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O País
O Estado do Maranhão - São Luís, 2 de novembro de 2014 - domingo
Brasil passa a medir temperatura
de viajantes de países com ebola
Medida entrou em vigor no aeroporto de Guarulhos; passageiros terão de preencher questionário com informações médicas;
febre é um dos sintomas da doença, que provocou quase 5 mil mortes até 27 de outubro nos oito países afetados pelo surto
Agência Brasil
RASÍLIA - O Ministério da
Saúde anunciou que o
Brasil passou a medir a
temperatura de passageiros que
embarcam de Guiné, Serra Leoa
e Libéria, países da África Ocidental onde há surto de ebola, como
medida para conter a epidemia da
doença. Passageiros também receberão um folheto com informações sobre o sistema de saúde brasileiro e um questionário, que deverá ser preenchido pelo viajante
junto com a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa).
Febre é um dos sintomas da
doença, que já fez quase 5 mil
mortes nos oito países afetados
pelo surto até 27 de outubro, segundo a Organização Mundial
da Saúde. No total, há registro
de 13 mil pessoas infectadas
pela doença.
De acordo com a pasta, até o
fim deste mês, todos os aeroportos que recebem passageiros de
países afetados passarão a cumprir a medida. Segundo o Ministro da Saúde, Arthur Chioro, do começo do ano até a semana passada, chegaram ao Brasil 529 passageiros de origem nos países afetados pela doença.
O secretário de Vigilância em
Saúde, Jarbas Barbosa, informou
que o procedimento começou a
ser aplicado às 5h de sexta-feira
em dois terminais do Aeroporto
de Guarulhos, em São Paulo, que
recebe 1 passageiro vindo dos três
países da África Ocidental para cada 40 mil que desembarcam no
terminal. No entanto, nenhum
passageiro teve a temperatura aferida nesta sexta, disse.
Até o final deste mês, os aeroportos internacionais do Galeão
(RJ), Fortaleza (CE),Viracopos (SP),
B
Salvador (BA) e Brasília (DF) passarão a adotar o procedimento, segundo o ministério.
O ministério informou que
não a intenção não é restringir
viagens, mas acrescentar "proteção sem causar transtornos
aos passageiros".
Procedimento - Os passageiros que declaram ter chegado
de Guiné, Serra Leoa e Libéria
ou que tenham passaporte desses três países serão abordados
pela Vigilância Sanitária. O folheto que receberão apresenta
o histórico do imigrante e poderá ser apresentado a unidades do SUS caso haja necessidade de atendimento.
Segundo Barbosa, a Anvisa foi
orientada a informar ao passageiro que o SUS é gratuito, para assegurar que pessoas com suspeita de ebola busquem tratamento. "Nos países onde vivem, não
existe sistema universal de saúde
como no Brasil. Isso é muito importante para evitar que a pessoa
fique em casa dois ou três dias
sem ter segurança de procurar o
SUS", afirmou.
O secretário também disse
que o procedimento da Anvisa
vai acabar com dificuldades de
comunicação entre os estrangeiros e as unidades de saúde. De
acordo com Barbosa, por causa
da barreira de idioma, poderiase confundir "Líbano com Libéria". "[O folheto] vai permitir que
a unidade imediatamente saiba
se é realmente um caso suspeito
ou se a pessoa chegou há três meses, período muito maior do que
o de encubação."
Para o ministro Arthur Chioro,
a preocupação do governo com a
Transmissão
O ebola é uma doença infecciosa
grave provocada por um vírus. Os
sintomas iniciais são febre de início repentino, fraqueza intensa,
dores musculares, dor de cabeça
e dor de garganta.
Depois vêm vômitos, diarreia
e sangramentos internos e externos. Ela é transmitida pelo contato direto com os fluidos corporais
da pessoa infectada: sangue, suor,
saliva, lágrimas, urina, fezes, vômito, muco e sêmen. Não há risco
de contaminação pelo ar.
O ministro Arthur Chioro (d) e o secretário de Vigilância Jarbas Barbosa anunciaram medidas
medida é "nem tanto com o monitoramento, e sim com a qualificação da informação" porque o
Brasil é um país com "baixíssimo
risco de transmissão de ebola". Ele
disse que houve reunião entre secretários estaduais e municipais,
juntamente com a Polícia Federal
e as companhias aéreas, nesta
quinta-feira para definir as medidas tomadas nesta sexta.
"É importantíssimo que todo
o trabalho com a participação da
Anvisa se tenha essa informação
clara. Nós entendemos que nosso papel é facilitar a capacidade de
diálogo entre as equipes de saúde
e os pacientes", disse o ministro.
Ele informou que a mesma medi-
da será adotada também em estados que fazem fronteira com outros países e em portos brasileiros
que recebam navios de bandeira
da Libéria, Guiné e Serra Leoa.
Suspeitas nacionais - O Brasil registrou três suspeitas da doença.
Um guineano deu entrada em
uma UPA de Cascavel, no interior
do Paraná, no dia 9 deste mês relatando febre. Seguindo o protocolo da Organização Mundial de
Saúde, o homem fez dois testes os dois deram negativo.
Depois, um jovem de 22 anos
deu entrada em uma UPA de
Foz do Iguaçu, também no Paraná, no dia 16, relatando sinto-
mas da doença. O prédio foi
temporariamente fechado, e o
paciente, isolado. Quando a secretaria constatou que ele havia
viajado para China, Dubai, Líbano e Itália - nenhuma dessas
localidades foi afetada pela epidemia do vírus -, a suspeita foi
descartada. Ele tinha hepatite A.
O terceiro caso suspeito ocorreu em Brasília, no dia 23 de outubro. Um comissário de bordo panamenho foi internado em um
hospital particular da Asa Sul com
febre e náuseas. A unidade de saúde também chegou a ser isolada,
mas a Secretaria de Saúde descartou o caso porque exames comprovaram que ele tinha uma in-
fecção intestinal e não esteve nos
países com surto da doença.
Até o momento, oito casos de
ebola foram tratados nos Estados
Unidos. Duas enfermeiras, que
contraíram a infecção em território americano, são monitoradas.
Na Europa, ao menos nove pacientes receberam tratamento.
Um deles, a enfermeira espanhola Teresa Romero, foi infectada em
Madri, enquanto os demais casos
foram importados.
Kit contra ebola - A Secretaria de
Saúde do Distrito Federal anunciou que vai comprar, com dispensa de licitação, 2,3 mil kits para atender pacientes com ebola na
capital federal. Eles ficarão disponíveis no Hospital Regional da Asa
Norte, referência para doenças do
tipo na capital do país.
Cada kit tem protetor facial
com viseira flexível, óculos de proteção, botas de PVC, macacão impermeável, avental de napa e saco vermelho para coleta de resíduo hospitalar.
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