UFC/Sobral
Comportamentos Obsessivos e Compulsivos
Prof. Antonio Maia Olsen do Vale
Psicólogo Analítico-Comportamental
Mestre em Saúde Pública
Especialista em Saúde Mental
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DEFINIÇÃO
Caracterizado pela ocorrência de pensamentos ou
imagens repetitivas e indesejáveis, em geral
desagradáveis ou ameaçadoras (obsessões),
acompanhados de sofrimento e ansiedade. As obsessões
frequentemente são seguidas por atos repetitivos e
estereotipados (compulsões) realizados no sentido de
aliviá-las (rituais).
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DEFINIÇÃO
• “É crônica e, se não tratada, na maioria das vezes seus
sintomas se mantêm por toda a vida. Os sintomas
raramente desaparecem por completo: o mais comum é
apresentarem flutuações ao longo da vida, aumentando e
diminuindo de intensidade, mas estando sempre presentes”.
(Cordioli, 2004, p.IX)
 A doença da dúvida
• Lentidão obsessiva
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EPIDEMIOLOGIA
• É provável que existam entre 3 e 4 milhões de pessoas no
Brasil apresentando este quadro.
• Geralmente inicia-se no final da adolescência, mas não é
incomum começar ainda na infância. É raro o início após 40
anos. (Cordioli, 2004)
• A prevalência estimada na população geral é de 2% a 3% ao
longo da vida.
• Não há diferença de prevalência entre os sexos, mas na
adolescência o sexo masculino representa 75% dos casos.
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OBSESSÕES
• É comum o tema das obsessões ser um reflexo das
principais preocupações da época. Antes do séc. XIX os temas
mais recorrentes remetem a invasões demoníacas ou
espirituais, atualmente é comum o medo de contaminação por
HIV e o medo da violência urbana.
• São relatados pelos clientes como sendo repugnantes, sem
sentido, inaceitáveis ou difíceis de abandonar.
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OBSESSÕES
Os temas mais frequentes –
• sujeira, contaminação;
• dúvidas;
• simetria, perfeição, exatidão ou alinhamento;
• violência, agressão física praticada contra si ou outros;
• sexo ou obscenidades;
• armazenar, guardar coisas inúteis;
• comportamento socialmente inaceitável;
• doenças;
• religião;
• pensamento mágico (números, cores, datas, horários, etc).
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RITUAIS
São comportamentos motores/verbais (privados ou não) ou
esquivas, executados com a função de prevenir ou reduzir o
desconforto gerado pelas obsessões, ou impedir a ocorrência
de alguma situação temida.
• Não há relação de causa e efeito entre o ato e o
conseqüente imaginado do ritual.
• Sua utilização constante reduz a ansiedade no momento,
mas envolve sofrimento.
• Em quase todos os casos o paciente sabe dos dois
pontos anteriores.
Os indivíduos executam rituais (compulsões) porque descobriram
(aprenderam) que eles reduzem a ansiedade que acompanham
as obsessões. As evitações seguiriam o mesmo princípio.
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RITUAIS
Questões a serem investigadas em uma avaliação funcional
dos rituais:
• Os rituais reduzem em curto prazo a ansiedade
provocada pelo contato com o evento ansiogênico
(reforçamento negativo).
• Tornam-se condicionados aos estímulos que os
desencadeiam.
• O condicionamento pode tornar estímulos neutros em
discriminadores dos rituais.
• Generalização.
• A esquiva impede a desconfirmação do perigo.
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ETIOLOGIA
“Até o presente momento, ainda não foram esclarecidas as
verdadeiras causas do TOC”. (Cordioli, 2004, p37)
• Exames sobre o funcionamento com imagens (tomografia)
mostram aumento da atividade nos lobos frontais, gânglios
basais e cíngulo pessoas que se queixam de obsessões e
compulsões. Os tratamentos comportamentais e
farmacológicos revertem este quadro (arch gen psychiatry
49:685,1992).
• Estes comportamentos surgem com bastante frequência após
doenças ou problemas cerebrais como: encefalites,
traumatismos cranianos, acidentes vasculares cerebrais (AVC),
Coréia de Sydenham (febre reumática – infecções na garganta Streptococo beta-hemolítico). (Cordioli, 2004)
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http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2005/09/05093
0_tocrw.shtml
“Estudo vê ligação entre infecção e transtorno mental
O estudo, publicado no British Journal of Psychiatry, mostra que crianças
com TOC são mais propensas a ter anticorpos associados com infecções
por bactérias estreptococos do que as que não apresentam a desordem.
Apesar disso, a equipe de pesquisadores disse que uma investigação mais
profunda é necessária para comprovar a ligação. (...) Os pesquisadores
testaram o sangue de 50 crianças com TOC para identificar a presença de
anticorpos associados à reação de uma infecção por estreptococos com
uma parte do cérebro.
A equipe descobriu que 42% das crianças com TOC tinham os anticorpos,
comparado com só 5% do grupo de controle, formado por 190 crianças. (...)
No artigo publicado pelo British Journal of Psychiatry, os autores dizem que
as descobertas são significativas e que a “autoimunidade pode ter um
papel no aparecimento e/ou na manutenção de alguns casos de TOC”.
Eles admitem que mais pesquisas são necessárias para confirmar as
indicações do estudo, já que há a indicação de que a genética também tem
um papel no desenvolvimento da doença.”
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ETIOLOGIA
• Existindo um caso na família a chance de existir outro
aumenta de 4 a 5 vezes.
• Entre gêmeos a incidência é de 20 a 40 vezes maior do que
entre a população geral.
•CNTNAP2 is disrupted in a family with Gilles de la Tourette syndrome and obsessive
compulsive disorder. - Genomics; 82(1):1-9, 2003 Jul.
•T102C and -1438 G/A polymorphisms of the 5-HT2A receptor gene in Turkish patients with
obsessive-compulsive disorder.Fonte:Eur Psychiatry; 18(5):249-54, 2003 Aug.
•The inheritance of obsessive-compulsive disorders. Fonte:Ned Tijdschr Geneeskd;
147(44):2166-9, 2003 Nov 1.
•Sequence variants of the brain-derived neurotrophic factor (BDNF) gene are strongly
associated with obsessive-compulsive disorder.Fonte:Am J Hum Genet; 73(2):370-6, 2003
Aug.
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ETIOLOGIA
O Modelo Comportamental – Comportamento Verbal
Regras sociais e auto-regras –
“Meu carro foi roubado, se eu tivesse checado a porta isso não
teria acontecido, a culpa foi minha”
“pensar algo ruim atrai coisas ruins, tenho que não pensar
nisso”
“Falhar é algo horrível, e se eu posso evitar a falha e mesmo
assim falhei então fiz algo errado, tenho que me vigiar mais”
“Minha comunidade não aceita pensamentos sexuais com
pessoas da mesma família então devo me controlar para não
pensar nisso”
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ETIOLOGIA
Herança genética,
Disfunção neuroquímica
Aprendizagens
Indivíduo hipersensível
(perfeccionismo / culpa excessiva)
Estado corproal
de alívio
(reforçamento negativo
do processo)
Situação aversiva,
Estressora e outras
Neutralização
(rituais / evitação / compulsão)
Adaptado de Cordioli, 2004, p45
Obsessão
Desconforto emocional
Ansiedade
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Prof. Antonio Maia Olsen do Vale Psicólogo Analítico