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SERVIÇO FINANCEIRO
Onde colocar o
meu dinheiro?
Escolher a aplicação
financeira mais
adequada para as
suas necessidades
é fundamental para
evitar prejuízo,
garantir segurança
e, de quebra, obter
algum rendimento
30 • Agosto 2014 • REVISTA DO IDEC
G
astar menos do que ganha
é a regra básica para uma
vida financeira saudável.
Caso você esteja no time dos que
já conseguem controlar as contas e
fazer sobrar uma graninha, o ideal é
procurar uma boa forma de aplicá-la, afinal, já passamos da época do
dinheiro embaixo do colchão.
Escolher a aplicação financeira
mais adequada para a sua necessidade é fundamental para evitar prejuízo, garantir segurança e, se possível,
obter algum rendimento. Por isso, é
recomendável buscar o máximo de
informações sobre as diversas opções
disponíveis no mercado.
Um bom ponto de partida é
conhecer as características das formas mais populares de aplicação,
como a poupança, o Certificado de
Depósito Bancário (CDB), o Tesouro
Direto, entre outras. Quais são as
diferenças entre elas? Qual delas é
melhor para cada perfil? Para responder a essas dúvidas, explicamos
como cada uma funciona. Confira
a seguir.
POUPANÇA
Um dos mais antigos serviços financeiros do
país, a poupança é famosa por sua segurança e
baixo custo. É segura porque o governo garante,
por meio do Fundo Garantidor de Crédito, que as
cadernetas com até R$ 250 mil aplicados sejam
ressarcidas ao poupador em caso de falência do
banco. E é barata porque não há cobrança de taxa
de administração, não exige valor mínimo inicial e
seu rendimento não sofre desconto de Imposto
de Renda.
Outra vantagem é a liquidez, ou seja, a facilidade em resgatar o valor aplicado: basta ir a qualquer
caixa eletrônico e sacar o dinheiro, na hora.
Quanto rende?
Em geral, o rendimento da poupança é de 6,17%
ao ano + Taxa Referencial (TR, próxima de zero).
Contudo, desde 2012, há uma nova condição: se a
taxa básica de juros, a Selic, cair para 8,5% ao ano
ou menos, a poupança só rende 70% da Selic + TR.
Até o fechamento desta edição, a Selic estava em
10,9% ao ano e não havia previsão de queda no
curto ou médio prazos.
Para o consultor financeiro André Massaro, por
sua simplicidade, a poupança é recomendada para
investidores principiantes. “À medida que a pessoa
se habitua ao universo dos investimentos, é interessante procurar opções mais rentáveis”, recomenda.
CDB
O Certificado de Depósito Bancário (CDB) é um
título privado emitido pelas instituições financeiras. Quem investe em um CDB está emprestando
dinheiro ao banco para tê-lo de volta algum tempo
depois, acrescido de rendimento.
A devolução é feita na data de vencimento, que
varia bastante de um título para outro (há opções
de três meses a oito anos, por exemplo). Alguns
oferecem a possibilidade de resgatar o dinheiro
antes do vencimento, mas a rentabilidade é preju-
Desconto de imposto de renda
Quando o investidor resgata o dinheiro
aplicado no CDB, o rendimento sofre desconto
do imposto de renda (IR). A alíquota é regressiva: com menos de seis meses de aplicação, o desconto
é de 22,5%; entre seis meses e um ano, de 20%; entre um e
dois anos, 17,5% e, depois de dois anos, cai para 15%.
Título de capitalização:
não é investimento, é cilada
PIC (Itaú), Pé Quente (Bradesco), Cap Sorte (Santander),
SuperXCap (Caixa Econômica Federal), OuroCap (Banco
do Brasil). Se você é correntista de algum desses bancos,
provavelmente já recebeu uma oferta para contratar um dos
títulos de capitalização acima. Mas, ao contrário do que talvez
tenham lhe dito, esse serviço não é um investimento. Quase
todos rendem menos do que a tradicional poupança.
Isso ocorre porque parte do valor aplicado vai para a taxa
de administração (chamada de cota de carregamento) e parte
para o fundo formado para pagar os sorteios. Assim, apenas
uma parcela fica rendendo e, sobre o pequeno ganho, ainda
incide imposto de renda. No final, o suposto “investimento”
equivale a ter guardado o dinheiro no cofrinho em casa. Sem
contar que o valor fica “preso” por muito tempo e, em caso de
resgate antes do prazo, o consumidor perde parte do que foi
aplicado. Em outras palavras: não vale a pena!
Se o que lhe chama a atenção é o prêmio, lembre-se de
que a probabilidade de ser sorteado é pequena. Apostar na
loteria sai bem mais barato.
dicada. Por isso, o ideal é planejar bem para não
precisar do dinheiro antecipadamente.
Existem os CDBs pré-fixados (nos quais você
sabe, na hora em que aplica, quanto irá receber
depois de determinado tempo) e os pós-fixados
(cujos rendimentos variam conforme alguma taxa,
na maioria das vezes atrelada ao CDI). Para não
se perder nas siglas: CDI significa Certificado de
Depósito Interbancário; é como um CDB, só que é
o empréstimo de um banco a outro. A taxa de juros
dessa transação é bem próxima da Selic.
Ao negociar um CDB com o gerente de seu
banco, ele lhe dirá qual percentual do CDI o seu
CDB irá render. Quanto mais alto esse percentual,
melhor. Por isso, prefira negociar tais condições
pessoalmente. Em uma contratação pela internet
ou telefone, dificilmente se alcança condições tão
favoráveis quanto “cara a cara”.
TESOURO DIRETO
O Tesouro Direto (TD) é parecido com o CDB,
mas em vez de emprestar dinheiro a um banco,
você o empresta ao Tesouro Nacional, ou seja, ao
governo. Por isso, é considerado o investimento
mais seguro do mercado financeiro.
Para investir no TD é preciso estar cadastrado em alguma corretora. O primeiro quesito a ser
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observado para escolher a corretora é a taxa de
administração cobrada por ela. No site do Tesouro
há uma lista (acesse no link: http://goo.gl/WSrhs)
com os valores cobrados por cada uma (algumas,
inclusive, não cobram nada).
Na página há também a relação dos diferentes
títulos disponíveis para compra (confira no link:
http://goo.gl/tqSfD). Cada um possui vencimento,
rentabilidade e preços específicos. Há os pré-fixados (cuja taxa de rendimento já se sabe no ato da
compra), os que são atrelados à inflação oficial do
país (o IPCA) e os que rendem o mesmo que a Selic. Não tem jeito, é preciso estudar cada um e ver
qual deles é mais adequado à sua expectativa.
Sobre o rendimento do Tesouro Direto também
se aplicam os mesmos descontos de IR do CDB,
além de uma taxa de custódia anual de 0,3%, que
é obrigatória.
FUNDOS DE INVESTIMENTO
Um “condomínio” que reúne diversos investidores com objetivo de lucrar pelos rendimentos
de outros ativos financeiros, como ações, títulos e
imóveis: esse é o conceito dos fundos de investimento. Quem investe em fundos, adquire cotas da
cesta de ativos que o compõem e tem direito à sua
rentabilidade proporcional. É cobrada uma taxa de
administração, que nada mais é do que o pagamento dos especialistas (do banco ou da corretora) que
fazem a gestão dos recursos – compram, vendem
ou mantêm os ativos, conforme avaliam ser a maneira que garantirá melhor remuneração aos seus
cotistas. Quanto menor a taxa de administração,
maior a rentabilidade para o investidor.
Existe uma infinidade de fundos disponíveis.
Para ficar em dois exemplos, há fundos que só
investem em ações de empresas que possuem
reconhecidas práticas de sustentabilidade; e há os
imobiliários, que investem em empreendimentos,
como shoppings e prédios comerciais, e lucram a
partir do seu aluguel.
Os riscos também variam: há os mais arrojados
e outros bem conservadores. É preciso pesquisar
para descobrir algum que lhe agrade.
AÇÕES
Para se ter uma ideia de como esse mercado
é antigo no país, o escritor Machado de Assis era
acionista do Banco do Brasil. Mas, até hoje, ainda há
a ideia de que a bolsa de valores é coisa complicada e para quem tem muito dinheiro.
Quando compra uma ação, o investidor se torna
“sócio” daquela empresa e, por isso, obtém o
direito de participar de seus lucros — ou de
sofrer seus prejuízos. É preciso se cadastrar em
uma corretora e passar a utilizar o sistema online
dela (homebroker) para realizar as transações.
Há investidores que ganham com operações de
curto prazo: compram quando as ações estão baratas e, quando elas sobem, vendem, lucrando com
a diferença entre os dois preços. Mas os de longo
prazo são mais comuns: eles adquirem ações de empresas mais sólidas ou de setores com perspectivas
de crescimento sustentável. A valorização das ações
ao longo dos anos garante o “pé de meia” desejado.
O investimento em ações é destinado a pessoas
com disponibilidade de acompanhar o mercado,
além de certa tolerância ao risco — uma oscilação
pode fazer o investidor perder algum dinheiro; é
preciso estar preparado.
Não confie cegamente
Nem sempre a aplicação financeira oferecida pelo
banco é a melhor opção para o consumidor. “Muitas
vezes, o gerente possui metas para vender alguns
produtos financeiros e, como funcionário, ele trabalha
atendendo ao interesse da instituição”, alerta Ione
Amorim, economista do Idec.
Diante de uma oferta de investimento, a dica é procurar informação com outros especialistas. “Apurar em
outras instituições o nível de risco e a remuneração, o
custo de administração, tributos e o tempo de aplicação
é bastante saudável”, sugere Amorim. “É possível,
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ainda, consultar um profissional de uma corretora para
ajudá-lo a avaliar o investimento”, completa.
A economista também lembra que, antes de
escolher uma aplicação, é fundamental avaliar por
quanto tempo poderá manter o dinheiro aplicado.
“Se o objetivo for guardar o recurso para uma
emergência, deve-se priorizar uma aplicação
com liquidez, como a poupança. Já se a ideia
é guardar para a aposentadoria, por exemplo,
um investimento de longo prazo é o ideal
para aumentar a rentabilidade”, orienta.
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