Resumos Expandidos
Custos da colheita e transporte florestal
da madeira de seringueira para uso como
lenha no Centro-Oeste Paulista.
José Jhones Matuda¹; Luiz Carlos Araujo²; Rogger Miranda Coelho³;
Angelo Marcio Pinto; Leite4; Harrisom Bellico Coelho5
Mestrando Ciência Florestal UFVJM ([email protected]); 2 Mestrando Ciência Florestal
UFVJM ([email protected]);,³ Mestrando Ciência Florestal UFVJM (roggermcoelho@
yahoo.com.br); 4 Prof. Dr. Departamento de Ciencias FlorestaisUFVJM ([email protected]); 5
Graduando Engenharia Florestal UFVJM ([email protected])
1
Introdução e Objetivos
A madeira da seringueira, Hevea brasiliensis,
cultivada em plantios homogêneos apresenta características que a torna propícia para o
uso das indústrias moveleiras e da construção civil (Kronka, 2008). Porem a falta de
pesquisas e incentivos ao uso desta madeira
tem dificultado um bom aproveitamento
na hora de sua retirada que ocorre no final
do seu ciclo produtivo da extração do látex
(Filho 2013).
Esta falta de mercado para consumo mais
nobre da madeira de seringueira tem feito com que produtores vendam este seu
bem no mercado de madeira para energia
(lenha), abastecendo assim as fornalhas de
secadores de sementes, e fornos em olarias
e cerâmicas.
A lenha é o sistema energético mais antigo da humanidade. O homem primitivo
utilizava o fogo para cocção de alimentos,
como fonte de luz e de calor e evolutivamente para tratamento de materiais que
serviam na confecção de armas, ferramentas e utensílios (1). Porém, lenha, não é um
produto que agrega valor, o que acaba tornado os gastos com sua colheita e transporte, grandes demais quando comparados ao
valor pago pela mesma. Isso se torna ainda
mais expressivo quanto menor for a área de
retirada da madeira.
Quando a colheita e o transporte florestal
são avaliados juntos, podem corresponder
de 60 – 70% do custo total da madeira posta na fábrica, sendo essencial na definição
de custos da matéria-prima (Malinivski et
al. 2008).
O objetivo deste trabalho é avaliar o lucro
obtido pelo produtor ao vender a madeira
de seringueira no final do ciclo produtivo
do látex, e os custos esperados para a retirada do seringal.
Material e Métodos
O estudo foi conduzido na mesorregião
de Araçatuba localizada no Centro-Oeste
do estado de São Paulo em Agosto de
2013. Para se estimar a quantidade de lenha
transportada foram coletados dados de seis
viagens carregadas com madeiras de seringueira, realizados por um caminhão 1113,
e aferidos os volumes em metros estéreos
transportados por cada carga do caminhão.
Foi feito uma estimativa da porcentagem
do valor médio do frete sobre valor médio
pago pela madeira com relação a distancia
percorrida. O valor da carga foi calculado
através do valor médio pago pela madeira da
seringueira entregue a seis consumidores da
região que envolvia três olarias duas cerâmicas que as utilizavam em fornos para queimas tijolo, blocos e telha, alem de um silo
que as utilizavam em um secador de grãos.
Foi considerado como condições viáveis a
89
XVII Seminário de Atualização
em Sistemas de Colheita de Madeira e Transporte Florestal
venda da madeira lucro superior a 15% da
receita total.
O volume do seringal foi estimado em
482,46 m³/ha oriundos de um plantio com
média de 1,02 m³ por árvore e 473 árvores
por hectare, valores médios fornecidos por
uma empresa que faz uso da madeira de seringueira.
Resultado e Discussão
O valor médio pago pela madeira nesta região foi de R$ 32,00 o metro estéreo entregues ao consumidor, chegando a atingir valores inferiores de até R$ 28,00 e valores superiores de 38 reais como mostra a tabela 1.
citada e de empresas especializadas neste
setor na região, o corte e o transporte foi
realizado pela mesma pessoa que contava
com dois ajudantes nas etapas de baldeio e
transporte da carga.
Cada viajem no período do estudo incluía
a etapa de baldeio feito através de uma carreta acoplada a um trator, carregamento,
transporte e descarregamento. O corte foi
avaliado a parte por não contar com a mesma quantidade de mão de obra.
Tabela 1: Valores pagos a madeira de seringueira em forma de lenha para diferentes
usos.
USO
VALOR (R$)
Forno
28,00
Forno
30,00
Forno
32,00
Forno
32,00
Forno
32,00
Secador de
grãos
38,00
MÉDIA
32,00
Os menores valores para a madeira são pagos para alimentar os fornos das olarias e
cerâmicas, a justificativa para isto, segundo
os compradores, é devido ao baixo preço
aplicado ao seu produto final (tijolo, bloco e telha). Para alguns produtores, o que
interfere neste preço é a grande oferta de
madeira oriunda das frutíferas como a
manga e a laranja que estão sendo cortadas
na região para dar espaço as plantações de
cana-de-açúcar que ocupam grandes áreas
no Centro-Oeste Paulista.
Devido à escassez de mão de obra capa-
90
Figura 1: Caminhão carregado de lenha
oriunda de plantio de seringueira.
A carga média das seis viagens foi de 40
metros estéreos, que corresponderam a
uma média de 28,17 metros cúbicos de
lenha cortados a um valor de R$ 12,00 o
metro estéreo o que totalizou R$ 480,00. O
carregamento e descarregamento de cada
carga foram realizados a um valor de R$
100,00 por dia de trabalho de cada ajudante. Assim cada carga saiu pelo valor de R$
680,00 de mão de obra.
O frete pago pelo transporte manteve-se
num valor fixo de R$ 230,00 até 40 km e
de R$ 250,00 de 40 km a 50 km do local de
destino, sendo que a partir desta distância o
valor aplicado era de R$ 2,50 por quilometro rodado. A tabela 2 mostra uma estimativa do gasto total com as viagens, incluindo
a colheita e transporte.
Resumos Expandidos
Tabela 2: Gastos com a colheita e o trans- Conclusão
porte da madeira de seringueira para lenha, O custo com o corte e transporte da mapor carga do caminhão.
deira de seringueira destinado à produção
de energia em forma de lenha foi de no míTotal
DistanMão de
da
Frete
TOTAL nimo 71,09% do valor total pago a madeira.
cia
obra
viagem
(R$)
(R$)
(km)
(R$)
Para distancias superiores a 81 quilôme(km)
tros a venda da madeira em forma de lenha
até 40
até 80
230,00 680,00
910,00
torna-se inviável, pois o lucro obtido por
hectare torna-se muito baixo.
40 a 50
80 a 100 250,00 680,00
930,00
60
120
300,00
680,00
980,00
70
140
350,00
680,00
1030,00
80
160
400,00
680,00
1080,00
90
180
450,00
680,00
1130,00
100
200
500,00
680,00
1180,00
A estimativa de lucro com a colheita foi
calculada em R$/Ha, feita a partir da subtração do gasto total em relação a venda da
madeira multiplicado pelo numero de viagens, como mostra a tabela 3. A análise dos
dados mostra que quanto mais longe o local
de destino da madeira, menos será o lucro
do produtor, sendo que na distancia superiores a 81 km do plantio até o consumidor
o lucro será inferior a 15% e as despesas
superior a 85%. Distancias superiores para
o quadro acima representado resulta em
prejuízo para o produtor. Nas condições
avaliadas, estima-se a retirada de 17,13 viagens por hectare.
Tabela 3: Lucro da venda da madeira representado em forma de porcentagem da
receita total por hectare.
Distancia
(km)
Gastos
(R$)
Receita
(R$)
Lucro
(R$)
Lucro
(%)
até 40
15588,3
21926,4
6338,1
28,91
40 a 50
15930,9
21926,4
5995,5
27,34
60
16787,4
21926,4
5139
23,44
70
17643,9
21926,4
4282,5
19,53
80
18500,4
21926,4
3426
15,63
90
19356,9
21926,4
2569,5
11,72
100
20213,4
21926,4
1713
7,81
Referência bibliográfica
[1] KRONKA, F. J. N. Uso do potencial da
madeira da seringueira (Hevea brasiliensis).
In: ALVARENGA, A.P.; CARMO, C.A.F.S.
(Coordenadores). Seringueira. Viçosa,
MG: EPAMIG, 2008. p. 719-744.
[2] FILHO, H. J. S. Propriedades mecânicas
da madeira de clones de seringueira (Hevea
brasiliensis – RRIM600 e GT1) analisadas
em duas épocas do seu ciclo fenolôgico
anual. Tese de Doutorado. USP/ESALQ.
Piracicaba. 2013. 93f.
[3] COLOMBO, S. de F. de O.; HATAKEYAMA, K.; PILATTI, L. A. O custo
de produção como fator determinante do
futuro da produçãoartesanal de carvão vegetal no Brasil. XIII SIMPEP - Bauru, SP,
Brasil, 6 a 8 de Novembro de 2006. Disponível em < http://www.simpep.feb.unesp.
br/anais/anais_13/ artigos/1209.pdf >.
Acessado em: 20 de fevereiro de 2014
[4] MALINOVSKI, J. R.; CAMARGO, C.
M. S.; MALINOVSKI, R. A.; MALINOVSKI, R. A. Sistemas. In: MACHADO, C.
C. (coord). Colheita florestal. 2ª Ed. Viçosa, MG: UFV, 2008. P 160-184.
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