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Colocado em linha em: 2013/01/27
10 de janeiro de 2013: UMA VITÓRIA DOS
POVOS DA AMÉRICA LATINA
Ivan Pinheiro *
12 de janeiro de 2013
Desde Havana, onde cumpro agenda política de iniciativa do PCB, tenho o privilégio de
olhar a conjuntura internacional sem as lentes turvas da mídia burguesa.
A leitura diária do Granma e a assistência noturna dos canais de televisão cubanos e
venezuelanos permitem o conhecimento de notícias que, no Brasil, só obtemos através de
fontes alternativas.
Todos os meios de comunicação brasileiros são burgueses e, entre estes, os hegemônicos
são do campo da direita política aliada ao imperialismo, sobretudo o norte-americano.
Rigorosamente, todos os jornais diários e todos os canais de televisão e rádio abertos
defendem os privilégios e cultuam os valores da ordem capitalista.
A rica troca de informações e pontos de vista com camaradas cubanos, venezuelanos,
colombianos e jovens comunistas brasileiros que estudam na ilha rebelde são também
importante fonte de conhecimento.
Este primeiro comentário desde Havana dedico a um dia que ficará na história. O 10 de
janeiro de 2013 passou sem que a oligarquia venezuelana e o aparato midiático
imperialista lograssem criar um clima de golpe e desestabilização política que vinham
urdindo desde que surgiram indícios de que Hugo Chávez não teria condições de saúde
para estar em Caracas para o juramento de posse, uma formalidade transformada em
cláusula pétrea e sine qua non.
A montanha pariu um rato. A oposição de direita não conseguiu realizar qualquer ato
público significativo e suas ameaças caíram no ridículo. Enquanto isso, em torno do
Palácio Miraflores, em Caracas, uma multidão incalculável promoveu uma combativa e
emotiva manifestação, sob a consigna Todos Somos Chávez, em cujo momento culminante
o povo jurou uníssono perante a constituição nacional, blindou e legitimou a posse de
Chávez e a interinidade de Nicolás Maduro, de fato e de direito.
No Brasil e em outros países manipulados pela mídia burguesa, certamente a posse foi
apresentada sem o calor popular e como um “golpe contra as liberdades democráticas”,
cinicamente por aqueles que não respeitam os direitos dos trabalhadores e dos povos. Para
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manter seus privilégios, satanizam líderes e países adversários, transformam em “ação
humanitária” a repressão, a intervenção militar, as guerras de rapina, os covardes
assassinatos em massa e seletivos.
Caracas e Havana foram palcos, nos últimos dias, da mais ampla e expressiva
solidariedade latino-americana da história recente. Representantes dos governos de 22
países da região estiveram presentes no dia 10 de janeiro no ato público de massas de
respaldo a Hugo Chávez e ao povo venezuelano.
No ato, podíamos ver Evo Morales, Daniel Ortega, José Mujica, presidentes e mandatários
de todos os países da ALBA e da Petrocaribe e até mesmo o presidente legítimo do
Paraguai, Fernando Lugo.
Mais do que a importante manifestação popular, este abraço coletivo dos governos latinoamericanos marcou de legitimidade o ato simbólico de posse, que já tinha a legalidade do
Tribunal Superior venezuelano. O amplo apoio continental foi decisivo até para que a OEA,
para constrangimento dos Estados Unidos, convalidasse o ato jurídico e político como
perfeito. Este apoio silenciou a boca maldita da direita, que certamente não desistirá de
tentar desestabilizar o governo e o país.
Em 11 de janeiro, alguns representantes de governos que não puderam comparecer ao ato
da véspera, em Caracas, vieram a Havana saudar Fidel, Raul e o povo cubano e estar
pessoalmente com Hugo Chávez, para lhe visitar e respaldar, incluindo Cristina Kirchner e
Ollanta Humala.
Infelizmente, não se pode deixar de lembrar os poucos governos latino-americanos
ausentes, seja em Caracas, seja em Havana.
Não foi surpresa a ausência dos governos de direita da região (Chile, Colômbia, México e
os golpistas de Honduras e Paraguai). Mas foi triste e decepcionante a ausência do governo
social-liberal brasileiro, ainda equivocadamente percebido por parte da esquerda mundial
como um governo progressista e até anti-imperialista, quando em verdade é um governo
da ordem, que administra com competência a vertiginosa expansão do capitalismo no país
e no exterior, mitigando a pobreza com as migalhas de políticas compensatórias.
Como eu estava no Brasil até o dia 9 de janeiro, assistindo ao massacre midiático contra o
“golpe de Chávez”, posso entender uma das razões dessa ausência: o governo brasileiro é
pautado pela mídia burguesa, frente à qual “bota o rabo entre as pernas”, para usar uma
expressão popular em meu país.
Mas há outro fator de natureza objetiva. O pragmatismo da política externa do estado
burguês brasileiro não pode politizar nem ideologizar as relações bilaterais. Trata-se
também de uma sinalização de que, com ou sem revolução bolivariana, a relação comercial
continua com a Venezuela!
O Brasil que investe em Cuba e na Venezuela é o mesmo que tem como importantes
parceiros comerciais a Colômbia e Israel.
Havana, 12 de janeiro de 2013
* Ivan Pinheiro é Secretário-geral do PCB
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