ERIK NORLAND, ECONOMISTA SÊNIOR E DIRETOR EXECUTIVO
CME GROUP
12 AUGUST 2015
Sinais de esperança para o Real
Todos os exemplos neste relatório são interpretações de situações hipotéticas usadas somente com
propósito de explicação. As visões contidas neste relatório refletem somente as opiniões dos autores e não
necessariamente do CME Group ou de suas instituições afiliadas. Este relatório e a informação contida nele
não devem ser considerados conselhos de investimento ou resultados de experiência real de mercado.
Em relação ao ano passado, o Brasil levou um tombo na
economia. O Real (BRL) despencou perto de 35% contra o
dólar dos EUA (USD), mantido em baixa por uma série de
fatores, tais como:
Figura 2: Intervalo do balança comercial do Brasil começa a
estreitar-se.
•Um aumento geral do USD contra outras moedas
enquanto o mercado de trabalho dos EUA continua a
fortalecer-se e o Federal Reserve prepara-se para um
aumento da taxa de juros.
•A economia do Brasil entrou em recessão e tem um
grande déficit comercial (Figuras 1 e 2).
•Uma queda acentuada nos preços do minério de ferro
(Figura 3), do qual o Brasil é o segundo maior exportador
mundial, comprometeu 0,7% do PIB do país (veja nosso
estudo sobre o minério de ferro para mais informações).
•Os preços do petróleo em colapso atingiram novos
investimentos no setor no Brasil (Figura 4).
•Um escândalo envolvendo a Petrobrás abalou as bases
do Brasil.
Figura 3: O
Brasil é o terceiro maior produtor e o segundo
maior exportador de minério de ferro.
Figura 1: De volta à recessão.
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Figura 4: O
s preços do petróleo em colapso estão inibindo
investimentos (e esperanças) para o setor no
Brasil.
Com a Taxa SELIC (Sistema Especial de Liquidação e de
Custódia) a 14,15%, e inflação a 8,89%, as taxas reais no
Brasil estão cinco pontos percentuais acima da inflação –
algo que os EUA não têm visto desde os anos 1980.
Figura 5: Revisitando a baixa de 2002 e voltando aos 4
reais/1 USD à vista?
Perspectiva: Depende de sua visão do BRL.
Se o Real está subvalorizado e perto de atingir a mínima ou
tem mais a perder depende de quem acompanha a moeda
e a que ela é comparada.
Perspectiva para o USD à vista: O BRL à vista contra o
dólar provavelmente vai além na tendência de baixa. O
Federal Reserve dos Estados Unidos, aparentemente,
está determinado a aumentar as taxas de juros. Exceto
pelos números fracos de emprego, um colapso renovado
nos preços das commodities ou uma acentuada venda no
mercado acionário (qualquer um pode ocorrer), a alta pode
vir antes de setembro.
Figura 6: O Banco Central do Brasil está na sequência de
altas com taxa de 14% acima dos níveis dos EUA,
gerando forte carregamento.
Desta forma, não seria surpresa se o Real fizesse um
movimento para testar sua mínima histórica de 2002 a 4
BRL por 1 USD (Figura 5). Isto é menos que 15% abaixo da
taxa atual.
Uma arbitragem interessante contra o USD: Geralmente,
investidores não ganham o retorno à vista; eles ganham
o retorno à vista + a diferença da taxa de juros. Enquanto
o Federal Reserve tem estado ocupado contemplando o
movimento notável de sua faixa de juros atual de 0-0.25%,
talvez, 0.25%-0.50%, o Banco Central do Brasil tem estado
numa sequência de alta da taxa para 14,15% (Figura 6).
Portanto, entre o BRL e o USD, há um espaço de cerca
de 14 pontos percentuais em taxas de juros. Isto dá um
suporte para posições compradas em BRL, mesmo se o
Real continuar seu curso de queda contra o USD, com
carregamento acumulado de mais de 1% por mês. Além
disso, enquanto as taxas reais nos EUA estão tanto perto
de zero (inflação ao consumidor) quanto negativas (núcleo
da inflação), a taxa real brasileira é solidamente positiva.
Além do forte carregamento, há outras razões para ser
cautelosamente otimista em relação ao BRL. Em primeiro
lugar, o déficit comercial do Brasil irá provavelmente
estreitar-se. Os efeitos retardados dos recentes declínios na
moeda combinados com a fraqueza na demanda doméstica
poderiam reduzir importações de maneira significativa
enquanto o BRL mais fraco faz as exportações
aumentarem. Com relação às exportações, entretanto, o
Brasil enfrenta competição forte de países e regiões onde
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as moedas também ficaram mais fracas, especialmente o
Chile, Colômbia, Japão e a Zona do Euro. Se a China
continua a desvalorizar o Renminbi, irá contribuir para a
pressão baixista sobre as moedas de mercados
emergentes em geral.
Outro fator sobre o BRL é o escândalo da Petrobras. Isto
soa contra intuitivo, especialmente porque mencionamos
isso como uma razão para a fraqueza recente do BRL.
O que poderia possivelmente ser bom para promotores
alegando que funcionários de alto escalão podem ter
tomado algo em torno de quatro bilhões de BRL (cerca
de US$1,2 bilhão) em subornos do produtor estatal de
petróleo? Nada para curto ou médio prazos. Assim como o
escândalo Watergate que contribuiu para a pressão baixista
no dólar dos EUA em 1973 e 1974, entre outras coisas,
o Petrobras-gate não foi gentil com o BRL em 2014 ou
2015. Dito isto, Watergate provou que a Constituição dos
EUA e o sistema legal funcionam em casos de escândalos
de alto nível, que levaram o presidente Richard Nixon à
renúncia. Similarmente, o fato dos promotores brasileiros
terem sido capazes de acusar funcionários de alto nível
da administração da presidente Dilma Rousseff e de seu
predecessor Luiz Inácio Lula da Silva, indica que o país
evoluiu para uma democracia estável, madura, regida pelo
Estado de Direito. No longo prazo, esta é uma boa notícia
para o BRL.
e México têm atraído capital especulativo em fuga de
mercados de baixa taxa na Zona do Euro, Japão, Reino
Unido, além dos EUA e, em larga escala, usando este
capital para propósitos não produtivos como especulação
com o financiamento no mercado imobiliário e para o gasto
do consumidor. É por isso que as taxas mais altas dos
EUA são uma ameaça para ambos Real e Peso, mas não
mais para um do que ao outro, promovendo um negócio de
relativo valor potencialmente interessante.
Pela perspectiva do USD, o BRL e o MXN tiveram uma
correlação de +0.54 (variações diárias de preços) até
agora neste ano, tornando o Peso um interessante,
embora imperfeito, hedge para o Real. 0,54 está perto
da correlação média dos últimos dez anos (Figura 10).
Também é importante notar que muitas vezes o BRL é
significativamente mais volátil do que o MXN contra o USD,
medidos sobre a maioria dos períodos (Figura 11).
Figura 7: O
MXN tem tido baixa em relação ao USD, mas
alta contra o BRL.
Por último, com o Federal Reserve aparentemente
preparando-se para aumentar as taxas, compar qualquer
moeda de mercado emergente com o dólar dos EUA é uma
tarefa difícil. Portanto, há menos razão para comparar o
BRL ao USD do fazer uma relação com o Peso Mexicano
(MXN).
O MXN tem também se enfraquecido contra o USD, mas
não na mesma extensão que contra o BRL (Figura 7).
Além disso, as taxas de juros mexicanas estão paradas
em 3%, 11,15 pontos percentuais abaixo da taxa do Brasil.
Portanto, a arbitragem BRLMXN está quase tão atrativa
quanto a de BRLUSD. Além do mais, a taxa básica de juros
mexicana está quase igual à taxa de inflação do México
(Figura 8), o que pode também ameaçar pouco a moeda, a
qual perdeu força recentemente para uma mínima recorde
contra o USD. Por último, o déficit na conta corrente do
México está também perto de 4% do PIB (Figura 9), similar
ao do Brasil. Déficits comerciais não são um problema se o
país está atraindo fluxos de investimento para impulsionar
produtividade e rendimentos futuros. Isto não parece ser
o caso na América Latina, onde países como o Brasil
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Figura 8: A
taxa básica de juros do México está abaixo da
taxa de inflação.
Figura 9: C
omo o Brasil, o déficit de conta corrente do
México também está perto de 4% do PIB.
Figura 10: O
Real e o Peso têm mostrado entre +0.35 e
+0.75 1ano na correlação desde 2005.
Figura 11: O
BRL tem sido sempre mais volátil que o MXN
na perspectiva do USD.
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