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\ '¦¦'aBMB«
OPINIÃO DOS LEITORES
Comte: a irritação e a razão
Com o tiulo Irritante * -¦ ou ••-¦
Haia** lldiuf da Lur publicou em
"i'iMv«> de 2h de maio úlitmo.
mtercssame anigo ¦¦¦'¦'¦< a irados****
dosOpuseutusdr Fd*n**tla v. -., f d* \
Comte A Intiuduçào «teste volume foi
feita por mim (.»!. Em seu anifo. o sr.
Heitor da «Lu?, demonstrou
dcscmfoccr pontos essenciais da obra
«le íomic t t Ignora. p»«r escmpto.
haver Ciunte proposto fa/er do estudo
das generalidades vieniifkas uma
csprtttalklâdc a mais, visando a
minorar •* efeitos da cvpwtaliraçâo
«*sagerada, Jamais pretendeu Comte
os sonibm-&*% tr*audavsem tuda de
que
••¦'-¦ as ciências' f violentar demais o
seu pensamento _iributr<lhc tio
absurda intenção, Ele próprio
odarece. na pagina 20 do I.0 volume
du «Turvi Je Fdnuitia Paülaa 15„* ed.l.
nâo pretender dar ai um curso de
ciências ;¦:!¦....• i.rcfa unpowivd
para qualquer cérebro, mav de tilatafia
das ciências. Considerava indispen*
vivei o conhecimento do que e uma
"««bvervar**. do
"lei", do
que k
que k
"concepção
uma
ptniiha" I...I. Nada
melhor do que iranscrcvermos as
"Ê
palavras do práppo filósofo:
impossível deisar de rectinhecer os
inconvenientes capitais acarretadov
pela divisão do trabalho intelectual &
vista da escesviva panicularidade das
idéias que exclusivamente ocupam
cada inteligência individual...
Tratemos de remediar o mal. antes que
se torne maiv grave... Basta, paru tal.
lazer da estudo das generalidades
cientificas uniu grande especialidade a
mais". Para maiores esclarecimentos
veja-se o primeiro volume do Curso de
Filosofia Positiva, pgv. 22 a 2h da
edição citada. (...1
Nu que ve refere á teoria dav
probabilidades, reconheço ler havido
de minha parte uma impropriedade de
rtpfnvV ao duer ser essa trona "a
¦ ¦¦¦•¦¦•¦¦> da estatKiSYa rm*terna*% Sa
verdade, k apenas um do% -eus impor*
i_nit-s invttumenios Errou, entretanto,
o articultvitt sw» afirmar que Cumte nào
considerava a teoria das
prvtbaMltdadcs ilusória'•* em si f
.'...«-.«lu.-»..!• • quem
ser a mesma
nloapeoâv ¦ ' ¦¦¦*¦•¦ \a mas também uma
pretenva «slncia e uma aberração do•
pensamento W«jv»*«fWo Vejamos, no 2
volume do Curso, nota ã página 282.°
"Quanto a concet „ - "'••••»IVi -»vobre a
qual repousa uma tal doutrina,
considerou radicalmente falsa e
vuvcetivel de çondu/ir âs mais ahsur>
das consequenciav «Nào falo apenas da
•ptkacâo cvidcntcmcnie ilusória que.
ci>m Irequirncia. m* tem icniado fa/er
dela para o pretenso apeifcicoamento
«Ias ciências sociais...r? u noçúo tundementai da probabilidade avaliada
que mr parr*e diretamrnttf irmeional e
mesmo iathtka jul»*>» _ esvençialmen*
te imprópria para regular nossa
conduta em qwilquer caso. a nio ser.
quando rnuito%«n *¦--.-* dc arar". Nâo
invivto e remeto as intcressadtH ao
quarto volume do Cursa
omle a fiknofo se manifesta com a
monta veemência contra a teoria das
prohabtltdaiies. t..J
••PedanlocralJl,,
*
Finalmente, c preciso querer
distorcer muito o meu pensamento
para di/er que transformei A. Comte
em precursor da ONU! Na realidade,
referi-me apenas á semelhança dc
finalidades entre esva instituição e os
aliov objetivos do filósofo quando
proclama a necessidade dc uma
doutrina geral sobre as relações
eletivas das nações.
Em outro ponto apresenta o articulista mais um equivoco. O
f
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Monlonoaro (Brasília) Paulo Froncil (Nova York).
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Vold.r do Oli*«ira Câis«o lor.dano (dostrocrjos]
Ditei Slvm (assiHantti) ,,
noATons
DIRETOR
Concluindo, observamos que
também o sr. Heitor da Luz "incorreu
no wzo escolasiicista" que tanto
condena, ao apontar o pioneirismo de
Comte em vários setores. Esqueceu-se
ademais o ilustre critico que ele
próprio, na qualidade de jornalista,
incide no desagrado do fundador da
Religião da Humanidade e de seus fiéis
adeptos do Apostolado Positivista do
Brasil que sempre condenaram o
jornalismo e a participação nele...
De qualquer forma, merece aplausos
B .;¦—_'->: Râd"gu*l Pviairo
SEaiTAtIO Ot «DAÇiO
A/iio".o Carlos F*r>«>ia
Ríodc Janeiro. GB
"Veio ctcolaMicisU"
IDITOttSÇOHHIIUIlWtS
Ag_ moldo Vvo Alort>c ÍÍQndí
Gonon Tollor
Gomo* Joon-Oaudo BornorrJol Sérgio Augusio
tono»
Sofia Beatrti Mt» Pelsoto
No que dis respeito à preterição do
sr. Heitor da Lur contra a Unher*
sidade. k sem dúvida uma
reminiscência do Apostolado
Positivista do Brasil, onde um de seus
fundadores. Teiseira Mendes, em
IM*. csunbaieu vcemeniemente o
protelo de criação de uma UnHer*
sidade em nosso país, Talver haja
contribuído para esta atitude de
Teiseira Mendes o fato dc ter sido ele.
com Miguel Lemos, suvpenvo por doic
artos do curso de engenharia pdo
diretor da Escola Politécnica. Visconde
do Rio H;..!¦..«• I nâo é só, 0 próprio
Comte. que tanio entusiasmo inspirou
a Teiseira Mendev. encheu-se de
rancor contra o ensino oficial e contra
as Universidades por ter fracassado a
sua aspiração dc ser catedráiico da
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Mili. a quem o filósufo, em cana de 2*)
de maio de Ih42. pede licença para
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Hetpondenda a Sofia Beatriz
Peixoto:
errada ao
Heeanhecemat haver"eípeeteltdudes
supor que a exptestão
a mait" nâa podia ser de Comte.
Lrmbremui. parem, gue hà nâa um
Comte. mas dais. seperadot par um
<:¦¦-!"• de paranóia em gue a filótafo
nào hciita.a em asunar-w Napoleâo
Bonaparte. como qualquer louca de
piada, a segunda Comte ê em certo
temida a negação da primeiro I que a
palavra usada pria socióloga —
minorar — rrur pela rui: a idéia de
Comte. que • '..¦• remediar. Sâo caiou
muíio diferentes, e diferente será o
«•mino. segunda sise a ter um mem
paliativa au um real remidio para o
espeeiaUsmo.
Quanta á teoria das probabilidades,
a sociiduga. parece-nos. não nota que a
frase de Comte. i. pelo menos
aparentemente, contraditória leomo a
teoria das probabilidades pode ser
"diretamente irracional e mesmo
sofistica", e ao mesmo tempo ser
..;¦'(« -¦• ¦ / «inda que "quando muito",
nos jogos de azar? 0 absurdo tem
aplicaçties?). A solução da contradição
não é porém lão dijicil. para quem se
der ao trabalho de estudar o desenvnlvimento histórico dessa teoria
Comte condenava uma doutrina
metafísica, oriunda de especulacm-s
como a Jamosa "aposta" de Pascal, e
não a que hoje os Jisicos utilizam na
Termodinâmica e na Mecânica
Quàntm, O iUnsafa noa podia condemtr a que nem sequer vtdumkruiê
A airmuisàa da esprruào pedatt
è um erro dr feto
locrata u Comte
"torcer a
Irneneaa dt
pmsemmta
noa o-r aa considerar ilegiume e
aprasimaeâo entre a seerrdheia
comtieno r a ONU, Contínuo a considerar absurda em comparação
.'•¦/•/•*• ittnoru — e pout cause — o que
nu/u Comte era u própria bate de
i*J-ta4 pragretúiia a separação do
do iemjrarel.
poder espiritual"prrsencaa"
contra a
Quanta à
"'rtmindcênciaf' úa
unntrudade e âi
Aptataloda Pasinsista da Braul lcom o
qual nâo tenho cotia alguma a vrrl.
não pano deixar de considerar unttanàtka tua atitude de dizer que
Teixeira Mendes e Miguel Lemas
taram idunoi induciplinadai. punidos
par grave suspensão: e que o próprio
Comte foi um ambiciosa levado ao
rancor peto fracassa,
A verdade acerca desses fatos — que
lançam sombra nâo sobre Teixeira
Mendes. Miguel Lemos e Comte. mat
sobre as instituições autortlàriat que ot
puniram — está ao dispor de quem
quiser insrstigà-lus. Digamot apenai
que Comte \oi perseguido, como
professor, por causa de suas idéias
ptdiiicas. não foi qualquer insufieiincia profissional que o levou ao
"fracasso". E
que TM e ML foram
punidos por denunciarem uma atitudr
ao mesmo tempo demagógica e
autoritária do Visconde de Rio Branco:
a edição de centenário do Jornal do
Commercio informa detalhadamente
do que aconteceu. A esses três se
aplicariam muito bem os versos
irônicos de La Fontaine: "Este animal
é muito mau — quando lhe batem, ele
se de defende". Mas a instituição, para
certas pessoas, lem sempre razão.
IHeitor da Luz)
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B.F.Skmner, Edições Bloch, Cr$ Coutinho, Paz e Terra, Cr$ 20,00
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«2^c toasl)tii9ton jj)0í>t
CTARDIAN
The New Tork Review
ofBooJu
aa^aatBaa>aaAaiaaV«aSsSs»<Jata^^
**^W"ailf«Wa?rW^!
O escolhido
"O
candidato tm qut me detrit
«-tcocht. dc mede *uperabui*dantt.
sts pre**upostos. havendo a mais
mpltta segurança dt qut nio
rmittrè. uma «ti rn*tstrde na
«tidtncra da República, sofra
iilqucr desvio a filosofia eeorsômiei.
ciai t política a que se filia a ordem
«"ItHi-.niru
"Ouero refenrme
ao nome. sob oi
;uros ilustre», do general Ernesto
ctstl".
)as palavras duas pelo presidente
«*>/)'» Gamwusu Stidtci durunte
eumão au* mameve com os memhms
"j
Comissà** I««-.uh.a Sactonal da
\Rt.SA, segunda-feira, dia In dr
unho passado!
nação recebeu o comunicado
A «le que •• seu futuro presidente da
República será o general de Exército
reformado Erne*to Geisel. b5 anos em
4gmt<«. da arma de Anilharia, atual
prcstdenre da Pctrobras. ex-chefe do
Gabinete Militar (cargo equiparado ao
de ministro «le E*la*do) d«» presidente
Humberto Castello Branco, irmão mais
noso do ministro do Exército general
Orlando Geiscl,
Outra vez. repetindo o que aconteceu em outubro de i •¦'• quando foi
escolhido para a presidência da
República o general Emílio Garrastazu
Mediei, as pessoas mais modestas se
confundirão e errarão ao repetir o
nome — Gatsel na pronúncia correta
— do noso chefe de Estado.
Para a quase totalidade dos
brasileiros tnicia-se nesta semana um
longo c lento processo de conhecimento
da fisionomia, da personalidade, do
estilo, da biografia do futuro
tm
processo de
presidente,
conhecimento que antigamente se
consumava parcialmente durante a
campanha eleitoral em que os candidatos disputavam o voto popular e se
faziam revelações sobre as intenções e
o passado dos que pretendiam
governar a nação.
Para uma boa parte, talvez a
maioria, dos participantes da seleta
minoria dos que acompanham com
alguma atenção os acontecimentos
políticos nacionais, a escolha do
general Ernesto Geisel não foi
exatamente uma surpresa. Não se sabe
em virtude de quais indiscrições, esse
nome já era citado com notável conslância há mais de dois anos. nas
discretas previsões das rodas políticas,
entre jornalistas, empresários, e outras
pessoas interessadas nesse gênero de
especulação. Mesmo esses, porém, que
haviam ouvido falar na possibilidade
de Ernesto Geisel vir a ser o sucessor de
Emílio Mediei, pouco ou quase nada
sabem a respeito do homem que será
oficialmente lançado candidato na
convenção da ARENA em meados do
segundo semestre, que será eleito por
um Colégio eleitoral basicamente
formado pelos membros do Congresso
Nacional em janeiro de 19T4. e a 15 de
março subirá solenemente a rampa do
palácio do Planalto para governar o
país de uma grande sala de três ambientes que fica no terceiro andar. §
Para todos, a grande questão do
momento é traçar de forma
razoavelmente segura o perfil políticoadministrativo do futuro presidente,
descobrir o que vai mudar no Brasil
depois da sua posse. Enfim, o que
representa para cerca de 100 milhões
tle brasileiros a ascensão desse general
de testa larga cortada por longas rugas
horizontais que desde abril de 1964
deixou a caserna para exercer as altas
funções de chefe do Gabinete Militar
da presidência da República, de
ministro do Superior do Tribunal
Militar e de presidente da maior
empresa do país?
Embora a cogitação do nome tenha
sôfrega
criado
uma enorme,
curiosidade em torno da figura de
Ernesto Geisel nos últimos meses, os
elementos disponíveis para responder a
essa pergunta são ainda insuficientes.
Tudo indica que quase nada mudará
desde logo na vida desses milhões de
brasileiros. O general Geisel. segundo
algumas pessoas que o conhecem
melhor, embora seja o que se costuma
"um homem de idéias
definir como
próprias", é pouco afeito a rompimentos drásticos. E a transferência de
p»4er que agora st enuncie esti muito
tone* de representar um destro radical
nm r«ajno* do atual «josemo
Gèvkho de Bem o Gonçalves (Uno dc
— lídta Hwtmann e Augusto
(«odbermc Getsci — dr rtltglio
luicraka, Ernesto, da mesma forma
que tiots dos seu* ires irmãos,
ingressou na carreira militar e ter»
minou o curso da Escola Militar do
Rcalenií»» em l**2b, um ano depus do
presidente Mediei, dois anos depois
que seu irmão Orlando No exército,
tez todos os cursos exigidos part
shegar a general > Aperfeiçoamento.
E*tado»Maior e Escola Superior de
Guerra) e mai* o The Army Çomanded
and General StatT College. no* E*tado*
Unidos Em sua carreira foi adido
militar no Uruguai, adjunto do Estado»
maior da* Força* Armada*, membro
do Corpo Permanente da Escola
Superior de Guerra, chefe da 2a.
Secção do E*tado»Maior do Exército.
Ma* o general Ernesto Geisel exerceu
também sinos cargos e cumpriu
tarefa* mai* *ignificativa* para quem
deseja situá-lo do ponto de vista
político. Em l*»35 foi secretário da
Fazenda do gosemo da Paraíba e 20
ano* depois, quando Café Filho
assumiu a presidência da República
depois do suicídio de Getúlto Vargas..foi subchefe da Casa MilitarDurante o governo de Juscclin/
Kubitschek participou de ur*-^~aat*»-**iio
importante que tornou pública sua
atuação habitualmente discreta. Um
episódio relacionado ao petr«Mco. setor
ao qual Ernesto Geisel viria a ligar
grande parte da sua vida. e que ficou
conhecido como o caso da refinaria de
Capuava
O grupo Soares Sampaio, antes do
monopólio criado em 1953. havia
ganho a concorrência para instalar em
São Paulo a refinaria Capuava. com
capacidade para refinar 10 mil barris
por dia. Como quase sempre acontece,
tratando-se de petróleo, era um
excelente negócio. Dois anos depois da
concorrência, em 1948. o grupo Soares
Sampaio recebeu (segundo alguns
conseguiu receber) um agradável e por
isso mesmo estranho ultimato: estava
obrigado a construir uma refinaria não
mais para 10 mil barris dia. mas para
2i> Sabedores da importância da
definição de capacidade naauele
momento, em que poderia licar
definitivamente estabelecido quem
comandaria um setor absolutamente
fundamental para os destinos do pais.
os dirigentes do grupo fizeram um
projeto não para 20 mil barris dia
porém para 40 mil.
Com a criação do monopólio
estatal e. em ly>*. da Pctrobras.
surgiu a questão de permitir ou não
que Capuava trabalhasse acima da
quota que lhe havia sido destinada. E
em 1956 esse assunto foi tratado no
Conselho Nacional tio Petróleo (CNP).
O processo |á tinha 25 volumes c foi
organizado o 2b.°.Na ocasião o relator
designado, coronel Macedo Costa, deu
a
parecer favorável a que tendo
refinaria uma capacidade nominal de
20 mil barris dia mas sendo a
capacidade real superior (em média
estava refinando 31 mil) lhe fosse
permitido produzir nos limites da
capacidade real. Contra esse parecer
insurgiu-se o conselheiro Jesus Soares
Pereira, represesentante do Ministério
da Viação. Soares Pereira sugeriu que
Capuava fosse compelida a refinar
tanto quanto pudesse, ou seja. 40 mil
barris/dia. mas que passaria a
produzir para si próprio apenasjd que
lhe era permitido pela concessão (20
mil) devendo entregar o excedente ao
monopólio estatal mediante uma
remuneração por serviços prestados
que seria posteriormente estabelecida.
Embora se afirmasse na época que o
presidcnie da República não gostaria
de desagradar o grupo Soares Sam-'
em virtude
paio. a verdade é que talvez
da grande movimentação que o caso
resolveu (contra
provocou. Kubitschek
CNP
do
que havia
a recomendação
seguir o
relator)
do
voto
o
adotado
caminho proposto por Soares Pereira.
Logo depois desse incidente o
coronel Macedo Costa, representante
do ministério da Guerra (hoje do
Exército), era substituído pelo coronel
Ernesto Geisel num ato considerado de
Assunto liquidado
A tucottõo viste
do Polòclo
dio Plorsolt©
i dois meses atrás, no »'*:*•
tio do Planalto, nio sc tocata nem
no problema nem na solução. Sim»
plesmcnte nâo se fa'a*a de sucessão, ou
quando se falava era para desmentir
especulações ou desafiar com
reticências soluções ditas irreversíveis;
a palavra do presidente da República,
hi um ano. na inauguração do Palácio
do Ministério da Justiça, havia fixado
uma data e somente a partir do
segundo semestre de I9*>3 o nome do
candidato e o processo da sucessão
presidencial senam discutidos. Sio se
esperavam grandes e generosas sur*
presas como o restabelecimento do
soto direto. Mas mesmo quanto is
possíveis surpresas de pequeno porte,
disputas maiores em torno de um ou
<«ulr«t •¦••¦•- de general, criou-se uma
notisel curiosidade nos meios
políticos. Havia apostas na rua e
dúvidas dentro do próprio g«nerno. Na
verdade, muito poucos acreditavam
que o prazo estabelecido por Mediei
tosse respeitado.
Uma afirmação quase inacreditável
no entanto, começou a ser repetida no
"O
Palácio:
presidente nâo falou de
sucessão, nem com os chefes da Casa
Civil. Casa Militar e SNT*. E. se um
assunto de Estado, no governo Mediei,
não i tratado nem nas duas reuniões
diárias de Mediei com seus três
colaboradores mais Íntimos está-se.
com toda a certeza, diante de sinal
evidente de um segredo indevassável.
como nâo se conheceu outro no atual
governo.
Pelas especulações, tentativas de
articulações dc nomes (que chegaram a
envolver jornais, que passaram a
projetar personalidades civis e
militares na tentativa de transformalos em soluções), pelos boatos e intrigas, tudo indica que o próprio
Mediei foi o principal responsável pelo
cumprimento da decisão de confinar
ao segundo semestre de 1973 o
problema da sua sucessão.
Na semana passada, vencido de
quase dias a barreira do primeiro
semestre, o próprio presidente ultimou
definitivamente o curto (pelo menos na
sua pane visível a olho nu) processo de
encaminhamento da sua sucessão. E os
que confiaram no favorito, sem se
iludir com a ás vezes tentadora filiação
das segundas forças do páreo, já
podem recolher o resultado das suas
apostas.
Na conclusão desse processo,
segundo colaboradores diretos do
Palie» do Planalto. Mediei nada mais
fci do que aplicar seus conceitos
militares; para um chefe militar a
dualidade de comando é um perigo tio
grande quanto o inimigo, E dessa
dualidade ninguém sc livra *c o chefe,
com prazo para deitar o comando, tem
o *uce*sor conhecido muito cedo. ou
simplesmente é ameaçado por um
sucessor adverso ou írwliferente. O
presidente, de ac«»nfo com *cu*
auxiliares. fixou a meta de dirigir
pessoalmente a sucessão e forçou um
plano, que foi deflagrando aos poucos,
O primeiro passo fot adiar o problema.
Hi pouco mais de um mês. no
entanto, aproximando-se a data
estabelecida, uma noticia inesperada
alvoroçou o Palicio do Planalto: o
presidente da República havia
quebrado o jejum sobre o assunto
proibido e conversado com o chefe da
Ca*a Militar, general Joâ«> Batista
Figueredo. Era uma revelação tão
*en*acional quanto impostivel de se
•tptirar. jà que «»chelc da Casa Militar
jamais quebrou seu absoluto
alheiamento público de problemas
governamentais fora do terreno
militar, sua área exclusiva. Mas a
revelação — anunciada confiden*
cialmente por fontes muito bem
colocadas e interessadas na preser*
vaçào da autoridade de Mediei — foi
um indício suficiente de que o assunto
amadurecia. Dias depois, a crise com a
renúncia do ministro Cirne Lima. da
Agricultura, seguida da viagem do
presidente a Portugal, no lugar de
adiar o problema, apenas estimulou-o.
O epistáío da chamada a Lisboa do
general l.yra Tavares, embaixador em
Paris, e sua longa conversa reservada
com o presidente, inspirou muitas
hipóteses, logo desfeitas por artificiais.
Há 15 dias. porém, o próprio
presidente Mediei para alguns dos seus
auxiliares pintou o retrato falado do
homem que desejava indicar para
sucedc-lo. E deu como traço fundamental não ser alguém abertamente
interessado no posto, mantendo a tese
dequea presidênciada República é uma
missão, náo um fim de carreira a ser
perseguido. Tese coerente com o seu
comportamento e pronunciamento
público em 1969. Os outros contornos
nào divulgados não são difíceis de
imaginar.
Ao mesmo tempo, estabeleceu um
cronograma do processo sucessório que
desejava cumprir: primeiro se fixaria
num nome e procuraria convencê-lo a
aceitar a missão. Depois o nome
escolhido seria submetido aos chefes
militares para a necessária consagração, por um sistema de consulta
que só o presidente e os ministros
militares conheceriam.
tendência nacionalista. E Geisel foi
imediatamente incumbido de estudar e
relatar a forma de remuneração de
Capuava pelo excedente refinado para
a Petrobrás. A fórmula proposta por
Geisel apesar de considerada in-^
suficiente pelos interessados foi tida
como justa pelos chamados setores
nacionalistas então empenhados no
fortalecimento da Petrobrás.
Depois de março de 1%4 Ernesto
Geisel veio a ocupar o seu mais alto
posto de governo, a chefia do Gabinete
Militar do presidente Castello Branco.
Como de hábito, seu desempenho foi
reservado. Sua participação mereceu
maior publicidade numa missSo
extremamente delicada, que tem
servido para indicar o seu estilo em
assuntos dessa natureza.
Diante das denúncias de que pessoas
presas no nordeste não estariam
recebendo um tratamento condizente
com a dignidade humana, Castello
determinou a Geisel que procedesse a
uma investigação local. Depois de
visitar a região, ouvir os presos e as
autoridades, e tomar conhecimento do
que se passava Geisel apresentou um
• relatório negando a ocorrência das
irregularidades apontadas. Os que
discordavam dos termos desse relatório
contudo admitem que apesar de
existentes as irregularidades e de
ninguém haver sido punido, os fatos
denunciados diminuíram de inten-
sidade logo após a visita de Geisel.
Depois de deixar o Gabinete Militar
Ernesto Geisel foi para o STM. Lá sua
atuação foi mais uma vez discreta, bem
ajustada à consciência dos rumos do
movimento de 1%4. O seu voto não se
contava eomumente entre aqueles que
de forma constante concediam os
"habeas-corpus" solicitados
por presos
civis submetidos a inquéritos policiais
militares.
Com o advento do governo Mediei,
Ernesto Geisel foi nomeado para a
presidência da Petrobrás-^ aposentando-se no STM. Há informações
bastante verossímeis de que ele tentourecusar o cargo. Teria dito então que
não tinha nenhuma aspiração em
assumir o posto. Mediei porém insistiu,
alegou que ele próprio não queria ser
presidente da República, que só havia
aceitado a investidura como uma
"missão a cumprir" e
que da mesma
forma estava delegando uma missão,
nesses termos, irrecusável. E diante
disso Geisel teria finalmente aceito.
Sua primeira sugestão ao Conselho
Nacional de Petróleo, no dia em que foi
agradecer o comparecimento dos
conselheiros à sua posse na Petrobrás,
relembra os idos da década de 50.
Sugeriu que o pagamento à refinaria
de" Capuava pelo excedente refinado
para a Petrobrás que tinha sido
majorado durante o governo Costa e
Silva retornasse aos níveis por ele
Na quinta-feira da semana passada.
14 dc julho, ao desembarcar do One
Eksen presidencial no Aeroporto
Militar de Brasília. Mediei ji havia
cumprido grande parte do seu
cronograma *uce**Ario. ao menos o
primeiro, e pane do segundo itens.
Solenemente. ou*iu o arranjo
resumido do Hino Nacional, recebeu
continências e concedeu longas
audiências ao vtcc-prcstdente Augusto
Rademacker. ao ministro da
Aeroniutica. brigadeiro Joelmír dt
Araripe Macedo, ao minittro da
Justiça. Alfredo Buzaid. c ao
presidente da ARENA e do Congresso
Nacional. Filinto Strubling Muller.
Demorou »*e no Aeroporto por mai* de
"•D
minutos, para ter todas c**a*
conversas.
No Rio. no Acrop.no do Galeão,
eom «• One Elcsen impedido de lesan*
lar s.V» des ido á nésoa seca. o
presidente conversou longamente, por
quase duas horas, a sos. com os
ministros general Orlando Geisel e
almirante Adalberto de Barro* Nune*.
do Exército e da Marinha, que ali
foram para as despedida* protocolares.
Como a escolha d«» noso pre*idcnte.
de acordo com a Emenda n.u I da
Constituição dc l%".seri feita por um
colégio eleitoral, a regulamentação do
referido colégio eleitoral foi con*
siderada pelo governo um ato do
processo sucess&io e. portanto, in*
cluído entre as providências que
Mediei programou para o segundo
semestre de 19"3. Foi em sirtude disso
que o chefe da (asa Civil, protessor
Leitão de Abreu, instruiu o então
presidcnie em exercício da ARENA.
senador Petrõnio Portela (Muller
estava na Argentina) a obstar o
seguímento do projeto Marcelo
Medeiros para aguardar a apresentação do projeto do executivo. E. para
transmitir a orientação oficial e dos
andamentos ao processo legislativo de
aprovação Leitão de Abreu convocou
os líderes da ARENA para uma reunião
e pediu a Muller que indicasse logo o
presidente da Comissão Mista do
Congresso, que no prazo dc 45 dias
apreciará e votará a regulamentação
do Colégio Eleitoral. O escolhido foi o
senador Daniel Krieger. curiosamente
o líder do governo Castelo Branco no
Congresso, politicamente afastado das
decisões revolucionárias desde
dezembro de 1%8.
Pouco depois das 18 horas de
quinta-feira passada, quando os
parlamentares deixaram o Planalto e
atravessaram a pé a Praça dos TTês
Poderes. a questão sucessória já podia
um assunto
ser considerado
definitivamente resolvido.
propostos no governo Kubitschek. E
depois da construção da sua refinaria
em Paulínea para atender ao mercado
paulista a Petrobrás apresentou ao
CNP a segunda proposta determinando que cesse a obrigação de Capuava
de produzir para o monopólio
retornando a refinaria particular para
os 20 mil barris diários previstos na
concessão. O argumento foi o seguinte:
se alguém tem que trabalhar com
capacidade ociosa que seja a empresa
privada que pretendeu exceder os
limites da sua concessão e não a
empresa pública.
E esse é o personagem que na
segunda-feira desta semana foi
solenemente apresentado como
candidato oficial á sucessão do general
Emílio Garrastazu Mediei e que,
dentro de poucos meses, entrará para o
cotidiano de todos os brasileiros.
Leia
e assine
opinião
_\
ll«^|i««i.iiijiwii!^^
viagem que o ministro Gibson
A Barbosa, das Relações Exteriores,
inicia nesta vcgundadcira a paises
andinos será uma sondagem bilateral,
sobre as tendências e disposições de
cada um dos países a serem visitados. O
trabalho será basicamente de
aproximação e os projetos que serão
negociados tím a função de tornar
'substanciais
conversações que
poderiam parecer excessivamente
abstraias.
Realizada em duas etapas (a
primeira inclui a Colômbia e
Venezuela, encerrando-sc no dia 13: a
segunda, o Peru. Bolívia e Equador,
em julho), a viagem do chanceler é um
esforço no sentido de uma das linhas
mais reiteradas pelo Itamaraty nos
últimos anos: o estreitamento político
com o continente.
Alguns projetos, conduzidos sob
sigilo, como a construção dc um
gasoduto ligando a Bolívia ao Brasil,
sofrem restrições às vezes, profundas
por pane de setores econômicos do
governo, embora sejam entusiasticamente conduzidos pelos
negociadores do Itamaraty. Acontece
que além de um gasoduto — que por si
pode nào significar um grande negócio
— existe um enorme complexo de
intercâmbio econômico que
aproximará bastante os dois países.
As autoridades do Itamaraty
definem a missão de Gibson como "um
trabalho dc abrir avenidas para o
intercâmbio binacional". E não estão
falando apenas em sentido figurado:
serão examinadas as assinaturas de
acordos sobre marinha mercante,
transporte aéreo, na Venezuela, a
implementação da declaração assinada
pelos Presidentes Mediei e Caldera
sobre estradas de rodagem.
Diplomatas atribuem o súbito interesse brasileiro pela comunicação
com seus vizinhos amazônicos ao novo
interesse que a região passou a ter para
o desenvolvimento nacional, com a
"ocupação de um território
que antes
era um verdadeiro deserto". Só a
ifjfe'
f&JZrV M
Mm
&.
-ip
i
f
*J
i)
r a$frjB:
enmm
Colômbia possuí 2.IH quilômetros de
fronteira com o Brasil, inteiramente
dentro da Amazônia.
Ainda que otimista, com o aumento
do volume dc exportações para a
Colômbia, que triplicou nos últimos
dois anos. o Itamaraty considera
acentuada a diferença entre as relações
mantidas com países do Pacto Andino
e com os da Bacia do Prata. Mas
acredita que até o final desta década
haverá a mesma intensidade pelo
menos entre os da Bacia do Prata c da
Bacia Amazônica.
Muito vai depender porém da
disposição dos andinos em receberem
as manifestações do governo brasileiro
durante a viagem do chanceler Gibson
Barbosa.
A Venezuela, por exemplo, deu na
semana passada alguns indícios de
1
qual poderá ser \eu comportamento
cm relação ao Brasil: em despacho da
agencia Luliu. assinado por Jorge
Sethson e publicado por O Estado de
São Paulo, foi anunciada a intenção
venezuela de pbr em prática, durante a
visita do ministro brasileiro, uma
"politica
da indiferença".
No dia seguinte, o embaixador
Altredo Baldo reunia apressadamente
os jornalistas em Brasília e distribuía
uma
nota
desmentindo
categoricamente as informações do
repórter venezuelano.
Se, por um lado o desmentido
categórico contentou os diplomatas
brasileiros, a notícia do dia anterior já
havia sido um significativo de um
estado de ânimo que. mesmo não
sendo a tônica dos encontros, pode ser
pressentido, pairando no ar.
O remorso do voto em branco
indica que em 1974 nas
Tudo
eleições gaúchas para o Senado
não haverá o impressionante volume de
votos em branco que em 1970 foram
responsáveis pela derrota de pelo
menos um dos candidatos do MDB,
deputado Paulo Brossard. Na semana
passada, os trabalhistas do Rio Grande
do Sul mostravam-se muito inclinados
a rever a posição que os levou, em
1970, a fazerem campanha em favor do
voto em branco. "Queremos um
candidato vinculado ao antigo PTB,
mas em último caso o próprio Brossard
poderá ter o nosso apoio", disse para
OPINIÃO um dos principais líderes da
campanha de 1970.
Este poderá ser no Rio Grande do
Sul, o principal dado das eleições de
1974, para o Senado, porque nem
mesmo uma seleção prévia de 15 précandidatos, elaborada no último
domingo de maio pelo MDB gaúcho,
parece suficientemente capaz de
encobrir a tendência definitivamente
majoritária entre os oposicionistas:
fazer do advogado Paulo Brossard o
seu principal candidato a vaga do
senador Guido Mondim. "Em 1970, o
Brossard não tinha grandes compromissos com o MDB. mas agora a
posição é completamente diferente",
assegurou o líder oposicionista Carlos
Gastai. E como Gastai, outros
deputados do MDB, como a professora
Suely Oliveira, estão hoje patrocinando
a candidatura de Brossard. um antigo
líder do Partido Libertador, liderado
Raul.
pelo recém-falecido
Pilla. Brossard surge como o mais
legítimo sucessor de Raul Pilla e já
'.lin
Uma multidão aglomerada
em tomo do antigo
Assembléia minaire
ficou otiiitlndo e pacato
e vítorioio greve de um dio
dot empregedot
da Construtora Atraco
m
v SKjf*íM
saí/Ni!'***
*©'
.i.ii., i nppa.li
¦ ¦»lP«ai*i|WBppp*|pirp«*f
A greve pacata
A visita de Gibson
Preocupodo cem tua
imagem dot gottoda.
os Ettodot Unidos
confiarem eo Ireiil
a eo ArWiico
a tarefa de opailguar
a América latina
ipniL
superou velhas rivalidades que o
afastavam do trabalhismo.
Caso venha a conseguir sua indicação, eliminando da disputa outros
14 nomes também selecionados pelo
MDB, o advogado Paulo Brossard
provavelmente encontrará como
adversário o ex-governador Peracchi
Barcelos, um dos atuais diretores do
Banco do Brasil.
Com Brossard de um lado e Peracchi
Barcelos de outro, as eleições gaúchas
do Senado serão as mais importantes
dos últimos 10 anos. E sem o recurso
da sublegenda — condenado pelo
próprio Peracchi — dificilmente a
ARENA conseguirá repetir a
aplastante vitória que conseguiu em
1970. Desta vez os trabalhistas
históricos não votarão em branco.
A grande maioria dos 11 nomes
previamente selecionados pela
Executiva Regional do MDB não
passa, ao que parece, de uma espessa
cortina de fiimaça. Foram selecionados
os nomes do próprio presidente
regional do MDB, Pedro Simon, o
único que efetivamente teria condições
de reunir o apoio unânime de todos os
oposicionistas, mas também o de
outros com poucas condições eleitorais.
A lista inclui o professor Geraldo
Brochado da Rocha, candidato ao
Senado em 1970, o deputado João
Carlos Gastai, o pecuarista Leocádio
Antunes, os deputados Aldo Fagundes,
Lidovino Fanton e Jairo Brum, o exdeputado arenista Brito Velho, o
jornalista Mário Lima, o ex-ministro
Cirne Lima e o advogado Paulo
Brossard. Estes quatro últimos, antigos
membros do Partido Libertador.
Brossard ou qualquer outro
escolhido terá uma dura tarefa pela
frente. Para a vaga de Mondim, o
MDB enfrentará o próprio Mondim.
que ao precipitar a indicação do seu
próprio nome e receber o apoio de
Tarso Dutra e Daniel Krieger.
pretendeu vencer pesadas restrições
que vinham lhe fazendo os setores mais
jovens da ARENA reunidos no GERA
— Geração Revolucionária — que
deseja a renovação dos quadros
partidários. . Além do GERA,
Mondim, um pintor dc talento
discutível, enfrenta agora as pretensões
de Peracchi Barcelos, que controla
metade do diretório regional da
ARENA no Rio Grande do Sul.
A situação c inversa a de 1970: agora
quem vacila é a ARENA, debatendo-se
entre Guido Mondim e Peracchi
Barcelos, que ainda não ousou confirmar suas pretensões. O MDB não
apenas conciliou tendências opostas
(emedebistas puras, trabalhistas
históricas e libertadores) mas está com
uma profusão de nomes para concorrer. "Desta vez não ficaremos sem
bons nomes", garantiu o vice-líder
- Rospkk-Neto. Em 1970, quatro dos
primeiros nomes selecionados não
deram em nada, porque recusaram a
candidatura, sucessivamente, o
pecuarista Leocádio Antunes,* o
banqueiro Egydio Michaelsen, o
professor Ruy Cirne Lima c o
trabalhista Pedro Simon. (Paulo
Bustos)
sempre atrasado nos
Pagamento
últimos meses, os direrores da
Construtora Avicca nâo se cansavam
"Segunda
de repetir aos operários:
leira a gente paga'. A construtora foi
contratada pela Prefeitura de Belo
• •
H«-*
para reconstruir o prédio da
amiga Assembléia Legislativa dc MG.
onde funcionará a Câmara dos
Vereadores.
No dia H último, sexta feira, os 38
operários
da obra decidiram não
'
esperar mais. Chegaram cedo. bateram
o cartão dc ponto de iodos os dias.
mas. nào se encaminharam para os
locais de trabalho como sempre
Reuniram-se num corredor na entrada
do prédio e anunciaram ao encarregado geral que só voltariam ao
trabalho quando o pagamento,
atrasado há 4 semanas, fosse
regularizado.
A greve não chegou a surpreender
ninguém. Dois dias ames. uma
comissão dc operários havia ido até o
DOPS levar ao delegado David Ha/an
suas queixas e preocupações,
manifestadas também junto ao
comando local do Exército c no Sin*
dicato dos Trabalhadores na Cons*
irução Civil.
Fracassadas as primeiras .«-..
ciaiivas. os trabalhadores desivtirarr
dc esperar soluções de gabinete e an
tccipando'SC a reunião no sindicato,
"Todos
)i
partiram para a (greve.
evtávamos passando dificuldades,
principalmente os cavados. Naquela
vesta feira eu sai de casa sem tomar
café. Estava sem um roíròo no bolso"
disse um operário.
Fcrramcnrav na mão. de pe. Ikaram
no corredor esperando Almoçaram
pãe/inhov comprados num bar
próximo, As duas horas da tarde
chegou o engenheiro Marco Amonio
Bernardcv. fiscal da prefeitura. O
engenheiro imediatamente telefonou
para a Secreraria de Obras da
prefeitura. Duas horas depois
chegavam duas viaturas policiais.
Tiveram recepção pouco amistosa e
nâo entrar.
preferiram
*As
cinco e meia. uma multidão
espremia-se nas imediações da velha
assembléia, no centro da cidade, para
acompanhar os acontecimentos.
Finalmente, chegou a folha de
pagamento, E. á medida que recebiam
os vencimentos, os operários dispersavam*se.
No dia seguinte o trabalho
prosseguiu normalmente na obra.
Contudo, agora persiste o clima de
desconfiança e ameaças, Jadir Vicente,
o encarregado geral, está procurando
os lideres do mos intento. Os operários
anunciam nova greve se : - cortado o
pagamento de sexta-feira em que nào
trabalharam e do domingo seguinte de
folga, como deseja a construtora.
iTeodomint llragul
Uma injeção
na cultura
depender de dinheiro — afãs"subjetivos" —
Se tados os aspectos
o Plano Nacional de Cultura será um
sucesso. Em esboço no Departamento
de Assuntos Culturais do MEC. 3 ser
posto em execução a partir dc julho
próximo, o plano destina à cultura
nacional, além dos recursos normais
previstos no orçamento do Ministério
(CrS 58 milhões), uma verba compiementar de CrS 95 milhões. Oue será
liberada no biênio 73'74. para.
segundo o professor Renato Soeiro.
"evitar a dispersão
diretor do DAC.
atual do setor cultural brasileiro".
Trata-se de "sensibilizar a opinião
pública, nos recantos mais remotos do
país. promovendo a criação livre e o
desenvolvimento cultural e har"uma
mônico": e também dc dar
injeção de coramina no DAC. antes
impossibilitado de promover atividades
culturais, a não ser nas cidades mais
importantes".
No total, o MEC patrocinará 115
eventos, do folclore à co-edição de
livros. A intenção é dinamizar uma
área cultural em que o marasmo
dificilmente pode ser negado: grupos
teatrais, por exemplo, percorrerão
cidades pequenas, exibindo-se até em
circos. O que, segundo o professor
Soeiro, teria a vantagem colateral de
"financiar as
pequenas companhias
circenses, atualmente em situação mais
do que precária e tendendo a
desaparecer".
Já de posse do Plano, o Conselho
Federal de Cultura deverá aprová-lo na
íntegra, ou fazer modificações
secundárias. Os CrS 25 milhões a
serem liberados neste semestre se
distribu»-m, segundo as áreas: cinema
2,4 milhões; espetáculos (bailei e
circo), CrS 1.580 mil; folclore (danças
regionais), CrS 1.250 mil; música
(sinfônica, de câmara, corais, ópera,
recitais e bandas), CrS 4.194 niil;
preservação de monumentos e museus.
CrS 6.192,5 mil: teatro. CrS L615 mil.
O restante, CrS 5.531,5 mil, destina-se
às atividades de apoio — transportes
de trou pes, aluguéis de teatros, por
exemplo.
Antes que as críticas surgissem, o
professor apressou-se a afirmar que
não há intenção de tolher a liberdade
de criação, ou de impor um dirígismo
"
cultural. "Ao contrário.
diz ele. "o
que se busca é a participação coordenada nos organismos interessados na
ação criadora, programando uma linha
de promoções que atinjam todas as
classes sociais e repercutam em reações
afirmativas, proporcionando o efetivo
desenvolvimento, cultural brasileiro".
Com tal intenção de atingir amplas
áreas, a televisão se impõe como
veiculo próvilegiado; será usada "como
veiculo de máxima importância para a
divulgação dos espetáculos realizados.
filmando-os e mostrando-os em todo o
território nacional". Três linhas
prioritárias foram estabelecidas:
documentários:
filmes culturais
(folclore, música e teatro); e os
chamadoscinc-museus, que mostraram
os principais acervos de arte do país.
Público amplo, liberdade de criação.
Boas intenções, mas cuja realização
nàoé fácil. Antes de mais nada, há que
contar com os critérios impostos ao
cinema e aos espetáculos, e que podem
frustar, pelo menos cm parte, os
propósitos do plano; em segundo, é
preciso levar em conta fatores
"subjetivos":
o bullet. por exemplo,
tem condições de interessar o povo.
ainda mais se apresentado num circo,
onde as condições de acústica,
prespectiva e iluminação não podem
deixar de prejudicá-lo?
Outro ponto digno de nota é o
esquecimento total em que ficou
a música popular. Ela é destituída de
valor artístico e cultural? Não importa
"coordení-la" com os-outros campos
de "ação criadora"? As razões da
omissão não ficam claras. Pode-se
criticar também o montante da
"atividades de
quantia destinada a
apoio" (mais de 5,5 milhões ). Uma
utilização modesta e eficiente dos
recursos locais tenderia talvez a reduzir
essa quantia, liberando verbas para as
atividades artísticas propriamente
ditas. Parece, portanto, que o Plano
padece de um certo elitismo e de uma
certa preocupação exagerada em
financiar atividades de fraca
penetração ou mesmo simplesmente
acessórias. Mas, como disse o próprio
professor Soeiro, o Plano será, em sua
primeira fase, um experimento*( Joaquim Jodeli da Silva Pinto)
Sangue c elegância na platéia mineira
ot anos .••»• data marcada
alia
a
Tatiot sociedade de Bebi llunzoni*
m* rriifie em %eu acontecimento mui*
"ihostealte": uma
concorrido, o
r«iiS. «¦> anistica 'oo quasei da parte
meii leleta do quvm-é-quem de Belu
Horizonte, Shnas. senhoras, senhoras
«• rapazes montam e interpretam uma
espécie da teaim de resista que ha 10
unos w*** aonhando os man entuiiàsticoi aplausos de umo platéia liei
e participante.
Coincidentemente, naieeu junto com
"ihtmcuite" um ••!«*"• tipo de
0
eribicão do alia sociedade mineira.
Embora nem rffo regular nem tâo
motensisa quanto a grande lesta, essa
prumoçãu nada lha a deser quanto ao
sucesso garantido de publico e de
palmas no final, A alia sociedade de
Belo Horiituile lem treq\ueniado o
banco dos réus eom uma assiduidade
assustadora, «Voi últimos anos três
retumbantes crimes de morte agitaram
o grand monde mineiro e o último
deles, ocorrido no principio da semana
passada, envolveu na mesma e alé
agora misteriosa trama nada menos
que uma belíssima, jovem e comentada
senhora desquitada. um famoso
milionário quareniáo e casado, e um
modesto pouco mais que adolescente
vigia preto, quase sem dentes.
De lato. ao que tudo indica, ot
elegantes de Minas estão matando
muito. Essa lamentável série de
ocorrências penais começou em lfti2
"Crime do
Chico Rei".
com o célebre
Foi quando as irmãs t.dina Póni de
Mello Vianna «• Elhel Póni mataram a
tims Maria de l.uurdes Calmou ida
alta sociedade pernambucana! no
Pouso du Chico Rei. um pequeno
porém aristocrático hotel de Oum
Preto. Maria de l.uurdes era amante do
ex-marido de Edina. o muttimilionário
Fernando de Mello Vianna. Cm
ewàodafa com
njn% i,% hms,
in'
era da " — alta lociedtde lEdina .já
tinha citosiodu consagradoramente da
Una dai dn man de Ibmkim %urd{
quem morreu lambem «-*« ««««i
memórias passagens pelai colunas
¦ — ••>¦ do Rui e de Recite, r o
/nt4
além da fortuna, carrega um
subrenume rom i/Vrtl r/««t e d>M rnr\
imp»rtaniíssnnu na ;•..' lica e na
bisolrta de Minas Gerais Em um prato
cheto — ea platéia nu*» tez cerimônia
enintu e panidptm de tudo,
/''¦ ¦¦•¦<¦ em flagrante, as irmãs I"
aguardaram na cadeia n dia do
julgamento E quando chegou este dia
lá estasa a platéia, ávida, indócil
pettnia a não perder um oi detalhe ide
preferência escabmsul do excitante
acontecimento de sangue e elegância.
O julgamento entrou pettt dia.
atravessou a mate. irnadiu a manhã E
com a manhã toram chegando u*
esperados jumais. As colunas sociais iâ
faziam os primeims comentários. Um
cronista elugiasa a postura e a
elegância das rés — Edma chegou a ser
comparada a Greta Garbu Outm
escreveu que para aquele npo de
acMiiecimenio a moda adequada era
"tal
e qual a que estava sendo seguida
ali nos trabalhos du lulgamenlo. Fm
uma glória.
Absolvidas as irmãs Idefesa da
honrai, a plaiêia quase s-eio abaixo
estourou numa inesperadu. lalsez
intempestiva, mas estmnda salva de
palmas, l.ra u nascimento du «./¦«»>.
um novo e prmligtoso sucesso social. O
puhlicu. nãn laliuu. cumu nau taltaram
as fofocas, ns palpites, a partuipaçàn
coletiva.
0 promotor recorreu «• as irmãs
toram a novo julgamento. Novamente
absolvidas,
turam nutra vez
aplaudidíssimas. de pé. fn-la hulhenia e
0 grande espetáculo
do júri de assassinatos
e suo espetacular
populorldade junto o
sociedade de
Belo Horlionte
selecionada sociedade mineira ali
presente e insaciável: /¦;... indeítrutiselmente criada a elaque
turidito-criminal oVi elegantes
Ità dou anos. também em Belo
Horizonte. « empreitetm Roberto
lobato maluu a tims sua ex-mulher
"Jo"
de Souza Lima, Outm
Juseiina
o assassino
escândalo imenso
conheadtsitmo na cidade e a morta
riquíssima, finem e bonita. Era a
grande bomba. Cumecasa tudo de
novo. "urrii res a sequiosa assistência
lena um bom e suculento espetáculo.
Levado a julgamento. Lobato foi
absolvido fdejesa de honrai e
delirantemente aplaudido por centenas
de pessoas que sararam dia e noite nas
desconfortáveis dependências do
fórum de Belu Horizonte. Desta ve:.
porém, a crônica social preteriu
ignorar »s latos e manteve uma
discreta distância. E iá a partir dai a
pmpria imprensa passou a trabalhar
de turma diferente muna. assassino e
n-speclisas tamihas mereceram um
umo ¦'/*¦ d«* cobertura jornalística,
frustrante para u\ repórteres cujas
narrativas eram atentamente contruladus pelas din-ções comerciais dos
jornais, preocupadas em nãn criar
atritos com us influentes anunciantes
porventura interessados no caso.
novo
exigiu
A promotoria
Universidade aberta-para onde?
A abertura da universidade
brasileira não é uma
questão de conteúdo ou de
método, mas de condições
de ingresso.
Suo função social
não será alterada.
Brasil, não existe uniNoversidade fechada. A abertura
da universidade é no sentido de que
não terá vestibular". Assim o ministro
"Jarbas
Passarinho colocou o problema
da abertura universitária: não é tanto
uma questão de conteúdo ou dos
métodos do ensino quanto das condições de acesso. A expressão
"universidade aberta" deve
portanto
ser entendida no sentido do inglês open
house: uma festa em que a porta não
está fechada. Donde não se deve
deduzir que o que se passa lá dentro
tenha qualquer relação definida com a
vida quotidiana dos que participam da
reunião, ou sobretudo das outras
pessoas.
Mas não seria justo afirmar que as
autoridades não se preocupam com a
"abertura", no sentido amplo —
contato e ação mútua da sociedade e
da universidade. 0 governo age nesse
"campi avançados", o
sentido, com os
Projeto Rondon,etc. cujo objetivo,
segundo o ministro Costa Cavalcanti,
"proporcionar ao
do Interior, é
universitário o aprendizado através da
prática orientada na prestação de
serviços...criar meios para a adequação
do exercício da profissão às
peculiaridades da região, visando à
abertura de novos mercados de
trabalho... e assessorar os órgãos
municipais, com vistas à implantação
de programas de desenvolvimento local
integrado".
A natureza da "abertura" é portanto
clara, e corresponde a uma opção
consciente das autoridades brasileiras:
trata-se de tornar a universidade mais
eficiente como instrumento de lormação de profissionais; capazes de agir
como elementos executores do processo
desenvolvimentista; não de devolvê-la a
suas ambições de ser a consciência da
sociedade, onde se ousavam discutir as
não só
questões mais fundamentais,
"exatas" como
ciências
nas chamadas
"humanas".
nas ditas
opção
da
A natureza
"profissionalista" acarreta,
por sua
vez. uma conseqüência necessária: a de
que a instrução superior não se tornará
nunca, sequer idealmente, um
beneficio gozado por todos os membros
da sociedade. A menos que
imaginemos uma sociedade da qual
tenham sido eliminadas inteiramente
as profissões de nível médio e as não
especializadas, e que. até agora, não
saiu das páginas dos romances de
science fiction. Se o ensino superior
tem — tanibém — outro sentido que
não o do treinamento profissional,
concebe-se que o operário ou o lixeiro
possam recebê-lo. num dia feliz e
distante em que os excedentes
forem suficientes para
produtivos "luxos"
a todos; mas. se é
oferecer lais
apenas um treinamento para a tarefa
prática de cada um. para que ensinar
coisas sem aplicação imediata?
Vestibular
0 problema do vestibular apresentase, assim, a uma luz mais definida. Se o
curso superior é e deve continuar a ser
oferecido apenas a certo número de
é
pessoas, algum meio de seleção
necessário. O vestibular pretendia sê-lo.
Mas quase ninguém ousa afirmar,
hoje, que ele selecione com justiça.
Ainda mais numa situação em que a
defasagem entre o ensino superior e o
que gerou o
secundário é tão grave"cursinhos".
No
dos
fenômeno
exótico
atual regime de vestibular, o.peso dos
fatores econômicos é preponderante:
"cursinho"
quem nâo pode pagar o
dificilmente obtém " sucesso em seu
esforço a instruir-se.
O projeto de aleri.r o valor do
candidato pela soma de seus resultados
ao longo de toda a vida escolar é
portanto positivo: diluindo o
julgamento por um período amplo, e o
entregando a »árias pessoas — os
— capazes de fazer os
professores
devidos descontos, segundo o aluno
enfrente dificuldades econômicas e
familiares maiores ou menores, tende a
reduzir o papel dos fatores econômicos
no julgamento. O computador que
corrige as provas do vestibular não é
capaz de distinguir o candidato inteligente e esforçado, mas bloqueado
por uma vida de problemas financeiros. do medíocre e ignorante.
O Colégio Universitário — um ano
de estudo prévio, já dentro da
universidade — é uma medida de
transição; sua existência não se
Mas
justifica, abstratamente. "curcorresponde, na prática, a um
sinho" gratuito, e tende portanto a
diminuir as vantagens injustas de que
gozam os jovens ricos, em sua comÉ um
petição com os pobres.
reconhecimento, sem dúvida, de que
algo não funciona, no curso secundário.
Resta o fato de que a filosofia da
universidade-empresa é contestável, e
que a função dessa instituição pode ser
mais ampla que a que lhe é atribuída
pelas autoridades brasileiras. Con"insiderar o ensino superior um
vestimento a prazo médio", e tratá-lo
segundo critérios econômicos determinados por uma organização particular da sociedade é claramente o
sinal de uma opção conservadora. Pois.
de outra maneira, seriam favorecidos,
ou pelo menos tolerados, aqueles
aspectos da universidade que, longe de
desenvolver a sociedade ao longo das
linhas já estabelecidas, tendem a
mudar-lhe a direção e parecem,
portanto, no mínimo inúteis, para
quem julga de acordo com padrões
rígidos e indiscutíveis. Ê preciso agir
para a satisfação das necessidades
evidentes e imediatas, e o Brasil tem
problemas que não se resolvem com
abstrações. Mas a falta de dúvida é
apontada, desde Sócrates, como a
erro. IHeitor Luz)
própria raiz do
lulgamrHiu r o réu — ornamente
ahstJlstd» •**• aplaudido de pé diante do
atéantu fui: e du% boquiaberto* ad'
sugados, a ¦ ¦• muro*r Lobato
aguarda atualmente a icnltfwa «roí
tribunais dt Imtica que pudera livra"'
lo detlnitisamente ou mandá-lo au
drrradeim ¦-.»¦¦ 0%
;....» eilàu
garantidoi. mai elejé não ê a grande
«edele, u Ídolo da platéia de fé de ludu %
ot julgamentos,
Agiifa «» grande nume ê Artur Vale
I ¦¦-.
Mendes, milionário, **i/t»'f*
zifttf. ilibo de José Mendei Jr„ dono da
imensa empreiteira Mendes Jr Vai ser
morte do mndanie da
lulgadu pela
"pantera" mineira Angela
cata da
Ihmz Em defesa da bunra e da inregridade física J> sua amante, diz a
mais recente irrtào dfs tatus. Tuca
Mendes maluu o sigia com um lim
certeiro que entrou peta boca e panai
nu cérebro da sinma, E tudo começa
mais uma res stdtam à cena oi adsugados, juizes. policiais e a imprensa.
Retoma a platéia a seleta mulltdãu dui
elegantes.
0 escàndaln está servido. Desta vez o
espetáculo Cem enriquecido de mil
tutucas ensnkendu a tida amnmsa da
deslumbrante Angela, lançada com
incrível srimio aos 15 anos na arena
da alia sociedade de Belu Horizonte
/-¦/•» baile de debutantes dn Cassino da
Vam pulha, cm/m rosto .de uthos
puxados e sorriso de covinhas já enleitttu a capa de revistas culnridas. Os
são
detalhes sensucioitulisias
divulgados por uma parte da imprensa
que preferiu ignorar o bom senso dos
departamentos comerciais e adotar a
cor marrom dos relatos escandalosos.
Levanta-se o panu Tuca matou o
rondame de Angela quando este se
prefhirata para arrombar a alcuva da
bela elegante. Tuca «*• casado, considerado um homem atraente. Angeia é
ITaMi
^^m
^Êmmm
W\r
'
>m U
W\^* ^*B"»l
^Ul
****"*"*"™
.-o Mondos
desquiiada. solicitada e independente
— •' de saída tentuu enganar a policio
assumindo a culpa do crime, um
desprendimenlu que lhe xaleu logo a
admirasân dn grande público. Os
lumalislas estão divididos enire o
escândalo marrom e os interesses
iumerciais du, patrúey A platéia não
entende bem u que se pasta mas espera
nãn fatiar nu dia dn julgamento.
Haverá aplausus? E quase certn que
sim. Pelas informações ias aié o
momento a legitima defesa será uma
tese hem mais verossímil do que nus
episódios anteriores. E certamente nau
faltará quem esteja disposto a bater
palmas para o grande espetáculo em
que mudam «o cenártos.ns participoutes «• o mteiro mas nãn muda a
elegância, o charme, o veneno e a
violência. lAngelo Prazeres»
Preocupações
contraditórias
general Ismarth Araújo de
O Oliveira — coordenador das
Operações de Apoio aos trabalhos de
construção da Transamazônica —
atualmente exercendo o cargo de
presidente interino da FUNAI,
enquanto o general Bandeira de Mello
não volta da Europa, fez há poucos
dias duas conferências em Cuiabá,
sobre aspectos da política indigenista
oficial.
Na primeira delas na Assembléia
Legislativa de Mato Grosso, o general
teve que enfrentar as perguntas de
alguns deputados profundamente
preocupados com a sorte de
proprietários e arrendatários de terras
próximas às reservas indígenas ou em
regiões onde ainda existam índios
arredios. Na segunda, no auditório da
Universidade Federal de Mato Grosso,
teve que. igualmente, responder às
indagações de alguns jovens, também
profundamente preocupados, mas com
o destino dos índios.
Estrategicamente apoiado por uma
equipe de seis pessoas (antropólogo,
agrônomo, jornalista, economista,
técnico em telecomunicações e assessor
especial), o general Ismarth não teve
dificuldades em rebater as perguntas
"pesadas",
consideradas mais
pois.
sempre que isso ocorria, era socorrido
pela equipe que. usando conceitos que
variavam desde a antropologia ao
direito processual, a tudo respondiam.
E geralmente em linguagem bastante
rebuscada.
ü general expôs, por quase duas
hora-> seguidas, o que há de mais
positivo, atualmente, nas realizações
da FUNAI e defendeu-se também de
algumas acusações, como,
por
exemplo, a de que o órgão pretende
sempre acelerar o processo de integraçãodo índio à sociedade nacional:
"de
"Não
participamos", disse,
discussões absolutamente estéreis".
"Respeitamos, isso sim, as opiniões
que possam servir à crítica cons-
«ruiiva". E revelou que o novo
estatuto do índio, ora em tramitação
"vai fixar as
pelo Congresso Nacional,
condições básicas para que o índio se
integre, efetivamente, á comunidade
nacional. O estatuto fixa. também, as
atividades do índio, mas isso não é o
suficiente. Se a comunidade envolvente
não estiver preparada para absorvê-los.
a integração será. na verdade,
catastrófica, e ele, o indio. acabará por
se transformar, de fato. num quisto
social. A tarefa de conscientizar a
população, todavia, não é responsabilidade da FUNAI. mas sim dos
governadores, prefeitos e líderes da
comunidade, ê nesse momento que
faço um alerta às elites brasileiras no
sentido de que atentem, urgentemente,
para o problema de integração do
nosso indígena, pois eles têm interesse
de. verdadeiramente, se tornar
cidadãos"
Na Universidade, o general Ismarth
repetiu quase tudo que havia dito aos
deputados mato-grossenses. Ao final
de sua exposição, recebeu dezenas de
perguntas por escrito, e explicou ainda
que. com a abertura da Transamazônica. da Perimetral e da
"a FUNAI
Cuiabà-Santarém,
poderá
prestar uma assistência efetiva ao
índio"
Uma pergunta dirigida ao general
sobre "conseqüências da integração"
foi respondida pelo antropólogo
Olimpio Serra; um dos assessores.
Serra afirmou que a FUNAI vive hoje
"uma situação de emergência", onde
somente ii dos 143 grupos indígenas
dão alguma tranqüilidade relativa ao
órgão, "assim mesmo por serem índios
isolados ou em contato permanente".
O resto, afirmou, "é um verdadeiro
pesadelo para a FUNAI". E
argumentou ainda que. nos tempos
atuais, essa situação é conseqüência do
precioso tempo que foi perdido pelos
órgãos em busca de uma infraestrutura.
A ECONOMIA
"Paixões malsàs"
"do
|esde a »emana passada o rosto
Grão.Mestre òeral do Grande
Oriente do Bratil. Moacir Arbcx
Dinamarco. com »ua» co»teletai e
bigodes lano», nâo mai» enfeita a
parede do Palácio Maçônico da rua
Kto de Janeiro, em Bdo Horizonte. A
retirada »tmbMica do retrato marcou o
de»ligamento da» loja» maçonicat de
Mina» Gerai» do comando nacional do
Grande Oriente do Brasil.
No IO.0 andar do Palácio mineiro,
103 da» 143 loja» maçónica» subor*
dinada» ao Grande Onente de Mina»
realizaram no dia 9 pa»»ado uma
convenção para analisar a crite que te
arrasta há doi» ano» na maçonaria do
pai». Alem do retrato dc Dinamarco. os
maçon» mineiro» resolveram ca»sar*lhe
o titulo de Gào-Mcstre de Honra e
repudiar duas medida» tomada» por
ele: a »u»pcnsãodo» direitos maçônico»
do Grão-Mcvtre de Minas. Athos
Vieira de Andrade, e a tntenenção na
maçonaria mineira.
A convenção autorizou ainda o
Grande Oriente dc Minas a formar
uma nova Federação Maçónica com
mai» nove Grandes Orientes estaduais
lll que se rebelaram contra os
resultados oficiais da última eleição
para renovação do poder central da
maçonaria. realizada em fevereiro.
Embora não seja a primeira, esta
parece ser a mais grave crise na
M*ciedade antes resguardada pelo
manto do sigilo e aparente
honorahilidade de seus membros. O
escândalo surgiu quando foram
anunciados os resuliados das eleições,
cm que duas chapas disputaram uma
campanha cujos limites e discrição
tinham sido rompidos por violentas
acusações reciprocas que iam da
prática de abuso do poder até
corrupção.
t) deputado mineiro Alhos Vieira de
Andrade, um pastor presbiteriano de
44 anos de idade, encabeçava a chapa
dc oposição ao candidato oficial,
dentista Osmane Vieira de Rezende,
da Guanabara. Os resultados
apresentaram números divergentes:
para a oposição. Athos era o vencedor
com 7.175 votos, contra 3.820 de
Eleitoral
Osmane. O Tribunal
Maçônico, entretanto, pelo processo de
anulação das atas. inverteu o resultado
beneficiando Osmane,que ficou com
2.120 votos e Athos com 1.10". A
anulação de cerca de 80"*i dos votos
teria como motivo dívidas das lojas
com o Grande Oriente,
cadastros (títulos eleitorais) irregulares
e atas remetidas fora dos prazos.
Esses resultados foram contestados
inicialmente com o recurso ao Tribunal
Maçônico. sem qualquer efeito.
Posteriormente, foi convocado uma
reunião para o dia 2" de maio. no Rio.
onde se tentaria um acordo na seguinte
base: renúncia de todos os candidatos,
anulação do pleito e a escolha de um
candidato único. O encontro foi
presidido polo Grão-Mestre
Dinamarco, que leu um discurso an"gravidade
ticonciliatório falando da
últimas ocorrências desendas
cadeadas no seio da Ordem pelas
paixões malsãs de certo urupo de
descontentes que. engajados no
propósito de solaparem o secular
At terras que
a so|a ocupou
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I
W
Ai m lamaròtf dr vrmprr
vG
o Ori«ni« robolde
Donylo
do óculos, e Athos. centro.
prestigio da maçonaria no mundo
profano, vem investindo contra a
segurança interna da Ordem". E. no
dia seguinte, investiu contra os
"descontentes"
suspendendo seus
direitos maçõnicos e nomeando inter*
sêniores nos Grandes Orientes de
Minas. Rio Grande do Sul. Paraná e
São Paulo.
Apesar da fidelidade e do respeito
juraram ao Grão-Mesirc Geral, os
dirigentes de 10 Grandes Orientes
estaduais tomaram como "descabidas"
as palavras de Dinamarco c lançaram
uma proclamação conclamando as
lojas estaduais à cisão.
Na verdade, o grande pomo de
divergência entre as duas facções da
maçonaria c o dinheiro. Athos afirma
que o interesse de Dinamarco cm
impedir que a oposição saísse vencedora nas eleições "se prende .
prestação de contas da atual
diretoria".
Em seu amplo gabinete no Palácio
da Lavradio. no Rio. o atual GrãoMestre Geral responde com certo
descaso ás acusações da oposição. "São
apenas 10 Grãos-Mestres que estão
fazendo subversão ao se rebelarem
contra a decisão da Justiça Eleitoral
Maçónica",
Para Dinamarco o movimento
rebelde começou em maio do ano
passado, quando loram cassados os
direitos maçõnicos do Grão-Mestre de
São Paulo: Danylo José Fernandes,
acusado pela Loja "Francisco
Glicério" de ter-se apropriado de 279
mil cruzeiros, que deveriam ter sido
recolhidos ao Grande Oriente do
Brasil. Danylo. alegando que o débito
180 mil
importava apenas em
cruzeiros, ainda tentou um acordo:
comprometia-se a pagar 150 mil em
bônus do Estado de São Paulo e 30 mil
em dinheiro, se fosse reintegrado no
cargo de Grão-Mestre. O acordo não foi
aceito e Danylo aliou-se a Athos Vieira,
lançando sua candidatura ao poder
central.
Essa união, contudo, representava
muito mais do que uma aliança
política. Danylo e Athos passaram a
convocar as lojas niaçônieas a-não ehvi-
ar mais as contribuições rcgulare» ao
"pois
Grande Oriente,
quando eu for
eleito, dizia Athos. resolverei todos o»
"a
problemas". Segundo Dinamarco.
omissão no envio dos metais
leufemivmo maçônico para designar
dinheiro), soma que hoje alcança quase
um milhão dc cruzeiros, prejudicou a»
lojas que tiveram seus votos anulados".
Dinamarco reservou as acusações
mais violentas para Athos, um
inexpressivo deputado cujo estranho
passado político agora relembrado,
inclusive por Dinamarco que
recomendara o nome de Alhos aos
maçons. nas eleições estaduais de 1970.
"Para
que ele ultrapasse os umbrais dc
nossas lojas c se projete o apoio de
todas as classes sociais", dizia
Dinamarco numa conclamação "aos
maçons do Brasil". Para seus inimig«w.
de hoje. Alhos conseguiu maior
projeção quando loi preso em Cuba
por contrabandear dólares, duranie
uma visita que fez acompanhando uma
delegação brasileira de 120 pessoas.
Ele é acusado também de em dois anos
nunca ter prestado contas do dinheiro
do aluguei de várias lojas comerciais do
edifício pertencente ao Grande Oriente
dc Minas Gerais, na rua Rio de Janeiro
no centro de Belo Horizonte. Segundo
Dinamarco, a renda mensal desse
edifício é de cerca de. 13 mil cruzeiros o
que cm dois anos há minto dinheiro"
De qualquer turma, a cisão entre as
900 lojas maçónicas brasileiras nào é
mais uma simples ameaça de um
"grupo
de descontentes" e
pequeno
dentro de alguns dias deverá se tornar
um fato concreto com a criação de uma
nova federação com sede em Brasília
— sonho acalentado há vários anos por
alguns maçons. Dinamarco,
aparentemente ignorando todo o
escândalo, já começou a distribuir na
semana passada convites para a posse
de seu substituto. Osmane Vieira de
Rezende, marcada para o dia 24 de
junho. (Qenilson Cezar)
tll São Puniu. Ris Grande do Sul.
Suma Catarina. Paraná. Maio Grosso.
Estado do Rio, Ceará. Rio Grande do
Norte e Distrito Federal.
Uma sociedade outrora secreta
das antigas corporações
Média,
Nascida
de pedreiros da Idade
inicialmente com o objetivo de guardar
os segredos dos métodos de construção
e, com o passar dos tempos, para
"reformar a conduta moral" dos
homens, a maçonaria não é mais hoje o
que se chama comumente de sociedade
secreta. Além da já desgastada mística
do sigilo, alguns rituais, símbolos e
emblemas (esquadro, martelo, compasso, avental), e da filantropia, pouco
restou da antiga grande influência
maçónica.
Hoje. a maçonaria marca sua
presença muito mais pela publicidade,
ostensiva presença em festividades e
importantes
e
comemorações
de
desfiles
paramentados
promoção
espalhafatosamente. O atual Grande
Oriente do Brasil, criado em 17 de
junho de 1822. acredita que com esse
,K
¦¦
¦ ¦ •!¦
.¦,¦..
da carne e do leite,
Depois
agora t o feijio que começa a
faltar na mc«a do consumidor
bratileiro. E por rarões muito
parecida»; fundamentalmente desido
ao aumenio da cultura da sob.
produio de alto preço e fácil colocação
no mercado internacional. A'"carne
esca»»eou com o aumento da»
exponações. o leite fatiou depois que
algun» pecuaristas decidiram »um*
tiiuir o gado leiteiro pelo gado de
cone tou por atividades agrkola» mai»
rendttsa». ligada» ao mercado externo).
O feijão sofreu um destino semelhante
e aumentou de preço em razão da
escassez provocada pelo irrcvistivel
apelo do consumidor estrangeiro, mai»
interessado na soja.
novo procedimento tornará a
maçonaria mais aceita por todos.
Apesar da discussão do problema ter
sido iniciada há pouco tempo já há
fatos concretos de uma aproximação
da maçonaria â Igreja Católica. Em
Sergipe, o arcebispo de Aracaju dom
Luciano Duarte e a Loja Maçónica
Cotinguiba compraram em comum
uma Fazenda Comunitária para
abrigar famílias de retirantes. E num
fato inédito dentro da Igreja Católica,
dom Luciano compareceu a uma loja
maçónica pra fazer uma palestra.
£ verdade que enquanto se fortalece
externamente abrindo suas lojas ao
público e aproximando-se da Igreja,
internamente crescem as divisões. Já
em 1927 a maçonaria brasileira sofria
sua primeira grande cisão, dividindo-se
em Grande Oriente do Brasil e Grande
Loja. embora as diferenças de princi-
pio sejam mínimas. 0 Grande Oriente
conta com 900 lojas enquanto a
Grande Loja 600. agregando amb»s
um total de três milhões de maçons
segundo as estimativas otimistas dos
entre ativos e
próprios maçons,
inativos.
Se a divisão for levada a efeito é
provável que o poder do Grande
Oriente fique mais diluído ainda. A
nova federação deverá ter pelo menos
80% das 900 lojas que formam o
Grande Oriente, localizadas nos 10
Estados. Além disso, Athos Viera, que
vai chefiar o novo órgão em Brasília, já
iniciou entendimentos com o GrãoMestre da Grande Loja. coronel José
Lopes Bragança, para a fusão dos
dissidentes atuais com os de 1927,
criando
uma organização incomparavelmente mais poderosa que a
matriz original.(G. C.)
Com isso. a produção
interna torna-se insuficiente
para atender o consumo, os preços
aumentam c o governo, para evitar a
alta excessiva, t obrigado a restringir
as exponações — caso da carne — ou
tmponar do exterior — caso do leite
(em pó) e do feijão.
As mesmas justificativas para os
casos da carne c do leite se repetem
para explicar a falta de feijão nos
mercados.
Os intermediários
(varejistas e atacadistas) colocam a
culpa nos produtores alegando que eles
estão retendo a produção com o objciivo de aumentar os preços. Os
setores do governo responsáveis pelo
abastecimento airibuem a escassez à
queda da safra do Paraná — o maior
produtor nacional — devido à praga do
ácaro branco c an excesso de chuvas.
Os produtores respondem com a
mesma reclamação de sempre: falta de
incentivos ao setor e baixo preço pago
pelos atacadistas.
Menos feijão plantado
Numa situação dc descapitalização.
nada melhor do que procurar uma
atividade mais rendosa, e a soja. cujo
consumo no mercado internacional
está em expansão (depois do café e do
açúcar ela ficou em terceiro lugar na
lista de exportações brasileiras dc
produtos alimentícios, em 1972». tem
¦.í.i.. a alternativa preferida de muito»
agricultores.
O reJaiõrio de 1972 da Comissão de
Finannamcntoda ProduçãodoMim»**.
no da Agnculiura moura, no relatorio de 1972. a diminuição da área
plantada de feijão, que caiu
de 2.8 para .' ¦ milhôe»* de
2.2 para 2.1 milhão de tonelada».
Como o potencial de con»umo.
calculado pela Fundação Getúlio
Vargas* eslava situado, cm 1972. por
volta de .1 milhões de tonelada», o
produto começou a faltar. Calcula-se
um déficit de aproximadamente 850
mil toneladas, quase a metade da
prtxluçáo e a própria Comissão de
Financiamento da Produção advene
sobre as conseqüências dc uma
escassez demorada: "Sendo o feijão
alimento básico da população
brasileira, principalmente das classes
de menor nivel dc renda, i necessário
que a defasagem entre a produção <.- o
consumo seja coberta, uma ve/ que
essas classes não dispõem de muitas
opções na dieta alimentar".
A solução da importaçúo
I*o ano passado para cá. os poucos
estoques colocados á venda quase que
dobraram dc preço. Em junho de 1972.
a saca de 60 quilos do feijão
uberahinha custava CrS 79.95. Em
junho dc I973. está a CrS 190.00. no
Rio de Janeiro. A saca de feijão prelo
comum, que custava CrS 57,81, em
junho passado, subiu para CrS l"2.00
este mês. O tipo manteiga, a CrS 87.68
no ano anterior está agora a CrS
250.00.
Como um meio muito eficaz de
impedir uma elevação ainda maior dos
preços, alguns atacadistas sugeriram a
imponação de feijão, e o ministro
Delfim Netto já autorizou a Caccx a
liberar licenças para a compra no
exterior. A curto prazo a medida surtiu
alguns efeitos. Luis Pilar
Zurita
Fernandes, presidenle du Bolsa de Ce*
reais do Estado de São Paulo, diz que
a noticia já provocou uma queda média
de CrS 30,00 |x>r saco dc 60 quilos, no
mercado atacadista do Estado. E ainda
poderá contribuir para o
reaparecimento de alguns estoques
inexplicavelmente fora do mercado.
O discutível acordo
do ferro gusa
conhecerem um período de
Após
relativa prosperidade, caracterizado pelo aumento do consumo
interno e das exportações, os
produtores de ferro gusa sofrem
dificuldades. Os possíveis lucros com o
aumento da produção e das vendas
tornaram-se ilusão devido ao intlacionamento do preço do carvão
vegetal. lf>h"o em apenas em dois anos.
Limitados pelo férreo tabelamento
do Conselho Interministerial de Preços
— C1P — e pressionados pelos
produtores de carvão, que contribuem
com mais da metade do custo final da
produção, os guseiros passaram a ver
as razões da queda de lucratividade de
seu negócio longe dos fornos de suas
usinas.
A razão dividida
Os mineiros acusam os paulistas de
praticarem concorrência desleal
rompendo acordo de 1972 que
estabelecia CrS 40,00 para o metro
cúbico de carvão vegetal. Segundo eles,
os fornecedores estão obtendo CrS
60,00 por metro cúbico e é natural que
dêem prioridade às indústrias do sul.
Para não serem obrigados a parar, os
mineiros também passaram a pagar o
preço pedido, mas insistem na impossibilidade de manter essa situação.
O CIP tabelou o ferro gusa a CrS
340,00 a tonelada destinada à
siderurgia e a CrS 450,00 a tonelada
para as fundições. Como para produzir
uma tonelada de gusa são necessários
quatro metros cúbicos de carvão, só aí
estão gastando CrS 240.00. E ainda
têm que pagar todos os outros custos.
Os industriais paulistas têm uma
outra versão: o aumento das exportações e do consumo interno provocou
a escassez. A alta não é fruto de
deslealdade mas uma lei natural du
mercado.
As sutilezas que diferenciam as
interpretações mostram que a razão
está dividida. A produção de carvão
sempre foi desordenada, com o corte
indiscriminado de árvores, sem
nenhuma preocupação de repor as
reservas dizimadas. O aumento das
exportações ¦— no ano passado elas
atingiram 255.712 toneladas contra
112.919 toneladas em 1971 — apenas
agravou repentinamente a crônica
escassez. Individualmente mais
'poderosos,
embora menos numerosos
que os mineiros, os guseiros paulistas
iniciaram a corrida dc preços, mas
certamente também têm seus lucros
diminuídos e se mantêm no jogo
apenas para garantir a continuidade
dos negócios até que melhorem.
A pressão já começa a ser aliviada
com a proibição governamental de
exportar até o final deste ano. Mas isso
não chega a ser propriamente uma
solução e os mineiros já pensam numa
espécie de cooperativa de compras
para obter preços melhores e garantia
de fornecimento.
Meia volta e passo à frente
O poit dava 10 bilhõot
do dolorot oo axtarlor.
No tomono pois odo rolirou
quolquor obl tóculo
o entrodo do novo»
empréstimo» o oumantou
o proio poro
pogomonto do divido.
outra da mesma época — o prazo
mínimo de seis anos, E po* em prima
o que parece ser uma orna política dc
endisidamento estemo — na verdade
muito coerente — nde o governo
"alongar" o
protura
perfil da divida
lutura. ou *eja. di*trtbuir melhor a*
amortizaçòe*.#h4ijc concentrada* em
prazo* muito curtos, e continuar
absurscndo quantidade* crescentes dc
capital estrangeiro.
IW que s***as ninas mcdtdav?
terça-feira da semana pas»
Nasada o Conselho Monetário
Nacional decidiu, numa atitude
aparentemente contraditória, eliminar
a obrigação dos empréstimo*
estrangciri»* deixarem
25% de
depósito
compulsório no Banco
Central (i*to é. facilitar as c«*ndiçôe*
para tomada* dc recursus ru» exterior),
c aumentar de seis para oito anos o
prazo mínimo para inicio de
pagamento desses empréstimos listo é.
suspender a entrada de empréstimo* a
prazos mais curtos).
Com is*n. o Conselho anulou uma
medida «le outubro passado — a
exigência d«« dep««sii«t — e reforçou
Boi» dr neve
Parece que o errado do regime
anterior era a elkíência e*agcrada do
depósito e a insuficiência do prazo
corno instrumento* restritivos:
O primeiro prazo mínimo para
empréstimos foi fi*ad«« em outubto já
com a intenção de adiar •• pagamento
da* amortizaçtVs. iJc protelar o*
vencimentos «ia divida contraída a
partir daquele momento. Desde 1%"".
como mostra ici.i!.n. recente d«»
Banco Central sivbre "üet«»r externo e
desenvolvimento
da economia
nacional". «»s vencimento* vinham *c
concentrando nos primeiros cinco ano*
dcp«>is da contrataçà«« dos empréstimo*
e »brigando a um giro muito ripido do
dinheiro Logo •;.-. a obtençio de um
primeiroemprésiimo. era precise pegi<
Io com um segundo A bola dc ne*e
srcsçia«kpres*adcma»* Para diminuir
sua progre*sáo. o go*emo julgou
bastante *u*pendcr o* empréstimos
a prazo mais curto do qut •¦<•- anos,
Ledo engano O ritmo empréstimo*'tncimento*empréstlmo continuou
muito ripido. e a* autoridades foram
obrigada* a pi*ar de noso no freio,
aumentando em mai* doi* ano* o prazo
mínimo para o cndisidamenio,
li com «• depósito compul*6rio
aconteceu o contrário. A medida
também foi tomada para conter a
avalancha de dinheiro que. no *egundo
semestre d«t ano pa**ado. ameaçava
eles ar a divida a níveis acima de
qualquer controle ide junho a outubro
entrou *••• pais mais de l SS I bilhão).
Mas seus efeitos, ao que parece, foram
traumáticos O «!ep«*stt«» compulsório,
congelando I 4 do dinheiro tomado no
exterior, encarecia tanto a operação
¦que . > banco* dc inse*timcnto
empresa* particulares reduziram
substancialmente seu* pedidos de
empréstimo, e com isso a entrada dc
dólare* no Brasil. Daí. provavelmente.
A remoção da montanha mineira
"...
a (hiz do\ pieo\ históricos de
Minus quando havia picos históricos de
Minas" — Carlos Dniminond de
Andrade, em ma coluna numa edição
da semana passada do lomal Estado de
Minas.
talvez, uma coincidência
Foi.
mas o poeta lembrou dos picos
históricos de Minas exatamente na
semana dos mais visos debates pela
suaves colinas que
preservação das
circundam pelos lados do poente a
cidade de Belo Horizonte. Como o pico
de Itabira. cidade onde Drummond
nasceu, parte da serra do Curral vai
desaparecer pelas vorazes escavadeiras
tia Minerações Brasileiras Reunidas
(MBK).
"Ides vão
destruir o suficiente para
formar uma garganta na serra",
denunciou na semana passada o
presidente do (entro de Conservação
da Natureza de Minas Gerais. Hugo
Werneck. Com a dele. outras indignadas reações ocuparam a imprensa e a Assembléia Legislativa do
Estado até obrigar o governador
Rondou Pacheco a percorrer a serra do
Curral para verificar se os mineradoras
estavam respeitando os limites
estabelecidos na licença de lavra.
Acompanhado de uma comissão
formada por 10 deputados, Rondon
Pacheco, n.i última quinta-feira, inspecionou os trabalhos que ameaçaram
a desfiguração do paredão que cerca
"a mais
Belo Horizonte,
perfeita
muralha ile ferro construída por Deus.
um cinturão verde protegendo a capital
no sentido leste-oeste" — segundo o
geólogo norte americano John V an
Uorr II. Embora tendo nomeado uma
comissão de técnicos para acompanhar
o desenvolv imeiilo do projeto visando
preservar a paisagem, o governador
declarou estar bastante satisfeito com a
MBR. fiel cumpridora dc suas
obrigações.
Entretanto, nào será fácil a adoção
de medulas em defesa «Io ambiente. O
governador mineiro, no inicio dc seu
mandato, .issinou contrato de
exploração das ja/idas com a
Minerações Brasileiras Reunidas e
Traja no Azevedo Antunes, previdente
tia companhia, foi homenageado, pela
iniciativa, com o título de Empresário
do Ano. conferido pela Associação
Comercial de Minas
Para atingir uma capacidade de
exportação de minério de terro de 30
milhões de toneladas anuais até 1980 (o
projeto, dedicado inteiramente á
exportação, prevê a extração de 10
milhões de toneladas este ano. 15 no
próximoe30 nos subsequentes) a MBR
terá ile investir USS 150 "0milhões — 80
no terminal
milhões na mineração e
de Sepetiba. A Rede Ferroviária
Federal investiu mais USS 130 milhões
para adaptação do trecho tle 640
quilômetros ligando Águas Claras
(próxima a Belo Horizonte) ao litoral
do Estado do Rio (porto de Sepetiba»
evitando assim as linhas de tráfego
intenso na área do Rio de Janeiro.
A MBR é um consórcio formado
pela leomi. Cru/.ul. St. John D'F.l Rey
Mining Co. e Companhia de
Mineração Novalimense. Suas ja/idas
mineiras encontram-se dentro do
"quadrilátero ferrífero". onde existem
cerca de 4 bilhões de toneladas de
minério de ferro de alto teor. Deste
total a MBR possui 1,5 bilhões de
toneladas distribuídas em 36 minas.
Algumas estão na serra do'Curral, em
Águas Claras, e suas reservas são
estimada-, em 375 milhões de
opinião
DESEJO FAZER UMA ASSINATURA DE OPINIÃO
BRASIL
Q
anual: CrS 120,00
Q
EXTERIOR
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anual: USS 30,00
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semestral: CrS 65 00
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.encies" - 17, Belgrave Gardens
toneladas, lavráveis a céu aberto e com
teor médio dc W» «le ferro e 0.051*"* de
fósforo. Um dos maiores contratos da
MBR é com o Japão e çreve a
exportação de 105 milhões dc
toneladas de minério nos próximos 15
anos.
"Agora e tarde"
Para obter a licença de Iavr3 na serra
«Io Curral a MBR se comprometeu a
reconstituir a vegetação nas áreas de
onde retirará a hematita e o ttabirito.
Esse cuidado, entretanto, não constitui
propriamente um respeito à ecologia
regional. Ao mesmo tempo que
telacionava os grandes números do
projeto, o engenheiro Ary Marchesini
Santos, diretor regional da MBR.
afirmou, na semana passada, perante a
comitiva do governador Rondon
Pacheco, que o pico onde está instalada a torre da companhia
telefônica ficará cerca de 20 metros
mais baixo depois de retirado o
minério. E teve o cuidado de observar
que a área será inteiramente
retlorestada.
Segundo os técnicos, o rebaixamento
da serra do Curral
provocará
alterações no clima de Belo Horizonte
pois vai permitir a penetração dos
ventos trios do sul- fogo abaixo das
"mata do Jambreiro" — o
ia/idas. a
respiradouro da cidade, segundo o
conservacionista Hugo Werneck — já
foi duramente atingida pelas
máquinas. As árvores cederam lugar a
estradas e galpões e não há mais n 'da
para impedir a enxurrada de água
barrenta que desce da serra. Quando
começou o desmatamenro. o Instituto
Brasileiro de Desenvolvimento
Florestal mandou um emissário — José
Cândido cie Mello Carvalho — inspecionar a situação da área. t Seu
relato foi lacônico e melancólico:
"Agora é tarde". A vida animal, na
mata do Jambreiro. tornou-se quase
impossível.
Os bairros de Serra. Mangabeiras,
Sion e Acaba Mundo, mais próximos
da lavra, são os primeiros a sofrer com
a poluição. Lincoln Continentino.
urbano e
professor de saneamento
de
Federal
Universidade
da
rural
Minas Gerais, diz que a poeira da
mineração causa moléstias alérgicas e
silicone nos moradores desses locais. A
poluição afeta também as nascentes de
água que banham a cidade.
A comissão de sindicância formada
o
pelos deputados pretende impedir
se
e,
desses
agravamento
problemas
possível, evitar um rebaixamento
excessivo da serra do Curral. Para
Hugo Werneck, entretanto, a defesa da
"na faixa das causas
perárea está
didas". Cr. B.)
0 fato da divida esrerna brasileira,
segundo todos os pronunciamento
fttictais. continuar hoje nm mesmos 10
bilhiVes de dólares do ano passado Os
efeitos restntis». da medida chc|aram
a um p»m- «pie o -.<¦•« foi obrigad»
a revogada para manter o indispen»
sável lluio de capitais do esterior.
Torneira conjuntural
A outra interpretação para a
eliminação do depósito compulsório loi
dada na quinta»fcira pelo diretor do
Banco Central para a área de câmbio.
Paulo Pereira Lira
—O tluso de ingresso de capitais do
exterior atualmente ;* é compatível
nio só com os meios de pagamento
com» também com o nível de en*
dividamento do pais, considerado
globalmente.
Como é que isso pôde acontecer?
Foi o tluso de capitais que diminuiu ou
foram os meios de pagamento que
aumentaram? Isto é. foram os em*
préstimos estrangeiros que espon*
taneamente deixaram de ser oferecidos
aos tomadores brasileiros em volume
perturbador, ou foi a capacidade
brasileira de pagar empréstimos em
grande volume que aumentou somha**
Como a segunda depende dos
primeiros, pode-se concluir que foram
os c.";¦«*-.• .»*-..,-. que diminuíram E
diminuíram por st mesmos, o que I
mais delicado
Alguma coisa na
conjuntura internacional, alguma corsa
que o Brasil nio controla, alguma «rasa
como o interesse .maior em especular
sobre a alta dos preços das matérias»
primas ou do ouro. atraiu • atenção
dos emprestadores de dinheiro e
'-•..¦*-. um
pouco a torneira do crédito
internacional
Naus circunstância*, para manter
a capacidade de pagar a divida Já
contraída, para nào ver minguar sas
preciosas reservas — garantia in»
dispensável de empréstimos futuros —
o gosemo foi levado a «liminar o
obstáculo do depósito compulsório e a
íactlitar de noso a entrada de capitais.
Medida que, espera Paulo Lira — e
mesmo considerando o aumento do
pra/o minimo dos empréstimos .—
ajudará a economia brasileira a
"receber
este ano um influxo de
capitais, sob a rorma de empréstimos a
particulares, em ordem de grandeza
semelhante á do ano passado"-(Grrson
Toller Gomes).
A fórmula mágica
das exportações
semanas atras, as expecta*
Duas
risas de aumentar vigorosamente
as exportaçfses de manufaturados
devido 30s efeitos dos decretos-leis
1210 e 1236 pareciam prestes a se
confirmar. A maior indústria
automobilística do Brasil, a
Volkswagen, teria assumido (ver
OPINIÃO n.° 32) compromissos com o
governo de vender anualmente ao
exterior cerca de 3i milhões de dólares
em veículos desmontados, motores e
peças.
Houve especulações a respeito das
intenções da indústria e algumas
versões davam conta de que ela estaria
negociando a importação de novos
equipamentos através do BEFIEX.
beneficiando-se da isenção de impostos
concedidos pelo decreto-lei 1219 para
importação de equipamentos, componentes, máquinas e matérias-primas
destinados a produção de bens para
exportação. Na semana passada, um
técnico governamental desmentiu as
notícias:
• A VW conseguiu aprovação do
Conselho de Desenvolvimento Industnal (CD!) do Ministério da Indústria e Comércio para importar
máquinas e equipamentos sem similar
nacional. Como todas as que se
beneficiam da lei de similaridade (do
decreto-lei 108" e não do decreto-lei
1219 — BEFIEX), a empresa está
isenta do IP1. ICM e do Imposto de
Importação:
Até o momento a VW não
apresentou nenhum projeto ao
BEFIEX para importar máquinas e
equipamentos com similar nacional,
matérias-primas, peças. etc. gozando
das isenções concedidas pelo decretolei 1219. Não assumiu também
nenhum compromisso de exportar
anualmente 33 milhões de dólares.
Tudo ainda está no campo das intenções e das consultas, embora seja
provável a entrega de um projeto nesse
sentido.
Ásperas desinteligêneias
A versão vem esfriar as discussões
em torno da debatida política de
transplante de fábricas e de isenções
para importação de equipamentos, que
já provocou momentos de áspera
desinteligência entre o Ministério da
Fazenda e setores da indústria
nacional.
O primeiro decreto, 1219. criando o
BEFIEX — Benefícios Fiscais e
Programas Especiais de Exportação —
foi publicado em maio do ano passado.
de
sua
antes
agosto,
Em
regulamentação, o Ministério da
Fazenda elaborou outro decreto (1236)
permitindo o transplante de conjuntos
industriais completos para o Brasil
desde que sua produção se destinasse
essencialmente à exportação.
Fórmtda mágica
A regulamentação das duas leis só
ocorreu cm outubro de 19~2. após a
reação enérgica mas semi-sigilosa dos
empresários nacionais, principalmente
do setor de bens de capital (máquinas e
equipamentos) que se sentiu ameaçado
pelas brechas que o 1219 abria na
protetora lei da similaridade. O setor
de autopeças também protestou
especialmente contra o decreto 1236.
pois a lei permitia venda de pane da
produção no mercado local em concorrência vantajosa para as indústrias
transferidas.
A política, uma fórmula mágica
para aumentar as exportações, deu
resultados inferiores aos previstos.
Nestes oito meses, a única empresa a
solicitar os benefícios do 1219 foi a
Ford — que importaria máquinas e
equipamentos para a produção de seu
novo carro, o Maverick. e cumpriria
seus compromissos especiais de
exportação de sua subsidiária, a
Philco. A Fiat também pretende
aproveitar as facilidades, mas ainda
está nas preliminares com autoridades
do BEFIEX.
Mistérios
Ao decreto-lei 1236 (transplante de
tábricas) existem apenas três empresas
habilitadas. Mas seus nomes, ramos de
atividades e características dos projetos
permanecem num mistério
cuidadosamente
guardado.
Possivelmente devido as reações da
indústria nacional, que encara essa
política de incentivos como um petardo
de efeito retardado mais ainda capaz
de provocar inúmeros prejuízos.
a
Entre tantas desinformações,
única coisa absolutamente .correta em
relação ao 1219 e 1236 é que as empresas quç têm maiores chances de
aproveitá-los são as estrangeiras. Para
obter os benefícios do BEFIEX é *
necessário assinar um compromisso de
venda ao exterior de 20 milhões de
dólares anuais, pelo prazo mínimo de
10 anos. Para isso é preciso dispor de
um mercado cativo e não existe fábrica
nacional capaz de conquistá-lo e
mantê-lo por tempo tão dilatado.
Quanto ao 1236, é difícil para uma
empresa nacional transplantar uma
fábrica do exterior para o Brasil.
embora isso não seja impossível através
de associação com uma indústria
estrangeira.
A fábrica contra a fazenda
principio era fácil, A única
No¦ih;»» ¦«,••« para exportar estava na
capacidade d»»* indí»** em cortar
madeira, do* negros em cortar cana.
do* »«=»iír »«ir»cm plantar cale Tudo,
ou qua*c indo. que a economia
brasileira produzia, e que linha
aceitação nt» exterior, erra dc*pa«,'h«d«»
*em maiore* preocupa*»»e*, Nenhuma
eviiríncia dti mercado interno, nenhum
çomnromisso aniiinflacionário.
impunham, no Brasil, a necessidade de
limitar a* cxpunaçtV*,
O pai* lunctttnasa e»*mt uma grande
la/enda moderna, que tivesse em
• :-¦-.- um pequeno quintal subdesen»
i oi. ido Na fa/cnda <a /»»na da co*ta e
da* mina*), a mio-de*obra
especializada produ/ia os artigos
nobre* destinados quase que
exclusivamente aos consumidore*
estrangeiros: pau»bra*il. açúcar,
algodão, café. cacau e também ouro. I
no quintal to interior pobre) os que nio
tinham conseguido emprego na
la/enda. ou que não tinham sido
capturados pelos fazendeiros, plan»
tavam de qualquer Jeito a mandioca, o
feijão, o milho que serviam para
alimentar a todos. O que faltava —
produtos manufaturados — era
comprado do exterior, com o dinheiro
das esportaçòes.
O controle recente
Ao longo do tempo, a população da
fa/cnda foi crescendo. A renda de
alguns ocupantes cresceu junto, dando
margem a que o pais se industrializasse. E ao lado da fa/enda
apareceu uma grande fábrica,
destinada cm parte a atender às
necessidades dos fazendeiros c da mãode-obra especializada, e em pane. ela
também, a exportar.
O aumento da população, da renda
nacional, c a construção de indústrias
fizeram naturalmente com que o
consumo interno crescesse. Com isso.
uma fração da rica produção agrícola e
mineira teve que ser desviada para
atendê-lo. As grandes cidades c as
indústrias nacionais queriam comprar
quantidades crescentes de alimentos c
matérias-primas, precisavam disso
para sustentar sua atividade. E o
rendimento do quintal, da zona pobre
da economia rural brasileira, além de
estagnado, não oferecia todos os
produtos procurados pelo mercado que
se criava.
A produção da fazenda teve assim
que ser dividida em duas partes. Uma
destinada às novas necessidades do
mercado interno, e outra para continuar atendendo ao mercado externo,
e obter as divisas indispensáveis para
importar. A partir de então, o consumidor estrangeiro já não era o único
interessado.
fissa situação durou, sem maiores
problemas, até o princípio da década
de 1970. De vez em quando, uma
investida dos consumidores
estrangeiros sobre a produção nacional
diminuía a parte dos consumidores
brasileiros e criava problemas de
abastecimento interno. Era o que
acontecia toda vez que o mercado
internacional se mostrava faminto de
produtos alimentícios e de matériasprimas industriais. A mercadoria
desaparecia ao sair da fazenda, e os
consumidores brasileiros tinham que
pagar altos preços (os mesmos que os
consumidores estrangeiros ofereciam)
para ficar com alguma coisa. Foi o que
sucedeu, por exemplo, nos anos que se
seguiram à Guerra da Coréia, em
meados da década de 1950.
Mas nessa época, apesar da industrializ.ação acelerada, o consumo
interno brasileiro ainda era baixo para
criar maiores problemas; não havia
grandes preocupações em conter alta
de preços e controlar inflação.
Os produtos rareavam e os preços
subiam até que diminuísse a avidez do
mercado internacional, e tudo voltava
à ordem. Antes de 1970, as poucas
oportunidades que o governo teve de
intervir para limitar a saída de certos
¦
produtos exiMtram mais por ra/tV*
tttotVigteat do que txomtatca*. As
e*p»»naç»»e* de pele* e <msro% de
animai* *cl*agcn«. por esemplo, foram
«ubmetidas a licenciamento e*pc*nal
peto Ministério da Agricultura, para
e*iiar a extinção de cenas espécies, A*
c*p»»r?-. •¦ > de madeira e*tã>» dc*de
longo tempo contingeneíada* pelo
ln*tttuio Brasileiro de I>c*ensi»lvtrnen'
to Rorestal — IBDF — para impedir
o arrasamento das matas (embora já *e
note ai o intere**e de garantir matéria»
prima para a indú*tria nacional).
Ue ire* ano* para cá. no entanto, a
: ... brasileira c*lá *e tendo num
.
dilema *éri«» De um lado. a indústria,
estimulada pelt» gmerno. entrou em fase
de rápida expansão. *uperando de
longe as taxas de crescimento da
agricultura c exigindo cada ver mai*
matérias.primas. Parte dc**as
matérias»pnma* e produtos inter»
mediar,.** pode ser tmponada — como
é. efetivamente, no caso do cobre.»do
carvão mineral, do papel e de outros
artigos de produção nacional
inexistente ou insuficiente. Mas parte
deve e •> th ser atendida pela fa/enda.
não só porque a produção é grande c os
1'
•
i
j ; :
""
"í
">
I ;
ii
i
i
Primoiro. ogovorno
limitou ot oxpoiiocòot
do pólos do onco:
dopoit do modoiro:
dopols do couro;
dopoit do corno;
dopoit do tojo:
dopoit do algodão
dopoit do forro guto.
Soro quo o*portor
não é molt o tolucõo?
câmbio, por exemplo, ou a isenção de
ICM em cenos Estados), e. afinal,
contribuindo para o objetivo
prioritário de obter divisas no exterior,
os f a/endetros exponam cada \ei mais.
Como no caso do crescimento in»
dustrial c do consumo de matérias»
prtmas. o aumento dessas esponaçòes
rem sido muito maior do que o
crescimento da produção agrícola mn
últimos anos. A escassez e a alia de
preços das matérias»primas agravam»
in
i
'
~"-~~~ •
aawt- ^•Y*'4Y*s&ZJéZLà *«BMBF«lTff \Mfl
;
¦ ~~
h^ AbbJ
i
i
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¦
{ ; j
¦
J
m-. •..¦».*<¦ o prec*» da» matéria*»
primas, está havendo um rksequifib*».»
agudo entre a oíma e a demanda de
matérias-primas vegetai* e animais. Os
pafses mduvt rialttOOi eMao novamente
ávidos de modulo* primários, com»
prando fiado que encontram, e a
qualquer preço.
Isso agrava a coniradiçio que já
e»t*iia ne**e ponto entre os interesses
do* industriai* e dos
prráutures»
esponadore* dentro du Brasil, e actna
a di*puta entre oi mc*mos industriai* e
os impunadore* estrari^eiro* pela
posse das matérias-primas.
O industria! argumenta que o in»
teresse maior du pai* é mdusiriali/ar»
*e. e não esponar. Ou se é esponar.
que sejam os produtos industrializados
que ele fabrica, e não os produtos
primários que consome. Di/ também
que não pxlc compelir com industrial
de pais desenvolvido pela posse da
matéria-prima. Para isso. teria que
pagar ao produtor tanto quanto ele.
com difícil para um empresário de
pais *ubdcscn*ol»tdo.
O produfor-exportador de matériasprimas di/ que sem a receita de
exportação que ele produ/ (c que
representou 7rír& da receita total em
1972). há menos dinheiro para com»
prar no exterior as máquinas e as
matérias»pnmas que o pais nâo fabrica
(existe sempre o recurso das importaçtxs financiadas). E sem máquinas e
matérias-primas importadas, nao pode
haver industrialização. Di/ também que
a conjuntura internacional esta mais
favorável do que nunca para quebrar
recordes na exportação. Que este nao c
i» momento de hesitações. E enfim que
é uma injustiça tirar do "pequeno"
rural, em beneficio da
produtor
"grande indústria",
essa oportunidade
extraordinária de lucros.
-b^b^^
As exportações e a divida
*èê.
m\
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. KE? '»)Y^BMBfr
aàSâmLuwaVÍt'' * wAwBp
¦
Rs;/ SjBUW
¥--^:*?&mmh*íxmmMP~i
preços mais em conta, como também
porque não é possível importar tudo o
que o país consome, inclusive matériasprimas produzidas internamente. O
déficit na balança comercial (exportações menos importações) —
verificado em 1971 e 1972 —
aumentaria assustadoramente.
De outro lado. no entanto, os
produtos dessas mesmas matériasprimas, igualmente estimulados pelo
governo, e animados pelos altos preços
que oferece o mercado externo, tèm
multiplicado suas vendas ao exterior,
diminuindo a parte já escassa que cabe
à indústria nacional. Obedecendo ao
lema oficial "exportar é a solução",
aproveitando os estímulos às exportações que também se estendem aos
produtos primários (a taxa flexível de
i
se com a saída acelerada das exportações. Em certos casos, se o governo
não interve'm para moderar o ímpeto
dos exportadores, fica próxima a
hipótese de toda a produção ser
vendida aos consumidores
estrangeiros, com exceção de uma
pequena parte duramente disputada
pelos consumidores nacionais capazes
de enfrentar a concorrência.
Desde o princípio do ano passado, a
competição entre consumidores
nacionais e estrangeiros pelas
matérias-primas produzidas no Brasil
está cada vez mais difícil, em
decorrência da falta desses produtos no
mercado mundial. Por razões diversas,
que vão desde as cheias do Mississipi
(queda na produção de algodão dos
Estados Unidos) até a especulação com
Argumentos de peso. esses do
produtor-exportador. mas que
ultimamente não lhe têm valido muito.
Na difícil arbitragem que se vê forçado
a executar agora, o governo tem. na
verdade, se inclinado mais para o lado
do industrial. Desde 1971. nada menos
de 36 produtos tiveram sua exportação
limitada por cotas, taxada, condicionada a vendas no mercado interno. ou simplesmente proibida. Por
ordem cronológica, e nâo considerando
a madeira, os produtos são: arroz,
couro cru. carne
fresca e industrializada. farelo e tona de soja. de
caroço de algodão, de milho, de trigo, e
de babaçu: farinhas de peixe, de
ostras, de carne, de ossos e de sangue:
grãos de soja. de milho, de sorgo e de
amendoim; amêndoa de babaçu: óleo
de mamona; linters de algodão;
algodão em rama; piaçava-, mate de
cobre, cobre em bruto e sucata de
cobre; sucata e desperdícios de níquel,
alumínio, magnésio. zinco, estanho.
ferro, aço,' ferro fundido e ferro
gusa. Nessa relação não entram o
café e o açúcar, produtos de exportação permanentemente controlada
pelo governo.
Por que essa boa vontade oficial
para com os industriais? Terá o
"exportar
é a
governo desistido do
solução"?
Em certa medida, parece que sim.
Embora não faltem pronunciamentos
oficiais sobre a necessidade de manter
as exportações crescendo no mínimo de
15-18% ao ano, a verdade é que o
governo descobriu uma nova fonte de
receita cambial muito mais farta do
que o comércio exterior para cobrir as
despesas de importação. Esta fonte são
os banqueiros estrangeiros que concedem empréstimos ao Brasil, e os
fornecedores que financiam nossas
-compreis no exterior. Conforme mostra
trabalhos repe-nte do Banco Central
sobre a dmda externa, 22% das nossas
importações de mercadorias em 1972
foram financiadas com capital
estrangeiro. O mesmo capital serviu
para cobrir o déficit de 236 milhões de
dólares na balança comercial (mer-
cadtmasi e o.dcflcit de i.l bilhão na
balança d* serviços tfretes. seguro*
nnoliies etc) I ainda sobraram 2 4.
Nlhúes para se pintar às reversa*
.ambiats do Brasil no esterier
OtJaO» lácteo
Se o governo insiste em colocar o
.Texctmcnto das expanacnes como
objetivo fundamental, nio é sim*
I ¦'¦¦¦ ente para obter divisa* Ino que os
produtos primários são tão cfka/e*
quanto os produtos manufaturados!,
mas para tender no estrangeiro a
produção industrial que nao tem
mercado dentro do pais. Isto é. os
calçados, os têxteis, os produto*
alimentícios industrializados e outros
bens não duráveis, em principio de
consumo popular, mas que ficam
limitados, no Brasil, pela baixa renda
da maior pane da população. Por mais
elegante que seja um indivíduo que
ganha 20 ou 30 milhões por més. ele
não pode usar dois pares de sapato ao
mesmo tempo, nem vestir duas
camisas. Nio é razoável também que
almoce duas vezes por dia. por mais
que veja o seu aperite. Pode sim trocar
de automóvel uma vez por ano.
comprar TV a com e absorver todos os
gadjets da sociedade de consumo. E
por isso a indústria de bens de consumo duráveis prospera sem exporrações. Mas a indústria de bens não
duráveis, ou artigos de consumo
popular, precisa de um mercado muito
amplo — em termos de indivíduos e
nao de renda — para se desenvolver. E
esse mercado só existe somando os
consumidores nacionais aos
estrangeiros.
Por isso as exportações de bens de
consumo popular — da fábrica, e nâo
da fazenda — sâo fundamenrais para o
crescimento da economia, ta! como ci3
está constituída. E por isso os industriais têm preferencia sobre os
produtores-exportadores de matériasprimas. Sobretudo quando essas
matérias-primas sâo necessárias para
seus produtos de exportação (o couro
para os calçados, o algodão para os
têxteis, a soja em grão para o óleo, o
ferro gusa para os forjados).
Além dessa importante vantagem, os
industriais têm a seu favor um aliado
tático e um compromisso de honra do
governo.
O aliado tático é o consumidor
brasileiro, a dona de casa que vai
comprar carne no açougue, e ou não
encontra, ou só consegue comprar a
preços astronômicos. O homem da rua,
que entra num restaurante e tem que
pagar CrS 10,00 por um frango. O
brasileiro de modo geral, que se veste
com tecido de algodão cada vez mais
caro e reclama da carestia.
O governo, nas palavras do
presidente Mediei e do ministro Delfim
Netto, está interessado em proteger
essa figura, em "dar ao consumidor
nacional prioridade absoluta sobre o
consumidor estrangeiro" — declaração
do presidente. Para tanto, é preciso não
só conter a alta dos preços dos
produtos manufaturados provocada
pela alta das matérias-primas
exportadas — caso típico do tecido de
algodão — como também limitar o
aumento dos produtos primários de
consumo, igualmente exportados —
caso da carne fresca.
Isso se faz reforçando os mecanismos
de controle e repressão do Conselho
Interministerial de Preços — CIP —
chamando os empresários para
reuniões persuasivas, lançando
campanhas antiinflação, liberando as
importações de certos produto*, e
limitando — ou taxando, ou condicionando, ou proibindo — as
exportações de outros. Com essa
última medida, o governo afirma que o
industrial e a dona de casa não terão
que diputar a golpes de dinheiro
matérias-primas e produtos de consumo com seus concorrentes
estrangeiros. Entre o mercado interno
continua na página ao lado
<o«t.«wot«j© éa QOQmi ms itade
? ii mcnailo rvtemo é criada uma
••arretra que dilkulta a evasão de
verto* produtos, garante lano
abastecimento tniernn e impede
aumenio .•-» prev»«s
R o comprimiisso de honra? Nio a
outro que os I2**"* de tasa anual de
¦ml jc j- que o governo
prometeu para
o linal de IU"X Im dos obs«
lâculos em atingir tal objetivo <? a
inltação estema. que se infiltra na
economia nacional airavtH dov preços
dos produtos exportadas- Se o
comèrcto desses produtos é livre,
qualquer aumento nos preços externos
se refletira imediatamente nos preços
inernos. não importa a cauva do
aumento Como ji foi dito. o produtor*
exportador venderi a quem der mais,
Sc no mercado externo alguém lhe
paga o equivalente a mil cruzeiros por
uma unidade do seu ••••'.ele não
tem nenhuma ra/ão para vender no
mercado interno por 900, Sé entregará
sua mercadoria ao comprador
brasileiro une lhe otetecer o mesmo —
e provavelmente um pouco mais,
considerando as vantagens adkrtonaix
da esrjortacao, Fssc obstlcub a*»x li**
deve ver elimtn.ido, na atual .-¦•¦-;<-•¦•
tura, pela rcsinçã.» de certas expor»
lacòcs e o aumenio lorçado da olerta
no mercado iniemo,
A reunião de iodos xxxcx objetivos a
»av».r das rcxinçócs — crescimento da
industria, proteção ao consumo,
política antiinltaçtonátia — vo podia
ganhar contra a simples argumentas*»
dos csportadtires de produtos
I pelo que di/em ov
primários
assessores econômicos do ministro
Delfim Netto — "estamos com um
olho no computador dos preços e um
j»é nu Ireio das exportações" — a livia
dos produtos limitados nâo vai tkar em
Vi. Apesar das restrições já lerem
atingido todos os principais produtos
da paula dc cvportaçõrs que mais
ersecram cm - -'.' ainda restam muitos
candidatos. O turno em tolhas, por
>*••;»•-.i*»!- treto h *< o ministro esti
•ctuto >•<'»>*;*'!- a pisar,
Fssa c. rertameme uma dav COS*
irailHocs piais graves que a politica
wmAmitra firovoeou nos Últimos an««s
Um* não tanio prtos eleiiov imediato*
— ?• goiera»* começou a revifin»*«r
realmente as esponaç»**» em l*>"3.e ru»
priiftciro trtmcstre «b» am» o valor
exportado ainda progrediu $2*» em
¦•>.-¦ ai» am*
passado — «orno pela
dc
dermuiviraçã*»
que e impossHcl, cm
abrir a economia
subtlesenvolvido,
pais
estabilidade
o
manter
e
exterior
para
<v<*>"»it- tniema,
A «(•«..» que a economia que ?« abre
lenha condisiWs para determinar a seu
lavor os preços internacionais, os
llusos de capual. a política comercial
de outros paises. e demais variáveis que
compõem a conjuntura mundial
«exemplo único na atualidades Estados
Unidos! a menos que a economia seja
bastante poderosa para neutralizar os
eleitos negativos das oscilações bruscas
e Irequenres nessa coniuntura. ela nio
exemplo cuio preço mtfdio por
toneladas esportadas do Hrasil
aumemotr majs ile •'*¦ »•¦>»»» entre
|«t"| c IU"|. Qu o couro curtido, a
pedidos da industria de calçados Ou
in produtos sblerúrgitos, já que parece
existir uma crise interna de
abastecimento com a alta de presos
externos ia prmbiçã»» «le exportar (erro
lundido demonstrou que o «coverno não
.'¦'¦tuic lUar so na limitaçã** de
matérias-primas não elaboradaxi.
Oue não se tire dal. entretanto, a
conclusão de uue o gmcrrio lar isso
alegremente Restringindo av vendas
de soja. carne c algodão, para ctrar os
ires principais, ele esta atingindo
produtos que representaram, no ano
passado. I T.4«» das exportações
basileiras. justamente itens que se
mostraram mais dinâmicos no ano que
passou. A receiia do algodão cm rama
cresceu em l*>"2 *trr%. a da carne
Ircsca r»n**. a dc farelo e tona de soja
Mr*i. c a de soja em grão ajír***, São
números que dão uma idéia da
pode chateiem ligações fumlamer»'
tais com o estersor sem se Mibrneter a ,
flutuações indesejáveis No caso
•wrvrme a duiwatào r...
para cima. os
inter*
mercado
subiram
no
lircct*
nacional, criando pressões inttactonártas e obrigaom* o gosemo a
recuar na política de c«pona«,*-es, para
picsersar sua meta antuntlaciwnaria
tcaso comparável cm toda a sua
extensão com as rrstrtçõcs à entrada de
iaptiais a curto pra/oi Isto c. o
.. .c»«- • Un levado a atenuar um pouco
suas ligações fundamentais eram o
exterior, para evitar efeitos negamos
vobre a economia Mas o que aconircena se esses eleiim negativos
persistissem, se a pressão mllaciunárta
do mercado internacional <ou da
entrada de capitais ou dc qualquer
laior alcatõrtoi ameaçasse seriamenie a
fsiahttdadc inter*--' O governo continuaria atenuando ligações eon*
sideradas lundamentais para o fun*
câinamemo do modelo?'Cmorr Tnller
Cometi.
Principais produtos com exportações limitadas
Cada restrição significa mais
matéria-prima pare o industrial,
mais alimento paro o consumidor,
e menos receito para o exportador
iXPOsTTAÇAO
^''"^¦níii
eslwãÊÜÊk ctreiiolòeke
(US$1000)
MOTIVO
HSTttCAO
em 1972
estimado em 1*73
^^r^^«m ÕVl»e^Sje^B^e^S^BS^By
:r
- '***"*¦ •*'¦• '
.
WSfíC'
-
__^_
Exportação
1972
Arrox
Vr:!^^wBffl
Cerne fresca
e industriolizodo
Farinha de peixe,
farelo de trigo,
farelo o torta de
caroço de algodão
da região centro-su!
de
5,5 °:
limitado
em
anual
Exportação
janeiro de 1973 a 70 mil t. mais tarde
ampliada para cerca de 90 mil,
t
200 dólares
de
confisco
por
exportada.
Exportação suspensa em
7,0°co
0,3'
0,2%
152
Crise de abastecimento interno
Necessidades dos curtumes e da
indústria de calçados poro exportaçõo
Crise de abastecimento interno
Exportação limitada em levereiro a
3-4 do produção comercializada,
cobrança de !CM no exportação
Necessidades
ração animal
das
indústrias
Na melhor das hipóteses, a mesma
do ano passado, considerando a alto
dos preços internacionais e a parinmaior
ticipação
do
carne
dustnalizoda
1.536
de
Necessidade das indústrias de ração
Exportação limitada em fevereiro
100 mil t. cobrança de ICM no animal
exportação
Exportações suspensas em fevereiro
11.600
219.714
• Crise de abastecimento interno
janeiro
Exportação limitada em fevereiro ao
volume exportado em 72 ípara o
babaçu) ea 80° o desse volume (para
Farelo e torta de
babaçu, farelo
e torta de algodão
do nordeste
Necessidades
ração animal
das
indústrias
de
Necessidades
ração animai
das
indústrias
de
281.275
13.026
Cerca de 600 milhões de dólares por
da
aumento
causa do
grande
internacionais
dos
e
preços
produção
Pro'xima à do ano passado por causa
interdos
preços
aumento
do
nacionais
8.500
3.000
Um pouco maior do que a de 72 por
causa do aumento dos preços internacionais
o caroço de algodão;
Algodão linter
(subproduto do
algodão em rama)
Exportação
1973
rfe
Algodão em reme.
abril
Exportação suspensa em agosto de
1972 (ò exceção de pequena coto
para o NE)
Boi em pé
Milho em grãos
eom farelo
em
0,3%
i
Soja em grãos,
Iorelo o torto
suspensa
0,9%
suspensa
em
março
de
Exportação limitada em maio ao
1972
em
exportado
(a
volume
exportação do centro-sul também foi
limitada, mas só depois que toda a
foi
vendida
ao
safra exportável
indústrias
das
Necessidades
químicas e de mobiliário
Necessidades da indústria
têxtil
1.860
33.000
Largamente superior ò de 72, na
medida em que os preços continuem
subindo ou permaneçam estáveis no
mercado internacional
exterior
Exportação suspensa
5,
Forro gusa
0,3%
em junho
Exportação suspensa em junho por 6
meses
Necessidades
metalúrgica
da
Necessidades
metalúrgica
da
indústria
n d ú s t r i a
300
11.765
A CACEX ainda não informou
exportações em janeiro/maio
as
10
O MUNDO
Argentina: o caldeirão fervente
.•>* •» ••<¦ jynho foi nwrto
NoA14o R»»roano ucrttário do
»-»4»-!•• •!"» !?«¦«;«» tt Boctsos Aires
Romano foi mucto num bairro a ctrca
dc 15 *,-='- í «*-ctr»n «Io cem ro da cidade,
por lhof >'-«*í'-«í•!•• 4c -«« carro
*
A $0 metros •! c» k- logat hi I anos.
um pelotão dc fuzilamento
•Jcscarregata suas armas contra um
grupo «íc peronistas acusados dc
participar do frustrado les ame
comandado pelo general Juan José
Valle. comra os militares que bastam
inaugurado a autodenominada
"Revolução Libertadora"
Se o fuzilamento marcou o inicio dc
uma longa luta que terminaria par*
cialmemecom a sitrVia pcronHia de 11
dc marco, a <•.;¦. Ae R«>mano. um dos
¦¦--:¦¦• i burocratas sindicai», sempre nas
boas graças do goterno. marcou
também o pomo mais alto das sérias
divergências entre a juventude
peronista, a guerrilha e os grêmios
combativos com o poderoso aparato ca
CGT tCon federação Geral dos
Trabalhadores) e os setores mais
direitistas do heterogêneo movimento
justicialista,
Nas últimas semanas essa tensão foi
traduzida numa série de lutas, cm
todos os nbeis. que se traduz, nos
slogans adotados. Enquanto a
juventude
peronista apela para
"Perdn-Evita-pátria
socialista", os
e os setores refor*
grupos sindicaiv "Perdn-Evita-pátria
mistas gritam
como
peronista". E acrescentam, "Nem
advertência aos jovens radicais:
ianques, nem marxistas — peronistas".
No momento, a ofensiva publicitária
está nas màos da burocracia sindical c
da direita. Desde 25 de maio os jornais
advertem contra o perigo "da in*
liliraçãn irptskista" no movimento,
uma qualificação que oculta o temor
dc que a juventude nos setores radicais
¦'¦- sindicalismo e da guerrilha
da pretresso
«*.%uma
**FV»a a condusàV*
;*•!»•**¦¦ :-u*!f ,-i ima sido
comprovada pelos sindicalistas
tradicionais jtratét de síria*
cspcfiétxMv A 25 df maio. por
cscmplo, por presvãu Aos setores mais
radicais, o gosemo decretou o indulto
para todos os presos políticos e
garamiu o respeito pelos pregos dos
artigov ir c«*nsum*> popular e a
••':¦-.*¦¦ de'•«? ••» públKo* c privados
por radicais que esigtam desde a
cspulsãodas amigas autoridades até a
aplicação de novos modos de fun»
cionamento.
Entre esses locais públicos e
privados cnconiranvsc hospitais,
escolas, universidades, fábricas,
repantcôcs do Estado, rádios, canais
de televisão e até instituições de
assistência e habilitação ílsica. onde os
"rengos
peronistas" engem a in*
troducão de melhorias,
Por outro lado. essas lutas serviram
para mostrar a posição da CGT. ôrgio
que coma com -prosimadamcntc dois
milhões de trabalhadores e que parece
ser seu único instrumento de expressão
e que durante (7 anos esteve condenada ao ostracismo político. Sua
vigência real ji foi questionada quando
leve inicio a longa serie de insurreições
nas províncias do interior do pais.
Posteriormente, o crescimento de
grupos contesiadores. sem atacar
diretamente a CGT em si. questionou
seriamente seu funcionamento e gestão
frente aos militares. Em seguida, os
grupos contestadores passaram a ação
direta contra vários dirigentes da CGT.
tendo sido alguns deles assassinados.
Também é questionada a supostr
força de um fogão cujo secretário
geral. José Rucei, membro de um
O procetio orgontlno.
otuolmonfo caótico
e conluio, é um
dotal io onda oito
•ondo legado o destino do
24 milhõof do argentino..
sindicato com 250 mil afiliados, obteve
sua representação numa eleição onde
participaram apenas 20 mil
trabalhadores.
Essa luta interna que ameaça
culminar com lutas maiores e mais
graves começará a se definir a partir da
chegada de Pcrdn na Argentina, no dia
30 Assim, tanto para uma tendência
quanto para a outra, a prova de fogo
estará em demonstrar, através da
mobilização, quem é realmente
maioria e como se expressam as
necessidades e aspirações dos
trabalhadores. No entanto, como dc
bobo nâo tem nada. Pcrdn já na sua
última viagem fez apelos á juventude e
em sua volta, se
prometeu que. "reorganizar
o
dedicaria a
movimento", isto é. estimular o que
define como "superação de gerações",
substituindo os velhos dirigentes pela
nova geração.
Isso não será fácil. O que Perón pode
conceder, o que a juventude exige e o
que uma burocracia (acostumada ao
manejo de cifras multimilionárias de
arrecadações sindicais) não está
disposta a outorgar sio coisas tão
discrepantes como os interesses do
Ministro da Fazenda. José Gelbard
(próspero empresário) e as
necessidades de um cancro tucumano. cujos filhos tomam, em mêdia. 8 litros de leite por ano.
Os preços fixos de Nixon
Ao anunciar na semana passada seu
novo plano para tentar conter a inIlação nos listados Unidos, o
Ninguém acredita
Nixon não deixou por
presidente"Estamos
quo o congelamonto
atravessando —
menos:
de preços decretado
afirmou — um dos melhores períodos
da nossa história". Mas não pode
por Nixon irá
deixar de reconhecer que "os preços
realmente conter
(dos produtos alimentícios) estão se
a inflação nos
elevando a taxas inaceilavelmente
Estados
Unidos.
altas".
Para deter esse aumento. Nixon
decidiu congelar por 60 dias os preços
pagos pelos consumidores, exceto os
dos produtos agrícolas nã'o presidente conseguirão um resultado
semelhante ao que seria obtido se o
processados; os salários não foram Papa fosse encarregado
de fazer um
congelados porque, na sua opinião,
de
natalidade.
não constituem importante fator in- plano de controle
acertada
a decisão
considere
Embora
flacionário.
de congelar os preços. Galbraith acha
Segundo Nixon. a razão principal do
ela de nada adiantará se os salários
aumento de preços foi a inusitada que
não forem também congelados.
demanda estrangeira de produtos
Eliot Janeway, outro conhecido
agrícolas americanos. Edward Cohan.
economista americano, disse que a
"a
dó The íVciv York Times, diz que
medida "foi muito pouco e muito
demanda externa provou ser uma força tarde, além de excessivamente
intlacionária muito mais forte do que a
política" que a decisão de Nixon visa a
Administração pensava há seis meses Contrabalançar
os efeitos negativos,
atrás". O motivo dessa grande
a opinião pública, do caso
junto
demanda foram as duas Watergate.
desvalorizações do dólar (em dezembro
Congelando os preços, mas deixando
de 1971 e fevereiro-março de 1973), os salários aumentarem.
Nixon
que fizeram com que os produtos prejudica a indústria e o comércio e
americanos ficassem mais baratos para beneficia os consumidores. E os
os estrangeiros. Por isso, explica
americanos perguntam até que ponto
Cohan, Nixon quer que o Congresso isto
poderá causar um ciclo econômico
aprove um novo sistema de controle desfavorável
nos Estados Unidos que
das exportações de produtos a indústria e o comércio terãojá seus
alimentícios.
custos elevados e suas receitas
Os 60 dias de congelamento congeladas.
propostos por Nixon representam, na
verdade, uma medida destinada a
Ceticismo e desprezo
ganhar tempo: nesses dois meses seus
assessores tentarão elaborar um
O representante democrata Henry
sistema mais eficiente de controle dos Reuss nota,
por sua vez, a contradição
preços.
entre a necessidade que têm os Estados
Dará certo o plano (ou o tratamento Unidos de aumentarem suas exporde choques) de Nixon? Para John tações para equilibrar a balança de >
Kenneth Galbraith. famoso pagamentos e as restrições à venda de
economista americano, de modo produtos agrícolas para o exterior.
Também nos meios sindicais o plano
nenhum. Segundo ele "os economistas
foi recebido com desagrado e
o
Nixon
assessoram
atualmente
que
ironia. Lconard Woodcock. presidente
do Sindicato dos Trabalhadores da
Indústria Automobilística, disse que
"a decisão do
presidente é uma
marcha-a-ré no seu programa
econômico e não resolverá os
problemas da nação". Barney Weeks.
presidente do Conselho da Central
Sindical Americana AFL-CIO , disse
duvidar de sua eficácia. I. W. Abel.
presidente do Sindicato da Indústria
do Aço. considera que se devia "ter
atuado muito antes contra a inflação".
As mesmas dúvidas foram mencionadas até por assessores de Nixon.
George Schultz, secretário do Tesouro,
e John T. Dunlop. diretor do Conselho
do Custo de Vida, disseram repetidas
vezes que congelamento — de preços
e/ou salários — não resolvem nada,
porque não combatem as causas da
inflação.
As medidas propostas por Nixon
foram alvo também de uma saraivada
de críticas em todos os setores da
economia americana, indo desde a
reprovação mais enérgica até o
ceticismo e o desprezo quanto à sua
eficácia. Até uma entidade
tradicionalmente conservadora como a
Câmara de Comércio dos Estados
Unidos não poupou críticas a Nixon,
insinuando que o sistema de preços
livres foi transformado por Nixon em
bode expiatório das falhá*s da política
oficial anti-inflação.
Enquanto as críticas prosseguem,
John Connaly,. ex-secretário do
Tesouro, que se transferiu no começo
do ano do Partido Democrata para o
Republicano, isolou-se no hotel
Mayflower a cinco quarteirões da Casa
Branca, para trabalhar no futuro plano
de Nixon, a ser lançado em agosto e
que deverá aprofundar o esquema hoje
em vigor. Connaly, responsável pelo
congelamento dos preços, acha que a
inflação deve ser tratada com energia
— e como um problema polítrco:
enquanto ela aumenta o caso
Watergate reduz a confiança dos
americanos na administração.
Essa atualização do mosim«rnio
os prosirnos meses Oa
pautará
' .NI ;>.u Ae Perón dr «j* rsiraJfgt.
em conciliar esse promsu interno com
soa proposta dt forjas uma aliança
com os países do Terceiro Mundo
contra a hegemonia dot in*
dusirialtrados depende, em grande
a concretização desse
parte,
"socialismo nacional", até agora
indefinido.
Desafio
Dessa reformulação e da correção de
sua aplicação depende, em grande
parte, a Argentina, para que em
poucos meses não se chegue a uma
situação dc grave dissenção interna. As
diferençav aiirfgem a iodos, aos tontos e
aos apressados, e atualmente para
cada impulso há um freio.
f também dentro desse esquema
que se poderá entender a eventual
reação dos conservadores argentinos,
tanto no setor privado como entre as
Forças Armadas. No momento, o
silüncio é a únicj reação dos conser*
vadores que. em seus meios de
comunicação, limitam-se a se dar
conta das vitórias, sem ouvir nenhuma
opinião abenamente adversa.
Le
Sación é complacente com o aumento
concedido aos trabalhadores (20 mil
pesos, pouco menos de 19 dólares!,
medida que serviu para estimular os
primeiros atritos entre a equipe
econômica e as bases sindicais, visto
que dada a margem de exiguidade do
mesmo (foi aprovada no dia seguinte
uma série de aumentos em serviços
públicos c no item alimentação) toma-'
se totalmente inoperante num pais
onde nos cinco primeiros meses do ano
a inflação foi além de 30%.
A satisfação do La Naciôn k
semelhante à satisfação expressa por
um porta*-» da Casa Branca qut
iimN« anunciou o Nnepláftfo do
governo de Nisoo prevendo uma *-*
Ae prosperidade para a Argentina",
talvez tenha sido uma rtfWsáo
apressada Vtntr e quatro horas mais
tarde anunciava*** a apresentação de
•<'¦projetos de» «4ei referentes á
nacionalização dos depósitos bin*
cários, ao com/rcio eaterfor • à
reforma das normas para o» in»
sMtimcoros estrangeirot.
Nesse sentido, são consideradat
como "nacionais" as empresas que
tenham Wr% de capitais kicais, Até o
ntomento era considerada nacional a
empresa que tivesse 51*&. O mesmo
projeto decreta que não serio ad*
miiidm in.cstimentot estrangeiros em
enjornais, revistas, publicidade,
lidades financeiras e "atividades
relacionadas com a segurança
nacional".
O projeto limita seriamente o envio
dc utilidades para o etterior e propõe
sanções àqueles que "atuarem como
mandatários ocultos a fim de
dissimular o caráter estrangeiro de um
investimento". Foi decretada também
a nacionalização dos depósitos bancários. medida cuja instrumentação
será conhecida dentro de poucos dias.
Estas medidas, juntamente com as
adotadas no campo social, as con*
trapõem ás medidas no campo da
economia, onde a mencionada equipe
econômica parece continuar fun*
cionando através da ótica do
liberalismo, da qual participa o
ministro Gelbard.
Visto dentro do seu contexto global,
o processo argentino, atualmente
caótico e confuso, é um desafio onde
esti vendo jogada o destino de 24
milhões dc argentinos. (Alberto
Carbone)
Franco e Manco,
caudilho e sombra
Pela primeira vez cm 35 anos. o
general Franco aceita renunciar a uma
parte importante dos poderes absolutos que detinha. F. certo que há
anos ele só se limitara a dar seu parecer
e suas ordens sobre os problemas
maiores do Estado, deixando os casos
comuns sob a administração de fato do
almirante Carrero Blanco. vicepresidente do governo desde 1967, e
que foi nomeado primeiro-ministro a 8
de junho.
As pressões da família c dos amigos
foram muito fortes para que o
caudilho, cuja aparência não pára de
definhar sob o peso da velhice, afinal
admitisse, com a idade de 80 anos, que
o começo do fim do seu reinado absoluto tinha chegado. Ele ainda se
reservou uma última oportunidade
explorando ao máximo a extrema
complexidade da Constituição
espanhola. O almirante Blanco foi
nomeado por cinco anos. Mas tudo
poderá voltar atrás se o general
Franco, que continua como Chefe do
Estado, decidir instalar no trono o
príncipe Juan Carlos, que por
enquanto foi simplesmente informado
da nomeação do almirante.
Tudo indica que essa nova fase de
mudanças internas do pós-franquismo
foi claramente preparada pelo
almirante e não surpreendeu ninguém
em Madri. O novo primeiro-ministro,
de 70 anos, é um dos mais fiéis
colaboradores do general Franco desde
1940. Paciente, taciturno, obstinado,
preferindo a sombra e a discrição,
mesmo quando se dignava dar, na
imprensa, seus pontos de vista acerca
das grandes opções do momento, ele
usava um estranho pseudônimo. Mais
do que" ninguém, no círculo dirigente,
ele mereceu o nome de eminência
parda, que aliás cultivou com carinho.
Galgando a vice-presidfncia do
governo em setembro de 1967, depois
da saída do capitão-general Muiioz
Grandes, já naquela ocasião Blanco
incitava o general Franco a designar o
prímajpe Juan Carlos como o sucessor
oficial do caudilho à frente do Estado.
Ele preparou igualmente, em outubro
de 1969, a formação de um governo
coerente, onde os jovens tecnocratas,
tinham as mãos livres para construir a
imagem de uma Espanha em plena
expansão econômica e decididamente
voltada para o mundo exterior.
Alguns ministros inteligentes e
dinâmicos dessa nova equipe, mal
acolhida pela velha guarda falangista,
desejavam favorecer a integração da
Espanha no Mercado Comum, na
expectativa de que a prosperidade
acabaria
por enfraquecer as contradições.
Mas é ilusório construir umaeconomia dinâmica se se recusa
teimosamente a atender, ainda que em
parte, às aspirações naturais e
profundas de uma sociedade nova,
moderna e já europeizada.
Hostil às idéias liberais, ferozmente
apegado, como o caudilho, ao credo
que inspirou a guerra civil, o almirante
Blanco não deixou de responder,
imediatamente, e com a força, aos que
reivindicavam o exercício natural das
liberdades sindicais e políticas. E a
,igreja da Espanha, que empreendeu
sua liberalização, deu uma lição a um
regime preso por estruturas po'íticas
superadas.
No entanto existem aqueles que
acham que o goverrfo ainda é muito
fraco, que a abertura para o Leste é
perigosa c que os tecnocratas não têm
mais nada a dar. A composição do
novo governo indica uma certa perda
de influência dos tecnocratas do Opus
Dei, associação religiosa, nos negócios
internos da Espanha, embora o
ministério das Relações Exteriores
continue com um membro do Opus
Dei, Lsureano López Rodo, que
substitui o chanceler Gregório López
Bravo, responsável pela política de
aproximação com os Estados Unidos e
com o mundo comunista. A presença
de sete falangistas no novo gabinete é
sinal de uma certa reação das forças
políticas mais tradicionais. (Le Monde)
EDtCAO SEMANAL BMttlBRA
/(fcwfy
A irritação
israelense
/Wr^t^T Wr*r &
II o 25 de (unho de If73
*
•oadesnoi»ens
t*»«•.**•»••« ? -o-» «ja
2S% OA POPULAÇÃO AMEAÇADA PIlA FOME
¦'
• i¦Md
cinco anos de seca
<-joto uma prat*. • »«*«• dlrim«*n
3/4 ria «banha b*.»lr«. reais da
metade «ia» rabrrat e «telha» t quaae
a»«galaaaéated>aaaca«»a»ttoéapehi
a montarIa preferida ém «)****dh***.-**
i«j*^t.n»^*»d**»qiieta^lmHir«**e-lt
wbrctlttr c st fitar***» itaa rab«*»*eU
fattlat urbana* qut podem ter
alcançada» pela caridade Intertwiofltd.
alguns as dificuldades
Para
dos habitantes de Air começaram
hi 2(1 an«n. para <»uiros em l%8. mat
todot apontam a metma causa: a teca.
O que torna a situação alarmante é a
contcrgéncia de doit fatores. I'«>r um
lado. a desenificacão de ronat outrora
férteis e o prolongamento do deseno
cm direção ao sul; por outro, a seca
que hi 20 anot tem aumentanto a tua
incidência, tendo-te agravado nos
últimot cinco anot.
Trinta anot atrit. a média de
precipitações em Agades chegava a 164
milímetros num total de 24 dias de
chuva por ano. Desde 1%*) o Índice de
prccipíiaç«*»cs atingiu 86.7 milímetros,
chegando em l*)?0 ao teu mínimo, qu
Fronçoift Monique
teji. '»'•" mitimetrot subindo em IVI
para *0.*» mdlmctros, 0 ndmcrt de
dias de chuva, por sua te/, caiu em
i'•*•'• para M dtat por ano.
Outra estatística demonstra que
Agades nâo tese nesses rnS últimos
anos. ou seja.entrv l%*>c l*)"2. senão
46% das precipitações cm período
normal.
Hi alguns anos Air conseguia se
sustentar bem. No fundo do vale de
Tel» a. de Agadet a Iferouane.
magníficos canteiros bem irrigados e
cheios de palmeiras permitiam o
abastecimento regular da população
com produtos honigranjeiros Batata,
tomate, cebola, pimenta eram
cultivados juntamente com as
lamarcirat que criavam um clima
propicio.
Atualmente tudo mudou. Ot
diversos poços estão tecos, não per*
mhindo mait a irrigação dot canteiros.
K quando não falta água. faltam os bois
utili/ados para acionar o poço. fazendo
II
de ministros *»- rece*
(seu. durante tua reuni**» wmaaal
0<».h»*|Hm
de domina um pequeno comunicado
4a sra ftdda Meir sobre a ttttta do
, ? h.< i !*..•.:>t*- alemá» WiiU Brandt
em Israel A tisiia t*?rmir*»*y «*m dia
dtpols. tetrundadeira II. com uma
cntnrttsta de Brandt com o minitir»» da
(Mesa israelense general Dat an Até
mi*'», Brandi rctthcri o diploma de
d«JUtor boot*rii~-tauxa do Instituto
Wai/man. importante centro dc
ptrsquitas ctcntilkas. fundado pelo
primem» presidente d«» Esi*d»« de
descer ao lundo do solo um recipiente
para retirar dal água
0 rchattamenio do nbel do lençol ! Israel, e situara o rocheti» de Matsada.
d'água o»mpr»»metc o futuro dos
n¦ {-. nante local da htttiVta «Jo ;¦ ¦ »«bomhc*r
A
capacidade
de
palmcirait,
\ lodeu. noc«»raçài»dodeserto da Judéia
a água do subsolo lesa a que centenas
O balançt* da iiagcm estava marcado
de palmeiras sequem e definhem.
para ser *p****«nt.*d«» a«»s mcmbr**s ào
Anualmente, ponanti o uue resta dos
*•- nrmo israelense na reunia** de
canteiros do Air tão palmeiras
«•ntcni. Mas muito antes apareceram
abandonadas c terras incultas. Em
alguns sinais de irritação que ji não se
Timia e Iferouane a situação è a
tenta mais esconder nos meios ofíciait
metma. tubstituindo apenas algumas
de Jerusalém
pouca- culturat dada a estttència de
Nas numerosas declarações que o
'*•/ em discrsas
poçot ainda utilizisett. M«*smo o
chanceler alemão
palmeiral de In Call. famoso tanto por
circunstâncias, não satisfez a seus
tua beleza e por tua qua!ídadc,cncon*
anfítnõcs israelenses. Segundo o diirio
ira-te em sia dc destruição
Dasar. que é bastante ; r tim« dos
Acatá»trtfedel968
Para a pecuiria as dificuldades
tfreram inicio em 1968. antes mesmo
do primeiro ano da teca. Durante o
més de abril chuvas torrenciait
inundaram a região, provocando a
germinação das plantas. O surgimento
continuo na póg>no 13
círculos gmernamentais. o sr. Brandi
nâo pareceu consertado de que ot
israelenses estão prontos a fa/crem at
concetstVs necovims para conteguir
.-. pa/ com seus si/inhos ir abes Foi
este ceticismo do visitante alemão que
o lesou a repetir, em tirias ocasiões,
que procuras a obsenar uma política
de equilíbrio «rstre Israel e o mundo
árabe. Brandt disse também que devia
"a mesma língua" nos doit
falar
campos.
Jerusalém nao esperou o final da
'¦»¦•¦» pètè «rtpfimir •-*- «wedume
quanto a tss«% Um"a alto juPí^oârio
ihub* peitado".
itraeknse tugtrto.
admmr que a
diflcil
fite
parecia
que
Alemanha pudesse *4»u* uma atitude
. »; t-.*(f.'t Wfaicacmreiaçloaot
beligerantes, na medida em "nao
que. no
st
árabes,
aos
respeito
di*
que
rem «le esquecer o assassinado u seis
milhões de seus irmãos"» A
t*rutalidadc desta afirmasio «urprccn*
deu a todos dado o clima amtgisci em
sa «ksenndou a ttagem do sr
randr Mas ela dete ter tttado a
Sue
«aiisfa/er a necessidade sentida em
Jerusalém de frear « procesw. con*
siderado demasiadamente ripido. de
"normaliraçâo" das relações
israe lente«alemàt
Isso fio claro quando se lembra que
o chancekr Brandt reiterou disersat
seres a necessidade de se definir as
relaç<**es entre os dois países, o que
protocou ranger de dentes. Entre o
e a
desejo alemão de normalização
"relações
obter
de
intenção israelense
apresentou a
especiais". Brandt"Relações
normais
vcguinte fórmula;
resetttdat de um caráter especial".
A declaração á imprensa feita pelo
alto funcionirio israelense parece
indicar que em Jerutalém predomina a
recusa em te fazer esta distinção
apenat no plano da teminrica. Parece
também que. se for preriso. as serdades. mesmo as mait desagradaseit.
serão ditas nosamente cada sez que ot
israelenses acharem que isto seja
nee**ssário. O que parece ter sido o cato
desta vez.
ENERGIA, VELOCIDADE E JUSTIÇA SOCIAL
II • O preço do tempo e o monopólio da i
No primeiro artigo deita térle —
Energia. Vctocidade c Justiça Social,
— o
publicado no número anterior
sociólogo Ivan Illich, autor do livro
Uma Sociedade sem Escola, mottra
"crise de energia" e um
que a fórmula
eufemismo, ocultando desperdício e
consumo obrigatório provocado pela
indúatria do transporte. Neate artigo,
ele mostra como o usuário dot transporte» fica preso ás falsas
necessidade* criada* pelo monopólio
radical desta Indústria.
um certo nivel de
energia, a indústria
de
Ultrapassado
consumo
do transporte passa a ditar a configuração do espaço social. Quando os
grandes caminhões atingem uma
aldeia dos Andes, uma parte do
mercado local desaparece. E quando a
escola média chega à vila, através da
estrada asfaltada, um número cada vez
maior de jovens parte para a cidade,
até que não haja mais nem uma família
que não esteja esperando alguém que
está a centenas de quilômetros, mais
perto do litoral.
Pelo seu impacto geográfico, a
indústria molda definitivamente uma
nova espécie de homens: os usuários. 0
usuário vive num mundo que não é o
das pessoas que gozam da autonomia.
O usuário é consciente da
e.xasperadora escassez de tempo
engendrada pelo recurso diário ao
trem. ao carro, ao metrô, ao elevador,
tudo dentro' de um raio de 15
quilômetros. Ele conhece as variantes e
desvios que os privilegiados usam para
escapar ao desespero provocado pela
circulação e ir para onde desejam. O
usuário sabe que está limitado pelos
horários do trem. mas ele vê os
senhores da corte se deslocarem e
viajarem quando e como entendem.
O usuário fica exasperado pela
desigualdade crescente, a falta de
tempo e a sua própria impotência, mas
tolamente ele pie toda a sua esperança
em mais, em \\úox quantidade da
mesma coisa: líiais circulação pela
mesma espécie de.transporte. Espera a
sua salvação de mudanças de ordem
técnica que afetariam a concepção dos
veículos, das estradas, ou a organi/aão
da circulação: ou então ele espera uma
revolução que transfira a propriedade
dos veículos para a coletividade e.
através de taxação dos salários, possa
manter uma rede de transportes
gratuitos. Ele mede o custo da
operação que consiste em substituir a
utilização privada dos veículos por um
tipo de transporte público que permitisse um deslocamento mais rápido.
A noite, o usuário sonha. Sonha
com anéis rodoviários gigantescos,
trevos, viadutos e desvios prodigiosos,
titânicas vias múltiplas animadas pelo
lluxo incessante de milhares de
veículos. Sonha com elevadores
deslizando entre camadas vibrantes de
energia cinética estratificada. Sonha
com o dia em que. jogado por propulsáo
de uma rede de trânsito para a outra,
programado para encontrar seus
semelhantes, ele será definitivamente
assumido pelos serviços especiais da
rede de transportes.
O credo do usuário
O usuário não tem controle sobre a
demência inerenteaosistemade trânsito
fundado sobre o transporte. Sua
percepção natural do espaço/tempo foi
objeto de uma distorção industrial. Ele
perdeu o poder de se considerar outra
coisa que não seja usuário. Intoxicado
pelo transporte, perdeu a consciência
dos poderes tísicos, sociais e psíquicos
de que o homem dispõe graças aos seus
pés. O usuário toma por um território o
que é apenas uma paisagem já gasta.
Ele não sabe mais marcar o espace dos
seus domínios com as suas pegadas
nem encontrar outra pessoa na
estrada. O usuário já náo acredita que
pode encontrar alguém: e também não
acredita que pode ficar sozinho entre
quatro paredes.
Eis o seu credo: I — creio no
desenvolvimento conjugado do poder
2 —
político e da rede de transportes;
creio que só há uma liberdade de
locomover-se, a de ser transportado; 3
— creio que não há outra democracia
senão o controle democrático do
tráfego dos transportes e da
comunicação à distância sob todas as
Ivan Illich
suas formas. E eis a sua declaração de
direitos: o direito do usuário a uma
melhor maneira de locomover-se é o
direito de um cliente a um melhor
serviço.Ê melhor comprar um produto
melhor do que deixar de ter
necessidade do produto. Muito pelo
contrário: é urgente que o usuário
tome consciência de que. quando ele
pede que o processo se acelere,
precipita a irreversível corrupção da
equidade, do tempo livre e da
autonomia pessoal. O progresso com o
qual ele sonha é apenas destruição
mais completa e acabada.
Em toda sociedade onde o tempo é
pago. a equidade e a velocidade de
locomoção tendem a variar em
proporção inversa uma à outra. Os
ricos são os que podem se locomover
mais. ir onde bem entendem, parar
onde querem. Com efeito, a velocidade
é demasiado cara para ser realmente
partilhada: todo aumento da
velocidade de um veículo acarreta um
aumento correspondente do consumo
de energia necessário à propulsão desse
veículo por cada quilômetro percorrido, mas há também no caso um
aumento proporcional do espaço
necessário a cada usuário em
movimento. É assim que os americanos
precisam, para os seus próprios
movimentos e para os das suas mercadorias, uma soma de energia
superior à totalidade da energia de que
dispõem, para todos os seus fins úteis,
ti índia e a China juntas.
Ora, quando a energia necessária ao
usuário ultrapassa um certo limite, o
tempo de alguns passa a custar muito
caro enquanto se deprecia o tempo da
maioria dos outros. Em Bombaim, uns
poucos veículos automotores bastam
para atrapalhar a circulação de
milhares de bicicletas e de carrocinhas
e para reduzir a sua velocidade: mas
um desses raros automobilistas pode.
em apenas uma manhã, ir a uma
capital de província, trajeto que. há
duas gerações, levaria uma semana
inteira.
O que é verdade a respeito da índia,
que tem uma renda per capita de Ob
dólares, é também a respeito de
Boston, onde o trânsito se tornou mais
lento d«) que no tempo dos carros
puxados a cavalo. Mas uma minoria de
habitantes de Boston pode tomar um
avião para um simples almoço em
Nova York. Com efeito a demanda de
circulação cresce mais rapidamente do
que os meios de satisfazê-la. Depois de
um certo limiar, a produção da indústria do transporte custa à sociedade
mais tempo do que pode poupar-lhe. A
utilidade marginal de um aumento de
velocidade, acessível a um pequeno
número de pessoas, tem como preço
uma diminuição crescente da utilidade
da velocidade para a maioria.
ê assim que. ultrapassado esse
limiar crítico, ninguém pode ganhar
tempo sem que necessariamente faça
alguém perder tempo.
O fato das pessoas se deslocarem em
massa, a mais de 20 quilômetros por
hora. data de apenas um século. As
primeiras estradas de ferro eram
lentas. Afetavam consideravelmente a
paisagem humana mas não instituíram
nenhuma discriminação espetacular.
Pouco a pouco, elas libertaram o
operário do horizonte estreito da
cidade operária, criando o conceito de
usuário. Contribuíram assim também
para desenvolver as favelas urbanas
mas. no começo, o transporte em si não
suscitava privilégios. No máximo, os
privilégios estabelecidos se viam
confirmados pela criação de uma
"primeira classe-'. Vinte anos depois, a
velocidade já se tinha tornado o grande
fator de discriminação. No fim do
século passado, o expresso mais caro já
andava três vezes mais depressa do que
o trem comum.
Mais 20 anos e o homem da rua
começava a ser o seu próprio
motorista: o ganho de todos em
velocidade tornava-se a base de
privilégios mais custosos reservados a
novas elites. O avião, o automóvel de
aluguel, a livre escolha do local de
trabalho e de residência e. pri-ncipalmente. o condicionamento desses
produtos proporcionam essa vantagem
marginal que tenta pela sua raridade.
seu custo e a discriminação
que
subentende. A velocidade apróxima as zonas de escritórios, os
espaços residenciais e as estações
turísticas de luxo dentro da órbita de
sonho da comunicação televisionada,
protegendú-as dos olhares indiscretos.
Cria-se uma hierarquia dos destinos
acessíveis segundo a velocidade que se
é capaz de atingir, e cada categoria de
classe
uma
destino define
correspondente de usuários. Além
disso, cada nova rede traz como efeito
a degradação das redes de menor
velocidade. Aqueles que só podem
contar com o seu próprio corpo para se
deslocar são considerados como
marginais ou doentes. Dize-me a que
velocidade andas e te direi quem és
"dize-me
(adaptação do provérbio:
com quem andas e te direi quem és").
De meio século para cá o automóvel
tornou-se o símbolo do sucesso social,
da mesma maneira que os diplomas
são sinais de seleção social. Em toda
parte em que a indústria do transporte
fez com que os seus passageiros
transpusessem um limiar críticos de
velocidade, ela cravou diferenças
sociais, realçando um pequeno número
para esmagar ainda mais um número
bem maior.
Em todos os níveis, o cúmulo do poder produz a sua própria justificação, é
assim que uma pessoa é justificada por
consumir fundos públicos que
'"quantidade" anual das
aumentam a
suas viagens, pela soma de fundos
públicos já consagrada a aumentar a
duração da sua escolaridade. Pelo fato
dessa pessoa capitalizar o saber, seu
valor potencial como ferramenta de
produção intensiva lhe assegura o
direito de capitalizar a estrada e o céu.
Fatores de ordem ideológica podem
também abrir ou fechar o acesso a um
avião, a um automóvel de representação. a servir para racionar uma
mercadoria de luxo. adquirida no
entanto graças ao dinheiro do Estado,
isto éjcom o dinheiro e o trabalho de
toda a coletividade. Se é verdade que a
linha justa de Mao precisa agora de
aviões a jato para se espalhar pela
continua na página
12
12
II - O preço do tempo e o monopólio da indústria
coA<it»woçdo do pOQ.no 11
China, hno só pode tifnifkar o
surgimento de um espaço'tempo
próprio dos quadros e dtferente do
espaço tempo da» massas. A supressão
dos nivcis de velocidade intermediários
na China cenamenie tornou a concen*
traçio do poder mais eficiente c mais
racional, Nem por tato ela deixa de
fri»ar que o tempo do homem que »e
deixa transportar por seu búfalo vale
muito menos do que o tempo do
homem que sa fax transponar por um
jato. A velocidade concentra a energia
e o poder sob o assento de alguns e
compensa a massa dos outros, que tem
cada v« menos tempo, insinuando
ndes o sentimento de estarem no fim
da (Ba.
Num pjano mais geral, a
argumentação em favor da etisténda
de minorias privilegiadas numa
sociedade indu»trial tem uma dupla
face: a situação privilegiada seria um
fator de impulso da situação global ou
o reverso de uma carência. Já se viu
que a existência de transportes
especiais de grande velocidade,
reservados a uma minoria de pessoa».
nâo determina,
a longo prazo,
nenhum efeito de nivelamento ma», ao
contrário, cria uma necessidade
maciça de transpones motorizados e
toma daro que não se pode. ao mesmo
tempo, buscar a equidade e consumir a
energia em altas doses.
Das informações que reunimos
resulta que. em toda parte do mundo,
quando a velocidade de certos veículos
ultrapassou o limiar dos 20
quilômetros por hora. a escass** de
innpa ligada ao desenvol»imenio do
iranvpone começou a crescer, Depot»
que a indústria atingiu esse brotar
critico de produção por cabeça, o
tran»pone ter da rtoroem o fantasma
iue conl-<cemos: um ausente t]ue se
,*sforça diariamente por atingir um
destino que é inacessível através
unicamente do» seu» meio» iHteo»
Atualmente as pessoas trabalham uma
boa pane do dia para pagar os
deslocamentos necessários para
chegarem ao «eu trabalho. O tempo
dedicado ao transpone cresce, numa
sociedade, em funçio da velocidade
do» tramportes públicos em período de
rusk
O Japão está á frente dos Estados
Unidos nos dois domínios. O tempo
vital, sorrateiramenie comido pda
àrcutaçào. o homem deslocado, a
distorção do espaço, tudo isso é obra de
veículos superpo»»antes. Que a
máquina seja pública ou particular nlo
muda grande coita: ultrapassar um
novo limiar de velocidade significa
renunciar a outra fração de tempo
lote. aceitar uma maior quantidade de
atividade programada. Re»ta*nos
ainda mostrar que o estabelecimento
de redes de circulação eficientes, justas
e sadias depende da tomada de cons*
ciência política dos níveis que não se
deve ultrapassar.
Luta produtha
Quando se fala em teto de
velocidadea nâo ser ultrapassado, devese distinguir entre dreulação. trans-
parta • trimíto. Por etnideeão eu
ileugno todo movimento de pessoa» de
um lugar para outro; chamo de irenüio
os movimentos que empregam a
energia meiàbèltca lenergia transfor*
mada pelo corpo humano, ou seja 2 md
calunav por dia. das quais 1$** podem
ver con «grada» ao» nsosimentos do
corpo com »i»ta a uma tarefa deter*
mtoada'; e chamo de transpone os
movimentos que recorrem a outra»
fontes de energia. Uma ver que o
animal t o companheiro de fome e o
<w a vdeulo do hornem num mundo
vuperpovoado. »lo os motores que
engendram, de maneira inumana, o
mtmmeMo da humanidade.
Nessa perspectiva, o trantpone
aparece como o modo de circulação
baseado sobre uma utilização intensiva
de capital, e o trânsito aparece como o
modo dc circulação baseado »ebrc um
recurso intensivo ao trabalho do corpo.
O transpone é um produto da in*
dústria. o que o trán»ito nlo é. Eu
devigno como usuários os clientes dessa
indústria. O transpone é um bem
dotado de um valor de troca, sub*
metido á raridade por definição: um
ganha o que o ouiro perde. O trânsito é
um bem dotado por definição de um
valor de uso para o viajante, não
precisando ser acrescido de nenhum
valor de troca. Há escassez de trânsito
quando se nega is
pessoas a
possibilidade de utilizarem sua
capacidade natural de mover-se e não
quando se lhes nega máquinas de
propulsão. Qualquer progresso no
. trânsito de um membro da coletividade
melhora a sorte de conjunto. Assim, a
luta para aperfeiçoar o trfittito toma a
(tema de uma operação em que
finatmerue i»*4o mundo sai ganhando
Os males da circulação contem'
porlnea sio devido» ao nsonopôlio
cscrctdo pela indústria des trampor.
•<¦•¦ A circulação mecânica nio tem
aperta» um efeito de destruição sobre o
meto*ambienie tísico, ela também cava
rm»o» »ociais. determina dkfunçoe»
econômicas e frustrações p»(quicas. f
essa a amarga »itôria que o tran»pone.
baseado numa uiiliraçio industrial
tnicnstva do capital, ganhou sobre o
trânsito, baseado na uiiliraçio in*
divsdual do trabalho do corpo.
MoiMpôloradkal
Toda a sodedade que torna a
velocidade obrigatória arruina, o
trinsito em provdto do transpone
motorizado. Por toda pane onde nlo
semente o exercício de privilégios ma»
a própria sathfaçlo das necessidades
mais elementares estão ligados ao
emprego de veículos superpossanies
produ/*se uma aceleração involuntária
dos ritmos pessoais. A indústria tem o
monopólio da circulação quando a vida
de cada dia passa a depender de
deslocamentos motorizados.
Por seu caráter dissimulado, por seu
entricheiramento em posições
escondidas, por seu poder de
estruturar a sociedade, esse monopólio
me parece radical : ele satisfaz de
maneira industrial uma necessidade
dementar, até então objeto de uma
resposta pessoal. O consumo
obrigatório de um bem de troca (o
transpone motorizado) restringe as
«jndKÒes de goro de um valor de uto
»iaserabundanictacapacidade inata de
tramito),
A circulação nos «erse de exemplo
aqui para formular uma lá econômica
ueral: uuando um produto excede um
ceno nhel de con»umo dc energia por
cabeça, ek exerce um monopàbo
radical tobre a satisfação de uma
necessidade Esse monopólio t ms*
tituido pda adaptação da sociedade
a* objetivos daqueles que consomem o
maior lotai de quantia de energia, e é
i*cforçado pela obrigação impoua a
todos de consumirem o quantum
mínimo «em o qual a máquina nlo
poderia funcionar. O limiar critico de
produção dc quema dc energia pode
não ser o mesmo de um produio para
outro, mas é determinásd para cada
fjrande classe de produtos.
Momento de condulr
f tempo de tomar consriência de
que existe, no domínio dos transpones.
limiares de velocidade que nlo devem
ser ultrapassados. Do contrário, nào
apena» o mcio-ambiente tísico con*
tinuará a ser saqueado mas também o
corpo social continuará a ser ameaçado
pela multiplicação dos fossos sodais
nele cavados e a ser minado
diariamente pela usura do tempo dos
indivíduos. A partir desses dados, é
fádl medir a degradação da circulação
numa determinada sociedade: basta
estabelecer a relação da velocidade
motorizada (do deslocamento) com a
velocidade metabólica (do trânsito). A
conclusão se impõe por si mesma.
III - As virtudes da bicicleta
que a pesquisa se onenta
Porpara cada vez mais transporte, e
mais depressa, em vez de determinar as
vcloddades de circulação que podem
ser consideradas ótimas? Para isso há
duas razões: por um lado. a ordem de
grandeza dessas velocidades, por
outro, o método a ser empregado para
a sua determinação.
Uma velocidade ótima de transpone
poderá parecer arbitrária ou
autoritária ao usuário, enquanto aos
olhos do cavaleiro ou do delista
parecerá tão rápida como o vôo da
águia. Quatro ou seis vezes a
velocidade de um homem a pé é um
.nível demasiado baixo para ser tomado
em consideração pelo usuário, e
demasiado elevado para representar
um'limite possível para os três quartos
da humanidade que ainda se deslocam
por si mesmos.
Idéia estranha
O conselheiro para o desenvolvimento. do alto do seu jipe. fica com pena do
camponês peruano que está levando
seus porcos ao mercado, recusando-se
assim a reconhecer as vantagens
relativas de se andar a. pé. Mas ele
tende a esquecer que, indo ao mercado,
esse peruano dispensa dez outros
homens da sua aldeia de fazerem a
mesma coisa e de perderem seu tempo
nos caminhos, enquanto o conselheiro
e todos os membros da sua família.
cada um separadamente, precisam
estar sempre correndo pelas estradas.
Para esse espírito, acostumado a
conceber a mobilidade humana em
termos de progresso indefinido, não
poderia haver uma taxa ótima de
circulação, mas unicamente uma
num
unanimidade passageira
determinado es: ágio de desenvolvimento técnico.
instaurar um limite de velocidade é
ameaçar o homem intoxtcadò pelo
consumo de altas doses de energia
industrial e proibir a maioria da
humanidade de gozar de urn bem do
qual ainda não gozou.
Ha outro obstáculo aind.? mais
evidente para essa determinação das
velocidades ótimas. O usuário foi
a crer que somente um
condicionado
,
especialista pode compreender por que
o seu trem de subúrbio pane às8hl5m
c ás 8h4lm. e por que convém empregar essa ou aquela mistura no
carburador. A idéia de que. por um
processo político, se possa redescobrir
uma ordem de grandeza natural da
qual não se possa esquivar e tendo
valor de limite, tal idéia permanece
estranha ao mundo das verdades do
usuário.
bidcleta. que ele conservará durante
muito tempo, do que um americano
para a compra de um carro que
brevemente estará no ferro-velho. Os
equipamentos públicos necessários
para as bicicletas custam propordonalmcnte mais barato do que para
os carros.
Eficiência esquecida
Por exemplo: Não são necessárias
estradas asfaltadas nas zonas de
circulação densa, e as pessoas que
moram longe da estrada não estão
isoladas como estariam se dependessem dos ônibus. A bidcleta alarga
o raio de ação pessoal do homem sem
limitar o seu andar. Quando ele não
pode andar na sua bidcleta, empurra-a
com as mãos. Beneficiário de um
conforto que não faz distinção de
classes, ele pode até carregar outra
pessoa no quadro ou no portabagagem. Um delista pode atingir
novos destinos de sua livre escolha sem
que o seu instrumento de transporte
crie distâncias proibindo-lhe ao mesmo
tempo de atingi-las.
Pode-se dizer de certa maneira que a
bicicleta duplica o raio de ação do
homem mas eleva ao quadrado suas
possibilidades. Além disso, ela produz
velocidade sem tomar espaço.
Á bicicleta e o veículo a motor foram
inventados pela mesma geração, mas
são os símbolos de dois usos opostos do
avanço moderno. A bicicleta permite a
cada um controlar o emprego da sua
energia metabólica; o veículo a motor
rivaliza com essa energia.
O respeito dos especialistas que não
se conhece se transforma numa
submissão cega. Se se pudesse resolver
de maneira política os problemas
criados pelos especialistas no campo da
circulação, então seria possível aplicar
o mesmo tratamento às questões de
educação, de saúde ou de urbanismo.
Se assembléias representando a
população determinassem, para todos
os fins úteis e sem a ajuda de
especialistas, os limiares críticos de
velocidade, então seria abalada a
própria base do sistema político sobre
o qual estão construídas as sociedades
industriais.
O homem pode se deslocar
eficientemente sem a ajuda de nenhum
objeto. O transporte de cada grama do
seu próprio corpo, num quilômetro
percorrido em dez minutos, lhe custa
0,75 caloria. O homem é uma máquina
termo-dinâmica mais rentável do que
qualquer veículo motorizado e mais
eficiente do que a maioria dos animais.
é assim que ele se estabeleceu no
mundo e fez. a sua história. Com essa
taxa de rendimento, os camponeses e
os nômades consagram respectivamente menos de 5% e menos de 10% de
tempo social para circular fora de sua
casa ou de seu acampamento.
Energia utilizada
há um século apareceu
Mas
á bicicleta. Ela fez corr. que o
movimento do corpo atingisse um
último limiar, que é também o seu
limite, pois ela constitui um
maravilhoso instrumento que tira
perfeitamente partido da energia
metabólica para acelerar a locomoção.
Além disso, uma bicicleta não custa
caro. Apesar do seu baixo salário, um
chinês emprega menos horas de
trabalho para a compra de uma
Um outro limite
Somente um processo político
ao qual a população seja associada
pode permitir descobrir se o avanço
técnico leva a uma prisão dourada ou
abre novos horizontes.
Distinção necessária
Os homens nascem dotados de uma
mobilidade mais ou rn^nos igual. Essa
capacidade inata de deslocamento
pede urna igual liberdade na escolha
do destino. A noção de equidade pode
servir de base para defender de
qualquer diminuição esse direito
fundamental. Numa tal perspectiva,
pouco importa saber o que ameaça o
livre exercido desse direito: prisão,
proibição de sair de um pais. ou prisão
dentro de um ambiente que atenta
contra a mobilidade natural da pessoa,
com o único objetivo de transformá-la
em usuário. O falo dc nossos contemporáneos estarem, na sua maior parte,
amarrados à sua cadeira por um cinto
dc segurança ideológico não basta para
tornar caduco o direito fundamental à
liberdade de movimento. O movimento
humano é a única medida-padrão pela
qual podemos medir a contribuição do
transporte à circulação. Falta
sublinhar a distinção entre as formas
de transporte que mutilam o direito ao
movimento e as que alargam esse
direito.
Relações
O transporte pode entravar a circulação de três maneiras: quebrando o
seu fluxo, isolando categorias
hierarquizadas de destinos e
aumentando a perda de tempo ligada à
dreulação. Já se viu que a chave das
relações entre o transporte e a circulação é a velocidade do veículo. Viuse também que, ultrapassado determinado limiar de velocidade, o
transporte afeta a circulação de três
maneiras: entravando, com a
saturação de vias e de veículos, um
meio físico desfigurado; transformam
do o território num emaranhado de
circuitos fechados e estanques; e
finalmente roubando ao indivíduo o
tempo dc viver para dá-lo como
aumento à velocidade.
Funções opostas
O inverso também é evidente: dentro
d* certos limites de velocidade, os
veículos a motor podem ser para a
circulação um fator de ajuda ou de
melhoria, quando permitem a
realização de tarefas fora do alcance do
pedestre ou do ciclista. Esses veículos
podem, por exemplo, transportar os
doentes, os velhos e os preguiçosos, e
fazer isso na mesma estrada ou rua
empregada pelos ciclistas. A
coexistência de veículos a motor e de
veículos que dependem apenas da
energia humana será pacífica se os
últimos tiverem absoluta precedência.
O teleférico pode transportar as
pessoas aos cumes dos montes contanto que não atrapalhe os alpinistas cm
suas escaladas. Os trens podem alargar
o domínio do viajante sem exigir o
tempo do sedentário, mas sob a
condição dc ir a uma velocidade cm
que o tempo da viagem fique à medida
do viajante. A indústria pode ter a sua
parte na produção global, mas sob a
condição de conservar um papel
subsidiário cm relação à produtividade
de cada um. melhorada (como pode
ser) pela bicicleta e por outros instrumentos de técnica avançada mas
que consomem pouca energia.
Esse movimento inato do homem
nos servirá de critério de distinção
entre os países subdesenvolvidos do
ponto de vista da indústria do transporte e aqueles onde essa indústria é
superdesenvolvida a ponto de ter
efeitos sociais destruidores.
Questão de prioridade
Sob esse aspecto, um país é
subequipado quando não pode fornecer uma bicicleta a todos os compradores eventuais, possibilidade de
boa velocidade a quem transporta
outra pessoa na sua bicicleta, transportes públicos gratuitos às pessoas
que precisam se deslocar para mais
longe. Não há nenhum motivo técnico
ou econômico para se tolerar, em
qualquer lugar que seja, em 1975, a
manutenção de um tal atraso devido ao
subequipamento. Seria inadmissível
que as pessoas sejam limitadas em sua
mobilidade e nao atinjam a idade da
bicicleta.
Um país pode ser considerado
süperindustrializado quando a sua
vida social é dominada pela indústria
do transporte, que determina os
privilégios de classe, acentua a escassez
de tempo, amarra mais estreitamente
as pessoas às redes construídas por ela.
Somente a comunidade deve decidir a
respeito do limiar preciso do máximo
de energia por cabeça além do qual
algum desses efeitos se torna intolerável. Mas uma coisa é bem clara: a
• energia limpa ou as- novas invenções
técnicas são insuficientes para
continua na página 13
13
(«MtrssMKSe éa ***** ao 'ode
despertar a v*c«KÍfn*mc*>Jti*afr^o
fato <k csat o Itmur criti» s* foi
ultrapassado, essa tarefa depende da
amem dada pala própna oslttiridadt
ás disfinvâe» ge^átVa» t tociaif
provocadas ptla indostria dot trans*
portts°
Tendo investido o seu dwheire nessa
organiiaçio dos transporits. a
ssciedade se deita prender numa falsa
lógica dc reniaMBdade « procura
desesperadamente. por uma servidão
voluntária, recuperar o que ela supõe
serem oi teus jura.
Entre o subequipamcnto a
snpcrmdustriahfaçao há lugar para
ura mundo pás-induttnal eficiente em
que o modo industrial dc producio
complete a producio social tem
m«»rwp»»li/i Ia Há lugar, em outras
palavras, para um mundo de
maturidade tecnológica. Para a dr*
culaçâo. é o mundo dot homens que
aumentaram seu rato de ação diário
cm uns 10 quilômetros pedalando suas
bicicletas, f. também o mundo
correspondente aos sistemas
motorizados dc avançar mais: nas
distâncias médias, ji muito longas
para a bicicleta, elas transportam
melhor sem prejudicar a equidade nem
a liberdade. £ igualmente o mundo das
viagens a grande distância, um mundo
aberto no qual todos os lugares sio
acessíveis a todos os homens, â sua
vontade, â sua própria velocidade, sem
pressa nem medo. por meio de veículos
que atravessam o espaço sem ferir a
sua integridade.
Do ponto em que estamos, dois
caminhos conduzem a essa maturidade
tecnológica: um passa pela liberação
da abundância, o outro pela liberação
da falta. Eles chegam ao mesmo
destino, isto é. a uma remodelação do
espaço social dc maneira a proporcionar a cada um. ininterruptamente, a
experiência de que o centro do mundo
c exatamente ali debaixo dos seus pés.
A circulação da abundância lesa
atualmente os indivíduos de uma a
outra ilha dc circulação e lhes oferece
como meio social companheiros de
estrada que vão cada um para lugar
diferente. O começo da libertação
dessa solidão da abundância é visível
nas ilhas dc supercirculação. onde os
abastados se encontram agora face a
face. A medida que se estendem essas
ilhas, se as pessoas recuperarem sua
capacidade inata dc mover-se em seu
meio vital, os meios sociais ainda
poderão conhecer um desenvolvimento
conjugado em harmonia. Os usuários
quebrarão as cadeias do transporte
superpossante quando recomeçarem a
amar como um território sua ilha de
circulação e a temer afastar-se dela
freqüentemente.
A liberação em relação à falta nasce,
pelo contrário, quando o cerco da vila
pelo vale é quebrado, quando cessa a
solidão imposta pelo enjôo de um
horizonte estreito e pela opressão de
um meio reduzido. Estender o raio de
ação da vida diária para além do
círculo das tradições sem se deixar cair
na armadilha da velocidade é um
objetivo que todo país pobre poderia
atingir em alguns anos. Mas só se pode
chegar a isso rejeitando a idéia-mestra
do desenvolvimento industrial apoiado
na ideologia do crescimento indefinido
Oa energia.
Só nos libertaremos dessa dependência em relação ao monopólio
radical da indústria sob a condição de,
por um processo político, darmos
prioridade à defesa do modo de circulação pessoal.
Uma análise concreta da
circulação pode conduzir assim ricos e
pobres à tomada de consciência da
realidade subjacente à crise de energia:
a produção de quanta de energia
multiplicados è condicionados à escala
da indústria tem. sobre o meio social,
efeitos de usura e de
dependência, embora esses efeitos
entrem em jogo antes mesmo das
ameaças de esgotamento dos recursos
naturais, de poluição do meio-ambiente e de extinção da raça se tornarem
realidade.
Nota — No primeiro artigo desta série,
Energia, Velocidade e Justiça Social,
n.°32. página 1.4, 3." coluna, segundo
"Os ecologistas têm
parágrafo, leia-se:
razão quando afirmam que toda
energia não metabólicp é poluidora".
Niger: cinco anos de seca
continuatAo da paa**o 11
oa pastos abundantes t sardejanttt em
plena citação teca foi a causa Oa
catástrofe mtt sc seguiu, O capim
ree^m nascido fot todo derrubado peto
santo c queimado pelo sol. Além de sc
tornar inotil para a alimentação do
gado o capim nio voltou a crescer na
estação umrda, Dessa forma, o gado
privado dc capim numa época cm que
etc I indispensável â sua tobrcsnéneta.
após vários metes de intensa teca.
começou a enfraquecer. Na estação
seca que ta seguiu, em março de l%9.
tudo aconteceu como se nio tivesse
havido uma cstaçio ámida. I entio. o
gado foi nsorrendo.
Alguns dados podem dar uma tdésa
das perdas sofridas: J/4 de bovinos.
2/3 de cabras, carneiros e atnos.
metade dos cavalos e 1/5 dos camelos
morreram na catástrofe c suas carcaças
ressequidas ficaram estiradas ao lado
dos poços e ao longo das estradas.
Depois de quatro anos muito
desfavoráveis, de l%9 a 1972. os
pastos eram quase inexistentes. A
diminuição do número de animais e a
queda de produtividade dos que
restaram não chegaram a levar ao
desespero os criadores que. até o mês
de outubro, tentaram reconstruir, de
vale em vale. seus rebanhos.
Os serviços da República de Niger
ligados â pecuária previam para o ano
de 1972 uma rcconsrituiçío. pelo
menos parcial, do rebanho, pois os
bezerros que sobreviveram â crise de
1968 ji seriam
então bois. A
reprodução do rebanho dando-se em
condições precárias lesou a que 80%
dos bezerros nascidos entre abril e
junho de 1972 morressem. Desse modo
espera-se que a reconstituição do
rebanho se dé apenas cm 1978. Para
isso, no entanto, é necessário que haja
estações normais de chuva para
renovar os pastos.
A extrema miséria em que se encontra a população de Air — 80 mil
habitantes, em sua maioria nômades
— constitui uma responsabilidade
cada vez mais pesada para as
autoridades de Niger que têm que se
preocupar também com outras regiões
mais povoadas e que atravessam
igualmente um período difícil-. £ o caso
de Diffa. à beira do lago Tchad ou o de
Tahoua, no outro extremo do país. na
fronteira com o Mali.
O governo de Niamey, no entanto, já
providenciou para que todos os
recursos disponíveis sejam mobilizados
para auxiliar as populações vitimadas.
Várias medidas foram tomadas para
suprir a carência alimentar que já se
torna aguda.
Como uma primeira medida lançou
se uma campanha de solidarsedade que
fot difundida por to4a o pais Essa
campanha que começjou antes mesmo
que o resto do mundo itteste tomadu
tontscctrnento da struaçlo do pais jé
conseguiu recolher cerra de 1 milhas
dc francos francetet tapro*
timidamente 4.5 roílMes de cru*
atbosX
O segundo passo dado pelo govertro
foi a fítaçjb autoritária do preço de
venda de certos gêneros básicos *«
francos
para o mimo sorgo ao invés de
675 e i mil francos para o milho
comum, ao bises de 2200. que era o
preço anterior. O governo espera, cora
ttso. deter a aha dos preços.
No entanto, um pais pobre por
natureza como o Niger nio poderá
enfrentar sozinho uma catástrofe tio
grande como essa que atinge
aproximadamente um milhio de
habitantes, ou seja. 1/4 da população
total. Terá que contar,
necessariamente, com a ajuda dos
países amigos, de instituições inter»
nacionais e organizações de caridade.
A ajuda alimentar prometida pdo
exterior parece ser suficiente em
termos globais e em grande quantidade
para enfrentar a estação seca. Cerca de
81 mil toneladas de gêneros alimemicios. entre os quais milho, arroz,
farinha de trigo e outros, é o suficiente
para satbfazer a necessidade da
população por vários meses. O
Canadá, a Alemanha, a Nigéria, a
França. Argélia e os Estados Unidos
prometeram/: alguns até já enviaram,
uma substancial ajuda alimentar.
Outros, como a Arábia Saudita,
por exemplo, concorrem com ajuda
financeira. As organizações internacionais, por sua vez. vêm associando
em grande número ao movimento de
solidariedade. O programa Alimentar
Mundial das Nações Unidas — PAM
—
que tem um orçamento de 10
milhões de dólares anuais para ajudas
de urgência, dedicará 80% desse
montante aos países afetados pela seca.
O Niger receberá 1.8 milhão de dólares
c Agades ficará com 1/3 dessa ajuda.
Ouanto ao Air, o programa prevê
uma ajuda sob forma de 3 mil
toneladas de víveres que serão
distribuídos gratuitamente ou de
baixos preços. Com isso calcula-se
fornecer mais de 50 mil rações
alimentara de 400 gramas por pessoas
durante 150 dias. A FED. a Cruz
Vermelha e a Caritas Internacional
contribuíram também com uma
considerável ajuda.
As dificuldades para encaminhar
issas ajudas são grandes. Das 81 mil
toneladas prometidas apenas 30 mil
chegaram a seu destino. Dessas 30 mil
ttMiJadit quase a metade, ou seja. 14
ml. ferara cassadas priot Estado*
Umdot tendo a FE© cittiado 7 ml
toneladas an toses dat 15 ml
f. difktl socorre? um palt tnieriorano
como o Niger- Mesmo dentro do pais a
precariedade dot trantportet dat
curadas prejudica a distribuição
destas ajudas.
A França emprestou doisivtSes ao
Slifcr. e as companhtas L*TA e África
pensam em estabelecer uma ponte
aérea entre ot pabet doadores c at
zonas sinistradas» A UTA colocou á
dttpotiçio dos órgios francetet
transportes de urgência para os paltcs
interessados c organiiou plano de
transporte que entrou em vigor a 21 de
mato, Tanto a França quanto at
companhias aéreas te deram conta das
dificuldades em atender o Niger,
inclusive devido â grande extensio de
seu território.
Sendo alto o custo dos transportes
por causa das grandes distâncias dos
trajetos, a FED e a PAM ajudam a
financiar o transporte interno ou fazem
das mesmas o transporte dos gêneros
E o caso da Argélia que por fazerlimite
cora o Niger pôde encaminhar tua
ajuda atrases do Saara utilizando*sc de
42 caminhões, dot quais 14 para o
Niger. 14 para o MaJi e 14 para a
Mauritânia.
Outro sistema adotado é vender a
baixos preços os gêneros fornecidos. A
renda obtida com essa venda é. então,
utilizada para cobrir o custo do
transporte, ou seja. o próprio con*
sumidor financia parte desse custo, o
que nio é muito vantajoso devido ao
baixo poder aquisitivo das populações.
£ isso. no entanto, que explica por
que uma parte da ajuda é distribuída
gratuitamente e outra é vendida. Das
30 mil toneladas até hoje distribuídas,
apenas 4.300 foram gratuitas, sendo
que Agades recebeu 1.300 dessas
toneladas.
Um esforço nadorul
Essas ajudas em bens alimentícios
chegam aos portos da costa, a Cotonou
ou Lagos e têm que ser reunidas para
se fazer uma distribuição racional. £
nessa etapa que intervém o
Departamento dos Produtos Minerais do Niger. Tentando dissuadir
os especuladores de lucrar com a seca,
esse órgão propôs ao governo um
programa de distribuição que
estabeleceu a ordem de prioridades e
canaliza a ajuda para as zonas mais
afetadas. Esse Escritório funciona
como o centralizador da ajuda, sendo
também seu distribuidor. £ dessa
segunda etapa, a distribuição, que
depende o êxito ou fracasso da
assistência às populações. O que é
.difícil ne<se sentido é atingir as
populações nonsades tradictonannejtta
espalhadas entre ot poucos oáttt No.
A«r foram ertadot 44 centra de
di«ributçáo. tendo muitos delet na
cidade de Agades. Etet ttm conto
funcio distribuir diariamente af
rações de sberes A diurmurçio I
íctia diariamente pois du contrário a
eficácia da operacio ficaria cera*
prometida devtdo â notória tm*
pretdencia dot habitantes da rtftio.
Essa diunbuiçâo é uma operação
romplexa. c os estudantes do primário
e secundário sâo mobilizados a fim de
manter em dias ot cadernos de
distribuição A raçio alimcotar
consiste em 200 gramas de ar.oz por
dia, e 500 de milho miúdo de sorgo e
''*'
de milho comum em dias alter*
nados, sendo que diariamente te
fornece um litro de leite por pessoa.
A distribuição é fdta por família.
Cada qual possui um cartão que pode
ser renovado caso o chefe da família
abandone a casa. em busca de uma
regiio mais demente, o que é bastante
freqüente.
£ díficil dizer com precisão quantas
pessoas sào beneficiadas com essa
distribuição, Uma coisa, no entanto, é
certa. Ela atinge as áreas mais
distantes de Air. ou seja.
as
comunidades isoladas.
A maior pane da população se
beneficia, atualmente, com essa
assistência, embora o nomadismo
prejudique a operação. Além da seca
há um problema mais geral — o êxodo
rural — e a lormaçio de um
"urbano"
miserável.
proletariado
Em dois meses Agades teve sua
população duplicada, passando de 7
mil habitantes a 15 mil. O mesmo
ocorreu em Arlft. Essas cidades, in*
vadidas pelos flagelados, constituem
uma espécie de "favelas do deserto" e
favorecem a sedimentação, contribuin*
do para liquidar com o nômade. Esse
desenraizamento se dá também ao
nível familiar. Várias famOias se
desintegram, indo parte para o norte
pane para o sul do país. Enquanto o
pai se encaminha para outro lugar, a
mãe fica sobrecarregada tendo que
atender às múltiplas necessidades da
famQia. Nas ruas de Agades e dc Arlit.
Iferuane ou In-Gall pode-se encontrar
mulheres vendendo seus últimos
pertences para poder comprar um
pouco de comida.
Cidades tristes, com velhos,
mulheres, adolescentes transformados
muito cedo em chefes de família c
crianças sem proteção. Suas roupas
esfarrapadas denotam a pobreza que
não lhes permite mais nem comprar os
dois gêneros fundamentais, o chá verde
e o fumo de mascar.
Será que a seca fará desaparecer os
orgulhosos tuaregs? Será que dessa
zona ressequida só restarão carcaças?
£ o risco que correm seus habitantes.
CHINA TENTA CONSOLIDAR RELAÇÕES COM O JAPÃO
Missão chinesa em visita a Tóquio
Robert Guillain
chefe de uma importante misO são chinesa no Japão declarou, às
vésperas de voltar a seu país, ter a
esperança de que, em breve, Pequim e
Tóquio assinem um tratado de paz e
amizade. Essa declaração foi feita por
Liao Cheng-chih, colaborador direto
de Chou En-lai e seu principal
representante no que se refere às
relações sino-japonesas. Liao acaba de
passar um mês no Japão, à frente de
uma delegação de 55 chineses,
representantes dos mais variados
"missão áe boa
setores, reunidos numa
vontade", em princípio não oficial.
Na corrente
A amizade entre o Japão e a China,
segunao Liao, é uma permanente na
história dos países e nenhuma força
externa poderá destruí-la. O
representante chinês fazia.
provavelmente, alusão à União
Soviética, mas também a certos setores
políticos e econômicos japoneses,
defensores das posições de Taiwan e
Chiang Kai-shek e adversários de
Pequim. Liao encontrou-se com o
primeiro ministro Tanaka e, segundo
informações extra-oficiais. lhe teria
transmitido a satisfação de Chou Enlações
lai com o progresso das
amigáveis entre os dois países.
Na realidade, as relações entre os
governos pouco avançaram ;\esde o
reconhecimento diplom nco de
setembro do ano passado. 0 primeiro
objetivo proposto, ou seja. a conclusão
de um acordo sobre navegação aérea e
a abertura de uma linha direta TóquioPequim ou Tóquio-Xangaí, não foi
levado a efeito, apesar uas prolongadas
negociações.
Essa foi uma séria derrota pois
deveu-se à falta de receptividade do
governo japonês às condições impostas
pelos chineses. Estes exigiam uma
ruptura, ou quase isso, das atuais
relações aéreas entre o Japão e Formosa, contra o que pelo menos uma
parte da maioria governamental de
Tóquio protesta.
No entanto, os chineses são
especialistas em desenvolver,
oficial,
paralelamente à diplomacia
uma segunda diplomacia, a "de povo a
povo", que tenta ultrapassar a
primeira, é esse segundo tipo de
diplomacia que Liao representa e.
nesse sentido, demonstrou grande
habilidade e eficiência. Durante um
mês inteiro, todo o Japão, desde os
meios acadêmicos e intelectuais até os
operários, entrou em contato com os
representantes chineses, que em
se
pequenos" grupos ou sozinhos
esforçaram por serem amigáveis,
envolventes, exemplos admiráveis de
uma China transformada. À imprensa
japonesa deu uma considerável
cobertura á permanência dos chineses
no Japão, acolhimento que a população
japonesa, facilmente conquistada pelo
sentimento, dispensa aos seus
visitantes.
Durante o mesmo período outra
demonstração análoga era feka em
Tóquio por representantes da Ásia na
conferência da ECAFE (Comis .ão
Econômica das Nações Unidas para a
Ásia e o Extremo-Oriente). realizada
na capital japonesa.
Os delegados dos países asiáticos
que, pela primeira vez. viam Pequim
particioar de uma grande reunião
sobre a cooperação internacional na
Ásia constataram com surpresa que a
China não se apresentava como portavoz da revolução comunista mas como
grande potência sábia e moderada,
pronta para desempenhar um papel ao
mesmo tempo participante e prudente.
Não menos surpreendenre para os
representantes asiáticos não
comunistas foi o excelente acolhin nuo
que o Japão dispensou à delegação,
chinesa.
Não se pode esquecer, no entai.to,
todas as dificuldades latentes e que
podem se manifestar quando se passar
das palavras à ação. Mas, de sua pai i ,
a missão de Liao demonstrou, uma vez
mais, como a China está interessada
em se aproximar do Japão e em enfatizar mais os possíveis pontos em
comum, deixando de lado os motivos
de divergência ou desconfiança.
u
'•''.
¦
PIIRftE DAIX DIANTE DE SOt JINITSVN
A descoberta de Ivan Denissovith
Muita* reses, na etenesefneiu
J,*bn*mi «/«o eampos. no #«,*«* dr uma
,*duna de / »i»i«.«»tro quando a linha
das luzr* (orruvu u fVumiJ *Ai gvui/u
ma uma emeta em mis a ouvem? de
/si/«nniv uni* ctoruWioiroí de ter
íiftlud** fsjra o mundo inteiro, %e e que
m munJn mirtm pudena ouvir algum
de mn\ lh» discurso du Prêmio Sohel
de \>J~u,tuii
primeiro contato com SolIeu
rrnitsvn data* do começo de
•Ic/cnibrode i ***¦-' ralvc/dos primeiros
dias d*« mes ou mesmo do Um de
novembro. Seria preciso saber a daia
da chegada a França do volume de
.Vi.
Mir ircvíxta literária soviética!
contendo Vm Dia na Vida de Ivan
l)eiii%%ntiich. Risa Tnolei acabara dc
ler. de um só fAlego, esse pequeno
romance e foi incumbida
imediatamente da tradução que as
edições Jultiard queriam as pressas,
sob a interferência da embaixada
soviética. 0 embaixador, sem dúvida
obedecendo a instruções do próprio
Kruschev. considerava que a difusão
rápida desse romance seria importante
para a honra e o prestigio do seu pais.
lisa. deixando tudo de lado. me
procurou.
Treze anos ames. eu rinha recusado
acreditar na existência dc campos de
conceniração na União Soviética. Do
contrário, minha deportação para
Mauihau-.cn e a morte de tantos dos
meus companheiros no combate não
teria mais sentido. Sem dúvida, eu
teria preferido morrer de angústia a
viver daí cm diante com a idéia dc que
o comunismo havia chegado àquela
abjeçâo. Depois, ocorreu a repetição
dos mesmos fatos perturbadores — o
processo Slansky. onde foram condenarios amigos que me eram caros, o
caso dos médicos judeus e. menos
dra túnicas porém sintomáticas, as
condições da condenação do retrato de
Stalin. feito por Picasso. que nós
havíamos publicado na revista Lettres
Françaises. Tudo isso tinha criado em
mim a possibilidade de uma critica da
minha cegueira. Desde o outono de
1953. Elsa linha me falado sobre o
retorno dos primeiros deportados
siberianos. Descobri então que havia
leito coro com as feras supondo
defender a honra da causa pela qual eu
linha lutado. Aqueles que voltavam
eram os meus. os nossos.
Pouco a pouco, sempre graças a
Elsa. fui me tornando capaz - de
calcular a enormidade e o horror das
várias etapas do terror stalinista. O que
me sustentou então foi que julgaram e
executaram Béria e membros do seu
aparelho, que exigiram contas dos
escritores cúmplices e que se perfilava,
ao mesmo tempo em que se percebia
melhor a extensão da tragédia, a
perspectiva de correções de toda a
trajetória do socialismo. Kruschev
visitou Tito. O Congresso do PCUS
mergulhou a fundo no drama. Depois
veio uma pausa e mesmo uma
regressão na desestalinização. Mas o
XXII Congresso, em 1962, colocou as
coisas no lugar, aprofundou o esforço
teórico. No intervalo, acompanhei o
trabalho de Aragon, que escrevia uma
parte da História Paralela e tentava
refletir essa imensa restauração do
pais.
No entanto, quando entrei no
pequeno salão do hotel da rua de
Varene onde Elsa recebia seus
visitantes, tive a impressão de que não
sabia mais nada. Mal cheguei a
dominar a minha emoção. Pela
primeira vez eu ia ter a oportunidade
de ouvir a voz vinda de baixo e estava
pronto para escutar, para recebê-la
como a de um irmão.
Fu tinha bombardeado Elsa com
perguntas, cada vez que ela retornava
de Moscou, mas ela sempre me dizia a
mesma coisa. Os que voltavam dos
campos
estavam
estranhamente
mudos. Eles voltam, se reinstalam,
"como se
tivessem cometido o engano
cie uma viagem muito maior do que o
previsto"..
"Você
acredita que puderam proibilos de falar"?
Eiva lesaniou os ombros, Proibido?
"Voei sabe. Ftcrrc.
ludo o que não esiá
cxprcsxamenic permitido".,. Ela me
respondeu principalmente que não se
podia saber ao certo; que esses
retornos em massa colocavam,
inevitavelmente, imensos problemas,
privados e sociais. Fazem pensar
naqueles cm que se acreditava
desaparecidos para sempre: nos que
suas mulheres nào esperavam mais.
enfim, no que se passou quando do
nosso próprio retorno dos campos
nazistas* I também naqueles que
tiveram seu apartamento tomado e o
emprego perdido: naqueles que se
reencontravam lace aos seus
denunciadores. seus acusadores. Além
disso, me disse ela. era preciso levar em
conta o orgulho nacional rusvt que não
.¦-'¦> de *e referir ao que lhe é negativo
c desagradável; «- •«•v-o- «-o» t-onr,i
lambem luOos at-u-..-.* «jui. <•»•.......
não gostam de que se loque muito no
passado. De fato. esse retomo em
massa durou mais de dois anos sem
que nada ou quase nada trans*
parecesse na imprensa ocidental.
Nós tivemos uma organização de
sobreviventes dc Mauthauscn. Sem a
participação de nenhum soviético,
malgrado nossos esforços. Depois,
durante o verão de 1955. eles fizeram
sua aparição, exatamente como se até
aquela data se tivessem extraviado os
convites. Nào foi senão bem tarde que
eles reconheceram terem retornado da
Sibéria, dc campos para onde tinham
sido enviados, como todos os
prisioneiros de guerra, sem levar em
nenhuma consideração a sua luta...
E eis que. pela primeira vez. um
testemunho é publicado na União
Soviética ... Eu pensei, conforme
diziam os jornais, que se tratava de um
testamento semelhante aos que tinham
sido publicados sobre os campos
nazistas. Elsa estava ao telefone. Eu
tentava calcular, ou melhor, imaginar
a coragem necessária para romper a
barreira do silêncio. Já fazia 10 anos
que Stalin tinha morrido.A conversa de
Elsa demorava. O número do Novy Mir
estava sobre a mesa. Eu o apanhei.
Supunha encontrar um russo simples,
o russo dos jornais que eu decifrava
facilmente. O começo da narração me
era totalmente incompreensível. Não
somente o vocabulário me faltava como
não chegava a reconstituir as frases. Eu
as sentia profunda e lentamente ritmadas. rigorosamente desdobradas. O
sentido continuava a me escapar.
"ê Proust
e Flauber".
Eu não tinha ouvido Elsa se
aproximar. O que ela acabava de dizer
me pareceu absurdo. Ela riu de meu ar
embaraçado.
"Ê a
grande prosa russa, Pierre. Um
verdadeiro clássico, ê extraordinário.
Eu não sei como lhe explicar. É como
se nos debruçássemos sobre o primeiro
livro cie um desconhecido, de quem
tivéssemos ouvido apenas falar, e de
repente descobríssemos que não se
tinha escrito a língua francesa daquela
maneira desde Proust, desde Flaubert.
E eie é os dois juntos. Acrescente
Celine para a linguagem popular. É de
uma riqueza... É exatamente intraduzívei".
Eu caí das nuvens:
"Mas
todo mundo fala de um
testemunho, quase de uma reportagem"...
"Porque
são pessoas incultas, que
talvez nem mesmo o leram, que estão
apenas encarragadas de publicá-lo.
Eles falam como se tivessem recitando
uma lição. Tremem de medo que se
ande muito ligeiro. Estão prontos para
garantir que qualquer estudante de
russo pode entendê-lo. Nós não temos o .
direito de aceitar esse assassinato
literário..
Devido à excessiva pressa
que a
embaixada tinha em fazer aparecer
essa tradução, não se tinha
tido
tempo de procurar um especialista em
nisso capa/ de aperfeiçoá-la. Além
disso, o tradutor certamente não
conhecia grande coisa da realidade dos
campos, cometia erros na procura de
equivalentes específicos, e talvez se
confundisse também nas implicações
políticas. O tradutor ideal seria uma
pessoa que. tendo vivido esse gênero dc
problemas, soubesse encontrar o
equivalente em francês, Enfim. Elsa
propôs que eu me servisse da primeira
iraduçffo de maneira lilerai e me
esforçasse, ames de urdo. por ver Ikl ao
lom. ao riimo-, por recriar uma con*
linuidade liierãria em trances, Ru seria
ajudado, fiara o vocabulário e 6
controle dav dificuldades de sintaxe,
por uma equipe que rclena o texto
depois dc mim,
fumamos a primeira página da
revivia, A leitura demorou mais de
um i hora. I hico a pouco se delineava
um iccido verbal denso e forte, mas
quando nós paramos tínhamos
produzido somente um esboço. Faltava
o ritmo, por exemplo.
Votiei para casa impressionado com
esse texio. E*crcvi sem demora duas.
ires versões diferentes, assim como
quem fa* escalas musicais. Nenhuma
se adaptava O tempo passado em
francês, apesar da sua diversidade,
tornava o lexto pesado, sem vitalidade.
Eu invejava os pretéritos russos,
ligeiros, fluidos, musicais. De repente,
inc a'klêia de escrevê-lo no presente.
Me pareceu que Chukhov Finalmente
ganhava vida.
Apesar do avançado da hora.
telefonei para Elsa. Foi a vez dela nio
entender. No presente? Mas qual
presente? O presente do indicativo...
Talvez. E preciso ver. Ela fez bem em
esfriar meu entusiasmo. Eu nem tinha
lido ainda o romance todo. Retomei o
texto traduzido para não mais deixá-lo.
Há 18 anos de distância, eu me senti
novamente em Mauthauscn. o
Mauthauscn do dia-a-dia. do
isolamento c dos comandantes brutais.
Com algumas poucas diferenças, mas
pouco significativas, eu podia me
colocar no lugar dc Chukhov. no de
César, o intelectual. Eles viviam como
nós. tinham os nossos problemas, só
viviam no seu próprio pais, e que os
comunistas eram prisioneiros dc outros
comunistas. Eu ouvia, pela voz de
Chukhov. alguns dos meus amigos
operários da época, homem límpidos e
honestos como ele. Eu me lembrava
também daqueles com quem nós
tínhamos vivido nos campos de
trabalho forçado franceses da
ocupação, vigiados pelos próprios
guardas do nosso país. e do olhar que
lançávamos então para os que
passavam do lado de fora.
Eu não conseguia mais colocar as
idéias no lugar. Até então eu tinha
concluído que o stalinismo era assim
como uma espécie de câncer do
socialismo. Kruschev tinha feito a
operação cirúrgica. O corpo são se
restabeleceria. E eis que. de repente,
não havia socialismo no mundo de
Chukhov. Em nenhuma pane no
horizonte e nem no passado. Não se
tratava de reencontrar o socialismo
mas de construí-lo...
Eu não tive a possibilidade de
refletir mais profundamente. Elsa ficou
satisteita com a minha tentativa de
usar o ¦"presente do indicativo". Ela
me impôs como prefaciador da edição
francesa, ao lado de Aragon. Passei
mais de dois meses trabalhando de 12 a
14 horas por dia. tentando aperfeiçoar
as 2(X) páginas do texto. Eu não
conseguia me desligar; e se tivesse tido
a possibilidade, teria escrito tudo
novamente nos ritmos do final. Mas o
tempo que nós demoramos quase se
tornou escflndalo internacional.
Poderia chegar o momento em que
começariam a falar da minha atitude
passada. Isso, aliás, foi o que me levou
a não ser co-signatário da tradução, a
lim de evitar qualquer polêmica acerca da versão francesa. Hoje eu
lamento ter feito isso, porque do
contrário teria podido, nas reedições,
fazer alguns retoques.
A primeira redação do prefácio que
mostrei a Elsa fazia da publicação
oficial na União Soviética de Um Dia
na Vida de Ivan Denissovitch um
acontecimento irreversível no processo
ile desestalinização. Uma espécie de
marco balisando o itinerário, ou
melhor, a nova partida para o
socialismo. O interesse diplomático em
torno do texto me parecia ser também
o profundo interesse do partido e do'
eoverno soviético em autorizar esse
;»i.!.- de vista. Fia me fe/ notar que
não havia nenhuma esperança desse
gênero no texto de Soljcniisvu. Oue o
próprio tratamento desse texto pelo
regime soviético, a pressa febril para
produ/i-ln como uma prova, sua
dcsqualifkaçáo literária, nada disso
uma confiança exagerada.
permitia
"O
embaixador procede como
diante da última resolução do hurtau
político. Mas as resoluções são lambem
rapidamente esquecidas. Pierre. Eu
não sei bem o que pensa esse
Snljcnhvyn. Talvez Tvardovski
compartilhe com seu otimismo, mas o
prefácio dele. no Swy Mir. t muito
comedido. Ele não quer irritar
ninguém"...
Tive as vezes a oportunidade de que
Elsa fizesse uma primeira leitura dos
meus manuscritos. Eu a encontrava lá.
rigorosa e gentil, exigente quanto ao
lexto. ajudando a esclarecer o meu
próprio pensamento. Além disso, com
a força do homem na mulher, a fineza,
a inteligência critica que são
freqüentemente um apanágio
feminino, ao mesmo tempo que esse
gosto pelo imaginação, pelo absoluto,
que se considera viril. Escrevi portanto
uma segunda versão. O livro de
Soljcniisyn significava que pelo
menos nào haveria jamais campos de
concentração na União Soviética. Na
verdade, como imaginar que o livro de
Soljenitsyn. oficialmente difundido,
pudesse perpetuar o sistema, mesmo
que fosse numa escala reduzida? Oue
se chegasse a ler o romance nos
campos...
"Mas
de onde voefi tirou essa idéia"?
me perguntou Elsa.
Ê inadmissível, vamos ver.
Nada é inadmissível na
União
Soviética, Pierre.
Eu tinha pensado na França, mas
Elsa frisou bem.
"Você nâo acredita
que Kruschev"...
Ela me interrompeu:
"O
que que ele governa? Ele muda
homens na cúpula do enorme aparelho
do partido, porém mais longe, nas
províncias... Ele não faz senão tocar
superficialmente na imensa massa da
Rússia. Ele não a controla verdadeiramente"..
Anos mais tarde, no momento em
que ela escrevia para Les Lettres
Françaises uma apreciação sobre o
manifesto de Sakharov. Elsa me
confiou: "Há momentos em que eu
penso que tudo foi esquecido na
Rússia. Mesmo Outubro, mesmo
Lênin. Mesmo todos esses milhões e
milhões de mortos da época de
Stalin"...
Eu acabava de publicar um artigo
sobre a longa noite na história, sobre os
movimentos subterrâneos á escala do
século e dos séculos, imperceptíveis à
análise tradicional e que a moderna se
de trazer a luz. Ela me falou:
preocupa
"Existe
a longa noite russa. Pierre.
Eu gostaria de saber ao certo até
quando ela vai. Foi você quem me
falou que Courtade. pouco antes de
morrer, depois de ter passado anos na
Rússia, lhe disse que aquele país era
um Congo com foguetes termònudeares"...
Ela não me falou mais de Kruschev.
E continuou o mais tranqüilamente
possível:
"Ora,
Pierre. sempre existem
campos. Não podem deixar de existir
campos. Esquecemos que há uma
polícia mais forte do que o comitê
central. Ela é subordinada ao comitê
central. Mas ela prende quem quer
que esboce alguma crítica. Não é mais
terror de antigamente, no tempo de
Stalin, mas deve fazer o mesmo
efeito"...
Elsa se mostrou mais crítica:
"Não
matam mais. Passou mais c
clima de delação. Não há mais aquele
medo do dia de amanhã. As
pessoas
falam um pouco mais. Mas isso é a
convalescência do câncer? Você antes
já esteve entusiasmado. Pierre; portanto seja agora a própria
prudência.
Limite-se apenas a cli/er o que o livro c.
Num país sem opinião
pública., essa
publicação compromete Soljêiiitsvn c
\ anlovski",
Leia
e assine
opinião
m
r« M -B ^^
mmü. -s
© Le Monde 1972
Distribué par
Opera Mundi Paris
Tons droits reserves
18
UM MilO DE AVAUAR O ENVOLVIMENTO OO PRESIDENTE
O impeachment de Nixon
I. F. Stono. oditor contribulnto do New York Roviow of Bookt.
o um dot moit brilhontot comentaristas político» dot EUA,
onolito o discutido (o potffvel) impeochment do Ni «on.
Constituição norte-americana
A abre uma exceção na doutrina da
separação dos ;¦•••<-.
permitindo
"uma imcr-rciação
em certos
parcial"
"necessária
à
casos espcetais. medida
defesa mútua dos diversos membros do
gtncrno. un* contra ti* outros". Assim,
n presidente adquiriu o direito de veto
sobre o legislativo, e o Congresso, o
tle impra* mem como
poder
"meio judicial
de acabar com eventuais abusos
do executivo".
Há duas ra/ões para considerar
seriamente o impeachment de Richard
Nixon. Uma delas é que este parece ser
«» línico meio legal pelo qual a cumpticidade de Nixon no caso Watergate
e cscándakn relacionados poderá ser
integralmente determinada. A outra é
que somente um expediente desta
naturc/a servirá de exemplo para que
outros presidentes não incorram mn
mesmos delitos atribuídos á atual
administração da Casa Branca. O
poder presidencial aumentou tanto nos
últimos anos — especialmente após a
guerra da C«>rcia. cm W$Q — que as
tentações para o chefe do governo e
seus auxiliares diretos tornaram-se
incontroláveis. Agora, só o impeachrnenit e a retirada forçada dos cargos de
chefia conseguirão deter a onda de
Césares na Casa Branca, os quais,
como nos lembra Gibbon. governavam
segundo sua própria e única vontade,
sem nenhuma perturbação exterior.
A primeira das razões para considerar o impeachment resulta da
dificuldade de garantir a presença do
presidente como testemunha diante de
qualquer corte comum de justiça,
menos ainda diante de grande júri.
Existem cinco ou seis outros processos
criminais em andamento em diversas
regiões do país. além de Watergate e
dos
Documentos do Pentágono,
segundo as informações do promotor
Co.\. Se o presidente fosse um cidadão
comu m. certamente seria convocado em
quase todos ou todos esses processos,
porque, a cada dia que passa, eles assumem maisoaspectode uma conspiração
integrada, com todos os caminhos e
atalhos levando inquestionavelmente à
Casa Branca. Talvez não seja possível
avaliar o grau da responsabilidade de
Nixon sem interrogá-lo. Por outro lado.
é muito possível que alguns funcionários da Casa Branca sobre os
quais pesam sérias acusações não
possam ser condenados por falta do
testemunho de Nixon. ou porque
documentos essenciais desapareceram
misteriosamente sob a alegação da
"segurança nacional".
Recentemente, a Casa Branca teve
um acesso de fúria porque uma "fonte
do Departamento de Justiça não
identificada" e "outra fonte digna de
crédito" ousaram dizer ao Washington
Post o que é absolutamente óbvio para
quem segue as notícias: primeiro, que
existe "uma série de indícios" que
levantam questões sobre o papel do
presidente no caso Watergate: e,
segundo, que "o presidente deveria ter
a oportunidade de explicar-se".
O Po5f informou que os promotores
haviam declarado ao Departamento de
Justiça que há justificativa para
convocar o presidente a depor diante
'
do grande júri. mas eles não sabiam
como fazê-lo. Pouco depois, <> assessor
de imprensa Ronald Ziegler revelou
que Nixon não responderia ás
perguntas da acusação nem verbalmente nem por escrito, o que parece
eliminar tanto a hipótese de comparecimento voluntário quanto o
-•ompulsório. Ziegler explicou que
respondê-las seria ''constituçionalmehte inadequado". Tudo indica queo únicomeio de chegar à verdade
é 0 impeachment.
Nada na Constituição coloca o
© 1973. NYREV Inc.
presidente acima da lei. dí/endo que é
"inadequado"
apre*entar*lhe uma
convocação formal para prestar
esclarecinicnim. ou isentando o de
qualquer processo legal. Aliás, há
muitos itens que sugerem exatamente o
ctintrártt» Em rdação aos principio*
monárquico* hritàntcm. cm que "o rei
nâo presta* a contas de seus atos á sua
administração", a Convtituiçâo none»
americana foi elaborada com* outro
espirito: não se permitiu ao presidente
colocar-se numa categoria
inaleançávcl, A singularidade do poder
executivo foi instituída iustamente
para tornar mais fácil . tdenrificar
qualquer atitude ilegal suficiente para
justificar a remoção do cargo ou
aplicação de outras punições.
Mas. fora do impeachment. há
meios de compelir o presidente a
responder em corte de justiça sobre
atos seus e de seus auxiliar»»? Esta é
uma velha controvérsia, que foi de
cena forma eliminada por uma nota
anexada a decisão da Suprema Corte
sobre o caso de Earl Caldwell. ano
passado. A noia. escrita em lhOT.
reitera o principio de que "o público
lem o direito de conhecer provas e
depoimentos", exceção feita apenas
para pessoas protegidas por privilégios
estatuários. constitucionais «ou
atribuídos pela lei comum. E. segundo
a nota. nem o presidente tem estes
jeflcr*oniano%, Eles sempre »n*istiram
cm que o presidente nã<» era um rei. e
várias se/es acusaram ¦** fcdcralhta*
de fa/erem dele um monarca *em
corria,
Prender por desacato?
Alguns federalista* achavam que o
presidente nâo poderia responder a
nenhum processo Judicial, exceto por
imptwhment Ma* o juis Marshall
alegou que *A uma pessoa poderia ser
excluída do* prtMr**os criminais: o rei.
"Este
é. um principio da Constituição
hrtiámca: o ret nao pode agir
erradamente, c embora ele possa
prestar depoimento, apresentar-se em
O jur> Marshall, no entanto, não
toncordou com isto, O verdadeiro
ttbstácultt ás suas intcnçüc* não eram
constitucionais; este se encontrava na
;•;¦¦¦-» nature/a do poder O que faria
o jufc se o presidente se recusasse a
obedecer? Prcndèlo por desacato?
Ifcixá»k» na cadeia até» que se
dispusesse a depor? Marshall emitiu a
\uhpornô duees lecum — que
obrigaria Jefferson a depor e
apresentar documentos confidenciais
— mas ela jamais foi aplicada ao
presidente.
Tanto Jefferson quanto Marshall
c*naram um «.nnflito direto. Neste,
como em outros casos'. Marshall tomou
—_ ^V~ \u\A ^aammm*^
atender a todas as convocações
significaria "deixar a nação sem o setor
execumo. o único que a Constituição
considera nece**áno estar constan»
temente em função". Com isto. Jeffcr»
son alegou que não seria constuucionalmente legitimo afastar*se de
*ua* ftinçtV*. aintia que a pedido de
autoridades constituídas. Ele. no
entanto, ofereceu-se a depor — oferta
que jamais foi cobrada pela defesa.
Dfcpoi* de conhecer a decisão de
Marshall, o presidente adorou posição
mab restrita, embora apenas numa
carta ao promotor encarregado do caso
de Burr c não publicamente. Ele
insistiu em que "o principio fun«lamentai' da Constituição era a independência de cada um dos três
poderes componentes do governo.
"Seria
o executivo independente do
"se
judiciário" — argumentou —
t-stbessc sujeito ás ordens do segundo e
â prisão por desobediência; se as
diversas cortes do pais exigissem sua
presença, dcslocando-o de norte a sul,
de leste a oeste, afastando-o inteirameme de suas obrigações constitucionais"? Este foi um exagero
típico do estilo nixoniano. porque
Marshall certamente não estava
"deslocá-lo
de none a sul.
pretendendo
leste a oeste".
Apesar de tudo — desafios de poder
e ameaças veladas — Jefferson ter-
Agora, só o impeachment
e a demissão forçada
de altos funcionários
conseguirão deter a onda
de Césares na Casa Branca
O que faria o juiz se
o presidente se negasse
a obedecer? Prendê-lo
por desacato até que se
dispusesse a depor?
"O
juiz Marshall declarou
privilégios:
oportunas, o
circunstâncias
em
que.
presidente dos EUA poderia receber
uma iniimacão".
O processo Burr. em 1807. foi a
única ocasião em que um presidente
norte-americano recebeu uma intimação. E a decisão do juiz Marshall é
"lei"
a única
precisa e direta sobre a
Aaron
Burr estava sendo
questão.
julgado por traição. Poucos meses
antes, o presidente Thomas Jefferson
declarara ao Congresso — baseado
numa carta a ele escrita pelo general
"caráter inJames Wilkinson. um
tragável" — que a culpa de Burr era
absolutamente indiscutível. Jefferson
foi. então, intimado a prestar
depoimentos e a apresentar a carta de
Wükson.
Ê difícil imaginar circunstâncias
mais adequadas a uma intimação.
Jefferson e Burr eram antigos adversários políticos e inimigos declarados;
em 1800. eles ficaram praticamente
empatados na votação do colégio
eleigoral, o que levou a decisão à
Câmara dos Deputados. Jefferson
quase perde a presidência. Declarar
Burr culpado antes do julgamento foi
um evidente abuso de poder. Segundo
Leonard Levy, que escreveu Jefferson e
as Liberdades Civis: O Lado Mais
Obscuro, o presidente assumiu o papel
de promotor passando por cima do
recolhimento de provas, da localização
de testemunhas, da tomada de
depoimentos e dos trâmites de um
julgamento guiando as opiniões como
se fosse juiz e jurado da nação.
O caso Burr não foi apenas uma
disputa entre ele e Jefferson. mas
também entre Jefferson. o democrata
radical, e Marshall, o téderalista
conservador. A intimação ao come a
parecimento de Jefferson
apresentação de documentos baseou-se
num princípio defendido pelo próprio
presidente e por todos os democratas
minou por apresentar o tão desejado
documento ao promotor, voluntariamente. Mas. contudo. Jefferson
configurou privilégios executivos que
Nixon poderá também querer utilizar.
Jefferson escreveu que "todas as
nações acharam necessário manter a
cargo exclusivo do presidente algumas
questões executivas, c a ele cabe julgar
quais, dentre elas. deverão ser
divulgadas ao público". Jefferson
esqueceu-se apenas de que nem "todas
as nações" serviam como exemplo de
liberdade para a nova República. Este
foi o efeito do poder, mesmo sobre um
homem como Jefferson. quando se
tratou de derrotar definitivamente um
adversário.
O que a História mostra é que o
presidente que decide desafiar uma
intimação. como Nixon disse que fará.
acaba se saindo bem, apesar das
demissões que aumentam a cada dia
em sua volta, das polêmicas, do
escândalo. Resta o impeachment. e
mesmo assim o presidente não pode ser
compelido a prestar declarações ao
Senado sobre as acusações que lhe são
feitas, e nem mesmo a depor, se ele
decide não tazê-lo. Porém, não
responder as acusações significa
abandonar qualquer possibilidade de
defesa e tornar praticamente impossível sua recuperação política.
O impeachment é uma forma de
processo a cargo do poder legislativo.
Suas raízes são encontradas bem longe
no passado, quando os parlamentos da
França e da Inglaterra funcionavam
maisJcomo cortes de justiça que como
órgãos legisladores. A medida que o
poder político do Parlamento britânico
aumentou, o impeachment começou a
ser aplicado aos auxiliares tirânicos do
rei.
A Câmara dos Comuns
apresentava as acusações e a dos
Lordes as julgava. O primeiro im-
^oaan^aw9Namwlm9gauz^uuam^àB^*^-m^m^^^^mySSI^S ., „., JT— '^—.or «^-'' tt^ .. •.
^»*»|M^PjH^B|fgj|, j
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LEVINE - NEW YORK REVIEW-OPERA MUNDI
corte é incompatível com sua
dignidade". O juiz explicou aue uma
das diferenças entre rei e presidente é
que o último pode ser impedido e
obrigado a deixar o posto.
Alexander MaeRae, assessor de
Jefferson, admitiu que "o presidente
deve ser intimado como qualquer outro
cidadão", mas argumentou que ele não
"comunicações
conpoderia revelar
fídenciais". Os promotores de Burr —
houv dois processos consecutivos
conr a ele: um por traição e outro por
corrupção — concordaram em que o
presidente estava submetido a uma
intimação geral, isto é, tinha obrigação
de se apresentar em corte e prestar
depoimentos, mas insistiram em que o
presidente não teria que levar consigo
nenhum documento que ele con,,-.=•---=
siderasse confidencial.
;„--¦-
todas as precauções para não levar as
prerrogativas que o poder judicial lhe
conferia a um nível que prejudicasse os
princípios que ele estava tentando
estabelecer. Jefferson. por seu lado.
não desejava colocar-se numa posição
onde teria que negar seus princípios
democráticos — no caso particular,
considerar a presidência acima da lei.
Ainda que a subpoena doces tecuni
tivesse sido apiícada, Marshall deixara
uma saida para Jefferson, ao escrever
"a responsabilidade
que
pela intimação cabe ao poder judicial, mas ao
presidente cabe indicar se suas
obrigações executivas constituem uma
razão suficiente para não obedecê-la".
Pouco antes de Marshall anunciar
sua decisão, Jefferson alegou que Burr
estava sendo processado em Saint
Louis e outras cidades do Oeste, e
continua na página 16
14
•wntittuotoo do oerj.no i.
peachment .'«..>.!-kaapUcado no
caso do Cemlc dc Suffotfc, em I J*o
No resolucfemarto século XVII. o
impruehmeni foi utilizado pelos
Comuns para aterrorizar os minivtr«*s
o«» rei e. finalmente. rMabdccer a
supremacia parlamentar uma sez
atmgitJa. o impeachment por motivos
,»!...-. fiti caindo cm ilcvuui O
último julc-tmcnto por tmpeaehmeni
na Inglaierra data de li**
A historio mostro quo
o prot idorrto decidido o
dot ofior umo intimoçôo
ocobo to toindo bom. E
Nixon sobo bom dias o
Ov redatores da Constituição norteamericana estavam bavtante conscien.
les a respeito dos abusos ocorridos nos
processos feitos pelo legislativo e
decidiram tomar providencias para
evitar os excesos. A Constituição
proíbe o julgamento por impeachment
para cidadãos comuns e crimes
comuns. A aplicação do tmtieachment
foi limitada a julgamentos do
"todos os
presidente, vice-presidente c
funcionários civis dos EUA". Em caso
de condenação, a pena muitas vezes
não ultrapassa a "demissão do cargo e
desqualificaçâo para («copar qualquer
posto de honra, confiança ou
remuneração especial do governo
norte-americano". Qualquer outra
punição p«»r crime comum envolvido
no processo só pode ser -mposta após
um outro prtvcsso cm corte comum dc
justiça. O impeachment seria um meio
dc controle da conduta dos funcionários do governo.
O problema central do impeachment
são as próprias ambigüidades da
Constituição. No Artigo II. seção 4.
diz-se que o presidente deve ser
destituído de suas funções por im"'traição,
suborno,
peachment. por
outros crimes graves e má conduta".
Nada poderia ser mais vago: o que
"crimes
significam
graves e má
conduta"? F. preciso fa/er uma
retrospectiva histórica para entender
essas ambigüidades.
No período de elaboração da
Constituição. Madison achou in"incluir
uma cláusula para
dispensável
defender a comunidade contra a incapacidade, negligência ou má fé do
chefe executivo". O impeachment
determinava a destituição do
"traição ou
presidente apenas por
suborno", originalmente, embora
tivesse incluído em versão anterior a
"corrupção".
A nova Constituição já
tra/ia itens especiais sobre a traição,
com o objetivo de regular «>s trâmites
ilo julgamento, a fim de evitar o abuso
resultante dá lei britânica e seus
impeachments. Na época, a acusação
de traição era utilizada para suprimir
oponentes e restringir liberdades
fundamentais, tanto em processos
comuns quanto nos impeachments
parlamentares.
Nos debates sobre a cláusula impeachment durante a redação da
Constituição, o coronel Mason se opôs
"traição e
suborno".
à sua limitação à
"as
tentativas de subverSegundo ele.
ter a Constituição poderão adotar
outras formas que não as de traição. ,
conforme detalhadamente definidas
em outros artigos". Ele propôs
acrescentar "má administração",
termo que Madison rejeitou por
"muito vago". Então o coronel Mason
"crimes
substituiu-o por
graves e má
conduta".
Quais são exatamente os delitos
passíveis de impeachment de acordo
com a Constituição norte-americana?
Infelizmente, até hoje esta questão não
foi respondida- Asher Hinds dedica 38
páginas de seu Precedentes da Câmara
dos Deputados à questão, sem chegar a
nenhuma conclusão definitiva. O
"crimes
significado das palavras
graves
e má conduta", segundo o deputado
"provocou
longos debates no
Cooley.
ea*© do presidente Andrew Jonhson.
cm IteJt; apesar deles, não se chegou a
nenhum resultado preciso, a nenhum
regulamento conclusivo".
A respovia rstá em algum ponto de
uma estensa falsa, limitada de um
Ud«» pela definição du» que defendem o
imz«rtfi'áitiritr e de outro pela definição
dos que defendem a "sitima" do
»m/»«i_«*i»t«-nf.
A primeira definição foi eipressa
pelos republicanos que tentaram
impedir o juiz Douglas, em abril de
WVi, O lldcr republicano Gcrald Ford
declarou que "a única resposta honesta
a esta questão é que a maioria da
Câmara é quem julga se um delito é ou
nio passível de impfuehment. num
deter minado momenio histórico, e que
a maioria do Senado é quem decide se
ou delito ou delitos é ou são
suficientemente graves para requerer a
deposição do acusado dc seu cargo".
F<>rd terá muiio que se lamentar de
vua*. opiniões se o impcaehment de
Nixon vier a ser considerado
seriamente, Evte é exatamente o
ponto
de vista dos que quiseram impedir, o
presidente André* Johnson, e nio' o
conseguiram porque faltou um voto á
maioria necessária para depor
Johnson.
A outra definição, igualmente
clássica, quase que sempre apresentada pela defesa, foi formulada pelo
ex-juiz Súnons Rifitind. de Nova York.
advogado do juiz Douglas. Rifkind
argumentou que "só as violações á lei
federal eram passbeis de impeachiimii". Acrescentou que "nem a
Constituição nem a prática consagrada
dos princípios constitucionais sugerem
que os juizes federais podem ser impedidos por conduta criminal. Isto é
confirmado pela proibição ás leis de
efeito retroativo e pela separação dos
poderes".
ê irônico — mas nãn estranho —
que o mesmo argumento a favor dê um
dos juizes mais liberais da história
norte-americana tenha sido
apresentado cm defesa dc um dos mais
odiados e menos liberais: Samuel
Chase, o juiz da Suprema Corte, a
— mais uma
quem se tentou impedir
vez sem sucesso— por sua conduta nos
julgamentos contra os que violaram a
Lei de
Lei de
Sedição e a
Regulamentação dos Atos dc
Estrangeiros e as leis comuns contra
calúnia sediciosa e criminal.
A comissãu encarregada do caso
Douglas concluiu que não adotaria
nenhuma das definições contraditórias
"as
investigações não
porque
descobriram provas suficientes para
configurar um delito passível de impeachment". A Câmara aceitou este
veredito e absolveu o juiz Douglas.
Anteriormente, porém, a comissão
havia tomado uma posição intermediaria entre as dos acusadores e
defensores «le Douglas: que "os crimes
graves e má conduta referem-se a atos
que não são necessariamente de
natureza criminal"
O impeachment de Nixon poderá
basear-se em três motivos políticos. O
primeiro: sua incapacidade para
controlar operações de organizações
secretas que ele próprio criou,
suficiente para justificar sua remoção
da chefia do governo, ainda que não se
possa provar sua responsabilidade de
direta na invasão da sede do Partido
Democrata. O segundo: sua insistência. se o Congresso finalmente aprovar
o projeto Eagleton de proibição a
qualquer despesa para continuar a
guerra na Indochina, em desviar
fundos destinados a outras funções
para financiar, os bombardeios,
alegando seus poderes de comandantechefe da nação. E o terceiro: o evidente
abuso de Nixon na prática do que ele
chama seus poderes "inerentes", tais
como privilégio executivo; nenhum
outro presidente da história dos EUA
ousou exercer tais poderes tão ampiamente quanto Nixon o faz.
Esta última categoria é a mais difícil
de definir com precisão, e ao mesmo
tempo a que mais justifica a aplicação
de uma medida tão grave quanto o
impeachment de um presidente. Os
"inerentes"
do chefe do
poderes
governo foram sempre determinados
ao longo da história norte-americana
diante de situações específicas, permitindo ao presidente uma certa
flexibilidade de decisões para resolver
unanimemente consideradas
questões
"urgentes". Todos os
progressistas
norteamersíantn aplaudiram quando
Truman e Kisenhooer imocaram seus
privilégios ctcfuttvos pata livrar seus
ausiliares de governo da "raça às
hrusas". psummida pot Nixon no fim
.'.¦>. amts<*0c depois
por MeCarthv nos
anos SO. Aplaudiram também,
quando, nos conflitos com o completo
militar industrial do pais. Truman.
i isenl «et- c Kenneds recusaram-se a
aprovar fundos para muitos projetos
para acorrida armamentista. Estes sio
i*¦«--••» ¦:•'•¦ inúmeros exemplos da
aplicação «k um poder cvideniemenie
ambíguo, que devem ser analisados
ames de se concluir se os atuais abusos
representam uma violação dará da
Constituição e um risco para a
sobrevivência da República.
Deve-se levar cm conta também que
a% in«cviigaç«'ies sobre o Waicrgaic e o
caso dos Documentos do Pentágono
revelaram violações das leu bancárias,
dc segurança e das que regulam as
campanhas eleitorais federais; dos
estatutos federais que proíbem obstruir
a justiça ou esconder provas de crimes:
as leis que garantem o julgamento
livre: edos esiatutos que limitam a
jurisdição e as atividades da CIA e do
FBI. Estão lambem incluídos os crimes
dc conspiração destinados a violar
estas leis e estatutos, ainda que
nenhum crime resultante dos primeiros
chegue a ser cometido. As acusações de
conspiração podem ou nio envolver
Nixon. Se envolverem, o julgamento
por impeachment poderá ser solicitado
com bases mais amplas.
A categoria suborno — uma das
fundamentais para a aplicação do
impeachment. segundo a Constituição
— parece ter agora caldo no
O compromotimonto do
podor judiciário
torna inviávol qualquor
julgamonto honosto.
Agora ou no futuro
esquecimento, apesar do caso polêmico
do juiz Byrne. que presidiu durante
meses o julgamento de Ellsberg c
Russo no caso dos Documentos do
Pentágono. O juiz Byrne recebeu de
Ehrlichman. o ex-assessor para
assuntos internos de Nixon. uma oferta
de importante cargo no governo. A
oferta — feita no dia 5 de abril erriSan
Clemente e reiterada no dia 7 em Santa
Monica — a um juiz que estava
presidindo um
processo que colocava
em risco o "bom nome" do governo
não poderia deixar de ser considerada
como suborno. Os detalhes do caso e a
evidente participação nele do
presidente Nixon .— que. segundo o
próprio Byrne. entrou ostensivamente
na sala onde ele estava reunido com
Ehrlichman. em San Clemente —
deveriam ter sido mais amplamente
explorados. Apesar dos aspectos
obscuros sobre os encontros entre
Byrne e Ehrlichman. sabe-se o
bastante para demonstrar que
a
tentativa de interferir num julgamento
livre e imparcial não poderia passar
impune.
A seqüência dos fatos é por si
eloqüente: a visita de Byrne a San
Clemente foi revelada pelo Washington
Star-News de 30 de abril, quatro dias
depois que o juiz Burne leu em corte o
memorando sobre a invasão do consultório do psiquiatra de Ellsberg, em
Los Angeles, por Liddy e Hunt. que
trabalhavam diretamente sob as ordens de Ehrlichman. Ê útil notar, para
o entendimento dos acontecimentos
posteriores, que o procurador-geral da
comissão judiciária do Senado,
Richardson. declarou no dia 22 de
maio que Nixon estava informado
sobre a invasão do consultório do
"o final
psiquiatra de Ellsberg desde
de março". Byrne, no entanto, recebeu
as provas do ocorrido apenas no dia 26
de abril. Quando ele se reuniu com
Ehrlichman, ainda não sabia sobre a
invasão, mas Nixon sabia.
A revelação sobre o encontro de
Byrne com Ehrlichman deve ter sido.
feita pela própria Casa Branca, uma
vez que o Star-News — embora tenha
criticado o Watergate tão severamente
quanto o Washington Post — é um dos
dois únicos jornais de Washington que
"boni Mfmof"
ainda se mantém em
epsersm
A noticia, assinada
com o
0'Uary» nio
Jeromy
pelo lomalista
nsenciona ffhrlkhman e sugere a
responsaNIidade direta do presidente
Nixon. Se foi o próprio Ehrlichman
que deu a informação ao su» \v«.
«rste foi um de seus últimos atos como
assessor de Nixon. porque exatamente
no dia 30 a Casa Branca anunciou ler
»csú\o as renúncias de Ehrlichman e
ttaldcman,
Av repercussões da noticia do
julgamento foram imediatas. O
conselheiro da defesa. Charles Nesson.
idefonou imediatamente ao juiz Bvmt
para avisá-lo sobre as revelações do
Star-Sests. Bj/mc chegou ao tribunal
20 minutos atrasado com uma
dedaração pronta, que leu assim que a
sessão começou, explicando que
"mal*
pretendia esclarecer qualquer
entendido" a respeito de sua entrevista
com Ehrlichman.
Segundo Byrne. Ehrlichman
telefonou*lhe de San Clemente
mareando um encontro para o dia $ de
abril, para discutir um assunto "que
nio linha relação alguma com o caso
dos Documentos do Pentágono" e
sugeriu a possibilidade de oferecer-lhe
um futuro cargo oo governo. Byrne
disse que durante a reunião foi
rapidamente apresentado ao
"nós
meramente
presidente Nixon —
trocamos cumprimentos formais,
durante um minuto ou pouco mais que
isso" — e que sua "reação inicial á
proposta de Ehrlichman foi adiar
qualquer consideração sobre um posto
governamental para após o término do
julgamento. O juiz. calculava, na
ocasião, que o julgamento duraria
ainda um mês. Por que fazer
estimativas do gênero se a oferta não
foi feita com intenção de deixar cm
aberto considerações futuras? E. por
acaso, está de acordo com a ética
judicial presidir um julgamento que
denuncia delitos do governo e ao
mesmo tempo considerar secretamente
uma oferta feita por membros deste
mesmo governo?
Bvme acrescentou que manteve
outra rápida conversação com Ehrlichman. na qual confirmou seu ponto de
vista original. Onde. como e quando
teve lugar este segundo encontro só se
veio a saber dois dias depois. E Byrne
provavelmente só o revelou porque no
dia primeiro de maio a defesa pediu
sua demissão em um documento
redigido com muita cautela, lido em
cortes pelo advogado de defesa
Leonard Boudin:
"O interesse
fora do comum que a
Casa Branca demonstrou neste caso
poderia caracterizar a oferta como uma
tentativa de suborno — realizada na
presença virtual do presidente dos
EUA — que foi frustrada simplesmente porque o juiz Byrne recusou-se a
aceitá-la".
Menos
cautelosa
e mais
precisamente, a oferta não foi
frustrada, foi apenas aliada. O juiz não
se recusou a aceitá-la; ele se recusou
a considerá-la até que o julgamento
chegasse ao fim.
Byrne. pressionado, revelou então
que manteve um segundo encontro
com Ehrlichman, no dia 1;%em Santa
Monica. e que o cargo que lhe ofereciam
era a direção do FBI. Ainda assim,
muitas questões continuaram sem
resposta: Quem marcou o segundo
encontro? O que levou o juiz a confirmar sua "reação inicial"? Por acaso'
sua primeira resposta não fora
suficientemente firme? Por que a
proposta ficou sujeita a futuras
considerações?
Como disse o procurador da defesa
Leonard Weinglass, ele teria sido preso
se oferecesse um cargo importante ao
juiz durante o julgamento. Se Ehrlichman não fosse um dos
principais
assessores do presidente, Byrne teria,
de início, encarado a oferta como
suborno. Em corte, no dia primeiro de
maio. o advogado Boudin, ao
argumentar sobre a moção formal
para
a destituição do juiz Byrne, responsabilizeu diretamente a Casa Branca:
"Nâo
é possível minimizar os feitos
do incidente em San Clemente. A
conduta do presidente comprometeu o
poder judiciário a um ponto que
tornou inviável a realização de
qualquer julgamento honesto, agora ou
no futuro. Teria sido infinitamente
mais prudente o juiz Byrne não
comparecer a uma reunião em San
Ctrmenit durante um julgamento que
tahva seja o mais importante n_.
Hivtóría pulitira «leste sérióu
O fato de que Byrne só revelou os
encontros depois que eles foram
inesperadamente divulgados pela
imprensa demonstra que os juizes,
como todos os seres humanos, tém*
fraquezas, E são exatamente estas
fraquezas que impedem que o juiz
Byrne continue a presidir o
julgamento, Nenhum ser humano tem
o direito de apagar de sua consciência
acoBMtimenitH passados que poderão
MijMcnctar sua conduta futura, A Casa
Branca comprometeu a Corte ao tomar
a iniciativa destes encontros''
A«tsvnlorii
No dia 4 de maio, a defesa
apresentou um memorando completo
com o argumento de que a visita do
juiz Byrne a San Clemente era um
motivo suficiente para sua destituição.
No mesmo dia. porém, o juiz negou a
validade do argumento, dizendo our
ele não fora influenciado gc^a»
proposta. No dia 7. os jornais de Los
Angeles informaram que a defesa
estava preparando uma ação para
derrubar a decisão do juiz. que seria
encaminhada á Nona Corte de
Apelações. A Cone. se desse parecer
favorável á ação. poderia exigir uma
audiência especial sobre a visita a San
Clemente e a proposta de. Ehrlichman.
Poderia suspender o julgamento de
Ellsberg e Russo até que a questão
fosse resolvida. Poderia convocar
Ehrlichman como testemunha.
Poderia, inclusive, pedir o depoimento
do presidente.
Nada disso ocorreu porque o juiz
Bvme tomou a iniciativa de abandonar
o caso no dia 11 de maio. O fez. porém,
sem nada esclarecer de definitivo sobre
os encontros em San Clemente e Santa
Monica. incluindo-os apenas no que
chamou de "acontecimentos bizarros
que prejudicaram inevitavelmente o
processo".
O significado real dos encontros é
que Nixon já sabia, no dia 5 de abril,
que o consultório do psiquiatra de
Ellsberg fora invadido por membros de
seu governo. E previa que McCord ou
Dean — que declararam a Nixon, no
dia 20 de março, que pretendiam
"contar
tudo" para salvar a
presidência — revelariam o acontecimento no tribunal do Juiz Byrne.
De fato. Dean contou toda a história ao
promotor federal Silbart. no dia 15 de
abril, deixando a Nixon a alternativa
de submeter a informação ao juiz
Byrne ou suprimir as provas. Nixon
parece ter favorecido a segunda
Nenhum outro presidente
dos Estados Unidos
ousou lançar mão de
tantos privilégios
quanto Richard Nixon
hipótese, até que as pressões
aumentaram.
De qualquer maneira, se a defesa
não tivesse desistido de sua apelação,
apesar da renúncia do juiz Byrne,
muitas coisas poderiam ter sido
esclarecidas. Ter-se-ia descoberto, por
exemplo, se Ehrlichman tomara
decisões tão sérias, como a de tentar
subornar o juiz Byrne, sem a
autorização expressa do presidente.
Será possível que Nixon, criador da
administração mais^ centralizada da
'cauteloso
história dos EUA,
até na
majs elementar delegação de
autoridade, se tornou, de repente,
alheio a tudo o que se passava na Casa
Branca?
Estaria
Nixon
tão
estratosfericamente elevado acima dos
problemas mundanos no dia 5 de abril,
na Casa Branca de San Clemente*: que
foi capaz de encontrar Ehrlichman
reunido com o juiz de um processo
fundamental como o dos Papéis do
Pentágono, cumprimentar Byrne e
nem ao menos perguntar-lhe o que
estava acontecendo? Só um idiota
acreditaria nesta versão. Ainda assim,
apenas o julgamento por impeachment
poderá revelar a verdade desta e de
outras questiÕes.
&
17
Vietnã, o acordo repetido
do comunicado con*
AhitriWta
junto (como foi chamado)
atunado em Parti na quana feira da
temana patsada ê wmelhame à do
Acordo dc CetsarFogo para o Vietni
dc 27 de janeiro Apenas 24 horas apot
a assinatura do comunicado,
ocorreram 21 violações, segundo
Saigon. O documento da semana
passada realmente nada acrescenta ao
anterior, Apenat o reforça.
De seus 14 anigos. três tâo
apcoalmcnie importantes. O primeiro
prevê o fim imediato dat hostilidades
no Vietni do Sul, entre as forças do
Governo Revolucionirio Provisório
(GRP) e dc Saigon. Ettat bostilidades
(violações ao Acordo dc 27 de janeiro)
*».** mil monos,
já causaram mais de
feridos c desaparecidos. Ot outros doit
pontos sio o resultado das muitas
acusações que a República
Democrática do Vietnã (RDV) fez aos
RUA desde fevereiro. Segundo a RDV.
os RUA não cumpriram o acordo
quanto á retirada das minas e quanto
aot "'¦"» tobre território vietnamita.
Rmbora clatttficadot como "tõos de
reconhecimento" pelos norteamericanos, essas incursões não
estavam prcsittat not acordos iniciais.
Agora, com o novo documento
attinado pelas quatro panes, os RUA
"devem
pôr um fim imediato, completo e indefinido aot »«5ot de
reconhecimenro sobre território do
Vietnã". Além ditto. num prazo de
cinco diat. os none-americanos devem
reiniciar a retirada das minas
colocadas em portos c rios do Vietnã
do Norte.
O eomunicodo da trmana patsada.
como o acordo oV V de janeiro,
resultou das comcrtaeòct tecretat
entre Kissinger e o representante da
RDV. U Duc Tho c. como em janeiro.
Sai|on heshou enf attinar. A principio.
Thieu nio queria o termo "temiisrío".
para designar suas áreat e at do GRP.
pms itso denotaria que o Vietni do Sul
está dtsididu Para ele. a et pressão
deteria ter "área tob controle müitar
temporário". Acabou ficando "área
tob controle".
Até o Mútuo momento Saigon tentou
dificultar o noto acordo. No dia an*
terior á atsinatura do comunicado, o
eomando das forçai armadat tul*
viernamitat convocou ot jornalittat pra
a divulgação de um "boletim especial",
em que denunciava uma "grande
ofensiva comunista". O vietcong
colocaria em açio o plano "cabeça de
rato. rabo de elefante". Na primeira
pane do plano ("cabeça de rato"), o
vietcong atacaria nas fronteiras,
atraindo as forças tul-tietnamitat
concentradat na cidade. A tegunda
pane ("rabo de elefante") incluiria
maciços ataques is cidadet irtdcfctat.
Segundo o jornal The Wasbingum
Post. at autoridades do terviço secreto
none-americano receberam o boletim
com "cones eeticitmo". pois os
relatórios sindot do Vietnã do None e
os referentet it atividades da Frente
Nacional de Libertação indicam que
ambos, not últimos doit meses, estão
mais preocupadot com o desensolvimento político c econômico.
Thieu fez tudo para impedir a
assinatura do comunicado. Apesar de
proibida qualquer oposição a seu
regime, e apesar dos pritioncirot
poliitçot. alegava que nio assinaria o
documento por nao ter tiolado o
acordo de 27 de janeiro, Finalmente,
entretanto, at prettõet norte*
americanas convcnccram*no a
autorizar seu representante em Paris.
Ngusen üiu Vien. a attinar o
comunicado conjunto
Attim como o Acordo dc 27 de
ianetro. porém, ette também nio foi
cumprido logo not primeiros diat de
rigéncia. Até o inicio desta temana. os
combates continuavam em boa pane
do território do Vietni do Sul.
etpecialmente no delta do rio Mekong
Um dot anigos do comunicado pretê o
contato direto entre os comandantes de
unidadet de tropas de Saigon e da
FNL Mas 4* horas depoit da
assinatura, muitas unidades de Thieu
nem sequer tinham tido notificadas da
sigéncia do documento. Rtte artigo,
aliit. foi incluído a contragosto de
Thieu. Para de. ot entendimentot
deveriam ser estabelecidos entre
comandantet de drvitõ«*t. para evitar
contatos amistosos do GRP «rom o
pessoal de nivd mait baixo dat forças
de Saigon.
A semelhança entre o comunicado
conjunto da temana pastada e o
acordo de 27 de janeiro é. de fato.
muito grande. Tanto que Kissinger —demonstrando uma cena dose de
realismo, ou pelo menos alguma
criticas
preocupação com possíveis
futuras — declarou; "Nio sou tão
ingênuo a ponto de crer que uma
reafirmação baste para garantir a
paz".
A morte fora de combate
janeiro dc l%l até o fim
Dc de março deste ano. 45.958 norteamericanos morreram em combate, no
Vietnã, mas o número total dc homens
e mulheres dos EUA mortos, durante o
mesmo período, foi quase 25 por cento
maior.Segundo dadosdo Departamento
da Defesa, durante o mesmo periodo.
houve 10.303 mortes de "causas não
hostis", no Vietnã. Para os militares,
essa classificação tem uma importáncia essencialmente burocrática: os
soldados monos cm combate são
condecorados pos-morten: os outros,
não.
Os dados foram pedidos ao Pentágono. em fevereiro deste ano, pelo
senador democrata Robert Byrd, que
desejava obter informações sobre o que
teria levado os soldados à indisciplina
e. consequentemente, aos fraggings.
Embora as causas naturais e os
acidentes expliquem a maioria das
mortes "não hostis", um grande
número de soldados morreu por
suas próprias mãos ou pelas de seus
companheiros. Houve 1.163
homicídios, em geral a bala. Destes.
973 foram classificados como
"acidentais" c 190 como "intencionais".
Foram 793 os casos dc "autodesiruiçâo
acidental" e 379 os de suicídio.
Explicando as mortes como
"fenômenos do conilito do sudeste
asiático", o relatório do Pentágono
revela 3.060 mortes em acidentes
aéreos. I.075 em acidentes com
veículos motorizados. 1.015 mortes por
afogamento e asfixia, e 1.07b em
conseqüência de queimaduras,
malária, hepatite/ataques cardíacos c
outras doenças. Embora o problema da
heroina existisse desde a metade da
década passada, os dados referentes ao
exagerado consumo de drogas sé
abrangem os anos de 70 a 72: 102
mortes.
Mas o relatório do Pentágono
consegue revelar um certo otimismo.
Como prova disso, diz que as
deserções, dentro do exército norteamericano, decresceram de 340.955 em
1971 para 257.453 no ano passado.
O relatório não oferece, entretanto, o
decréscimo do número total de
soldados que compõem as forças
armadas. E prossegue com outra
informação otimista: o número de
punições foi de 491.897 em 1971, e de
415.550 no ano passado.
Etn I9T0 houve 163.500 convocações para o exército, e esse número
diminuiu bastante: % mil em 7t, 5f.
mil em 72. e nâo haverá nenhum
alistamento este ano. Obviamente
esses d3dos precisam ser considerados,
para sc chegar a qualquer conclusão
otimista. Se o número dc alistamentos
diminuiu, o número de deserções,
e mortes acidentais diminuiu
também.
O relatório do Pentágono concluiu,
entretanto, que. "quanto à moral e à
disciplina, os soldados tiveram
aproximadamente os mesmos
problemas que a sociedade norteamericana: aumento dos crimes, abuso
do álcool e drogas, agitação racial e
violência". O que não chega a ser
exatamente correto, pois a média de
acidentes e doenças fatais foi nove
vezes maior do que a média do mundo
todo, no mesmo período.
Embora os povos do Vietnã.
Camboja e Laos tenham sofrido — e
estão sofrendo — perdas muito
maiores, o preço pago pelos EUA foi
imenso: 56 mil mortos e mais de 300
mil feridos.
Aborto: todos descontentes
((aBomos todos abortistas", gri3a*tava uma multidão de duas mil
pessoas há algumas semanas, em
Grenoble, na França. Organizada
pelos militantes do Movimento pela
Liberalização do Aborto e da Anticoncepção (MLAC), a manifestação era
um desagravo às constantes perseguições policiais sofridas pelos
médicos abortistas e se propunha a um
final espetacular: realizar um aborto
em público.
Essa atitude dc extrema contestação
foi suspensa,mas a simples ousadia de
anunciá-la contribuiu bastante para
aumentar a grande expectativa criada
em torno da reforma da lei anti-aborto
de 1920 que foi reformada, na semana
passada, pela Assembléia Nacional
francesa.
De agora em diante, os debates que
já eram ásperos • devem aumentar sua
intensidade pois o projeto apresentado
pelo governo e aprovado na Assembléia
Nacional conseguiu um parecer
unânime de todas as correntes *3b1fticas
e religiosas envolvidas na questão: é
decepcionante.
r
Pela nova lei, o aborto é permitido
apenas em três circunstâncias: se
existir perigo para a saúde física,
psíquica ou mental da mãe; se estiver
fora de dúvida o nascimento de um ser
anormal; se a gravidez for precedida
por violação, incesto ou crime similar.
Essas hipóteses estavam incluídas nas
propostas de todos os grupos liberais
mas a elas se acrescentava mais uma
"sempre
permitindo o aborto
que se
colocar um problema social sem
solução imediata para a mãe ou para a
família".
A» divergências
Essa dimensão do problema, nem
sequer mencionada na nova lei, era um
dos principais pontos da posição
comunista. Os comunistas, entretanto,
não eram os defensores mais
aborto, por eles conavançados do "última
solução" e não
siderado uma
uma solução para problemas sociais ou
um meio essencial â libertação
feminina como pretendiam outras
correntes mais radicais.
O Partido Socialista Unificado
(PSU), por exemplo, propunha que a
nova lei permitisse a "qualquer
mulher, de qualquer idade, realizar o
aborto até a 24.a semana de gravidez"
embora mais tarde tenha recuado
limitando a 18 anos a idade das
candidatas.
No setor religioso, a questão chegou
a ser considerada como uma ameaça
ao ecumenismo, de tal forma pareciam
inconciliáveis as divergências entre
católicos e protestantes. A Igreja
Católica manteve sua posição de
sempre enquadrando o embrião no
"não matarás". Os
preceito
protestantes perguntavam se não
seriam posições rígidas como essa dos
católicos as responsáveis pelo número
cada vez maior de abortos.
Por razões bastante diferentes, os
grupos anti-abortos também ficaram
desgostosos. Um deles, o grupo
"Deixem-nos Viver" considera a nova lei a "legalização de uma medida
de desespero".
At nacionalizações
do "irmão-coronel"
primeiro dos cinco objetivos
O prioniinot fUadot pelo goterno
do coronel Muamar Kadhafi
("riactonalirar a exploração e a
wmcrcialiMçào do petróleo da Ubia"»
(II continuou a ter rcatuado na
temana patsada. quando ele anunciou
a nacionalização da empresa notxe^
amcrkana Bunker Hum Oil A
espropriaçio. entretanto, nio foi de
grande pone. apesar dc significativa, A
companhia nactonaluada é a menor
empresa petrolífera estrangeira
na
Ubia — mantém operações dc 140
mVhòes de dólares e produz apenas
ISO mil barris por dia. equivalentes a
cinco por cento da produçio do pais.
'a Oásis, outra grande companhia
none*americana. produ; oSO mil. ino
é. um terço da produçio total da
Ubia.)
A ocasião da divulgação da medida
foi bastante favorável. Comemorava*
ve. em Trlpoli. na scgunda*feira da
semana pattada. o terceiro aniversirio
da expulsão dot none-americanos da
Bate Aérea de Whedut. "Chegou o
momento de ot irabes ameaçarem
seriamente os interesses dos Ettadot
Unidos no Oriente Médio", ditse
Kadhafi. A teu lado encontravam-te os
pretidentet de Uganda. Idi Amin. da
República Centro-Afficana. Jean —•
Bedel Bokasta. e do Egito. Anuar
Sadat. Este. ao discursar, lembrou que
a nacionalização da Bunker Hunt Oil é
o "começo de uma batalha rontra os
interesses norte-americanos em toda a
região árabe".
Sadat porém não foi a Tripoii
apenas para as comemorações. A foto
publicada nos jornais do dia seguinte
'Kadhafi e Sadat de mãos dadasi tem
um grande significado para a Líbia e o
Egito: está prevista para 1.° de
setembro deste ano a união dos dois
"A união com o Egito", diz o
países.
ministro das relações exteriores iibio.
Mansur Kikhia. "não é apenas uma
aspiração política, é um imperativo
econômico".
A Líbia ainda é um pai pobre. Com
um território duas vezes maior do que
o da França, e apenas dois milhões de
habitantes concentrados nos oásis e no
litoral do Mediterrâneo, no inicio da
década de 50 tinha 90To de analfabetos
c uma renda per capita de 35 dólares
que. em 1966. atingiu 250 dólares
Apesar de independente desde 1951 e
da descoberta do petróleo em 1959. a
Líbia só começou a sofrer algumas
transformações em suas estruturas
tradicionais em 1969. No dia 1.° de
setembro daquele ano subiu ao poder o
"irmão-coronel" (como
passou a ser
chamado posteriormente) Muamar
Kadhafi, jovem oficial de 28 anos que
instalar na Líbia um regime
pretendia
"puro e duro*'. A
primeira
nacionalização veio em dezembro de
1971. A British Petroleum tentou
impedir a veada do petróleo
rtactonaarado, sob • alcgaça» dc qut
ot Ifbk» nlo têm direito a cie (Como
resultado, apeoaa o Braol c a Grécia.
atualmente, sie.tjpmpradorct do
petróleo produzido ai ata*
ciproprtada por Kadaü em 1971,}
Muros eram ot problemas con*
tlifaam com ¦ coasecuçio dos
"rrhltaaros
pnontirtot" De toda a
população do pais. por eacmpb.
apenas S0*% tinha mate de 20 anot de
idade, e destes. ciduJdos nômades,
mulheres, telhoi e tetilrdot. poucos
eram ot trabalhadores produtivos. Em
vinude dessa grave fruta dc mio-de
obra. a presença de egípcios é marcante. etpecialmente de operirios
etpecialtradot.
Para realixar tua ambiciota tarefa
de "reduzir ao miximo a dependência
do pab em relação ao estrangeiro". 6
conselho revolucionirio que levou
Kadhafi ao poder colocou em pritica
uma téne de medidas, de cariter
claramente nacionalista, conhecidas
por tuas caracteriaicas is vezes
pitorescas. Organizou-se uma espeta:
de happening perman«*nt«*JEm apenas
dois mesa. foi realizado um congresso
de escritores llbios. um congresso dot
filósofos irabes e. mais recentemente,
uma "revolução cultural": fo«
suprimida toda a literatura não
tslimica existente no pab. com a
finalidade de "purificar" os seguidores
do islamismo. i Segundo alguns, ess.
medida foi uma manobra de Kadhat
para eliminar a oposição marxista a
regime.)
A união com ot egípcio*
As autoridades libias, apareniemen
te. não tém dúvidas quanto a
viabilidade e ao sucesso da uniio com r
Egho. Alegam que os libios não
conseguirão fazer tudo sozinhos, e que
"a cooperação entre os dois
países
rentável, fará baixar os preços e criara
um vasto mercado, contribuindo pari
a melhoria do nível de vida". Ma;
certas camadas da população lfoia sc
opõem. Indagam se não seria melhor
adiar a unificação por alguns anos,
"para
permitir que os dois povos s»
conheçam melhor e se acostumem urr.
com o outro". Quando o problema é
colocado nesses termos, porém, os
dirigentes libios respondem que a
união é um "imperativo político" não
somente do ponto de vista "da nação
árabe", mas também no plano internacional.
IH Os outros quatro objetivos
prioritários: desenvolver a agricuhura:
promover a industrialização: itensificar a escolarízação e a formação
pmfissionat reforçar o controle do
Estado sobre os setores de importação
e distribuição.
A reforma da OEA
rumores que circularam na
Os semana passada, em Washington,
sobre uma possivei retirada da
Argentina da Organização dos Estados
Americanos (OEA) e da Associação
Latino-Americana de Livre Comércio
(ALALC) até o fim do mês só fizeram
aumentar ainda mais a expectativa
pela reunião da comissão especial que
estudará a reforma da OEA.
A comissão especial, formada por 12
países membros, se reunirá na quartafeira desta semana, em Lima, com a
finalidade de "estudar o sistema interamericano e propor medidas para
sua reestruturação". A mesma Terceira Assembléia-Gera; da OEA, que
criou a comissão e estabeleceu seus
objetivos em 15 de abril deste ano,
fixou também
o prazo (30 de
novembro) para que essa comissão
apresente os resultados de seus
estudos.
A "insatisfação geral quanto ao
funcionamento e resultados do Sistema
Interamericano" aumentou, sem
dúvida, na última assembléia-geral. Na
ocasião, alguns países manifestaram-se
favoráveis à retirada das sanções
impostas pela OEA a Cuba. O
delegado peruano, Juan Caile, falando
sobre "pluralismo ideológico", condenou os "ostracismos e incompatibilidades por motivos d: ideologia,
como as que ainda pesam sobre a
República irmã de Cuba".
A Argentina, com sua decisão
unilateral de reatar relações
diplomáticas com Cu6a, aumentou o
número dos que pretendem alterações
mais profundas na OEA e fez fortalecer, na semana passada, os
rumores sobre sua retirada da OEA e
da ALALC. Segundo esses boatos, os
peronistas desejariam a criação de uma
federação latino-americana que
substituiria as duas organizações
existentes.
As restrições de Campora i OEA
não são pequenas. "A OEA esti em
profunda crise e não cumpriu seus
objetivos", disse o presidente
argentino, "ê um organismo antihistórico, que não vê o mundo como de
coexistência - pacifica e de
multipolarismos".
II
<k dirig-mt**** &< emnomes
de
Centenas
p r c V a s
as»u«tadoramenie lamtliarc» aos
ou» ido» russos — como IBM, ITT.
Bank o! Amcnca Chrsslei Ou Pow e
IVp»i Cola — abrem, ou se prrparam
para abrir, es»;nu*r*«i*** %»«mcrciai» em
Moh-ou. o Chave Manhattan Bank
tnvtala**,nadama«»nada rneno» que
**•• numero I da
praça Karl Mars: o
vccretári*».geral do Pantdo CVmunivta
da CR"»*». Leonid Brejncv — nesta
«emana »i»ttando ••*- H \ onde foi
assinar e divcuiir »ârto» »c»*fd«H —
declara que .*» negiVim entre seu pai» e
vis americano» podem, deniro de dua»
década», pular da mi*desta quantia de
pouco mai» de >«* milhões de dõlarev
para .*•**• Nlhôe», O que está acon*
tecendo* Parece que a frase com que
um compenetradn pensador* alemão
abriu um manifesto de denuncia do»
erro» evtruturais do nascente
..••**..!•..•". europeu em IM» e»ti
"um espectro
curtttvanientc invertida:
ronda a 1'nião So»toica.oe»pcciro do
capitalismo".
Fm maio do ano pavsado. Richard
Sison evtcve em Mitscou c »ua»
prolongada» iimversaçõe» com os
dirigente» vovtéticos foram anunciada»
como uma nova era. nâi» sa na tmtória
da» rclaçor» entre o» doi» paises ma»
talvez ate na tvitória da humanidade.
Nison assinou com »»• ruvvo» uma vénc
de acordo» — para projeto» conjunto»
no espaço, troca de inlormaçõe» no
campo da medicina e controle da
poluição c para a melhoria «ta» regras
de navegação — ma» aparentemente
fracassou no seu propósito maior,
estabelecer ao mesmo tempo a» bases
definitivas do» grande» tratado»
comerciais que abrissem o mercado
soviético aos investimentos
americanos. A Nova Era. caracterizada
por alguns teóricos com o pitoresco
adjetivo de iransideológica. tinha
assim um inicio relativamente falso.
Da p.isxagem de Nixon pela URSS
naquele» dias agitados que ve seguiram
ao bloqueio naval de Haiphong pela
trota americana até esta semana, em
que Brejnev passeia pelos Estados
Unidos, muna coisa mudou. A imagem
de Nixon. por exemplo, nào tem mais
nada da antiga grandeza do homem
que. se nào te/ a paz no Vietnã, pelo
menos trouxe de volta a seu pais até o
último piloto aprisionado na guerra.
Brejnev pode verem qualquer aparelho
de televisão um espetáculo raro para
seus hábitos de chefe de Estado de país
comunista: o presidente dos Estados
Unidos da America sendo acusado de
crimes que vão da omissão à
corrupção, passando pela espionagem.
Neste ano que separou as duas
reuniões de cúpula dos líderes das duas
mais poderosas nações do planeta,
contudo, um fenômeno se fortaleceu e
deu força aos profetas da Nova Era.
Em outubro dc ano passado, depois de
longas negociações, foram assinados os
grandes e esperados acordos comerciais entre os dois países. A eles se
seguiram centenas de visitas de empresários americanos à URSS e de
técnicos soviéticos aos Estados Unidos.
David Rockfeller foi a Moscou abrir a
agência do Chase a firmar a Aleksei
Kossigin. entre taças de champanha e
"o mundo
guloseimas de caviar, que
inteiro está mudando rapidamente". O
Pravda declarou que a expansão do
comércio com os americanos
"representa um caminho
promissor
para a elevação da eficiência da
economia soviética" e. consequentemente, do padrão de vida do povo
russo. Boris Strelnikov, um de seus
correspondentes em Washington,
cruzou os EUA de costa a costa e
descreveu para os leitores soviéticos
seus empolgados 16 mil quilômetros de
contatos com as rodovias, motéis,
restaurantes e postos de beira de
estrada da opulenta sociedade
americana. O esperto dr. Armand
Hammer, 75 anos, autodefinido como
amigo de Lênin, dono da 36.a grande
companhia americana, a Occidental
Petroleum Corporation, assinou com
os documentos
os soviéticos
contratos para
dos
preliminares
exploração de gás soviético da Sibéria,
para render, nos próximos anos. 8
bilhões de dólares, mais. por exemplo,
que toda a poupança brasileira do ano
passado.
é seguramente temerário acompanhar os teóricos da iransideologia e
dizer que esses fatos indicam que
Nixon e Brejnev.
E os outros.
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comunismo e capitalismo perderam
seus antigos significados e que as novas
relações EU A-URSS são o sinal dessa
transformação. Este. complexo e
excitante fenômeno da história contemporânea ainda provoca mais
perguntas do que respostas. O que
segue é uma tentativa de responder a
algumas de suas indagações.
Mesmo deixando de
lado a ambição de sa1 ber se capitalismo
americano e socialismo russo
caminham em direção a
é
algum
comum,
ponto
está
dizer
que
possível
acontecendo uma mudança
qualitativa nas relações entre
os dois países?
bastante razoável acreditar
E que sim. Russos e americanos
falam dessa "nova etapa". "Agora
existem todos os fundamentos para
assinalar que na história do pós-guerra
começou uma época crucial na qual se
realiza a reavaliação das teses sobre
política exterior ocidental", diz Dmitri
Ardamatski. comentarista político da
agência Novosti. Os acordos para
limitação das armas estratégicas
assinados em maio do ano passado em
Moscou são "sem precedentes no
século nuclear", diz a agência norteamericana para o desarmamento.
Um reexarne da história das relações
URSS-EUA fortalece a impressão de
mudança. De 1917, ano da revolução
bolchevique na Rússia tzarista, até
1933. os Estados Unidos não
reconheceram o regime soviético.
Depois de um curto período de
colaboração durante a Segunda
Guerra, quando lutaram juntos contra
o fascismo, americanos e russos se
separaram novamente. A América,
preocupada com a vitória dos exércitos
vermelhos, que semearam regimes
comunistas até a metade da Alemanha,
bloqueou as relações entre seus aliados
"uma
e os países do novo regime, com
cortina de ferro". Do fim da guerra até
anos recentes, desenvolveu-se surdamente entre os dois mundos a
"Guerra
política conhecida como de
-S
\-¦
m^.''*'
*<Jm
Wr
Quais são os princi*
pais acordo* firma*
3 dos até agora entre os
dois paises e o que eles
significam?
MUNDI
Fria". Os americanos acreditavam que
os russos estavam por irás de todas as
rebeliões contra governos que eram
seus aliados. Os comunistas
"patrocinam
guerras dirigidas a
raptos,
distância, guerrilhas,
assassinatos, bombardeios e assaltos a
bancos", diz Eugene Rostow, teórico
entusiasta da política americana nesse
período.
A corrida aos foguetes e às bombas
nucleares aumentou a tensão dessa
"Guerra". Os americanos explodem
sua primeira bomba-A,em julho de
1945; os russos, em julho de 49. Os
americanos explodem sua primeira
bomba-H em novembro de 1952; os
soviéticos, em agosto de 1953. Em
outubro de 1957, os russos colocam em
órbita o primeiro Sputnik, revelando
assim que tinham resolvido os
problemas técnicos da construção de
um foguete balístico intercontinental
(capaz de viajar mais de 8 mil
quilômetros — e portanto de despejar
uma bomba atômica no solo americano
a partir de um lançamento do solo
soviético). O Sputnik e a rapidez com
que os soviéticos tinham se recuperado
de seu atraso de quatro anos na
construção da bomba-A alimentam as
imaginações mais férteis, que viam as
metrópoles americanas arrasadas por
mísseis vermelhos. Os dois lados
constróem então, freneticamente, arsenais nucleares que em pouco tempo
são avaliados como tendo a capacidade
de destruir, numa guerra de poucas
horas, todos os principais aglomerados
humanos do adversário, várias vezes.
"técnico"
(Para os americanos, o termo
é first strike capability, que mede a
quantidade de vezes que o pais pode
destruir seu principal adversário, se for
capaz de dar o primeiro golpe.)
O absurdo desses arsenais torna-se
um fato público justamente no período
do degelo da Guerra Fria. Em 1963 —
um ano depois que a presença de
foguetes soviéticos ofensivos em Cuba
tinha levado o presidente John Kennedy a decretar o bloqueio da ilha e
com isso provocar uma ameaça
iminente de guerra nuclear —, os dois
países, juntamente com a Grã
Bretanha, assinam um acordo banindo
os testes nucleares na atmosfera. Em
novembro de 1%9, assinam também o
tratado de não-proliferação das armas
nucleares, pelo qual convidam os
êmpst o ftraú m <fw****r»a dejuruttki
por stus mem no» **umm anos E
que. pmstooatJo tam outras coisas
por síktssWos fracassos na irfttat t»s et
mo-krntrar a agricultura «ettttka.
t-conid Srcpifs e su* ala dentro do
soviético
Partido Comunista
-«•sorveram optar
per uma potlitca dt
utUiração da teefrdogta e dinheiro do
OdfJfMM
Ocrevimemoda economia «estética
*' • Índice mais feaito
o
em I9?2 fot de
desde a Segunda ttmrte A csponaçio
de produtus manufaturado» sosteticos.
que *ont»popdia a 2" a**" do comércio
esterooem \*Tl, caiu para liJ>% em
' ••' /
O PNB. que correspondia a 54%
*-."¦
do americano, em 1*171. saiu para
*'.'
No campo, a pruduçào ,jf
em f
fcnili/antcs, a despdto de 20 anos de
r»torçu». pare» »er ainda metade da
americana e a produtividade do
trabalhador agrícola. 5 ve/es menor
Além disso, o» soviéticos optaram
por accleno- o dcscnvohtmento de suas
área» inesplorada». como a Sibéria,
onde pretendem, vegunito seu último
Piam* Ü línq - ' -" empregar W* de
seus imotimcntos gMtai» fque n«r
Plano sio da ordem de 500 hilhões de
dólares).
Ao mesmo tempo, o aumento das
esigencias de consumo de seus
habitantes torna a economia mais
complesa de dirigir e leva os soviéticos
a se sentirem mais atraídos pela
tecnologia ocidental. Com o recurso ao
ocidente,os russo» pensam obter várias
vantagens ao mesmo tempo:' desen*
volver vasta» regiões inexploradas,
como a Sibéria: modernizar sua
tecnologia: e criar um grande potencial
de exponações para o futuro.
outros paises a renunciar, sob
supervisão internacional, à fabricação
e posse de armas nucleares Em julho
de 1969, os americanos chegam a lua e
os últimos temores de uma inferioridade em foguetes — que tinham
sido alimentados pelos propagandistas
da Guerra Fria — tornam-se
praticamente insignificantes.
Dentro desse quadro, quando Nixon
toma posse em I%9 e anuncia a
"verdadeira necessidade de um entendimento mútuo norte-americano", ele
não está praticamente tomando uma
iniciativa, mas dando prosseguimento
a uma tendência histórica de mudança.
apontar
possível
um dos dois
lados
2É como mais interessado
nessa reaproximação? Ou, o
que é quase a mesma coisa,
algum dos lados julga ter
mais vantagens nessas novas
relações?
russos, aparentemente, são
Os os mais interessados.
As
limitações das relações comerciais
entre os dois mundos foram decretadas
pelo lado mais poderoso, no caso os
Estados Unidos. Em 1921, quando
resolveu reformular a política
econômica do Estado soviético, Lênin
convidou industriais europeus e norteamericanos a investirem na URSS.
Apenas os alemães — que tinham sido
derrotados na Primeira Guerra
Mundial e com isso excluídos do poder
na Europa através do Tratado de
Versalhes — interessaram-se pelo
comércio com o Estado socialista,
relações que permaneceram durante o
tempo de Stalin.
Os russos têm um interesse especial
"Desenvolver
a
pela eficiência.
sociedade socialista é, diz o Pravda,
antes de mais nada, velar pelo
desenvolvimento da economia. Quanto
mais eficazmente os países socialistas
conduzirem a construção econômica,
tanto mais fortes serão no plano
econômico e político, e tanto maior
será sua influência na orientação e na
cadência do desenvolvimento
histórico".
As últimas indicações que se tem é
de que a economia soviética não
foram assinados vários — e
Já esla semana devem ser assinados
novos — tratados para melhorar as
EUA. Há
relações entre URSS e
também diversos acordos importantes
entre firmas americanas e o Estado
soviético.
Acordos de Estado para Estado:
ai Comerciais:
Esses acordos foram estabelecidos
logo que os russos aceitaram o
pagamento da dívida que tinham com
os EUA pelo auxilio recebido durante a
guerra. O total desse débito, segundo
os americanos, era de II bilhões de
dólares — mas os russos se recusavam
a saldá-lo, alegando que suas perdas
(da ordem de 20 milhões de mortos,
comparados com cerca de 700 mil
norte-americanos) não tinham preço.
Uma prova do interesse em
restabelecer as relações é o acerto do
pagamento da divida, reduzida para
722 milhões, pagáveis em prestações
anuais até o ano 2.001.
Outros pontos-chaves dos acordos:
As duas nações se comprometem a
taxar as importações de uma para a
outra com as tarifas que concedem aos
países mais favorecidos de seu
comércio/ou seja, impor para a outra
as menores tarifas possíveis. (Embora o
governo Nixon tenha assinado esse
acordo, ele depende da aprovação do
Congresso americano. Boa porcentagem de congressistas quer condicionar a aprovação a uma garantia
da União Soviética de não' impedir e
não dificultar — cobrando taxas, por
exemplo —.a salda de judeus do país.
Numa concessão sem precedentes, há
algumas semanas a URSS suspendeu a
cobrança de taxas para os judeus que
queriam emigrar.)
Extensão ao outro assinante do
acordo dos créditos comerciais
geralmente acessíveis u um dos lados.
Com isso, por exemplo, os soviéticos
tornam-se aptos a solicitar créditos ao
Export-Import Bank, controlado pelos
EUA.
a Construção de um complexo com
em
hotel-apartamentos-e-escritórios
Washington e Moscou para que
representações comerciais dos dois
países possam ter onde ficar quando
em missão de visita ou permanentemente.
continua no u-àgiria ao I
tf
totwmraijao th e+i«+ oo lodo
Ao mesmo tempo. Nitott retirou da
lista de produtos «rxtrairgvçv-K — t
portanto oe comete» prmbtdo eum a
t Mss — mais dt J art- Htm nos
diurnos tempos. Graças • itso.
«merseanos que (kavam esperando
«nos por automação do gostrno para
fechar negócM com russas, agora
esperam vemanaa, Uma historia que
"Na
ilustra esse clima de mudança;
metade dc I*»».*- a Gtcaton Worfcs".
"recebeu
um
áit o WuêlSirtei Journal
«"«"«"
compra
de
um
para
pedido
equipamento de 22.S mdbóex de
dólares e icve de esperar uuasc dois
anos para obter a autorização de
cvponaçeo do governo, Mas para uma
ordem de 13 milhões de dólares de um
equipamento idêntico recebida no fim
do ano passado obteve a permissão
entre seis e oito semanas".
Outro aspecto da mudança dc
ainda pelo
posição americana, citado
Wall Street Journal "Ao invés de
considerar uma fábrica de caminhões
uma fonte potencial de transporte
milhar" tcomo fazia no tempo da
Guerra Fria)", agpra o governo dos
EUA vc os caminhões como os veículos
utilizados petos soviéticos para levar
bens para seus consumidores".
essas
Como resultado de todas
atitudes e acordos, o comério URSS—
EUA pulou de modestos 200 milhões
de dólares para mais de SOO milhões
cm um ano. de 1971 para 1972. (Atê
1°7|. todo o comérico doi EUA com o
bloco comunista não passava de 600
milhões de dólares, o mesmo volume de
negócios existente entre os EUA e a
Colômbia.)
hl Outros acordos
Cooperação espacial —
provavelmente em junho de 1975
astronautas russos e americanos
acoplarão no espaço uma nave Apoio a
uma Soyuz. As naves tripuladas dos
dois países passam a ter de agora em
diante um anel de engate padrão, de
forma que uma possa engatar e
rebocar a do outro pais em caso de
necessidade. Cogita-se também numa
viagem conjunta a lua e em troca de
informações científicas sobre os
planetas.
Ciência e tecnologia~os dois países
tentarão desenvolver projetos conjuntos de tecnologia muito avançada, como
comunicações globais c talvez até
mesmo a construção de instalações
nucleares.
Pesquisa médica — aumento do
intercâmbio de cientistas e informaçôes. especialmente em combate ao
câncer e doenças ambientais, cardiologia e urologia
Transporte e navegação — nesta
semana deve ser assinado um convênio
sobre a cooperação no setor de
transportes, aéreo e ferroviário; em
maio do ano passado, os acordos
assinados estabeleceram regras de
percurso, para evitar problemas de
tráfego marítimo e aéreo;
Agricultura — nesta semana
também deverá ser assinado acordo
para troca de informações e estatísticas
agrícolas dos dois países, particularmente sobre as respectivas safras, o
que tornará mais fácil para os EUA
suprir eventuais necessidades
soviéticas em determinados anos. (O
acordo neste ponto ajudará a resolver
problemas como o do ano passado,
quando a URSS fez as maiores
compras de cereais de sua história, 25
milhões de toneladas, das quais 18
milhões de trigo, devido a uma das
piores safras agrícolas de seus últimos
100 anos.)
Desarmamento: ver pergunta
adiante.
Negócios entre o Estado socialista So4 viético e empresas
capitalistas
americanas:
como funcionam?
nesse campo que estão os açorE dos mais promissores e
aparentemente desconcertantes. Pepsi
Cola, ITT, Avon, IBM, Fiat, Chrysler,
General Electric e outros nomes, que
um russo menos avisado qualificaria de
"trustes
imperialistas", estão correndo
em busca do mercado soviético.
Recentemente, uma caravana de 800
empresários americanos esteve na
URSS procurando oportunidades para
negócios. No começo do ano, 2 mil
empresários americanos reuntiios em
Nova York no Congresso do Conselho
Nacional do Comercio Eateroe dos
EUA aprovaram a ampliação do
comércio amcncano-soviêtico Hi
duas semanas, para st aproveitar
puMicitariameme dessav tendências, a
resista Time enviava oito de seus
diretores dc publicidade iniemanonal
para viajar e negociar pela URSS, A
resista terminava dizendo que as
mudanças scram tão grandes que jl se
podia coguar de uma edição russa do
Time,
Os contratos da URSS com em*
presas americanas privadas sio de
quatro tipos*
a) Os russos compram conjuntos
industriais completos para equipar
fábricas gigantescas. O mais conhecido
nesie setor é o projeto da fábrica de
caminhões do no Kama. anunciada
para ser a maior do mundo. Várias
empresas americanas estão recebendo
pedidos para montar setores dessa
tábrica ou fábricas subsidiárias para
supri-la de autopeças, Só um dos
projetos csiima*sc que chegue a 200
milhões de dólares
A produção de carros e caminhões
na URSS deve ter um impulso
extraordinário nos próximos anos.
segundo os planos oficiais. Hoje.
existem na URSS 2 8 milhões de carros
icerca de I para 100 pessoa», contra 45
carros para 100 pessoas nos EUA), dos
quais I milhão são carros oficiais.
Embora técnicos russos declarem que
os amencanos são escravizados pelo
automóvel e que não pretendem seguir
seu exemplo, o Kremlin dedicou II
bilhões de rublos (mais ou menos a
mesma quantia em dólares) para a
indústria automobilística no período
I%5-I975. Até 1975. o total de carros
na URSS deverá triplicar.
b) Um segundo tipo de pedido
soviético trará dos EUA fábricas
praticamente completas para
produzirem na URSS bens de consumo
variados. Os americanos constróem a
fábrica nos EUA. fazem-na funcionar
na presença de técnicos soviéticos,
desmontam e despacham para a URSS
onde as remontam e deixam funcionam
do com técnicos russos. Não se sabe
quantos pedidos os soviéticos farão
nesse campo, mas se sabe que serão
muitos e em campos variados.
Alguns dos mais curiosos:
A Pepsico Inc. instalará uma fábrica
em Novorossiisk. peno do mar Negro,
com capacidade para 70 milhões de
garrafas de refrigerantes por ano.
Nixon interveio pessoalmente para a
entrada da Pepsi na URSS. Em l%0.
quando perdeu as eleições para
Kennedy. Nixon foi convidado para ser
presidente da Pepsi por Donald
Kendall. dono da empresa e amigo
particular do atual presidente dos
EUA. Nixon não aceitou, mas seu
escritório ficou com os serviços júridicos da Pepsi. Já em 1959, a pedido de
Kendall. Nixon forçou Kruschev a
beber uma garrafa de Pepsi no stand
da firma numa exposição em Moscou,
o que lhe valeu abundante promoção.
"Nixon não só colocou
a Pepsi dentro
da URSS. ele salvou meu emprego^diz
Kendall, que na época ainda lutava
pelos mais altos postos dentro da
companhia. Na eleição passada,
Kendall foi diretor do Comitê de
indústria e Comércio
para a
arrecadação de fundos para a eleição
de Nixon.
Fábrica de talheres: a Alliance Tool
and Die Corp. e a Atlas Fabricators
Inc. instalarão em solo soviético 5
fábricas (35 milhões de dólares) que
produzirão talheres de prata e aço
inoxidável, cafeteiras, bules para chá e
açucareiros. "Os atuais talheres
soviéticos são grosseiros para os nossos
padrões; sao pesados e pouco
atraentes, de certa forma parecidos
com talheres do exército", diz um
industrial americano ligado a esses
projetos..
Não será surpreendente que as
fábricas a serem importadas para
produzir bens de consumo, como essas
citadas e como foi a da Fiat em 1965,
dediquem-se a setores ainda mais
inesperados (para a URSS ortodoxa de
hoje). As hordas de capitalistas que
peregrinam pela União Soviética em
busca de bons negócios hoje são
extremamente variadas e nelas se
incluem a British-American Tobacco,
a National Cash Register, a Avon, Du
"Os russos
Pont, Chrysler e outro::.
pensam stnamtMt rm comprar nossa
tecnokvgu e nossos produtos", disse
um diretor da General Utecinc ao Wall
'Street
Jmtmal depois de ter discutido
"importante*
com esses
clientes" uma
ampla faisa dê produtos
e) A terceira categoria de compras de
bens de capual soviéticas envolve
equipamento especial para construção,
mineração e outros projetos E templo;
a International Harscsicr de Çhxago
enviara i URSS um pedido de «0
milhões de dólares equivalente a 4S0
tratores de esteira, dos quais um terço
será usado para transportar oleodutos
até os locais de instalação
dl O quano tipo de negócios é de
longe o mais espetaculoso* trata de
transações gigantes para o desen*
voivimento dos recursos naturais
soviéticos Os russos querem firmas
estrangeiras que entrem com o
equipamento e a iccnologia e aceitem
- como pagamento
produtos dos poços,
minas c usinas.
Os mais adiantados c famosos desses
projetos são os que vtum a exploração
das fantásticas reservas de gás natural
da Sibéria. Americanos e japoneses já
realizaram as negociações preliminares
para. construção de dois gasodutos.
dois ponos. usinas de liquefação de gás
e duas frotas de navios. Os projetos
passam de 20 bilhões de dólares (cerca
da metade do PIB brasileiro) e estima*
se que provocarão ao longo de seu
desenvolvimento a criação de I milhão
de empregos. O lado americano desses
negócios foi conduzido por Armand
"5
Hammer. o médico de
anos que se
diz amigo de Lêntn e que conseguiu
transformar a modesta Occidental
Petroleum numa das maiores empresas
do mundo, graças a manobras (consideradas pelo menos truculentas) na
obtenção de concessões para explorar
as jazidas de petróleo da Ubia. Há duas
semanas o governo soviético. Hammer
e o dirigente de uma companhia
associada a ele. a El Paso Natural Gas.
assinaram o acordo de intenções do
empreendimento, estimado em 10
bilhões de dólares. Os americanos
construirão a frota de 20 superpetroleiros, o porto e serão responsáveis pela comercialização do gás nos
EUA. Receberão a sua parte do investimento em gás.
Reservas tfoa-stais. minas de cobre,
de minerais atômicos, de petróleo:
para todos esses recursos, também
considerados abundantes na Sibéria, já
se cogita de empreendimentos conjuntos. soviétíco-americanos ou soviéticojaponeses. E todos eles se situam nas
alturas estratosféricas dos bilhões de
dólares.
Esses contratos com
os russos são do mes*
5 mo tipo dos que as
empresas americanas fazem,
por exemplo, com os países
subdesenvolvidos para a
exploração de seus recursos
naturais?
a
mesma pergunta foi
Armand
Hammer pela
feita
a
Quase
revista L Express, em setembro do ano
passado, depois de uma de suas
viagens a Moscou." Quer dizer que a
sua companhia terá concessões na
URSS como tem na Líbia e Nigéria"?
A resposta de Hammer foi negativa.
"Juridicamente, absolutamente não.
Não há possibilidade da URSS ceder
direitos territoriais de exploração para
empresas estrangeiras. Mas ela nos
garantirá um pagamento sobre o
petróleo que contribuirmos para
extrair". Da mesma forma, as fábricas
— como a Fiat, a Pepsico, as instálações do rio Kama — pertencera
aos soviéticos. Os bancos que vão
operar em território soviético são
apenas pontes para os negócios das
comerciais
representações
estrangeiras. Não têm direito de
receber depósitos nem fazer empréstimos a juros para cidadãos
soviéticos, por exemplo. (Há
atualmente seis bancos estrangeiros em
Moscou:, um francês, um finlandês,
dois alemães e dois americanos — o
Chase Manhattan e o Bank of
America. "Mas", diz o Wall Street
Journal, "cerca de 150 bancos e instituições financeiras estão procurando
entrar nesse tipo de negócio com a
URSS e os países do leste europeu"
Em Londres, fala-se numa
movimemaçáo nos meios flnaneeirov
para se conseguir 15 wmòes de (core)
dólares pata financiar negócios *,#
URSS no ocidente«
Na Europa orsemal ot planejadores
limite mostrado mais disposios que os
russos • darem autonomia a suas
empresas a lim de que elas possam ter
mais podem para fazer arranjos
comeretats com empresas do ocideme
sem serem atrapalhados por csecsstva
burocracia Romênia e l*olonia tem
permitido inspeções periódicas, pelos
americanos, das fábricas construídas a
base desse tipo de cooperação
Moscou, até o momento, não tem
sequer permtiido que os americanos
verifiquem ov depósitos de gás natural
cuja produção oferece como garantia
para pagar ov créduos amencanos, Um
economista polonês. Zbigniew
Kameckt. recentemente sugeriu uma
fórmula que contornaria as regras de
Varsóvia contra propriedade conjunra
de fábricas no mundo comunista pelo
Estado e empresas capitalistas do
ocidente: uma fábrica poderia se
estabelecer na Polônia por uma firma
ocidental, operada por uma companhia holding com escritório centrai
no ocidente, mas tecnicamente penencerne á Polônia. O autor Samuel Pisar
{Comerem e Coexistência) sugere que
esses híbridos sejam a chave para o
aumento do comércio leste-oeste. Diz
a resista Time que. no momento, a Culf
Oil discute um projeto de 3.5 bilhões
de dólares para exploração dos campos
petrolíferos de Tyumen. na Sibéria,
num empreendimento conjunto da
Culf. de grupos japoneses e da URSS.
Fora da URSS. uma firma do Estado
soviético, a Techmashexport está
construindo com a North Atlantic Oil.
dos EUA. c a Carbonaphta. francesa,
uma refinaria de petróleo nas Antilhas
(120 a 250 milhões de dólares). Esse
empreendimento
empregaria
operários, seria baseado na exploração
de suas mais-valias — contrariando
um principio básico da propriedade
comunista? Nesse nível as distinções
entre empresas russas e americanas
teriam de ser feitas com mais cuidado.
Os soviéticos tor*
nom-se
dependermos
6 de alguma forma dos
americanos ou vice-versa?
senador americano apresentou
Umproposta ao Congresso visando
impedir que o governo conceda
créditos à URSS enquanto esse país
continuar impedindo a livre emigração
de seus cidadãos, especialmente os
judeus. Aparentemente para conseguir
que o Congresso americano aprove o
que concede a URSS
projeto de Nixon
"nação
mais favorecida",
as tarifas de
o Kremlin teria suspendido o pagamento das ' as de emigração para os
judeus iue querem deixar o país.
Esse tipo de concessão, evidennessas
está implícito
temente,
negociações comerciais. Quando
estava em Moscou, no ano passado,
logo depois do bloqueio de Haiphong,
os jornalistas perguntaram a Kissinger
se os EUA não teriam cobrado dos
"bom comportamento" no
russos um
Vietnã, em troca da assinatura dos
acordos comerciais. Kissinger
desmentiu. Afirmou que a URSS era
uma "nação decente" à qual não se
em fazer uma
podia sequer pensar"Mas
é evidente",
proposta desse tipo.
"que, na medida em
disse Kissinger.
que nossas relações em geral
melhoram, podemos acelerar o
progresso em outras áreas, seja
comercial, seja qualquer outra". O
secretário de Comércio de Nixon
naquela época disse mais ou menos a
mesma coisa, de forma mais explícita.
Explicou que a dependência que o
"você faz
comércio cria não é do tipo
isso e então eu faço aquilo", como se os
EUA dissessem aos russos por exemplo
para deixar de enviar armas ao Vietnã
para que pudessem ter créditos- para
explorar o gás da Sibéria.
"A ligação
é de outro tipo, como
numa cadeia", disse o secretário
"'Se formos
exapandir o créPeterson.
dito e o comércio de nosso país,
será muito importante queo povo apoie a'
medida. E que o presidente esteja por
trás dela E. mm importante ainda,
que o Congresso a esteja apoiando, jl
oue ele é que fera de aprovar as
decísars Creio que se a situação do
Vietnã estivesse melhor graças aos
soviéticos, isso auiiliarta nossas
relações comerciais, seria um faror
posiiito, mas isso não I o mesmo que
dizer que haja uma ligação especial
emre Vietni e mlacdtf comerciais,
como alguns jornalistas sugerem".
"Sem dúvida alguma,
essa
necessidade de uma atuação positiva
dos soviéticos no Vietni terta sido
colocada a eles em conversas par*
tteulares por Nison e Krssíngcr". ali o
çumemanvta I, E. Stone a respeio das
reuniões de Moscou e concessões feitas
pela URSS.
Stone diz mais ainda: que os acordos
emre as duas superpotências
os interesses do Terceiro
prejudicam
"Os
Mundo.
paises menores sempre
dependeram da nvalidade das duas
potências. O Plano Marshall não teve
sentido econômico ou humanittico.
Seu propósito foi apenas an*
ikomunista. ou seja. salvar a Europa
Ocidental dos vermelhos. Cuba
sobreviveu porque a Guerra Fria
possibilitou*lhe que passasse da
dependência americana para a
soviética. O poder de barganha do
Terceiro Mundo se enfraquece com a
aproximação EUA-URSS".
Situação caótica
O argumento está longe de ser
absurdo. Um repórter de um jornal de
Washington informou do Vietni. logo
depois dos encontros de Nixon com
Mao Tsé-tung e Brejnev. que o Pentágono tinha preparado milhões de
boletins com os apenos de mão e os
sorrisos entre Nixon e os líderes das
duas potências comunistas. Esses
panfletos seriam jogados nas áreas de
guerrilheiros vietcongs para
desmoralizar suas lutas. O significado
da mensagem seria mais ou menos
"'vejam, vocês
se matam enquanto
esse:
nós acenamos as coisas com seus
lideres e aliados".
Um professor de economia da
GregDry
Universidade de Berkeley.
Crossman. num artigo para a revista
americana Ne* Republic. comentando
a visita de Brejnev aos EUA. tem outro
argumento que poderia ser acusado
"A
URSS não é um
apenas de utópico:
pais relativamente rico. que já
demonstrou que pode desenvolver
grandes projetos por conta própria,
embora demore mais e seja custoso
para ela? Por que a URSS não pode
dispensar os capitais americanos, já
que outros países necessitam muito
mais deles"?
Outra observação estranha: o
professor Grossman tem como ponto
pacifico que os EUA consideram o
fornecimento de petróleo pela União
Soviética muito mais seguro que pela
Líbia, ê uma situação realmente
exótica, se fosse vista por um observador acostumado aos anos da Guerra
Fria: hoje os Estados Unidos parecem
preferir depender, pelo menos em
parte de suprimento de petróleo russo
— petróleo da
(outrora?) perigosa
"ameaça vermelha" —
que de um país
subdesenvolvido.
Os russos só compram
know-how e exportam
7 matéria-prima
bruta,
como os países subdesenvolvidos?
exportações russas pra os
As EUA são praticamente insignificantes: cerca de 60 milhões de
dólares em 1971. De um modo geral,
também as trocas soviéticas com os
países do Mercado Comum e o Japão
são pequenas, um por cento de seu
Produto Interno, 5 bilhões de dólares.
O comércio exterior americano é da
ordem de 80 bilhões de dólares, 8 por
cento do Produto Interno situado em
torno de 1 trilhão de dólares.
Parte de tudo isso decorre de razões
históricas. O bloqueio imposto à URSS
pelos EUA e seus aliados durante a
maior parte da vida da primeira nação
comunista levou-a a construir sua
economia baseada quase que
exclusivamente nos recursos internos.
A URSS possui tecnologia própria —
que é evidentemente muito avançada
continua na página 20
f*i.HWHI»»'.' .«ajaawai». *M»*a3|
NCIAS E CULTURA
20
rantiniiaçto da porj-no lt
na questio «te roguttcs
e pesquisa
espacial ou nuclear, mas é deficiente
em setores dedicados ao consumo A
ttvnologu russa esivtc também — c
bastante desenvolvida — nas in*
dústrías .!«• base. corno as siderúrgicas
e metalúrgicas de um modo geral
"Sào
há dús ida de que os russos têm
alguma tecnologia dc que nos podemos
beneficiar'', dir um pertto em patentes
da U. S Steel, ao Wall Sirtet Journal,
A t Kss tornou-se em l*)**2. pela
primeira ser. a maior produtora de aço
do mundo, Quando executivos de
empresas americanas passaram a
procurar usinas de aço na Europa
Ocidental para descobrir seus novos
processos, verificaram que na
Inglaterra. Itália. Suécia e França se
usava alguma tecnologia soviética,
J. L. Rcvnolds. vice-presidente
executivo da Reynolds Metals, disse
recentemente que ficou perplexo de
encontrar na Rússia em Leningrado.
um Instituto onde 4 mil técnicos
trabalhasam em pesquisa básica de
alumínio,
Contudo, durante longo tempo, nas
relações com os EUA os russos terão de
se contentar com uma posição de
fornecedores de matérias-primas. A
vantagem é que. atualmente, no campo
da energia, especialmente, e dos
minérios, o mercado é mais favorável
ao vendedor que ao comprador, uma
situação completamente diferente dos
tempos da Guerra Fria. por exemplo.
A incapacidade dos russos de
espertarem manufaturados para os
EUA pode constituir-se também num
empecilho ao suposto extraordinário
crescimento das relações comerciais
entre os dois países. Atualmente a
produção de petróleo e gás natural na
URSS não está crescendo a uma
velocidade suficiente para suprir o
aumento de consumo interno e das
necessidades dos paises aliados do
COMECON. o "mercado comum"
europeu do bloco socialista. Isso
significa que a URSS terá dificuldades
com seus aliados se a produção dos
novos campos da Sibéria ficar
pesadamente comprometida para os
consumidores americanos.
8
O ajve ot tyeéetew
. Wa*iviefs*ra pvmmm cvittw*
merer not egortlot
g-l igfcl mã I aa! Saaráa
aaSS^atãSmáSSàMa»
aS*^a»a)nSSVaBfc_.
nvcleeret celebredoi
recentemente entre ot dwoi
tuperpoténcleif
primeiros acordos nucleares
Os— o dc banimento das explosões
nucleares na atmosfera, de i *•? V e o de
nài» proliferação das armas nucleares
¦ despeito de significarem
de i •*-¦*
algum asanço no sentido de afastar a
ameaça de um desastre nuclear, eram
acordos de superpotências impostos ás
nações mais fracas- Com o primeiro,
russos e americanos nào renunciaram a
muita coisa — e seguramente nio se
privaram do direito de continuar a
fa/er tantas bombas e tantos mísseis
quantos quiseram.
Com isso. a China e a Franca
denunciaram violentamente o acordo e
nào o assinaram, E é facilmente
compreensível porque chineses e
franceses sc afastaram muito,
especialmente nessa época, de seus
antigos grandes aliados.
Com o tratado de não-prolíferaçào.
URSS e EUA impediam principalmen*
te que as armas nucleares caíssem em
mãos de instáveis ou possiselmente
agitados lideres do Terceiro Mundo. E
os soviéticos. especiatmen*e. impediam
que elas caissem em mios alemãs —
que por essa mesma razão até agora
não ratificaram o tratado no Bundestag. Foi natural também que Japão.
Itália. Espanha. Brasil e Memanha
protestassem e nào assinassem na
época o acordo.
De I %° para cá russos e americanos
têm — do ponto de vista dos subdesenvolvidos — feito algumas concessões
mais significativas. A convenção que
proibiu as armas biológicas e químicas
— embora privasse, muito justamente
aliás, as nações belicosas c pobres de
suas possíveis armas mais destruidoras
e baratas — foi uma concessão que
EUA e URSS fizeram sem pedir nada
em troca.
Em parte, o mesmo acontece com os
acordos de Moscou de maio do ano
passado, e que agora são implcmentados pelas discussões de Brejncv nos
EUA. Em mato dt ITO. as duas
superpotências concordaram tm
restringir a duas. com 200 foguttai,at
suas hatrmas dt ABM tAntlBalloiK
Missils. tnUittt*aniimltttit); uma
pmtgxndo suas capitais t outra
prowgctido os lotais dc suas principais
bases dc lançamento dt mísseis inter*
çuonnentais ofensivos (para evitar que
c:n vfMrn devtruidvn por um ataque dc
surpresa) Esse acordo vale por tempo
ilimitado e — mesmo sendo uma
simples questio de bom senso, porque
mesmo tecnicamente nunca se chegou
a ter segurança que os antimissets
funcionam — sao também uma
concessão gratuita feita pelos
supergrandes aos poses pobres do
mundo
A segunda parte dos acordos de
mato. sobre as armas nucleares
ofensivas — que nào chegaram sequer
a ser definidas precisamente tos B-52.
por exemplo, nao foram incluídos na
classificação» — é uma medida
limitada, válida até I977« E que nio
impede que os dois países continuem
pesquisando nosas armas, que apenas
foram limitadas na sua quantidade —
pelo acordo, cada pais se comprometeu
a manter o mesmo número das atuais
armas definidas como ofensivas.
Enquanto isso. os dois paises se
dedicam com o mesmo soturno entusiasmo á produção de novas armas
mais aperfeiçoadas. Crescem —
embora não em quantidade, mas em
perfeição destrutiva — os MIRV.
Multiple Intependently Tareted
Keentry Vehicle — os ULMS. Undersea Long-Range Missile System, os 8-1
que tomarão o lugar dos B-52. O que
significam esses monstros que os atuais
acordos permitem tranqüilamente que
sejam aperfeiçoados? O ULMS. por
exemplo, é um submarino, do qual
estão projetados 30 a um preço de I
bilhão de dólares cada — que pode
lançar, a cerca de 10 mil quilômetros,
de 20 a 24 mísseis, carregando cada um
de 10 a 14 cabeças nucleares. Uma
bomba-H em cada cabeça, significaria,
por exemplo, a possibilidade de
destruir, com uma salva de tiros de uma
dessas novas criaturas do mar. de 200
a 336 cidades.
Os militares peruanos e o poder
Depoimento de Carlos Delgado, um
dot principais colaborador»*» civis do
governo mlUur peruano e atual diretor
do Sinamos — Servido Nacional de
Apoyo a ia Movilizacidn Social —
órgão que procura estruturar o apoio
popular ao processo de detenvolvtmento do paia.
foi possível ocorrer uma
mudança tão decisiva nas Forças
Como
Armadas do Peru, capaz de transformà-Ia de um mecanismo de força
conservadora num instrumento
decisivo de transformação?
Desde o inicio da década de 50, as
Forças Armadas peruanas vinham
manifestando tendências significativas
em direção a mudanças. A criação do
CAEM (Centro de Altos Estudos
Militares) não representou apenas uma
resposta a aspirações individuais. Sua
fundação correspondeu à necessidade
sentida por importantes grupos
militares de ampliar a formação
profissional dos oficiais peruanos. O
CAEM respondeu ao desejo de buscar
uma redefinição do conceito
tradicional de segurança nacional.
O ponto de partida para essas novas
tendências que surgiam dentro das
Forças Armadas peruanas foi a
consciência que tomaram de que os
problemas externos e internos do Peru
não estavam separados. Na realidade
os países mais duramente castigados
pela Guerra que terminou em 1945,
mas que eram mais sólidos internamente, foram precisamente aqueles
que superaram mais rapidamente o
impacto da guerra. Foi o caso, por
exemplo, da Alemanha, União
Soviética e Japão.
Esta circunstância parecia
demonstrar muito claramente que as
nações com maior solidez nos campos
da ciência, tecnologia e cultura,
haviam sido capazes de recuperar
rapidamente o terreno perdido e sair
da guerra como povos de grande
poderio econômico, militar e político.
A generalização que dai deriva pode
ser expressa nos seguintes termos: a
capacidade de garantir a segurança
integral de uma nação existe em
função de seu próprio desenvolvimento. Em Outras palavras, é impossível
garantir a soberania nacional em
condições de subdesenvolvimento. O
Peru. país subordinado aos interesses
econômicos estrangeiros, tinha apenas
soberania ilusória. Suas grandes
maiorias nacionais encontraram-se à
margem de qualquer acesso ao poder,
de qualquer forma de riqueza, vivendo
em condições de exploração, miséria e
ignorância. Essa maioria encontrava-se
nas mãos de pequenos grupos
capitalistas, subordinados, por sua vez,
aos interesses econômicos imperialistas, que tinham, em última
instância, amplo poder de decisão nas
áreas mais importantes para a vida do
país.
A tomada de consciência dessa
situação levou os militares peruanos a
considerarem indispensável enfrentar
os problemas básicos do subdesenvolvimento do país. Assim, se decretou
o fun do velho mito do apoliticismo, o
que levou ao abandono da concepção
das Forças Armadas como entidade
puramente profissional e alheia à
política, ou seja, aiheia ao Estado e à
direção do desenvolvimento histórico
da nação. E também a^brreu uma
profunda revisão na atitude
tipicamente conservadora que havia
caracterizado até então as Forças
Armadas do Peru.
No entanto, outros fatores também
contribuíram para a mudança:
a) A origem social da oficialidade. A
imensa maioria dos oficiais peruanos,
especialmente do Exército, provém dos
setores médios e dos setores
tipicamente dominados da sociedade
peruana. Trata-se também de uma
oficialidade
predominantemente
proviciana, etnicamente mestiça ou
índia. Daí não ter nenhuma vinculação
de interesse econômico ou social com
os grupos oligárquicos do pais. Nada a
vincula com os centros tradicionais do
político. Em
poder econômico e "popular"
da
resumo, a origem
oficialidade levou-a a unir-se a grupos
e setores marginalizados, embora por
motivos diferentes.
b) Conhecimento do terriório
nacional e de seus pmblemas. Por
causa do sistema de operações das
Forças Armadas do Peru, seus oficiais
se deslocam durante a carreira por
todo o território do país. Isto permitiu
aos oficiais atualmente no poder um
conhecimento direto dos problemas
nacionais, enquanto os técnicos e
intelectuais, por exemplo, tinham um
conhecimento referencial e de segunda
mão.
Por último deve-se destacar as
circunstâncias políticas, de 1968. O
regime formado após as eleições de
1963 contava com a simpatia do povo,
que durante quase 40 anos desejava
modificações da ordem social,
tradicionalmente baseada na injustiça,
na exploração e no favorecimento dos
interesses estrangeiros. Os líderes dos
partidos vitoriosos nas eleições de
1963, principalmente Belaundistas<| e
da Apra — partido reformista do expresidente Haya de La Torre —
prometeram levar adiante as transfor-'
mações. No entanto, os .políticos nada
fizeram. Desde então, e até 3 de
outubro de 1968, foi o grupo conservador que dirigiu de fato os destinos do
Peru. A capitulação dos partidos
reformistas, ou pretensamente
revolucionários, levou a uma grande
frustração, gerando um vazio político
que nenhum i feça organizada quis ou
soube preencher.
Quando convergiram o processo de
maturidade das Forças Armadas, a
comprovação do conservadorismo dos
partidos governantes, e a intensificação
dos problemas sociais e econômicos do
Peru, teve lugar a Intervenção militar.
Música, pólvora
e sociologia
musica f-otnn •*•• t comunicação
C Ade Mao-w ÍVoias. 145 pó9<«os),
se fosse um assunto esoté*
rico ou clandestino, a musica
Como
popular brasileira tem poucos
niuoriadores. e um número ainda
menor de analistas» Entre estes, coloca»
se agora Carlos Alberto Medina.
professor de sociologia e membro do
Centro Latino» American*» de Pesquisas
em Ciências Sociais, órgio da
UNESCO sediado no Rio. Sua
abordagem sociológica da música
popular até certo ponto contrapõe-se
•¦*¦ critico — José
ao trabalho de
Ramos Tinhorio — que também
partiu de pontos iniciais fornecidos
pela sociologia. O que Tínhorão perde
cm profundidade de exame sociológico
tque Medina domina com habilidade)
ganha, porém, em conhecimento da
matéria.
Música Popular e Comunicação
quando se dirige a seu tema central —
a música — demonstra que o autor fez
um levantamento bastante superficial
do assunto, além de. ao que parece, seu
contato com a matéria ser recente e
inseguro. Por outro lado. se à maioria
dos Iístos de Tinhorão falta, como
disse cena vez o ensaísta Ferreira
Gullar. "o necessário molejo
dialético". Medina excede-se em
velocidade dialética, a ponto de
desdizer-sç, várias vezes, dando a
impjt**são de que o assunto é :7 fluido
que nio há como segurá-lo.
Na "era do som", que caracteriza a
divisão r.inda de Roger Sessions
(citada, mas ao que parece não empregada pelo autor), da fragmentação
do papel unitário do compositor-intér"intérprete", "compositor"
e
prete em
"ouvinte".
Medina pretende fazer sua
conceituação apenas com base num
dos elementos da música—a letra. Diz
ele que "a análise das letras, embora
expresse apenas o conteúdo verbal,
donde secundário da música, é a que
pode permitir o exame de caráter
social". Na atual fase da música
popular, em que não apenas o som.
mas os aspectos visuais (vide televisão.
shows. festivais) são indissolúveis da
letra, a análise já inicia sua escalada
com vários pontos perdidos.
O próprio Medina. no capítulo
Delimitação do Campo de Estudo,
reconhece o parecer evidente "que a
popularidade de uma música está mais
ligada à natureza da própria música
que a seus aspectos de letra ou vocais".
Para reforçar esta sua tese bastaria
lembrarqueatualmentea música estrangeira (inglesa e americana, especialmente) é mais consumida no país que
amúsicanacional—eporumpúblicoque
evidentemente entende muito pouco o
conteúdo, ou mesmo o sentido literal
dos versos ingleses que ouve.
Importado é bom
Adiante, quando fala da "ação
seletiva à distância" efetuada via
imitação da cultura estrangeira,
Medina opina que "importamos
sempre o que possui algum mérito"
(pelo fato de tais músicos serem
"sucessos"
em seus países). Esquece
que por trás da difusão sistemática há
sempre um seletor de gostos, participante da indústria da música, que
na maioria das vezes pauta-se por
critérios em nada qualitativos. No
mesmo capítulo, o autor fala em
"nosso
gosto musical", e corrige-se
desastrosamente: "não estamos nos
referindo a toda a população
brasileira, o que seria um total absurdo
metodológico. Em recente pesquisa (do
próprio autor, para o Centro LatinoAmericano de Pesquisa em Ciência),
verificamos que 1940 municípios do
total de 3959 no Brasil ainda não
tinham um cinema".
Medina só não encerra a frase com
um ponto de exclamação porque seu
estilo * comedido c entuto. mas a
inegável tnfase nestes dados omite
lomitamentc que a sekulaçio da
"entidades
culturais",
música por
como o cinema. «* ínfima, Quantos
destes municípios restantes nio terio
TV. vitrolas, serviço de alto-falantes
ou. no mínimo, radio?
Referindo-se acertadamente (cm
Dança. fflio, Hilmo e Som Prtmiinm,
"civiluada"
â apropriação
das
manifestações irtbais. que de cena
forma criam um momento de
comunhão te autenticidadel primitiva
na complexa sociedade atual. Medina
solta a errar
pouco depois.
Ceneraliaando fero/mente, compara a
descaractert/açào que o jazz teria
sofrido, nos EUA. a do samba. 4....•
de pagina afirma que
Em nota de
"nosso samba,pé
pautado numa tradição
oral. como que chegou tarde em sua
divulgação, ji encontrando instalado
um tipo de música semelhante <• uzz
importado) e. quando se caracterizou
cumo bossa nova. já tinha se
pr/ifieado".
Seria taisvz o caso de recomendar ao
sociólogo uma audição atenta das
músicas de carnaval (a campei do ano
Súsgufm Tasca.
passado foi o samba
"o
com mats de
mil cruzeiros de
direitos autorais arrecadados), hoje em
sua maioria constituída de sambas-,
enredo, ou sambas de quadra, numa*
"sambas
autênticos", conserpalavra,
sando muito de seu primitivismo. Ou
uma ida ás dezenas de "casas de
samba", do Rio ou de Sào Paulo. onde.
apesar do insólucro turístico, o conteúdo não desmente a panicipação
ritual.
Em outras partes do livro. Medina
faz as confusões de quem ainda não se
acostumou ao assunto que está
tratando. Falando do processo de
seleção (natural e artificial) por que
passam as várias músicas compostas
antes de serem de fato divulgadas, ele
menciona uma estatística da SACEM
(Sociedade de Arrecadação de Direito»
Autorais da França) e compara-a. para
esclarecer o leitor, com a SBACEM
local, apenas uma de nossas cinco
arrecadadoras.
A teve veloz
O mérito do livro fica apenas em
seus capítulos de conceituação
sociológica, capazes sem dúvida de
cercar o tema de pontos de apoio e
extensões, criando uma ligação do
"espaço
acústico" com o estado de
"perplexidade" diante da "sociedade
complexa em que vivemos". Nesse
campo. Medina levanta teorias intetessantes como a do tríptico mágico
da comunicação formado por criação,
espontaneidade e autenticidade; e a do
compasso de desespero qüe segue a
arte atual — um dos últimos redutos
de criação, no sentido amplo da
palavra — numa sociedade onde tudo
parece determinado de forma abstrata
: inatingível.
A própria tese central do livro,
porém,"demerece reparos. A conclusão de
60 para cá as letras das
que
músicas (analisa as brasileiras em
particular) deixam de focalizar
exclusivamente problemas pessoais e
passam a tratar de questões coletivas"
soa como a descoberta da pólvora em
pleno 1973. Além de tudo, o processo
de mudança não ocorreu com a
velocidade simplista que ele tenta fazer
crer. Quando divide numa pesquisa
que fez (separou 260 letras de autores
nacionais) 40 "antigas" e 220 "atuais",
seu corte de análise já é arbitrário.
Pior é o fato de, ao que parece, ele
não ter selecionado qualquer música
de Luiz Gonzaga (Asa Branca e
principalmente Vozes da Seca, na
década de 40 e 50 já eram canções de
protesto no sentido que tem hoje a
expressão). Deve ter esquecido do
retratista social Noel Rosa, do
fotógrafo regionalista Dorival Caymmi,
sem contar que canções como
Aquarela do Brasi!(Ary Barroso foi um
dos mais escalados), além de um
conteúdo coletivo, explicitam uma
mensagem social e política da época,
intrínseca a sua letra ufanista. (Tàrik
de Souza)
i: íl
21
"selvagem"
O que o
nos ensina
i «tokbf1t'Bro»n morem em "¦>"
tmas iamém nomes capitai* da
re.tinnê aniroptdtjgia Airrurum r
Foaeio
na Soeiedade
Primitiva
constituí, ao lado do Metkml m Sottol
Anthropnloay 119*11 seu prtnctpal
contributo ao pensamento m»
trepot^gico. 0 livro são dote capítulos,
com emaioi lidos ou escritos de 1924 a
1949 Tratam de triH temas retaçtks
de parmiesco: maga c religião: e
construção de uma teoria an»
tropológica. Alguns são fortemente
if\e.iv<»v Acredito, contudo, que *eu
interesse não se restringirá a un*
poucos especialistas; há algumas
«décadas a antropologia deixou de ser
um campo frequentável apenas por
seus profissionais
Duas razoes explicam este
alargamento de interesse: por um lado.
o objeto material dâsstco da an»
tropologia. as sociedades ditas
de
em via
selvagens, está
A
antropologia
desaparecimento.
tenderia á extinção se não se mostrasse
capaz de concorrer com sua congênere.
a sociologia, mostrando qut das se
distinguem não pela natureza material
de seus objetos — as sociedades
"primitivas" e civilizadas, respectrvamente — mas pela diversidade de
seus métodos de indagação. Por outro
lado. o confinamento da antropologia
"sociedades do outro"
às chamadas
supunha, menos por pane do antrópologo que da comunidade cienti"sociedade do eu". Le..
fica. que a
nossa própria sociedade, tivesse um
grau de identificação suficiente para
nos tornar a todos razoavelmente
semdhantes e marcantemente distintos
"outros'*,
nos
dos
que
congratulávamos em saber que eram
selvagens, bárbaros ou primitivos.
Ora. é essa pretensa unidade da
civilização ocidental que hoje explode.
O meu vizinho, até há pouco considerado uma repetição potencial de
mim mesmo, manifesta um gosto
irritante pela televisão. Na nia. pelo
modo de vestir ou falar, a mesma
pessoa será considerada bacana por
uns. por outros chamada de pederasta.
Não deixa de ser curioso: foi preciso
que o Ocidente se massificasse
bastante e se unidimensionalizasse.
para que só então descobrisse o valor
da diversidade, ê esta diversidade que
garante à antropologia a permanência
de seu objeto.
Pela conjugação dos dois fatores, a
antropologia adquiriu uma nomeada
que os historiadores contam que
cercava, no século XVIII, os viajantes.
Há contudo uma diferença básica: os
nossos antepassados procuravam nas
narrações de viagens o exótico. Nós
procuramos visualizar outro modo de
vida. Afinal, a ausência de automóveis
e luz elétrica será assim tão grave?
Lemos os antropólogos para que eles
nos ajudem a entender que o tédio e a
exasperação atuais não são
propriedade do viver em sociedade.
1
Como adverte a história em
quadrinhos, mesmo o heróico SuperHomem tem pontos vulneráveis.
Praticamente elevado a essa categoria
superpoderosa. os Ídolos também não
são infalíveis, apesar da imagem sólida
e os muitos pontos de apoio da figura
do mito darem impressão contrária.
Semdhante teorema (ou, quem sabe,
fábula) ocorreu exatamente com o
cantor (e autor do texto adicional) de
Mardanita. o superast.ro Caetano
Veloso. Senhor absoluto de um público
que parece endossar ou permitir-lhe
tcJas as audácias. Caetano, quintafeira passada, no Museu de Arte
Moderna, do Rio, sofreu, se é que pode
ser chamado assim, seu primeiro
momento de desequilíbrio.
Tudo aconteceu numa cena
aparentemente comum, após hora e
meia de espetáculo igualmente sem
novidades. Caetano e seu público
(pouco mais de mil pessoas, no salão
desconfortável do Museu) entendiamse às mil maravilhas. Na primeira
parte, aplausos para uma seqüência
brilhante de músicas agressivas
culminando em referências à música
aleatória (A Volta da Asa Branca.
Pelos, mmhm alegados — caráter
técnico de alguns capitulo*,
•^pestilmeitte os *>*t*re parenis**,*»
íui tostdatk crescente antr a an»
tropologia — considerarei em
llstruiura e Famema •* aspecto* de
íoi*t«*.*c mat* geral A pnmctra coisa
que ai tmp»na é que o ctcnnsti inglf*
nâo endossa nem a idéia tk as crenças
e instituições primitivas serem
caótica*, nem o bivtorschmo que
¦-'¦¦". \- ". marcara a u-' .Para eomptoeoúeimm esses dois faro*,
v» wsidere vc o ensaio sobre Rehgtoo a
Sociedade, de I**4J O* «mudo* sobre a
religião constituíram um di* capitulo*
lundamcntan da antropologia da
segunda metade do século XIX.
Radclifíe»Bro*vn trata da rdtgião mas
não cnda%*a a perspectt«a desse
período
A ontropologio. desde
olgum tempo.
não é mais umo
"reservo
indígena" om que
to
só
entra com
autorizo»; ôo.
RadcliHe-Brosvn foi
um dos que o abriram.
A religião dos primithos. se é que os
autores lhes concediam este nome. era
um aglomerado de erros e temores. Era
assim que um Frazer encarava o
totem ismo. A adoração por im grup
(clã) de uma espécie de animal ou
vegetal era explicado como produto da
propagação de crendices, forma
rudimentar do que só depois seria o
propriamente rdigioso. As explicações
podiam dbergir — Tvfor. por exemplo,
considerava o totemismo um dos
modos pelos quais se manifestava o
animismo. i.e.. a crença pelo primitivo
em uma alma exterior, que se encarnaria neste animal ou naquela planta.
Mas. uma constância se mantinha: o
antropólogo se preocupava com a
religião dos "primitivos" para buscar a
origem e provar a superioridade da
religião de sua sociedade. No ensaio
citado. Radcliffe-Brown denuncia a
ilusão de suas cogitações. Baseando-se
na filosofia clássica chinesa e em
Durkheim. mostra a importância de.
abandonando-se um critério valorativo
prévio, acentuar-se a primazia dos ritos
religiosos, que desempenham "importantes funções sociais", independentes
das crenças quanto à eficácia dos
mesmos.
Mas no que isso tem um interesse
geral? Por duas razões: a) nos imuniza
contra a glorificação anterior da
sociedade do "branco, adulto e
civilizado"; b) nos encaminha para a
compreensão do hoje chamado fun-
(IHUtUtA I FUNÇÃO NA
* . itl.iV
tOOfOAOf MlMltlV*
SfOM*» voros ?** oa§<'w»*, OI"
?*OÜT
•^onalismo. presente tanto na an»
tropologia. quanto na tootologia,
>-.^.- '-*¦•»» cada um dos dois
"pnmntso'*
pontos Ao te ç*»oíeber o
«um crença* e prática* abvurdas. nlo
io nos impedíamos de penetrar em sua
sociedade, quanto fazíamos vista
grossa ante as rumas própria* pràneas
É o que é pior. professávamos um culto
ingênuo na e*oluçào da humanidade
—• que teria então seu esplendor na
atualidade ocidental, Nada disso teria
maior utilidade se. entre nõs, o
evtilucionismo nâo continuasse
mascaradamente presente na chamada
intdeetuattdade. uai os equivoco* que
pa**am a ser estabelecidos quanto às
linhas de pensamento que nao crêem
mab na evolução.
Botts Intenções
Abandonar a «-solução seria um
crime contra o humanismo e uma
prosa de desprezo pda história. Dai a
estranha presença de figuras que. sem
saber, combinam pensamento dialético
e fé evoluckuitsta. Já se disse que foi em
nome da humanidade que se
cometeram os piores crimes. Poucos
tém oportunidade de reali/á-los. mas.
cm cada gabinete, acalentam-se os
mesmos planos, com as mesmas
excelentes intenções. A Iritura de
Radcliffe-Brown servirá para a
diminuição de tais equívocos? Acho
difícil; basta uma consulta apressada a
qualquer enciclopédia de alguma
para que o nosso
qualidade
"humanista" se
convença de que este
opositor da história cominuista foi. ao
mesmo tempo, o introdutor do conceito
de estrutura, cm ciências sociais, c um
dos pais — nâo imporia que ele
negasse esta filiação — do funcionalismo.
Ora. o estruturalismo é uma
"masturbação de intelectuais" e o
funcionalismo, um camuflador da
"realidade". Mas até
que ponto os
slogans dão conta do que falam? Para
discuti-los. cabe-nos de início
perguntar: por que o conceito de
estrutura lhe teria parecido necessário?
Porque a observação empírica de uma
sociedade qualquer não nos oferece
mais que a verificação de relações
sociais particulares e estas, pela
simples razão de serem observadas,
não nos revelam as regras pelas quais
se cumprem. As relações sociais
supõem uma rede de regras e combinações subjacentes. Qual entretanto
o caráter de que elas se revestem? Para
o autor, estas regras não se desligam do
"Emprego o termo
real empírico:
'estrutura social'
para designar esta
rede de relações realmente existente"
¦i IM, gnfo •***>» p^aimente. tm
easn. significa que elas tém uma
.-» :•'>..=» tao toocreta e palpável
qu**Ho o* <*!«** - ***ti*i* daí utigmadosligado a iradtçao
Mantc*:
durMtctmiana. para o .m*«'{» »-r
ingltis a chave espltcadora áo
relacionamento dei «twnponentcs de
uma msntuiçá.» qualqutr é sempre e
tão *ô a variedade «È ceno que *eu
ensaio de 1951 sobre o totemismo. nlo
induind» neste volume, indicaria uma
compreensã.» diversa de estrutural
S-wir *v palavra*, o modo como se
agrupam o* elementos de uma m»tftutcio, a tmponãnda que des ai
desempenham *o *ão c«phcá*ri* pda
lunçaii inetal desempenhada pda
instituição Dal a extrema proximidade
que nele "e guardam o* t^mcettos de
A estrutura
estrutura
função
Jo se diste que foi em
nome do humanidade que se
cometerom os piores crimes.
Poucos tém o
oportunidade do realizá-los.
mas, nos gabinetes.
acalentam-se plonos,
com excelentes intenções...
corresponde ao conjunto de regrasque
presidem as relações soriais. Se não se
confundem com elas. se não tém o
mesmo grau de visibilidade, pertencem. entretanto, ao mesmo tipo de
realidade. Tais regras tém certas
funções. Por exemplo, realizado um
casamento, o cônjuge pode se
relacionar com a família da mulher de
dois modos diversos, evitando qualquer
forma de contato com os pais da
muthcr. para que a amizade nunca seja
afetada ou. ao contrário, exercendo um
"parentesco
por brincadeira", caso em
os
gracejos e as zombarias são
que
admitidas,
institucionalmente
"gelo" da
primeira
quebrando o
solução iSeria interessante notar a
correspondência com cenas práticas
nossas. No Nordeste, por exemplo, o
palavrão, em certos contextos de
amizade, perde seu caráter agressivo e
adquire sentido de familiaridade).
Harmonia social
Ê através destas funções que "Oa
máquina social permanece ativa.
conceito de função supõe, do ponto de
vista lógico, o de estrutura (p. 223). Do
ponto de vista operacional, contudo, as
estruturas são procuradas a partir das
funções. £ da observação de certa
função que saímos à procura da lei
estrutural que explica seu funcionamento. Mantendo a estrutura
deste modo presa à sua incidência
O superbacana e sua criptonita
Épico) e uma reinterpretação do
célebre Desafinado, ao pé da letra. Na
segunda parte, já haviam sido
apresentadas 14 músicas, preparando
um clima de relaxamento, e Caetano
entoava Menininha do Gantois, ponto
de macumba de Dorival Caymmi. No
refrão da música ("ai menininha/
menininha do Gantois"), momento em
que o cantor insinua misticamente a
aparição de Menininha, uma"aaai",
jovem da
em
a
começou
gritar
platéia
voz
do
a
com
afinado
não
contracanto
ele
sereno,
A
permitiu
principio
palco.
a imervenção. até que ela se tornasse
insuportável. Caetano desceu o violão,
descruzou as pernas do banquinhoe
"Sinceramente, eu não
protestou:
Seguiram-se imediatos gritos
gostei".
"Põe
de
pra fora", partidos de outros
reação à atuação
da
cantos
platéia em "Nada
disso",
da espectadora. "todo
mundo tem
aparteou Caetano,
—
direito a tudo". Explicou a seguir
—
que
ainda com certa serenidade
Menininha tivera a esperada reação
atenciosa das platéias de 23 cidades do
"Há
muita criptonita no ar
verde e vermelha também''
(Caetano Veloso. na gravação
Marcianita, 1968)
de
interior de São Paulo. E, não mais
"O
resistindo, desabafou:
problema do
Rio é que todo mundo é palco, não
existe platéia". Concluiu seu discurso
aos gritos, enquanto se estabelecia um
diálogo caótico entre a jovem e outros
espectadores, e chamou os músicos
para apresentar Gravidade, seguindo o
roteiro do programa. Não chegou,
porém, ao fim da música. Completamente descontrolado, abandonou
o violão e o palco, chorando, após uma
"Será
que não
pergunta patética:
posso cantar nessa cidade"?
Em minutos, os bastidores estavam
repletos, mas Caetano bruscamente
tomou a decisão de voltar ao palco e
reiniciar o show. Ainda cantou For No
One. dos Beatles, em prantos, mas aos
poucos retomou algum controle. O
espetáculo, no entanto, — ainda interrompido várias vezes pela mesma
jovem — não teve o equilíbrio palco x
platéia restabelecido. Para um cantor
ou compositor comum, mesmo essa
talvez nem
ocorrência excepcional
devesse ser levada em conta. Tratavase. porém, no caso, do principal intérprete da corrente mais atuante da
música brasileira. Além disso, a
ruptura cresce de importância, se
examinados os antecedentes da
ocorrência. Com extrema freqüência
Caetano e público desentenderam-se
(episódios do FIC de 68. com £
Proibido Proibir, e na recente Phono
73. na exibição em dupla com Odair
José). Mas nunca antes a quebra de
equilíbrio pôde- ser, como no caso,
atribuída a fatores subjetivos. Em
circunstâncias normais, a reação da
espectadora (afinal, a baiana. Sônia
Dias, e não uma "carioca") teria sido
absorvida pelo artista, ou, como quase
sempre acontece nos shows de Gilberto
Gil. irfcorporada ao espetáculo. Nos
últimos tempos, porém, os exemplos
•rmpirica. dda *A pmm dtro que
ifansoM • um uso pòsitno (funcional
ou negativo Mnfunctonalt Dal que o
aur»»r cotactba a •awcdadc. co*»** um
todo atual potexiaJincott harm^«i*o
"A função de «ktífmtnado coutim*
«Mtial é a «ontnbuKáo que este Merece
i vida aoctal total orno o lun*
etttnamenro do sistema social total Tal
mudo de *er implica que ccfto wvtcm*
social L.) tem certo tipo de unidade a
que podemos chamar de unidade
funcional. Podemos defini»lo t*ornu
. ¦ ¦mi.».»., pda qual todas as panes do
*t*tema *octal atuam juntas com
suficiente grau de harmonia ou
viinstuéncia interna, isto é. sem
ocasionar conflito* persistentes que
nem podem ser solucionados nem
«aintrolados" «p 2341
Da prenoção da sodedade como
todo harmônico ou harmonvitd não
sairá o funcionalismo. Para que se
eonasse com esta noção falsa era
preciso que o* conceitos de estrutura e
função fossem melhor separados. Isso
*o se dará quando se verificar, com a
obra de Lévi»Strau*s. que toda
estrutura implica um sistema de
tensões. Ê já saindo pois de Radcltffé»
Bruvtn que oferecemos um pequeno
exemplo. ü'As Luruturai Elementares
da Parentesco 11949) LrHr»Strauss
observa que o casamento, aparen»
temente, é um acordo entre um homem
c uma mulher. Na verdade, é um
contrato feito entre homens a propósito
das mulheres. A aliança matrimonial
não gera pois um efeito equilibrado,
simétrico. Ao contrário, dele resulta
um efdto de tensão: convertidos em
objeto, as mulheres são. entretanto,
portadoras de vontade. Por isso a
qualquer instante podem inverter as
regras do jogo. contrárias a disposição
dos contratantes. As tensões não
surgem apenas na esfera econômica,
mas se fazem presentes desde a
apropriação social dos impulsos da
libido. Assim se cria um conflito que
atravessa as sociedades: os homens se
esmeram em "educar" as mulheres;
estas, quando a situação se lhes
apresenta, em se liberarem de sua
sujeição.
Trouxemos este exemplo apenas
para que se mostre por que foi preciso
afastar a estrutura do solo empírico em
que ainda a mantinha o seu introdutor.
Ao fazê-lo. compreende-se por que
Radcliffe-Brown nos introduz em um
vale que. ao se aprofundar, já nâo nos
permite uma visão eufórica da
sociedade. Se esta é o produto da interrelação de inúmeras redes estruturais
— de ordem econômica, política,
administrativa, cultural, etc. — nem
elas harmoniosamente se integram,
nem. no interior de cada rede, vigora a
inevitável imagem do equilíbrio. A
sociedade é um palco de tensõe:
porque, em seus bastidores, já são
tensas as estruturas que a governam.
(Luiz Costa Lima)
recentes de aparições de Caetano
Veloso indicam uma escalada do
público. Na Phono, inclusive, a
as críticas de Caetano
platéia aplaudia
'Z'
("Nada mais
que um público classe
'A") a
seu próprio procedimento. Até
este ponto, o que parecia estabelecer-se
era uma ligação, dependente da
extrema sensibilidade de Caetano sobre
até onde poderia chegar. De qualquer
forma, tomado emocionalmente,
Caetano fez uma imaginária descida
do palco à platéia: dissolvendo a
magia, mostrando-se vulnerável, ele
quebrou (ou perdeu, ainda que por
momentos) seus superpoderes de ídolo.
Concentrado na tênue linha de
equilíbrio necessária a manter um
espetáculo com sucessão tão intensa de
clímax e anticlímax, Caetano, supertenso, distendeu-se até a ruptura. Isso,
ocorrido num espetáculo onde a
própria presença do público e sua
receptividade tem uma espécie de
parceria nos resultados, é algo
significativo. Mostra, pelo menos, que
o ídolo deve refletir sobre seus poderes.
E — mesmo que se encare o espetáculo
do MAM como um happening absoluto — talvez reformulá-los. (7". 5,)
22
Ronald Laing, a saúde esquizofrênica
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pouco mais de 10 anos a lou*
Hi cura nào permiiia discussões: era
sem duvida uma «fococ*. o terror das
famílias e da sociedade, era um
conceito cientifico, um dos que a
razão tinha por inconsicni-sel De
todos os modos, a loucura ficava numa
região onde o próprio termo humano
não era mais discutível. Objeto de pena
para o senso comum e de estudo para a
ciência, o louco merecia da parte
desses dois setores um mesmo cuidado:
o intcmamcnto. a vida confinada, a
•palavra cassada.
Hi pouco mais dc 10 anos teorizar
sobre as origens da loucura com o
problema político e social pareceria
absurdo — coisa de loucos, claro. A
esquizofrenia era reservado um lugar i
pane entre as pragas que o homem
devia combater, por ser — como o
câncer — incurável. A cura possível,
naquele panorama, estaria vohreiudo
na descoberta de suas bases orgânicas.
Aos doentes, restava a cvperança do
clixir mágico: aos outros, a segurança
que lhes dava um organismo sadio.
Quando o psiquiatra inglês Ronald
Laing evpíVs a teve da esquizofrenia
como um distúrbio existencial, que
linha suas raízes no psiquismo individual e na vida social, foi o
escândalo. A família sentiu-se
ameaçada, os psiquiatras, de um modo
geral, sorriram o cético sorriso da
autoridade.
Apoiando-se na fenomenologia
existencial, em Freud. e em certos
aspectos dc Heiddegger e Sartre. Laing
procura, em O Eu Dividido (The
Ihvided Sel() chegar a um quadro
da esquizofrenia fora do modelo
clinico-psiquiátrico tradicional. Para
ele. o relacionamento médico-louco
está marcado por uma repressão
básica: a nâo-aceitaçâo do louco como
outra pessoa e a interpretação de veu
comportamento a partir de dados prédeterminados. Assim, diagnosticado
pelo medico-padrão, internado num
e confrontado á
hospicio-padrao
normalidade-padrão. não resta ao
paciente outra saída senão a de se
comportar como o louco-padrão.
0 IU WVlOtOO.i 0 lo-ng tfdttOfO
Vozes. 231 poomos, OS7S00?
Essa posição lesa a psiquiatria e a
pstcopatologia a estudar a
esquizofrenia apenas a panir de sua
deflagração, de um momento critico,
As causas, o contexto desse processo
são praticamente deixados i margem
0 diagnóstico, legitimo representante
da autoridade outorgada pelo saber,
substitui esse estudo, trazendo a
doença — o desconhecido — para «»
âmbito da leoria — o conhecido.
f. justamente o processo de transição
para a psicose que Laing procura
analisar, mostrando essa passagem
como resultado de uma reação in*
dividual a uma situação familiar
particularmente difícil. A
esquizofrenia, por exemplo, nada mais
seria do que a esperiencia fracassada
ile um ceno tipo de indivíduo que ele
chama de esqui/óide.
O eu dividido de I.¦¦•¦¦ ¦¦ não se refere
portanto somente ao psiquismo cindin*
do do esquizofrênico, mas também ao
indivíduo csqui/óide. que ele define
como sendo aquele cuja experiência se
"p«»r uma ruptura em seu
caracteriza
relacionamento com o mundo c por
uma ruptura em sua relação consigo
mesmo'. O esqui/óide — que estaria
perfeitamente esquadrado na chamada
sanidade — é a pessoa que se sente
"«Hitra" cm sua ação no mundo, e no
seu relacionamento consigo mesma <j;i
Kimbaud escrevera: Je est un aturei,
Nâo se considerando suficientemenle real. verdadeira, cm sua maneira de
ser na sociedade, ela teria um
psiquismo dividido em duas espécies
de eu: um falso, que seria o de sua
atitude fria e automática na vida
social: e outro intimo, secreto, povoado
de fantasias liberaiórias. que seria o
verdadeiro, mas que não se indctitiiicu
com sua ação na realidade. Essa
dualidade típica do esqui/óide pode.
no entanto, ser vivida criativamente, e
para Laing muitos artistas conseguem
ía/él- O desequilíbrio da posição
csquizotde é que deiermina a queda na
«rv«Jui/ofrenia
traze anm ¦.•,«.-. *_»«• lançamento* o
cmã» polêmico Ü Eu Ihudtdu de
Konatd Laing pode ser acusado de
timidez teórica. Numa larga medida, o
«lesem «dvimcnto do pensamento dc
Laing e as trortraçôrs que continuam a
surgir mais ou menos ligadas i sua
iniciativa lornam algo inslpidas as
4flrmaç«**es de 0 Eu Diudida, A
•,í..i-ij mesmo de Laing na famosa
comunidade de Kingylcy Hall —* onde
médicos e louc«»s convivem enire si sem
hierarquia — e a configuração da
Aniipsiquiaina como movimento
«•rganir-do. com nurnerosos adeptos e
exercendo influência dentro da própria
instituição psiquiátrica de alguns
paises. vieram a tornar tímidas as
idéias que o livro veicula.
t ceno também que o Laing de O
Eu Dividida, embora o tenha
escrito mais preocupado cm espor suas
..bsenaçôes clinicas do que em discutiIas com o devido rigor letVico. estava
longe decididamente de ser o seguro
mentor da antipstquiatria. Assim,
apesar de grande parte de seu discurso
criticar o pode*r arbritário do
diagnóstico, nas diversas análises que
faz dc seus pacientes ele não dispensa o
seu. e em nenhum momento parece
»»p«»r-se ao conceito da loucura como
alg«» a ser curado, do louco como objeto
«le cura. Em nenhum momento deixa
de utili/ar o aparato de seu saber
médico, projetando-o sobre o mistério
«Ia loucura.
Mas. Minando o livro em l%0.
perde-se logo essa sensação de timidez.
Ele aparece então como uma
estratégica manobra para lentar impor
um raciocínio radicalmente contrário
.io da grande maioria dos psiquiatras
da época. Pode-se lê-lo. a panir daí.
como uma inteligente e agressiva
tentativa de tomper a distância
tradicional entre os médicos e os
pacientes: de torná-los nâo tão
médicos, nem tâo pacientes. (Ronaldo
Britai
A literatura pela porta dos fundos
Entre o escritor e
o público há no Brasil
uma parede só penetrável
para os monstros sagrados.
Por isso três mineiros
procuram a porta de trás,
livros de 5 cruzeiros,
marginais.
ss4^*%grau de cultura de um país
^_jrmede-se pelo preço de seus
livros", dizia Monteiro Lobato no livro
Mr. Slang e o Brasil e Problema Vital.
Quase 40 anos depois — apesar do
empenho de Lobato e de outros
escritores— os livros ainda continuam
caros e praticamente proibidos as
camadas populares. E. além disso, as
grandes editoras do pais preterem
publicar best sellers estrangeiros e
livros de autores nacionais mais
famosos a lançar novos autores,
alegando que o público não arrisca
empregar CrS 20.00 ou CrS 30.00 na
livro de autor
compra de um
desconhecido.
Em todos esses anos, efetivamente
raras foram as tentativas das próprias
editoras em baixar o preço do livro, o
que poderia facilmente ser conseguido,
bastando diminuir a qualidade do
papel e a sofisticação da impressão e
da capa. Ultimamente destacou-se
apenas a experiência da Arte e
Comunicações Editora, sob o slogan
"O
povo lendo", com os jomalivros.
livros em forma e papel de jornai e ao
preço de somente CrS 2,00 o exemplar.
Contudo, os jornaliyrõs (atualmente
editados pela Espaço Tempo Veículo
de Comunicação) também ficaram
restritos aos autores nacionais já
conhecidos e alguns grandes romances
estrangeiros.
Entretanto, na semana passada em
Belo Horizonte a pequena editora
"Livros
COPIBEL lançou seu projeto
para o povo", através de suas Edições
Marginais, livros com formato
semelhante aos populares livros-debolso, impressão rudimentar (em
mimeógrafo). capa simples e ao preço
de CrS 5,00. Os editores também estão
experimentando um método de venda
marginal: levam o livro às casas, lojas
comerciais, mercearias, bancas de
revistas, escolas, universidades e até
mesmo às fábricas.
Estas edições darão preferençialmente oportunidade aos escritores
novos e. segundo o escritor Roberto
Drummond. constituem uma boa saída
para os jovens preteridos pela grande
indústria do livro. Segundo Drummond, o público potencial está nas
universidades: "A inquietação dos
novos autores corresponde à
inquietação universitária" diz
Drummond. "Já é hora", anuncia ele,
"do
povo. consumir realmente
literatura, como consome televisão".
{Teodomiro Braga)
numa pesquisa, o leitor tiSe.vesse de citar cinco novos
escritores brasileiros, é provável que
sentisse dificuldades. A nossa
literatura — nunca das mais pujantes
— vive uma fase obscura (e exatamente
num momento em que nossos vizinhos
hispano-americanos vivem a euforia de
"movimento"
um bobm literário). O
brasileiro praticamente se resume a
uma ou outra aparição de nossos
monstros sagrados: o último best seller
de Jorge Amado, o mais recente
romance de Érico Veríssimo, as re"clássicos". No
edições anuais dos
O Ex-Mágico, de Murilo Rubião
Tarde da Noite, de Luis Vilela A
Morte de D. J. em Paris, de Roberto
Drummond (Edições Marginais. CrS
5.00)
"jovem escritor"
meio. um ou outro
tentando desesperadamente botar a
cabeça de fora.
Mas essa escassez não é privilégio da
literatura.
O teatro — que não tem sequer o
"fase áurea" como a
consolo de uma
do cinema — assiste à dissolução ou à
crise, finaneira ou de idéias, de seus
grupos mais representativos. Aos
donos de casas de espetáculos fica a
saída de um show de música ou uma
produção humorística de baixo custo,
do tipo "eu sou o espetáculo". Para os
atores, a esperança de um papel na
última "novela moderna" da Globo.
E as artes plásticas? Bem... em
Recife, parece, revela-se, embora
tardiamente, o talento pietórico de
conteúdo prousfiano. do sociólogo
Gilberto Freire. As Bolsas de Arte
continuam com seu rendoso comércio
de assinaturas célebres, e Fernando
Legros foi preso. Resta a Música
Popular, mas a produção rica e
brilhante de alguns de nossos compositores não autoriza a falar em fase
propícia. É só ouvir o rádio...
Remédio ou sintoma
Nesse quadro, é natural a
curiosidade e simpatia em torno de
notícia do surgimento de um grupo de
escritores mineiros dispostos a furar o
bloqueio. Esses "jovens escritores"
estão reunidos nas Edições Marginais,
que em seu primeiro volume apresenta
os trabalhos de três contistas: Murilo
Rubião. Luis Vilela e Roberto
Drummond, O nome da editora parece
redundante: cm certa medida, hoje.
quase toda literatura no Brasil é
marginal, As Edições Marginais
pretendem fa/er livros baratos (CrS
5.00). de impressão rudimentar (em
mimeógrafo). a serem vendidos em
.•asas. lojas comerciais, fábricas.
escolas, etc. Há projetos semelhantes.
No Rio e em São Paulo têm aparecido
edições do mesmo tipo. cie poetas e
contistas jovens. Uni deles — Chacal.
um poeta de 20 anos— lançou O Preço
da Passagem, um trabalho de singela
beleza e extrema originalidade. Os
alunos da Escola de Comunicações da
ÜFRJ (Universidade Federal do Rio de
Janeiro) estão, há algum tempo;
editando O Feto. dentro do mesmo
processo. É a partir de experiências
como estas que os irmãos Haroldo e
Augusto de Campos falam numa
"semana
de arte moderna"
provável
clandestina. É uma esperança.
Mas tais saídas não acabariam se
transformando mais em sintoma que
em remédio'; Na verdade, os meios de
produção não estariam sendo tão ou
mais importantes que a própria
literatura? É.uma situação singular de
nossas dificuldades literárias: o autor,
agora, luta tão obstinadamente contra
os obstáculos que o separam do
público que, praticamente, não lhe
restam forças para a literatura
propriamente dita. F. vencedor desses
obstáculos às vezes inclui no seu texto
um conceito de valor. O que é. no
mínimo, temerário.
No prefácio do seu primeiro
lançamento, o responsável pelas
Edições Marginais esclarece: "é
dispensável apresentar os autores...
mais importante é desviar o leitor para
o sentido da publicação".
"marginais" têm
As experiências
proliferado. Muito poucas escapam de
de extrema
u ni nível
gerai
mediocridade. O que caracteriza uma
evidente mistificação do processo.
Como se este processo tivesse, por
osmose, a capacidade de salvar a
literatura que torna pública.
Com os contistas mineiros,
felizmente, a ênfase na produção não
anula nem diminui o valor de seus
trabalhos. São três contos simples. O
Ex-Mágica, dc Murilo Rubião. é a
história tragicômica de um antigo
ilusionista reduzido a burocrata e
impossibilitado, assim, de criar seus
truques. Já em Tarde da Noite, de Luis
Vilela, um telefonema anônimo,
recebido pela madrugada, obriga o
personagem a uma dolorosa revisão de
sua vida. O terceiro conto, A Morte de
D. .1. em Paris, de Roberto Drummond
— vencedor em 1971 do IV Concurso
Nacional de Contos do Paraná — é um
texto mais sofisticado e complexo. Ora
irônico, ora sentimental, Drummond
cria um misterioso personagem
sufocado pelo desejo que d outro
Drummond — o Carlos — chamou de
"nostalgia vã": a atração da Europa,
de Paris em particular.
Luis Vilela e
Murilo Rubião.
Roberto Drummond não são autores
estreantes, nem tão jovens. Pela
experiência e pela literatura deveriam
ter lugar em nosso tão pobre
movimento editorial. O volume com os
três nas Edições Marginais tem
características de uma denúncia. Fala
de uma época de extrema dificuldade
"jovem
não apenas para o desprezado
escritor", mas para o escritor brasileiro
de um modo geral. {Abel Silva)
23
A menina prodígio
Não se pode esperar o Apocalipse
Wttt qut- licitam»» n»** abater
Jfc ?»•«¦•• »*ado? I'** que tudo lot
i4<» la«'il a»« wtniig»*^ ' » Comu «•» Hl
!t,.«''.víi% da SS- c»*m a ajuda de !w
i*-K«4«» ucraniam* e »Hiir»tt tant«»s
SeoVt. etccuiaram tâo facilmente a
•«peração? Titétsem«*t resistido,
atravessando»* mu**»s. irrompido para
o «*uir»» lad«» d»« gueti». de/enat de
mdhares dc sidat se perderiam, mas
nàn Jtfri iml"' t -«is palasras cum«» estas
o historiador judaico Kingelblum
sinteti/a o drama e a miséria de
Varsõtia ocupada. Nas palas rat que
dcterctem a ct»ragem e dignidade
desesperadas d»H últimos owibaicntcs
tio gueto «rtli a força d«» lisro de
'....
Marstis M«ir**uli»*s. <»...¦ de
w#i ru •
Ê um irabalh»* histAncn d»»s mait
¦••••» e bem sucedidos que narra a
nume e «> ressurgir da Potftnia. um
rclatii que tai da Idade Média aos diat
«.tint»*mp«»rânc»»s e que fornece mesmo
««t elementos necestários jvara a
dissipaçãi» d»*s seus pr»'»prK>s erros e
parvulismos llagranies,
Marcos Margulies dis ide o seu
trabalho cm etapas didáticas: uma
"crónka milenar"
advertência, uma
detalhada e lúcida, uma descrição
direta dos métodos de extermínio
na/istas. o gueto, sua resistência c seu
massacre, finalizando com um rápido c
p»»bre discurso pollrico sobre a
atualidade. £ notásel. entretanto, que
sua leitura jamais se assemelhe a
daqueles documentários estatísticos,
momentaneamente arrasadores mas
que prosiKam antes a perplexidade te
inércia) do que um entendimento
transformador. Aliando uma
facilidade poética de expressão a uma
experiência pessoal da psicologia e
valores judaicos. Margulies aproxima o
leitor desse povo tradicionalmente
marginalizado, visto pelo menos como
"esquisito"
quando não segregado.
Bendito sejas, ú Eterno, nosso Deus.
Rei dn Universo, que nos acolheste
entre ns puxos e nos santijicaste com
Teus mandamentos...r'ogo"\ £ assim
do lesante do
que começa a descrição
"Os alemães recuaram
E
segue:
gueto.
d«» gueto diante do fogo dos judeus"
(...) "Era 19 de abril de 1943. erev
1'esakh. a véspera da Páscoa judaica.
Com amor coiicedeste-nos. õ Eterno,
nosso Deus. datas festivas para a
alegria, dias santos e épocas solenes
para o júbilo, e determinaste este dia
de Lesta de Paes Azimos. época di'nossa
libertação, em memória sagrada da
saída do Egito..." (...) "Era data
/estiva... Uma moça (quem? Irena
Baran? Dorka- Adamowícz? Sabina
Coldkorn?) amarrou a sou cinto
algumas garrafas cheias de bcn/.ina.
incendiou as suas vestes e jogou-se do
terraço de um prédio sobre um tanque
que passava embaixo pela rua. irmanaram-se na morte a moça judia e
<>s super-homens, no supremo ato da
conspureação racial proibida pelas leis
na/istas. no contato que não geraria a
vida. que conduziria à morte. Era data
festiva paru a alegria: os judeus
conquistavam a dignidade".
Abolir as miragens
O relato da tragédia do gueto e dos
campos de concentração aponta para
muitas perguntas. E se tivessem
resistido desde o início? Se nunca
tivessem confundido a realidade
histórica com os preceitos e visões
taalmúdicas? Até que ponto o cultivo
de uma falsa predestinação divina não
afastou os judeus de seu direito e
necessidade de se defenderem com
unhas e dentes? Por que os judeus,
como um todo, não agiram desde o
início como Mordechaj Anielewicz,
líder da insurreição no gueto, ou como
aquela moça anônima? Aquela mesma
incongruência de lamentar a
escravidão no Egito Antigo enquanto
os nazistas penetravam às margens do
Vístula, aquela incongruência não será
a mesma que aflige ainda agora o povo
judeu que se recusa a ver o irmão
palestino? Margulies, na sua difícil
posição de personagem do próprio
livro, mesmo ao criticar o anacronismo
ritualístico do seu povo, prefere deixar
de lado o problema palestino,
esquecendo um princípio que pratica
OUITO Di
VARSÓVIA
iCfdnico
SAiltner dt T*ãt s«»***o*»q» d» U'«
?•-!•.. o*
Mo'g«l>es
0o'W**O«*'a*>0
i?8 po»|<not OS I6 00i
ai» longo da primeira pane do litro
-••/..' t•¦-. ¦ Ji*Girmièmtal >• de enten*
dcr-c-crmcar. compreender •-» ntotitot
de titdat as panes dc um ;¦ •¦-•- es •- I
faz questão de assinalar a diferença
esistenie enire "Naçào" e "Estado"
• • duvidar a complexidade
para «•
Icrriionabadmintstratisa na Fur»*pa,
mas inconwicnicmrnie i«»nu ci»m»«
»cr«ladc a pnnn uma identificação
entre »» "Kstado" de Israel c a Nação
(k>s judeus, estendem!» •¦ concebi» de
Esiadi» â noção de v >»crn«« donde
ií«Hern«» e nação passam a sc idenlilicar.
Observem que tintas as im*
possibilidades isejam as materiais ou
as culturais) dc resistência dos judeus
ás agrcsvVs e humilhações dc uma
longa história nã«i apagam, mas pelo
contrário, aguçam o genocídio
praticado pelo nazismo ou os monicimos e perseguições movidas durante
séculos antes da Segunda Guerra.
Apenas faz-se necessário abolir as
miragens, como propõe o próprio
auior. miragens duplamente senenosat
porque geraram e ainda geram a
passisidade e a incompreensão enire o
poso judeu, para não falar na
arrogância (injustificada, apesar de
compreensísel) para com outros povos
acossados. Essas bem forjadas
miragens coletivas é que conseguem
produzir aberrações catastróficas, de
que o maior exemplo foi a contaminação na/ista do povo alemão.
A "indiferença" que o autor reclama
ter envuKido. na época, o massacre do
gueto não pode ser vista como uma
"frente mundial antijudaica". De fato.
as aspas na indiferença indicam que o
nascimento do Estado de Israel em 14
de maio de 1948 não foi uma vitória
apenas do povo judeu, nem fruto
apenas do seu esforço e sofrimento,
mas de todos os que combateram o
nazi-fascismo nos quatro cantos da
terra.lambem outras populações
inteiras foram e são vitimas do furor
genocida e não se voltam contra tudoe
contra todos mas apenas contra os seus
inimigos verdadeiros. Também os
vietnamitas lutam há séculos pela
independência e o direito á vida. com a
diferença de terem sido escravos na
própria terra. Deportado para terras
alheias, servindo de bode expiatório
dos ódios e erros dos outros, o judeu,
dentre todos os povos, tem sido um dos
muis sofridos. Contudo. Margulies.
refletindo o pensamento de grande
parte dos judeus em todo o mundo,
resolve juntar no mesmo balaio os
monstros nazistas e populações
historicamente submetidas e acéfalas.
"Os alemães, os letões. os ucranianos.
os lituanos. os poleneses. conjugados,
unidos, juntos lutavam contra o
gueto". Esseé. antes de tudo. um erro
primário: não perceber por que razões
as populações oprimidas, acuadas,
seguem cabisbaixas as ordens dos
tiranos. Além disso, trata-se de uma
injustiça para com a resistência difícil e
abnegada dos povos europeus sob o
jugo nazista.
Em OPINIÃO n.° 29, numa edição
comemorativa dos 25 anos de Israel
muitos fatos são elucidados,
especialmente das causas da longa
vitimação judaica: "Expulsões e
massacres se sucediam, principalmente
na França e na Inglaterra, sob os
aplausos de populações felizes por
verem assim extintas as suas dívidas e
poderem obter bens a baixo custo".
(André Fontaine, do Le Monde). Como
o próprio Margulies constata, os
judeus que serviam à nobreza polaca
(na forma de administradores de bens,
técnicos financistas, arrendatários,
financiadores, etc.) na época da revolta
dos camponeses ucranianos e cossacos,
estavam, a despeito de sua orientação
religiosa, sendo tão opressores quanto
os opressores constituídos no ápice da
pirâmide governamental Ia nobreza).
De tato, os judeus eram parte da
máquina de Estado polonesa e. apesar
de não darem as ordens supremas, se
l»onord BareJon
kttcikiasam também de sua pmiçitt,
vm «Isirtmcoi»» »i • grande n'a»»»j
\uH%*ti\ d««s )oid«*s ric* pn>prt«i%
tilimas seculares *U »*prestã** «altcr»
riamb» perto»!»» de privilégio —
quandti eram dtei* a»i sistema
estabelecido — «tm períodos de
degradação!. «*s judeus nâ» enirnderam inâo pediam cnicndcri a residia
daquela turba? "Lkikb, :<J vtbaka nio vira udnaka" i"P.»).»nê», )udeu.
câ«» — :.. mesmo credo sao"i Naquele
momenro o judeu era opressor, ainda
l<ts*»c conto compensação do
que «• "errante"
e da inimizade d«»s
etilm
cristãos, e. por isss»». lot als«» da tuna
dos ucranian»*» da mesma forma que >«
foi o n»«bre polonês. %*â«« entender cs»,**
rctiratnltasda hisuVia stttm&a acabar
"p«»»«»s
admitir
escolhidos",
por
"guarás sanias", "xupnmt^u* »Ie
ndmero da resista
(Hess instei um ama** interessai
Oúliimi»
w *fe Hrriiva. s*»nt »**MnwVt de grandes
nurstres s»*be»?»«p»rqué «Ias mulher**»
-,'jiçm tadrez ('«••< que ••» homtns
!l>«js«* ctp!k**tt*cs gntsteirat * »
mulheres t>»gam pb*r porque se In*
i**n**»sam mait por bumcns que p»»r
tadrez" — fombards, •• j***:.<„• de
H*«hbt Ftsehcrr. cs»*«V»m*ças r*A t**rba
de treinamento para a Olimpíada que
a equipe feminina da lugoslátia
«vsvK-u foi ii-ci'.!c «Ia si»nce«Iida a
sqiopc nuHulina"!, butlógkjs «"elas
o*» !«*m t»«*Kcntra*,áo par.» tadrez
compariscl t^A"* homens"! e
'^BmHÍHn->
Ittodi-nas «
|ogam
hjm
i«rl*W«q»(jl».« inconsciente
j*oqnt
ile matar ***« pai" — I,um Htanst
Mjs o que •• *ni>>« «Seita «te espitear
ou monto mencionar é » dcscmpenh»»
.•!,i-.fé!iti.ifu> i- «angular «ias mulheres
da GciVgia, Os ensadristas masculinos
desta pequena República soviética não
tem nada dc etccpcHinal pcl««s padr«*«**s
rusv»s. mas na última década a
(mirgia pr»»du/tu um tluto cttntinuo
de talentos tcmimn<*t. encabeçad»n por
Nona
Ciaprindashsili. campeã
mundial feminina e a única mulher,
além da saudosa Vera Mcnchik. a se
sair ra/oas cimente bem cm torneios
masculinos ão nisel de mestre. Nona
tem 32 anos: oito anos mais nos a que
ela. Nana Alexandria (outra georgiana)
é considerada a terceira jogadora do
mundo c possui um estilo de ataque
belo c enérgico. Agora estão chegando
noticias de um torneio internacional
feminino em Tifiis. com uma jogadora
que pode vir a suplantar tanto Nana
como Nona. A campeã mundial tirou
primeiro lugar com 12 pontos em 13.
perdendo apenas para uma adversária
de 10 anos. naturalmente da Geórgia.
Nana rachou o segundo lugar com
outra. Mas a heroina do torneio foi
uma garota de 12 anos chamada Maia
Chiburdanidze (a quem. para simpliticar. chamaremos Maia C de agora
em diante).
Maia C foi aplaudida pela primeira
vez quando, na terceira rodada,
conseguiu empatar um delicado final
de bispo versus cavalo contra
Konoplesa Ique em 1Q"1 quase
qualificou-se entre as quatro candidatas ao título mundial feminino).
Os espectadores vibraram ainda mais
quando ela obteve uma vitória notável
contra a campeã da URSS. Martha
Schul: e ela recebeu não.só uma terceira ovação como um prêmio de
beleza ao derrotar, na partida que
reproduzimos abaixo, a mestre
feminina internacional Andreeva.
Tanto Kónopleva como Schul deverão
dar muitas dores de cabeça á campeã
feminina da Inglaterra. Jana Hartston.
no próximo interzonal feminino,
embora Jana seja a única ocidental
com alguma possibilidade nessa
De modo que os
competição.
resultados de Maia C. mesmo sem
medalhas de ouro. podem ser con-iderados prodigiosos. Sua contagem
de pontos, na escala inglesa, é de pelo
menos 185 (cerca de 2100 na escala
internacional), o que faz dela a melhor
jogadora pré-adolescente de todos os
tempos, melhor inclusive que Elaine
Pritchard. que aos 13 anos de idade
aanhou o campeonato inglês feminino
de 1939.
Num artigo vindouro compararemos
este desempenho com o dos grandes
jogadores masculinos na sua idade.
Entrementes. a partida de Maia C que
obteve o prêmio de beleza poderá ter
raças", crc.
Ktques-lmcnit»
Sc a Nação e o Estado são essencialmcntc distintos, como observa
Margulies, nada pode. o priori repito,
assegurar que o atual goserno de Israel
corresponda i mílenarmente almejada
nação dos judeus.
Acuados
e humilhados,
despedaçados e esquecidos, muitos
judeus solucionaram teu problema da
forma mais simples: adotaram a
arrogância dos poderosos, em sez da
fraternidade. Como aceitar a desgraça
de um outro poso. o palestino, como
necessária á redenção dos judeut? E é
difícil fazer distinções: como distinguir
o símbolo judaico de libertação — que
é a criação de um território para a
grande nação israelita — do atual
governo de Israel? Como distinguir o
grande poso americano do goserno
americano? O grande poso alemão do
governo nazista? O povo soviético do
governo soviético? Como distinguir o
grande povo árabe dos governos
árabes? Aparentes identificações entre
povos e seus go»ern«»s p«xlem constituir. na verdade, efetivas oposições.
Assim como não entenderam a
revolta ucraniana. não estarão muitos
judeus sem entender o lado palestino
da realidade? Dentro desse quadro,
acaba-se por ver o conflito no Oriente
Médio como uma cruzada de extermínio contra «»s judeus, lesada a cabo
pela URSS e os regimes árabes, que se
chocam com a união hebraico-norteamericana. Duas grandes potências
medem forcas na sua disputa
utiliestratégica-econômico-politica.
/ando-se da debilidade de pequenos Estados e da presença, na
maior parte dos países do Oriente
Médio, de regimes retrógrados.
opressores e ou expansionistas. E onde
ficam os povos judeu, árabe e
palestino? Margulies não concede, em
especial, uma só palavra à nação
palestina. Não será essa uma atitude
semelhante ao "esquecimento", nos
compêndios de história oficial, da
resistência heróica do gueto de Varsóvia. abandonada em troca da
narração das grandes batalhas de
Rommel, Montgomery e outros? Atos
absurdos, paranóicos e inconseqüentes
como o massacre de Munique não
podem ser confundidos com as reais
aspirações do povo palestino, nem
muito menos servir como pretexto para
sorte.
esconder sua
Todas essas falhas não anulam a
importância desse livro, belo. sintético,
direto e penetrante. As parcialidades e
erros de análise do livro podem ser
eliminados a partir da aplicação
completa dos seus próprios espírito e
método, que são o da dignidade
humana e o do estudo sério. E aquilo
que constitui uma advertência central
du obra pode servir também para ela:
"Num mundo
que não cessou, desde
a Segunda Guerra, de presenciar
genocídios
praticados
meticulosamente, torna-se questão de
vida ou morte, para os povos, aplicar
um raciocínio e uma força vivos e
claros, profundos e globais, eliminando
todo preconceito e artificio de região
ou raça. despojando-se das podridões e
automatismos cotidianos. Não se
poderá mais esperar por novos
apocalipses que reafirmem a lição".
tMarciis Penehell
um impacto m*s metos «ntrressados cm
tadre* feminino internacional
"Pantda úo
Século"
parectdoeom »»da
*<•» II anos
que B««hh» Finhcr »>»g«*u
»»««ira rtoflaM Bsra*? em I oV»
OiMnitepuHltqueirsta panida nc*4a
*»«fHna, um mt"»i*c tnicrnacaotal me
«clefonou para di<*er que achava que a
partida unha std» forjada
Mala thlburdanld/e — Sndrtwa
Drfrta Skiliana. «arianir Ptrsh
I P4K P4HD 2 P1BD Im lance
ainda sem nome. C\ H O'D- Metander
disse-me ta/ algum tempo que o
*>>n»itiv'ata •« melh»»r para um mestre
usar contra a Sitiliana em simultâneas
|*sj..t. dc etpcnmcntá-l^ algumas
se/es. c»»nc»*nl»« c«*m ele f surpreen*
dçntc a quanttda«le de adsersários que
»c apatttram e «feitam .«cenin» para as
brancas com uma resposta n*> csiil»*
2...P3D — mas Andreeta escolhe a
melhiir linha,
2...C3BR * PSR C4D 4P4D PtP s
P»H P3D 6 C3BR C3BD * C3B C*C?
As negras caem numa armadilha
comida nos livros, que pelos lances
segumres é conhecida por sua adter*
sária. e itso empana um pouco o brilho
da partida. As negras deveriam
primeiro irocar os peões, depois os
casal. % —- embora o finai depois de
"...PxP
H PxP CxC 9 DxD- dé is
brancas possibilidades táticas. Virios
mestres, em particular o campeão
húngaro Csom. tém-se taido bem como
as brancas nerste final.
8 PtC PxP 9 PSD! A refutação. que
provavelmente Maia C aprendeu antes
da partida com seu treinador.
9-.P5R 10 CSC C4R II CxPR D2B?
Era preciso tentar 11...P3R.
12 D4D B2D 13 B3T P3B 14 P6D!
D3B IS PxP BxP 16 BxB RxB 17
D4C4 R2B 18 P4BR TRIR As negras
claramente jogaram isto esperando 19
CbD+? DxC! 20 DxD C5B +
descoberto ou 19 PxC TxP com
possibilidades de retomar a peça.
19 PxC TxP 20 0-0-0! Simples e
arrasador.
20...TxC 21 TxBf RIR 22 T7R^:
Abandonam. Se 22...TxT 23 B5C
ganha a dama. Não é páreo para a
Byrne-Fischer. mas ainda assim é
partida para antologias.
Problamo N.9 32
Na 1243
'
'
#' mim M
Biwi*9ãEi
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Mi
$m.
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Í'W-
f'íJ-
w&i
§#<
tm m m ^k
vízs
¦<'¦¦/-?¦¦
I
As brancas dão mate em dois lances ,
contra qualquer defesa
(por G.
Guidelli). Como sempre, as brancas
jogam de baixo para cima.
Solução do N.° 31
I C3C BxC 2 P7R B3D+ 3 R4T BxP 4
B4B P8T (D) 5 B5D -f DxB. Um tema
conhecido de estudos de final, mas
bem disfarçado.
opinião
OPINIÃO no exforior
No exterior a venda
seguintes lugares:
i
avulsa
de
OPINIÃO
é
feita
nos
Paris —La JoiedeLireda Editora Maspéro40, RueSaint Séverin —Paris V
Londres — 48, Old Compton St. — London Wl
"Zibeline Agencies" — 17, Belgrave Gds. — London NW8
Cbile — Câmara Latino-Americana dei Libro Casilla 14502 Correo 21 —
Santiago.
,.
24
homem que
Advoçjodo de John Oeon III:
Toromos umo bombo
eiplodindo o codo cinco
minutos, duronte
tréi dlot. Não tora
umo coito agradável".
i intatigâsel amlaneha de Waiergale çimimua a se despejar suhre a
America, Um du% mau altos exauuham da presidência emolvidos nn
coto — o ex-mothtru do comercio
MaurierStam — fmouvido na semana
panada pelo ettmitê do Senado sobre
sua participação na* ampla* operações
de espionagem. Siam neguu qualquer
eniolvimenio no escândalo, e declarou
$eu desomheamcnto a respeito de
muita* das aiiudades do comitê de
reeleição de Sumi. Outro ex-auxiliar
de Sixan, o amigo conselheiro Jeb
Stuart Magruder. depondo três dias
depmt. inocentou o presidente quanto
a qualquer participação no
planejamento e encohrimenio das
investigações. Magruder passou o
tardo da responsabilidade para os
ombros do ex-secreiârio de Justiça.
John Mitehcll. que .'gundo ele teria
planejado a invasão e estruturado a
tentativa posterior de esconder os
tatos. Mas mesmo sem prestar
depoimento, pú um outro ex-integrat:le Ja equipe de Nixon. o demitido
conselheiro jurídico John Dean. que
eonttniiou a merecer a maior atenção
no caso Watergate. Dean. que irá
depor esta semana perante o Senado,
promete apresentar pr-ivas definitivas
sobre o enmlvimenio de Nixon. Para o
governo americano, esta semana
pwiera ser decisiva. I m resumo das
principais acusações que. espera-se.
serão feitas -mr Dean perante os
senadores.
0
que o caso Watergate
Epossível
esta semana leve o presidente
Nixon mais próximo do impeuchment
do que em qualquer ocasião anterior.
A principal peça de acusação ao
presidente, seu ex-conselheiro jurídico
John Dean III. começará a depor. O
que provavelmente ocorrerá foi
descrito desta forma dias atrás por um
"Teremos unia
de seus advogados:
bomba explodindo a cada cinco
minutos, durante três dias talvez. Não
será uma coisa agradável".
Agradável ou não. é incalculável o
efeito que elas poderão ter para o
presidente. Até agora, tem ocorrido
R.
uma guerra de palavras.
naturalmente, nestas condições o
presidente fica em situação vantajosa.
Mas esta vantagem poderá ser
Dean
rapidamente dissipada.
procuraria, segundo amigos Íntimos,
vuntar sua historia com tal riquera de
detalhes e fortalecê-la com tantos
documcntos«que mesmo sem provas
dcfbiHivas forcaria os demais impiicados a corroborar sua versão.
Com este objetbo — rtquera de
deialhes — Dean teria passado
semanas recentes empenhado cm
preparar cronologias, memorandos e
notas para si próprio, as quais usaria
em seu depoimento,
Um dc seus advogado*, Robcn
MçCandless. afirmou; )•-¦•¦ Dean vai
direr tudo que sabe. e nâo de um modo
que sirva a vi próprio Vai admitir
qualquer panidpaçâo. ou possível
participação sua no cavo. Vai contar
tudo que lembrar sobre a atmosfera
que produziu Watergate e o en«
cobrimenio dc Watergaic".
Dean. 34 anos. tem sido descrito
amplamente, nos círculos mais
variados, como o "ponto focai", o
centro da operação de encobrimento
da Casa Branca, iniciada apôs as
prisões dos invasores de Watergate.*háa
17 de junho dc l°^2. ou seja.
exatamente um ano atras, domipgo
passado.
Foi ele quem serviu como a principal
ligação da Casa Branca com o
Departamento de Justiça c o FBI nos
primeiros meses do inquérito. Dean
lambem recebeu cópias dc todos os
relatórios do FBI a respeito, e passou
as informações pertinentes a (pelo
menos) dois dc seus três superiores
hierárquicos na Casa Branca, os
conselheiros John Ehrliehman e II.
Haldeman. que. juntamente com
Dean. deixaram seus cargos a 30 de
abril IO terceiro homem é Nixon),
Dean ligou Nixon. diretamente e
indiretamente, ás tentativas de encobrimenio das investigações, o que o
presidente nega publicamente.
Segundo Dean. os dois discutiram
aspectos do encobrimento no inicio
deste ano. Em cena altura. Nixon teria
indagado: quanto custaria o silêncio
dos presos em Watergate? Dean teria
respondido: um milhão de dólares. O
presidente, segundo a versão, encerrou
a conversa dizendo que isso não seria
problema.
Dean tem sido também citado como
tendo conhecimento de muitas outras
atividades ilegais anteriores a
Watergate. incluindo escuta telefônica
e levantamento ilegal de fundos para a
campanha de reeleição de Nixon.
O advogado MçCandless acha que o
testemunho de Dean poderá durar três
dias. No primeiro dia. ele pretende
"como
explicar aos senadores
Watergate pôde acontecer". Disse o
"Dean
as
advogado:
quer preparar'Aqui
condições ideais. Ele que: dizer
está a atmosfera que existia no país
durante a administração Nixon'. e
explicar como Watergate foi apenas
um sintoma".
vee gaepete ssssse emtmmt d» FBI ra»
cano wnruagean» aewmaa) ma twasaem
».H
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Nixon tinha conhecimento direto
de que a contribuição secreta da industria de laticínios para sua campanha ck reeleição, em 1971, visava a
influenciar o governo para que
aumentasse o preço do leite.
Os deialhes da doação (322 mil
dólares) teriam sido acertados no
próprio escritório do presidente, c os
industriais do leite teriam deixado o
dinheiro em alguma parte da própria
Casa Branca.
A Casa Branca pressionou o juiz
federal que presidia a ação civil (do
partido democrata) sobre Watergate
para que desse uma decisão
"favorável".
O juiz. Charles Richey, teria
mantido conversações secretas com
auxiliares da Casa Branca, o que
constitui uma violação da ética jurídica.
Um dos auxiliares da Casa Branca,
Charles Colson, propôs certa vez que o
"policia secreta" da Casa
grupo da
Branca invadisse o Instituto Brookings
para conseguir alguns documentos
guardados no cofre.
SJêÍ/f «t^^j
A operação teria sido planejada no
verão dc 1071. quando a Casa Branca
tentava descobrir como os "papéis do
Pentágono" haviam chegado à imprensa. Ela estava interessada na
possível participação de Morton
Halpertn. funcionário do Instituto
Brookings. que tinha feito trabalhos
para Henry Kissinger. Mas os papéis
náo chegaram a ser roubados do cofre.
Segundo um levantamento da revista
Newsweek, as principais acusações que
Dean fará perante os senadores são as
seguintes:
• Nixon sabia pessoalmente do
encobrimento das Investigações, e
tanto ele quanto seus auxiliares
mentiram freqüentemente a respeito.
Dean. teria documentos e
memorandos que. apesar de não
comprometerem definitivamente o
presidente, indicariam um padrão
claro do envolvimento presidencial. Ele
estaria de posse também de fitas
gravadas com conversações de altos
funcionários da Casa Branca, o que,
em sua verão, constituía um fato
rotineiro.
• pRaaas.
O relatório «tintava, cm forma de
anedota, como Franalw D. Rooscveh.
Itarry Truman. John Kennedy e
Ivrvdon Johnson usaram ou abusaram
«!.- >ltl Mas. curiMamentc. omitia a
ação de IVight rTJsenhovvcr. o protetor
de NUon.
Algum fautcsttâflea de Cata
Branca plaewjarain o aaaaialoau da
rhefe de Galado d» Paoaaat,
Segundo Dean. a administração
suspeitava que ahos funcionários
panamenhos «tivessem envolvidos no
tráfico de drogas para os Estados
Unidos, c estavam tamScrn
preocupado*, com a atitude nio
cooperadora do general Ornar Torrijos
quanto à renegociação do tratado do
canal do Panamá. Assim, alguns
funcionários viram cm Torrijos um
foi
abo duplamente atraente. A missão
interrompido quando a "equipe"
encarregada de cumpri-la já se encon*
trava no México.
A Caaa Branca prepara ¦ ama acãa
por sonegação de ianpostee castra o
irmão do governador Geargt Walace,
Gcrald, a fim de costacgoJr certa»
vantagens efeborab.
Agentes federais passaram dois anos
investigando Gerald Wallace. entre
outros, em ligação com algumas
contribuições de campanha para o
governador, feitas por companhias que
tinham negócios com o Estado. A parte
de Wallace na barganha teria sido
participar das eleições primárias
democratas, a fim de confundir os
democratas e garantir o voto dos
eleitores de Wallace para Nixon. O
governador nega que tenha tomado
parte neste esquema.
Estas são as mais explosivas bombas
de Dean. Elas colocaria o presidente,
na opinião de um dos senadores do
comitê, cm posição "indefensável".
Como se não bastassem as atuairevelações de Watergate. na quintafeira passada um novo elemento de
sensação veio incorporar-se ao caso.
Segundoo detetive particular Sherman
Skolnick, um avião conduzindo 12
pessoas envolvidas em Watergate. e
que caiu em dezembro próximo a
Chicago, matando 45 passageiros, teria
sido sabotado.
Os passageiros implicados em
Watergate tinham assistido em
Washington a uma reunião na qual
ameaçaram denunciar o ex-secretário
de Justiça John Mitchell por sua
participação na espionagem.
Um dos passageiros era a mulher de
Howard Hunt. condenado pela invasão
de Watergate, e que levava 50 mil
dólares em dinheiro e 2 milhões em
cheque, que seriam utilizados para
"comprar" o silêncio dos implicados.
San Clemente e o fio do novelo
O diário conservador Register, de
janta Ana, Califórnia, não é
propriamente um jomal influente, .Mas
no mês passado, o Register teve o seu
momento de glória nacional, quando
informou que investigadores federais
estavam tentando descobrir se o
presidente Nixon usara nada menos
que um milhão de dólares em eontribuições da campanha eleitoral de
1968 para comprar sua opulenta casa
de veraneio de San Clemente,
Califórnia. A Casa Br, nea prometeu
uma contestação em 24 horas e quando
a divulgou, 11 dias mais tarde,
levantou mais indagações do que as
colocadas pelo Register.
"a
versão da Casa
acordo com
De Branca. Nixon, a princípio,
desejava comprar apenas a casa e um
pedaço de terreno de 5,9 acres, mas o
proprietário. Henry ÇottohJ insistiu em
vender toda a propriedade, que cobre
24,6. acres. Para garantir a compra.
Nixon concordou em pagar o preço
pedido. I..4 milhão de dólares, sendo
400-mil dólares em dinheiro e um
milhão em hipotecas.
Nixon tomou os 400 mil dólares
emprestados de seu amigo Robert
Abplanalp. Em 1970 fez um segundo
empréstimo, após ter comprado um
pequeno terreno adjacente à casa. Os
dois empréstimos totalizaram uma
dívida de 625 mil dólares para com
Abplanalp, em notas promissórias com
juros de 8%.
Segundo a Casa Branca, Nixon
pagou os empréstimos em dezembro de
1970, vendendo 18,7 acres do terreno
"uma comde San Clemente para
panhia de investimento criada pelo sr.
Abplanalp". Nesta transação, Abplanalp considerou saldado o débito de
625 rpil dólares e ficou de posse de
hipotecas no valor de 624 mil dólares.
Isso significou que Abplanalp pagou a
Nixon 1.249.000 dólares pelos 18,7
acres.
No final das contas, Nixon acabou
ficando com a casa e com os restantes
5.9 acres pelo preço líquido de apenas
251 mil dólares, e mais 123 mil dólares
em melhoramentos, ou seja, a
diferença entre o preço de compra
original e a quantia paga por Abplanalp. Sem contar os pagamentos de
hipotecas, a quantia desembolsada por
Nixon parece ter sido de apenas 34.514
dólares. Sem contar que Abplanalp
não usou até agora — nem parece
interessado — os 18,7 acres que
comprou de Nixon.
Na semana passada, Nixon foi mais
uma vez acusado. Segundo o diário
nova-iorquino Newsdáy, ele teria gasto
7h rn.il dólares (CrS 456 mil) dos cofres
públicos em obras de jardinagem na
casa de San Clemente. Essa quantia se
somaria a uma verba anterior de 100
mil dólares, gasta pelo governo em
obras que valorizaram a mansão do
presidente, e que teriam sido
executadas, segundo a Casa Branca,
"razões de segurança".
por
As obras de jardinagem e as demais
reformas em San Clemente foram
feitas em 1969. Os 100 mil dólares
foram empregados na construção de
uma luxuosa cabana na praia par-
ticular de 100 metros, em uma cerca de
madeira, na cobertura de um galpão e
num sistema de calefação elétrica.
Dificilmente se poderia argumentar
que estes melhoramentos tenham
significado alguma coisa para os
agentes de segurança do presidente —
como alegou a Casa Branca.
É possível que o presidente Nixon
lembre hoje com amargura o momento
em que, inflado pelo entusiasmo de sua
mulher Pat, deixou de lado qualquer
cautela de classe média e decidiu
comprar, em maio de 1969, a magnífica
vivenda em estilo espanhol pousada
sobre uma falésia à beira do Pacífico.
Dificilmente Nixon poderia ter pensado _qu«, junto com a agradável
mansão de paredes brancas e telhas
romanas, 10 aposentos, um grande
jardim e bucólicas varandas, estava
comprando um futuro problema
nacional.
Quando as linhas gerais da tran-.
sação foram conhecidas, poucos
ficaram satisfeitos com as explicações
apresentadas pela Casa Branca. O
jornal The New York Times? por
exemplo, pediu, em editorial, uma
declaração mais precisa da
"para
dissipar o nevoeiro
presidência,
de confusão sobre San Clemente".
Pode constituir motivo de embaraço
pára um presidente, disse o jornal,
reconhecer que tem uma dívida pesada
"mas é
para com um amigo rico,
sempre mais fácil viver com à verdade
do que com as mistificações
deliberadas que a Casa Branca emprega para confundir o caso". Um
presidente, como qualquer outro
funcionário, disse o jornal, tem uma
posição mais forte quando evita
enredamentos privados desta natureza.
Palavras sensatas, mas é duvidoso
que o presidente possa, nesta altura
dos acontecimentos, se guiar por elas.
Como um gato enredado no fio de um
novelo, a posição de Nixon parece se
complicar a cada movimento que faz,
enquanto o fio vai perigosamente
chegando ao fim.
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wai man