RELATÓRIO SEMESTRAL
1º SEMESTRE / 2015
CENÁRIO INTERNACIONAL – 1º SEMESTRE 2015
EUROPA
maior contribuição ao resultado veio do consumo das
famílias, seguido dos investimentos empresariais e dos
gastos dos governos. A Alemanha, maior economia da
zona do euro cresceu 0,3%
na comparação trimestral e
1,1% na comparação anual,
a França 0,6% e 0,8%, a Itália
0,3% e 0,1% e a Espanha,
com desempenho mais robusto 1% e 2,7% respectivamente. Embora ainda não
estejam disponíveis os da-
Para a zona do euro,
o semestre teve início com o
anúncio da adoção do agressivo programa de estímulos
quantitativos implementado
pelo Banco Central Europeu
– BCE, visando a recuperação da atividade econômica
na região e o combate à
queda continuada dos preços nas economias, fenômeno conhecido como deflação. A partir de março,
cerca de € 60 bilhões por mês
passaram a ser
injetados
no
mercado financeiro, na compra
de títulos da dívida de governos
da própria zona
do euro que possuem grau de investimento, em
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poder de instituidos relativos ao segundo trições financeiras e de investimestre do ano, sabe-se que
dores. Esse programa deem junho, o setor privado da
verá se estender até setemregião expandiu-se no ritmo
bro de 2016, quando cerca
mais rápido dos últimos
de € 1,1 trilhões terão sido
quatro anos, sugerindo uma
emitidos para esse fim. Fesolida recuperação. Pesquilizmente, os efeitos da forte
sas da Alemanha e da França
expansão monetária, aliada
também mostraram que
ao baixo preço da energia, já
tanto as indústrias quanto o
puderam ser percebidos. De
setor de serviços desses paíjaneiro a março, o Produto
ses cresceram mais rapidaInterno Bruto – PIB da região
mente que o esperado. Já o
evoluiu 0,4% sobre o trimesReino Unido, membro da
tre anterior e 1% sobre o
União Europeia – UE, teve
mesmo período de 2014. A
crescimento do PIB de 0,4%
1
sobre o trimestre anterior e
de 2,9% em base anual, enquanto o da Rússia encolheu
1,29% e 2,2% respectivamente.
Já a taxa de desemprego na
zona do euro, de acordo
com a Eurostat, agência oficial de estatísticas da região,
recuou de 11,3% no final de
fevereiro, para 11,1% no final de maio, o que significa
17,6 milhões de desempregados no bloco econômico.
Entre as maiores economias,
a menor taxa de desemprego foi a da Alemanha,
4,7% e a maior a da Espanha,
23,8%, onde 49,3% dos jovens até 25 anos não encontraram trabalho. No Reino
Unido, membro da UE, a
taxa de desemprego era de
5,5% no final de abril. Por
seu turno, a inflação na região do euro, que com os estímulos fiscais se acelerou,
teve em junho um leve recuo, na medida em que os
custos de energia foram
mais brandos e os preços
dos alimentos subiram com
CENÁRIO INTERNACIONAL – 1º SEMESTRE 2015
menos força. Em base anual,
o índice de preços ao consumidor subiu 0,2%. Dessa
forma, em sua reunião de junho, o BCE manteve a taxa
básica de juros, que referencia os empréstimos em
0,05% a.a. e a taxa para os
bancos depositarem no
banco central em - 0,2% a.a.
Ao mesmo tempo, o Banco
da Inglaterra também manteve a sua taxa de juros na
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mínima histórica de 0,5%
a.a.
Por outro lado, sem representar uma surpresa, a situação da Grécia se agravou
dramaticamente e como
membro da zona do euro ela
se tornou a primeira economia avançada a ser declarada oficialmente em moratória, ao não realizar o pagamento da parcela de € 1,6
bilhão de sua dívida com o
Fundo Monetário Internacional – FMI. Efetivamente, a
Grécia deve cerca de € 323
bilhões para países da União
Europeia, principalmente a
Alemanha, para o FMI, além
de bancos da Europa. Desde
2010, o governo grego vinha
dependendo do socorro financeiro do BCE e do FMI.
Juntos, já repassaram ao
país € 240 bilhões e uma última parcela de € 7,2 bilhões
ficou bloqueada desde
agosto de 2014, na medida
em que as reformas exigidas
pelos credores não estavam
sendo implementadas. Para
a maioria dos analistas, a
origem dos problemas da
Grécia antecede a introdução do euro, quando os gregos já estavam gastando
muito além das suas possibilidades. Os salários do setor
público aumentaram muito
mais que o de outros países
da região e a dívida interna
cresceu significativamente,
sobretudo com a realização
das Olimpíadas de 2004 em
Atenas. Com a chegada da
crise financeira de 2008, a situação se agravou drasticamente e a Grécia teve que
obter volumosos empréstimos, cujas condições de liberação, como o corte de
2
gastos previdenciários, o aumento de impostos e a obtenção de superávits primários crescentes acabaram
por agravar mais ainda a delicada situação da economia. Segundo a Eurostat, a
Grécia devia, no final do ano
passado, o equivalente a
174% do seu PIB e tinha uma
taxa de desemprego superior a 25% da população economicamente ativa. Com
um discurso contra a austeridade imposta ao povo
grego, em janeiro de 2015,
Tsipras, amparado pelo partido Syriza e uma coalização
de esquerda assumiu o governo com a promessa de
renegociar os termos impostos pelos credores. No entanto, os recursos financeiros do país foram se exaurindo e recentemente, para
que a Grécia pudesse ter
acesso a novos recursos, os
credores endureceram as
exigências quanto às reformas a serem implementadas. Tsipras não cedeu e fez
ameaças quanto à permanência do país na zona do
euro. Criado o impasse e diante do estrangulamento financeiro, o governo decidiu
fechar os bancos e impor
medidas de controle de capital, restringindo os saques
nos caixas eletrônicos a € 60
diários. Decidiu também
convocar um referendo para
o dia 5 de julho, para que o
CENÁRIO INTERNACIONAL – 1º SEMESTRE 2015
povo diga se aceita as exigências do FMI e dos demais
credores, como o aumento
de impostos e cortes na aposentadoria, para que nova
ajuda financeira possa ser
recebida.
Fora da zona do euro, a economia russa também continua passando por momentos difíceis, prejudicada pelos baixos preços do petróleo e pelas sanções que lhe
foram impostas pelos Estados Unidos e União Europeia, como consequência da
crise da Ucrânia. O PIB da
Rússia encolheu 3,2% nos
primeiros cinco meses do
ano e a taxa de inflação atingiu 15,3% em junho, em
base anual.
veis, o Departamento de Comércio do país já deu indicações que o crescimento está
acelerando, com o maior dinamismo do consumo e do
setor imobiliário. Responsável por dois terços da atividade econômica, os gastos
com o consumo subiram
0,9% em maio, a maior alta
desde agosto de 2009. O
maior destaque coube ao
segmento de bens duráveis,
leiam-se automóveis, cujas
vendas saltaram ao maior
nível em nove anos, suge-
Embora a expansão do emprego tenha desacelerado
em junho, a economia americana gerou pelo menos duzentos mil postos de trabalho não rurais em treze dos
últimos quinze meses, com
avanços generalizados em
todas as regiões do país e
em quase todos os setores,
exceto no de energia, afetado pela queda nos preços
do petróleo. O índice de desemprego caiu para 5,3% em
junho, o nível mais baixo em
sete anos, conforme o De-
EUA
A economia americana teve
uma ligeira contração de
0,2% no primeiro trimestre
de 2015, em relação ao trimestre anterior. O inverno
rigoroso, o dólar valorizado,
os cortes de gastos com
energia e as paralisações
nos portos da costa oeste do
país foram os fatores que
mais impactaram o resultado. Se comparado ao
mesmo período do ano anterior, o PIB cresceu 2,9%.
Embora as estatísticas referentes ao segundo trimestre
ainda não estejam disponí-
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rindo a preferência dos consumidores quanto ao que foi
poupado com o menor
preço dos combustíveis. Já a
construção de imóveis novos se recuperou fortemente em junho, apresentando um aumento de 9,8%
sobre o ano anterior. As vendas de imóveis novos superaram as previsões dos analistas e atingiram o nível
mais alto desde fevereiro de
2008 e as de imóveis usados
tiveram o melhor desempenho desde 2009.
3
partamento de Trabalho. Já
os salários seguiram com um
crescimento modesto, apresentando um aumento de
apenas 2% com relação ao
ano anterior.
A inflação, medida pelo índice de preços ao consumidor avançou 0,3% em junho,
depois de ter subido 0,4%
em maio. Desconsiderada a
variação dos preços dos alimentos e da energia o indicador avançou 0,2% sobre o
mês anterior e 1,8% em
doze meses. Com a inflação
CENÁRIO INTERNACIONAL – 1º SEMESTRE 2015
ainda abaixo da meta de 2%,
o banco central americano,
FED, decidiu, em sua última
reunião no dia 17 de junho
manter a taxa básica de juros entre 0% e 0,25% a.a.,
taxa que vigora desde dezembro de 2008.
ÁSIA
Depois de ter crescido 7%
em base anual, no primeiro
trimestre do ano, o PIB da
China apresentou evolução
idêntica no segundo trimestre, conforme o Escritório
Nacional de Estatísticas. Na
realidade, foi o ritmo mais
baixo de crescimento desde
o primeiro trimestre de
2009, mas igualou a meta
estipulada pelo governo
para o ano. Diante da fraqueza de importantes parceiros comercias da China,
como a União Europeia e o
Brasil, por exemplo, o governo teve que tomar uma
série de medidas de política
monetária, sobretudo, para
garantir o resultado e estimular o mercado interno.
Desde o final de 2014, o governo chinês promoveu em
quatro oportunidades a redução de suas taxas de juros, sendo que na última delas, no final de junho, objetivou, além do estímulo à atividade atenuar as fortes
quedas das bolsas locais. A
taxa de juros dos empréstimos foi então reduzida de
5,1% a.a. para 4,85% a.a. Já
o índice de preços ao consumidor apresentou em junho
uma alta de 1,4% em base
anual, impulsionado principalmente pela elevação dos
preços dos alimentos. No
entanto, permaneceram os
temores de que o país entre
em uma fase deflacionária.
Os indicadores de inflação
dos seis primeiros meses do
ano se mantiveram ainda
muito distantes dos objetivos do governo chinês, que
fixou para o ano uma meta
de inflação de 3%. Ainda de
acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas a taxa
de desemprego do país era
de 4,1% em maio.
Por seu turno, a economia
do Japão se expandiu acima
do esperado, entre janeiro e
março, apresentando um
crescimento de 1% sobre o
trimestre anterior e de 3,9%
sobre o mesmo período de
2014. Aumentaram os investimentos das empresas, sobretudo das não industriais,
na expectativa de que o consumo privado vá efetivamente se recuperar. O índice de inflação se manteve
baixo, 0,5% em base anual e
a taxa de desemprego estabilizou-se em 3,3% no final
de maio. Maior vigor foi
apresentado pela economia
da Índia que cresceu 4,1%
4
no primeiro trimestre, em
relação ao anterior e 7,5%
em relação a 2014. A inflação de junho, anualizada, foi
de 5,4% e a taxa de desemprego, conforme o último
dado divulgado era de 4,9%.
RENDA FIXA
Para o mercado internacional de títulos governamentais (gov. bonds), o mês de
junho trouxe importantes
observações. As significativas altas verificadas no rendimento desses títulos ao
redor do mundo, para os
maiores níveis do ano, não
refletiram apenas os sinais
de melhoria das condições
econômicas das nações mais
desenvolvidas. O aspecto liquidez também passou a ter
sua influência. Por razões regulatórias que restringem o
montante de ativos que podem dispor em suas carteiras, os grandes bancos americanos e os grandes negociadores institucionais (dealers), passaram a carregar
menor quantidade de títulos
(bonds) em benefício dos
fundos de investimento, que
praticamente dobraram as
suas posições. Como o objetivo dos fundos é o de manter esses títulos em suas carteiras, diminuíram as transações. Em reuniões recentes,
membros do FED discutiram
mudanças na estrutura do
CENÁRIO INTERNACIONAL – 1º SEMESTRE 2015
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mercado de títulos, ao
mesmo tempo em que avaliaram os riscos dessas mudanças para a estabilidade
financeira dos mercados.
Assim, o rendimento dos títulos de 10 anos emitidos
pelo governo britânico (UK
Gilt) passou de 1,60% a.a. no
final do primeiro trimestre,
para 2,05% a.a. no final do
semestre e o dos títulos do
governo alemão (Bund) de
0,30% a.a. para 0,83% a.a.
Por sua vez, os títulos de 10
anos do governo americano
(Treasury Bonds) passaram
a render, no mesmo período
de 1,90% a.a. para 2,40%
a.a. e os de 30 anos de
2,50% a.a. para 3,04% a.a.
Já os títulos corporativos,
emitidos pelas empresas
americanas com grau de investimento
(investment
grade) que tinham rendimento médio de 3,3% a.a.
no final do primeiro trimestre passaram a render 3,4%
a.a. e o das empresas com
maior grau de risco (high yield) subiu de 6,3% a.a. para
7,07% a.a.
RENDA VARIÁVEL
Para as bolsas europeias em geral, o primeiro
semestre foi favorável, dados os estímulos quantitativos adotados pelo BCE, apesar de terem perdido força
ao longo do segundo trimestre. O índice Dax 30 (Alemanha) subiu 11,62% no se-
em 12 meses. Já o RTS Index
(Rússia) subiu 18,87% no
ano, mas apresentou queda
de -31,20% em 12 meses refletindo a situação instável
do país. Nos EUA, novos recordes foram atingidos, porém as rentabilidades acumuladas pelas bolsas no
ano, não foram sedutoras. O
índice S&P 500 acumulou
alta de 0,20% no primeiro
semestre e alta de 5,25% em
12 meses, enquanto o Dow
Jones acumulou baixa de 1,14% no semestre e alta de
4,71% em 12 meses. Na
Ásia, o índice BSE Sensex 30
(Índia) subiu 1,02% no ano e
9,31% em relação ao ano anterior, o índice Nikkei 225
(Japão) 15,96% e 34,01%
respectivamente e o índice
Shanghai SE Composite
S&P 500
2500,00
2000,00
1500,00
1000,00
500,00
0,00
Fonte: finance.yahoo.com
mestre e acumulou uma alta
de 11,31% em 12 meses, o
CAC 40 (França) 12,11% e
8,31%, respectivamente e o
FTSE 100 (Grã-Bretanha)
caiu -0,69% no ano e -3,50%
5
(China) subiu 32,23% no ano
e exuberantes 94,28% em
12 meses, desempenho que
será comentado mais adiante, nas perspectivas para
o país.
CENÁRIO INTERNACIONAL – PERSPECTIVAS 2015
De acordo com as
previsões do Fundo Monetário Internacional – FMI, refeitas já no mês de julho, o
mundo deverá crescer 3,3%
em 2105 e não mais 3,5% e
3,8% em 2016. O PIB dos países em desenvolvimento e
das economias emergentes
crescerá 4,2% em 2015 e
4,7% em 2016 e o dos países
desenvolvidos 2,1% e 2,4%
respectivamente. Para diversos analistas internacionais já se percebe maior robustez nas expectativas de
inflação de longo prazo,
apesar dos declínios nos
preços do petróleo, o que
retrata, por conta do crescimento da demanda, uma
melhor perspectiva para o
crescimento global. No entanto, algumas incertezas
ganharam maior importância. Como reagirão os mercados quando os EUA elevarem as suas taxas de juros?
E a Grécia sairá da zona do
euro? Quão intensa será a
desaceleração da economia
da China? E o Brasil, conseguirá promover o ajuste fiscal? Perderá o seu grau de
investimento? A atividade
econômica se enfraquecerá
ainda mais? No segundo semestre, algumas respostas
virão.
EUROPA
O FMI, assim como o
Banco Central Europeu –
BCE, projeta o crescimento
do PIB da zona do euro em
1,5% em 2015 e 1,7% em
2016. O programa de compras de ativos de € 60 bilhões mensais, adotado pelo
BCE, prosseguirá até setembro de 2016 ou até que a inflação acelere em direção da
meta de 2% em base anual,
conforme declaração recente de seu presidente. Na
ocasião foi elevada a expectativa da inflação em 2015
para 0,3%, refletindo alguma recuperação no preço
da energia, uma retomada
no crescimento e o impacto
dos estímulos adotados.
Para a Alemanha, a maior
economia da zona do euro,
o FMI estima um crescimento de 1,6% em 2015 e
1,7% em 2016. Para a França
1,2% e 1,5%, para a Itália
0,7% e 1,2% e para a Espanha 3,1% e 2,5% respectivamente. Para o Reino Unido
estima que o PIB vá evoluir
2,4% em 2015 e 2,2% no ano
que vem. Já para a Rússia, a
estimativa é de uma forte
contração em 2015, -3,4% e
uma modesta alta de 0,2%
em 2016. Cabe lembrar que
a economia da Rússia entrou
em processo de forte decrescimento por conta da
queda acentuada dos preços
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da energia, o seu principal
produto de exportação e das
sanções que lhe foram impostas pela comunidade internacional, por conta da
sua política expansionista,
que culminou com a crise
ucraniana. Quanto aos produtos energéticos, principalmente o petróleo, os preços
permanecem no baixo patamar de US$ 50 o barril e com
o relaxamento das sanções
impostas ao Irã, com a questão nuclear, a Rússia terá
nesse país um forte concorrente no mercado europeu.
O principal petróleo russo,
conhecido como Urals, tem
especificações semelhantes
às do petróleo bruto iraniano que as refinarias da Europa importavam antes das
sanções. Além disso, parece
que prossegue a saga expansionista russa. Já em meados
de julho, a Geórgia, antiga
república soviética, acusou
Moscou de haver deslocado
marcas fronteiriças com a
Ossétia do Sul, república separatista georgiana com posicionamento pró Rússia, assim como a Criméia, região
separatista da Ucrânia. Não
será surpresa se no futuro
próximo a Rússia estiver no
epicentro de uma nova crise
política internacional.
Capítulo à parte merece a
crise da Grécia. Segundo o
presidente do BCE, Mario
CENÁRIO INTERNACIONAL – PERSPECTIVAS 2015
Draghi, ela expôs a fragilidade da zona do euro e a necessidade de uma integração mais forte dentro do
bloco. Ele também declarou
que a união é imperfeita e
sendo imperfeita é frágil,
vulnerável e não entrega todos os benefícios que pode-
a moeda para melhor competir no mercado internacional. Em recente e dramática declaração o presidente
da França, François Hollande
afirmou que os 19 países
que adotaram o euro necessitarão de um governo
único, com parlamento e
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orçamento únicos, de forma
a superar problemas como
os trazidos pela crise grega.
Assim, é de difícil prognóstico o desenrolar dessa
crise, no que diz respeito à
própria Grécia. No início de
julho, através de referendo,
o povo decidiu não aceitar
um acordo com os credores
internacionais nos termos
propostos. Entretanto, o
país mudou o tom e em seguida quis voltar a negociar
empréstimos de emergência, sem os quais o governo
estaria insolvente, acenando com a adoção de reformas nas pensões e no sistema tributário. Após uma
extensa negociação os líderes da zona do euro chegaram a um acordo para iniciar
ria se fosse completa. Além
das economias mais conhecidas da zona do euro, a Finlândia, por exemplo, país
que tem finanças sólidas enfrenta o oitavo ano de recessão, que já cortou o PIB per
capita real em 10% e que
não dá sinais de terminar. É
uma situação que tem a ver
com a baixa demanda por
produtos florestais, ainda
uma importante exportação
nacional e com os tropeços
da manufatura finlandesa,
sendo o caso da Nokia, que
não aguentou a concorrência com a Apple e a Samsung, o mais relevante. Ao
aderir à zona do euro, a Finlândia não pode desvalorizar
7
as negociações de um terceiro pacote de empréstimos de até € 86 bilhões com
duração de três anos e que
permita à Grécia permanecer na zona do euro. Até a liberação dos novos recursos,
o Eurogrupo, que reúne ministros da Economia e Finanças da região, autorizou o desembolso
de € 7 bilhões para
que a Grécia honre
suas obrigações financeiras urgentes.
Posteriormente o parlamento da Alemanha, a maior credora, aprovou as
negociações realizadas e o parlamento grego
a adoção da primeira parte
das reformas exigidas. Surpreendendo a todos, o FMI
declarou ser inviável o plano
da comunidade europeia
para a Grécia, sem que seja
considerado o perdão de
parte da sua dívida. Sem
uma anistia será muito difícil
evitar o colapso econômico.
Por enquanto, o ressurgimento da crise grega causou
transtornos bastante limitados nos mercados financeiros internacionais e esperase que assim continue.
CENÁRIO INTERNACIONAL – PERSPECTIVAS 2015
EUA
Para o FMI a economia americana deverá crescer 2,5% em 2015 e 3% em
2016. Por sua vez, em recente declaração no Congresso, a presidente do
banco central (FED), Janet
Yellen, disse que são boas as
perspectivas para a melhora
continuada do mercado de
trabalho e que está otimista
que a inflação ao consumidor subirá até a meta de 2%,
estabelecida pelo FED. Disse
também que a autoridade
monetária continua na trajetória para elevar a taxa de
juros ainda neste ano, se a
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economia evoluir como o
previsto e se as fragilidades
externas não se acentuarem. Em outro pronunciamento reiterou esperar que
fosse apropriado em algum
momento deste ano dar o
primeiro passo para elevar
as taxas de juros e começar
assim a normalizar a política
monetária. Para ela muitos
dos fatores subjacentes da
atividade econômica são sólidos e devem levar a uma
subida do ritmo de crescimento nos próximos anos. O
fato é que diversos economistas já vislumbram pressões inflacionárias decorrentes das melhorias nos padrões de consumo do cidadão americano e que poderão se acentuar com a elevação esperada dos níveis salariais.
Mesmo com a capacidade
que os mercados financeiros
possuem, no sentido de antecipar os acontecimentos,
fica a dúvida quanto a sua
efetiva reação quando a ele-
vação das taxas de juros nos
EUA for um fato. Espera-se
que paralelamente à continuidade da valorização do
dólar internacionalmente,
acentue-se o fluxo de recursos para investimento nesse
país, em prejuízo, sobretudo, dos países emergentes
e daqueles com desequilíbrios fiscais. Cabe lembrar
8
que sempre que os EUA promoveram alterações na sua
política monetária, os países
com menor solidez econômica foram os mais prejudicados.
ÁSIA
O FMI projeta, para
a China, um crescimento de
6,8% em 2015 e 6,3% em
2016. Para o governo chinês
a meta é crescer 7%. Para
isso adotou uma série de
medidas econômicas, incluindo o relaxamento na política monetária. O fato é que
depois de ter crescido com
taxas acima de dois dígitos
durante anos,
ficou cada vez
mais
difícil
essa sustentação. Como a
segunda maior
economia do
mundo,
a
China passou a
vivenciar problemas advindos do crescimento acelerado que vão desde desajustes estruturais no seu sistema de crédito, passam
pela supervalorização dos
imóveis e se estendem até
as questões ambientais
ainda mal resolvidas. Para
corrigi-los o governo teve
que promover certa desaceleração da economia e depois reativa-la para evitar
CENÁRIO INTERNACIONAL – PERSPECTIVAS 2015
uma queda acentuada. Para
o Escritório Nacional de Estatísticas o pior já passou. A
produção industrial voltou a
crescer, bem como a venda
de produtos de consumo.
Embora a melhora dos indicadores seja inicial, ainda é
cedo para se baixar a
foi consequência da multiplicação dos investimentos
governamentais em reação
à crise de 2008, que acabou
provocando uma elevação
excessiva dos preços dos
imóveis. Como no início de
2014 os preços começaram
a cair, os investidores passa-
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ram a transferir seus recursos do mercado imobiliário
para o acionário, elevando
continuadamente os preços
dos papéis. A alta passou a
atrair ainda mais investidores, muitos deles recorrendo a empréstimos bancários para comprar ações, aumentando o volume de negócios e impulsionando
ainda mais os preços.
Quando o governo tentou limitar o valor dos empréstimos a no máximo quatro vezes o capital do investidor,
os índices das bolsas já tinham chegado ao pico. Na
primeira semana de julho,
alguns bancos passaram a limitar o crédito para que investidores endividados ou
guarda. Esforços árduos são
necessários para consolidar
a estabilização econômica e
assegurar que a meta de
crescimento seja alcançada.
Para o mercado financeiro
internacional, o início de julho trouxe sérias preocupações. Depois de ter quase
dobrado de valor em um
ano, os índices das Bolsas de
Xangai e de Shenzhen, as
maiores do país, caíram 32%
e 40%, respectivamente, em
menos de um mês. Embora
a valorização em 12 meses
seja ainda significativa, o
movimento de venda desenfreada sugeriu o estouro de
uma bolha. Cabe lembrar
que a valorização acentuada
9
empresas que deram os
seus papéis como garantia
de empréstimos, cumprissem exigências de garantia
feitas pelas bolsas. Tiveram
então que vender ações provocando certo pânico que
levou outros acionistas a
venderem os seus papéis,
derrubando ainda mais
os preços. Em resposta o
governo acelerou o programa de compra de
ações, ampliando de US$
19 bilhões para US$ 42
bilhões o capital de um
fundo de emergência,
suspendeu as ofertas iniciais de ações (mercado
primário), suspendeu a
negociação de metade
das ações listadas (mercado
secundário) e criou linhas
adicionais para que os investidores cumpram as exigências de garantia pedidas pelas bolsas. Para a população
em geral, o efeito é limitado
na mediada em que pequena parcela da poupança
chinesa está no mercado
acionário e a valorização
acumulada ainda é expressiva. Na China as ações equivalem a apenas cerca de
20% da riqueza das famílias
e o consumo, que poderia
ser afetado, desempenha
uma função menor no PIB
do que em outros países.
Mas há temores de um risco
maior para o sistema finan-
CENÁRIO INTERNACIONAL – PERSPECTIVAS 2015
ceiro, o que deve gerar novas medidas de sustentação
do mercado. Para Stephen
Roach, professor da Universidade de Yale e um dos maiores especialistas em economia chinesa, o susto com a
bolsa chinesa e a crise na
Grécia irão aumentar ainda
mais a aversão a risco dos investidores internacionais,
complicando ainda mais a situação de países emergentes como o Brasil. Para ele a
recuperação recente nos
preços das ações chinesas
são fruto de interferência do
governo, o que não significa
que a situação esteja sob
controle. “Quando bolhas
da magnitude da chinesa estouram, elas assumem vida
própria e é difícil detê-las”.
Ele acredita que o impacto
na economia real deve ser
negativo, porém limitado. A
continuidade das reformas,
especialmente na área financeira, não será interrompida já que precisam substituir a alocação de capital determinada pelo governo por
alocação de capital determinada pelo mercado. De qualquer forma, o Partido Comunista da China irá se reunir
em outubro para discutir o
desenvolvimento
econômico e o próximo plano de
cinco anos.
Já para o Japão, o FMI estima o crescimento do PIB
em 0,8% em 2015 e em 1,2%
em 2016. Para o banco central japonês o crescimento
será de 1,7% neste ano. Para
a Índia, o FMI estima o crescimento de 7,5% em 2015 e
2016.
RENDA FIXA
Em condições normais de mercado, o que determina o rendimento presente e futuro de um título
de renda fixa (Bond) é a expectativa quanto à evolução
da taxa de inflação ao longo
do tempo. Nesse aspecto, o
aquecimento da economia
americana reascende os temores inflacionários. Pela
primeira vez em quinze
anos, a demanda na maior
economia do planeta tende
a superar a oferta de bens e
serviços. E como uma
grande parte dos investidores parece não estar antecipando uma alta nas taxas de
inflação, ao aceitar baixa remuneração para os seus investimentos, a percepção da
possibilidade dessa ocorrência pode desencadear uma
mudança significativa na
precificação dos ativos financeiros e do seu rendimento. Quando uma recuperação econômica é sucedida pelo fortalecimento da
demanda, boas notícias se
transformam em más notícias para os mercados financeiros. Os juros sobem e o
10
preço dos títulos cai. Tal
fato, no entanto, não afetará a importância dos títulos do governo americano
como o porto mais seguro
para os investidores internacionais, dado o baixíssimo
risco que representam.
RENDA VARIÁVEL
Na Europa, principalmente na zona do euro, a
continuidade do programa
de estímulos quantitativos
tende a continuar favorecendo uma evolução positiva das principais bolsas de
valores. Já para o mercado
acionário americano, segundo o Departamento do
Tesouro, os riscos são moderados, mas crescentes. A
queda das reservas internacionais de alguns países,
como a Rússia, o lento crescimento e os desequilíbrios
da balança de contas correntes de grandes países emergentes, como Rússia e Brasil,
por exemplo, é uma fonte
de preocupação. Isso num
momento em que o valor
das ações americanas é
muito elevado, o lucro das
empresas não tem empolgado e o banco central se
prepara para elevar os juros.
Fatores a serem considerados dados o tamanho do
mercado financeiro dos
EUA, cerca de US$ 25 trilhões e o seu envolvimento
CENÁRIO INTERNACIONAL – PERSPECTIVAS 2015
com outros mercados. Para
as ações chinesas o momento é delicado e a interfe-
Fonte: www.tradingeconomics.com
rência do governo nas cotações revela a delicadeza da
situação.
Para as commodities a situação não é boa. Atingiram os
preços mais baixos desde
2002. As commodities metálicas apresentaram quedas
expressivas com o dólar se
valorizando, além das quedas das bolsas chinesas.
A recuperação dos preços
deve ser lenta. Para o preço
do petróleo o cenário tam-
bém não é animador. A produção da commodity continua em alta, reforçada pela
produção recorde do Iraque
e da Arábia Saudita, sem falar no retorno do Irã ao mercado exportador.
Para Hassan Qabazard, exdiretor de pesquisa da
OPEP, o barril do petróleo
Brent custará de US$ 40 a
US$ 50 no quarto trimestre
do ano. Há um sério excesso
de oferta no mercado. Já
para os preços das commodities agrícolas, enfraquecidos por conta da situação
chinesa e do aumento da
oferta global de alimentos,
questões climáticas poderão
vir a pressiona-los. Além das
fortes chuvas que tem prejudicado o cultivo da soja nos
EUA, a possibilidade da
ocorrência de um forte El
Niño, no segundo semestre
deste ano, poderá afetar as
colheitas, principalmente na
Ásia e na América do Sul.
BOLSA
TREASURY BONDS 10Y
DÓLAR
JUROS
11
CENÁRIO NACIONAL – 1º SEMESTRE 2015
ATIVIDADE ECONÔMICA
O PIB brasileiro teve
queda de 0,2% no primeiro
trimestre de 2015, em relação ao anterior e queda de
1,6% na comparação anual.
Enquanto a agropecuária
cresceu 4,7%, a indústria recuou 0,3% e os serviços
0,7%. Pela ótica da despesa,
a de consumo das famílias
18,5%. Já as vendas de veículos tiveram o pior semestre desde 2007 e recuaram
19,8%. Já o comércio varejista em geral, teve o pior semestre desde 2003, com
uma alta de 2,6%. De forma
geral, se não fosse a forte
contribuição do agronegócio a atividade econômica
no país estaria muito mais
deprimida.
Fonte: www.tradingeconomics.com
recuou 1,5%, enquanto a
Formação Bruta de Capital
Fixo (investimento) e a despesa de consumo do governo recuaram ambas
1,3%. Já em maio, o IBC-Br,
considerado uma prévia do
PIB teve leve alta de 0,2%,
porém acumulou uma baixa
de 4,75% em relação ao ano
anterior. Com a atividade se
enfraquecendo ainda mais
no setor industrial, a produção de veículos no Brasil caiu
12,5% em relação a maio e
14,8% em relação a 2014. A
queda acumulada no primeiro semestre foi de
EMPREGO E RENDA
Para a geração de
empregos no Brasil, o primeiro semestre de 2015
apresentou um importante
revés. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios Contínua
(Pnad), do IBGE, a taxa de
desemprego no país subiu
para 8,1% no trimestre encerrado em maio, quando
no ano anterior havia sido
de 7%. Isso significa que 708
mil pessoas perderam o status de trabalhadores formais e outras 310 mil o de
12
informais. O setor de construção civil foi o que mais
cortou o número de empregados. Foram 636 mil vagas
a menos na comparação
com o mesmo período de
2014. Já os setores de agricultura, produção florestal,
pesca e aquicultura reduziram em 223 mil o número de
empregados. Já pela Pesquisa Mensal de Emprego
(PME), em que o IBGE coleta
os dados em seis regiões
metropolitanas, o desemprego chegou a 6,9% em junho, sendo que era 4,8% no
mesmo mês do ano anterior.
O rendimento médio real
(corrigido pela inflação) foi
de R$ 2.149,10 com queda
de 2,9% comparado a junho
do ano passado, a maior
queda em mais de uma década.
SETOR PÚBLICO
Com a arrecadação
em baixa e as despesas em
alta ficou improvável atingir
a meta até então estipulada
para o superávit primário
em 2015, de R$ 66,3 bilhões
ou 1,1% do PIB. Até o mês de
maio, o superávit primário
acumulado (gerado pelo governo central, pelas empresas estatais e pelos governos
municipais e estaduais) foi
de R$ 25,5 bilhões, sendo
que em 2014, no mesmo período havia sido de R$ 31,5
CENÁRIO NACIONAL – 1º SEMESTRE 2015
bilhões. No acumulado de
doze meses, foi registrado
um déficit primário de R$
38,5 bilhões, ou 0,68% do
PIB. De janeiro a maio a arrecadação de impostos atingiu a cifra de R$ 510,2 bilhões, apresentando uma
queda de real de 2,95% em
relação a 2014. No período,
a renúncia fiscal por conta
da tentativa de estimular a
economia foi de R$ 47,1 bilhões. Já pelo lado das despesas do governo central, o
Tesouro informou que elas
alcançaram R$ 425,5 bilhões
no ano, apresentando um
aumento real de 8,2% em
relação ao ano anterior. Altas expressivas tiveram as
despesas com os juros da dívida pública no período,
com os aumentos da taxa
Selic. Atingiram o montante
de R$ 198,9 bilhões, enquanto no ano anterior a cifra era de R$ 101,6 bilhões.
Em doze meses os juros nominais totalizaram R$ 408,8
bilhões, ou 7,22% do PIB.
Dessa forma o déficit nominal, que inclui o resultado
primário e os juros somou
no ano R$ 173,4 bilhões, enquanto nos cinco primeiros
meses de 2014 era de R$
70,1 bilhões. Já a dívida líquida do setor público alcançou R$ 1,9 trilhão ou
33,6% do PIB. A dívida bruta
do governo geral (governo
federal, INSS, governos estaduais e municipais) alcançou
R$ 3,5 trilhões, ou 62,5% do
PIB. É importante lembrarmos que os esforços do governo para que a meta fiscal
fosse atingida, se concentraram muito mais no aumento
da arrecadação do que na
diminuição das despesas.
Desde que Joaquim Levy tornou-se ministro uma série
de mediadas foram anunciadas. Entre elas as mudanças
nos benefícios sociais, como
o seguro desemprego, o auxílio doença e a pensão por
morte, que já passaram pelo
crivo do Congresso Nacional. Bem como o aumento
da tributação sobre a folha
de pagamento, que ainda
tramita no legislativo, além
da alta dos tributos sobre a
gasolina e os automóveis, do
lucro dos bancos, das operações de crédito, de produtos
importados, etc. O fato é
que em cinco meses as
contas do
Tesouro
1,40%
Nacional
1,20%
tiveram o 1,00%
pior resul- 0,80%
tado para 0,60%
o período
0,40%
desde
0,20%
1998. O
0,00%
governo
central
Fonte: IBGE
conseguiu
até maio poupar R$ 6,6 bilhões ou cerca de 10% da
13
meta de superávit primário
para o ano todo. É preciso
lembrar que os estados e
municípios também sofrem
quedas em suas arrecadações e assim a sua colaboração para o resultado primário pode ficar bem comprometida. Para piorar, a maioria dos estados estão perto
de atingirem o limite de
alerta nos gastos com servidores, ou seja 49% da receita corrente líquida. Para a
agência internacional de rating Fitch, o Brasil está numa
situação pior que países
com o mesmo rating do Brasil (BBB), sendo que a piora
parece não ser temporária,
mas um problema estrutural
muito sério.
INFLAÇÃO
Com o aumento de
0,79% em junho, a inflação
medida através do Índice
Nacional de Preços ao ConIPCA
sumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE e que
abrange as famílias com
CENÁRIO NACIONAL – 1º SEMESTRE 2015
2017, mas reduziu a margem de tolerância para 1,5
ponto percentual, ao invés
de 2 pontos percentuais.
elevação de juros foi anunciada no final de junho pelo
governo, que estabeleceu a
Taxa de Juros de Longo
Prazo (TJLP), praticada pelo
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES nos empréstimos às empresas, em 6,5%
a.a. Foi a terceira elevação
seguida e valerá para o período de julho a setembro.
JUROS
Em sua última reunião no início de junho, o Comitê de Política Monetária
do Banco Central (Copom)
decidiu por unanimidade
elevar a taxa básica de juros
(Selic) em 0,5 ponto percentual, para 13,75% a.a. É a
maior taxa desde dezembro
de 2008 e foi o sexto aumento seguido da Selic. É
CÂMBIO E SETOR EXTERNO
A taxa de câmbio
dólar x real, denominada PTax 800, que é calculada
TAXA DE CÂMBIO - DÓLAR
3,40
3,20
3,00
2,80
2,60
2,40
2,20
Fonte: comdinheiro.com
importante lembrarmos que
a taxa Selic é uma taxa de referência para o mercado financeiro e remunera os investimentos em determinados títulos públicos, por
exemplo. Para o consumidor, as taxas de juros dos
cartões de crédito chegaram
a 360% a.a. e as do cheque
especial a 235% a.a. Outra
14
jun-15
mai-15
abr-15
mar-15
fev-15
jan-15
dez-14
nov-14
out-14
set-14
ago-14
jul-14
jun-14
2,00
mai-14
renda mensal ente um e
quarenta salários mínimos,
acumulou alta de 6,17% no
semestre, a maior taxa
desde 2003, enquanto em
12 meses foi de 8,89%.
Desta vez, as maiores pressões sobre o índice de preços vieram dos alimentos,
dos jogos de loteria e das
passagens aéreas, sendo
que no ano os preços da
energia também tiveram
forte contribuição. O índice
de difusão dessa inflação,
que mede o percentual dos
itens pesquisados que tiveram aumento de preços se
situou um pouco abaixo de
70%, de acordo com o Valor
Econômico. Já a inflação medida pelo Índice Nacional de
Preços ao Consumidor
(INPC), também calculado
pelo IBGE abrangendo famílias com renda mensal entre
um e cinco salários mínimos,
subiu 0,77% em junho, acumulando uma alta de 6,80%
no semestre e de 9,31% em
doze meses. Pior ainda foi a
inflação da baixa renda, calculada
pela
Fundação
Getúlio Vargas através do Índice de Preços ao Consumidor – Classe1 (IPC-C1). Ela
subiu 7,21% no ano e de
9,52% em 12 meses.
Em sua reunião no final de
junho, o Conselho Monetário Nacional – CMN fixou a
meta de inflação medida
pelo IPCA em 4,5% para
pelo Banco Central do Brasil,
fechou o primeiro semestre
de 2015 cotada a R$ 3,1026,
acumulando uma valorização de 19,20% no período.
Em 12 meses a alta do dólar
frente ao real foi de 41,19%.
Como aplicação financeira,
foi a mais rentável no semestre e em 12 meses. A expressiva valorização da moeda decorreu da expectativa
do aumento da taxa de juros
CENÁRIO NACIONAL – 1º SEMESTRE 2015
nos EUA, da crise na Grécia e
da situação interna do Brasil, principalmente. Já a Balança Comercial encerrou o
semestre com um superávit
de US$ 2,2 bilhões, enquanto no mesmo período
em 2014 havia sido registrado um déficit de US$ 2,5
bilhões. Entretanto o resultado foi obtido devido a uma
queda maior das importações do que das exportações. De janeiro a junho as
exportações
totalizaram
US$ 94,3 bilhões, com uma
redução de 14,7% em relação ao mesmo período do
ano anterior e as importações alcançaram os US$ 92,1
bilhões, com uma queda de
18,5%. Em relação ao Balanço de Pagamentos, as
transações correntes apresentaram um déficit de US$
2,5 bilhões em junho, acumulando em seis meses o
saldo negativo de US$ 38,3
bilhões e em 12 meses um
déficit de US$ 93,1 bilhões,
ou o equivalente a 4,36% do
PIB. Os investimentos diretos no país (IED) totalizaram
US$ 30,9 bilhões no ano e
US$ 81,9 bilhões em 12 meses, ou 3,84% do PIB. Já os
investimentos estrangeiros
em carteira (renda fixa e
ações) atingiram no ano o
montante de US$ 27,3 bilhões. As reservas internacionais, ao final de junho, pelo
conceito de liquidez eram de
US$ 372,2 bilhões e a dívida
externa bruta US$ 345,2 bilhões.
RENDA FIXA
Para os títulos prefixados de renda fixa, o primeiro semestre de 2015 foi
caracterizado pela alta volatilidade dos seus preços e taxas, quando considerado o
valor de mercado. E essa volatilidade foi crescente quão
mais longo o prazo de vencimento dos títulos. Uma
NTN-B (título emitido pelo
Tesouro Nacional) com vencimento em 2045 ou 2050,
por exemplo, atingiu um patamar de volatilidade (risco)
ainda maior do que o índice
Bovespa (ações).
Apesar da disparada da inflação, da alta continuada da
taxa Selic e da cotação do
dólar, das consequências
dos erros da política fiscal
recente e dos escândalos de
corrupção, os estrangeiros
compraram títulos brasileiros emitidos em reais, em
volume recorde, inclusive as
NTN-B mais longas. Não
fosse esse importante fluxo
de compra, provavelmente
as taxas desses papéis estariam sendo precificadas pelo
mercado em patamares
ainda mais altos e os seus
preços, consequentemente,
em patamares mais baixos.
15
Dessa forma, as NTN-B poderiam ter repetido o ano de
2013 e punido os investidores com rendimentos negativos.
Atualmente os não residentes no Brasil detém cerca de
21% da dívida pública em reais, sendo que no final de
2011 essa participação era
de cerca de 11%. Essa forte
demanda decorreu das altas
taxas de juros pagas no Brasil, em um momento que as
taxas de juros no exterior estão próximas as mínimas
históricas. Mesmo com todas as adversidades do cenário local, o investidor estrangeiro entende que a alta
remuneração obtida é a
compensação do risco, além
do fato do desinvestimento
poder ser feito a qualquer
tempo, diferentemente do
investimento produtivo.
Já no caso dos RPPS, que
como entidades previdenciárias possuem uma meta
anual a ser atingida e um limite de risco a ser obedecido, o mercado não foi favorável. Consideradas as
aplicações em fundos de investimento de renda fixa
que lhes são permitidos,
apenas as realizadas em
fundo referenciado no IDkA
20 teriam superado a variação de 9,31% da meta atuarial equivalente a IPCA+6%
a.a., no primeiro semestre.
CENÁRIO NACIONAL – 1º SEMESTRE 2015
Em função do fator risco, seNas tabelas abaixo, podetre de 2015 em 53.081 ponria impensável uma carteira
mos constatar o desempetos, apresentando no períde investimentos com essa
nho dos principais indicadoodo uma valorização de
concentração. A título de
res de renda fixa que refe6,15% e em 12 meses uma
ilustração, uma carteira de
renciam os fundos de invespequena desvalorização de
renda fixa que poderia supetimento disponíveis para os
– 0,14%. Dessa forma, teve
rar a meta atuarial com um
RPPS, no semestre, em doze
no período, um desemperendimento de 9,34% no see em vinte e quatro meses,
nho ligeiramente superior
mestre, teria 10% dos seus
além dos rendimentos dos
ao do CDI que evoluiu
recursos em fundos de intítulos públicos também no
5,92%. Com a forte valorizavestimento que tivessem
primeiro semestre.
ção do dólar, as ações brasirendimento idêntico
leiras ficaram ainda
Rentabilidade dos Indicadores
ao do IDkA 20 e 90%
mais baratas para o
dos recursos em Indicadores
investidor internacio2015*
12 Meses
24 Meses
fundos com rendinal e com isso o inIPCA
+
6%
a.a.
9,31%
15,43%
30,34%
mento idêntico ao
gresso de capital esINPC + 6% a.a.
9,96%
15,87%
30,27%
IMA-B 5+. Ainda as- IRF-M 1
trangeiro para a com5,60%
11,16%
22,01%
sim, o risco seria IRF-M 1+
pra de ações brasilei4,95%
8,89%
19,94%
IRF-M
Total
5,18%
9,68%
20,61%
muito alto. Outra
ras alcançou a expresIMA-B 5
7,46%
12,08%
23,96%
possibilidade de se IMA-B 5+
siva cifra de cerca de
9,03%
14,37%
19,37%
alcançar o mesmo IMA-B Total
US$ 12 bilhões no
8,34%
13,31%
21,12%
IDKA
2
(IPCA)
8,01%
12,38%
25,43%
rendimento
de
ano. Esse fluxo acaCDI
5,92%
11,81%
22,63%
9,34% seria alocar POUPANÇA
bou permitindo o de3,70%
7,40%
14,53%
55% dos recursos no *Rentabilidade referente 01/Jan a 30/Jun de 2015
sempenho positivo
IDkA 20 e os 45% Fonte: IBGE
do índice em um ceRendimento dos Títulos Públicos em 2015*
restantes em funnário de inflação e judos de investiros ascendentes e de
Títulos /
Títulos /
Rendimento (%)
Rendimento (%)
mento que tives- Vencimento
atividade econômica
Vencimento
sem rendimento
em queda. Ou seja,
Prefixados
Indexados ao IPCA
idêntico ao DI (caso LTN 2016
propiciou uma situa4,93%
NTN-B 2017
7,93%
4,79%
NTN-B 2020
7,62%
isso fosse permi- LTN 2017
ção semelhante à viNTN-F 2017
11,81%
NTN-B 2024
8,20%
tido aos RPPS em
vida no mercado de
NTN-F 2021
4,44%
NTN-B 2035
10,18%
função da Resolu- NTN-F 2023
renda fixa e confir4,22%
NTN-B 2045
10,98%
ção 3.922). E cabe
mou a máxima de
Indexados ao IGP-M
NTN-B 2050
11,90%
NTN-C
2017
6,21%
Indexados
a
SELIC
relembrar que o DI,
quem governa o merNTN-C 2021
6,42%
LFT 2017
6,89%
como um ativo livre
cado financeiro é o
NTN-C 2031
8,72%
de risco, estaria *Rentabilidade referente 01/Jan a 30/Jun de 2015
fluxo de recursos e
Fonte:
Tesouro
Nacional
reduzindo significanão necessariamente
tivamente o risco total da
os
fatos.
RENDA VARIÁVEL
carteira. Mesmo assim, principalmente com o atual ceO índice Bovespa
nário, seria irresponsável tal
terminou o primeiro semesalocação.
16
CENÁRIO NACIONAL – PERSPECTIVAS 2015
ATIVIDADE ECONÔMICA
Para o Fundo Monetário Internacional – FMI, a
economia brasileira irá decrescer 1,5% em 2015 e
apresentará um crescimento de 0,7% em 2016.
Para o os economistas que
militam no mercado financeiro, conforme revela o último Relatório Focus do
Banco Central, de 17 de julho último, a atividade econômica no país terá uma retração de 1,7% em 2015 e
uma modesta alta de 0,33%
em 2016. Para o próprio governo, a queda do PIB em
2015 será de 1,49%, que significaria o pior resultado em
25 anos. Sem recursos para
investir e sem ter sucesso na
implementação do ajuste
fiscal necessário, inclusive
por questões políticas, a
margem de manobra do governo para incentivar a economia ficou extremamente
restrita. O Programa de Investimento em Logística –
PIL, através do qual o governo pretende viabilizar,
através de concessões, investimentos de R$ 198,4 bilhões, em ferrovias, rodovias, aeroportos e portos é
uma tentativa. Dos investimentos do setor privado
também pouco se pode esperar, enquanto o cenário
econômico for tão adverso.
Falta a confiança necessária
para que o espírito empreendedor prospere. Para a
população em geral, a percepção da situação do país
também não colabora.
Desde abril de 2004, quando
a Associação Comercial de
São Paulo começou a fazer a
pesquisa do Índice Nacional
de Confiança (INC), não foram registrados níveis tão
baixos. O único setor de atividade que enseja uma melhor expectativa é o agropecuário. No seu Relatório Trimestral de Inflação, de junho, O Banco Central elevou
de 1% para 1,9% o crescimento do PIB do setor. Aliás,
as expectativas são muito
boas inclusive no longo
prazo. Tanto a Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico –
OCDE, como a Organização
das Nações Unidas para
Agricultura e Alimentação –
FAO, estimam que em 2024,
o Brasil será o maior exportador agrícola do mundo. A
safra irá crescer com a melhora da produtividade e expansão das lavouras. Boa
parte desse crescimento virá
da cana-de-açúcar, da soja e
do algodão.
Quanto ao emprego, a situação é muito delicada, segundo estudo da Confederação Nacional da Indústria,
um terço delas ainda deverá
fazer demissões ainda em
17
2015. Para evitar um aprofundamento do desemprego, o governo criou um
programa que permite a redução de até 30% da jornada de trabalho, com a redução de salários e visa,
principalmente, o setor industrial.
SETOR PÚBLICO
Para as finanças públicas está criada uma armadilha. Com a atividade econômica em queda, o Tesouro Nacional arrecada
menos e com os juros em
alta gasta mais, sem falar
das despesas que já foram
contratadas, com base na
expectativa de receitas mais
elevadas. Com o orçamento
desequilibrado o governo
perde a sua capacidade de
investimento e também
acaba por provocar inflação,
que por sua vez geram perdas no poder de compra dos
trabalhadores e acabam por
inibir o crescimento, que por
sua vez, prejudica a arrecadação. Por outro lado, o espaço de manobra para cortar despesas, sem consequências sociais sérias é reduzido e o espaço de manobra para se criar novas receitas através de impostos requer o apoio do legislativo,
diante do quadro político
atual. Assim, o governo teve
CENÁRIO NACIONAL – PERSPECTIVAS 2015
que desistir da meta de perseguir um superávit primário de 1,1% do PIB ou de
poupar R$ 66,3 bilhões, para
ajudar a pagar as despesas
com os juros da dívida pública em 2015. Pela lei, o governo tem que a cada semestre reavaliar suas receitas e despesas para assegurar a sua meta de poupança
e submeter essa reavaliação
à aprovação do Congresso.
Dessa forma, no dia 22 de julho último, o governo anunciou as novas metas de superávit primário. Para 2015,
a meta de R$ 66,3 bilhões foi
reduzida para R$ 8,7 bilhões, sendo R$ 5,8 bilhões a
da União e o restante dos estados e municípios. Ou seja,
ela caiu de 1,1% do PIB para
0,15%. Foi também anunciado um corte adicional de
R$ 8,6 bilhões no Orçamento deste ano, totalizando o contingenciamento
em R$ 79,4 bilhões, distribuído entre todos os poderes.
O governo também decidiu
encaminhar ao Congresso,
projeto de lei que flexibiliza
ainda mais a política fiscal e
permite que as contas fechem o ano com déficit de
até R$ 17,7 bilhões, se algumas receitas extraordinárias
não se realizarem. Pelo projeto, o governo também
pretende que, pela primeira
vez, a economia feita por estados e municípios, acima da
meta fixada, seja usada para
compensar uma eventual
frustração no superávit previsto para a União. Para os
próximos anos, a recomposição das contas públicas
também será mais lenta. O
governo fixou a meta fiscal
de 2016 em 0,7% do PIB, a
de 2017 em 1,3% e somente
em 2018 ela será de 2% do
PIB, valor considerado pelo
Ministro Levy, como o necessário para colocar a dívida pública em trajetória de
queda.
No dia seguinte ao comunicado das novas metas, a
maior agência de risco local,
Austin Rating anunciou o rebaixamento da nota de crédito de longo prazo do Brasil, em moeda estrangeira,
de BBB- para BB+. Assim, o
país perdeu, para essa agência, o grau de investimento,
que o qualifica como bom
pagador e como porto seguro para investimentos.
Justificou que o rebaixamento da nota do Brasil está
fundamentado na “acentuada e contínua piora dos resultados das contas públicas, com destaque para o
baixo nível de superávit primário, que é incapaz de reduzir ou neutralizar o
avanço do endividamento
público que resulta no elevado nível de déficit nominal”. Para as três principais
agências
internacionais
18
(Moody’s, Fitch e Standard
and Poor’s), o Brasil ainda
segue com o grau de investimento, no entanto, o mercado financeiro já opera
com a perspectiva de uma
redução do rating soberano
pela Moody’s para o último
patamar dentro do grau de
investimento. Há o temor de
que seja também atribuída
uma perspectiva negativa
para a nota, o que aumentaria o risco da perda do grau
de investimento no curto
prazo. Já a Fitch informou
que já está em processo de
reavaliação das tendências
fiscais do país e que as metas propostas são menores
dos que as estimadas em
abril, quando a agência decidiu colocar em perspectiva
negativa a nota de crédito
BBB do Brasil. Para a Standard and Poor’s o rating
atual, BBB- é o mais baixo
ainda dentro do grau de investimento. Efetivamente, a
redução das metas de superávit primário nas magnitudes anunciadas surpreenderam os que militam no mercado financeiro, dado o pessimismo altamente preocupante que os números sinalizam. Provavelmente não
haverá cortes adicionais nos
gastos e o governo dependerá de receitas extras para
fechar as suas contas. Depois de ter vendido ações do
Banco do Brasil, ao longo de
CENÁRIO NACIONAL – PERSPECTIVAS 2015
julho, em poder do Fundo
Soberano Brasil, o governo
estuda a regularização de
recursos de brasileiros não
declarados ao fisco, que estão no exterior, prepara a
abertura de capital da Caixa
Seguradora e do Instituto de
Resseguros do Brasil – IRB,
bem como um novo programa de pagamento de dívidas das empresas com a
Receita Federal, que poderão ser quitadas com o uso
de créditos tributários e etc.
Portanto o cenário fiscal é
altamente negativo e como
dissemos o clima no legislativo para a aprovação da alta
de impostos é demasiadamente ruim.
INFLAÇÃO
Conforme o último
Relatório Focus, o mercado
financeiro estima que o IPCA
vá subir 9,15% em 2015 e
Fonte: www.tradingeconomics.com
5,40% em 2016. Para o Ministério da Fazenda a alta
será de 9% neste ano. O fato
é que com a redução do superávit primário e o tamanho do desequilíbrio nas
contas públicas que a medida revelou, o risco da inflação em 12 meses superar
um número de dois dígitos
aumentou
significativamente, apesar da economia
fraca. É a estagflação assumindo contornos ainda mais
nítidos. Mesmo com as taxas
de juros cada vez mais altas,
que implica em custos mais
altos para todo o país, o repasse de preços em uma
economia ainda indexada
traz de volta a iminência de
uma espiral inflacionária,
cuja inércia é de dificílima interrupção. Para os consumidores residenciais de São
Paulo, o mês de agosto se
inicia com uma alta de
17,04% das tarifas de energia elétrica. Para os alimentos, chuvas atípicas em algumas regiões e a falta dela em
outras, já prejudicam os trabalhos no campo. Existe a
previsão de um El Niño severo para o segundo semestre, com efeito global. O
19
IPCA-15, que é uma prévia
da inflação, revelado no final
de julho, mostra um aumento de preços de 9,25%
em 12 meses, o maior desde
2003.
JUROS
O último Relatório
Focus também revela que o
mercado estima a taxa Selic
em 14,5% no final de 2015 e
em 12% no final de 2016. Independentemente das consequências que o estabelecimento das novas metas fiscais enseja a menor tolerância do afastamento da meta
de inflação, para 2017, já sugere que o Banco Central
terá que apertar ainda mais
a política monetária para
que a credibilidade possa
ser recuperada. Em declaração recente, o Diretor de Política Econômica do BC, Luiz
Awazu, afirmou que a autoridade monetária fará o
que for necessário para reduzir a inflação para 4,5%
no final de 2016 e que não
há limite para a elevação
dos juros, apesar da atividade econômica fraca e da
queda no emprego. Após o
anuncio das novas metas
fiscais as taxas de juros dispararam no mercado financeiro, principalmente as taxas de prazos mais longos
que revelam a expectativa
de uma política monetária
CENÁRIO NACIONAL – PERSPECTIVAS 2015
restritiva por mais tempo do
que antes se imaginava.
Para a próxima reunião do
Copom, no final de julho, espera-se uma nova alta da
taxa Selic de 0,5 ponto percentual, o que a levaria para
14,25% a.a.
CÂMBIO E SETOR EXTERNO
Também de acordo
com o Relatório Focus, o
mercado estima que o dólar
esteja valendo R$ 3,23 no final de 2015 e R$ 3,40 no final de 2016. Porém, ainda
como consequência do
anúncio da redução das metas fiscais, o dólar comercial,
mesmo com a atuação do
Banco Central, atingiu a cotação de R$ 3,34, o maior nível em mais de doze anos. Já
há instituições financeiras
que acreditam que as cotações se aproximem de R$
3,60 nas próximas semanas.
Para engrossar as expectativas de um real cada vez mais
desvalorizado, ainda temos
a perspectiva da alta dos juros americanos em setembro, o que mantém o dólar
se valorizando internacionalmente, além das turbulências ocorridas na Grécia e
na China que também acabam por aumentar a demanda por dólares. Para a
Balança Comercial o mercado estima um superávit de
US$ 6 bilhões neste ano e de
US$ 14 bilhões em 2016.
Ainda no final de junho, o
governo anunciou medidas
para recuperar a capacidade
de exportação do país, com
uma ofensiva comercial que
prioriza os mercados dos países mais desenvolvidos e
que consolida os mercados
em que o Brasil já está presente, como o Mercosul. O
fato é que, sem um acordo
comercial há anos, o país
está ficando para trás no
acesso aos grandes mercados mundiais. O Brasil é um
dos países que menos possuem acertos tarifários e de
facilitação do comércio entre os membros do G-20,
grupo das maiores economias do mundo. A nossa
pauta de exportações é dominada por produtos primários, com pouco valor agregado, enquanto outros países, como o México, por
exemplo, têm investido na
sofisticação da sua estrutura
produtiva.
Para as contas externas, em
geral, fica a apreensão com
as consequências das mudanças fiscais. O Brasil depende do fluxo externo,
tanto do de investimento direto, quanto dos investimentos em carteira para fechar as suas contas externas, apesar do bom nível das
reservas cambiais. Até
agora, neste ano, o fluxo vinha sendo favorável. Daqui
20
para frente é difícil a previsão. Com as notas de crédito
atuais, o país já representa
um risco pior do que o do
Cazaquistão e do que o do
Panamá. Com um provável
rebaixamento, é melhor
nem falar.
RENDA FIXA
Dada perspectiva de
aumento da inflação e da
taxa básica de juros pelo
Banco Central, além do provável rebaixamento da nota
de crédito do Brasil, os juros
pagos aos investidores deverão se elevar, desaconselhando as aplicações financeiras prefixadas, sobretudo, as de maior prazo. A
diversificação da carteira de
renda fixa deve contemplar
aplicações em fundos referenciados no DI, bem como
em fundos compostos por
NTN-B, de curta duração,
pois são ativos de menor
risco e corrigidos pela inflção, IPCA, que deverá se elevar. Quanto aos títulos públicos mais longos, as possibilidades de perdas poderão
ser amplificadas com a saída
de investidores estrangeiros
descontentes com as medidas adotadas pelo governo
no front fiscal. Esse movimento intensificaria a queda
de preço dos títulos e a consequente rentabilidade negativa, quando precificados
CENÁRIO NACIONAL – PERSPECTIVAS 2015
a valores de mercado. Vide
abaixo a tabela de alocação
sugerida para as aplicações
financeiras.
ALOCAÇÃO
OBJETIVO
IMA-B 5+ | IDKA 20
0,00%
IMA-B | IMA-G
0,00%
IMA-B 5 | IRF-M 1+
10,00%
IDKA 2 | IRF-M
20,00%
IRF-M1
15,00%
DI / (não CP)
15,00%
FIDC / CP
15,00%
MM
5,00%
Ações
10,00%
FIP
5,00%
FII
5,00%
resultados mais satisfatórios. Ou seja, para os investidores, muitas ações de boas
empresas, com bons fundamentos, ficarão mais barra-
Com a elevação dos juros, os
fundos multimercados ganharão maior atratividade,
pois objetivam a superação
desse indicador. Para os funIbovespa
75.000
70.000
65.000
60.000
55.000
50.000
45.000
40.000
35.000
30.000
25.000
INFLAÇÃO
JUROS
TAXA PRÉ-FIXADA
IMA-B
RENDA VARIÁVEL
O mercado acionário brasileiro começou o segundo semestre em clima
bastante desfavorável. O cenário interno, bem como o
externo se tornou muito
complicados para o investimento em ações e apenas
aquelas empresas com competências para administrar
crises, ou que se beneficiem
da alta do dólar, deverão ter
Fonte: BM&F
tas ensejando boas oportunidades de compra. Há excelentes fundos de ações disponíveis no mercado brasileiro, cujos gestores saberão
captar as boas oportunidades que surgirem. Provavelmente, investidores estrangeiros também poderão se
desfazer de ações brasileiras, criando boas oportunidades para os investidores
locais, principalmente para
aqueles de longo prazo,
como os RPPS. A título de
ilustração, hoje o valor de
mercado da empresa norte
americana Apple isoladamente, supera o de todas as
empresas brasileiras de capital aberto, com ações negociadas na Bovespa.
21
dos imobiliários e os de participações, o mercado também poderá trazer boas
oportunidades.
BOLSA
DÓLAR
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“Altera a Portaria MPS/GM nº 519, de 24 de agosto de 2011, que dispõe sobre as aplicações dos recursos financeiros dos Regimes Próprios
de Previdência Social instituídos pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios e dá outras providências.”
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relatório semestral 1º semestre / 2015