a harmonia das proporções
preponderam sobre o decorativo, reduzido a uma expressão mínima. Somente
dez anos depois iria se dedicar à arquitetura sacra em Veneza, com a
construção das igrejas San Giorgio Maggiore e Il Redentore. Não se pode dizer
que Palladio tenha sido um arquiteto tipicamente maneirista, no entanto, é um
dos mais importantes desse período. A obra de Palladio foi uma referência
obrigatória para os arquitetos ingleses e franceses do barroco.
PINTURA
É na pintura que o espírito maneirista se manifesta em primeiro lugar. São os
pintores da segunda década do século XV que, afastados dos cânones
renascentistas, criam esse novo estilo, procurando deformar uma realidade que
já não os satisfaz e tentando revalorizar a arte pela própria arte.
Principais características:
· Composição em que uma multidão de figuras se comprime em espaços
arquitetônicos reduzidos. O resultado é a formação de planos paralelos,
completamente irreais, e uma atmosfera de tensão permanente.
· Nos corpos, as formas esguias e alongadas substituem os membros bemtorneados do renascimento. Os músculos fazem agora contorções
absolutamente impróprias para os seres humanos.
· Rostos melancólicos e misteriosos surgem entre as vestes, de um drapeado
minucioso e cores brilhantes.
· A luz se detém sobre objetos e figuras, produzindo sombras inadmissíveis.
· Os verdadeiros protagonistas do quadro já não se posicionam no centro da
perspectiva, mas em algum ponto da arquitetura, onde o olho atento deve, não
sem certa dificuldade, encontrá-lo.
Principal Artista:
EL GRECO, Domenikos Theotokopoulos, mais conhecido como “El Greco”
(1541-1614), Ao fundir as formas iconográficas bizantinas com o desenho e o
colorido da pintura veneziana e a religiosidade espanhola. Na verdade, sua
obra não foi totalmente compreendida por seus contemporâneos. Nascido em
Creta, acredita-se que começou como pintor de ícones no convento de Santa
Catarina, em Cândia. De acordo com documentos existentes, no ano de 1567
emigrou para Veneza, onde começou a trabalhar no ateliê de Ticiano, com
quem realizou algumas obras.
Depois de alguns anos de permanência em Madri ele se estabeleceu na cidade
de Toledo, onde trabalhou praticamente com exclusividade para a corte de
Filipe II, para os conventos locais e para a nobreza toledana.
Entre suas obras mais importantes estão O Enterro do Conde de Orgaz, a meio
caminho entre o retrato e a espiritualidade mística. Homem com a Mão no
Peito, O Sonho de Filipe II e O Martírio de São Maurício. Esta última lhe custou
a expulsão da corte.
A esquerda “O enterro do Conde de Orgaz” e a direita “O homem com a mão no peito”.
O Martírio de São Maurício
ESCULTURA
Na escultura, o maneirismo segue o caminho traçado por Michelangelo: às
formas clássicas soma-se o novo conceito intelectual da arte pela arte e o
distanciamento da realidade. Em resumo, repetem-se as características da
arquitetura e da pintura. Não faltam as formas caprichosas, as proporções
estranhas, as superposições de planos, ou ainda o exagero nos detalhes,
elementos que criam essa atmosfera de tensão tão característica do espírito
maneirista.
Principais características:
· A composição típica desse estilo apresenta um grupo de figuras dispostas
umas sobre as outras, num equilíbrio aparentemente frágil, as figuras são
unidas por contorções extremadas e exagerado alongamento dos músculos.
· O modo de enlaçar as figuras, atribuindo-lhes uma infinidade de posturas
impossíveis, permite que elas compartilhem a reduzida base que têm como
cenário isso sempre respeitando a composição geral da peça e a graciosidade
de todo o conjunto.
Principais Artistas:
BARTOLOMEO AMMANATI, (1511-1592), Realizou trabalhos em várias
cidades italianas. Decorou também o palácio dos Mantova e o túmulo do conde
da cidade. Conheceu a poetisa Laura Battiferi, com quem se casou, e juntos se
mudaram para Roma a pedido do papa Júlio II, que o incumbiu da construção
de sua villa na Porta del Popolo. Começou assim seus primeiros passos como
arquiteto.
No ano de 1555, com a morte do papa, voltou para Florença, onde venceu um
concurso para a construção da fonte da Piazza della Signoria. Seu interesse
pela arquitetura o levou a estudar os tratados de Alberti e Brunelleschi, com
base nos quais planejou uma cidade ideal. De acordo com os preceitos dos
jesuítas, que proibiam o nu nas obras de arte, legou a eles todos os seus bens.
GIAMBOLOGNA, (1529-1608), De origem flamenga, Giambologna deu seus
primeiros passos como escultor na oficina do francês Jacques Dubroecq.
Poucos anos depois se mudou para Roma, onde se supõe que teria colaborado
com Michelangelo em muitas de suas obras.
Estabeleceu-se finalmente em Florença, na corte dos Médici. O Rapto das
Sabinas, Mercúrio, Baco e Os Pescadores estão entre as obras mais
importantes desse período.
Participou também de um concurso na cidade de Bolonha, para o qual realizou
uma de suas mais célebres esculturas, A Fonte de Netuno.Trabalhou com igual
maestria a pedra calcária e o mármore e foi grande conhecedor da técnica de
despejar os metais, como demonstram suas esculturas de bronze.
Giambologna está para o maneirismo como Michelangelo está para o
renascimento.
A fonte de Netuno
O rapto das Sabinas
Hércules e o Centauro
Releitura
Também conhecida como „nova pintura‟, uma releitura possibilita o uso de
imagens prévias, tanto de fotografias como outras formas em que as imagens
se apresentem, incluindo obras anteriores de outros artistas.
Uma releitura não é uma cópia, visto que o artista plástico é quem a pintará
como nova, usando seus traços e leituras diferenciadas de um original. Os
grandes gênios do passado fizeram suas releituras ou novas pinturas baseadas
em um original.
Exemplos clássicos como Michelangelo, Da Vinci, Van Gogh, Picasso, Tarsila
do Amaral e outros já fizeram uma releitura.
Uma releitura nunca é igual à original como nova pintura, não é uma cópia.
Existe mais de cinco mil releituras de Monalisa, considerados originais de
outros artistas e, a despeito de dizerem que uma obra única é que tem valor,
esta é a maior prova, visto existir milhões de reproduções do original por todo o
mundo, em bibliotecas, galerias, museus, casas de decorações etc. Segundo
Heleny Galati (MASP) "a diferença entre Releitura e cópia é a seguinte: na
cópia você reproduz fielmente (ou pelo menos tenta) o quadro do artista.
É isso que os falsificadores fazem. Neste caso você está apenas preocupado
com o poder de observação e capacidade para copiar que seu aluno tem.
Já a Releitura implica em produzir aquilo que se entendeu da obra, sem
preocupações com semelhanças. É o sentimento se aliando à observação na
produção de um trabalho.”.
Natureza morta
Natureza-morta é um gênero da pintura e fotografia em que se representa
seres inanimados, como frutas, flores, livros, taças de vidro, garrafas, jarras de
metal, porcelanas, dentre outros objetos.
O termo natureza-morta se refere à arte de pintar, desenhar, fotografar
composições deste gênero. Na arte contemporânea é frequente utilizar ainda
outros suportes como a escultura, instalação ou video-arte destas
representações de objetos inanimados, como referências à história da arte.
Natureza morta com maçãs (1890), Paul Cézanne, (óleo
sobre tela, 35.2 x 46.2 cm) Museu Hermitage, São
Petersburgo.
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